Roteiro Médico-legal para Atendimento de Vítimas Fatais em Acidentes de Massa

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    Roteiro Mdico-legal para Atendimento deVtimas Fatais em Acidentes de Massa

    Autores:

    Francisco Silveira Benfica1

    Mrcia Vaz2

    Colaboradores:Eniara Pimenta Mocellin3

    Mnica Stunwoll4

    1 Mestre em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS;Perito Mdico Legista do Departamento Mdico Legal Porto Alegre RS;Professor Adjunto de Medicina Legal da Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS;Professor Titular de Medicina Legal do Centro Universitrio Ritter dos Reis UNIRITTER;Professor Assistente de Medicina Legal do Centro Universitrio Lasalle UNILASALLE.

    2 Mestre e Doutora em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS;Perita Mdica Legista do Departamento Mdico Legal Porto Alegre RS;Professora de Medicina Legal das Faculdades Rio-Grandenses - FARGS.

    3 Mestre em Odontologia pela Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP;Perita Odontologista do Departamento Mdico Legal Porto Alegre RS.

    4 Especialista emDentstica Restauradora pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal doRio Grande do Sul-UFRGS;Perita Odontologista do Departamento Mdico Legal Porto Alegre RS.

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    Prefcio

    A humanidade protagoniza e assiste a uma vertiginosa mudana de hbitos ecostumes. A sociedade que historicamente at bem pouco tempo viviapredominantemente no campo migrou maciamente para as cidades, na busca de

    melhores oportunidades de acesso ao trabalho, ao conforto, educao e ao lazer.

    Assim, tornou-se necessrio introduzir novos mtodos de transporte de massa, ocomrcio passou a ser realizado em centros comerciais e supermercados comaglomerao de multides, os edifcios foram crescendo em sentido vertical, comgrandes espiges de concreto a abrigar centenas de famlias e milhares de pessoas queali vivem e trabalham.

    Como decorrncia natural desta situao, estamos presenciando os noticiriosdivulgando um aumento assustador das tragdias que passaram a vitimizar ao mesmotempo um grande nmero de pessoas, com sofrimento imenso das famlias e da

    sociedade em geral.

    O clamor assistido no momento da tragdia pela busca dos corpos das vtimaspelos entes queridos. Sofrimento agravado, mais das vezes, pela impossibilidademomentnea da identificao adequada daquelas vtimas. Os rgos de defesa civil, desegurana e as instituies mdico-legais devem agir, nesses momentos, como um corpointegrado para no desperdiar energia nem deixar de valorizar dados importantes para aidentificao das vtimas desses eventos. E no basta o aprimoramento da tcnicalaboratorial e avanos de toda a ordem sem uma organizao precisa da forma de aoglobal nesses casos.

    Os autores deste trabalho, com larga atuao na prtica mdico-legal e atividadereconhecida quando testa da Seo de Antropologia Forense do DepartamentoMdico-Legal do Rio Grande do Sul, perodo em que tiveram a oportunidade de atuarem situaes de calamidade pblica por acidentes de massa, oferecem, nesta obra, umaimportante contribuio a partir de seu conhecimento e experincias profissionais.

    Nesta proposta apresentada pelo Dr. Francisco Benfica e pela Dra. Mrcia Vaznota-se o cuidado em metodizar procedimentos e condutas em todas as instncias doatendimento a tais eventos, com sistematizao minuciosa dos processos de busca decadveres e restos humanos, identificao, transporte, guarda, organizao e isolamento

    do local de trabalho, formao das equipes, coleta de material e busca de documentospara auxlio na identificao e processamento dos dados, alm de formas derelacionamento com familiares, imprensa e autoridades.

    Este Roteiro Mdico-legal para Atendimento de Vtimas Fatais emAcidentes de Massa trata-se, a um s tempo, de um trabalho de flego, prtico,conciso e objetivo, que contribuir em muito com as autoridades da Defesa Civil e daSegurana Pblica, responsveis pela organizao desses atendimentos, e busca, ao fime ao cabo, minorar o sofrimento das comunidades envolvidas em acidentes de massacom vtimas fatais.

    Dr. Marcos Rovinski

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    Introduo

    Os aglomerados humanos, uma caracterstica do mundo moderno, expem cadavez mais populaes a situaes de risco, nas quais determinados cenrios podem

    produzir um grande nmero de vtimas (1). A preveno e o atendimento a grandesacidentes de massa, sem dvida, deve ser um dos objetivos dos servios pblicos. Estapreveno, em eventos naturais (furaces, maremotos, terremotos, ao de vulces,tempestades) deve ser feita buscando-se informaes e conhecimentos meteorolgicos esismogrficos. Assim, detectando-se as reas de risco e a possibilidade e intensidadedestes fenmenos, podem ser estabelecidos protocolos de evacuao destas populaesde risco.

    Em eventos decorrentes do desenvolvimento tecnolgico (meios de transportesvelozes, grandes edificaes, aeroportos, usinas de energia), no entanto, fundamental acriao de medidas de segurana relativas a cada situao especfica, que devem serseguidas e fiscalizadas rigorosamente.

    necessrio que o setor pblico planeje uma resposta coordenada aos acidentesde massa. E mesmo que se estabeleam mtodos preventivos satisfatrios, devemosestar preparados para a falha nestes mecanismos de preveno, cujo resultado ser umgrande nmero de vtimas graves e/ou fatais. Aos Institutos Mdico-Legais compete,nestes casos, a identificao das vtimas e, se possvel, a determinao da causa damorte.

    A identificao dos cadveres em desastres de massa um processo complexo,que envolve, alm dos procedimentos tcnicos mdico-legais, questes afetivas relativass famlias envolvidas, aos procedimentos legais necessrios e comoo popular (2-6).A confirmao da identidade das vtimas essencial para as questes da investigao

    judicial, para a famlia, para o Estado e para os registros pblicos.A medicina legal desempenha um papel importante neste trabalho e osespecialistas para estes tipos de acidentes devem ter experincia, conhecimento etreinamento nesta rea.

    Neste sentido, a experincia da equipe de mdicos legistas e odontologistas doDepartamento Mdico Legal de Porto Alegre, que integraram a Equipe Brasileira queauxiliou na identificao dos cadveres do incndio no supermercado YCUA

    BOLAOS, ocorrido em 2004 na cidade de Assuno Paraguai (7), mostrou anecessidade de organizar um protocolo de atendimento aos acidentes de massa sob oponto de vista mdico-legal. Associando a experincia adquirida neste desastre aosroteiros internacionais preconizados para atendimentos de desastres de massa (Interpol

    Disaster Victim Indentification, Technical Working Group for Mass Fatality eGuidance on Dealing with Fatalities in Emergencies)(8-10) criou-se um Plano deAtendimento adaptado s condies da nossa realidade, e que pode ser utilizado comoreferncia para eventuais desastres deste tipo.

    Misso Mdico-Legal

    O objetivo da Equipe Mdico-Legal nos acidentes de massa identificar, pelosdiversos mtodos cientficos disponveis (anlise de impresses digitais, exameodontolgico, estudo antropomtrico, exame radiolgico e perfil gentico), os cadverescarbonizados (4;11) ou de difcil reconhecimento. Alm disso, cabe especificamente ao

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    mdico legista a responsabilidade por estabelecer a causa e a maneira como o bitoocorreu, alm de emitir as declaraes de bito.

    To importante quanto a identificao o registro da localizao dos corpos edas leses encontradas, os quais podem ser essenciais na reconstruo do evento e emdeterminar a sua causa. E compete Equipe Mdico-Legal acompanhar e garantir aadequada coleta, etiquetagem, exame, preservao e transporte dos corpos resgatados.

    Tambm est includa entre suas atribuies a salva-guarda de todas as potenciaisevidncias fsicas e/ou pertences e roupas que permaneam no cadver.Esta equipe responsvel ainda pela avaliao e coordenao dos recursos

    necessrios para resgate, conservao e identificao dos corpos. Para isso dever:

    a) Preparar um local onde os corpos possam ser mantidos temporariamentena dependncia da identificao e necropsia (morgue).

    b) Preparar um local onde os cadveres possam ser examinados parapermitir a identificao e estabelecer a causa da morte.

    c) Estabelecer condies de segurana na rea de exames.d) Coordenar o transporte dos cadveres da cena do acidente para o

    necrotrio.

    e) Coordenar as atividades com o Centro de Assistncia aos Familiares.f) Estabelecer um sistema de comunicao e gerenciamento de

    informaes.

    g) Estabelecer as necessidades materiais.h) Identificar os corpos.i) Emitir as Declaraes de bito.J) Estabelecer a rotina para liberao dos cadveres (Apndice E).

    1. CONSIDERAES INICIAIS

    Em grandes catstrofes, o retardo na identificao das vtimas , com freqncia,entendido como inaceitvel pelas autoridades e familiares e resulta em grande comoosocial. Assim sendo, de grande importncia uma adequada coordenao das aes deresgate com a Equipe Mdico-Legal, bem como a obteno rpida e completa dasinformaes antemortem das vitimas ou das pessoas desaparecidas (6;12). O processode identificao envolve a confeco de uma lista de pessoas desaparecidas, no caso dascatstrofes abertas, ou das vitimas efetivas, no caso das catstrofes fechadas. Junto comestas listas fundamental a obteno dos dados e informaes antemortem e post

    mortem das vtimas, incluindo a coleta das impresses digitais, se possvel, o exame dasarcadas dentrias, a coleta de material biolgico para exame de DNA e outros dadosrelevantes. A comparao das informaes com as evidncias que possibilitar a

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    efetiva identificao. (5;6;13). O ideal que todas as informaes antemortem e postmortem sejam armazenados em um programa de computador, por uma equipequalificada, estando disponveis e sendo atualizadas durante todo o tempo da operao.Isso permite a rpida comparao dos dados coletados, acelera o processo de anlise dasinformaes e permite uma identificao precoce dos corpos (5;6;13). Uma parteimportante e subestimada do processo de identificao o processo de coleta dos dados

    antemortem das pessoas dadas como desaparecidas. Este procedimento eventualmentepode ser problemtico quando ocorre o desaparecimento e a morte de famlias inteiras.Esta etapa do trabalho deve ser realizada simultaneamente com o processo pericial postmortem, atravs de contato com familiares das vitimas, solicitando-lhes informaessobre caractersticas pessoais, exames radiolgicos dentrios e mdicos, fornecimentode documentos com impresso digital, nome e endereo do odontlogo e qualquer outrainformao mdica ou legal relevante. Deve ser solicitado o acesso ao banco de dadosdas impresses digitais da Carteira de Identidade Civil ou Passaporte mantido porservios de segurana pblica. A coleta de material biolgico dos familiares poder serrealizada j nesta fase inicial, caso possa ser difcil a obteno de amostrasposteriormente, ou seja necessrio envi-las a outro local distante para anlise (5;13).

    O processo completo e preciso de identificao dos corpos e das evidnciascomea no local do acidente de massa. Na maioria das vezes, o mdico legista tem aresponsabilidade final de recolher e identificar os corpos. A equipe pericial deveassumir que qualquer acidente de massa deve ser considerado um local de crime e,portanto, este local, independente do seu tamanho, necessita ser protegido em relao aoacesso do pblico, at que todas as autoridades concordem em liber-lo. O processo dolevantamento do local sempre envolve a destruio fsica da cena real, e informaesadicionais no podero ser recuperadas depois do local ter sido periciado e liberado.Documentar todos os aspectos dos corpos e das evidncias, atravs de fotografias e decroquis iro garantir a preservao da informao.

    Para o processo de identificao importante dispor do conjunto maisrepresentativo possvel de informaes relacionados com cada pessoa desaparecida ouvitima (antropomtricas, dentrias, mdicas, impresses digitais, fotografias, etc.), poisestas informaes na maioria dos casos se complementam e aceleraram todo o processo.O procedimento de identificao se torna mais difcil e mais lento quanto mais tempopassa aps o acidente (13). Marcas pessoais como tatuagens e o uso de "piercing",brincos anis, alianas ou DIU so elementos complementares que auxiliam noestabelecimento da identificao (14).

    2. ATIVIDADES NO LOCAL DO ACIDENTE

    Quando um acidente de massa ocorre h dois momentos a serem considerados:

    a) A estabilizao do local do acidente e o resgate das vtimas.b) O resgate dos restos humanos e de evidncias do local do acidente.

    O tipo e a quantidade de recursos necessrios podem variar de acordo com as

    caractersticas e dimenses do acidente, sendo estabelecidos por detalhes adicionais dolocal.

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    A magnitude do acidente de massa pode algumas vezes exceder as capacidades erecursos humanos e materiais locais. Se isso ocorrer, a autoridade responsvel pelacoordenao geral do acidente deve informar imediatamente as agncias locais,estaduais e federais para suporte adicional, com o objetivo de ampliar a rede deassistncia governamental:

    a) Para resgate dos corpos (unidades de resgate, ces farejadores,transporte pblico, defesa civil, etc.).b)Para identificao dos corpos (mdico-legista, odonto-legista,

    papiloscopista, laboratrio de percias).

    c) Obter recursos privados (ONGs, organizao de agncias funerrias,associao estadual de odontologia, companhias de transporte ealimentao, laboratrios de DNA privados, instituiesuniversitrias).

    2.1 Ao Inicial no Local do Acidente:

    A resposta inicial ao acidente de massa consiste na preservao da vida dosferidos, da segurana e isolamento do local. Secundariamente, na preservao dascondies do local, na documentao e recolhimento das vitimas fatais e das evidncias.Este processo deve ser sistematizado e metdico para minimizar a perda oucontaminao destes elementos. As primeiras autoridades a chegarem ao local (policiamilitar, bombeiros, servio mdico de emergncia) devem avaliar a cena rapidamentepara determinar o curso da ao que ser necessrio. Estes grupos devem estarcapacitados para:

    a) Verificar o tipo de incidente (transporte, industrial, natural oucriminal) e solicitar a ajuda apropriada.

    b) Verificar a extenso do acidente sob o ponto de vista de reaenvolvida, nmero de feridos e/ou mortos, identificar testemunhas.

    c) Identificar as zonas de risco (colapso de estruturas ou prdios, riscoqumico ou biolgico, explosivos).

    d) Iniciar os procedimentos adequados de resgate.e) Estabelecer um permetro inicial de isolamento para controlar a

    entrada e sada do local.

    f) Estabelecer um posto de comando junto ao local do acidente.Nenhum corpo deve ser removido antes de sua localizao tenha sido registrada.

    Todos os objetos pessoais que sem sombra de dvida pertenam a um cadver devemser coletados e mantidos com o corpo ou partes de um corpo. Quaisquer outros objetos

    devem ser registrados como no-identificados e mantidos separadamente no primeiroinstante.

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    Um carto com identificao numrica resistente a umidade deve ser fixado emcada corpo ou parte de corpo no identificada, assegurando que esta no se perca.

    2.2 Designao de um Comando do Local:

    O comandante das aes no local do evento Comandante de Local de Desastre- a figura responsvel por programar uma rotina unificada e sistematizada que permitaa coordenao das diversas equipes envolvidas, a documentao dos fatos, o resgate dasvitimas, dos seus pertences pessoais e das evidncias. Deve usar este sistema paramanter a segurana e isolamento do local, administrar e alocar recursos, e garantirsegurana para todas as pessoas envolvidas nas operaes de salvamento dos feridos eresgate dos mortos. O comandante dever, dentro das suas atribuies:

    a) Estabelecer um centro de comando (hangar, auditrio, ginsio,depsito, tendas ou unidades mveis).

    b) Avaliar a resposta inicial ao acidente e coordenar as aessubseqentes.

    c) Identificar os coordenadores das principais equipes de trabalho,incluindo os responsveis por realizarem o levantamento do local,resgate, segurana e comunicao.

    d) Estabelecer uma rea para reunio das diversas equipes envolvidas(policia, bombeiros, servio de atendimento de emergncia, serviomdico-legal, percia criminal).

    2.3 Organizao das Atividades do Local:

    Depois de estabelecidas as aes iniciais e antes do levantamento do local, ocomandante da ao, juntamente com os coordenadores das equipes de levantamento dolocal, de resgate, de comunicao e de segurana (autoridade policial) iro:

    a) Determinar o tamanho e a composio das equipes responsveis pelolevantamento do local, geralmente constitudas por: perito criminal,investigador criminal, fotgrafo forense, auxiliar de percias.

    b) Estabelecer os meios de controle para o acesso ao local.c) Estabelecer os sistemas de comunicao entre os coordenadores das

    equipes de local do desastre, equipes de transporte e equipes donecrotrio.

    d) Considerar o resgate dos corpos e os pertences pessoais comoevidncias e preservar a cadeia de custdia durante o processo de

    resgate.

    e) Estabelecer outras reas funcionais necessrias:

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    1. Centro de atendimento mdico;2. Morgue temporrio (caminhes frigorficos, hangar,

    depsito);3. Centro de assistncia aos familiares dos feridos e vtimas

    (hotel, centro de conveno, auditrio);

    4. Centro de comunicao;5. rea de imprensa;6. rea para instrues e recebimento de informaes;7. rea de apoio emocional.

    f) Organizar outras aes diretamente relacionadas ao resgate:1. reas de estacionamento;2. Suprimento de gua e energia;3. Remoo de lixo e material contaminante;4. reas para estoque de equipamentos e materiais;5. Oferecer reas para alimentao e descanso;6. Recursos administrativos e operacionais (equipamentos

    de escritrio, de informtica, eletro-eletrnicos, desegurana, veculos, ferramentas para resgate eidentificao).

    2.4 Manuteno da Segurana do Local:

    A segurana uma das principais preocupaes durante as aes de emergnciae na investigao subseqente. Para garantir a segurana de civis e agentes pblicos,deve-se identificar, avaliar e minimizar os risco locais que ainda possam ameaar asvitimas, circunstantes e equipes de trabalho, bem como estabelecer as zonas desegurana. Imediatamente aps a avaliao preliminar, deve-se:

    a) Estabelecer o isolamento do local.b) Seguir modelos/rotinas de preveno de riscos nuclear, biolgico e

    qumico.

    c)

    Marcar claramente o permetro das reas de risco e estabelecer aszonas de segurana.

    d) Comunicar os riscos identificados s equipes profissionais queingressam no local do acidente.

    e) Controlar e restringir o acesso ao local do acidente s equipesautorizadas:

    1. Estabelecer pontos de entrada e sada para as equipesautorizadas;

    2. Restringir o acesso a mdia, curiosos e pessoal no-essencial rea isolada, mantendo-os para alm dopermetro de segurana;

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    3. Retirar o pessoal no-autorizado da rea do acidente;4. Manter o controle das reas para pessoal no essencial,

    tais como estacionamento dos veculos necessrios aoatendimento do local do acidente, rea para a imprensa edo local de fornecimento das informaes para o pblicosobre o acidente.

    2.5 Transio entre o Resgate dos Feridos e o Recolhimento dos Corpos:

    Ao Comandante de Local de Desastre compete coordenar a transio entre osprocedimentos iniciais de busca-e-salvamento dos feridos e os procedimentos de busca-e-recolhimento das vitimas e das evidncias.

    O comandante do local, juntamente com os coordenadores das equipes de local,dever montar Equipes de Resgate de Corpos, que sero responsveis pela identificaoe seleo dos corpos e das evidncias. Estas equipes sero compostas por um mdico-

    legista ou antropologista forense, um odonto-legista, um fotgrafo e um auxiliar depercias. Estas equipes devero considerar os seguintes procedimentos:

    a) Criar e manter uma rea de triagem para anlise inicial dos corpos ede outras evidncias. Esta rea ficar no prprio local do acidente eservir para facilitar o acondicionamento adequado dos itenscoletados e garantir o transporte seguro dos corpos at o necrotrio(Apndice F).

    b) Implementar um sistema de identificao (numerao) simples,contnuo e expansvel para os corpos, pertences pessoais eevidncias.

    c) Estabelecer procedimentos de coleta e processamento das evidnciasrelevantes para o tipo e extenso do acidente.

    d) Documentar a localizao, coleta e remoo dos corpos, pertencespessoais e de outras evidncias.

    e) Estabelecer turnos de trabalho para as equipes.

    f)

    Monitorar as condies fsicas e emocionais das equipes(desidratao, stress, cansao) e trat-las se necessrio.

    g) Prever para as equipes de resgate perodos para descanso e alvio doestresse.

    2.6 Estabelecimento da Cadeia de Custdia e Resgate dos Corpos:

    O estabelecimento de uma cadeia de custdia fundamental para manter a

    integridade das evidncias. Durante a investigao no local, a Equipe de Resgate deCorpos ser responsvel por manter esta cadeia de custdia, registrando a chegada esada do pessoal da equipe do local, estabelecendo um sistema padro que relate a

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    localizao dos corpos e evidncias e montando um procedimento de numerao deacordo com a ordem em que os corpos, evidncias e pertences forem sendo localizados.

    A Equipe de Resgate de Corpos utilizar um sistema de registro dos corpos e dasevidncias no local. Para isso dever:

    a) Utilizar um esboo para dividir o local em setores para mostrar alocalizao e o contexto das evidncias no local.b) Identificar os setores.c) Estabelecer o ponto de referncia primrio do local.d) Registrar todo o local (vista geral, area, 360) atravs de fotografias

    (fotgrafo forense) para relacionar os itens espacialmente com o locale entre si. Uma combinao de fotografia convencional, filmagem eoutras tcnicas mais efetivo.

    e) Identificar os limites da rea com fitas de isolamento.f) Usar aparelhos de medida acurados (considerar o uso de fitas mtricas

    de ao e aparelhos eletrnicos de medida e posio GPS).

    g) Estabelecer o ponto de referncia primrio do local.A documentao sistemtica de todos os corpos, pertences pessoais e evidncias

    dever utilizar um sistema de numerao seqencial no local. Alm de conterinformao do local de resgate, esta documentao dever incluir todas as anotaesque possam auxiliar a equipe de identificao ou da reconstituio do fato, alm daidentificao do responsvel pelas informaes e coleta (nome, data e hora).

    O sistema de numerao dos corpos e evidncias, utilizado pela Equipe deResgate de Corpos, dever ser:

    a) Consistente internamente e possvel de ser cruzado com refernciasde outros rgos pblicos ou agncias privadas.

    b) Expansvel.

    c)

    Simples de interpretar.d) Capaz de indicar onde os corpos, objetos pessoais e evidncias foram

    recuperados.

    e) Capaz de recuperar informaes sobre os corpos, pertences e outrasevidncias durante a investigao.

    f) Relacionvel aos resultados individuais subseqentes sem erros.g) Integrvel em todos os protocolos e relatrios.

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    A documentao da localizao dos corpos, pertences pessoais e outrasevidncias dever incluir um sistemtico levantamento fotogrfico. Para isso algumascondies devem ser atendidas:

    a) A documentao fotogrfica deve criar um registro permanente dolocal, que ir complementar o relato do acidente.

    b) Deve-se fotografar os itens individualmente (mdia distncia e deperto) com um identificador (carto de identificao e/ou numero doitem) e uma escala (Considerar a utilizao de uma seta que aponta onorte).

    c) Fixar nmeros de identificao e bandeira em todos os corpos, objetospessoais e evidncias do local, com um marcador a prova dgua.Assegurar que os nmeros das bandeiras correspondem aqueles doscorpos e sejam claramente identificveis nas fotografias.

    d) Aps remover os corpos, fotografar as reas de onde estes foramretirados para registrar alguma outra informao.

    Com a cadeia de custdia estabelecida, a prxima etapa consiste em organizar aremoo sistemtica dos corpos, pertences e outras evidncias. O sistema de numeraocriado dever ser registrado numa etiqueta, utilizando um marcador permanente, queficar evidente pelo lado de fora do saco ou do container de transporte. Nesta etiquetadever constar tambm o responsvel pela identificao, o dia e a hora da coleta. Umaetiqueta semelhante ser colocada tambm no interior do saco de transporte do corpo oudo container com as outras evidncias relacionadas. No se deve remover qualquerpertence pessoal que estiver sobre ou com o corpo, sendo que estes acompanharo ocadver at o necrotrio. Quando necessrio, a cabea dever ser ensacada, antes demover o corpo, protegendo os fragmentos do crnio, face e dentes. No assumir quecorpos fragmentos estejam associados entre si.

    Aps as equipes de responsveis pela remoo dos corpos e evidncias teremdeixado o local e antes de liber-lo para o acesso pblico, ser conduzida uma buscafinal para localizar qualquer evidncia adicional.

    2.7 Criao de uma rea de Triagem Inicial Junto ao LocalAs Equipes de Resgate de Corpos, que processaram os corpos e evidncias no

    local, devem utilizar uma rea junto ao local do fato para conferir a documentao,manter a cadeia de custdia e desenvolver uma funo de triagem. Nesta rea, asequipes podem adicionar observaes que iro auxiliar as equipes de identificao(observao de tatuagens, marcas, cicatrizes) e identificar os contedos dos sacos detransporte dos corpos (relgios, adornos, vestimentas, partes de corpo). Nesta fase deatuao esta equipe de resgate tem outras atribuies especficas:

    a) Criar uma rea de reunio prxima ao local do incidente que tenha omximo de segurana em relao ao acesso do pblico e da mdia.

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    b) Manter a cadeia de custdia, fechando e lacrando os sacos dos corposneste momento.

    c) Mandar de volta evidncias que no precisam acompanhar os corposat o necrotrio, para serem custodiadas pelas equipes deinvestigao adequadas (armas, explosivos, artefatos estranhos, etc).

    d) Fazer um registro dos sacos de transporte dos corpos, que iro serlevados da rea de custdia para o necrotrio, registrando o nome domotorista, placa do veculo de transporte, a data e hora (Apndice F).

    e) Comunicar o necrotrio quando o transporte dos corpos ir iniciar.f) Manter equipamentos e suprimentos:

    Uma grande tenda; Sacos para embalar corpos e evidncias; Macas, padiolas para transporte dos corpos; Veculos frigorficos; Luzes de emergncia; Cavaletes e madeira compensada para utilizar como

    mesas de exame; Lonas ou outro material para criar barreiras visuais; Materiais de descontaminao; Planilhas de controle do inventrio; Equipamentos de proteo individual (luvas, mscaras,

    aventais, botas, etc);

    Armazenamento dos materiais de trabalho.

    3. ATIVIDADES NO NECROTRIO

    As atividades no necrotrio devero ser planejadas considerando as condies einfra-estrutura do necrotrio local e a disponibilidade de pessoal para os trabalhos. Almdisso, importante considerar que a atividade pericial de rotina dever ser mantida, j

    que a demanda de outras necropsias e os demais exames mdico-legais devero serrealizados paralelamente.

    3.1 Atribuies do Mdico-Legista e da Equipe Mdico-Legal

    O mdico-legista responsvel pela investigao mdico-legal do incidente,devendo considerar todos os fatores humanos e de infra-estrutura necessrios paraesclarecimento dos fatos, na sua rea de atuao. Alm da identificao, o trabalho daEquipe Mdico-Legal contribui significativamente para determinao da causa e dosefeitos do acidente. Mesmo sendo um acidente de massa, isso no reduz estaresponsabilidade. O Instituto Mdico Legal tem a responsabilidade de documentar,examinar, identificar, recolher, dispor (administrar) e certificar (atestar) todos os corpos,

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    bem como responsvel pelas atividades do necrotrio. A assistncia adicional deoutras equipes ou organizaes objeto de escolha e aprovao pela Equipe Mdico-

    Legal. sua atribuio tambm a coordenao das aes necessrias para atender as

    demandas logsticas que visam manter o adequado funcionamento do necrotrio.Se o mdico legista da localidade em que ocorreu o desastre no est equipado e

    preparado para assumir a responsabilidade pelo controle das atividades do necrotrio,uma equipe de resposta operacional a desastres de massa dever ser acionada. Estaequipe, chefiada por um antropologista forense ou mdico-legista, dever ser capaz desupervisionar todas as atividades do necrotrio e funes administrativas.

    3.2 Organizando o Trabalho de Identificao Mdico-Legal

    Ao mdico-legista compete assumir a responsabilidade da investigao damorte. Para que este trabalho possa ser realizado de maneira eficiente, algumas aes de

    suporte fundamentais devero ser implementadas. Nesta fase devero ser identificadosum Supervisor de Necrotrio, que ser responsvel pelas demandas logsticas e depessoal, necessrias para o funcionamento do necrotrio e um Supervisor de Operaes,que ser responsvel pelos processos de coordenao e execuo do trabalho pericialpropriamente dito, incluindo a realizao das necropsias e a identificao dos corpos.

    Compete ao Supervisor do Necrotrio a responsabilidade sobre as aesadministrativas:

    a) Rever a extenso do acidente e determinar a necessidade de ajudaadicional.

    b) Estabelecer e coordenar as atividades de segurana do necrotrio(Apndice G).

    c) Montar uma estrutura de uso da internet e fax para transferncia deregistros e documentos antemortem. Disponibilizar acesso Internet etelefones celulares para as equipes de trabalho. Estar ciente que aslinhas de comunicao podem no estar funcionando nas primeirashoras, dependendo do tipo de acidente de massa.

    d)

    Estabelecer e coordenar atividades de recepo para familiares,jornalistas, autoridades governamentais, etc.

    e) Organizar um local para divulgao de boletins com instruesessenciais, informaes relevantes sobre o acidente e para entrevistascom a imprensa. Este local dever ter estrutura para receber visitasautorizadas e realizar reunies com familiares, jornalistas, autoridadesgovernamentais, etc.

    f) Criar uma equipe de apoio para divulgao de boletins e organizarentrevistas com a imprensa.

    g) Manter sob guarda os valores, documentos e pertences pessoais doscadveres, garantindo a sua disponibilidade para futuras anlises e

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    eventual retorno aos herdeiros legais.

    h) Organizar as escalas de trabalho para os casos habituais, da rotina donecrotrio.

    i) Desenvolver um sistema de informaes e instrues regulares quedevero ser repassadas s equipes de identificao, considerando asescalas de horrios de todas as pessoas envolvidas e de forma a cobriras mudanas de turno, pessoal transitrio, durao do trabalho e evitara circulao e divulgao de informaes no-oficiais. fundamentalestabelecer escalas racionais de trabalho para as equipes de trabalho.

    j) Monitorar as condies fsicas e o bem-estar emocional do pessoalautorizado a trabalhar no necrotrio, proporcionando suportepsicolgico s equipes de trabalho e aos seus familiares.

    k) Fazer um relatrio dirio das atividades, includo o registro dasidentificaes, corpos liberados e dos cadveres restantes.

    l) Manter um cadastro atualizado dos voluntrios solicitados e suasqualificaes, bem como dos voluntrios no solicitados, mas quepodero ser necessrios futuramente.

    Compete ao Supervisor de Operaes a responsabilidade pelas aes tcnicas epericiais:

    a) Rever a extenso do acidente e determinar a necessidade de ajudaadicional.

    b) Planejar e avaliar a necessidade futura de especialistas emidentificao forense. Estes especialistas forenses devero trabalharem equipes, cujo lder da equipe ser selecionado e apresentado aoSupervisor de Operaes. Os Lderes de Equipes so profissionaisdesignados para servir como uma cabea pensante das diferentesequipes de trabalho, inclundo equipes de identificao,papiloscopistas, odonto-legistas e analistas de DNA. So responsveispela organizao e conduo das atividades das equipes, tem

    experincia em trabalhar com acidentes de massa e entendem osproblemas legais envolvidos. desejvel que eles tenham certificadosde especializao em suas disciplinas.

    c) Criar e manter a disposio um arquivo, com um pronturio para cadacaso (Apndice N). Manter o controle sobre a qualidade dasinformaes constantes neste pronturio, revisando os registros paragarantir que todas os relatrios sejam precisos, legveis, completos eassinados. Verificar que todas as fotos estejam identificadas ecatalogadas (registradas).

    Algumas aes so prioritrias nesta fase inicial, e delas depender o adequadoandamento dos trabalhos. A determinao do local onde sero realizadas as atividades

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    de necrotrio e a definio das equipes de trabalho j deve estar estabelecidapreviamente. O Supervisor de Necrotrio e o Supervisor de Operaes, juntamente comas autoridades governamentais envolvidas no processo, neste momento, devero apenasacionar os mecanismos de comunicao para colocar em andamento as seguintes aes:

    3.2.1 Definio do Local das Atividades de Necrotrio

    O local para realizao dos trabalhos periciais dever ser amplo, com bompermetro de segurana e possuir reas que possam ser adaptadas para a realizao daidentificao dos corpos, estacionamento de caminhes frigorficos, reconhecimentodos corpos pelos familiares com acesso separado, armazenamento de caixes, recepoe entrevista com familiares, refeio das pessoas envolvidas na identificao dos corpos,entre outras. Dependendo da magnitude do desastre, esta rea dever ser fora donecrotrio oficial, que continuar sendo responsvel pela realizao dos trabalhosdirios e de rotina.

    reas militares (quartis), com ginsios de esporte dentro dos seus limites, solocais adequados para este tipo de trabalho. Eles oferecem normalmente privacidade,segurana, espaos amplos e boa estrutura de comunicao. A sua disponibilidade emcasos de desastre de massa dever j estar previamente definida, assim como osprocedimentos de montagem da infra-estrutura necessria para realizao dos trabalhos.

    3.2.2 Definio das Equipes de Identificao

    As equipes que iro realizar os trabalhos de identificao devero estartecnicamente preparadas para este tipo de atividade e ter conhecimento do protocolo deao em todas as suas fases. O nmero de equipes de peritos que iro trabalhardiretamente na identificao ser determinado pelo Supervisor de Necrotrio e peloSupervisor de Operaes, considerando a disponibilidade de pessoal e a dimenso dodesastre. O nmero de equipes ser proporcional ao nmero estimado de mortos. Asolicitao de apoio de pessoal tcnico externo dever ser considerada nesta fase.

    Cada Equipe de Identificao dever incluir:

    a) Um mdico legista ou antropologista forense.

    b)

    Um odonto-legista.c) Um fotgrafo.d) Dois auxiliares de percia.

    Dependendo da disponibilidade de pessoal e da magnitude do desastre ummesmo profissional poder desempenhar mais de uma funo, reduzindo assim onmero de membros da equipe.

    3.3 Aes para Segurana do Necrotrio

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    Compete ao mdico legista Supervisor de Necrotrio estabelecer as medidas desegurana necessrias para o necrotrio, restringindo o acesso nesta rea apenas spessoas autorizadas. A restrio de acesso ao necrotrio preserva a integridade dainvestigao, mantm a dignidade dos cadveres, limita a exposio a riscos qumicos ebiolgicos, minimiza a quebra da cadeia de custdia, restringe o acesso ao registro dedocumentos, e previne a contaminao das evidncias. Para operacionalizao destas

    medidas de segurana devero ser criadas algumas aes:

    a) Limitar o acesso ao necrotrio, estabelecendo um sistema deidentificao utilizando crachs com fotografias ou outraidentificao segura (ex. impresso digital).

    b) Marcar claramente o permetro da rea de exames dos corpos vindosdo local do acidente, separando os casos habituais do necrotrio e osdo acidente de massa.

    c) Definir as reas de atuao das equipes de apoio, evitando acirculao de pessoas estranhas ao servio nestes locais.

    d) Proibir e controlar o uso de cmaras fotogrficas ou aparelhoscelulares que possam gerar fotografias pessoais ou no autorizadas.

    3.4 Aes para Recepo de Pessoas e Liberao de Pertences e Informaes

    O Supervisor do Necrotrio e o Supervisor de Operaes devero criar umaCentral de Atendimento aos Familiares (CAF). Para isto estes supervisores devero:

    a) Criar uma rea para recepo e entrevista com pessoas relacionadas(familiares, dentistas, etc.) que possam fornecer informaesadicionais que auxiliem na identificao dos corpos (Apndice M).

    b) Montar uma equipe de apoio para as atividades de recepo ecadastro de familiares (incluindo profissionais das reas de serviosocial, psicologia, apoio ecumnico, etc).

    c) Montar uma equipe de apoio administrativo para fornecer aosfamiliares orientaes quanto aos procedimentos legais necessriosnestes casos e encaminhamento das declaraes de bito das vtimasidentificadas. Esta equipe ser responsvel tambm pelo inventrio,guarda, proteo e liberao dos pertences pessoais e documentos dasvtimas (Apndice L).

    3.5 Exame e Documentao dos Corpos (Apndice A-2)

    O exame e a documentao dos corpos deve fornecer informaes detalhadas

    sobre as caractersticas fsicas do cadver e a possvel causa, maneira e circunstnciasda morte.

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    Ao chegar ao necrotrio os corpos devem ser identificados por um sistema denumerao simples, conciso e contnuo. Esta numerao deve ser compatvel ouintegrada com o sistema de numerao dos corpos e evidncias, utilizado pela Equipede Resgate no local do acidente. Isto permitir:

    a) Cruzar as informaes de local com os achados das percias nonecrotrio.

    b) Recuperar informaes sobre os corpos, pertences e outras evidnciasdurante a investigao.

    c) Relacionar os resultados individuais, para futuros estudos epesquisas.

    O mdico-legista responsvel tambm por manter todos os registros edocumentao, incluindo notas, desenhos, fotografias, radiografias, impresses digitais

    e outra imagens. Um detalhe crtico para a eficiente coleta, anlise e documentao dosachados periciais a utilizao de formas reconhecidas e padronizadas de formulriospara registro das informaes antemortem (Apndice M) epost mortem (Apndice N).

    O pronturio de cada caso deve incluir:

    a) Registro de onde o cadver foi encontrado e onde a morte ocorreu.b) Controle e documentao de como o cadver foi transportado do local

    para o necrotrio.

    c) Registro fotogrfico adequado do cadver.d) Registro da presena ou ausncia de vestes e pertences pessoais.e) Desenho, fotografia ou descrio, em forma de itens, das evidncias

    encontradas e suas relaes com cada cadver.

    f) Registro e documentao das caractersticas fsicas gerais, incluindo apresena ou ausncia de sinais especficos, cicatrizes, tatuagens,implantes, prteses internas e externas.

    g)

    Radiografias de todo o corpo.h) Registro da presena ou ausncia de leses/traumatismos.i) Documentao das impresses digitais (e impresses das mos, dedos

    dos ps ou ps, se indicado).

    j) Documentao do exame da arcada dentria.k) Registro das coletas de amostras apropriadas para DNA e exame

    toxicolgico.

    l) Registro da necropsia completa.

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    m)Consultorias com antropologista forense, radiologista, ortopedista ououtros especialistas, quando indicado.

    3.6 Coleta e Registro das Evidncias e Pertences Pessoais dos Cadveres

    Compete ao mdico-legista, durante os exames preliminares, coordenar osprocedimentos de fotografia do corpo e das evidncias, alm de coletar e registrar osobjetos de valor, documentos e pertences dos cadveres, garantindo o adequadoarmazenamento deste material e eventual retorno aos herdeiros legais. Nesta primeirafase a Equipe de Identificao dever:

    a) Fotografar evidncias, incluindo o n. de identificao de cadacadver, suas caractersticas fsicas (tatuagens, cicatrizes, sinais),feridas, pertences pessoais (roupas, jias). Estas fotografias, quandopossvel, podero ser mostradas aos familiares para permitir o

    reconhecimento.

    b) Coletar evidncias fsicas associadas (resduos de explosivos, traosde outros materiais orgnicos ou inorgnicos)

    c) Coletar, registrar e manter sob guarda dinheiro encontrado no local eno necrotrio (com uma testemunha presente).

    d) Coletar, registrar e manter sob guarda valores e pertences pessoais(roupas e jias) no local e no necrotrio. Os pertences pessoaisdevem ser mantidos em sacos de papel para ficaram arejados esecos. Os itens pessoais retirados do cadver (especialmente jias)devem ser limpos e preservados com um nmero de identificaoadequado. Retirar amostras para DNA dos objetos pessoais antes delimp-los e catalog-los.

    4. ESTABELECENDO A IDENTIFICAO DOS CADVERES

    A confirmao da identidade dos cadveres fundamental para a investigaodas mortes. A adequada identificao necessria para a emisso das declaraes debito e para que os herdeiros legais possam resolver casos de herana e litgioscriminais/civis.

    O mdico legista responsvel por estabelecer a identificao dos cadveresutilizando-se de um dos seguintes mtodos:

    a) Presuntivo: pela visualizao direta ou identificao fotogrfica docadver se visualmente reconhecvel ou atravs de seus pertencespessoais (roupas, carteiras, jias), caractersticas fsicas, tatuagens edados antropomtricos.

    b) Confirmatrio: atravs das impresses digitais, exame da arcadadentria, exames radiolgicos, exame de DNA e pela antropologia

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    forense (Apndices M, N e O).

    Espera-se que sejam utilizados todos os mtodos disponveis de identificaopara confirmar a identidade dos cadveres (Apndices A-2 e B).

    4.1 Equipes Especializadas na Identificao Forense

    O Supervisor de Operaes, juntamente com o Supervisor de Necrotrio edemais responsveis pelas operaes, deve organizar grupos de trabalho constitudospor especialistas das vrias reas da identificao forense. Estes especialistas emidentificao iro comparar registros antemortem epost mortem e relatar seus achadospara o Supervisor de Operaes (mdico legista) para reviso e aprovao final.

    Dependendo da extenso do acidente, devem ser considerados os seguintesespecialistas em identificao mdico-legal para comparar os achadospost mortem e osregistros antemortem:

    a) Antropologista forense / mdico legista.b) Papiloscopista.c) Analista de DNA.d) Odonto-legista.e) Fotgrafo forense.f) Patologista.g) Radiologista e tcnico em radiologiah) Toxicologista.

    4.1.1 Antropologia Forense (Apndice H)

    O antropologista forense tem treinamento, educao e experincia no resgate,classificao e anlise de restos humanos e no-humanos, especialmente aquelescarbonizados, misturados e fragmentados. Ele ajuda/auxilia no resgate, classificao,anlise e identificao dos corpos. Especificamente em relao identificao doscorpos, o antropologista forense contribui com informaes sobre as caractersticasbiolgicas dos cadveres, tais como idade, sexo, raa e estatura, alm de contribuir nadeterminao das circunstncias que envolveram a morte do individuo.

    O tipo especfico de acidente de massa determina o estado relativo depreservao e o grau de fragmentao dos cadveres.

    So atribuies do antropologista forense:

    a) Avaliar e documentar as condies dos corpos: completos,fragmentados, carbonizados, em decomposio, misturados e acombinao das condies anteriores.

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    b)Separar, obviamente, os corpos misturados para calcular o nmeromnimo de indivduos, ao mesmo tempo em que garante acontinuidade do sistema de numerao estabelecido.

    c) Analisar os corpos para determinar o sexo, idade, estatura e outrascaractersticas.

    d)Determinar a necessidade de exames adicionais para identificao,tais como radiologia, odontologia.

    e) Manter o registro dos corpos incompletos para facilitar uma futurareassociao.

    f) Documentar, remover, preservar materiais no-humanos e/ou no-biolgico para o destino adequado.

    A anlise dos corpos depende das suas condies. Vrios mtodos podero serutilizados para determinar as caractersticas biolgicas (idade, sexo, raa, estatura ecaractersticas particulares). Mesmo pequenos fragmentos sseos podem ser teis, tantona identificao pessoal como na determinao das circunstncias que envolveram amorte. Sempre que possvel, o antropologista forense determinar: sexo, idade, raa,estatura, condies patolgicas antemortem (doenas ou fraturas consolidadas),anomalias ou anormalidades (incluindo material cirrgico e prteses), e traumas

    perimortem.O antropologista forense tambm auxilia em outros procedimentos e utiliza

    informaes adicionais de outros especialistas em identificao para realizar a suaanlise dos corpos. So tarefas suas tambm: a coleta de amostras para exame de DNAdos tecidos moles, ossos e dentes; interpretar radiografias; explicar e interpretar asleses traumticas; obter e isolar outras evidncias; comparar registros antemortem e

    post mortem.

    4.1.2 Papiloscopia

    As impresses digitais so um excelente meio de identificar vtimas

    desconhecidas e de confirmar a identificao daquelas que so reconhecidas por outrosmtodos no-cientficos (por exemplo, descries de testemunhas ou fotografias).Para que a identificao das vtimas de um acidente de massa possa ser efetiva

    pela impresso digital, alguns procedimentos devem ser realizados:

    a) Obter uma lista (por exemplo, de passageiros ou os registros deemprego, ou das supostas vitimas em um acidente de massa aberto) ea descrio (sexo e data de nascimento) de vtimas possveis.

    b) Obter fotos e documentos antemortem junto aos familiares ou outrasfontes de informao. Fontes potenciais de impresses digitais

    fidedignas incluem registros do emprego e do governo/serviomilitar. Em alguns casos, as impresses palmares e plantares latentes

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    podem ser obtidas por papiloscopistas na casa, local de trabalho ouobjetos pessoais das supostas vtimas.

    c) Criar pronturios de documentos antemortem epost mortem.d) Estabelecer condutas no local do acidente para a proteo das

    impresses digitais durante a operao de resgate. A proteo dasmos, dos dedos, e dos ps pelas equipes de resgate de fundamentalimportncia nesta fase.

    e) Estabelecer um sistema de controle dos documentos e manter acadeia de custodia.

    f) Estabelecer com o mdico legista ou antropologista forense, antes doexame dos corpos, um protocolo para a coleta das impressesdigitais.

    O preparo da impresso digital dos corpos, especialmente daqueles que foramqueimados ou sofreram um trauma importante, pode ser um processo longo e tediosoque envolve o uso de produtos qumicos e equipamentos cirrgicos. Neste sentido necessrio um local especfico no necrotrio para o preparo e exame das impressesdigitaispost mortem. Esta ilha de trabalho da papiloscopia, que serve como local parao preparo das impresses digitais deve incluir:

    a) Uma rea de trabalho para comparao.b) Equipamento especializado (fornecido geralmente pelo

    papiloscopista).

    c) Luz de mesa e gua corrente.d) Recipientes hermticos apropriados para armazenar os dedos, os

    dedos do p, e algum material com cristas papilares.

    O papiloscopista responsvel pelo processo de cpia da impresso digital,preparando o material com o objetivo de gravar a impresso das cristas papilares para a

    identificao. A sistemtica de trabalho inclui:a) Verificar os dados de identificao disponveis (n. do corpo,

    descrio bsica).

    b) Fotografar as superfcies digitais dos corpos antes de iniciar opreparo.

    c) Examinar e coletar qualquer trao de evidncia que se encontre sobrea superfcie das digitais.

    d) Preparar as superfcies com digitais para obter a impresso (cpia).

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    e) Obter autorizao do mdico legista antes de remover os dedos oumos. Tomar o cuidado de etiquetar todas as partes removidas docorpo imediatamente e garantir que todas elas sero devolvidas aorespectivo corpo posteriormente.

    f) Copiar/imprimir todas as superfcies digitais da pele das mos e ps.g) Documentar o processo:

    Registrar o nome do papiloscopista e a data do exame nocarto da impresso.

    Registrar o(s) nmero(s) atribudo(s) ao corpo no carto daimpresso digital.

    Registrar as reas de pele com superfcies papilarescopiadas, bem como aquelas no disponveis ouinadequadas para coleta.

    h) Pode ser necessria a coleta da impresso digital dos sobreviventesdo acidente com a finalidade de excluso.

    A comparao da impresso digital antemortem com aquelas obtidas diretamentedo cadver pelo papiloscopista pode conduzir identificao positiva dos corpos. Noentanto, as impresses digitais antemortem podem variar em qualidade e nem semprevo estar em condies ideais para um estudo comparativo com aquelas obtidas postmortem. Alm disso, as impresses digitais muitas vezes no esto informatizadas numsistema no padro AFIS (Automated Fingerprint Identification System), o que obriga ospapiloscopistas a executarem uma comparao manual. Quando uma impresso digital obtida, o que geralmente no possvel em cadveres carbonizados e putrefatos, pode-se obter alto ndice de identificao por este mtodo (13).

    Aps obter os registros antemortem das impresses digitais de vtimas potenciaisdo acidente de massa, o papiloscopista responsvel por:

    a) Comparar as impresses digitais antemortem epost mortem.b) Submeter a um segundo papiloscopista qualificado todas as

    identificaes e registrar os achados no carto das digitaispost

    mortem.c) Iniciar busca no AFIS (Automated Fingerprint Identification

    System), se disponvel este tipo de bases de dados, caso nenhumdocumento com digitais antemortem esteja disponvel.

    d) Notificar o Supervisor de Operaes (mdico-legista) de cadaidentificao positiva no momento oportuno.

    e) Seguir o protocolo legal estabelecido para a reteno ou a disposiodos documentos originais.

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    4.1.3 Odontologia Forense

    O exame odontolgico representa uma atividade essencial na identificao decadveres carbonizados ou mutilados, mostrando-se mtodo eficiente e rpido(6;12;15). As informaes dentrias antemortem, como um dos trs principais mtodoscientficos de identificao, juntamente com as impresses digitais e o exame de DNA,

    devem ser obtidas to logo seja possvel, para maximizar a eficcia do processo deidentificao. A identificao odonto-legal possvel comparando-se a documentaoantemortem obtida com os registrospost mortem dos corpos desconhecidos recuperadosda cena do acidente. No entanto, devemos ter em mente que a quantidade e a qualidadedos registros dentrios antemortem so extremamente variveis entre os profissionais daodontologia (13), o que ocasiona, freqentemente, dificuldades na recuperao dasinformaes odontolgicas das vitimas (16). Esta dificuldade na recuperao dosregistros odontolgicos interfere diretamente na efetividade do processo. A taxa desucesso da identificao pelo exame da arcada dentria pode variar consideravelmentedependendo da natureza do acidente, da nacionalidade e do pas de residncia dasvtimas, da incidncia de tratamentos dentrios, da disponibilidade de registros

    dentrios adequados e do grau de leses traumticas envolvendo as peas dentrias (15).A identificao odonto-legal um mtodo cientfico e legalmente aceito na

    identificao humana. Portanto, a criao da equipe odonto-legal antes de um acidentede massa crtica para o sucesso da operao no local do acidente. O Chefe da Equipeodonto-legal o responsvel por:

    a) Coordenar as atividades com as outras equipes de identificao,designando um membro da equipe para trabalhar com outrosespecialistas em identificao mdico-legal e atualizar a lista deidentificaes e pessoas faltantes.

    b) Organizar uma equipe odonto-legal para identificao, designandoprofissionais especficos para coleta dos dados antemortem, coleta eregistro dos dados post mortem /radiologia, e equipes para estudoscomparativos.

    c) Criar uma escala de trabalho, programando e gerenciandoadequadamente a equipe odonto-legal.

    d) Estabelecer fontes da informao antemortem e ligao com aCentral de Atendimento aos Familiares (CAF).

    e) Usar formulrios padro para a coleta de dados (formulriosdomsticos ou formulrios internacionais Apndices D, M e N).Considerar o software de computador para armazenar e compararregistros e exames radiolgicos (Digital Imaging andCommunications in Medicine - DICOM).

    f) Determinar os recursos e equipamentos necessrios, estabelecendocontato com fornecedores. O uso de equipamentos radiolgicosmveis aumenta imensamente a flexibilidade da equipe odonto-legal.

    g) Relacionar as evidncias disponveis no local para a equipe odonto-legal.

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    h) Notificar o Supervisor de Operaes (mdico-legista) de cadaidentificao positiva no momento oportuno.

    Em acidentes de massa, os corpos podem estar fragmentados. O odonto-legista,nestes casos, torna-se uma figura valiosa na cena, dando assistncia nos

    reconhecimentos, na documentao e na preservao das evidncias dentrias durante oresgate e transporte dos corpos. Ele deve fazer parte da Equipe de Resgate de Corpos,preservando as referncias dentais antemortem que podero ajudar no processo daidentificao.

    A equipe odonto-legal responsvel por:

    a) Identificar, coletar e preservar a evidncia dental. Considerar ensacaro segmento craniofacial dos corpos (isto , a cabea) na cena paraimpedir a perda dos dentes.

    b) Examinar o saco plstico do corpo na busca de possveis dentesperdidos do corpo.

    c) Considerar a realizao de raios-X dentrios no local do acidente paraevidncias frgeis que podem no resistir ao transporte at onecrotrio.

    d) Ajudar outros especialistas da identificao mdico-legal(antropologista e mdico-legista) a reconhecer a evidncia dental.

    e) Pedir a informao dental antemortem original (incluindo raios-X,pelculas, fotografias, modelos e imagens eletrnicas) atravs do CAFou uma outra organizao designada para tal fim. Faz parte desteprocesso estabelecer procedimentos para contatar os dentistas queforneceram os registros antemortem, se a equipe odonto-legal dentalnecessitar informao adicional.

    f) Comparar as informaes antemortem e post mortem, que pode serfeita manualmente ou utilizando um programa de computador quepriorize uma lista de possveis combinaes possveis.

    g) Chegar a uma concluso, aps comparar as informaesodontolgicas antemortem com as post mortem, em uma das quatrocategorias abaixo:

    1. Identificao dental positiva;2. Identificao dental possvel (compatvel com). O

    termo compatvel com implica uma identificaopossvel. Embora no implique uma identificaopositiva, ajuda a priorizar uma possvel identificaopor outros mtodos;

    3. Excluso;4. Informao inadequada para comparao.

    h) Garantir a reviso dos processos de registros antemortem, postmortem e de comparao.

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    A identificao odonto-legal requer a comparao de informaes dentriasantemortem (coletada em um nico formulrio padronizado - Apndice M) com osachados dentrios post mortem (Apndice N). fundamental neste trabalho obter adocumentao apropriada, com o exame odontolgico antemortem (Apndice D):

    a) Estabelecer um contato/ligao com a equipe responsvel por coletara informao odontolgica antemortem (CAF, a policia, o serviosocial).

    b) Reunir a informao odontolgica antemortem de cada individuo(registros mdicos e odontolgicos, fotografias e raios X) em umnico e completo formulrio/registro odontolgico antemortempadro. Esta talvez a parte mais importante dos procedimentos deidentificao odonto-legal. Estar ciente dos vrios sistemas denumerao dental e das tcnicas da montagem das radiografias.

    c) Considerar o uso de programas de computador para ajudar naclassificao e no armazenamento das informaes antemortem e

    post mortem.

    O chefe da equipe odonto-legal pode garantir o controle de qualidade sobre oprocesso de identificao odonto-legal incluindo dois ou mais odonto-legistas para cadaequipe odonto-legal e revisando (ou designando algum para a reviso) e aprovando todosos formulrios/registros antes da liberao dos corpos.

    Em relao ao exame odontolgicopost mortem:

    a) Executar fotografia intra e extra-oral (convencional ou digital).b) Obter radiografias post mortem de acordo com as orientaes

    recomendadas pela American Board of Forensic Odontology(ABFO). Garantir o controle de qualidade com a reviso de todas asradiografiaspost mortem pelo lder da equipe odonto-legal.

    c) Executar disseco facial para obter acesso a arcada dentria somentese necessrio e aprovado pelo mdico legista para exame clnico e

    radiogrfico. Se a resseco da mandbula ou seu fragmento fornecessrio, imperativo embalar e etiquetar estes espcimes egarantir o retorno para o corpo posteriormente.

    d) Realizar o exame clnico para documentar os achados dentais postmortem, designando mais de um odonto-legista para proceder aoexame e revisar os resultados do exame para manter o controle dequalidade.

    e) Reunir a informao odontolgica post mortem (registros mdicos eodontolgicos, fotografias, e radiografias) em um nico e completo

    formulrio/registro odontolgicopost mortem padro.

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    4.1.4 Anlise de DNA

    Para casos envolvendo acidentes de massa/ou corpos muito fragmentados, oexame de DNA torna-se um componente essencial no processo de identificao. Oexame de DNA pode:

    a) Identificar as vtimas.b) Associar fragmentos de corpos.c) Auxiliar na continuidade da investigao mdico-legal.

    A disponibilidade e utilizao do DNA iro variar com a extenso do acidente.Os supervisores das aes devero avaliar a disponibilidade de recursos para exame deDNA e estabelecer um acordo formal com laboratrios capazes de suportar o plano decontingncia do acidente de massa. A imediata disponibilidade de um grande nmero de

    exames de DNA produz uma srie de complicaes em acidentes de massa,principalmente com vtimas gravemente fragmentadas. Acidentes menores podem nonecessitar recursos especiais com relao coleta das evidncias e a realizao doexame de DNA. No entanto, a coleta de evidncias, a superviso dos dados, e ainterpretao dos resultados representam um grande desafio. essencial ter um sistemade listagem disponvel para arquivar e buscar milhares amostras. Espera-se que oslaboratrios utilizem programas de computador especializados para facilitar a busca,pesquisa e interpretao de um grande nmero de perfis de DNA.

    O Supervisor de Operaes (mdico-legista), juntamente com o laboratrio deDNA, ir determinar qual mtodo de anlise ser utilizado para ajudar no processo deidentificao e estabelecer uma previso realstica para a concluso dos trabalhos,baseado na avaliao da capacidade e habilidade de interpretao do laboratrio.

    4.1.4.1 Coleta das amostras para o exame de DNA

    O exame de DNA um mtodo comparativo, sendo necessrias uma ou maisamostras de referncias vlidas para identificar corpos humanos adequadamente. Trstipos de amostras biolgicas so coletadas de:

    a)

    Cadveres.b) Familiares adequados.c) Amostras diretas (amostras biolgicas e de objetos pessoais).

    A coleta de amostras deve ser feita de modo a prevenir perdas, contaminao oualteraes prejudiciais que comprometam o incio da cadeia de custdia. Devemosgarantir que o processamento do material inclua a preparao de uma lista de amostras,o seu transporte e armazenamento adequados, acompanhadas das respectivasdocumentaes. Devem ser considerados os seguintes passos para preparao das

    amostras:

    Amostras de cadveres

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    a) Coletar amostras de tamanhos adequados, coloc-las separadamenteem recipientes apropriados, etiquet-las e armazen-lasapropriadamente. No utilizar conservantes (como formol). Quandopossvel coletar as amostras dos corpos junto com outros especialistasforenses.

    b) Garantir que todos os corpos que forem submetidos ao exame deDNA tenham sido fotografados e registrados. O sistema de registrodeve utilizar uma numerao que esteja integrada, ou seja, derivadado sistema utilizado inicialmente no local, de forma a unificar aidentificao de cada amostra. Isso vai reduzir erros de transcrio,minimizar confuses e diminuir a possibilidade de problemas quepossam surgir com o uso de um sistema de numerao alternativo ouredundante. Evitar criar um novo sistema de numerao sempre quepossvel.

    c) Designar membros da equipe qualificados pra coletar as amostraspara o exame de DNA. Este processo pode envolver duas ou maispessoas. O membro da equipe que retira a amostra (mdico-legista ouantropologista) deve ser capaz de estimar a qualidade do materialpara exame de DNA, bem como identificar a amostra e a origemanatmica. O membro da equipe que registra a amostra verifica adescrio e mantm uma identificao nica, preservando a cadeia decustdia e garantindo conservao e armazenamento adequados(mantendo a amostra congelada em local seguro). A equipe envolvidana coleta das amostras dever providenciar as amostras de referncia.

    d) Devem-se coletar amostras para DNA de:1. Corpos identificados positivamente, pois os resultados do

    DNA podem ser usados para reassociar fragmentos,identificao de vtimas de uma mesma famlia ou comobjetivos de excluso.

    2. Corpos fragmentados, devendo-se determinar o objetivopara identificao dos fragmentos e estabelecer critriospara a coleta das amostras (de todos os fragmentos, apenasfragmentos de certo tamanho, ou apenas os fragmentos

    que podem ser reconhecidos anatomicamente).e) As amostras devem ser manipuladas com precaues adequadas para

    minimizar o risco de contaminao, prevenir perdas ou deteriorao.Utilizar, sempre que possvel, material estril e descartvel paracoletar as amostras. Descartar ou limpar as luvas e os instrumentos decorte aps obter cada amostra. Limpar instrumentos, bancadas detrabalho, luvas e outros itens com gua sanitria comercial (uma partede gua sanitria para nove de gua).

    f) A equipe para coleta de amostra de DNA deve trabalhar em pares:um registrador e um coletador. O registrador escolta o corpo at amesa de trabalho. Os dois membros da equipe verificam ouestabelecem uma identificao nica e decidem em conjunto o local

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    para retirada da amostra. Se a deciso for no coletar a amostra, oregistrador anota isso no registro de amostras de DNA dos corpos.

    g) O registrador inclui o nmero, data, hora, e descrio no banco dedados ou no livro de registro e identifica (etiqueta) o recipiente daamostra (tubo, saco) adequadamente.

    h) O registrador e o coletador verificam a colocao da amostra em umtubo adequadamente etiquetado e a entrada dos dadoscorrespondentes no registro das amostras. O coletador descarta oavental, lminas de bisturi e pinas no reutilizveis. O materialpermanente, incluindo balana, serra Stryker, frceps, luvas e pinashemostticas, devero ser limpos com uma soluo a 10% de guasanitria. As superfcies das reas de trabalho devero ser limpas comlcool.

    i) Amostras preferenciais para corpos humanos: sangue, tecidos moles(msculo esqueltico profundo, vsceras, pele), ossos e dentes.Usando instrumentos adequados, as amostras sero obtidas de umados seguintes locais, em ordem de preferncia:

    1. 10-15 g de msculo esqueltico profundo (evite tecidosque possam ter sido esmagados pelo impacto do acidenteou por exploso);

    2. 1-2 cm x 4-6 cm x 0,5-1 cm da cortical ssea (evitepontos de referncia antropolgicos, margens articularese margens de fraturas recentes, sempre que possvel; corte

    janelas nos ossos longos e no crnio);3. Caninos superior ou inferior ou outro dente intacto, sem

    restauraes (consultar o odonto-legista se necessrio);4. Outra poro de tecido mole ou duro (dente/osso) que

    entre em um tubo cnico de 50 ml.

    j) O mdico legista fornece orientao para a equipe de coleta de DNAsobre as amostras teciduais que foram consumidas durante arealizao do exame.

    k) Se corpos mltiplos e, potencialmente, no associados esto em umnico container, o relator e coletador devero embalar separadamenteos corpos dos quais as amostras foram retiradas. Posteriormente,quando o resultado do DNA for obtido, o mdico legista dever sercapaz de retornar ao container e atribuir o perfil gentico ao tecidoespecifico com certeza.

    l) A cadeia de custdia dever listar todas as amostrar enviadas aolaboratrio.

    Amostras de referncia de familiares (Apndice C):

    a) Deve-se iniciar a coleta das amostras de referncia dos familiaresdiretos das vtimas no Centro de Atendimento aos Familiares (CAF)

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    ou em outro local designado. Tambm deve ser desenvolvido eimplementado um plano para iniciar a coleta de amostras dereferncias de familiares distantes do local do acidente.

    b) Deve-se obter o consentimento informado dos familiares (ApndiceC), incluindo o objetivo da amostra solicitada e descrevendo o

    destino da amostra, as restries ao seu uso e a confidencialidade doresultado do exame de DNA.

    c) Deve-se identificar o doador da amostra, confirmando a identidade,estabelecendo claramente a relao biolgica de parentesco com avtima, obtendo uma forma de contato com o doador, atravs de umformulrio padronizado.

    d) Utilizar mtodos adequados de coleta (swab bucal, sangue da polpadigital).

    e) Registrar a informao dos familiares de forma detalhada e confivel.f) As amostras preferenciais so o sangue, coletado atravs de

    venopuno ou da picada da polpa digital, e dois swabs coletadosadequadamente da mucosa oral.

    g) Criar e manter a cadeia de custdia para amostras de referncia.h) O tipo de doador vai depender do tipo de exame de DNA utilizado

    pelo laboratrio, o qual dever ser consultado. Os doadorespreferenciais so (Apndice C):

    1. No seqenciamento curto do DNA um ou ambos os paisda vtima; marido/esposa da vtima e seus filhosbiolgicos; parentes biolgicos da vtima que tenham osmesmos pais;

    2. No DNA mitocondrial utiliza-se membros da famliamaterna como referncia;

    3. Nos marcadores do cromossoma Y - utiliza-se membrosda famlia paterna como referncia.

    Amostras de referncia direta:

    a) Para a coleta deste tipo de amostra, deve-se imediatamenteestabelecer um ponto de contato que ser responsvel por receber eregistrar as amostras de referncia direta.

    b) Garantir que o CAF e outros servios divulguem amplamente o nomee a localizao deste local e listem os itens apropriados como

    referncia direta de DNA.

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    c) Informar s famlias que elas podem entregar as amostras dereferncia diretas no mesmo local onde podem ser coletadas asamostras de referncias familiares.

    d) Colocar e guardar as amostras de referncia separadamente emrecipientes etiquetados.

    e) Obter documentao apropriada que permita a correlao da amostrade referncia direta com uma vtima em particular.

    f) Iniciar um sistema de numerao lgica para todas as amostras dereferncia que seja compatvel com o sistema adotado inicialmente nolocal.

    g) Deve-se tomar cuidado na escolha de amostras de referncia diretasapropriadas para anlise. Sempre que possvel mais de um item deveser entregue.

    h) Garantir que os itens sejam de uso da vtima e entregues o maisrpido possvel.

    i) As amostras biolgicas diretas adequadas para o exame de DNA so:cartes de tipo sangneo (no h no Brasil), swabs da mucosa oral(kits de identificao domstica), sangue estocado para cirurgiaeletiva, amostras para patologia (bipsias, esfregaos,citopatolgicos), dentes extrados (dentes decduos ou permanentes),amostras de cabelo.

    j) Os itens de uso pessoal incluem: escova de dente, barbeador ouaparelho de barbear, roupas ntimas ainda no lavadas, itens dehigiene pessoal usados (absorvente ntimo), outros objetos pessoaisusados. Estes itens pessoais devem retornar aos seus doadores.

    k) Criar e manter a cadeia de custdia para amostras de referncia.

    4.1.4.2 Administrao e superviso da anlise de dados do DNA

    O processo de armazenar, rever e interpretar os dados a fase mais desafiadoraquando se utiliza a tecnologia do DNA para identificar as vtimas de um acidente demassa. A dificuldade desta tarefa surge, basicamente, quando mais de um laboratrioest envolvido em fornecer os resultados. Os laboratrios participantes devem firmarum compromisso mtuo, com um fluxo de trabalho coordenado, utilizando programasde computador (softwares) compatveis para a incluso e interpretao dos dados. Oideal que apenas um laboratrio fique com a responsabilidade de analisar as amostrascoletadas. Nesta fase algumas rotinas devem ser seguidas:

    a) O manejo dos dados do DNA requer uma rotina laboratorialsistematizada para o inventrio, localizao, manuteno da cadeia de

    custdia e registro das amostras.

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    c) Confirmar que os laboratrios possuam mtodos de anlise de DNA,programas de computador e meios de comunicao compatveis.

    d) Exigir dos laboratrios prova de experincia em processar amostrasde referncia e de cadveres de acidentes de massa.

    e) Avaliar a capacidade, desempenho e competncia dos laboratrios,atravs da reviso dos documentos de auditorias prvias ou fazendocontraprova de algumas amostras ou re-anlise aleatria.

    4.1.4.3 Interpretao dos dados

    Os resultados do DNA podem ser analisados e tecnicamente revisados de acordocom critrios pr-estabelecidos. A interpretao de resultados da anlise do DNA dentrodo contexto do processo da identificao pode ser conduzida pelo laboratrio

    coordenador (ou pelo laboratrio do local, se houver um disponvel) antes de relatar osresultados ao mdico legista responsvel (Supervisor de Operaes).

    responsabilidade do laboratrio coordenador do processo, antes de relatar osresultados ao Supervisor de Operaes:

    a) Usar protocolos da anlise do DNA validados e revisar osprocedimentos.

    b) Estabelecer critrios estatsticos para os cruzamentos entre asamostras de familiares ou de referncia direta, dependendo danatureza e do tamanho do acidente.

    c) Garantir a disponibilidade do software apropriado para armazenar eprocurar os perfis do DNA das vtimas e das amostras de refernciacorrespondentes.

    d) Para alguns acidentes de massa ser necessria uma grandecapacidade de informtica para procurar/buscar grandes bases dedados e realizar um nmero significativo de cruzamentos de perfis deDNA. Dever ser considerada a necessidade de indivduos treinadosno uso apropriado do software de computador usado especificamente

    para desenvolver pareamento de familiares.e) Sempre que possvel, confirmar os resultados do DNA das amostras

    de referncia diretas usadas para a identificao com o resultado daanlise das amostras dos familiares ou testando uma segunda amostrade referncia direta.

    f) Considerar as identificaes do DNA como supostamente corretas atque se submetam reviso administrativa pelo mdico-legistaSupervisor de Operaes.

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    5. EQUIPES DE APOIO (Apndice A-1)

    As Equipes de Apoio sero divididas em Equipes Assistenciais, Equipes deApoio Logstico e Equipes Tcnicas. As Equipes de Apoio Logstico e as EquipesAssistenciais sero coordenadas pelo Supervisor de Necrotrio enquanto a Equipe

    Tcnica ser coordenada pelo Supervisor de Operaes.

    5.1 Equipe Assistenciala) Equipe de Psiclogos

    1. Estabelecer a integrao entre a equipe de identificao eos familiares;

    2. Auxiliar os peritos durante a comunicao daidentificao positiva junto aos familiares;

    b) Equipe de Assistentes Sociais1. Auxiliar aos familiares no registro de declaraes de

    bito, orientao quanto aos funerais, encaminhamento dedocumentos, etc;

    2. Orientaes e auxlio aos familiares ou responsveis, nabusca de documentos no domicilio, consultriodentrio/mdico, hospital, etc;

    c) Equipe para Recolhimento de Dados da Famlia esta equipeadministrativa ser responsvel pela Central de Atendimento aosFamiliares (CAF), e ter entre outras funes:

    1. Coletar os dados fornecidos pelos familiares, preenchendoos questionrios padronizados (Apndice M );

    2. Receber, protocolar e fornecer recibo das fichas mdicas,pronturios hospitalares, radiografias, fichasodontolgicas, fotografias e outros documentos deinteresse pericial fornecidos pelos familiares;

    3.

    Identificar e etiquetar o material recebido;4. Passar para a equipe de informtica os questionrios comos dados dos desaparecidos/procurados, por um nseqencial que no se alterar mais.

    d) Equipe de Documentao: esta equipe ser responsvel por incluir nosistema integrado de informtica as informaes recolhidas pela CAFe pelos Peritos. Caber a esta equipe:

    1. Alimentar o sistema com os dados coletados pelos peritosno exame direto do cadver (n de identificao, sigla de

    identificao, dados de roupas, pertences, sinaiscaractersticos, exame odontolgico, etc.);

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    2. Alimentar o sistema com os dados coletados pela CAF,incluindo os questionrios aplicados aos familiares dosdesaparecidos (n de ordem, sexo, idade, cor, prtesessea, prtese dental, DIU, marcapasso, ausncia parcialde dentes, ausncia de dentes total, aparelho ortodntico,sinais caractersticos cicatrizes, tatuagens, etc.). Estas

    informaes faro parte do Pronturio da Vtima(Apndice M);3. Tabular os dados, imprimir as fichas e distribu-las, no

    mnimo, uma cpia para cada equipe de trabalho. Estasfichas devero ser constantemente atualizadas e a suanumerao no poder ser alterada em qualquer hiptese,depois do registro. Este nmero permanecer mesmo queno seja confirmadaa presena da vtima no evento, o queser imediatamente informado aos peritos;

    4. Organizar arquivos de fotos do local do acidente, doscorpos, dos objetos, fotos digitalizadas, fornecidas por

    familiares, exames radiolgicos, etc. O arquivo de fotosde objetos dever estar a disposio para ser exibido aosfamiliares, em teles por datashow;

    5. Organizar um arquivo por nmero de registro de todomaterial fotogrfico relacionado com determinada vtima;

    6. Preparar relatrios e desenvolver mapas / plantas / croquise esquemas quando solicitados pelos Supervisores ePeritos;

    7. Organizar o Pronturio da Vtima, com todos os registroslevantados, material fotogrfico e documentos anexados.

    5.2 Equipe de Apoio Logstico

    a) Equipe de Recursos Materiais e Manuteno: ser responsvel pelofornecimento dos materiais de escritrio (papel, canetas,grampeadores, rguas, etc), instrumental tcnico (luvas, pinas,lminas de bisturi, serras, etc) e outros materiais, conforme previstona Lista de Materiais.

    b)

    Equipe de Informtica: ser responsvel pelo fornecimento,instalao e manuteno dos equipamentos de informtica. Estesequipamentos devem possibilitar uma transferncia rpida e dequalidade do material fotografado e possuir programa especfico parao manejo das imagens compatvel com os arquivos, tabelas erelatrios que formaro o pronturio da Vtima. O uso do Win-ID, umprograma de computador recm-lanado que ajuda muito no trabalhode identificao e organizao dos odontogramas, est indicado.

    c) Equipe de Alimentao: diariamente ser responsvel por fornecerlanche, caf e refeies para as equipes de trabalho.

    d) Equipe de Limpeza: no final de cada dia de trabalho esta equipedever realizar a limpeza do local de trabalho, recolhimento do lixo e

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    reposio dos materiais de higiene e limpeza (sabonete, papelhiginico, etc).

    e) Equipe de Transporte: ser constituda por motoristas e carrosfornecidos por empresa pblica/privada para o transporte de pessoas emateriais necessrios, durante a execuo dos trabalhos. Os veculos

    devero ser facilmente identificveis, o que facilitar o acesso aosdiversos locais (local do fato, hospitais, local da percia, hotis, etc.).

    f) Equipe de Segurana: recomenda-se a utilizao dos profissionaisque normalmente respondem pela segurana dos servios periciais,agregando um reforo de pessoal, proporcional rea de atuao.Esta equipe ser responsvel por:

    1. Limitar o acesso ao necrotrio, estabelecendo um sistemade identificao utilizando crachs com fotografias ououtra identificao segura;

    2. Marcar o permetro da rea de exames dos corpos vindosdo local do acidente, separando os casos habituais donecrotrio e os do acidente de massa, caso os examessejam realizados no mesmo local;

    3. Evitar a circulao de pessoas estranhas ao servio nesteslocais;

    4. Proibir e controlar o uso de cmaras fotogrficas ouaparelhos celulares que possam gerar fotografias pessoais;

    g) Equipe de comunicao social: esta equipe ser responsvel porcoordenar a transferncia de informao entre os peritos, imprensa efamiliares. Para isso dever:

    1. Coordenar atividades de recepo programadas parafamiliares, jornalistas, autoridades governamentais, etc;

    2. Divulgar boletins com informaes sobre o andamentodas atividades periciais;

    3. Organizar entrevistas com a imprensa.h) Equipe de Desmobilizao: ao final dos trabalhos esta equipe ser

    responsvel por desmontar a rea de trabalho e devolver os

    equipamentos aos seus locais de origem.

    5.3 Equipe Tcnica

    Esta equipe ser chefiada pelo Supervisor de Operaes, responsvel porcoordenar o trabalho dos grupos de peritos que formam as Equipes de Identificao.Estas equipes sero constitudas por um perito mdico-legista ou antropologista forensee um perito odonto-legista, que atuaro diretamente na coleta e registro das amostras.As equipes de peritos formadas pelos papiloscopista e analistas de DNA recebero as

    amostras coletadas para estudo. Para a realizao adequada do trabalho pericial, aEquipe de Identificao ter ainda o auxlio de algumas equipes de apoio:

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    a) Equipe de Fotografia: cada Equipe de Identificao contar com umfotgrafo. O equipamento fotogrfico dever ser digital, o quepermite que as imagens registradas sejam repassadas para ocomputador onde sero trabalhadas e organizadas, pela equipe dedocumentao. Cada caso fotografado ter suas fotos organizadas emum arquivo numerado, que far parte do Pronturio da Vtima e o

    acompanhar at a sua identificao (fotos do cadver, vestes,pertences, caractersticas fsicas e dentrias) - Apndice I.

    b) Equipe de Radiologia: os tcnicos em radiologia sero distribudosem equipes por turnos ou dias de trabalho e realizaro os examesradiolgicos conforme solicitao dos peritos.

    c) Equipe de Auxiliares de Percias: cada Equipe de Identificaocontar com dois auxiliares de percias: um para auxiliar os peritos(mdicos e dentistas) na realizao da coleta de dados e materiais docadver e preparar as vestes e pertences para fotografias; um segundo

    para etiquetar material coletado, as vestes e os pertences doscadveres e armazen-los no local previamente determinado para tal.

    d) Equipe de Remoo de Corpos: esta equipe ser responsvel porcolocar os corpos, embalados individualmente em sacos plsticos

    juntamente com os seus pertences, nos caminhes frigorficos eretir-los diariamente, colocando-os nas reas de trabalhodeterminadas. Esta equipe poder ser constituda de bombeiros ouauxiliares de percias.

    6. INFRA-ESTRUTURA E SERVIOS IMEDIATOS

    Para o adequado encaminhamento dos trabalhos, e dependendo da extenso dodesastre, dever ser montada uma infra-estrutura de apoio, constituda por empresaspblicas ou privadas, que atendero algumas necessidades que no so supridasrotineiramente pelos Institutos de Medicina Legal. Para que este atendimento possa serdisponibilizado de forma rpida e coordenada, as empresas envolvidas devero estar

    previamente acertadas, dentro de um protocolo de atendimento de desastres de massa.Para cada um dos itens necessrios devero ser indicadas uma ou duas empresas, quemantero atualizados nmeros de telefone e pessoal responsvel para um contatoimediato e desencadeamento do processo de atendimento. Esta infra-estrutura bsicadever contemplar o fornecimento dos seguintes equipamentos e servios:

    a) Caminhes frigorficos so necessrios, de forma imediata, 2 a 3caminhes frigorficos de grande porte, pelo prazo de temponecessrio para realizao da percia.

    b) Sacos plsticos com zper o necrotrio dever dispor de um estoquede aproximadamente 50 sacos plsticos com zper. Mesmo assim,uma ou duas empresas devero estar acertadas previamente para ofornecimento imediato de um n igual ou superior a este.

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    c) Caixes - as empresas envolvidas devero ser capazes dedisponibilizar imediatamente caixes em nmero suficiente para oadequado sepultamento, incluindo-se caixes zincados.

    d) Servio de Limpeza - os funcionrios devero estar disponveisrapidamente para realizarem a limpeza do local da percia ao final doprimeiro dia, embalar e encaminhar o lixo produzido pelo prazo detempo necessrio para realizao dos trabalhos.

    e) Servio de Alimentao os responsveis por este servio deverodisponibilizar lanches e refeies pelo prazo de tempo necessrio arealizao da percia, de forma a atender a equipe de trabalho.

    f) Servio de Transporte os peritos, membros das equipes de apoio efamiliares, quando indicado, devero dispor de um servio deveculos para deslocamento durante os trabalhos. Dever ser

    previamente definida a responsabilidade pelo abastecimento decombustvel destes veculos.

    g) Servio de Informtica - as empresas envolvidas devero fornecer,montar e dar o suporte necessrio e de forma ininterrupta aosequipamentos de informtica (micros com programas, laptops,impressoras, scanners de mesa, telas de projeo, datashow) peloprazo de tempo necessrio para realizao da percia. Osequipamentos devero ser interligados em rede de transmisso rpidade dados.

    h) Servio de Telefonia Fixa e Mvel - a empresa responsvel deverdisponibilizar imediatamente telefones celulares, convencionais eaparelhos de fax para a equipe administrativa e os peritos manteremcontato com familiares, hospitais, profissionais mdicos eodontlogos, at a concluso da percia.

    7. LISTA DE MATERIAIS

    As equipes de percia, assim como as Equipes de Apoio, devero ter uma listados materiais bsicos que devero ser colocados disposio para a realizao do seutrabalho. Numa fase inicial, os itens abaixo listados fazem parte de um conjunto mnimode materiais e equipamentos que devero estar disponveis.

    7.1 Material de Escritrio

    - Etiquetas plastificadas perfuradas, tamanho 15 x 8 cm com carto a serpreenchido a identificao alfanumrica

    - Etiqueta colantes para fotos e exames dos desaparecidos- Rolos de fio urso

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    - Perfuradores de papel- Fita adesiva larga- Folhas A4- Cartuchos para impressoras- Sacos de Lixo de 100L- Canetas Azuis- Canetas Destaca Texto- Canetas a prova dagua- Pincel atmico preto/vermelho- Tesouras- Fitas mtricas adequada para medio dos corpos- Rguas (para servir de escala em fotos)- Sacos plsticos transparentes, tamanho A4 para colocar os questionrios

    dos desaparecidos, fotos, exames, etc.- Caixas de Clips- Cartolina para cartazes de localizao no assoalho dos grupos de triagem

    (Masculino/Adulto, Feminino/Adulto, etc), mais plstico para cobrir e fita

    adesiva larga.

    7.2. Material de Higiene e Limpeza

    - Liquido desinfetante para mos- Sacos plsticos e recipientes para resduos orgnicos- Desinfetante para o ar (bom-ar)- Desinfetante para cho (limpeza do salo)- Sabo lquido para lavar instrumental e pertences das vtimas- Papel toalha

    7.3 Equipamentos

    - Unidade Bsica de Informtica: 6 Computadores (2 para insero de dadosdos desaparecidos, elaborao das lista, impresso e atualizao; 2 parainsero de dados coletados das vtimas, elaborao de lista, impresso eatualizao; 1 para emitir documentos referentes a liberao de corpos e

    outros documentos administrativos; 1 para arquivar imagens, organiz-las emostr-las aos peritos (este tem que ter configuraes especficas). Os gruposde trabalho pericial e as equipes de apoio podero necessitar deequipamentos, com programas especficos para sua especialidade.

    - Impressoras- Mquina xerox- Mquinas fotogrficas digitais- Aparelho de Rx (corpo) e Rx odontolgico- Filmes radiogrficos, ecrans, material para revelao ou processadora- Intercomunicadores para coordenadores ou telefones celulares- Tela p/ Projeo (telo)- Data Show- Scanner- Extenses para equipamentos (6 de no mnimo 20 metros)

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    7.4 Instrumental para Percia Mdico-Legal

    - Luvas de borracha- Luvas de procedimentos cirrgicos- Mscaras descartveis- Toucas descartveis- culos de proteo- Protetores de mangas descartveis- Botas de borracha- Props descartveis- Facas para necropsia- Cabos e lminas de bisturi- Pinas anatmicas com dente e sem dente- Pinas de anel- Pinas de Crille- Rugina- Botico (frceps dentrio)- Sondas dentrias- Espelho dentrio- Frascos para armazenar amostras- Swabs

    7.5 Outros

    - Caixes- Lates para lixo- Lona plstica preta (para forrar mesas de trabalho, possvel isolamento de

    rea, etc.)- Recipientes para desprezar o material cortante- Dispensador de gua + bombonas de gua no local- Copos descartveis

  • 8/8/2019 Roteiro Mdico-legal para Atendimento de Vtimas Fatais em Acidentes de Massa

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    Referncias Bibliogrficas

    (1) Frana GV. Desastres de Massa Sugestes para um Itinerrio Correto deAuxlio. Revista Biotica 1994;2(2). Availab