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38 REVISTA DOMINGO 39 REVISTA DOMINGO C A PA R I E RASMUSSEM “ME SINTO EM CASA NO RIO... MEU BIQUÍNI NÃO É GRANDE DEMAIS? NÃO QUERO PARECER GRINGA NUMA PRAIA COMO ESSA“ VAI ENCARAR? ELA TAMBÉM ANDA DE SKATE, LUTA JIU JITSU E DÁ PAU NO NAMORADO Além de atriz, roteirista, diretora, fotógrafa, desenhista e modelo, Rie Rasmussem também anda – bem – de skate. E, por onde passa, sai em busca dos melhores picos para praticar. Aqui, descobriu o Parque Garota de Ipanema, no Arpoador. “O lugar excelente para andar de skate e a vista é linda”. Ela também pratica uma série de artes marciais, entre elas o kickboxing e muay thai. A preferida, no entanto, é o jiu jitsu, segundo ela, a única luta onde consegue derrotar o namorado. “Pratico o modelo brasileiro na Califórnia há um bom tempo. É muito bom estar na cidade onde o esporte nasceu. É uma prática famosa no mundo todo. O incrível dessa luta é que a força pouco importa, tudo depende da sua técnica. Posso imobilizar o Nick agora mesmo se quiser”, brinca, referindo-se ao parceiro. “Brian é um mestre, sou fã de muitos trabalhos seus. Era muito louco trabalhar com o diretor de filmes como Scarface, Vestida para matar e Os intocáveis. Ficava no set mesmo depois de ter terminado todo o trabalho, sem nenhuma razão. Na verdade, inventava razão para ir até lá e simplesmente sentar e aprender”. Ela conta que o trabalho com De Palma chamou a atenção da mídia e acabou lhe rendendo um contrato com a Gucci, com quem trabalhou por anos. A carreira de modelo surgia, portanto, como resultado dessa experiência como atriz, e não o contrário, como normalmente se imagina. O namorado Nick, que acompanha a conversa, intervém: “Seu primeiro interesse sempre foi fazer filmes. Lembro da época da faculdade, quando ela fazia roteiros de curtas ótimos e muitas produtoras ofereciam dinheiro para filmar. Mas Rie sempre acreditou no potencial dela e não vendia seus roteiros para ninguém. Ela mesmo os dirigia. Muitos torciam o nariz e diziam: ‘O que essa modelo acha que está fazendo?’”. Por exemplo, o livro Grafiske Historier, lançado em 2007, sob o pseudônimo de Lilly Dillon. A obra é uma coletânea de cinco anos de trabalho, com desenhos, fotos, pinturas, desenho-so- bre-fotos-com-pinturas. Parte do material é consideravelmente erótico. Rie assume que gosta de provocar. Só não sabe dizer em que área de atuação se sai melhor. “Fico incomodada com esse tipo de segmentação. Se você dirige um filme, chamam-lhe de diretora. Se você expõe pinturas, chamam-lhe de pintora. Eu não vejo a arte dessa maneira. A criatividade é um processo evolutivo que não deve ficar preso a denominações”. Admite, porém, que o trabalho de modelo não a satisfazia completamente: “Moda é arte, não tenho a menor dúvida disso. Mas esse meio está contaminado por tanta futilidade, que está perdendo a sua sensibilidade”. Experiência própria na tela Coisa, aliás, que busca inteiramente no cinema. Os filmes são, para ela, uma ferramenta poderosa, capaz de tocar, de uma só vez, um número enorme de pessoas. E é com essa certeza que Rie afirma ter partido para sua primeira experiência como diretora de longa-metragens em Human zoo. O filme narra a história de Adria, uma jovem metade sérvia, metade albanesa que vive como imigrante ilegal em Marselha, durante a Guerra de Kosovo. >>>

Rie Rasmussen 2

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Matéria com a modelo, atriz e diretora Rie Rasmussen

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38 R E V I S T A D O M I N G O 39R E V I S T A D O M I N G O

C A P A R I E R A S M U S S E M

“ME SINTO EM CASA NO RIO... MEU BIQUÍNI NÃO É GRANDEDEMAIS? NÃO QUERO PARECER GRINGA NUMA PRAIA COMO ESSA“

VAI ENCARAR?ELA TAMBÉM ANDA DE SKATE, LUTAJIU JITSU E DÁ PAU NO NAMORADO

Além de atriz, roteirista, diretora,fotógrafa, desenhista e modelo, RieRasmussem também anda – bem – deskate. E, por onde passa, sai em buscados melhores picos para praticar.Aqui, descobriu o Parque Garotade Ipanema, no Arpoador.“O lugar excelente para andarde skate e a vista é linda”.Ela também pratica uma série de artesmarciais, entre elas o kickboxing e muaythai. A preferida, no entanto, é o jiu jitsu,segundo ela, a única luta onde conseguederrotar o namorado. “Pratico o modelobrasileiro na Califórnia há um bomtempo. É muito bom estar na cidade ondeo esporte nasceu. É uma prática famosano mundo todo. O incrível dessa lutaé que a força pouco importa, tudodepende da sua técnica. Posso imobilizaro Nick agora mesmo se quiser”, brinca,referindo-se ao parceiro.

“Brian é um mestre, sou fã de muitos trabalhos seus.Era muito louco trabalhar com o diretor de filmes como Scarface,Vestida para matar e Os intocáveis. Ficava no set mesmo depoisde ter terminado todo o trabalho, sem nenhuma razão. Naverdade, inventava razão para ir até lá e simplesmente sentar eaprender”.

Ela conta que o trabalho com De Palma chamou a atenção damídia e acabou lhe rendendo um contrato com a Gucci, com quemtrabalhou por anos. A carreira de modelo surgia, portanto, comoresultado dessa experiência como atriz, e não o contrário, comonormalmente se imagina. O namorado Nick, que acompanha aconversa, intervém: “Seu primeiro interesse sempre foi fazerfilmes. Lembro da época da faculdade, quando ela fazia roteiros decurtas ótimos e muitas produtoras ofereciam dinheiro para filmar.Mas Rie sempre acreditou no potencial dela e não vendia seusroteiros para ninguém. Ela mesmo os dirigia. Muitos torciam onariz e diziam: ‘O que essa modelo acha que está fazendo?’”.

Por exemplo, o livro Grafiske Historier, lançado em 2007, sobo pseudônimo de Lilly Dillon. A obra é uma coletânea de cincoanos de trabalho, com desenhos, fotos, pinturas, desenho-so-bre-fotos-com-pinturas. Parte do material é consideravelmente

erótico. Rie assume que gosta de provocar. Só não sabe dizerem que área de atuação se sai melhor.“Fico incomodada com esse tipo de segmentação. Se você

dirige um filme, chamam-lhe de diretora. Se você expõepinturas, chamam-lhe de pintora. Eu não vejo a arte dessamaneira. A criatividade é um processo evolutivo que nãodeve ficar preso a denominações”.

Admite, porém, que o trabalho de modelo não a satisfaziacompletamente: “Moda é arte, não tenho a menor dúvidadisso. Mas esse meio está contaminado por tanta futilidade,que está perdendo a sua sensibilidade”.

Experiência própria na telaCoisa, aliás, que busca inteiramente no cinema. Os filmes

são, para ela, uma ferramenta poderosa, capaz de tocar, deuma só vez, um número enorme de pessoas.

E é com essa certeza que Rie afirma ter partido para suaprimeira experiência como diretora de longa-metragens emHuman zoo. O filme narra a história de Adria, uma jovemmetade sérvia, metade albanesa que vive como imigranteilegal em Marselha, durante a Guerra de Kosovo.

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