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Sociedade, Espaço e tecnologia – Aula 2 Eduardo Pimentel Menezes 1 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A FÁBRICA MODERNA: A Revolução Industrial introduziu a fábrica moderna na Europa, principalmente na Inglaterra. Com ela, os instrumentos de produção deixaram de ser simples ferramentas auxiliares do trabalho e passaram a realizar múltiplas tarefas que, antes, só o trabalho manual era capaz de fazer. Por isso a marca registrada” da Revolução Industrial foi a máquina- ferramenta, que só funcionava por meio de um trabalho coletivo. A fábrica necessita da supervisão do operário para vigiar o seu funcionamento. Ela também torna possível uma estreita associação entre ciência e produção, permitindo que todos os processos de produção sejam estudados sem a participação do trabalhador. O volume de produção encontra-se, agora, condicionado aos limites da máquina e não mais do homem. Por isso, a Revolução Industrial significou um aumento sem precedentes na produção de mercadorias. A grande acumulação mercantil do século XVIII permite o aperfeiçoamento da técnica, que contribui para subverter os espaços em uma dimensão bem mais ampla. Apesar de ter surgido na Inglaterra, já no século XIX, a indústria aparece no continente – Bélgica e França – e depois para os EUA. No final do mesmo século, chega aos países europeus de tardia unificação – Alemanha e Itália – e no início do século XX chega ao Japão. A localização industrial inicial na Inglaterra pode ser explicada pela necessidade da produção de fonte de matéria-prima, como carvão. As fábricas despontavam em locais onde se concentravam as reservas carboníferas, evitanto o alto custo e dispêndio de tempo com o seu transporte. Por outro lado, a concentração da atividade fabril também permite racionalizar os custos da infraestrutura, o controle do desperdício e a exploração mais intensa dos recursos disponíveis no meio. Podemos observar essa dimensão da localização industrial neste estágio de sua ocorrência na Inglaterra através desse trecho de MOREIRA:

Revoluções Industriais

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Resumo da revoleção industrial preparado pelo professor do IFHT da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

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    A REVOLUO INDUSTRIAL E A FBRICA MODERNA:

    A Revoluo Industrial introduziu a fbrica moderna na Europa, principalmente

    na Inglaterra. Com ela, os instrumentos de produo deixaram de ser simples ferramentas auxiliares do trabalho e passaram a realizar mltiplas tarefas que, antes,

    s o trabalho manual era capaz de fazer.

    Por isso a marca registrada da Revoluo Industrial foi a mquina-ferramenta, que s funcionava por meio de um trabalho coletivo. A fbrica necessita

    da superviso do operrio para vigiar o seu funcionamento.

    Ela tambm torna possvel uma estreita associao entre cincia e produo, permitindo que todos os processos de produo sejam estudados sem a participao do trabalhador. O volume de produo encontra-se, agora, condicionado aos limites

    da mquina e no mais do homem.

    Por isso, a Revoluo Industrial significou um aumento sem precedentes na produo de mercadorias. A grande acumulao mercantil do sculo XVIII permite o

    aperfeioamento da tcnica, que contribui para subverter os espaos em uma dimenso bem mais ampla.

    Apesar de ter surgido na Inglaterra, j no sculo XIX, a indstria aparece no

    continente Blgica e Frana e depois para os EUA. No final do mesmo sculo, chega aos pases europeus de tardia unificao Alemanha e Itlia e no incio do sculo XX

    chega ao Japo.

    A localizao industrial inicial na Inglaterra pode ser explicada pela necessidade da produo de fonte de matria-prima, como carvo. As fbricas despontavam em

    locais onde se concentravam as reservas carbonferas, evitanto o alto custo e dispndio de tempo com o seu transporte.

    Por outro lado, a concentrao da atividade fabril tambm permite racionalizar

    os custos da infraestrutura, o controle do desperdcio e a explorao mais intensa dos recursos disponveis no meio.

    Podemos observar essa dimenso da localizao industrial neste estgio de sua

    ocorrncia na Inglaterra atravs desse trecho de MOREIRA:

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    (...)embora dependa mais da gua(...)a indstria txtil vai se localizar na

    reas ulheiras, em face da energia, da mo de obra barata e do mercado que

    nela encontrar abundncia Id..2007, p 50

    Apoiada pela navegao martima e pela ferrovia, a indstria se dispersa pelas reas agropastoris, portos e grandes cidades. Posteriormente, a ferrovia leva as reas industriais para os demais espaos por aonde chega, transformando-se no principal

    meio de transporte do sistema de circulao.

    Assim, testemunhamos o importante papel da ferrovia para a solidificao do processo de consolidao do Estado-Nao, iniciado no perodo de acumulao

    mercantil.

    A possibilidade de circulao mais eficaz por entre o espao nacional ajuda a consolidar os padres espaciais homogneos lngua, moeda, pesos e medidas,

    religio, leis por entre o territrio nacional. A indstria cria, assim, uma paisagem que se tornar clssica: fbricas junto s instalaes de minerao ou reas porturias,

    os bairros operrios, o arranjo espacial confuso e tortuoso da circulao do meio urbano, proliferao de poas e canais de gua suja, a poluio do ar, a paisagem

    acinzentada das construes etc. A cidade ganha novos contornos espaciais e sociais. O operariado, (artesos e

    camponeses), originado do campo de onde foram expulsos pelo processo de expropriao da terra, faz aumentar os bairros operrios. A localizao desses bairros

    ocorre entre as minas de carvo localizadas s margens dos rios, das ferrovias e dos portos. A cidade vai trazer a fisionomia da paisagem esfumaada e acinzentada da indstria acrescida pela arrumao espacial da mesma pelas relaes de classes

    sociais entre burguesia e proletariado.

    NOVA ARRUMAO DO ESPAO DITADO PELA INDSTRIA.

    A arrumao do espao se d na diviso territorial do trabalho. Separa-se nitidamente o campo da cidade a partir de suas funes distintas. O campo passa a ser

    reconhecido pela agricultura e pecuria, j a cidade passa a ser reconhecida pela atividade industrial e de servios.

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    As cidades passam a comandar a escala Nacional, construindo uma hierarquia

    de funes preponderantes em relao ao campo.

    A mesma lgica da relao campo-cidade passa a arrumar as relaes entre os pases no plano mundial. Surge uma diviso internacional do trabalho entre os

    pases industrializados e os pases no-industrializados.

    Os pases industrializados importam produtos primrios e exportam produtos manufaturados para os pases agrrios e estes exportam produtos de pecuria,

    minerao e agricultura para o abastecimento daqueles.

    A integrao dos espaos em escala nacional e internacional fica a cargo da ferrovia, dos portos e da navegao.

    A diferena fica a cargo do traado espacial das ferrovias nos pases

    industrializados e no industrializados. Nos primeiros, a ferrovia articula a movimentao, interligando as reas industriais umas s outras e com os portos.

    J nos pases no-industrializados, as reas de produo agrcola e de

    minerao articulam-se pelas ferrovias com os portos, permitindo a realizao e a concretizao da diviso internacional do trabalho a partir dos fluxos do mercado, e o transporte martimo ocupa-se da funo intermediria, ligando os continentes atravs

    dos oceanos.

    A SEGUNDA REVOLUO INDUSTRIAL, O QUE SIGNIFICA?

    Fins de sculo XIX: a paisagem industrial se generaliza pelo mundo. Apesar de contar com estruturas de organizao espacial e temporal baseadas nas noes

    matemticas e fsicas, surgem alteraes no ordenamento espacial comandado pela indstria.

    Essa nova situao se torna possvel com o desenvolvimento tecnolgico: A

    eletricidade libera as indstrias de sua rgida localizao das minas de ferro e carvo, interligando-se usina termeltrica.

    As novas formas de gerar energia libertam a propagao territorial da

    indstria pelo territrio.

    A indstria cria um metabolismo, baseado em produtos artificiais e qumicos, que se contradiz ao metabolismo da natureza, dando origem aos problemas

    ambientais da atualidade.

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    H grandes questes atuais a serem analisadas e refletidas: Biotecnologia,

    engenharia gentica, movimento ecolgico, biodiversidade.

    A TERCEIRA REVOLUO INDUSTRIAL:

    A revoluo ciberntica, informacional, flexvel (encontramos vrias terminologias), que caracteriza o momento em que vivemos, permite a transio do

    capitalismo industrial para o capitalismo financeiro/flexvel, baseada nas novas tecnologias da informao e comunicao.

    O poder neste estgio do capitalismo, viabilizado pelo desenvolvimento das tecnologias da informao e comunicao, altamente desterritorializado e dotado de intencionalidades que transformam a percepo da sociedade pela qual sua lgica

    passa a se estruturar.

    A caracterstica bsica desse momento atual pode ser entendida a partir da citao abaixo:

    Dirigindo os fluxos de energia, objeto e ideias atravs de seus mltiplos meios (o trem, navio, o caminho, avio, o automvel lado a lado do telefone, do telgrafo e da televiso) pelo mundo afora, a esfera da circulao se transforma numa potncia

    autnoma, abarcando e fluidificando todos os espaos(...)Aumenta a rapidez dos deslocamentos, reduz o tempo, encurta as distncias, integra os signos monetrios, une as escalas, dissolve as fronteiras regionais, quebra os limites nacionais, unifica o

    planeta. Arruma sob um s padro uniforme todas as paisagens. MOREIRA1988,p. 9

    O computador torna-se o smbolo. Tempo real e espao virtual concretizam-se

    enquanto lgicas culturais e na percepo do indivduo comum, associando-se engenharia gentica e a uma nova forma de pensar a natureza.

    Termos, ou metforas para alguns, como o ciberespao surgem para

    caracterizar a velocidade das transformaes do perodo atual, na medida em que as mesmas avanam de forma mais dinmica do que a teoria para compreend-los, e

    para denominar o espao fluido e vinculado lgica das tecnologias da informao e comunicao.

    Eu defino o ciberespao como espao de comunicao aberto pela

    interconexo mundial dos computadores e das memrias dos computadores. LVY .1999, p. 92

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    A palavra ciberespao foi inventada em 1984 por Wiliam Gibson em seu

    romance de fico cientfica Neuromante. Nesse livro, o autor utiliza o termo para designar o universo das redes digitais, entendido com um campo de batalha entre as

    multinacionais, palco de conflitos mundiais, nova fronteira econmica e cultural.

    Esse termo foi retomado pelos usurios e inventores de redes digitais. A questo da relao entre tcnica, espao e tempo uma das grandes preocupaes.

    A questo que aqui se coloca a de saber, de um lado,em que medida a noo de espao pode contribuir

    interpretao do fenmeno tcnico, e de outro, verificar,sistematicamente,

    o papel do fenmeno tcnico na produo e nas transformaes do

    espao geogrfico. SANTOS 1996, p.35

    A revoluo ciberntica est fazendo surgir uma modificao do espao no mbito educacional. A economia flexvel passa, cada vez mais, a exigir um indivduo

    flexvel e autnomo, onde o papel da educao deve mudar para atender a essas novas demandas. sob esse ponto de vista que se pode entender o surgimento de

    projetos espaciais-educacionais como as universidades virtuais, nas quais o tempo e o espao passam a ter outros significados. A insero do computador, na escola, a

    criao de tele-salas, de espaos audiovisuais, entre outros, demonstra que a nova percepo de espao e de tempo que se pretende dentro da sociedade

    contempornea passa pela reestruturao das escolas e universidades como forma de legitimar a cultura informacional.

    Percebe-se uma estreita relao entre o domnio do espao e do tempo com o

    poder. De fato, atravs do domnio dessas categorias que o poder se estabelece. Os atores que atribuem os seus significados, em cada perodo histrico, e que os

    difundem na sociedade so os mesmos que detm o poder.

    Vivenciamos um momento de mudana de paradigma, em que os agentes hegemnicos da sociedade necessitam atribuir e difundir novos conceitos de espao,

    de tempo e de natureza, para viabilizarem e efetivamente concretizarem o seu poder.

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    Vamos Pesquisar: http://revistaepoca.globo.com/Ciencia-e-tecnologia/noticia/2012/10/nova-revolucao-industrial-muda-forma-como-os-objetos-sao-criados-produzidos-e-consumidos.html Revista poca: reportagem: A nova revoluo industrial muda a forma como os objetos so criados, produzidos e consumidos. http://www.espacoacademico.com.br/066/66rauen.htm Revista espao acadmico: Caractersticas da Primeira e Segunda revoluo industriais. http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/index.shtm Localize a Inglaterra, pas onde teve origem a Primeira Revoluo Industrial. http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/index.shtm Localize os Estados Unidos, pas onde ocorreu a Segunda Revoluo Industrial. http://peakoilportuguese.blogspot.com/ Reportagens e notcias sobre a importncia do petrleo como fonte de energia nos dias atuais. http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/index.shtm Localize o Japo, onde a Terceira Revoluo Industrial teve incio. http://www.infoescola.com/historia/capitalismo/ http://www.comcult.blogger.com.br/, Blog do autor Dnis de Moraes: relacionando as entrevistas existentes com o tema da Terceira Revoluo Industrial http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/revolucoes-industriais-primeira-segunda-e-terceira-revolucoes.htm Uol Educao e pesquisa escolar.