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Escola Secundária Artística António Arroio Português Professora: Elisabete De Mia Couto, do livro de contos: Na berma de nenhuma estrada e outros contos Trabalho realizado por: Rita Duarte Nº24 / 10ºF

Rita - E pára o baile - Conto de Mia Couto

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Rita - nº 24 - 10º ano - trabalho para apresentação oral - Português - Profª. Eli

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Page 1: Rita - E pára o baile - Conto de Mia Couto

Escola Secundária Artística António Arroio

Português

Professora: Elisabete

De Mia Couto, do livro de contos: Na berma de nenhuma estrada

e outros contos

Trabalho realizado por:

Rita Duarte

Nº24 / 10ºF

Page 2: Rita - E pára o baile - Conto de Mia Couto

Introdução O conto “E pára o baile!” de Mia Couto, conta a história de um

homem, o tio Albano, que tinha a fama de mulherengo, quando

falava, o tema era sempre o mesmo, mulheres.

Um dia, o tio aparece morto, e, por mais estranho que fosse,

nenhuma mulher aparecera no funeral, até que uma senhora magra e

toda de preto surge, já no fim da cerimónia fúnebre, e deita algo no

caixão.

Todos acham estranho, e o sobrinho, com curiosidade, pergunta ao

pai quem era aquela mulher e o que estava a atirar para cima do

caixão. Então, como resposta, o pai contou a história do tio dizendo

que aquela mulher foi o único e grande amor platónico do tio Albano,

e disse também que toda essa paixão começou quando, num baile,

apareceu um soutien e o tio Albano disse que era dele próprio para

defender a suposta Amanda.

Só depois da morte de Albano se virá a descobrir a verdade.

Para a elaboração deste trabalho sobre o conto de Mia Couto,

detive-me, de forma mais pormenorizada, sobre as categorias da

narrativa.

Apreciação da leitura

A leitura do conto foi muito agradável, por isso, atrevo-me a dizer

que gostei.

Este texto, que me despertou o interesse desde o início, é de fácil

leitura e compreensão, tendo o autor usado um vocabulário acessível,

palavras que usamos no dia-a-dia.

A vida da personagem principal, o tio Albano, vai-se mostrando à

medida que a leitura avança, deixando que a ideia em que o conto

Page 3: Rita - E pára o baile - Conto de Mia Couto

consiste corra inicialmente de boca em boca e não se saiba se são

afirmações realmente verdadeiras.

A verdade é que o tio Albano, enquanto foi vivo, era conhecido por

toda a população como um grande mulherengo, depois de falecer

descobriram que ele apenas foi muito apaixonado por uma única

mulher, Maria Prudência, e com quem nunca tivera nenhuma relação.

Maria Prudência foi a única mulher a comparecer ao seu funeral.

Assim, a forma enriquecida como foram abordadas todas as

personagens, essencialmente a principal, e a escrita mais “popular”

levou ao meu interesse pelo texto e à plena satisfação após a leitura.

Depois da leitura de este conto é impossível não o ler outra vez,

pois dás-nos muita vontade de repetir a leitura.

Frases plasticamente

interessantes

“…surgiu uma única, oblonga e bela mulher. Vestia de luto e

assim, por cima de sua elegante magreza, ela lançou para de

dentro da cova não uma flor mas uma amarrotada qualquer

coisa.”

“O soutien é meu!”

“A mulher é uma nuvem não há como lhe deitar a âncora.”

O primeiro excerto foi escolhido por mim como uma frase

plasticamente interessante, pois narra um curioso e inesperado

acontecimento ocorrido já quase no final do funeral. Este episódio

é assim como que a ilustração de que as aparências quase

sempre enganam, Albano, tido como apreciador de várias

mulheres, tem a presença de uma única para lhe prestar a última

homenagem.

Page 4: Rita - E pára o baile - Conto de Mia Couto

A exclamação seguinte, para mim, é uma das melhores e mais

elucidativas expressões utilizadas pois é através dela que se

desenlaça toda a história e também, como acaba por ser

bizarra e engraçada, desperta a atenção pelo lado mais cómico,

surpreendente e diferente do que se espera.

Por fim, a última frase que escolhi é uma imagem, muito

irónica e espirituosa, entre uma mulher e uma nuvem,

pretendendo, com ela, acentuar a ideia de que nenhum homem

consegue mandar numa mulher, nem tão pouco amarrá-la.

Ilustração do conto

Page 5: Rita - E pára o baile - Conto de Mia Couto

A razão da escolha desta

Ilustração

Com o meu desenho pretendo mostrar as acções mais

importantes e dar realce à maior característica psicológica da

personagem principal que, na minha opinião, é o romantismo.

Quero, através desta imagem, indicar que acções

aconteceram, mas também indiciar as suposições que são

colocadas ao longo do texto sobre o tio Albano, como por

exemplo, o facto de ter várias mulheres, facto que nunca veio a

ser provado.

Ilustro o romantismo através do pôr-do-sol e pela metade do

coração com a cara da amada, Maria Prudência.

Pretendi também que se pudessem observar várias mulheres

nuas e partes dos seus corpos com o objectivo de mostrar a

“fama” do tio Albano, como já referi um homem supostamente

de várias mulheres.

Para além disso, ainda coloquei o soutien, peça de algum

modo fetiche, que, de certa forma, desencadeou a história e a

cara da sua amada com o coração pois era a ela que ele

sempre tinha amado, apesar de nunca terem tido qualquer tipo

de relação carnal.

A personagem feminina está representada como uma mulher

bonita, de grandes lábios sensuais pois era uma mulher de

vários homens, uma moça dada a aventuras.

Por fim, represento o funeral com a campa, todos os homens

presentes e a sua amada a prestar a última homenagem,

atirando o soutien para cima do caixão para que esta íntima

peça feminina fosse também enterrada.

Entre os vários homens presentes, foquei o irmão e o sobrinho

do falecido.

Esta foi a minha leitura do conto, assim o desenhei.

Page 6: Rita - E pára o baile - Conto de Mia Couto

Categorias da narrativa

1. Acção

o Relevo

Central – Todos as acções do sobrinho e do

irmão do falecido desde o primeiro parágrafo até

ao 16 e depois o último parágrafo.

Secundária (s) – é a história que o pai contou ao

filho sobre a vida do seu tio Albano. Desde o

parágrafo 17, que começa em “ O era uma vez

dele…” e acaba em “…nome à sujidade das

línguas!”

o Delimitação

É fechada porque foi solucionada até ao

pormenor, “Era esse o seu segredo, que agora

se sepultava na forma de roupa feminina junto a

sua última madeira.”

o Estrutura da acção inicial

Situação inicial – dá-se no primeiro parágrafo,

ou seja, desde “Amor com amor se apaga.

Palavras…” até “…creditando meu tio Albano.”

Peripécias e ponto culminante – ocorre desde o

2º parágrafo, que começa em “A mulher é uma

nuvem…” até ao parágrafo 36, que termina com

“…o seu nome à sujidade das línguas.”

Desenlace – acontece no último parágrafo do

texto, “Só o pai sabia…sua última madeira.”

o Organização das sequências da narrativa e/ou das

acções

Por encadeamento, ou seja, este conto tem

ordenação cronológica dos acontecimentos, pois

aborda primeiro a maneira de ser do

protagonista “-O velho só tinha um assunto:

mulheres!”, depois da sua morte “acordaram

sem vida, deitado em sua cama, vestido de fato

e gravata.” e por fim a descoberta de toda a

verdade sobre o vida do protagonista já falecido

Page 7: Rita - E pára o baile - Conto de Mia Couto

“Ele sacrificara a sua honra para salvar a donzela

que secretamente amava.”

2.Personagens

o Relevo/ papel

Central – o tio Albano, pois é o protagonista de

toda a história. Exemplos: “Palavras do tio

Albano, …” e “-Seu tio Albano era um contador.”.

Secundárias – Sobrinho do tio Albano, o irmão

do tio Albano, Maria Prudência e o Mestre das

cerimónias.

Figurantes – Todos os que estavam no funeral, o

pai do tio Albano, o pai da Maria Prudência,

todos os que estavam no baile e as mulheres

que supostamente tinham estado com o tio

Albano.

o Caracterização

Física – O tio Albano: “…vestido de fato e

gravata. Bem trajado…”, “O velho…”, “…meio

estrábico…” e quando era criança era um “miúdo

magricelas, …”.

- Maria Prudência: “…oblonga e bela. Vestia

de luto e assim por cima sua elegante magreza.”

e “…mulata…”.

- Irmão do tio Albano – “…meu velho…”

- Pessoas da festa – “Ali se juntavam

brancos, mulatos e alguns negros…”

Psicológica

- O tio Albano: “Seu tio era um

contador.”, “…ser tímido, mais comportado

que sacristão.”, “Sem dom da palavra nem

atributo de presença.” e “no seu habitual

canto solitário.”

- Maria Prudências – “…moça

era dada a aventuras, …”

- Pai da Maria Prudência – “…o

pai era um furiabundante, de despenhar

pancadarias com fivela.”

Page 8: Rita - E pára o baile - Conto de Mia Couto

Social – Podemos, indirectamente, concluir que

pertence à classe média atendendo às seguintes

frases: “…vestido de fato e gravata.” E ao facto

de ter sido enterrado no chão “Só quando a terra

do cemitério começou a ser deitada sobre o

caixão”.

o Processos de caracterização

É directa pois acontece através de palavras de

outras personagens ou de afirmações do

narrador, “…surgiu uma única, oblonga e bela

mulher.”.

2. Espaço

o Físicos – Primeiro as personagens estão no cemitério.

Só quando a terra do cemitério começou a ser deitada

sobre o caixão.”, e depois saem e vão até um jardim

“No caminho para casa o meu velho parou junto ao

parque. Já não havia jardim, nem canteiros. Tudo

estava destruído. Mesmo do laguinho de águas verdes

onde nadavam gansos já restava se não um charco

fedorento.”

o Psicológico – O irmão do falecido contara a história do

tio Albano a seu filho e é aí que se encontra o espaço

em que eles estão a pensar neste caso é um baile

como mostra a seguinte frase: ”…num baile do clube

do Ferroviário, …”

3. Tempo

o Cronológico - “…nos meados do século.” - esta é a

única marca de passagem de tempo que se encontra

no texto, e é dita pelo pai quando se refere ao tempo

em que aconteceu o tal baile que mudou a vida do tio

Albano:

4. Narrador

o Presença

É participante como personagem. Ex: “palavras

do meu tio Albano, …” e “Meu pai olhou o

mutilado pássaro…”.

o Focalização

Externa, pois o narrador limita-se a contar o que

é observável. Ex: “Acordou sem vida, deitado em

sua cama, vestido de fato e gravata.”.

Page 9: Rita - E pára o baile - Conto de Mia Couto

o Posição

Objectivo, não tomando posição perante os

acontecimentos. Ex: “Acordou sem vida, deitado

em sua cama, vestido de fato e gravata.”

Desfecho Narrativa fechada, pois a acção é solucionada até ao

pormenor, não deixando espaço para imaginar outro final para

a história.

Todas as acções começadas são terminadas tal como acaba a

vida do tio Albano, descobre-se que só amou uma mulher e o

objecto que é o soutien que desencadeou tudo isto também foi

enterrado com o protagonista, atirado para o caixão pela

sempre amada, Maria Prudência.

O desfecho do conto foi inesperado e interessante o que levou

a que eu gostasse ainda mais da sua leitura.

Penso mesmo que é um dos melhores finais que poderia ter

pois o facto de o pai contar ao filho e ao sobrinho Albano toda a

história da noite que influenciou a vida do tio e todos os

acontecimentos que ocorreram no funeral, trouxe um acrescido

esclarecimento geral.

O final conseguiu continuar, ou mesmo ultrapassar, a

excelente maneira como começou. Eu, como leitora, fiquei

presa ao crescendo da narrativa.

Conclusão

O conto, para além do prazer da sua leitura, fez-me reflectir

sobre a vida, as intrigas, a maledicência, os falsos

testemunhos, e sobre o verdadeiro Amor. Para além destes

aspectos, ajudou-me a treinar a interpretação, a compreensão,

a escrita mais sintética e ainda me obrigou a relembrar as

categorias da narrativa. Concluindo, gostei de ter elaborado

esta preparação para a apresentação oral do conto à turma.