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Batatais, no interior paulista, enfrenta problemas com a pre- servação de prédios históricos. Paixão diversificada: o desafio de orquidófilos em cultivar plantas de diferentes espécies VIÉS.02 PATRIMÔNIO MODA ACESSÍVEL descubra como ficar fashion gas- tando pouco.

Revista Viés Prova parcial

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Prova parcial da Revista viés no 2. Aguardando revisão e acréscimos.

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Batatais, no interior paulista, enfrenta problemas com a pre-servação de prédios históricos.

Paixão diversificada:o desafio de orquidófilos em cultivar plantas de diferentes espécies

VIÉS.02PATRIMÔNIO

MODA ACESSÍVELdescubra como ficar fashion gas-tando pouco.

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Eles também têm direitosdireitosanimais

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Abandono e maus-tratos sobrecarregam ONGs e Centro de Controle de Zoonoses

de Ribeirão Preto. Conheça três entidades que trabalham pelo respeito aos DIREITOS

DOS ANIMAIS na cidade.

Abandonar, agredir ou não cui-dar de forma correta de um animal doméstico ainda são

situações comuns, mas, todas elas, configuram crime de maus-tratos. Apesar de a lei proibir essas ações, a impunidade não inibe as pessoas que as cometem.

O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Ribeirão Preto encontra-se constantemente superlotado. Todos os meses, o local abriga cerca de cem animais. Os cães e gatos que chegam ao CCZ foram retirados das ruas por oferecerem risco, correrem perigo ou porque foram abandonados em frente ao local.

Segundo a chefe da divisão, Elia-

texto e fotosMarina Sola

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na Colucci, há muito abandono, mas cuidar desses animais não é uma das verdadeiras funções do órgão. “Muitos acreditam que nosso trabalho é cuidar dos animais de rua, mas essa é uma ideia errada. O Zoonoses tem, na ver-dade, o dever de cuidar do controle de doenças que podem afetar a popula-ção por meio dos animais, como raiva, leptospirose e leishmaniose”, diz.

Eliana diz que proprietários que abandonam seus animais estão co-metendo crime de maus-tratos, caso que deve ser investigado pela polícia. Quem maltrata bichos comete crime ambiental e pode ser punido com mul-ta ou prisão por até três anos.

Para tentar combater a superlota-

ção, o CCZ castra, vacina e vermifuga os animais e os coloca para adoção. Eles podem ser visitados e adotados de segunda a sexta na sede do órgão, ou nas feiras realizadas todo primei-ro sábado do mês, no mesmo local. “A maioria das adoções são feitas durante a semana, as feiras servem mais para incentivar que as pessoas nos visitem e desmitificar o CCZ. Em média, temos conseguido doar de 40 a 50 animais por mês”, conta Eliana

As ONGs

Em Ribeirão Preto, três ONGs traba-lham constantemente pelo avanço das leis de proteção animal, que são pou-

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co respeitadas e até desconhecidas por grande parte da população. Os animais que chegam ao Zoonoses contam com o apoio da Ong Cãopaixão, que foi fun-dada com o objetivo específico de ajudá--los. “Nós atuamos resgatando aqueles que foram vítimas de espancamento, atro-pelamento, maus--tratos em geral, e que precisam de algo a mais, como uma ci-rurgia ou adestramen-to”, diz a presidente da Ong, Ana Claudia Garcia Vicente.

Eliana e Ana Claudia concordam que o combate à superpopulação de ani-mais está não só em castrá-los, mas em conscientizar as pessoas. “Solução

a curto prazo não existe, o que pre-cisa ter é um tra-balho permanente de conscientização sobre a guarda res-ponsável, os pro-prietário devem estar cientes de seus deveres”, afir-ma Eliana. Tanto no CCZ quanto na Cãopaixão, as ado-ções só são feitas

“Solução a curto prazo não existe, o que precisa ter é um tra-balho permanente de

conscientização sobre a guarda responsável, os proprietário devem es-tar cientes de seus de-

veres.”- Eliana Colucci, chefe do CCZ

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Abrigo para animais: Quando a delegacia de proteção animal foi inaugurada, em 2010, as ONGs do município apresentaram um pro-jeto de parceria com hotéis para abrigar animais vítimas de maus--tratos.

Carroceiros: Em abril de 2011, a prefeitura anunciou que iria apresentar, em maio, um relatório sobre a quantidade de carrocei-ros que atuavam na cidade para que, a partir dele, fosse decidida a regulamentação ou proibição da atividade no município. As ONGs não têm um posicionamento sobre isso.

O que as ONG

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mediante a assinatura de um termo de responsabilidade. “A pessoa deve assi-nar um contrato em que ela se com-promete com o bem-estar do animal, em alimentá-lo e fornecer cuidados ve-terinários”, conta Ana Claudia.

A Associação Vida Animal (AVA) foi fundada em 1996 e desenvolve projeto para controle populacional e bem-es-tar animal. Entre as lutas da institui-ção estão a regularização dos carrocei-ros e o fim de espetáculos que usam animais, como os rodeios.

Outra entidade é o Projeto Murilo Pre-tinho, que começou após a atual presi-dente, Flávia Frederico, descobrir que 50 cães viviam em situação de aban-dono em uma obra da construção civil próxima ao Jardim Paiva, em 2008.

Juntas, além de resgatarem, castra-rem e conseguirem lares para os seus protegidos, as ONGs também lutam pelos direitos animais e os reivindicam junto à prefeitura.

Fiscalização do Morro do São Bento: Após a matança de 46 ani-mais em 2011, o abandono de ga-tos continua no local. Na época da matança, a prefeitura acenou com uma série de ações para fiscalizar e combater a prática. Um ofício protocolado na prefeitura cobra a fiscalização da região.

Ampliação CCZ: O documento cobra também a ampliação das castrações e no número de con-tratações de veterinários para atuar no Centro de Controle de Zoonoses. Segundo os protetores, o número atual é insuficiente para atender à demanda do município.

Gs querem(e os animais precisam...)

Todas as fotos nesta reporta-gem foram tiradas no Centro de Controle de Zoonoses de

Ribeirão Preto e retratam ani-mais prontos para adoção.

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Resgatados dos maus-tratos

Um dos animal animais sob os cuida-dos da Cãopaixão é o cão Happy. Ele foi abandonado dentro de uma caixa em frente ao local onde a ONG reali-za suas feiras de adoção. “Ele tem uma má formação na coluna que o impede de andar, apenas rasteja. Apesar da deficiência, é extremamente feliz e ani-

mado, por isso demos o nome Happy”, conta a protetora.

As veterinárias que cuidam de Ha-ppy acreditam que ele pode conseguir andar após muita fisioterapia. Depois de meses de tratamento, ele ganhou um carrinho com rodas traseiras, que permitem que ele não precise rastejar para se locomover.

A cadela Hope, cujo nome significa

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esperança em inglês, também foi res-gatada pela Cãopaixão. Ela já tem uma pessoa interessada em adotá-la, mas ainda não foi para o novo lar por ainda não estar totalmente recuperada. Sua história chocou até mesmo os proteto-res animais. “Vemos muitos horrores e casos de crueldade todos os dias, mas fiquei sem dormir várias noites após resgatá-la”, afirma Natalia.

Hope é uma mistura com a raça pit-bull, que foi vítima de estupro. A pro-tetora conta que ela tem problema he-pático e de surdez devido ao álcool que era obrigada a ingerir pelo dono. “Uma adotante de uma cadela protegida mi-nha foi quem denunciou. Ela não sabia mais o que fazer, pois já havia feito bo-letim de ocorrência, mas nenhuma ati-tude foi tomada. Então nós duas, com a ajuda de um voluntário nosso que é policial, fomos até a casa onde a Hope era maltratada e a tiramos de lá.”

Apesar de ter sido registrado um bo-letim de ocorrência contra o agressor, ele continua em liberdade. “Ele sumiu de casa pouco tempo após o resgate. O pior é que é muito difícil provar o es-tupro de uma cachorra, mesmo tendo testemunhas”, diz a protetora. “O mais tocante é que ela é uma cadela muito doce. Passou por todo esse horror e é uma doçura.”

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ONG Cãopaixão

Animais: cães e gatos resgatados do Centro de Controle de Zoonoses que não teriam condições de serem trata-dos lá. A ONG trata, vacina, vermifuga e castra os animais.

Local: av. Presidente Vargas, 1710.Contato: [email protected] e procedimento: é pre-

ciso ser maior de 18 anos e levar um documento. Além disso, é feita uma entrevista para traçar o perfil do ado-tante. Após a entrevista, o animal ide-al é escolhido e é feito um termo de compromisso de guarda responsável. A ONG também pede uma contribui-ção de R$ 30 por animal adotado.

Adote!Todos os finais de semana, Ribeirão Preto tem uma feira de adoção de animais. Confi-ra os detalhes das principais delas.

Centro de Controle de Zoonoses

Animais: cães e gatos retirados das ruas. Os animais são castrados, vermi-fugados e vacinados.

Local: sede do CCZ - av. Eduardo An-dréa Matarazzo, 4255.

Contato: 3628-2015 e 3628-2778Requisitos e procedimento: levar

cópia do CPF, RG e comprovante de residência. Também será necessário assinar um termo de posse e com-promisso, em que o proprietário se compromete a cuidar do bem estar do animal, não o abandonar, fornecer abrigo, alimentação e assistência vete-rinária. Para animal de porte grande, como pit bull, um técnico fará uma pré-vistoria no local onde ele perma-necerá para verificar se o espaço é adequado.

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Projeto Murilo Pretinho

Animais: cães adultos e gatos adul-tos e filhotes, todos resgatados das ruas. Os animais são tratados, vacina-dos, vermifugados e castrados.

Local: Novo Mercadão da Cidade - Av. Lygia Latuf Salomão, 605.

Contato: 9182-8816 e 9215-9277. Requisitos e procedimento: levar

RG, CPF e comprovante de residência. Também é feita uma entrevista com o adotante, assinado um termo de res-ponsabilidade e é pedida uma taxa de R$ 30 por animal. Após a adoção, os animais são monitorados com tele-fonemas e visitas dos voluntários do projeto.

Associação Vida Animal

Animais: nas feiras, filhotes de cães e gatos. Na sede, filhotes e adultos. Todos são resgatados por protetores parceiros da ONG e associados. Os animais também são tratados, vacina-dos, vermifugados e castrados.

Local: av. 9 de Julho, 1209, esquina com av. Independência.

Endereço da sede: rua João Ramalho, 179

Horário de atendimento: de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 17h. De finais de semana, visitas com hora marcada.

Contato: 3632-1054 ou [email protected]

Requisitos e procedimento: adotante deve ser maior de idade, levar CPF, RG e comprovante de residência. É feito um questionário com 20 perguntas orientando em relação à adoção de cães e gatos e é assinado um termo de responsabilidade.

Mais informações podem ser obti-das nos endereços:www.caopaixao.com.brwww.ava.org.brwww.projetomurilopretinho.com.brwww.facebook.com/focinhos.sa

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Eles fazem a parte deles, e

você faz a sua?

Quem até hoje não precisou de uma ajuda voluntária? Todo mundo, em certo mo-mento precisa de uma ajuda. As vezes

pode parecer algo insignificante, mas para a pes-soa que está sendo ajudada é de grande valia uma mão amiga.

Quem nunca se viu perdido nas ruas de uma cidade sem saber como chegar em algum local? Em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, mui-tos moradores e turistas estão sendo auxiliados pelo trabalho voluntário de Nelson Stefanelli, de 71 anos, ex-comerciante da cidade. Seu Nelson, como é conhecido, resolveu produzir placas in-dicativas de ruas e bairros da cidade. Muitas vez-es as placas indicam um hospital ou até mesmo

um ponto turístico. O trabalho voluntário de Ste-fanelli começou após cansar de ouvir perguntas do tipo: “O senhor sabe onde fica a rua tal? O sen-hor sabe que bairro é esse?”. Sem qualquer ajuda financeira de órgãos públicos ou qualquer outro tipo de ajuda de custo, seu Nelson mantém essa “ação” com a ajuda de amigos para a compra de materiais, como PVC, arame e tinta para produzir as placas indicativas. Quando tem material, chega a produzir até vinte placas por dia.

Essa iniciativa rendeu a Nelson um prêmio “Top of Mind” no ano de 2008, e muita bagagem cultural como ele mesmo define. Atualmente, o aposentado, espalhou essa ideia a novas áreas próximas a sua cidade, como Mococa e Bebedouro.

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Iandra Valim

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O Brasil só perde para a França no potencial de mobilização social, se-

gundo estatísticas da ONU (Or-ganizações das Nações Unidas). O trabalho voluntário é feito em todas as classes sociais, apesar da maior visibilidade ser dos trabalhos sociais destinados as pessoas carentes. Hoje em dia, o processo de serviços voluntári-

os cresceu muito, o que possibilitou o envolvi-mento de outras áreas no ramo. Em São Paulo, desde 1997, o Centro de

Voluntariado de São Paulo é re-sponsável por agrupar, capaci-tar e mobilizar os voluntários dessa região.

Existem vários clubes de serviços, como o Rotary e Lions, que realizam o trabalho volun-tário em diversos países. Muitos desses trabalhos são coordena-dos de forma similar em várias

cidades. As campanhas conseg-uem arrecadar toneladas de ali-mentos ou roupas, destinados aos mais carentes, mas acabam servindo como um elo entre o doador e recebedor. Uma ini-ciativa ousada e singular é re-alizada na cidade de Jardinópo-lis, distante 22 km de Ribeirão Preto. A cidade que é conhe-cida como a terra da manga, pois possui o cultivo da fruta durante o ano todo, através da plantação irrigada, tornando-a a grande fornecedora para o mer-

Iandra Valim

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cado nacional. Nessa cidade, destaca-se não apenas a manga, mas um grupo de voluntários, boa parte alunos da escola mu-nicipal Chueri, localizada bem no centro da cidade.

Esse grupo é responsável por produzir, a partir de cadeiras quebradas, novíssimos anda-dores ortopédicos destinados a pessoas

carentes. O projeto já beneficiou diversos asilos e hospitais da cidade, além de ser uma ótima oportunidade dos alu-nos aprenderem uma profissão. Na cidade, a ação é reconhecida, e possui ajuda de mais nove escolas

municipais que doam carteiras quebradas para ajudar o processo.

dos alu-m uma cidade, hecida, da deolasquebradas, novíssimos anda-

dores ortopédicos destinados a pessoas

mais nove escolas

Iandra Valim

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Símbolos dos Símbolos dos barõesbarões Prédios antigos Prédios antigos

preservam memória preservam memória histórica da cidade histórica da cidade de Batatais; de Batatais; conservação do conservação do patrimônio é patrimônio é desafi o atual de desafi o atual de proprietários e do proprietários e do poder públicopoder público

Fabiano Cruz

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Planta lateral do palacete do Monsenhor Joaquim Alves, que foi tombado como patrimônio público do municípioA

preservação da estrutura e arquitetura de casas, prédios públicos e avenidas mantém viva a história de uma cida-

de. Esse conjunto aponta, também, as influências do povo fundador do local e o poder financeiro, político e social que o município representou na história de uma macrorregião.Batatais é uma cidade distante 30 qui-lômetros de Ribeirão Preto que faz di-visa com Brodowski, Altinópolis, Jar-dinópolis, Sales Oliveira e Nuporanga. O município preserva casarões, palace-tes e igrejas da época dos barões do café. A igreja matriz da cidade guarda a maior coleção de obras sacras do pin-tor Candido Portinari. Entre as inúme-ras construções antigas em Batatais destacam-se a igreja matriz, que as-sumiu a forma atual a partir de 1928, e o palacete que pertenceu ao mon-senhor Joaquim Alves Ferreira, en-tão pároco da cidade, construída em dois anos, também a partir de 1928.

O palacete foi construído em estilo neoclássico pelos mesmos engenhei-ros que construíram a igreja matriz, e representa o auge da política e econo-mia da República do Café na região, pois Joaquim Alves Ferreira era da família de abastados produtores de café. Em 1988, a residência abrigou a sede da Casa da Cultura de Batatais.

A prefeitura tombou o prédio como patrimônio público do mu-nicípio em 1991. Em 2005, depois

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Na página ao lado, a entrada do palacete com a placa de venda, entre a praça Cônego Joaquim

Alves e rua Monsenhor Alves

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casarão da década de 1930, na rua Santos Dumont, para dar lugar a uma unidade de uma rede de lojas de eletroeletrônicos.

O Ministério Público Estadual conse-guiu, em 2009, uma liminar para embar-gar a demolição do casarão, mas ele aca-bou demolido no final daquele mesmo ano, restando apenas um pedido de inde-nização por danos morais ao município.

Um projeto, parado desde 2009 na Câ-mara Municipal de Batatais, sem votação, traz um levantamento com cerca de 40

de uma longa batalha judicial por con-ta de precatórios não pagos pela Pre-feitura de Batatais, a casa foi devolvida aos legítimos herdeiros da família Fer-reira. Hoje, a construção está à venda.

Vários casarões sofreram reformas e alguns foram demolidos para dar lugar a lojas e outros estabelecimentos co-merciais, em alguns casos sob protestos de entidades que promovem a preserva-ção da memória histórica desses luga-res. Exemplo disso é a demolição de um

Fabiano Cruz Batatais tem 40 prédios e casarões antigos passíveis de

tombamento

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prédios e casarões antigos passíveis de tombamento como patrimônio históri-co e cultural do município.

Igreja Matriz de Batatais evoluiu junto com o município

Batatais, no início do sé-culo XIX, era um povoado pequeno dividido em gru-pos de indivíduos reunidos em vilas e fazendas. Em 14 de março de 1839 o muni-cípio foi emancipado da administração de Franca.

A chegada dos trilhos da Companhia Mogiana ao município proporcionou o escoamento mais eficaz da produção cafeeira da re-gião, tornando Batatais um dos maiores pólos de pro-dução do grão, naquela épo-ca o principal produto do poder econômico nacional.

Dentro dessa realidade, segundo estudos da pesqui-sadora Maria Stella Teixeira Fernandes, a igreja matriz do município, até então uma capela, foi o primeiro ponto de atração para o floresci-

mento urbano, tornando--se seu núcleo e formação.

Em 1840, a correspon-dência da Câmara Municipal ao presidente da Província de São Paulo, solicitando que se pusesse à disposição a quantia que a Assembleia Provincial consignou para as obras da Matriz, rela-ta o estado da construção.

“Falta feixar-se com pare-des, e assolhar o corpo da igreja, fazer-se os corredo-res que acompanharão pelo lado de fora para comodida-de e maior segurança do edi-fício, falta ultimar-se uma sacristia, e o consistório que lhe corresponde, fazer um

retabulo ainda que ligeiro, e mais algumas obras na ca-pella mor, e para tudo isto já não é possível contar-se com os dinheiros dos fiéis. A população não é grande, as fortunas dos particulares não são avultadas que, sem sacrifícios superiores a suas forças se possa concluir uma obra a de que se tracta.” Já em 1872, segundo do-cumentos incluídos na pes-quisa de Maria Stella Tei-xeira, um observador da época, Jean de Frans, indi-ca que “a matriz enorme, pesada, com duas torres e com grossas paredes de adobes, ficava bem no cen-tro do respectivo largo”.

A construção da Igreja Matriz de Batatais em sua forma atual é trabalho da mão de obra italiana, recém--imigrada para o Brasil. Foi iniciada em1928, sob a di-reção do arquiteto italiano JulioLatini, que contratou o engenheiro e arquiteto ita-liano Carlos Zamboni, para a execução da obra. A construção aconteceu dos fundos para a fren-te, defronte o relógio, en-volvendo a igreja velha.

Latini abandonou a cons-

“A população não é grande,

as fortunas dos particulares

não são avultadas”

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de Batatais para a restau-ração das obras que foram atacadas por cupins. A fal-ta de cuidado com esse pa-trimônio contrasta com o estado de preservação da

Palacete do pároco Joaquim Alves Ferreira, construído em 1928

trução no decorrer dos trabalhos. A obra foi con-cluída por Zamboni em 1953, com a instalação das pinturas de Portinari.

Atualmente, as pinturas

de Candido Portinari na igreja, um total de 23, ava-liadas em US$ 30 milhões, sofrem com problemas bu-rocráticos e com alegada falta de verba da Prefeitura

Palacete do pároco Joaquim Alves Ferreira, construído em 1928Fabiano Cruz

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Palacete destaca poder político e social de religioso

O palacete do pároco Jo-aquim Alves Ferreira foi construído a partir de 1928, juntamente com a reforma da Igreja Matriz. O prédio foi erguido no mesmo local em que seu tio, cônego Jo-aquim Alves Ferreira, cons-truiu sua residência, que foi demolida para dar lugar ao palacete. O edifício situa-se na esquina onde denomina-va-se largo da Matriz com a antiga Rua das Palmeiras. Hoje, os locais levam os no-mes dos antigos moradores: praça Cônego Joaquim Al-ves e rua Monsenhor Alves.

O Monsenhor Joaquim Al-ves doutorou-se em Roma, foi camareiro e prelado se-creto do papa. Após reali-zar o seu doutorado, Fer-reira retornou a Batatais, onde foi inspetor Federal de Ensino. Admirador das artes em geral e pertencen-te a uma família abastada,

com grande influência po-lítica e social, ele gostava de viajar para outros paí-ses para conhecer as novi-dades culturais da época.

Um dos grandes feitos do pároco foi a construção, em 1911, do Teatro Santa Ce-cília, erguido ao fundo da residência do seu tio, hoje demolido. No palco, havia uma tela própria para pro-jeções cinematográficas. Para a projeção, Ferreira adquiriu um equipamen-to de fabricação francesa.

Em 1991, o palacete cons-truído para o monsenhor Joaquim Alves Ferreira foi

tombado como patrimônio público do município, po-rém, em 2005, depois de uma batalha judicial da fa-mília Ferreira contra a Pre-feitura de Batatais, o pré-dio foi devolvido aos seus legítimos herdeiros. Hoje, a construção está à venda.

Ralph Giesbrecht

igreja, que mantém imacu-lado seu ambiente sacro.

Desde 2005 o palacete de Joaquim

Alves pertence aos herdeiros do pároco

Fabiano Cruz

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Conservação de prédios históricos vive duas situações em Batatais

Segundo a arquiteta Ales-sandra Baltazar, especialis-ta em patrimônio e coorde-nadora do Museu Histórico e Pedagógico Dr. Washing-ton Luís, em Batatais, os prédios históricos no muni-cípio vivem duas situações: os prédios públicos em ge-ral estão mal conservados, já os casarões que estão na mão da iniciativa privada têm estruturas e arquitetu-ras mais bem preservadas.

A pesquisadora aponta exceções, como o prédio da Câmara de Batatais, pú-

blico e bem conservado, e o palacete do Monsenhor Joaquim Alves que, apesar de ter sido devolvido aos herdeiros da personalida-de, encontra-se com mato alto na parte externa da residência, janelas quebra-das e marcas de infiltração.

Ela cita também, como exemplo de patrimônio mal preservado, a antiga esta-ção ferroviária de Batatais, construída em 1886 e re-formada em 1938. O local, com os trilhos de trem de-sativados, já abrigou um batalhão da Polícia Militar e hoje é sede da Associação Estação Cultural de Batatais. Os problemas característi-cos da estação são a falta de manutenção predial, mato

alto e pintura desgastada.“Em relação às residências, a gente também observa ca-sos de boa conservação e ca-sos em que a construção está em mal estado, nem sempre por causa de má vontade do dono, mas pela falta de recursos. Esse tipo de obra, a recuperação de constru-ções antigas, é muito cara”, diz Alessandra Baltazar.

As edificações que preser-vam as características origi-nais e que estão em uso, seja como residência ou estabe-lecimento comercial ou pú-blico, recebem, naturalmen-te, um tratamento melhor do que aquelas que estão inutilizadas.“Isso é positi-vo, é um bom começo”, diz a pesquisadora Alessandra.

“Esse tipo de obra, a recuperação de construções antigas, é muito cara”

Fabiano Cruz

Alessandra Baltazar

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Residências ocupadas têm

melhor estado de conservação

“Seria ótimo todos estarem ocupados, pois se acontece algum problema estrutural ou de infiltração, por exem-plo, a manutenção será feita pelos usuários, com exceção de quando tem que inves-tir muito dinheiro na recu-peração do local”, finaliza.

A conservação dos ca-sarões e prédios antigos é um desafio atual frente aos interesses econômi-cos da sociedade moderna. As construções, que no passado foram símbolos de poder e influência so-cial, padecem hoje da de-pendência de ações de gru-pos mobilizados em prol da preservação histórica e da consciência de poucos dentro do poder público.

Fabiano Cruz

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A universidade é uma das melhores fases da vida. O estudante tem um mundo novo a sua frente para descobrir e uma profissão

para trilhar. Novas experiências descobertas fazem partem deste processo de formação.

A verdade é que durante esse processo de

aprendizagem muitas dúvidas e questionamentos cercam o estudante. A pressão precoce e exces-siva tanto da sociedade como dos pais somada à cobrança pessoal podem atrapalhar o desenvolvi-mento do curso.

O aluno tem de conciliar a vida pessoal, profis-

sional e acadêmica e, detalhe, fazer com que todos elas tenham sucesso. Muitas vezes o estudante não sabe como ou não consegue conciliar todas elas, e se pergunta a quem pode recorrer para ajudá-lo a lidar com tudo isso. O que a maioria dos univer-sitários não sabe é que eles mesmos têm a res-posta. E precisão apreender a se conhecer melhor e é isto que diz o coaching, um método que ajuda a esclarecer dúvidas e saber como lidar com elas através do autoconhecimento.

O coaching é um processo de assessoria para desenvolvimento de metas pessoais ou profis-sionais. A técnica existe há mais de duas décadas. Nasceu no mundo corporativo e depois foi incor-porada às outras áreas.

A essência do coaching é ajudar a pessoa a

caminhar na direção de seu objetivo e também po-tencializar e otimizar suas qualidades. Esse auxílio pode ser muito importante na construção da vida acadêmica e profissional. A revista VIÉS conver-sou com Heloisa Helena Pedrosa especialista em treinamento por coaching. Ela conta o que é está técnica e como ela pode otimizar a vida acadêmica e profissional.

Revista VIÉS: Como o trabalho de coaching é

feito, como funciona o processo? Heloisa Helena Pedrosa: O coaching colabora

para a pessoa determinar uma direção pessoal, para trilhar caminhos e agir.No entanto, esse proc-esso, embora simples, é carregado de dificuldades e desafios do âmbito emocional o que pede um trabalho de identificação de valores, crenças e re-significação de pensamentos e comportamentos.

Como enfrentar os desafios de construir uma carreira

O coaching é um importante aliado para auxiliar tanto na carreira profissional como universitária.

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23“Arquivo pessoal”

“Arquivo pessoal”

“Arquivo pessoal”

“Arquivo pessoal”

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Revista VIÉS: Esta técnica é nova ou ela veio se aperfeiçoan-do ao longo do tempo

Heloisa Helena Pedrosa: Ela nasce no mundo corporativo, mas traz muito da influência e experiência da área do esporte, isso mais forte nos Estados Uni-dos da America e Europa há pelo menos duas décadas.

Revista VIÉS: O coaching é indicado para todo o tipo de pessoa ou profissional?

Heloisa Helena Pedrosa: Sim, desde que estejam saudáveis ou não diagnosticadas em quad-ros depressivos ou consideradas desfuncionais.

Revista VIÉS: Quais os ben-efícios do coaching?

Heloisa Helena Pedrosa: Prin-cipalmente, autoconhecimento e, em segundo plano, atingir metas e objetivos.

Revista VIÉS: Para você a que se deve o crescimento do coach-ing?

Heloisa Helena Pedrosa: Se deve ao fato do coaching ser uma ferramenta que mostra resulta-dos em um curto prazo e por ser um processo cognitivo-compor-tamental, em que o parâmetro é o do cliente para determinar sua satisfação pessoal ou de um grupo que esteja comprometido.

Revista VIÉS:

Traçar metas e definir objetivos são os princi-pais pontos para começar a planejar a vida profissional?

Heloisa Helena Pedrosa: Não ap-enas. É preciso reconhecer primei-ro suas forças e se as respei-ta quando opta pelo caminho profissional X. Caso não, é reco-mendável o coaching ajuda o profissional nessa adaptação e assim não perder sua essência e ou diferencial.

Revista VIÉS: O que a ger-ação atual tem de diferente no planejamento de carreira de outras gerações. O advento da internet, a velocidade na troca de informações e a correria do dia a dia mudaram a forma de se planejar?

Heloisa Helena Pedrosa: Planejar ainda não é uma cultu-

ra, seja na geração X ou Y. Pes-soas ainda pensam em benefí-cios e então se encaixam à força nas funções. Logo, planejar para quê se o único sonho é ganhar muito dinheiro ou ser muito “fe-liz”? . Logo, um grande risco de frustração e enfraquecimento pessoal. Planejar começa com autoconhecimento. Sem vivência isso vai ficando para mais tarde e mais tarde já haverá gente nos melhores lugares da plateia.

Revista VIÉS: É

importante manter metas e objetivos desde o início da faculdade?

Heloisa Helena Pedrosa: Recon-hecendo primeiro suas forças e as di-recionando vale a pena ter, sim, me-

tas e objetivos. Revista VIÉS: Para quem está

no processo de transição entre a universidade e o mercado de tra-balho qual a dica para não se apa-vorar nesta hora de indefinições e decisões?

Heloisa Helena Pedrosa: A dica é reconhecer suas forças para traçar objetivos e criar mov-imento, porque sem movimento dirigido haverá descrença e possível apavoramento, além do mais triste: perda do potencial profissional.

Revista VIÉS: Como o coach-

Hoje sei que se tivesse um coaching em

minha vida teria feito muito diferente as escolhas e o uso

do tempo durante a faculdade e depois

dela.

“Arquivo pessoal”

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ing entrou na sua vida? Hoje, com o conhecimento de coaching como você teria planejado sua carreira?.

Heloisa Helena Pedrosa: O coachig entrou na minha vida quando era dona de uma em-presa de consultoria educacional, a HS Empreendimentos Educacionais. Estava “afundando” por falta de muitas competências que hoje sei quais eram. Ou seja, o coach-ing mudou muito minha vida, por dar-me autoconhecimento e reconhecimento de forças. Hoje sei que se tivesse um coaching

em minha vida teria feito mui-to diferente as escolhas e o uso do tempo durante a faculdade e depois dela. Sempre gostei de conhecimento e de transmiti-lo, fui professora, coordenadora de curso, sócio-proprietária de Consultoria e, hoje, coaching, palestrante e trainer. Forças são o que devemos respeitar e saber usá-las para trilhar - com auxílio, seja de consultores, mentorings, coaches - o caminho profissional.

Revista VIÉS: O coaching aju-

da o universitário a apreender a conviver e conciliar sua vida pes-soa acadêmica e profissional?

Heloisa Helena Pedrosa: Sim, e se não aprender isso vai ter mui-tas frustrações e até perda de di-reção profissional.

Revista VIÉS: Você iniciou sua vida profissional em outra área. Como você descobriu sua área de atuação? O que te fez entender o que realmente que-ria?

Heloisa Helena Pedrosa: Primeiro fui corretora de im-óveis depois profes-

sora, consultora e, agora, desen-volvedora de talentos pessoais e profissionais. Descobri o que não queria pelas minhas frustrações pelo caminho, aliado a uma força interior de empreendedora, pois tenho dois filhos e estou na min-ha segunda empresa própria e

fechando um doutorado. Tenho há dois anos o auxílio

do coaching, e sei que se não tivesse isso estaria “embanana-da”. Hoje sei que ser dona de um negócio pede liderança, tenho que ter essa competência, além de vender meus serviços e lidar com a maior diversidade de pes-soas que o mundo corporativo oferece: ser mãe, pede além da presença física, delegar funções e não comandar, mas ser exem-plo, tenho q ter essas competên-cias também, e fazer um dou-torado, exige que tenha que ter foco, disciplina. Só com coach-ing para dar ordem aos fatores e me permitir ainda responder uma entrevista super inteligente como a sua.

Tenho há dois anos o auxílio do coaching, e sei que se não

tivesse isso estar-ia “em-

bananada”

“Arquivo pessoal”

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Maria Fernanda Marucci

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JUNTOS JUNTOS SOMOSSOMOS

7 BILHÕES. 7 BILHÕES. Pesquisadores do Brasil e do mundo olham o crescimento populacional como um grande desafio para o crescimento da produção agrícola e buscam na tecnologia recursos de sustentação.

MARIA FERNANDA MARUCCIEEAGORA?AGORA?

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BRASIL AGRONEGÓCIO

um relatório publicado em 2011, alerta que a humanidade já vive além da capa-cidade da Terra de regenerar recursos na turais, e estima que, se nada for feito, em 2050 serão necessários duas vezes o pla-neta Terra para acompanhar o crescimen-to da população e o aumento do consumo. Para Roberto Rodrigues, coordena-dor do centro de agronegócio da FGV, pres-idente do conselho superior de agronegó-cio da FIESP e professor de economia rural da Unesp - Jaboticabal, “o grande desafio da humanidade do século 21 é compatibi-lizar o crescimento da produção agrícola (alimento, fibra e energia) com a preser-vação dos recursos naturais”. Segundo ele, algumas ações podem ser tomadas para viabilizar a demanda, mas para isso ele aponta dois problemas: a falta de lideranças globais e a falta de estratégia agrícola para o Brasil e para o mundo.

A população mundial e, con-seqüentemente, o con-sumo alimentar, crescem em disparada. Segundo

a ONU (Organização das Nações Uni-das), em menos de 12 anos, a população mundial saltou de seis para sete bilhões. E, se a estimativa da ONU estiver certa, calcula-se que a população mundial al-cançará oito bilhões em apenas 13 anos e chegará a 9,3 bilhões até 2050. Mas o que fazer para alimentar tanta gente? A FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) calcula que a demanda por alimentos, em 2050, será o dobro da utilizada hoje, o equivalente ao que foi produzido nos últimos 10.000 anos. O Programa Mun-dial de Alimentos ainda alerta sobre a estimativa de quase um bilhão de pes-soas vivendo em estado de miséria, um número superior a soma da população da União Européia, dos Estados Unidos e do Canadá juntas. Ainda, de acordo com a FAO, a cada dia, cerca de 12 mil cri-anças, com menos de cinco anos, mor-rem por fome ou problemas associa-dos. Ou ainda, a cada quatro segundos, uma pessoa morre por fome no mundo. Alimentar 7 bilhões de pessoas é um grande desafio, que pode se agravar, já que a tendência da população, em um mundo capitalista e industrializado, é sempre crescer. A Global Footprint Network, em

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Maria Fernanda Marucci

o grande desafio da humanidade do século 21

é compatibilizar o crescimento da produção agrícola (ali-mento, fibra e energia) com a preservação dos recursos naturais

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Mudança econômica

Países com grandes populações, como a China e a Índia, estão crescen-do economicamente. Com um emprego, conseqüentemente, estas pessoas pas-sam a ter uma renda. Com este avanço econômico, os hábitos de consumo se al-

BRASIL AGRONEGÓCIO

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A FVG Projetos (Fundação Getúlio Vargas), em parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa e Agro-pecuária), estudam a implantação de um projeto chamado Tropical Belt. O obje-tivo é criar um cinturão de produção de alimentos e biocombustíveis em países tropicais e, com isso, reduzir a dependên-cia de importação dos alimentos. O pro-jeto não tem a característica de gerar competição, mas uma cooperação técnica entre Comissão Européia, Estados Unidos e Brasil. Segundo o coordenador do pro-jeto, Cleber Lima Guarany, “nos estudos realizados, percebemos um grande po-tencial, especialmente na África. Existe mão de obra, que tem que ser treinada, existe terra, o que falta é, basicamente, in-vestimentos”. Ele calcula, “usando apenas 0,5% da área territorial de Moçambique e Zâmbia, por exemplo, toda a importa-ção de arroz e açúcar, 50% da de milho e 80% do óleo palma, poderia ser suprida”.

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teram, principalmente, as necess-idades fisiológicas, como abrigo, vestimenta e alimentação. “Va-mos supor o seguinte: a popula-ção da China e da Índia, juntas, somam 2,5 bilhões de pessoas. Um norte americano come, em média, 8 kg de carne de frango por mês. O que aconteceria se chineses e indianos trocarem os grãos e verduras pela carne? É o que está acontecendo, estão in-serindo cada vez mais carnes na alimentação”, diz Diego Conti, professor e pesquisador do NEF da PUC-SP (Núcleo de Estudos do Futuro). O professor segue com a conta: “2,5 bilhões de habitan-tes x 8 kg de carne de frango, ou seja, 20 bilhões a mais de quilos de carne de frango por mês que deverão ser produzidos. Em um ano serão 240 bilhões de qui-los de carne de frango a mais”. Como produzir tanta comi-da? “Os impactos ambientais serão enormes, visto que ten-dem a desmatar para produzir”, diz Conti. A produção de um quilo de frango gasta, em média, dez litros de água, ou seja, para tal quantidade (240 bilhões de quilos) será necessário utilizar-mos um pouco mais de dois tril-hões de litros de água. “Este é o raciocínio, sem contar os investi-mentos em infraestrutura (rodo-

a população da China e da Índia, juntas, somam 2,5

bilhões de pes-soas. Um norte americano come, em média, 8 kg de carne de frango por mês. O que aconteceria se chi-neses e indianos trocarem os grãos e verdu-ras pela carne?

vias, portos, frotas de caminhões, etc.) que deverão ser feitos para escoar a produção”. O professor ainda alerta para a produção de carne bovina. Para ele, o caso é mais grave, pois, gasta-se o dobro de água, terra e energia elétrica.

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E o Brasil, onde fica?

Para garantir o fornecimento de alimentos em um mercado crescente, a questão que se coloca é: qual a contri-buição da agricultura brasileira para at-ender ao consumo interno e externo? A agroindústria brasileira tem se destacado no cenário mundial. Com uma área cultivada de, aproximadamente, 78 ou 49 milhões de hectares, saltou de 6º para 3º lugar, em menos de 10 anos, como maior exportador agrícola mundial. Se-gundo a OCDE (Organização para a Coop-eração e o Desenvolvimento Econômico), o Brasil terá o mais rápido crescimento da produção agrícola - calcula-se um aumen-to de 40% nos próximos 10 anos - tornan-do-se o principal ‘player’ do agronegócio global. O setor, ainda, é responsável por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) e por 39% dos empregos gerados, no Brasil.

BRASIL AGRONEGÓCIO

A Embrapa (Empresa Brasilei-ra de Pesquisa e Agropecuária) desen-volveu, com a coordenação do Ministério de Ciências do Reino Unido, um projeto chamado Productive Capacity of Brazil-ian Agriculture: a long term perspective. O estudo faz parte do Global Food and Farming Futures e tem o objetivo de cal-cular as taxas médias anuais de cresci-mento da produção brasileira (11 produ-tos analisados) para os próximos anos. Segundo o pesquisador da Ce-cat (Embrapa Estudos Estratégicos e Ca-pacitação) e líder do estudo realizado, Carlos Santana , “as tecnologias são as principais responsáveis para a perspec-tiva de um cenário futuro de produ-tividade, além de indicarem uma menor necessidade de área”. Ainda, para o pes-quisador, outros fatores podem poten-cializar a agricultura brasileira, princi-palmente, na área econômica e estrutural.

2010

2030

Produção

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A agroindústria brasileira tem se destacado no cenário mundial

“ “

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Maria Fernanda M

arucci a tecnologia

gerada no país é a principal responsável

pelo aumento da produção

agrícola brasileira

“ “

Centro de pesquisa Cocapec:O biólogo da Cocapec faz testes de produtividade com os grãos.Ao lado - grãos de café seleciona-dos para análise de qualidade.

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Tecnologia

Para Roberto Rodrigues (FGVA-gro), “a tecnologia gerada no país é a principal responsável pelo aumento da produção agrícola brasileira”. A neces-sidade de encontrar soluções capazes de alimentar o mundo de forma sustentável inspira. Além das universidades, o Bra-sil conta com algumas instituições que contribuem com pesquisas, em tecnolo-gias, para dar ao setor agropecuário mel-hor aproveitamento com as condições tropicais no país. São elas, IAC (Institu-to Agronômico de Campinas), Instituto Biológico, Iapar (Instituto Agronômi-co do Paraná) e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Estudos e casos práticos mostram que investir em pesquisas e adotar me-canismos que promovam o maior uso de tecnologias possíveis são o meio mais indicado para uma maior produtividade da área cultivada. Para Fernando Sampaio, diretor-executivo e coordenador de sus-tentabilidade da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exporta-doras de Carne), “o grande desafio é melhorar a produtividade. Nosso problema está no volume de carne produzida em relação ao tamanho

do rebanho. É um índice muito ruim, porque o rebanho é grande, mas subaproveitado. Com tecnologia podemos reverter isso”. E quando o caso é produtividade, o americano natural da pequena Purdy, no Estado de Missouri, Kip Cullers, 46, esbanja títulos. Ele venceu dez vezes o campeonato de produtividade de soja nos Estados Unidos, com 173 sacas por hectare. “Ainda pode melhorar”, diz o ag-ricultor. Kip diz que não tem um segredo, ele explica que sua técnica é pegar alguns poucos hectares de sua fazenda e testar tecnologias. Segundo ele, “os brasileiros podem bater recordes de produtividade, basta repensarem a forma de trabalho”.

BRASIL AGRONEGÓCIO

Maria Fernanda Marucci

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Desafios além do campo

Um agravante diante do desafio de alimentar um super população é o alto índice de desperdício de alimentos, não só no Brasil, mas em todo o mun-do. Uma pesquisa realizada no Centro

BRASIL AGRONEGÓCIO

de Agroindústria, pela Embrapa (Empre-sa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), mostra que o brasileiro joga fora mais do que consome. Em média, 26,3 milhões de toneladas de alimentos tem o lixo como destino. O desperdício diário equivale a 39 mil toneladas, quantidade suficiente

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para alimentar 19 milhões de brasileiros. O estudo ainda aponta o caminho do desperdício: 20% na colheita; 8% no transporte e armazenamento, 15% na indústria de processamento; 1% no va-rejo e 20% no processamento culinário e hábitos alimentares (dados do cad-erno temático “A nutrição e o consumo consciente” do Instituto Akatu - 2003). Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvim-ento Econômico), o Brasil está entre os 10 países que mais desperdiçam comi-da no mundo. A média está entre 30% e 40%. Isso poderia ser evitado com simples mudanças de hábito, como controlar as compras, os prazos de validade e não exagerar nas porções.

EmbrapaO pesquisador Mauricio Alencar da Embrapa - campos São Carlos, ex-plica sobre a importância da sustent-abilidade na pecuária brasileira

Maria Fernanda M

arucci

Saiba Mais

Texto inacabado - Um agra-vante diante do desafio de alimen-tar um super população é o alto ín-dice de desperdício de alimentos, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Uma pesquisa realizada no Centro Um agravante diante do desafio de ali-mentar um super população é o alto índice de desperdício de alimentos, não só no Brasil, mas em todo o mun-do. Uma pesquisa realizada no CentroUm agravante diante do desafio de ali-mentar um super população é o alto índice de desperdício de alimentos, não só no Brasil, mas em todo o mun-do. Uma pesquisa realizada no CentroUm agravante diante do desafio de ali-mentar um super população é o alto índice de desperdício de alimentos, não só no Brasil, mas em todo o mun-do. Uma pesquisa realizada no Centro

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A beleza,ACIMA DE TUDO,vale a pena?A fixação por uma aparên-cia perfeita parece estar passando dos limites. Segundo pesquisa da re-vista americana Glam-our, as mulheres podem ter até 13 pensamentos negativos por dia so-bre seu próprio corpo.

APARÊNCIA

SegundoIbope, npassadofeitas 64cirurgiasticas, seoitenta epor centem mulh

“Urgente! Quero ser magra e linda”. “Ex-gordas que odeiam gordas”. “Ser magra a todo custo”, “Quero ser anoréxica”: são frases que chocam, não é mesmo? Pois relatos como estes podem ser facilmente achados em sites de busca na internet e podem estar relacionados a um fator muito co-mum nos dias de hoje: a infelicidade com o próprio corpo. A cor do cabelo, o tamanho dos seios, o formato das orel-has e do nariz, o peso, não importa em qual parte do cor-po, elas se queixam mesmo. O mais curioso é que mesmo com todo o acesso à informação que se tem atualmente, muitas mulheres escolhem o caminho errado quando

o assunto é o próprio corpo.Expressar a opinião que se tem sobre si está cada vez mais fácil. Meninas relatam em blogs pes-soais que querem ser anoréxicas e magras de qualquer forma. Tre-cho retirado do blog de “Ana Mia” - pseudônimo dado à anorexia e a bulimia, respectivamente ¬¬- mostra isso claramente. “Quan-do comer mais que uma baleia, e sentir-se enorme, sou eu que lhe ajudarei curvando seu corpo a pia, ou ao vaso sanitário, fazendo com muita força; forçando sua garganta para que toda aquela comida no-jenta saia descarga abaixo, e assim

você se sentirá limpinha, renovada e um belo estômago de pena”. E logo abaixo do texto, um número alarmante chama a atenção: trezentos e treze respostas. Muitas pedem dicas para provocar o vômito, outras querem receitas de dietas milagrosas. Infelizmente, pouquíssimas criticam o relato.De acordo um estudo realizado pela revista ameri-

LIA TOLED

Por Lia Toledo

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o o no ano o, foram 40 mil s plás-ndo e dois to só heres

Segundo o IBOPE, no

ano passado, foram fei-tas 640 mil CIRURGIAS PLÁSTICAS, sendo oi-

tenta e dois por cento só em MULHERES.

cana Glamour, as mulheres podem ter até 13 pensamentos negativos sobre o seu corpo dia-riamente. A pesquisa foi feita com mais de 300 mulheres de diferentes pesos e medidas sendo que 97% admitem ter no mínimo um momento du-rante o dia em que odeiem o seu próprio corpo. A estudante Francine Melchioretto, de 22 anos, conta que não está nem um pouco satisfeita com a aparên-cia atual do seu corpo. “Eu mudaria nariz, barriga, os

meus seios, bumbum, perna e tamanho do braço”, de-sabafa ela. Ela ainda brinca que deve ter uns “1.999.999 pensamentos negativos por dia”. A psicóloga Ana Carolina Villari explica que o fato da mulher exigir ao extremo do próprio corpo é algo cultural. “Vive-mos em uma sociedade onde ter um corpo esbelto é muito valorizado independente do custo que isso irá trazer, e muitas vezes, eles são bem altos”, diz ela.Ana Carolina ainda ressalta que a ideia e os padrões

DO

E tudo isso para quê?

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Além da incessante busca pelo corpo magro veicu-lado pela mídia, as semanas de moda que acontecem no Rio de Janeiro e em São Paulo chamam ainda mais a atenção para o ideal da magreza. A fi lha da atriz global Luiza Brunet, Yasmim, que participa frequentemente desses desfi les, declarou ao apresen-tador Serginho Groisman durante as gravações do programa Altas Horas que o padrão de beleza das modelos não é algo que deve ser seguido. “Eu não vejo o mundo da moda querendo as meninas mais gor-dinhas, porque eles não estão vendendo um meio de vida saudável. Eles estão querendo um cabide ambu-lante, para que as roupas caiam bem”, desabafou ela. A psicóloga Ana Carolina chama a atenção para um fator: a mídia não é o único motivo que leva as mulheres a buscarem incessantemente pela aparên-cia perfeita. “A cultura, a época, a história de vida de cada um, o que a pessoa julga ser importante, o que lhe faz bem, e claro, a mídia são os criadores de toda essa história. É importante que o belo seja saudável, caso contrário, não será belo”, ressalta ela.De acordo com o Ministério da Saúde pessoas com mais de dois anos devem ingerir seis refeições diárias, incluindo cereais, tubérculos e raízes, frutas, legumes, verduras, leite, uma porção diária de feijão, carnes,

MAGREZA X BALANÇA

do “corpo perfeito” mudaram com o tempo. “Com certeza, antigamente o ideal de beleza não era ser ma-gra, podemos até nos referir ao quadro da Monalisa, de Leonardo Da Vinci, que demonstra a interferência da época em nossos comportamentos”, comenta ela.

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ovos, e claro, no mínimo dois litros de água. Ainda durante a entrevista, Yasmim deixou claro saber do ponto negativo que a supervalorização da magreza provoca em garotas e garotos. “Eu acho que isso é a pior coisa que você pode fazer com o seu corpo, é a coi-sa mais negativa, é a pior infl uência que você dá para uma menina crescendo, para um menino crescendo”.

Por mais incrível que pareça, isso não acontece só aos recém-chegados às passarelas. Os velhos de “guerra” como ela, também sofrem. “Acho que uma das únicas razões de que às vezes eu não gosto muito de ser modelo, é isso. Eu mes-ma olho para alguma revista e vejo uma mod-elo mais magra que eu e eu me sinto mal e aí acho que eu tenho que fazer dieta”, confessa ela. Porém, algumas vezes, nos deparamos com o outro lado da história. A jovem modelo brasileira, Ana Carolina Reston Macan morreu aos 21 anos, vítima de uma parada cardíaca em novembro de 2006. Na ocasião, ela foi internada pesando so-mente quarenta quilos. Em entrevista concebida a Revista da Hora, do Agora, a modelo contou que mesmo aos quarenta e dois quilos ainda tomava remédio para emagrecer. Tudo indica que Ana Carolina entrou em um quadro grave de distúrbio alimentar depois de ter alguns trabalhos rejeitados.

LIA TOLEDO

Elas querem prótese!

Segundo o Ibope, no ano passado, foram feitas 640 mil cirurgias plásticas, sendo oitenta e dois por cen-to só em mulheres. Em primeiro lugar, aparecem os silicones nas mamas, depois, a lipoaspiração acom-panhada de outras pequenas cirurgias. O bumbum, preferência nacional, aparece no campo das próteses em um distante segundo lugar. Noventa e nove por cento dos casos de próteses são colocadas nelas, já a outra mísera quantidade, dos um por cento, fi ca com os homens. Os metrossexuais já se arriscam a colocar

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silicone no queixo, peito e bumbum, diz a pesquisa.Contrariando a maioria, a estudante Th aís Lei-ro conta que é apaixonada pelos seus seios. “Eu nunca quis por silicone, acho os meus seios certinhos e no lugar”. A quantidade colocada também aumentou. Hoje o mais comum é a pró-tese de 280 ou 300 mililitros, antigamente elas variavam em torno dos 150, afi rma a cirurgiã plástica Luciana Pepino. Para os que tem dinhei-

ro e coragem, a plástica é a forma mais rápida e prática de alcançar o peso e a forma desejadas. Porém o bisturi não é o único caminho. As medro-sas ou menos preguiçosas preferem a academia para acabar com aqueles quilinhos indesejáveis. Rosa Abaliac, que voltou do exterior há dois meses, conta que a relação com seu corpo nesse exato momento não é das melhores. “Vou começar fi rme na academ-ia. Estou esperançosa, quero perder peso”, diz ela.

FOTOS DIVULGAÇÃO

As jovens Th aís e Francine fogem à regra somente em um quesito: os seios. Fran-cine, a bela morena (direita), conta que em vez de aumentá-los, como é o desejo da maioria, ela os diminuiria. Já a morena Th aís vai à balada com decote mostrando não ter nenhum problema com os seios.

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Confi ra na íntegra:Yasmim Brunet no programa Altas Horas• http://www.youtube.com/watch?v=c5bYMTT6xKIPesquisa da revista Glamour:• http://www.glamour.com/health-fi tness/2011/02/shocking-body-image-news-97-per-cent-of-women-will-be-cruel-to-their-bodies-today Caso Ana Carolina Reston Macan• http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u128220.shtml

“Cito esta obra por várias razões. O vi pela primeira vez com 14 anos e, até então, estava habituado apenas com as produções totalmente comerciais de Hollywood. Foi um choque. Naquele dia, eu descobri que o cinema poderia ser mais do que simples entretenimento. O filme impressiona pela sua direção de arte e pela cenografia. Mesmo para os padrões técnicos de hoje, 35 anos após seu lançamento, Os Duelistas possui uma qualidade visual e sonora espetaculares. A história focaliza uma série de duelos realizados entre dois oficiais do exército Napoleônico com ambientações na França e na Rússia do século 19. Embora a arquitetura não seja um elemento central, a fotografia capta cada um dos espaços de maneira absolutamente magistral e permite ao espectador uma sensação de imersão profunda. A arquitetu-ra da corte, a moradia burguesa, as moradias humildes e a vida urbana estão registradas com uma vivacidade inquestionável.”

A SUA PROFISSÃO NA SÉTIMA ARTE

César Muniz, professor e coordenador do curso de Arquitetura do Centro Universitário Uniseb COC dá a dica dele: Os Duelistas. (Direção: Ridley Scott, Reino Unido, 1997)

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A moda por muito tempo foi si-nônimo de luxo. As passarelas internacionais e as grifes re-

conhecidas mundialmente remetem a isso. Porém, com a troca constante de informações sobre moda e as lo-jas populares apresentando melhores opções de compra, vestir-se bem não é exclusividade de um grupo seleto de pessoas. Segundo a colaboradora da revista do Shopping dos Jardins Vivian Sotocórno, estar na moda não é um questão de dinheiro: “Se a verba é curta, vale pesquisar muito, apro-veitar para comprar em liquidações e brechós. Se vestir bem está relacio-nado com criatividade, bom gosto e informação.”Uma boa dica de peça para quem não quer gastar muito, mas deseja estar sempre antenada são os vestidos. Este tipo de roupa é versátil e pode ser combinado de diversas formas: para o dia a dia é só usá-lo com uma rasteirinha ou sapatilha, já para noite uma boa opção é colocar salto alto e apostar nos acessórios. Nos dias mais frescos é só adicionar um casaco ao look para não passar frio.

Moda AcessívelComo ficar bem vestida gastando pouco

Júlia RibeiroRafaela Malpeli

Vestido - Barred’s R$48,90

Pulseiras - Rafela Malpeli R$12,00 cada

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Vestido - Super 20 R$20,00

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Vestido - Super 20 R$20,00 Vestido - Barred’s R$48,90

Cintos - camelô 3 cintos por R$10,00

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Vestido - Barred’s R$30,00 Vestido - Made in Rio R$18,90

Page 52: Revista Viés Prova parcial

Blusa de baixo - Riachuelo R$11,90

Blusa de renda - Demanos Magazine R$10,00

Cinto - camelô 3 cintos por R$10,00

Page 53: Revista Viés Prova parcial

Vestido - Pernambucanas R$40,00

Blusa branca - Colins R$29,00

Camisa florida - Made in Rio R$16,90

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Mais do que barba, cabelo e bigode

O preconceito dos homens com centros de beleza deu lugar a um costume: se cuidar

Reportagem e fotografias:Rafael ContiUelinton Costa

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Reportagem e fotografias:Rafael ContiUelinton Costa

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Mais do que

barba,cabeloe bigode

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O preconceito dos homens com centros de beleza deu lugar a um costume: se cuidar

Reportagem e fotografias:Rafael ContiUelinton Costa

Mais do que barba, cabelo e bigode

Page 61: Revista Viés Prova parcial

A modesta barbearia está dando lugar aos centros de estética especializados. O in-teresse dos homens por as-suntos ligados à beleza não é o mesmo de outrora. Esse gênero saiu da condição tradicional em que ficou por décadas e começou a entrar em novas áreas, a experimen-tar novos procedimentos.

O serviço de engraxate, por exemplo, oferecido pelos barbeiros, era uma forma de mimar o cliente, fugir do at-endimento trivial e se manter à frente da concorrência. At-ualmente, o empresário que quiser se destacar no mer-cado precisa de muito mais do que um lustre na botina.

Um centro de estética exclu-sivo para o público mascu-lino foi inaugurado em se-tembro do ano passado em

um shopping no centro de Ribeirão Preto. Além de corte, os profissionais fazem barba com um agrado ao cliente: há dois tipos de massagem pós-barba. Existem também os serviços de nutrição capilar, coloração especial e depil-ação. Quando chega, o cliente é recebido com vários tipos de drinks e revistas masculinas.

De acordo com o gerente do salão, o homem de Ribeirão Preto está mais preocupado com a aparência: “O salão feminino registrou aumento de 40% na frequência mas-culina, o que motivou a abrir o salão para homens”, diz. “O homem fica mais à von-tade em um salão de beleza voltado exclusivamente para o público masculino. Whisky, refrigerante, suco, cervejas tradicionais e gourmet tam-bém ajudam a atrair o cliente.”

Page 62: Revista Viés Prova parcial

O número de empresas vol-tadas para esse público cres-ceu tanto que exige até ori-entação específica para os empreendedores. O Sebrae faz atendimento a pessoas que procuram sair da informali-

dade, abrir um novo negócio ou expandir um já existente.

Marcus Tiago Fregonesi é agente de desenvolvimen-to do posto do Sebrae e faz consultoria coletiva e indi-

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A modesta barbearia está dando lugar aos centros de estética especializados. O in-teresse dos homens por as-suntos ligados à beleza não é o mesmo de outrora. Esse gênero saiu da condição tradicional em que ficou por décadas e começou a entrar em novas áreas, a experimen-tar novos procedimentos.

O serviço de engraxate, por exemplo, oferecido pelos barbeiros, era uma forma de mimar o cliente, fugir do at-endimento trivial e se manter à frente da concorrência. At-ualmente, o empresário que quiser se destacar no mer-cado precisa de muito mais do que um lustre na botina.

Um centro de estética exclu-sivo para o público mascu-lino foi inaugurado em se-tembro do ano passado em

um shopping no centro de Ribeirão Preto. Além de corte, os profissionais fazem barba com um agrado ao cliente: há dois tipos de massagem pós-barba. Existem também os serviços de nutrição capilar, coloração especial e depil-ação. Quando chega, o cliente

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é recebido com vários tipos de drinks e revistas masculinas.

De acordo com o gerente do salão, o homem de Ribeirão Preto está mais preocupado com a aparência: “O salão feminino registrou aumento de 40% na frequência mas-

culina, o que motivou a abrir o salão para homens”, diz. “O homem fica mais à von-tade em um salão de beleza voltado exclusivamente para o público masculino. Whisky, refrigerante, suco, cervejas tradicionais e gourmet tam-bém ajudam a atrair o cliente.”

O número de empresas vol-tadas para esse público cres-ceu tanto que exige até ori-entação específica para os empreendedores. O Sebrae faz atendimento a pessoas que procuram sair da informali-dade, abrir um novo negócio ou expandir um já existente.

Marcus Tiago Fregonesi é agente de desenvolvimen-to do posto do Sebrae e faz consultoria coletiva e indi-vidual, dependendo do per-fil e objetivo de cada em-presário. “O número de

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vidual, dependendo do per-fil e objetivo de cada em-presário. “O número de representantes de empresa na área de estética que vêm nos procurar cresceu muito e uma parte expressiva delas é focada no homem”, afirma.

O empresário Hugo Dias Júnior tem 33 anos e é um dos clientes que alimentam esse setor. Depois de passar

Cirurgia estomacal, abdominoplastia e Hugo continuou a mudar.

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por uma redução de estôma-go, em 2010, ele decidiu se submeter a uma abdomino-plastia para reduzir as medi-das na região da barriga. “De-pois disso eu não parei mais: depilo as costas, vou ao salão toda semana fazer a barba, faço tratamento dermatológi-co e clareamento dental.”

Além de procedimentos menos invasivos, eles tam-

Hoje, homens somam 20% das cirurgias para melhorar visual e beleza.

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bém aderiram à cirurgia plás-tica. Vistas antes como luxo de poucos, essas correções caíram no gosto de faixas etárias mais jovens e também agradam a homens vaidosos. Na clínica do cirurgião plástico

Rodrigo Murcia Antoniassi, em São José do Rio Preto, 20% dos pacientes são do sexo masculino. “As cirurgias a que os homens mais têm se submetido são blefaroplastia [correção das pálpebras], rino-plastia [nariz] e ginecomas-tia [diminuição das mamas].

O crescimento em relação à década passada foi muito grande, e isso fez com que eu tivesse de ampliar a atenção e a estrutura que damos para cirurgias feitas em homens.”

Outro fato curioso que o ci-rurgião conta é o de que ad-

olescentes começaram a se preocupar com a aparência: “Cada vez mais sou procura-do por jovens – homens –, com idade de até 15 anos, para fazer operações. As meninas ganharam companheiros na mesa de cirurgia”, brinca. An-toniassi, no entanto, alerta: “Os pais precisam conscien-tizar os filhos de que a idade mínima para a maioria dos procedimentos é de 18 anos”.

A clínica em que a fisi-oterapeuta Larissa Rimoldi trabalha tem motivos para comemorar. Segundo ela, o número de homens que buscam tratamentos es-téticos dobrou no último ano e, hoje, responde por 40% do total de clientes. “Os procedimentos mais procurados são depilação a laser, massagem e limpeza de pele”, informa Larissa.

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A invasão dos homens na área da estética não acontece apenas na hora de cuidar do visual do corpo. A qualidade de vida está cada vez mais presente nos assuntos do gênero masculino, e a forma de morar tem ocupado um grande espaço na agenda deles.

A arrumação da casa e a distribuição dos elementos no in-terior dos cômodos, que até pouco tempo eram responsabi-lidade das mulheres, passaram a ser divididas entre o casal. A harmonia da casa é assunto comum entre marido e mul-her e o aconchego do lar, reflexo do gosto dos moradores, é feito em acordo entre ambos ou, em alguns casos, desacordo.

O arquiteto Mateus Passáglia já se acostumou com a quantidade de projetos em que cada pessoa tem o seu espaço. “Esse tipo de coisa está muito comum, principalmente entre casais. Cada um tem o seu banheiro, e alguns têm até quartos separados”, afirma.

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Desenho: Ana Rita Berardo Fiacadori

Page 71: Revista Viés Prova parcial

A invasão dos homens na área da estética não acontece apenas na hora de cuidar do visual do corpo. A qualidade de vida está cada vez mais presente nos assuntos do gênero masculino, e a forma de morar tem ocupado um grande espaço na agenda deles.

A arrumação da casa e a distribuição dos elementos no in-terior dos cômodos, que até pouco tempo eram responsabi-lidade das mulheres, passaram a ser divididas entre o casal. A harmonia da casa é assunto comum entre marido e mul-her e o aconchego do lar, reflexo do gosto dos moradores, é feito em acordo entre ambos ou, em alguns casos, desacordo.

O arquiteto Mateus Passáglia já se acostumou com a quantidade de projetos em que cada pessoa tem o seu espaço. “Esse tipo de coisa está muito comum, principalmente entre casais. Cada um tem o seu banheiro, e alguns têm até quartos separados”, afirma.

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Croqui: Ana Rita Berardo Fiacadori

Page 73: Revista Viés Prova parcial

Fanny Victória

Cultivando uma PAIXÃO

Tão divinas e plurais, as orquídeas despertam o prazer de cuidar e desafiar a natureza. Es-tudá-las passa a ser um objetivo longe de ser alcançado, sem fim.

Page 74: Revista Viés Prova parcial

Cultivando Cultivanumauma PA

Entre tantos gostos, eles es-colheram cultivar fl ores. Infl uenciadas pelo meio em

que vivem, ou viveram, e até mesmo por seus pais e parentes, pessoas apaixonadas por fl ores têm o dom da paciência e de se aterem a detalhes para que esse ser nasça em habitats que, mui-tas vezes, não são naturais.

Esse é caso dos orquidófilos. Eles têm fissura por essas flores e ultrapassam barreiras como, por exemplo, as fronteiras entre Estados e países em busca de no-vas espécies para sua coleção. O conhecimento sobre essas plantas aumenta na medida da espera do florescimento, que pode demorar até sete anos.

O colecionador de Batatais (ci-dade a 30 km de Ribeirão Preto), Luiz Carlos Setti, possui entre cin-co mil e dez mil plantas divididas em três orquidários. Em meio a esse número incerto, duas flores são mais especiais e o acompan-ham há décadas.

Texto e fotos: Fanny Victória

Tão divinas e plurais, as orquíde-as despertam o prazer de cuidar e desafiar a natureza. Estudá-las passa a ser um objetivo longe de ser alcançado, sem fim.

Page 75: Revista Viés Prova parcial

Cultivando ndo uma AIXÃO

Page 76: Revista Viés Prova parcial

No mundo há mais de 25 mil espécies e no Brasil, cerca de 5 mil

Associações

Número de associações orquidófilas cresceu 37,5% na última década no país

Espécies

Page 77: Revista Viés Prova parcial

Ele tem uma planta que achou na fazenda Santa Cruz, nessa mesma cidade, em 1961, tempo em que ainda namorava sua espo-sa. Além dessa, outra espécie que o orquidófilo cuida há 15 anos é uma planta que ele mesmo man-dou por na cabeceira da cama da filha dele, na maternidade. Em março deste ano, ép-oca em que a orquí-dea floresce, a neta Marina (que tem o mesmo nome da flor), completou sua idade debutante.

Setti é presidente da Associa-ção Orquidófila de Batatais, a qual fundou em 1968. De acordo com a Coordenadoria das Associações Orquidófilas do Brasil (Caob), atualmente existem aproximada-mente 222 associações no país.

E se engana quem acha que esse número diminuiu ao longo dos anos. O cultivo de orquídeas só ganhou adeptos na última década. Segundo o presidente da Caob, Welington José Fernandes, houve um crescimento de 37,5% no número de associações.

Cultivador há 14 anos, Norival Pereira, 60, se autodenomina col-

ecionador, cultivador e juiz. Esse último por fazer parte do Con-selho Deliberativo da Caob que julga as melhores plantas em ex-posições pelo Brasil afora. Ele in-tegra a Associação Orquidófila de Ribeirão Preto, da qual, ele afirma,

participam ativa-mente entre 12 e 15 pessoas, dos 35 as-sociados. Pereira tem em casa cerca de três mil flores.

O também ri-beirão-pretano Anto-nio Carlos Palaretti, 55, cultiva orquídeas

há cerca de dez anos. Ele afirma que a primeira flor foi um presen-te dado à esposa. Com mais de 50 espécies no orquidário que man-tém em casa, Palaretti fala que já foi em diversas exposições, “mas só como curioso”, conta.

Para ele, cultivar essas flores é uma terapia. Com a ajuda das plantas, ele diz que consegue aliv-iar o estresse da rotina e se dis-trair. “Minhas filhas gostam muito e minha esposa me ajuda a cui-dar”, afirma Palaretti que também explica os cuidados básicos para cuidar de um orquidário. “É muito simples, mas precisa de alguns

“Tenho plantas do mundo inteiro aqui”

Luiz Carlos Setti, orquidófilo.

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cuidados, como, por exemplo, adubar a cada quinze dias, reti-rar a planta da chuva quando está com flores e replantar sempre as mudas”, indica.

Dentro de um orquidário

Em um dos bairros mais antigos de Batatais, estacionamos o carro em frente à casa de Setti. Somos recepcionados por ele, que nos leva até os fundos. Passamos pela sala de estar e por um pequeno jardim com grama.

Já no orquidário, nos depara-mos com um corredor dividindo dois espaços com as mudas e flores.

É um espaço fresco e calmo, como se elas precisassem do silên-cio, além da terra e água, para viv-er ali. Ele nos guia por entre os va-sos e folhas. São muitas espécies.

Uma mais diferente e exótica que a outra. As híbridas, ou seja, as que têm suas cores modifica-das em laboratório, a que pa-

Flores em um dos três orquidários de Setti, que

tem, ao todo, entre cinco mil e dez mil plantas

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rece uma borboleta (Dsychopsis Papilio), a natural dessa região, que vai de Altinópolis, passa por Minas Gerais e Goiás, tipicamente encontrada perto do rio Sapucaí e rio Grande (Cattleya Walkeriana).

Ele também mostra as es-trangeiras, como, por exemplo, a Renanthera Coccinea, natural da Ásia.

Essa é a maior planta do orquidário. Na verdade ela fica em um local estratégico, longe das outras plantas, onde a incidência de calor e luz do sol é maior.

Uma espécie capixaba (natural do Espírito Santo) revela diferen-tes cores. Sua característica prin-cipal são pintas nas flores (Cat-tleya Guttata).

Entre uma espécie e outra, per-gunto ao senhor Setti se alguém da família se interessa tanto quanto ele nas flores para que possa dar continuidade ao seu trabalho. Ele faz uma pausa, solta um riso con-tido e doído.

Nenhuma das filhas tem tanto gosto pelo cultivo. A esposa sem-pre o acompanha, mas não há her-deiros fiéis ao legado.

“A esperança são os netos”, diz ele, que tem 70 anos e uma joviali-dade invejável.

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Ranking da paixão

Nas exposições de orquídeas feitas pelo país, sempre são elei-tas plantas vencedoras em várias categorias. Os donos dessas flores também são premiados, assim como a associação da qual o col-ecionador faz parte.

Todas as pontuações somam para formar rankings de exposi-tores e de associações. De acordo com a Caob, as plantas são sub-metidas a um julgamento feito por jurados da coordenadoria.

Entre os itens avaliados es-tão a forma, a cor, a textura, a composição. O calendário de ex-posições vai de janeiro a dezem-bro.

Segundo Setti, no mundo há mais de 25 mil espécies e no Bra-

sil, cerca de cinco mil. Ele afirma que na América La-tina, o país perde apenas para a Colômbia, que tem aproximadamente sete mil. “As espécies exis-tentes no Brasil têm fama de serem as mais explora-das e raras”, fala.

Ele conta que, décadas atrás, na cidade de São Paulo, havia uma espécie endêmica às margens do rio Tietê (quando esse ai-nda não era afetado pelo lixo), ou seja, só existia ali. Hoje, segundo ele,somente colecionadores possuem essa espécie, que é repro-duzida em laboratório.

Histórias sem fronteiras

Nascido em Ribeirão Preto, o filho de mar-morista se mudou com o pai para Franca perto de 1947. “Na época da guer-ra, não me lembro bem o ano”, conta. Depois foram para Batatais, onde o pai entrou como sócio em uma marmoraria. E foi

“Cultivar essas plan-tas é um desafio devido às diferentes caracter-ísticas e necessidades”

Luiz Carlos Setti, orquidófilo.

Page 81: Revista Viés Prova parcial

por influência dele que Setti começou a gostar de orquídeas.

Presidente da Associa-ção de Orquidófilos de Batatais, ele afirma que outras na região foram ab-ertas com seu incentivo.

“Eu ajudei a fundar as associações de Franca, São Joaquim da Barra, Nupor-anga, Altinópolis e Orlân-dia. Eu levava os estatutos e regimentos e me reunia com pessoas interessadas. As três últimas já não ex-istem mais”, fala.

Em uma viagem a Singa-pura, na China, Setti conta que, do aeroporto até a cidade, havia uma rodo-via com um canteiro cen-tral repleto de orquídeas. “Eram 45 quilômetros de flores”, diz encantado.

Na França, ele deixou a esposa no hotel e saiu sozinho pela cidade. Pegou um metrô e, a 20 km de Paris, encontrou um orquidário.

Setti fala que cultivar essas plantas é um desa-fio devido à suas diferen-

tes características e necessidades, dependendo do local de origem. Ele conta que um laboratório dos EUA reproduz o habitat natural de uma orquídea natural da Áfri-ca, que fica aos pés de uma mon-tanha.

Essa espécie é regada com a água gerada pelo derretimento do gelo do topo da montanha. Esse é o desafio. Como reproduzir esse ambiente?

Outras espécies, afirma ele, pre-cisam ficar seis meses dentro de uma gaveta de geladeira – onde costumamos colocar frutas e ver-duras – para que floresça. Isso acontece com cultivadores de flores que estão fora do habitat natural.

Em outro caso, eles deixam al-gumas orquídeas em Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira, local de clima de frio, durante o período de inverno - até maio, junho. Depois, levam essas flores para o clima quente de São Paulo. O choque térmico faz com que a planta floresça.

Laboratórios podem re-produzir o habitat nat-ural de uma orquídea .

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Essas são as flores mais caras do Estado. No começo de abril deste ano, os preços dos vasos variavam de R$ 28,82 a R$ 148,24,

Preços Mercado

Não só de desafios vivem os orquidófilos. O cultivo das plan-tas pode gerar uma renda extra. Nas exposições que ocorrem pelo Brasil, associações levam suas plantas mais velhas e floridas para expô-las. As mais jovens e de espécies comuns, que também tenham flores, são vendidas por preços que variam de R$ 10 a R$ 50.

Já as orquídeas raras e premia-das não têm limite de preços. A espécie Cattleya Walkeriana fei-ticeira, por exemplo, foi avaliada em cerca de R$ 15 mil durante uma exposição no Santana Parque Shopping em março do ano pas-sado.

De acordo com o índice de preços do Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), as orquídeas são as flores mais caras do Estado. No começo de abril deste ano, os preços dos vasos variavam de R$ 28,82 a R$ 148,24, dependendo do tamanho da orquídea. O quilo custava, em média, R$ 92,94.

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Orquidófilos versusorquidólogos

A paixão por essas flores vai além do hobby quando se trata de estudá-las. O presidente da Asso-ciação Brasileira de Orquidólogos (ABO), Darly Machado de Cam-pos, de 76 anos, tem uma relação com as orquídeas que já dura 64 anos. Ele, que mora em Campinas, conta que começou a se interessar pelas flores quando tinha apenas

Campos no orquidário Takebayashi, em Atibaia, onde ele dá aulas

12 anos, influenciado pelo pai, que trabalhava como agrônomo no Ministério da Agricultura.

Campos fala que a família sempre teve peque-nas propriedades agrícolas e ele acompanhava o pai pelas fazendas. O orquidólogo diz que, em meio a áreas desmatadas e queimadas de cana, encontrava orquídeas.

Ao recolher as espécies para salvá-las do fogo, for-mou sua primeira coleção no quintal de casa. “Procurei ir conhecendo as espécies que ia coletando”, afirma.

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Page 84: Revista Viés Prova parcial

Hoje, Campos, que chegou a ter mais de 30 mil plantas, possui seis livros publicados sobre cultivo e reprodução de orquídeas.

“E logo deve ser lançado o volume sete que trata do cul-tivo e reprodução orgânica”, fala. Cirurgião-dentista apo-sentado, atualmente ele se dedica a dar cursos e pal-estras sobre os temas.

Ele critica: “O orquidólogo tem a preo-cupação de estudar, en-sinar, preservar, divul-gar a reprodução com a preocupação de evitar a extinção das espécies [...]. Os orquidófilos são apreciadores das orquídeas e se preocupam com a bele-za das plantas organizando exposições, comercializan-do as orquídeas, principal-mente as nativas de outros países. Enfim, uma preocu-pação comercial muito in-tensa.”

O estudioso conta que desde a fundação da ABO, em 1998, os associados

plantam orquídeas nati-vas nas árvores do Parque Ecológico de Campinas.

Ele fala que foram plan-tadas 120 orquídeas de 16 diferentes espécies nativas, mas hoje restam apenas cerca de 20 plantas nas ár-vores.

“E as que sumiram, não foi roubo, não. A prefeitura resolveu dar uma arrumada na praça antes das festas juninas que a associação do bairro organiza e os jardi-neiros, com motos serras, cortaram galhos que tinham as orquídeas e foram joga-das no lixo”, desabafa.

Ele fala que já teve orquídeas que viveram mais

“Os orquidófilos se preo-cupam com a beleza das

plantas. Uma preocupação comercial intensa”

Darly Machado de Campos, orquidólogo.

de 40 anos e sempre com grandes florações. “Eis o motivo porque nunca pude concordar com o que dizem que nossas orquídeas vão acabar.

O que está errado é a fal-ta de interesse das pessoas que cultivam essas maravil-

hosas plantas, para apre-nderem a reprodução em grande escala”, declara.

A renovação acontece a cada ciclo de vida dessas plantas. Assim também é o homem. A cada ano que passa, sua existência é renovada (ou o deveria ser) para que possa con-tinuar vivendo. Isso é preciso, mas não

garante eternidade. Estu-diosos afirmam que, assim como o homem está para os animais, as orquídeas estão para as plantas.

É um desenvolvimento maduro, ciclos e mais ciclos que se desenvolvem. Tipos diferentes, que encantam. Talvez seja esse o motivo de tanta admiração.

Page 85: Revista Viés Prova parcial

DICAS DE CULTIVO

É indicado que a incidência de luz

solar na planta seja de 50%.

Local deve ser areja-do e o chamado “vento sul” no inverno deve ser evitado.

Sem exageros, quan-to mais umidade no

ar você conseguir, melhor.

A orquídea deve ser regada so-mente se o substrato estiver completamente seco.

A adubação deve ser feita mensalmente, por pulveriza-ção, com adubo químico ou orgânico.

Os vasos podem ser de bar-ro ou de plástico. Os vasos

de barro secam mais rápido que os de plástico.

Page 86: Revista Viés Prova parcial

Cultura digital: a colcha de

retalhos moderna

Como jovens da nova geração têm se virado para protestar e divulgar

informações de interesse público e coletivo

Page 87: Revista Viés Prova parcial

Quando falamos em retalho logo nos vem à mente frag-mentos, pedaços. De acordo com o dicionário, retalho é a parte que se tira, se corta de uma coisa (especialmente de um tecido). Mas o avesso da fragmentação é o coletivo. Vá-rios pedaços juntos podem se transformar em uma colcha, como aquelas antigas que as avós faziam.

Pois bem. Na contracultura moderna há muita gente cos-turando. Só que nesses tempos as linhas, agulhas e alfinetes são outros. Fazem parte da teia WWW (Word Wide Web), que guia milhões de navegações mundo afora.

Unir diversos projetos que traduzem informações públicas usando as novas tecnologias de uma forma independente e criativa. Essa é uma das propostas da Casa da Cultura Digital (http://www.casadacultu-radigital.com.br/), em São Paulo. O local reúne pessoas, empresas e ONGs (Orga-nizações não Governamen-tais) que criam sites, vídeos e programas voltados a con-teúdos culturais e políticos.

Um exemplo é o pro-jeto Esfera (http://blog.esfera.mobi/about/), que, por meio da Trânsparência Hacker (http://blog.esfera.mobi/transparencia-hack-er/), desenvolve trabalhos

envolvendo política, dados públicos e sites. Nesses tra-balhos participam pessoas de diversas áreas, como de-senvolvimento web, jornal-ismo, design, gestão públi-ca, direito etc.

Entre os trabalhos estão os sites Otoridades.com (http://otoridades.com.br/) e o Poder Legislar (http://poderlegislar.com.br/). No primeiro, é possível que os visitantes façam denúncias sobre abuso de autoridades.

Focado na lei Ficha Lim-pa, o segundo site disponi-biliza informações sobre as possibilidades de a popula-ção participar da formação legislativa do país. Para isso, eles explicam como é o pro-

cesso de vida de um projeto de lei e falam sobre as leis de iniciativa popular. A Casa da Cultura Digital tem mais de 50 pessoas envolvidas na sua organização.

O prédio, que fica na rua Vitorino Carmilo, 459, no bairro Barra Funda, em São Paulo, abriga proje-tos como Laboratório Bra-sileiro de Cultura Digital (http://culturadigital.org.br/site/), Garoa Hacker Clu-be (https://garoa.net.br/wiki/P%C3%A1gina_princi-pal), Tatu Peba Produções (http://www.radiotatupeba.com/), Veredas (http://vere-das.net/), memeLab (http://memelab.com.br/), entre outros.

Fanny Victória

Page 88: Revista Viés Prova parcial

Informações públicas

Apesar de estar local-izada na capital paulista, a Casa da Cultura Digital con-tribui com o desenvolvimen-to de programas e sites que disponibilizam informações públicas de interesse nacio-nal, agindo de forma jor-nalística.

“Quem tem a ganhar, se não houver grandes mu-danças e algum tipo de con-trole sobre a rede, são os cidadãos”, afirma o jornalis-ta Paulo Markun, ex-presi-dente da “TV Cultura” e ex-apresentador do programa “Roda Viva”.

Pai de um dos fundadores da Casa da Cultura Digital, Markun integra a organiza-ção e afirma que o jornal-ismo, como profissão, está

acabando. “O novo jornalis-mo será o velho jornalismo, mais militante e diversifica-do. Como no século 19 aqui no Brasil.”

Exemplo disso é o site “Para onde foi o meu din-heiro” (http://www.para-ondefoiomeudinheiro.com.br/node/1), que, além de simplificar os dados gov-ernamentais para enten-dimento da população em geral, pode ser uma fonte para jornalistas.

O site foi criado em maio do ano passado durante a

ida de participantes do pro-jeto Transparência Hacker, que funciona dentro da Casa da Cultura Digital, ao Con-segi (Congresso de Software Livre e Governo Eletrônico), em Brasília.

A plataforma permite que a população acompan-he quanto do dinheiro pago em impostos foi gasto em setores como em educação, saúde, geração de emprego, transporte, segurança etc.

Outro exemplo, também criado no congresso, é o site THacker (http://thacker.

Assista a um vídeo sobre o Congresso do Software Livre acessando o link abaixo:

http://tv-brasil.ebc.com.br/reporter-brasil/vi-deo/16110/

Reprodução

Divulgação/ Casadaculturadigital.com.br

Page 89: Revista Viés Prova parcial

http://www.youtube.com/watch?v=O4GLlp8Aqu8

Assista a um vídeo sobre a parceria firmada entre a A Pública e o Wikileaks acessando o link ao lado:

com.br/). Nele estão reuni-dos diversos projetos ex-perimentais sobre transpar-ência pública como, por exemplo, o “Deputados Analytics” (http://thacker.com.br/projeto/deputados-analytics). A plataforma ai-nda não funciona, mas a proposta dela é mostrar es-tatísticas dos deputados e gerar rankings com base nos dados disponíveis na página do congresso nacional.

Wikileaks à brasileira

Também integra a Casa da Cultura Digital a agência de jornalismo investigativo A Pública (http://apublica.org/). Inspirada em modelos existentes em outros países e em especial no Wikileaks – com que mantém parce-ria, a agência foi fundada em março deste ano pelas jornalistas Marina Amaral, Natalia Viana e Tatiana Mer-lino.

A agência age de forma independente e produz conteúdos usando creative commons, ou seja, qualquer pessoa pode produzi-los em outros meios.

Reprodução

Reprodução

Page 90: Revista Viés Prova parcial

Jornalismo independente e o financiamento

Outra forma de incen-tivo ao jornalismo inde-pendente são os sites de crowdfunding, que signifi-ca financiamento público em inglês. Criado há cerca de um ano, o site Catarse (http ://catarse .me/pt) , também ligado à Casa da Cultura Digital, tem essa proposta.

Pessoas ou empresas cadastram projetos e de-

terminam o quanto é pre-ciso para que saiam do pa-pel. As propostas recebem ajuda online durante 90 dias. As pessoas podem doar o valor que quiserem aos projetos que julgarem mais interessantes. Em tro-

Uma forma de incen-tivo ao jornalismo inde-pendente são os sites de crowdfunding (em inglês, financiamento público).

ca, elas ganham um prêmio determinado pelos autores das propostas que variam conforme a colaboração.

Até o dia 8 de abril deste ano, o Catarse havia rece-bido 388 projetos. Desses, 178 foram aprovados e fi-

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Page 91: Revista Viés Prova parcial

O novo jornalismo

Na categoria de jornal-ismo, havia nove projetos bem-sucedidos. Um dos projetos jornalísticos finan-ciados, o “Cidades para Pes-soas” (http://catarse.me/pt/projects/36-cidades-pa-ra-pessoas), tinha a propos-ta de uma equipe viajar por 12 cidades do mundo em um ano e investigar as práti-cas de planejamento urbano empregadas em cada uma delas.

Por meio de reportagens, o projeto mostraria o que deu certo nessas cidades e poderia servir de exemplo em municípios do Brasil. O projeto teve o apoio de 285 pessoas e conseguiu arreca-dar mais de R$ 25 mil.

De acordo com o jornalis-ta Paulo Markun, ex-diretor

da Fundação Padre Anchieta e ex-apresentador do pro-grama Roda Viva, o Catarse e outros sites de financiamen-to colaborativo ainda são um teste. “Os primeiros jor-nais brasileiros não tinham assinaturas, nem anúncios. Viviam de colaborações vol-untárias dos leitores. Nada impede que isso ocorra a partir da internet”, disse.

“O novo jornalismo será o velho jornalismo, mais militante e diversi-ficado. Como no século 19 aqui no Brasil”,

Paulo Markun, ex-apresentador do programa “Roda Viva”

nanciados pelos visitantes do site. Os projetos são di-vididos em categorias. Do total, 15 propostas foram inscritas em jornalismo, 78 em cinema e vídeo e 16 em fotografia.

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Page 92: Revista Viés Prova parcial

Era uma manhã como qualquer outra e, em fr-ente ao computador, digitava uma crônica. Nela trabalhei durante horas, lapidando cada pará-grafo como se fosse o último. A história saltitava da minha mente, como se fosse ora verdade, ora mentira. “Tudo está correndo bem”, estranhei. Ao longo do dia me aconteceria uma tragédia daquelas.

Saí para o almoço pensando em uma con-clusão para meu texto, nada de esplendoroso ou tipo cartada fi nal, pelo contrário, algo bastante simplório. Cada garfada era uma expressão a acrescentá-la – anotando tudo, claro, para não correr o risco de esquecer aquelas chamadas “palavras-chave”. Tinha tudo prontinho e esque-matizado, e depois de uma hora e meia, estava pronta para escrever.

Abro a porta da minha sala e me deparo com a cena de um grandioso crime: minha crônica estava presa, havia sido bandidamente presa. “Chamem a polícia!”, gritei. Entrei em pânico. Ela estava a pouco de ser fi nalizada e poderia sair livre por aí, e naquele momento estava presa, e ainda por cima, incompleta, coitada. “Socorro, chamem os técnicos, bombeiros. Cadê os nerds da informática?”

Foi aquele alvoroço, helicóptero chegando, resgate, mobilização total. Todos na rua queriam saber o que estava acontecendo, até emissoras de televisão vieram saber sobre o que se tratava tal agitação. Dizia eu: “Minha crônica está presa naquele micro” - e todos os jornalistas lamen-

tavam como se o texto pertencesse a eles.

Finalmente o técnico respon-sável pelo depar-tamento chegou. Quis se entender sozinho com a máquina e tran-cou a porta, parecia até aqueles casos de cirurgia em que ninguém pode acompanhar, ou até mes-mo segredo de Estado. Senti-me no direito de fi -car bem encostada na porta, espiando o que dava para ser espiado – quase nada – pela fechadura. O técnico saiu, olhei para ele como quem pede uma explicação e ele me diz, sem dor alguma: “Precisaram de um cabo urgente em outro depar-tamento e tivemos que pegar um daqui, rapidin-ho, agora está tudo no lugar”.

Estaria tudo no lugar ao fi nalizar minha crôni-ca. Nunca mais viveria se aquelas luzinhas ver-melhas e verdes não se acendessem e a chama que habitava minha mente numa sinestesia fi z-esse meus dedos deslizarem e eu ouvisse a digi-tação por todo teclado e, fulminantemente, colo-casse o último ponto fi nal. Os jornalistas fi caram ali a admirar minha impaciência e dependência sobre as novas tecnologias. Enquanto isso, eles enviavam as notas sobre o incidente por meio de seus celulares e visitavam o site do jornal em que trabalhavam. O que eu queria mesmo era uma máquina de escrever, daquelas bem antigas.

Prenderam minha Crônica

Fanny Victória

Page 93: Revista Viés Prova parcial

Naquele nome livre de todo egocentrismo que podia existir, via um senhor mulato, de chapéu, mochila e uma garrafi nha de água empedrada – me pediu para completá-la. Foi entre o almoço do meu chefe e de uma colega de trabalho, nada mais do que trinta minutos de boa prosa, estava perdido por estes lados, vindo de Marília.

À procura de um emprego prometido, sem onde comer e dormir, apenas veio. Encontrou na rodoviária um amigo de outrora que lhe ofe-receu abrigo, coisa simples, mas que o ajudaria a enfrentar pares de dias longe de casa. Dizia-se muito forte e útil, – não havia duvidado, coisa de velho que acha que todo mundo estranha sua hostilidade – porém nenhum dos empregos que o traziam a Batatais havia oferecido algum re-sultado.

E mais do que a própria fi lha, que, ele me dizia, começava no primeiro emprego no exato dia, estava feliz e orgulhoso. Mantinha contado com a família por meio de um celular, que tentou vender para comprar a passagem de volta. Ofer-eceram-lhe preço de banana, explicava:

- Um rapaz me ofereceu cinco reais pelo meu celular! Assim eu fi cava sem celular e sem pas-sagem, aí não né!

Já havia solicitado ajuda na prefeitura e não pedia para qualquer um que visse na rua, não, selecionava aqueles com quem podia conversar e contar toda a sua história. Na repartição pública disseram oferecer passagem somente para aqueles que possuem sessenta anos ou mais. E como nada

é para si mesmo, Ogênio não tirou a sorte grande, acabou de com-pletar cinquenta e nove.

- Que diferen-ça faz um ano? – se perguntava.

Dizia-se bom em matemática, nunca ninguém lhe passou a perna. Até um engenheiro que certo dia tentou calcular algumas distâncias para con-struir uma “bica” em uma mina d’água da fa-zenda Santo Agostinho, lá para os lados de sua cidade natal, lhe pediu ajuda.

Apesar disso, era tamanha a simplicidade que carregava de nascença que não se dizia gênio. De duas, uma: ou a mãe ao conferi-lhe este nome pensava no momento em que todos o pronunci-ariam “Ogênio”, indicando a prole querida, que se fosse “Eugênio” todo mundo se diria de ta-manha inteligência e não seu fi lho. Ou ela, que-rendo livrá-lo do ego-maior, batizou-lhe assim para que toda vez que pronunciasse o próprio nome indicasse que gênio não era ele, e sim outro.

Acho a segunda opção mais explicativa. Nos-sa personagem em questão não precisava de um nome que lhe conferisse “o dom de domador de dotes intelectuais”, o mesmo o mostrava con-stantemente, pela educação, fala simples, preo-cupado com a família, com a saúde. Onde estará Ogênio agora?

Ogênio

Fanny Victória

Page 94: Revista Viés Prova parcial
Page 95: Revista Viés Prova parcial

A beleza,ACIMA DE TUDO,vale a pena?A fixação por uma aparên-cia perfeita parece estar passando dos limites. Segundo pesquisa da re-vista americana Glam-our, as mulheres podem ter até 13 pensamentos negativos por dia so-bre seu próprio corpo.

APARÊNCIA

SegIbope

passadofeitas cirurgi

ticasoitentpor cem m

“Urgente! Quero ser magra e linda”. “Ex-gordas que odeiam gordas”. “Ser magra a todo custo”, “Quero ser anoréxica”: são frases que chocam, não é mesmo? Pois relatos como estes podem ser facilmente achados em sites de busca na internet e podem estar relacionados a um fator muito co-mum nos dias de hoje: a infelicidade com o próprio corpo. A cor do cabelo, o tamanho dos seios, o formato das orel-has e do nariz, o peso, não importa em qual parte do cor-po, elas se queixam mesmo. O mais curioso é que mesmo com todo o acesso à informação que se tem atualmente, muitas mulheres escolhem o caminho errado quando

o assunto é o próprio corpo.Expressar a opinião que se tem sobre si está cada vez mais fácil. Meninas relatam em blogs pes-soais que querem ser anoréxicas e magras de qualquer forma. Tre-cho retirado do blog de “Ana Mia” - pseudônimo dado à anorexia e a bulimia, respectivamente ¬¬- mostra isso claramente. “Quan-do comer mais que uma baleia, e sentir-se enorme, sou eu que lhe ajudarei curvando seu corpo a pia, ou ao vaso sanitário, fazendo com muita força; forçando sua garganta para que toda aquela comida no-jenta saia descarga abaixo, e assim

você se sentirá limpinha, renovada e um belo estômago de pena”. E logo abaixo do texto, um número alarmante chama a atenção: trezentos e treze respostas. Muitas pedem dicas para provocar o vômito, outras querem receitas de dietas milagrosas. Infelizmente, pouquíssimas criticam o relato.De acordo um estudo realizado pela revista ameri-

Por Lia Toledo

Page 96: Revista Viés Prova parcial

Segundo o IBOPE, no

ano passado, foram fei-tas 640 mil CIRURGIAS PLÁSTICAS, sendo oi-

tenta e dois por cento só em MULHERES.

cana Glamour, as mulheres podem ter até 13 pensamentos negativos sobre o seu corpo dia-riamente. A pesquisa foi feita com mais de 300 mulheres de diferentes pesos e medidas sendo que 97% admitem ter no mínimo um momento du-rante o dia em que odeiem o seu próprio corpo. A estudante Francine Melchioretto, de 22 anos, conta que não está nem um pouco satisfeita com a aparên-cia atual do seu corpo. “Eu mudaria nariz, barriga, os

meus seios, bumbum, perna e tamanho do braço”, de-sabafa ela. Ela ainda brinca que deve ter uns “1.999.999 pensamentos negativos por dia”. A psicóloga Ana Carolina Villari explica que o fato da mulher exigir ao extremo do próprio corpo é algo cultural. “Vive-mos em uma sociedade onde ter um corpo esbelto é muito valorizado independente do custo que isso irá trazer, e muitas vezes, eles são bem altos”, diz ela.Ana Carolina ainda ressalta que a ideia e os padrões

DO

E tudo isso para quê?

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Além da incessante busca pelo corpo magro veicu-lado pela mídia, as semanas de moda que acontecem no Rio de Janeiro e em São Paulo chamam ainda mais a atenção para o ideal da magreza. A fi lha da atriz global Luiza Brunet, Yasmim, que participa frequentemente desses desfi les, declarou ao apresen-tador Serginho Groisman durante as gravações do programa Altas Horas que o padrão de beleza das modelos não é algo que deve ser seguido. “Eu não vejo o mundo da moda querendo as meninas mais gor-dinhas, porque eles não estão vendendo um meio de vida saudável. Eles estão querendo um cabide ambu-lante, para que as roupas caiam bem”, desabafou ela. A psicóloga Ana Carolina chama a atenção para um fator: a mídia não é o único motivo que leva as mulheres a buscarem incessantemente pela aparên-cia perfeita. “A cultura, a época, a história de vida de cada um, o que a pessoa julga ser importante, o que lhe faz bem, e claro, a mídia são os criadores de toda essa história. É importante que o belo seja saudável, caso contrário, não será belo”, ressalta ela.De acordo com o Ministério da Saúde pessoas com mais de dois anos devem ingerir seis refeições diárias, incluindo cereais, tubérculos e raízes, frutas, legumes, verduras, leite, uma porção diária de feijão, carnes,

MAGREZA X BALANÇA

do “corpo perfeito” mudaram com o tempo. “Com certeza, antigamente o ideal de beleza não era ser ma-gra, podemos até nos referir ao quadro da Monalisa, de Leonardo Da Vinci, que demonstra a interferência da época em nossos comportamentos”, comenta ela.

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ovos, e claro, no mínimo dois litros de água. Ainda durante a entrevista, Yasmim deixou claro saber do ponto negativo que a supervalorização da magreza provoca em garotas e garotos. “Eu acho que isso é a pior coisa que você pode fazer com o seu corpo, é a coi-sa mais negativa, é a pior infl uência que você dá para uma menina crescendo, para um menino crescendo”.

Por mais incrível que pareça, isso não acontece só aos recém-chegados às passarelas. Os velhos de “guerra” como ela, também sofrem. “Acho que uma das únicas razões de que às vezes eu não gosto muito de ser modelo, é isso. Eu mes-ma olho para alguma revista e vejo uma mod-elo mais magra que eu e eu me sinto mal e aí acho que eu tenho que fazer dieta”, confessa ela. Porém, algumas vezes, nos deparamos com o outro lado da história. A jovem modelo brasileira, Ana Carolina Reston Macan morreu aos 21 anos, vítima de uma parada cardíaca em novembro de 2006. Na ocasião, ela foi internada pesando so-mente quarenta quilos. Em entrevista concebida a Revista da Hora, do Agora, a modelo contou que mesmo aos quarenta e dois quilos ainda tomava remédio para emagrecer. Tudo indica que Ana Carolina entrou em um quadro grave de distúrbio alimentar depois de ter alguns trabalhos rejeitados.

LIA TOLEDO

Elas querem prótese!

Segundo o Ibope, no ano passado, foram feitas 640 mil cirurgias plásticas, sendo oitenta e dois por cen-to só em mulheres. Em primeiro lugar, aparecem os silicones nas mamas, depois, a lipoaspiração acom-panhada de outras pequenas cirurgias. O bumbum, preferência nacional, aparece no campo das próteses em um distante segundo lugar. Noventa e nove por cento dos casos de próteses são colocadas nelas, já a outra mísera quantidade, dos um por cento, fi ca com os homens. Os metrossexuais já se arriscam a colocar

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silicone no queixo, peito e bumbum, diz a pesquisa.Contrariando a maioria, a estudante Th aís Lei-ro conta que é apaixonada pelos seus seios. “Eu nunca quis por silicone, acho os meus seios certinhos e no lugar”. A quantidade colocada também aumentou. Hoje o mais comum é a pró-tese de 280 ou 300 mililitros, antigamente elas variavam em torno dos 150, afi rma a cirurgiã plástica Luciana Pepino. Para os que tem dinhei-

ro e coragem, a plástica é a forma mais rápida e prática de alcançar o peso e a forma desejadas. Porém o bisturi não é o único caminho. As medro-sas ou menos preguiçosas preferem a academia para acabar com aqueles quilinhos indesejáveis. Rosa Abaliac, que voltou do exterior há dois meses, conta que a relação com seu corpo nesse exato momento não é das melhores. “Vou começar fi rme na academ-ia. Estou esperançosa, quero perder peso”, diz ela.

FOTOS DIVULGAÇÃO

As jovens Th aís e Francine fogem à regra somente em um quesito: os seios. Fran-cine, a bela morena (direita), conta que em vez de aumentá-los, como é o desejo da maioria, ela os diminuiria. Já a morena Th aís vai à balada com decote mostrando não ter nenhum problema com os seios.

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Confi ra na íntegra:Yasmim Brunet no programa Altas Horas• http://www.youtube.com/watch?v=c5bYMTT6xKIPesquisa da revista Glamour:• http://www.glamour.com/health-fi tness/2011/02/shocking-body-image-news-97-per-cent-of-women-will-be-cruel-to-their-bodies-today Caso Ana Carolina Reston Macan• http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u128220.shtml

“Cito esta obra por várias razões. O vi pela primeira vez com 14 anos e, até então, estava habituado apenas com as produções totalmente comerciais de Hollywood. Foi um choque. Naquele dia, eu descobri que o cinema poderia ser mais do que simples entretenimento. O filme impressiona pela sua direção de arte e pela cenografia. Mesmo para os padrões técnicos de hoje, 35 anos após seu lançamento, Os Duelistas possui uma qualidade visual e sonora espetaculares. A história focaliza uma série de duelos realizados entre dois oficiais do exército Napoleônico com ambientações na França e na Rússia do século 19. Embora a arquitetura não seja um elemento central, a fotografia capta cada um dos espaços de maneira absolutamente magistral e permite ao espectador uma sensação de imersão profunda. A arquitetu-ra da corte, a moradia burguesa, as moradias humildes e a vida urbana estão registradas com uma vivacidade inquestionável.”

A SUA PROFISSÃO NA SÉTIMA ARTE

César Muniz, professor e coordenador do curso de Arquitetura do Centro Universitário Uniseb COC dá a dica dele: Os Duelistas. (Direção: Ridley Scott, Reino Unido, 1997)

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meulugar

mDECORAÇÃOESTUDANTES

Um lugar para chamar de meu

Você escolheu a faculdade, foi aprovado

e mudará em breve para uma nova cidade. Sim, mudar.

Mas, para onde? Procurar um apartamento ou uma república?

Dividir despesas ou dividir comida? Relaxar em um

ambiente somente seu ou se animar com as festas dos

colegas de pensão? Mais dúvidas antes de começar

uma nova etapa na vida estudantil.

DANIEL TORRIERI

Texto e fotos

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Estudante em época de vestibu-lar tem em mente as fórmulas mate-máticas, os esquemas biológicos da anatomia humana, as iguras de lin-guagem que estudou o ano inteiro. Por isso, nem sempre o estudante planeja onde será sua moradia, o que acontece somente depois de con-irmada a matrícula no curso esco-

lhido. Divulgada a lista de aprovados, a correria por moradia começa para aqueles que escolhem instituições de ensino fora da cidade onde moram. Em média, são cidades que estão a mais de 90 quilômetros de distância.

Os locais mais disputados são próximos às instituições de ensino ou em locais de fácil locomoção, com pontos de transporte coletivo e boa infraestrutura. Especialistas dão sugestões para estudantes que vão montar sua casa, seu porto-seguro por, pelo menos, quatro anos.

O primeiro passo desta etapa é escolher o lugar. A maioria dos estu-dantes ainda não possui veículo pró-prio. De ina quais são as linhas de ônibus que passam ao redor da ins-tituição de ensino. Escolha o bairro com melhor infraestrutura, com ruas tranquilas e bem iluminadas, comér-cio variado, com farmácia, supermer-cado, padaria, quitanda e rodoviária de fácil acesso. Os estudantes andam a pé, com suas compras na mão, por isso a boa localização dos serviços é importante.

Marta Vecchi é arquiteta e mãe de universitárias. Roberta morou cinco anos em Belo Horizonte e Camila mora em São Carlos. A arquiteta considera dois tipos de moradias para estudan-tes. As pequenas, onde moram até três pessoas, e as coletivas, com mui-

ORGANIZAÇÃO Sugestão de decoração

com acabamentos que não comprometem o imóvel,

como papel de parede

DESORGANIZAÇÃOO estudante deve ter em mente que a maior parte do tempo fi cará fora de casa e sem os serviços que está acostumado

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tos estudantes mais os agregados. Nas coletivas, existem as repúblicas “hotel”. São tão organizadas que têm cardápio, responsável pela compra de verduras, outro pela compra de carne e até res-ponsáveis pela lavagem de roupa. “Nas boas repúblicas têm ila de espera para entrar quando alguém sai. Elas às vezes têm nome, um mais engra-çado que o outro. E existem as repú-blicas com muitos anos de vida. É real-mente uma delícia morar em um lugar gostoso. E estudar rende mais em um ambiente arrumado”, a irma Vecchi.

A moradia dos estudantes mudou bastante. Espaços desorganizados tinham a cara das repúblicas. Hoje, as ideias são diferentes e a procura por pro issionais aumentou. Os pais e os próprios estudantes priorizam ambientes adequados para o estudo e a convivência no período universi-tário. Alguns investem na aquisição do imóvel próprio devido ao tempo em que o estudante mora longe da família.

Vinícius de Mello é designer de interiores com projetos para a mora-

dia de universitários de várias regiões de São Paulo. “Recentemente, estou montando o apartamento de um estu-dante. Como ele gosta de música, encontrei uma luminária em forma de bateria”, lembra Mello. Para o desig-ner, os móveis traduzem o espírito do morador. Pro issionais como Mello identi icam o per il de seus clientes para de inir como será o ambiente. Os móveis traduzem informalidade, des-contração ou praticidade. “Percebe--se cada vez mais a opção por cores vibrantes, peças lexíveis e arrojadas.

DECORAÇÃOESTUDANTES

REGRAS DEFINIDAS A moradia coletiva deve ter regras bem defi nidas, como os locais de uso comum e particular. À esquerda, a área de refeições de Felipe, Branda, Saulo e Marina

CADA UM COM SEU ESPAÇO Marina mostra o espaço de cada um na geladeira

SAUDADES DE CASA Felipe mostra a comida enviada pela mãe, potes separam por dia da semana o que vai ser consumido

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Tudo com espírito jovem. Uma parede colorida, um piso aconchegante e móveis multiuso são a bola da vez”, a irma Mello.

Marina, Felipe, Brenda e Saulo são vizinhos. Não de iniram ao certo qual nome dar ao ambiente em que vivem. “É uma república porque tem muitos estudantes, mas tem serviço de pensão, com comida, limpeza e a segurança que o inquilino faz”, de ine Marina Richter, 22 anos, estudante.

Um terreno próximo ao UniSEB (no centro universitário estão dis-

BATERIA COMO LUMINÁRIA O designer Vinícius de Mello monta a luminária em forma de instrumento musical: o profi ssional identifi ca o perfi l do morador e aplica ao ambiente

PRATO TÍPICO Brenda

prepara a refeição mais comum para

os estudantes

“A organização da comida é dividida. E a política é a do ‘usou, lavou”.FELIPE DE CAMPOS, CONTADOR

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DECORAÇÃOESTUDANTES

poníveis endereços de locais como esse na região do campus) foi divi-dido em sete suítes separadas, onde Marina convive com outros colegas. Felipe de Campos, xx anos, considera o ambiente agradável e diz que, para dar certo, os ocupantes devem res-peitar limites e saber conviver com outros. “A organização da comida é dividida. E a política é a do ‘usou, lavou’”.

Saulo Ribeiro, xx anos, veio de Passos, Minas Gerais. Sempre que volta da casa dos pais, traz vários potes de comida congelada. “Separa-mos a geladeira em partes. Cada um tem a sua. Principalmente o freezer, que toda semana a gente enche com a comida da mãe.” Essa é a forma que muitos estudantes têm de matar sau-dades da comida caseira. Organização e acordo pré-estabelecido para o que for de uso comum são fundamentais para a convivência em grupo.

Móveis Casa de estudante era sinônimo

de pufes e livros espalhados, mas isso mudou. Mantendo o per il despojado e descontraído, os estudantes podem organizar seu ambiente de maneira funcional. Os móveis podem ser mul-tiuso, como um sofá-cama, mesa de estudos que serve para as refeições e armários (com portas para esconder a bagunça).

Quando tem criatividade, ideias não faltam. Maitê Orsi, designer de interiores e consultora de feng-shui, analisa o gosto pessoal do ocupante, mas considera que a praticidade é

FORMAS DE PERSONALIZAR Acima, a estante de

livros em forma irregular transmite a irreverência do

morador; ao lado, espaço para refeições também

serve como local de estudo; à direita, a sugestão de decoração de um

empreendimento voltado a estudantes e profi ssionais

liberais (The Spot). O papel de parede (com

ilustração do mapa-mundi) substitui a tinta e dá

personalidade ao ambiente

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fundamental, pois a adequação de um ambiente para estudo deve ser bem contemplada. “O mobiliário segue as necessidades e o per il dos ocupan-tes. É importante que o projeto con-siga aliar o per il do morador com suas necessidades (no momento, o estudo). O projeto é essencial para a adequação dos ambientes, corre-ção de problemas que possa haver no imóvel, aproveitamento da luz e ventilação naturais e, claro um toque de personalização bem ao gosto do cliente”, a irma a designer.

A era tecnológica permite que o volume de papel diminua considera-velmente. Hoje, os cursos fornecem apostilas digitais, cópias digitaliza-das e e-books (livros digitais). Mas, as melhores fontes de consulta são os livros e o caderno de anotações que fazem parte do cotidiano estu-dantil. Então, estantes e armários devem estar na lista de móveis dos estudantes. Mello aplica uma ideia interessante em caixas de feira que viram estantes (veja Box), e podem ser empilhadas ou ixas em paredes, quando permitido.

“Espaços para guardar objetos de acordo com a função auxiliam na organização e facilitam a sua rotina. Um bom projeto pode criar espaços para guardar livros e outros obje-tos onde nem se imagina. O projeto tem a função de valorizar os espaços, ganhar amplitude, propiciar pratici-dade”, a irma Orsi.

“Eu já fui a um apartamento que na sala era tudo: sala, copa, lavanderia e o banheiro era um horror! Por falar em banheiro nada como cada um no seu! Suítes! Cada um com o seu local de deixar a toalha pendurada e local

“Espaços para guardar objetos de acordo com a função auxiliam na organização e facilitam a sua rotina. Um bom projeto pode criar espaços para guardar livros e outros objetos onde nem se imagina.MAITÊ ORSI, DESIGNER DE INTERIORES

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para roupa suja”, diz a arquiteta Marta Vecchi. Ela ainda sugere a trena como aliada. Escolhido o imóvel, a procura pelos móveis deve se basear nos espa-ços que terão. “Leve uma trena e veja se a cama entra no quarto, junto ao armário, a sapateira, a escrivaninha etc. Não compre tudo de uma vez sem medir primeiro.”

Brechós e casas de antiguidades são boas sugestões. Nas cidades uni-versitárias existem lojas de móveis usados, onde se encontram boas peças. “Sempre existe aquela arruma-dinha dos móveis usados da família. Mas hoje, é mais fácil comprar e man-dar entregar do que fazer a mudança”, lembra Vecchi.

Outra característica interes-sante nas casas de estudantes são os móveis customizados. “Os estudan-tes gostam de personalizar seus obje-tos e isso acontece na reforma de um móvel, na criação de peças decorati-vas ou no uso de objetos artesanais”, lembra o designer de interiores Viní-cius de Mello.

O estudante deve ter em mente que não terá ajuda diariamente na

DECORAÇÃOESTUDANTES

COMO MONTAR

A CASADICAS DE MARTA VECCHI

LOCALIZAÇÃODefi nida a instituição de ensino, se informe sobre as linhas de transporte coletivo e os bairros que estas atendem. Procure imóveis nestes bairros.

INFRAESTRUTURAVerifi que as lojas próximas do imóvel (farmácia, supermercado, quitanda, restaurante, padaria e rodoviária)

NOVO OU USADOFaça a vistoria prévia do imóvel, considerando como será o cotidiano dentro do imóvel. Teste portas, janelas, tomadas e interruptores de luz. Verifique a luminosidade e a incidência do sol.

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limpeza da casa. Portanto, móveis e revestimentos devem ser de fácil manutenção. “Entre estudar, fazer um trabalho, ir na aula que o professor faz chamada, falar no computador com os amigos, ir a uma festa ou arrumar o apartamento, qual ganha? Os reves-timentos devem ser de fácil limpeza. Ninguém vai passar óleo de peroba na mesa. O que é isso?”, ironiza Vecchi.

Para Maitê Orsi, “é imprescindí-vel considerar os revestimentos durá-veis e de manutenção fácil, como piso frio, couríssimo etc., que são bastante indicados para projetos de casas ou apartamentos de estudantes. O mer-cado apresenta opções para todo tipo de gosto. Neste caso basta adequar o gosto – clássico, moderno, arrojado, feminino – ao projeto e escolher um bom piso”.

Para discutir a... baladaO que parece ser mais organi-

zado na casa dos estudantes são as

festinhas, reuniões de amigos ou cer-vejada. Começa com um grupo de estudo e termina com música, bebi-das e petiscos. Paqueras à parte, o estudante pensa primeiro se os colegas cabem no pequeno aparta-mento, depois pensam onde vai icar a mesa de estudos. Para Mello “o con-vívio com os amigos também é pon-tual para este público. Eles se preo-cupam com um espaço que permita bate-papo, uma reunião de estudos, namoro e pequenas festinhas”. Exis-tem peças criativas e de uso múltiplo como banquetas empilháveis, mesas dobráveis e, claro, copos e pratos des-cartáveis. Existem vários móveis e objetos que podem ser aproveitados em várias situações e ambientes da casa, dependendo das diversas situ-ações do dia a dia. “Mesmo nos imó-veis pequenos, a mesinha vira o cen-tro de encontro, o balcão faz a função de aparador e a cama vira um sofá--chaise”, sugere Mello.

FACILIDADES DO COTIDIANO Na cozinha, os utensílios podem ser dispos-tos em suportes e ganchos em cima da pia, facilitando o manuseio; ao lado, bancada com dupla função: de estudo e como estante para o entretenimento. Acima, sugestão de armário (com portas e gavetas)

Em imóveis pequenos, até mesinha vira o centro de encontro, o balcão faz a função de aparador e a cama vira um sofá-chaise.VINÍCIUS DE MELLO, DESIGNER DE INTERIORES

UTENSÍLIOSTenha pelo menos um jogo de jantar, chá e talheres para 6 pessoas.

CAMATenha dois jogos com lençol, colcha e travesseiros. Um estará em uso e o outro lavando, na casa da mãe.

MÓVEISsofá-cama é útil, pois existem aqueles com gavetas na parte inferior, ou mesmo os modelos bicama. Mesa dobrável e cadeiras empilháveis facilitam a otimização do espaço

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IluminaçãoUm capítulo especial do projeto,

a iluminação deve ser vista no âmbito estético e funcional. No caso da ilumi-nação de ambientes, deve-se conside-rar, sobretudo, a saúde do estudante e a inalidade. Com inúmeras opções e para diversos ins, a indústria ofe-rece produtos com tecnologia e cus-tos variados, adequados para cada tipo de ambiente. De maneira geral, a luz natural deve ser aproveitada ao máximo. A pouca incidência de luz deve ser compensada com luminá-rias, spots ou abajures.

Na vistoria que é realizada pelo comprador (ou locador) dos imóveis, sempre é importante testar janelas, portas, tomadas e interruptores de luz. Marta Vecchi lembra que os imó-veis podem ter problemas elétricos, que só é percebido quando utilizado . “Os apartamentos podem ser novos, onde corre-se o risco de ter uma tomada que não funcione. Ou apar-tamentos velhos, onde você também corre o risco de ter uma tomada que não funciona.”

“As estações de estudo devem

DECORAÇÃOESTUDANTES

Cama, mesa e banhoComo fazer um chá de cozinha

para estudantes? Essa preocupação ica por conta dos pais. Os estudantes

só vão pensar nisso quando a visita chegar. Utensílios necessários são, pelo menos, jogo de jantar com seis peças (serviço para seis pessoas) com pratos, xícaras, copos, facas, garfos e colheres. Se o estudante tiver o per il do bom gourmet, jogo de panelas, com frigideira, caçarolas e leiteira, jogo de facas e tábua de corte e eletrodomés-ticos como liquidi icador e cafeteira também entram na lista. Para orga-nizar isso, porque não deixar os itens menores à mostra, em suportes de parede em cima da pia e os maiores nos armários? Quando elementos da cozinha estão à mostra e bem organi-zados, demonstra a importância que o chef dá ao seu trabalho.

Marta Vecchi sugere arrumar a cama com peças simples. “Coloque uma cama fácil de arrumar, com len-çol de baixo, colcha legal, travesseiro e almofada. Senão, vai icar sem arru-mar até o dono ter ‘xilique de arruma-ção’. Tudo combinando, senão o dono

COMO MONTAR

A CASADICAS DE MARTA VECCHI

TAMANHOAo procurar os móveis, tenha em mãos as dimensões de cada ambiente do imóvel, leve uma trena para medir cama, sofá, armário, escrivaninha. Não compre tudo de uma vez sem verificar as medidas.

ESTUDOtenha uma boa luminária, escrivaninha com gavetas, prateleiras para livros e apostilas, local para o computador e uma cadeira confortável.

TENHA EM CASAMural de lembretes, com ímãs, ajuda a organizar a semana; porta-chaves, chave de fenda e alicate para pequenos reparos, pasta de contas da casa.

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Imóveis alugados

Para imóveis alugados, é necessário um bom estudo para a concepção de um projeto ade-quado. A disponibilidade dos móveis, sua funcionalidade e a reo-rientação dos ambientes – quando for o caso – vão ajudar na organiza-ção saudável e adequada da casa.

Existem os proprietários que não permitem furar paredes. Com isso, os móveis devem ser articulá-veis e soltos. Os estudantes devem sempre estar atentos ao que é per-mitido ou não no imóvel.

Quanto à pintura, existem os proprietários que permitem altera-ções nas cores das paredes desde que voltem à cor original quando entregar o imóvel. “Quando não se pode mexer muito no imóvel, solu-cionamos com adaptações elétricas com peças divertidas, inserimos acabamentos removíveis, propo-mos ajustes e tudo se resolve”, afi rma Mello. O designer considera ainda que, quando vivem em gru-pos, as ideias devem ser discuti-das. “O convívio é facilitado quando cada um sugere algo e todas as ideias são aceitas. Neste caso, um profi ssional pode ajudar na compo-sição geral”.

TOQUE PESSOALÀ esquerda, o frigobar com aplicação de adesivos na porta; acima, mesa de estudo com cavaletes; à direita, parede pintada na cor preta: a cor interfere no dia a dia e deve ser es-colhida de acordo com o perfi l e gosto do morador

PARA AS MENINASElas se arrumam em grupo, por isso deve ter luz e espelhos na casa. Um canto (com com espaço) para maquiagem, perfumes, cremes, esmaltes, xampus etc.

om zar a have ara

ta de

PARA OS MENINOSMúsica, futebol e videogame são com eles. A casa deve ter um local próprio para isso. TV no quarto, aparelho de som no computador e sofá confortável para assistir o jogo com os amigos.

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Para não dizer que não falei das cores

Elemento importante em um ambiente, a cor pode ser usada com vários objetivos. Mas, o principal é a preferência dos estudantes. Marta Vec-chi sempre trabalha com uma cor de base e a partir dela, cria outras varia-ções compondo o ambiente. “Verde limão, rosa choque, preto e branco, bolinhas, listas etc. Em um ambiente pequeno escolha um tema, na cor ou estampa, em comum acordo com todos. Na sala, uma parede pode ser pintada, aplicado tecido, espelhos, CDs, assina-turas, decalques etc”, sugere Vecchi.

Maitê Orsi trabalha as cores dos ambientes de acordo com a preferên-cia dos estudantes e as regras do feng--shui (técnica chinesa milenar de cria-ção de ambientes harmoniosos). “A variedade de produtos disponível no mercado hoje, além da acessibilidade de preços, permite projetos versáteis. Vale lembrar que cores como o azul em tons claros acalmam e, então, não são as mais adequadas para predomina-rem num ambiente de estudo, mas são excelentes para o espaço de descanso”.

As cores no feng-shuiFeng Shui é uma técnica mile-

nar chinesa de harmonização dos ambientes. Feng signi ica vento e Shui signi ica água. A principal ferramenta do Feng Shui é o ba-guá. Ele pode ser aplicado na planta da casa toda ou

DECORAÇÃOESTUDANTES

Estante com caixote de feiraO designer Vinícius de Mello sugere um móvel prático e ecologicamente correto. Caixas de carregar frutas e legumes em feiras viram módulos para uma estante. Adquira os caixotes com o colega feirante. Com uma lixa mais grossa, lixe as partes mais ásperas. Lixe toda a caixa com a lixa mais fi na. Misture a tinta látex ou acrílica (com a cor de sua preferência) com água e passe em todo o caixote. Espere secar e, se necessário, aplique outra mão de tinta.

Três caixotes formam uma prateleira que cabem muitos livros e objetos. Se o imóvel permitir, os caixotes podem ser fi xados na parede, criando nichos. Outros acabamentos, como tecido, guardanapos de papel ou adesi-vos podem ser aplicados, personalizando as estantes.

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VERMELHO É uma cor que tem bastante energia. Faz a pessoa se sentir intrépida, ousada, poderosa, corajosa. Seus tons e matizes sugerem mui-tas características. Desde a determinação e vontade de cuidar dos outros à insensibili-dade, violência e egoísmo. Quando esta cor é usada com equilíbrio, seu efeito é muito positivo. Para isso, devemos usar o verde, o amarelo-dourado que significa sabedoria ou o azul, que vai esfriar um pouco o vermelho

TONS DE ROSA Mistura de branco com o vermelho. Tons rosados proporcionam calor, afeto e podem ser relaxantes. Os tons róseos mais quentes têm efeito positivo, pois tornam as pessoas mais ativas.

LARANJA Ajuda a pessoa a despertar seu potencial, defender seu próprio ponto de vista e ser mais confiante. Os tons mais pálidos desta cor estimulam a comunicação das pessoas, bem como a descoberta e o desenvolvimento da criatividade.

AMARELO Também uma cor de grande energia, pois é associada com a luz do Sol. É quente, expan-siva, ativa a mente a abrir para novas idéias. Ajuda na aprendizagem, pois afeta o plexo solar (núcleo do sistema nervoso central que é um dos principais centros provedores de informação do cérebro).

VERDE É a cor do equilíbrio e da harmonia. Ajuda a reduzir o estresse e a tensão, pois é um meio de baixar a pressão arterial. É uma cor que está associada com a auto-estima e nos ajuda a fluir com os acontecimentos, dando uma sensação de liberdade e fl uidez. O verde-escuro proporciona uma sensação de força e estabilidade. O verde-claro é ótimo para crianças, que geralmente o adora. Ele afeta a área do coração e nos ajuda a ser mais afetuosos. O verde-maçã indica uma casa onde se dá importância ‘às crianças, ‘à família e aos animais.

AZUL O azul é uma cor terapêutica, que relaxa, acalma e esfria. Pode ser associado à leal-dade, integridade, respeito, responsabilidade e autoridade. Mas usado em demasia, pode deixar o ambiente frio, pode fazer com que a pessoa fi que indiferente, retraída e com sono. O azul-escuro e profundo é uma cor que remete a integridade e honestidade.

VIOLETA Essa cor tem uma vibração muito rápida e estimula o lado artístico. Ela é asso-ciada a ideais nobres, como devoção e leal-dade. Quando usado com o amarelo esti-mula a introspecção para encontrar nosso eu. Quando usado com o verde estimula a generosidade e caridade. De todas as cores, a violeta é a mais poderosa, afeta muito as pessoas, portanto devemos usá-la com crité-rio. Violeta-claro não deve ser usado sozinho, pois pode causar um desinteresse da pessoa pelo mundo.

PÚRPURA Ativa as emoções básicas e, para não causar desequilíbrio, deve ser usada com o verde.

MAGENTA Cor muito animadora. É viva e dramática e estimula as pessoas a tomarem deci-sões. Grande harmonia quando usada com o verde.

TURQUESA É uma cor extremamente repousante e rela-xante, mas deve ser usada sempre acompa-nhada de uma cor quente. Na cromoterapia, é usada como meio de acalmar o sistema nervoso.

MARROM Cor que nos proporciona a sensação de que tudo é permanente, sólido e seguro. É a cor da estabilidade quando usada no seu estado natural (nos móveis, por exemplo). Transmite uma energia positiva.

CINZA Embora muitos digam que é uma cor de neu-tralidade, seu efeito não passa desperce-bido. É uma cor associada ao medo e nega-tividade, portanto devemos usar seus tons mais claros e sempre acompanhados com cores quentes.

BRANCO

entes.

O Realça todas as cores. Pode fazer com que elas ganhem luminosidade e vida. Acalma e transmite sensação de limpeza. Um ambiente todo branco pode dar a sensação de falta de força e profundidade.

PRETO

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É imponente, mas só quando usado com outra cor. Do contrário, pode nos deixar indiferentes, inacessíveis e prepotentes ao extremo.

FONTE: SUVINIL.COM.BR

O signifi cado das cores: a infl uência psicológica das coresDevemos usar sempre uma cor quente e uma fria juntas. Nosso mundo é um mundo de polaridades: dia e noite, quente e frio, alegria e tristeza, yin e yang, etc. A infl uência das cores pode ser notada não somente na decoração, mas também na maneira de vestir, como terapia, na expressão de um quadro, traduzindo o estado de ânimo das pessoas e a maneira como gostariam de ser vistas.