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36 REVISTA DOMINGO 37 REVISTA DOMINGO C A PA R I E RASMUSSEM O INTERESSE PELA ARTE COMEÇOU AOS 16 ANOS, QUANDO FOI MORAR NA CALIFÓRNIA, ONDE FEZ ESCOLA DE CINEMA Num festival que recebeu nomes como Jeanne Moreau, Isabelle Huppert e Fernando Solanas, os holofotes se voltaram mesmo para a atriz (e diretora de primeira viagem) dinamarquesa, ainda pouco conhecida no mundo do cinema. Irreverente e esbanjando beleza, Rie chamou a atenção nos eventos do festival, sempre com suas botas de couro, suas roupas nada discretas e sua ambiguidade sexual (não faz segredo de sua bissexualidade, mas trouxe o namorado a tiracolo). A cineasta nórdica veio ao Rio pela primeira vez para divulgar seu primeiro longa-metragem, Human Zoo, exibido na mostra Midnight Movies (dedicada a filmes ousados e/ou picantes) do Festival do Rio. Responsável pelo roteiro e direção, ela ainda atua (vive a protagonista, uma jovem traumatizada pelos horrores que viu na guerra civil na Albânia). Muito animada com a recepção brasileira ao filme, quase não consegue conter a animação com seu mais novo projeto. “Foi a primeira vez que dirigi um longa e está sendo ótimo. Eu me sinto em casa no Rio. É estranho. É um dos melhores lugares que já conheci. Gostaria muito de morar e trabalhar aqui” E foi nesse clima meio eufórico que Rie nos recebeu para uma conversa e uma sessão de fotos na praia do Leme. Sua imagem surpreende imediatamente. Vestida com um vestido de seda muito simples e completamente transparente, ela cumprimenta a reportagem animada, ansiosa para começar a fotografar. A conversa é descontraída. “Meu biquíni não é grande demais? Não quero parecer gringa numa praia como essa”. De imagem, ela entende. Se num primeiro momento, a per- sonagem que procurávamos era “apenas” a modelo que havia voltado para si vários dos muitos olhares do festival, descobrimos uma artista multimídia cujo trabalho com fotografias e pinturas é, veja um exemplo nas imagens que acompanham este texto, tão impressionante quanto sua presença física. Na aba de Brian de Palma Ok, foi seu rosto que a tornou conhecida, mas a carreira nas páginas de publicidade é uma consequência na sua vida. Aos 16 anos, deixou a sua Copenhagen natal e foi para Los Angeles, na Califórnia, onde dividia um apartamento com seu atual namorado, Nick Corey, e outros artistas, entre eles os irmãos Owen e Luke Wilson e o cineasta Wes Anderson ( Os excêntricos Tenenbaums ). Sempre fascinada por roteiros e desenhos, começou a escrever suas próprias histórias e storyboards enquanto estudava cinema em Hollywood. Fruto de um desses storyboards, nascia em 2004 seu primeiro curta-metragem, Thinning the herd, mais tarde selecionado para o Festival de Cannes. Antes disso, vale dizer, deu para ver de perto como um mestre das telas atua num set. Numa de suas viagens pela Europa, em 2001, aos 24 anos, foi chamada para fazer uma ponta no filme Femme fatale , que Brian de Palma rodava, em Paris. >>> A artista gosta de provocar. O desenho na outra página foi feito com café, diante do repórter de ‘Domingo’. As outras estão no seu livro ‘Grafiske Historier’

Rie Rasmussen 4

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Matéria com a modelo, atriz e diretora Rie Rasmussen

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Page 1: Rie Rasmussen 4

36 R E V I S T A D O M I N G O 37R E V I S T A D O M I N G O

C A P A R I E R A S M U S S E M

O INTERESSE PELA ARTE COMEÇOU AOS 16 ANOS, QUANDOFOI MORAR NA CALIFÓRNIA, ONDE FEZ ESCOLA DE CINEMA

Num festival que recebeu nomes como Jeanne Moreau,Isabelle Huppert e Fernando Solanas, os holofotes se voltarammesmo para a atriz (e diretora de primeira viagem) dinamarquesa,ainda pouco conhecida no mundo do cinema. Irreverente eesbanjando beleza, Rie chamou a atenção nos eventos do festival,sempre com suas botas de couro, suas roupas nada discretas e suaambiguidade sexual (não faz segredo de sua bissexualidade, mastrouxe o namorado a tiracolo).

A cineasta nórdica veio ao Rio pela primeira vez para divulgarseu primeiro longa-metragem, Human Zoo, exibido na mostraMidnight Movies (dedicada a filmes ousados e/ou picantes) doFestival do Rio. Responsável pelo roteiro e direção, ela aindaatua (vive a protagonista, uma jovem traumatizada pelos horroresque viu na guerra civil na Albânia). Muito animada com arecepção brasileira ao filme, quase não consegue conter aanimação com seu mais novo projeto.

“Foi a primeira vez que dirigi um longa e está sendo ótimo. Eume sinto em casa no Rio. É estranho. É um dos melhores lugaresque já conheci. Gostaria muito de morar e trabalhar aqui”

E foi nesse clima meio eufórico que Rie nos recebeu para umaconversa e uma sessão de fotos na praia do Leme. Sua imagemsurpreende imediatamente. Vestida com um vestido de sedamuito simples e completamente transparente, ela cumprimenta areportagem animada, ansiosa para começar a fotografar.

A conversa é descontraída. “Meu biquíni não é grandedemais? Não quero parecer gringa numa praia como essa”.De imagem, ela entende. Se num primeiro momento, a per-sonagem que procurávamos era “apenas” a modelo que haviavoltado para si vários dos muitos olhares do festival, descobrimosuma artista multimídia cujo trabalho com fotografias e pinturas é,veja um exemplo nas imagens que acompanham este texto, tãoimpressionante quanto sua presença física.

Na aba de Brian de PalmaOk, foi seu rosto que a tornou conhecida, mas a carreira nas

páginas de publicidade é uma consequência na sua vida. Aos 16anos, deixou a sua Copenhagen natal e foi para Los Angeles, naCalifórnia, onde dividia um apartamento com seu atual namorado,Nick Corey, e outros artistas, entre eles os irmãos Owen e LukeWilson e o cineasta Wes Anderson (Os excêntricos Tenenbaums).Sempre fascinada por roteiros e desenhos, começou a escrever suaspróprias histórias e storyboards enquanto estudava cinema emHollywood. Fruto de um desses storyboards, nascia em 2004 seuprimeiro curta-metragem, Thinning the herd, mais tarde selecionadopara o Festival de Cannes. Antes disso, vale dizer, deu para ver deperto como um mestre das telas atua num set. Numa de suas viagenspela Europa, em 2001, aos 24 anos, foi chamada para fazer uma pontano filme Femme fatale, que Brian de Palma rodava, em Paris.

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A artista gostade provocar.O desenho naoutra páginafoi feito comcafé, diante dorepórter de‘Domingo’.As outrasestão no seulivro ‘GrafiskeHistorier’