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Texto de Sofia de Ruival Ferreira apresentado no III Colóquio Português de Ourivesaria, realizado no Porto em 2012
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7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data
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Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data
III Colquio Portugus de Ourivesaria
Sofia de Ruival Ferreira
2012
7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data
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INDICE
Abreviaturas
Introduo
I - A coleco de intaglios da Antiguidade Clssica pertencentes ao prncipe Stanislas
Poniatowski (1754-1833).
II - A parceria entre Frederic Sptizer e Reinhold Vasters e a sua influncia na coleco
Rothschild.
III Peas de prata portuguesa com marcas falsas: Joo Coelho Sampaio/Domingos de
Sousa Coelho e Sebastio Jos se Sousa Pinto.
IV - Os irmos S. com lojas em Lisboa e no Algarve.
V - As cinco salvas portuguesas quinhentistas.
Bibliografia
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Abreviaturas
Col. - coleco
Dim. dimensesDiam dimetro
F.M.A. Fundao Medeiros e Almeida
Fot. - fotografia
Grs. gramas
H.C.B. Henrique Correia Braga
Inv. - inventrio
M. A. Fernando Moitinho de Almeida
M.N.A.A Museu Nacional Arte Antiga
P.N.A Palcio Nacional da Ajuda
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Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data
Introduo
Correspondendo ao convite do Dr. Gonalo Vasconcelos e Sousa para apresentar umacomunicao ao III Colquio Portugus de Ourivesaria, tenho o prazer de vos poder
alertar para um tema que tem sido "tabu" na histria da ourivesaria - dar a conhecer
algumas estrias, umas mais antigas e outras bem actuais, sobre o tema da falsificao e
as consequncias que da advm para a prpria ourivesaria como um todo.
Tendo conscincia de que este um dos aspectos mais ingratos em abordar, pois tem
sempre implcita uma denncia, mesmo que no intencional, de um acto que envolveu
pessoas concretas, com uma vertente criminal muito forte e onde as provas factuais dodolo quase sempre no existem ou so muito difceis de comprovar. S quando a nossa
profisso se torna ela prpria a "ltima instncia", e por definio um perito isso
mesmo, no h mais volta a dar nem fuga possvel - no veredicto final - falsificao ou
, ou no , mesmo sabendo que as Artes Decorativas no so, a preto e branco e que
um imenso oceano de cinzentos nos rodeia
A problemtica das falsificaes aqui abordada de uma forma restrita, centrando-me
nas vertentes mais relacionadas com o coleccionismo de artefactos de ourivesaria,analisando a sua suposta antiguidade, raridade e autoria dos mesmos.
Muito mais haveria para dizer, desde as falsificaes das grandes marcas comerciais,
s pedras falsas ou cuja aparncia foi manipulada, passando pelas inmeras falsificaes
de marcas de garantia de metal preciso que so apostas em artefactos cujos toques1
1 A expresso toque de corresponde na gria ao que podemos definir como sendo a percentagem de
metal precioso e de metal que compem as ligas usadas em joalharia. Por exemplo a liga de ouro que tem
de toque 18 quilates (kt), quer dizer que contm 75% de ouro e 25% de outros metais, que podem ser
prata, cobre, cdmio, ferro, paldio, zinco, nquel, aplicados em conjunto, ou no e em propores
variadas. Sero essas variaes nos metais que permitem criar ligas com diversas cores de ouro: ouro
branco; verde; rosa; etc. Quando se tem 100% de ouro diz-se que ele ouro de 24 kt., assim sendo para o
ouro de 18 kt., 75% de ouro tambm se pode dizer que tem 750 milsimas de ouro. A denominao
quilates apenas utilizada no ouro, enquanto que na prata e platina usada a designao de pureza emmilsimas.
so
inferiores ou nem vestgio de metal precioso possuem, caso dos adornos em ao
marcados como se de ouro branco se tratasse, encontrando-se estes exemplos mais no
mbito da contrafaco e falsificao em escala industrial.
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Desde sempre o homem tem copiado imagens e estilos de outros artistas. Foi prtica
comum at ao sculo XVI, como fazendo parte da formao acadmica de qualquer
artista, pois possua uma vertente cultural na forma como a arte era instruda. Essa arte
era leccionada em escolas tornando-se uma parte regular e essencial do curriculum de
cada estudante: imitar da melhor forma possvel uma obra de referncia. Esse facto
reflectia-se mais tarde no mercado das obras de arte, em que a identidade do autor da
obra tinha pouca importncia, ficando relegada para segundo plano, atribuindo-se o
papel principal parte esttica, referncia histrica e ou religiosa.
Trabalhando para mecenas importantes, at para a Igreja ou Estado, muitos foram
generosamente recompensados, sem se questionar se essas criaes seriam originais ou
meras reprodues.
Durante o Renascimento a redistribuio da riqueza no mundo, promoveu uma
enorme demanda de arte, por uma classe mdia mercantilista, instruda e prspera.
Corporaes de mestres artistas tornavam-se "fbricas" na criao de peas com intuito
de responder procura de comerciantes de arte, galerias e hastas pblicas.
O valor de determinada pea era atribudo segundo a sua autoria e assumida conforme
a qualidade e feitio do trabalho. Para terminar com confuses entre autoria de pea,
optou-se por assinar a obra ou aplicar-lhe uma marca nica identificativa. Como a
demanda por obras de arte ultrapassou a oferta, o uso indevido destas marcas e
assinaturas tornou-se preocupante, promovendo a criao de legislao no sentido de
assegurar ao comprador a veracidade da obra de arte que est a adquirir. A
especificidade da indstria e do comrcio de artefactos de metais preciosos fez com que,
ao longo dos sculos, o nmero de leis e regulamentos deste sector tenham sido dos
mais elevados dentro das artes e ofcios, devendo-se essencialmente, ao elevado valor
dos metais preciosos e ao fabrico dos artefactos com toques inferiores aos legais uma
vez que tais procedimentos ilcitos davam lugar a actividades bastante proveitosas,facilitadas pela incapacidade de distino por parte do comprador da qualidade
intrnseca desses artefactos.
A referncia ao mais antigo puno portugus encontra-se numa resposta de D.
Afonso V, a uma petio dos ourives da cidade do Porto, datada do final de Dezembro
de 1401, a essa marca de veriam juntar-se as marcas individuais dos ourives e do juiz do
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ofcio, para garantir a qualidade do metal empregue. Foi apenas em 1460 que os ourives
lisboetas adoptam esta legislao2
Agora, analisando esta questo por outra perspectiva, ser que todas as peas que
apresentam as marcas de ensaiador, juiz do ofcio e ourives, por si s garantem a sua
autenticidade?
.
At que ponto as cpias acadmicas do sc. XIX, com o desgaste de 100 anos podem
ser transaccionadas como peas de poca? E at que ponto legtimo comercializar
peas antigas com marcas fantasistas ou falsas?
Na histria das artes decorativas portuguesas existem alguns destes casos, uns mais
comentados que outros, mas existem em que dimenso?
O ttulo desta palestra incorpora ele prprio a ambiguidade de uma falsificao, sendo
que um falsificador no necessariamente o executante do objecto, e quem o executou
muitas vezes no tem o intuito de enganar, muitos dos objectos que genericamente
designamos por falsos so, isso sim, vendas de reprodues revivalistas, cujas
descries ou atribuies foram e so feitas de forma fraudulenta. Por uma questo de
proteo todos os nomes referente a processos ainda em fase de julgamento esto
abreviados.
Falemos agora de casos concretos europeus que de certa forma influenciaram o
revivalismo e falsificao de obras em Portugal.
I - A coleco de intaglios da Antiguidade Clssica pertencentes ao
prncipe Stanislas Poniatowski (1754-1833).
Este nobre polaco possua uma notvel coleco de 2600 pedras gravadas, na
generalidade intaglios da antiguidade clssica vendidas em Londres, na casa Christies
entre 29 Abril a 21 de Maio de 1839.
As sardnicas ou as gatas cornalinas, gemas gravadas vulgarmente conhecidas como
intaglios, foram muito apreciadas desde a antiguidade clssica at ao Renascimento,
perodo em os mestres gravadores, apercebendo-se da grande procura destas peas,
procuram igualar se no mesmo superar a qualidade da gravao dos clssicos. J
durante o sc. XIX, a produo continua mas no vista como falsificao, temos o
exemplo do mestre que assina sua obra em grego antigo, o que denota alguma erudio
2
ALMEIDA, Fernando Moitinho de Marcas de Pratas Portuguesas e Brasileiras (sculo XV a 1887),Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1995, p. 10.
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na criao daquela pea, para alm da qualidade dos desenhos dos intaglios. No existe
a ideia de falsificao mas sim a de fazer maneira de
Fig. 2 - Intaglio representando Apollo e Daphnena na margem do rio Peneus, assinado
GNAIOS, gata cornalina. Vendido por S.J. Phillips, Londres 21 de Abril de 2010, lote
89, preo de venda $6,250, pertencente extinta coleco de Stanislas Poniatowski.
direita alto-relevo do intaglio.
A falsificao foi apenas descoberta quando o comprador da coleco, o capito John
Tyrrell, pediu a um acadmico que fizesse um estudo sobre as peas, para as poder
vender3
Originalmente a coleco ter sido encomendada pelo prprio prncipe a uma srie de
belssimos gravadores que as criavam segundo os modelos clssicos, encomendas
orientadas pelo prprio prncipe e das quais no existem registos.
com substancial mais-valia. ai que as dvidas comearam a surgir: como seria
possvel haver peas to idnticas com origens to diferentes? Alm desse pormenor
faltava-lhes os defeitos e desgastes inerentes a um uso de 2000 anos.
Esta coleco acabou por ser desmembrada e vendida em 1881 para variados
compradores em todo o mundo, com valores muito inferiores ao que inicialmente as
peas lhe tinham custado, chegando cada intaglio a valer 2.
3
PRENDEVILLE, James -Explanatory catalogue of the proof-impressions of the antique gems possessedby the late Prince Poniatowski, and now in the possession of John Tyrrell, Londres, 1841, 2 volumes.
Fig. 1 - Intaglio representado Pandora
acompanhada por Mercrio, junto aEpimetheus, irmo de Prometheus, assinado
ASPASIOS, sardnica, Museum of Fine Arts,
Utah, n inv. 1952 142, pertencente extinta
coleco de Stanislas Poniatowski.
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II - A parceria entre Frederic Sptizer e Reinhold Vasters e a sua
influncia na coleco Rothschild.
As conquistas Napolenicas resultaram numa destruio sem precedentes de tesouros
por toda a Europa, diminuindo drasticamente o nmero de peas em existncia e o factode se refazerem fortunas viria a tornar a procura de peas muitssimo superior oferta.
neste ambiente que Frederic Spitzer (1815-1890), coleccionador e negociante,
consegue ter acesso a comerciantes e banqueiros endinheirados, incluindo a conceituada
famlia Rothschild4
Aproveito para salientar que a recriao de obras de arte por si s no ilegal, mas os
problemas surgem quando anexas a essas peas aparecem descries enganosamente
optimistas, e exibindo grandiosas provenincias, podem levar a erros de catalogao queperduram por sculos. Muitas destas incorreces so publicadas por entidades e
pessoas consideradas conhecedoras, que levam a que o erro no seja corrigido e de
tantas vezes repetido se torne verdade. O pensamento crtico e a constate actualizao
de informao so essenciais no campo das artes decorativas, pois o surgimento de
novos dados e o desmistificar de outros, podem fornecer pistas para descortinar o que
at ali no fazia completo sentido.
.
Atravs do seu salo de arte, Spitzer era visitado por uma nova elite endinheirada e
disposta a tudo para construir um passado real ou imaginrio, digno do seu novo
estatuto social. O ser verdadeiro ou falso era irrelevante face necessidade e urgncia
de ostentao.
4 BACKHAUS, Fritz The Last of the Court Jews Mayer Amschel Rothschild and His Sons . In The
From court Jews to the Rothschilds: art, patronage, and power: 1600-1800, MANN, Vivian B, COHEN,Richard I., BACKHAUS, Fritz, Jewish Museum, New York, 1996, pp. 79 a 95.
Fig. 3 Salo do palcio/museu n
33, Rue de Villejust em Paris de
Frederick Spitzer In
http://thiswritelife.wordpress.com/a
rt-and-history/
http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Richard+I.+Cohen%22http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Fritz+Backhaus%22http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Jewish+Museum+(New+York,+N.Y.)%22http://thiswritelife.wordpress.com/art-and-history/http://thiswritelife.wordpress.com/art-and-history/http://thiswritelife.wordpress.com/art-and-history/http://thiswritelife.wordpress.com/art-and-history/http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Jewish+Museum+(New+York,+N.Y.)%22http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Fritz+Backhaus%22http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Richard+I.+Cohen%227/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data
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ento que entra a figura de Reinhold Vasters (1827-1909)5
, abastado ourives dos
Pases Baixos, cujos conhecimentos culturais e artsticos, aliados a um virtuosismo
tcnico, permitiram recriar algumas das mais notveis peas renascentistas. Fez variadas
viagens pelo mundo, aonde adquiriu conhecimentos e tcnicas, que empregaria nas suas
obras. De facto no por acaso que peas deste ourives sejam dos poucos revivalismos
proibidas de ser vendidas ou sequer expostos na feira de Antiguidades de Maastricht.
A parceria entre a mestria de Vasters e a influncia social de Spitzer, permitiram a
criao de uma dupla que viria a criar obras invulgarmente extraordinria.
Muitas das peas de ourivesaria e joalharia presentes em variados museus pelo
mundo, esto actualmente a ser reavaliadas como revivalismos, especialmente depois da
descoberta de desenhos de Vasters, na biblioteca do museu V&A, adquiridos num leilo
em 1919, anotados com meticulosas instrues de Spitzer sobre as peas. Curioso o
facto de muitos dos desenhos terem correspondncia em peas atribudas ao
Renascimento e que fazem parte das melhores coleces pblicas e privadas do mundo.
Entre os compradores que frequentavam o salo de Spitzer, gostaramos de salientar
famlia Rotschild, cujas peas actualmente esto a ser reclassificadas, como por
exemplo uma salva de p alto, originalmente atribuda a Portugal, sc. XVI (n de
registo WB.99), existente no acervo do Britsch Museum, em que o prprio curador tem
dvidas sobre a data e local de origem da pea6
5 KRAUTWURST, Miriam Reinhold Vasters (1827-1909) an Aachen Catholic and Forger
Ecclesiastical and Sacral Goldsmiths Art for Church and Commerce, in Historicisnm and Cultural
Identity in the Rhine-Meuse Region, Wolfgang Cortjaens, Jan De Mayer & Rom Verschaffel, eds,
Leuven University Press, 2008, pp. 357 a 365.
.
6 Comentrio do curador da exposio: (...) Origin: Uncertain; no marks; previously attributed to a
German, Spanish or Portuguese workshop in second half of 16th century, but more probably made inParis (?) in mid-19th century. (...) Provenance: Baron Anselm von Rothschild, Vienna, before 1872.
Fig. 4 Salva de grandes dimenses em cristal de
rocha gravado, com aplicaes em prata dourada,
esmaltes e gemas, criada por Reinhold Vasters.
Retirado de Christies, leilo n 1563, Nova Iorque,
2005, lote 278
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A coleco de Frederic Spitzer foi vendida em 1892 mas dois anos antes publicou um
catlogo da sua coleco com a contribuio de vrios especialistas, composto por
quatro volumes ilustrados7
A famlia Rothchield no possua apenas peas criadas por Reinhold Vasters, tinha
tambm peas de Alfred Andr outro singular ourives, apresentado por Sptizer, que teve
a oportunidade de criar peas especificamente para as suas coleces. Na venda da
coleco Rothschild na leiloeira Sothebys em 2003 e 2007, foram devidamente
identificadas obras das falsificaes de Andr e Vasters, todas com sua histria
devidamente registada
.
8
Mas estes mestres no se limitaram a adulterar a histria, revolveram tambm
redesenhar peas segundo o ideal romntico do sc. XIX, ou seja criavam pastisches.
Uma das nossas investigaes levou-nos a perto de Paris, ao Museu da Renascena,
onde existe uma salva portuguesa do sc. XVI, decorada com a temtica da cena bblica
Judith e Holofernes cuja terminao do p troncocnico que foi desenhado por Vasters e
adaptado salva. Trata-se de uma base com trs esculturas de homens peludos
.
9
Hitherto it has been mistaken for the example from the Seillire and Spitzer Collections, sold in 1890
and 1893.Inhttp://www.britishmuseum.org;
http://www.vam.ac.uk/vastatic/microsites/hidden-treasures/html/HT_27.html; e
http://collections.vam.ac.uk/item/O126250/pendant/7 Vd. La collection Spitzer. Antiquit--moyen-gerenaissance, Frdric Spitzer (1815-1890); mile
Molinier (1857-1906); Alfred Darcel (1818-1893); Wilhelm Frhner (1834-1925), Maison Quantin,
1890-1893, 4 volumes.8http://www.telegraph.co.uk/culture/art/3608056/Can-you-spot-the-fake.html; e
http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2007/important-old-master-paintings-and-
european-works-of-art-n08282#/r=/en/ecat.fhtml.N08282.html+r.m=/en/ecat.lot.N08282.html/248/9 () ideao do selvagem cuja representao convencional se cristaliza num velho cone o homem
silvestre, peludo e coberto de folhagem. Assim o retratavam as artes decorativas quatrocentistas equinhentistas, cf. ARAUJO, Ana Cristina O maravilhoso mundo reencontrado na Amrica
Fig. 5 Salva em prata dourada. Acervo
da coleco do Britsch Museum em
Londres, n inventrio WB.99. Em baixo
pormenor da salva. Imagens retiradas dehttp://www.britishmuseum.org
http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/http://www.vam.ac.uk/vastatic/microsites/hidden-treasures/html/HT_27.htmlhttp://www.vam.ac.uk/vastatic/microsites/hidden-treasures/html/HT_27.htmlhttp://collections.vam.ac.uk/item/O126250/pendant/http://collections.vam.ac.uk/item/O126250/pendant/http://www.telegraph.co.uk/culture/art/3608056/Can-you-spot-the-fake.htmlhttp://www.telegraph.co.uk/culture/art/3608056/Can-you-spot-the-fake.htmlhttp://www.telegraph.co.uk/culture/art/3608056/Can-you-spot-the-fake.htmlhttp://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2007/important-old-master-paintings-and-european-works-of-art-n08282#/r=/en/ecat.fhtml.N08282.html+r.m=/en/ecat.lot.N08282.html/248/http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2007/important-old-master-paintings-and-european-works-of-art-n08282#/r=/en/ecat.fhtml.N08282.html+r.m=/en/ecat.lot.N08282.html/248/http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2007/important-old-master-paintings-and-european-works-of-art-n08282#/r=/en/ecat.fhtml.N08282.html+r.m=/en/ecat.lot.N08282.html/248/http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2007/important-old-master-paintings-and-european-works-of-art-n08282#/r=/en/ecat.fhtml.N08282.html+r.m=/en/ecat.lot.N08282.html/248/http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2007/important-old-master-paintings-and-european-works-of-art-n08282#/r=/en/ecat.fhtml.N08282.html+r.m=/en/ecat.lot.N08282.html/248/http://www.telegraph.co.uk/culture/art/3608056/Can-you-spot-the-fake.htmlhttp://collections.vam.ac.uk/item/O126250/pendant/http://www.vam.ac.uk/vastatic/microsites/hidden-treasures/html/HT_27.htmlhttp://www.britishmuseum.org/7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data
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ajoelhados, a suportar nas costas o p da salva. Esta alterao est documentada uma
vez que existem desenhos para o p desta pea. O ideal do bom selvagem ajoelhado
como que prestando vassalagem, sobre as ameias de um castelo, insere-se no
pensamento romntico e podendo ser considerado como de extremo patriotismo.
Ainda dentro da
temtica dos pastiches
temos o joalheiro
Fortunato Pio Castellani.
O seu cliente Giampietro Campana (marqus de Cavelli) ia adquirindo peas
arqueolgicas atravs dos penhores do banco Mont Piett dos Estados Papais10
. Muitas
peas eram entregues incompletas e Castellani recriava-as.
Portuguesa, in Estudos em Homenagem a Joo Francisco Marques, Porto, Faculdade de Letras
Universidade do Porto, 2001, 2 Vol., p. 172.10
Mont Piett dos Estados Papais funcionava como uma casa de penhores actual, emprestando dinheiro abaixo juro.
Fig. 6 Salva em prata dourada portuguesa Judite e
Holofernes, sc. XV, marcada, pertencente ao acervo do
Museu da Renascena em Ecuen, Frana, imagem cedida
por Muse National de la Renaissance / Chateau dEcouen.
Em baixo, base criada por Vasters (fot. Da autora).
Fig. 7 esquerda imagem do colar
composto por fragmentos de ouro e gata,
sc. XIX, realizado por Campana segundo
desenhos das escavaes arqueolgicas in
http://www.louvre.fr/llv/dossiers (fot. de
H.C.B.). direita o mesmo colar reposto
na forma original. Acervo V&A, n M.34-
2001.http://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/
http://www.louvre.fr/llv/dossiershttp://www.louvre.fr/llv/dossiershttp://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/http://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/http://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/http://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/http://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/http://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/http://www.louvre.fr/llv/dossiers7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data
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Observando o exemplo das imagens anteriores, vemos que o colar da esquerda fruto
da composio imaginada por Castelani segundo o que ele idealizava como sendo uma
pea da antiguidade clssica e direita temos a imagem do colar romano em fio de ouro
e ouro granulado, cravejado com 21 gatas cornalinas em forma de escaravelhos, tal
como seria originalmente.
Aproveito para deixar aqui uma nota sobre os fundamentais estudos em arqueometria
que a Dr. Maria Filomena Guerra, directora do Departamento de Pesquisa e Restauro
dos Museus Franceses, no Palcio do Louvre, tem publicado sobre estas matrias11
.
III Peas de prata portuguesa com marcas falsas: Joo Coelho
Sampaio/Domingos de Sousa Coelho e Sebastio Jos se Sousa Pinto.Passando agora para terreno nacional.
Outra falsa verdade a existncia de um ensaiador chamado Domingos Sousa
Coelho.
Muitas das peas falsas acabam por ser branqueadas com o passar dos anos, e
tantas vezes referenciadas em livros e textos, por pessoas a quem se reconhece
experincia, que permitem que no imaginrio colectivo passem a fazer parte de
determinada poca: Domingos de Sousa Coelho no era ensaiador e sim contraste ou
seja possua as mesmas funes que um avaliador da Casa da Moeda tem actualmente,
mas a m interpretao dos textos da poca levou a esta confuso entre contraste e
ensaiador12
Neste exemplo foi Laurindo Costa, que na sua publicao de 1926, atribui a marca de
ensaiador do Porto a este ourives, quando afirma () o contraste de prata do Porto,
Domingos de Sousa Coelho, que exerceu a profisso nos anos de 1758 a 1778.
. A figura de contraste tinha como funo fazer a avaliao das peas e o
ensaiador a de verificar a qualidade dos metais e ligas.
11 vd. entre outros:
http://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+mari
a+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-
PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false12 Domingos de Sousa Coelho foi nomeado a 8 de Maro de 1758 ( ) para o ofcio de contraste de
prata da cidade do Porto, sucedendo a Eusbio de Sousa de Azevedo. cf. SOUSA, Gonalo Vasconcelose Dicionrio de ourives e lavrantes da prata do Porto: 1750-1825, Civ. Editora, Porto, 2005, pp. 102.
http://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=falsehttp://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=falsehttp://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=falsehttp://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=falsehttp://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=falsehttp://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=falsehttp://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data
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Aps esta atribuio, a marca foi copiada algumas vezes em peas revivalistas e
aplicadas juntamente com as verdadeiras marcas da poca, como se o autor da pea
quisesse salientar a qualidade do seu prprio trabalho.
Devemos ter em conta o seguinte dado: desde o incio da existncia de ensaiadores
municipais, aps o interregno filipino, que existem duas dinastias de ensaiadores na
cidade do Porto, que vo de finais do sc. XVII at incio do sc. XIX, ou seja de 1694
at 1721 a famlia Couto de Azevedo seguida pela famlia Sampaio, at ao ano de
181013. Esta sucesso de informao que passa de pai para filho s pode ser justificada
pelo carcter algo inicitico da ourivesaria, e pela inevitvel aproximao entre os
distintos mestres e oficiais nas respectivas Corporaes e Confrarias, ditado pelos
Regimentos dos Ourives. A aprendizagem no se esgota no ensino terico, depende
principalmente da experincia emprica, do domnio das artes do fogo, e dos seus
variados segredos. O mestre Ensaiador, para garantir a sua sucesso tinha como
obrigao nomear seis aprendizes hbeis e inteligentes, que seriam presentes Casa
do Senado, aos quais mandar ensinar lies de ensaio e copela, tornando-os aptos a
ensaiar metal14
Conhecem-se algumas peas com falsas marcas de Joo Coelho Sampaio e a
indevidamente atribuda a Domingos de Sousa Coelho, aplicada junto de marcas Javali
do Porto (1887-1937) e do ourives Monteiro e Filhos. Das maiores oficinas de
.
13 Manuel do Couto de Azevedo activo entre 1694 at 1721, seguido pelo seu filho Joo do Couto de
Azevedo at 1768 ano em que morre e Joo Coelho Sampaio toma posse como ensaiador at 1784, data
em que morre, sendo substitudo pelo filho Jos Coelho Sampaio como ensaiador at 1810, cf. SOUSA,
Gonalo Vasconcelos e Dicionrio de ourives e lavrantes da prata do Porto: 1750-1825, Civilizao
Editora, Porto, 2005, pp. 457 a 471 e 553.14 Cf. COSTA, Laurindo -As Contrastarias em Portugal. Ed. Porto, 1926, p. 47.
Fig. 8 - Imagem retirada de COSTA, Laurindo - As
Contrastarias em Portugal. Ed. Porto, 1926, p. 91.
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ourivesaria em Portugal na transio do sculo XX, a casa Monteiro e Filhos, com
fbrica na Rua Campo 24 de Agosto no Porto, dedicou-se durante algum tempo ao
fabrico de peas ao gosto dos sc. XVII e XVIII, tais como salvas de parede e
tambuladeiras, aplicando nalguns casos as marcas antigas atrs mencionadas. Pelas
nossas mos passaram pelo menos dois exemplares.
Mais uma curiosidade em torno deste tipo de adulterao da realidade, Jos Manuel
Cruz Valdovinos, acadmico espanhol, apresentou numa publicao da sua autoria, uma
salva, marcada com contraste Javali usado durante o perodo de 1887 a 1937 e marca de
ourives de Joo Joaquim Monteiro activo entre 1887 a 194915
, apresentando-a num livro
de pratas europeias como sendo de Lisboa de finais do sc. XVII de um tal ourives Joo
lvares da Veiga.
15
VIDAL, Manuel Gonalves e ALMEIDA, Fernando Moitinho de Marcas de Contrastes e OurivesPortugueses (1887 a 1993), Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1996, Volume II, n 1941.
Fig. 9 Salva em prata portuguesa, contraste
Javali do Porto (1887-1937), marca de
ourives de Jos Joaquim Monteiro (1887-
1949), e marcas falsas de ensaiador do Porto
e do ourives Joo Coelho Sampaio. Dim. - 39
cm; Peso 706 grs. Col. particular, Lisboa.
Fig. 10 cf. CRUZ VALDOVINOS, Jos Manuel - Plateria Europea en Espaa, 1300-
1700, Fundacion Central Hispano, Madrid, 1997, pp. 363 a 364, n 125.
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Neste caso, para alm das marcas estarem fotografadas, e ser possvel identificar o
fabricante, a salva claramente umas das peas tpicas fabricadas nas oficinas da casa
Monteiros.
Outra marca inventada e com bastantes reprodues foi a de Sebastio Jos de
Sousa Pinto (reg. 1768). Esta marca que foi de um ourives do ouro e nunca da prata, foi
copiada pelo senhor Mesquita da ourivesaria Santa Filomena, junto do Jardim
Zoolgico, durante a dcada de 60 do sc. XX, que se entretinha a marcar peas antigas
sem marcas.
De facto muitas peas, especialmente as produzida no Brasil no possuam marcas, e
como tal, este fecundo terreno deu asas imaginao do Sr. Mesquita que por sua
iniciativa atribua autoria a essas peas apondo-lhes falsos punes. De seguida, essas
peas eram vendidas a importantes coleccionadores, eram fotografadas, identificadas e
publicadas por estudiosos, que as reconheciam como autnticas. A fig. 11 a
demonstrao dessa afirmao, pois segundo Reynaldo dos Santos ele prprio avaliza,
descrevendo-a da seguinte forma () representa s por si a obra de um ourives,
admirvel interprete do espirito da arte da sua poca Sebastio Jos de Sousa Pinto
(). Tinha um conceito de modelao diferente de Joo Coelho Sampaio, no superior
mas distinto16. Estamos perante peas que formalmente poderiam ser datadas do final
do sc. XVIII e de possvel fabrico brasileiro, quer pela sua dimenso como pela
temtica decorativa aplicada17
Deduz-se que as peas eram vendidas como sendo peas de poca, com marcas
verdadeiras que no levantavam suspeitas aos coleccionadores com poder de compra e
com interesse em adquirir peas raras.
.
16 SANTOS, Reynaldo dos e QUILH, Irene Ourivesaria Portuguesa nas Colees Particulares, 2a
edio revista e ampliada, Lisboa, 1974, p. 157.17
Tambm na publicao de Reynaldo dos Santos surge um gomil com tampa em estanho prateadoidentificado como prata, vd 2 vol, pp. 165 e 166, fig. 223.
Fig. 11 Lavanda e jarro em prata
brasileira (?), sc. XIX, retirado de
SANTOS, Reynaldo dos e QUILH,Irene Ourivesaria Portuguesa nas
Coleces Particulares, 2a edio
revista e ampliada, Lisboa, 1974, p.
157, fig. 206.
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A juntar a este enredo, tinha a vantagem de a sua filha trabalhar no jornal Dirio de
Noticias, e que gratuitamente conseguia com que muitas dessas raridades descobertas
pelo pai fossem amplamente divulgadas tanto a nvel nacional como internacional.
Curiosamente a falsificao da marca detectvel pelo erro de escala: a forma era
fcil de imitar, o contorno e contedos de fcil reproduo e o nome do ourives sonante.
A falha est apenas na falta de investigao, ou seja, Sebastio Jos de Sousa Pinto era
de facto ourives, mas do ouro e no da prata. Ora com to rgidos regulamentos, os
ourives no se permitiam alteraes no metal que trabalhavam como tambm era
socialmente impossvel a um ourives do ouro, fabricar ou ainda mais mandar puncionar
peas em prata18
Ainda dentro das peas vendidas na ourivesaria Santa Filomena, fomos chamados a
Bruxelas o ano passado para analisar e desenvolver um parecer sobre um par de
tambuladeiras e respectivas salvas gomadas.
.
Na leiloeira Pirre Berg & Associats foi vendido em 31 de Maio de 2011, o lote n
384, peas oriundas da coleco dos bares de Cabrol de Moute19: Ensemble en argent
compos d'une paire de plats prsentoirs ctes pinces. Au centre des armoiries
surmontes d'un heaume de chevalier (postrieures) et d'une paire de grandes coupes
dcor de cupules. Travail portugais, probablement Braga fi n du XVIIe sicle (pour les
plats). Travail portugais, Lisbonne XVIIIe sicle (pour les coupes). Poids total: 4,660
kg. Plats: D_41,5 cm coupes: H_11 cm D_21,5 cm20
.
18 Contendas entre as duas corporaes de Ofcios do ouro e da prata () que lhes seriam permitido
fabricar e vender () Quanto aos ourives do ouro no seria possvel vender qualquer pea em prata que
no seja esmaltada ou cravada com pedraria () Quanto aos ourives da prata no seria possvel vender
ou conservar qualquer objecto de ouro que no seja esmaltada e cravada com pedraria.18 LANGHANS,
Franz-Paul As Corporaes dos ofcios mecnico. Subsdios para a sua histria. Imprensa Nacional
Casa da Moeda. Volume I. Lisboa. 1943, p. 383 A unio dos dois ofcios numa s corporao teve lugar
apenas em 1868.19
http://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/8947171/Baronne-de-Cabrol.html20http://www.pba-auctions.com/html/fiche.jsp?id=1871192&np=9&lng=fr&npp=20&ordre=1&aff=1&r=
Fig. 12 Par de tambuladeiras e
respectivos pratos em prata, lote n 384,
vendido em 31 de Maio de 2011 em
Bruxelas na leiloeira Pirre Berg &
Associats.
http://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/8947171/Baronne-de-Cabrol.htmlhttp://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/8947171/Baronne-de-Cabrol.htmlhttp://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/8947171/Baronne-de-Cabrol.htmlhttp://www.pba-auctions.com/html/fiche.jsp?id=1871192&np=9&lng=fr&npp=20&ordre=1&aff=1&rhttp://www.pba-auctions.com/html/fiche.jsp?id=1871192&np=9&lng=fr&npp=20&ordre=1&aff=1&rhttp://www.pba-auctions.com/html/fiche.jsp?id=1871192&np=9&lng=fr&npp=20&ordre=1&aff=1&rhttp://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/8947171/Baronne-de-Cabrol.html7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data
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Tal como nos foi possvel analisar presencialmente, este par de salvas e de
tambuladeiras em prata, seriam sim fruto de trabalho portugus realizado durante as
dcadas de 60/70 do sc. XX, segundo modelos do sc. XVII/XVIII, marcadas com
punes falsos j como tal identificados no livro do Eng. Fernando Moitinho de
Almeida. Nas salvas gomadas a marca de ensaiador a correspondente a M.A. - Z6,
imitao de M.A. - B1 e a marca de ourives M.A. - Z15, imitao de M.A. - B36; por
sua vez nas tambuladeiras de gomos a marca de ensaiador falsa e a marca de ourives
corresponde ao M.A. - Z13, imitao de marca de Manuel Roque Ferro M.A. - L248.
Ser no nosso entender um lote de objectos em prata, fabricados no sc. XX, com
marcas falsas que pretendem alterar a sua datao e local de fabrico. Curiosamente
atestadas como antigas pela Casa da Moeda com marca de reconhecimento de valor
artstico ou arqueolgico Cabea de velho.
Em termos de marcas falsas a par de Joo Coelho Sampaio, tambm as marcas de
Manuel Roque Ferro tm sido plagiadas ao longo dos anos existindo variantes marca
atrs mencionada.
IV - Os irmos S. com lojas em Lisboa e no Algarve.
Em relao a falsificaes tambm so conhecidos os irmos S. com duas casas
abertas ao comrcio, uma em Lisboa na Rua de Santa Marinha a outra em Lagos.
Neste caso as peas navetas, paliteiros, caixas de rap e bandejas com tesoura de
Fig. 13 - Pormenor das marcas nas salvas: M. A. - Z6
e Z15. Fot. de H.C.B.
Fig. 15 Par de castiais de saia em
prata. Imagem retirada do catlogo da
venda da Coleco Sobral Mendes,
Silvas, em 11 de Maio de 2008, lote 280.
Dim. 21 cm; Peso 449 grs. Pormenor
das marcas falsas do Porto e de SebastioJos de Sousa Pinto. (Fot. de H.C.B.).
Fig. 14 - Pormenor das marcas nas tambuladeiras
marca de ensaiador e de reconhecimento Cabea de
velho e a marca de ourives M.A. - Z13. (Fot. de
H.C.B. .
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morres - eram vendidas com a inteno de enganar e no com a ideia de criar
revivalismos. Eram produzidas de raiz, feitas com boas tcnicas sendo as marcas de alta
perfeio, chegando mesmo a confundir os peritos, algumas dadas como verdadeiras.
Temos de pensar que o ourives, fabricante da pea, seria estimulado a fazer as peas de
determinada forma, muitas vezes dito antiga e como bom mestre que seria tinha
gosto em apresentar as peas bem-feitas, criadas segundo tcnicas antigas mas
(felizmente) com algumas incongruncias.
Pelos exemplares apresentados podemos afirmar que a sua produo centrava-se em
peas de coleco, em que a procura por modelos, decorao e at mesmo marcas
diferentes, garantia a sua venda.
VI - As cinco salvas portuguesas quinhentistas.
Faz cerca de um ano que se deu aquela que talvez seja a maior burla de sempre no
mercado nacional com pratas portuguesas: a venda de cinco salvas em prata, que
tentaram passar como sendo peas do sc. XVI e de origem lusa.
Tivemos antecipado conhecimento da sua existncia por nos ter sido pedido um
parecer com base em variadas fotografias a preto e branco. Nessa altura a nossa opinio
foi em benefcio da dvida apesar de apontarmos certas incongruncias decorativas, as
peas poderiam ser originais. Contudo advertimos que antes de haver qualquer tipo decompromisso para as comprar, deveria ser feita uma apreciao fsica das peas at
Fig. 18 Bandeja e tesoura de morres em prata
gomada, sc. XX, marcas falsas de ensaiador do
Porto e de LJF. Col. particular, Lisboa (fot. deH.C.B.).
Fig. 16 Caixa de rap em prata gravada, trabalho
do sc. XX, marcas falsas de ensaiador de Lisboa e
do ourives A Costa. Col. particular, Lisboa (fot. de
H.C.B.).
Fig. 17 Caixa de rap e paliteiro em
prata, com respectivas marcas falsas de
ensaiador do Porto e de ourives FB. Col.
particular, Lisboa (fot. de H.C.B.).
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pelos altos montantes envolvidos. Segue-se um perodo de cerca de 3 meses em que no
se falou mais nelas.
No final do ano de 2010, fomos chamados por outro coleccionador para dar uma
opinio sobre umas peas Quando nos deparmos com as ditas salvas, quase
impossvel descrever a decepo ao ver a m qualidade das falsificaes.
A pobre qualidade no trabalho da prata, a forma como esto lavradas, a incongruncia
decorativa, as marcas falsas, os falsos desgastes, entre outros pormenores, no nos
deixaram qualquer dvida sobre a fraude.
As fontes de inspirao foram vrias imagens de salvas reproduzidas no livro de
Reynaldo dos Santos Ourivesaria portuguesa nas coleces particulares. No geral as
peas no tm profundidade, quase que poderia dizer que so chapas de prata, a
qualidade do cinzel muito pobre, para alm de que o ourives resolveu misturar a seu
belo prazer elementos decorativos atpicos para a poca. Foi evidente a sua ingenuidade
na produo destas peas, mas o mesmo no podemos afirmar de quem as encomendou
e nem dos comerciantes que as transacionaram.
A fig. 22, reproduo da salva pertencente ex-coleco Comandante ErnestoVilhena (fig. 21) tem vrias contradies, sendo a mais divertida a interpretao da
cena que se encontra dividida por um leo e respectiva folhagem. O ourives ao copiar a
imagem no conseguiu entender o que estava desenhado naquele stio e optou por
cinzelar uma rvore que termina com uma cabea de ndio, curvada num ngulo de 90
graus! Por curiosidade posso referir que o coleccionador que comprou estas peas tem
na sua coleco a salva original de onde a falsificao foi inspirada!
Fig. 22. - Salva em prata, marcas falsas
de ensaiador de Lisboa e de ourives G3
ou GZ(?). Peso 543 grs., dim 29 cm
(fot. de H.C.B.)
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A salva da fig. 23 um decalque da pertencente coleco Barros e S 21
,
actualmente no acervo da M.N.A.A. A salva original, que possui marcas de prata,
cidade e fabricantes ingleses correspondentes ao ano de 1610, as quais foram
interpretadas como de importao, estar em vias de perder a sua classificao como
obra nacional.
21
SANTOS, Reynaldo dos e QUILH, Irene - Ourivesaria Portuguesa - Nas Coleces Particulares,Edio dos Autores, Lisboa, 1974, 2 Edio, pg. 134, fig. 162.
Fig 23 - Salva em prata, marcas falsas de ensaiador e
de juiz de ofcio de Lisboa e do ourives AK(?).
Peso 374,11 grs.; dim 25,2 x 0,9~1,2 cm.
(Fotos de H.C.B.)
Fig. 24 Salva em prata decorada com pontas de
diamante, marcas falsas de ensaiador de Lisboa e de
ourives IM.
Peso 488,28 grs., dim. 28,4x1~0,6 cm.
(Fotos de H.C.B.)
Fig. 21 Salva da ex-
coleco Comandante
Ernesto Vilhena, vendida
por Leiria & Nascimento
em 24 de Outubro de
2001, lote210.
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Por sua vez a salva da fig. 24, uma unio entre duas salvas da coleco dos
Viscondes Lee of Fareham22
. O ourives aplicou a decorao em ponta de diamante
por toda a salva, mas no centro como desenhar uma figura no simples, optou por
virar a pgina e anexar o floro da salva seguinte na parte central.
Tambm a salva da fig. 25 est reproduzida na publicao de Reynaldo dos Santos23,
ex-coleco Van Zeller Palha, vendida na Cabral Moncada Leiles em Outubro 2008,
lote 22024, mas as marcas presentes nesta pea so de um prateiro guatemalteco do sc.
XVI de nome Opiriz e a marca de ensaiador da cidade de Antgua. O nosso prateiro
escolheu mal qual a marca a copiar, pois embora tenham uns contornos relativamente
fceis de recriar, no so marcas portuguesas. Um anterior estudo aprofundado sobre o
prateiro Opiriz j nos tinha levado a encontrar mais duas peas da sua autoria: um clice
em prata dourada vendido na Sothebys25
Da salva de p alto troncocnico (fig.34) inspirada na salva de So Joo Evangelista
que participou em primeiro lugar na exposio da galeria Europart em So Paulo
e uma pxide existente no acervo do MNAA.
26 em
2002 e em seguida na exposio A Ourivesaria Portuguesa e os seus Mestres, no
Museu Soares dos Reis, entre Junho/Julho de 200727
22 Op. Cit., pp. 223 e 224, figs. 223 e 224.
, bastante curioso haver duas
salvas to idnticas em forma e decorao, provenientes do mesmo pas
23 Op. Cit., p. 116, fig. 137.24http://www.cml.pt/cml.nsf/artigos/9BCA7FC4173172E4802579110052684925 http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2008/european-silver-gold-boxes-and-objects-
of-vertu-pf8013#/r=/en/ecat.fhtml.PF8013.html+r.m=/en/ecat.lot.PF8013.html/171/26 Pea reproduzida no catlogo da galeria Espao Europart, www.obraprima.net, So Paulo, 2002, pp.
138 e 139, Bandeja de aparato (), sculo XVI, fragmento de contraste de Caravela ().27
A Ourivesaria Portuguesa e os seus Mestres catlogo da exposio no Museu Soares dos Reis emJunho/Julho de 2007, p. 152, Fig. 148.
Fig. 25. - Salva em prata, marcas falsas da Guatemala e
do ourives Opiriz.
Peso 432,36 grs; dim. 27 cm. (fot. de H.C.B.)
http://www.cml.pt/cml.nsf/artigos/9BCA7FC4173172E48025791100526849http://www.cml.pt/cml.nsf/artigos/9BCA7FC4173172E48025791100526849http://www.cml.pt/cml.nsf/artigos/9BCA7FC4173172E48025791100526849http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2008/european-silver-gold-boxes-and-objects-of-vertu-pf8013#/r=/en/ecat.fhtml.PF8013.html+r.m=/en/ecat.lot.PF8013.html/171/http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2008/european-silver-gold-boxes-and-objects-of-vertu-pf8013#/r=/en/ecat.fhtml.PF8013.html+r.m=/en/ecat.lot.PF8013.html/171/http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2008/european-silver-gold-boxes-and-objects-of-vertu-pf8013#/r=/en/ecat.fhtml.PF8013.html+r.m=/en/ecat.lot.PF8013.html/171/http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2008/european-silver-gold-boxes-and-objects-of-vertu-pf8013#/r=/en/ecat.fhtml.PF8013.html+r.m=/en/ecat.lot.PF8013.html/171/http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2008/european-silver-gold-boxes-and-objects-of-vertu-pf8013#/r=/en/ecat.fhtml.PF8013.html+r.m=/en/ecat.lot.PF8013.html/171/http://www.cml.pt/cml.nsf/artigos/9BCA7FC4173172E480257911005268497/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data
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Relativamente ao mau estado de conservao das peas, os riscos e acima de tudo
as cavilhas que sustentam os rasges intencionalmente provocados, foi-nos dito que o
coleccionador brasileiro tinha enviado as peas a um funileiro do Rio de Janeiro para
serem restauradasColeccionadores que possuem este tipo de peas com elevado valor
histrico, entregam-nas para restauro junto de entidades reconhecidas na rea de
conservao e restauro e nunca a um remendo.
Podemos concluir que as peas foram todas copiadas da mesma publicao
excepo da fig. 26. A qualidade da prata, a fundio, a modelao, o cinzel (ou falta
dele) e a forma como foi trabalhada, foram factores decisivos na sua classificao.Este negcio foi denunciado pelo comprador junto das entidades competentes: Casa
da Moeda de Lisboa e Policia Judiciria, que as apreenderam por serem peas chave na
demonstrao da burla, pois segundo o parecer da Casa da Moeda de Lisboa, aps
variados testes sobre as mesmas, inclusive ao material, as considerou actuais.
Fig 26 - Salva de p alto em prata, marcas falsas de
ensaiador e de juiz de ofcio do Porto e do ourives BN.
Peso 639 grs.; dim. - 9 x 25,2 cm (fot. de H.C.B.)
Fig 27. - Salva em prata, idntica anterior. Alt. 11 x
dimetro 23,5 cm, coleo particular. Foi comprada
em 2002 por um comerciante lisboeta.
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BIBLIOGRAFIA
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