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Colégio Cristo Rei Irmãs Agostinianas Missionárias COLÉGIO CRISTO REI Língua Portuguesa NOME: _____________________________________________________________ Nº_______ TURMA:__________ DATA:____/____/____ Prof.º Rosana Baú Rabello NOTA __________ ROTEIRO PARA LEITURA, TRABALHO ESCRITO E APRESENTAÇÃO SOBRE “O PAPALAGUI”, DISCURSO DE TUIÀVII Tuiávii, o autor desse discurso que iremos ler, foi um homem samoano, convertido ao cristianismo, que no fim do século XIX viajou pela Europa e fez um longo e detalhado relato de suas impressões sobre o papalagui, isto é, o homem branco. Leia atentamente o texto (no endereço http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfFMYAL/papalagui-erich-scheurmann ) e responda ao que se pede: Ponto 1: Nossa interpretação é extremamente baseada em nossa visão de mundo, nas nossas experiências, na nossa bagagem de vida. É como interpretamos tudo, inclusive cada linha que lemos. Mas é só mudar um pouquinho o ângulo que a gente pode ver tudo por uma perspectiva totalmente diferente. É esse treinamento de mudar a visão, de poder ver pelo lado que não é o meu (desde que não seja um lado que eu já sei que está errado ou que induz ao ódio -- o olhar dos preconceituosos, por exemplo), que a gente deve se lembrar de fazer todo dia. Nos comentários de Tuaiàvii, é possível identificar situações e costumes vivenciados pelo homem ocidental que, embora extremamente comuns e cotidianos em nossas vidas, vistos sob outra perspectiva, parecem bastante estranhos e pouco lógicos. Comente ao menos duas passagens do texto de Tuiàvii que te chamaram atenção e que fizeram você refletir sobre as atitudes e costumes de nossa cultura e sobre as quais você nunca tinha pensado a partir desse ponto de vista. Ponto 2: SOBRE A ESCRITA E A FORMA COMO TUAIAVII A VÊ “É particularmente ruim, é nefasto que todos os pensamentos, bons e maus, sejam logo inscritos em umas esteiras fi nas, brancas. Então, diz o Papalagui que “estão impressos”, quer dizer, o que aqueles doentes pensam é escrito por uma máquina, muitíssimo estranha, esquisita, que tem mil mãos e que encerra a vontade poderosa de muitos grandes chefes. E não é uma vez só, nem duas, mas muitas vezes infi ndáveis, que ela escreve os mesmos pensamentos. Depois, comprimem-se muitas esteiras de pensamentos em pacotinhos, chamados “livros”, que são enviados para todas as partes do país. Todos que absorvem estes pensamentos, num instante contaminam-se. Eles engolem estas esteiras como se fossem bananas doces. Levam estes livros para casa, amontoam-nos, enchem com eles baús inteiros, e todos, moços e velhos, roem-nos feito ratos que roem a cana-de-açúcar. É por isso que existem tão poucos Papalaguis capazes ainda de pensar com sensatez, de ter ideias naturais, como são as de qualquer samoano ajuizado. Da mesma forma metem-se na cabeça das crianças tantos pensamentos quanto se pode, obrigando-as, todos os dias, a roer certa quantidade de esteiras com pensamentos. Só as mais sadias repelem esses pensamentos ou deixam que lhes passem pelo espírito como se este fosse uma rede. A maior parte, no entanto, sobrecarrega-se com tantos pensamentos que já espaço não resta para que a luz penetre. É o que se chama formar o espírito. O que sobra de tamanha confusão é o que chamam instrução. A instrução se

Roteiro de Leitura Do Papalagui

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Roteiro para trabalho com livro O papalagui

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Page 1: Roteiro de Leitura Do Papalagui

Colégio Cristo ReiIrmãs Agostinianas Missionárias

COLÉGIO CRISTO REI Língua PortuguesaNOME: _____________________________________________________________ Nº_______TURMA:__________ DATA:____/____/____ Prof.º Rosana Baú Rabello NOTA __________

ROTEIRO PARA LEITURA, TRABALHO ESCRITO E APRESENTAÇÃO SOBRE “O PAPALAGUI”, DISCURSO DE TUIÀVII

Tuiávii, o autor desse discurso que iremos ler, foi um homem samoano, convertido ao cristianismo, que no fim do século XIX viajou pela Europa e fez um longo e detalhado relato de suas impressões sobre o papalagui, isto é, o homem branco. Leia atentamente o texto (no endereço http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfFMYAL/papalagui-erich-scheurmann) e responda ao que se pede:

Ponto 1: Nossa interpretação é extremamente baseada em nossa visão de mundo, nas nossas experiências, na nossa bagagem de vida. É como interpretamos tudo, inclusive cada linha que lemos. Mas é só mudar um pouquinho o ângulo que a gente pode ver tudo por uma perspectiva totalmente diferente. É esse treinamento de mudar a visão, de poder ver pelo lado que não é o meu (desde que não seja um lado que eu já sei que está errado ou que induz ao ódio -- o olhar dos preconceituosos, por exemplo), que a gente deve se lembrar de fazer todo dia. Nos comentários de Tuaiàvii, é possível identificar situações e costumes vivenciados pelo homem ocidental que, embora extremamente comuns e cotidianos em nossas vidas, vistos sob outra perspectiva, parecem bastante estranhos e pouco lógicos. Comente ao menos duas passagens do texto de Tuiàvii que te chamaram atenção e que fizeram você refletir sobre as atitudes e costumes de nossa cultura e sobre as quais você nunca tinha pensado a partir desse ponto de vista. Ponto 2: SOBRE A ESCRITA E A FORMA COMO TUAIAVII A VÊ

“É particularmente ruim, é nefasto que todos os pensamentos, bons e maus, sejam logo inscritos em umas esteiras fi nas, brancas. Então, diz o Papalagui que “estão impressos”, quer dizer, o que aqueles doentes pensam é escrito por uma máquina, muitíssimo estranha, esquisita, que tem mil mãos e que encerra a vontade poderosa de muitos grandes chefes. E não é uma vez só, nem duas, mas muitas vezes infi ndáveis, que ela escreve os mesmos pensamentos. Depois, comprimem-se muitas esteiras de pensamentos em pacotinhos, chamados “livros”, que são enviados para todas as partes do país. Todos que absorvem estes pensamentos, num instante contaminam-se. Eles engolem estas esteiras como se fossem bananas doces. Levam estes livros para casa, amontoam-nos, enchem com eles baús inteiros, e todos, moços e velhos, roem-nos feito ratos que roem a cana-de-açúcar. É por isso que existem tão poucos Papalaguis capazes ainda de pensar com sensatez, de ter ideias naturais, como são as de qualquer samoano ajuizado. Da mesma forma metem-se na cabeça das crianças tantos pensamentos quanto se pode, obrigando-as, todos os dias, a roer certa quantidade de esteiras com pensamentos. Só as mais sadias repelem esses pensamentos ou deixam que lhes passem pelo espírito como se este fosse uma rede. A maior parte, no entanto, sobrecarrega-se com tantos pensamentos que já espaço não resta para que a luz penetre. É o que se chama formar o espírito. O que sobra de tamanha confusão é o que chamam instrução. A instrução se espalha por toda a parte. Instrução quer dizer: encher a cabeça de saber até as bordas. Quem tem instrução sabe a altura da palmeira, o peso do coqueiro, o nome de todos os seus grandes chefes, e quando é que guerrearam. Sabe de que tamanho é a lua, as estrelas, e todos os países do mundo. Conhece todos os rios pelo nome, todos os animais, todas as plantas. Sabe tudo, tudo mesmo. Se fi zeres qualquer pergunta a um homem que tenha instrução, ele te dispara a resposta antes de fechares a boca. A cabeça dele está sempre carregada de munição, sempre pronta para disparar. Não há europeu que não dê os mais belos momentos da sua vida ao trabalho de transformar a cabeça no tubo de fogo mais rápido possível. Mesmo quem tenta escapar é obrigado a se instruir porque todo Papalagui tem que saber e tem que pensar. (tuiávii, s/d, p. 91-92)”

Cidadãos de uma sociedade letrada, somos afetados pela escrita queiramos ou não, inclusive de maneiras que desconhecemos. Suponha que você recebeu a carta transcrita acima das mãos do próprio Tuiávii (a carta começa dizendo: “Caro amigo, é particularmente ruim, é nefasto...). Redija uma carta a Tuiàvii, falando um pouco sobre o que você pensa a respeito da influência dos livros e da leitura em sua vida e em nossa sociedade. É possível dizer que ela é um espaço de emancipação e construção de autonomia? Ela também pode ser um espaço de controle e manipulação? Como? Escreva sua carta sem deixar de respeitar aquilo que Tuaiàvii expressa como opinião, mesmo que você discorde dele.

Ponto 3. Após a releitura atenta do capítulo sobre o tempo, responda: Você concorda com a crítica que o chefe Tuiávii faz do uso do tempo nas sociedades industrializadas? Justifique sua resposta dando um exemplo.

Ponto 4: “Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta,

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de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar”(BRECHT). O texto de Brecht, importante dramaturgo alemã, fala um pouco sobre como estamos habituados com o mundo a nossa volta e com os seus problemas que passamos a não nos importar mais com as injustiças e com a misérias que nos cercam. Procure imagens em revistas, jornais ou na internet em quem você identifique situações cotidianas e comuns nas grandes cidades que você acha que deveriam ser vistas com mais atenção e com estranhamento. Construa um pequeno texto em que você comente por que escolheu a imagem.

Ponto 5: O chefe Tuaiàvii usa várias imagens mais próximas da cultura de seu povo para descrever o modo de vida do homem ocidental. Ao falar da casa do homem branco, diz, por exemplo, que ele vive dentro de uma concha dura, como um mexilhão. A forma como Tuaiàvii escolhe para descrever o homem ocidental constrói várias metáforas. Nesta questão, explique com suas palavras o que é uma metáfora e tente apresentar ao menos três metáforas no discurso de Tuiàvii.

Ponto 6. Fotografe - a principal característica de quem gosta de fotografia é uma mudança que acontece no nosso jeito de olhar. Tentamos avaliar o mundo e registrar aquilo que nos atrai, o que pode ser interessante, diferente, único. A mesma imagem, vista de um ângulo diferente, pode trazer novos sentidos. Procure exercitar esse olhar e produza alguma imagem fotográfica com uma perspectiva não usual para você. Prepare uma apresentação em power point com a imagem e um pequeno texto, falando um pouco sobre os sentidos que você quis dar para a imagem que você captou.

Ponto 7. Em um futuro muito distante, uma espaçonave alienígena vai se deparar com uma das sondas Voyager. E quando isso acontecer, eles vão encontrar duas coisas: um disco de ouro – uma versão metálica de um disco de vinil contendo sons, músicas e imagens da Terra – e um toca-discos.

Quando a NASA começou a trabalhar nas Voyagers, Carl Sagan e outros cientistas que trabalhavam no projeto queriam incluir uma descrição dos humanos e do nosso planeta, feita para qualquer um que se deparasse com as naves, fosse alienígena ou humano. Sagan diz:

“A nave espacial será encontrada e o disco será tocado somente se houver civilizações avançadas que naveguem pelo cosmos no espaço interestelar. Mas o lançamento desta ‘garrafa’ no ‘oceano’ cósmico diz algo bastante esperançoso sobre a vida neste planeta.”

Sagan também disse publicamente que “para entender o registro, é melhor vê-lo como uma cápsula do tempo ou uma declaração simbólica de algo além de uma tentativa séria em se comunicar com a vida extraterrestre”. Mas, sabendo seus pontos de vista quanto ao assunto, é possível que ele provavelmente tivesse alguma esperança de que a mensagem seria encontrada por alguém.

A tentativa da NASA se comunicar com seres extraterrestres e comunicar um pouco sobre nossa cultura e costumes é uma tarefa que exige a preocupação em se fazer entender por uma cultura totalmente diferente e com referências diversas. Isso pode ser um grande desafio, como o que enfrentou o chefe Tuaiàvii ao criar estratégias para comunicar à sua comunidade sobre o costume dos homens brancos.

Para tentar sentir um pouquinho do que foi o desafio do chefe Tuaiàvii, vamos nos inspirar na experiência da NASA para produzir um vídeo. Neste vídeo, que poderia fazer parte dos arquivos da sonda Voyager, você deve se reunir em um quarteto que vai registrar e tentar explicar a um alienígena o que é uma CAFETEIRA ITALIANA. Lembre-se de que ele provavelmente não entenderá sua língua, seus costumes e os sabores que mais te agradam. É preciso criar estratégias para que esse elemento, que é desconhecido ao alienígena e que não faz parte da cultura dele, possa fazer sentido a ele.

Data de entrega do trabalho escrito:Data de entrega das fotografias: Data de entrega do vídeo: