Revogação

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    DEFENSORIA PBLICA DO ESTADO DE SO PAULO

    REGIONAL DE JUNDIA

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1 VARA

    CRIMINAL DA COMARCA DE JUNDIA / SP.

    Processo n. 1882/2011

    JURACI GONALVES DOS REIS, j

    qualificado nos autos de priso em flagrante, pela Defensora Pblica que esta

    subscreve, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelncia, requerer que lhe

    seja concedida REVOGAO DA PRISO PREVENTIVA, com base nos artigos

    310, inciso, III, 312, c/c art. 350, ambos do Cdigo de Processo Penal e, ainda,

    c/c o artigo 5, LVII e LXVI, da CF/88, pelas razes de fato e de direito que passa

    a aduzir.

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    DOS FATOS

    O Requerente foi preso em flagrante em 16 de Outubro de 2011,

    acusado da suposta prtica do delito previsto no art. 213, caput, do Cdigo Penal,

    porm no presente caso, a priso provisria no pode subsistir, como se passa a

    demonstrar.

    DO DIREITO

    Cumpre ressaltar que o Requerente, tem residncia fixa Rua

    Antonio Batista Mentes, n 95, Vila Independente, Itupeva - SP, e possui ocupaolcita, consoante se demonstra no termo de qualificao dos autos de priso em

    flagrante e pelos documentos em anexo.

    Cumpre alertar a este Juzo que o Ru inocente e

    veementemente negou a pratica delituosa e, temos que considerar que, foi preso

    recentemente em Jundia um manaco de nome ELIAS ALVES DA SILVA, de 22

    anos, que vinha agindo na regio praticando na regio roubos e estupros, e com

    as mesmas caractersticas fsicas do acusado conforme foto em anexo (doc.......),

    Entre os delitos praticados pelo manaco preso recentemente h

    o estupro e homicdio de uma senhora de aposentada de 66 anos de idade,

    portanto imprescindvel, como medida de justia, e para que haja a certeza

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    jurdica de que o ru realmente culpado do crime que lhe imputado, que seja

    realizado o reconhecimento pessoal pela vtima para que se comprove que o

    crime no foi cometido pelo requerente mas sim pelo manaco preso

    recentemente, que tem como de agir em sua atuao criminosa, o fato de

    molestar pessoas idosas.

    Devido ao horrio que o fato ocorreu por volta das 06:00 horas da

    manha, e devido ao fato de que com a idade as pessoas passam ter uma certa

    diminuio da viso, imprescindvel que seja realizado o reconhecimento, o que

    comprovar que o crime no foi cometido pelo requerente.

    Outro detalhe que consta dos autos que a pessoa que abordou oacusado encontrava-se conduzindo uma bicicleta de cor marrom, porm o

    acusado sequer possui bicicleta nesta cor, seu padrasto quem possui uma

    bicicleta, porm a mesma de cor azul, conforme fotografia em anexo (doc...), cor

    totalmente diferente da declarada pela vtima,

    Diante dos fatos, a priso a que foi submetido o Requerente de

    natureza processual, visto inexistncia de sentena penal condenatria

    transitada em julgado

    No entanto, no obstante a respeitvel deciso., prolatada por

    este Juzo, no existem motivos que justifiquem a manuteno da segregao

    cautelar do requerente.

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    A regra constitucional estabelece a liberdade como padro, sendo

    a incidncia da priso processual uma excepcionalidade, s tendo espeque

    quando se fizer imprescindvel, conforme obtempera, dentre outros, TOURINHO

    FILHO (Processo Penal, v. 3., 20. ed., So Paulo, Saraiva, 1998, p. 451).

    A Constituio Federal de 1988, em seu artigo 5, LVII, consagra

    o princpio da presuno de inocncia, dispondo que ningum ser considerado

    culpado at o trnsito em julgado da sentena penal condenatria, destacando,

    destarte, a garantia do devido processo legal, visando tutela da liberdade

    pessoal.

    Ainda, o art. 8, I, do Pacto de So Jos da Costa Rica,

    recepcionado em nosso ordenamento jurdico (art. 5, 2 da CF/88 Decreto

    Executivo 678/1992 e Decreto Legislativo 27/1992), reafirma, em sua real

    dimenso o princpio da presuno da inocncia, in verbis: Toda pessoa acusada

    de delito tem direito a que se presuma sua inocncia enquanto no se comprove

    legalmente sua culpa.

    A esse respeito preleciona Fernando Capez, sem a real e efetiva

    necessidade para o processo, a priso preventiva seria uma execuo da pena

    privativa de liberdade antes da condenao transitada em julgado, e, isto, sim,

    violaria o princpio da presuno da inocncia. Sim, porque se o sujeito est preso

    sem que haja necessidade cautelar, na verdade estar apenas cumprindo

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    antecipadamente a futura e possvel pena privativa de liberdade. (in Curso de

    Processo Penal, 2a ed., Ed. Saraiva, p. 224)

    E na lio de Mirabete (Mirabete, Jlio Fabbrini. Processo Penal.

    8a ed., rev., at. So Paulo: Atlas, 1998. p. 402):

    Sabido que um mal a priso do acusado antesdo trnsito em julgado da sentena condenatria,o direito objetivo tem procurado estabelecerinstitutos e medidas que assegurem odesenvolvimento regular do processo com a

    presena do imputado sem o sacrifcio dacustdia, que s deve ocorrer em casos deabsoluta necessidade. Tenta-se assim conciliar osinteresses sociais, que exigem a aplicao e aexecuo da pena ao autor do crime, e os doacusado, de no ser preso seno quandoconsiderado culpado por sentena condenatriatransitado em julgado. (nossos destaques)

    A priso cautelar , portanto, medida excepcional, s podendo ser

    admitida para garantir o regular provimento jurisdicional, do contrrio estar-se-

    ofendendo o princpio constitucional da presuno da inocncia, previsto em

    nossa Carta Magna no art. 5, inciso LVII.

    Na mesma esteira, o que se depreende de deciso do STJ:

    A priso provisria medida cautelar extrema e excepcional,que implica sacrifcio liberdade individual, razo pela qual

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    pressupe, em face do princpio constitucional da inocncia presumida, a demonstrao de elementos objetivos,indicativos dos motivos concretos autorizadores daconstrio. Mesmo para os crimes em que h vedaoexpressa liberdade provisria, remanesce a necessidadede fundamentao concreta para o indeferimento do pedido,

    prestigiando-se, assim, a regra constitucional da liberdadeem contraposio ao crcere cautelar, quando no houverdemonstrada a necessidade da segregao. A simplesalegao judicial de gravidade genrica do delito, denatureza hedionda, praticado pela Paciente no fundamento suficiente a ensejar a manuteno de suacustdia cautelar, devendo o juzo discorrer sobre osrequisitos previstos no artigo 312 do Cdigo de ProcessoPenal. Recurso provido para, cassando o acrdo doTribunal a quo, deferir a liberdade provisria ora Paciente(RHC 19.216\06 Min. Laurita Vaz T5 12\12\2006. DJ12.02.2007, p. 274).

    Ora, a doutrina e a jurisprudncia concorda que, mesmo no caso

    de crimes inafianveis possvel ao ru responder ao processo em liberdade.

    A medida cautelar s dever prosperar diante da existncia de

    absoluta necessidade de sua manuteno e caso subsista os dois pressupostos

    basilares de todo provimento cautelar, ou seja, o fumus bonis juris e o periculum in

    mora. H que haver a presena simultnea dos dois requisitos, de modo que,

    ausente um, ela incabvel.

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    Nesta senda, no demasiado lembrar o entendimento da 6.

    Turma do Egrgio Superior Tribunal de Justia, nos autos do HC 5.247/RJ, de

    que, ante falta de comprovao do periculum in mora, no se justifica a

    manuteno da priso processual.

    11. In casu, inexistem os pressupostos que ensejam a decretao

    da priso preventiva do requerente, pois que no h motivos fortes que

    demonstrem que, posto em liberdade, constituiria ameaa a ordem pblica,

    prejudicaria a instruo criminal ou se furtaria aplicao da lei penal, em caso de

    condenao. Ou seja, inexiste o periculum libertatis, pois diante dos

    acontecimentos narrados, h duvidas concretas de ter sido o requerente o autordo delito.

    Garantia da Ordem Pblica

    De forma alguma ser prejudicada a ordem pblica e econmica,

    pois trata-se de um homem de bem e trabalhador. Sua conduta delitiva restringiu-

    se to somente ao fato em questo.

    Convenincia da instruo criminal

    O requerente no pretende de nenhuma forma perturbar ou

    dificultar a busca da verdade real, no desenvolvimento processual.

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    . Tenciona to somente defender-se da acusao que contra ele

    vem sendo proferida.

    Aplicao da Lei Penal

    No deve prosperar a priso sob este argumento, posto que o

    requerente possui emprego definido, possui endereo conhecido, podendo ser

    localizado a qualquer momento para a prtica dos atos processuais, sendo

    domiciliado no distrito da culpa, juntamente com seus familiares.

    do total interesse do requerente permanecer no local, responderao processo e defender-se.

    Diante do exposto, requer seja concedida ao Requerente a

    liberdade provisria, independente do pagamento de fiana, como medida de

    DO PEDIDO

    Diante do exposto, requer V. Exa.:

    a. que seja realizado o auto de reconhecimento nos termos do artigo 226, do

    Cdigo de Processo Penal, com a presena do Requerente e do manaco preso

    recentemente de nome Elias Alves da Silva.

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    b que seja concedido ao requerente a Revogao da Priso

    Preventiva, face inexistncia dos pressupostos ensejadores de sua manuteno,

    na forma do artigos 312, do CPP, para responder a todos os atos processuais em

    liberdade; e

    c. que seja dispensado de prestar fiana, na formado artigo 350 do

    CPP, por ser impossvel sua prestao sem comprometimento do sustento do

    requerente e de sua famlia.

    Termos em que,

    pede deferimento.

    Jundia, 16 de dezembro de 2011.

    NDIA TAFFARELLO SOARESDefensora Pblica do Estado de So Paulo