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Revsita Mente e Cerebro - n 182-Marco 2008-Transtorno Bipolar

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5/9/2018 Revsita Mente e Cerebro - n 182-Marco 2008-Transtorno Bipolar - slidepdf.com

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S C I E N T IA M E R I C

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N

R$ 10,90 €

CABE~AN A S N U V E N S

desatencac podes er p a to l6 gic a

o P E Q U E N O

C E R E B R O

revela~oes sobreo p ap e l d o

M U L H E R E S

C I E N T I S T A Sap tidoe s epreconce i t o s

A d o e n ~ a d ai n c o n s t a n c i a

. I im

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o siqno do excesso

o q u e J a z d o t r a tl s to r n o

b i p o l a r (TB ) IWUl dOf11~'a

la o C l m l s t a d o r a , ' : l 1 t n g a n f e

e , a o 1 11f Sf fI 0 l e l l l p o , e n v o l t a

e m c e rt a a u ra d e g la m ou r

[ p e l o mnlOs n a 0 p in la o

d a q u e l e s q u e p o u e o a eo-n h e c c m ) ? Ha j f 1 5 l ' i j l e a t i v C l

p a r a e s t e r f1ltiilla i l l l p r m a o .

C o m o l e m b r a a a r U n d i s -

t a M o a e y r S e l i a r e m Sell

a r t i g o " E n tr e a e u f o r i a e a

d e p re s s ii o " , ~Iesla e d i ~ a o ,

d o e n ~ a m e n ta l , e r i a f i v id a d e

e g e n i a l i d a d e tf m s i d o ! I 1 u i t a s

v e u s a s s o e i a d a , "C O 1110 di z

a P s iq l l ia t r a i l1 g le s A n t h o n y

S t o r r c m T he dynam icsof creation (A d i H i l m i c a

d a c r i a ~ i i o ) . o s b i p o l a r c s

p r c C l 5 a m d e a t e n ~ i i o e d e a p ro lJ a t ; ii a , a ss l 'm c om o as

e s c n to r e « . ' R e a d m e , d o t lDt l e t me d i e ' ( leia-I llf , 1 '1 .1 0

m e d e i x e m o r r e r ' ) " , e sc re v e S e li a r

Ja a p e r p le x i d a de d i c m l'e d o d i a gH o s t i c o p od e sa

c o m p r e e n d i d a p d a c r o n i c i d a d e e g r a v i d a d e d o d i s h f r -

b i o , . c o m p r o v a d a p e l a s e s t a t ( s l i c a s . D a d o s d a O r g a -

n iz a~ a o M U l 1 d ia l d a S C l ! l d e ( O M S ) 0 a p o n t a m CO/1 l 0

a s e x l a m a ie r c a u s a d e I n ca p a c i t a ~ i i o d e p e s s o a s n o

m U l 1 d o _ P a m p a c i c n /e > , c 6n j . lg e s , p a r c n re s e a m i qo « ,

a s c r i s e s - s e i a m d e e r i fo ri a O il d e d e p re s sa o , s e m p r e

r e g i d a s p d o s i g n o d o e x c e s s o - d e s w c a d e i a m Uliia

a v a la n c h e d e e on j1 it o s e e x i g e m ti m I 1 l t m e jo 1 , ) C I r a0 q u a l

nel l ! s e m p r e S f e s la p r ep a r a do E I , d , 5 1 : 1 1 1 , mot i vo p a r a

p r eo cu p m ; i i o , : a _ f i na l , e s l a o r e la c i o l1 a do s a o T B a l t o s

( H d i c e s d e m ~ r ta li d a d e e m d ec or r c nc ia d e c o m o r b i d a -

d e s e d o s r i s c o ' ) a os q ua is a

pmoci Sf e x p o e , COIliO usa

d e a lc o o l e d r o q a s , I m t a t l -

IHIS d e >Ilfcid i o [ a I e m e s H i o

lill i 1 i j f i n c i a e a d ole sc cn -

c i a ). a /c m d o s j r a c a ss o s n a

l J id a p r o ji ss io n a l e a J e li l) (I _H O j e s e s a br , p ar e x c / l I -

p i a , q u e a l , e rcm~(1 g C I 1 € f i c a

te m p a p e l j m p o r t a l 1 l e 1 10

d e s f l l v o l u i n l f 1 J l o d a d O C 1 1 f a

( q u e WI m u i to s c a sa s s l ! f g e

d e J o r l l la p r e e a c e , a n te s

d o s '1 3 till O S ) e q u e f a 10 r e s

a m b l e n t a i s ta l l lb611 p o d e m

d c 5 t 1 1 C a d e a r e / J i s 6 d i a s d e v a -

l ' I a ~ a o p a t o l 6 g i c a d e 1 1 > 1 1 1 1 0 ( ,

N l a s a u a r i e da d e d e s m t o w a s

( d e III/I p a C i e n l e p a m Ollt ro e

fami?fl i l n a m e S i l l a p e s s o a ) ,

Illlli/as vezes l 1 I e s d a d o s a t ra~o5 d e / J er s o u a li d a de , h em

C01 l l 0 a I 1 c cc s si d t1 d e d e I ! I I I t 1 ) lI S t e e x tr fm t 1m e n te d e h c a d o

d a m e d ic tJ q ii o a in da c O f lf ~ m d e l l l p ro ji ss iO l 1 C li 5 d a s ( 'l I id e

m e n t a l . (OIliO s a l i e n t a 0 I J s i q l l J ' a t m T e n g ( h e i T U N g ,

d o H o s p i ta l d a s C / r u i c c i s d a F a c Il 1 d ad e d e i V i e d l c i 1 J a

d a U l liv m id a de d e S ii o P a u l o ( F M U 5 P ) , mllor d o

a r t l g o " D o e 1 ' l ~ a d a I I1 C 0 1 ' ls li .l J1 c i a "e d o h v m Enigma

bipolar ( M C E d l l o r e s , 2007),0 TB i 1 1 1 1 1 ( 1 d e s s a s

p a t o l o g i a s ellI qllf a i l 1 j o r l 1 l t 1 ~ a O If J l w d m H e n l a i n a a

( l p n l a s p a ra q f l e p ro ji s s i o na is o p t e n r p e l a a b o r d a g c m

lempfil l ica m a i s adeql lada, m a s la m btlll p ara q u e h a j a

ma i o r c omp r on le l .i ll lc n to d o p a c i e l 1 1 e e d e SM a f a m i l i a

COlli 0 I ra /amenia .

E H t i i o , v a m o s 4 s i l1Jont la~8es

B o a le i/ u ra !

Glducia Leal, edi io ra

g i a M c i a .l e a l @ d l < c t to e d i lo n a i .c o m . b r

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DIRETOR GERAL: Alfredo Nallari

DIRETOR EXECUTIVO: Edimilson Cardia I

DIRETDRA DO GRUPO CONH EOM ENTO: Ana Claudia Ferrari

REDA~AO ([email protected])

EDITORk Glaucia Leal

EDITORA·ASSISTENTE: Luciano Christante

EDITORA DEARTE: Simone Oliveira Vieira

ASSISTENTES DE ARTE: Tatiane Santos de Oliveira, Marcell" Sholl

e Juliana Fre l tas

PESQUISA ICONOGRAFI(A: Silvia Nastari (coordenacao),

Gabriela Farcetta e SaraAlenear

PRODUC;:AO GRAFICA: Sylvia Ferreira

TRATAMENTO DE IMAGEM: Carina Vieira e Cint ia Zardo

REVISAO: Edna Adorno (coordenacao), tara Milani e Luiz

Roberto Malta

ttl1=~!mSpektrurn de. Wissenschaft

Verlagsgesellschaft, Slevoqtstr. 3-5

69126 Heidelberg, Alemanha

EDITOR: Carsten Konneker

DIRETORES-GERENTES: Markus Bossie e Thomas Bleck

Mente&"Cerebro e uma publkacao da Ediouro, Segmento-

Duetto Edi tor ia l L tda., com conteudo estranqeiro fornecido

pela G6tG, sob licenca de Scient if ic American, Inc.

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COMITE EXECUTIVO

Jorge Carneiro, Edimilson Cardial,

Luiz Fernando P ed roso e Alfredo Nastari

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CIRCUlAC;:AO E MARKETINGGERENTEDE MARKETING: Ana Kekligian

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Edi~ao n.182, ISSN lB07.1562. Dist ribui~ao com

exduslvldade para todo 0BRASI L: DINAP S,.A. Rua Dr. Kenkiti

Shimomoto, 1678. N iimeros atrasados podem ser solidtadosii central de atendimento ao lei t or - (11) 3038·6300 - ou

pelo s ite www.lojaduetto.com.br, 30preco da ult ima edi~ao

acrescldo do custo de postagem.

DIRETOR RESPONSAvEL: Alfredo Nastari

rllPp rv1A N E R Ir~

secoes3 ED ITOR IAL

7 CARTAS

A SS OC IA <;A O LIVR E

Netas sobre atualidades,

pslcoloqla e pskanailse

10

14 L lVROS

Winn ic o tt e s eu s l nt er lo c ut or e s

17 C INEMA

A vida dos outros

18 NEUROCIRCU ITO

As novidades nas areas de

psicologia e neurociencias

24 PERSPECT IVAS

Diversidade e inclusao escolar

26 PERSONA

Carlos Eduardo Guinle Rocha Miranda

colunas

23 L lM IAR

Hologramas, fara6s e

democraciaSIDARTA RIBEIRO

82 L lTERATURA

Entre a euforia e a

depressao

MOACYR SellAR

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especial

, ~:

42T RA NST OR NO B IP OL AR

C ara cteriz ad a p or alteracdes de h um or

que oscilam entre a euforia e a depressao,

a doenca - cronka e grave - se manifesta

c om d ivers os g ra us d e in ten sid ad e

44A DO EN t;A D A IN CO NST AN CIA

T eng C hei T ung

N em s emp re fa cilm en te d ia gn os tic ad o

o d is tu rbio e cercado po r p reconcei tos ,

mas 0tratam ento p od e p revenir as

c ris es e con trola r s in tomas agudos

54INFANclA AMEA9\DA

lee Fu-i

Excessode es tfmulos , ruptura

d o c ic io s on o-v iq ilia e p re sc rk ao

i nd isc rim inada de an ti dep ressi vos

p od em ante cip ar s in tomas

maniacos em cr ian~as e ado lescentes

ENSAIO

VELOCIDADE : A B ERRA t;O E S DE

T EM PO E M O VIM EN TO

OLIVER SACKS

Em texto inedito n o B ra si l, 0neurologista Oliver

S a c ks a pre se n ta reflexoes sobre percepcao,

l it er at u ra e p s ic op a to lo g ia s

30

62 CABE(A NAS NUVENS

MONICA CAROLINA MIRANDA

o transtorno de def icit de

arencao e hiperativ idade pode

na o rerm m ar na i nH\nc ia ;

muitas vezes permanece a te a

id ad e a du lta

o P EQ U ENO C ER EB ROJAt\; tES M BOWER E

LAWRENCE M. PARSONSDuran te m uito tempo 0 cerebelo

foi consrderad o lim m ere coorden ad or

cnce lalico dos m ovirnen tos corpora is, m as

agora se sa be qu e e le te rn pa rtic ipa ca o

a tiva na cog nicao e na percepcao

66

74 T AlE NT O S S UB ES TIM ADO $

D IA E F . H. LPER l '! , CA I I. tJ LLA P . B E NB OW!, D A VID C

G EA RY , R UBE N C CUR, JANET S HYDE E MORTON

A G E R N S B A C H E R

A polernica deflag rada ha tres

anos pela ex-reitor

d a l. ln ive rs id ad e H a rva rd

s egundo a q ua l m u lh ere s sa o

rnenos capazes de f az e r c ie nc ia

de ll im pu lse a novas pesqui sas .

O s resu ltados m ostram que

o obstaculo a participacaofernin ina reside em estereot ipos

e preconceitos

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EXCLUS IVQwww.mentecerebro.com.br

N o vid a d e s n o c o mb a te a depressao

Pesquisadores cia B iblioteca C ochrane, org aniz acao internacion al

que investig a a ehcacia de acoes tera peur icas, ana I l sa ra rn ci nco

e stu dos qu e a va lia rn 0 uso da nu isica no tratarnen to de pessoas de-

prim idas. Q uatro deles sug erem que a utiliz a< ;ao d e u rn a com binacao

de ritm os, harrnon ias e rnelod ias pode ser rna is ehcaz que outras

t e cnl c a s ps ico r er a pi c a s . 0 resultado de o ur ra p e sq ui sa , publicado na

revista N e u r o n , confirrna lim a tese defendida hi! algum t empo por es-

p ec ia llsra s. m e dic am e ntos p ara d epre ssa o d eve m se r p erson aliz ad os,

prescriros de acordo com 0 perfil generico d e cad a paciente, j i! q ue

seus efeitos variam de urna pessoa para ou tra. S eg undo a pesquisa,

h a II va ria nres d o gene que codif ica um a protein a transporrad ora

no cerebra, 0 qu e p ed e c om p rom ete r a e fi ca cia d e a nti de pre ssi vos

como 0 citaloprarn e a venlafaxina. Veja n o s ite .

R even do a s b a s e sqenetlcas d o a ut ism o

P ara M i c ha el. W ig le r , genet i-

cista do C old S pring H arbor

L aboratory em L ong Island,

E sra dos L ln id os, os rn erod os

trad iciona is de estudo das

bases geneticas do autismo

precisarn ser revistos. A te

agora, diversos g rupos de

p es qu is a e nc on rra ra m g en es

a ssoc iad os ao tra nstorn o ern

2 0 dos 2 3 pa re s de c rorn ossom os do gen

hurnano N a ed i< ;ao de m arco da S c i e H l i f i c A

can,o p esq ui sa do r a r g urn e n ta q ue , c on tra ri a

a s c on ce pc oe s m e nd el ia na s, pa rte d a e xplic

para os padroes observados de heranca est

m u ta <;6 es e sp on ra ne as, i sto e , a l te ra co es n a

g errn inariva dos pais que sao novas para

descendenres . W ig le I ' acredita que u rna t

unificada do autisrno pode ajudar a exp

8 outras doencas com plexes de b as e g en e

\j como a e sq uiz olre nia , a d epre ssa o, a ob esid~~ m6rbida e 0 d ia be te s C o nf ira .

~

~ Benefidos inusitados~~~~&Q~~~~~~~~~~~~~~~~--~

. . . . . . ~.-..-.,~.. ~..:;..~

. ; :o _ _ ~~f~

·_.H...-'"' 1 C : : : : ; j : : j lJ ! tI : " " " ' _. . . . . .- ~~~

"'_;>Io~_'_

~~:~~_~ c:;.~~~~~~.":=.IWI' ;;r-_£::~..

BLOC DA REDA< ;AOAcesse, leia e comenre asinformacoes e reflexoes

NOTfClASN otas sobre lares rele va nte s n as

areas de psicc log ia , psicana lise e

neuroc i en c i as

AGENDAProgramacao d e c urs es ,

congresses e eventos

MULTIMfDIAV ideos e podcasts sabre

as ciencias da mente

A s pessoas que sofrem da doenca de H unt

ton (parolog ia nil qual os neu ron ios llg ado

controle motor e a cognicao sao desr ru

sao m enos propensas a desenvolver ca

e costum arn ter m ais hlhos que a m edia

popu la cao A incla nao se sabe

exatarnente a que esra por tra s

d essas constatacoes, m as u ma

equipe da U n ive rsid ad e T uf ts

encontrou um a possfvel lig a-

< ;a o e n t re e las a protefna p53 ,

que controla a d ivisao celular

e parece desem penhar papel

import an re n a imun id ad e.

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GENETIC A OU AMB IENTE .?

o qu e vem antes (ou com m aior f orca). as infiu ellcias

dos g enes ou das experiellcias;> A final, se a heredi-

tar iedade e responsive] par in um eros trac es d e p er-

sonairdade, 0 ambiente tambern influi n a exp re ss ao

genet i ca Ma s q ua l p re va le ce e em qu e circunsti ncia

isso acon tecez O s artig os apresen tados n a edi<;1io

181 nos f az em pen sar qu e a busca de so lucoes {micas

para os m isrerios hum anos, bern com o as linhas de

reflexao que se apeg arn a apenasum ponto de vista,

desprezando outros com o se fossem absurd os, estao fora de rnoda.

C a r l o s H . N o v a e s

S a o l o s t " d o ; C a m p o s , S P

DEDO NA FERIDA

A plausos, parabens, parabens: A pes

le r 0 texto "Hora de pO l' 0 declo na

fer icla" , pub] icado na edi< ;ao 1 79, deM enres C erebro, f iqu ei fa d o a rticu -

Iista S idarta R ibeiro! E le escreve de

lorm a re su rnida, exara e espe ctf ic a 0 qu e

acontece em relacao ao u so de drogas .

T en ho a rn esrn a opin iao sabre a assunto ,

o especialista eonseg uiu se expressar

~ claram enre, em apenas lim a folha, sem~~ tan to b la , bla , bl< 'i;" 0 born se nsa a dve r-

Ieo sufoear as drog as com saco plasrico

~ mara" . E ntenda quem l iv e r consc i enc la

ie b orn sensa!

Q i V 1 a r i a 1 1 1 5 N a d i l ' l

Caxias d o S u i , R S

o B E B E E AR EV IS TA

E ll e m i nha m ulher g ostam os m ui to de le r

a col ec so A M e n t e d o B M e ache que isso

termi nou in flu en cian do n ossa C larice, de

5 meses (a D l a d oJ . Ap en as rn os rre i a re vi sra

a ela e como g osta d a foto do bebe da

c ap a, a a ga rrou . Pa r s orte e ll e sta va g ua r-

d and o a rna quina na que le momenta .

Parabens pelo b elo tra ba lho d e voces!

M!fCO R cs J o , p r o fm o r d a U n i v c r s i d a d e

F e d e r a l d a B a h i a ( U F B A J

E NTR E A S PA S

C ostei de Vel" as citacoes d e pe sso as fa -

rnosas de novo na secao "E ntre aspas" c ia

revista, C omo foi dire no editorial do m espassado, pede ate ser urn cletalhe , m as e

de detalhes que a vida se faz . Obrigadal

S a n d r e l i c c S o u z a Lillla

N a t a i , R N

REVISTA AF]NADA

Parabens pe la revistal E sta c ad a v ez rn ai s a fi·

nada, C ran de abraco ao pe ssoal c ia reda\ao

l u s sa r a R a l 1 lp a s so

S a o P a u l o , S P

Por ra zo es d e I im ita ~a o. d e espaco,a reda~ao tom a a liberdade deselecionar e editar as cartas recebidas.

EDITORIAL

Tel.: 5511 6013-8100 Fax: 5511 303

A TE NDIM E NTO AO A S S IN A N TEMudanc a de endereco , renovacao,

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EXPOSIc;:Ao

Por Graziela Costa Pinto

Cores exuberantesestimulam a lrnaqinacaoOBRA D E LIzA RRAG A , TE TRA P lEG IC O D E SD E OS A NOS 80, MOSTRA FRONTE IRA S E NTRE UNGUAG EM E PE RC E P<

A n ton io lb :< irrag a. Pin tu ra s e D ese nh os. E stu dio B u ck . R ua lopes Amara l , 123 , V i la O l lmp ia , Sao Paulo, S P.T

( 1 1) 3 8 46 4 028 e 30 44 -4 57 5. G ra tis . D e 1 2 d e marco a 3 0 d e e bril,

o c ot id ia no , na o nos dam es conta da com plexidade

envolvida em cada gesto que fazem os ou im agern que

vernos . M as 0 tem po todo sornos c on vo ea do s a tra ns fo rm e r

e stf rn u lo s e impre ss oe s e m fa tos de linguagern C abe ao

cerebra a tarefa in in te rru pta d e d ecod if ica-los, crian do cate-

g o rra s ( au re p re se n ta co es rn e nta is ), q ue , s in cron iz ad as e ntres i, tra ns form a rn -s e em p erc ep coe s. s en sa co es passiveis de se

ta m ar re alid ad e a pre en sf ve l para 0 su je ito por m eio de etapas

s irn bolicas d e org an iz acao e interpretacao

Em geral, esse processo de decodilicacao do registro

s en sive l p ara 0 lingulstico au inrelectual ocorre de m odo

a uto rn ati co , q ua se a n os sa re ve li a. T od a a e xu be ra nc ia desse

p ro c es so se r eve la , pa r exernplo, no ato cr iat ivo (par r ne io c ia

tecn ica , dos recu rsos [orm ais e da e xp lora ca o d as f iguras de

I ing ua ge rn, c om o as m era foras), n os f enom en os stne ste sic os

(capacidade m ental em qu e 0 estfmulo de u rn se nrido le va a

p erc ep cso de ou tre ) a u em s i tuar;6es- limi te (na emergence de

perig o ou de perdas funciona is , m otoras ou neu rolog ica s) A

p ro du ca o rn ad ura d o a rg en ti n o natural i z ado bras i le i ro A n ton io

L i za rra ga , em e xp os ic ao n o E s tu dio B uc k, em Sao Pau lo , parece

nos i er nb ra r d i sso.

N a m ostra corn 3 6 obras, entre telas e desen h os, em cartaz

ate abril, a co r sobressai a forma 0 artista plastico seg ue a

t rad icao geometr ico-consrru t iv is ta . S ua p rod uc ao dos a nos 6 0

e 70 esteve lig ada a exper imentacoes t ecn ic a s, s ob i nsp ir ac ao

de e le m en tos d o de se nh o industrial Em J 9 83 , sof re u u rn a ci-

dente vascu la r ce rebra l que 0 deixou terraplegico. Lizarraga

passou en tao a produ zir obras

c om a ju da de cola bora dore s

A muda nca no m erodo de

tra ba lh o re du nd ou nurn novo

estilo de arte no qual a expe-

rirnentacao piet6riea passou a

se T e lem en to c en tra l

o e sq uem a d e tra nsc ric ao

entre irnag em m ental e execu-

OAHTISTA

nos anos 70

Obra Teodo l i t o , de 2007 (Serre [anelas), em acrilico sobre tela

r ; a o plastics e altam ente m inucioso. 0 artista d ita

imag rnada em seus rmn ir nos deralhes (sernpre pro

p ara te la qu ad rad a e, rn ais re ce nte rne nte, retangular

en tra na im agem aquila que pode ser nom eado, m

Ll n um e ra do" , a li rrn a 0 curador da exposicao, L o

M am rnf . A inda assim , C0 l 1 1 0 lidar intelectualm ente

as qualidades do sensfvel> ju starnen te af . nesse im

reside a poetica de L izarrag a. A abstrar;ao calculada

ft6rica de suas obras nos rem ere a s e nig rn atic as ro n

da linguagern com a percepcao - ca m p o de 0n de 0

p arte p ara te sta r, ate 0 lim ite, a capacidade das pa

de sig niiicar e enquadrar sen tidos, forjando nessa zo

tensao sua g rarnatica da s ensibilidade.

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EVENTO

Exposkao e simposlo analisam desenho na arte e na dendaPROjETO MAPE IA A S INTERFA CES ENTRE REPRESENTA<;AO GRA FICA E OUTRA S UNGUAGENS

Odesenho conternporaneo e suas interfaces com outros

saberes e te rna do projero D e s e l ' J h o e s e u ; p aP 6 s , em

cartaz em S ao Paulo. ld ea li za do p ela a rtis ts plasrica Edith

Derdyk, conternpla lim a serie de atividades, de exposicao

a s ir n po si o. A tividades com o p in tu ra , e sc u lt ura , totogratia,poe si a v is u al, maternatica, f isica, arquitetura e cornurucacao

visual se entrelacarn, Ar t i s t es , in te le ctu ais e cie nrista s

exploram 0 te rn a em s ua s v aria s v erte nte s, re toman do 0 papel

fundam ental do t r a co para a consr rucao do pensarnento, ci a

cornu n icacao e da s a coe s h um a na s,

" Is so in c1 u i 0 rabisco num resto de papel para explicar

u rn t ra je to , 0 recado na m esa de telefone, 0 registro rna is

sof isticado de alg um a eng renag ern" , a f r r m a Derdyk A

exposicao A l g u l l s a sp e ct o s d o d e s e l1 h o c on le m p O rG l le O , concebi-

da pela artisra S hi r1 ey Paes L em e, apresenta producoes

ined: tas, que explorarn possibil idades concei tuais ematerials . C arm ela C ross, A na Tavares e C abelo sao

a lg un s dos a rtista s convidados Oj ic in as , me s as -redond as

e relatos de exper ienclas , a cargo de art is tes plasticos

como S erg io F ingerm ann e do f il6sofo N elson Brissac,

en tr e outros nornes de des taque em areas diversas,

corupletarn 0 panorama do desenho nas artes e nas cien-

cias : N o contexto do evento , fo i l ancada a antologia

d e e nsa ios D i s e g l 1 o _ D e se n h o_ D e sC l1 n io , pela editora S enac.

Do ponte d e vista psfquico, 0 desenho e fundamental .

Pe lo [ at o de s e r ind i ssoc iave l 1 1 subje t iv idade , fo i rapidamente

incorporado a psicolog ia e psicanalise como recurso diag-

n6stico au rerapeutico. principalm ente na clfnica infant il

S abemos que a cr ianca d esd e p equ en a t race 0 m undo para

apreende-Io, com isso, busca dar sentido a s percepcoes e

!> a os afetos a ind a se m nom e, a si propria com o sujeito e a os

~ b I P0 jetos que se apresentarn a sua vo ta_ rimeiramenre, 0

1 fa z n a g aratu ja , n o rab isc o, depots nas f i g ura<;oes esquema-

" ticas, que aos poucos g anham perspectivas, cores, letras e

..i numeros A atividade ocupa, portanto, lu gar de destaqu e

na estru turacao do psiqu ism o, sendo anteparo fu ndam ental

da linguagern escrita O af ser F onte de interesse renovado

por parte de todos aqueles que se m teressam peios sinuosos

cam inhos da criaC ;ao e da m ente hurnana,

ENTREPAREDES (super i o r ) , de Tamara Andrade (2007), carvao,

grafite e llnha de costura sabre parede

~- .. _ . ~~~..

•DETALHE DA OBRASem titulo, de Roberto Bethcnico (2006):

lndsao de ponta seca sobre papel, po de ferroe planta artificial

De.sen hoe seus papers, S ese Pln heiros. R ua Paes L em e, 1 , S a o Pau lo,

S P. lnform acoes pelo tel.: (1 1) 30 95·940 0 au no site www.sescsp.orq.br, Gratis.OSimposio ocorre ate 9/3 e a exposlcao, ale 30/3.

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Rivalidade entre lrmaos

(e ter perm issao para fazer) quase tude. N em os I

d o m e io e sc ap arn 1 1 a ng u sti a d e v iv er " es pre rn id os " e

a prim az ta dos m ais velhos e a atencao dada aos

novos. " A s ve ze s f ic a m e sm o dilfci I d ivid ir. Q u a n do

e se u irrn ao ( ou i rma ) desejam a rnesrna coisa e s6

pode te-la naquele memento, voces terao uma disp

escreve 0 au tor. E apre nder a ceder ou com partilhar

g era l n ao e tarefa f c k i l . M as t ern s u as c o rnp en s acoe s

Al l ey re ss a lt a que nao importa 0 rnimero de cria

qu e h< iem u ma casa , se sao m eninos ou rneninas, ou

idade. Elas tern em com u m os pais - e a necessidade

c om p artilh a-los.ln de pe nd en te m en te d a ordern de

c imento , enfrentar essa realidade e urn aprendizimportante e mui ta s vezes doloroso. "Mostra

qu e h< iespaco a fe tivo p ara tod os, os adultos erajam as c ria nc as a c re sc er unidas, partilh an do

vidas. Ass im, elas podem acred

qu e sao espeeia is, eada um a

rnaneira, na famfl ia e tam b

no m undo. E o que e 0mun

senao um a g rande fam i

( G l 6 u c ia L e a /)

L l V R O L A N c ; : A D O P E LA P A U L U S A J U D A A D U L T O S . A L l D . A R C O M 0 C I l J M E fN F . A N T IL

Aeheg ada de um be be c ostu rn a cria r e xp ecta tiva s

e ser m otive de aleg ria. E tam bern de conf lttos,

i nse gu ra nc as e a ng u stia s - p rin ci pa lrn en te para a s e r ian -

c;as m ais velhas. que podem se senrir ameacadas pela

presenca do recern-nascido, que se torna 0 centro das

atencoes. 0 livro I r m a o s c l . u m e t l t o s , I m l a S e g o f s t a s , lancado

pela Pau lus, eserito e ilustrado pelo arnericano R W _

A l le y, tra ta desse assunto delicado. 0 autor dirige-se

nao a penas a s cria ncas , m as tarnbern a pa is e educadores

para lernbrar que a rivalidade entre irrnaos pode nao

ser um a situacao transitoria, m as persistir, privando

as pessoas da convivencia ale tiva in tense com seus

irmaos e propiciando afastarnentos muitas vezes

in tra nspc nive is n a vida adul ta .

A f i n a l , p od e h av er d es eon f orto em se ro primogenito ever todas as atencoes

volradas aos cacu las que " precisarn

d e rn ais cu idad os" i mas se r 0 mais

jovem da tu rm a ta m be m desperta a

sensacao de qu e n un ca se ra posslve l

ser " born 0 suhcien te" com o os

i rm a os m a jore s, q ue p are cem saber

ENTRE A SP AS

E::::::~~~i1 " 5 6 s e p o d e v iv e r p e rl o d e c e r i a p e s s o a ,

_-.}"......,.jI~-.....-otl s e m p e r i g o d e 6 d i o , s e a g e n t e t e r n a m or .

Q u a 1 q u e r a m O f j d { u m p o u q u i n h o d e

s a u d e , u m d e s c a n so d a 1 o u c u r a . "

joao Cuimaraes Rosa (1908- I 9 6 7 ) ,

em G r a n d e s e r t a o .· I )mdas

"Morre l e n t a m e n t e quem na o v i a j a ,

na o I e ; nd o o u v e m u s i c a e

nao encontr a g r afa e m s f m e sm o . "

Pab 1 0 N eruda ( I 904- I 9 7 3 ) ,

e sc rt to r c hi le no

" Q u a n d o s e f a t a q u i l a q u e s e p a d e , f a t - s e a q u i l a q u e s e d e v e . "

Madeleine de Scudery (1607-170 I),

n ov eli sta f ra nc es a

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Conversa com am igosEM L1VROORGANIl.ADO POR BENILTON BEZERRA J R . E FRANCISCO ORTEGA, PSI.CANALISTASE FIL6s0FOS

APRESENTAM QUESTIONAMENTOS E REFLEXOESSOBRE A OBRA DE WINNICOTT

um a ou ou tra das visoes em debate . E

esse 0e spi ri to q u e a tr av e ss a o s 15 artigos

qu e cornpoem W i r m i c o tl e s e il s int e r /o w t o re s,

org an iz ad o por B en ilton Bezerra Jr . e

F ra nc is co O r te g a, professores do Insti-

tu to d e M e dic in a S o cia l da Univers idade

E s t a d u a l do R io de Janeiro ( U E R J ) .

N o ample encontro de ide ias pre-

sentes na coleranea, 0 autor-anf i t r iao

e 0 psicanalista Donald W. Winnicou

( 1 89 6 -1 9 7 1 ) . S eus convidados fonnam

urn grupo heterogeneo d e f i1 6 so fo s e

p si ca na li sta s. M a u ri ce M e rle au -P on ty

W i llia m J am e s, J ac qu es L a ca n, M e la nie

K lein , F riedrich N ietzsche, C

Cangurlhern, entre outros S em

<;iio de retificar ou corrigir as opi n

"dono da f es ta ", o s convidados

o dialogo reonco, permitindo-se

c ord ar ou d is co rd ar am ig ave lrn e

pontes de vista de W innicot t .

Um dos artigos que se de

" Def esa e criatividad e em Klein

e W innicot t " , d e O ctavio Souza

enccnrramos lima cornbi naca

e bern-sucedida de rigor conce

aplicabilldade clinica. Na p ri rn eir

do texto, Souza organize a lg um

C ~oca~ "[ivros no cO , nt ex to de ou tros

l ivros ou, a qu e d a rn ai s ou menos

no rnesrno, a pre se nra r a uto re s " [re nte a

f ren re" , ref lerin do e con versand o sobre

su as d issonsn cias e consonaoc ias teori-

cas . Esta proposta do qu e d everia ser 0

debate de i de ia s em qua lq ue r doscampos

do conhecim ento, com o a f ilosof ia , a

lite ra tu ra, a c iencia e a p sic an alis e, foi

formulada pe lo pe nsad or a m erica na

R ichard R orry , m orto em 2007. S ua

metodologia do debate in telectual

c on serve a cre nc a d e qu e quando se esta

d ia nte d e d ois p ontos d e vista distin ros

sobre de te rm inada mater ia , nao ha:nada

' ex rr ar nun do " , i st o e , do la do de fora de

no s me srn os , qu e aurorize o u c on fi rm e

Hilla d ec is ao d elm it iv a e irnutavel par

E IMPORTANTE QUE 0 ANAUSTA ESTE JA SEMPRE APTO A

ESCO LH ER EN TR E DU AS ETICA S: ADA RESPONSABIUDADE

DO CUJDADO; SUA OPt;AO CO NDIClO NA A TIT UD ES DIF ER E

g ra nd es lin ha s q ue orien tam 0 co

d as c on tri bu ic oe s te orrc as a psic

depots d e F reu d. Para sso toma

b aliz as a s n oc oe s d e tra um a , d e d

se us re spe ctivos pa pe is na const i

d a su bjerivida de . N a seg un da p a

in ven ta rio te 6ric o, c on cise e e fi

vira para ilum ina r e d i fe renci ar mo

pra ti c a c lf n ic a na psicanalise, agr

se gu nd o d uas c onc ep coe s d istin

c arn lnh os su bje tivos pe los qu ai

a constitu icao d o su je ito , 0a na

defronrara com as charnadas "e

re sp on sa bilid ad e" e " eti ca d o c u

N a p rim e ira , 0 p ro ce ss o a na

orien tado oelo Im ne proposito

o sujeito, qu an do ve rd ade ir amen

anal i se , a rq ue c om a s d ire co es s ub

que tornou e com os carninhosquais seu s sin tornas se constitu fram

DONALD WINNICOTI: dialogo com

Heln, Lacan, Nietzsche,entre outros

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WINNlC OTT E S EU S

INTERLOCUTORES

Ben ll to n Bez er ra J r. e F ranc i sco

O r te g a ( or gs .) . R i o d e J an e ir o:

Re lume D um ara, 2 00 7, 3 91

p ~g s. , R $ 3 5, 00 .

o urra s p ala vra s, 0 su je ito d eve d ep ara r

com 0 qu e ( eve f or c a traurnatica e c om

o con jun to d e de fesa s qu e const i tuiram

se u m odo de opera r no rnundo, N a

segunda etica, 0 rrararnento seg ue a

i de ia de qu e 0 paciente nao e apenas 0

m ontante de suas respostas defensives a

urna especie de traum a constitu inte, m as

efeito de um a experiencia de constitui-

<;ao su bjeriva n a qu al 0 arnbiente e tao

protag on is ta quan ta ele proprio.

A qual d es sa s id eia s ad erir> N ao se

rrata de um a questao de g osto pessoal,

m as de pertinencia clinica da qual

.& a pr6prioanal isra nao deve querer

~ e sc ap ar . " E i rnporrante qu e ele ( 0 1 1 1 1 1 1 -

" ! i s l a ) esteja sernpre apto a real mente

escolher en tre as duas ( e t i C r l 5 r, ahrrnao au tor. A d ec isa o, p orta nro , na o edada pela f idelidacie do prof issional a

determinada corren te teorica , m as pa r

su a sen sib ilidade em optar, d ian te de

G a da p es soa que 0 procure, po r um dos

cam inhos possfveis. S ua op<;ao condi-

dona ati tudes d iferenres em relacao

ao a na lis an do rn ais si lenciosa n a e tic a

da responsabrlidade e rnais acolhedora

na do cui dado, pa r exernplo. " A erica

do a na lis ta d eve ser a erica d a siru acao

COLEc;Ao

En con tro s en tre teo ria e d inica

A c ole cs o C lin ic a Psicanalft ica, d a Casa do Psicolcqo, ganhou

mals quatro tftulos. Em C om p le xo d e E d jp o, N ora Beatriz S us-

m anscky de M iguelez revisa o tem a com base na literatura

p6 s-freu dian a e pcs-lacan ren a. A pratka clfnica e 0 foro de

D e sa iio s p am a r ec niC Q p s ic an o lft ic o, de Jose C arlos G arcia .

Alern de retletir sobre 0atcance da intervencao a luz de F reud,

Winnica t t e F ere nc zi , e ntre outros au to res, G arcia faz urn relate

detalhado do case clfnico de urn paciente estrang eiro que

suscita ques toes m etod ol.6 gic as in com u ns .

T ra m a d o o lha r, de E dilene F reire de Oueiroz, trata, em ter-m as freudlanos, da arti( ula~ao en tre percepr;:ao e representacao,

sensacao e pulsao, num jogo dialetico que se desdobra para a

cam po da psicopatolog ia .. A 1 6g ica na razao e na desrazao, os

m eandros da linguag em natural e clentffica e 0 fenomeno da

r ep eti r; :a o n a escuta ps lcanal f ti c a sa o as assuntos abardados par

N elson da S ilva Jr. em Un g u a g en s e p e nso m e n to .

C om p le xo d e fd ip o. N ora B e atriz Susmanscky de Miguelez . Ca s a do

P sic 6log o, 2 00 7 ,1 80 p ag s., R $ 22 ,00 . Desa li os por a 0t e eniw p liwna l it ic a .

Jo se Ca r los Garc ia . C a sa d o P si c6 lo go , 2007 , 1 1 2 p ag s. , R $ 1 4 , 0 0 . I romo

do olhar. E dilen eF reire d e Q ueiroz . C asa d o Pskoloqo, 2 00 7, 9 8 pags. ,

R$ 12 , 00 . L i nguagensepemamen f o . Ne ls on d a S i lv a) r. C a sa d o Ps i c6 logo ,

2 00 7,1 42 pa gs., R $ 1 8,0 0 .

c J inica que encontra" , conclu i S ouza

Embora a s t ex to s presentes n o li vro

contenham a leveza e a g ratifica~ao do

encontro en tre n ovas e velh os am ig os,

que ning uern se eng ane: por rras de

toda facilidade e f lu idez com que as

ideias sao apresentadas pelos au tores ha

o e sfor co in telectu al de quem trabalha

duro pela precisao do s conceitos e pela

arquitetura cia arg um entacao te6rica

A os autores coube 0 trabalho arduo e

o praz er da pesqu isa, aos leitores, cabe

tam ar parte no debate.

G UllH ERM E G UTM AN e medico psi-

qu ia tra , p sic an alis ta . d ou tor em sauds

c ole tiva p ela U ER Je p ro fe ss or d e p sic o-

Jogia da PUC-RJ.

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LlVROS

PEN SA R A M ORTE

lntroducao atanatologiaA ar te d e m o r re r - Vis6esplurais aborda

a mo rte s ob d if ere nte s p ers pe cti va s.

O rg an iz ad o p ela jom a li sta e e du ca do -

ra D ora I nc on tri e p elo m e di co F ra nk li n

S a n ta na S a nt os , 0li vro re un e te xtos d e

e sp ec ia li st as e m me d ic in a, p si co lo gi a, antro-

palogia, f l losot ia e d ire ito q ue p arti ci pa ra m

do I C urso de Tanatolog ia, E duca)ao para

a Morte , realizado em 2007 n a F ac uld ad e

de M ed ic ina da U nlvers idade de S ao Pau lo

(USP ) . 0 lancamento ch eg a nurn m om enta

adequado , quando c re sc e a ref lexao sobre a

rela)ao d as pessoas com a propria f in itud e

e universidades am ericanas e europeias

vem f orm a nd o m e di cos e sp ec ia li za dos em

tan atolog ia. O s au tores de A atte d e m o rr er

prop5 ern qu e a f im da vida nilo se ja encara-

do com o tabu . C om o escreve S an tos, fazer

de con ta que a m orte nao e xis te n ao a juda

a I idar m elhor com esse fen6rneno. M as, apartir do f in al d o s ec ulo X VI II , a c re sc en te

rned ica l l zacao tornou indecente a m orte

em publico e 0h ospital, em vez d o proprio

quarto, 0 lu gar " natu ral" p ara 0 u lt im o s us -

piro. Tarnbern m erece d estaq ue a trajet6 ria

d a p siqu ia tra su ica E liz abe th K O bler-R os s,

contada por Ma r ia J u li a K6 v ac ks , p ro f es so ra

d o In stitu to d e Psicolog ia d a U S P . C oube a

K ubler-R oss recoloca raassu nto em pa uta n a

sociedade com a lancemento, em 1969, do

livro S obre a m orte e 0 morrer . A obra fa z parte

da c ole r;a o P an s of ia , d a E d ito ra C o m en iu s,

que bu sca articu lar a espiritualidade comas conhec imentos das c ie nc ia s h u rn an as ,

exatas e b i ol 6g i ca s.

A a rte d e m o rr er - V i s o e s p lu ra ls . Do ra I n co n tr i

e Franklin Santana Santos. Cornenlus, 2007,

303 pags. , R$ 50,00.

R EL IG IA O E C IE NC IA

Efeitos da crenca sobre a menteEm ReJ ig ia o , p s i copa ro log ia e so ud e m e nta l 0 m e di co P au lo D alg ala rron do ,

professor da U niversidade E stadual de C am pinas (U nicam p), faz um ba-

lan~o das pe squ isas q ue realizou n os u lti m os 15 anos, 0 au tor parte de

um a definicao da relig iao com o fen6m eno, levando em can ta os multiples

cam pos sernan ticos em que se insere , para depois abordar a constltu lcao

do s estudos dedicado ao tem a, com enfoque em pelo m enos tres areas de

c on h ec im e n to : p si co lo gi a, a nt ro po lo gi a e, ma i s r ec en teme n te , neuroden-

c ia s. D alg ala rro nd o re ve a s a na li se ! sistematicas d a r el a( j: ao e n tr e 05 credos,

a s oc ie d ad e e a cu ltu ra. P arte da C r ec ia a nt ig a , abordando 0pensamento

d o fil6 sof o X en 6f an es d e C 6 10 fon (570-460 a .C ) , p as sa pelos antropoloqos

B ron is la w M a li now sk i e C la ud e le vi -S tra us s e pe la s con tr ib u i coes d e S ig m un d

F re ud e C arl Ju ng . N os cap itu los finais, 0 p si co pa tolog is ta c om p ila e stu do s s ob re a po

in f luencia d a relig iao sobre trans tornos rn entais, usa d e drog as e su idd io.

Religi i io , pS icopa t o Jog ia e saude mental. Paulo Dalg alarrondo. A rtm ed , 2008,

paqs., R$ 52,00.

P 5 1 CANAu S E

Dlaloqo entre Dolto e Nasio

D pslquratra e ps icana lista Juan David N asio, d iretor dos S em ina-

rios Psieanaliticos de Paris, convidou , em 1985, Francoise Dolto

para discu tir de form a sim ples e d ireta a teoria e a pratica de seu

universo clfn ico. D olto, coleg a d e Jacques l.acan e fundadora da

Eseo la Freudiana de Paris, na epoca havia acabado d e pu blicar A

im a g e m in co nsc ie nte d o corpo. 0 resu ltado desse encon tra esta no

livro A c r ionca d o espe lho , qu e aborda, entre ou tros tem as, a fun< ;ao

do rosto, 0 papel do espelho e a irnportancia dos desenhos para as

criancas, melancolia e esqulzofrenia, N o segundo capitu lo, 0 livro

traz um texto de 1959, orig ina lm ente publieado nos Ca d e r n o s de Ps l c o pe dago

(Cah i e rs d e Psychopedagog ie ) , no qua l a psicana lista f rancesa trata das atividad

pS icoterap~uticas que conduz iu nos reform at6rios e centres m e di co s p ed ag 6g ic o

(C MPP) eainda reproduz

assessoes

de tratam ento de urn m enino de8 anos.

Du

I iv ro d e D olto d is po nf ve l ao publico brasileiro e Quando aspais se seporam, parte

colecao Transrnissao da Psicanalise, coordenada por M arco A nton io C ou tinho Jo

do Institu to de Psicanalise da U niversidade E stadual do R io de Janeiro C UerO .

A c r tanca d ,o espe lho . F rans:oise Dolto e Juan David N asio. Jorg e Zahar E di

2008,93 pags., R$19,90.

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F ILME --------------

A vida em reconstrucaoH .lS T6R IA DA H U MA NIZA c;A o DE A GEN TE POU CIA l N A EX-A lEM ANHA OR IEN TA L

S ERV E C OMO MHA FORA PA RA 0 DE S EN VO LV IM EN TO DA SU BJE TIV IDA DE

S egundo 0d ita do p op ula r, a g alin ha

d o v iz in ho b ota ovos m a is a rn are -

l inhos. E urn erro com urn . ju lg ar que a

vida do outro e m elhor e m ais faei1 q ue

a propria. Es s a i n te rp re ta c ao pode se r

revista em A v id a d os oulr os, do diretor

alernao F lorian H enckel von D onner-

sm arck vencedor do O scar de rnelhor

f i l r n e es tra ng eiro e m 2007 A historia

se passa num a epoca an terior a queda

do M uro de Berlim, quando C erd , um

agenre da poltc ia se cre ta d a A le m an ha

O rie nta l, a S ta si, in te rpre ta do p elo a tor

Ulr ich Muhe, e incumbido de vigiar urn

d rama t ur g o, C e o rg , s us pe i to d e s e opor

a o reg im e cornunista

No in fc io d o f ilm e , vernos a perso-

n ag em e ns i n an do a u rn g ru po de alunos

metodos de in ve stig a ca o p olic ia l, c ujo

princfpio i mpli ci to s eri a 0 de que todo

suspe i to e cu lpado. A s tecnicas qu e

tra ns rn i te se rvi riam p ara qu eb ra r a re sis -

tencia dos inim ig os, faz endo aparecer

a a ve rsa o a o siste m a. 0p olic ia l na o se

abala quando um aluno 0 questiona

s ob re a h u rn an id ad e dos procedimen-tos: P ara e Ie , 0qu e existe e o certo eo

errado, as bons e as rnaus, os que sao

favoraveis ou contraries ao sistema.

Pode-se supor qu e Ce rd f oi e du ca do

sob e ssa d ic orom ia , s em qu e e sse s ju fzos

se aproxirnassem, irnpedindo conllitos,

duvidas , r ef J ex6 es ~u a rn b iv a len ci a s.

A ps icana li s e n os e nsin a qu e e dessamaneira que a desenvolvimento mental

se mic ra . P rimei rame nt e s e e sta be le cem

o certo e 0 errado, 0 born e 0 mau . Arnedida qu e crescem os e acumularnos

F IC H A T EC N IC A

A VID A D 05 O UTIIO S

( 1 37 m i nu to s), A l em a nh a, 2 0 06

Dire~i io :F lorian Henckel von Donnersmarck

Com : U l ri ch M i .i he ,M a r ti na G ed ec k, S e ba st ia n Ko chEmOVO

e xp eri en ci as e rn oc io na is , e ss as c erte z as

sao colocadas em xeque, trazendo a

tona duv id a s, c o nf li to s e a rnb iv a le n c ia s .

E desse m odo que se constr6 i um a

subjetividade, um m undo in terno que

da sentido ao viver

Esse processo de desenvolv i rnento

e descrito no H l r n e de Donnersmarck.

C om a observacao do dia-a-d ia do

escritor, a vida rnonotona e vazia do

policial se t inge de novas cores. C erd

se torna m ais sensivel e t ra ns fo rrn a

su a rnaneira de se r ever a mundo

por meio do contato com urn outre

ta o diferente dele E le se apaixona

pela rnusica, descobre 0 poder da s

palavras e a lorca contida nas relacoes

de carnaradag ern , A dm ira a riqueza

afetiva, humana e sexual de Ceorg .A observacao da vida do drarnatur-

go fom ece elem entos para a recons-

rru ca o d a s ub je tiv id ad e do agenre da

Stasi , hm cionando com o um a m atriz

p ara a d es co be rta de nova s r ea li dad es e

possibilitando a apreensao de u m con-

ceito estetico IS$op od e s er o bs erva do

em m u itos mementos. Ver C e rd ou vir

e encan tar -se com u ma rm isica tocada

p or G e org e perceber 0e fe ito qu e a a rte

pode su rtir sabre a aletividadeDe car ra sco, C erd passa a ser a pro-

te tor de G eorg , tom ando-se alg uem qu e

se empenha em preservar todo 0 arco-

I ri s d e p ossib ilid ad es prese nte n a vid a,

contra 0 preto-e-branco estabelecido

por um a educacao ng ida e POl' r eg i rn es

rotalitarios. Proteg er G eorg sign-fica

preservar toda a riq ue za hum ana e

tarnbern defender as preciosidades qu e

g anhou com 0 contato com ele .

o f ilm e p od e ser entendido como

um a rne ta lora do desenvolvirnento

m ental do ser humane , e nao apela para

a i de ali za ca o, te rm i n an do com urn final

f eli z. A f i na l, ninguern pode dizer que

seja f a c il v iv e r um a e xiste nc ia p le na d e

perspectivas. C om isso, Donnersmar-ck

nos incita a repensar a constatacao

contida no ditado popular. A V id a a lh eia

pode ser invejada, m as ser ia m elhor se ,n a inte ra cao c om 0ou tr o, bu sc a ss e rn o s

d es co br ir c oi sa s novas, p erc eb er o ut ra s

possibil idades, trocar afetos e experien-

c ias , no lu g ar d e dese jar que os avos do s

o utro s s eja rn rn en os a rn are lo s,

S UE lY G EV ER Tl, pstcoloqa clfn ica e psi-

canat ista, e professora do Institu te S edes

S aple ntla e e do departam ento de pslquia t r la

da U n i!e sp . M em bra da diretoria da S ocie-

dade Brasl le ira de Psican~ l ise de S ao Pau lo e

da comissao de divu lqacao da tmemot iono tP s y ch oa n al yt ic a l A s s oc ia ti on ( lPA).

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PERCEP~AO

Paraconsumidor, vinho vale quanta custa

N a o irn porta a saf ra d as w as, n em ° buque.ou tantos ou tros deralhes qu e carac-

terizam urn born vinho, Para consurnidores

nao fam illarizados com a bebida de Baco,

sua qualidade tern m ais a ver com 0 preco da

g arrafa do que com a qualidade do liqu ido

qu e h a dentro deja . E ssa e a conclusao de um

estudo feito na I.lniversidade Stanford.

Pa rr ic ip ar am da pesquisa I 1 e sr ud an te s u n i-

v ers it ar io s q ue d iz iam g o st ar de bebervinho tin-

to ocasionalrnenre, F orarn apresentados a des

c in co tipos d e c a b e m e t SGHli ign0115 , idenriiicados

pelo preco (na verdade, foram usados apenas

tre s, d oi s d ele s I ora rn o fe re cid os d up la m en re ).

o vinho m ais caro " cu stava" , em m oeda

hcticia, $ 90 ; 0 ma is b ara ro , $ 1 0 0 cerebro

de cada u rn fO i rnoni torado par ressonancia

m ag nerica funcionaJ para medir a a ti vi da de

d e lim a reg iao conh ecid a com o cortex orbito-

f rontal media l (C O FM ), que e a ti va do q u an d o

a pessoa passa por experiencias praz erosas.

O s resu l tad os rnosrraram qu e qu an to

rnais alto 0 preco do produto, rnaior fo i a

atividade do C OFtvl. Os a uto re s e spe ram

que a experiencia e, quem sabe, a aju da dos

en6filos m udern esses dados, considerando

qu e os partic ipan te s sao jovens am adores

no ram o. "S e 0e sru d o ti ve ss e s id e f eito c om

profissionais do v i n ho , os resul tados senam os

rnesmos>', perguntarn-se os a urore s, N o va s

e stu do s d eve m responder a quesrao.

PREt;:OSALTOS ativaram mals intensamente

area cerebral l igada ao prazer

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PSICO ....r

Celulares, MP3 e animais de estimacaoPA RA A MEN IZA R A NGU STIA , S E R ES HUM AN QS A TR IBU EM ESTA DOS M ENTA IS C OM PlEXOS A BIC HOS E OBJETOS

A tribuir qualidades hum anas a ani-

mals de es t imacao e u rna form a

d e a s pe ssoas a liviarern 0 sofri men t a

c au sa do p ela s olid ao, se gu nd o p es qu is a

c ia U n ive rsid ad e d e C h icag o publicada

n a re vista P s y c h o lo g ic a l S c ie n c e , A te af

nenhuma novidade, 0 curioso e que

essa idenri f icacao na o se este nd e ape na s

aos b icho s, "Quando 0 individuo perde

os e los a le tivos com seus sernelhantes,

e le tend e a d esc rever tam bern obje tos

p es so ai s, e sp ec ia l m e nte a s e le tro ni co s,

com o celu lares e tocadores de M P3 ,

como se fossern do tados de rac iocfnio",

expl ica 0 ps icologo Nicholas Epley ,

c oord en ad or d o e stu do

opesqu isad or realiz ou d iversos ex-

perimentos no s quais isolou voluntarios

d ura nte v ari as s em a na s e a s f ez e sc re ve r

p eq ue nos te xtos s ob re t er na s i nd ic a do s

pe lo s pe squ i sado re s , COIllO bichos de

e st ir na c ao . "Com 0passar d os d ia s, c re s-

c ell a te nd en cla d e d esc re ve r os animai s

como se eles fossem h um a nos" , d iz .

o autor cita 0 [ilrne 0M i il if r a g o ,

PSIQUIATRIA

ANTROPOMORFISMO e mecanisme que protege 0pslqulsrno do lsolarnento afetivo

protagonizado par Tom H anks, para

explicar 0 fenorneno, Para conseguir

lidar com a solidao da ilha deserta, 0

personagem inventa L im am i go chama"

do W ilson, que nada rnais e que uma

bola de voleibol " Os pesqu isadores

charnam isso de antropomorf ismo- tra-

ra-se de u rn m ecanism e q ue p ro te ge 0

p si qu ismo c on tr a os e fe itos devas tado -

re s d a p riva cao social." A solid ao p od e

se r L im a e xp erie nc ia d olorosa e morta l;

como fator de r isco para d ive rs as d o-

ent;as , e ainda m ais preocu pan te qu e 0

ra bag ismo, af irm a Epley.

Atoxoplasm ose, doenca causada pelo protozoario

. T o x o p la sm a g o n a i i e g eralrnen te transm itida por

g atos, pode au m en tar 24 vezes 0 risco de um a pessoa

desenvolver esquizofrenia 0 dado vern de urn es tudo

publicado no A m e r i c a n 10uma i o j P 5 y c h ia t l Y , q ue c orn pa -

rou am ostras de sangue de cerca de 20 0 esqu izof reni-

cos com as de pouco rna is de 50 0 pessoas sau daveis ,

O s d ad os tarn be rn m ostraram que 0 tra tam en to da in -

f e o : ; : a o c om d ro ga s a nti pa ra si ta ria s c on se gu iu

deter a prog ressao do disnirbio psiquiatrlco.

"Es tudos an te riores ja indicavam a relacao en-

tre a esqu iz of ren ia e a presence de an ticorpos

contra 0 toxoplasm a, m as e a prim eira vez

que se demonstrou que a infeccao precede

a s s in torn as rn en ra is" , d iz 0 psiquiatra Robert

Yolken, da l. ln iv er si da de J oh n s Ho pk in s.

Protozoario pode deflaqrar esquizofrenia

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FEROMONIOS

Cheirinho de homemI ' H . ome .m c .h e ir a diferent.e n ide g arot~ ." E s sa f ra se , ou vid a c asu al~ en te .., . . num a conversa, def intu 0 projeto de rnestrado do psicoiogo

Tomaszewsk i Htpolito d e M o ura , d ef en did o na l .l ruvers idade F e de ra l d o

R io G rande do N orte . Estudando a in flu encia dos ferom onios na selecao

d e pa rc e ir os , 0pe squ is ado r d e rn ons tr ou que as mu lh ere s sa o c ap az es de

d is ti ng u ir h om e n s rna is n ovos ou rn ais velh os ap en as pelo olfato.

O s re su lta do s i nd ic am a e x is te n c ia de u rn me c a ni sm e a nc estra l p or

rneio do qua l as m ulheres conseg uem explicitar sua preferencia par

p arce iros a lg un s an os rn ais ve lh os, 0 que teoricam en te se tradu z emindiv iduos mais maduros do ponto d e v is ta l f si co , rna i s expe rien te s para

e nf re nta r a s a rn ea ca s d o ambi en te e com m ais recu rsos para prover e

proteger a companheira e as descendentes. Os hornens , par su a vez,

nao foram capazes de d is ting u ir a idade das rnu lheres pela percepcao

olfativa, ern bora a m aioria tenh a preferido parce iras rna is joven s, na

fa ixa dos 20 anos, sernpre qu e 0 contato visual f o i p e rmi ri do.

OLFATO FEMININO pode distinguir parcelros

rnais velhos: homens nao tern a mesma capacldade

MOTRICIDADE

Como 0cerebro contro la a s rnaos

S endo a m ao a parte do corpo m ais habil e versatll,

e curioso que as neu rocienc ias tenham dedicado

ta o pouco espaco 21 0 estudo das bases neurais qu e

reg em esse m ernbro fascinan te . 0 n eu rob i61 og o

Franc isco V alero-C ueva s, da U niversidade Cornell ,

entretanto, pretende recuperar 0 tem po perd

o cientista publicou no J o u r n a l o f N e u ro sc im c e

e xte nso a rtig o ern que rn os tra u m a c irc ui ta ri a c ere

vasta e especializada relacionada 21 0 controle m

das maos "O bservam os que a com plexidade dessa

neural esta relacionada p arti cu la rrn en te c om 0 con

tem poral e a sintonia f ina entre as m uscu los dos de

af i rma 0 pesquisador,

Os resultados ta rnb e m ajudam a expl

o lento desenvolv imento c i a des treza m a n u a l

in fanc ia e s ua vu lne rabi li dade no caso de doe

n eu ro de ge n era tivas, "D i ve rs os p ro ce ss es pa to lo

a fetam a m otric idade rna nua I, trazen do g ra

prejufzos para a qualidade de vida. N 6s que re

en ten der com o 0 c ere bra c on tro la e ss es mo v ir ne

fines para poder preserva-Ics" , conclu i 0 a

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Formacao em

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INSTITUTO MILTON H. ERICKS

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teoria, demonstracoes clinic

dos professores e exercicio

entre os alunos, visando:

Dest inado a P s ic o lo gia C l in

Hosp i t a la r e Med ic i na

Criacao de intervencoes ricem forma e conteudo emurn curto periodo

Entendimento e

Superacao de Traumas

Diagn6sticos Individualizado

Como entender, utilizar e induzforma classica e moderna

Relaxamento,Transe e Hipnose

Comunicacao indiretaem psicoterapia

Disturbios Psicossornaticoe tratamento

1°HIPNOTERAPIA EDUCATIV

2° HIPNOTERAPIA ERICKSONIA

Urn sabado por rnes das 8:30 as 1

Sao PauloInicio 26 deAbril de 200

Sao Paulo 11 5585 33

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Do °D O D D D ~ [ f n euro c i en c i a s

Ho l o g r ama s , faraos e d emo cr a c iao CEREBRO PODE SER CONSIDERADO UM SISTEM A ORGANIZADO , NO QUAL OS NEURON IOS

ELElTO S PEL A M ASSA N EU RA L "V OTAM " au "se ABSTEM " NUM A SUCESSAO DE ASSEM BlEIAS

C om qu an ta.. s n e.u ronios se

laz urn comportamento?

S e e verdade que as si napses

tern memoria , urn neuronic

solitario nao toea sonatas de

B eeth oven . N os an os 50 , Karl

L ashley observou que ra tes

subm etldos a vastas Iesoes

c orti ca is ru an tln ha rn corn-

portarn e n tos previamente

aprendidos Conc1u iu que as

m ern orias sao cod if rcad as por

multiples grupos nel l ron a is

equ iva Ie n t es, am p I am en te

e sp alh ad os p elo c orte x c ere bra l. C omonum holog rarna, a m em oria do todo

contida em cada pequ ena parte .. . A teo-

ri a h olog raf ic a d a re pre se nta ca o n eu ra l

im plodiu na decada segu inte com

a descoberta de m 6dulos neuronais

c ap az es d e m a pe ar top og ra fi ca rn en te

o e sp ac o s en so ri al.

O s experim entos pioneiros de V er-

n on M ou ntcastle n o cortex sornestesico

foram seguidos por estu dos classicos

do cortex visual [ei tos p or T orste nW iesel e David HubeJ, Prernios N o-

bel de M edicina e F isiolog ia de 1981 .

O s m odu les neu rona is ocorre rn em

re g ioe s c ere bra is p ro xi rn as a s e n tr ad a s

sensoriais, fonnando urn rnosaico em

qu e m6dulos c on ng u os re pre se nra rn

atribu tos bern sim ples d e porcoes ad ja-

centes do rnundo - e som em em areas

disranres da perifena, c u ja s r es po st as

sao m ais especializadas Consolidou-

se a teoria da hierarquia pirarn ida l,

com pou cos neu ronios-f araos com an-

parece com um a democracia ,

em qu e os neuronlos voram

ou s e a bs te rn Duma suces sao

de assernbleias.

M as a c ienc ia se a lim en ta

d e p ole rn ic as . P es qu is ad ore s

e urop eu s re ce nte me nte c on se-

guiram a ss oc ia r a e sti m ula cs o

de urn tinico neuronic no

c 6rt ex s en so ri a 1 d e r ate s a exe-

cu ~ao d e l im co rnpo rt a rnen t o

s im p le s: la rn be r g ora s d e a gu a.

A lguns in te rp re ta rarn a acha-

do, que ocorreu em nurnero

d e ve ze s b ern p eq ue no, m a s e sta ristic a-mente signrf icar ivo, como evidenc ia de

que neuronios individuals atuam como

f ar a6 s. 0 truque que fez 0 experimento

funcionar foi 0 trein arn en to previo

dos animals com esttm u los robu stos,

envolvendo milhares de neurcn io s. I sso

condicionou todo lim grupo neuronal a

funcionar em equ ipe, pennitindo que a

estim ulacao su bsequ ente de u ma (m ica

celula t ivesse chances pequenas , mas

apreciavei s de dis serninar a in jormacao .E precise considerar qu e c ad a neuronic

f az m ilh are s de sinapses com ourros e

que a a t iv a c a o de l ima c el ula s e propaga,

em instanres, por L im a e norm e cadeia.

N ao se trata, portan to, d e neu ron ios

T u ta nc arn on , e sirn d e re pre se nta nre s

eleiros da rnassa neuronal. ~

dando mu itos n eu ron i os- escravos.N o e nta nto, experimentos poster io-

re s rnostrararn q u e mo v irn e nto s simples

n ao pod em ser d escritos pela arivid ad e

d e n eu ron ios m o tore s is ola dos, m a s sirn

por equrpes neuronais, 0 avanco da

e le tr of is io lo gta d e mu lti plo s e le tro do s

permitiu ao brasileiro Mig u el N i co le li s

d ern on strar qu e e qu ipe s n eu ron ais s5 0

n ov ame nt e re cru ta da s a c ad a rn ov im e nto

ou percepcao N i eole lis ta m bem d es co-

brill qu e m6 du los c ortic ais b ern organi-

z ad os se emba ra l h am qua nd o 0$ animais

n ao e sta o a ne sre sia dos, re ve la nd o U T n

cenario bem rnais proximo d e L a sh le y

do qu e seria legitime super ha 20 anos,

qu and o as l i rn i tacoes tecnicas i rnpediarn

re g is tro s em a n ir na is d es pe rto s, L o ng e d e

s er uma au to cr ac ia vert ical , 0 cerebra se

SIDARTARI.BEIRO e Ph.D. em neurobloloqia pela Universidade Rockefeller e diretor

de pesquisas do Instituto lnternacional de Neurocienclas de Natal Edmond e LilySafra (IINN-ELS). Fez pos-doutorado na Universidade Duke (2000-2005) investigando as

bases rnoleculares e celulares do sono e dos sonhos e 0papel de ambos no aprendizado.

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Diversidade e inclusao escolarUDAR COM AS DIFEREN<:AS NA SALA DE AULA E UM DESAF IO NAO APENAS PARA PROFESSO

M AS TAM BEM PARA PSIC6 lOGOS E DUTROS PROF ISSIONA IS QUE ACOM PANH AM CRIAN~S

C ome<;a a ano letivo.. Ao e .n tra .r na

sala de au la, 0 p rof esso r d ep ara

com 30, 35 ou 40 rostos, A s vez es,

nao se det€m em nenhurn deles e J acorneca a coloear 0 planejamento

e rn p ra ti ca . e prec ise se apressar para

c um p ri r 0 prog ra ma . M a s € al que a 19 o

acontece: hc i a lu n os q ue simplesmente

n ao a pr en dem .

Coloca-se entao 0 desafio nao

apen as para edu cad ores, m as tam bern

p ar a p ai s, p si co pe da g og o s, p si co lo go s

e ou tros prof issionais das areas da

saude e da educacao. H averia um

desencon tro? F alta de preparo pOl'

parte do docente> O u as cnancas

ns o tiveram "urna base boa" do ana

anterior? Hiporeses sao cogitadas

a lu nos q ue a pre se nta ra m d if lc uld ad es

certam en te tern alg um problem a!

A partir desse m em ento, 0 olhar

do professor para os alunos que 0

decepcionararn ) .1 esta contaminado

pelas ideias de fracasso e ha 0 ri sc o d e

q ue e le , a in da q ue i nv olu n ta ri ar ne nt e,atribu a r6 tu los a essas crian cas - cada

qu al c om u rn a h istoria, u m a traje toria

escolar d istin ta, u m a m an eira sin gu lar

de percebero rn un do, d e se re la ci on ar

e d e a pren der.

O s professores do ensino funda-

m ental, rnedio ou m esrno da un iver-

s idade considerarn a slngularidade

ao preparar suas au las? O s curses

de g raduacao de fa to preparararn

prof ssiona i s para a diversidade epara se preocuparem em conhecer as

cria ncas, a dolesce nre s au ad ultos qu e

eheg am ate as salas de au la? Incen-

tivarn 0 p lan eja me nto d e arivid ad es

variadas, qu e podern proporeionar

ao s estudantes oossibil idade de ob-

ter sucesso, desco bri r e mostrar as

habil idades, desaf iandc-os a buscar

novos conhecimentosz

S e a acao educativa deve levar

em conta todos esses cu idados, sera

possfvel inclu ir cada urn dos edu -

candas na retina escolar, g arantin do

que se sin tam seguros para m ostrar

o que sabern e correr em busca do

que lhes faha. A inclusao it qual m e

ref ire parte dar, do respeito que deve

pau tar as relacoes, seja com alunos

considerados " norrnais" , com os que

pertencarn a ou tras cu ltu res ou que

tenharn alg urna necessidade educa-

c io na l e sp ec ia l.

M as 0 que e i nclusao> C om o

pratica-la em salas de au las !otadas,

com pou cos reeu rsos, alu nos in disci-

p lin ad os e tan tas ou tras dihculdadeszComo prornover valore s q uan do, p or

exern plo, a rn ld iae leva a categoria

de herois e ce lebridades aqueles que

trapace iam e rn entern , se ja nos reality

5 1 , o w s ou no cenario politico! De

[aro, fazem os parte de urn sistem a

edu cacional cheio de falhas e qu e, nao

ra ro , d i f icu lt a 0 p roprio ato d e ed uc ar,

incluir 0OI I / ro , porem , d epen de ba sic a-

m en te da vontade e da dispon ibilida-

de para conhecer e se com prom etercom 0 d esen volvim en ro d esse Dulro

- seja ele u m a crian ca sern d ef ici

L im alu no c om n ec es si da de s e sp e

urn "adolescenre problem a" o

ad ulto q ue a in da n ao f oi a lf ab etrz

E fu ndam ental qu e aquele que ,

g uma rnaneira, participa do pro

de educar tenha d is po nib il id a d

q ui ca p ara 0acolhunento ..Segu

pesqu isador Conzalez-Rey, a su

vidade caracteriz a-se por " forrn

org an iz ac ao s ub je ti va d os i nd iv

concretes . N ela aparece constitu

hist6 ria (m ica de cada um dos

duos, a qual, den tro de um a cu

se c on sti tu i e m s ua s re la coe s p es

T ra ta-se de u rn processo dial

quando a aqao do su jeito m odi

m e io soc ia l, e sig nif icada por

a partir dessa significacao, a pr

su jeito pod e alterar a sen tid o an

relac ion ad o aqu ela a< ;3 0.

A subjetividade e urna co

ra< ;ao flexfvel e se c ia ao long

tem po, constitu i -se por m eio da

d o su je ito, d as re la coe s in te rp essdo contexte social, cu ltu ral e d

m ento h isrorico em que a su ie it

in serid o. A s rela coes e sta belecid

escola en tre prof essores e estu dan

entre os proprios a lu nos sao rel

en tre su bieri vidades, consritu

por conceiros e pre-conceiros,

id eia s sob re 0 qu e e aprender

desenvolver, pelas ideias qu e o

candos tem de escola, de ensin

seu papel na in stitu icao, do sequ e os professores atribu em a p

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[CABE A INSTITUI~AO PROMOVER AINSER<;AO

SISTEMATICA DOS ALUNOS NA CULTURA E

lO R NA -LO S A PTO S A EXERCER 0 PA PEL DE

AG EN TE S S O CIAlS PAR TIC IPAT IV O S]

pedagog ica , do m om enta his torico,

politico, econornico e social

C onstitu fm os urna sociedade qu e

exclui 0 qu e e diferente, a qu e foge

a regra, 0 qu e na o d a lucro A escola

recria e rnan tem as relacoes de poder

e s ubmi s sao que earacterizarn a socie-

dade, pa r r sso, t arnbem exdu i atraves

d a b us ea d a p ad ro nlz ac ao privilegian-do 0 resu ltado e nao a processo.

A lunos que "nao eonseguem

acompanhar" a t u rma sa o exclufdos

por m eio de notas , dos cornentarios

feitos a respeito de seu desernpenho e

dos rotu los aos qu ais sao su bm etldos

O u por meio de g estos e 0 1 hares que

expressam a desaprovacao. C om o

re ve rte r esse qu ad ro? C om a obrig a-

to rie da de d ete rm i na da por lei de as

escolas receberem todos os alunos,

sern d istincao. se faz m ais do que

nunca necessario refle tir sobre prati-

ca s pedagogicas. N ao e rnais toleravelque se aja com o se todos os su ie itos

fossem i guai s e aprendessem do meso

mo jeito, em urn m esrno ritm o e por

meio das mesmas atividades

E m m eio a esse ttlrb ilhao - chama-

do inclu sao - cabe a e sc ola p romov er

a i ns erc ao sistem atica dos alunos nacu ltu ra e torna-Ios aptos a serern

agentes ativos e part icipat ivos .

E onde a Ieitu ra e a producao de

rextos en tram nesse processo> E ntram

desde 0 in ic io da vida acadern ica .

O u , pelo rnenos, deveria ser assim .

Escrever e urna form a de expresser

o pensamento, os sentim entos e de

se comunicar, 0 habito da leitura

perm ite , alern do desenvoivim enro

cogn itivo, apropriacoes af e tivas e

desenvolvim ento da certeza de que se

Por A dria A ssunfao S an tos de Paula

pertence a um a cultura e a u rn te m po.

Pa r m eio d es sa s p ra ri ca s e poss fve l

m obil iz ar sentim entos, lazer desper-

ta r variados in teresses, rn otivacao,

propic iar a in teracao en tre pessoas,

de ixar A U ir a criat ividade ,

o re gistro e sc rito , a o longo d a n ossa

historia, reflete a condicao hurnana,

desejos, ang tistias, incertez as, conf li-

tos, alegnas, sofrimentos, conquistas

e evo lu c ao . Q uando se trabalha com a

d iv ers id ad e te xtu al, e dada aos alunos

a oportun idad e d e d esenvolver h a b r l i -

d ad es , re pre se ntac oe s e com pe te nc ie s,

f a c i l ita nd o a in te ra ca o soc ia l, m el h ora n-

do sua au to-estirna e, po r conseguinte,

o desempenho acade rn i co

U rn canto na o e rnais irnportante

do que urna historia em quadrinhos

au um a noncia de jornal. S ao apen as

diferen tes, podendo s er de boaqual idade ou n ao. P rivile gia r 0

trabalho com urn tipo especff ico de

texto e excluir a riqueza que as m ais

diversas m odalidades de producoes

escritas no s oferecem e irnplica

exclu ir a lunos que se iden tif icam com

outros tipos de leirura.

A acei tacao da d iversidade tex-

tua I em sala de a u la p ossibil ita a

inclu sao dos diversos esrilos e ritmos

de aprencliz ag em . A busca da COm-

perencia, do desenvolvirnento das

habtlidades in divid ua ls. da sensibili-

dade e do trabalho em conjunto sao

caminhos para lidar com a sin gu la -

ridade - e talvez nos torne m ais sen -

sfveis, solidarios e preparados para

enf ren tar as desaf ios de urn m undo

e m c on sta nte tra nsf orm a ca o. IT0=

A DRIA A SSU NC ;:A O S ANY OS D E PA ULA ep sk olo qa e du ca cio na l, m e stre e m p Sic olog ia

d o d e s en vol vimen to .

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C0@[f~®lliJ([) Carlos Eduardo Gulnle Rocha Miran

A mao do acasoB RAS llE IR O D ES C O BR IU , N A D ECADA D E 60, G RU PO PAR TIC U LAR D E N EU R ON IO S DO S IS

V IS U AL ; AT UAlM EN TE S E DE DIC A A IN ClU SAO S OC IAL DE PE SS OAS CO M DEFIO EN CIA M E

11934 - NA SC E NO R IO DE JA NEIRO , NO olA ,~ DE JA NE IRO .

11953 - IN GRE5SA NA FA CULDA oE DE MEDIC INA DA UN IVER S IDA DE

DO BRA SIL (A TUA L UN IVER S IDA DE FEDERA L DO R IO DE JA NE IRO),

11959- E SPE CIA UZA -S E E M E LE TR OFIS IO LO GIA E N EU RO AN ATO MIA N O

IN STlTUT MA REY EM PA RIS ,

11963 - (ONC LU I 0 DOUTORA oD rELA UN IVER S IDADE FEDERA L DO

RIO DE JA NEIRO (U FR j),

11967- VA l PA RA OS bTADDS UN IDOSFA ZER POS -DOUTORADO INA

U NIV ER SIDA DE H AR VA R D.

I 1970- D E VOLTA A D BRA SIL , A SSU ME A C HEF IA DO L <l.BOR ATOR ID

D E N EU ROB IO LO GI A II DO IN STITUTO DE BIOF IS IC A DA UFR J.

11993 - TORNA -S E UM 005 V IC E -PRE S IDENTES DA A CA DEMIA BRA SI-

LE JRA DE ('EN C IA S , C A RGO QUE OCUPA A TE 2004,

I1996 - (R IA 0 PROGRAMA INTEGRANDD, L IGADO A ACADEMIA

BR AS IL .E IR A DE C iE NC IA S, Q UE O RR EC E M OR ADIA S A SS IS TIDA S E T R ABA LH O

A PE SS DA S C OM N EC ES SIO ADE SE SPE CIA IS .

. D · · e sc ob erta s i nte re ssa ot. e s e v.a ltos as p o. c lem. .,pOl' rnero acidenre. M as nao foi apenas po

do acaso que a neurocientista carioca C arlos

do G uinle R ocha M iranda identif icou neur6nios d

tem poral que sao at ivados por e stf rn u lo s v is ua is c om p

particularrnente maos ou faces 15S0 foi no final da

de 60, quando ele fazia pos-doutorado na Un iv ers

Harvard e inves ti gava 0 processarnento cerebral de i r

em parceria com 0 psicologo experim ental C harles

o eng enhe iro eletr6 nico D avid Ben der. F oi af qu e su a

m ao Ihe rendeu lima re le v an te c on tr ib u ic a o a c ie n

achado poderia tel' passado despercebido, nao F osse

picacia de Rocha M il-anda e sells companheiros E se

lormou em uma valiosa pista para a cornpreensao da

como a c ere bro processa as imagers recebidas pcla

Os pesquisadores colocaram m acacos anestes

diante de lim a tela n a qu al urn projetor d e i rn ag en s a lt

bordas e traces. "E studiivam os havia horas lim a celu

m al respondia a esses estfm ulos, quando passe l a m

Ircnte da lente, projetando sornbra na tela, Qual

nos sa surp re sa 2 1 0 ve r q ue a ce lu la cornecou a a presen

atividade incrfvel" , conta R ocha M iranda. C om base

observacao, sua equipe form ulou a hipotese de que e

no cortex tem poral neu ronios m uito com plexes, qu e u

j nform acoes proven ientes do cortex visua I e as in te

vivencia do anim a]

E ssa suspei ta nasceu de experi m en tos que h

mostrado que aquele tipo de neuronic era sens

visao de m aos. " Verif icarnos, POl' exernplo, que a

que entrou em grande atividade durante a projecao

ocasiao s6 respondia bern quando a mao era aprese

com os dedos para cima, jusramente como 0 m

vi: a sua propria." A lern disso, 0 grupo constatou

havia outros neuron res sensfveis a visao de olhos

faces hum anas e de sim ias, sugerindo que, de a

forma,0

cortex tem poral e capaz de integ ral' estcornportarnentais corn base em formas m ais sim ple

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P R O jE T O IN T E G R A N DO , c ria do p or R o ch a

M iran da , b usca lnse rlr n o m erc ado p essoa s

( om n ec es sid ad es e sp ec ia ls

Nascldo no d ia 1 5 1 de janeiro de

1934, R ocha M iranda cursou em C on.

n ec ti cu t, E s ta do s Un i do s, 0equivalente

a o e n s in o med ia ( h i g h s c l J o o / ) F o t 1 .1qu e

sua curiosidade pela pesquisa cientffica

desabrochou . N o laborat6 rio do cole-

gio, 0 adolescente comecou a estudar

bacrerias qu e n xam nitrogenio, 0 qu e

contribuiu p ara d espe rta r se u interesse

pela ag rono rn ia , Tant o qu e el e fO i aceiro

na Un ive rs idade C o rn ell p ara prosseguir

se us e stu dos n ess a a re a,

N o entanto, lim a b re ve temporada

de trabalho em lim a das fazendas de

su a familia , no in terior de S ao Pau lo,

fez 0jovem de r 9 anos perceber que a

agronomia nao era a carrerra qu e mais

por M a ra F .ig ueira

[0 'E XPE RI!M E NTO C O NS IS T IA N A OBSERVA~O

DA AT IV IDADE CEREBRAL DE M ACACOS DIANTE

DE UMA TELA COM F IGURAS GEOMETR ICAS ]

o atrafa , O ptou entao par e studa r m e-

dicina na Univers idade do Bra si l, atual

U n iversid ad e F ed eral d o R io d e jan eir

(UFR) ) , onde r raba lhou com 0bioffs ico

C ad os C hag as F ilho - urn dos pionei-

res na irnplantacao da pesquisa cien-[!R ca no Brasil - , que contava entao

com 0 a ux ilio d a engenheira francesa

Den ise Albe- Fessard, do Insri tut Marey

em Pari5,qu e 0 i ntrod uz iu a o estu do cia

neurof is iologla de rnarn f fe ros .

S ob a supervisee d e A lbe-F essa rd e

em parceria com seu coleg a E duardo

O sw aldo C ruz , R oc ha M i ra nd a esru-

d ou , em g atos, 0m i cle o c au d ate , um a

estrutura cerebral pouco conhecida

na epoca e que parecia desernpenhar

papel no controle da m otricidade.

Conclufdo 0 curse d e m e dic in a e de-

[e ndid a a rese sobre 0m i cle o c au da te ,

o pesqu isador fo i incen t ivado a sa ir do

Brasil, principalmente pelo medico

n eu rolog ists A ristid es P ach eco L eao,

u rn dos pion eiros d as n eu rocie nc iasno pals, descobridor do f enorneno

c ere bral qu e ficou mundialmente co-

nhecido como depressao alas trante

R oc ha M i ra nd a vo lto u a os E s ta do s

Unidos , em 1961, para fazer esragio

nos Is titu tos N a cion ais de Saude ,

em B eth es da Seis anos depots, seguiu

p ara B oston p ara [a ze r oos-d ou tora do

na U n iversidade H arvard , m esm a

in stitlli <;a o em q ue P ac he co L e ao h avia

brilhado nos anos 4 0 .

E m H arvard, Rocha Miranda

seguiu Lim a linha de pesquisa similar

1 1em preg ada pelos neurobiologistas

D avid H ubel e Torsten W iesel, que

g anhariam , em 1981, 0Premio Nobel

de Fisiologia, N a epoca, os d ais cien-

t is ras anali savarn 0 lob o oc ci pita l p ara

en tender com o 0 c ereb ra proc essa

a m f orrn ac ao qu e sa i da retin a para

reconstruir a forma d e ob je tos como

bordas e a ng u lo s, c on si de ra do s ele-

mentos primit ives para a lormacso dere pre se nta coe s m e nra is

MUDANC;:A DE FOCO

O s e xp eri mentes re a I iza d os p ar Rocha

M iranda e o s cole g as Charles Cross e

D avid B en der con sistiam em observer

a atividade cerebral de m acacos posi-

c ionados diante de um a tela na qual

eram p ro je ta da s f ig u re s g e ome tr ic as .

Diferen tem ente de H ubel e W iesel,

in teressad os n o lobo occ ipital, R och a

Miranda locou su a observacao n o lobo

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EM HARVARD: pesqulsador foi il Boston

em busca de novos metodos e de

dlaqnostlco para doenca da nihil

temporal , r eg iao que, apesar de p ou co

con he cid a, ja h avia se m osrra do n ec es-

s ari a a o aprendizado v is u al, c on f orme

resultados obtidos pe l a proprio Gross

e par ourros pesquisadores

T rab alha nd o p or d ia s e n oire s a D O ,a ltem an do-s e em tumos , a s p esq ui sa do-

res estudaram um a um as neu ron ios do

lob o tem pora l p or rn ei o d e rn iru is cu lo s

elerrodos. Tanto esforco, a principio,

rendeu a im portan te conf irm acao de

que a in forrnacao visual realrnente

ating ia essa reg iao E ssas celu las apre-

sentavam 0 que os cient is tas chamam

de campos receptores, qu e p od em ser

d es cri tos , d e f orm a s irn pli fic ad a, c omo

as a re as do cam po visual a s quais os

neuronios sa o s en si ve is . " O s camposreceptores do lobo tem poral eram

enorm es quando com parados aos do

lobo occipital, a area estudada par

H ubel e W iesel. A le rn d is so, mostra-

m os que des incluem a re gia o central

do cam po visual, onde 0 an imal tern a

rna ior ac uida de visu al" , e xp lic a R och a

M iranda. A partir dai, porem , 0 grupo

te ve d if ic uld ad e p ara F az er n ovo s a va n-

c ;:o s.A t e q ue e ntro u ern cena 0 qu e se

cham a de acaso ou, como prelere 0

neuroanatomrsta, 5 e r m d i p i f y , palavra em

in gle s, se rn tra du ca o pa ra 0 portugues,

para des ignar descoberras interessantes

e f ei ta s p or ac iden te .

C O N S A G R A C ; : A O

A s conclusoes de R ocha M iranda e

se us c ole ga s g era ra m pole rn ic a no meio

cientffico. Haveria n e uro n io s e sp e ci ali -

z ados a ponto de serem estim ulados por

m aos, faces e olhos? A s ideias do grupo

d e H a rva rd v ira ram a lv o d ez orn ba ri a.

Algun s pesqu isa dore s pe rg un tavarn se

haveria r a r n b e r n g r c m d m o t h e r c e l l s , isto e ,n eu ron ic s e sp ec ff ic os p ara re con he ce r

nossas av6s N aquele m om ento era

d ifkil para a com unidade clen titica

acei t ar qu e neuronios fossem capazes

anos, N o H ospital Infantil de

soube que a Blha era portadora

c is te in ern ia , d is fu nc ao g en eti ca q

a f alh as n o rnetabolisrno d a me t

arninoacido f un dam en ta l p ara 0

volvimento d o s is tema nervoso.

o d l s tu rb i o , po re r n, havia s id

tifkado tarde dem ais para qu e p

se r corrig ido por m eio de d ieta a

da. M as a experiencia estim ulou

M iranda a criar, em 1 9 9 6 , qu an

vice-pres idente c iaA c ad em i a B

de Ciencias, 0 projero Integ

(www.integrando.org.br). A ini

que conta atualm ente com 0 ap

Fundacao de A m paro a Pesqu

E stado do R io de Janeiro (Fape

Financiadora de E studos e P

["TEM OS S EN SIB IL IZADO IN S TITU IC ;O ES A N O

AJUDAR A CR IAR S O l U C ; : O E S PARA A I N C 1 U S A O

PESSO AS COM NECESSIDADES ESPECIA IS"]

de tarnanha f a r; :anha. "A te para publicar

o trabalho foi d if fe il. M as, ao longo

d os a nos, ou tros a utore s c on firm a ra m

a exisrencia de g rupos neu ronais que

re sp on de rn a e stf rn ulo s c om s ig n if ic ad o

biologico para 0anima]"

C onclu .da a pesquisa com 0 grupoda U niversidade H arvard, R ocha M i-

randa retornou a o B ra si l, em [ 970 , para

continuar su a invesrigacao no lnstituto

de Biohsica da U FR J V eio com ele t am-

b e r n a pessoa que havia sido a g rande

r azao de su a id a aos E stados U nidos em

1 9 6 7 : s ua f ilh a m a is velha M ais do que

a in ten< ;ao de fazer 0 p6s-doutorado,

R ocha M iranda havia escolh id o seu

destino com 0 ob je t ivo de enconr rar

tra tarnen to m edico para 0 problemade saude da m en ina, na epoca com 4

(Finep) e d a Petrobras , o f e rece rn

assistid as a p essoa s c om n ece ss

especia is e as auxilia na inclu s

m e rc ad o d e tra ba lh o.

o projeto tarnbern p roc ura

re cu rs os h uman os v olta do s a o rra

to e ao cu idado diario dessas pA pesar dos avances obtidos,

Miranda admire q ue e nf re nta

problem as por trabalhar em lim

rnultidisciplinar e aplicada qu e

vista com rnu ita cautela pelo se

ver namen ta l. " F e li zment e t er no s

liz ad o d ive rs as in sti nri coe s a n os

estudar e a criar solucoes para a i

social das pes soas c om d ef lc ie nc i

tal" , complete 0 pesquisador,

MARA FIGUEIRA e

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ENSA IO

V E L O C I D A D EAbe r r a coes de tem p

Em texto inedito no Brasil,0 neurologista Oliver Sack

-------------"

- - .. '\0

~.

,,

Qando crianca, eu era fascinado pela incrfvel am -

plitude de velocidades. A s pessoas se m oviam em

diieren tes ritm os, os an im ais, m ais a inda. A s asas

dos in setos se m exiarn ta o rapido que nao er a passive!

ve-las, m as dava para irnag inar su a trequ en cia pelo tom

que em itiam - u rn baru lho od ioso, um m i ag udo com o a

dos m osqu itos, all um adoravel zunido g rave com o a das

abelhas g ordu chas que voavam em volta das rnalvas-rosa

a cada verao. Nessa tartaruga, que podia Ievar um dia in-

teiro para cruzar 0 g ram aclo, parecia viver num a estru tu ra

te m pora l in te ira m en te diferente, 0 qu e dizer, en tao, do

rnovirnento das plan tas? De m anha, eu ia ate 0 ja rd im e

encon rrava as m alvas-rosa u rn pouco rnais altas,

rnais emaranhadas nas tre licas, m as, por m ais pac ien

I osse, nu nca con seg uia apanh a-las e m m ovim e nto .

E xperien cias d esse ti po contribu f ram para m

it f oto gra fi a, p orq ue e la p erm itia alterar a v el oc id a

rnovirnento, acelerando-o o u to rn an d a- o mais le

rn ane ira que pudesse ver, aju stados ao ritm o per

hum ane, os deralhes de m ovim ento au rnudanca

contra rio , estaria rn fora do poder de reg lstro d os

S en d o afeito aos m icroscopies e te lescopios - rneus

m ais velhos, estudanres de m edicine e observador

passaros, guardavarn-nos em casa -, eu pensava n

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e m ovim ent obre percepcao, literatura e psicopatoIogias

racao ou desaceleracao com o um a especie d e e qu iv ale nte

remporal. 0 movirnento vag aroso com o arnpliacao, u rn

m icroscopic do tem po, e 0 rnovirnento acelerado com o

resume, urn relescopio d o tem po.

F iz experi enc i as f otog ra fan do a s pla nta s. As sarnamba ias ,

em part icular, t inham muitos a tra tivos - princ ipalm en te os

b rotos d en sa rn en te c urva dos, re tes ad os com a te rn p o can t ido ,

como mo le s d e re lo gios , Com 0 futuro todo enrolado ne1e s .

Mantei entao minha cam ara num tripe no jard im e tire i fotos

d ele s a in te rva los d e u rn a h ora , re ve le i os n eg ati ve s, arnpliei-

os e encaderne i cerca de u rna d(iz i21 deles num pequeno

foliosc6pio E nta o, c om o l1UI11 passe de mag i c a , vi as broros

se d esenrolarern com o as lin gu asd e-sog ra qu e assopravam os

nas I es ta s, le va nd o u rn Oll dois segundos para a qu ila q ue , em

tem po real, du rava dois dias

A redu cao cia veloc idade de u rn m ovim ento nao er a tao

faci l quanta a aceleracao e aqui cooter com a a juda de m eu

primo, Iotog rafo, que tinha um a carnara de c inema capaz

de tira r m als de 1 0 0 quadros per seg u ndo. C om isso pude

captar as a be l h a s em a~ao enquanto pairavarn sobre as plantas

e desace lerar os batirnen tos de asa borrados pelo tem po, d e

rnaneira que pude ver n itid arn en te cada m ovim ento

M el! in te resse em veloc idade , movirnento e tempo

- e nas possfveis m an eira s d e torn a-los a pa ren te me nte rna is

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rapidos Oll m ais len tos - fez com que ell m e dele itasse com

dais textos de H . C W ells, 0 romance A m a q u i; J a d o l e m p o

e oconto 0n o v o a c d e r a d o r, com suas descricoes vfvidas e

i m ag in ari as d a a lte ra ca o temporal. " A rnedida qu e a ju stei

o ritmo, a noite se seg u iu ao dla como 0 bater de lim a asa

n eg ra ", rela ta 0 viajante do tem po de W ells, e continua :V i 0 50 1 a lr a v e ss a r r a p id a u um t e 0 c e u , s a /l a n d o POl ' e le a cada wi-

n u l o e a c a d a mimlto m a r c c m d o urn d i a ( _ ) 0m a i s i r n t o e r a s te ja n le

c a m c o l p a s s o u c o r r e n d o r a p id o d e m a i s p a fa m il ! l - [ . _ ) A m e d id a q llC

el l p ro ss e g u l a , a in da g a n h c m d o v e l o ci d a dr , a p a i p jt a p : J o d o d i a e d a

n o i t e jlllJdiu-se n u m 1 1 1 1 I : C Oe c on tl lw o c il 1 Z a , ( . _ ,) 0 S o l e s p a s II I6 d ic o

t r a ns jo r ll l o u - s e e m 1 1 1 1 Ir i s c o d e f o g o , ( . . ) a Li la, e m u l l l a J l ta f l r j t ,w n t e

)Mi5 r e m it ( . . , ) V i a w o re s c re sc er e m e Sf ! m l l s j o r m a r e m (01110 I l i f a d a s

d e v a p o r , ( ) e d l f i e l o s rn Orillf S se e r g u e r e m p a l l : d o s e e sp / m d o ro s os

e passawll C 0 1 l l 0 S O l l h o s , T oa a a S llp c l f i c i e d a T e r r a p a r e ce ll m u d a r

- j l l 1 1 d i n d o - se e j l r l, i n d o d im l le d o s IIfWS o l h o s

o oposto d isso ocorre em 0 n o v o a c e le r a d o r , c on to sobre

um a draga que acelera milhares de vezes a percepcao, os

pensam entos eo rnerabolism o de lim a pessoa , 0 inventor e

o narrador, que tom am a d roga J U 1 1 r os , v a g am por um m u ndo

g lacia l, observando g enre com o nos, mas , ao m e sm o te m po,

, ,

,;

E C O M U M O U VIR Q U E O S A N O S V O A M

C O N F O R M E EN V E LH EC E M OS , M AS

o M E S M O N A O A C O N T E C E COM A S

H O R A S E 05 M IN U TO S , Q U E SAO IGUAIS

A O Q U E S E M P R E FO R A M

d if ere nte , c on g e1 a da em a ti ru d es d e sle ix ada s , apanhada no

rneio de u rn gesto, desliz ando pelo ar baten do asas len tarnen-

te , na veloc idade de u rn caracol excepcionalrnen te lang uido

que , na verdade, era um a abe1ha .

A m a q l l i n a d o t e m p o f o i pub li cad o em 1895 , quando havia

g rande in teresse nos novos poderes cia forog raf ia e do cine"

rn a para re vela r d eralh es d e movime nto s inacessfveis a vista

desarrn ada . 0 fsiologista f rances E tienne .Ju les M arey tinha

side 0 prim eiro a d em on strar que, em urn dado momenta ,

u rn cavalo a g alope t inha todos os quatro cascos no ar. S eu

trabalho, como a fi rrn a a h is to ri ad ora M a rta Braun , estirnulou

as f arnosos esrudos [otog ra f icos do m ovim ento rea lizados

pelo fot6 gra fo britan ico E adw eard M u ybridg e. Marey , po r

su a vez, incentivado par Mu y brid ge , p ro ss eg u iu e d es en vo l-

v eu c arn ara s c a pazes de reduz ira ve l ocidade e qu ase parar os

m ovim entos de passeres e insetos em pi e no va o. , N o extreme

oposro, de u sou a fotog rafia de Iapso de te mp o pa ra a ce ie ra r

rnovimentos qu ase im perceptfveis de esrre l as-d o- m ar e outros

animals marinhos.

Perg u ruei-m e alg um as vezes se a veloc idade de a

e a de plan tas poderiam ser d if eren tes, isto e , 0 qu ant

erarn reprtm idos par lirnires internes ou extem os, c

g ravidade da T erra , a qu an tidade de energ ia recebida

e d e oxig eru o na a tm osfera e assirn por diante Ass im

tambern f asc inado par ou tro livro d e W e lls, O s p r im e i ro

1mLIICI, em qu e h a urna l inda descricao de com o 0 crescir

das plan ta s era drast icamente acelerado num c orp o

com apenas lim a f ra~ao da gravidade d a T e rra :

C o m _ f ir m c s fg t lr a n ~ a e p r o n fa d e li b e r a £ i f o, e s sa s i l 1 c r f v e i s

I m l £ a ! l 1 u l l i a p e q u E n (1 ra lz p a ra b a ix o l 1 a t e rr a e !- ! l n p e q u f l 1 0 b r

o a r . ( .J O S h M 0 5 e m fe ix e s a o o lu m a ra m - s e , c st i c a r a l1 l- s e e a b r

!HIli! s o im ) a n co , a li r a n d o c or a a s COI l1 p e q llm a s p o n ta s a fi a d a s

s e a l o l1 g a ra m r a p i d a e v is iv e im e n te , I I le s l l lO c m / l w r J / o o b s e r v i i v a l

III0 v i l l l f l 1 to e r a m a is / m i o / j u e 0 d e q u a / q rl e r a n i m a l , m a i s d g i /

q l l a l q u e r { > / e l 1 1 t a q H E e u ja v i t a a l 1 t e s . C om o p o s s o l h e d a r l i m

d i s s o - d e c o m o 0 c r e s c im e n /o s e d e s e l1 ro /a v a ? ( . . , ) V o ce a /g u m

p e g O l I , 1 1 1 4 1 1 1 d i a f ri o , W II t e r m o l ll e t ro , m v o l v e u -o 1 1 a m a o q u e n t

p e q llm o f i o d e m e rn i" ri o s u b ir v a g a ro sa ll l e n t e p e / o t r l b o ? E s sa s

h m a r e s c re s c ia ll l a S 5 im

Aqu i , com o em A maqrli lw d o t e m p o e 0 n o vo a c e l e

descricao era irresistivelrnente cinematrografica e

especular se0 jovem W ell s teria visto au fei to exper

com fotog ra f ia de plantas, com o eu .

POLICOS a no s d ep oi s, com o estudan te em Oxford

P n n d tl l o s d e p s j c ol o g i a de W il li am Jam es e nu m rnarav

capitulo sobre A p e rc e p ~ a o d o t e m p o , encontrei esta desc

T e ll l 0 5 t o d 0 5 o s I J w t i v o s p a ra i m a g i n a r q u e a s e r i a t u m s

p o s s lv e im { J 1 te d lf e r ir e n o n l le m e l l i e n a s d u ra ~ i 5 f s q l lC e la s . i n r t l i l i

s e n l e m e 11 0 d e l a lh a m e r ! t o d o s e v e n l o s c om q u e p o d e l l ! p r e e n ch f - I a

B e l e r S f d ed ic o H a a lg u l l s c d /w lo s i l l t e r e s s a l 1 i e s s o b r e 0 i f e i /

d lJ e r tl 1 ~ a s q U a ! 1 d o S f m o d i f i c a a a p a r t n c i a d a l1 a I ll re z a _ S l lp o l

q u e , d u ra l1 re a i n l e rv a lo d e UIII s e g u n do , j 6 ss e m o s c a p a ze s d e

10 m i l e v e n l os d is / h ll t lm e n l e , e m u e z d e q tw se d e z , c o m o a

1 1 0 ss a l . I id a e S li v e s se d e sl i lw d a a m a llre r 0 m c s l ! lo m i m c r o d e i .m

ela p o d e r i a se r m i l oezes m a i s Cfuk D e v e rf a m o s v lv er mel lOS

I I I C s e H aO s a b e r n a d a s a b r e a m H da J l ~ a d e e sl a fo e s S e n t/ s c

i n v e nw , d ev ed a l l l o s a cr e di t a r n o v er i f o c o m o a g o ra a cr e d i/ a m

ealores d a e ra c a rb o l1 i f e r a . O s m o v i m f n i o ; d o s s e r e s orgell1im)

l i f o v a g a r o so s a o s 1 1 0 5 5 0 Ss e n l i d os q u e s m a m i n fe ri d os , I l i f o V l

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S o l permal1cceria im6vd 11 0 c e u , a Lua sena prafica!m?nte im ur av d e

a ss i m p o r d ia n Ie . M a s , a g o r a , i n v e r / a m o s a hip6tcSf e i m a g i n r l l 1 0 5 UII1

s e r q u e c a p t a m a p e n a s u m m i l l s i m o d a s s e n s a ~ oe 5 q u e c a p la m o s Hum

d a d o t e m p o e , c o n se q u m le ll l e n l e ,. v iv e s s e p o r u m t e m p o m i l v e t e s m a io (.

I m m n o s e v e r D e s s e ra o p a r a d e c o m o !!III q u a r t o d e h o r a C o g u m e /o s

e p la n ta s d e c re sc im m 1 0 m a i s r a p i d o i r a o b ro t a r C a m a d ! l r e ce r c om ta l

r a p id e t q u e p a re ce ra o c ri a ~ i5 e s i u s / a ll / i l n e a s , a rb u st o s a n u m s v a o S f

e r g u t r d o s o lo e c a ir d e I ) o / I a d a m c s m a m a f l C ir a q u e a s i n c ( / n s a D e i s

j o n l e 5 d e d g u a s t e rm i c a s, 0 5 m o v im e n l0 5 d o s a n im a i s s na o l i l a i l 1 D i s( v c i s

q u a n t o n o s s i l o o s m o v im e n l o s d a s b a l a s d e a rm C lS d e j a g o e c a l l h i 5 e s ,

a S o l p e r c o r r e ra 0 c e u c o m o u m m e fe o r o , d e ix C l ! 1 d o U II! m s t r o d e f o g o

a lr a s d e si e lc . S e n ' a t e m e ra r i o ! 1 c g a r q u e t a i s c a sa s i m a g i l l a n o s p o ss a m

s e r p e rc e b i d o s e m a /g u m / u g a r d o r e m o a ll i m a /.

E s se te xto d e J ame s f a] p u bli ca do em 1890 , qu an do W e lls

era ain da u rn jovem biologo Poderia el e te r lido Jam es au

os calculos orig inais de V on Baer dos anos I860? N a ver-

dade , podem os d izer que um m odelo cinem atog raf ico esta

im p lf ci to e m tod as e ss as d esc ri coe s, p ois a ta re fa d e re gis tra r

mimeros m aiores ou rnenores de eventos num dado tem po

e exatamente 0 que as camaras de cinem a farao se forem

rod ad as e rn m aior ou menor v elo ci da de que os habi tua i s 24

q ua dro s p or s eg u nd o, a pro xi rn ad ar ne nt e.

O uve-se com lrequ en cia qu e 0 te mp o pare ce an dar rna is

rap id o, qu e os an os voa m a rnedid a qu e envelh ecem os - se ja

porqu e qu ando se e jove m os d ias sa o repletos d e n ovas e ern -

p olg an te s irn pre ss oe s ou p orqu e, c on fon ne f lc am os velhos,

urn ana se torna u ma frao:;aocada vez m enor de nossa vida .

M a s se os a nos p arec em pa ssa r rn ais rapid am en te, 0 mesmonao acontece com as horas e os minutes, qu e sao iguais ao

qu e sem pre foram

O u, no m in irno, assirn m e parecern (estou na casa

dos 70), em bora experim en tos tenham mostrado que ,

enquanto os jovens saoincrivelmente precisos em esti-

m ar um perfodo de tres minutes, individuos rnais idosos

apa ren tem en te c on tam r na is l en ta rn e n te , de manei ra qu e

su a percepcao do m esm o intervale esta mars proxima de

rres m inu tos e m eio ou quatro m inu tos. M as ainda nao

se sabe se esse [enom eno teria a lg um a coisa a ver com a

sensacao existencial ou psicol6g ica do tem po passandorn ais ra pi do a m ed ida que envelhecem os. A s horas e

m inu tes ainda parecem dolorosarnente long os qu and o

estou en ted iado e curtos dernais qu an do estou ocupado.

Q uando m enino, odiava a escola e s er f orc ad o a ouvir

passivam en te a s la dain has d os prolessores, Q u an do olh ava

disfarcadamenre para 0 re l6 g io , c on ta nd o 0 tem po que Ie -

va ria ate m in ha hberdade. 0 p on te iro d os m inutes, e ate d os

segundos, parecia se m over com inf in ita lentidao, Ha um a

consc ienc ia exag erada do tem po em t a is s ir ua c oe s , d e f ato,

quando se esta e nf as ti ad o, p od e nao haver consciencia de

n ad a, e xc eto d o te m po.

C o ntrastava m com iS50 as dellcias da experim entacao e

ci a irnaginadio n o p eq ue no la bo ra t6 ri o quf rmco que montei

em casa L a , num nm de se rn an a, e u c on se gu ia passar 0 dia

tod o a bsorto e f eliz . N a o tin ha c on sc ien cia alg urn a d o tem po,

ate qu e cornecava a sentir dif iculdade em ve r 0 q ue e sta va

f az en do e p erc eb ia qu e a n oire h avi a c he ga do . Quando , anos

depois , Ii em A v i d a d o e s p r r i t o , de H annah A rend t, que em

u ma " reg iao intem poral, u ma p re se nc e e te rn a em complete

q ui et ud e, s itu a da i nt ei ram en te a le rn d os re lo g io s e c ale nd ari os

hum anos ( .. ) a qu ietude do A gora na existenc ia do hom em

pressionada pelo tem po, pertu rbada pelo tem po. ( . . .) E s r e

pequeno espaco nao-rempora l no p ropr io coracao d o tempo ",

s oub e exa ta rn en te de que e la e s tava falando.

S em pre h ou ve relates in form a is d e percepcao d e te mp o

qu ando as pessoas s ao s ubi tamen te a rn ea ca da s p or u rn p eri .

g o m ortal, m as 0 primeiro es tudo s is tem at ic o f oi r ea li za do

em 1892 pelo geologo suico Albert Helm, el e ex plorou os

estados rnentais de 30 indivlduos q ue ti nh am sobrevivido aacidentes 1 1 0 5 A l pe s. " A atividade men ta l t ornou -s e enorme,

aumentando 100 ve ze s s ua ve l oc ida de" , observou H eim . " 0

tempo s e e xp an di u trem en dam en te. ( ...J Em muitos cases,

s eg u iu -s e um a su bi ta re vi sa o d e tod o 0 pa ss ado do ind ivi d uo ."

Nes s a s itu ac ao, e sc re ve u e le , " n ao houve a ns ie da de a lg u rn a" ,

pelo contrario, um a " prof un da aceitacao",

Quase urn seculo depois, nos anos 70, os pesquisadores

R u ssell N oy es e R oy K le tti, da U n iv ers id a de de J owa, desen-

te rra ram e rra du z iram 0 estudo de H eim e seg uiram adiante,

c oJetan do e an alisan do rn ais d e 200 r el at os d e ss as e xpe ri en -

c ias . A m aioria dos in dividu os investig ados, assirn com o osde H eim , descreveu m aior veloc idade de pen sam ento e u rna

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aparen te d esaceleracao d uran te aou eles qu e im ag in ararn ser

s eu s u ltimos memen tos .

U m piloto de carros de corrida, que foi lancado a 1 0

m etros d e a ltu ra n um a c olis ao , declarou "Pareceu qu e a c oi sa

toda d uro u L im a e te rn id ad e. Tudo estava em cam ara lenta e

ti ve a s en sa ca o de qu e ell era u rn aror nurn palco e via a rnirn

mesmo capo tando varies vezes seg u idas ( ...) com o se eL I

estivesse n as arqu iban cad as e assistisse a tu do aconrecendo,

C .) m as eL i na o e sr ava c om m ed o" , O utro p ilo ro , subindo urn

m orro a alta velocid ad e e se ven do a 30 metros d e u rn trern

qu e ele tinha cerreza de que a m ate ria , obse rvou . " Qu an do 0

t rem pas so u pa r mim , vi a rosto do m aqu inista. E ra com o um

AIme passando lentamente, em qu e os q ua dros a va nc avam em

movim en to e sp asmod ic o. rai a ssi m q ue vi 0 ro sto d ele " .

Embor a a lg um as d essa s e xp eri en cia s d e q ua se -rn orte

sejam marcadas par u m a sen sacao de d esa rn pa ro e pa ssivi -

dade , a te d e d is so ci ac ao , em outras, h a L im a i nte ns e s en sa ca o

de irnediatisrno e realidade, e lim a dram atica aceleracao do

pensarnento, da percepcao e da reacao, qu e perrn itern qu e

a pessoa seja capaz de l idar co m 0 perigo. Noyes e KIet t i

descreveram 0 caso de urn prloro de ja to que enf ren tou

O SG ES TO S E ST O N TE A N TE S D O S

M ES TR ES D AS A RTE S M AR CIA /5 ,

R A p/D O S DE M AIS P A R A N O S SO S O LH O S

S EM TR E IN O , SAO EX E C U TA D O S C O M

A G R A <;A D E UM BAILARINO

a morte quase certa quando sell aviao fai indev idamente

lancado de u m porta-avioes " Lernbrei-m e nitidarnente.

em quesrao de uns tres seg undos, de rnais de um a duz ia de

acoes necessaries para conseg uir g anhar altitude. O s pro,

cedirnen tos de qu e eu precisava sc tornaram pron tam en te

disponfveis T ive um a m em oria quase absolu ta e m e senti

rotalmente no controle",Noyes e Kletti disserarn qu e rn u it os d os i nd iv fd u os po r

des estudados sent i ram qu e "haviarn real izado fa<;anhas,

tanto mentais quanta f f si ca s, d a s quais te ri ar n s ido i nc ap az e s

em s it u acoe s normals". D e certa f orm a, pod e ser sem elh ante

a o q ue a con te ce eOI11 a tle ra s tre in ad os, p arti cu la rrn en te n as

cornpeticoes qu e ex ig em tempo d e re ac ao curro.

Urn a bola d e beisebol pod e estar se aproxim an do a qu ase

1 60 km lh e, ainda assirn , com o m uitas pessoas descrevern ,

a bola pede parecer esrar quase im 6vel no ar, as proprias

c ostu ra s in cri ve lrn en re vi sf ve is. e 0 rebatedor se descobre

n um tecid o tern pora I su bitam ente a larg ad o e espacoso, ond e

tem rodo 0 tempo qu e pre cisa p ara re bate -I a

,- ,

--------_._-- -.-.._-- - _ .

Em L im a corrid a d e bicicle ta, os cicl istas podem

m over-do a quase 65 km lh , com apenas 1 0 cm sepa

uns dos ourros, A situacao, para urn observador e

parece precaria ao extrem a e, de lato, a distancia en

e de uris m fseros m ilisseg undos. 0 rnenor erro pode

a um a col isao. 1 \1 1as,para as proprios c ic listas , em

concentracao, tu do pareee se mover a uma velo

relativam ente baixa, existm do tem po e espaco su fi

para permitir irnprovisacao e manobras cornplicada

A ve loc i d ad e e s to n te a nt e dos rne st re s das a rte s m

o s g e sto s d ern as ia do ra pi dos para qu e um olho sem

con sig a acorn pan ha-los podem ser real izados , n a m e

executor , quase qu e cam a g ra~a deum bailarmo-s aqu

os p role ssores e tecnrcos g ostam d e cham ar de " con cen

relaxada", Es s a a lr e racao na percepcao cia veloeidade a

mui t as vezes em f i lmes, como em Il/wtrix, pelas vers

a ~ a oa lte rn ad am en te le nta s e a ce le ra da s.

A comperenc ia dos atletas ( independentem ente

ta le ntos in ato s) 56 s er a a dqu ir id a po r anos de ded icac

tre in am e nto. N o in fc io, mui to eslorco e a tencso sa o n

rios para aprender cada nuance da re cn ic a e da sincronia

e m a lg urn m em ento , as aptidces basicas e a represen

neural se tornam tao incrustadas no sistem a nervos

qu ase parecem u rna seg unda natu rez a, nao havendo

a necessidade de esf orco ou decisao conscientes. U r

da atrvidade cerebral hrnciona au tomat icamente , en

outro, 0 consciente, cria Lima percepcao de tempo e

qu e pode s er c omp r im i d a a u expandida .In vestig and o C om o sa o tomadas as decisoes motora

ples , 0neurohsiologista a m eric an o B en )a m i n lib et c on

nos <lnos 60 , qu e era possfvel detectar sinais cerebra

indicarn 0 at o decis6 rio varias cen tenas d e rnilisseg

an tes d e qu alqu er percepcao con scien ce d ele. U m ve

campeao pode esrar correndo ativam ente e ja t e r pe rc

4,5 a 5,5 m etros do percurso antes de perceber que

de larg ad a ja roi dado (E le pode se d esen costar d o

de apoio em J 3 0 rn ili ss eg u nd os , e nq ua nto 0 r eg i st ro

cienre do tiro exige 4 00 rnilisseg undos au m ais.) A

d o e orre d or d e t er o uv id o c on sc ie nt em e nte 0 t iro e ,i rnediatarnente explodir em disparada e u rn a ilu sa o p o

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( ada, seg und o L ibet, pelo fa to de a m ente " anrecipar" 0 sa m

do tiro em quase r ne io segundo.

Tal reordenacao d o tem po, com o aparenre cornp re ss ao ou

expansao, levan ta a qu estao d e com o percebernos 0 tempo

norma lmen re W illiam James especu lou qu e 0 ju lgarnento

que fazem os do tem po, nossa velacidade de percepcao,

d epende de quantos "eventos " somas capazes de pe rceber

nurna d ad a u nid ad e temporal.

Existem rnu itas coisas que su g erem que a percepcso

conscien te (pe]o rnenos a p er ce pc ao v is ua l) n ao I f : continua, e

s im fo rmada parmeme nt os d is cre to s (isro e , mdividualrnented is ti nto s), c om o os q ua dros d e u rn f Hm e, d ep oi s f un di dos p ara

d ar L im aa pare ncia d e con tin uid ad e E ssa particao d o tem po,

ao qu e parece , ocorre em acoes rapidas e automat i cas, como

o re bater d e lim a bola d e be isebol. 0 n eu roc ien tista C h risto!

K och , do lnstitu to de Tecnologia d a C a li f6 rn ia ( C alte ch ),

f az u ma distin cao entre " cornportam ento" e " expenen cia" e

propce que 0 'comportarnento pode ser executado conti-

nua rnenr e, e nquan to a e xper ie nc ia e estruturada em intervalos

d iscretos, com o em u rn f ilm e" E sse m od ele d e conscienc ia

permlre urn mecanisrno jamesiano pelo qual a percepcao

re m p ora l p od eri a s er a ce le ra da ou freada K och especu la se a

aparen te len tid ao d o tem po n as em erg en cies e d esem pen hos

a rle tr co s p od eri a s e originar do poder da atencao in tensa em

reduzir a duracao do s quadros individuals

o t ema d a perc epcao d e te m po e e spaco esra s e tornando

um t6 pieo popu lar em p sicolog ia sen sorial, e as reac oes e per"

cepcoes dos a tle ta s e d as p es so as q ue enf rent am n eces si dade sst1 bitas e em erg en cies pa rece m seru m c am po 6 bvio d e n ovos

e xp erirn en ros, e sp ec ia lrn en te a gora qu e a realidade virtu al

n os da 0 p od er d e sim u la r a cces s O D cond ic oe s con trol ad a s

e a velo ci dade s cada vez rnais rapidas,

Para W i !1 iam )am es, os d esvios rn ais in cn veis em rela cao

21 0 te mp o " norm al" sa o proporcion ad os pelos efeitos de

d ere rm in ad as d rog as , E le p roprio e xperim en tou varias , do

oxido nitroso ao peiote Depois de um capitu lo sobre a

percepcao do tem po, seg ue-se su a ref le xao sabre 0 haxixe.

N a intoxicacao pelo haxixe existe u m cunoso aurnento na

perspect iva temporal aparente . P roF erim os u m a sen ten ce e,an tes qu e ° 1 1ms e ja a ti n g ido , 0 comeco ja parece datar de

__ ...

-'~/

um tempo indef inidamente lo ng o. E n tr amo s nu rna ru a curta

e e com o se nunca f6ssem os cheg ar ao H m dela" .

A s observacoes de Jam es sao urn eeo quase exato das

do medico ja cqu es-jose ph /vlore au , 50 an os an tes. M o reau

fo i u rn dos prim eiros a divulgar 0 haxixe na Paris d es anos

1840 . A ssim com o G autier, Baudelaire, Balzac e outros

in telecruais e artistas , ele era m em bra do L e C lub des H a-

ch ich in s e e sc reve u.

Celia Ho i l e , q l l m l c i o a lr a lJ e " a v a a p l ! < ; 5 l l g e l l l ( o b e l i a d a P la ce d e

{ " O p e l ' l l, f t q H e i i m p r e s s l o l 1 i . l d o C 0 1 1 l 0 t e m p o q u e [C V O I ! {HIm duga , . a t f 0

D u t r o i a c /o . .T i l l / ' l l d a d o , 1 1 0 m a x i m o , !1m p O l l e o > p a 5 s o 5 , i lia, lIIep a r e e e l l

q ' l c f5lmJ(' ] /6 !J d d u m 0 1 1 I r e s h O f l 1 S . A p r e s s e i 0 p a ss o , Illas 0 t e m p o m lo

p a ss o !l m a i, ra{ l je /ammle. T l v e a i m p r C S 5 i i o C . . ) d e q u e 0 p a s 5 C 1 O em i 1 ) -

ICl1Ilil1alJeillle1lle { o l i g o e q ue a s a l d a p I ! r a 11 q u a i eM C( l l I I i J 1 h r / I J u e s t a v a Sf

u jC I5 1 cI 11 d o 1 1 0 IlleSlllO n · l l l l o c ia t i c / o e i d a a e d o s IlleuS p a s s o ' i .

A cornpanhando a sensacao de que alg um as palavras e

alguns passes p od ern d ura r urn tempo despropositado, pode

estar a s en sa cao de u rn m u nd o p rof un da rn en te va ga ros o, ate

suspenso , N o livre P s y c ! J o l o l J l l m f l i c d n l g ' i , de 1970,0 psiquiatra

amer i cano L . ) . Wes t conra esra his tor ieta. 'Dos hippies,

i ne bri ad os p ela rnaconha , esrao senrados na P raca G olden

G ate em S ao Francisco. U rn aviao passa zun indo acim a da

cabeca deles e enrao desaparece. U m deles se vira para 0

o utre e d iz . 'C a ra , a ch ei que e le n un ca iria em bora" .

M as em bora a m undo externo possa parecer vag aroso,

urn m u n do interior de im ag ens e pensarnen ro s p od e d ec ola r

a urna enorme velocldade U m a pessoa e capaz de partir

n urn a e laborad a jorn ad a menta) , visitar diferenres pafses ecu ltu ras, escrever u rn livre ou um a sinfonia ou viver toda

urna vida ouepoca da historia e acabar descobrindo que se

passararn m eros m inu tes ou seg undos. C au tier descreveu

com o ele entrou n um transe de haxixe em qu e " as sensacoes se

se gu ira m um as as outras, lao n urn erosa s e a pre ssa da s q ue e ra

im p os sf ve l L im ave rd ad ei ra a pre cia ca o d o te m po" , P are ce u-

Ihe , subjetivamente, qu e 0 transe h avia d urad o " 30 0 anos" ,

m as ele con srarou ao d esperta r q ue na o h aviam pa ssa do m ais

qu e 15 minutes

A palavra "despertar" pode ser m ais que um a R gura de

lm gu ag em aqu i, ja q ue e ss as " vi ag e ns " sa o sern duvida com"par av ei s a s onhos . A s vez es a sen saca o q ue te nh o e a d e vive r

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roda um a v id a e ntre a prlrneiro toque do despertador, a s 5

da rnanha, eo segundo, cinco m inu tes depois.

Ev en tu a lme n te , q ua nd o urna pessoa e st a c ai ndo no sono,

p od e h av er u rn a sacu did ela in volu n taria - u rn e sp as rn o rn io-

clonico - do corpo. E m bora esses espasmos s ej am g e ra do s

por pa rt es primit ivas d o tron co c ere bra l ( sa o ref lexes geradosnessa regiao) e, com o tal, nao te nha m n en hu m sig nif ic ad o

au motive intrfnseco, e le s p od em g an har sentido e con tex to

e se t rans formarern em atos por urn sonho ins tan tanearnente

improvisado Portanto,o espasmo pode e s ta r a s so ci ad o a u rn

son hosob re via ja r ou c am in har p oru m precipfcio , de se jogar

para fren te para apanhar u rna bola e a ssim po r dianre, Esses

sonhos podem ser extrem am ente vfvidos e ter v ar ia s " c en a s" .

Sub ie t ivamenre , des parecem c om e c;a r a nte s d o espasrno e ,

a in da a ssim , tod o 0mecan i sme d e s on ho e presumivelrnente

e s ti rn u lad o pe la p rime ir a percepcio p re -c on sc ie nte d o rnovi-

m e nte . T od a essa e la borad a re estru tu ra ca o d o te m po oc orreem urn seg undo ou m enos.

Exis tem certas convulsoes epilericas, as vezes chama-

das de " c on vu ls oe s v iv en ci ai s" , em que um a le rn bra nc a ou

alucinacao detalhada do passado su bita rnen te se irnpoe a

H A V IA D EZE N A S D E P A C IE N TES N O S

C O R R ED O R E S , TO D O S S E M OV EN D O

A D IFE R E N T ES C O MP A S S O S; A LG UN S

M U lTO A C E LER A D O S , O U TR O SLEN TO S, Q UA S E C O NG ELA D O S

consciencia de u m p ac ie nte e segue urn curse subjetivamente

10ngD e pausado , para acabarse cornpletando, objet ivamente,

e m a lg uns poucos segundos Es s a s c ri se s estao tipicarnente

associadas com um a at iv idade c on vu ls iv a n os lo bo s temporals

do cerebro e, em alg uns pacienres, podem ser indu zidas por

est imulacao eletr ica de determrnados ponros na superffcie

dessas reg i5es. A s vezes, essas experiencias tern du racao

s ub je ri va e no rm e e s ao b an ha da s por s ig n ih c ado s me t af f si co s.Sobre tais convuls5es, Dos to ie vs ki e sc re ve u .

H d I l l O m r u l o s , e { a p r n a s l I l l i a q u c s l i f o d e POliCOS s e g u n d o s , e l l l q u e v oc e

s o ·l I e .( l p r e s e J 1 ¥ a d a e l e m a h a n J lm li a ( . . . ) U m a c o i s a l e m v e l ia a p a v o f a u l e

d a r e z a COI l l q u e e l f ! Sf m m l i f e s la e 0 M a s e COl l i q u e c i a 0 p r e e l1 c h e . ( .. )

D l l ra l 1 lc e ss e s C i 11CO s c g l m d o s , VIVO l o d a HI I I I 1 e x i s l i n c i a hwna111 l e. p o r

e i a , ell d a r i a m i J 1 i : J a v i d a ill I C i m e HaO a e b a r i a q u e e s N v e s s e p a g a J l d o IlIII

p r e r ; o d e m a si a d o a i l o .

Pode nao existir n en hu m se ntid o in te rior d e ve loc id ade

em tais oc asi5e s, m a s, e m ou tra s - p artic ula rm e nte sob e fe ito

da rnesca lina ou do L SD -, e possivel sentrr-se arrernessado

p ara u nive rsos d e pe nsa m ento a veloc ida de s incontrolavels ..

Em Os m a j o r e s i o n J le J 1 t o sd a mm le , 0 poeta e p in to r f ra nc e

Michaux e sc re ve. " A s p es so as q ue re to rn am da excita

rne sc alina f ala m d e u m a a ce le ra ca o d e 100 ou 20 0 v

a te de 50 0 vez es a velocidade norm al" . E le cem enta

e p rovave lm e nte u m a ilu sa o, m a s, mesrno que a ace

Fosserna is m o desta - " rn esm o apen as seis vezes 0norm

aurnento a i nd a d an a uma s en sa cao esmagadora. A expsent ida , a c red it a Michaux , nao e tanto u rn a e norm e a

< ; aod e d e ta lh e s l it e ra i s exatos , m as u rn a s en e d e imp

globais, relevos drarnat icos, com o em urn sonho.

Mas , d iro is so , se a ve loc id ade de p en sa m ento p

se r a rnp li ada s igm f i ca rrvamente, 0 a um e nto f ic arl

tam ente eviden te (se tivessernos m eios experirnen t

examina-lo) n os reg is tros n siol6 gic os d o cerebro e

ilu strasse os lim ites do qu e e n eu ra lrn en te p os sf ve !.

s arf am o s, e nr re ta nto , d o n fve l correto d e a ti vi dad e

pa ra r eg i st ra r nao as neur6nios individu ais, m as u

su perior de inreracao entre g ru pos de neu r6 nios doc ere bra l. q ue , a s dez enas ou cen tenas de m i!hares, f

o c orre la to n eu ra l d a c on sc ie ncia

A ve loc id ad e d e tars in te ra co es n eu ra is e normal

re gu la da p or u rn d e li ca do equihbrio de lorcas e xc it a

inibitorias, ma s e xi st em c erta s situ ac oe s n as quais a s i n

pod e rn e s ta r relaxadas. Son hos podern leva n ta r voo , m

livre e v elo zr ne nt e, e xa ta rn en te porque a a ti vi da de d o

c ere bra l n ao e rest ringida pela percepcao ou r ea li da de

na E possf ve l qu e c on sid era coe s sim ila re s se aplique

tra nse s in du zid os p ela m e sc alin e a u p elo h ax ixe .

Outras drogas depressoras, com o os opiaceos ebin iricos, podern ter efeito o po sto , p ro du z in d o u rna

op ac a in ib i< ;a o d o pe nsa rn ento e d o m ovirn en to, d e r

qu e u rn a p es so a pode e ntra r n urn estado em que q ua

pa re ce a con te ce r, p ara en tao d esc ob rir, de pois do qu e

tel' sido poucos minutes, que um dia i nte iro f oi cons

E sse s e fe itos le m bra m a a <;a o do R e ta rd ad or, u rn a dro

W e lls im ag inou com o 0 oposto do Ace le rado r .

oR e ta rd aa o r ( . . ) d ev e r i a p e n ! ! ii r q u e (J p a c i e n t e e s l i c a s s r UI

s e g u l1 d os a o 1 0 l 1 g o d e ! ) I u il a s h o r a s d e l e m j) o H o m m i f, a s s i l l ! ,

I I I 1 I a luifeia I lp d li ca ,. um a ( J J l ' ; € n c i a g l ( J c i a l d e v i tmeidade, e m IlIei

t l 1 1 im a d o a u im t a n te a m b i e J 1 l e .

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MARC

Q u e pu dessem e xistir tran storn os prof un dos e pe rsiste n-

r es d a velo ci dade neura l qu e durassern anos Oll decades m e

ocorreu pela prim eira vez em 1 96 6 , quando fu i tra balh ar n o

B ron x, n o B eth A b ra ham , urn h osp ita l d e doencas cronicas,

L a examine i os paci en te s s ob re a s q ua is, d ep ots, e sc re ve ria

em m eu 1 ivro T e m p o d . r d e s p e r t a r . H avia d ez en as d ele s n o sag uao

enos corredores, todos se m ovendo a dif erente s compasses

- a lg uns violenta mente a cele ra dos, ou tros em c am a ra le nra ,

o utro s q ua se e on ge la dos . Ao ver essa paisag ern de tempo

rra nstorn ad o, a s lern bran cas d o A c ele rad or e R etard ad or d e

Wells s ub itam e nt e v olta ram a r n i n h a mente . F ique i s ab e ndo

que todos esses pacientes erarn sobreviventes da g rand e

p an d em i a d e e nc ef ali te qu e varreu 0m undo de 1 91 7 a 1928 .

D os m ilh6 es qu e contralrarn essa " doenca do sono" , c erca de

urn terce morreu n os esta gios a gu dos, em estados de coma

rao pro f un do s que impossib il ita v am q ualqu er estim u Ia c ; ; a o ,

au em estados de sono t a o in tensos que descartavam a

sedacao, Algun s do s sobreviventes, ernbora m u itas ve ze s

a ce le ra dos n os p nm e iros d ia s, rnais tarde d e senvo lv er ar n u rn a

f orm a extrem a de Parkinson qu e havia provocad o n eles u ma

d esace le ra cao ou rn esm o um c on gelam en to, a s vez es por

decadas. Algun s pacientes do Beth Abraham continuararn

acelerados. U rn deles, E d M ., estava acelerado em um lado

do corpo e len to no ou tro.

A d op arn in a, u rn n eu rotra nsrn iss or e sse nc ia l para a A uxo

norm al de rnovim enros e pensam eotos, esra drasticamente

reduz ida em m enos de f 5% dos niveis norrnais na doenca de

Parkinson com um . N o parkinsonismc pos-encefalfttco, seusniveis pod em ser qu ase in detec ta veis N o P arkin son cornurn,

a le rn do s t re rno re s e d a r ig i de z, observarn-se desaceleracoes

e a ce le ra coe s rn cd era da s, n o p os-e nc ef alf tic o, e m q ue a le sa o

no c e re b ro e g eralm en te m u ito m a ior, pod e h ave r d esac ele-

rac oes e ac eleracoes a te os lim ites A s iolog ie os e rn ecan rc os

maximos do cerebra e do corpo.

o proprio vocabulario d o p ark in so ni srn o f az re te re nc ia

a ve lc cid ad e. O s n eu ro lo gi sta s te rn urna s er ie d e termos para

denorar isso se 0rn ovim e nto f or d es ac ele ra do, f alam em "bra-

d ic in es ia "j s e c he ga r a parar; " a ci ne si a" , s e e xc es si vamen te ra -

p id o, " ta qu ic in es ia " . O a me srn a f orm a , p od e h av er b ra di tr en ia00ta qu if re ni a - d es ac ele ra ca o ou a ce le ra ca o d o p en sam en to.

Em 1 96 9 , pude introduzir no tratarnento da maioria

d esse s pac ie ntes con gelad os a d rog a L -d opa, re velad a h avia

POllCO tem po com o ef icaz na elevacao dos n iveis de dopa-

mina no c ere bro ln ic ia lm e nte , 0 trararnento restau rou a

ve lo ci da de e a li be rd ad e d e m o vi rn en ro de mu i to s p ac ie n te s,

m as, depois, particu larm ente nos m ais gravemente afetados,

irnpeliu-os na direcao oposta, A paciente Hester Y . , escrevi

n o m e l! d ia rio, a prese ntou tal ac eleraca o d e m ovim en to e F ala

depois d e c in co dias corn L -d opa qu e " se a nte s e la lembr av a

urn R im e em carnara len ta, ou lim q uad ro d e f ilm e persisten -

ternente parado no projetor, agora e la dell a im pressao de

u rn a p eh cu la a ce le ra da , tan to qu e rneu s cole gas, assistin do a

urn f ilrne da sra . Y qu e n z n a e po ca , i ns is ti ra rn q ue 0 projetor

estava anda ndo rap ido dernals".

S u p us , i n i ci alr ne nte , q u e Hester e o utra s p ac ie n re s p erc e-

b ia m os ri trn os f ora d o conium com qu e estava rn se m aven do ,

Falando ou pensando, m as qu e e ra m sim ple sm e nte in ca pa ze s

de se con trolar L og o descobri que nao era esre, de form a

a lguma , 0caso, N em e 0 case nos pacien tes com a doenca

de Parkinson comurn, como cementa 0 neurologista Ingles

William Cooddy em seu iivro T im e c w d t h e H e r v o u 5 s y s t e m . Um

observador pode n otar, d iz d e , 0quanro s a o vag arosos os

rnovirnentos de L im parkinson iano, m as "0 paciente dir,3:,

'Meus pr6prios movirnentos parecem normais, a menos

que , olha ndo pa ra u m rel6 gio, ell veja quanro t empo levam.

o re1 6g io na parede da en ferm aria parece estar andando

excepcionalmente rapido",

G ood dy ref ere-se aqu i ao tem po " pessoa l" , em oposlcaoao tempo do "relogio", e 0 grau de divergencia entre urn

e ou tre pode se tornar in superavel devido a bradicinesia

extrema cornurn no parkinson ism o pos-encefalltico. V i

m uitas vezes m eu paciente M iron V sen tado no corredor

onde ncava m el! consu lt6 rio. E le parec ia i rnovel, com 0

brace direito rreqGentemente erguido, a s vezes 5 au 1 0 em

ac ima do joelho, a s vezes perto do rosto. Q uando indag uei

sobre essas poses con geladas, e le perg untou ind ig nad o: " 0

qu e voce quer dizer com 'poses congeladas'z E s ta va a pe na s

lirnpando 0 nariz".

E u m e perg un ta va se e le estava f az en do L Ima encenacao.C erra m anha, durante horas, tirei um a serie de 20 fotos

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a prox im a da rn en te e a s g r arn pe ei p ara m o nta r um f oli os c6 pi o,

como aqueles qu e costumava I azer p ara v er 0d es en ro la r d os

b ro to s d e s arn arnba ia . C om isso pude ver qu e Miron estava

re alm e n te li rn pa nd o 0 nariz , m as lazendo-o m il vez m ais

le nta rn en te qu e 0 normal.

Hester ta rn be m p are cia na o t er c o ns c ie n ci a do g rall emqu e se u tempo pessoa l d iverg ia d aqu ele do rel6g io U ma

v e z pedi aos esrudantes que jog assem bola com ela. E les

d es cob ri rsm s er irn pos sf ve l apanhar os lan cam entos cia ag i-

tada s en hora , ra pi dos como um relampago Hester devolvia

a bola com tal ag i l idade que as m aos d ele s, ain da e ste nd id as

pelo lancamento , podiam s e r do lo ro sarnen te a ti ng id as p ela

bola devolvida 'V o ce s s ab em 0q ua nto e la e r ap id a " , e ll d is se" N ao a su be stim em , e b orn qu e vo ce s e ste ja rn p re pa ra do s."

M a s e le s n ao c on se gu iri arn s e p re pa ra r, ja qu e sells rnelhores

tem pos de re aca o se ap rox im avam de u rn se rirn o d e seg un do,

enquanto 0 d e H este r dificilrnente c h.e gava a mais de limdec i rno d e s eg u nd o,

A p ena s qu an do estavarn em estado n orm al, n ao execs-

sivamente vagarosos nem acelerados, e qu e M i ron e Hester

conseguiam ju lgar 0 quanto sua veloc idade ou lenridao

"

EM C E R TO S C A S aS , 0FLU X O D E

P EN S A M EN TO , R A P ID O D EM A IS ,

IR R O M P E TO R R E N C IA LM EN TE , P A R A

DEPOIS Sf D ILU IR E M IN C O ER EN C IA S ED E LiR IO S F A NT A SM A G 6R IC O S

I l

I

tinham sido im pressionantes e , as vezes, era necessario

m ostrar-lhes um film e ou urna A ta de video para conven-

ce-los. (Transrornos de escala espacial sao tao com uns no

parkinson ism o quanto os de escala tem poral. U m sinal diag -

nostico cornum nesses cases e a rnicrografia, Lim exercicio

de calig raf ia rn iouscu la em que a letra vai f icando cada vez

m enor. De lorm a g eral, os pacien tes nao esrao cienres disso

no m em ento do exarne, som ente depois, quando estao de

volta a u rn relerencial espacial norm al. e qu e sao capaz es

de ju lg ar que sua escnta era m en or que a habitual Porranro,

para alg uns indivfduos pode haver um a com pressao de es-

pa<;o cornparave] a cornpressao do tem po, lim a de m inhas

pa cien tes, L Im a m u lhe r pc s-e nce la lf rica , c ostu m ava diz er.

"M eu e sp ac o, !lOSSO esp ac o, na o e ne m urn pou c o p are ei do

com 0 s eu e spa co" )

N os transtornos da escala tem poral parece quase nao

haver jim i te p a ra 0g rau em qu e a d esa ce le rac ao pode ocorrer,

a a ce le ra ca o d os mo vim en tos a s v ez es p are ce s er re stri ng id a

ap en as pe los lim ites f isic os d a a rtic ulac ao. S e H ester te ntas-

se falar ou c on ta r em voz alta em urn d e s ells estad

acelerados, as palavras ou nurneros col idiarn e en

em confli to , Tais i i rni tacoes ffsicas erarn menos ev

com 0 pen sam ento e a percepcao S e lh e F os se m

urn desenho em perspeetiva do cubo de N ecker -

senho arnbjguo que norrnalm ente rnuda de perspec

intervalos de POLlCOS segundos - ela poderia v er,d es ac ele ra da , troc as em intervalos de urn ou dois

( ou n ao v er, s e e stlv ess e "ccngelada"), mas , q u an do ac

e la v eri a 0c ub o " pisca nd o" , troca nd o d e p ersp ec tive

vezes por segundo.

Aceleracoes rioraveis tam bern podern ocor

slndrom e de Tourette, u rn quadro caracterizado po

pu lsoe s, tiqu es, rn ovirne ntos e ru id os involu ntarios

pacien tes ccnseg uem apanhar rnoscas no ar. Q

pcrguntei a wn hom em com sfndrom e de Tourette

conseg uia isso, eJe d isse nao ter sensacao algum a

se rnovendo espe cialrne nte ra pid o, ao c on trario, ase q ue v oa va rn v ag a ro samen re .

Q uando um a pessoa estica a m ao para tocar O

a Ig o, a ve locida de m edia e de cerea de I me tro p or s

Em con di co es experirnentais , quando se pede a ind

sa ud aveis qu e f a< ;am 0mesrno 0 rnais rap id o p ossive

locidade cheg a a cerca de 4 ,5 m etros por seg un do, Q

pore rn, p ed i a S han e F . , L ima rt is ta c om Tou re tte , q ue e

a m ao 0 m ais rapldo que pudesse, ele ating iu facilm

m arca de 7 m etros par seg undo, sem qualquer sacri

suavidade ou da precisao, Q uando Ihe pedi que re

a gesto na velocidade norm al, os m ovim entos se to

l imi t ados , d esel egan tes , irnprecisos e cheios de tiqu

O utre pacien te com sindrorne de Tourerte, nes

g rave e com fala m uito rapida, contou-rne que, al

tiques e das vocalizacoes que ell via e ouvia, havia

dos quais - com os m eus olhos e ouvidos " len tos' -

n ao e star c ien te . FO i apenas com a g ravacao em vi

a na li se q ua dro -a -q ua dro q ue a amp li tu de d es se s " rn ic r

poderia ser vista De faro, pod ia haver varias serie

a contec en do a o m esm o te mp o, a pa re nte rne nte d iss

u ns dos ou tros, tota liz and o, talvez , de zen as de m icr

nurn iinico seg undo A com plextdade disso rudo

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assom brosa quanto a velocidade , e achei que seria possfvel

escrever urn livro in te iro, u rn a tla s d e tiq ues, com base em

m eres cinco seg undos de g ravacao em vfdeo. Tal atlas,

imag inei , se ria u rn a e sp ec ie de rnicroscopio d a m en te , pois

rodos os tiques tern determinanres internos ou extern os. e 0

repertorio de c ad a p ac ie nte e unico ,Os tiques que podem ocorrer na sfndrorne de Tourette

km brarn m ulto 0 qu e 0g ran de n eu rolog tsta briran ic o John

Hughlmgs lackson chamou de I ala " emoci on al" o u " ej ac u la da "

(em oposicao a fala propositiva complexa, sintaticamente

e la bo rad a) , A f a la e ja cu lada e esse nc ia lm e nte re ativa , p re -

conscien te e im pu lsive , e la se esqu iva do cont ro le dos lobos

frontais, da consciencia e do eg o, e escapa da b oc a a nt es qu e

p ossa se r inibida

N ao apenas a velocidade , m as a q ua li da de do m ovi-

men t a e do pensam ento esta alterada no tou rettism o e no

parkinson ism o 0 estado acelerado tende a s er e xu be ra ntena inven tividade e na f ant as ia , saltando rapidam en te de u rna

associacao para a s eg u in te , !e va do pela t orc a do proprio f m-

p eto . A v ag aro si dade, em con traste , te rid e a ser acorn pa n hada

por cui dado e cau tela, u rna postu ra sobria e cr1 tica. lsso foi

apresen tado pelo psicolog o Ivan Vaughan , qu e sofria de

Parki nson e e sc rev eu l ima mo nog ra ha s ob re s ua s e xp erie nc ia s

I V (lH - Livil1g w i t h P a r k i n s o l 1 ' ; d i s e a s e , de 1 986 ). S egundo m e

con tou , e le escreveu todos os textos sob efe ito cia L -dopa,

pois, nesses perfodos, sua im ag inacac e processes rnentais

pareciarn Aui r com rnais liberdade e rapidez, alern de ter

e ss oc ia cc es f ic as e i n es pe ra d a s de tod o tipo (se ele estivesse

scelerado dem ais, no ell tanto, isso poderia com prom eter a

concen tracao e leva-lo a sail" pela ran gen te ern todas as dire"

S"oes). Quando os deitos d a drog a se d iss ipavam , Vaughan

s e dedi cava a e di~ ao, p oi s se encontrava nu m estado perfei to

para aparar a prosa a s vezes excess ivarnen te exuberan te que

havia e s c ri to e nqu an ro esrava " l i gado " .

O u tro p ac ie nte , Ray, embora rnuitas v ez e s d is cri m in a do

e ma lt ra rado por causa da sfndrorne d e T ou re rte , ta rn be rn

c on se gu ia e xp lora -I a de d iv ers as m a n ei ra s, A raprdez (e, as

v ez es , a e stra nh ez a) d as a ss oc ia co es 0torn ava rapid o ern f ra-

se s espiri tuosas-vele se referia a s i m esrno com o "Ray, 0espir i-

tuoso dos tiques" , E ssa rapidez e sag acidade , com binadas aos

talen tos rn usic ais, f lz era m d ele lim tre rn en do irn provi sad or

na bateria E ra quase im batfvel no ping ue-pong ue, em parte

par causa da a lt a v el oc id a de de reacao, em p arte porq ue

sua s bolas erarn ta o i rnprevisfveis (ate para ele m esrno) que

desconcertavarn os advers a ri e s.

O s casas de sfnd rom e de Tourette extrem am en te g ravepodern ser nossa m aior aproxirnacdo a os ti po s de se re s a ce -

lera dos im a gin ad os por Von B aer e la rn es, p ois essa s p essoa s

as vezes se descrevern como " s up e re le tn c as " , " E como te r urn

m otor de 50 0 cavalos debaixo do capo", descreveu u rn de

meus pacientes D e Iato, existern varies atletas profissionais

com Tou rette nos E stados U nidos , entre e le s j irn E i se nre ic h

e Mike Johnston no b eise bol, M a hmou d Abdul-Raul no

basquete e 1 1m Howard no futebo1.

S e a velocidad e conferida pela sfndrom e de Tou rette

pode ser tao adaprauva - um a especie d e ralen to n eu rolo-

g ico =, entao qual 0 sen tido de se r relativamente vagaroso,ca lmo e "normal"? Par que a selecao natu ral nao serviu

para aurnentar 0 nurnero de " ve loc ista s" en tre n 6s? A s des-

van tag ens da lentidao excess iv a sa o obvias, m as eta pode

s er n e ce ss ar ia para ressaltar que a velocidade dernasiada

e igualrnente carregada de problemas. 0 ritrno rourettico

OLl pos-encefalftico e acompanhado de desinibi<;ao, irnpul-

s ividade e i rnpetuosidade que permitern que rnovimentos

e impulses " im p ro prio s" se rn an if esre rn p re cip ita da rn en te .

Nessas siru acoes , portan to, g estos perigosos , com o colocar

u rn dedo no fogo ou sair em d isparada no rn eio d o tra fe go,

a tos g eralrnen te in ibidos na m aioria de nos, podem enrrar

em acao antes qu e a c on sc ie nc ia p ossa in te rvir,

E m c as as e xtrem es , 0 A uxo do pensarnento, Q uando

rapldo dem ais, podera irrom per como um a torren re de

d istra coe s e f ug as por t an g en te s s upe rf ic ia is , d is so lv endo- se

em brilhantes incoerencias e delirios fantasmag6ricos quase

onfricos Os cases m ais g raves da sfndrorne d e Tou re tte ,

c om o S h an e, p od ern c on sid era r rnovi m en tes, pen sarn en ros e

r ea< ;5 es d e ou rr as p es so as i nt ole ra ve lmen te lentos . "Par a nos ,

essas pessoas parecern m aca cos" , escreveu James em outro

c on te xt e, " en qu an to , para eles, n 6s parece rnos r ep ri li anos .'N o fam oso capitu lo de 0, pnllcrpios d a PS I c% g ia , J am es fa la

daquilo que ele chama de vontade " pe rv ers a" a u patol6gica,

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e d e su a a presen ta cao em d uas form as opostas. a " explosiva"

e a " obstru fd a" . James utilizou e ss es te rmo s em relacao a

tem pe rame ntos e p rop en soe s p sic olog ic as, m as e le s p are cem

ser igualrnente pertinentes quando se f ala de transtornos

n eu rol6 g ic os c om o 0 P arkin son , a sfndrorne de Tou re tte e

a c ata ton ia" Parece estran ho qu e 0psicolog o nu nca fale queesses oposros, as von tad es " explosives" e " obstru ld as" , tern,

pelo rnenos ocasionalm ente. lim a relacao entre si, ja qu e

de cleve terexam inado pessoas com 0 qu e h oje chamarnos

de transtorno rnanfaco-depressivo ou bipolar, que erarn

lancados, em in tervalos de poucas sem anas ou m eses, de

ur n extrem e ao outro,

U rn am igo m eu parkinsoniano diz que 0 estado vaga-

roso e com o estar preso num tone] de rnanteig a, enquanto

o estado acelerado e como esrar no g elo, d eslizan do sern

atri tos para baixo por um a m onta nha cada vez m ais f ngrerne,

ou num m im isculo planeta sem g ravidade, sem lorca para se

segurar ou 5e prender.

Embora tais estados obstru fdos possarn parecer esta r no

polo oposto aos dos acelerados, os pacienres podem ir de

u m ao ou tro qu ase instan ta neam ente 0te rrn o " cin esia p a-

S O LTA M O S A S A M A R R A S D O,

TEM P O E A G O R A TE M O S A N O S S A

D IS P O S I{:A O M IC R O S C O P IO S E~

TELES C O P IO S TE M PO R A lS D EEX TR A O R D IN A R IO P O D ER

rad ox al" f O im rrod uz id o p or n eu rol og is ta s h an ce se s n os a DO S

20 para descrever essas t ransi~6es notaveis, ernbora raras,

n os pacien tes pos-en cef alm cos, qu e mal h avia rn se rn ovid o

durante anos, m a s p od ia m ser sublramente "libertados" e se

m exer com enorme energia e lorca, p ara a ca ba r v olta nd o,

depots de poucos minutes, ao estado anteriormente imovel

Q uando H ester Y . reeebeu tratarnento com L dopa , essas

a l te rnanc ias at ingiram u rn g ra u extraordinario e e la s e t or no u

propensa a dezenas de inversoes abru ptas por dia

Tais inversoes sao ob se rva da s em p ac ie nte s c om sf nd rorn e

de Tourette exrrem arnente g rave, que podem ser levadas a

um a p ara lis ac ao qu as e le ra rg ic a por d ose s mfnlrnas de deter-

rn inadas drog as M esm o sern rnedicacao, estados de im obi-

lidade e con cen tracao qu ase hipnotica tendem a ocorrer em

ro ure tti co s e re pr es en ta rn 0 ou tro lado, por assirn d iz er, do

e sta do h ip era tivo. N a c ata ton ia p od e h ave r ta rn be rn tra nsf er-

macoes in sta nta ne as d ram a ri ca s de estados le ta rg i co s im6ve is

a trem endarnente a tivos e f renericos. 0 g rande psiqu iatra

E u g en B le ule r d es cre ve u 0 fen6m eno em 1 91 I

A 5 om s, a paz e a q l l i e h l d e slio I J l l c b m d a s ~e lo a p a r e d m m

1 1 I 1 ! raptus ( a l a l 0 1 l i e o _ D e r e p m l e , 0 p a C iC H l e d d fil i i ; a lto , e

a lg I / i l i a f o i5 a , a g a r r a a lg u il l l COl l i J o r f a e d es l r e za e x t r a o r d lH d r

l l l l l fa ta t O i l i c o d e s p e r ta d a n g i d f z , s a i c o r f C I1 d o p e / a s m a s

p lj a ll i a d u m l l t e I r e s h o r a s e f i - n a l m e l 1 t e C ( I I e p m ~m je ce d ei l a do f i

c a ta li p ti f o n a sm je la . O s IIIOVilllfl1ios s a o J r e q i i e l' 1 I " f 1 ll e ll le c x e

COlli [11M eHOr1l1f I O f £ a e q l l ( l s e s e l l i p re w o% e m g r u p o s 1III

d e ~ l1 e c e ss d ri o$ . ( . . . J P l I I " e C E q u e d e s p e r d m J 1 1 ! 0 f O l 1 1 r o i e d a lI Ie d

/ > o d e r d e SC!ISlI1ol'illlfl1105

A catatonia e rararnente observada hoje em di

parte do m edo e da pe rp lex id ad e in spira dos pe las p

com doenca m ental talvez tenha se orig inado dessas

e imprev is fve i s rransformacoes,

Podemos pensa rem c ata to n i a, p ark i n so ni srn o e s fn

de Tourettc, alem da depressao m an fa ea , c om o t ranst

" bipolares" T od os eles, para u sar 0 term o fran ces d o

XIX , sa o rrans tom os de du as form as, q ue p od em osci

c on tin en tem en te, en tre as du as f aces d e lano, A poss ib i

de qualquer estado neu tro , nao-polar izado , de "normal-

e tao re du zid a n esse s c ase s q ue p re cis arn os i m ag i n ar a d

com l ima supe rl fc ie em form a de haltere ou am pulheta,

apenas u rn pequ en o pescoc;o ou istmo d e n eu tra lid ad e

as duas exrr ernidades.

Em neuro log ia e com um falar de "def icits" - a fa

urna fun<;ao h sio lo gic a (e ta lv ez p sic olo gic a ) POl' um

no cerebro. A s lesoes n o c orte x tendern a produzir d

"simples", como a perda da visao colorida Oll da capa

de reconhecer letras ou numeros. Em contraste, as

nos sistem as reg ulat6 rios do subc6rtex - que con

rnovimento, ritmo, emocao, apetite, nfvel de consc

etc. - m iriam 0 controle e a estabilidade, de m aneira

pac ienres perdem a base normal de elas t ic idade , 0rneio

po, e p od em e nta o se r la nca dos sem d ef es a, c omo ta nt

de u rnextrerno ao outro.

A e se ri to ra b ri ta ni ca D oris L essing certa vez es

sobre a situ a< ;a o d os rneus p ac ie nte s p cs -e nc ef alf tic os

nos faz cientes do n o d e n avalh a sobre 0 qual viverno

saude, na o vivemos nurn n o cia navalha, m as em u rn am

e sta ve l a ss en to d a n orm alid ad e. F isiolog ic am e nte , a n o

d ad e n eu ra l re fle te um b ala nc e e ntre os s iste m as e xc i t a t

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i nib it6 rio s d o c ere bro , b ala nc o e ss e q ue , n a a us en cia d e d ro ga s

a u le soe s, p ossu i u m a in erf ve l la titu de e elasticidade,

C om o sere s hum anos, te rnos velocidades de m ovirnen to

relativamente constanres e caracterfsncas, e m bora a lg um a s

pessoas sejam u rn pou co rn ais rapidas a u vaga ro sa s, e p os sa rn

e xistir va ria co es e m n ossos n ive is d e e ne rg ia e c om p ro m eri-

m e nto d ura nte 0 d ia . S om os rna is an imados, rnoverno-nos

l im pouco mais rapido, vivernos em rnaiorvelocidade quan-

do jovens, desacele ram os u rn pou co, pe lo m enos em te rm os

de m ovirnen to corporal e tem po de reacao conform e enve-

lhecemos Mas a ampl i tude de tod as e ssa s ve locida de s, p elo

menos n as p es so as comuns , so b c irc un sta nc ia s n orm a is , eb e rn lim ita d a. N ao ha dilerenca tao g rande no tem po de

re ac ao e ntre a velho e 0jovem, ou entre os m elhores atle tas

do m undo e 0m ais seden tario de nos. Parece ser tarnbem

esse 0caso corn as operacoes rnentais b as ic as - a v eloc id ad e

m axim a com que um a pessoa e capaz de realiz ar um a seried e c alc ulos, re con he cirn en tos e a ss oc ia co es visuals etc . O s

deslu rnbran tes desernpenhos dos m estres de xadrez , dos

miis icos qu e i rn provisa rn e de outros v irtu os os p od em te r

m enos a ver com a velocidade neu ral basica e m ais com a

vasta am plitude de c on hecim en to, pad roes m ern oriz ad os,

es tra teg ias e aptidoes m crivelm en te sof is tic adas a s quais

e le s p od er n recorrer.

A i nd a a ssim , e xis te rn a lg un s que p are ce m a tin gir ve lo-

cidades de pensam ento cuase sobre-humanas t publicoe not6rio qu e 0 f f s ico arnerlcano R o be rt O p pe nh eim e r

cornpreendia 0 cerne e as im plicacoes das ideias de seusjovens coleg as em seg undos e 0$ i nte rromp ia , amp li an do

esses ra c io cf n io s q ua se ta o ra pi do q ua nto des a bria m a b oc a.

P ra ti cam en te to da s a s p es so as q ue ti ve ss ern o uv id o 0 f il6sofo

e historiador britanico I sa ia h B erlin p rof erir d e im p rovise

s eu d is c urs o t or re nc ia lrn en te r a pid o , ernpilhando u rn a id e ia

sobre a ou tra , erg uendo estru tu ras m enrais g ig an tescas que

evolu iarn e se d iss olvi arn d ia nte dos olhos, sen t jam que

estavam dianre de urn assornbroso fenom eno m ental. E

isso e ig ualm ente verdadeiro para um g enio eorn ico com o

o a ro r am eric an a Robin W illia m s, c ujos voos d e a ssoc ia ca o

e d e f ala s e sp iri tu os as , e xp lo siv as e i nc an de sc en re s p are ce rnd ec ola re a r re m e te r a ve loc td ad es d e f og ue re . A q ui, c on tu do,

estam os supostarnen te lidando nao com as velocidades de

neuronios individuais e c ir cu it os s imp le s, mas com redes

n eu ra is d e o rd em b ern s up erio r, q ue s up era rn a c omp le xid ad e

do s ma io re s s uper co rn pu tad or es .

A i nd a a ss im , n os , s ere s h um a no s, rnesrno 0m ais veloz de

nos Is omo s li m ita do s em v elo cid ad e p or d ete rm i na nte s n eu ra is

b as lc os , p or celulas com velocidades l imltadas de d isparo e

d e c on du ca o e ntre d if ere nte s n eu roru os e g ru pos n eu ron ais.

E se , de alg um a form a, pudessernos nos acelera r 1 2 au 50

v ez es , p od en arn os n os v el' in te ira rn en te f ora d e s in cro ni a c om

o rnu ndo qu e nos ce rea e nu ma situ ac ;:ao tao biz arra qu an ta a

do narrador do rom ance de W e lls.

Entretanto, p od ern os c om p en sa r as l imi t acdes do nOS$O

c orp o e se ntrd os c om 0u sa d e i ns tru rn en to s d e d iv ers os tip os ,

S oltarnos as arnarras do tem po, com o hzem as com 0espaco

no seculo XV II , e agora ternos a nossa disposicao instrurnen-

tos qu e sa o, de [ato, m icroscopies e tele sccpios tem pora is dee xtra cd in arlo p od er. C o m des pod ern os a ti ng i r 1 q ua tri lh ao

de vezes a acele racao au a desacele racao, d e tal m aneira que

podem os, a nosso bel-prazer, ver por estrobosc6pio a laser

a form acao e d issolucao de lig acoes qufrmcas a velocidade

de femtossegundos ( 1 0 .15 seg undos), au observar, cornpri-

m idas em poucos m inu tes par simula<;ao cornputacional ,

os 1 3 bilh6es de anos da his t6 ria do u niverse , do Big Bang

ate 0 pre sen te ou (a u rna com pre ssao tem poral ainda m aier)

o fu tu ro projetado ate 0 f inal dos tem pos .. Por m eio de tais

m s tru m e nro s, p od emo s amplif ic ar n os sa s p erc ep co es , a urn en -

ta r au diminuir d e f ato a ve loc id ad e a u m g ra u in fin ita rn en tedis tante daquele q ue q ua lq ue r p roc es so v ivo pode ri a alcancar,

D essa m aneira, presos qu e estam os em n0550 p r6 p ri o t empo e

ve loc id ad e, p od ern os , e m n ossa im a gin ac ao, e ntra r e m tod as

as ve loc idades , 0 te m po tod o. © O l iv e r S a c k s m e < :

.",

o AUTOR ";'_,

O LIV ER S AC KS e pro fessor d e neurol.ogia d fnic a d a F ac uld ad e

d e M ed ic ina A lb ert E inste in e professor a djunto d a Univers id ad e

d e Nova York. Escreveu U m an trop61ogo em Marte , Tem po de des-

p e r t a r , e nt re o ut ro s liv ro s, p ub lic a do s no B r a sil p el a C ompa n hia

d a s tetras, A rtigo pub lic ad o na T he N ew Y orke r.

- T radw ;ao de Vera de P aulo A ss is

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Em bora fatores arnbien ta is tenham

g rande in llu enc ia na def lag racao das crises,

e consenso que 0 d is ni rb io te rn f orte ba se

g enetica . estu dos realiz ados em varies paises

revelam q ue m e tad e das porta do re s te rn p elo

rn enos u rn p are nte p ro xim o com TB, e f ilh os

de pessoas com a doenca apresen tam m aior

risco de desenvolve-la, q ua nd o c om p ara dos

com a populacao em g era l.

A A ssociacao Brasilerra de Transtorno

Bipolar, Al iada a In terna tional S ocie ty for

B i po la r D i so rd e r (1580), estim a que no Bra-

s i1 podem exis ti rate 15 m il h oes d e pessoas

corn 0 problem a, de form a m ais ou m enos

pronunciada. C riada em 2005 par psiquia-

tras lig ados a un iversidades e centros de

pesquisa, a instituicao tern 0 objetivo de

in ce ntiva r a in ve stig ac ao, esta bele cer troc as

com entidades internacionais que tarnbern

se dedicarn ao estudo do terna e difundir

informacoes en tre pac ientes, fam f lias e

proh ssion ais d a sa ud e mental . Afina l , com

medicacao e a companhamen t o psicoterapi-

co, 0TB pede ter os sin tom as con trol ad os

e inform acoes a judam a salvar vidas. Para

sa be r rn ais . www.abtb.org.br

WNW. M E N TE C E R E B RO .C OM .B R MENTE&cEREBRO 43

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MAR<;O

WNW. M E N TE C E R E B RO .C OM .B R

o t r a n s t o r n o b ip o l a r a in d a e uma dcenca c e r c a d a d e

p r e c o n c e it o s e 0 d ia g n 6 s t i c o n e m s e m p r e e f a c i l : 0

t r a t a m e n t o d e v e t a n t o p r e v e n i r a s c r i s e s q u a n t ac o n t r o l a r a s sintornas a g u d o s

Antes do en igm a, a ig norancia . A pessoa com

tra nstorn o bipola r (T8) recebe 0 diag n6stico pela

prirneira v e z , em m edia , s6 dez JIlOS ap6s as prirneiras

ten ta tivas de tra tam ento. A ntes d isso, pode conelu ir ou

ser in form ada de que sofre dos mais va ria dos p rob lem as ,

C01110 dependencia de drog as, obesidade. d istrirbios de

carater e de personalidade, transtorno do panico. 0

diag n6strco m ais com um e , c om c erte za , 0 de depressao.

N o case, depressao un ipolar In le liz rnen te , a inda sao

poucos os prof issionais da sauoe qu e con he ce m 0 quadro

su f icien ternen te bem e podern oferecer orien tacao

adequada para d im inu ir a a ng u sri a tan to do pacien te

quan ta de paren tes e am ig os

o TB e traicoeiro os sina is e sin tom as podem ter

im im eras m anitestacces num m esm o pacien te e variar

rnu ito de um a pessoa para ou tra Em g eral, quem sofre

do transtorno tern d if icu ldade em dedicar-se a carreira

prof issional, m anter a produ tividade e 0 equ ilfbrio na

vida afe tiva e cu ltivar relac ionam entos duradouros O s

afe tados pelo d istu rbio nao tern controle do que pensam

ou falam duran te os perfodos de rnanifestacao da doenca

MENTE&cEREBRO 45

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o DIAGN6STICO DADOEN~A MENTAL faz emergir preconceltos e fantasias sobreinternacao e loucura, 0que pede dlflcultar 0 tratarnento

o t ratamento rnedicarnentoso efu ndam ental e com plexo, pois exig e

d u as e st ra te g ia s. a p ro li la xla [p re ve nc ao

das crises) e 0 conrrole dos sin tom as

agudos , 0 acornpanharnen to psico-

16g i co e fundamenta l para urna boa

e vo luc a o a longo pra zo . A b oa n otf ei a

e que a abordagem adequada pode

garanti r Limavida pra tic am en te n orm a 1 .

p rin cip alm e nt e s e a d oe nc a f or d ia gn os -

ticada na fase in icia l, M as qu anto m ais

CONCE I TOS -CHAVE

• Sinais e sintornas do transtorno bipolarpodem ter in urn era s m ars fes tac oe s n umm esm o paciente e varia r de um a pessoapara outra, Emgeral, quem sofre dessadoenca cronlca tern dificuldade para

dedicar-se 11carrelra proflsstonal, manter

a produtividade eo equilibrio na vidaafetiva, nao cultlvando

relacionarnentos duradouros.

• 0 acornpanharnento psicol6gko efundamental para urna boa evolucao alongo prazo, eo tratarnento adequadopode garantir uma vida pratkarnente

normal, principalmente se a d oen ca ford iag nostkad a n a fase ln kla l,

• Quanto rnals cedo e maisprofundamente 0padente e s ua f am i li a

entenderern 0lS , m aie r a chance deconseguir controlar a doenca e tornarsuas consequendas rnenos nodvas,E , n esse caso, a lntorrnacao pode serconsiderada parte fundamental dotratamento. 0 uso de medka5ao e

fundamental e exige duas estrategias:a profilaxla (prevencao das crises) e 0

controls dos sintornas aquoos ,

c ed o e m a is p rof un dam en te 0 paciente

e s u a f a rn f li a e n te nde re rn 0TB, m aier a

chance de e on se g ui rc on tro la r a doenca

e tam ar suas consequencias rnenos

nocivas. E , nesse case, a intormacao

p od e ser conside rad a parte fu nda-

m ental do tratamento. E fundamenta l

qu e a s pessoas implicadas na situa<;i:io

s ej ar n i nf ormada s de qu e 0 TB e um a

d oe nc a c ron ic a, com causas biol6gi-

cas (g en€ticas e outras) associadas a

fatores ambientais.

LOUC O, E U?

o diagnostico de doenca m ental faz

e rn erg ir u rn a se rie de preconceitos as"

s oc ia do s a e ss a c on di ca o. in cu ra bi li da -

d e, d es fi gu ra rn en tc d a p ers on ali da de ,

incapacidade de gerir a propria vida,

isolamento forcado da sociedade.

perda da l iberdade e do livrearbftrio .

E ssa im a gem e ta o arra .gada em nossa

c ui tu ra qu e pode ser exem plif icada

pelo m odo estereotipado com o os

m eios de cornurucacao a ap resen tam,

p ri nc ip alrn en re n as n ov ela s . .P ers on a"

g ens que sofrem de doenca m ental

podern ser divid idos. de fonna g eral,

ern d ois tip os . as do prim eiro g rupo

sao os que nascerarn ou s ern p re f oram

" loucos" , em geral s a o " b on z in h os " e,

ocasionalmente. podem ter percep-

Os sinais e sintom

podem ter imime

manifestacoes

num mesrnopaciente e variar

muito de uma

pessoa para outra

~oes inteligenres (au at e geniais)

do segundo tipo sa o viloes e po

te r td~s destines padron izados. n

nal, adm itern a culpae se retratam,

presos, ou, quando a maldade e ex

siva , R c am lou cos e sa o t raneados

manicomios "pelo resto d a v id a" .

clare, por esse padrao, qu e a pior

e te r L im a d oen ca mental , a lou cu

irre verstvel e a pessoa lou ca seria

principio, m a o A irnagern do do

mental como alg uern d esprez tvel

co m que m uitos a inda hoje rea

de rnaneira exaltada, e a te raiv

quando se sugere que consu

urn ps iqu ia tra - ou u rn psicolog o.

r e spost a ma i s c omu rn e : " Eu? M as

sou louco!".

E c orn pre en sf ve l, porta nto ,

lrequen tem en te se ja quest ionado

sta tus de doenca m ental do transto

bipolar. Annal , 0 paeiente aprese

reacoes exacerbadas com uns, que

pessoa sau davel tarnbem poderia

Q ualquer u rn e capaz , pa r exern

d e re ag ir (0111 raiva d ian te d e f ru

<;6es all injusticas Porern, 0 paci

bipolar pode se deprim ir au R ea

cessivarnente agressivo. Mui ta g

tarnbern ja gasrou urn poueo rnai

dinheiro do que pretendia, ou

am uada par ter reeebido lim a no

ruim. M as a pessoa com TB val a

g asta en orrnes qu antias se m nenh

planeja rnen to, a p on to d e e nv olv e

em dfvidas para adqu irir produ tos

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qu a is nao necessi ta ou , ao receber u ma

notfcia desag radavel, R ca de carna.

M as com o reacoes exacerbadas

podem dist inguir urna pessoa com

transtorno bipolar? N ao s eria a pe na s

uma reacao peculiar de cada indi-v fd uo , p ura m en te ps icologica , sem

resu ltar de alg um a lesao ou falha no

hm cion am en to c ere bra l? A t ualm en te ,

a O r ga ni za ca o M undial da Sa ude

( OMS ) reconhece 0 transtorno bipo-

lar com o doenca, Para ser concebido

assirn, e precise qu e 0 quadro renha

c au sa s org an ic as b ern e sta be le cid as,

su a evolucao no tem po e i rnplicacoes

f fs ic as d ev ern s er c on h ec id a s, bern

com o as possibilidades de tra tarnentodes sin tornas. A maior dif iculdade,

porern, e def inir seu s lim ites, que

dependem de aval iacoes cllnicas

baseadas ern sintom as e sinais, um a

vez que n50 ha ainda exam es labo-

ratoriais qu e possam dar 0 d i agnos-

rico deB nitivo d e transtorno bipolar

A principal caracterfs t ica do TB

e a instabi I idade de varias fun~6es

cerebrais, qu e podem ser percebidas

na alteracao do hum or, variando datr i s teza profunda 1 1 alegr ia excessive .

transparecendo na ansiedade e irrita-

bilidade qu e ern POllCO tem po podem

se converter em ap a ria. Essas variacces

aparecem associadas a instabilidade do

Iu ncionarnento do cerebro, tanto no

arrnazenarnen to de inform acces (m e-

moria) com o no controle d a a re nc ao

( d is tr ac ao exces s iv e ).

E possfve l haver va r i a cao do

pessirnismo exagerado 2 1 0 otimismo

inco n trol avel, eave loc idad e do pen-

sa m en to pode aum en ta r ou di m i nu i r_

A lreracoes no sono e no apetite,

tanto para excesso com o para falta ,

tarnbern sa o comuns Nessas situa-

r;6 es, s iste m as h orm o na is c ostu rn arn

flca I' desorg a n izados, re A e ti n do urn

ritm o biolog ico ca6 tico ou ciclrco,

e, nao rare . 0 pacien re troca 0 di a

pela noite . O bserva-se rarnbern d i-

m inu icao ou aum ento excessive de

I NW I N .M EN TE C EREBRO .C OM .BR

ALTERA~6ES. -

TIP ICAS DO TRANSTORNO-

PRINCIPAlS FUNc:;:6ESAlTERADAS EXEMPLOS DAS AlTERAc:;:6ES

OBSERVAvEIS

Ritmos biol6gkos Sono, apetite, horm6nios etc.

Atividade motora corporal Agit1l.t;:a.o/Ientid ao

Atent;:ao, concentracao,

Atlvldade cognitivamem6ria, exageros dos

pensamentos, pesslrnlsmo,

otlrnismo, perda do prazer etc.

HumorTr ls teza, eutoria, irritabil ldade,

ansiedade etc.

energia . 0rn esrn 0 ocorre em re la\50

a capac idade de se ntir p ra ze r, 0 mars

curioso e que a mudan c a pode se dar

em poucas horas, ou em poucos d ias

- e as vezes durer sernanas, rneses au

at e anos. Port an to , e xis te rn p ac ie nt es

que sao bipolares e hcarn longos

perfodos em u rn m esrno esrado, qu ee g e ra lm e nte d ep re ss iv e,

Nesses cases, quando se exarnina

urn m em ento qualquer da vida desse

pa cie nte , a im pressao que se tern e de

qu e nao ex iste in stabilidade, e rnbora

ela possa ter ocorrido no passado ou

simplesm ente ter sido representada

por urna iin ica mudanca, do estad o

considerado n orm a l p ara 0depressive

Sur ge af u ma quesrao. se a rnstabi I idade

e a c ara cte rf stic a c en tra l d o rranstorno

b ip ol ar, a s p es so as s a ud a ve is d e ve ri ar n,

e nt ao , se r e st av eis , s em g ra nd es e xp re s-

sees de tristeza au a leg na> E ssa perg u n-

ta le va a u rn a re fle xa o i nt ere ss an te .

o corpo humano possui sis temas

de ccn trole qu e im ped ern qu e as varias

luncoes f iquern excessivarnente fora

dos c harnados param etros m fn irnos

- no que se refere , por exem plo, a

horas de sono ou a niveis de ativida-

de ff sica e mental. A va ri abi li d ade e

fundam ental para que 0 se r hurnano

se adapte a siruacoes am bientais qu e

m udam com frequencia e exigem

acornodacoes como, evenrualmente,

dorrnir mais tarde para participar

de urn evento social ou terrninar de

redigir urn arrigo.

N o org an ism o do pacien te comtranstorno bipolar esses sistem as de

controle funcionam de form a ina-

dequada, 0 qu e perrnite " escapes" e

acarreta d es co ntro le s, a ca ba nd o po r

d es org an iz ar o utra s runc;6es corporals .

As p es so as con si d era da s s au dave is cos-

t umam a pre se nt ar p eq ue na s v ari a< ;6 es

n as h Jn ~6 es c orp ora is, q ue se a da pta m

a s ex igenc ies d o a rn bie nte , e nq ua nto

os pacienres b ipola res a p resen ta rn

g ran d es alteracces, qu e se tornamincompatfveis com as acontecimentos

externos. Portanto, e completarnenteaceiravel (e ate urn sinal de sa tide

m ental) que se sinram , reconhecam e

expressern aleg ria e tristez a, em g rau s

v ari ad os , d es de q ue e ss es s en ti m en to s,

de tlag rados por latores exte rnos au

su bjerivos, se apliqu ern ao contexte

- e tenham intensidade compatfvel 1 1

siruacao. N o caso dos pacientes com

tran storno bipolar, qu anta m ais as f un -

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MENTE&cEREBRO 47

,

TRISTEZA NORMALOU PATOLOGICA

TRISTEZA NORMALTRI.STEZA

PATOL6cICA

Dura~iio Breve Prolongada

F orte e comIntensidade e

Leve e sern prejulzo prejulzo dasprejuizo atividades

habltuals

C ornparavel comMulto maior e

QuaHdade diferente das

da tristezaas expertenclas

experlenclasanted ores

anteriores

coes que re g ula rn o s e st ad os de humor

e stive re rn d es org an iz ed as , m a is g ra ve

e rn ais c om p le xo 0 quadro cl in ico se

apresenta ( V E r l l l w d r o P d g _ 47) .

E xisrern duas denorm nacoes u ti-

l izadas para 0 disnirbio. rranstorno

af etivo b ipolar e tra nstorn o bip ola r d o

hum or, esre u lnrno considerado atu -

a lmente 0 term o m ais adequado E ssa

diferenca de nom enclatu ra se da po r

causa dos concertos d e a } e t o e hllll/Of!

qu e sao t ecnicamente diierentes De

rn a n ei ra s imp le s ! 0 prim eiro se ref ere

a s e rnoc ces qu e s u rg e rn r ap id amen te

diante da alteracao de u ma situ a< ;ao

especihca - C01110 0 sen tim ento de

aleg ria qu and o se ganha urn presenre,

tristeza 210 saber que fai m al m r m a

prova, i rr it a< ; ao no memento em qu e

o tim e adversario faz u rn gol nurna

fm al de carnpeonaro ou m edo quan-

do alg um a dor surg e de repente e se

p en sa n a p oss ib ilid ad e de ser vf rim a

de l ima doenca g rave. ja / m m o r e s se

re ferern a esrados ernocionais m ais

prolong ados, que du rarn horas, elias

ou sem anas, e podem inA uenciar a

form a de pensar e ag ir do individu o.

U rn exernplo seria 0 humor depressi-

vo. E ntre ou tras rn aru lesta co es, pe de -

m as pensar nesse quadro da seguinte

forma, sern motivo aparen te , a pessoa

ac ord a va rie s d ia s se gu id os d esan im a-

da. como se a tristeza Fosse 0 pano

de fu ndo de su a vida; as im pressoes a

se u pr6prio respeito se rorna rn mais

neg a tives e c riticas , ou e la acred ita

qu e os coleg as ou paren tes a avaliam

de modo negative, depreciativo.

o c on ce ito d e " rra ns ro rn o b ip ola r! '

e centrado nas alteracoes do hum or

- urn de seus p61 0 s e 0h umo r d ep re s-

sivo e ou tro, 0 e ulo ri co . E n rr et an to ,

nao e s6 0 hum or que Bca alrerado

no transtorno b ip ola r. lv lu ita s o utra s

funcoes cerebrais e extracerebrais so-

hem rn ud an ca s, c om o a s re la cion ad as

a os ritm os biolog tcos, a o c on rrole d os

TENG CHEI TUNG e pslquiatre, coordenador d o servico de pronto-atendimento e

de interconsultas do Instituto de PSiquiatria do Hospital das Cl fnicas da Faculdade deMedic ina da Un i v er si da d e d e S ao Paulo ( FMUSP ) e in teqran te do C ru po de D oen cas

Afe t iva s (Cruda ) do r nesmo inst it u te . E autor de P s ic o fa rm a c o /o g ia a p /i ca d a ( A t he ne u ) ec o-a uto r d e S uic fd io - E s tu do s fun d am e n ta is (5e9 ment a Farma), entre outros livros. Este

artigo foi adaptado do livre Enigma b ipo la r - Conseouercios, d ia gn 6s U co e tr ota m e nto

d o t ranstorno bipolar , com au to r i l a~ao da M G Ed i to res .

rnovimentoscorporais (com predo

n io d e a gita cao ou len rid ao d o c or

das funcoes de m em oria e d e c on c

tracao m ental, da im pulsividade e

desejos e das vontades, inc lusive

prazer, tanto das pequenas coisa

vida (cu idar da casa, h obbies) qu

do desejo sexual. 0 TB seria

bern cornpreend ido com o a doe

das instabilidades, sendo a do hu

a mais perceptfvel.

U rn aspecto m uito bem desc

e sisrerna tiz ado a respe ito d o tr

torno e a def inic;ao das crises,

o u " e pi so di os " de hu mor, qu an

rnuitos si n tom as su rg em , dehn ln

UDl qu ad ro esp ec ff ico R ece ntern

te , vern sen do esru dadas e descr

c om rn ais d etalh es a s c ara cterf sti

que aparecern entre as c rise s! c

remperamentos do tipo irritav

hiperativo, depressive, impuls

e as consequencias no cot-d ia

desse m odo de ser instavel, co

dif iculdades de relacronarnento,

permanecer em um ernprego

manter a rn iz a d es du ra dou r as ,

Embora 0 TB corn porte q

lTO tipos de episod ios patol6 gic

- c a ra c te ri za do s como depress

h ipom aniaco, rnanfaco e m isto

p od e se r c on sid era do, ba sica rn en

u ma doenca depressive, pais a m

ri a dos pac ien tes passa grande p

de sua vida nesse polo da d oen

E xistern , porem , Iorrnas rna is l

de rnan iiestaca o de sse s episc di

n as qu ais se m istu ra m c ara cte rf sti

d a p ropria pe ssoa, pa rec en do com

uma estrurura de b ase , u rn te m pe

rn en to qu e se m an if esta n a infancia

na adolescencia e se confu nde co

" jeito d e se r" d o in divid uo.

F ACE S DA DEP RES SAO

A lem da conotacao patologica,

p ala vra " d ep re ss ao ", em geral , tr

m em 6ria das pessoas as fases ru in

vida . E m alg uns contexros, 0 t e

e usa do de m odo abrangente,

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Qualquerum

pode ter raiva,

mas quem sotre

do transtorno sedeprirne ou fica

muito agressivo

sem razao

analogia com os perfodos de crise

econornica. Tambern se tarnal! co-

mum usafa palavra como

sinonirno

de tristez a, desespero ou a n gustia .

A depressao costum e ser deflagrada

par um a perda significative como a

morte de u rn e nte q ue ri do , a perda do

e rn preg o, u m a d esilu sao arn orosa, au

mesmo nurna fase da vida altamente

estressante par causa do trabalho au

de problemas familia res Estimat.ivas

da OM S a apontam como a d oen ca

psiqu ratrlca rn ais diagnosticada atual-

mente, ocupando 0quarto lugar entre

os principais problemas de saddedo

Ocidente, 56 no Brasil se estima que

aproximadarnente 10 rnilhoes de

p essoa s sof re rn d e depressao

o fato e que, do ponto de vista

c lf nic o, a d ep re ss ao aieta a forma de

a in divid uo pensar, agir e ser e deve

s er e nc ara d a como um problema de

saiide que afeta n50 s6 0 cerebro e

a estado psicoJ6gico, m a s ta rn be rn

praticamente todo 0 organismo ( v e r

q u a d ro r i a p a g , 50).

A tristeza, caracterfstica Irequente

da depressao, e lima expenencia uni-

versal. E uma emocao experimentada

de rnaneira n e ga ti va , d e sa g ra da ve l,

que , do ponte de ' vista evolutivo,

parece servir, como urn "aprendizado",

para que, no intuito de nao revive-Ia,

o indivfduo evite situacoes desag ra-

daveis no futuro. Em termos gerais,

podernos pensar que, se u rn aluno tira

WWW.MENTECEREBRO .COM .BR

PERSONA LID A D E OU DOEN<;A ?

Qual a fronteira entre a normal e 0 patol6gico? Afinal, os limites do

TB sao difusos, 0 que evoca uma pergunta lnevltavel: ate que ponto 0

comportamento de uma pessoa pode ser atribuido 11personalidade au

a uma doenca? Para entender melhor, e necessaria considerar a per-

sonalidade como urn conjunto de aspectos psfquicos que caracterizam

urn indivfduo, diferenciando-o dos demais, podendo ser dividida em

dais componentes prlncipals: 0 temperamento e 0 ca ro t e r . 0 tempera-

mento refere-se as caracterlstlcas de cornportamento mais estavels,

presentes desde a primeira tntancla e mais fortemente associadas

a fatores geneticos. 0 carater e 0 embasamento moral, vinculado a

influencias culturaise socials. A personalidade depende, portanto, de

lnfluenclas socioculturais sobre a base das caracterfsticas pessoals,

Sendo asslrn, pode ser mudada. Dessa maneira, urna doenca pode

alterar 0 comportamento de uma pessoa, mudando a forma como ela

reage aos estfmulos ambientais. Ate por que, em geral, os pacientes

bipolares tern sintomas leves do TB desde a inHincia que interferem

e moldam parcialmente sua forma de se relacionar consigo mesmos

e com os outros. Muitos deles percebiam desde cedo a desaprovacao

alheia e crescerarn se culpando peJa forma como agiam,_sem conseguir

muda-Ia. Mas e a dificuldade de aceitar que h a urn transtorno - que

pode ser tratado - eo maior problema.

Especialistas reconhecem que oslimites sao difusose acreditam

que ha uma grada~ao de intensidades. Parte grande da populacao tem

tendencies 11patologia, ernbora com pOU(QSsintomas e raros prejulzos,

e apenas eventualmente poderiam desenvolver quadros rnals graves e

necessitar de tratarnento. 0 ideal seria saber quais genes e sltuacces

estressantes podem indicar se uma pessoa vai ter a doenca ou nao. Mas,

por enquanto, a ciencla nao tem essas respostas. 0 melhor criterlo para

diferenciar 0 normal do patol6gico, portanto, e avaliar se os slntornas

trazem sofrlmentos e problemas em areas lmportantes da vida.

MENTE&c EREBRO 49

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SOB 0 PR ISM A DA VAR I A~AO

Na AntigUidade, Hip6crates ja descrevia a melancolla

(usando a palavra como sin6nimo de depressao) e a mania,

mas nao propunha a uniao entre os dois quadros. Segundoe le , a s v a ri ac o es resultavam de desequilibrlos dos l iquldos

do corpo, os charnados hurnores, por tsso poderiam ter

mudancas cidlcas, assocladas a alteracoes de estados

emodonais. Essa teoria perdurou ate surgirem algumas

descricoes de quadros cidlcos do humor; no seculo XIX, su-

gerindo que seriam forrnas distintas para uma mesma. do-

en~a. No seculo passado,

EmilKraepelin separou as

demenclas precoces (que

viriam a ser charnadas de

esqulzofrenias) das psko-ses rnanfaco-depresslvas

(PMO). Ele defendia que

as PMD consistiam em

um conjunto de doencas

cujos sintomas mais pro-

eminentes eram as varia-

~6es do humor. Nao eram

feitas dlstincoes entre as

pessoas que tlvessern s6

depressao e aquelas com

mania: todas eram classi-ficadas como pacientes de

PMO. Era como se hou-

vesse dols pol os: paden-

tes com depressao pura

e mania pura, e no meio

ficaria a maioria deles,

com porcoes variadas de

depressao ou mania.

Na decade de 50,

surgiu a tendencia de

separar os que tivessem

mania e deprsssao da-

queles s6 com depres-

sao, chamando os primeiros de bipolares e os ultirnos

de unipolares.Estudos mostraram que pacientescom

depressso unipolar tinharn ma ts pessoas da familia com

quadros depressives, e os bipolares tinham maior nurnero

de parentes com 0mesmo transtorno que eles, A mania

unipolar foi entao integrada no conceito de "transtorno

bipolar". Uma subdivlsao dos pacientes bipolares tam-

bern ganhou forca, na forma de bipolares tlpo l (rna-

nias e depressoes) e tipo II (hipomanias e depressoes).

Nos pacientes bipolares do tipo II" mais de 95% de

tempo de doenca corresponde a fase depressiva, portan-to, 0 tipo II basicamente e uma doenca depressiva com

algumas pouca s c a ra c te r is tl c as do TB . Com essa distin~ao

unipolar/bipolar, novas estudos foram feitos e observou-se

que, para cada paciente bipolar, exlsttarn 20 depressives

unipolares. Mas logo foi constatado que a rnaioria do

padentes bipolares apresentava, inidalmente, episodlos

depressives, 0. que confun.

dia 0diagn6stico. E cerca de

20% do total de unlpolares

acabava evoluindo para

quadros bipolares,A classlflcacao unipo-

lar/bipolar acabou se tor

nando oficial, tanto na

declma edlcao do C6digo

Internacional de Doencas ,

C I 0-1 0, quanta no OSM-IV

o conceito de "depressao

unipolar", tambem descrita

como "depressao maior",

acabou popularizando

fadlitando 0diagn6stko ddepressao, que cornecou

ser feito cada vez mats por

medicos de outras especia-

lidades, outros profissionais

da saude,

Hoje , otermo "espectro

bipolar" esta ganhando

espafo nos meios cientffkos

e e cada vez rnais veiculado

na midia. 0nome lembra

tantasmas au pesadelos,

mas tarnbern define uma

das principais caracterfs tlcas

do dlstiirblo: a varia~o de estados, A palavra e usada

nesse sentido para definit, par exempJo, a qarna de ralo

de lu z como no area-iris ou no reflexo da lu z num pr i sma .

Deacordo com esse conceito, 0espectro bipolar se refere

a 9ama de apresentacoes dfnicas da doenca, que podem

ir de urn polo a outro, da depressao unipolar pura para

depressao com epis6dios de hipomanla, depressao com

mania, ate 1 1 mania pura,

50 MENTE&cEREBRO MAR<; :OZQ

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u ma n ota baixa na escola . a tristeza de

passar por essa situacao, associada ao

Iracasso, 0 le va ri a a re av ali ar s ua forma

de estudo, para que na o recebesse ava-

lia< ;ao ru im n ovarn ente . S eg und o ta l

te ori a, a tri st ez a d ella g ra 0movimentointrospectivo, as pessoas se isolarn

um pouco do rnundo externo " reco-

lhendo-se" para re f le tir sobre com o

a s iru ac a o desagradavel aconteceu

e com o s eri a pos sf ve l p roc ed er p ara

qu e nfio voltasse a oeorrer. Dessa rna-

neira , a tris teza aju daria n o p ro ee ss o

de am ad urec im en to, n os preparan do

para enfrenrar m elh or lim a vida qu e

e , por natureza , reple te de perdas e

[rustracces inevitaveis.E la pod e su rg ir no dla-a-dia, como

resultado de alg o ru im qu e ocorreu , ou

quando l er nb ra n ca s de I ato s p as sa dos a

provocam. Em g eral, n esse s c as os , t em

pequena in te nstd ad e e c urta du racao ,

o e stad o rn ais in siste nte , c ha m ad o d e

h W l 1 0 r a c p r e ss io o Icon tarn ina a percepcao

d o qu e se passa n aqu ele perfodo. L Im a

situ a< ;a o h ab itu al d o c otid ia no. com o

ver u ma cria nca pedindo e srn ola n um a

e squ in a, p od e se r p erc eb id a d e m a ne i-fa ma is a ng u stia nte s e 0 ind iv i d uo esn-

vercom a hu mor depressivo, ao passo

que , em outro m om en ta , essa m esm a

s it ua ~a o c au s ar ia m a l- es ta r p as sa g ei ro ,

indiferenca, Oll ate raiva

o h um or d epre ssive , g era lm e nte

assoc iado a u ma perda , cosru ma apa-

reeer vin cu la do a u rn m a l-este r f fsico,

com o urn resf riado Oll com a F ase

pre-m en stru al. M u iras vez es pode vir

C om sen sacoes f f sicas, com o inqu ie-ta ca o, a n si ed ad e , vontade d e c ho ra r,

sensacao ang ustian te de pressao ou de

peso n o peito.

M as ate que pon to esse sen ti-

m ente pode ser considerado norm al.

e quando passa a ser pa tolog ico,

ou seja, ser sintoma de depressaoz

Em bora nao se ja um en teric m u ito

precise, e possfvellevar em con ta seu

tem po de duracao. A rristez a torna-

s e p re o cup ant e, POl' exern plo, se ela

\NWW.MENTECEREBRO.(OM.BR

predom inar em g rande parte do dra

do pacien te , ou S f: oc orrer n a m a ioria

d os d ia s. S u a in re ns id ad e e urn entericbem POlICO p re cis e, p ois c ad a urn tern

a su a p rop ria " m ed id a" p ara a va lia -la ,

eo que e in tense para u rn seria qua-

se irnperceptfvel para outre Alern

disso, ela po de v aria r d e a co rd o com

a m em en to do dia, podendo, assirn ,

dls torcer a percepcao de in tens idade

U m a pessoa que recebe urna noticia

ruim pode senrir um a ang usria pro-

fu nda , qu e dura alguns m inu tes, e se

l e m brar d e ter tid o u rn d ia rn u i to tris te .

J & ou tra , q ue se nte rriste za rn od era da

todos as e li a s, q u a se 0 tem po todo,

p od e c on sid era r e sse d ia n orm a l, ig ua l

,10 an terior ou ao d a sern ana passada ,em qu e rarn bern estava triste

POI-ern, quando a con re ce d e a pes-

soa nc a r c hor ando, [requenternente,

por motives que aparenremente nao

se justi R e am , OLi qua ndo s en te a ng u s.

tia, numa in te nsid ad e d if fcil de se r

A S D O E N < ;A S A F E T IV A S

Definir,;ao e feita peto: i ipos de epis6dios patol6gicos:

• TRANSTORNO DEPRESSIVODE EPISODIO LlNICO: apenas uma

manjfestacao depress iva em toda a vida.

• TRANSTORNO DEPRESSIVORECORRENTE:dois ou mais eplsodlos

depressives.

• TRANSTQRNO AFETIVQ BIPOLAR OU TRANSTORNO BIPOLAR DO

HUMOR: pelo menos dois episodios afetivos, sendo ao menos u rn

euf6rico (man i a OU, se mai s leve, hlpomania) ou rnlsto.

• DISTIMIA: slntomas depressives leves (tres) par pelo menos 2 anos.

• CIClOTIMIA: alternanda entre slntomas depressives e eutorlcos leves,

por pelo menos 2 anos.

NO FllME Mr. Jones, de 1993, Richard Gere vive personaqern com a.patologia

MENTE&cEREBRO 51

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E STA B ILIZA DORES D E HUMOR E PSICOTERAPIA

Medicamentos sao crueiais no trata-

mento do transtorno bipolar para dimi-

nui~ao daintensidade e do mirnero deeplsodlos do disturbio. A necessidade

dessa terapeutica pode ser justlflcada

pela forte carqa genetica e bioloqlca da

doenca. Afinal, genes e lesoes cerebrais

nao podem ser curados, mas e possfvel

controlar dlsfuncoes. 0 uso correto de

estabilizadores como 0 carbonate de

litlo, por exemplo, tende a diminuir

em ate sete vezes a mortalidade (par

suiddlo, aeidentes e doencas decor-

rentes dedlstiirblos lrnunoloqlcos

doorganismo) de paeientes bipolares, Os

estabilizadores do humor devem ser

introduzidos ji i no infeiodo tratamento

e estar presentes em grande parte do

tempo e so podem ser alterados au

retirados se houver, daramente, pre-

jufzos importantes reladonados a eles.

A medicacao deve ser pres

tambern para diminuir a instabi

de de funcoes psfqukas e corp- como 0 sono e 0 apetlte. Ess

rapeutlca baslca precisa ser ava

como estrateqla de longo pr

uma vez que seus resultados sur

mais daramente em meses ou at

anos. Durante as fases agudas, m

vezes sao utiJizados antidepressiv

au antlpslcotlcos e benzodiazeplnl

nas fases manfacas e rnistas,

Mas a farmacologia tern li

c;oes. Mesmo os sintomas resid

entre as fases, nem sempre

passfvels de total controte. A

dlsso, faz parte do quadro cl

do paciente nao acreditar que

algum problema. Justamente

isso, a psicoterapia - embora p

so nao seja suficiente - tern p

tolerada, a lg a que clararnente alete

seu cotid iano, essa tristez a pode serc on sld era da e xc es siv a, Em geral, as

pesscas tern m ars d if icu ldade para

diterenciar a tristeza cham ada nor-

m al de sua m anifestacao patol6g ica

( tip ica da depressao) quando ela sur-

g e a p6s u r n e ve n to justi f id ve l, c om o

a perda de urn ente querido, 0 qu e

poderia justiricar plenam ente um a

tristeza mais intensa e duradoura.

E mbora esse tipo de situac;ao acabe

provocan do g rande tristeza na m aio"ria das pessoas, passadas alg um as

sem anas au m eses (dependendo do

c aso ), a te nd en cia e que 0 individuo

re tom e su as a tividades, apesar da d or

da perda e da saudade . Q uando essa

tris te za s e p ro lon ga e , p rin cip alm e n-

te, se a tristeza in terfere na vida do

individu o, provavelm ente se tra ta d e

u rn s in to m a p ato log ic o.

M uitas vezes, a pessoa que sofre

d e tris te za p atolo gic a te m d if ic uld ad e

52 M ENTE& :c EREBRO

de adrnitir qu e esta doente e ju stif ica

su a condicao com argurnentos comodesemprego , solidao, dif icu I da d es

financeiras au a incornpreensao de

pessoas importantes em su a vida, 0

qu e essa pessoa rararnente percebe e.qu e ou tros passam por circunstancias

s irn il are s e p od em re ag ir d e ou tra s rn a-

ne iras - e qu e varias dessas situ acces

podern ser consequencia e nao cau sa

da rne lanco li a.

R IS C OS DA M AN IAo term o " mania" costu ma ser enren-

d ido pelos leig os com o um com por-

tamento j nusitado e repeti tivo. ]a

"rnanfaco" descreve aquele indivfduo

que tem cornportam entos extrem a-

m ente desviados da norm a aceita ,

g era lm en te associad os a pe rversoe s.

Para prof issionais da area da saude ,

porern, 0 term o " m an ia" rep re sen ts

o p6 lo eu f6rJco do transtorno de

hum or. 0 curiosoeque, apesar de

a eu foria excessive ser m uito car

terfstica e eviden te nesses quadrela nem sempre esta presente n

episodic manfaco . Os sintornas m

com uns sao irritabilidade (qu e po

d eri va r p ara a g re ss iv id ad e ocas ion

e hiperatividade. O utros sinrornas

m a nia s ao a d irn in uic ao d a n ec es sid a

d e s on o, a u to -e sti m a re pe nti na rn en

eleva da, f ala ex cess iva , d if ic uld ad

em focar a a tencao e envolvim ent

com atividades prazerosas, pore

perig osas - com o com pras e g asexcessivos, a tos im pulsivos, usa

drog as, indiscricoes e aurnen to

a ti vi da de s ex u al.

o paciente em m ania nao perce

a propria alteracao, tem a im press

de estar extrernam ente bern , co

se vivesse a m elhor fase de su a vi

Para ele, sao os ou tros que tern p

blernas. E m alg uns cases. a pess

n esse e stad o, com ag re sslvid ad e e

pu lsividade exacerbadas, precisa

MAR<; :02

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fundamental para ajudar a pessoa

a se conhecer rnelhor, ficar mais

atenta a sl, aprendendo a reconhecerslntomas. Uma funs;ao importante da

terapia e favorecer 0 cornpromett-

mento do paciente com 0tratamento

farmacol6gico, ja que uma das prin-

clpais causas de crises e 0 abandonode tratamento.

Nas fases agudas da doenca, po-

rem, 0papel do psic61ogo e suportlvo,restrinqe-se ao apoio, com tecnicas

de alfvlo do sofrimento que facilitem

a adesao ao tratamento medicamen-toso, delxando para segundo plano a

necessidade de buscar au dlscutlr sen-

t ld o s p sf q u lc o s para as crises , ja que os

sintomas lntensos do paciente tornam

improdutivo 0 processo terapeutko

mais aprofundado. Ap6s a fase aguda,

se faz necessaria urn perfodo de rea-

bilitas:ao, com foco na "psicoeducao",

Nesse momenta, 0acompanha-

mento psicol6gico costume ser de-clslvo numa tarefa tao difkil quanto

necessaria: a reconstrucao da vida

pessoal apes umepis6dio afetivo, ja

que ap6s uma ocorrencia grave da

doenca e comum que a pessoa se

slnta em ocionalm en te m uito afeta-

da. Ao melhorar, se constata que a

vida profissional e a social podem ter

sido seriamente abaladas e relaciona-

mentos com conjuge, fllhos, amigos

e familia de origem, deterlorados.Nos cases mais graves, e necessa-rio 0 auxllio de um acompanhante

terapeutlco ou de um terapeuta

ocupaclonal que ajude a pessoa a

recobrar habiJidades simples, como

tomar banho sozlnha ou ir ao banco

sacar dinhelro.

proteg ida de si rn esm a , ja que nessa

fase do transtorno pode com eter a tosdos quais se arrependera no fu tu ro ,

da r a n ec es si da de de in re rnacao em

determinadas sltuacoes. E cornurn

qu e, ap6 s 0 termino de um a crise de

mania , a paciente se envergonhe de

s u a s a ti tudes ( v e r q u a d ro a c i J 1 1 C J ) .

A euforia pode ser def inida com o

um a aleg ria excessive e exag erada,

qu e se rn an tern in de pen den tem en te

des acontecirnentos externos, A pes"

soa nesse estado apresen ta otimrsrnoexacerbado e se relaciona com pessoas

com rnu ita fac i l idade, principalmente

qu an do se tra ta d e es tranhos. N as for-

m as mais graves, chega a a cre di ta r q ue

pod e se r famosa . E comurn qu e OCOITam

mudancas subi tas de hum or: quando se

le rn bra , p ore xem plo, d a m orte da mae ,

irrornpe em p ra ntos , para depois de

alg un s m in utos con tin ue r a rir,

A pessoa tenta faz er rn uitas coisas

ao m esm o tem po, tem d ih cu ld ad e

WWW.MENTECEREBRO . COM . BR

para Rear parada, n ao con se gu e se

concenrrar em urna (m ica ativ idad e ese d istrai c om f aC l ltd ad e. A l g un s che-

gam a apresentar i lusoes audit ivas Oll

v is ua ls e m a nit es ta r c omp orta rn en to s

p ara n6 ic os . E s se s s in tom as podern ser

confundidos com os de esquizofrenia,

principalrnente se ocorrem no infcio

d a d oe nc a. T arn be rn ha probabil idade

de surgir crises de an si edade , de pani-

co ( com rnal-estar F i s ic o p ronun c ia do .

su dorese, ta qu ic ard ia, f a t ra de ar,

ve rtig em e rc.) Oll 5i n to rn as o bs es si -vos. N ern todas essas m anifestacoes

aparecem em lan a crise de m an ia, m as

podem difkultar 0 diagnosrico.

Tecnicam ente , a hipom an ia eu rn a fa st de m an ia m a is [eve, com

os m eS lT IO S sintomas, porem menos

intensos e ev ide n res N ap ra rica,

pode ser considerada " mvisfve]" , pols

em geral passa despercebida e pode

s er i nt er pr et ad a como um a fase de

m aior produ tividade no trabalho,

A pessoa em

mania nao nota

alteracoes, tern a

impressao de estarbern, para ela, sao

as outros que tern

problemas

criatividade e socia lizacao. M as ha

U1 l 1 fa to re levan te a h ipom an ia e um

ind icador de qu e a pessoa sofre detra ns to rn o b ip ola r

E STA DO S M IS TO S

O s s in torn as do transtorno bipolar

n em se rn pre se apresentarn em blo-

co, COlT IO tip icos d e depressao ou

rnania/h ipomanla. Cornportarnentos

rnaniacos podeen aparecer no m eio de

U Ine pis 6d io d ep re ssiv e - e v i ce " ve rsa .

Q u an do existe essa " rm stu ra" , 0 reco-

nhecim enro e 0 tra ta rn en ro R c am c on -fu ses, com quadros depressives ern

q ue a a gita ca o e rna rcan te , qu e podem

piorar com a u so d e a nt id ep re ss iv os ,

e m anias com ideias depressives qu e

sa o confund idas com depressao, N o

corneco do seculo XX, 0 psiquiatra

alernao Em il K raepelin, que def iniu

a base do s diagn6st icos psiquiatr icos

atuais, ja tinha descrito um a serie

d e variacoes dos chamados "estados

m istos" . T rara-se de um a form a po-tencial ment e g rave do transtorno,

pais , quando hii mistura d e a gita ciio

e pen sa rn en tos d e morte ternperados

com grandeirnpulstvidade, 0 risco de

ocorrer suicfdio e enorme n0

Enigma bipolar - Consequencias,dhlgnosticos e tratamentos do

transtorno bipolar. Teng Chei Tung.

M G Editores, 2007.

MENTE&cEREBRO 5

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Falta de retina. excesso de estirnulos. ruptura do c t c l o

sono-vlqll ia e prsscr icso muitas vezes indiscrim inada de

antidep ressivos podem antecipar a expressso dos sintomas

manJacos em crtsncas e adolescentes

Apesar da constatacao de que a m aioria dos pacientes

. com 0 tran storno bipolar (TB) m anilesta sinrom as da

doenca ainda na infanda, a form a precoce 0 disturbio foi

f reqU entem ente subd iagnosticada du rante quase todo 0

secu lo XX e 56 ganhou relevancia depois des anos 70. Hoje,

embora sua ocorrencia en tre criancas e adolescentes seja

indiscu tfvel, dtividas e polernicas ainda ceream os fndices

epiderniologicos, as c ara cte rf sti ca s c lt ni ca s. 0 curse da doenca

e os progn6sticos. U m a revisao das pesquisas com as dcencas

afetivas nessa faixa etaria mostra qu e a s m a iore s dificuldades

sao a fa lta de especificacao, a u tiliz ac ao n ao-pa dron iz ad a

de criterios de diagnostico para criancas e a variedade da

populacao estudada

E videncias sugerem que a prevalencia do TB a um e ntou em

geracoes ma is re ce nte s e que isso nao se deve apenas ao rnaior

m im ero de casos diag nosticados.

. E ntretan to, tudo ind ica que esse crescim ento tenha sido

provocado por rnudancas arnbientais falta de retina, acesso

a e sti rn u lo s d u ra nte 24 horas do d ia , maior ruptura d o ciclo

son o-vig ilia e pre scricao d e estirnulantes e a ntid ep re ss ivo s p od ern

antec ipar a expressao dos sintom as m anfacos.

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a usa PRE C aC E de droqas e alcool aqrava os slntornas em pessoas com

predlsposlcso ao disturbio

o uso precoce de alcool e drogas

ag rava os si ntornas do TB e m p ess oa s

predispostas ao disn irb io M as, se ta is

farores podem elevar 0 risco d e d es en -

volver a d oe nc a, tam bem possibilitarn

q ue e srra te g ia s p re ve nt iv es e la ro re s de

p ro te c ao s ej ar na dot ado s

A fa I ta d e d a d o s evo Iu tivos,

porern, im pede qualqu er conclusao

segura a respeito da i nAuenc i a desses

f atores, porqu e 0 aparente au m ento

da taxa de m ania pode ref le tir praticas

diagn6sticas , m udancas dos fatores

da morbidade inerentes a epoca e

disponibilidade da amostra

CONCEITOS-CHAVE

.Amaioria dos adultos com transtorno

bipolar (T8) relata sintomas da doencadesde a lntancla, a aumento recenteda freqi.iE~ndado dlaqncsticc pode serreflexo de mudancas ambientais como

falta de retina, acesso a estimulos,maior ruptura do clclo sono-vlqflla eprescris;ao frequents de estirnufantese antidepresslvos. Alem .dlsso, c uso

rnals precoce de akcol e drogas podeagravar os sintomas ou antecipar 0

desenvolvimento do disturbio.

• a T6 em jovens costuma sernanlfestar, prlrneiro, com urn quadrodepressive. Cerea de urn terce dos

pacientes com 0transtorno de inidoprecoce j ii esteve internado e menos de

35% recebeu educa~ao especial.

56 MENTE& : c EREBRO

A tualrnen te , d iversos aspectos so-

br e 0 transtorno an tes d a f as e a du lta

con tin uarn em discu ssao e a g u ar dam

consenso entre especialistas: os

cnterios de inclusao e e xc lu sa o de

pesquisas sa o po uc o d ef in id os. ha

desn fvel no treinarnento dos pesqui-

sadores de cam po; existe def ic iencia

de in strum en tos de apoio diagnos-

rico e controle de evolucao clfnica,

protocolos de pesquisa nao s50

espec f f i cos e nora-se grande va r i a cao

de prevalericia ek»: inc idencia de TB

na inH incia e na adoles c enc la .

Em relacao ao prirneiro aspecto,

alg uns trabalhos m ostram nao ser

necessario desenvolver urn criterio

especif tco para transtornos afetivos

dos 7 aos 1 6 anos, m as e sabido qu e 0

n ivel de desenvolvim en to psicolog ico

de urna crianca rem pape! irnportante

na expr es sao de s in a is e r nan if e st acoes

c lf nic a s , T amb er n variam com a i d a de

a p revalenc ia , 0 curse cia doenca

re la ca o c orn as transrornos rnani tes

do s n a fase aclulta. A rendencia esejarn estipu lad os criterios u nivers

adaptados para d iagnostico nas d

renres lasesd e d e se nvo lv imen to,

c

sintomas equivalentes ou substitutivo

pa ra c ria nc as e a dole sc en te s.

Variam rnuito a prevalencia

incidencia de TB precoce. A s d

rencas en tre as populacoes esrudad

- criancas da com un idade, pacienr

I ambulatoria is psiquiatricos, pacient

!: ; ambu la tor ia i s p edi at ri cos ou pacien

{ internados, pediatricos ou psiquia

~~:: cos - inlluenciaram os resu ltados.:! >

~ baixas prevalencia e incidencia aQ

variacao de indices tarnbem pcde

decorrer do fato de que as manifes

< ; o e s consideradas excecoes er n a d

tos sao com uns em criancas . Por i

muitos profssionais nern lncluem 0

e ntre a s p os si bi li da de s de diagn6stic

infantil- 0 qu e t errn in a p or d if ic ul

o t ra t ar ne n to .

Para cornplicar, 0 qu e nao ecom um em adultos pode aparec

co m rnais f req0 encia em crianc

estados m istos , c ic los rapidos, p

senca de si n tomas psicot icos, a

taxas de com orbidade e prejuf

psicossocial severo. Criancas c

TB sao com Irequ encia identiflcad

como se t ivessern tran storno d e def

de atenc;ao e hiperatlvidade (TO A H

e a dole s ce n te s com doenca bipo

( ve r a r tig o Ha p a g . 62) s50 rnu ita s ve

confundidos com portadores

t ra ns to rn 0 de personalidade ou

quizojrenia. E s sa d i f ic uJ da de par pa

d es p ro fis si on ai s e cornpreensfvel

L im a vez que sintornas presentes

t ra ns to rn os d is ru pti vo s ( hi pe ra tiv id a

LE E F U - [ e m ed ic a s up erv iso ra d o S ervlc o d e P siq uia tria d a ln ta nc ia e d a A d oles cen

e C o ord en ad ora d o A m bu la t6 rio d e Tra nsto rno .A fe tivo (A lA ) d o lnstituto d e P siq uia

d o Hosp ita l d a s C lin ic a s d a Fa cu ld a d e d e M ed ic ina d a Un ivers id a d e d e Sa o Pa

E ste a rt iqo fo i a da pta do d o livro Transtorno b ipo la r no i n /a ne ia e o d ot es ce n aa , c

au torizacao da S e gmen to Farrna.

MARc; : a z

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Muitos profissionais

nem sequer incluem

o TB entre as

possibilidades dediagn6stico - 0que

termina par dificultar

a tratamento

d e, ag resstvidade e cornportamentos

an ti-sociais) po de m ocorrer em

c ri an c as c om TB A c on fu sa o a um e nta

quando os a dole sc en te s se rn os tra rn

p arti cu la rrn en te e xp lo si ve s Oll de-

sorganizados e con s equent ern en t e

m ais vu lneraveis a ag ressoes f f sicas e

a p roblema s soc ia ls

E comum que 0 TB com infcio

precoce se manifeste primeiro por

u rn qu ad ro d ep re ssive . E n tre crian cas

e adolescentes deprim idos, 20% a

30% podem desenvolver episodios

m an fac os a te em 24 meses s eg u i n te s.

E stu dos da decad a d e 9 0 constararam

qu e g rand es proporcoes d e crian-

cas em tra tam en to par de p re s sa o

desenvolviam sin tornas variados de

TB e [re qu en re s e pisod ios m a nf acos.

S e gundo um a hip6tese polernica,

g rande parte - se nao a m aioria dos

cases de depressao i nfanril - evolu i

para TB . 0 grupo de Rober t L.

§ F in dlin g , d ire to r d a D ivisao de Psi-

l quiatria de Criancas e Adolescentes

ios H os p i ta is Universi tarros de

i levelan d e prof essor assoc iad o de

ie di ar ri a e p si qu ia tr ia da Univers ida-

~ d e C ase W e stern R eserve, investrg ou

iem 200 1 pacientes de 5 a 17 anos~ . . .

iortadores de TB tipo J e o bs e. rv ou

j qu e cerca de rnerade deles ja t inha

~ ti do e pi so dio s depressrvos,

! A F a se d e pre ss iv a d o TB in fa ntil 5e

~ caracreriza par inlcio muiro precoce

.~ ( an tes d os J 3 a nos ), r et ar do psicorno-

PAPEL.DA FAMfllA E FUNDAMENTAL: se os pais n1io compreendem 0problema do

Who, adesao ao tratamento e prejudlcada

tor a ltern ad o c om a gita ca o, sin torn as

psicoticos, reacoes de (hipo)mania

ap6 s u so de anti d epressive , h iper-

sonia e h ip erf a g ia , hisroria lam iliar

p os iti ve p ara t ra n st or no b ipo la r. Essas

caracterfsricas tarnbern sao si n a is

predit ivos e fatores de risco pa ra

posterior a pa re cirn en to d e episodic

man iaco em c rian ca s d ep rim id as

o estad o rn isto depressive e um a

apresenracao comum no TB tipo

II , e os pacientes com sintornas da

h iporn an ia qu e ocorrern d urante u rn

episodic depressive poderiam sugerir

a bipolaridade . C om o os sintornas de

au rnento de atividadee a sensacao de

" e st ar c h ei o de e ne rg ia " m u ita s ve zes

n ao s ao vis tos c omo p re oc u pa n tes, as

episodios de hipornan ia podem nao

constituir uma queixa para 0 paciente

ou ate pas sa r de spe rceb idos.

A depressao que corneca na ado-

lescencia parece con tinuar na vida

adulta, e h a evidencias de transmissao

fam iliar P or ser L im a patolog ia reeo-

n he cid am e n te c fc li ca , s ab e-s e h oje q ue

a depressao de inicio precoce requer

cuidados 0 quanro a nte s, p ara qu e se

e vi tem p re ju f zo s n o d es en vo lv im e n to

e no fu ncionam en to g lobal do jovem

A lg uns pesqu isadores d efendem

a ide ia de que as crraricas com

TB de inicio precoee ja t inham

t emperamento distinto do de seus

pares antes n iesm o d e d es en vo lv er

a doenca, N o estudo publicado em

2001 pelo g rupo de F indling , os pais

descrevem os f ilhos portadores de

TB c omo c ron ic arn en te perturbados

e i rri ta do s nos perfodos de estado

m i sto , h ip orn an ia OU mania , e m ais

irritados do que trisres em perfoda

de depressao. Mani fes tam tarnbern

irritacao, m esm o em m em en tos de

h um o r rn ais e qu ilib ra do.

PERIGODE SUlciDIO

o prohssional da saude m ental que

a ssiste c rian ca s e a dole sc en re s com

TB deve a ten tar para a prese nca

de ideacao su icida duran te todo 0

acom panham ento desses pacien tes.

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aouivoco. adultos muitas vezes desconsiderarn 0diagn6stico de TBeinsistern que os

[ovens sejam tratados com medjca~ao para TDAH visando melhorar rendimento escolar

DUAS

POSSI B I UDADESTB TIPOI - manlfestacao

na qual ocorrem urn ou

mals eplsodlos manlacos OU

mistos. Afeta apenas 1% da

populacao e apresenta fases

de mania plena, que pode

dar lugar a uma profunda

depressao, Nessa forma siio

comuns sintomas psicotlcos.

como delfrios e aluclnacoes.

TS TIPO II - ocorrem urn 010

mais epis6dios depressivos

acompanhados par aomenos uma rnanlfes tacao

de hipomania (fase

maniaca curta e branda).

As depressoes podem ser

profundas, mesmo que

demorern a se menifestar. Os

slntornas sao semelhantes

aos do tipo I, mas prejudicam

m enos a vida da pessoa.

58 MENTE&cEREBRO

E im porranre que se avaliern os [ato-

res de risco. Per exernplo, s intornas

depress ives e hipornanfacos, com

atencao espec ia l nos estados rn istos e

si n r om a s psic oticos, ten ta riv a s pre via s

de su icid io, abuso fisico, ernoc ional

Oll sexual, abuse de substsncias

psrcoativas, g rau de irnpu ls ividade ,

presenc;a de arrnas de fog o em casa e

falta de suporrc fam iliar.

Os pais tambem devem ser orien-

tados quanta aos si n ais que denunciam

um a p os si ve l ideacao s u ic i c ia do s R Ihas

e rem over do alcance da crianca todos

os ag en tes le tais com o arm as , venenos

e medicamentos E devern zelar pelo

uso da m edicacao prescrita , 0 envol-

v imento da famil ia e fundamenta l ,

sobre tu do para evita r a n ao-a dere ncia

ao traramenro. Com 0 surgimento de

irn im eros [arores de risco , torna-se n e-

cessano aval iar a seg uranca de m anter

a crianca ou adolescen te em reg im e de

t ra ramento a rnbul ator ia l.

N os lli tim es anos, lIIl1 crescents

rnimern de criancas e adolescen tes

en tram nas un idades de ernergencia

com diversos quadros de in toxicaca

e ac iden tes, sern que se cog ite tratar

de t en ta riva de su icidio, e m enos ain

qu e portadores de trans tom o do hum

sobrerudo T B. J n f el izm ente, a m a i

das equipes que presta services a es

p ac ie nte s a in da esta d esprep arad a p

a bo rd ar, a va l ia r e c on du zlr os casos

pronto-socorro POLICOS s ao o s h os pi t

com espec ialistas na equ ipe capazes

a va li ar e ss as ocorrencias

A av a Iiacao psiquiarrrca n o p ro nt

socorro jii represents lima i n re rvenc

a crianca ou 0 adolescente e ouvidocom i s so podesenr rr qu e seu pedido

ajuda foi atend ido. E ven tos ag u dos

vida tambern rem tide su a ocorrenc

associada a m anifestacao de u rna se

d e d is tu rbros psiqu iiitricos, prin cipa

men t e d ep re ssa o, rra nsrorn os d e C

du ta, anorexia nervosa , a tos su ic id

abu se de drog as e d if icu ld ad e esco

A nalisandc um a amostra na

clln ica de criancas e adolescen tes,

consratou-se uma relacao de event

rnaiores repenrinos, ocorridos n

perfodo de dois anos , com a rnudan

de comportamento e problemas em

cion ais explic itos , alem de L im a liga<

s ign if ica tiva en tre acontecim entos

negat ivos e rn a ni festacoes de preb

m as e rn oc ion ais e c orn portam en tais.

E stu dos d em on stra m tarnbem ma

incidenc ia g era l de transrornos ps iq

atrlcos n o a r n b i e n te fam iI i ar d e p esso

com problemas rnentais, desvio

pre disposica oa esses qu ad ros.

E ST RE SS OR ES E M S IN ER GIA

Outras pesquisas sug erem que in

racoes dis luncionais na fase in ic ia l

vid a re su lra m e rn p erc ep coe s d istorc id

neg a tives de si mesmo, do m undo

do fu tu ro, que persistiria rn a despei

de novas experiencias , pred ispondo

o ind ivlduo a desenvolver t rans

nos depressives. Def lc iencias

re lac ion am en tos pre coc es re su ltaria

numa rraietona negative na infanc

predispondo a transtornos ernociona

MAR~O 2

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Entre jovens

deprimidos, de

20% a 30% podem

desenvolverepisodios de mania

nos dois anos

seguintes

T IPOS CL iN ICOS

Emdebate promovido pelo InstitutoNacional de Saude Mental dos

Estados Unidos (NIMH) em 2001,

pesquisadores concluiram haver,

na pratica cHnica, dois tipos de

cr lancas descritas como TB : as que

apresentam todos os sintomas e

caracterfsticas exigidos pela quarta

edis:ao do M a nua l d e d ia gn6 stic o e

e sta tistic a d a s p er tu rb oc oe s m e n ta is

DSM-IV para TB tipo I ou tipo II e

as que apresentam apenas algunssintomas de transtorno bipolar,

mas nao os principais - sofrem de

instabilidade cronica de humor

e tern seu funcionamento global

severa mente comprometido.

Por apresentarem somente

alguns sintomas, geralmente

recebem diagn6stico de TB

sem outras e s p e ci fl c a cfi e s .

Em 2003, a pesquisadora

americana Ellen Leibenluft ecolegas sugeriram a deflnlcao de

tres tipos clin icos, clas slticacao

que estii em avaltacao pelo

N IMH a ntes de ser adotad a

como crtter!o de diagn6stico

nos Estados Unidos. Seriam na

realidade quatro tipos, pois 0

chamado intermediiirio tem duas

subdivisoes. Essas classificas:oes,

apesar de quase unanlmes no

meio cientifico, ainda estao em

debate e na~ constam em nenhumcrlterlo oficial de diagn6stico.

o primeiro e 0 bem definido:

cases que preenchem totalmente

os crlterlos de DSM-IV para TB

tipo I, com presen~a obrlqatcrla

de humor euf6rico au exaltado e

mania de grandeza. Os epis6dios

devem ter a dur aceo exigida

pelo DSM-IV, bem como infcio

e fim de cada fase definidos.

Os intetmedituios, geralmen-te, recebem 0 diagn6stico de

(hipo)mania sem outras especi-

flcacoes, segu ndo os crlterlos de

DSM-IV(TB-SOE). Hi! 0 intermedi6-

rio I(combinam sintomas de eufo-

ria e exaltacao ou grandiosidade e

outros slntornas de hipo(mania),

com epis6dios geralmente de

dur acao mals curta que a exi-

gida pelo DSM-IV para crise de

(hipo)mania) e 0 intermedi6rio II

(nao apresentam humor euf6riconem grandiosidade, mas sim au-

mento de irritabilidade e outros

sintomas de (hipo}mania com

duracao prolongada).

o te rceiro tipo e chamado

d esr equ ia oio g ra ve d e humor. Sao

criancas sempre mal-humoradas

ou tristes, que reagem exagera-

damente a estfmulos emocionais e

ambientais. Apresentam tambern

hiperatividade motora, distracao,lnsonia e pensamento acelerado,

com fr equencia aproximada de

tres ou mais explosoes de ralva

por semana num periodo de um

rnes. Costumam ter problemas

de relacionamento com os pais,

irrnaos e colegas, 0 que dificulta

a soclallzacao Nesse tipo, e partedo diagn6stico a hist6ria familiar

positiva de transtorno afetivo.

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IM PORTANTE SA B ER

1. Muitas crlancas com transtorno bipolar (TB) apresentam curso e evolu-

faa do disturblo de forma ldentica ao quadro de transtomo de deficit de

atencao e hiperatividade (TDAH). Se urn caso de TB nao e reconhecido e

e tratado como TDAH, a paclente pode ate rnelhorar inicialmente, pais a

rnedlcacao (rnetllfenidato) controla a impulsividade e a hiperatlvldade par

alguns rneses ou ate par urn ano. Depois, a piora e quase certa.

2 . Por ser menos cornum , os pais e as cuidadores rn ultas vez es d esc on sl-

deram 0diagn6stico de TB e lnsistem para que 0filho seja tratado como

TDAH (metilfenidato) por achar que com lsso poderao obter melhora do

rendimento escolar de forma rnals rapida,

3 . Emalguns casos, nao hc i a l te racao evidente de humor para a mania, e sim

aumento da lrrltabilldade perslstente apos 0usa de medlcacao para TDAH.Quando uma crlanca que sernpre foi inquieta e hlperatlva fica "calma", os

familia res ficam allviados, e rnudancas para fases de humor depressive

podem passar despercebidas. Muitas vezes, nem as profissionais da saude

mental valorlzarn esses relates de mudancas de comportamento.

4. Mudan!;as de humor ao longo de um mesmo dia podem ser comuns.

Os pais e educadores nem sempre notarn a alternancia entre fases de

emocao. lnformacoes sobre a doenca sao lrnportantes porque ajudam na

ldentificacao dos slntomas e auxiliam a controle do TB.

5. Em sl tuacoes em que e d if f dl v ls u all za r 0 quadro dfnico principal, em

decorrencla da interferencla de diferentes lnterpretacoes sobre os slntomas

e os slnals do paclente par parte dos culdadores e do resultado de interven-

~5es medicamentosas anterlores, aconselha-se a realizacao de novo diag-

nostlco, feito de forma imparcial, com coleta de lnformacoes de mtiltlplas

fontes e observacao do paciente (usando pouca au nenhuma rnedlcacao,

em ambiente protegido para reorganizar 0 esquema terapeutlco).

6. Secriancas, adolescentes e seus pais nao compreendem 0problema e nao

se comprometem com a terapia, a adesao ao tratarnento medkamentoso

tarnbern costurna ser baixa,

7. 0 uso de antldepresslvos em crlancas e adolescentes com TB deve ser

evitado, sempre que possfvel,

60 MENTE&cEREBRO

,-

Ecomum que

os pacientes

manifestem grande

irritacao, mesmoem mornentos

de humor mais

equilibrado

A teoria do desarnparo aprendi-

do, proposta po rM a rtin S elig m an ,

na decada de 70, sug ere que aexposicao a eventos estressores

cronicos, incontrolaveis e irnpre-

visiveis, mesmo qu ando os cuidado

parentais sao ad eq ua dos, p re dis po

o s i nd iv id u os a desenvolver quadro

depr es si ve s . Ex i st e a i n d a a po ss ib i Ii d a

de que um a parcels signtf icat iva d e d

c u ld a de s v iv en ci ad as d e co rra da propr

vu lne rabi li dade c aus ada pela depressa

como su gerido em estu dos a nteriores

o fato de a c ria nc a e sta r deprimidatorna rna i s v uln era ve l a e xp erim e n ta

novos estressores, piorando 0 estad

nu ma espira l descendente , E m 200

T. C E ley e J _ Stevenson estudarar

61 pares de g erneos e encontraram

c orre la ca o s ig n if ic an va entre evento

re la cion ad os a p erd as , s tre ss n a e sc o

01 . 1 no trabalho, problemas de rel

c ion am en to fam iliar e de am izades

presenc;:a de sintornas depre ss iv es . E s

correlacao nao foi encontrada coms in ro rn as d e a n si ed a de

E m 2002, 0 pesqu isador]. A R i

coordenou nos E stados Un idos um

esqu isa sabre a e tiolog ia d e sintorn

depressives ern criancas e adole scen -

te , exarn inando a influencia de gen

ra, idade, sintornas de inqu ietacao

depressao materna, em L Ima a rn os tr

de populacao de g emeo s com idad

en tre 8 e 1 7 an os. de 1 . 4 63 tam fllas

o fator genetico i nAu iu sigriificat

MARt;:0200

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...

SINA L D E A LERTA : NUMEROS D ISTORC IDOS

o rurrnero de crlancas e adolescentes diagnosticados com transtorno bipo-

lar aumentou 40 vezes na ultima decade, segundo estudo reallzado pelos

lnstltuto Nadonal de Saude Mental dos Estados Unidos, e publicado nos

A rc hiv es o f G en era l P syc hia try . Alguns especialistas advertem, porern, para as

possfvels causas dessa ascensao espantosa, que parece nao refletir aurnento

de prevalencia ou de lncidencla do problema.

"Ha urna tendencia recente de superdiagnosticar 0 transtorno bipolar

entre [ovens, que foi precedida por anos de subdiagn6stico. 0que vemos

hole provavelmente e resultado dessas duas tendencies", afirma 0pslqulatra

Mark Olfson, da Universidade Columbia, urn dos auto res do estudo, Segundo

ele, e comum, por exemplo, 0 pslqulatraconfundlr os slntomas blpolares

com os do transtomo de deficit de aten~ao e hiperatividade. Mais que urn

alerta epidemiol6gico, 0 levantamento aponta para a. correcao da pratlca

pslqulatrlca dirigida a criancas e adolescentes. (Do r e do r ; :Qo )

varn en re nos sin tom as d epressives.

Dados da litera tu re com [requencia

indicarn qu e f a t ere s p sic os so cia is

tarnbern rendem a afetar desfavora-

velrnente a evolucao e o p ra g n6 stic o

de depressao nessas idades .

FATORES DE R I~ SCO

A maior ia das c ria nc a s e adolescentes

com TB tarnbern tern estressorescronicos no arnbiente familiar e so-

cial Estudos mostram qu e m enos da

rn eta de d os porta dore s d o tra nstorn o

de in fc io precoce m ora com os dois

pa is biologicos, aproximadamente

urn terce ja esteve hospltalizado e

menos do que um terce ja recebeu

educacao especial Um a i nv es tig ac ao

recente cham a atencao para a desco-

berta de qu e 0 grau de acolhirnento

rnatern o pod e ser u rn [a tor preditivode rec id ive a p6 s r er ni ss ao dos s in tomas

E p re cis o c on si de ra r ta rn be rn qu e

e alto 0 fndice d e tra ns to rn os m e nta is

nos pa is eJOl lem pessoas que convivern

com a crianca , E rnbora as lim itacoes

rnetodologicas do estudo irnpecarn que

ie estabeleca uma relac;ao direta entre

g as duas variaveis, alg um as hipoteses

lpodem ser levantadas, P ais com tra ns-

l rornos m en ta is ten dem a ser m enos ca-~9 lorosos com a s RIh os , a s er rn a is crfticos

e a u ti! iz ar estra teg ias d ish m cion ais para

a solucao de problemas. A s criancas de-

prim idas , por su a vez, t endem a se r rnais

vu ln eraveis a c oercoe s e ase tom ar alvos

dos conflltos la m iliare s. U m te rc eiro

fator sa o p re di sp os ic oe s g e ne ti ca s p ela s

quais fllhos h erd aria m a doenca psiqu itl-

trica ou, ao r ne nos , L imavul nerabil idade

dos pais. Na maioria dos estudos, os

f arn ih are s a cometi do s p or t ra ns ro rn osrecebem diagnostico de depressao

A h ip ot es e e qu e todos e ss es f aro -

res se potencializern un s aos ourros

Os achados do estu do rn os tra rn q ue

a presem ;a de estressores em grande

rn im ero nas [am flias d e crian cas com

dep re ss ao r na i or , Esse dado pode se r

um alerta para todos os p ro f is si ona is

qu e tra ba lh arn com c ria nc as e a dole s-

centes, e tambern com a du lt os , s ob re

a irnportancia de aval iar a existencia

d e d ep re ss ao em sells pacientes Oll

nos f il ha s d e pac ie ntes com problemas

famtliares. Alern disso, os psiquiatras

de adu ltos, especia lm ente, devem

estar atentos 1 1 oc orre ncia d e quadros

depressivos na descendencia dos pa-

c ie n re s com a l tos f ndices de rranstorno

psiquiatrico Finalmente , estrategias de

prevencao de depressao em criancas

e adolescentes devern levar em conta

os aspectos ind ividuals da crianca

E ta rn be rn as ra rores de risco para

desenvolvirnento de um quadro de -

pressivo, especialmente disfuncoes

fa mi Iia re s I d if icu ldades in terpessoa is

e e ve nros agudos de vida recentes,

encontrados em grande parte nas

criancas enos adolescentes d as c li ni -

ca s psiquiatricas m e < :

PARA CONHECER MAIS

Transtorno bipolar na infandae na adolesceneia, Lee Fu-J (coord.). Segmento

Parma, 2007.

Anticonvulsivantes e antipsicoticos no tratamento do transtorno bipolar.

Ricardo A. Moreno, Doris Hupfeld Moreno, Marcia Britto de Macedo Soares e Roberto

Ratzke , em Rev ls ta Bra s i/ e im d e Ps iqui at r ia , vol, 26 , nQ 3 , piigs. 37-43 , 2004.

Duas faces de urna vida - Urna incursao na vida de uma bipolar. Lana R.

Castle. Melhoramentos, 2007.

o tratamento farrnacologico do tramtorno bipolar na infanda e

adolescencia. Luis Augusto Rohde e Silzii.Tramontina, em Re vis ta d e Psiqu ia t r ia

Clinica, sup!. 1, pa.gs. 117-127, 2005.

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WWW.MENTECEREBRO.COM.BR MENTE&cEREBRO 61

D ISTURB IO

nas nuvenso transtorno de def ic it de a tencao e hipera tividade

nao term ina na in fancia . A o contrario do que se

supunha ha alg uns anos, pode prosseg u ir pe la

adolescenda e chega r a idade adulta

POR MON ICA CAROLINA MIRANDA

ICrmerasesquisas tern in dica do n os

{tlt imos. anos que, dife.rent .em . .ente do.

qu e se p en sa va , o s sm tom as do trans-

tomo d e d en ci t de aten~aalh iperativida-

de (TDAJI-- l ) na o desaparecem na ado-

le scenc ia . A carac ter f st i ca essenciai desse

problem a de sadde m en tal e u rn p ad ra o

p ers is te nte e a ce ntu ad o d e d esa te nc ao eI

o u h ipe ra tiv id ad e E stu dos lon gitu din ais

m osrrarn qu e 0TDA IH pe rs iste n a vid a

adulta em torno de 60% a 70% dos cases.

o tra nsto rn o po de s er d ia gn os ric a-

do tanto em criancas com o em adoles-

cen tes e adu lros, E studos nacionais e

internacionais apontarn prevalencia de

3% a 6% nas criancas em idade escolar

e de ate 5% em a d ole sc en te s e ad u lt os

De form a geral, pessoas com TDA fH

tendem a apresentar dihculdades de

62 MENTE&:cEREBRO

concentracao, problem as de aprendi-

zado, d isn irbios rnotores e de cornpor-

ta m en to, in sta bilid ad e, h ipe ra tiv id ad e

e retardos c ia tala

E mbora a m aioria dos indivfduos

apresente sin to ma s ta nto de de sa tenc ao

com o de impuls iv idade, em alg uns h&

predominancia de urn au outro padrao

F atores pred itrvos da persistencia nos

adultos incluern historia fam iliar de

TDA /}-j, cornorbidade psiquiatrica e

adve rs id aoe s p si cossoc ia is

S IN A IS C OM UN S

Cr i3 J1 ( ; ;aS com 0 rranstorno nao conse-

guem nca r sentadas em sala de au la e

p re s t ar aten<;ao por m uito tem po. C om

I requenc ia , sa o reieitadas par co legas

em ra zao da i nq ui etu de , a g ra va da peios

MARC ;O 2

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W W W .M E N T E C E R E B R O . C O M . B R

c om p orta m en tos im p uls iv os . S e n ao h a

in tervencao, a s p ro blem a s acadernicos

e socia ls tendern a piorar, levando a

consequencias a dv ers as n o f u tu ro .

A l e rn d e d e sa te n cao , h ip e ra ti vi d ad e

e irn pu lsivid ad e - cons ideradas as pri n"

cipais s in roma s - , outra man i festa~ao co-

m um e a pou ca coord enacao rnotora, a

p on to d e, m u i t a s vezes , o s p a is rotularern

os H lhos d e d es aj ei ta do s a u desastrados.

Em g era l, as c ria nc as c om ° distur-bi o ap resen tam tendenc ia de movimen-

ta<;ao constante ag itam as rnaos au as

pes, rem exern-se n a cadeira , aband o-

narn seu lu g ar para correr ou escalar

(m um s, m 6veis erc.), sobre tudo em

situacoes em que isso e inapropriado.

F alam dem ais au t ern d if ic u ld a de de

brincar e p e rmane ce r em s ile nc io dur an -

te determ inadas a t iv idades de lazer que g

requerern esse com portarnen to. ~

"ntre os s m a r s d e d esa te nca o e sta o " 3

as problem as para se nxar em detalhes la ll a propensao a e rr os p a r descu ido em ~

a ti vi da de s i nte le ct ua is . E s se s m e n in os e 1rneninas nao conseguem acom panhar ~

::;

i nstru coe s lon ga s e/ou te rrn inar os ~

d evere s e sc ol ar es au dornesticos nem ~

organizar as . t~re fas ; rduta~ em envol- iver-se em atividades ~Lle exuarn esforco ~m e nta l. p a r lo ng o p en a do ( com o ler rex- ~

to s exrensos ou l iv ro s s em g r av ur es ) OLl ~

a s e vi ta rn , d is tra em -s e f ac ilm e n te c om Ie st fr nu los a ] he ios a s rarefas ou a tividades @

diarias que esrao executando, muitas ~~vez es ch eg and o a esqu ecer-se d elas I

A desatencao leva a distracao, ao g

" sonhar acordado" e it dlf iculdade de ipersisrir em Lima unica tarefa par urn ~

periodo rnais prolong ado. C om o a ~

atencao e desviada de urn esnm u lo ~

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S I S T E M A D E A T EN ~ AO

Cortex

pre-f rontal

C6r texc ingu lado

anter ior

Gangl ios debase e corpo

es t r iado Ta lamo

F UN CION AM EN TO C ER EBR AL

A atividade lncornurn em

algumas regioes do cerebro

esta asscdada a inaten9io e/oui m pu ls iv id ad e. E s sa s areas faze rn

parte do sistema atencional

anterior (em v e r de ) , que depende

do neurotransmlssor dopamina,

ou do posterior (em amo re / a ) ,

dependente da

noradrenalina. Com 0passer

dos anos os slntomas do

transtorno do deficit de aten~iio

e hlperatlvldade mudam de

apresentacso. A agita~ao

rnotora tiplca das criancas

hiperativas (como retratada

no alto,(1

direita) em geraldesaperece na adolescencla; por

outre lado, nesta fase, persistern

os deficits de fun~ao executlva ..

A orientacao e 0engajarnento da f am i lia sao

irnportantes para desmistificar preconceitos como

o de que 0 paciente e rebelde ou preguicoso

a o utre , c om f re qu en c'a os pais e osprofessores d iz em qu e esses joven s

agern como se nao ouvissern ou com o

se v ivesse rn com a cabeca nas nuvens

A p arti r d a p ub erd ad e, as sintornas

de TDA fH m udam . A m aioria dos ado-

le sc en te s n ao apresenra hiperatividade,

par exernplo, Entretanto , grande nu-

rne ro rnan ife s ta pe rs i st encia sinromatica

e sp ec if ica rn en te d e deficits de fun<;ao

ex ec utive , in clu in do d ih cu ld ad es org a-

n iz ac ion ais n a a dm in istra ca o d o tem po,

no planejarnento, n o proc esso de torna-

d a d e d ecisoes, qu e pod em causal" pre-

ju fz os s ig nif ic ativo s em d rve rsa s areas.

o desaparecimento t ot al d o s s in ro rn a s

e raro - mas podem s e r con trolados :

Adultos au a do le sc en te s c om lDAIH

nern sernpre conseguem manter a

atencao em reu nioe s, leitu ras e tra ba -Ihos tediosos, tendern a ser lenros e

in ef icie nte s, a a dia r su as ta re jas ( mu ira s

vez es de ixan do-as pa ra a riltirna h era) e

a manej ar a te mpo d e f orm a d ef ic ie nte ,

o que os leva a ser desorganizados e a

senur-se sobrecarregados . Dependendo

da in ten sid ade dos s in to rn a s, t ern pou ca

hab ili da de p ara gerenciar emocoes Cos-

t umam, po r exe rn plo , r ompe r r ela c iona -

rneneos d e mane ira im pulsiva, perder 0 1 . . 1

abandonar ernpregos de m odo subitoe e nvo lve r-se e m a cid en re s c om m a ie r

freqliencia qu e a rnaioria das pessoas.

Portanto, e c omum apre se nta re rn

urn h i st 6 ri co de hacassos ao long o cia

vida (com evidente comprometirnento

da a u to -e stima) em decorrencia das

dif iculdades que encontrarn na cornu-

MON ICA CAROL INA MIRANDA e neur op s ic 6 l oga , p e squ is a c o ra e c oo rdenado rad o Nuc le o d e A t en d im e nto N eu ro ps ic ol6 g ic oln fa n til (N a ni), d a U nife sp , ep ro fe s so ra do cu rs o de ps ic o log ia . oa Un ive rs id a de P r es b it e ri a na Mac kenz ie .

nica~i'io efetiva com seus in te rl oc

n a o rg a nl za c a o de re tina s pe

d om e sric as, n a n na liz a< ;:a o d e

ou espe cia liz ac ao, na ob tenc ao e

ten<;aode umbomem

preg o eno

~ volvim ento damt tm idade na s r

~ am orosas. Tam bem exibem pro

< !; na a d rn i ni st ra c ao da s Rnan<;:aspe

I no manejo do usa de subsrancias

i A l em d is so, e sta o rn ai s p re dis

~ a c ompor ta r nen to de l in quen te , a

j drog as ou alcoolism o do qu e

@ qu e n ao tem TD A IH . A p reval e

! r is co de abu so /dependenci a d e

" e de 54% entre a du lto s p orta do

~ tra nstorn o e de 27% en t re nao-p.. res. Habitua.lmente, ° usc de sub

~ e iniciado com alcool OLl tabaco,

~ por rnaconha Oll outra droga de

o tratamento, porem, do T

reduz as pos si bi li dade s d e abuso/

dencia de d ro g as a rn erad e, ou se

o mesmo nlve] da p op ula ca o g

diag nostico d e T ONH em ad ole

e a du lto s re qu er c uid ad osa ana

h is toria c lf nic a, ob tid a p or in te

do relato do paciente acercasinrom as e do impacto deles em s

Em g era l, do pon te d e v is ta p si qu

b us cam-s e i nf on na<;6 es s ob re 0i

tra ns torn o n a i nf an ci a, s ob re a p e

cia a o longo da vida e a ocorrenc

dos sintom as , c on std era nd o a a da

do s criterios da quarra eclic;ao do

D i a g l 1 o ; / ic o e £Sla l fs/ ieo d e Trc/I1slorno;

(DSM· lV) , d a A s s oc ia ca o P si q

Amer i cana (APA) , para a vida a

FAT OR ES DE R IS CO

Esca1as de avaliacao para adu lto

s ido adaptadas no Bra si l por p e

dores sob reco rnendacao c iaOrg

< ; a o M undial da S aude (O MS ),

P au lo M a ttos , d a I .I nrv ers td ad e

do R io deja neiro, que tem se de

ao estudo e tratam en to do T DA

adoiescentes e a du ltos. F atore s

e de protecao devern ser exam

com cu id ad o, com o os psicos

c og n it iv os , e du ca cio na is e lam

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C A U S A S I N C E R T A S

o TDA/H tem sldo alvo de es-

tudos de diversos grupos de

pesquisadores prindpalmente a

partir da decada de 90. As cau-

sas do transtorno, porern, ainda

nao sao totalmente conhecidas.

Abase neurobiol6gica do trans-

torno e urn dos aspectos rnals es-

tudados, e sugerem-se lnfluendas

mult iples, relativas 1 1m odu lacao e

expressao de neurotransmissores

dopaminerqicos e noradrenerqi-

(OS, de base qenetlca e neuroma-

turacional. Acredita-se que varies

genes sejam responsavels pela vul-nerabilidade genetica ao dlsnirblo,

1 1 qual se somam anormalidades

estruturals e disfunfao neuroqul-

mica relacionadas aos circuitos

subcorticais, parietais e frontais.

Ouestoes ambientais atuantes

no fundonamento adaptativo e

na saude emodonal da crianca e

do adolescente parecem ter parti-

cipacao importante no surgimen-

to e manutencao dos slntornas.Esses fatores sao encontrados

principalmente em famflias com

ocorrencia de grande desentendi-

mento e de transtornos mentais.

Algumas questoes psicossodais

como disc6rdia conjugal severa,

varlavels sododemogratlcas, faixa

eta ria dos pais, n fve l c ultu ra l fa-

miliar, psicopatologia materna e

institucionallzacao da crlanca ou

do jovem em lar adotlvo podem

desencadear 0 desenvolvimento

da condifao.

Pesquisas mostram que os pais

de indivfduos com esse transtorno

muitas vezes se tornam demasiada-

mente diretivos e negativos em sua

forma de educar, alterando 0 fun-

cionamento pslcossodal da famflia.

Nesse contexte, as figuras parentaispassam a se ver como incapazes ou

menos habllldosas em desempe-

nhar seu papel, 0 que tarnbern

causa stress e disc6rdia conjugal.

A proporcao entre meninos

e rnenlnas portadores de TDA/H

varia, segundo os estudos. Parece

haver maior prevalencia no sexo

mascu l i ne do que no feminino, mas

muitos auto res relatam que as me-

ninas tendem a apresentar0

tipopredominantemente desatento em

vezde hlperatlvo, causando menos

lncornodo 1 1 f arn llla e 1 1 e scola ,

sendo menos encamlnhadas para

atendimento.

E precise levar em conta tarnbern a

p ossibilid ad e d e ou tros d ia gn 6sticos

psiquiatricos concomi tantes, visto

que e f re qu en te a p re se nc e de diversas

patologias p si qu i at ri ca s c or no rb id a s ao

TDA lH , como transtornos de condu-ta, do hu mor e de ansiedade.

N o que se refere ao tra tam en to,

nos ultrrnos dez a 20 anos houve au -

m ento no u so de farm acos, sobre tu do

d e estim ulantes, com orien tacao c ia

A cadem ia A m ericana de Psiqu iarria

ln fanti] e do A dolescente para urn

rn on itorarn en to sistem atico d os ef ei-

tos da rnedicacao no cornportamento.

Ma i s r ec e nt ern e nr e, 05 esu rd os te rn

enfocado a ef icacia d e terapias rnedi-

c amen to sa s e n ao· ll1 e d ic ar ne n to sa s.

A te ra pia c og nitivo -c om p orta -

m enta l (TC C ) tern sido a princ ipal

m oda I idade nao - medica rn en rosa

c ita da n a lite ra tu ra in te rn ac io na l. p ols

atu a n os principals de f ic i ts co rnpor ta -

mentais do portador de TO A IH , c om o

os de com portam ento in ibitorio,

de au to-reg u lacao da m otivacao, de

orgaruzacao e plan ejarn en to, ale rn d e

direcionar 0 pa cien te a u rn objetivo.

M as isso deve ocorrer concorni-

tan te rn en re a rn ud an cas arn bie ntais . A

o ri en t ac ;: aoa f am f l i a e s eu e ng a jam en to

n o tra ta rn en ro d e TDA IH , em e sp ec ia l

no case de criancas e adolescentes,

au xiliam n o enrend irnento de qu e nao

se trata d e re beld ia ou pre gu ic a. E fun-

dam ental explicar para os pais as rnu l-

rif ac etad as ra zoe s pela s qu ais 0 filho

te rn d ere rrnm ad os c om p orta m en to s

e sintornas, e encoraja-Ios a participar

d a i nte rv en ca o p os si bi li ra 0 aumento

d a a de re nc ia a o tra ta m en to. rr0:

Principios e praticas em TDA/H.

L A . Rohde e P. Mattos (orqs.), Art -

med,2003.

Transtomo do deflct de aten~ao eh iperatividade em adaltos, P.Mattos,em 5N C em kxo, vol, 2 , n~ 1 , pags. 26 -28 , 20 06_

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NEUROANATOMIA

o PEQUENO;I' . ,

Durante muito tempo considerado apenas 0

coordenador encefalico dosmovimentos corporais,

sabe-se hoje que 0 cerebelo participa ativamente de

varlas atividades cognitivas e perceptivas

POR JA MES M . BOW ER E LA WREN CE M . PA RSONS

Par varies < , a no sc ie n ti sr . .a s n ao r iv e ram

d uvid as d e qu e 0c ere be lo f os se 0pontede controle da org an iz acao dos m ovi

mentes n o c ere bro R e ce nre m en te , porem, su a

luncao voltou a ser objeto de debate Usando

novas tecn icas d e imageamento encefalico, as

neurocientistas cognitivos descobriram que

o cerebelo humane est<) ativo durante uma

g ra nd e v ari ed ad e d e a ti vid ad es n ao d ire ta rn en -

te relacionadas ao rnovimento Sofist tcados

estudos cognit ivos rarnbern revelaram qu e

I es oe s e m a re as e sp ec ff ic as d o c ere be lo p od ern

c au s ar i rn pe d irn e nto s i ne sp era d os em p ro ce ss esnao-rnorores, afetando, em especial, a ra pi de z

e precisao com que as pessoas percebem as

i n for rnacces sensoriais .

Ou rra s d es co be rra s i nd ic arn qu e 06 rgao tern

papei importance na m em oria d e cu rta dura<;ao,

na arencao, no c on trole d e a tos impuisivos, nas

e m oc oe s, n as f i.mcoes cognitivas superiores, na

habilldade d e p la ne ja r ta re fa s e , p os si ve lm e nre ,

a te rn esm o em quadros com o a esquizohema e

o autisrno. Outros experirnentos neurobrologi-

cos - sobre 0 pad rao d e en rrad as sen soria is e a

66 MENTE&cEREBRO MAR<;02

maneira de processar in form acao d o cerebelo

- sug erem a necessidade de revisarm os 0 qu eS e pensa a tualme nt e sobre a f u n~aodesse 6rgao

qu e tornou -se, novam ente , L im aarea de "provo"

canre rnisterio".

Talvez nao se ja tao su rpreenden te que 0

cerebelo a r ue a l er n d o m ero c on rro le d o rn ov i,

m en to. A area qu e ocu pa e su a in trin ca3 a estru-

tu ra su g ere m lim p ap el m a is a m ple e c om p le xo,

Trara-se de lim a estru tu ra m en or qu e 0 cortex

c ere bra l, a s up er ff ci e e nr ug a da f orm a da p elo s

d a is g ra n de s h em is fe ri os qu e sa o lu g ar d e m u i ta s

fun<;oes c r f r i cas Ass im como 0 cor tex cerebralhumano, 0 c ere be lo a brig a u rn a e xt ra ord in an a

q ua ntid ad e d e circuiros em urn pequeno espa-

co , dobrando-se rnuiras ve ze s s obre si m e sm o .

N a verdade , 0 c ere be lo h um an e e mui to rnais

d ob ra do q ue 0 cortex c ere bra l e , e m va rie s rn a-

mfferos , e a ( m ic a e stru tu ra e nc ela hc a q ue [orm a

c on volu coes. S e 0 cerebelo humane Fosse es ten-

dido , ncaria d o tarn an ho d e u rn a folha com area

media de " 1,1 28 em " lsso e m ais qu e a rn erad e

do s 1 . 9 0 0 c rr r' c o rr es ponden te s a s up erh cie d os

d oi s h e rn is le ri os c er eb ra is c omb in a do s

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.

M AIO R Q UE S E IM AGIN AV A

Estendendo a cam ada externa, ou cortex, dos dois hernisferios cerebrais e do

cerebelo humane, podernos perceber que este possul aproxirnadamente a.mesma

area que urn unico hemlsfene cerebral, apesar de ocupar muito menos volume

quando "dobrado" (convolucionado). 0 tarnanho e a complexidade do orgao

sugerem urna fun~ao crucial.

Hernlsferios cerebrals

Cortex cerebralesquerdo estendido

Apesar de os biologos considerarem

o c resc imento do c6 rtex cerebral um a

caracter fs t ica def inidora do grau de eve»

lu cao do cerebra hum ane, a cerebelo

ram bem c resceu de form a s ignif icat iva,

au rnentando pelo menos tres vezes ao

longo do ultim o m ilhao de anos da

hist6ria hum ane, conforrne reg istros

f 6s se is . M a s, talvez, su a caracterfstica

mais nota ve l seja 0 f ato de conter m ais

CONCE I TOS -CHAVE

• 0 cerebelo fica na base do encefaloe tern um complexo clrculto neural que

permaneceu vlrtualrnente 0

rnesmo ao longo da evolucao deanimais vertebrados.

• A no~ao tradit ional de que 0

cerebelo controla os movimentos estasendo questionada por estudos queindicam que ele e ativado durante

urna grande variedade de tarefas nao-rnotoras. 0cerebelo pode ester mais

envolvido na coordenacao dos sinais deentrada sensorlais que na dos

sinais motores de salda,

• A rernocao do cerebelo de pessoas[ovens causa poucas diflculdades obviasde comportamento, sugerindo que 0

conjunto do encefalo pode aprender aoperar sem 0cerebelo,

68 MENTEl i tcEREBRO

Cortex cerebraldireito estendido

neuronios qu e 0resto do encetalo A l e m

disso, a form a com o as c elu la s n eu ra is

estao interconectadas perrnaneceu

essencialrnente con stante por rnais de

4 0 0 m ilhces de anos de evolucao do s

vertebrados ( v e r q u a dro n a p r i g . 69). Desse

modo, 0cerebe lo de ur n t ub ara o pos su i

n eu r6 nios org an iz ad os e m redes quase

identicas as encontradas em humanos .

A hiporese de que 0 cerebelo

controle rnovirnentos fO i proposta

pela primeira vez na m etade do seculo

X I X . F isiolog istas observaram que a

rernocao d o 6 rg ao p od eri a re su lta r em

d if ic u ld ad es imed ia ta s n a c oo rd en ac ao

do s rnovimentos D urante a Prim eira

G u erra M u ndial, 0 neurologista in -

g les C ordon Holm es am pliou essas

descobe rtas pe rcorrendo a linha de

batalha e docum entando problem as

de coordenacao m otora em soldados

f eri do s n o c ere be lo .

N os iiltimos 20 anos, investigacoes

rn ais re fin ad as torn aram a h ist6 ria m a is

com plexa Em 1989 , R ichard B . lvry e

S teven W . K eele , c ia U niversidade de

O reg on , ob serv ara rn qu e pa oe ntes c om

Iesoes no cerebelo eram incapaz es d

avaliar com precisao a dura9ao de u

som e sp ec ff ic o ou 0 interva 1 0 d e te mp

entre dois sons. N o in fcio dos anos 9

pesquisadores liderados por Julie A

F iez , d a U n rve rsid ad e d e W a sh in gton ,

veriflcararn qu e pacienres com cerebelo

le si on ado e ra rn rn ai s p ro pe ns os a c ome

te r e rro s em ta ref as verbais.

E m estudos rnais recentes, de

monstramos qu e pe ssoas c om doenca

neurodeg enerativas. que causavam

especi f icarnente 0 encolhim ento d

cerebelo, exibiam menor acu idade n

avaliacao de pequenas diferencas n

tonalidade de dais SOns Do mesm

modo, Peter Thier e s e u s colegas c

U n ive rsid ad e d e T ubin gen, A lem an ha ,

descobrirarn qu e pessoas com lesoes o

e nc olh im en to p arc ia l e total d o ce re be

1 0 e ra rn ma i s su sce tive is a c ome te r e rro

em testes em que d e ve ria m d ete cta

a p re se nc ;a , velocidade e direcao d

padr6 es m oveis A lem disso, H erm ann

Ackermann e s ells c ola bo ra do re s, t am

bern em T ub in ge n, ob se rva ra rn qu

pac ientes com degeneracao no cere

b ela tin ha m d if ic uld ad e pa ra d istin gu i

son s sim i l ares em palavras com o, po

exemplo, "aber ta" e " ape rt a" .

A incapacidade enfrentada po

pessoas com lesao no cerebelo pod

ir a lem de a spectos lmgufst icos, visual

e au d it iv os , Jerem y D . S chm ah mann ,

do M assachusetts G eneral H ospital

relatou que pacientes com danos n

cerebelo, adultos ou cria nc as, a pre

sentavam dificuldade em m odular

e rn oc oe s. E stf rn ulos que, na maiori

d as p es so as , provocariam resposta

rnoderadas causavam, nesses pac ien te s

reacoes falhas ou exag erad as, O utro

pesquisadores d em on strara m qu e a du

t os c om lesao do ce rebelo exibiarn re

pastas atrasadas e ten diarn a corneter

e rro s e m te ste s d e ra ciocln io e spe cial

como determ iner se as form es d

objetos vistos sob d ilerenres ang ulo

c orn bin av arn . A l g un s re la cio na ram

cerebelo com a dislexia, R od I.Nicol

MARC ; :O 200

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CELULAS N E U R A I S E M C O N E X A O

Ascaracteristicas basicas do circuito cerebelar sao con he-

cldas desde 0 tim do secu lo X IV ; a partir do trabalho do

neuroanatomista espanhoi Santiago Ramon y CajaI. 0

neuronic central e a celula Purkinje,. em homenagem 1 .10

fisiologista tcheco Johannes E. Purkinje, que a identificouem 1837. A celula Purkinje e 0unko provedorde slnais de

safda do cortex cerebelar e e um dos maiores neuronlos dosistema nervoso, podendo receber entre 150.000 e 200.000

entradas (slnapses) - 0 que representa uma ordern de

magnitude a mais do que podernos encontrar em qualquer

outro neuronlo do cortex cerebral. Esses slnais de entrada

emergem principal mente das celulas granulares cerebela-

res, alguns dos rnenores neuronlos encontrados nos verte-

brados. Ascelulas granulares estao juntas, acondicionadas

em uma densidade de 6milhoes por milimetro quadrado,sendo 0 tlpo de neur6nio mais numeroso no encefelo. 0

F ib ra s p arelelas d e

[ ,,,"'M .... ularesl

Celu las

granulares {

C elu la _ ~ _

em cesta

Celu lade

axenic granular

ascendente

WWW .MENT E CE R EBRO . COM .BR

ax6nio (a principal linha de safda para. 0 sinal neuronal)

de cada celula granular ascende vertical mente, saindo da

carnada de cetulas granulares e fazendo rnultlplos contatos

com a celula Purkinje imediatamente acima. Esse axonlo,

entao, se divide em dois segmentos que se estendem emdire~oes opostas. Esses segmentos se alinham em feixes

paralelos que atravessam pelos braces, ou dendritos, das

celulas Purkinje como flos eletrlcos passando por postes,

provendo urn unko sinal de entrada para multascentenas

de celulas de Purkinje. A s celulas granulares tam bern se

comunicam com outros trss tlpos de neuronlos - as celulas

estelares, as celalas em cesta e as celulas de Goigi - que

ajudam a modular os sinais emitidos tanto pelas celulas

granolares quanta pelas celulas de Purkinje. Esse padrao

baslco e encontrado em qoalquer cerebelo, indicando ser

essencial para sua fun~ao.

Celulas

granulares

M E N T E & c E R E B R O 69

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Estudos indicam que 0orgao atua em processos

como audicao e percepcao da dor, cia sede,

cia fome e dos movimentos corporais

son e seu s coleg as da U n iversidad e d e

S h ef fi eld , n a ln g la re rra , d es co bri ram

que dislexicos e portadores de lesao

no cerebelo tern defic i ts semelhan-

re s na capacidade de aprend izado e

que, alern disso, os prim eiros tern a

a ti vi da de c ere be la r re du z id a durante

c e rt as ta re f as .

Outros e stu d os re ce nte s s ug e re rn

qu e 0c ere b ela p od e estar envo lvido na

memor i a de tra ba lh o, n a a te nc ao , em

f lln ~6 es m e nt ais c omo planejarnento e

organizacao temporal, alern do contro-

le d e a to s irn pu ls iv os.

Dois estudos independentes de

imageamento n eu ra l re ali za do s em

!997 mostraram qu e 0 cerebelo de

volu n tarios sau daveis era ativado

quando se pe d i a q u e e le s s e l ern b ra ss er n

de um a lista de I et ra s I id as mementos

antes . O u quando era ped ido que

procurassern u rn padrao em lim a de-

term inada irnagern. E m 20 02 , em seu

es tudo de i rnagearnento encefalico,

Xavier Castellanos, J udith L. Rapoport

e sells colegas do Na t iona l lnstitutute of

M ental H ealth (N IM H ) descobrirarn

qu e criancas portadoras de transtorno

do def ic it de atencao/hipera t iv idade

- caracterizado pela incapacidade de

N A T U R E Z A F R A G M E N T A D A

Uma area em particular da face de um rato nao e representada como uma area

unka no cerebelo, Quando os cientistas tocam no liibio inferior de urn rato com

u rn a s on d a , por exemplo, eles podern registrar a a t iv ld a d e e le tr ic a em var ies pontos

nao adjacentes e ate dlstantes sobre 0cortex cerebelar do animal. Tal fra9menta~aopode permitir que 0cerebelo integre uma variedade de inforrna~oes sensorials que

entram, obtldas por dfferentes partes do corpo durante a sessao de exploracao.

Bigodes frontais

liibio superior

_Interior da boca

_ Lablo inferior

Dente superior

_ Dente infer.ior

Area representatlva do

cortex cerebelar

L Cerebro

do rato

70 MENTE&cEREBRO

c on tro la r a to s i rn p ul si vo s - ap re se n ta -

ram c erebe lo d e d irn en soe s re du zid as

Por f im , e stu dos com pessoas e an im a

saudaveis md ic ara m q ue 0 cerebelo es

n orm a lrn en te a tiv o d ura nte processe

sensoriais como auc t ic ; :ao ,ol fac ; :ao ,sedf ame , consciencia dos movimentos

corporals e percepcao d e dor.

TOCA R E SENTIR

E s tamo s c on ve n ci do s de que a tra d

cional teoria da fu nc;:ao cerebelar d

c on tra le mo to r n fio d a c on ta d os nova

dados . C hegam os a e ss a c on c lu s ao

pela prirneira vez quando estudava

ruos regi6es cerebelares ativadas pa

estfm ulos tareis, U m de n6 s (Bowe

in iciou esses estudos ha: rnais de 2

anos, 110 laborat6 rio de W a llace

W eiker ,. da l .In rvers idade d e W i scon

s in -Mad is on . Emp re g a. vamos uma te

n i ca denominada "micrornapearnento"

para reg istrar a atividade eletrica d

pequenos conjuntos de neu r6n ios n

cerebra de rates enquanto tocavamo

su avem ente vanas partes d e seu corpo

Esses esnrnulos tate i s e vo ca va rn a

v id ad e em L im ae xt en sa a re a d o c ere be l

( W I ' i l l J s t r a q a o 11 4 p a g _ a n t e r i o r J - A l em d iss

a m apa parecia frag m en tado, com are

v iz in has n o c ereb elo f re qlie nte m en te

recebendo sinais de en trada de are

nao contfguas do corpo, e areas corpo

ra is d i s tan te s entre si , mas representadas

p r6 xim a s um as d as o utra s n o c ere be lo

E s se m a pe am e nt o e mu ito d if ere nte

daquele que OCOff(; no c ort ex c ere br a

on de as relacoes espacia is en tre a re

da superhcie do corpo sa o rnantidas n

r eg i o es co rt ic a is , qu e respondem a ess

areas e p ara o nd e e rn it er n s in a is ,

E mbora a natu reza frag mentada

do m apeam en to do cerebelo se j

incom um , um achado ainda rnais su

preendente e que a cerebelo do rat

r ec eb e s in a is d e e n tra d a p ri nc ip almen te

da face do an imal ln icia lrn en te iss

era clif fc il de ser explicado, pais S n

de r h av ia d emons tr ad o qu e a m aiori

das reg ioes tateis do cerebelo do g at

MARt:;:02008

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recebe sinais de en trada de Sl IBS paras

dian te iras e qu e a rna ior p arte d essa re "

gi50 do c ere be lo de rnacacos e ativadapar estfm ulos tate is em seu s dedos

C onsiderando as diferencas entre

as reg ioes corporais representadas no

ce re be la d e d if ere nte s animals , nossa

pe rg un ta ba si ca f o i r n odi f lc ada . 0qu e ha

em cornum en tre a boca de urn rato, a

pa ra d e u rn g ate e os dedos de u m m aca"

co? A c on clu ss o d os e stu do s re ali za do s

e m W i sc onsin pa re cia ind ic ar qu e cada

an ima l u ti li z e a e st ru tu ra p ara a pre nd er

sobre Sell ambien te ernpregando 0

ta too Q u alqu er p essoa qu e tenha u rn

g ato s ab e qu an to s p ro blem as suas patas

p od em c au se r; e qualquer um qu e esteja

f am i li ar iz ad o c om c r i ancas reconhece

como os dedm hos sao util izados para

obt er i nf o rma . :; ao sob re 0 m undo. M as

os ra te s te nde m a ter prob le m as u sa nd o

a boca com o recurso de orientacao. A

est rutura f rag m entada dos m ap as tateis

no cerebelo su sten tava a ideia de qu e

essa regiao de algum a form a estava

comparando a i nf orm a ca o sensorial

proveniente das v ar ia s p arte s d o corpo

do anim al utilizadas para exploracao

d o arnbiente. A ideia de qu e a cerebe!o

do reeder, de a lg um a rn an eira , e sta va

" com paran do" a m form acao sensorial

oriu nda d e d if eren tes partes da face

recebeu susten tacao de rnodelos e

experirnen tos qu e exam inavam com o

o cerebelo respondia aos estf rnu los

Daf ernergiu urna nova hipotese so-

bre a fun<;ao cerebelar, suger indo 0

e nvolvim en to d essa e stru ru ra e spe cif i-

carnen te na ccordenacao da aquisic;ao

de i n fo rrnacao s en so ri al p elo e nc ef alo .

P ara n os c ert if ic ar d e q ue e st av arn os

o bs erva nd o a pe na s e fe ito s d e a tiv id ad e

s en so ri al, e na o mo to ra , e ra necessaria

e stu d ar p es so as c ap az es d e s eg u ir i ns rru -

~6e5explfcitas sobre qu an do rnove r- se ,

R U D O L F VAN'TH O F F de Howard, Maryland, sofre de uma lesao cerebelar causada per

atrofia espmocerebelar do t ipo 1,doenca genetka rara que semanifesta geralmente nameia-idade, 0 dlsturblo ateta seu equilfbrio, fala e coordenacao, elem de prejudicar a

capacidade de discrimlnar certos sons. Eleusa urna corda elastica para establllzar 0 corpo

quando esta sentado em seu trator

e q ua nd o nao F oi nesse ponto que a

parceria entre no s (os dais autores)

se in iciou . Em c ola bora ca o com Peter

T . F ox, da University of Texa s H e alth

Science Center , em S an Antonio, pla-

nejam os u rn esrudo de irnagearnento

neu ral que cornparasse a q ua nt i d ad e

de atividade cerebelar induz ida em

voluntaries instru fdos a utilizar seus

dedas p ara um a ta re fa d e d is crimm a ca o

tatil, ou a sim plesm en te peg ar e Ia rg ar

p eq ue no s ob je to s,

De a cord o com todas as reorias an ,

re riore s sobre a fun<;ao cerebelar , a con-

trole motor f ino dos dedos necessario

para p eg ar e la rg er os p eq ue no s o bje ros

deveria incluzir u m a inten sa a tivida de

d o c ere be lo em a re as re la cio na da s com

o ta too M a s en contram os m u ito p ou ca

a tivid ade d o c ere be lo ne ssa re gia o d u-

JA ME S M . BOWER. e LAWRENCE M . PA RS ON S trabalharn no R ese arch I ma gin g C en te r

da U niversity of T exas H ealth S cience C enter, em S an A ntonio, onde Bower

ep ro fe ss or d e

n eu ro bio lo gia c om pu ta c io na l e P a rs on s, p ro fe ss or d e n eu ro de nd a s c oq nitiva s,

r an t e a t a re la de peg ar e largar, em bora a

e xp lo ra ca o s en so ri al u ti liz an do a s d ed os

tenha, e st a s irn , c au sa do u m a res posta

c ere be la r m te ns a ( vc r q lw d r ol 1a p a g . 1 3 4 JE s sa o bs erva ca o v eto apolar n os sa i de ia

de qu e 0 c ere be lo e st ej a ma is e nv olv id o

c om f un c;6 es s en so ria is q ue a pe oa s c om

controle motor e, em pa rt ic u la r, qu e ele

e ativado de form a in tensa duran te a

aquisi<;ao d e d ad os sensoria is ,

N e ssa h ip ote se d C l a qu is ic ao s en -

serial e apenas LIma e ntr e v ari es novas

teorias decorren tes do aum ento de

evidencras qu e sugerem 0 envolvirnen-

to do cerebelo alern do puro controle

m otor. E m m uitos cases, os novas d ad os

rem sido acom odados sim plesrnente

fazendo-se 0 " ala rg am en to" d as te oria s

m otoras existentes para que passem a

conternplar os resul tados nao-rnotores.

ivry, par exem plo, tern defendido a

hipotese de que a func;;ao cerebelar

envolva 0 "ordenarnento temporal

g eneraliz ado" , su gerindo qu e essa es-

trutura controla 0a sp ec to tem po ra l d os

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COORDENA<;AO DE MOVIMENTO S E SENSORIALIDADE

Estfmulo passivoAusencia de movimento

Comparaeao sensorial ativaAusenda de movimento

~ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ~ ~

Para distinguir a posslvel fun<;:1io

do cerebelo na coordenacao dos

movimentos da lnteqracao de sinais

de entrada sensorlals, planejamos

urn experimento de quatro partes.Empregamos a tecnica de imaqeamento

por re ss on an cla m a qn eti ca funcional

para revelar a atividade neural no

cerebelo de seis pessoas saudaveis

enquanto recebiam urn estfmulo em

seus dedos sem move-los, ou pegando

e largando pequenos objetos. No

primeiro cenarlo, irnoblllzarnos as mao s

das pessoas e esfregamos pedacos

de llxa suavemente sobre seus dedos

(0). Algumas vezes se pedia que

comparassern a texture de dols tipos

diferentes de llxa (b). Ambas as tarefas

erarn purarnente sensorials, mas asegunda requeria qu e cada pessoadlscrlmlnasse 0que sentia em cada mao.

o segundo cenarlo envolvia tanto

aspectos sensoriais quanta rnotores. Urn

voluntarlo colocava suas rnaos dentro

de sacos diferentes con tendo pequenas

bolas de madeira com formas e textures

diferentes. Na primeira tarefa (c), 0

participante foi instruido a pegar e largar

as bolas sem prestar ateno;:ao its forrnas.

NOlIegunda tarefa (d), foi orientado a

comparar a forma e a textura de duas

bolas cada vez que pegasse urna em cada

uma das maos.

o cerebelo mostrou pouca

atividade durante as tarefas que apenas

requeriam pegar e largar bolas (c). Em

geral, porern, exibia rnals atividade

quando avallavam 0que sentlarn, tanto

quando estavam se movendo (d) ou nao

(b). Essas descobertas e outras ap6iam

nossa hip6tese de que 0 principal

papeJ do cerebelo e 0 de processarlnforrnacao sensorial e nao

controlar os movlmentos.

a

Movimento

c

m ovirnentos corporais (par exem plo,

coordenando m udancas no angulo das

a rtic ula coe s) pa ra p en ni tir 0 registro da

d u ra < ;a o d e s in ai s d e e ntra da sensoriais

como i rnagens e sons

Ou t ro s p e squ is a do re s tern propos-

to qu e 0 6rgao nao apenas facili ta os

m ovirnen tos f ines , m as tarnbern " su a-

viza" 0 processamento de informacao

relacionada com 0 hum or e 0 pensa-

mente, S chm ahm ann expressou esse

pon to de vista em 19 9 1 , e , em 19 9 6 ,

Nancy C A ndreason , da l.Iniversidade

de Iowa , ad aptou essa h ip6 tese para

a esquizofrenia. E la su p6e que defi-

cits cerebelares estariam por tras da

desorg an iz acao das fun<;6es rnenta is

q ue c a ra c te ri z am 0 transtorno Outros

cien tis tas propu sera m qu e as reg i5es do

c ere be lo q ue se expandiram dramatica-

m ente ao long o da evolu cao hum ana

provern suporte com pu tational para

72 M E N T E & C E R E B R O

Movimento

d

ta re fa s p si colog ic as q ue poderiam s

d esloc ad as d o cortex ce reb ral, n o ca s

d e s ob re c ar g a.

M as os cien tis tas am da tem de ex

plicar com o e possivel que um a un ic

estrutura encefalica CLIJO circuito neura

e org an izado em lim padrao uni forrne

e repetitive possa desernpenhar es

papel integ ral e tantas f un < ;6 es e com

p or ta rn en to s d fs pa re s,

Mais confuso ainda e 0 fato d

MARC :; :O 200

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OS NEURON l O S d os t ub a ro es sao

orqanizados em um sistema de redes quase

ldentico ao dos humanos

que as pessoas podem se recuperar de

le soe s c ere be la re s. Em b ora a re rn oc ao

total d o cereb eJ o in icia lm en te d esor-d en e a coord en ac ao d os m ovirn en tos,

individuos (espec ialm en te os mais

jovens) p od ern , c om t empo suficiente,

recuperar urn g rau consideravel de sua

func;ao n orm a l. E ss a capacidade e um acaracteristica g era l do cerebro, m as

le soes sim ila re s em regioes sensoria is

ou rnotoras prirnarias do cortex cere-

bral g eralm en te preju dic arn f un coes

especfficas em an im ais e humanos de

f orm a se ve ra e p erm a ne nte ,Poucas teorias do cerebelo, in"

c lu indo aqu elas baseadas no contrale

mo to r, p od em e xp li ca r s eu e ni grn ati co

p ote nc ia l d e re cu pe ra ca o funcional.

A creditamos que a capacidade do

encefa lo de com pensar a ausencia do

cerebelo irnplica u ma fu n< ;ilo g eral

e su til de suporte. S eg undo nossa

hipotese da coordenacao sensorial,

o cerebelo na o seria responsavel po r

comportam entos ou processes psi-e ol6 g ic os e sp ec if ic os . E le f u nc io na ri a

como estrutura de apoio para 0 resto

do enc ef alo , envolvendo 0 monitora-

m en te da entrad a d e d ad os s en sori ai s e

a capacidade de eteruar contlnuamente

pequenos aju ste s n a rn an eira como a

informacao e adquirida.Pressupornos qu e tais ajustes as"

su rnam a form a de m udancas extre-

rnarnente sutis na posicao de dedos

hu manos perscru tadores, ou de big o-des na face de rates, na re tina ou no

ouvido interne C om o estru tu ra de

a po io , s eria de e sp e ra r que a cerebelo

tive sse c erto nfvel de atividade em

urn grande nurnero de condicoes,

e sp ec ia lm e nte a qu ela s q ue re qu ere rn

urn c on trole c uid ad oso d a en tra da

de novas clados sensoria is e , ralvez ,

cia evocacao (da m em oria) de dad os

adqu iridos an teriorm ente . O utros

sistemas do encefalo sao capazes de

WWW.MENTECEREBRO .COM.BR

Ha indfcios de que 0cerebelo tenha 0papel

de "suavizar"0processamento de informacoesrelacionadas ao humor e ao pensamento

com pensar a falta de coordenacao de

d ad os s en soria is m e dia nte e stra te gia s

a lte rn ativa s d e p roc es sa m en to, n o c as o

de lesao au rernocao do cerebelo

De faro, estudos de coordenacao

motora su g erem que pessoas com

[e sa o c ere be la r se to rn am mars lentas

e s irn pllf ic arn s eu s m ovim en tos - um a

e stra te gia ra zo av el para com pensar afalta de dados s en so ri ai s d e a lta q uali-

d ad e. U m a in te re ssan te e irnportante

am plia~ao dessa ideta e a de que urn

cerebelo deliciente que continuasse

em ope ra cao leva ria a con sequ en cia s

r na i s s e ri a s que sua rem ocao A pe-sal' de

o ut ra s e st ru tu ra s encefa l i cas poderem

c om p en sa r a c om p le te f alta d e c on trole

d e qu alid ad e n os d ad os sen soriais , u rn

c on tro le e rron eo constance causaria

um a disfun~ao contfnua . E sse tipo dee f ei to pode ri a e xp li ca r 0envolvimento

do cerebelo em transtornos com o 0

au t i smo, quadro em qu e os pacien res

nao respondem aos dados sensoriais

H ipoteses com o a nossa trazern

l im l ernbre te uti l para f u tu ro s e st udos .

a presence de arividade em um a area

encela lica nao s ign i ft ca neces sa ri a rnen-

te qu e e la e sre ja d ire tarn en te e nvolvid a

em u rn compo rt amen to ou processo

psicologico especffico.

S e 0 cerebelo e antes de tudo um aestrutura de apoio, en tao ele nao cola-

bora d iretarnen te com a coordenacao

motora, a mem6r ia , a percepcao, a

atencao, 0 raciocinio espacial, ou

qualquer d as ou tras f un coes rece nte-

men t e propostas E mbora essa teoria

seja apenas um a das varias qu e estao

com petindo para explicar os novos e

surpreendentes dados sobre 0cere-

belo, f ica cada vez m ais clare que a

forma como pen sarn os e ssa e srru ru ra

e n c e f a l i c a - n a verd ad e, a form a como

concebemos 0en cef alo com o u rn tod o

- esta a ponto de mudar. ~

PARA CONHE C ER MA I S 1,

Cerebellar contributions to cognition and imagery. Richard B. Ivry e Julie A .

Fiez, em New Cognit iv e N e u ro sc ie n ce s. Organizado por Michael S.Gazzaniga. MIT

P re ss , 2 0 0 0.

The cerebellum: recent developments In cerebellar research, Organizado por

Stephen M. Highstein e W. Thomas Thatch. New York Academy of Sciences, 2002.

MENTE& cEREBRO 7

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GENEROS

SUBEST IMADOS

74 MENTE &cE RE BRO MARC ;:O 2 00

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WWW.MENTECEREBRO .COM .BR

Em 2 0 0 5, ° e nta o. re ito .r d .aU nive rs id ade H arvard ,

L aw rence S um m ers , fez

l ima declaracao polern ica. E m

urn evenro para econornistas, su-

ger iu qu e a e s ca s se z de mulheres

pesquisadoras se devia ao fato de

p ou ca s d elas te re rn ha bilid ad es

cientfficas inatas, sobretudo em

areas exatas, como matemati-

ca, engenharia e astrenornia. Aa f i r rnacao r ap id amen te eGOOU

pelos qu atro cantos do rnundo ,

a lirnentando u rn debate acalo-

rado sabre di ferencas de genera

n o d ese m pen ho acadernico, ja

que , de fa to, a quan tidade de

mulheres no mundo cientifico

e bern inferior a de h om en s. A

ques tao principal parece ser. em

que rnedidaessa sub-represents-

~ao f emin in a e determlnada par

fatores biologicos ou culturats,

inatos 01:1 adquiridos?

O b via m en te , a re sp os ta nao es imples . Anal i sando tu do a que ja

f ai pu blic ad o n a li te ra tu ra clenn-nea nas u ltim as decadas, foi pos-

sfvel id en tif ic ar u rn a v arie da de d e

fatores que i n f lu en e iam as e s col ha s

p ro fi ss io na is , c omo c a ra ct er fs ti ca s

b io16g i c a s d i st in t as e ntre o s s ex os ,

MENTE&cEREBRO 75

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in clu sive h ab ilid ad es c og nitiva s, m a s

tam bem os d ileren tes pape is soc ia is

atribu ldos a hom ens e m ulheres, 0

qu e i n c1 u i d is c ri rn i n a cao e e s te reo ti po s

cu ln rr alr nen te r nu i to a rr ai g ad o s.

N a o e n ec ess ario se r P h . D . parasaber q ue se os parses ap roveitassern

melhor 0 ta len to fem in ino em uni-

versidades e cen tres de pesqu isa a

p ro du tiv id ad e c ie ntf fic a a urn en ta ri a

sig n if icativam ente . N os E stados

U nidos, por exemplo, as mulheres

representavam 46% d a f orc a d e tra ba -

Iho em 20 0 3 , m as apenas 27% desse

conting en te estavarn em preg adas na s

areas cien trf icas e tecnol6g icas . 0

com entario de S umm ers de sag radou

ta nta s p essoa s p orqu e d ele se c on clu fa

qu e se ria in util q ua lqu er e slo rc o p ara

elirninar essa di ferenca Essa inter-

pre tacao, en tre tan to, ccn tern dois

c on c ei to s e qu i vo ca d os .

Em prirneiro lugar, nao ha nenhu-

m a c ap ac -d ad e in te le ctu al isola da qu e

possa ser cham ada precisam ente de

" ha billd ad e c ie ntf fi ca " (para sirnpli f i~

car u sa re rnos 0 te rm o " ci en tf fle o" p ara

n os re fe rir a a ptid oe s im p orta nte s p ara

o trabalho nos cam pos das ciencias

CONCE I TOS -CHAVE

• Embora as mulheres representernquase a metade da forca de trabalho emmultos parses ocidentais, 0 continqentefeminino no universo clentffko ainda einexpressive, prindpalmente nos nfveis

hlerarqulcos rnais elevados,

• Na media, as muiheres tern mais

habilidades verbals que maternatlcas,eo contrario e verdadeiro para oshomens. Mas essa e apenas parteda hist6ria. 0 desempenho escolarfeminino e superior ao masculino,

inclusive nas areas exatas, Naunlversidade, porem, 0sistema derevis;iiopor pares parece colocar as

mulheres em desvantaqern,

• A manutencao da vida domestlcae familiar, tradicionalmente sob

responsabilidade feminina, influenda atrajet6ria das mulheres clentlstas. Paraelas, par exemplo, ter fllhos se assode arenda menor e probabilidade reduzidade emprego fixo. Emcompensa~~o,os homens costumarn se benefldar

profissionalmente com a patemidade.

A

e xa ta s), A s [e rra rn en ta s n ec essa ria s

para 0 e x.ito a ca de rn ic o n essa s a re as

inc1 uem , na verdade, u rn conjun to de

habilidades verbals , e ss en cia is p ara

redacao de artig os e para palestras

para os pares, por exernplo, boa m e-

m 6 ria p ara co rnp re e nde r i n jo rr n aco es

e eventos c om plexes , e capacidade de

a bstra ca o, p ara lid ar c om in [ orm a ca o

qu antita tiva , m odel os m atem aticos e

estatist icos qu e pos sa rn s er v is ua li za -d os m e nta l m e nte .

E m seg undo lug ar, se F osse rea l-

men t e dernons trado qu e h a diterencas

de ap rid ao c ien tf fica en tre h orn en s e

rn ulhe re s, isso na o sig m fica ria n ece s-

sariarnen te que elas s a o imutaveis

A f in al, se tre in arn en to e e xp erie nc ia

n ao f os sem essencia is , como just i f icar

os investim entos (que saern do bolso

dos alunos ou dos cofres publicos)

para que un ivers idades com o a pro-pria H arvard atin jarn e m antenham

seu nf vel de excelenciaz

U m a das coisas confu ses no earn-

po das d ilerencas en tre os sexos esta

no fato de ser possivel cheg ar a con-

clusoes b em d ile re nte s dependendo

d e c om o a s h ab ilid ad es s a o avaliadas.

S em duvida as m ulheres tern rnais

[acil idade para 0 s u c es so a c ad e rn i co .

e la s re pre se nta rn a rnaioria d as m a trf -

culas n as u nive rsid ad es a rn eric an as

desde 1982 , e a d if erenca em rela

aos hom ens vern se arnpliando a c

ano. Tendencias sem elha n tes

observadas em m uitos ou rros pai

A lern disso, as men inas tern n ota s

d ia s r na io re s em tod as a s d is ci pli ne

i nc lu si ve rn ate rn atic a e ciencias,

DIS PA R IDA DE A C ADEM IC A

A pesar do bom desem penho

sala de au la , a pon tuacao Iem in

em exarn es de selecao, u sados p

in gre sso n a [a cu ld ad e ou p 6s-g ra du

C ; a o , e significattvamenre m enor

ados rapazes . A disparidade aumen

nas m atrtcu las de hom ens e rnu lhe

em carreiras na area de exatas

dilerenca cresce nos nfveis m ais a

do sistem a educac ional. N o hm

decada de 90 , par e xe rn plo, a s m u l

res represen tavam 40% d os a lu n os

g ra du ac ao do I nstitu to d e T ec nologde M assachusetts (M IT ), m as ape

8% do corpo docente .

N otas e pontuacoes em tes

de aval iacao sao inA uenciadas

m ui tos f a teres, por isso pesqu is

dores recorreram a m etodos m

precisos de avaliacao de aptide

cog nitivas para en tender as d

rencas sexuais N a fase pre-escol

m eninos e m eninas costum am se

igualrnente b ern n os te ste s c og ni tiv

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B

I re la cio na do s a p en sa m en to q ua ntita -

tivo e reconhecim ento de obie tos.

i A s d ive rg en cia s c orn ec arn a a pa re -isIer, entretanto.ja no infcio do ensino

c fundam ental. Do nfvel medic em

d ia nte , a s g arota s tem melhor desern-

penho na m aioria das avaliacoes das

habilidades verbals. Em u ma arnpla

e , manter urn objeto t r idimensional

na m em oria e g ira-lo em vanas dire-

c;5es s imu It a n ea m en te (uu i lHslraf i io

acima) . Como seria de e sp era r, e ss as

capacidades g arantern aos m eninos

vantagem na resolucao d e proble-

m as rnaternaticos qu e dependem

da criacao de um a im agem m enta l.

HOMENS COSTUMAM se salr rnelhor em

exercklos rnentais de rotacao, Urna das

tarefas usadas pelos clentlstas conslste

em questlonar os Individuos quanto aposslbllidade de tornar asduas lrnaqens

em A identlcas a s de 8por rneio de

rota ~ao espaclaI

De fato, de rodas as dilerencas

sexuais em h ab ilid ad es c og n itiva s, a

variacao na aptidao quanti tat iva e a

qu e sem pre recebeu m aior atencao da

mfdia ..E sse f asctn io popu la r ocorre,

em parte, porque 0 dominio dessas

habilidades e pre-requisite p ara a re as

que fazem uso intensive d a m a te rn a-

r ica, como a f ( sica e a eng enharia. E ,

c om o su g eriu 0 ex-rerror d e H a rv ard ,a d es va nta gem f em i nin a ne ss e ques ir o

explicaria, pelo m enos em parte, par

q ue a s m u lh ere s sa o geralmente sub-re-

p re se nt ad as n es se s ca m pas. A s ev i den"

cias, entreranto, a inda sa o confuses.

Em resume, rn u lh ere s ti ram notas

maiores nas au las de rnaternarica em

todos os anos escolares e tarnbem se

Embora 0sex ism o d e d ecad as arras n ao se apliqu e a tu alm e nte , rnu itos

a rg um e ntam qu e a in da hoje ex istem forrn as velad as d e d isc rim inacaorevisao sabre aptidoes de e sc ri ta , pu-

b lic ad a em 1995, os psicologos Larry

Hedges e A my N ow ell, na epoca da

Universidade d e C h i ca g o, relatararn.

"A s dilerencas sexuais n a escrita

sa o alarmantes . O s dados indicam

que , em m edia, o s h orn en s estao em

g rande desvantag em nessa aptidao

basica " . 0 sexo feminino tambern

leva a m elhor no reconhecirnentode faces e na m em oria episodica

- re la ci on ad a a eventos d e n atu re za

pessoal, evocados juntamente com

in forrnacoes sabre tem po e l ug ar de

c a d a a con te ciment o.

Os meninos, entretanto, mostra-

ram m aior destreza nu ma habilidade

c ham ad a vis uoe sp ac ia l, e m q ue tin ham

d e m od ele r m en talrn en te u rn ob iero d e

tre s d irn en soe s. O u tra rn an if es ta ca o

d essas en volve a rotac ;ao m en tal, isto

VWWII.MENTECEREBRO.COM.BR

HABIUDADE VISUOESPACIAL: homens tern mais facilidade de modelar mentalmente

objetos tridimensionais, 0que faclllta 0raciocinio [6gi(0

MENTE&cEREBRO 7

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D IVE RSOS £STUD OS de

neuroimageamento encontraram

diferencas estruturals e fundonais entre 0

cerebro fernlnlno e 0masculino

saern lig eiram ente m elhor em pro-

va s de alg ebra, talvez por causa da

es tru tura semelhante a da l inguagem

verbal. M as os garotos brilham naparte materna t ica de testes com o 0

S A T (especie de E nern am ericana),

com lim a dlferenca de 40 pontos em

re la ca o a o re su lta do f em i nin o, d istf tn -

cia que se rnantern h a rn a is d e 35 anos

N o entanto, quando todos os dados

relacion ados a habtlidades quantitati-

vas sao avaliados em conju nto, a d ite-

renca m edia en tre m eninas e rneninos

e , na verdade, mui to pequena .

A primeira vista tudo isso pode pa-

r ec e r pa radoxa l, S e m eninos e rneninas

sao, em m edia , ig ualm enre aptos em

rnatem atica , por que h a um nurnero

m aior de rnen inos su perdoradoss Par

motivos Olinda nao toralmenre claros,

a va ria ca o cia habilida de m arem atic a emui to maier entre rneninos, de [orma

que, na d istribuicao populacional, 0gru-

po f em i n in o e mu l to ma rs hor nog en e o,

eo m ascu line, m ais heterog eneo, com

ind ivfdu os siru ados ao long o de toda aescala que def ine os m ais e os rnenos a p-

ros. L og o, h ii m ais hom ens qu e m ulhe-

re s em a rn ba s a s e x tre rn id ad es d a e sc ala ,

Os dados do Estudo d e J ovens

M a tem a tic am e nte P re co ce s, reaiizado

nos E s ta do s U nid os, e xern plifica m esse

fen6m eno. N a decada de 80 , um de n6s

(Benbow), juntarnente corn 0psicologo

Ju lia n C S tan le y, da l . ln ivers idade johns

H op kin s, o bs ervo u d if eren ca s s ex ua is

na habi lidade d e ra ci oc ln io ma rema ti co

en tre dezenas de rnilhares de jovens

i n re lec tu a lrnenre ral en toso s, entre 1 2 e

1 4 an os, qu e haviam fe i to 0 SAT v ari es

DIANE F . HALPERN e professora d o C la re mont M cK enna C oH ege e m C la re mont. C A MILLA

P .BENBOW e re i tora d e e duc ac ao e d essnvolvim ento hum ane d a U nive rs id ad e Va nd erb ilt

e m N a sh ville . D A V ID C . GEARY le ci on a n a Univers idade do Missouri e RUBEN C . GUR, na

Univers idade da Pens ilvan ia . JA NET SH IB LEY HYDE e MORTON A NN G ERNSB AC HE R

sa o d oc ente s d a U nive rsld ad e d e W'isconsin-Madison. Todos sa o psic6logos.- T radur;ao de Vera de P aula A ssis

78 MENTE&cEREBRO

anos antes daidade recom endada, qu

e par volta des 18 anos ,

N ao foi encon trada d iterenca

significative na p art e v erb al da prov

nesse g rupo de elite , m as na part

rnatematica o s men in o s lo ram rn elh o

H ouve du as vezes rna is g arotos co

pontua coes igua is ou m aiores a 50 0max i rna e 80 0 ), qu atro v ez es rn a i s c o

ponruacao acim a de 600 e 13 veze

rn ais acim a d os 700

Ma is re cen rem en te , porem , 0 m

mero de rneninas ve rn c re s cendo ent

as f eras d a m atern atica . A proporcao

1 3 g arotos para ! g a ro ra , obs erv ad

nos anos 80 , hoje e de apenas 3 para

Durante 0 r ne s rno pe ri odo , 0 mimer

de m u lh eres em alg un s ou tros cam po

cientfficos aurnentou significativarnen

re N os E stados l.Inidos, as m ulhere

hoje represen tarn m etad e d05 aluno

qu e ing ressam n as Iacu ld ades de rn ed

cina e 75% n as e sc ola s d e veterinaria,

diffcil atribuir esse acrescim o a cau s

rsoladas. considerando a profunda

transform acao da sociedade nas u lt

m a s d ec ad as , principalmente no qu

diz respe ito ao s ta tu s s oc ia l f em i ni no

Decadas de estudos com animals

rnostraram qu e os horm onios podem

MAR <;:O 2 00

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o QUE VOCE VAl SER QUANDO CRESCER?

Executivose admlnlstradores

Materna tlcos e cientista s

da computacao

Engenheiros ~'

p arte s d o c ere oro . E i rn po rt an te e nf a-

t iz a r, e nt re ta nro , q ue e ss as d es co be rra s

n50 devem ser cornpreend idas com o

c au sa {m ic a d as d ile re nc as c og niriv as

observadas en tre os sexos. C om o 0

cerebra e extremarnente influenciado

p ela e xp erie nc ia e pelo a pre nd iz ad o, a s

d iteren tes vivenc ias de hornens e rnu -

lh ere s p os si ve lm e n te s ao re sp on sa ve is

por t ai s d i fe re n ca s,

E m esrno sendo m u ito in teli-

g enre, nem todo m undo quer ser

cien tis ta . E stu dos com jovens talen-

tos da m arem atica sao de in te resse

especial para en tender a psicolog ia

80 M E N T E & : C E R E B R O

Medicos

• Homens

Mulheres

Outras ocupacoes

2510

Advogados

15 20

Percentual

DIFEREN';:ASDE GENEROna escolha de carrelra profisslonal sao evidentes mesmoentre crlancas com grande aptidao maternatlca, 0 grMico acirna rnostra um estudocom as opcoes de meninos e meninas que fazem parte de um grupo seleto decriancas - eles representarn 1% das mais habels com os numeros nos Estados Unidos

Professores unlversltarios 'I

Pesqulsadores de ciendas I - = = Jbiol6gicas e exams

Escritores, artistes e proflsslonals I : : : : JIigados ao entretenimento

Trabalhadores ~do setor de saude

Professores do ensino ~fundamental e rnedlo

Donas-de-casa J

o

da escolha prohssional. 0 que leva

u rn pequeno g en io a opta r por

engen hari a eletrica au corn pu ta-

~ao em vez de d ire ito au f ilosof ia?

E m urn estudo am erica no, que

a corn pan h au par d ez a nos 3 20 crian cas

ta le nto sa s ( as m e lh ore s, n um a p ro pe r-

~ao de u rn selecionado para cada 1 0

m il analisados), observou-se urn m i-

m ero m aier d e m en in os cu jas aptid ocs

m atem aticas eram rnais fortes que as

v erb als ( ern bo ra tiv ess em h ab ilid ad e

verbal elevada) , E les d isseram que os

cu rses de ciencias exatas erarn seus

preferidos e que pretend iam form ar-

se nessa area. Em cornpensacao,

en con trad o u rn numero m aior de m

n i na s c u j a s a pt id oe s verba i s superava

a s rn ate rn atic as , a s q ua is o bv ia rn en

preferiarn os curses de hurnanidade

d os qu ais p ro va ve lrn en te s ai ri arn coum d ip lom a universitario No e nt an t

um ru irn ero s ig n if ic at iv e d e e st ud an t

de am bos os sexos exibiarn aptido

e qu iv ale nte s n as d u as a re as e , p ort an t

teoric am en te teriam ch an ces ig uais

se desenvolver em qualquer camp

Ma s e ss a c on clu sa o e a p en a s t e6 ri ca

E ineg avel a in f]u enc ia de fa to

psicol6 gic os e soc ia ls na escolha

c a rr ei ra p ro f is s iona l.

V E U D E S E G R E D O

Expectativas individuals d e s uc es so

m oldadas pela percepcao que as p

s oa s t ern d e s ua s p ro pri as aptidoes, U

d os f ato re s q ue a ju da m a c ria r e ssa a u

imagem e c om o f ig u ra s d e a uto rid ad

c om o p ais e p ro fe ss ore s, n os p erc eb e

enos inR uenciam U rn estudo feito

1992 pelos psicolog os L ee )u ssim ,

l.ln iv ers id ad e R u tg ers e m N o va J ers

e la cq ue ly nn e E c cle s, d a U n iv ersid ad

d e M i ch ig an em A n n A rbor; c on stato

qu e 0 nivel em que os professore

classi f icavarn 0 ta len to m a te rn atico

u rn estu dan te no in fcio do ana letivo

c orre la cio na va c om a s n ota s e sc ola r

obtidas por ele ao longo do ana

m esm o quando rned id as objetivas

hab ilidade desrnen tiam a avaliaca

docente , E s se e o ut ro s e sru d os s ug e re

qu e 0 estere6 tipo da ciencia com o u

a rn bie nte m a sc ulin e p re dis po e o s e d

c ad ore s a t er e xp ec ta t iv as e qu iv oc ad

em re la ca o a s meninas .

A lem d isso, m u itas pesqu isas su g

rem que a percepcao que as pesso

t ern n um ambi en te e sre re ori pi ca rn en

te m ascu lin e ou fem in ino resu lta

vieses de contratacao e prern iacao

f un cio na rio s, in va ria ve lm e nte a f av

dos hornens. E mbora os psicolog o

sociais concordem qu e 0se xism o q

existia decades atras nao se apliq

so

MAR<;:O20

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o cerebra delas tern mais substancia cinzenta, com grande densidade de

neuronios, 0deles e rico em substancia branca, abundante em mielina

rn ais a os d ias d e h oje , m u i ros a rg urn en -

tam que houve uma substituicao po rum a form a velada de discr iminacao

o irnpacto do preconceito contra

as m u lheres cient istas a i nda nao fo i bern

estudado por causa do ve u de segredo

qu e cerca a revisao por pares, processo

pelo qu al rnuitos a sp ectos d a c arre ira

cientff ica - com o concessao de verbas,

acei tacao de artigos para publ i cacao ,

alern de contratacoes e prornocoes ~

sao julgados par um a junta de ou tros

cient istas cuja i den t idade nao e reveladaM as ha: urna rn ara vilh osa e xc ec ao D e-

p ois d e um a b ata lh a j ud ic ia l, as b iologas

Ch ri stin e W e n ne ra s e A gnes W old da

Un i ve rs id ad e Gb te ba rg , Suec ia , t ive rarn

acesso aos clados do C onsdho S ueco de

P esqu is as M e dica s sobre c on eess 6e s d e

balsas e f in an cra rn en to s. Pou co an tes d e

a s p es qu is ad ora s p ub li ca rem a estudo,

em 1997 , as N acoes U nidas haviam

declarado a Suecia 0 m elhor pafs do

m un do em relacao a i gu ald ad e d e o por-tu niclad es en tre hom ens e mulheres 0

estudo, pore rn , reve lou dados d if er en te s.

N a epoca, as mulheres f icavam com

4 4% d as b olsa s d e d ou torad o, 2 5% das

de pos-d ou torad o e apenas 7% das vaga s

de p es qu i s ad o r.

TEM PO PARA A FAM ILIA

Ourros detalhes sao ainda m ais sur-

pree nd en te s A s ca nd id ate s re ce be ra m

notas m edias rnenores em todas as are-

a s d e ava li ac ao . c om p ete nc ia c ie ntf fi ca ,

qual idade da pro pos ta metodo16giea

e relevsncia da pesquisa. De Iato,

era possfvel que elas Iossern m esrno

m enos qua lif icadas Para testar essa

hipctese , as pe squ is ado ra s c a lc u la ram

a produ tiv id ad e academ ica com base

no ruimero total de publicacoes da

candidate, rn imero de artigos com o

primeira au tora, fndiee de irnpacto

da publicacao e m im ero de vezes que

ou tros artig os citavam seu trabalho.

O s resu ltados m osrraram qu e 0 grupom a is p rod uti vo d as rn ulh ere s c ie nti sta s

e ra c orn pa ra ve l a o d os p esqu is ad ore s

hornens menos produtivos Todos a s

d em ais g ru pos fem ininos f oram classi-

f icad os abaixo d e tod os os m ascu li nos,

A s au roras conclu fram que 0 processo

de re visf o p or pares naquela que e a

nacao rnais igualitaria em relacao a

generos nao tern nada de igualrtario.

Essas evidencias fornecem um a forte

ju sti fi ca tiv e p ara tornar 0 processo dejulgam ento cientff ico m ais transpa-

rente .. Em bora a trabalho tenha sido

pu blicado na Nature , urna das revistas

cien tf fic as rn ais prestig iadas d o mun-

do, ate hoje nao houve prog resso

concreto nessa area

Por f im, n ao p od emo s considerar °sucesso p ro fis sio na l s em ter em conta

o esforco n ecessario a manurencao

dolv ida d orne stic a e f am i li ar. M e smo

quando m arldo e mulher trabalharnem tem po in teg ral, e el a que em geral

assum e a m aioria dos cuidados com

as cr iancas e a responsabilidade de

a ss is ti r o s p are nte s idosos e d oe nte s.

A s rnu lheres trabalham , em media,

m enos horas par sernana e g astam

rnais tem po com a fam ilia e os alazeres

domest i cos qu e homens de grau de ins-

t ru c a o c o rn p ar av el , Para elas, t er f i lho s

sig nif ic a re nd a m en or e p rob ab llid ad e

reduzida de ter urn em prego fixo. Por

outre [ado, os hom en s costumam se

be nef ic ia r prof ission alrn en te qu an do

se torn am p ais. P orta nto, os d if ere nte s

papeis qu e m ulheres e hom ens desem -

PARA CONHECER MAis!~S. ._ :..J

S U M ME R S: opin iiio do ex-reltor d eHarvard i nc en tiv ou n ov as p es qu ls as

penham no cu idado com a fam f!ia

rarnbem podern explicar a evolucao

diferenciada de su a carreira

A pole-m ica cau sada pelo ex-rei tord e H arva rd s e d eve ju sta rn en te a sua

ingenua sirnplicidade. S e 0 pequeno

nu rnero de m ulheres na ciencia F osse 0

re fle xo d a falta de habilidade feminina,

a lI<;;aore su lta nte s eria . n ao podemos

lazer nada alem de aceitar a ordern

n atu ral d as c oisa s. A rea lid ad e, pore m,

e hem rnais cornplexa , H om ens em u,

[h eres te rn seu s pontos f ortes e f racos,

m as rnuito ainda p re cis a s er f eito p ara

livrar 0 sexo fem inino de um a visaoestereotipada e preeonceituosa que

lirn ita h oriz on te s prof ission ais e re ali-

za<;ao pessoal, E a c ien cia te rn m u ito a

g anhar com isso. m e < :

The science of sex differences in science and mathematics. Diane F . Halpern,

C a milla P . B en bow , David C . G eary, R uben C . G ur, Janet S hibley H yde e M orton

Ann G e rn sb ac he r, em P s yc ho lo gic a l S c ie n ce i n t he P ubl ic i nte re st , vol, 8, n2 1, pags.

1-51,2007.

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Entre a euforia e a depressaoDlVERSOS ESCR ITORES FAMOSOS ERAM PORTADORES DE TRANSTORNO BIPOLAR; SEUS

ALTOS E BA IXOS EXTREMOS DERAM ORIGEM A GR AN DES c L A s s l c o s

A s fases da doenca bipolar fa

ceriam 0 p roc es so d e c ria ca o li te

u r n a v ez q ue cor re spond em a altema

c a ra cr er is ti ca d a a ti vi da d e do e sc ri to

p eriod o d e " re colh im e nto" , d e e la

r , : a o de ideias, seg uido de um per iod

p ro du ca o ( in sp ira ca o e tra ns pi ra ca o

c laro qu e isso so f unc ion a n os casas

m oderados, em que a m ania naoe a

pan had a d e m an if estacoe s ag ress

m a s e , a nte s, a qu ila qu e s e c on he ce

I hipom ania, u rn estado no qual a p

se se nte " en erg iz ad a" e p od e tra b

com en tu si asmo.

H on ore d e B alz ac , p ara S tO lT ,e

b ipol ar t fp ic o. N a s la se s rn a is p ro du

o escr it or j ant ava a s 6 d a tard e, d on na I d a m a n ha, levantava, tra ba lh av a d ura nte to da a m a drupa ran do pa ra rom ar caf e, d escan sar e re ceber visi ta s. N ao

ad mira r qu e ten ha esc nto a g ig an resc a obra que e a C O l l1 i d

mana. No s p erf od os d ep re ss iv es , c on ru do , p en sa va em s ui

f im de e sc ritores com o V irg in ia W o olf e E rn est H em in g

A escntora ing lesa teve urna vida atorm entada

surtos d epressives qu e pareciam n ao af eta r su a cria tivid

m as a levararn a entrar no rio Ouse COm ped ras n os b

de seu casacao para se afog ar. J a H em ing way viveu n

rosas aventuras pelo rnundo, escreveu obras de eno

sucesso, m as rinha de lu tar sernpre contra a depressao,

tambem 0 [evou a morte, E eles nao foram os tin icos.os escritores diag nosticados ~ em g eral depois de m

- com o bipolares estao H ans C hristian A ndersen , F

F itzg erald , N icola i G 6g ol, G raham G reene, H enrik I

Joseph C onrad, H erm an M elville, M ary S helley e R

L S tevenson. A perg unta de A rist6 teles nao foi ainda p

m en te respondida , M as aceitar que doenca m en ra I e ta

sao co rnpa tfvei s j a e lim g ra nd e p rog re sso

De n~ a m en ta l e c ri at iv id a de nao

sao categ orias m utu arn en te exd u-

d en te s; a o c on tra rio, [requenternente

estao a ssocia das. A R nal, criar sig nif ica

escaper de padrces habituais, inovar,

surpreender. Ora, essas caracterfsticas

p od em m u ito b ern s er a pl i ca da s a doencam ental, a tal ponto que, para alg uns ar-

tistas, sao insepara veis 0 g ran de pin tor

noruegues E dvard M unch (auror do

fam oso 0 g r i ! o ) e ra p si co ti co , a dm it ia -o ,

m as ternia qu e 0 tratam en to pu desse

reduz ir ou suprim ir seu potencial A

pergunta, pois, se impoe, existe urn

d en om in ad or c om um e ntre c ria tivid ad e

e doenca m ental? A duvida nao e de

hoje. J a havia sido fonnulada por A ris"

t6 teles, no farnoso Problem a X XX "Por que razao todos as

que foram hom ens de excecao no que concerne it f ilosofia,

a poesia all a s artes sa o manijestarnente melancolicos>"

D uas d oen ca s tern sid o a ssocia das ao processo d e criac;a o

artfstlca a e squ iz of re n ia e a d oe nc a b ip ola r N o c as o e sp ed fic o

d a l it era tu re , c on tu do, a con exao parece se l im i t ar ao s b ipo la re s ,

o processo de elaboracao m ental de esquizotrenicos, com

f re qU e nc ia m a ni fe st o n as a rt es p la sti ca s, c om o rn os tra a n ota v el

colecao de obras de pacientes reunida par N ise d a S ilve ira,

parec e se r a lheio ao d a c riar,:ao lite ran a , ja que im plica lim a

d if ic uld ad e d e interaca o com 0 mundo, D if eren te men te d o

jo rn ali sm o , a e ss en ci a d a li te ra tu re n ao re si de n a c om u ni ca ca o,m as e pre cise u m m f nim o d e d ialog o e ntre escritor e lei tor. N o

ca so d o bipolar e ssa com un ic acao aten de a u ma n ece ssid ad e,

C omo diz 0 psiqu iatra in gles A n thon y S torr em T h e d Y l i a m i c 5

o f c re a t i o n (A d lna rn ica da criacao), os bipolares precisam de

a te nc ao e d e a prova ca o, c om o os e se ritore s." R ea d lIIe, d o I ' IO! Ie!

m cd ie " (" L e ia "m e, n ao me de ix e morrer"), im plora a poeta am e-

ric an a E d na S t.Y i nc en t M i la y ( 1892 " [ 950 ) 0 r econh ec im en to

de leitores, m esrno que poucos - G ustave H aubert d iz ia que

'~ 100 le itore s e ra m p ara e le rn ais qu e s uh cie nte s = . representsirn re fo rc o n a a uro -e stim a.

82 M E N T E & C E R E B R O

MOACYR SCLIARe medico, escrltor e me

da Academia Brasileira de L

MARC ;:O

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