Revivalismos ou Falsificações; Uma Questão de Data…

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Texto de Sofia de Ruival Ferreira apresentado no III Colóquio Português de Ourivesaria, realizado no Porto em 2012

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    Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data

    III Colquio Portugus de Ourivesaria

    Sofia de Ruival Ferreira

    2012

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    INDICE

    Abreviaturas

    Introduo

    I - A coleco de intaglios da Antiguidade Clssica pertencentes ao prncipe Stanislas

    Poniatowski (1754-1833).

    II - A parceria entre Frederic Sptizer e Reinhold Vasters e a sua influncia na coleco

    Rothschild.

    III Peas de prata portuguesa com marcas falsas: Joo Coelho Sampaio/Domingos de

    Sousa Coelho e Sebastio Jos se Sousa Pinto.

    IV - Os irmos S. com lojas em Lisboa e no Algarve.

    V - As cinco salvas portuguesas quinhentistas.

    Bibliografia

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    Abreviaturas

    Col. - coleco

    Dim. dimensesDiam dimetro

    F.M.A. Fundao Medeiros e Almeida

    Fot. - fotografia

    Grs. gramas

    H.C.B. Henrique Correia Braga

    Inv. - inventrio

    M. A. Fernando Moitinho de Almeida

    M.N.A.A Museu Nacional Arte Antiga

    P.N.A Palcio Nacional da Ajuda

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    Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data

    Introduo

    Correspondendo ao convite do Dr. Gonalo Vasconcelos e Sousa para apresentar umacomunicao ao III Colquio Portugus de Ourivesaria, tenho o prazer de vos poder

    alertar para um tema que tem sido "tabu" na histria da ourivesaria - dar a conhecer

    algumas estrias, umas mais antigas e outras bem actuais, sobre o tema da falsificao e

    as consequncias que da advm para a prpria ourivesaria como um todo.

    Tendo conscincia de que este um dos aspectos mais ingratos em abordar, pois tem

    sempre implcita uma denncia, mesmo que no intencional, de um acto que envolveu

    pessoas concretas, com uma vertente criminal muito forte e onde as provas factuais dodolo quase sempre no existem ou so muito difceis de comprovar. S quando a nossa

    profisso se torna ela prpria a "ltima instncia", e por definio um perito isso

    mesmo, no h mais volta a dar nem fuga possvel - no veredicto final - falsificao ou

    , ou no , mesmo sabendo que as Artes Decorativas no so, a preto e branco e que

    um imenso oceano de cinzentos nos rodeia

    A problemtica das falsificaes aqui abordada de uma forma restrita, centrando-me

    nas vertentes mais relacionadas com o coleccionismo de artefactos de ourivesaria,analisando a sua suposta antiguidade, raridade e autoria dos mesmos.

    Muito mais haveria para dizer, desde as falsificaes das grandes marcas comerciais,

    s pedras falsas ou cuja aparncia foi manipulada, passando pelas inmeras falsificaes

    de marcas de garantia de metal preciso que so apostas em artefactos cujos toques1

    1 A expresso toque de corresponde na gria ao que podemos definir como sendo a percentagem de

    metal precioso e de metal que compem as ligas usadas em joalharia. Por exemplo a liga de ouro que tem

    de toque 18 quilates (kt), quer dizer que contm 75% de ouro e 25% de outros metais, que podem ser

    prata, cobre, cdmio, ferro, paldio, zinco, nquel, aplicados em conjunto, ou no e em propores

    variadas. Sero essas variaes nos metais que permitem criar ligas com diversas cores de ouro: ouro

    branco; verde; rosa; etc. Quando se tem 100% de ouro diz-se que ele ouro de 24 kt., assim sendo para o

    ouro de 18 kt., 75% de ouro tambm se pode dizer que tem 750 milsimas de ouro. A denominao

    quilates apenas utilizada no ouro, enquanto que na prata e platina usada a designao de pureza emmilsimas.

    so

    inferiores ou nem vestgio de metal precioso possuem, caso dos adornos em ao

    marcados como se de ouro branco se tratasse, encontrando-se estes exemplos mais no

    mbito da contrafaco e falsificao em escala industrial.

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    Desde sempre o homem tem copiado imagens e estilos de outros artistas. Foi prtica

    comum at ao sculo XVI, como fazendo parte da formao acadmica de qualquer

    artista, pois possua uma vertente cultural na forma como a arte era instruda. Essa arte

    era leccionada em escolas tornando-se uma parte regular e essencial do curriculum de

    cada estudante: imitar da melhor forma possvel uma obra de referncia. Esse facto

    reflectia-se mais tarde no mercado das obras de arte, em que a identidade do autor da

    obra tinha pouca importncia, ficando relegada para segundo plano, atribuindo-se o

    papel principal parte esttica, referncia histrica e ou religiosa.

    Trabalhando para mecenas importantes, at para a Igreja ou Estado, muitos foram

    generosamente recompensados, sem se questionar se essas criaes seriam originais ou

    meras reprodues.

    Durante o Renascimento a redistribuio da riqueza no mundo, promoveu uma

    enorme demanda de arte, por uma classe mdia mercantilista, instruda e prspera.

    Corporaes de mestres artistas tornavam-se "fbricas" na criao de peas com intuito

    de responder procura de comerciantes de arte, galerias e hastas pblicas.

    O valor de determinada pea era atribudo segundo a sua autoria e assumida conforme

    a qualidade e feitio do trabalho. Para terminar com confuses entre autoria de pea,

    optou-se por assinar a obra ou aplicar-lhe uma marca nica identificativa. Como a

    demanda por obras de arte ultrapassou a oferta, o uso indevido destas marcas e

    assinaturas tornou-se preocupante, promovendo a criao de legislao no sentido de

    assegurar ao comprador a veracidade da obra de arte que est a adquirir. A

    especificidade da indstria e do comrcio de artefactos de metais preciosos fez com que,

    ao longo dos sculos, o nmero de leis e regulamentos deste sector tenham sido dos

    mais elevados dentro das artes e ofcios, devendo-se essencialmente, ao elevado valor

    dos metais preciosos e ao fabrico dos artefactos com toques inferiores aos legais uma

    vez que tais procedimentos ilcitos davam lugar a actividades bastante proveitosas,facilitadas pela incapacidade de distino por parte do comprador da qualidade

    intrnseca desses artefactos.

    A referncia ao mais antigo puno portugus encontra-se numa resposta de D.

    Afonso V, a uma petio dos ourives da cidade do Porto, datada do final de Dezembro

    de 1401, a essa marca de veriam juntar-se as marcas individuais dos ourives e do juiz do

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    ofcio, para garantir a qualidade do metal empregue. Foi apenas em 1460 que os ourives

    lisboetas adoptam esta legislao2

    Agora, analisando esta questo por outra perspectiva, ser que todas as peas que

    apresentam as marcas de ensaiador, juiz do ofcio e ourives, por si s garantem a sua

    autenticidade?

    .

    At que ponto as cpias acadmicas do sc. XIX, com o desgaste de 100 anos podem

    ser transaccionadas como peas de poca? E at que ponto legtimo comercializar

    peas antigas com marcas fantasistas ou falsas?

    Na histria das artes decorativas portuguesas existem alguns destes casos, uns mais

    comentados que outros, mas existem em que dimenso?

    O ttulo desta palestra incorpora ele prprio a ambiguidade de uma falsificao, sendo

    que um falsificador no necessariamente o executante do objecto, e quem o executou

    muitas vezes no tem o intuito de enganar, muitos dos objectos que genericamente

    designamos por falsos so, isso sim, vendas de reprodues revivalistas, cujas

    descries ou atribuies foram e so feitas de forma fraudulenta. Por uma questo de

    proteo todos os nomes referente a processos ainda em fase de julgamento esto

    abreviados.

    Falemos agora de casos concretos europeus que de certa forma influenciaram o

    revivalismo e falsificao de obras em Portugal.

    I - A coleco de intaglios da Antiguidade Clssica pertencentes ao

    prncipe Stanislas Poniatowski (1754-1833).

    Este nobre polaco possua uma notvel coleco de 2600 pedras gravadas, na

    generalidade intaglios da antiguidade clssica vendidas em Londres, na casa Christies

    entre 29 Abril a 21 de Maio de 1839.

    As sardnicas ou as gatas cornalinas, gemas gravadas vulgarmente conhecidas como

    intaglios, foram muito apreciadas desde a antiguidade clssica at ao Renascimento,

    perodo em os mestres gravadores, apercebendo-se da grande procura destas peas,

    procuram igualar se no mesmo superar a qualidade da gravao dos clssicos. J

    durante o sc. XIX, a produo continua mas no vista como falsificao, temos o

    exemplo do mestre que assina sua obra em grego antigo, o que denota alguma erudio

    2

    ALMEIDA, Fernando Moitinho de Marcas de Pratas Portuguesas e Brasileiras (sculo XV a 1887),Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1995, p. 10.

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    na criao daquela pea, para alm da qualidade dos desenhos dos intaglios. No existe

    a ideia de falsificao mas sim a de fazer maneira de

    Fig. 2 - Intaglio representando Apollo e Daphnena na margem do rio Peneus, assinado

    GNAIOS, gata cornalina. Vendido por S.J. Phillips, Londres 21 de Abril de 2010, lote

    89, preo de venda $6,250, pertencente extinta coleco de Stanislas Poniatowski.

    direita alto-relevo do intaglio.

    A falsificao foi apenas descoberta quando o comprador da coleco, o capito John

    Tyrrell, pediu a um acadmico que fizesse um estudo sobre as peas, para as poder

    vender3

    Originalmente a coleco ter sido encomendada pelo prprio prncipe a uma srie de

    belssimos gravadores que as criavam segundo os modelos clssicos, encomendas

    orientadas pelo prprio prncipe e das quais no existem registos.

    com substancial mais-valia. ai que as dvidas comearam a surgir: como seria

    possvel haver peas to idnticas com origens to diferentes? Alm desse pormenor

    faltava-lhes os defeitos e desgastes inerentes a um uso de 2000 anos.

    Esta coleco acabou por ser desmembrada e vendida em 1881 para variados

    compradores em todo o mundo, com valores muito inferiores ao que inicialmente as

    peas lhe tinham custado, chegando cada intaglio a valer 2.

    3

    PRENDEVILLE, James -Explanatory catalogue of the proof-impressions of the antique gems possessedby the late Prince Poniatowski, and now in the possession of John Tyrrell, Londres, 1841, 2 volumes.

    Fig. 1 - Intaglio representado Pandora

    acompanhada por Mercrio, junto aEpimetheus, irmo de Prometheus, assinado

    ASPASIOS, sardnica, Museum of Fine Arts,

    Utah, n inv. 1952 142, pertencente extinta

    coleco de Stanislas Poniatowski.

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    II - A parceria entre Frederic Sptizer e Reinhold Vasters e a sua

    influncia na coleco Rothschild.

    As conquistas Napolenicas resultaram numa destruio sem precedentes de tesouros

    por toda a Europa, diminuindo drasticamente o nmero de peas em existncia e o factode se refazerem fortunas viria a tornar a procura de peas muitssimo superior oferta.

    neste ambiente que Frederic Spitzer (1815-1890), coleccionador e negociante,

    consegue ter acesso a comerciantes e banqueiros endinheirados, incluindo a conceituada

    famlia Rothschild4

    Aproveito para salientar que a recriao de obras de arte por si s no ilegal, mas os

    problemas surgem quando anexas a essas peas aparecem descries enganosamente

    optimistas, e exibindo grandiosas provenincias, podem levar a erros de catalogao queperduram por sculos. Muitas destas incorreces so publicadas por entidades e

    pessoas consideradas conhecedoras, que levam a que o erro no seja corrigido e de

    tantas vezes repetido se torne verdade. O pensamento crtico e a constate actualizao

    de informao so essenciais no campo das artes decorativas, pois o surgimento de

    novos dados e o desmistificar de outros, podem fornecer pistas para descortinar o que

    at ali no fazia completo sentido.

    .

    Atravs do seu salo de arte, Spitzer era visitado por uma nova elite endinheirada e

    disposta a tudo para construir um passado real ou imaginrio, digno do seu novo

    estatuto social. O ser verdadeiro ou falso era irrelevante face necessidade e urgncia

    de ostentao.

    4 BACKHAUS, Fritz The Last of the Court Jews Mayer Amschel Rothschild and His Sons . In The

    From court Jews to the Rothschilds: art, patronage, and power: 1600-1800, MANN, Vivian B, COHEN,Richard I., BACKHAUS, Fritz, Jewish Museum, New York, 1996, pp. 79 a 95.

    Fig. 3 Salo do palcio/museu n

    33, Rue de Villejust em Paris de

    Frederick Spitzer In

    http://thiswritelife.wordpress.com/a

    rt-and-history/

    http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Richard+I.+Cohen%22http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Fritz+Backhaus%22http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Jewish+Museum+(New+York,+N.Y.)%22http://thiswritelife.wordpress.com/art-and-history/http://thiswritelife.wordpress.com/art-and-history/http://thiswritelife.wordpress.com/art-and-history/http://thiswritelife.wordpress.com/art-and-history/http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Jewish+Museum+(New+York,+N.Y.)%22http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Fritz+Backhaus%22http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Richard+I.+Cohen%22
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    ento que entra a figura de Reinhold Vasters (1827-1909)5

    , abastado ourives dos

    Pases Baixos, cujos conhecimentos culturais e artsticos, aliados a um virtuosismo

    tcnico, permitiram recriar algumas das mais notveis peas renascentistas. Fez variadas

    viagens pelo mundo, aonde adquiriu conhecimentos e tcnicas, que empregaria nas suas

    obras. De facto no por acaso que peas deste ourives sejam dos poucos revivalismos

    proibidas de ser vendidas ou sequer expostos na feira de Antiguidades de Maastricht.

    A parceria entre a mestria de Vasters e a influncia social de Spitzer, permitiram a

    criao de uma dupla que viria a criar obras invulgarmente extraordinria.

    Muitas das peas de ourivesaria e joalharia presentes em variados museus pelo

    mundo, esto actualmente a ser reavaliadas como revivalismos, especialmente depois da

    descoberta de desenhos de Vasters, na biblioteca do museu V&A, adquiridos num leilo

    em 1919, anotados com meticulosas instrues de Spitzer sobre as peas. Curioso o

    facto de muitos dos desenhos terem correspondncia em peas atribudas ao

    Renascimento e que fazem parte das melhores coleces pblicas e privadas do mundo.

    Entre os compradores que frequentavam o salo de Spitzer, gostaramos de salientar

    famlia Rotschild, cujas peas actualmente esto a ser reclassificadas, como por

    exemplo uma salva de p alto, originalmente atribuda a Portugal, sc. XVI (n de

    registo WB.99), existente no acervo do Britsch Museum, em que o prprio curador tem

    dvidas sobre a data e local de origem da pea6

    5 KRAUTWURST, Miriam Reinhold Vasters (1827-1909) an Aachen Catholic and Forger

    Ecclesiastical and Sacral Goldsmiths Art for Church and Commerce, in Historicisnm and Cultural

    Identity in the Rhine-Meuse Region, Wolfgang Cortjaens, Jan De Mayer & Rom Verschaffel, eds,

    Leuven University Press, 2008, pp. 357 a 365.

    .

    6 Comentrio do curador da exposio: (...) Origin: Uncertain; no marks; previously attributed to a

    German, Spanish or Portuguese workshop in second half of 16th century, but more probably made inParis (?) in mid-19th century. (...) Provenance: Baron Anselm von Rothschild, Vienna, before 1872.

    Fig. 4 Salva de grandes dimenses em cristal de

    rocha gravado, com aplicaes em prata dourada,

    esmaltes e gemas, criada por Reinhold Vasters.

    Retirado de Christies, leilo n 1563, Nova Iorque,

    2005, lote 278

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    A coleco de Frederic Spitzer foi vendida em 1892 mas dois anos antes publicou um

    catlogo da sua coleco com a contribuio de vrios especialistas, composto por

    quatro volumes ilustrados7

    A famlia Rothchield no possua apenas peas criadas por Reinhold Vasters, tinha

    tambm peas de Alfred Andr outro singular ourives, apresentado por Sptizer, que teve

    a oportunidade de criar peas especificamente para as suas coleces. Na venda da

    coleco Rothschild na leiloeira Sothebys em 2003 e 2007, foram devidamente

    identificadas obras das falsificaes de Andr e Vasters, todas com sua histria

    devidamente registada

    .

    8

    Mas estes mestres no se limitaram a adulterar a histria, revolveram tambm

    redesenhar peas segundo o ideal romntico do sc. XIX, ou seja criavam pastisches.

    Uma das nossas investigaes levou-nos a perto de Paris, ao Museu da Renascena,

    onde existe uma salva portuguesa do sc. XVI, decorada com a temtica da cena bblica

    Judith e Holofernes cuja terminao do p troncocnico que foi desenhado por Vasters e

    adaptado salva. Trata-se de uma base com trs esculturas de homens peludos

    .

    9

    Hitherto it has been mistaken for the example from the Seillire and Spitzer Collections, sold in 1890

    and 1893.Inhttp://www.britishmuseum.org;

    http://www.vam.ac.uk/vastatic/microsites/hidden-treasures/html/HT_27.html; e

    http://collections.vam.ac.uk/item/O126250/pendant/7 Vd. La collection Spitzer. Antiquit--moyen-gerenaissance, Frdric Spitzer (1815-1890); mile

    Molinier (1857-1906); Alfred Darcel (1818-1893); Wilhelm Frhner (1834-1925), Maison Quantin,

    1890-1893, 4 volumes.8http://www.telegraph.co.uk/culture/art/3608056/Can-you-spot-the-fake.html; e

    http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2007/important-old-master-paintings-and-

    european-works-of-art-n08282#/r=/en/ecat.fhtml.N08282.html+r.m=/en/ecat.lot.N08282.html/248/9 () ideao do selvagem cuja representao convencional se cristaliza num velho cone o homem

    silvestre, peludo e coberto de folhagem. Assim o retratavam as artes decorativas quatrocentistas equinhentistas, cf. ARAUJO, Ana Cristina O maravilhoso mundo reencontrado na Amrica

    Fig. 5 Salva em prata dourada. Acervo

    da coleco do Britsch Museum em

    Londres, n inventrio WB.99. Em baixo

    pormenor da salva. Imagens retiradas dehttp://www.britishmuseum.org

    http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/http://www.vam.ac.uk/vastatic/microsites/hidden-treasures/html/HT_27.htmlhttp://www.vam.ac.uk/vastatic/microsites/hidden-treasures/html/HT_27.htmlhttp://collections.vam.ac.uk/item/O126250/pendant/http://collections.vam.ac.uk/item/O126250/pendant/http://www.telegraph.co.uk/culture/art/3608056/Can-you-spot-the-fake.htmlhttp://www.telegraph.co.uk/culture/art/3608056/Can-you-spot-the-fake.htmlhttp://www.telegraph.co.uk/culture/art/3608056/Can-you-spot-the-fake.htmlhttp://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2007/important-old-master-paintings-and-european-works-of-art-n08282#/r=/en/ecat.fhtml.N08282.html+r.m=/en/ecat.lot.N08282.html/248/http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2007/important-old-master-paintings-and-european-works-of-art-n08282#/r=/en/ecat.fhtml.N08282.html+r.m=/en/ecat.lot.N08282.html/248/http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2007/important-old-master-paintings-and-european-works-of-art-n08282#/r=/en/ecat.fhtml.N08282.html+r.m=/en/ecat.lot.N08282.html/248/http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2007/important-old-master-paintings-and-european-works-of-art-n08282#/r=/en/ecat.fhtml.N08282.html+r.m=/en/ecat.lot.N08282.html/248/http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2007/important-old-master-paintings-and-european-works-of-art-n08282#/r=/en/ecat.fhtml.N08282.html+r.m=/en/ecat.lot.N08282.html/248/http://www.telegraph.co.uk/culture/art/3608056/Can-you-spot-the-fake.htmlhttp://collections.vam.ac.uk/item/O126250/pendant/http://www.vam.ac.uk/vastatic/microsites/hidden-treasures/html/HT_27.htmlhttp://www.britishmuseum.org/
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    ajoelhados, a suportar nas costas o p da salva. Esta alterao est documentada uma

    vez que existem desenhos para o p desta pea. O ideal do bom selvagem ajoelhado

    como que prestando vassalagem, sobre as ameias de um castelo, insere-se no

    pensamento romntico e podendo ser considerado como de extremo patriotismo.

    Ainda dentro da

    temtica dos pastiches

    temos o joalheiro

    Fortunato Pio Castellani.

    O seu cliente Giampietro Campana (marqus de Cavelli) ia adquirindo peas

    arqueolgicas atravs dos penhores do banco Mont Piett dos Estados Papais10

    . Muitas

    peas eram entregues incompletas e Castellani recriava-as.

    Portuguesa, in Estudos em Homenagem a Joo Francisco Marques, Porto, Faculdade de Letras

    Universidade do Porto, 2001, 2 Vol., p. 172.10

    Mont Piett dos Estados Papais funcionava como uma casa de penhores actual, emprestando dinheiro abaixo juro.

    Fig. 6 Salva em prata dourada portuguesa Judite e

    Holofernes, sc. XV, marcada, pertencente ao acervo do

    Museu da Renascena em Ecuen, Frana, imagem cedida

    por Muse National de la Renaissance / Chateau dEcouen.

    Em baixo, base criada por Vasters (fot. Da autora).

    Fig. 7 esquerda imagem do colar

    composto por fragmentos de ouro e gata,

    sc. XIX, realizado por Campana segundo

    desenhos das escavaes arqueolgicas in

    http://www.louvre.fr/llv/dossiers (fot. de

    H.C.B.). direita o mesmo colar reposto

    na forma original. Acervo V&A, n M.34-

    2001.http://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/

    http://www.louvre.fr/llv/dossiershttp://www.louvre.fr/llv/dossiershttp://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/http://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/http://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/http://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/http://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/http://collections.vam.ac.uk/item/O63858/necklace/http://www.louvre.fr/llv/dossiers
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    Observando o exemplo das imagens anteriores, vemos que o colar da esquerda fruto

    da composio imaginada por Castelani segundo o que ele idealizava como sendo uma

    pea da antiguidade clssica e direita temos a imagem do colar romano em fio de ouro

    e ouro granulado, cravejado com 21 gatas cornalinas em forma de escaravelhos, tal

    como seria originalmente.

    Aproveito para deixar aqui uma nota sobre os fundamentais estudos em arqueometria

    que a Dr. Maria Filomena Guerra, directora do Departamento de Pesquisa e Restauro

    dos Museus Franceses, no Palcio do Louvre, tem publicado sobre estas matrias11

    .

    III Peas de prata portuguesa com marcas falsas: Joo Coelho

    Sampaio/Domingos de Sousa Coelho e Sebastio Jos se Sousa Pinto.Passando agora para terreno nacional.

    Outra falsa verdade a existncia de um ensaiador chamado Domingos Sousa

    Coelho.

    Muitas das peas falsas acabam por ser branqueadas com o passar dos anos, e

    tantas vezes referenciadas em livros e textos, por pessoas a quem se reconhece

    experincia, que permitem que no imaginrio colectivo passem a fazer parte de

    determinada poca: Domingos de Sousa Coelho no era ensaiador e sim contraste ou

    seja possua as mesmas funes que um avaliador da Casa da Moeda tem actualmente,

    mas a m interpretao dos textos da poca levou a esta confuso entre contraste e

    ensaiador12

    Neste exemplo foi Laurindo Costa, que na sua publicao de 1926, atribui a marca de

    ensaiador do Porto a este ourives, quando afirma () o contraste de prata do Porto,

    Domingos de Sousa Coelho, que exerceu a profisso nos anos de 1758 a 1778.

    . A figura de contraste tinha como funo fazer a avaliao das peas e o

    ensaiador a de verificar a qualidade dos metais e ligas.

    11 vd. entre outros:

    http://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+mari

    a+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-

    PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false12 Domingos de Sousa Coelho foi nomeado a 8 de Maro de 1758 ( ) para o ofcio de contraste de

    prata da cidade do Porto, sucedendo a Eusbio de Sousa de Azevedo. cf. SOUSA, Gonalo Vasconcelose Dicionrio de ourives e lavrantes da prata do Porto: 1750-1825, Civ. Editora, Porto, 2005, pp. 102.

    http://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=falsehttp://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=falsehttp://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=falsehttp://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=falsehttp://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=falsehttp://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=falsehttp://books.google.pt/books?id=V4_SGwWIXsYC&pg=PA103&lpg=PA103&dq=de+re+metallica+maria+filomena+guerra&source=bl&ots=1RxTq6bu3n&sig=8OpvZvenbyr7lYOmfj3ZppYKr80&hl=pt-PT&sa=X&ei=W-cFT73_FaOM4gSS4dCNCA&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false
  • 7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data

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    Aps esta atribuio, a marca foi copiada algumas vezes em peas revivalistas e

    aplicadas juntamente com as verdadeiras marcas da poca, como se o autor da pea

    quisesse salientar a qualidade do seu prprio trabalho.

    Devemos ter em conta o seguinte dado: desde o incio da existncia de ensaiadores

    municipais, aps o interregno filipino, que existem duas dinastias de ensaiadores na

    cidade do Porto, que vo de finais do sc. XVII at incio do sc. XIX, ou seja de 1694

    at 1721 a famlia Couto de Azevedo seguida pela famlia Sampaio, at ao ano de

    181013. Esta sucesso de informao que passa de pai para filho s pode ser justificada

    pelo carcter algo inicitico da ourivesaria, e pela inevitvel aproximao entre os

    distintos mestres e oficiais nas respectivas Corporaes e Confrarias, ditado pelos

    Regimentos dos Ourives. A aprendizagem no se esgota no ensino terico, depende

    principalmente da experincia emprica, do domnio das artes do fogo, e dos seus

    variados segredos. O mestre Ensaiador, para garantir a sua sucesso tinha como

    obrigao nomear seis aprendizes hbeis e inteligentes, que seriam presentes Casa

    do Senado, aos quais mandar ensinar lies de ensaio e copela, tornando-os aptos a

    ensaiar metal14

    Conhecem-se algumas peas com falsas marcas de Joo Coelho Sampaio e a

    indevidamente atribuda a Domingos de Sousa Coelho, aplicada junto de marcas Javali

    do Porto (1887-1937) e do ourives Monteiro e Filhos. Das maiores oficinas de

    .

    13 Manuel do Couto de Azevedo activo entre 1694 at 1721, seguido pelo seu filho Joo do Couto de

    Azevedo at 1768 ano em que morre e Joo Coelho Sampaio toma posse como ensaiador at 1784, data

    em que morre, sendo substitudo pelo filho Jos Coelho Sampaio como ensaiador at 1810, cf. SOUSA,

    Gonalo Vasconcelos e Dicionrio de ourives e lavrantes da prata do Porto: 1750-1825, Civilizao

    Editora, Porto, 2005, pp. 457 a 471 e 553.14 Cf. COSTA, Laurindo -As Contrastarias em Portugal. Ed. Porto, 1926, p. 47.

    Fig. 8 - Imagem retirada de COSTA, Laurindo - As

    Contrastarias em Portugal. Ed. Porto, 1926, p. 91.

  • 7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data

    14/26

    ourivesaria em Portugal na transio do sculo XX, a casa Monteiro e Filhos, com

    fbrica na Rua Campo 24 de Agosto no Porto, dedicou-se durante algum tempo ao

    fabrico de peas ao gosto dos sc. XVII e XVIII, tais como salvas de parede e

    tambuladeiras, aplicando nalguns casos as marcas antigas atrs mencionadas. Pelas

    nossas mos passaram pelo menos dois exemplares.

    Mais uma curiosidade em torno deste tipo de adulterao da realidade, Jos Manuel

    Cruz Valdovinos, acadmico espanhol, apresentou numa publicao da sua autoria, uma

    salva, marcada com contraste Javali usado durante o perodo de 1887 a 1937 e marca de

    ourives de Joo Joaquim Monteiro activo entre 1887 a 194915

    , apresentando-a num livro

    de pratas europeias como sendo de Lisboa de finais do sc. XVII de um tal ourives Joo

    lvares da Veiga.

    15

    VIDAL, Manuel Gonalves e ALMEIDA, Fernando Moitinho de Marcas de Contrastes e OurivesPortugueses (1887 a 1993), Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1996, Volume II, n 1941.

    Fig. 9 Salva em prata portuguesa, contraste

    Javali do Porto (1887-1937), marca de

    ourives de Jos Joaquim Monteiro (1887-

    1949), e marcas falsas de ensaiador do Porto

    e do ourives Joo Coelho Sampaio. Dim. - 39

    cm; Peso 706 grs. Col. particular, Lisboa.

    Fig. 10 cf. CRUZ VALDOVINOS, Jos Manuel - Plateria Europea en Espaa, 1300-

    1700, Fundacion Central Hispano, Madrid, 1997, pp. 363 a 364, n 125.

  • 7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data

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    Neste caso, para alm das marcas estarem fotografadas, e ser possvel identificar o

    fabricante, a salva claramente umas das peas tpicas fabricadas nas oficinas da casa

    Monteiros.

    Outra marca inventada e com bastantes reprodues foi a de Sebastio Jos de

    Sousa Pinto (reg. 1768). Esta marca que foi de um ourives do ouro e nunca da prata, foi

    copiada pelo senhor Mesquita da ourivesaria Santa Filomena, junto do Jardim

    Zoolgico, durante a dcada de 60 do sc. XX, que se entretinha a marcar peas antigas

    sem marcas.

    De facto muitas peas, especialmente as produzida no Brasil no possuam marcas, e

    como tal, este fecundo terreno deu asas imaginao do Sr. Mesquita que por sua

    iniciativa atribua autoria a essas peas apondo-lhes falsos punes. De seguida, essas

    peas eram vendidas a importantes coleccionadores, eram fotografadas, identificadas e

    publicadas por estudiosos, que as reconheciam como autnticas. A fig. 11 a

    demonstrao dessa afirmao, pois segundo Reynaldo dos Santos ele prprio avaliza,

    descrevendo-a da seguinte forma () representa s por si a obra de um ourives,

    admirvel interprete do espirito da arte da sua poca Sebastio Jos de Sousa Pinto

    (). Tinha um conceito de modelao diferente de Joo Coelho Sampaio, no superior

    mas distinto16. Estamos perante peas que formalmente poderiam ser datadas do final

    do sc. XVIII e de possvel fabrico brasileiro, quer pela sua dimenso como pela

    temtica decorativa aplicada17

    Deduz-se que as peas eram vendidas como sendo peas de poca, com marcas

    verdadeiras que no levantavam suspeitas aos coleccionadores com poder de compra e

    com interesse em adquirir peas raras.

    .

    16 SANTOS, Reynaldo dos e QUILH, Irene Ourivesaria Portuguesa nas Colees Particulares, 2a

    edio revista e ampliada, Lisboa, 1974, p. 157.17

    Tambm na publicao de Reynaldo dos Santos surge um gomil com tampa em estanho prateadoidentificado como prata, vd 2 vol, pp. 165 e 166, fig. 223.

    Fig. 11 Lavanda e jarro em prata

    brasileira (?), sc. XIX, retirado de

    SANTOS, Reynaldo dos e QUILH,Irene Ourivesaria Portuguesa nas

    Coleces Particulares, 2a edio

    revista e ampliada, Lisboa, 1974, p.

    157, fig. 206.

  • 7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data

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    A juntar a este enredo, tinha a vantagem de a sua filha trabalhar no jornal Dirio de

    Noticias, e que gratuitamente conseguia com que muitas dessas raridades descobertas

    pelo pai fossem amplamente divulgadas tanto a nvel nacional como internacional.

    Curiosamente a falsificao da marca detectvel pelo erro de escala: a forma era

    fcil de imitar, o contorno e contedos de fcil reproduo e o nome do ourives sonante.

    A falha est apenas na falta de investigao, ou seja, Sebastio Jos de Sousa Pinto era

    de facto ourives, mas do ouro e no da prata. Ora com to rgidos regulamentos, os

    ourives no se permitiam alteraes no metal que trabalhavam como tambm era

    socialmente impossvel a um ourives do ouro, fabricar ou ainda mais mandar puncionar

    peas em prata18

    Ainda dentro das peas vendidas na ourivesaria Santa Filomena, fomos chamados a

    Bruxelas o ano passado para analisar e desenvolver um parecer sobre um par de

    tambuladeiras e respectivas salvas gomadas.

    .

    Na leiloeira Pirre Berg & Associats foi vendido em 31 de Maio de 2011, o lote n

    384, peas oriundas da coleco dos bares de Cabrol de Moute19: Ensemble en argent

    compos d'une paire de plats prsentoirs ctes pinces. Au centre des armoiries

    surmontes d'un heaume de chevalier (postrieures) et d'une paire de grandes coupes

    dcor de cupules. Travail portugais, probablement Braga fi n du XVIIe sicle (pour les

    plats). Travail portugais, Lisbonne XVIIIe sicle (pour les coupes). Poids total: 4,660

    kg. Plats: D_41,5 cm coupes: H_11 cm D_21,5 cm20

    .

    18 Contendas entre as duas corporaes de Ofcios do ouro e da prata () que lhes seriam permitido

    fabricar e vender () Quanto aos ourives do ouro no seria possvel vender qualquer pea em prata que

    no seja esmaltada ou cravada com pedraria () Quanto aos ourives da prata no seria possvel vender

    ou conservar qualquer objecto de ouro que no seja esmaltada e cravada com pedraria.18 LANGHANS,

    Franz-Paul As Corporaes dos ofcios mecnico. Subsdios para a sua histria. Imprensa Nacional

    Casa da Moeda. Volume I. Lisboa. 1943, p. 383 A unio dos dois ofcios numa s corporao teve lugar

    apenas em 1868.19

    http://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/8947171/Baronne-de-Cabrol.html20http://www.pba-auctions.com/html/fiche.jsp?id=1871192&np=9&lng=fr&npp=20&ordre=1&aff=1&r=

    Fig. 12 Par de tambuladeiras e

    respectivos pratos em prata, lote n 384,

    vendido em 31 de Maio de 2011 em

    Bruxelas na leiloeira Pirre Berg &

    Associats.

    http://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/8947171/Baronne-de-Cabrol.htmlhttp://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/8947171/Baronne-de-Cabrol.htmlhttp://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/8947171/Baronne-de-Cabrol.htmlhttp://www.pba-auctions.com/html/fiche.jsp?id=1871192&np=9&lng=fr&npp=20&ordre=1&aff=1&rhttp://www.pba-auctions.com/html/fiche.jsp?id=1871192&np=9&lng=fr&npp=20&ordre=1&aff=1&rhttp://www.pba-auctions.com/html/fiche.jsp?id=1871192&np=9&lng=fr&npp=20&ordre=1&aff=1&rhttp://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/8947171/Baronne-de-Cabrol.html
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    Tal como nos foi possvel analisar presencialmente, este par de salvas e de

    tambuladeiras em prata, seriam sim fruto de trabalho portugus realizado durante as

    dcadas de 60/70 do sc. XX, segundo modelos do sc. XVII/XVIII, marcadas com

    punes falsos j como tal identificados no livro do Eng. Fernando Moitinho de

    Almeida. Nas salvas gomadas a marca de ensaiador a correspondente a M.A. - Z6,

    imitao de M.A. - B1 e a marca de ourives M.A. - Z15, imitao de M.A. - B36; por

    sua vez nas tambuladeiras de gomos a marca de ensaiador falsa e a marca de ourives

    corresponde ao M.A. - Z13, imitao de marca de Manuel Roque Ferro M.A. - L248.

    Ser no nosso entender um lote de objectos em prata, fabricados no sc. XX, com

    marcas falsas que pretendem alterar a sua datao e local de fabrico. Curiosamente

    atestadas como antigas pela Casa da Moeda com marca de reconhecimento de valor

    artstico ou arqueolgico Cabea de velho.

    Em termos de marcas falsas a par de Joo Coelho Sampaio, tambm as marcas de

    Manuel Roque Ferro tm sido plagiadas ao longo dos anos existindo variantes marca

    atrs mencionada.

    IV - Os irmos S. com lojas em Lisboa e no Algarve.

    Em relao a falsificaes tambm so conhecidos os irmos S. com duas casas

    abertas ao comrcio, uma em Lisboa na Rua de Santa Marinha a outra em Lagos.

    Neste caso as peas navetas, paliteiros, caixas de rap e bandejas com tesoura de

    Fig. 13 - Pormenor das marcas nas salvas: M. A. - Z6

    e Z15. Fot. de H.C.B.

    Fig. 15 Par de castiais de saia em

    prata. Imagem retirada do catlogo da

    venda da Coleco Sobral Mendes,

    Silvas, em 11 de Maio de 2008, lote 280.

    Dim. 21 cm; Peso 449 grs. Pormenor

    das marcas falsas do Porto e de SebastioJos de Sousa Pinto. (Fot. de H.C.B.).

    Fig. 14 - Pormenor das marcas nas tambuladeiras

    marca de ensaiador e de reconhecimento Cabea de

    velho e a marca de ourives M.A. - Z13. (Fot. de

    H.C.B. .

  • 7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data

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    morres - eram vendidas com a inteno de enganar e no com a ideia de criar

    revivalismos. Eram produzidas de raiz, feitas com boas tcnicas sendo as marcas de alta

    perfeio, chegando mesmo a confundir os peritos, algumas dadas como verdadeiras.

    Temos de pensar que o ourives, fabricante da pea, seria estimulado a fazer as peas de

    determinada forma, muitas vezes dito antiga e como bom mestre que seria tinha

    gosto em apresentar as peas bem-feitas, criadas segundo tcnicas antigas mas

    (felizmente) com algumas incongruncias.

    Pelos exemplares apresentados podemos afirmar que a sua produo centrava-se em

    peas de coleco, em que a procura por modelos, decorao e at mesmo marcas

    diferentes, garantia a sua venda.

    VI - As cinco salvas portuguesas quinhentistas.

    Faz cerca de um ano que se deu aquela que talvez seja a maior burla de sempre no

    mercado nacional com pratas portuguesas: a venda de cinco salvas em prata, que

    tentaram passar como sendo peas do sc. XVI e de origem lusa.

    Tivemos antecipado conhecimento da sua existncia por nos ter sido pedido um

    parecer com base em variadas fotografias a preto e branco. Nessa altura a nossa opinio

    foi em benefcio da dvida apesar de apontarmos certas incongruncias decorativas, as

    peas poderiam ser originais. Contudo advertimos que antes de haver qualquer tipo decompromisso para as comprar, deveria ser feita uma apreciao fsica das peas at

    Fig. 18 Bandeja e tesoura de morres em prata

    gomada, sc. XX, marcas falsas de ensaiador do

    Porto e de LJF. Col. particular, Lisboa (fot. deH.C.B.).

    Fig. 16 Caixa de rap em prata gravada, trabalho

    do sc. XX, marcas falsas de ensaiador de Lisboa e

    do ourives A Costa. Col. particular, Lisboa (fot. de

    H.C.B.).

    Fig. 17 Caixa de rap e paliteiro em

    prata, com respectivas marcas falsas de

    ensaiador do Porto e de ourives FB. Col.

    particular, Lisboa (fot. de H.C.B.).

  • 7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data

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    pelos altos montantes envolvidos. Segue-se um perodo de cerca de 3 meses em que no

    se falou mais nelas.

    No final do ano de 2010, fomos chamados por outro coleccionador para dar uma

    opinio sobre umas peas Quando nos deparmos com as ditas salvas, quase

    impossvel descrever a decepo ao ver a m qualidade das falsificaes.

    A pobre qualidade no trabalho da prata, a forma como esto lavradas, a incongruncia

    decorativa, as marcas falsas, os falsos desgastes, entre outros pormenores, no nos

    deixaram qualquer dvida sobre a fraude.

    As fontes de inspirao foram vrias imagens de salvas reproduzidas no livro de

    Reynaldo dos Santos Ourivesaria portuguesa nas coleces particulares. No geral as

    peas no tm profundidade, quase que poderia dizer que so chapas de prata, a

    qualidade do cinzel muito pobre, para alm de que o ourives resolveu misturar a seu

    belo prazer elementos decorativos atpicos para a poca. Foi evidente a sua ingenuidade

    na produo destas peas, mas o mesmo no podemos afirmar de quem as encomendou

    e nem dos comerciantes que as transacionaram.

    A fig. 22, reproduo da salva pertencente ex-coleco Comandante ErnestoVilhena (fig. 21) tem vrias contradies, sendo a mais divertida a interpretao da

    cena que se encontra dividida por um leo e respectiva folhagem. O ourives ao copiar a

    imagem no conseguiu entender o que estava desenhado naquele stio e optou por

    cinzelar uma rvore que termina com uma cabea de ndio, curvada num ngulo de 90

    graus! Por curiosidade posso referir que o coleccionador que comprou estas peas tem

    na sua coleco a salva original de onde a falsificao foi inspirada!

    Fig. 22. - Salva em prata, marcas falsas

    de ensaiador de Lisboa e de ourives G3

    ou GZ(?). Peso 543 grs., dim 29 cm

    (fot. de H.C.B.)

  • 7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data

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    A salva da fig. 23 um decalque da pertencente coleco Barros e S 21

    ,

    actualmente no acervo da M.N.A.A. A salva original, que possui marcas de prata,

    cidade e fabricantes ingleses correspondentes ao ano de 1610, as quais foram

    interpretadas como de importao, estar em vias de perder a sua classificao como

    obra nacional.

    21

    SANTOS, Reynaldo dos e QUILH, Irene - Ourivesaria Portuguesa - Nas Coleces Particulares,Edio dos Autores, Lisboa, 1974, 2 Edio, pg. 134, fig. 162.

    Fig 23 - Salva em prata, marcas falsas de ensaiador e

    de juiz de ofcio de Lisboa e do ourives AK(?).

    Peso 374,11 grs.; dim 25,2 x 0,9~1,2 cm.

    (Fotos de H.C.B.)

    Fig. 24 Salva em prata decorada com pontas de

    diamante, marcas falsas de ensaiador de Lisboa e de

    ourives IM.

    Peso 488,28 grs., dim. 28,4x1~0,6 cm.

    (Fotos de H.C.B.)

    Fig. 21 Salva da ex-

    coleco Comandante

    Ernesto Vilhena, vendida

    por Leiria & Nascimento

    em 24 de Outubro de

    2001, lote210.

  • 7/16/2019 Revivalismos ou Falsificaes; Uma Questo de Data

    21/26

    Por sua vez a salva da fig. 24, uma unio entre duas salvas da coleco dos

    Viscondes Lee of Fareham22

    . O ourives aplicou a decorao em ponta de diamante

    por toda a salva, mas no centro como desenhar uma figura no simples, optou por

    virar a pgina e anexar o floro da salva seguinte na parte central.

    Tambm a salva da fig. 25 est reproduzida na publicao de Reynaldo dos Santos23,

    ex-coleco Van Zeller Palha, vendida na Cabral Moncada Leiles em Outubro 2008,

    lote 22024, mas as marcas presentes nesta pea so de um prateiro guatemalteco do sc.

    XVI de nome Opiriz e a marca de ensaiador da cidade de Antgua. O nosso prateiro

    escolheu mal qual a marca a copiar, pois embora tenham uns contornos relativamente

    fceis de recriar, no so marcas portuguesas. Um anterior estudo aprofundado sobre o

    prateiro Opiriz j nos tinha levado a encontrar mais duas peas da sua autoria: um clice

    em prata dourada vendido na Sothebys25

    Da salva de p alto troncocnico (fig.34) inspirada na salva de So Joo Evangelista

    que participou em primeiro lugar na exposio da galeria Europart em So Paulo

    e uma pxide existente no acervo do MNAA.

    26 em

    2002 e em seguida na exposio A Ourivesaria Portuguesa e os seus Mestres, no

    Museu Soares dos Reis, entre Junho/Julho de 200727

    22 Op. Cit., pp. 223 e 224, figs. 223 e 224.

    , bastante curioso haver duas

    salvas to idnticas em forma e decorao, provenientes do mesmo pas

    23 Op. Cit., p. 116, fig. 137.24http://www.cml.pt/cml.nsf/artigos/9BCA7FC4173172E4802579110052684925 http://www.sothebys.com/en/catalogues/ecatalogue.html/2008/european-silver-gold-boxes-and-objects-

    of-vertu-pf8013#/r=/en/ecat.fhtml.PF8013.html+r.m=/en/ecat.lot.PF8013.html/171/26 Pea reproduzida no catlogo da galeria Espao Europart, www.obraprima.net, So Paulo, 2002, pp.

    138 e 139, Bandeja de aparato (), sculo XVI, fragmento de contraste de Caravela ().27

    A Ourivesaria Portuguesa e os seus Mestres catlogo da exposio no Museu Soares dos Reis emJunho/Julho de 2007, p. 152, Fig. 148.

    Fig. 25. - Salva em prata, marcas falsas da Guatemala e

    do ourives Opiriz.

    Peso 432,36 grs; dim. 27 cm. (fot. de H.C.B.)

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    Relativamente ao mau estado de conservao das peas, os riscos e acima de tudo

    as cavilhas que sustentam os rasges intencionalmente provocados, foi-nos dito que o

    coleccionador brasileiro tinha enviado as peas a um funileiro do Rio de Janeiro para

    serem restauradasColeccionadores que possuem este tipo de peas com elevado valor

    histrico, entregam-nas para restauro junto de entidades reconhecidas na rea de

    conservao e restauro e nunca a um remendo.

    Podemos concluir que as peas foram todas copiadas da mesma publicao

    excepo da fig. 26. A qualidade da prata, a fundio, a modelao, o cinzel (ou falta

    dele) e a forma como foi trabalhada, foram factores decisivos na sua classificao.Este negcio foi denunciado pelo comprador junto das entidades competentes: Casa

    da Moeda de Lisboa e Policia Judiciria, que as apreenderam por serem peas chave na

    demonstrao da burla, pois segundo o parecer da Casa da Moeda de Lisboa, aps

    variados testes sobre as mesmas, inclusive ao material, as considerou actuais.

    Fig 26 - Salva de p alto em prata, marcas falsas de

    ensaiador e de juiz de ofcio do Porto e do ourives BN.

    Peso 639 grs.; dim. - 9 x 25,2 cm (fot. de H.C.B.)

    Fig 27. - Salva em prata, idntica anterior. Alt. 11 x

    dimetro 23,5 cm, coleo particular. Foi comprada

    em 2002 por um comerciante lisboeta.

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