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Por que é importante que ele seja aprovado na Câmara Publicação do Comitê Gestor da Internet no Brasil [Revista ] ed.05 | ano 04 | 2013 Marco Civil Apoio é o que não falta Ele colocou o Recife no mapa da tecnologia Entrevista: professor Silvio Meira A verdadeira origem da Internet Artigo: Steve Crocker Cuidados para crianças e adolescentes na rede O que pais e educadores precisam saber

Revista.br - Ano 4 | 2013 | Edição 05

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Publicação do Comitê Gestor da Internet no Brasil

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  • Por que importante que ele seja aprovado na Cmara

    Publicao do Comit Gestor da Internet no Brasil [Revista ]

    ed.0

    5 | a

    no 0

    4 | 2

    013

    Marco CivilApoio o que no faltaEle colocou o Recife no mapa da tecnologiaEntrevista: professor Silvio Meira

    A verdadeira origem da InternetArtigo: Steve Crocker

    Cuidados para crianas e adolescentes na redeO que pais e educadores precisam saber

  • Ministrio da Cincia,Tecnologia e Inovao:VIRGLIO AUGUSTO F. ALMEIDA

    Casa Civil da Presidncia da Repblica:RENATO DA SILVEIRA MARTINI

    Ministrio das Comunicaes:MAXIMILIANO S.MARTINHO

    Ministrio da Defesa:ADRIANO SILVA MOTA

    Ministrio do Desenvolvimento, Indstria Comrcio Exterior:LUIZ ANTNIO DE S. CORDEIRO

    Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto:NAZAR LOPES BRETAS

    Agncia Nacional de Telecomunicaes:MARCELO BECHARA S. HOBAIKA

    Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico:ERNESTO COSTA DE PAULA

    Conselho Nacional de Secretrios para Assuntos de Cincia, Tecnologia e InovaoJADIR JOS PELA

    Representante de notrio saber em assunto da Internet:DEMI GETSCHKO

    Provedores de acesso e contedo da Internet: EDUARDO FUMES PARAJO

    Provedores de infraestrutura de telecomunicaes: EDUARDO LEVY C. MOREIRA

    Indstria de bens de informtica, de bens de telecomunicaes e de software: HENRIQUE FAULHABER

    Setor empresarial usurio: CSSIO J. MOTTA VECCHIATTI

    Representantes do terceiro setor:SERGIO AMADEU DA SILVEIRAVERIDIANA ALIMONTICARLOS ALBERTO AFONSO PERCIVAL H. DE SOUZA NETO

    Representantes da comunidade cientfica e tecnolgica:JOS LUIZ RIBEIRO FILHOFLVIO RECH WAGNERLISANDRO Z. GRANVILLE

    Secretrio ExecutivoHARTMUT RICHARD GLASER

    Editorial

    O ano de 2013 foi marcado por profundas mudanas em diversas estruturas que compem a Internet. Foi o ano em que a disponibilidade de nmeros IP na verso 4 (IPv4) do protocolo se aproximou do final, com o reforo na urgncia de adoo do IPv6, sem o qual a rede perderia flego para continuar crescendo livremente. Tambm foi o ano em que a rede serviu para que se disseminasse a informao de que somos espionados de forma escusa, como foi o caso Snowden, trazendo baila tpicos de governana da rede e medidas de proteo aos dados pessoais. O Brasil tem estado no centro dessa discusso, com temas como o Marco Civil, fortemente baseado nos Princpios para a Governana e Uso da Internet no Brasil desenvolvidos pelo CGI.br.

    A quinta edio da Revista .br aproveitou o momento e promoveu tambm mudan-as: novo projeto grfico e novas sees reforam este nosso canal de contato com o pblico. Forma alterada, contedo aprofundado.

    Como no poderia deixar de ser, o Marco Civil matria de capa, na qual se traz o depoimento de apoio de Tim Berners-Lee, o pai da web. Outro dos pais, esse da prpria Internet, Steve Crocker, autor do RFC 1, nos conta como a rede comeou do ponto de vista de quem viveu todo o processo desde seu incio.

    O modelo multiparticipativo de governana da Internet adotado pelo Brasil, que ganhou vitrine internacional - o CGI.br -, inicia o seu quarto processo de eleio para a escolha dos membros da sociedade civil que integraro o quadro de conselheiros do prximo trinio.

    A Revista .br n 5 traz ainda uma matria com vrios casos de profissionais que quiseram empreender na rea de TI ao abrir uma startup.

    A segurana da rede abordada sob a ptica de crianas e adolescentes e analisado o caso de sucesso do tratamento do spam a partir de redes brasileiras, que caiu consi-deravelmente aps a ao de iniciativa do CGI.br para o gerenciamento da porta TCP 25.

    Na seo de entrevistas, o professor Silvio Meira, pioneiro da Internet no Brasil, explica como colocou o Recife e o Porto Digital no mapa da tecnologia.

    O assunto redes sociais inaugura a seo Colunista e perpassa por outras matrias e sees da revista para mostrar que elas influenciam tanto manifestaes de rua quanto a forma corriqueira de assistir televiso.

    Como se pode ver, estamos tentando manter sempre um olho nas grandes questes em torno da Internet. Boa leitura!

    DEMI GETSCHKOEditor chefe

    Expediente

    EDITOR CHEFEDemi Getschko

    CONSELHO EDITORIALCarlos AfonsoEduardo ParajoLisandro GravilleHartmut Glaser

    COMUNICAO NIC.BRGerente de ComunicaoCaroline DAvo

    Coordenador de ComunicaoEverton Tele Rodrigues

    REDAOEditorRenato Cruz

    Editora de ArteMaricy Rabelo

    ColaboradoresBarbara Oliveira, Carolina Silva, Claudia Hercog, Fbio Barros, Kelli Angelini, Luis Minoru Shibata, Murilo Roncolato, Nilton Tuna Mateus, Roberta Prescott

    .br uma publicao do Comit Gestor da Internet no Brasil

    JORNALISTA RESPONSVELRenato CruzMTB 025.958

    CREATIVE COMMONSAtribuio Uso No Comercial No a Obras Derivadas(by-nc-nd)

    Conversa com o LeitorPara falar com a Revista .br, escreva para @comuNICbr e [email protected]

  • 12_ Eleies CGI.brComit Gestor ter novos representantesNeste ano o CGI.br iniciou seu quarto processo eleitoral, que eleger os 11 representantes da sociedade civil para o trinio 2104-2016.

    17_ArtigoS.A.C.I Sistema Administrativo de Con itos de Internet para Domnios no .brDevido a morosidade que assola a tramitao de aes judiciais em nosso pas, as empresas que disputavam a titularidade de nomes de domnios no .br pleitearam a adoo de uma soluo alternativa. Entenda como o S.A.C.I possibilitou isso.

    22_SeguranaCuidados para crianas e adolescentes na redeA Internet um campo de oportunidades e riscos para crianas e adolescentes, que esto cada vez mais conectados. O que pais e educadores precisam saber sobre o comportamento deles na rede.

    38_StartupsFora para empreender O setor de tecnologia atrai empreendedores e, no ano passado, o investimento em companhias iniciantes atingiu R$1,7 bilho no pas.

    47_SpamBrasil envia menos spamCom o gerenciamento da Porta 25 o Brasil caiu para

    27 posio no ranking de origem dos spams entre 200 pases.

    51_TV SocialA multiplicao das telasO ato de ver televiso j no mais o mesmo. Com o surgimento das novas mdias os espectadores passaram a desempenhar um papel mais ativo.

    55_EntrevistaEle colocou o Recife no mapa da tecnologia A .br entrevista o professor Silvio Meira.

    59_ArtigoQual a verdadeira origem da Internet de Steve Crocker (parte 1).

    [ sumrio ]

    03_Editorial03_Expediente16_Creative Commons20_Notas.br21_Notas Mundo27_Panorama Setorial37_O que eu acho de...54_Livros58_Colunista62_Personagem63_Agenda

    Apoio o que no falta O criador da web Tim Berners-Lee apoia publicamente o Marco Civil da Internet no Brasil. O que falta para que ele seja aprovado na Cmara?

    05_ CAPA

    4 | | NOVEMBRO | 2013

  • 2013 | NOVEMBRO | | 5

    Texto Murilo Roncolato

    Apoiono falta

    o que

    /capa: marco civil

  • 6 | | NOVEMBRO | 2013

    O criador da web apoia o projeto do Mar-co Civil da Internet. Em maio, durante o evento WWW2013, no Rio, Tim Berners-Lee afi rmou que a aprovao do projeto colocaria o pas numa posio de liderana mundial na garantia dos direitos dos usurios da rede. Muitos pases esto fazendo esforos em prol da neutralidade da rede, mas o Brasil lidera com o Marco Civil, porque olha a questo pelo ngulo cor-reto, que o dos direitos civis, completou. No ano passado o projeto chegou a entrar e sair vrias vezes da pauta de votao, por falta de consenso.

    Enquanto isso, outras regulamentaes, no Con-gresso ou fora dele, se adiantam e estabelecem novas regras sobre a rede. Se demorar mais, o Marco Civil sair tarde? Para Lau-ra Tresca, da ONG interna-cional pr-liberdade de ex-presso Artigo 19, o Marco Civil j est atrasado. O ideal sempre garantir as liberdades civis antes de estabelecer as possveis restries legtimas. Mudar o sentido dessa operao pode acarretar inseguran-a jurdica e confl itos com outras leis, disse.

    Paulo Ren, jurista e gestor do processo da elaborao participativa do texto do Marco Civil, acredita que a votao ainda est em tempo pelo fato de se tratar de um texto com normas bsicas que serviriam como fundamento legal comum para a discusso de todas as questes jurdicas ligadas ao uso da Internet no Brasil. Mas ele pon-derou que sua aprovao tardia pode demandar a reviso de leis passadas.

    O grande problema na lentido do Marco Civil a demora na garantia legal expressa de direitos fundamentais que hoje seguem sendo violados por entendimentos que, direta ou indiretamente, reduzem a amplitude desses direitos no mbito do uso da Internet, apontou Ren.

    De acordo com um estudo do Centro de Tec-nologia e Sociedade (CTS) da FGV-RJ, tramitam no Con-gresso mais de mil projetos abordando temas ligados Internet. O prprio Marco Ci-vil (PL n 2.126/2011) est apensado ao lado de outros 35 projetos correlatos ao PL 5.403/2001, que dispe so-bre o acesso a informaes da Internet e d outras pro-vidncias.

    Com tantos projetos e poucas defi nies, torna-se cada vez mais difcil cobrar coerncia sobre situaes re-lacionadas ao mundo virtual que requerem um posiciona-mento jurdico. O resultado so decises dspares e s vezes contraditrias. Essas decises acabam indo para os tribunais, que, infelizmen-te, costumam tratar os temas de forma no favorvel ple-na liberdade de expresso, disse Laura Tresca. O proble-

    ma que estamos formando um caldo de decises, uma jurisprudncia claramente desfavorvel.

    Durante o seminrio organizado em abril pela Fundao Getlio Vargas e pela Associao Brasi-leira das Emissoras de Rdio e TV sobre o Marco Civil, a ministra do Superior Tribunal de Justia Nancy Andrighi pediu ao Legislativo, na fi gura do relator do Marco Civil, Alessandro Molon (PT-RJ), que no deixe que confl itos assim caiam nas mos do Judicirio.

    Muitos pases esto fazendo esforos em prol da neutralidade da rede, mas o Brasil lidera com o Marco Civil, porque olha a questo pelo ngulo correto, que o dos direitos civis.

    Tim Berners-Lee

    /capa: marco civil

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    Tudo o que a Vossa Excelncia puder afastar do Judicirio ser um bem. Primeiro ao cidado. Depois ao prprio Poder Judicirio, disse. No sabemos efetivamente se estamos tutelando de forma justa e eficiente as inmeras relaes advindas do uso dessa rede mundial de computadores, matria complexa para juzes que, como eu, esto na ma-gistratura h 37 anos.

    H casos exemplares da falta de intimidade com a Internet. Em So Paulo, desembargadores do Tribunal de Justia proibiram o engenheiro e advogado Ricardo Fraga Oliveira de se manifestar contra um empreendimento prximo da sua casa, na Vila Mariana, do qual era crtico. Ele foi conde-nado a no mencionar questes relativas obra em qualquer rede social e a manter distncia fsica no raio de um quilmetro da rea.

    Em outro caso, uma professora entrou com processo contra o Google por no ter acatado seu pedido de excluso da pgina da comunidade eu odeio a Aliandra no Orkut. O Google foi condenado, mas agora a situao paira no Supremo Tribunal Federal, onde deve ser decidido se o provedor de servios deve fiscalizar contedo ofensivo publica-do por terceiros.

    Em outro caso, em Limeira, no interior de So Paulo, o advogado Cssius Haddad foi proibido pela Justia de acessar suas redes sociais. Isso porque foi por meio delas que teceu crticas sobre o pro-motor da cidade Luiz Bevilacqua. Os escritrios do Facebook e do Twitter foram contatados para que avisassem a Justia, no prazo de 24 horas, caso o advogado tornasse a acessar as redes, alm de serem obrigados a fazer relatrios mensais sobre as atividades do advogado nos seus servios.

    Como no h um parmetro, uma legislao especfica sobre o tema, h um amplo espao de discricionariedade na tomada de deciso por parte de juzes, avaliou Alexandre Pacheco da Silva, advogado coordenador do Laboratrio de Empresas Nascentes de Tecnologia da FGV. Cada um aplica um critrio, alguns com maior conheci-mento sobre as consequncias de sua deciso e outros completamente alheios s caractersticas

    da Internet, tratando-a como se fosse correlata a uma televiso ou a um telefone.

    Na mesma direo opinou Dennys Antonialli, coordenador do Ncleo de Direito, Internet e So-ciedade da Faculdade de Direito da USP. Isso gera insegurana jurdica. Decises isoladas e enten-dimentos jurisprudenciais pouco uniformizados instauram uma situao de incerteza tanto para o usurio, que no tem garantias em relao tutela de seus direitos, quanto para os provedores de servios, que ficam expostos ao risco de diversas interpretaes diferentes.

    Alm do prejuzo para o usurio, que fica sem saber ao certo o que permitido e o que no , a economia nacional perde, j que empresas que dependem de arcabouos legais claros sobre res-ponsabilizao, tratamento de dados pessoais, neu-tralidade de rede ou direitos autorais, por exemplo, podem desistir de levar seus negcios adiante. No final de 2012, o Google concluiu a instalao de um centro de dados, o primeiro da Amrica Latina, no Chile, abrindo brecha para o debate sobre a falta de atratividade para negcios como este no Brasil por conta da indefinio jurdica sobre Internet no pas.

    A ausncia de leis claras sobre como proteger dados pessoais foi determinante para espantar o empreendimento, acreditam especialistas, j que data centers internacionais s trocam informaes com outros data centers localizados em pases que possuem padres claros de segurana sobre dados. Foi um investimento de mais de US$ 150 milhes. O Brasil perde investimentos e oportunidades de desenvolvimento. Enquanto o Marco Civil no for aprovado, as empresas de tecnologia continuaro receosas de investir no Brasil, criticou Antonialli.

    Para Eduardo Neger, presidente da Associao Brasileira de Internet (Abranet), a demora na defini-o de um marco legal atrasa investimentos e inibe a criao de novas empresas de base tecnolgica. Ningum fica motivado a investir em um merca-do sem regras bem definidas. E, quando se fala de Internet, uma estrutura efetivamente dinmica e global, o fluxo dos investimentos em servios e

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    contedo na rede pode migrar fa-cilmente de um pas para outro, muitas vezes sem afetar a percep-o do prprio usurio fi nal.

    Por que parou?Na Cmara, o Marco Civil j foi

    seis vezes a plenrio, esperando votao, o que no ocorreu, ora por falta de qurum, ora a pedido do Executivo, mas, sobretudo, por divergncias quanto a assuntos co-mo guarda de registros de conexes (logs), respon-sabilidade de provedores de servio e isonomia no tratamento dos usurios da rede por todos os provedores de acesso e servio, a chamada neutralidade de rede.

    A presena de diversos temas dentro do proje-to do Marco Civil apontada como um agravante para a demora na votao. Para o advogado espe-cializado em novas tecnologias, Omar Kaminski, quanto mais assuntos abordados em um s pro-jeto, maior o potencial de confl itos de interesses e mais difcil seu avano legislativo. Apesar de permitir melhor amadurecimento do tema, acaba no trazendo respostas rpidas para questes ainda pendentes, disse.

    H ainda projetos de lei sobre temas presen-tes ou correlacionados aos do Marco Civil que so discutidos em textos paralelos. Um deles o projeto o que atualiza a Lei de Direitos Autorais (original de 1998) sob o nmero 3.133/2012. A ministra da pasta de Cultura, Marta Suplicy, pediu a Alessandro Molon que tirasse a parte relativa retirada de contedo em casos de infrao de copyright, justamente porque gostaria de tratar do tema no novo projeto.

    No entanto, h no projeto da Lei de Direitos Autorais um artigo especfi co que confl itaria com princpios do Marco Civil. O artigo n 105 do pro-jeto legitimaria a prtica conhecida como notice

    and take down, na qual ao ser acionado por um detentor de direitos autorais sobre infrao de copyright, o provedor de servios e aplicaes poderia ser responsabilizado e, por isso, acabaria obrigado a tirar o contedo do ar, sob pena de multa, a obter uma contranotifi cao do usurio (o terceiro) que inseriu o contedo na plataforma, dizendo-se responsvel por ele.

    Outro projeto em trmite o que discorre sobre a proteo de dados. Pouco se sabe sobre o seu contedo j que, aps passar por consulta pblica, ainda enfrenta alteraes conforme passa pelas pastas do Executivo. Segundo o coordenador do departamento do Ministrio da Justia responsvel pela iniciativa, Daniel Doneda, o projeto objetiva garantir ao cidado o total controle, em parme-tros internacionais, sobre seus dados, mas sem que isso possa restringir a adoo de novas tec-nologias. Ele cria ainda uma autoridade dotada da responsabilidade de garantir proteo a estes dados e o atendimento ao cidado.

    Os projetos formam o que o subchefe para Assuntos Jurdicos da Casa Civil, Ivo Corra, cha-mou de os trs pilares para a consolidao de uma estabilidade jurdica que garanta segurana para o uso e criao de novos negcios no pas.

    Para o advogado Alexandre Pacheco da Silva, no h nada errado na tramitao dos trs pro-jetos em paralelo, os problemas comeam quan-

    /capa: marco civil

  • 2013 | NOVEMBRO | | 9

    do se nota a ausncia de articulao entre as propostas. Hoje vivemos uma realida-de em que o controle sobre violaes de di-reitos autorais ocorre preponderantemente no mbito do rastrea-mento do trfego de dados de usurios na Internet. No haver

    um dilogo direto entre estas duas estruturas normativas um grande problema. Como con-ciliar o uso de tecnologias de rastreamento de dados pessoais por parte de detentores de di-reitos autorais com o conceito de fair use, por exemplo? No h este tipo de conciliao entre os projetos, argumentou.

    Pontos crticosH atualmente trs artigos em especial que

    travam a aprovao do Marco Civil da Internet, por serem alvos de divergncias entre diferentes se-tores econmicos brasileiros, sendo as empresas de telecomunicaes o grupo mais forte da ponta contrria. O primeiro e o mais problemtico deles o artigo 9, que trata da neutralidade de rede. A ltima verso do texto colocada para votao dizia:

    O responsvel pela transmisso, comutao ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonmica quaisquer pacotes de dados, sem dis-tino por contedo, origem e destino, servio, terminal ou aplicativo e indicava que o Poder Executivo ter a misso de regulamentar as ex-cees ocasionadas por questes tcnicas ou em casos de emergncia. E ainda: Na proviso de conexo Internet (...) vedado bloquear, monitorar, fi ltrar, analisar ou fi scalizar o contedo dos pacotes de dados, ressalvadas as hipteses admitidas na legislao.

    O principal argumento contrrio neutralida-de vem das empresas que oferecem servios de conexo. Essencialmente, o que elas dizem que, se as operadoras tiverem de tratar todas as de-mandas sem diferenciao, elas fi caro impedidas de oferecer pacotes de banda larga diferentes, restringindo assim o seu potencial competitivo, a livre iniciativa e colaborando negativamente para o congestionamento de dados.

    Tim Wu, o pai da neutralidade de rede, expli-ca que esse argumento comum, porm equivo-cado. perfeitamente legtimo que o provedor de Internet oferea uma conexo mais rpida ou mais banda por um preo mais alto, da mesma forma como, ao usarmos mais eletricidade, pa-gamos mais, disse o professor da Universidade de Columbia. Isso normal e no diz respeito neutralidade de rede. Mas o que eles querem fazer ter o poder de bloquear certas coisas e forar voc a consumir outras, cobrando preos diferen-tes para o tipo de contedo que se acessa. Isso ser ruim para todos, mais caro e pior, afi rmou em entrevista concedida pesquisadora do CTS da FGV-RJ Joana Varon.

    Em outras palavras, sem a neutralidade, as operadoras poderiam vender pacotes de acesso discriminados por tipo de servio (por exemplo, servios de vdeo, de correio eletrnico, rede so-cial e outros), fazendo com que, para usar a web integralmente, o usurio tenha de pagar mais. Aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, e de voz, como o Skype ou Viber, so apontados pelas teles como a maior ameaa ao seu modelo tradicional de negcios. Num contexto em que a neutralidade no respeitada, esses servios po-deriam ter sua conexo sumariamente prejudicada pelas operadoras.

    A essa altura, no resta dvida de que a neu-tralidade o ponto mais polmico da proposta legislativa. No toa, ele tambm o que colocaria o Brasil em situao de vantagem jurdica no con-texto mundial, acredita o advogado especializado

  • 10 | | NOVEMBRO | 2013

    em direito digital, Omar Kaminski: O ponto mais confl ituoso conseguir que o princpio seja seguido e obedecido na prtica. A falha a ausncia de sano ou multa pela sua inobservncia. Ele nos colocaria frente no contexto global, e ao lado de pases como Chile e Holanda. Mas para que seja efetivo precisar ser monitorado e fi scalizado cons-tantemente. Como princpio me parece exemplar, mas as difi culdades tcnicas e prticas para faz-lo valer so o verdadeiro desafi o.

    Dennys Antonialli, da USP, v o texto atual como a melhor arma para se lutar contra a oposio ao Marco Civil. Garantir a neutralidade impedir que as empresas deem tratamento discrimina-trio a determinados pacotes de dados. Para solucionar o impasse, o Legislativo deve guiar-se pelos resultados do amplo processo de consulta pblica do Marco Civil, cujo texto fi nal garante a neutra-lidade, em vez de deixar-se infl uenciar por essa presso. Para o advogado Alexandre Pacheco da Silva, o texto do projeto de lei sobre neutra-lidade bastante genrico. No h uma clareza quanto ao que entendemos como neutralidade, opinou.

    Na sequncia, h o artigo n 11 que estabelece um ano como prazo mximo para a guarda de registros de conexo (logs) pelo provedor de conexo. Diz o texto do projeto: cabe ao admi-nistrador do sistema autnomo respectivo o dever de manter os registros de conexo, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurana, pelo prazo de

    um ano, nos termos do regulamento. E ainda: A au-toridade policial ou administrativa poder requerer cautelarmente que os registros de conexo sejam guardados por prazo superior ao previsto no caput.

    O prazo j era matria de discusso sufi ciente para o artigo. Mas o caldo da polmica engrossou ainda mais quando, em maio, a Agncia Nacional de Telecomunicaes aprovou, por meio de regula-

    mento, a guarda de logs para identifi cao de eventuais cri-mes. Em documento, o relator Marcelo Bechara, da Anatel, explica que o debate acerca do armazenamento dos regis-tros mencionados demons-tra urgente necessidade de instrumentos que permitam a identifi cao dos autores de ilcitos pela Internet. Vi-sando evitar confl itos com o texto do Marco Civil, o novo Regulamento do Servio de Comunicao Multimdia alte-ra o tempo da guarda de logs de no prazo mnimo de dois anos para prazo mnimo de um ano.

    Bechara justifi ca a opo, tratada como necessidade emergencial, apesar de no caber Anatel detalhar o as-sunto que ainda ser defi nido em mbito legislativo, diante do que j acontece no plano estadual entre Ministrios P-blicos e provedores, entre os quais esto fi rmados termos

    de compromisso a fi m de obrig-los a preservar os dados dos usurios por um prazo mnimo e a informar a polcia e o Ministrio Pblico to logo tomem conhecimento de algum crime cometido em suas redes para casos especfi cos, como pedofi lia.

    Eu diria que a questo da proteo dos dados pessoais sufi cientemente importante e urgente. O Brasil um dos poucos pases ditos desenvolvidos que ainda no tem uma lei especfi ca sobre o assunto.Omar Kaminski

    /capa: marco civil

    Eu diria que

  • 2013 | NOVEMBRO | | 11

    O tema ficou ainda mais delicado depois do es-cndalo de espionagem dos Estados Unidos, vazado em junho, sob o nome Prism. Eu diria que a questo da proteo dos dados pessoais suficientemente importante e urgente. O Brasil um dos poucos pa-ses ditos desenvolvidos que ainda no tem uma lei especfica sobre o assunto, criticou Omar Kaminski.

    Por fim, os artigos 14 e 15 preveem a no responsabilizao do provedor de conexo e de aplicaes pelo contedo gerado pelos usurios da rede, a no ser em casos de desrespeito a ordens judiciais. Diz o ltimo artigo citado:

    Com o intuito de assegurar a liberdade de ex-presso e evitar a censura, o provedor de aplicaes de Internet somente poder ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de contedo ge-rado por terceiros se, aps ordem judicial especfica, no tomar as providncias para, no mbito e nos limites tcnicos do seu servio e dentro do prazo assinalado, tornar indisponvel o contedo apontado como infringente, ressalvadas as disposies legais em contrrio.

    Assim como no caso dos logs, o debate at a j estava suficiente, mas, aps pedido da Ministra da Cultura, o relator alterou o inciso 2, restringindo o alcance do artigo: O disposto neste artigo no se aplica quando se tratar de infrao a direitos de autor ou a direitos conexos.

    Caso no seja possvel remover essa exceo, seria importante ao menos deixar muito explcito que os casos de direitos autorais so regidos pela lei especfica, sugeriu Laura Tresca, da Artigo 19. A manuteno dessa exceo poderia acarretar remoo indiscriminada de contedos na Internet, baseada simplesmente no medo do provedor de ser processado, sem nenhuma base concreta ou legal de dano aos direitos autorais, complementou.

    Para Eduardo Neger, presidente da Abranet, a deciso sobre o que ilcito no deve ser respon-sabilidade dos provedores, mas eles ainda assim devem estar amparados legalmente para saber como proceder. O Poder Judicirio a instncia

    adequada para julgar e avaliar casos relativos re-moo de contedo imprprio na rede. Certamente no o Poder Executivo isoladamente e muito me-nos os prprios provedores de servios da Internet que faro juzo de valor sobre o contedo, afirmou.

    Reta finalO Marco Civil fruto de um processo de elabo-

    rao participativa de mais de um ano e de discus-so no Congresso por outros dois anos. Na poca, o projeto surgiu justamente da necessidade de se firmar em direitos do usurio na Internet, em um mo-vimento de oposio a projetos de leis restritivas que j tramitavam ento (como o PL 84/99, a conhecida Lei Azeredo). A aprovao se faz cada vez mais necessria, disse a pesquisadora Joana Varon.

    Desde aquele momento, questes como esta-belecer um safe harbour para provedores de Inter-net, garantindo tanto direitos dos usurios quanto um espao para inovao j era uma demanda evidente para quem pensa polticas de Internet que sejam compatveis tanto com as demandas de desenvolvimento do setor, quanto com a ga-rantia de direitos humanos fundamentais, disse Varon. Se naquele momento essas questes j eram latentes, imagine agora, em um contexto de revelaes como o Prism. O Brasil continua des-perdiando a chance de proteger seus usurios e fomentar o setor.

    Acho que a nica sada e isso no nenhuma novidade intensificar a participao democrtica a partir de maior nmero de perspectivas, com mais cidados cientes do que est em jogo, para que pos-sa haver uma cobrana maior sobre o Legislativo, concluiu o jurista Paulo Ren. Se no houver uma nova fora no embate, vai continuar prevalecendo o que sempre prevaleceu. O Brasil poder liderar uma mudana nessa forma de ver as coisas, mas para isso precisa fazer o dever de casa, e o Marco Civil parte central nisso.

  • 12 | | NOVEMBRO | 2013

    / eleies CGI.br

    texto Carolina Silva

    ComitGestorter novos representantes

  • 2013 | NOVEMBRO | | 13

    Um colgio eleitoral formado por segmentos diversos e validado pela comisso eleito-ral do CGI.br eleger onze representantes da sociedade civil para se juntarem aos nove membros indicados pelo governo, a fim de parti-cipar do processo de governana da Internet no Brasil no trinio 2014-2016, propondo e discu-tindo diretrizes e princpios norteadores para o uso da rede no pas.

    As entidades da sociedade civil interessadas em participar se cadastraram at 30 de julho. A lista dos aprovados para comporem o colgio eleitoral foi divulgada no final de outubro. A partir da, as entidades homologadas podero indicar candidatos para ocupar cadeiras do comit e, aps a campanha eleitoral, votar em um candi-dato para representar o seu setor. A lista defini-tiva dos novos membros e seus suplentes ser divulgada no dia 7 de abril de 2014.

    As onze cadeiras a serem disputadas nas eleies so alocadas entre diferentes setores da sociedade civil, a fim de que sejam repre-sentados interesses diversos na composio do comit. So trs grandes segmentos: em-presarial, comunidade cientfica e tecnolgica e terceiro setor.

    O setor empresarial est subdividido em quatro categorias, cada qual responsvel pe-la eleio de um representante: provedores de acesso e contedo da Internet; provedores de infraestrutura de telecomunicaes; indstria de bens de informtica, telecomunicaes e

    software e o setor empresarial usurio usu-rios corporativos de grande porte na Internet.

    A comunidade cientfica e tecnolgica vai eleger trs representantes da academia; j o terceiro setor ter quatro representantes de or-ganizaes no governamentais.

    Colgio eleitoralO pontap inicial do processo a definio

    do colgio eleitoral composto por entidades que vo indicar candidatos para cada um dos segmentos e, posteriormente, votar em candida-tos do respectivo setor que possam representar sua voz no comit.

    Organizaes interessadas em indicar can-didatos e participar da votao tiveram um prazo de 90 dias para se inscrever. Depois, uma comisso eleitoral do CGI.br, formada por sete pessoas, teve mais 90 dias para va-lidar as entidades, checar a documentao e emitir a lista de aprovados para participar do colgio eleitoral.

    As entidades se inscrevem no site, enviam os documentos solicitados no edital para vali-dar a inscrio e esses documentos so ana-lisados por ns, explica Kelli Angelini Neves, assessora jurdica do Ncleo de Informao e Coordenao do Ponto BR (NIC.br) e membro da comisso eleitoral do CGI.br.

    Se a entidade comprovar que representa o segmento no qual se inscreveu, ser aprovada.

    Neste ano, o Comit Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) iniciou seu quarto processo eleitoral. Durante o perodo, que comeou em maio deste ano e ser concludo em abril de 2014, sero eleitos representantes que iro compor, durante os prximos trs anos, a entidade responsvel por coordenar iniciativas de servios de Internet do pas.

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    No passo seguinte, poder indicar candidatos e, no perodo de votao, votar no candidato que ela prpria indicou ou em outros que foram in-dicados por outras entidades, diz.

    Demi Getschko, presidente da comisso eleitoral, ressalta que, nos segmentos empre-sariais e na academia, o poder de voto restri-to a associaes, e no se estende a entidades individuais. Um banco no pode fazer parte do colgio eleitoral, mas a Federao Brasileira de Bancos pode. Uma universidade no pode, mas a Sociedade Brasileira de Computao pode, exemplifica. So agrupamentos que representam profissionais ou instituies da rea. Por isso esses colgios tendem a no ser muito grandes, explica.

    J no terceiro setor no h essa necessida-de. Cada instituio interessada pode realizar a sua inscrio; basta que comprove ser uma organizao sem fins lucrativos. Assim, o colgio eleitoral das ONGs tende a ser o maior.

    H ainda o critrio comum aos trs segmen-tos: Todas as entidades tm de ter no mnimo dois anos de constituio contados da data de

    publicao do edital. Ento, em se tratando das prximas eleies, a entidade tem de ter sido criada antes de maio de 2011, pontua Kelli.

    Na ltima eleio, a comisso recebeu cerca de 500 inscries para a composio do co-lgio eleitoral, sendo que a maioria delas foi aprovada. H algumas que no comprovam a representao do segmento, outras deixam de encaminhar os documentos, outras no tm o prazo de dois anos de composio, diz a asses-sora jurdica. No entanto, segundo ela, o nmero de entidades rejeitadas por no atender aos critrios bem pequeno.

    Kelli j se prepara para o grande volume de documentos que deve receber: Nestas eleies, diferentemente dos anos anteriores, temos um prazo mais longo e conseguimos preparar tudo com antecedncia. O volume de inscries e de documentos est sendo bem maior do que nas ltimas eleies, diz.

    possvel conferir a lista das entidades ins-critas e a lista de aprovados, que saiu no dia 30 de outubro, em http://cgi.br/eleicao2013 - site que tambm traz o edital e mais informaes sobre o processo eleitoral.

    Indicaes e votaoUma vez definido o colgio eleitoral, com-

    posto por representantes de empresas, da aca-demia e do terceiro setor, tem incio o perodo de indicao de candidatos, que vai de 19 de novembro at 04 de dezembro.

    Os eleitores que desejarem podero indi-car um candidato para represent-los - que no precisa ser necessariamente do segmento em questo. possvel que algum do terceiro setor indique um empresrio, por exemplo. O candi-dato no tem nada a ver com o colgio eleitoral. O eleitor pertence ao segmento, mas ele conce-de seu voto para quem melhor o represente, explica Getschko.

    Nem todas as entidades indicam seus pr-prios candidatos; algumas preferem aguardar a

    A Internet um assunto de muitos interesses. Todos os segmentos tm algum interesse na Internet e eles tm de ser representados numa discusso.Demi Getschko

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    lista final e analisar a proposta de cada um para votar, diz Kelli. Depois da indicao, comea efetivamente a campanha eleitoral -- os candi-datos apresentam para o colgio quais so as suas propostas e seus objetivos, uma vez sendo eleitos, explica. A etapa de campanha durar 90 dias: de 20 de dezembro de 2013 a 12 de maro de 2014.

    A votao ocorrer de 13 a 27 de maro. Nesse perodo, as entidades devero, por via eletrnica, votar nos candidatos de acordo com o segmento correspondente. So enviados e-mails para os eleitores com um cdigo, de forma a cada e-mail ser nico. As respostas so computadas e, aps o fim da votao, divulga-mos a lista com quem votou em quem, para que seja um processo transparente e no ocorram fraudes, afirma Getschko.

    A lista sair no dia 28 de maro, com um perodo para recurso sobre o resultado, como em todas as outras etapas do processo. No dia 7 de abril, a lista definitiva com a nova composio do comit para o trinio ser publicada. Para cada candidato eleito um suplente o segundo mais votado da lista do segmento.

    O nmero de candidatos indicados sempre uma surpresa, afirma Kelli. Na ltima eleio, foram quatro da comunidade cientfica, dois da indstria de software e bens de informao, cinco de provedores de conexo e contedo, trs de provedores de telecomunicaes, seis de usu-rios empresariais e 19 do terceiro setor.

    Getschko aponta que alguns segmentos ten-dem a ser mais competitivos que outros. Algu-mas reas so naturalmente mais estruturadas, com entidades que de alguma forma j depuram candidatos, como a acadmica. J as ONGs so sempre um mistrio; nunca se sabe quantas vo entrar. A rea empresarial tambm pode apre-sentar bastante competio - na ltima eleio, o candidato foi escolhido por 100 votos a 99, conta o presidente das ltimas trs comisses eleitorais.

    Uma vez eleitos, no entanto, todos os membros tm a mesma voz no comit, inde-

    pendentemente do setor. No CGI.br, sem-pre buscamos decises de consenso. Uma deciso que terminasse 11 a 10 no faria sentido nenhum. J 19 a 2, talvez. Aprova-mos um texto no quando a maioria ganhar da minoria, mas quando o conjunto chegar a um consenso, mesmo que haja uma voz discordante, diz ele.

    Como exemplo, citou as duas decises do CGI.br em apoio ao Marco Civil da Internet projeto de lei criado h trs anos para regu-lamentar a rede e garantir princpios bsicos que est parado no Congresso. Das duas de-cises, uma foi unnime e outra teve apenas uma absteno.

    Diverso como a InternetGetschko aponta que o objetivo de con-

    templar diversos setores para a composio do CGI.br refletir o carter heterogneo da Internet. A Internet um assunto de muitos interesses. Todos os segmentos tm algum interesse na Internet e eles tm de ser repre-sentados numa discusso, destaca.

    O CGI.br, refora Getschko, no um rgo regulador e nem gera obrigaes. O comit no tem decises que geram responsabilizaes; ns geramos recomendaes, como na Internet. Na Internet, ningum obriga voc a fazer nada. Nessa linha, seguindo o esprito da Internet, o CGI.br gera normas, princpios; descreve pontos a serem defendidos.

    Para ele, a motivao de entidades e associa-es em participar de um comit dessa natureza deve-se ao fato de o CGI.br possuir uma grande visibilidade externa pelo tipo de posturas que tem adotado em relao rede.

    Defendemos a Internet cannica, ortodo-xa, como deve ser: ampla e aberta, destaca. Os que tm interesse nisso ou que querem participar dessa discusso tm de passar pelo CGI.br. Ele um frum multissetorial, de ml-tiplos interesses, diz.

  • 16 | | NOVEMBRO | 2013

    Levantarvoo

    A partir desta edio, a Revista .br abre espao para imagens e tex-tos do Creative Commons. uma oportunidade para propagao se-gura do trabalho deste importante projeto. O Creative Commons uma organizao sem fi ns lucrativos, que disponibiliza licenas fl exveis para obras intelectuais.www.creativecommons.org.br

    Balo no aniversrio de 52 anos de Braslia, por Marcelo Calil

    /creative commons

  • 2013 | NOVEMBRO | | 17

    Os primeiros registros de nomes de domnio no .br foram reali-zados em meados de 1989, porm, somente dez anos depois as empresas efetivamente passaram a buscar o registro de domnios compostos por nomes idnticos ou semelhantes s suas marcas ou produtos na Internet. Isso acabou gerando uma verdadeira corrida por nomes no .br. Foi nessa ocasio de euforia e agilidade para o registro de nomes no .br que alguns usurios de Internet, j sabendo do que ocorria mundo afora, perceberam que o registro de nomes notrios no .br se transformaria em iguarias lucrativas, por meio da comercializao desses domnios aos respectivos titulares de marcas ou nomes notrios.

    S.A.C.I

    .brSISTEMA ADMINISTRATIVO DE CONFLITOS DE INTERNET

    para Domnios no

    Texto Kelli Angelini*

    /Artigo S.A.C.I

  • 18 | | NOVEMBRO | 2013

    Seguiu-se, ento, uma fase de negociao sobre a titularidade desses nomes e, quando essa fase no era bem-sucedida (o que na maioria das vezes acontecia, devido ao expressivo valor requerido por esses usurpa-dores de nomes), os conflitos eram submetidos ao Poder Judicirio. Entretanto, devido morosidade que assola a tramitao de aes judiciais em nosso pas (e no mundo todo), as empresas que disputavam a titularidade de nomes de domnios no .br semelhantes a suas marcas ou nomes notrios, apoiadas pela comunidade jurdica formada por especialistas em marcas e patentes, pleitearam a adoo de uma soluo al-ternativa para esses conflitos ao Comit Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

    Por sua vez, o CGI.br, solidarizando-se com essa situao, resolveu dedicar estudos para soluo dessa questo. A primeira opo que o CGI.br encontrou foi aderir ao sistema da Polti-ca Uniforme para Resoluo de Disputas (UDRP- Uniform Dispute Resolution Policy, em ingls), da Organizao Mundial da Propriedade Inte-lectual (Ompi). Porm, depois de analisar minuciosamente essa poltica de resoluo de conflitos, mesmo levando em considerao o prestgio al-canado por ela ao redor do mundo, devido sua eficcia e celeridade na soluo de conflitos que envolvem nomes de domnios, o CGI.br entendeu que no seria adequado utiliz-la, por neces-sitar de algo mais especfico para os usurios do .br.

    Outra opo seria a instituio da arbitragem para esses conflitos. Entretanto, concluiu-se que a sociedade buscava uma soluo alternativa ao Poder Judicirio nesse primeiro momento e que, devido formalidade estabelecida pela Lei Arbitral e o seu custo, a via arbitral para esses conflitos tambm no seria a mais indicada.

    Assim, por terem sido afastadas a adeso UDRP e a aplicao da arbitragem para os conflitos envolvendo nomes de domnios registrados no .br , o CGI.br deter-minou a implementao, em outubro de 2010 (por meio da Resoluo CGI.br/RES/2010/003/P) do Sistema de Administrao de Conflitos de Internet, denominado SACI-Adm, o qual foi colocado em prtica pelo Ncleo de Informao e Coordenao do Ponto br - NIC.br (r-go que disponibiliza meios para o registro de nomes de domnios no .br, a comando do CGI.br).

    O SACI-Adm tem por objetivo a soluo de litgios entre o titular de nome de domnio no .br e qualquer terceiro que conteste a legitimidade do registro do nome de domnio fei-to pelo titular. O escopo dos proce-dimentos do SACI-Adm limita-se aos pedidos de cancelamento e trans-ferncia de domnio, realizados por instituies credenciadas pelo NIC.br, ou seja, o NIC.br apenas imple-mentou esse sistema, porm, jamais participa da administrao dos pro-cedimentos, e tampouco interfere no julgamento dos conflitos.

    At agora, o NIC.br credenciou du-as instituies para executar essas tarefas e j se sabe que h outra a caminho. Uma das credenciadas a Cmara de Comrcio Brasil-Canad (CCBC), reconhecida internacional-mente em decorrncia do seu centro de mediao e arbitragem e que, desde o princpio, manifestou total apoio implementao do SACI-Adm. A outra foi a prpria Ompi, ou seja,

    a implementadora da poltica UDRP, que possui vasta experincia nesses procedimentos administrativos.

    Uma das especificidades do SACI-Adm se d quan-do a deciso proferida determinar que o domnio seja transferido ou cancelado. O cumprimento dessa deciso poder ocorrer espontaneamente pelo reclamado ou, aproveitando-se de uma das principais particularidades do regulamento do SACI-Adm, pelo prprio NIC.br. Ou seja, sendo fixada a transferncia ou o cancelamento

    Devido a morosidade que assola a tramitao de aes judiciais em nosso pas, as empresas que disputavam a titularidade de nomes de domnios no .br pleitearam a adoo de uma soluo alternativa.

  • do domnio no .br, o NIC.br aguardar o prazo de 15 dias (teis) para que qualquer das partes, se assim desejar, ingresse com ao judicial ou processo arbitral nesse perodo, visando levar o conflito decidido pelo SACI-Adm apreciao do Poder Judicirio ou do Juzo Arbitral. Porm, se as partes permanecerem inertes nesse prazo, o NIC.br implementar a deciso.

    importante destacar algumas outras particularidades dessa premissa. So elas: a) o julgamento do procedimento realizado por um especialista na rea em conflito, portanto, a tendncia que a deciso final seja mais qualificada; b) os custos do proce-dimento so baixos, de modo a permitir o seu acesso a qualquer interessado, sendo assim muito menos oneroso que os custos despendidos com uma ao perante o Poder Judicirio ou at mesmo com um processo arbitral; c) a celeridade do procedimen-to efetiva, posto que as regras procedimentais so objetivas, possibilitando a tramitao do procedimento no prazo mdio de 90 dias; d) conforme j mencionado, o procedimento no exclui a apreciao posterior do conflito pelo Poder Judicirio, se as partes assim desejarem, em resguardo ao art. 5, XXXV, da Constituio Federal (a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito); e e) devido aproximao das partes, por meio administrativo, o procedimento tambm poder facilitar a composio amigvel.

    Outra particularidade refere-se ao peso que ter a deciso prolatada pelo(s) especialista(s) no procedimento do SACI-Adm, se o conflito for levado ao Poder Judicirio. manifesto que o juiz deve valer-se do princpio do livre convencimento motivado da causa, embasando sua deciso no somente no formalismo da lei, mas tambm nas provas existentes nos autos e em sua livre convico pessoal. Assim, a deciso do especialista, sem sombra de dvidas, servir para, no mnimo, aclarar os fatos, podendo, at mesmo, ser seguida pelo magistrado, j que foi proferida por um profissional especializado na questo.

    Alm dos casos de encerramento do procedimento do SACI-Adm pelo cumprimento da deciso dos especialistas, ou pelo sobrestamento devido ao ingresso de ao judicial ou processo arbitral, o procedimento do SACI-Adm poder terminar se as partes se compuserem amigavelmente.

    Posto em prtica desde outubro de 2010, viu-se que o SACI-Adm, diante dos conflitos j solucionados por meio desse sistema, foi bem sucedido quanto ao seu objetivo, ou seja, solucionar conflitos de forma qualificada e de maneira rpida.

    *Kelli Angelini assessora jridica do NIC.br

    2013 | OUTUBRO | | 19

  • 20 | | NOVEMBRO | 2013

    Privacidade na rede / A preocu-pao com a privacidade se fortale-ceu aps a denncia de que o servio de informao do governo americano espiona a comunicao em vrios pases do mundo, incluindo o Brasil. Em uma esfera mais pessoal, no en-tanto, so poucos os que realmente adotam medidas para proteger seus dados. A Cartilha de Segurana para Internet, desenvolvida pelo Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurana no Brasil (CERT.br), alerta para o fato de que, quanto mais informaes so disponi-bilizadas na rede, mais difcil se torna preservar a privacidade e preserv-la essencial para se proteger dos gol-pes e ataques aplicados na Internet. Entre os cuidados a serem tomados, a cartilha ressalta a importncia de se ler com ateno a poltica de pri-vacidade e segurana dos servios como e-mail, redes sociais e backup, e se analisar bem o tipo de informao antes de compartilh-la na web. Alm disso, salienta os benefcios do uso da criptografi a e de conexes seguras. Saiba mais em http://cartilha.cert.br/

    Computao humana / Luis von Ahn, professor de computao da Universidade Carnegie Mellon, apre-sentou o servio Duolingo, durante o evento WWW2013, em maio, no Rio de Janeiro. Os usurios do Duolingo tm aulas gratuitas de lnguas e, enquanto fazem sua lio, traduzem textos. O aprendizado transforma se em traba-lho gratuito. O servio um exemplo de computao humana, que combina o trabalho de pessoas e computadores. Von Ahn tambm criou o reCaptcha, comprado pelo Google, em que as pes-soas reconhecem palavras que foram

    distorcidas ao passar pelo scanner, ao mesmo tempo que provam que no so robs. O mercado de traduo movimenta cerca US$ 30 bilhes por ano, apontou o professor. A combi-nao de estudantes e computadores oferece um resultado to bom quanto o de um tradutor profi ssional.

    Copa das Confederaes / Durante os jogos da Copa das Confe-deraes, foram feitas 1,7 milho de ligaes de telefonia celular e cerca de 4,6 milhes de acessos de comu-nicao de dados, incluindo o envio de e-mails, fotos e mensagens mul-timdia, com tamanho mdio de 500 kilobytes. Os nmeros foram divulga-dos pelo Sindicato Nacional das Em-presas de Telefonia, o SindiTelebrasil. De acordo com a entidade, do total de acessos de comunicao de dados, cerca de 4 quatro milhes usaram a tecnologia de terceira gerao (3G) e somente 650 mil as redes de quarta gerao (4G). Para a Copa do Mundo de 2014, as operadoras de telefonia planejam investir um total de R$ 200 milhes para equipar os doze estdios com infraestrutura indoor, principal-mente para transmisso de dados.

    Acesso pblico / O Perfi l dos Muni-cpios Brasileiros 2012 (Munic 2012), do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatstica (IBGE), mostrou que o aces-so Internet feito em lanhouses con-tinua importante. Segundo o estudo, as lanhouses esto em 4.491 (cerca de 80%) dos 5.565 municpios brasi-leiros. Com relao ao wi-fi , o Munic 2012 apontou que apenas 795 cida-des (14,3% do total) garantem cober-tura sem fi o Internet, sendo que 744 oferecem acesso gratuito. Em 382 municpios (6,9%), a cobertura wi-fi se restringe a alguns bairros da rea urbana e, em 181 (3,3%), h cobertura nas reas rural e urbana.

    Notas

    (CERT.br), alerta para o fato de que, quanto mais informaes so disponi-bilizadas na rede, mais difcil se torna preservar a privacidade e preserv-la essencial para se proteger dos gol-pes e ataques aplicados na Internet.

  • 2013 | OUTUBRO | | 21

    Acessos em 4G / Os celulares brasileiros com tecnologia de quarta gerao (4G), tambm conhecida por Long Term Evolution (LTE), ultrapas-saram a barreira dos 100 mil acessos em maio, e chegaram a 174 mil em junho. No entanto, a maioria dos tele-fones mveis no pas (68%) ainda de segunda gerao (2G), com tecnologia GSM. Segundo a Agncia Nacional de Telecomunicaes (Anatel), o Brasil alcanou a marca de 265,7 milhes de acessos mveis, o que equivalia a 134 acessos por 100 habitantes. Os planos pr-pagos tm 79% do mercado. Os terminais de banda larga mvel (celu-lares de 3G ou 4G, modems e tablets) chegaram a 77,4 milhes.

    Hall da fama / A Internet Society anunciou os 32 indicados deste ano para o Internet Hall of Fame. Sele-cionados por sua contribuio para a rede mundial, esto entre os home-nageados Bob Metcalfe (inventor do padro Ethernet), Marc Andreessen (cofundador da Netscape), Richard Stallman (fundador da Free Software Foundation), Jimmy Wales (criador da Wikipdia) e Aaron Schwartz (ativista digital e cocriador do RSS, morto neste ano). Em nota, a presidente da ISOC, Lynn St. Amour, afi rmou que os es-colhidos representam um grupo de pessoas to diversas e dinmicas quanto a prpria Internet, que tm ampliado os limites da inovao tecnolgica e social para conectar o mundo e torn-lo um lugar melhor. A lista completa dos indicados est em www.internethalloffame.org.

    Museu Nikola Tesla / Nikola Tesla inventou o sistema eltrico de corren-te alternada, que permitiu transmitir energia por grandes distncias. As pa-tentes de rdio usadas nos Estados Unidos no comeo do sculo passado eram as de Tesla, e no de Guglielmo Marconi. Um de seus projetos mais ambiciosos, que no se concretizou, previa transmitir energia sem fi o entre Nova York e Londres. Em maio, a orga-nizao sem fi ns lucrativos Friends of Science East anunciou a compra do an-tigo laboratrio de Tesla em Shoreham, em Nova York. O laboratrio deve trans-formar-se no Centro de Cincias Tesla em Wardenclyffe, museu e centro de ensino cientfi co. Para comprar o im-vel, a organizao conseguiu levantar US$ 1,37 milho em crowdfunding no site Indiegogo.com.

    Smartphones nos Brics / A China vai ultrapassar os Estados Unidos como maior mercado de smartphones ainda neste ano e, em 2018, Brasil e ndia devem fi gurar entre os quatro maiores mercados para celulares inteligentes, de acordo com a ABI Research. A em-presa de anlise de mercado apontou que os cinco pases maiores consu-midores de smartphones devem res-ponder por 51% do mercado global. Os pases que compem a sigla Brics (Brasil, Rssia, ndia e China) fi caro com 33%, o mesmo percentual da Europa Ocidental e Amrica do Norte.

    Internet das Coisas / A Internet das Coisas deve gerar ganhos globais de US$ 613 bilhes ainda em 2013 para empresas do setor privado. A pesquisa IoE Value Index, da Cisco, apontou que os Estados Unidos, China e Alemanha despontam como lderes desse mercado. Ao longo da prxima dcada, empresas globais podem cap-

    tar at US$ 14,4 trilhes em valor ao tirarem proveito dessa tecnologia para melhorar as operaes e o atendimen-to ao cliente. A exploso da Internet das Coisas est relacionada ao cres-cimento de 13 vezes do trfego global de dados mveis nos prximos cinco anos, que deve chegar a 11,2 exabytes por ms (ou uma taxa de trfego anual de 134 exabytes) at 2017. A previ-so do Cisco Visual Networking Index de que o aumento contnuo e forte deve-se ao crescimento no nmero de dispositivos conectados Internet m-vel (dispositivos pessoais e aplicaes mquina-a-mquina), que excedero o nmero de pessoas na Terra. Segundo estimativa das Naes Unidas, a po-pulao mundial chegar 7,6 bilhes em 2017.

    Nuvem nas empresas / A adoo corporativa da computao na nuvem est na pauta de diretores de tecno-logia da informao (TI) h alguns anos e a modalidade vem ganhando espao. Uma pesquisa da Coleman Parkes Research, encomendada pela HP, revelou que, at 2016, 75% do fornecimento de TI corporativa devem ser baseados na nuvem, sendo 39% em nuvem privada, 21% em nuvem gerenciada (nuvem privada gerencia-da por terceiros) e 15% em nuvem pblica. A TI tradicional, responsvel por 25%, permanecer para fornecer atividades essenciais. Entre os fatores que impulsionam esta adoo, os en-trevistados para a pesquisa citaram como principais a reduo de custos (68%), agilidade (59%) e melhoria do servio (55%). No entanto, quase me-tade das organizaes (48%) admite no ter nenhum retorno sobre o inves-timento de suas iniciativas de nuvem.

    Notas

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    Cuidadoscrianas

    e adolescentesTexto Carolina Silva

    /Segurana

  • 2013 | NOVEMBRO | | 23

    A Internet um campo de oportunidades e ris-cos para crianas e adolescentes, que esto cada vez mais conectados. Enquanto h pou-cos anos somente era possvel acessar a rede na sala de informtica da escola ou no computador compartilhado de casa, atualmente, com a difu-so de smartphones e outros dispositivos mveis, possvel ter nos bolsos pequenos computadores conectados Internet.

    Com o objetivo de pesquisar como crianas e ado-lescentes brasileiros utilizam a Internet e os perigos a que esto sujeitos on-line, o Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informao e da Comunicao (CETIC.br) lanou em maio deste ano o estudo TIC Kids Online Brasil 2012.

    Foram entrevistadas 1.580 crianas e adolescen-tes entre 9 e 16 anos de idade, em 111 municpios, de abril a junho de 2012. A pesquisa tambm se voltou aos pais, investigando suas experincias e de-safios em relao ao uso da Internet por seus filhos. Alm da amostra dos dados coletados pelo pas, o relatrio tambm contou com artigos de especialistas na rea de infncia e tecnologia, que fazem recortes e anlises sobre os dados coletados pelo estudo.

    De acordo com a pesquisa, quase metade das crianas e jovens (47%) diz acessar a Internet todos ou quase todos os dias; 38% entram na rede uma ou duas vezes por semana; 10%, uma ou duas ve-zes por ms; e apenas 5% o fazem menos de uma vez por ms revelando que grande parcela das crianas e jovens do pas tem contato com a rede com regularidade.

    Alm disso, a experincia on-line, antes mais restrita a adolescentes, tem incio cada vez mais cedo: 42% das crianas com 9 e 10 anos de idade j afirmam possuir perfil prprio em redes sociais. Da a necessidade de orientaes a respeito dos riscos a que podem estar sujeitos, como acesso a contedo imprprio ou ofensivo, invaso de priva-cidade, contato com pessoas mal-intencionadas, violncia psicolgica e perda financeira para a fa-mlia, entre outros.

    Conexo socialMas o que fazem essas crianas e adolescentes

    na Internet? Segundo a pesquisa, 68% do pblico infanto-juvenil acessam as redes sociais, 40%

    publicam fotos, vdeos e msicas, 24% postam mensagens em sites, 16% criam avatares e 12% participam de bate-papos. As principais aes, portanto, esto relacionadas sociabilizao e troca de contedo. Mais de 80% afirmam utilizar a web para atividades e pesquisas escolares, mas com frequncia bem menor em comparao ao uso para os fins antes mencionados.

    O estudo ainda revela que as crianas e adoles-centes so fortes consumidores de contedo em sites como o YouTube, por exemplo (66%). Alm disso, possvel destacar o uso para jogos (54%) e o acesso ao e-mail (49%) que, contudo, vem per-dendo espao para redes sociais, como o Facebook.

    Uma tendncia encontrada na pesquisa inter-nacional que a procura de informao por parte de crianas e adolescentes se faz muito mais pelas redes sociais do que se poderia pensar, diz a pro-fessora Cristina Ponte, coordenadora do EU Kids Online de Portugal. Por isso, o desafio educativo de trabalhar com crianas e jovens, sobre essas redes e a sua cultura, imperativo. Qual a credibilida-de dessas informaes? De onde elas vm? O que significa ter um perfil pblico ou privado? O que um amigo no Facebook?, pondera.

    Se ningum tem dvidas de que as redes sociais vieram para ficar, entre o pblico infanto-juvenil essa tendncia ainda mais crescente, o que levanta uma srie de preocupaes relativas privacidade e segurana. Um fator evidenciado na pesquisa o desrespeito idade mnima para acesso aos sites: 42% das crianas e dos adolescentes entre 9 e 10 anos e 71% entre 11 e 12 anos possuem perfil pr-prio, no respeitando a idade mnima de 13 anos estipulada por sites como Facebook e Orkut.

    Outro fator que merece ateno a falta de cri-trio na seleo dos contatos: 36% das crianas e adolescentes de 11 a 16 anos adicionaram pessoas que nunca conheceram pessoalmente lista de ami-gos nos ltimos 12 meses, sendo que tal percentual cresce proporcionalmente idade.

    necessrio ter conscincia de que a Internet um local pblico, no qual o grau de controle que se exerce sobre a divulgao das informaes publica-das muito pequeno. Uma vez postadas, qualquer um na sua rede de contatos pode divulg-las e, estando pblicas, qualquer um tem acesso a elas,

  • 24 | | NOVEMBRO | 2013

    A Internet um local pblico, no qual o grau de controle que se exerce sobre a divulgao das informaes publicadas muito pequeno. Uma vez postadas, qualquer um na sua rede de contatos pode divulg-las e, estando pblicas, qualquer um tm acesso a elas. Lucimara Desider

    diz Lucimara Desider, analista de segurana no Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de In-cidentes de Segurana (CERT.br).

    Para tentar reduzir os riscos e se proteger, importante adotar uma postura preventiva e fa-zer com que a ateno com a segurana seja um hbito incorporado rotina, independentemente de questes como local, tecnologia ou meio utili-zado, aponta.

    Segundo ela, alguns dos principais cuidados a serem tomados so: pensar bem antes de colocar informaes na Internet depois de postar algo, difi cilmente ser possvel apagar aquilo comple-tamente mais tarde; manter o perfi l e os dados privados, sendo o mais restritivo possvel nas con-fi guraes de privacidade do site; ser cuidadoso ao elaborar as senhas e jamais repass-las se-nhas so pessoais e intransferveis; ser seletivo ao aceitar contatos, evitar divulgar a localizao, nunca marcar encontros com desconhecidos sem estar acompanhado de um adulto de confi ana,

    no permitir ser fi lmado nem enviar fotos para des-conhecidos e avisar imediatamente um adulto de confi ana caso algum tenha atitudes inadequa-das ou o faa sentir se constrangido ou ameaado.

    De toda parteAlm da crescente difuso da rede banda

    larga, aumentando o acesso Internet pelo p-blico infanto-juvenil em todos os cantos do Pas, o surgimento de tecnologias e plataformas co-mo notebooks, smartphones e tablets tambm infl uenciou no s a quantidade de pessoas que navegam, mas a forma como navegam e trocam contedo.

    O acesso rede por dispositivos mveis, sobre-tudo smartphones, tem crescido expressivamente entre as crianas e adolescentes. Segundo dados da pesquisa TIC Domiclios e Usurios, do CETIC.br, o uso da Internet pelo celular na faixa de 10 a 15 anos saltou de 6% em 2008 para 33% em 2012.

    Para Rodrigo Nejm, psiclogo e diretor da SaferNet Brasil, organizao que busca com-bater crimes e violaes a direitos humanos na Internet, a mobilidade uma tendncia positiva, mas desafi a pais e responsveis a reverem as antigas estratgias de monitoramento, que se tornam obsoletas. No adianta colocar o com-putador numa rea comum ou defi nir um horrio de uso e achar que isso vai ser sufi ciente, pois a criana pode navegar em qualquer ponto da casa, de qualquer aparelho, diz.

    Ele aponta que o advento dos dispositivos m-veis s refora a necessidade de dilogo entre pais e fi lhos. preciso desenvolver confi ana entre pais e fi lhos, para que as crianas e jovens desen-volvam o chamado autocuidado e, tendo liberdade de acesso a esses espaos, saibam esquivar se de violncias.

    Tambm preciso atentar para os riscos po-tencializados por esse fcil acesso, como vaza-mento de informaes e invaso de privacidade. Dispositivos mveis podem armazenar gran-des quantidades de dados pessoais, como lista de contatos, mensagens de texto, fotos, vdeos,

    Ele aponta que o advento dos dispositivos m-veis s refora a necessidade de dilogo entre pais e fi lhos. preciso desenvolver confi ana entre pais e fi lhos, para que as crianas e jovens desen-volvam o chamado autocuidado e, tendo liberdade de acesso a esses espaos, saibam esquivar se de violncias.

  • 2013 | NOVEMBRO | | 25

    histrico de chamadas, contas de e-mail e de redes sociais. Ao perder ou ter um dispositivo mvel furtado, todos eles podem ser perdidos ou, ainda, acessados e utilizados por outrem, alerta Lucimara. A disponibilidade da conexo a qualquer momento em qualquer lugar propicia maior exposio. Um exemplo a publicao de fotos e dados de geolocalizao, por vezes at por outra pessoa, sem seu consentimento, diz.

    Ela ainda destaca outra peculiaridade associa-da a estes dispositivos: os teclados, em geral, so pequenos e exigem diversos passos para digitao de certos caracteres. Com isso, as pessoas tendem a adotar senhas fracas para suas contas, facilitando a descoberta das senhas e a invaso das respec-tivas contas.

    Entre pais e filhosSabe-se do papel fundamental dos pais quanto

    a orientar os filhos sobre questes de segurana e a Internet no foge regra. No entanto, segun-do a pesquisa, os pais brasileiros parecem estar confiantes quanto competncia de seus filhos quando o assunto a Internet, acessada em casa ou fora do lar. A maioria no identifica perigos, pois considera que seus filhos sabem como lidar bem com as ferramentas digitais.

    Quase 70% consideram que seus filhos no passaro por nenhum tipo de constrangimento on-line nos prximos seis meses. No entanto, 72% das crianas e adolescentes tm a percepo de que h coisas na Internet que podem incomod-los, mas quase 40% dos pais se consideram pouco ou nada capazes de ajud-los se for preciso.

    Um argumento comumente ouvido a frase Meu filho sabe bem mais sobre essas coisas do que eu. E provvel que, de fato, saiba. Trs quartos das crianas e adolescentes pesquisados afirmam saber mais de Internet do que seus pais. Contudo, o relatrio apresenta um dado curioso: 43% desejam que seus pais se interessem mais pelo que os filhos fazem on-line.

    Para Nejm, muitos pais no se consideram nu-ma posio legtima para orientar os filhos devido a

    uma questo tcnica, o que ele considera no ape-nas equivocado, mas perigoso. Isso um grande perigo aos nativos digitais, aqueles que j nasce-ram no contexto da tecnologia. Eles podem usar mais do que os pais, mas s os pais percebem a dimenso pblica da Internet, diz ele.

    Independentemente da questo tcnica, os pais precisam mostrar que a Internet um espao, uma parte do mundo, uma extenso da praa, do clube, da rua... Eles precisam colocar- se como me-diadores para ensinar tica e cidadania tambm nesse espao. Para ele, mais do que restringir ou proibir o acesso a determinados sites ou conte-dos, o importante passar orientaes, cultivar o dilogo e demonstrar interesse.

    Uma boa alternativa participar ativamente, fazendo uso da prpria tecnologia para interagir com os filhos, concorda Lucimara. Para pais pouco acostumados s novas tecnologias pode ser um pouco mais difcil; neste caso, demonstrar interesse em aprender pode ser uma abordagem para estar prximo e acompanhar o que o filho faz, explica.

    Alm do acompanhamento e do dilogo, os pais podem reforar informaes bsicas de segu-rana, como no divulgar informaes pessoais e no falar com desconhecidos, por exemplo.

    Outras dicas para manter seguros os aparelhos de acesso so mant-los atualizados, com progra-mas instalados nas verses mais recentes e com todas as atualizaes aplicadas; utilizar e manter mecanismos de proteo, como antivrus e firewall pessoal, e ser cuidadoso ao instalar aplicativos de fornecedores desconhecidos.

    Mais orientaes sobre segurana na Internet para crianas e adolescentes podem ser encontra-das na cartilha do CERT.br/NIC.br http://cartilha.cert.br/ e no site http://www.internetsegura.br/, iniciativa do NIC.br e do CGI.br. A SaferNet tambm mantm um canal on-line para tirar dvidas so-bre o uso seguro da Internet, por e-mail ou chat: http://www.canaldeajuda.com.br. O estudo TIC Kids Online 2012 pode ser encontrado na nte-gra em http://www.cetic.br/publicacoes/2012/tic-kids-online-2012.pdf.

  • 26 | | NOVEMBRO | 2013

    PESQUISAS TIC PARA ODESENVOLVIMENTO

    Empreendendo esforos para

    concretizar conceitos na elaborao

    de polticas pblicas.

  • 2013 | NOVEMBRO | | 27

    Tecnologias e Educao

    Panorama setorial da InternetInternet

    Agosto | 2013Ano 5 Nmero 2

    O uso da Internet por alunos brasileiros de Ensino Fundamental e Mdio

    Atores do sistema de educao e gestores pbli-cos depositam grande esperana no uso das novas tecnologias digitais, em particular computador e In-ternet, como instrumentos pedaggicos, vislumbrando impactos signifi cativos na melhoria da qualidade do ensino. A Internet tem o potencial de democratizar o acesso informao, facilitar a gerao e a publica-o de contedo, fomentar a construo coletiva do conhecimento e vem, cada vez mais, possibilitando a criao de redes sociais virtuais. Para que as crianas e os jovens da comunidade escolar usufruam de tais potencialidades, conhecer os desafi os de acesso, uso e apropriao dessas ferramentas fundamental no processo de repensar a educao.

    Para que a comunidade escolar usufrua essas potencialidades, no sufi ciente o investimento na infraestrutura, ou seja, na promoo do acesso a tais tecnologias. A integrao das tecnologias s prticas

    pedaggicas depende de diferentes fatores e, numa dimenso mais aprofundada, a apropriao dessas ferramentas confi gura-se como uma das condies bsicas para tornar efetiva esta integrao.

    Medir e acompanhar a expanso da Internet nas escolas brasileiras em reas urbanas e seu uso pelos atores do sistema escolar por meio de pesquisas es-pecializadas uma das iniciativas do Comit Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Esta edio do Panora-ma Setorial da Internet traz um recorte dos dados da pesquisa TIC Educao 2012 a partir da perspectiva do aluno sobre o uso do computador e da Internet para aprendizagem.

    Como espao de incluso digital, as escolas cons-tituem uma oportunidade concreta para o desenvolvi-mento de competncias e de letramento digital, funda-mentais para o trnsito no mundo cultural, educacional e de lazer.

    Introduo

    Como espao de incluso digital, as escolas constituem uma oportunidade concreta para o desenvolvimento de competncias e de letramento digital, fundamentais para o trnsito no mundo cultural, educacional e de lazer.

  • 28 | | NOVEMBRO | 2013

    77% dos alunos do Sudeste do pas e 70% dos alunos do Sul acessam a Internet todos os dias.

    Acesso e uso da Internet pelo alunosO cenrio brasileiro de incluso digital revela ndice relativamente baixo de

    penetrao do acesso Internet nos domiclios de rea urbana, sendo que apenas 44%1 desses domiclios possuem acesso Internet. No entanto, alunos de escolas pblicas 2 e privadas em reas urbanas demonstram um panorama diferente: 67%3 deles possuem acesso rede em seu domiclio, proporo muito superior mdia brasileira. Esses dados revelam que a posse de computador e Internet maior nos domiclios com crianas em idade escolar. Desta forma, tais resultados reforam a ideia das tecnologias como um meio alternativo de acesso informao e, conse-quentemente, de recursos complementares para a educao dos jovens brasileiros.

    Ainda que a proporo de alunos com computador e Internet em seu domiclio mostre-se significativa, os dados da pesquisa TIC Educao 2012 apontam que h uma disparidade entre alunos de escolas pblicas e de particulares. Enquanto o acesso Internet est presente em 94% dos domiclios de alunos da rede par-ticular, o percentual de 62% para os de escolas pblicas.

    De forma geral, os alunos mostram-se internautas frequentes, j que 69% usam a Internet diariamente. Quanto frequncia de uso da Internet, o aspecto regional se destaca: os jovens das regies Sul e Sudeste so usurios de Internet ainda mais frequentes 70% e 77%, respectivamente, acessam a rede todos os dias (Grfico 1).

    Total Sudeste Sul Norte / Centro-Oeste

    Nordeste

    80

    70

    60

    50

    40

    30

    20

    10

    0

    69 70

    59

    77

    67

    GRFICO 1: PROPORO DE ALUNOS QUE USAM A INTERNET DIARIAMENTE, POR REGIOPercentual sobre o total de alunos do 9o ano do Ensino Fundamental ou 2o ano do Ensino Mdio que utilizaram a Internet nos ltimos trs meses

    A residncia do aluno apontada como o local mais frequente de acesso Internet, citada por 65% deles (Grfico 2). Entretanto, as lanhouses desem-penham um papel importante na incluso digital de crianas e adolescentes: no Nordeste, por exemplo, 48% acessam a rede a partir de lanhouses, sete pontos percentuais acima da proporo sobre o total de alunos. Nessa regio, a escola tambm percebida como um local relevante para o acesso, onde

    1 Pesquisa TIC Domiclios 2012, do CGI.br.2 A amostra da Pesquisa TIC Educao 2012 considera as escolas que oferecem ensino em pelo menos um dos

    seguintes nveis: 5o ano, 9o ano, 2o ano do Ensino Mdio.3 Pesquisa TIC Educao 2012, do CGI.br.

    /Panorama Setorial

  • 2013 | NOVEMBRO | | 29

    quase metade dos alunos acessa a Internet 46%. Na regio Sul, a escola tem importncia muito significativa: 71% dos jovens acessam a Internet por l. Por outro lado, o Nordeste est abaixo da mdia do Brasil: apenas 36% dos alunos acessam a rede no ambiente escolar.

    Em casa Lanhouses Na casa de outra pessoa

    Na escola Outros

    80

    70

    60

    50

    40

    30

    20

    10

    0

    12

    2

    128

    65

    GRFICO 2: PROPORO DE ALUNOS POR LOCAL DE ACESSO INTERNETPercentual sobre o total de alunos do 5 ano que utilizaram a Internet alguma vez na vida, alm de alunos do 9 ano do Ensino Fundamental e 2 ano do Ensino Mdio que utilizaram

    a Internet nos ltimos trs meses

    Acerca da disseminao dos dispositivos mveis, 46% dos estudantes bra-sileiros usam a Internet por meio do telefone celular. medida que o nvel de ensino aumenta, maior o nmero de alunos que acessam a rede por este aparelho. Considerando os alunos do 5 ano do Ensino Fundamental, 25% utilizam a Internet pelo celular; j entre os do 2 ano do Ensino Mdio, a pro-poro chega a 60%.

    importante mencionar que uma parcela significativa de alunos aces-sa a Internet na escola por meio do telefone celular: 38%. Esta propor-o cresce medida que aumenta o nvel de ensino: 14% dos alunos do 5 ano do Ensino Fundamental acessam a Internet pelo celular; no 9 ano do Ensino Fundamental, a proporo de 37%; e no 2 ano do Ensino Mdio, pouco mais da metade dos alunos acessa a Internet pelo celular a partir da escola (53%).

    Familiaridade com computador e InternetA pesquisa TIC Educao investiga o uso de vrias atividades na Internet

    e o grau de dificuldade que este uso apresenta para os alunos de escolas brasileiras. Com isso, possvel discutir a familiaridade dos jovens com a tec-nologia e identificar diferentes tipos de uso. Entre as atividades realizadas na Internet, a busca de informaes on-line aquela com a qual os jovens esto mais familiarizados: 92% dos alunos declararam no possuir nenhuma dificul-dade para realiz-la. Embora muitos alunos no encontrem dificuldades em

    46% dos alunos acessam a Internet pelo celular. A proporo de alunos que acessam a Internet pelo celular dentro da escola de 38%.

    O uso da Internet por alunos brasileiros de Ensino Fundamental e Mdio

  • 30 | | NOVEMBRO | 2013

    buscar informaes na Internet, o desenvolvimento de habilidades e competncias (Alfabetizao Miditica e Informacional AMI) necessrias para o uso crtico das tecnologias ainda um desafio a ser enfrentado no Brasil: segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2012, menos da metade das crianas e adolescentes usurias de Internet (41%) declaram saber comparar diferentes sites para saber se as informaes so verdadeiras.

    Ainda considerando competncias de AMI, possvel identificar que os alunos esto menos familiarizados com atividades que se referem a gerao de contedo por usurios. Por exemplo, 23% das crianas e jovens declararam alguma dificul-dade para postar vdeos e filmes na Internet, enquanto 29% nunca realizaram esta prtica. Para criar ou atualizar blogs e pginas na Internet, a familiaridade com a atividade parece ser ainda menor: 30% dos alunos apresentaram alguma dificuldade, e 33% nunca realizaram esta atividade. importante mencionar que esta prtica mostra-se mais presente entre alunos de escola particular, j que quase metade (49%) declarou enfrentar nenhuma dificuldade para realiz-la.

    A participao em sites de relacionamento ou redes sociais, atividade recor-rente no cotidiano de alunos e que constituiu novo fenmeno social, bastante familiar entre os alunos. A maioria dos alunos brasileiros de Ensino Fundamental e Mdio (89%) declarou no ter nenhuma dificuldade para participar de redes sociais, possivelmente por ser uma atividade j integrada ao seu dia a dia. Vale ressaltar que esta proporo ainda superior entre alunos de escola particular: 97%. Atividades de comunicao, como uso do e-mail, mensagens instantne-as e as prprias redes sociais, so realizadas sem dificuldades pelos alunos brasileiros. Isso revela que, para tanto, os alunos j adquiriram habilidades tcnicas no uso das TIC, o que no implica necessariamente a existncia de competncias e habilidades para o uso crtico das TIC, em um mbito mais amplo, pertinentes a alfabetizao miditica e informacional.

    Atividades escolares com o apoio das TICTratando mais especificamente das atividades escolares, a maioria dos

    alunos usa o computador e a Internet para pesquisas para a escola (86%); em seguida, vm projetos ou trabalhos temticos, com meno por 76% dos alunos. Considerando-se o potencial das tecnologias para fomentar a dinmica colaborativa em meio educacional, a realizao de trabalhos em grupo uma atividade em que o emprego de tecnologias relativamente alto: 72% dos alunos usam o computador e a Internet para isso.

    De forma geral, a regio Sul do pas apresenta maior uso do computador e Internet para atividades escolares: 92% dos alunos utilizam as tecnologias para pesquisas escolares em relao a outras regies; e 83%, para trabalhos em grupo (Grfico 3). Alm disso, o perfil de uso do computador e da Internet revela que meninas utilizam mais as TIC para atividades escolares do que meninos, com exceo de jogos educativos enquanto 51% das alunas usam o computador e a Internet para isso, a proporo de 60% entre os garotos.

    41% dos usurios de Internet de 9 a 16 anos declaram saber comparar diferentes sites para saber se as informaes so verdadeiras.

    33% dos alunos nunca criaram ou atualizaram blogs e pginas na Internet.

    72% dos alunos usam o computador e a Internet para realizar trabalhos em grupo.

    /Panorama Setorial

  • 2013 | NOVEMBRO | | 31

    8692

    7683

    72

    83

    63 66

    55 52 5259

    2530

    1621

    5 3

    100

    80

    60

    40

    20

    10

    0 Participar

    de cursos a distncia

    Fazer pesquisa

    para a escola

    Fazer projetos ou

    trabalhos sobre um

    tema

    Trabalho em grupo

    Fazer lio/ Exerccios

    que o professor

    passa

    Jogar jogos

    educativos

    Fazer apresentaes

    para os colegas

    de classe

    Aprender com o

    professor a usar o

    computador e a Internet

    Falar com o professor

    pela Internet

    Total Sul

    GRFICO 3: PROPORO DE ALUNOS POR USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET NAS ATIVIDADES ESCOLARES, POR TOTAL E REGIO SUL

    Percentual sobre o total de alunos

    A atividade escolar menos realizada por alunos que usam o computador e a Internet participar de cursos a distncia: apenas 5% das crianas e adolescentes. Vale ressaltar que 7% dos alunos declararam no utilizar o computador ou a Internet para nenhuma atividade, e esta proporo maior no Nordeste (12%).

    Em relao ao local de uso, as atividades mais realizadas com o apoio do computador e da Internet so desenvolvidas principalmente em casa. Mais da metade dos alunos que usam as tecnologias para pesquisas escolares (64%) o faz em casa, em outro local (28%) e na escola (24%). A regio Sul tambm se destaca em relao ao uso das TIC na escola, sendo que a proporo de alunos que realizam alguma atividade escolar dentro da escola em mdia 20 pontos percentuais acima do total do Brasil (Tabela 1).

    Falar com o professor pela Internet

    Participar de cursos a distncia

    Fazer projetos ou trabalhos sobre um tema

    Fazer lio / Exerccios que o professor passa

    Fazer pesquisa para a escola

    Fazer apresen-taes para os colegas de classe

    Jogar jogos educati-vos

    Aprender com o professor a usar o compu-tador e a Internet

    Trabalho em grupo

    Em casa 77 70 66 67 64 52 60 20 56

    Na escola 11 15 24 24 24 40 24 72 36

    Em outro local 18 20 27 23 28 20 27 14 27

    TABELA 1: PROPORO DE ALUNOS POR LOCAL DE USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET NAS ATIVIDADES REALIZADASPercentual sobre o total de alunos que utilizaram computador

    ou Internet para realizar uma atividade escolar

    24% dos alunos fazem pesquisas escolares nas escolas. Em casa, essa proporo de 64%.

    Apenas 7% dos alunos declararam no usar o computador e a Internet para atividades escolares.

    O uso da Internet por alunos brasileiros de Ensino Fundamental e Mdio

  • 32 | | NOVEMBRO | 2013

    Ainda que apenas 25% dos alunos declarem utilizar o computador e a Internet para aprender a usar esses recursos com o professor, esta a principal atividade realizada dentro da escola, de acordo com 72% dos alunos.

    Esses dados permitem dizer que, apesar de os alunos utilizarem computador e Internet inclusive em atividades escolares, h um longo caminho a ser percorrido para a escola apropriar-se de fato dessas ferramentas para o processo pedaggico.

    A pesquisa TIC Educao busca fomentar o debate acerca da integrao das TIC prtica pedaggica, expondo os principais desafios do cenrio brasileiro. O pre-sente texto foi baseado nos resultados da terceira edio da pesquisa, realizada em 2012. A publicao completa, em verso bilngue, contendo o relatrio metodolgico, anlise de resultados, tabelas e artigos de especialistas, foi lanada em outubro de 2013. Para mais informaes, acesse: http://cetic.br/educacao/2012/index.htm.

    A dinmica do registro de nomes de domnio no mundo

    O ano de 2012 encerrou-se com uma base de mais de 252 milhes de no-mes de domnios registrados entre todos os Top-Level Domains (TLD), segundo o relatrio da Verisign (2013).

    A China (.cn) tem apresentado um comportamento distinto dos demais ccTLDs. No ranking dos maiores ccTLDs do mundo, o .cn encerrou 2010 na terceira posio, porm seguido de um perodo de reduo no total de domnios registrados que o levou ao stimo lugar em 2012. Contudo, no final de 2012, o nmero de registros voltou a crescer, posicionando a China em quarto, em julho de 2013 (ver Grfico 4).

    GRFICO 4: TOTAL DE NOMES DE DOMNIOS NA CHINA (NOV/2010 JUL/2013)

    Relatrio de Domnios

    8.000.000

    7.000.000

    6.000.000

    5.000.000

    4.000.000

    3.000.000

    2.000.000

    1.000.000

    0

    8

    7

    6

    5

    4

    3

    2

    1

    0

    Quantidade de domnios Ranking

    Qua

    ntid

    ade

    de d

    omn

    ios

    Rank

    ing

    nov/

    10de

    z/10

    jan/1

    1fev

    /11

    mar

    /11

    abr/1

    1m

    ai/11

    jun/1

    1jul

    /11

    ago/

    11se

    t/11

    out/1

    1no

    v/11

    dez/

    11jan

    /12

    fev/1

    2m

    ar/1

    2ab

    r/12

    mai/

    12jun

    /12

    jul/1

    2ag

    o/12

    set/1

    2ou

    t/12

    nov/

    12de

    z/12

    jan/1

    3fev

    /13

    mar

    /13

    abr/1

    3m

    ai/13

    jun/1

    3jul

    /13

    /Panorama Setorial

  • 2013 | NOVEMBRO | | 33

    Segundo a IANA (Internet Assigned Numbers Authority), at dezembro de 2012, havia um total de 280 extenses de ccTLDs delegadas s razes, incluindo os nomes de domnios internacionalizados. Os 10 principais ccTLDs, at esta data, representam 61% de todos os registros.

    O Panorama Setorial da Internet no Brasil monitora a quantidade de nomes de domnios registrados mensalmente entre os 16 maiores ccTLDs do mundo, contabilizando apenas registros sob o nome de pases. Segundo a Verisign, no final de 2012, o total de registros sob nome de pases ultrapassava a casa dos 110 milhes de domnios.

    No ranking de pases com as maiores bases de nomes de domnios, a disputa pelas primeiras colocaes est entre os domnios registrados sob Tokelau (.tk), com mais de 17 milhes de registros em julho de 2013, e Alemanha (.de), com mais de 15 milhes de registros no mesmo ms. O Reino Unido (.uk) fica na terceira posio, com mais de 10 milhes. Os demais ccTLDs registram nmeros abaixo de 8 milhes de domnios, como se observa na Tabela 2.

    Ranking ccTLD Domnios Ref. Fonte

    1 Tokelau (.tk) 17.725.853 jul/13 http://statdom.ru/global#27:attribute=tk

    2 Alemanha (.de) 15.505.360 jul/13 http://www.denic.de/

    3 Reino Unido (.uk) 10.531.480 jul/13 http://db.nominet.org.uk/

    4 China (.cn) 7.808.360 jul/13 http://www1.cnnic.cn/IS/CNym/CNymtjxxcx/

    5 Pases Baixos (.nl) 5.278.217 jul/13 https://www.sidn.nl/

    6 Rssia (.ru) 4.674.401 jul/13 http://cctld.ru/

    7 Unio Europeia (.eu) 3.729.017 jun/13 http://www.eurid.eu/

    8 Brasil (.br) 3.251.610 jul/13 http://registro.br/estatisticas.html

    9 Argentina (.ar) 2.900.000 jun/13 http://www.latinoamericann.org/

    10 Austrlia (.au) 2.710.769 jul/13 http://www.auda.org.au/

    11 Frana (.fr) 2.639.636 jul/13 http://www.afnic.fr/en/ressources/

    12 Itlia (.it) 2.586.640 jul/13 http://www.nic.it/

    13 Polnia (.pl) 2.457.125 jul/13 http://www.dns.pl/english/zonestats.html

    14 Canad (.ca) 2.103.345 jul/13 http://www.cira.ca/

    15 Estados Unidos (.us) 1.828.675 jul/13 http://www.whois.sc/internet-statistics/

    16 Sua (.ch) 1.795.635 jun/13 https://www.nic.ch/reg/cm/wcm-page/

    TABELA 2: RANKING DE REGISTRO DE NOMES DE DOMNIOS NO MUNDO JUL/2013

    17.725.85315.505.360

    10.460.1157.808.360

    5.278.2174.674.401

    3.729.0173.251.610

    2.900.0002.710.7692.639.6362.586.640

    2.457.1252.103.345

    1.828.6751.795.635

    Tokelau (.tk)Alemanha (.de)Reino Unido (.uk)China (.cn)Pases baixos (.nl)Rssia (.ru)Unio Europeia (.eu)Brasil (.br)Argentina (.ar)Austrlia (.au)Frana (.fr) Itlia (.it)Polnia (.pl)Canad (.ca)Estados Unidos (.us)Sua (.ch)

    GRFICO 5: TOTAL DE REGISTROS DE NOMES DE DOMNIOS NO MUNDO POR ccTLD JUL/2013 (em milhes)

    O ano de 2012 encerrou-se com uma base de mais de 252 milhes de nomes de domnios registrados entre todos os Top-Level Domains (TLD).

    O Brasil ocupa a oitava posio no ranking de registro de nomes de domnios no mundo.

    Relatrio de Domnios

  • 34 | | NOVEMBRO | 2013

    O Brasil (.br) ocupa a oitava posio no ranking, mas vem sofrendo leve flutuao desde o fim de 2010, quando ocupava o stimo lugar; chegou a ser o nono entre setembro e novembro de 2012, como se v no Grfico 6.

    10

    9

    8

    7

    6

    5

    4

    3

    2

    1

    0

    nov/

    10de

    z/10

    jan/1

    1fev

    /11

    mar

    /11

    abr/1

    1m

    ai/11

    jun/1

    1jul

    /11

    ago/

    11se

    t/11

    out/1

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    v/11

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    11jan

    /12

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    2m

    ar/1

    2ab

    r/12

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    12jun

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    jul/1

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    set/1

    2ou

    t/12

    nov/

    12de

    z/12

    jan/1

    3fev

    /13

    mar

    /13

    abr/1

    3m

    ai/13

    jun/1

    3jul

    /13

    GRFICO 6: RANKINGS ALCANADOS PELO .BR (NOV/2010 JUL/2013)

    O Brasil acumula 3,25 milhes de domnios registrados no segundo trimes-tre de 2013. A distribuio geogrfica desses registros pode ser observada por regio no Grfico 7. notvel a maior incidncia entre as regies Sudeste e Sul do pas. Isso pode estar associado maior penetrao de Internet nes-sas regies, como se observou na pesquisa TIC Domiclios 2012, em que a proporo de usurios de Internet de 55% no Sudeste e 53% no Sul. Outro ponto para observao a quantidade de empresas brasileiras que possuem website em cada regio. De acordo com a pesquisa TIC Empresas 2012, a maior porcentagem de empresas que possuem website est nas regies Sul e Sudeste: ambas com 58% de empresas de pequeno, mdio e grande porte.

    2%7%

    8%

    19% 65%

    Sudeste Sul Nordeste Centro-Oeste Norte

    GRFICO 7: TOTAL DE DOMNIOS .BR, POR REGIO JUL/2013

    A dinmica do registro de nomes de domnio no Brasil apresenta leve flutu-ao na taxa de crescimento. O segundo trimestre de 2013 apresentou cresci-mento de 1,8% em relao ao trimestre anterior (3,5%). O quarto trimestre de 2012 destaca-se com a menor taxa (0,8%), como mostra o Grfico 8.

    /Panorama Setorial

    A dinmica do registro de nomes de domnio no Brasil apresenta leve flutuao na taxa de crescimento no perodo de 2010 at julho de 2013.

  • 2013 | NOVEMBRO | | 35

    GRFICO 8: TAXA DE CRESCIMENTO TRIMESTRAL DE REGISTROS DE DOMNIOS SOB O .BR E NOVOS DOMNIOS (1T /2010 2T /2013)

    O nmero de nomes de domnios sob o .br passou, entre 2010 e o segundo trimes-tre de 2013 (um intervalo de dois anos e meio), de 2,3 milhes para 3,2 milhes.

    2.319.188

    2.740.309

    3.085.8423.251.6103.500.000

    3.000.000

    2.500.000

    2.000.000

    1.500.000

    1.000.000

    500.000

    02010 2011 2012 2013 (julho)

    GRFICO 9: TOTAL DE REGISTROS DE DOMNIOS AO ANO (2010-JUL/2013)

    O registro de Generic Top-Level Domais (gTLDs) tem ganhado visibilidade em pases onde os registros de primeiro nvel recebem maior destaque, como Alemanha e Frana, bem como em pases onde o alfabeto no originado do latim porm tende a permanecer o uso do ingls diariamente, como ocorre com a China e o Japo. Um exemplo o da Rssia, com mais de 800 mil registros.

    Os cinco principais gTLDs totalizam mais de 144 milhes do total de registros no segundo trimestre de 2013. O .com est em primeiro lugar de acordo com a Tabela 3.

    Ranking gTLD Domnios Ref. Fonte

    1 .com 109.940.401 jul/13 http://www.whois.sc/internet-statistics/

    2 .net 15.144.880 jul/13 http://www.whois.sc/internet-statistics/

    3 .org 10.357.713 jul/13 http://www.whois.sc/internet-statistics/

    4 .info 6.486.596 jul/13 http://www.whois.sc/internet-statistics/

    5 .biz 2.396.179 jul/13 http://www.whois.sc/internet-statistics/

    TABELA 3: REGISTRO DE NOMES ENTRE OS PRINCIPAIS GTLDS JUL/2013

    O ano de 2012 encerrou com a solicitao de 1.930 novos gTLDs ao ICANN (rgo que controla a distribuio de nomes na Internet). A aprovao dos primeiros novos domnios est prevista para o incio de 2014. O NIC.br participa com duas solicitaes: .bom e .final.

    76.776

    3,9%

    112.272 100.214

    180.679

    93.267

    134.874

    104.42983.551

    104.154 115.315 102.174 108.997

    56.771

    6%

    5%

    4%

    3%

    2%

    1%

    0%

    200.000180.000160.000140.000120.000100.000

    80.00060.00040.00020.000

    0

    5,5%

    4,7%

    3,6% 4,0%

    5,6%

    4,3%

    3,1%3,8%

    4,1%3,5%

    0,8%

    3,5%

    1,8%

    Novos domnios Taxa de crescimento

    Taxa

    de

    cres

    cimen

    to

    Quan

    tidad

    e de

    nov

    os d

    omn

    ios

    23.890

    1T10 2T10 3T10 4T10 1T11 2T11 3T11 4T11 1T12 2T12 3T12 4T12 1T13 2T13

    Nota - A anlise comparativa de de-sempenho de nomes de domnios ccTLDs e gTLDs deve levar em considerao os diferentes modelos de gesto de registros TLDs. Assim, a anlise do ranking de nmero de registros sob os TLDs deve conside-rar a diversidade de modelos de negcios existentes.

    Relatrio de Domnios

    Os cinco principais gTLDs totalizam mais de 144 milhes do total de registros no segundo trimestre de 2013.

  • 36 | | NOVEMBRO | 2013

    Segundo a IBM, 15 petabytes de dados so gerados todos os dias. Para o instituto Gartner, em 2015, sero 7,9 zettabytes de dados digitais, ou o equiva-lente a 493 bilhes de iPads, armazenando toda a informao da Internet. Mas, afinal, o que Big Data?

    Por essa miscelnea de contedos digitais que so gerados, compartilhados e consumidos por empresas, governos e pessoas, possvel definir Big Data como um conjunto de dados estruturados e no estruturados, disponveis em grandes quantidades, sendo, por sua vez, necessrias ferramentas especialmente preparadas para encontrar, analisar, tratar e aproveitar toda e qual