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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL
CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” DE ESPECIALIZAÇÃO DE ENFERMAGEM DO TRABALHO
JULIANA AMERICANO DA COSTA QUEIROZ
RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE
DE TERAPIA INTENSIVA
SALVADOR – BA 2010
1
JULIANA AMERICANO DA COSTA QUEIROZ
RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE
DE TERAPIA INTENSIVA
Monografia apresentada à Universidade Castelo Branco, ATUALIZA – Associação Cultural, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Enfermagem do Trabalho, sob orientação do professor Fernando Reis do Espírito Santo.
SALVADOR – BA 2010
2
Aos enfermeiros que diariamente expõem-se a riscos ocupacionais exercendo a arte do cuidar e aos futuros
profissionais de segurança do trabalho, que possam cada vez mais minimizar a exposição aos riscos ocupacionais
promovendo um ambiente de trabalho cada vez mais salubre.
3
Agradeço a Deus, sempre presente na minha vida; À minha família que sempre compreendeu os meus momentos de ausência;
Aos amigos que sempre me dão força; Ao corpo docente da Atualiza pelos ensinamentos transmitidos ao longo do curso de
Enfermagem do Trabalho; Ao mestre Fernando Reis do Espírito Santo pelas orientações metodológicas;
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta pesquisa.
4
“Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas!”
Mário Quintana
5
RESUMO
Este estudo aborda os riscos ocupacionais a que estão expostos os trabalhadores de enfermagem de uma unidade de terapia intensiva, considerando as diversas formas de controle e prevenção desses riscos, além de evidenciar a evolução da importância dada à Saúde do trabalhador, ao longo do tempo. Tem como objetivo identificar, a partir da literatura, os riscos ocupacionais a que estão expostos os profissionais de enfermagem que atuam em uma unidade de terapia intensiva. Trata-se de uma revisão bibliográfica, de natureza qualitativa e caráter exploratório e explicativo, onde foram utilizados como referência publicações, periódicos (livros, revistas) e bases de dados LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde). Os resultados mostram que são necessárias mudanças no ambiente de trabalho para minimizar os riscos no ambiente laboral, além de treinamento, conscientização de práticas seguras e fornecimento de dispositivos de segurança aos trabalhadores.
Palavras-chave: saúde do trabalhador de enfermagem – riscos ocupacionais –
prevenção e controle de riscos
6
ABSTRACT
This study addresses the occupational risks faced by the nursing staff of an intensive
care unit, considering the various forms of control and prevention of these risks, in
addition to showing the evolution of the emphasis on worker's health over time. Aims to
identify, from the literature, occupational risks they are exposed to the nursing
professionals who work in an intensive care unit. This is a literature review, qualitative
and exploratory and explanatory, which were used as reference publications, periodicals
(books, magazines) and databases LILACS (Latin American and Caribbean Health
Sciences) and MEDLINE (International Literature in Health Sciences). The results
show that changes are needed in the workplace to minimize risks in the workplace, in
addition to training, awareness of security and provision of safety devices for workers.
Keywords: occupational health - occupational risks - prevention and risk control -
nursing
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................08
2. REVISÃO DA LITERATURA .........................................................................13
2.1. A EVOLUÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR.......................................13 2.2. FATORES DE RISCO OCUPACIONAL.........................................................19
2.2.1- Riscos físicos ......................................................................................22 2.2.2- Riscos Químicos .................................................................................24 2.2.3- Riscos Biológicos ...............................................................................25 2.3.4- Riscos de Acidentes ...........................................................................26 2.2.5- Riscos Ergonômicos ...........................................................................27
2.3. PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS OCUPACIONAIS...................29
2.3.1- Prevenção e controle dos riscos físicos .............................................38 2.3.2- Prevenção e controle dos riscos químicos .........................................39 2.3.3- Prevenção e controle dos riscos biológicos .......................................41 2.3.4- Prevenção e controle dos riscos de acidentes ....................................42 2.3.5- Prevenção e controle dos riscos ergonômicos ...................................43
2.4. ATENÇÃO À SAÚDE DOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM .....44
2.5. SITUAÇÃO DOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM NO BRASIL
.............................................................................................................................48
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................51 4. REFERÊNCIAS...................................................................................................53
5. ANEXO I ............................................................................................................59
8
1. INTRODUÇÃO
� Apresentação do objeto de estudo
A sociedade contemporânea é marcada pelas preocupações com a melhoria da qualidade
de vida, pautada pelo processo de aprendizagem contínua. Nesse contexto, não se pode
perder de vista o reconhecimento e a valorização do profissional, assim como a
importância da participação individual e coletiva como agente de mudanças.
Os riscos ambientais a que estão sujeitos os trabalhadores de qualquer atividade laboral
são comumente estudados segundo seus agentes causadores, que podem ser de natureza
física, biológica, química e mecânica, de acordo com a NR (Brasil 1990). Porém, deve-
se levar em conta também, os riscos de ordem psicossocial considerados pela legislação
dos EUA (1985). Além de conhecer os riscos de acidentes, deve ser estabelecida uma
rotina de análise das causas e das circunstâncias em que eles ocorrem, abordando-as em
campanhas de prevenção, adotando medidas para diminuí-las e reavaliando
periodicamente essas ações preventivas.
A Saúde do Trabalhador constitui-se num campo na área da Saúde Coletiva em plena
construção, cujo objeto está centrado no processo saúde-doença dos trabalhadores, dos
diversos grupos populacionais, em sua relação com o trabalho. Este estudo apresenta
revisão de literatura a respeito dos riscos ocupacionais que podem acometer os
trabalhadores de unidades hospitalares. Estratégias preventivas apresentam-se como
desafio para administradores e trabalhadores, em que o maior ganho está na promoção
da saúde destes profissionais.
Saúde ocupacional implica na soma de todos os esforços para melhorar a saúde do
trabalhador. O objetivo básico é a prevenção em todos os níveis. O grande empenho é
fazer do ambiente de trabalho um local física e psicologicamente saudável, para que o
trabalhador possa continuar sadio, adaptando-se às exigências do serviço, de modo a
resguardar o seu bem estar físico e mental.
9
O ambiente de trabalho hospitalar tem sido considerado insalubre por agrupar pacientes
portadores de diversas enfermidades infectocontagiosas e viabilizar muitos
procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para os trabalhadores da
saúde.
Poucos locais de trabalho são tão complexos como um hospital. Os trabalhadores
potencialmente expostos aos riscos precisam estar informados e treinados para evitar
problemas de saúde e métodos de controle devem ser instituídos para prevenir
acidentes. Esses métodos podem ser usados para riscos ambientais, incluindo a
substituição do agente de risco, controles de engenharia, práticas de trabalho,
equipamentos de proteção pessoal, controles administrativos e programas de exames
médicos.
� Justificativa O ambiente de trabalho hospitalar é considerado insalubre, pois agrupa pacientes
portadores de diversas enfermidades infectocontagiosas e viabiliza muitos
procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para os trabalhadores da
saúde. Os trabalhadores potencialmente expostos aos riscos precisam estar informados e
treinados para evitar problemas de saúde, e métodos de controle devem ser instituídos
para prevenir acidentes. (NISHIDE, 2004).
Um estudo realizado em 1971, sobre a saúde ocupacional, observou que ocorreram
4.468 acidentes de trabalho em estabelecimentos hospitalares brasileiros, sugerindo a
necessidade de procedimentos preventivos para o controle dos riscos ocupacionais.
A partir da década de 80 houve maior interesse dos profissionais da área da saúde no
estudo das repercussões do processo de trabalho hospitalar como causador de doenças e
acidentes em seus trabalhadores e usuários.
Numa UTI são fundamentais os recursos que propiciem segurança aos pacientes e
trabalhadores sob condições normais e de emergência, portanto, estudos que tenham
como objetivos o conhecimento dos riscos ocupacionais e o uso dos equipamentos de
10
proteção individual entre os trabalhadores de enfermagem são atuais e poderão
contribuir, em parte, para a prevenção de acidentes do trabalho e a melhoria do
ambiente laboral.
Assim, a realização deste trabalho é de extrema importância para profissionais da área
de saúde em geral e principalmente para a equipe de enfermagem, além de estudantes,
pois identifica os riscos ocupacionais a que estes profissionais estão diariamente
expostos, assim como esclarece as possibilidades de minimizar ou até excluir esses
riscos.
Relevante também para gestores de saúde e profissionais de segurança do trabalho
(médico, enfermeiro, técnico, engenheiro...), que devem preocupar-se cada dia mais
com essas questões e aplicar condutas de prevenção e controle, intensificando, nos seus
serviços, o aperfeiçoamento dos EPCs (Equipamentos de proteção coletiva) e
divulgando a necessidade e importância do uso de EPIs (Equipamentos de proteção
individual).
Para o pesquisador é de fundamental importância porque, além de aprofundar seus
conhecimentos sobre o tema, é também um requisito da Universidade Castelo Branco,
ATUALIZA – Associação Cultural, para obtenção do título de Especialista em Enfermagem do
Trabalho.
� Problema
Dentro desse contexto, o presente estudo levantou algumas indagações a propósito de
suas questões de pesquisa. Sabe-se que com o aumento da jornada de trabalho – como
dobra de plantões, substituição de colegas, entre outros – o trabalhador fica mais
exposto aos acidentes. Quais os principais riscos ocupacionais a que estão expostos os
trabalhadores de enfermagem em uma unidade de Terapia Intensiva?
11
� Objetivo
Este estudo tem como objetivo identificar, a partir da literatura, os riscos ocupacionais a
que estão expostos os profissionais de enfermagem que atuam em uma unidade de
terapia intensiva.
� Metodologia
Trata-se de uma revisão bibliográfica, de natureza qualitativa e caráter exploratório e
explicativo, onde foram utilizados como referência publicações, periódicos (livros,
revistas) e bases de dados LILACS (Literatura latino americana e do caribe em ciências
da saúde) e MEDLINE (Literatura internacional em ciências da saúde).
A pesquisa qualitativa é basicamente aquela que busca entender um fenômeno
específico em profundidade. Ao invés de estatísticas, regras e outras generalizações, a
qualitativa trabalha com descrições, comparações e interpretações. É mais participativa
e, portanto, menos controlável.
Segundo Minayo (1999) “a abordagem qualitativa não pode pretender o alcance da
verdade, com o que é certo ou errado; deve ter como preocupação primeira a
compreensão da lógica que permeia a prática que se dá na realidade”.
Essa pesquisa tem caráter exploratório e explicativo, pois, classifica, caracteriza e define
o problema em estudo, além de identificar fatores determinantes para a ocorrência dos
riscos ocupacionais que ocorrem com os trabalhadores de enfermagem de uma unidade
de terapia intensiva.
Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica, abrange toda a bibliografia já tornada
pública em relação ao tema de estudo (publicações avulsas, boletins, jornais, revistas,
livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico e meios de comunicação).
Procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em
12
documentos. Busca-se conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas
existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema.
� Estrutura do trabalho
Este estudo esta constituído de quatro sessões. Na 1ª sessão abordamos alguns conceitos
básicos sobre temas fundamentais para o entendimento e melhor esclarecimento do
objeto de estudo. Na segunda sessão, pontuamos os riscos ocupacionais a que estão
expostos os profissionais de enfermagem de uma UTI, classificando cada um deles
quanto a sua natureza: risco físico, risco químico, risco biológico, risco de acidentes ou
riscos ergonômicos. Posteriormente, abordamos de forma específica os métodos de
prevenção e controle desses riscos. Num terceiro momento, é discutido o aumento
gradual da atenção que tem sido dispensada aos trabalhadores de enfermagem ao longo
do tempo. Por fim, na quinta sessão, a situação atual dos trabalhadores de enfermagem
no Brasil é estudada.
13
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1-A EVOLUÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
Desde a antiguidade o trabalho já era visto como um fator gerador e modificador das
condições de viver, adoecer e morrer dos homens. O surgimento da Revolução
Industrial, na Inglaterra, trouxe muitas transformações para a sociedade, principalmente
para a classe trabalhadora. Tais transformações repercutiram de forma negativa no que
diz respeito ao bem-estar físico e psicológico do trabalhador, sendo o mesmo obrigado a
executar longas jornadas de trabalho em ambientes sem segurança, tendo que manusear
máquinas tecnologicamente avançadas, com as quais não estavam habituados, gerando
assim graves acidentes de trabalho como: mutilação, intoxicação, desgaste físico, etc.; o
que ocorria principalmente com as mulheres que ocupavam o mercado de trabalho em
grande número por serem consideradas mão-de-obra barata. Com isso, os antigos
direitos humanos à vida e à subsistência tinham de ser repensados. (MIRANDA, 1998:
3).
Ao se verificar a necessidade de mudar tal situação foram constituídas mobilizações
políticas, a fim de se criar medidas legais que proporcionassem ao trabalhador melhores
condições de trabalho. No início do século XIX a Medicina do trabalho teve seu marco
inicial, com o surgimento das primeiras leis de saúde pública que marcadamente
abordavam a questão da saúde dos trabalhadores. (Act Factory, 1833) Em 1802, na
Inglaterra, foi criada a primeira Lei de proteção ao trabalhador, a “Lei de Saúde e Moral
de Aprendizes”, que estabelecia a jornada de trabalho em doze horas diárias, proibia o
trabalho noturno e determinava a obrigatoriedade de medidas de melhoramento no
ambiente de trabalho, exigindo um ambiente arejado, limpo e seguro aos funcionários.
Foi a primeira conquista da classe trabalhadora no que concerne a higiene e segurança
do trabalho.
Em 1834 ocorreu também na Inglaterra, a contratação do primeiro Inspetor-Médico de
fábricas, medida posteriormente adotada por outros países, passando-se a submeter os
14
funcionários a exames médicos admissionais e periódicos, como forma de cuidar e
controlar a saúde dos trabalhadores nas fábricas.
Em 1862, na França, ocorre a regulamentação da Segurança e Higiene do Trabalho. Em
1865, na Alemanha, surge a “Lei de Indenização Obrigatória dos Trabalhadores”, a qual
responsabilizava o empregador a pagar ao empregado pelo acidente de trabalho e em
1873, criou-se a primeira Associação de Higiene e Prevenção de Acidentes, que visava
prevenir o acidente e ampara o trabalhador acidentado.
O Brasil na condição de país colonizado e com um desenvolvimento tecnológico tardio,
teve sua economia baseada na mão-de-obra escrava e na agricultura de exportação. A
preocupação com a saúde do trabalhador só ocorreu a partir do surgimento de epidemias
como a febre amarela, a cólera e a peste, que mataram dezenas de trabalhadores,
ocasionando assim, prejuízos para a economia da época. É durante o ciclo do café e o
início da industrialização brasileira, no início do século XX, que ocorre a divisão
internacional do trabalho e a saúde pública volta-se para o combate das epidemias, com
destaque para o sanitarista Osvaldo Cruz.
Entretanto, a intervenção da saúde pública nas fábricas é insatisfatória considerando-se
a precariedade das condições de trabalho na época. A classe trabalhadora, inconformada
com tal situação, dá início aos movimentos sociais de luta por seus direitos,
organizando-se em grandes greves. Em decorrência dessas manifestações e da
insatisfação da classe, foram sendo criadas leis objetivando a regulamentação da
questão da higiene e segurança do trabalhador em seu ambiente de trabalho, assim como
o surgimento do primeiro médico de fábrica, no Brasil.
No inicio do século XX a medicina estava voltada para o combate ás grandes epidemias
e os serviços de saúde das empresas eram focados no atendimento de urgências e
acidentes de trabalho, pois eram péssimas as condições de trabalho que existiam.
Em 1919, foi regulamentada a Lei n.º 3.724, de 15//01/1919, que compreende a
intervenção do Estado nas condições de trabalho no Brasil. Foi também criada a OIT
(Organização Internacional do Trabalho), que já reconhecia a existência de doenças
profissionais. Desenvolviam-se os primeiros conceitos de Higiene Industrial, de
15
Ergonomia e fortalecia-se a Engenharia de segurança do trabalho. Em 1923, o Decreto
n.º 16.027, de 30/04/1923, cria o Conselho Nacional do Trabalho, cuja função é o
controle e a supervisão no que diz respeito à Previdência Social. Tudo isso veio
configurar um novo modelo baseado na interdisciplinariedade e na
multiprofissionalidade, a Saúde Ocupacional, nasceu com uma visão muito mais ampla
que o modelo original de Medicina do Trabalho.
Em 1930, o Decreto n.º 19.433, de 26/11/1930, cria o Ministério do Trabalho, Indústria
e Comércio, tendo como área de atuação a Higiene e a Segurança do Trabalho,
conforme o artigo 200 da Constituição Federal de 1988. Em 1934, criou-se a Inspetoria
de Higiene e Segurança do Trabalho, atualmente Secretaria de Segurança e Saúde no
Trabalho, órgão fiscalizador e controlador do cumprimento das leis referentes à
segurança e medicina do trabalho.
Na década de 40 os problemas causados pelo trabalho começaram a ser estudados. Em
meio a todas estas leis, que os trabalhadores consolidaram seus direitos em 1943, com a
implantação do Código de Legislação Trabalhista – CLT, o qual vem regulamentar
todas as normas trabalhistas determinando os direitos e deveres de empregador e
empregado, não só no que diz respeito à segurança do trabalho, como também à jornada
de trabalho, salário, previdência social, aposentadoria, etc.
Em 1944, o Decreto-lei n.º 7.036, de 10/11/1944, institui o seguro obrigatório ao
trabalhador acidentado e a constituição de comissão interna de prevenção de acidentes
(CIPA) para representar os trabalhadores no que concerne a higiene e segurança no
trabalho, em empresas com mais de cem empregados. A princípio não foi dada às
CIPAS a importância devida em decorrência da falta de estrutura e conhecimento das
empresas sobre o assunto. “Pelo que consta, o êxito não foi aquele que se esperava.
Cremos que o insucesso não foi devido às falhas da lei, mas sim em decorrência da
imaturidade empresarial da época”. (ZÓCCHIO,1973: 19). E em 1945, a Portaria nº
229, de 19/06, regulamentou definitivamente o nome dado a Comissão e tornou
obrigatória a sua implantação em empresas com mais de cem empregados.
Em 1953 foi aprovada a nova regulamentação da CIPA, através da Portaria nº 155/53,
do Ministério do Trabalho, a qual consolidou algumas atribuições dos membros da
16
CIPA o que contribuiu para a organização e integração de patrões e empregados num
trabalho conjunto pela prevenção de acidentes de trabalho. (TRINDADE, 2001).
Surge em 50 o conceito de saúde ocupacional.
“A Saúde Ocupacional surge, nas grandes empresas, com o traço da multi e
interdisciplinaridade, com a organização de equipes multiprofissionais, e a
ênfase na higiene industrial, com lugar de destaque na indústria nos países
industrializados” (MENDES, 1991)
Na década de 60, por força dos movimentos sociais sentia-se a necessidade de uma
maior participação dos trabalhadores e da sociedade como um todo, na discussão das
grandes questões pertinentes à área.
Durante a década de 70, houve na Itália um movimento de trabalhadores exigindo maior
participação nas questões de saúde e segurança, o que resultou em mudanças na
legislação, tais como a participação das entidades sindicais na fiscalização dos
ambientes de trabalho, o direito à informação (riscos, comprometimento ambiental,
mudanças tecnológicas) e, finalmente, melhoramento significativo nas condições e
relações de trabalho.
“Saúde do trabalhador é a área de conhecimento e aplicação técnica que
da conta do entendimento dos múltiplos fatores que afetam a saúde dos
trabalhadores e seus familiares, independente das fontes de onde
provenham das conseqüências da ação desses fatores sobre tal população
(doenças) e das variadas maneiras de atuar sobre estas condições...”
(MENDES, 1991)
Em 1978, foi aprovada pelo Ministério do Trabalho, a Portaria nº 3.214, que
regulamentava as Normas Regulamentadoras da Segurança e Medicina do Trabalho,
que orientam as obrigações das empresas em relação ao trabalho e aos trabalhadores. O
Decreto n.º 3.048, de 6/5/1999, aprova o Regulamento de Benefícios da Previdência
Social, o qual revogou o Decreto n.º 2.172/97, mas manteve o conceito de acidentes do
trabalho da Lei n.º 8.213 /91, a qual dá nova redação ao Regulamento ao Plano de
17
Benefícios da Previdência Social que assegura ao empregado benefícios como: auxílio-
acidente, auxílio-doença e aposentadoria e aos seus dependentes o recebimento de
pensão no caso de morte .
“Em síntese, a saúde dos trabalhadores não é, a rigor,
uma preocupação recente, pois o impacto da Revolução
Industrial na Europa, durante o século passado, foi tão
espetacular e espoliador da vida operária, que
necessariamente se converteu num tema de estudo e de
ação”. (MIRANDA, 1998: 3).
Em 1991, através do decreto 127, de 22/05/91, foi promulgada a Convenção 161 da OIT
(Organização Internacional do Trabalho) relativa aos serviços de saúde do trabalhador.
Este documento instituído por vários países estabelece que os SST (serviços de saúde do
trabalhador) devem ser investidos de funções essencialmente preventivas e serem
encarregados de aconselhar o empregador, os empregados e seus representantes na
empresa sobre a manutenção do ambiente de trabalho seguro e saudável, e como adaptar
o trabalho ao trabalhador, levando em conta seu estado de saúde.
Todo esse processo teve como propósito assegurar a proteção e saúde física e mental do
trabalhador a partir das transformações ocorridas com a Revolução Industrial, através da
implantação de leis e normas que visam garantir os direitos dos trabalhadores em caso
de acidentes de trabalho, assim como oferecendo-lhes condições materiais e espaço
físico adequados ao bom desempenho de suas atividades profissionais. É fundamental
ressaltar a importância das conquistas alcançadas pela classe trabalhadora no que se
refere a sua saúde e proteção ao longo de todos esses anos e a regulamentação de seus
direitos enquanto trabalhador e cidadão.
De acordo com a lei nº 6.367, de 10/10/1976, regulamentada pelo decreto nº 79.037, de
24/12/1976, “acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte ou perda ou redução permanente ou temporária da capacidade de trabalho”. Na
maioria das vezes, os acidentes ocorrem de forma imprevisível embora perceba-se
18
antecipadamente, pelas condições de trabalho, os riscos a que os empregados estão
expostos.
A saúde do trabalhador constitui uma área da saúde publica que tem como objetivo de
estudo e intervenção as relações entre o trabalho e a saúde. É definida como um
conjunto de atividades que destinam por meio das ações de vigilância epidemiológica e
vigilância sanitária, à promoção e à proteção da saúde do trabalhador, assim como visa à
assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento
e reabilitação dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições
de trabalho.
O processo de segurança e prevenção de acidentes de trabalho deve ser entendido,
dentro da empresa moderna, como uma necessidade de qualquer sistema produtivo e
como um direito de todo ser humano que se dedica ao trabalho. (DELA COLETA,
1991).
19
2.2-FATORES DE RISCO OCUPACIONAL
Risco ocupacional é definido como a probabilidade de ocorrer um evento bem definido
no espaço e no tempo, durante a realização de atividades no trabalho, que causa dano à
saúde, às unidades operacionais ou dano econômico/financeiro. O risco ocupacional
decorre da exposição do trabalhador a fatores de risco no ambiente de trabalho, de
diversas espécies. (BULHÕES, 1994)
Segundo Guedes e Mauro (2005), entende-se como fator de risco as características de
trabalho que são capazes de provocar acidentes, danos ou doenças para a saúde do
trabalhador, provocando o seu afastamento temporário ou permanente das suas
atividades laborais.
O risco é a expressão de uma qualidade ambiental que apresente características de
possível efeito maléfico para a saúde e/ou meio ambiente. Para uma melhor definição, é
importante considerar a diferença entre risco e perigo:
“Risco é a probabilidade ou chance de lesão ou morte” (SANDERS e
MCCORMICK, 1993);
“Perigo é uma condição ou um conjunto de circunstâncias que têm o
potencial de causar ou contribuir para uma lesão ou morte” (SANDERS e
MCCORMICK, 1993).
Existe perigo na manipulação de determinados produtos químicos ou biológicos, porém
o risco dessa atividade pode ser considerado baixo se forem observados todos os
cuidados necessários e utilizados os equipamentos de proteção adequados.
Riscos Ocupacionais são fatores que levam alguma possibilidade de perigo ou dano ao
trabalhador. De acordo com a Portaria n0 3.214, do Ministério do Trabalho do Brasil, de
1978, os riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores, presentes ou relacionados ao
trabalho, podem ser classificados em cinco grupos (Quadro 1):
20
� Riscos Físicos,
� Riscos Químicos,
� Riscos Biológicos,
� Riscos de Acidentes,
� Riscos Ergonômicos.
Estes riscos podem ser:
- Oculto: quando por ignorância, falta de conhecimento ou informação,
irresponsabilidade, incompetência, o trabalhador sequer suspeita de sua
existência;
- Latente: quando o risco só se manifesta e causa danos em situações de
emergência ou condições de estresse. O trabalhador sabe da existência dos
riscos, mas as condições de trabalho o forçam a isso. Fato bem corriqueiro, aliás,
no cotidiano da enfermagem;
- Real: conhecidos de todos, mas sem possibilidades de controle, quer por
inexistência de solução para tal, quer pelos altos custos exigidos, quer, ainda, por
falta de vontade política.
No que diz respeito aos acidentes de trabalho que atingem os trabalhadores das unidades
hospitalares, vale destacar que estes são ambientes complexos que apresentam elevado
número de riscos ocupacionais para os seus profissionais, os predispondo à ocorrência
de acidentes de variadas naturezas. Estas ocorrências derivam de complexas inter-
relações e não devem ser analisadas de forma isolada, como evento particular, mas,
através do estudo do contexto dos processos de trabalho e produção, das formas como o
trabalho é organizado e realizado, das condições de vida dos profissionais expostos, das
cargas de trabalho presentes no dia-a-dia dos trabalhadores.
Os fatores de risco biológico, físico e químico, presentes no meio hospitalar, são os
principais caracterizadores da insalubridade e da periculosidade desse setor. Quando
não devidamente controlados, esses agentes causam inúmeros acidentes e doenças
profissionais ou do trabalho.
21
QUADRO 1 -Classificação dos Principais Riscos Ocupacionais em Grupos de acordo com sua Natureza e a padronização das cores correspondentes
Grupo 1 Grupo2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo5 Verde Vermelho Marrom Amarelo Azul Riscos Riscos Riscos Riscos Riscos de Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes
Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico
intenso Arranjo físico inadequado
Vibrações Fumos Bactérias
Levantamento e transporte
manual de peso
Máquinas e equipamentos sem proteção
Radiações ionizantes Névoas Protozoários
Exigência de postura
inadequada
Ferramentas inadequadas ou
defeituosas
Radiações não ionizantes Neblinas Fungos
Controle rígido de produtividade
Iluminação inadequada
Frio Gases Parasitas Imposição de
ritmos excessivos Eletricidade
Calor Vapores Bacilos Trabalho em
turno e noturno
Probabilidade de incêndio ou
explosão
Pressões anormais
Substâncias, compostos ou
produtos químicos
Jornadas de trabalho
prolongadas Armazenamento
inadequado
Umidade Monotonia e
repetitividade Animais
peçonhentos
Outras situações causadoras de
stress físico e/ou psíquico
Outras situações de risco que
poderão contribuir para a ocorrência de
acidentes
Fonte: www.ifi.unicamp.br/~jalfredo/TabelaI.htm
22
2.2.1- RISCOS FÍSICOS
De acordo com a NR 9 (9.1.5.1), consideram-se agentes físicos as diversas formas de
energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como:
� Ruído - definido como um som indesejável, produto das atividades diárias da
comunidade. O som representa as vibrações mecânicas da matéria através do qual
ocorre o fluxo de energia na forma de ondas sonoras. Incomoda o trabalhador no
exercício da sua atividade, em altos decibéis podem provocar danos à saúde.
� Vibração - É qualquer movimento que o corpo executa em torno de um ponto
fixo. Esse movimento pode ser regular, do tipo senoidal ou irregular, quando não
segue um padrão determinado. Assim como o ruído, pode provocar danos à saúde
se houver exposição em altos decibéis.
� Radiação ionizante - São emissões de energia em diversos níveis, desde a faixa
do visível, passando pelo ultravioleta, raios-X, raios gama, partículas alfa e beta
capazes de em contato com elétrons de um átomo, retirá-los, provocando a
ionização dos mesmos.
� Radiação não ionizante - Ao contrário da anterior, não tem poder de ionização.
Apenas podem ativar todo o conjunto de átomos que recebem esta carga de
energia. São classificadas pelo comprimento de onda de nanômetros a
quilômetros. Conforme a sua freqüência podem ser apenas refletidas e
absorvidas sem conseqüências, a medida que aumentam fazem contrações
cardíacas, debilitação do sistema nervoso central e como efeitos agudos causam
catarata ou até mesmo a morte. Fator determinante é o tempo de exposição. São
exemplos: raios visíveis, infravermelho, microondas, freqüência de rádio, raios
laser.
23
� Umidade - Faixa de conforto a que corresponde à temperatura de 22 a 26 º C e
umidade relativa do ar entre 45 e 50 %.
� Variações atmosféricas - exposição a temperaturas e climas variáveis e/ou
extremados, pressão atmosférica;
Os profissionais de enfermagem estão diariamente expostos a múltiplos agentes de
riscos físicos, dentre eles:
� Equipamentos ligados as rede elétrica que podem provocar uma sobrecarga
tensional da rede elétrica e acidente de trabalho pela falta de identificação e
padronização dos aparelhos;
� Informação insuficiente sobre o funcionamento de maquinas e equipamentos,
manutenção precária;
� Transporte e deslocamento de pacientes, principalmente pacientes acamados,
obesos, de difícil movimentação.
� Inadequação ao ambiente e aos instrumentos de trabalho: iluminação e
ventilação deficientes, pisos brilhantes, molhados e escorregadios,
� Falhas na sinalização ou identificação de áreas e materiais de risco
radioativo, laser ou outros.
� Falta de programas de prevenção e controle de incêndio e explosões.
As conseqüências causadas pelos fatores de risco físico estão diretamente e
proporcionalmente relacionadas ao tempo de exposição, às concentrações ou
24
intensidade e características dos agentes, assim como à susceptibilidade individual de
cada profissional exposto. (BULHÕES, 1998)
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera como principais fatores de
risco para os trabalhadores de saúde, radiações ionizantes, ruído, temperatura e
eletricidade. Todavia os demais agentes físicos podem e normalmente estão presentes
no ambiente hospitalar. (BRASIL, 1995)
2.2.2 - RISCOS QUÍMICOS
São classificados como agentes químicos, as substâncias, compostos ou produtos que
possam penetrar no organismo pela via respiratória, ou que, pela natureza da atividade
de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou
por ingestão. (9.1.5.2 – NR 9).
De fato, as exposições ocupacionais envolvem várias substâncias, simultâneas ou
sucessivamente, especialmente aos trabalhadores de enfermagem.
Sob formas diversas, os riscos químicos podem ser:
� Contato com soluções químicas: líquidos, aerossóis, gases, poeiras, vapores;
� Manipulação de substâncias que podem produzir alguma toxicidade em quem os
manipula: alvejantes, chumbo, desinfetantes, anestésicos, compostos químicos,
fotográficos;
� Falhas técnicas quanto à concentração e indicação de desinfetantes ou outras
substâncias;
25
� Falhas na identificação e sinalização de produtos tóxicos.
Os trabalhadores de saúde estão expostos à enorme variedade de produtos tóxicos.
Centenas de substâncias são de uso hospitalar, todas elas podendo constituir-se em risco
químico. (SILVA, 1996). Anestésicos, esterilizantes, desinfetantes, solventes, agentes
de limpeza, anti-sépticos, detergentes e medicamentos diversos são diariamente
manipulados pelo trabalhador de enfermagem. “Tudo é veneno, não há nada que não
seja veneno. Depende tão somente da dose”, dizia Paracelso (1493 – 1541). Apesar
disso, os efeitos produzidos por essas substâncias são raramente associados à toxicidade
das mesmas.
2.2.3- RISCOS BIOLÓGICOS
Consideram-se agentes biológicos os microorganismos como bactérias, fungos,
parasitas, bacilos, vírus, protozoários e ricketesias dentre outros. (9.1.5.3 – NR 9 c/c IN
84, art. 146, § 2º, III).
Abrangem doenças transmissíveis agudas e crônicas, parasitoses, reações tóxicas e
alérgicas a plantas e animais. Para o trabalhador hospitalar, esse risco é representado
principalmente pelas infecções causadas por bactérias, vírus, fungos, parasitos entre
outros. (COHN, 1985) A enfermagem encontra-se particularmente exposta a riscos
microbiológicos devido ao contato íntimo e freqüente com os pacientes infectados e
conseqüente exposição a materiais biológicos. Podemos destacar os seguintes exemplos:
� Contato com sangue e outros fluidos corporais;
� Manipulação de amostras patológicas;
� Densa população microbiológica hospitalar e resistente, infecções cruzadas;
26
� Inadequados tratamento e eliminação do lixo;
� Falhas no processo de desinfecção, esterilização e assepsia;
� Deficiência de higiene e de limpeza;
� EPI (Equipamento de Proteção Individual), insuficiência ou falta de material
para se trabalhar com segurança;
� Manipulação de materiais perfuro-cortantes, ocorrência de ferimentos e outras
dermatoses;
� Falta de identificação e sinalização de material infectado;
� Carência ou inadequação de programas de saúde ocupacional com atenção
especial para a biosegurança;
� Inexistência de programas de imunização para os trabalhadores expostos.
2.2.4- RISCOS DE ACIDENTES
Quaisquer fatores que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua
integridade, e seu bem estar físico, mental e social é considerado como risco de
acidente. (COHN, 1985) Sendo eles caracterizados por:
� Jornadas prolongadas de trabalho;
� Turnos alterados ou trabalho noturno e em turnos que provocam um desgaste
levando ao cansaço excessivo do trabalhador;
27
� Falta de tempo destinado ao descanso e ao lazer;
� Situações conflitantes entre as relações interpessoais (princípios religiosos,
políticos e morais);
� Tensão, estresse, fadiga, trabalho acelerado, fatores geradores de desgaste
emocional, alteração do humor e da relação interpessoal com membros da
equipe;
� Máquinas e equipamentos sem proteção;
� Probabilidade de incêndio e explosão;
� Armazenamento inadequado.
2.2.5- RISCOS ERGONÔMICOS
A ergonomia é uma disciplina que tem por objetivo o estudo cientifico das relações do
homem com o meio ambiente de trabalho, conjugando conhecimentos
multidisciplinares, com o propósito de promover melhorias continuas nas condições de
trabalho. É obrigação do empregador realizar a análise ergonômica do trabalho
avaliando os aspectos relacionados com a saúde do trabalhador. Cada vez mais os
instrumentos e locais de trabalho estão se tornando mais bem adaptados, com
mobilidades e ajustes adequados a fim de proporcionar conforto e bem estar físico e
mental aos trabalhadores. (MARZIALE, 1995)
Qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador,
causando desconforto ou afetando sua saúde é considerado risco ergonômico. São
exemplos:
28
� Condições e processos de trabalho inadequados;
� Excesso de cargas físicas que podem levar a fadiga e lombalgias;
� Posturas inadequadas;
� Ritmo excessivo de trabalho;
� Levantamento de peso;
� Períodos prolongados numa mesma posição, repetitividade, monotonia.
29
2.3-PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS OCUPACIONAIS
De acordo com o artigo 3º da Convenção n.º 155 da OIT, o trabalhador tem direito a
redução de todos os riscos que afetam a sua saúde no ambiente de trabalho, sejam eles
físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou psicológicos.
As estratégias para o controle dos riscos devem visar, principalmente, à prevenção, por
meio de medidas de engenharia de processo que introduzam alterações permanentes nos
ambientes e nas condições de trabalho, incluindo máquinas e equipamentos
automatizados que dispensem a presença do trabalhador ou de qualquer outra pessoa
potencialmente exposta em atividades de risco. Dessa forma, a eficácia das medidas não
dependerá do grau de cooperação das pessoas, como no caso da utilização de EPI.
O objetivo principal da tecnologia de controle deve ser a modificação das situações de
risco, por meio de projetos adequados e de técnicas de engenharia que:
� eliminem ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais para
a saúde, como, por exemplo, a substituição de materiais ou equipamentos e a
modificação de processos e de formas de gestão no trabalho;
� previnam a liberação de tais agentes nos ambientes de trabalho, como, por
exemplo, os sistemas fechados, enclausuramentos, ventilação local exaustora,
ventilação geral diluidora, armazenamento adequado de produtos químicos,
entre outras;
� reduzam a concentração desses agentes no ar ambiente, como, por exemplo, a
ventilação local diluidora e limpeza dos locais de trabalho.
Sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis e não
oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de doenças
30
profissionais e do trabalho, o equipamento de proteção individual deve ser utilizado
pelo trabalhador como um dos métodos de controle dos riscos no local de trabalho.
Todas as possibilidades de controle das condições de risco presentes nos ambientes de
trabalho por meio de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) devem ser esgotadas
antes de se recomendar o uso de EPI, particularmente no que se refere à proteção
respiratória e auditiva. As estratégias de controle devem incluir os procedimentos de
vigilância ambiental e da saúde do trabalhador. A vigilância em saúde deve contribuir
para a identificação de trabalhadores hipersensíveis e para a detecção de falhas nos
sistemas de prevenção. A informação e o treinamento dos trabalhadores são
componentes essenciais das medidas preventivas relativas aos ambientes de trabalho,
particularmente se o modo de executar as tarefas propicia a formação ou dispersão de
agentes nocivos para a saúde ou influencia as condições de exposição.
Segundo a Norma Regulamentadora (NR-6), Equipamento de
Proteção Individual (EPI) é todo dispositivo de uso individual
destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador,
incluindo luvas, aventais, protetores oculares, faciais e auriculares,
protetores respiratórios e para os membros inferiores. São de
responsabilidade do empregador o fornecimento do EPI adequado ao
risco e o treinamento dos trabalhadores quanto à forma correta de
utilização e conservação.
Para Dejours (1992), condição de trabalho compreende o ambiente físico, o ambiente
biológico, o ambiente químico, as condições de higiene, de segurança, e as
características antropométricas do posto de trabalho. As condições de trabalho
demonstram a interação e o inter-relacionamento das circunstâncias material, psíquica,
biológica e social, sendo influenciadas pelos fatores econômico, técnico e
organizacional do trabalho; compõem o ambiente e propiciam os determinantes da
atividade laboral (GUEDES ; MAURO, 2003).
A Constituição Brasileira de 1988 (BRASIL, 1989) refere que é direito dos
trabalhadores a redução de riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
31
higiene e segurança, bem como estão compreendidas, nas atividades do Sistema Único
de Saúde (SUS), as ações de vigilância à saúde do trabalhador e a proteção ao meio
ambiente, nele incluído o ambiente de trabalho.
Os riscos no ambiente de trabalho podem prejudicar o bom andamento dos serviços,
portanto, devem ser identificados, avaliados e controlados de forma adequada. Este
processo deve ser reavaliado e reestruturado pela CIPA, a cada gestão.
O Mapa de Risco é uma representação gráfica de um conjunto de fatores presentes nos
locais de trabalho, capazes de acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores: acidentes e
doenças de trabalho. Tais fatores têm origem nos diversos elementos do processo de
trabalho (materiais, equipamentos, instalações, suprimentos e espaços de trabalho) e a
forma de organização do trabalho (arranjo físico, ritmo de trabalho, método de trabalho,
postura de trabalho, jornada de trabalho, turnos de trabalho, treinamento, etc.).
QUADRO 2 – CORES USADAS NO MAPA DE RISCO E TABELA DE
GRAVIDADE
Fonte: www.uff.br/enfermagemdotrabalho/mapaderisco.htm
O Mapeamento de Risco é um levantamento dos locais de trabalho apontando os riscos
que são sentidos e observados pelos próprios trabalhadores de acordo com a sua
32
sensibilidade, nos diversos setores da empresa. Trata-se de identificar situações e locais
potencialmente perigosos. A partir de uma planta baixa de cada setor são levantados
todos os tipos de riscos, classificando-os por grau de perigo: pequeno, médio e grande.
(Quadro 2).
É representado graficamente, através de círculos de cores e tamanhos
proporcionalmente diferentes, sobre a planta baixa de cada setor da empresa e deve ficar
afixado em local visível a todos os trabalhadores. (CAMPOS, 2000). (Quadro 3)
QUADRO 3 – EXEMPLO DE MAPA DE RISCO
Fonte: www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/imagem/img- símbolo/37mapa_de_risco.gif
Para a empresa o mapeamento facilita a administração da prevenção de acidentes e de
doenças do trabalho, o ganho da qualidade e da produtividade. Além de proporcionar o
aumento do lucro e informar os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos,
cumprindo os dispositivos legais. Já para o trabalhador, ele propicia conhecimento dos
33
riscos que podem estar sujeitos os colaboradores e fornece dados importantes relativos à
sua saúde. (CAMPOS 2000).
Conforme a portaria nº5 de 20/08/1992, que foi modificada pelas portarias nº 25 de
29/12/1994 e nº 8 de 23/02/1999, a elaboração de Mapas de Risco é de responsabilidade
das CIPAs e torna-se obrigatório. O seu descumprimento é passível de multa, como
estabelece a portaria nº 26 de 06/05/1998.
Existem importantes instrumentos facilitadores na inclusão adequada de trabalhadores
no nível de empresa, tais como o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
(PCMSO), o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), a Ergonomia, o
Programa de Gestão de Questões Relativas à Deficiência no Local de Trabalho (incluído
no PPRA e PCMSO), dentre outros, que, articulados, integram o conjunto mais amplo
das iniciativas da empresa, no campo da preservação da saúde e da integridade dos
trabalhadores em geral e em especial das pessoas com deficiência. (M.T.E., 2010)
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais ou PPRA é um programa estabelecido
pela Norma Regulamentadora (NR-9), da Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho,
do Ministério do Trabalho que estabelece a obrigatoriedade da elaboração e
implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados visando à preservação da saúde e da integridade dos
trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente
controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no
ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos
recursos naturais. (M.T.E.)
As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento da
empresa, sob a responsabilidade do empregador, com a participação dos trabalhadores,
sendo sua abrangência e profundidade dependentes das características dos riscos e das
necessidades de controle. (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO).
As etapas para definição de uma estratégia de controle das condições de risco para a
saúde incluem:
34
� Identificação e avaliação dos agentes e fatores que podem oferecer risco para
a saúde e para o meio ambiente, incluindo a definição de seu impacto: devem
ser determinadas e localizadas as fontes de risco; as trajetórias possíveis de
propagação dos agentes nos ambientes de trabalho; os pontos de ação ou de
entrada no organismo; o numero de trabalhadores expostos e a existência de
problemas de saúde entre os trabalhadores expostos ao agente. A
interpretação dos resultados vai possibilitar conhecer o risco real para saúde e
a definição de prioridades para a ação;
� Tomada de decisão: resulta do reconhecimento de que há necessidade de
prevenção, com base nas informações obtidas na etapa anterior. A seleção das
opções de controle deve ser adequada e realista, levando em consideração a
viabilidade técnica e econômica de sua implementação, operação e
manutenção, bem como a disponibilidade de recursos humanos e financeiros
e infra estrutura existente. Nesse momento há a caracterização da exposição e
quantificação das condições de risco;
� Planejamento: uma vez identificado o problema, tomada a decisão de
controlá-lo, estabelecidas as prioridades de ação e disponibilizados os
recursos, deve ser elaborado um projeto detalhado quanto às medidas e
procedimentos preventivos a serem adotados. Discussão e definição das
alternativas de eliminação ou controle das condições de risco;
� Implementação e avaliação das medidas adotadas: esta etapa é aplicada após a
implementação do planejamento, ou seja, após a realização dos
procedimentos preventivos, os resultados serão analisados.
O reconhecimento das condições de risco presentes no trabalho pode ser realizado com
o auxilio de metodologias variadas, porém todas elas incluem três etapas fundamentais:
� O estudo inicial da situação;
� Inspeção do local de trabalho para observações detalhadas;
� Análise dos dados obtidos.
35
O estudo inicial da situação é indispensável para que fatores ou condições de risco não
sejam negligenciados durante a inspeção do local de trabalho, requerendo conhecimento
técnico, experiência e acesso a fontes especializadas e atualizadas de informação.
O estudo preliminar do processo de trabalho, que precede a inspeção, pode ser feito
utilizando as fontes de informação disponíveis (literatura especializada, banco de dados
eletrônicos,...) e por meio de perguntas antecipadas à própria empresa que vai ser
estudada, como, por exemplo, a lista de produtos comprados, com a respectiva taxa de
consumo, como e onde são utilizados, dentre outros.
Assim é possível determinar quais as principais possibilidades de risco, o que será de
grande utilidade e otimizará o tempo durante a inspeção propriamente dita. Concluída a
investigação dos agentes de risco potenciais, que podem ocorrer no local de trabalho, é
necessário verificar quais são seus possíveis efeitos para a saúde. Além disso, também
devem ser consultadas as tabelas contendo os Limites de Tolerância (LT) ou Limites de
Exposição Ocupacional (LEO), pois os valores de exposição permitidos para os
diferentes agentes dão uma idéia do grau de dano que podem causar e são úteis para se
fazer comparações e estabelecer prioridades. (CAMPOS, 2000)
Os limites de tolerância (LT) devem ser utilizados como guia para avaliação e controle
de riscos contra a saúde, não podendo ser interpretados como limites absolutos entre
concentrações seguras e concentrações perigosas. Os LTs exprimem, para cada
substância, a concentração atmosférica abaixo da qual é altamente improvável a
ocorrência de efeitos tóxicos num indivíduo saudável.
As informações relativas ao estado de saúdo do trabalhador, incluindo as queixas,
sintomas observados ou outros efeitos sobre a saúde e alterações precoces nos
parâmetros de saúde ou nos resultados de monitorização biológica, também podem
auxiliar na identificação de condições de risco existentes no ambiente de trabalho. Uma
colaboração estreita entre os responsáveis pelo estudo do ambiente e das condições de
trabalho (higienistas, engenheiros de segurança, ergonomistas) e os responsáveis pela
saúde dos trabalhadores (médicos, psicólogos, enfermeiros do trabalho, toxicologistas) é
indispensável para uma avaliação correta das exposições ocupacionais. O enfoque
multidisciplinar e o trabalho em equipe permitem desvendar relações causais que de
outra forma podem passar despercebidas.
36
As características gerais do local de trabalho e a possível influência de ambientes
contíguos também devem ser observadas. Situações ainda mais graves podem ocorrer, e
tem ocorrido, quando contaminantes tóxicos são conduzidos, pelo vento ou por um
escape, para pontos de entrada de ar de sistemas de ventilação.
O layout do ambiente deve ser anotado, os postos de trabalho e as tarefas devem ser
observados e analisados. Além de estudar a possível ocorrência de condições de risco no
local de trabalho e os efeitos nocivos que podem causar, é necessário observar as
condições de exposição, que incluem aspectos como as vias de entrada no organismo,
nível de atividade física e o tempo de exposição. A investigação das condições de
exposição também é necessária para a definição da estratégia de amostragem, para uma
avaliação quantitativa correta e o planejamento da prevenção e do controle.
Para os agentes químicos, a influência do tempo de exposição varia para agentes de
ação rápida no organismo ou aqueles de ação crônica. Quando a ação for rápida, mesmo
exposições curtas devem ser evitadas. A exposição a agentes cancerígenos e
teratogênicos deve ser eliminada e estar sob controle rigoroso.(BARBOSA, 1989)
Os princípios básicos da tecnologia de controle, propostos pela Higiene do Trabalho,
podem ser enunciados como:
� Evitar que um agente potencialmente perigoso ou tóxico para a saúde seja
utilizado, formado ou liberado;
� Se isso não for possível, contê-lo de tal forma que não se propague para o
ambiente;
� Se isso não for possível ou suficiente, isolá-lo ou diluí-lo no ambiente de
trabalho; e, em ultimo caso,
� Bloquear as vias de entrada no organismo: respiratória, pele, boca e ouvidos,
para impedir que um agente nocivo atinja um órgão critico, causando lesão.
A cadeia de transmissão do risco deve ser quebrada o mais precocemente possível.
Assim, a hierarquia dos controles deve buscar seqüencialmente, o controle do risco na
fonte; o controle na trajetória (entre a fonte e o receptor) e, no caso de falharem os
anteriores, o controle da exposição ao risco no trabalhador. Quando isso não é possível,
37
o que freqüentemente ocorre na prática, o objetivo passa a ser a redução máxima do
agente agressor, de modo a minimizar o risco e seus efeitos sobre a saúde.
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1977).
A informação e o treinamento dos trabalhadores são componentes importantes das
medidas preventivas relativas aos ambientes de trabalho, particularmente se o modo de
executar as tarefas propicia a formação ou dispersão de agentes nocivos para a saúde ou
influencia as condições de exposição, como, por exemplo, a posição em relação à
tarefa/maquina, a possibilidade de absorção através da pele ou ingestão, o maior
dispêndio de energia, entre outras. Em situações especiais, podem ser adotadas medidas
que limitem a exposição do trabalhador por meio da redução do tempo de exposição,
treinamento específico e utilização de EPI.
Para reconhecer as condições de risco é necessário investigar as possibilidades de
geração e dispersão de agentes ou fatores nocivos associados aos diferentes processos
de trabalho, às operações, às maquinas e a outros equipamentos, bem como às diferentes
matérias- primas, aos produtos químicos utilizados, aos eventuais subprodutos e aos
resíduos. Os possíveis efeitos dos agentes potencialmente presentes sobre a saúde
devem ser estudados. Assim, o conhecimento disponível sobre os riscos potenciais que
ocorrem em determinada situação de trabalho deve ser acompanhado de uma
observação cuidadosa in loco das condições reais de exposição dos trabalhadores.
A eliminação ou a redução da exposição às condições de risco e a melhoria dos
ambientes de trabalho para promoção e proteção da saúde do trabalhador constituem um
desafio que ultrapassa o âmbito de atuação dos serviços de saúde, exigindo soluções
técnicas, às vezes complexas e de elevado custo. Em certos casos, medidas simples e
pouco onerosas podem ser implementadas, com impactos positivos e protetores para a
saúde do trabalhador e o meio ambiente.
É muito importante que os trabalhadores participem de todas as fases desse processo,
pois em muitos casos, a despeito das de toda sofisticação técnica, apenas os
trabalhadores são capazes de informar sutis diferenças entre o trabalho prescrito1 e o
1 Trabalho prescrito (ou tarefa) refere-se ao que é esperado no âmbito de um processo de trabalho específico. É vinculado, de um lado às regras e objetivos fixados pela organização do trabalho, e de outro, às condições dadas. Indica aquilo que se deve fazer num determinado processo de trabalho.
38
trabalho real2, que explicam o adoecimento e o que deve ser modificado para que se
obtenham os resultados desejados.
O reconhecimento das condições de risco no trabalho envolve um conjunto de
procedimentos que visam a definir se existe ou não um problema para a saúde do
trabalhador e, no caso afirmativo, a estabelecer sua provável magnitude, a identificar os
agentes potenciais de risco e as possibilidades de exposição. É uma etapa fundamental
do processo que, apesar de sujeita às limitações dos recursos disponíveis e a erros,
servirá de base para a decisão quanto às ações a serem adotadas e para o
estabelecimento de prioridades. Reconhecer o risco significa no ambiente de trabalho,
fatores ou situações com potencial de dano, isto é, se existe a possibilidade de dano.
Avaliar o risco significa estimar a probabilidade e a gravidade de que o dano ocorra.
Para os fins de aplicação da NR 6 (Norma Regulamentadora 6) , considera-se EPI, todo
dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à
proteção de riscos susceptíveis de ameaçar a segurança e saúde no trabalho.
(MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO)
A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco,
em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem
geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de
doenças profissionais e do trabalho; enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem
sendo implantadas e para atender a situações de emergência. (M.T.E)
2.3.1- PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS FÍSICOS
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), instituído pela NR-09 do
Ministério do trabalho desde 1994, é um programa gerencial elaborado pela empresa,
que deve abranger todos os seus trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade
2 2-Trabalho real (ou atividade) pode-se dizer que é aquilo que é posto em jogo pelo(s) trabalhador (es) para realizar o trabalho prescrito (tarefa). O que é experienciado pelos trabalhadores.
39
dependentes das características dos riscos e das necessidades de controle (Ministério do
trabalho e emprego).
Esta Norma Regulamentadora – NR 09 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e
implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais -
PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da
antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos
ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em
consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. (Portaria SSST n.º
25, 29 de dezembro de 1994)
O cumprimento do PPRA é uma maneira eficaz de prevenção e controle da exposição
de trabalhadores aos riscos físicos existentes no ambiente laboral. Este programa inclui
as seguintes etapas:
� Antecipação e reconhecimento dos riscos;
� Estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;
� Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
� Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;
� Monitoramento da exposição aos riscos;
� Registro e divulgação dos dados.
2.3.2- PREVENÇÃO E CONTROLE DO RISCO QUÍMICO
Em 1990 a OIT adotou o convênio n° 170 sobre produtos químicos e incluiu no mesmo
algumas medidas preventivas. São elas:
40
� Classificação – introdução de critérios específicos e sistemas adequados para
classificação de todas as substâncias químicas, em virtude do tipo e do grau
de seus riscos intrínsecos. Esses critérios devem ser estabelecidos pela
autoridade competente do país;
� Registro de dados e rotulagem de todas as substâncias químicas usadas no
hospital, como elaboração de fichas informativas detalhadas sobre
identificação, classificação, riscos, medidas de prevenção e procedimentos de
emergência;
� Controle operacional - escolha de substância de menor risco e de tecnologia
segura: adoção de medidas adequadas de higiene do trabalho; sinalização
adequada de risco; fornecimento e manutenção adequada de equipamentos e
roupas de proteção individual e adoção de medidas para garantir o uso correto
desses EPIs; prestação de primeiros socorros e medidas necessárias para
controle em situações de emergência;
� Informação e treinamento contínuo sobre risco químico e uso seguro das
substâncias com as quais se trabalha;
� Eliminação segura de dejetos químicos;
� Monitoramento da exposição. O comitê misto CCE/NIOSH/OSHA define
monitorização biológica como “a medida e a avaliação de agentes químicos
ou de seus produtos de biotransformação em tecidos, secreções, excreções, ar
exalado ou alguma combinação desses para estimar a exposição ou risco à
saúde quando comparados com uma referência apropriada.” Seu objetivo é
prevenir a exposição excessiva aos agentes tóxicos, evitando efeitos nocivos,
agudos ou crônicos. A realização de exames médicos periódicos serve para
identificar e proteger as pessoas portadoras ou com história de doenças
passíveis de serem agravadas pela exposição à determinada substância com a
qual se vai trabalhar;
� Adoção de comportamento de segurança por parte do trabalhador: uso correto
de EPIs, obediência às normas técnicas de procedimento.
41
Além dessas medidas, cabe lembrar ao trabalhador de enfermagem a advertência de
Emil Mark: “Não existem substâncias químicas seguras existem apenas maneiras
seguras de utilizá-las”.
2.3.3- PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS BIOLÓGICOS
Prevenção e controle de riscos biológicos baseiam-se em conhecimentos diversos,
envolvendo principalmente os de higiene e biossegurança do trabalho, educação,
administração, engenharia e até recursos legislativos. A correta observação das normas
básicas de higiene hospitalar é suficiente para prevenção e controle das infecções.
(Barbosa, 1989)
Cresce o consenso sobre a necessidade de se oferecer a todos os trabalhadores de saúde,
programas sobre a prevenção da infecção como parte obrigatória da formação, portanto
antes da permissão para o exercício profissional e, ainda, como educação continuada,
para acompanhar a evolução das necessidades e dos conhecimentos. Fornecimento de
EPI e controles periódicos de saúde, por exemplo, são obrigações do empregador
irresponsavelmente negligenciadas.
Os estudos sobre acidentes de trabalho mostram que as regras de segurança são
insuficientes se os materiais não são corretamente utilizados e se a organização do
trabalho impede a sua aplicação.
A lavagem das mãos, regra fundamental de higiene, é muitas vezes dificultada entre
nós, pela falta de sabão, ou pela má localização de pias e torneiras, sem esquecer os
problemas de contaminação após lavagem, se métodos impróprios de secagem das mãos
são empregados. Além do mais, respeitar as regras de higiene significa, entre outras
coisas, lavar freqüentemente as mãos.
Em geral, as recomendações para prevenção e controle de acidentes com perfuro-
cortantes reforçam a necessidade de:
42
� Melhoria constante da segurança do material utilizado. Criação e colocação
em uso de materiais com dispositivos capazes de impedir a reutilização de
agulhas, dispensando recolocação manual do protetor.
� Adoção de comportamento de segurança para limitar o contato com o
material infectado. Jamais reencapar agulhas, não desprender as agulhas das
seringas, não desarticular lâminas de bisturi com as mãos. Utilizar recipiente
resistente, imperfurável, inviolável, e icinerável para descarte dos perfuro-
cortantes. Os instrumentos reutilizáveis devem ser lavados e esterilizados ou
desinfetados de acordo com as normas estabelecidas.
2.3.4. PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS DE ACIDENTES
Entende-se por segurança no trabalho todas as medidas e formas de proceder que visem
à eliminação dos riscos de acidentes. Mas, os riscos são inerentes à vida e à atividade
humana. Têm, por isso, a característica da onipresença, alcançando dimensões
universais. Os acidentes espreitam-nos por toda a parte. São mais numerosos hoje que
antigamente, em virtude da diversificação das atividades humanas. (VANDILCE, 2001)
A conscientização e a formação dos trabalhadores no local de trabalho são a melhor
forma de prevenir acidentes, a que acresce a aplicação de todas as medidas de segurança
coletiva e individual inerentes à atividade desenvolvida. Os custos dos acidentes de
trabalho, para os trabalhadores acidentados e para as empresas, são elevadíssimos.
Prevenir quer na perspectiva do trabalhador quer na do empregador, é a melhor forma
de evitar que os acidentes aconteçam. As ações e medidas destinadas a evitar acidentes
de trabalho estão diretamente dependentes do tipo de atividade exercida, do ambiente de
trabalho e das tecnologias e técnicas utilizadas.
(www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/prevencao/acidentestra
balho.htm)
43
Para ser eficaz, a Segurança deve atuar sobre homens, máquinas e instalações, levando
em conta todos os pormenores relativos às atividades humanas. (DUCA, 1983)
2.3.5- PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS ERGONÔMICOS
De acordo com a Ergonomics Research Society (1949), “Ergonomia é o estudo do
relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e,
particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na
solução dos problemas surgidos desse relacionamento”. Já para Wisner (1987),
“Ergonomia é o conjunto dos conhecimentos científicos relacionados ao homem e
necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser
utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência”. Mais tarde (1994), o
mesmo autor reformula sua definição colocando o saber do trabalhador no mesmo nível
do saber tecno-científico e como condição indispensável para o sucesso da ação
ergonômica: “Ergonomia é arte na qual são utilizados o saber tecno-científico e o saber
dos trabalhadores sobre sua própria situação de trabalho”.
A NR17 (Norma Regulamentadora) visa a estabelecer parâmetros que permitam a
adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente.
As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e
descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do
posto de trabalho e à própria organização do trabalho. Para avaliar a adaptação das
condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao
empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no
mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma
Regulamentadora.
44
2.4. ATENÇÃO A SAÚDE DOS TRABALHADORES DE
ENFERMAGEM
No plano internacional, desde os anos 70, documentos da OMS, como a declaração de
Alma Ata e a proposição da Estratégia da Saúde para todos, tem enfatizado a
necessidade de proteção e promoção da saúde e da segurança no trabalho, mediante a
prevenção e o controle dos fatores de risco presentes nos ambientes de trabalho (OMS,
1995).
Historicamente, os trabalhadores da área da saúde não eram considerados como
categoria profissional de alto risco para acidentes do trabalho. A preocupação com os
riscos biológicos surgiu, somente, a partir da epidemia da HIV/AIDS nos anos 80, onde
foram estabelecidas normas para as questões de segurança no ambiente do trabalho.
O trabalho seguro e salubre é um dos direitos sociais fundamentais garantidos pela
Constituição Federal de 1988, Artigo 7º Alínea XXII. Entre os determinantes da saúde
do trabalhador, estão compreendidos os condicionantes sociais, econômicos,
tecnológicos e organizacionais responsáveis pelas condições de vida e os fatores de
riscos ocupacionais – físicos, químicos, biológicos, mecânicos e aqueles decorrentes da
organização laboral - presentes nos processos de trabalho. Assim, as ações de saúde do
trabalhador têm como foco as mudanças nos processos de trabalho que contemplam as
relações saúde-trabalho em toda a sua complexidade, por meio de uma atuação
multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial.
A condição de trabalho vivida pelos profissionais de enfermagem, especialmente em
instituições hospitalares, tem acarretado agravos à saúde, geralmente provenientes do
ambiente de trabalho, da forma de organização e das atividades insalubres que
executam. Esta situação tem causado prejuízos não só aos trabalhadores, mas também a
instituições empregadoras e à prestação de assistência em todo do mundo. Os hospitais
são organizações altamente complexas, tanto pelos serviços prestados como pela
diversidade de trabalhadores. (SILVA +MARZIALE, 2003 apud PITTA, 1990).
45
Para Nischide ET AL (2004), o ambiente de trabalho hospitalar tem sido considerado
insalubre por agrupar pacientes portadores de diversas enfermidades infectocontagiosas
e viabilizar muitos procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para os
trabalhadores da saúde. Poucos locais de trabalho são tão complexos como um hospital.
Além de prover cuidados básicos de saúde a um grande número de pessoas, muitos são
freqüentemente centros de ensino e pesquisa.
Mesmo susceptíveis a todos esses riscos, a enfermagem não recebe assistência adequada
e não há um programa preventivo para esse grupo de trabalho. Além disso, os
profissionais de enfermagem são caracterizados como um grupo de profissionais com
sobrecarga de trabalho, baixa remuneração, diferenças salariais, sem tempo disponível
para a família e o laser. Estas condições juntamente com os riscos promovem o
surgimento de doenças e acidentes de trabalho. (SILVA, 1996)
É fundamental que os serviços de saúde e segurança dos trabalhadores dos hospitais
tomem consciência da importância da implementação de medidas de prevenção, com
vista a eliminar ou minimizar os riscos ocupacionais nos diferentes setores hospitalares.
A assistência à saúde do trabalhador tem sido desenvolvida em diferentes espaços
institucionais, com objetivos e práticas distintas:
� Pelas empresas, por meio dos Serviços Especializados em Segurança do
Trabalho (SESMT) e outras formas de organização de serviços de saúde;
� Pelas organizações de trabalhadores;
� Pelo Estado, ao implementar as políticas sociais públicas, em particular a de
saúde, na rede publica de serviço de saúde;
� Pelos planos de saúde, seguros suplementares e outras formas de prestação de
serviços, custeados pelos próprios trabalhadores;
� Pelos serviços especializados organizados no âmbito dos hospitais universitários.
46
Conforme a NR 4 que determina a criação do Serviços Especializados em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), empresas privadas ou públicas,
que possuam empregados regidos pela CLT, manterão obrigatoriamente Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a
finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de
trabalho, vinculados à graduação do risco da atividade principal e do número total de
empregados do estabelecimento. (MINSTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO)
Contrariando o propósito formal para o qual foram constituídos, os SESMTs operam
sob a ótica do empregador, com pouco ou nenhum envolvimento dos trabalhadores na
sua gestão. Nos setores produtivos mais desenvolvidos, do ponto de vista tecnológico, a
competição no mercado internacional tem estimulado a adoção de políticas de saúde
mais avançadas por exigências de programas de qualidade e certificação.
No âmbito das organizações de trabalhadores, a luta sindical por melhores condições de
vida e trabalho conseguiu alguns avanços significativos nos anos 80, sob inspiração do
novo sindicalismo, ainda que de modo desigual no conjunto da classe trabalhadora.
Entretanto, a atuação sindical neste campo tem sofrido um refluxo na atual conjuntura,
em decorrência das políticas econômicas e sociais em curso no país que deslocam o eixo
das lutas para a manutenção do emprego e a redução dos impactos sobre o poder de
compra dos trabalhadores. Como conseqüências, na atualidade, podem ser observadas
práticas diversificadas, desde atividades assistenciais tradicionais até ações inovadoras e
criativas, que enfocam a saúde de modo integral.
Condições não ideais nos ambientes de trabalho afetam a saúde do trabalhador que,
exposto a riscos (físicos, organizacionais ou psicossociais) tem o seu desempenho
comprometido assim como o seu interesse no serviço. (SILVA, 1996)
Na visão de Triolo (1989), os enfermeiros que trabalhavam em hospitais enfrentaram
vários riscos de danos a saúde tais como: sobrecarga física e mental, ambigüidade de
atribuições, precariedade dos horários de trabalho e clientela amedrontada e ansiosa,
que podem ser considerados como fortes geradores de estresse.
A característica do trabalhador em enfermagem mais fortemente apontada como fonte
de estresse refere-se à sobrecarga do trabalho, proveniente de nível elevado de
47
demandas físicas, mentais e psíquicas (Silva e Bianchi, 1992; FONG 1993) Apud
Araujo (1998).
Considerando que o trabalho de enfermagem é desempenhado majoritariamente por
mulheres, dificuldades e conflitos vivenciados na conciliação entre atribuições
profissionais e responsabilidades familiares também são destacados como estressores
relevantes (Bulhões, 1998)
O trabalho hospitalar não é saudável, e a enfermagem é uma das profissões mais
prejudicadas. Pelo seu histórico de prestação de serviço por religiosas, a enfermagem
até pouco tempo era vinculada ao devotamento e a abnegação. Atualmente há uma
maior preocupação científica em estudar e minimizar os riscos existentes das atividades
rotineiras, onde se observa muitas conformidades ergonômicas, exposição a riscos
químicos, físicos e biológicos fazendo parte do dia a dia deste profissional. (BULHÕES,
1994).
Em termos de segurança e saúde do trabalhador, há duas legislações distintas a serem
cumpridas pelas empresas: a trabalhista e a previdenciária. Na trabalhista, estão
disciplinados os adicionais de insalubridade e periculosidade e as Normas
Regulamentadoras em Segurança e Medicina do Trabalho do Ministério do Trabalho
(NRs). As 33 NRs disciplinam os diversos temas voltados à segurança e à saúde do
trabalhador, prescrevendo multas pelo seu descumprimento. Já a legislação
previdenciária regulamenta a aposentadoria especial e seus vários reflexos.
Os Ministérios da Previdência e do Trabalho são os responsáveis pela definição de
atividades com risco ocupacional e sua fiscalização. O adicional de insalubridade é
devido ao trabalhador exposto aos agentes físicos, químicos e biológicos que ponham
em risco a sua saúde. Este adicional remunera a probabilidade da doença ocupacional,
antes de sua manifestação. Se o trabalhador já estiver doente, cabe a ação indenizatória
na justiça trabalhista, bem como ação reparatória de dano moral. A periculosidade, ou
seja, a exposição a agentes inflamáveis, explosivos, à eletricidade e às radiações
ionizantes que representem perigo de morte, incapacidade e lesão, também é
remunerada por meio de adicional. Como o adicional anterior, o de periculosidade
remunera a probabilidade do acidente, antes de sua ocorrência.
48
2.5. SITUAÇÃO DE SAÚDE DOS TRABALHADORES NO BRASIL
A saúde do trabalhador no Brasil passou a ter nova definição e novo delineamento
institucional a partir da Constituição Federal de 1988 com a instituição do Sistema
Único de Saúde (SUS) e sua incorporação como área de competência própria da saúde.
Em seu artigo 7º, a Constituição define os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
enfatizando como princípio constitucional, no inciso: XXII, a redução dos riscos
inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
Os ambientes de trabalho estão a atravessar mudanças significativas devido à aplicação
de novas tecnologias, materiais e processos de trabalho. As alterações ao nível da
concepção, organização e gestão do trabalho podem criar novas áreas de risco
susceptíveis de gerar um maior nível de estresse e, em última análise, originar uma
grave deterioração da saúde mental e física. Segundo estudos, os principais riscos
psicossociais estão relacionados com novas formas de contratos de trabalho,
insegurança no emprego, intensificação do trabalho, exigências emocionais elevadas,
violência no trabalho e difícil conciliação entre a vida profissional e a vida privada.
Os grandes volumes de trabalho e os horários de trabalho inflexíveis dificultam ainda
mais a conciliação entre a vida profissional e a vida privada, sobretudo para as mulheres
que, muitas vezes, são obrigadas a acumular a atividade profissional e as tarefas
domésticas. Esta situação pode causar stress e ter outros efeitos negativos sobre a saúde
dos trabalhadores, especialmente quando estes não têm possibilidade de ajustar as
condições de trabalho às suas necessidades pessoais. (BULHÕES, 1998)
As instituições hospitalares brasileiras começaram a se preocupar com a saúde dos
trabalhadores no início da década de 70, quando pesquisadores da Universidade de São
Paulo (USP) enfocaram a saúde ocupacional de trabalhadores hospitalares.
No Brasil, as relações trabalho e saúde do trabalhador conformam um mosaico
coexistindo múltiplas situações de trabalho caracterizadas por diferentes formas de
organização e gestão, relações e formas de trabalho, que se refletem sobre o viver, o
adoecer e o morrer dos trabalhadores.
49
Essa diversidade de situações de trabalho, padrões de vida e de adoecimento tem se
acentuado em decorrências das conjunturas política e econômica. O processo de
reestruturação produtiva, em curso acelerado no país a partir da década de 90, tem
conseqüências, ainda pouco conhecidas, sobre a saúde do trabalhador decorrente da
adoção de novas tecnologias, de métodos gerenciais e da precarização das relações de
trabalho.
A precarização do trabalho caracteriza-se pela desregulamentação e perda dos direitos
trabalhistas e sociais, a legalização dos trabalhos temporários e da informalização do
trabalho.
A terceirização no contexto da precarização tem sido acompanhada de praticas de
intensificação do trabalho e/ou aumento da jornada de trabalho, com acúmulo de
funções, maior exposição a fatores de risco para a saúde, descumprimento de
regulamentos da proteção à saúde e segurança, rebaixamento dos níveis salariais e
aumento da instabilidade no emprego.
Agulhas, tesouras, bisturis e pinças, fazem parte do trabalho diário do pessoal de
enfermagem, assim como picadas e cortes acidentais produzidos por esses materiais,
também. Grande variedade de doenças infecciosas pode ser transmitida pelo sangue e
acidentes permitindo contato com o mesmo representam significativo fator de risco.
Além disso, um dos grandes problemas desse tipo de acidente é o de serem quase
sempre negligenciados e, por isso, sequer convenientemente socorridos ou registrados
como acidente de trabalho. Sem registros, ou com registros esporádicos pouco
confiáveis, não se tem qualquer idéia da dimensão desse problema no Brasil.
Para os profissionais de enfermagem é notório o desgaste físico devido à necessidade de
grande esforço para a realização de algumas atividades. As queixas de dores musculares
e a incidência de casos de DORT (distúrbios ósteo-musculares relacionados ao trabalho)
também são freqüentes. Ausência de equipamentos adequados e o uso de outros que não
estão em condições ideais agravam mais esta situação. (MARZIALE, 1995)
Situações como as citadas anteriormente geram certo descontento por parte dos
trabalhadores principalmente porque a remuneração não é satisfatória. Com o trabalho
50
de turno, fica favorável aos mesmos procurar outros empregos para complemento de
renda, prejudicando por vezes o seu rendimento.
A adoção de novas tecnologias e métodos gerenciais facilita a intensificação do trabalho
que, aliada à instabilidade no emprego, modifica o perfil de adoecimento e sofrimento
dos trabalhadores, expressando-se, entre outros, pelo aumento da prevalência de
doenças relacionadas ao trabalho, como as LER (lesão por esforço repetitivo), também
denominadas de DORT; o surgimento de novas formas de adoecimento mal
caracterizadas, como o estresse e a fadiga física e mental e outras manifestações de
sofrimento relacionadas ao trabalho. (CHAMMÉ, 2997)
Embora as inovações tecnológicas tenham reduzido a exposição a alguns riscos
ocupacionais em determinados ramos de atividade, contribuindo para tornar o trabalho
nesses ambientes menos insalubre e perigoso, constata-se que outros riscos são gerados.
A difusão dessas tecnologias avançadas na área da química fina, na indústria nuclear e
nas empresas de biotecnologia que operam com organismos geneticamente modificados,
por exemplo, acrescenta novos e complexos problemas para o meio ambiente e a saúde
publica do país. Esses riscos são ainda pouco conhecidos, sendo, portanto de controle
mais difícil.
51
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo nos mostra que para atingir uma boa qualidade de vida, o homem necessita
viver em um meio ambiente ecologicamente equilibrado, principalmente o meio de
trabalho onde ele passa a maior parte do seu tempo. A legislação vem, com o passar do
tempo, atuando para garantir o ambiente de trabalho saudável, assegurando assim os
direitos fundamentais do ser humano: o direito a saúde, complemento inseparável do
direito a vida.
Na esfera do Direito do Trabalho, a manutenção do ambiente de trabalho saudável é
direito do trabalhador e dever do empregador. A empresa tem o dever de cumprir e fazer
cumprir as Normas de Segurança e Medicina do Trabalho. Ouvir os próprios
trabalhadores falando de seu trabalho, de suas impressões e sentimentos em relação ao
trabalho, de como seu corpo reage no trabalho e fora dele, é de fundamental importância
para a identificação das relações saúde-trabalho-doença.
Através dos estudos realizados pode-se observar que as conquistas alcançadas pelo
empregado através de Leis, Portarias, Decretos e das Normas Regulamentadoras, foram
extremamente importantes no sentido de encontrar medidas que venham diminuir os
riscos de acidente de trabalho.
Concluiu-se que são necessárias mudanças no ambiente de trabalho para minimizar os
riscos no ambiente laboral, além de treinamento, conscientização de práticas seguras e
fornecimento de dispositivos de segurança aos trabalhadores. Este estudo possibilitou
identificar e avaliar os riscos ocupacionais a que estão expostos os trabalhadores de
enfermagem de uma unidade de terapia intensiva durante sua jornada de trabalho, bem
como identificar a utilização do EPI entre estes trabalhadores. Quanto ao conhecimento
dos mesmos sobre a exposição aos riscos de acidentes na assistência ao paciente e seu
ambiente de trabalho, constatou-se que os trabalhadores conhecem os riscos a que estão
expostos através do grau de exposição pela prática cotidiana do seu trabalho. Observou-
se que deve haver uma política institucional para o fornecimento individual do
equipamento de proteção, um efetivo programa de conhecimento dos riscos nos locais
52
de trabalho, orientação e conscientização do trabalhador, além de controle permanente
do uso e reposição do material.
Evidenciou-se também que os riscos em UTI estão relacionados, principalmente, aos
procedimentos de assistência ao paciente e também aos riscos ocupacionais existentes
no ambiente laboral. Portanto todas as medidas possíveis de serem adotadas para
minimizar os riscos de acidentes devem ser consideradas. Também deve haver uma
concentração de esforços e recursos para reconhecimento dos riscos no ambiente de
trabalho, treinamento e conscientização de práticas seguras e fornecimento de forma
contínua e uniforme dos dispositivos de segurança aos trabalhadores da área da saúde.
53
4. REFERÊNCIAS
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59
ANEXO I
NORMAS REGULAMENTADORAS RELACIONADAS AOS
RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
NR 4 - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEG URANÇA
E EM MEDICINA DO TRABALHO (SESMT)
4.1 As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e
indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, manterão, obrigatoriamente, Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a
finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de
trabalho. (Alterado pela Portaria SSMT n.º 33, de 27 de outubro de 1983)
NR 5 - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES
5.1 A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA - tem como objetivo a
prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível
permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do
trabalhador
NR 6 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI
(Texto dado pela Portaria SIT n.º 25, de 15 de outubro de 2001)
6.1. Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora - NR, considera-se
Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso
60
individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
6.3. A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao
risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os
riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e,
c) para atender a situações de emergência.
NR 7 - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACI ONAL
7.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a obrigatoriedade de elaboração e
implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do
conjunto dos seus trabalhadores.
7.1.3 Caberá à empresa contratante de mão-de-obra prestadora de serviços informar a
empresa contratada dos riscos existentes e auxiliar na elaboração e implementação do
PCMSO nos locais de trabalho onde os serviços estão sendo prestados. (Alterado pela
Portaria n.º 8, de 05 de maio de 1996)
NR 9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS
9.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e
implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais -
PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da
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antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos
ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em
consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.
NR 17 – ERGONOMIA
17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a
adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente.
17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento,
transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições
ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.
NR 26 – SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA
26.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR tem por objetivo fixar as cores que devem
ser usadas nos locais de trabalho para prevenção de acidentes, identificando os
equipamentos de segurança, delimitando áreas, identificando as canalizações
empregadas nas indústrias para a condução de líquidos e gases e advertindo contra
riscos.
NR 32 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM ESTABELECIMENTO
DE SAÚDE
32.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR tem por finalidade estabelecer as diretrizes
básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos
trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de
promoção e assistência à saúde em geral.
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32.1.2 Para fins de aplicação desta NR entende-se por serviços de saúde qualquer
edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de
promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de
complexidade.
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Q384r Queiroz, Juliana Americano da Costa
Riscos ocupacionais a que estão expostos os profissionais de enfermagem em unidade de terapia intensiva / Juliana Americano da Costa Queiroz. – Salvador, 2010.
62f.; 50 cm.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Reis do Espírito Santo Monografia (pós-graduação) – Especialização Lato Sensu
em Enfermagem do Trabalho, Universidade Castelo Branco, Atualiza Associação Cultural, 2010.
1. Enfermagem do trabalho 2. Saúde do trabalhador de
enfermagem 3. Riscos ocupacionais 4. Prevenção 5. Controle de risco I. Espírito Santo, Fernando Reis II. Universidade Castelo Branco III. Atualiza Associação Cultural IV. Título.
CDU 616-083
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Adriana Sena Gomes CRB 5/ 1568