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Rosalina sentença

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Manutenção do Plano de Saúde Empresarial após aposentadoria por tempo indeterminado. Cliente Perisson Andrade Advogados

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PO D E R JUDI C I Á RI OSÃO PAULO

4a V A R A C Í V E L C E N T R A L Fórum João Mendes Júnior - Praça Dr. João Mendes, s/n°, 6º andar, salas. 612/618

São Paulo / SP - CEP 01501-900 - Fone: (11) 2171-6000 (PABX)

Processo nº 1070140-82.2013.8.26.0100 Planos de SaúdeRequerente: R OSA L IN A C A V A L C A N T E R OSARequer ido: Fundação Saúde I taú

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C O N C L U S Ã O

Em 28 de novembro de 2013, faço estes autos

conclusos ao Meritíssimo Juiz de Direito,

Anderson Cortez Mendes. Eu,___________,

Escrevente, digitei.

Vistos.

R OSA L IN A C A V A L C A N T E R OSA ajuizou a presente ação contra

F UND A Ç Ã O SA ÚD E I T A Ú, ambas devidamente qualificadas nos autos,

alegando, em síntese, que manteve por mais de vínculo de emprego com ITAÚ

UNIBANCO S.A., ostentando plano de saúde estipulado em seu favor com a ré.

Aposentou-se em 32 de dezembro de 1998, contudo, continuou exercendo suas

funções até sua dispensa, sem justa causa, em 26 de abril de 2013. Foi-lhe oferecida

a continuidade da adesão ao plano de saúde por seis meses, quando deveria assumir

a integralidade de seu custeio. Foi, então, informada que a contraprestação

alcançaria R$2.122,06 por beneficiário, em que pese o disposto pelo artigo 31 da

Lei no 9.656/98. Em consequência, pediu a manutenção do contrato, nas mesmas

condições vigentes por ocasião do contrato de trabalho.

A petição inicial (fls. 1/28), que atribuiu à causa o valor de

R$10.000,00, veio acompanhada de documentos, almejando a comprovação dos

fatos em que a parte autora funda sua pretensão (fls. 29/66). Deferido o pedido de

tutela de urgência (fls. 67/68).

Regularmente citada (fls. 82), F UND A Ç Ã O SA ÚD E I T A Ú ofertou

contestação (fls. 118/138), com documentos (fls. 139/206), aduzindo, em suma,

que, quando da vigência do contrato de trabalho, o custo do contrato para

administração do plano de saúde da autora alcançava para si e para seus

dependentes, respectivamente, R$659,79 e R$359,62. Quando da manifestação da

sua intenção de permanência como aderente ao plano, seus agregados não foram

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incluídos como beneficiários. Não administrava o plano odontológico. A base

atuarial dos funcionários da ativa não poderia ser idêntica aos inativos. Não haveria

abusividade na contraprestação cobrada, implicando sua minoração desequilibro

econômico-financeiro. No mais, os valores pagos não poderiam ser repetidos. Por

conseguinte, requereu o reconhecimento da sua ilegitimidade ad causam quanto à

manutenção do plano odontológico e a improcedência da demanda.

Réplica apresentada (fls. 210/221).

É o relatório.

F UND A M E N T O E D E C ID O .

Conheço diretamente da demanda, nos termos do artigo 330, inciso I,

do Código de Processo Civil. Como ensina Cândido Rangel Dinamarco, “a razão pela qual se permite a antecipação do julgamento do mérito é invariavelmente a desnecessidade de produzir provas. Os dois incisos do art. 330 desmembram essa causa única em várias hipóteses, mediante uma redação cuja leitura deve ser feita com a consciência de que só será lícito privar as partes de provar quando as provas não forem necessárias ao julgamento” (Instituições de Direito Processual C ivil, v. III, 2a ed., Malheiros, p. 555).

Na lição de Marcelo José Magalhães Bonicio, “a fase instrutória do processo costuma ser mais longa do que o necessário, servindo muito mais aos propósitos protelatórios das partes do que ao descobrimento da verdade. A excessiva complacência dos juízes, temerosos em indeferir o requerimento de produção de provas, contribui sensivelmente para agravar esta situação (...). Exatamente neste ponto encontra-se a primeira possibilidade de utilização do princípio da proporcionalidade no campo das provas” (Proporcionalidade e processo: a garantia constitucional da proporcionalidade, a legitimação do processo civil e o controle das decisões judiciais. São Paulo: Atlas, 2006, p. 80).

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Conforme já decidiu, na mesma linha, o Excelso Supremo Tribunal

Federal: “a necessidade de produção de prova há de ficar evidenciada para que o julgamento antecipado da lide implique em cerceamento de defesa. A antecipação é legítima se os aspectos decisivos estão suficientemente líquidos para embasar o convencimento do Magistrado” (RE 101171, Relator Min. FRANCISCO REZEK,

SEGUNDA TURMA, julgado em 05/10/1984, DJ 07-12-1984 p. 20990).

É o caso dos autos, vez que desnecessária dilação probatória,

porquanto as alegações controvertidas encontram-se elucidadas pela prova

documental, não tendo o condão a prova oral ou pericial de trazer quaisquer

esclarecimentos relevantes para seu deslinde. No mais, versa a demanda matéria de

direito, tratando-se da interpretação dos ditames constitucionais e legais, tendo em

vista a matéria objeto do processo.

Destarte, perfeitamente cabível que se julgue antecipadamente o

mérito, sem olvidar que, nos termos do artigo 125, inciso II, do Código de Processo

Civil, compete ao magistrado velar pela rápida solução do litígio, privilegiando a

efetividade do processo, quando prescindível a instrução processual (cf. José

Roberto dos Santos Bedaque, Efetividade do Processo e T écnica Processual, 2a

ed., Malheiros, p. 32/34), e atendendo a garantia constitucional de razoável duração

do processo insculpida no artigo 5o, inciso LXXVIII, da Constituição Federal.

A preliminar levantada de carência de ação, por ilegitimidade passiva

ad causam, não merece acolhimento. Consoante ensinam Antonio Carlos de Araújo

Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco, “ em princípio, é titular de ação apenas a própria pessoa que se diz titular do direito subjetivo material cuja tutela pede (legitimidade ativa), podendo ser demandado apenas aquele que seja titular da obrigação correspondente (legitimidade passiva)”

(T eoria G eral do Processo, 17a ed., Malheiros, p. 260). Cumpre observar que as

condições da ação devem ser verificadas, em regra, in statu assertiones, ou seja,

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segundo a narrativa da petição inicial (cf. José Roberto dos Santos Bedaque,

Poderes Instrutórios do Juiz, 4ª edição, Revista dos Tribunais, p. 52/53).

Nessa esteira, tendo pleiteado a requerente, exclusivamente, sua

manutenção no plano de saúde administrado pela requerida, resta evidente ser parte

legítima para figurar no polo passivo da relação jurídico-processual em que

veiculada a pretensão. De fato, não integra o objeto litigioso do processo a

manutenção do plano de assistência odontológico estipulado por seu antigo

empregado com a empresa ODONTOPREV.

No mérito, a demanda é procedente.

Com efeito, o artigo 31, caput, da Lei no 9.656/98, ostentando

natureza de norma jurídica auto-aplicável, uma vez que independe de

regulamentação, permite ao empregado aposentado, a manutenção do plano de

saúde decorrente do vínculo de emprego, desde que arque com a parcela

anteriormente de responsabilidade do empregador como contraprestação pelos

serviços médicos, o que o parágrafo 1o do mesmo dispositivo legal estende aos seus

dependentes. Nessa direção, trilha a jurisprudência do Colendo Superior Tribunal

de Justiça:

“ Direito civil. Lei 9.656/98. Demissão, sem justa causa, de aposentado que participou, por mais de dez anos, de plano de saúde empresarial. Legislação aplicável. Direito à manutenção do plano. Alegação de que o encargo era integralmente assumido pela empresa, impossibilitando a manutenção do plano após o desligamento do empregado. Matéria solucionada pelo acórdão com base na interpretação do contrato de trabalho e em documentos do processo. Súmulas 5 e 7/STJ. Ausência de impugnação e de prequestionamento da norma do art. 458, §2º, da CLT, inviabilizando a revisão da matéria. Consoante a jurisprudência do STJ, as

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disposições da Lei 9.656/98 só se aplicam aos contratos celebrados a partir de sua vigência, bem como para os contratos que, celebrados anteriormente, foram adaptados para seu regime. Não havendo impugnação, pela operadora de planos de saúde, da aplicação da Lei 9.656/98, torna-se incontroversa a sua aplicabilidade à espécie, não obstante o início da relação entre o segurado e a seguradora ter se iniciado em período anterior à vigência da lei. Se o Tribunal, interpretando o contrato de trabalho do funcionário que se desligou da empresa, conclui que a parcela destinada ao pagamento do plano de saúde integrava sua remuneração, rever a matéria esbarraria nos óbices das Súmulas 5 e 7/STJ. A ausência de prequestionamento ou de impugnação no recurso especial impede que se analise a questão sob a ótica do art. 458, §2º, da CLT. Recurso especial a que se nega provimento” (REsp 976.125/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,

TERCEIRA TURMA, julgado em 08/09/2009, DJe 28/09/2009).

Anote-se, nessa ordem de ideias, que o equilíbrio econômico-

financeiro do plano de saúde há que ser mantido com base em cálculos atuariais

que englobem a integralidade de seus beneficiados. Assim sendo, a diferenciação

entre funcionários ativos e inativos não pode ser admitida, afrontando à imposição

do artigo 31, caput, da Lei no 9.656/98.

No caso em tela, comprovado que a demandante estava aposentado

desde 23 de dezembro de 1998 (fls. 33). Em 26 de abril de 2013, foi notificado da

sua dispensa, sem justa causa, por sua empregadora, consoante termo de rescisão de

seu contrato de trabalho (fls. 34). No mais, gozava de plano de saúde estipulado em

seu favor por conta do vínculo de emprego, o qual vigeu por mais de dez anos (fls.

35/36).

Destarte, é evidente a possibilidade de sua manutenção como

aderente ao plano de saúde administrado pela ré, arcando com a integralidade da

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contraprestação paga e, portanto, com a parte que cabia ao seu antigo empregador.

Assim, a contraprestação a ser paga deve observar aquela dos funcionários da ativa,

competindo à autora arcar com a participação de ITAÚ UNIBANCO S.A., vedada a

discriminação entre funcionários da ativa e inativos.

Diante do exposto, JU L G O PR O C E D E N T E A D E M A ND A

formulada por R OSA L IN A C A V A L C A N T E R OSA contra F UND A Ç Ã O SA ÚD E I T A Ú, tornando definitiva a tutela de urgência, para impor à ré a

manutenção da autora como aderente do plano de saúde estipulado em seu favor

por ITAÚ UNIBANCO S.A., cabendo-lhe arcar com os valores pagos pelo seu

antigo empregador em favor de cada um de seus empregados.

Condeno F UND A Ç Ã O SA ÚD E I T A Ú ao pagamento das custas,

despesas processuais e dos honorários advocatícios, nos termos do artigo 23 da Lei

no 8.906/94, que arbitro, em conformidade ao artigo 20, parágrafo 3º, do Código de

Processo Civil, em R$1.500,00, a serem atualizados, em conformidade à Tabela

Prática de Atualização de Débitos Judiciais Egrégio do Tribunal de Justiça do

Estado de São Paulo, a contar desta data.

Com o trânsito em julgado, resta extinta a fase de conhecimento, nos

termos do artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil, com resolução de

mérito.

Publique-se, registre-se e intime-se.

São Paulo, 28 de novembro de 2013.

Anderson Cortez MendesJuiz de Direito

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