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RODRIGO BOFF DAITX KINESIO TAPING COMO TERAPIA COMPLEMENTAR NO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DE PACIENTES COM EXACERBAÇÃO DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA TUBARÃO 2015

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RODRIGO BOFF DAITX

KINESIO TAPING COMO TERAPIA COMPLEMENTAR NO TRATAMENTO

FISIOTERAPÊUTICO DE PACIENTES COM EXACERBAÇÃO DE DOENÇA

PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

TUBARÃO

2015

RODRIGO BOFF DAITX

KINESIO TAPING COMO TERAPIA COMPLEMENTAR NO TRATAMENTO

FISIOTERAPÊUTICO DE PACIENTES COM EXACERBAÇÃO DE DOENÇA

PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde.

Orientadora: Profa. Jane da Silva, Dra

TUBARÃO

2015

Daitx, Rodrigo Boff, 1985-

D13 Kinesio taping como terapia complementar no tratamento

fisioterapêutico de pacientes com exacerbação de doença

pulmonar obstrutiva crônica / Rodrigo Boff Daitx ; -- 2015.

57 f. il. color. ; 30 cm

Orientadora : Jane da Silva.

Dissertação (mestrado)–Universidade do Sul de Santa

Catarina, Tubarão, 2015.

Inclui bibliografias.

1. Pulmões – doenças obstrutivas. 2. Exercícios

respiratórios – uso terapêutico. 3. Testes de função respiratória.

I. Silva, Jane da. II. Universidade do Sul de Santa Catarina –

Mestrado em Ciências da Saúde. III. Título.

CDD (21. ed.) 616.24

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

AGRADECIMENTOS

À Professora Doutora Jane da Silva, pela orientação, confiança e

oportunidades oferecidas.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da

Saúde, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Aos meus colegas e eternos professores da Universidade Luterana do Brasil

– Torres, que contribuíram para a realização dessa dissertação, em especial ao

professor Marcelo Dohnert, professora Laura J. dos Santos e a acadêmica Tamiris

Amaral.

A todas as pessoas que participaram da pesquisa, pelo espírito de

colaboração, sem o qual não teria sido possível a realização deste trabalho.

À minha esposa Caruline, pela paciência, compreensão e dedicação

incansável durante todo esse árduo período.

À minha família em geral, em especial minha mãe e meus irmãos, pelo

apoio, principalmente nas horas mais difíceis.

E por fim, meu filho Bruno, que foi e sempre será a principal e mais

importante inspiração para o alcance de meus objetivos.

RESUMO

Introdução: A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) caracteriza-se por ter

uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas e/ou gases

tóxicos, sobretudo à fumaça de cigarro. É progressiva e, apesar de acometer

primariamente os pulmões, incluindo a musculatura respiratória, diversas

manifestações extrapulmonares são também descritas. Em períodos de

exacerbação a doença requer tratamento específico devido à piora do estado geral.

Uma das alternativas terapêuticas, além do tratamento medicamentoso, é a

fisioterapia respiratória. Kinesio Taping (KT) é uma técnica fisioterapêutica que pode

auxiliar o movimento fisiológico muscular e que pode ser considerada como opção

para melhorar a função respiratória. No entanto, não há dados na literatura a

respeito de sua aplicação em pacientes com exacerbação da DPOC.

Objetivo: Avaliar os efeitos da KT na função respiratória de pacientes internados

com exacerbação da DPOC.

Métodos: Ensaio clínico randomizado. Foram selecionados pacientes internados em

hospital com critérios clínicos de exacerbação da DPOC no período de janeiro de

2014 a setembro de 2015. Pacientes foram alocados em dois grupos: um realizou

fisioterapia convencional associada à aplicação da KT e o outro recebeu apenas

fisioterapia convencional. O volume expiratório forçado no primeiro segundo, o pico

de fluxo expiratório, as pressões respiratórias máximas, a saturação de oxigênio e a

mobilidade torácica foram avaliadas antes e 24h após a intervenção.

Resultados: Dentre os 71 selecionados, foram elegíveis 61 pacientes, alocados 31

no grupo intervenção e 30 no grupo KT. Apresentaram média de idade de 66,3 anos,

variando entre 43 e 92 anos. O grupo KT obteve uma melhora significativa pós-

intervenção apenas na variável saturação de oxigênio. Não foram verificadas

diferenças estatisticamente significantes nas demais variáveis estudadas.

Conclusão: A aplicação da KT na musculatura respiratória de pacientes com

exacerbação de DPOC auxiliou na melhora da saturação de oxigênio, não sendo

observadas diferenças nos demais parâmetros investigados.

Descritores: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Serviço Hospitalar de

Fisioterapia. Ensaio clínico.

ABSTRACT

Introduction: Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD) is characterized by

having an abnormal inflammatory response of the lungs to inhaled particles and / or

toxic gases, mainly to cigarette smoke. It is progressive and although primarily affect

the lungs, including the respiratory muscles, extrapulmonary manifestations are also

described. In periods of exacerbation, disease requires specific treatment due to

worsening of general condition. One therapeutic alternatives, in addition to drug

treatment, is respiratory therapy. Kinesio Taping (KT) is a physiotherapy technique

which can assist physiological muscle movements and can be considered as an

option for improving respiratory function. However, there is no data in the literature

about its application in patients with exacerbation of COPD.

Objective: To evaluate the effects of KT on lung function in patients hospitalized with

COPD exacerbation.

Methods: Randomized clinical trial. We selected patients admitted to hospital with

clinical criteria for COPD exacerbation from January 2014 to September 2015.

Patients were divided into two groups: one held conventional physiotherapy

associated with the application of KT and the other received only conventional

therapy. Forced expiratory volume in the first second, peak expiratory flow, maximal

respiratory pressures, oxygen saturation and chest mobility were assessed before

and 24 hours after intervention.

Results: Among the 71 selected, 61 were eligible patients allocated 31 in the

intervention group and 30 in the KT group. They had a mean age of 66.3 years,

ranging between 43 and 92 years. The KT group achieved a post-intervention result

significantly improved only in the variable oxygen saturation. No statistically

significant differences in other variables were observed. Conclusion: The application

of KT in respiratory muscles of patients with COPD exacerbation helped in improving

the oxygen saturation and differences were not observed in other investigated

parameters.

Keywords: Pulmonary Disease, Chronic Obstructive. Physical Therapy Department,

Hospital. Clinical Trial.

LISTAS

Lista de abreviaturas

% - Porcentagem

BD - Broncodilatador

BPM - Batimentos Por Minuto

CAAE - Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CAT - COPD Assessment Test

CVF - Capacidade Vital Forçada

DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

DTA - Diâmetro Tóraco Anterior

DTLD - Diâmetro Tóraco Lateral Direito

DTALD - Diâmetro Tóraco Anterior x Diâmetro Tóraco Lateral Direito

Ex - Exemplo

GOLD - Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease

KT - Kinesio Taping

L - Litros

l/s - Litros por Segundo

MRC - Medical Research Council

ml/cmH20 - Milílitros por Centímetro de Água.

O2 – Oxigênio

PaO2 – Pressão Arterial de Oxigênio.

PEmax - Pressão Expiratória Máxima (cmH20)

PImax - Pressão Inspiratória Máxima (cmH20)

PFE - Pico de Fluxo Expiratório (l)

pH – Potencial de Hidrogênio

PÓS-BD - Após Uso de Broncodilatador

PO2 - Pressão de Oxigênio

SpO2 - Saturação de Oxigênio

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina

VA/Q - Ventilação-Perfusão

VEF1 - Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (%)

VEF1/CVF - Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo/Capacidade Vital

Forçada

Listas de ilustrações

Fluxograma 1 - Recrutamento e avaliação dos pacientes internados com

exacerbação de

DPOC.........................................................................................................................26

Fotografia 1 - Vista frontal da biofotogrametria com os diâmetros torácico anterior

nos níveis acromial, axilar e xifoide...........................................................................30

Fotografia 2 - Vista lateral da biofotogrametria com os diâmetros torácicos laterais

direito nos níveis acromial, axilar e decima segunda costela.....................................30

Fotografia 3 - Aplicação da KT na musculatura do diafragma e dos escalenos ........ 32

Fluxograma 2 - Recrutamento e avaliação dos pacientes internados com

exacerbação de DPOC...............................................................................................34

Lista de tabelas

Tabela 1 - Características dos pacientes internados, por exacerbação da DPOC, no

Hospital Nossa Senhora dos Navegantes. ................................................................ 35

Tabela 2 - Parâmetros saturação de oxigênio, manovacuometria, volume expiratório

forçado no primeiro segundo e do pico de fluxo expiratório em pacientes internados

por exacerbação da DPOC no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes ................ 35

Tabela 3 - Parâmetros da biofotogrametria nos pacientes internados por

exacerbação de DPOC no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes. ..................... 36

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................10

1.1 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................11

1.1.1 Epidemiologia e diagnóstico da doença...................................................11

1.1.2 Fisiopatologia da DPOC.............................................................................14

1.1.2.1 Limitação do fluxo aéreo e aprisionamento de ar......................................15

1.1.2.2 Anormalidade nas trocas gasosas.............................................................15

1.1.2.3 Hipersecreção de muco.............................................................................16

1.1.2.4 Hipertensão pulmonar................................................................................16

1.1.3 Exacerbação da DPOC e tratamento.........................................................16

1.1.4 Tratamento fisioterapêutico.......................................................................19

1.1.5 Kinesio Taping.............................................................................................20

2. OBJETIVOS ......................................................................................................23

2.1 OBJETIVO GERAL .........................................................................................23

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...........................................................................23

3. MÉTODOS ........................................................................................................24

3.1 TIPO DE ESTUDO ..........................................................................................24

3.2 POPULAÇÃO, LOCAL E PERÍODO ...............................................................24

3.3 AMOSTRA .......................................................................................................24

3.3.1 Critérios de inclusão...................................................................................24

3.3.2 Critérios de exclusão .................................................................................25

3.4 COLETAS DE DADOS ....................................................................................25

3.4.1 Recrutamento de pacientes .......................................................................25

3.4.2 Randomização e pareamento ....................................................................26

3.4.3 Cegamento ..................................................................................................27

3.4.4 Medidas de avaliação pré e pós-intervenção ...........................................27

3.4.4.1 Monitoração eletrônica do VEF1 e pico de fluxo expiratório ......................27

3.4.4.2 Manovacuometria ......................................................................................28

3.4.4.3 Biofotogrametria ........................................................................................28

3.4.4.4 Saturação de oxigênio ...............................................................................30

3.5 INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA ...........................................................31

3.5.1 Tratamento fisioterapêutico convencional da instituição – grupo controle

..............................................................................................................................31

3.5.2 Kinesio Taping ............................................................................................31

3.5.2.1 Aplicação da KT na musculatura diafragmática ........................................31

3.5.2.2 Aplicação na musculatura dos escalenos ..................................................32

3.6 COMPILAÇÃO E ANÁLISES DOS DADOS ....................................................33

3.7 CONSIDERAÇOES ÉTICAS DA PESQUISA ..................................................33

4. RESULTADOS ..................................................................................................34

5. DISCUSSÃO .....................................................................................................38

6. CONCLUSÃO ...................................................................................................42

REFERÊNCIAS......................................................................................................43

APÊNDICES .........................................................................................................49

APÊNDICE A- Ficha de avaliação ......................................................................49

APÊNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido ............................51

ANEXO .................................................................................................................54

ANEXO A- Parecer consubstanciado do CEP ...................................................54

10

1. INTRODUÇÃO

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença prevenível e

tratável que tem como principal característica a obstrução persistente e geralmente

progressiva ao fluxo aéreo, associada à inflamação crônica das vias aéreas. A

principal causa da doença é a inalação de gases e partículas nocivas 1.

Pacientes com DPOC são frequentemente acometidos por exacerbações da

doença, em que ocorre uma amplificação da resposta inflamatória nas suas vias

aéreas, que pode ser desencadeada por infecção bacteriana, viral ou poluentes

ambientais 1. Durante as exacerbações, ocorre um aumento do aprisionamento do ar

nos pulmões, levando a uma hiperinsuflação pulmonar, diminuição do fluxo

expiratório, fenômeno esse responsável pelo aumento da dispneia. Exacerbações

desencadeiam alterações do padrão respiratório, desenvolvendo um processo de

aceleração de degeneração nos tecidos e órgãos, proporcionando alterações como

a perda de massa corporal, diminuição da força e resistência muscular respiratória e

periférica, interferindo diretamente na diminuição da função pulmonar, da qualidade

de vida e da própria perspectiva de vida dos pacientes 1.

Nos últimos anos tem-se observado um crescimento acelerado de estratégias

terapêuticas que auxiliam o tratamento da DPOC 2-4, inclusive para os períodos de

exacerbação. Uma dessas estratégias é a fisioterapia respiratória, a qual pode ser

realizada por diferentes técnicas que buscam amenizar os sintomas da doença 5.

Dentre as diferentes técnicas utilizadas em fisioterapia, a kinesio taping (KT), por ser

relativamente nova, vem ganhando espaço entre os profissionais da área. Trata-se

de uma bandagem terapêutica que promove uma elevação da epiderme e reduz a

pressão sobre os mecanorreceptores que estão situados abaixo da derme. Segundo

seu idealizador, a sua utilização pode auxiliar na diminuição do quadro álgico, no

alinhamento dos tecidos moles, na melhora da circulação de sangue e linfa, na

otimização da reparação de lesão tecidual, na facilitação ou limitação do movimento,

na correção da biomecânica articular e de funções musculares 6. O uso da técnica,

embora ainda não citada na literatura, pode ser um recurso de tratamento

fisioterapêutico adicional na DPOC, tendo em vista que pode auxiliar o movimento

fisiológico muscular, melhorando o desempenho da musculatura respiratória, a qual

está enfraquecida na doença, especialmente durante a exacerbação 1.

11

Apesar de ser mais utilizada em lesões musculoesqueléticas, a aplicação da

KT como recurso terapêutico em doenças respiratórias foi modestamente estudada.

Jan Szczegielniak et al. 7, utilizaram a técnica em pacientes hospitalizados com

diagnóstico de asma, avaliando como desfechos o nível de dispneia, o volume

expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e o pico de fluxo expiratório (PFE).

Ao final do estudo, foi observado a melhora em todas as variáveis avaliadas. Couto

et al., 8 avaliaram a ação da KT na musculatura respiratória do diafragma e

intercostais externos associada à fisioterapia convencional em pacientes com

DPOC. Os autores concluíram que a maioria dos pacientes apresentaram maior

mobilidade abdominal e 60% das mulheres relataram maior facilidade para realizar

as incursões respiratórias.

Nesse sentido, um estudo que avalie os efeitos da KT sobre a musculatura

respiratória em pacientes com exacerbação da DPOC, torna-se relevante não

apenas por ser um assunto pouco explorado, mas também por servir como respaldo

científico para a utilização dessa recente técnica, ao serem demonstrados seus

efeitos naquele grupo de pacientes.

1.1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1.1 Epidemiologia e diagnóstico da doença

A DPOC, por ser uma doença crônica e por ter uma evolução lenta, possui

um impacto significativo em todas as áreas da saúde. Entre elas, uma das mais

procuradas pelos pacientes acometidos são as unidades hospitalares, devido à

exacerbação da doença. Relata-se que 25% das hospitalizações por problemas

respiratórios sejam devido à DPOC, sendo esta a doença líder de mortalidade entre

as doenças respiratórias 9. Nos últimos anos, a DPOC é a quarta principal causa de

mortalidade e morbidade crônica em todo o mundo, estimando-se que o número de

casos da doença ainda tende a aumentar significativamente, decorrente de seu

principal fator de risco, o tabagismo, e o envelhecimento progressivo da população 1.

No Brasil, em 2014, foram hospitalizados devido à DPOC mais de 121 mil

pacientes, chegando ao gasto financeiro de mais de 92 milhões de reais. Na Região

Sul, nesse mesmo período, foram mais de 40 mil internações, totalizando um gasto

de 28 milhões de reais 10.

12

A exposição à poluição do ar, tanto externa (poluição ambiental), quanto na

poluição interna (por queima de biomassa, ex: fogões à lenha) são fatores de risco

importantes para o desenvolvimento da DPOC. No entanto, a exposição tabágica,

que se refere ao uso de cigarros, charutos, cachimbos, ou qualquer outro tipo de

tabaco, é considerada o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença

11. Apesar das chances serem menores, existem outros fatores de risco que podem

desencadear a DPOC, entre eles estão as alterações que afetam o crescimento

pulmonar nos fetos e alterações pulmonares em crianças durante o desenvolvimento

na infância, que podem ser causadas por baixo peso ao nascer e infecções

respiratórias. Além disso, há o risco genético causado pela deficiência hereditária de

α-1-antitripsina, especialmente em indivíduos jovens, caucasianos e com histórico de

DPOC na família 1.

O diagnóstico da doença pode ser obtido por um conjunto de informações

relacionadas à exposição de fatores de risco e aos sintomas apresentados. Entre os

sintomas estão:

- Tosse crônica: apresenta-se de forma intermitente ou diariamente,

frequentemente durante o dia e raramente durante à noite.

- Bronquite aguda: episódios repetitivos.

- Tosse crônica produtiva: qualquer tosse crônica que produza expectoração

pode ser um indicativo de DPOC.

- Dispneia: pode ser progressiva, persistente, piora com exercícios e piora

durante infecções respiratórias 1.

Sintomas de menor expressão como coriza, febre, mialgias, taquicardia e

taquipneia podem aparecer no caso da exacerbação 12.

Para a realização do diagnóstico conclusivo, utiliza-se a espirometria, que tem

seus valores previstos para cada indivíduo de acordo com sua idade, sexo e altura.

Sendo assim, os resultados apresentam-se como percentual avançado pelo paciente

correlacionado ao valor previsto de acordo com suas características. São

mensurados, para o diagnóstico, os valores de volume expiratório forçado no

primeiro segundo/capacidade vital forçada (VEF1/CVF). Resultados menores de

0,70, após a utilização de broncodilatodores (BD), confirma-se a presença de

limitação persistente ao fluxo aéreo 13.

Os estágios para DPOC, relacionados à espirometria, variam entre quatro

graus:

13

Grau 1: doença leve – pacientes com VEF1 Pós-BD = 80% do previsto com

relação VEF1/ CVF inferior a 0,70 Pós-BD.

Grau 2: doença moderada – paciente com VEF1 Pós-BD < 80% e > 50% do

previsto, com relação VEF1/CVF inferior a 0,70 Pós-BD.

Grau 3: doença grave – VEF1/CVF < 0,70 Pós-BD e VEF1 < 50% e ≥ 30% do

previsto, ou pacientes com hipoxemia intensa, mas sem hipercapnia,

independentemente do valor de VEF1.

Grau 4: doença muito grave – VEF1/CVF < 0,70 Pós-BD e VEF1 < 30% do

previsto, ou pacientes com hipercapnia ou sinais clínicos de insuficiência cardíaca

direita, ou pacientes com dispneia que os incapacite a realizar as atividades diárias

necessárias à sustentação e higiene pessoais 1.

Ainda segundo a Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

(GOLD) 1, a classificação da DPOC pelos dos estágios A, B, C e D, vem sendo

utilizada nos últimos tempos. Trata-se de uma classificação que avalia o impacto da

doença para o paciente e também avalia os riscos de futuras exacerbações. Além da

classificação espirométrica do fluxo aéreo, são avaliados os sintomas, através da

escala de dispneia MRC modificada ou avaliação dos sintomas pelo COPD

Assessment Test (CAT) e, por fim, o risco em relação à exacerbação / internação

hospitalar.

A escala de dispneia Medical Research Council (MRC) modificada tem uma

classificação numérica de 0 a 4, em que “0” significa falta de ar ao realizar exercícios

intensos; “1” Falta de ar ao apressar o passo, ao subir um lance de escadas ou ao

subir uma ladeira leve; “2” Andar mais devagar que pessoas da mesma idade ou

precisar parar para respirar quando anda no próprio passo; “3” Parar para respirar

antes de andar 100 metros ou após alguns minutos; e “4” Não sair de casa devido à

falta de ar 1.

O CAT é uma escala numérica de 0 a 5, em que o paciente quantifica seu

nível de tosse, secreção, pressão torácica, dispneia ao realizar esforços, confiança

ao sair de casa, apesar da doença pulmonar, qualidade do sono e disposição

(energia). Quanto menor for a pontuação, melhor a qualificação da DPOC 1.

O risco em relação à exacerbação / internação hospitalar é classificado em

baixo risco, quando o paciente apresenta no máximo uma exacerbação ao ano sem

hospitalização e alto risco, quando paciente apresentarem qualquer hospitalização

por exacerbação ou dois episódios ou mais de exacerbação por ano.

14

Os pacientes DPOC são classificados de acordo com os estágios a seguir:

Grupo A: Baixo risco, pouco sintomático: Paciente no estágio GOLD 1 ou 2

(leve a moderada limitação do fluxo de ar) e/ou no máximo uma exacerbação por

ano e sem hospitalizações por exacerbação e escala de dispneia MRC grau 0 ou 1.

Grupo B: Baixo risco, muito sintomático: Paciente no estágio GOLD 1 ou 2

(leve a moderada limitação do fluxo de ar), e/ou no máximo uma exacerbação por

ano e sem hospitalizações por exacerbação e escala de dispneia MRC grau 2 ou

mais ou CAT 10 ou mais.

Grupo C: Alto risco, pouco sintomático: Paciente no Estádio GOLD 3 ou 4

(grave ou muito grave limitação do fluxo de ar), e/ou mais que duas exacerbações

por ano ou hospitalizações por exacerbação e escala de dispneia MRC grau 0 ou 1

ou CAT menor que 10.

Grupo D: Alto risco, muito sintomático: Paciente no Estádio GOLD 3 ou 4

(grave ou muito grave limitação do fluxo de ar), e/ou Mais que duas exacerbações

por ano ou hospitalizações por exacerbação e escala de dispneia MRC grau 2 ou

mais ou CAT 10 ou mais 1.

1.1.2 Fisiopatologia da DPOC

A DPOC é caracterizada por um processo inflamatório, em que são

envolvidas células como neutrófilos, macrófagos e linfócitos. Esses células fazem a

liberação de mediadores inflamatórios e interagem com outras células estruturais no

parênquima pulmonar e nas vias aéreas 14.

O estresse oxidativo tem uma grande contribuição para evolução da DPOC e

se eleva ainda mais nas exacerbações. É desencadeado pela fumaça de cigarros e

outras partículas inaladas, e faz a liberação de células inflamatórias. O estresse

oxidativo ocasiona várias consequências adversas nos pulmões, como a ativação de

genes inflamatórios, inativação de antiproteases, estimulação de secreção de muco

e estimulação do aumento da exsudação plasmática. Esse estresse oxidativo pode

ser ainda responsável pela redução da atividade das histona-deacetilase nos tecidos

pulmonares, levando pacientes DPOC a um elevado aumento de genes

inflamatórios e a uma possível redução da ação anti-inflamatória dos corticoides 15.

Há uma grande evidência da ocorrência de desequilíbrio entre as proteases

nos pulmões de pacientes DPOC. Essas destroem os componentes do tecido

15

conjuntivo e as antiproteases que protegem contra isso. Portadores de DPOC

apresentam um elevado número de proteases, derivadas das células inflamatórias e

epiteliais. A elastina, que é um componente importante do tecido conjuntivo no

parênquima pulmonar, pode ser destruída pela protease e essa destruição é

considerada uma característica importante do enfisema e possivelmente irreversível

1.

Pacientes com DPOC apresentam também comprometimento sistêmico. Em

casos mais graves frequentemente há caquexia, além de perda de massa muscular

esquelética, como resultado do aumento do desuso muscular e/ou apoptose. Esses

pacientes estão propensos a maior chance de desenvolver a osteoporose,

depressão e anemia crônica 16-18. Mediadores inflamatórios em concentrações

elevadas, como TNF-α, IL-6 e radicais livres derivados do oxigênio, podem mediar o

aparecimento de alguns desses efeitos sistêmicos, que estão relacionados a

proteína C-reativa 19.

1.1.2.1 Limitação do fluxo aéreo e aprisionamento de ar

A redução do VEF1 e da relação VEF1/CVF estão relacionadas diretamente

com a extensão do processo inflamatório, do exsudato e a fibrose nas pequenas

vias aéreas pulmonares 20. Esse processo evolui para uma obstrução dessas vias

aéreas, e consequentemente um progressivo aprisionamento de ar durante a

expiração, desenvolvendo assim a hiperinsuflação pulmonar 1.

O enfisema pulmonar caracteriza-se pela destruição e alargamento dos

bronquíolos e alvéolos gerando uma perda de elasticidade e favorecendo o

aprisionamento de ar nos pulmões. O enfisema está mais associado as trocas

gasosas do que a redução de VEF1, contribuindo assim para um maior

aprisionamento de ar durante a expiração. Isso acontece especialmente quando a

doença se torna mais grave e as ligações alveolares a pequenas vias aéreas são

destruídas 1. A hiperinsuflação, que geralmente se desenvolve no início da doença,

reduz a capacidade inspiratória e aumenta a capacidade residual funcional,

resultando em dispneia, principalmente relacionada ao esforço físico 21.

1.1.2.2 Anormalidade nas trocas gasosas

16

A hipoxemia e hipercapnia são anormalidade resultantes da deficiente troca

gasosa nos pulmões. De modo geral, a troca gasosa piora de acordo com a

progressão da doença. A gravidade do enfisema está diretamente relacionada aos

marcadores de desequilíbrio da relação ventilação/perfusão (VA/Q) e a pressão de

oxigênio (PO2). Outro agravante para desequilíbrio do VA/Q é a obstrução das vias

aéreas periféricas e a disfunção dos músculos respiratórios, resultando na retenção

de dióxido de carbono em pacientes com DPOC 1.

1.1.2.3 Hipersecreção de muco

Uma das características da bronquite crônica é a hipersecreção de muco, que

resulta numa tosse produtiva crônica e não está diretamente associada à limitação

do fluxo aéreo. Vários são os mediadores e proteases que estimulam e

hipersecreção de muco e diversos desses exercem efeitos pela ativação do receptor

do fator de crescimento epidérmico. Geralmente a presença do muco está

relacionada à metaplasia da mucosa, com números elevados de glândulas

submucosas e células caliciformes em resposta a irritação das vias aéreas pelos

agentes causadores da doença 22.

1.1.2.4 Hipertensão pulmonar

A vasoconstrição das pequenas artérias pulmonares pode desenvolver

tardiamente uma hipertensão pulmonar leve à moderada em pacientes DPOC, e

esse fato pode eventualmente causar mudanças estruturais como hipertrofia ou

hiperplasia do musculo liso 23. Ocorre uma disfunção celular endotelial devido e uma

resposta inflamatória nos vasos, semelhante as que ocorrem nas vias aéreas. A

hipertensão pulmonar, que pode ser aumentada pela perda do leito capilar pulmonar

no enfisema, pode desenvolver ainda patologias cardíacas, como hipertrofia

ventricular e insuficiência cardíaca direita 1.

1.1.3 Exacerbação da DPOC e tratamento

17

A exacerbação da DPOC é um evento de crise na história da doença. Ela

ocorre quando a sintomatologia aumenta e se torna excessivamente desconfortável,

necessitando uma intervenção adicional ao tratamento que vem sendo realizado,

causando aceleração do declínio da função pulmonar e aumentando as chances de

internações hospitalares 1. Pacientes com exacerbação da DPOC desenvolvem um

padrão respiratório apical, devido ao aumento da resistência das vias aéreas,

alterando a função pulmonar, identificada pelo aumento dos volumes pulmonares

estáticos. Devido ao aprisionamento do fluxo aéreo, a DPOC é clinicamente

conhecida como desencadeadora de limitação da função diafragmática 24.

Pacientes DPOC apresentam perda de força e de endurance dos músculos

respiratórios e dois fatores são considerados importantes no que se diz respeito à

alteração da estrutura e função muscular. São eles os fatores musculares

intrínsecos, que apresentam alterações geométrica da parede torácica e alterações

no volume pulmonar, e os fatores extrínsecos, que estão relacionados ao

comprimento das fibras musculares 25.

Nesses pacientes, as mudanças geométricas do tórax e à limitação do fluxo

aéreo causadas pela hiperinsuflação pulmonar desencadeiam um aumento da carga

mecânica do diafragma 26. O diafragma também sofre um aumento da capacidade

oxidativa e alterações estruturais em suas fibras musculares 27.

A exacerbação da DPOC tende a desencadear o aumento hiperinflação

pulmonar, consequentemente recrutando a musculatura acessória da respiração,

causando uma fraqueza muscular inspiratória, tornando a respiração superficial e

acelerada. Esse padrão diminui o tempo expiratório e altera o volume minuto. Além

disso, desenvolve alterações no movimento toracoabdominal, que também está

diretamente ligada à mudança do desempenho dos músculos inspiratórios,

resultando no rebaixamento do diafragma, reduzindo o comprimento de suas fibras,

sua capacidade de gerar força, e ainda, modificando a relação tensão-comprimento,

a zona de posição e o raio de curvatura deste músculo 28. Adicionalmente, ocorre

aumento da contribuição dos músculos do tórax e pescoço, acessórios na inspiração

29, resultando no rebaixamento das hemicúpulas diafragmáticas, correspondendo a

uma menor pressão abdominal, seguida de uma menor expansão da caixa torácica

inferior, levando à diminuição da mobilidade costal 30.

Os fatores que indicam a internação por exacerbação da DPOC estão

relacionados às seguintes condições: incapacidade de ser cuidado em domicílio;

18

DPOC muito grave; falência de tratamento ambulatorial; doenças associadas com

repercussões clínicas: insuficiência cardíaca congestiva, diabetes mellitus, arritmia

cardíaca, doença renal ativa ou doença hepática ativa; suspeita de outros

diagnósticos associados, tais como pneumonia, embolia, derrame pleural ou

pneumotórax; dispneia acentuada que não melhora com tratamento adequado;

frequência respiratória > 30 incursões por minuto; respiração paradoxal; instabilidade

hemodinâmica; rebaixamento do nível de consciência (confusão mental, sonolência,

torpor, coma); hipoxemia intensa e não responsiva ao uso de oxigênio (PaO2< 40

mmHg); hipercapnia intensa ou progressiva; acidose respiratória pH < 7,25 1.

Tratamentos não farmacológicos são indispensáveis para uma vida saudável

de portadores da DPOC, entre eles estão a cessação ou diminuição do tabagismo,

cessação ou diminuição da exposição a ambientes prejudiciais, avaliação nutricional

e agregação de atividades físicas. O uso de ventilação não invasiva também é

recomendado nos casos de hipercapnia, porém não apresentam resultados sobre a

qualidade de vida 31.

Entre as medicações, inclusive na fase de exacerbação, as mais usadas são

os broncodilatadores que podem ser utilizado por demanda ou regularmente. A

escolha correta da medicação dependerá da resposta individual do paciente,

relacionado ao alivio dos sintomas e aparecimento de efeitos adversos, assim como

a disponibilidade da própria medicação 32.

Medicamentos mais convenientes são os que apresentam efeitos de longa

duração, por apresentar resultados mais duradouros e acentuados, no entanto, os

medicamentos de curta ação apresentam características de iniciar a sua ação mais

rapidamente, porém menos duradoura. Os medicamentos mais utilizados são:

- B2-agonistas, no caso do formoterol e salmeterol para longa ação, ou

fenoterol e terbutalina para curta duração;

- Anticolinérgicos, como o brometo de ipratrópio, de curto tempo de ação, e o

brometo de tiotrópio utilizado como agente de longa ação.

- Xantinas, no caso da bamifilina e teofilina utilizados como ação prolongada e

a aminofilina como agente de curta duração.

- Corticóides inalados, que diminuem a frequência das exacerbações pela

melhora dos sintomas apresentados e da função pulmonar, em contra partida se

utilizados por longos prazos podem aumentar os riscos de infecções respiratórias.

19

- Inibidores da fosfodiesterase-4, nos casos de DPOC grave, em que

apresentem classificação da função pulmonar nos níveis de grau 3 ou 4 na classe

GOLD.

Outras medicações sugeridas são as vacinas anuais contra a Influenza e

agentes mucolíticos no caso do carbocisteína, para pacientes que apresentarem

expectoração viscosa 32.

1.1.4 Tratamento fisioterapêutico

O tratamento fisioterapêutico da DPOC consiste em várias modalidades,

dependendo do estado e da limitação de cada paciente. Entre as atividades mais

utilizadas, as principais estão relacionadas ao aumento progressivo de atividade

física, aumento da força muscular global e melhora da força e resistência

cardiopulmonar 33.

Em pacientes estáveis deve-se priorizar a diminuição da sintomatologia,

melhorando a tolerância aos exercícios e o estado de saúde. Além de trabalhar

paralelamente a prevenção da doença, deve-se trabalhar a prevenção e tratamento

das exacerbações. Na abordagem do paciente com DPOC deve- se incluir uma

avaliação da sintomatologia aguda e crônica, levando em conta fatores como

comorbidade, exames físicos, duração dos sintomas e, se possível, aferir a

gravidade da exacerbação. Quanto mais graves algum dos fatores, maiores as

chances de um paciente necessitar de internação 1.

O tratamento fisioterapêutico apresenta um papel importante na exacerbação

da DPOC 34, em pacientes hospitalizados, as atividades fisioterapêuticas estão

diretamente relacionada à desinflação pulmonar, sendo utilizadas técnicas como

manobras expiratórias, exercícios metabólicos e deambulação 35.

Langer et al. 33, descreveram as práticas fisioterapêuticas para DPOC,

relacionadas à função muscular respiratória e periférica, capacidade de exercícios,

qualidade de vida e limitações em relação à atividade na vida diária pela dispneia ou

intolerância ao exercícios. O estudo baseia-se em conclusões de pesquisas

científicas e relata intervenções fisioterapêuticas para DPOC que promovem

redução da hiperinsuflação dinâmica, melhora da troca gasosa e melhora do

movimento tóraco-abdominal. Esses objetivos são alcançados com emprego de

técnicas como o treinamento muscular inspiratório, pressão expiratória positiva,

20

percussão e vibração torácicas, posicionamento corporal, respiração diafragmática,

exercícios de relaxamento, entre outros.

1.1.5 Kinesio Taping

Entre as décadas de 1970 e 1980, foi desenvolvido por Kenzo Kase, um

quiropraxista japonês, uma técnica chamada Kinesio Taping (KT) na qual utiliza-se

uma fita adesiva elástica, que colocada sobre a pele, fornece suporte às articulações

e aos músculos 6. Por ser elástica, a fita adesiva proporciona uma liberdade de

movimento, sendo muito bem aceita pelos adeptos. Além disso, é muito flexível,

tolera até 75% de seu tamanho original e, se aplicada da forma correta, pode tanto

contribuir para facilitação muscular (aumento da contração dos músculos), quanto

para inibição muscular (diminuição de contraturas) 36.

A técnica KT, que é considerada não invasiva, tem como efeito direto o alívio

de dores, aumento do fluxo sanguíneo e linfático, liberação da tensão da pele e

nervos, manutenção da função das articulações e normalização do sistema muscular

37.

Estudos sobre o efeito da KT em diversas condições, vêm mostrando

benefícios de sua aplicação. Marcin et al., 38, avaliaram a influência da KT no nível

de dor e aumento da tolerância ao esforço em pacientes no período pós-operatório

de colecistectomia laparoscópica. Esse estudo avaliou 63 pacientes, que foram

divididos em dois grupos, um grupo recebeu fisioterapia hospitalar e outro grupo

recebeu a fisioterapia adicionado à KT. Os resultados demonstraram que os

pacientes que fizeram uso da KT apresentaram uma diminuição no tempo de

internação, redução na percepção da dor, com consequente diminuição do uso de

medicamentos para esse fim, e ainda uma melhora na tolerância aos exercícios nas

sessões de fisioterapia, em relação aos pacientes que receberam a fisioterapia

hospitalar isolada.

Ristow et al., 39 utilizaram a KT para avaliar dor e edema após cirurgia de

fratura do arco zigomático. Foram incluídos no estudo 30 pacientes, divididos em

dois grupos, um foi submetido ao tratamento convencional de pós-operatório de arco

zigomático e o outro grupo submetido ao mesmo tratamento associado à aplicação

da KT. Os pesquisadores consideraram que a KT pode ajudar em relação à melhora

21

na diminuição de edema e também na diminuição da percepção de dor, quando

comparados aos pacientes que não fizeram uso da KT.

Szczegielniak et al., 7 avaliaram o efeito da KT em pacientes hospitalizados

por asma na Polônia. Os pesquisadores avaliaram 10 pacientes, todos receberam o

tratamento medicamentoso da instituição, além de fisioterapia respiratória e a

aplicação da KT na musculatura respiratória. Os parâmetros avaliados foram o nível

de dispneia através da escala de Borg modificada, o VEF1 e PFE. Todas as medidas

foram avaliadas uma hora após a colocação da KT e reavaliados 24h após a

primeira aferição. Ao final do estudo, os pesquisadores relataram uma melhora em

todos os parâmetros respiratórios avaliados.

Couto et al. 8, avaliaram a ação da KT na musculatura respiratória do

diafragma e intercostais externos associada à fisioterapia convencional em

pacientes do sexo feminino com DPOC. Antes e após cada sessão de fisioterapia

todas as mulheres realizavam as medidas de pressão inspiratória máxima (PImax),

pressão expiratória máxima (PEmax), Cirtometria (axilar e abdominal), saturação de

oxigênio (SpO2) e escala de BORG modificada. Ao final do estudo, concluíram que a

maioria dos pacientes apresentou maior mobilidade abdominal e 60% das mulheres

relataram maior facilidade para realizar as incursões respiratórias.

Entretanto a literatura apresenta algumas controvérsias relacionada à

utilização da KT. Parreira et al 40, através de uma revisão sistemática, avaliou doze

estudos randomizados envolvendo 495 participantes, e através deles aferiu a

eficácia do uso da KT nas variáveis dor no ombro, dor no joelho, dor lombar crônica,

dor de garganta, fascite plantar. Na maioria dos estudos, a utilização da KT não

ofereceu benefícios significativos às pessoas que fizeram o uso da técnica, e os que

foram clinicamente significativos, foram ensaios de baixa qualidade, que

apresentavam metodologias falhas. Os autores concluíram que as evidencias não

suportavam o uso da KT como tratamento para doenças osteomusculares. No

entanto, relataram ainda que as conclusões da revisão sistemática foram baseadas

em estudos metodologicamente fracos, salientando a importância de novos estudos

apresentando uma força metodológica de maior qualidade para aferir o real efeito da

utilização da KT.

De modo geral, um estudo que avalie os efeitos da KT sobre a musculatura

respiratória em pacientes com exacerbação da DPOC, torna-se relevante não

apenas por ser um assunto ainda não explorado, mas também por servir como

22

respaldo científico para a utilização dessa recente técnica, ao serem demonstrados

seus efeitos naquele grupo de pacientes.

23

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar os efeitos da KT, associada à fisioterapia convencional, na função

respiratória e saturação de oxigênio de pacientes internados com

exacerbação de DPOC.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Comparar o efeito da KT associado à fisioterapia convencional na

mobilidade torácica de pacientes em exacerbação da DPOC em relação à

fisioterapia convencional isoladamente.

Avaliar se a KT promove variações no VEF1 desses pacientes.

Avaliar se a KT promove variações na PEmax e na PImax desses

pacientes.

Avaliar se a KT promove variações no PFE, desses pacientes.

Avaliar se a KT promove variações na SpO2 desses pacientes.

24

3. MÉTODOS

3.1 TIPO DE ESTUDO

Ensaio clínico randomizado simples cego.

3.2 POPULAÇÃO, LOCAL E PERÍODO

O estudo ocorreu no período de janeiro de 2014 a setembro de 2015, no

Hospital Nossa Senhora dos Navegantes (HNSH), localizado na cidade de Torres,

no Estado do Rio Grande do Sul.

A população do estudo foi composta por pacientes internados no hospital com

critérios clínicos de exacerbação da DPOC: aumento da tosse, aumento da

expectoração ou mudança do aspecto da secreção e aumento da dispneia 1. No

HNSN foram internados no ano de 2014, 4307 pacientes, desses 674 por doenças

respiratórias e 48 por exacerbação da DPOC.

3.3 AMOSTRA

O cálculo amostral foi baseado em estudo piloto e foi realizado com o intuito

de detectar uma diferença de no mínimo 5 cmH2O na PImax, 26 mm no diâmetro

axilar e 17 mm no diâmetro xifóide. Tais variáveis estavam relacionadas aos

desfechos pressões respiratórias e mobilidade torácica. Considerando um α de 0,05,

um poder de 80% e uma perda amostral de 10%, o tamanho estimado da amostra

60 indivíduos, sendo que 30 passaram pela KT (grupo de intervenção), e 31 foram

considerados controles 41.

3.3.1 Critérios de inclusão

Foram considerados critérios de inclusão:

a) Pacientes que internaram por critério clínico de exacerbação da DPOC,

definido pelo médico da instituição: geralmente apresentado pelo aumento

25

da expectoração, dispneia, mudança da cor da expectoração,

broncoespasmo e presença de febre.

b) Pacientes que receberam prescrição de fisioterapia no primeiro dia de

internação.

3.3.2 Critérios de exclusão

Foram considerados como critérios de exclusão:

a) Pacientes internados na UTI;

b) Pacientes não colaborativos que não puderam realizar os métodos de

avaliação respiratória através de aparelhos de manovacuometria,

microespirometria, e Pico de Fluxo Expiratório;

c) Aqueles que referiram cirurgia torácica prévia ou que apresentaram

deformidades torácicas, ou qualquer complicação que dificultasse o uso da

KT;

d) Aqueles que referiram reações alérgicas na pele com o uso de “band-aid”,

esparadrapo, micropore ou outro material adesivo.

3.4 COLETAS DE DADOS

3.4.1 - Recrutamento de pacientes

Pacientes internados foram convidados a participar do estudo, após

explicação dos procedimentos a serem realizados. Os que aceitaram participar

assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice B). No caso de

pacientes não escolarizado, um familiar era convidado a assinar. Em seguida, foi

preenchido o protocolo de estudo (Apêndice A) nas partes 1 e 2, referentes aos

dados demográficos, dados clínicos e de avaliação pré-intervenção, de acordo com

o fluxograma 1.

Os dados demográficos e clínicos foram fornecidos pelo paciente ou familiar,

ou ainda localizado no prontuário médico, quando necessário.

26

Fluxograma 1- Recrutamento e avaliação dos pacientes internados com

exacerbação de DPOC

3.4.2 – Randomização e pareamento

Foi realizado randomização em blocos pré-determinados de quatro

participantes, em que eram colocados em envelopes lacrados dois cartões contendo

a escrita “grupo de intervenção”, e dois cartões contendo a escrita “grupo controle”,

a fim de assegurar amostra semelhante quanto ao número de participantes nos dois

grupos. A randomização ocorreu normalmente dentro de cada bloco de forma

simples, cada participante era alocado no devido grupo, de acordo com um sorteio.

Ao fim de cada bloco de quatro alocações, um novo envelope era organizado para a

sequência de alocação dos participantes. Dessa forma, a alocação foi determinada

na proporção de 2:2, determinando-se os dois grupos a seguir:

- Grupo intervenção KT (Grupo KT): pacientes que receberam aplicação de

Kinesio Taping adicionada ao tratamento padrão da instituição, que se constituiu no

27

uso de medicamentos e fisioterapia convencional (realizado pelos fisioterapeutas da

unidade),

- Grupo controle: pacientes que receberam o tratamento padrão da instituição.

3.4.3 Cegamento

Para o cegamento os profissionais trabalharam independentes e sem

comunicação quanto aos resultados das suas atividades na pesquisa. Um dos

profissionais (pesquisador 1) era responsável pelo recrutamento dos pacientes,

coleta de dados demográficos e avaliação pré e pós-intervenção nos dois grupos.

Um segundo pesquisador (pesquisador 2) era responsável pela randomização dos

pacientes e aplicação da técnica de KT. A fisioterapia convencional era aplicada por

profissionais não ligados diretamente à pesquisa. Após 24h da aplicação da KT, as

bandagens eram retiradas antes da reavaliação pelo pesquisador 2. Apenas o

pesquisador 2 tinha conhecimento sobre os pacientes alocados nos grupos

(Fluxograma 1).

3.4.4 Medidas de avaliação pré e pós-intervenção

A seguir são descritas as medidas de avaliação e respectivas técnicas de

aplicação. Todas foram realizadas antes e após a intervenção de fisioterapia e em

todos os pacientes.

3.4.4.1- Monitoração eletrônica do VEF1 e pico de fluxo expiratório

Foi realizada a monitoração eletrônica do VEF1 e medida do PFE, através do

aparelho digital Picofarad 200 (Microlife®, Guangdong/China), que fornece ambas as

informações na mesma aplicação.

A monitoração eletrônica do VEF1 e medida do PFE são técnicas não

invasivas e que, de acordo com estudos prévios, apresentam boa acurácia para

acompanhamento de pacientes com síndrome obstrutiva 42,43. Possuem a vantagem

de serem portáteis e de fácil utilização 43. A técnica foi aplicada de acordo com as

normas do fabricante.

28

Brevemente, após receber um bocal individual, o paciente era posicionado

sentado em uma cadeira com encosto e com narinas ocluídas por um clipe nasal.

Solicitou-se que o mesmo realizasse uma inspiração máxima, seguida de

acoplamento do bocal do instrumento na sua cavidade oral, e uma expiração

forçada, exalando o máximo possível de ar por 3 segundos. A seguir foram anotados

os valores de VEF1 e PFE demonstrados no monitor do aparelho. A manobra foi

repetida por três vezes, tomando-se por definitivos os valores do teste em que o

paciente tenha apresentado o melhor desempenho (maiores valores).

3.4.4.2 Manovacuometria

Foi realizada a manovacuometria através do aparelho manovacuômetro

(Comercial Médica®, São Paulo/SP/Brasil), com bocais individuais, que foram

esterilizados na central de materiais esterilizados do hospital após utilização. O

protocolo de realização da manovacuometria foi estabelecido pelas Diretrizes para

Testes de Função Pulmonar da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

(2002) 44. Com o paciente sentado em uma cadeira com apoio, narinas ocluídas por

um clipe nasal, foi solicitado que este exalasse todo o ar dos pulmões; em seguida

ao acoplamento do bocal, foi solicitado uma contração inspiratória máxima, de forma

a obter-se o valor da PImax. Para a avaliação da PEmax, o paciente manteve-se no

mesmo posicionamento e com oclusão nasal. Solicitou-se que o paciente exercesse

uma inspiração máxima, seguida do acoplamento do bocal e, após, uma contração

expiratória máxima.

Para reprodutibilidade da mensuração, as medidas de PImax e de PEmax

foram realizadas cinco vezes, sendo as duas primeiras manobras consideradas

demonstrativas, para compreensão por parte do paciente. As três seguintes foram

consideradas para registro, sendo utilizada a de maior valor. Caso houvesse

discrepância entre as medidas, ultrapassando 20% das medidas anteriores, uma

nova medida era realizada 44. A calibração do manovacuômetro era realizada no

início de cada aferição.

3.4.4.3- Biofotogrametria

29

A biofotogrametria, conduzida para aferir a mobilidade torácica, foi aplicada

de acordo com as orientações de Ricieri e Rosário 45. Para isso, antes da aquisição

das imagens, foram colocados marcadores de superfície brancos, esféricos, planos

e autoadesivos de 13 mm de diâmetro em pontos anatômicos pré-determinados dos

pacientes. Em seguida, após a retirada dos marcadores de superfície na primeira

avaliação, os pontos foram marcados com caneta cirúrgica, com objetivo de

minimizar erros de marcação dos pontos anatômicos na reavaliação. Foram

utilizadas para incidência frontal, acrômio-anterior, linha axilar anterior e apêndice

xifoide. Para incidência em perfil, foram utilizados acrômio-anterior e posterior, linha

axilar anterior e na projeção lateral do 10º arco costal, de modo a estarem visíveis

nas imagens das duas vistas.

Logo após, o paciente era posicionado sentado em uma cadeira sem escora,

com postura confortável e induzido pelo comando verbal do pesquisador para que

realizasse uma inspiração profunda, seguida de uma expiração profunda e

relaxamento dos ombros a seguir. Como forma de sistematizar a aquisição, duas

fotos foram realizadas na seguinte sequência: vista anterior e lateral direita. Após, as

mesmas foram submetidas à análise.

Para aquisição das imagens, foi utilizada uma câmera fotográfica digital

marca Nikon D500® (NIKON do Brasil LMTD, Manaus, Brasil) posicionada sobre um

tripé fotográfico a 1,10m de altura do solo, com eixo óptico ortogonal aos planos das

medidas e distância de 1,80, conforme descrito por Ricieri e Rosário 45. As imagens

foram obtidas após a mensuração correta e o posicionamento do tripé, no quarto do

paciente. As imagens digitais foram importadas para o programa Suíte Corel Draw

versão 9.0®. Com a ferramenta “dimensão linear”, sobre as imagens foram traçados

três diâmetros torácicos em cada vista: três diâmetros torácicos anteriores (DTA)

(fotografia 1), nos níveis acromial, axilar e xifoide e três diâmetros torácico lateral

direito (DTLD) (fotografia 2), nos níveis acromial, axilar e decima segunda costela.

Foram mensurados os diâmetros torácicos anterior x lateral D (DTALD). As

fotografias 1 e 2, a seguir, mostram respectivamente a vista frontal e lateral da

biofotogrametria.

30

Fotografia 1 - Vista frontal da biofotogrametria com os diâmetros torácico anterior

nos níveis acromial, axilar e xifoide.

Fotografia 2 - Vista lateral da biofotogrametria com os diâmetros torácicos laterais

direito nos níveis acromial, axilar e décima segunda costela.

3.4.4.4- Saturação de oxigênio

Para medida da SpO2, foi utilizado o oxímetro de pulso OXIFAST (K. Takaoka

Indústria e Comércio LTDA São Paulo/ SP/ Brasil) que fornece os dados de maneira

não invasiva, conforme orientação previas de Alexander et al 46. O aparelho possui

um receptáculo que foi acoplado à porção distal do dedo indicador do paciente. A

saturação de oxigênio presente no sangue foi fornecida através da leitura dos dados

provenientes de receptores de luz vermelha e infravermelha.

31

3.5 INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA

3.5.1 Tratamento fisioterapêutico convencional da instituição – grupo controle

O grupo controle foi submetido ao tratamento fisioterapêutico padrão da

instituição para pacientes com exacerbação da DPOC. No período de 24h, foram

realizadas duas sessões, conduzidas pelos fisioterapeutas da instituição. O

tratamento convencional era constituído por exercícios respiratórios objetivando a

redução da hiperinsuflação dinâmica e melhora da troca gasosa, entre eles: (a)

terapia manual expiratória passiva, que consistiu na mobilização manual passiva da

caixa torácica por meio de compressão regional do tórax na expiração (três séries

compostas por dez repetições cada); (b) exercícios metabólicos, executados por

mobilização ativa de membros superiores e membros inferiores (três séries

compostas por dez repetições para cada membro); (c) deambulação, com duração

de cinco minutos, realizada nos corredores do hospital.

3.5.2 Kinesio Taping

O grupo kinesio taping foi submetido ao tratamento fisioterapêutico padrão da

instituição para pacientes com exacerbação da DPOC e aplicação de KT na

musculatura respiratória (diafragma e escalenos). Neste grupo foram utilizadas

bandagens elásticas da marca Kinesio Tex®, de 5 cm de largura. Tricotomia foi

realizada nos pacientes que apresentaram pelos nas regiões de aplicações da KT.

Todos os pacientes foram orientados a não retirarem e a não esfregarem a KT no

momento do banho.

3.5.2.1 Aplicação da KT na musculatura diafragmática

A aplicação foi realizada nas hemicúpulas direita e esquerda do diafragma,

com o paciente na posição sentada. A bandagem teve os cantos cortados, a fim de

diminuir os riscos de descolamento da mesma. Após retirar o papel do centro da

bandagem, a KT foi aplicada sobre o processo xifoide. Na sequência, solicitava-se

que o paciente realizasse uma inspiração máxima – se possível com apneia – e,

acompanhando o movimento dos arcos costais com média tensão

32

(aproximadamente 30%), fixava-se a KT na altura de T12. No final aplicava-se um

compressão manual na fita fixada sobre a pele, a fim de promover-se a ativação da

cola 6.

3.5.2.2 Aplicação na musculatura dos escalenos

A aplicação foi realizada com o paciente sentado em uma cadeira sem

encosto. A KT foi cortada ao meio no sentido longitudinal, em torno de 80% de sua

extensão, para fixar a fita no sentido inserção-origem para proporcionar o

relaxamento da musculatura. Recortou-se os cantos da KT, a fim de diminuir riscos

deslocamento da mesma, rasgou-se o papel protetor, fixou-se a ponta da KT na

altura da clavícula, fez-se uma extensão e rotação homolateral da cervical,

aplicando-se com uma tensão média (aproximadamente 30%), deslocando a KT até

o processo transverso das vértebras cervicais C2, C3 e C4. Antes de voltar à coluna

cervical a posição fisiológica, esfregou-se a fita a fim de promover a ativação da

cola. Esse processo foi realizado bilateralmente. A fotografia 3 mostra como fica a

aplicação da KT 6.

Fotografia 3 - Aplicação da KT na musculatura do diafragma e dos escalenos.

33

3.6 COMPILAÇÃO E ANÁLISES DOS DADOS

Os dados foram armazenados em uma planilha do programa Excel® 2013

(Microsoft Corporation, Redmond, WA, Estados Unidos) e posteriormente

exportados para o software Statistical Product for servisse solution (SPSS) 20.0®,

para análise estatística. O teste de Shapiro Wilk foi aplicado para verificar a

normalidade dos dados. As variáveis nominais foram sumarizadas como números

absolutos e percentuais. As variáveis quantitativas discretas e contínuas foram

sumarizadas como médias e desvio-padrão, quando se apresentavam com

distribuição normal e como medianas e mínimo-máximo, quando se apresentavam

como variáveis não paramétricas.

As associações entre as variáveis foram avaliadas através do teste do qui-

quadrado de Pearson, a comparação entre as médias foi realizada pelo teste t de

Student, e a comparação de medianas pelo teste Mann-Whitney. Foram

considerados significativos valores de “p” menores que 0,05.

3.7 CONSIDERAÇOES ÉTICAS DA PESQUISA

Este estudo foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres

Humanos da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e do Hospital Mãe de

Deus, via Plataforma Brasil (CAAE: 24002513.1.0000.536) e cumpre com a

Resolução do Conselho Nacional de Saúde 466/12. Os pacientes que aparecem nas

fotos autorizaram a utilização de suas imagens para serem apresentadas nessa

dissertação e, se necessário, em eventos científicos.

34

4. RESULTADOS

Foram Recrutados para a pesquisa 71 pacientes. Desses, cinco foram

excluídos; sendo dois por não serem colaborativos para aplicação das fitas de KT e

três por terem sido transferidos para unidade de tratamento intensivo. Assim, 66

pacientes poderiam ser elegíveis na pesquisa, no entanto, cinco se recusaram a

participar da pesquisa por motivos pessoais.

Ficaram incluídos 61 pacientes que participaram de todas as etapas da

pesquisa, sendo randomizados 30 pacientes para o grupo KT e 31 para o grupo

controle (Fluxograma 2).

Fluxograma 2 - Recrutamento e avaliação dos pacientes internados com exacerbação de DPOC. Fonte: Autores, 2015.

Interrompeu a intervenção (n=0)

Avaliados para

elegebilidade (n=71)

Excluido (n=10) Não colaborativos (n=02)

Recusaram-se a participar (n=05)

Internados na UTI (n=03)

Analisado (n=30)

Interrompeu a intervenção (n=0)

Alocados para o grupo KT (n=30)

Receberam intervenção (n=30)

Alocados para o grupo controle (n=31)

Receberam intervenção (n=31)

Analisado (n=31)

Alocação

Analise

Seguimento

Randomizado (n=61)

Inscrição

35

Os pacientes tinham média de idade de 66,3 anos (DP), variando entre 43 e

92 anos. Foram recrutadas 23 mulheres (37,09%), sendo 14 alocadas no grupo KT.

Os 38 homens que fizeram parte do estudo ficaram divididos em 16 no grupo KT.

Treze pacientes (21,3%) não apresentaram nenhum tipo de comorbidade

associada à DPOC. As comorbidades mais frequentemente relatadas foram a

hipertensão apresentada em 23 pacientes (37,7%), seguida de doenças cardíacas,

presente em 14 pacientes (22,9%), e a diabete mellitus em 9 pacientes (14,8%). A

Tabela 1 apresenta as características gerais dos pacientes incluídos no estudo.

Tabela 1 - Características dos pacientes internados, por exacerbação da DPOC, no

Hospital Nossa Senhora dos Navegantes.

Variável Total (n=61)

Grupo KT (n=30)

Grupo

Controle (n=31)

p valor

Gênero M/F 38/23 16/14 22/09 0,19 Idade, em anos (± DP) 66,3 ± 14,1 66,9 ±14,7 65,8 ± 13,6 0,25 Comorbidades, n (%) 0,19

Sim 48 (78,6) 21 (34,4) 27 (44,3) Não 13 (21,4) 9 (14,8) 4 (6,5)

Tabagismo positivo,

em maços/ano (± DP) 42,0 ± 28,5 35,68± 30,0 37,81 ± 29,2 0,71

M/F= masculino e feminino. DP= Desvio Padrão

Os dados referentes à saturação do oxigênio, pressões inspiratória e

expiratória máximas, volume expiratório forçado no primeiro segundo e pico de fluxo

expiratório dos dois grupos estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Saturação de oxigênio, pressões inspiratória e expiratória máximas,

volume expiratório forçado no primeiro segundo e do pico de fluxo expiratório em

pacientes internados por exacerbação da DPOC no Hospital Nossa Senhora dos

Navegantes.

36

Variável Grupo KT (n=30) Média ± DP

Grupo Controle (n=31) Média ± DP

p valor

SpO2, %

Pré 92,0 ± 3,0 92,5 ± 3,3 0,77

Pós 94,4 ± 2,1 92,3 ± 2,7 0,01

p valor 0,0001 0,34

PEmax, cmH2O

Pré 64,4 ± 19,0 68,7 ± 23,19 0,46

Pós 72,7 ± 18,2 70,5 ± 19,5 0,67

p valor 0,0001 0,41

PImax, cmH2O

Pré -43,8 ± 22,9 -47,0 ± 20,8 0,57

Pós -48,1 ± 22,9 -45,5 ± 20,4 0,66

p valor 0,001 0,32

VEF1, l

Pré 0,9 ± 0,6 1,1 ± 1,1 0,42

Pós 1,1 ± 0,6 0,9 ± 0,5 0,41

p valor 0,0001 0,42

PFE, l/s

Pré 164,1 ± 94,1 159,7 ± 100,9 0,86

Pós 179,5 ± 92,9 181,8 ± 108,8 0,93

p valor 0,0001 0,66

SpO2= saturação de oxigênio, PEmax= pressão expiratória máxima, PImax=pressão inspiratória máxima, VEF1= volume expiratório máximo no primeiro segundo, PFE= pico de fluxo expiratório, DP= desvio padrão, l= litros, l/s= litros por segundo.

Tabela 3 - Parâmetros da biofotogrametria nos pacientes internados por

exacerbação da DPOC no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes.

(Continua)

Variável

Grupo KT (n=30) Mediana

Grupo Controle (n=31)

Mediana

p valor

Diâmetro Torácico Acromial (mm)

Pré 79,32 77,40 1,00

Pós 80,04 74,43 0,60

p valor 0,31 0,22

Diâmetro Torácico Axilar (mm)

Pré 141,41 144,12 1,00

Pós 144,65 145,08 1,00

p valor 0,56 0,16

37

Tabela 3 - Parâmetros da biofotogrametria nos pacientes internados por

exacerbação da DPOC no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes.

(Conclusão)

Diâmetro Torácico Xifóide (mm)

Pré 293,87 309,80 1,00

Pós 275,50 308,38 0,60

p valor 0,95 0,21 Pré= avaliação antes da intervenção, Pós= avaliação depois da intervenção.

38

5. DISCUSSÃO

No presente estudo foi realizada a aplicação da KT na musculatura

respiratória de pacientes internados com exacerbação da DPOC e foram avaliados

desfechos como saturação de oxigênio, pressões respiratórias máximas, fluxos e

volumes respiratórios e mobilidade torácica. Verificou-se que, após a intervenção,

somente o grupo tratado com KT apresentou um aumento estatisticamente

significativo da SpO2. Os demais desfechos avaliados não foram diferentes entre os

grupos KT e controle.

Pacientes em exacerbação de DPOC podem apresentar SpO2 normal ou

baixa no momento da exacerbação 1. Nesse estudo, a SpO2 foi de 92 % no grupo KT

e 92,5% no grupo de fisioterapia convencional antes da intervenção. No entanto,

após as primeiras 24 horas de internação, correspondente ao período da

intervenção, apenas o grupo KT apresentou aumento significativo da SpO2. De

acordo com a literatura, a hiperinsuflação pulmonar gerada pelo aprisionamento de

ar em pacientes com DPOC, diminui o comprimento das fibras musculares do

diafragma e sua capacidade de gerar força, consequentemente gerando uma fadiga

muscular inspiratória e uma troca gasosa insuficiente 28. A KT, segundo seu

idealizador, promove um recrutamento de unidades de fibras motoras musculares 6.

Desse modo, hipotetiza-se que a utilização da KT tenha auxiliado no recrutamento

dessas unidades motoras no diafragma, resultando no aumento da SpO2 nos

pacientes que fizeram uso da técnica. Além disso, a aplicação da KT nos músculos

escalenos pode ter promovido relaxamento dessa musculatura. Já foi demonstrado

que, ao realizarem respirações mais lentas e profundas em sessões de ioga,

pacientes com DPOC moderada a grave apresentam redução da frequência

respiratória, aumento do volume corrente e melhora da SpO2 47. Sabe-se que uma

baixa ventilação alveolar pode piorar a troca gasosa em pacientes DPOC, e que

para uma boa ventilação alveolar, incursões ventilatórias lentas e maior volume

corrente são mais propícios do que uma respiração rápida e superficial, resultando

assim em uma ventilação maior no espaço morto 48. Acredita-se que a aplicação da

KT pode ter contribuído para um possível relaxamento da musculatura acessória da

respiração, promovendo uma respiração menos acelerada e mais profunda, com

consequente aumento do volume corrente e melhora da SpO2.

39

Pacientes com DPOC podem apresentar uma fraqueza muscular respiratória 1

e, na exacerbação da doença, essa fraqueza pode ainda ser maior 25. Ao avaliar a

disfunção muscular global de pacientes com DPOC, foi constatado que os músculos

inspiratórios apresentam limitação funcional aumentada durante as exacerbações,

devido ao aumento da capacidade residual funcional, promovidos pelo

aprisionamento de ar e hiperinflação pulmonar 1. Além disso, já foi demonstrado que

os pacientes mais propensos a internações hospitalares por exacerbações da

doença apresentam maior disfunção dos músculos expiratórios 49. Na presente

pesquisa, após a aplicação da KT, não foi observado aumento estatisticamente

significante da PEmax e da PImax no grupo KT, comparado ao controle. A aplicação

da KT para melhora da força muscular vem sendo investigada, porém há poucos

dados na literatura sobre o uso da técnica nos músculos respiratórios. Zubeyir et al.,

50 avaliaram os efeitos da KT na força muscular respiratória de indivíduos saudáveis,

divididos em dois grupos distintos de acordo com o local de aplicação da KT:

diafragma e músculos acessórios da respiração (esternocleidomastoideo, oblíquos

externos e internos). Nesse estudo, a KT não foi capaz de promover melhora da

força muscular em nenhum dos grupos avaliados. A aplicação da KT em outros

grupos musculares também não tem revelado resultados favoráveis à aplicação da

técnica quando o objetivo é melhora da força muscular. Vercelli et al., 51 após

investigar os efeitos imediatos da KT em 36 indivíduos saudáveis, não encontraram

efeitos significativos na força muscular de quadríceps. Em um ensaio clínico

randomizado, Poon et al.,52 também avaliaram os efeitos da KT no quadríceps de

indivíduos saudáveis e, assim como no estudo de Vercelli et al., não observaram

aumento da força desse grupo muscular. Csapo & Alegre 53 conduziram uma meta-

análise com 19 estudos com o intuito de verificar a eficácia da KT na facilitação do

aumento da força muscular em adultos saudáveis e, após as análises, os autores

concluíram que a aplicação da KT não melhorou a força muscular,

independentemente do grupo muscular em que foi aplicado. Além disso, essa

revisão salientou que a qualidade metodológica dos estudos analisados foi

moderada e que os poucos estudos que apresentam melhora no desfecho em

questão, tendem a ter menor qualidade metodológica.

A função respiratória de pacientes com DPOC é caracterizada por apresentar

uma síndrome obstrutiva, em que valores de VEF1 e da capacidade vital forçada

(CVF) estão reduzidos 1. Durante a exacerbação, a função pulmonar pode ficar

40

ainda mais comprometida com redução mais acentuada do VEF1 e aumento no

volume residual. Esses valores tendem a ser ainda mais diminuídos, de acordo com

a recorrência de exacerbações 54. Nesse estudo, o VEF1 foi avaliado através da

monitorização eletrônica, que possibilita conhecer valores absolutos da VEF1.

Estudos revelam que essa pode ser uma ferramenta de grande utilização em

pacientes com síndromes obstrutivas, exacerbados ou não 42,43. Caracteriza-se por

ser um exame de fácil execução, podendo ser aplicado em paciente exacerbados, à

beira do leito, fornecendo valores absolutos de VEF1 e PEF, e apesar de não

fornecer os valores completos de uma espirometria, apresentam forte correlação

com resultados de uma espirometria completa 55,56. No presente estudo, a aplicação

da KT não promoveu melhora estatisticamente significante no PFE e no VEF1, e

esses dados estão de acordo com grande parte da literatura, que tem relatado que,

apesar da espirometria ser uma importante técnica para a determinação do grau de

obstrução das vias aéreas, seus parâmetros não sofrem melhoras após programas

fisioterapêuticos de reabilitação 55,56. Em uma revisão sistemática, Tang, Taylor,

Blackstock 55, avaliaram a eficácia da fisioterapia respiratória em pacientes

internados com exacerbação da DPOC e observaram que manobras

fisioterapêuticas podem beneficiar esse grupo de pacientes, através de técnicas que

objetivam, por exemplo, a melhora do movimento tóraco-abdominal, da respiração

diafragmática e da expectoração de secreção, porém, os pesquisadores,

observaram que a maioria dos programas de fisioterapia respiratório não alteram o

VEF1 e PFE. Kunikoshita et al., avaliaram os efeitos de três programas de

fisioterapia respiratória em pacientes com DPOC e concluíram que nenhum dos

programas de fisioterapia respiratória, propostos no estudo, se mostrou efetivo para

proporcionar melhoras nas variáveis espirométricas mensuradas 56.

A mobilidade tóraco-abdominal está relacionada diretamente com a

expansibilidade torácica e ação dos músculos respiratórios, frequentemente utilizada

em pacientes com DPOC 1. Esse grupo de paciente pode apresentar uma série de

alterações na biomecânica da caixa torácica, devido a reorganização das cadeias

musculares na doença 57. A biofotogrametria vem sendo utilizada para aferir a

mecânica respiratória em indivíduos saudáveis ou não 58,59,60. Apesar de autores

relatarem que a utilização da KT associada com algum intervenção fisioterapêutica,

pode inibir ou facilitar a função muscular, mantendo o posicionamento articular e

fornecendo feedback proprioceptivo para manter o alinhamento corporal 61,62,63, a

41

literatura de modo geral não suporta essa tese 40. No presente estudo, os dados da

biofotogrametria não apresentaram diferença estatisticamente em nenhuma das

medidas avaliadas. O uso da KT na musculatura do diafragma e dos escalenos

parece auxiliar na melhora da SpO2, porém observa-se no presente estudo e na

literatura em geral que os efeitos para ganho de força não são evidentes, justificando

assim a não melhora nos dados da biofotogrametria desses pacientes, tendo em

vista que a mobilidade torácica está relacionada a integridade da musculatura

respiratória, que assessora a expansão e a retração da caixa torácica 64.

Este estudo apresenta algumas limitações. O diagnóstico de DPOC foi

realizado com base no histórico e nos sintomas. Os pacientes incluídos não foram

submetidos à espirometria convencional, o que não permitiu a confirmação do

diagnóstico e a classificação dos pacientes de acordo com a gravidade da doença.

Apesar disso, pode-se considerar esse um estudo piloto em que foi observado

melhora na SpO2 nos pacientes que fizeram o uso da KT. Os relatos da utilização

dessa técnica em pacientes com DPOC são raros, sendo talvez essa a primeira

demonstração em pacientes exacerbados. Além disso, o estudo reflete o que ocorre

na rotina real dos hospitais, na qual os pacientes são internados e submetidos ao

tratamento da exacerbação e após a hospitalização nem sempre são encaminhados

a serviços especializados ou à realização de espirometria para acompanhamento.

Uma outra limitação foi o pequeno número de participantes. Entretanto,

estudos prévios sobre aplicação de KT contaram com a participação de um número

semelhante 38,39. Em função disso e de outras razões relativas à metodologia de

estudo, recentemente, Nunes et al. 65 levantaram questionamentos sobre a base

fisiológica que explique os benefícios da KT, apontando a falta de eficácia dessa

técnica. No entanto, os mesmos autores sugerem que novos estudos sejam

realizados para explorar mais profundamente a teoria que existe por trás dessa

técnica e reconhecem que a falta de evidência pode ser devido à falta de robustez

dos estudos. O presente estudo pode ser considerado como um piloto, que indica a

técnica para consideração em estudos que permitam que a mesma possa ser

explorada de forma mais aprofundada.

42

6. CONCLUSÃO

A aplicação da KT na musculatura respiratória de pacientes com exacerbação

de DPOC auxiliou na melhora da saturação de oxigênio, não sendo observadas

diferenças nos demais parâmetros investigados.

Os achados desse estudo indicam que a KT pode ser uma opção associada à

fisioterapia convencional no tratamento dos pacientes. Reforça-se a necessidade de

mais estudos com uma amostra mais ampla e aplicando a KT por maior tempo para

se tentar identificar efeitos adicionais da terapia em pacientes com exacerbação da

DPOC.

43

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49

APÊNDICES

APÊNDICE A- ficha de avaliação

KINESIO TAPING- ( ) SIM ( ) NÃO

Endereço:

Telefone:

DADOS INICIAIS

Nome

Idade Sexo No prontuário

Data

Comorbidades

Tipos de comorbidades

Medicações em uso

Tabagismo Sim ( ) Não ( ) nº cigarro dia/20 x anos fumados = Pack Year- Anos/maço.

DIA 1

Saturação de o2

PEmax

PImax

VEF1

PFE

Dados da Biofotogrametria

DTAPPD- ACROMIO- AXILAR- XIFOIDE- DTAPPE- ACROMIO- AXILAR- XIFOIDE- DTPAPD- ACROMIO- AXILAR- XIFOIDE-

50

DTPAPE- ACROMIO- AXILAR- XIFOIDE-

DIA 2

Saturação de o2

PEmax

PImax

VEF1

PFE

Dados da Biofotogrametria

DTAPPD- ACROMIO- AXILAR- XIFOIDE- DTAPPE- ACROMIO- AXILAR- XIFOIDE- DTPAPD- ACROMIO- AXILAR- XIFOIDE- DTPAPE- ACROMIO- AXILAR- XIFOIDE-

51

APÊNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP UNISUL

[email protected], (48) 3279.1036

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Você está sendo convidado(a) a participar como voluntário(a), em uma

pesquisa que tem como título “KINESIO TAPING EM PACIENTES COM

EXACERBAÇÃO DA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA”. Sobre a

responsabilidade do pesquisador Rodrigo Boff Daitx e da pesquisadora Profa. Dra.

Jane da Silva e tem como objetivo avaliar os efeitos da Kinesio Taping na função

pulmonar de pacientes internados com exacerbação da Doença Pulmonar Obstrutiva

Crônica. A Kinesio Taping é uma faixa elástica adesiva muito flexível, que se

aplicada sobre a pele contribui para o aumento da contração dos músculos, e para a

diminuição de contraturas, sem causar danos ao paciente.

Este estudo é uma proposta de dissertação de Mestrado do Programa de

Pós-graduação em Ciências da Saúde – UNISUL. Ele é importante porque vai

estudar a função respiratória e sua relação com a Kinesio Taping, uma técnica que

auxilia no movimento fisiológico, ativando o controle e regeneração das articulações

e dos músculos.

Neste estudo será realizada aplicação de uma ficha de identificação,

constando dados do pacientes e sinais vitais. Posteriormente, serão feitas medidas

de mecânica respiratória com duração de aproximadamente 10 minutos. Na

avaliação inicial, serão anotados os resultados de algumas medidas da função

respiratória. Nas medidas dessas funções, o pesquisador irá coletar informações

sobre o sistema respiratório, através de aparelhos de fácil manuseio e de fácil

aplicação, em que os pacientes terão apenas que soprar e inflar o ar ambiente,

através de um bucal individual anexado a aparelhos que nos fornecerão algumas

medidas. Será realizada também uma avaliação postural através de fotografias,

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onde serão colocados pequenos adesivos de identificação em algumas partes do

corpo, como ombro, abdome. Essas técnicas de medidas serão realizadas somente

no 2o e 3o dia de internação e não comprometem, de forma alguma, no tratamento

realizado pela equipe hospitalar. Por ser um estudo de ensaio clínico, alguns

participantes, de acordo com um sorteio prévio, serão submetidos a uma técnica

com Kinesio taping, onde será aplicada uma fita elástica na região do abdome e na

região do pescoço, e que permanecera fixada no corpo pelo período de 24h, sendo

retirada pelo pesquisador após esse período. De qualquer forma, você terá a

liberdade para desistir de participar da pesquisa a qualquer momento sem que isto

lhe traga qualquer prejuízo.

A pesquisa poderá ajudar diretamente os pacientes envolvidos na

pesquisa, melhorando a sua respiração, diminuindo assim a falta de ar que a DPOC

causa nos pacientes. Por ser uma técnica nova, poderá trazer benefícios para todos

os portadores da doença, auxiliando os profissionais que tratam essa patologia,

incluindo equipes hospitalares trazendo conhecimentos sobre a técnica da Kinesio

Taping e sua relação com a evolução dos pacientes com Doença Pulmonar

Obstrutiva Crônica.

Você poderá, quando quiser, pedir informações sobre a pesquisa ao

pesquisador. Esse pedido pode ser feito pessoalmente, antes ou durante a

entrevista, ou depois dela, por telefone, a partir dos contatos do pesquisador que

constam no final deste documento.

Todos os seus dados de identificação serão mantidos em sigilo e a sua

identidade não será revelada em momento algum. Em caso de necessidade, serão

adotados códigos de identificação ou nomes fictícios, de modo que ao serem

utilizados em eventos e artigos científicos, assim como em campanhas de

prevenção, a sua identidade será sempre preservada.

Lembramos que sua participação é voluntária, o que significa que você

não poderá ser pago, de nenhuma maneira, por participar desta pesquisa.

Eu, _______________________________, abaixo assinado, concordo em participar

desse estudo como sujeito. Fui informado (a) e esclarecido (a) pelo pesquisador

________________________ sobre o tema e o objetivo da pesquisa, assim como a

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maneira como ela será feita e os benefícios e os possíveis riscos decorrentes de

minha participação. Recebi a garantia de que posso retirar meu consentimento a

qualquer momento, sem que isto me traga qualquer prejuízo.

Pesquisador Responsável: Profa. Dra. Jane da Silva.

Outros Pesquisadores: Rodrigo Boff Daitx (Mestrando do curso de Pós Graduação

em Ciências da Saúde da Unisul)

Telefone para contato: (51) 92123616

Nome por extenso: ______________________________________________

RG: _______________________________________________

Local e Data: _______________________________________________

Assinatura: _______________________________________________

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ANEXO

ANEXO A- Parecer consubstanciado do CEP

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