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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB CURSO DE DIREITO DIREITO DAS SUCESSÕES PROFª KARLA NEVES FAIAD DE MOURA ROTEIRO 01 INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES 1. Aspectos históricos - O Direito das sucessões é bastante antigo, pois é inerente à ocorrência do surgimento da propriedade privada, que precisava ter destinação ao ocorrer o fenômeno “morte”. Ou seja, o Direito das sucessões, mesmo em sua forma primitiva, é tão antigo quanto o fenômeno da morte e da propriedade privada. - Em Roma dizia-se que o herdeiro continuava a personalidade do defunto, de quem haria sua força e coragem. - No Direito Romano, era a religião que determinava os aspectos gerais das sucessões. Geralmente, a propriedade se concentrava no filho mais velho, pois este era o que herdava tudo e continuava a cuidar da família no lugar de seu pai, sempre buscando que a herança ficasse no grupo familiar. - Ainda em Roma se o falecido não tivesse filho homem era adotado um filho para tomar de conta do legado. A mulher não poderia herdar o máximo que ela recebia era um dote quando do seu casamento. - O testamento em si nasceu na época da Lei das XII Tábulas, e começou-se a liberdade absoluta para dispor de bens para depois da morte, porém com a liberdade absoluta de testar muitos abusos ocorriam com a própria família, assim o direito romano copiou o direito grego que já estava mais avançado no tema, estabelecendo uma primeira restrição, um limite à liberdade de testar. Era uma quarta parte que dever ser reservada aos parentes próximos do testador, Justianiano elevou aquela parte, chamada legitima para um terço da sucessão, o quando o sucessor tivesse quatro filhos, e a metade se tivesse mais de quatro filhos, com a fundamentação de ser a preservação do patrimônio em beneficio da família.

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ROTEIRO 01

INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES

1. Aspectos históricos

- O Direito das sucessões é bastante antigo, pois é inerente à ocorrência do surgimento da propriedade privada, que precisava ter destinação ao ocorrer o fenômeno “morte”. Ou seja, o Direito das sucessões, mesmo em sua forma primitiva, é tão antigo quanto o fenômeno da morte e da propriedade privada.

- Em Roma dizia-se que o herdeiro continuava a personalidade do defunto, de quem haria sua força e coragem.

- No Direito Romano, era a religião que determinava os aspectos gerais das sucessões. Geralmente, a propriedade se concentrava no filho mais velho, pois este era o que herdava tudo e continuava a cuidar da família no lugar de seu pai, sempre buscando que a herança ficasse no grupo familiar.

- Ainda em Roma se o falecido não tivesse filho homem era adotado um filho para tomar de conta do legado. A mulher não poderia herdar o máximo que ela recebia era um dote quando do seu casamento.

- O testamento em si nasceu na época da Lei das XII Tábulas, e começou-se a liberdade absoluta para dispor de bens para depois da morte, porém com a liberdade absoluta de testar muitos abusos ocorriam com a própria família, assim o direito romano copiou o direito grego que já estava mais avançado no tema, estabelecendo uma primeira restrição, um limite à liberdade de testar.Era uma quarta parte que dever ser reservada aos parentes próximos do testador, Justianiano elevou aquela parte, chamada legitima para um terço da sucessão, o quando o sucessor tivesse quatro filhos, e a metade se tivesse mais de quatro filhos, com a fundamentação de ser a preservação do patrimônio em beneficio da família.

2. Acepções do termo: SUCESSÃO

Sucessão: vem do termo sub cedere, que significa “vir depois”. Existem, a rigor, vários tipos de sucessões, como a existente entre os membros da monarquia, entre os presidentes, entre os mandatos de parlamentares, e até mesmo a sucessão da propriedade, por meio de transmissão de patrimônio (alienação, inter vivosI) por causa da morte.

- No entanto, o Direito Civil, nesse nosso estudo, só irá tratar sobre a sucessão de propriedade privada nos casos em que ela derivar do fenômeno morte, ou seja, excluindo a transmissão de patrimônio inter vivos (como via de regra).

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- Termo em latim correto: qual seria o termo correto para se referir à transmissão de patrimônio por causa ou em decorrência do fenômeno morte? Mortis causa ou Causa mortis? O termo causa mortis significa “a causa da morte”, portanto, trata-se do motivo pelo qual a pessoa veio a falecer. Tal termo não possui utilidade no Direito das sucessões, mas tão somente no âmbito penal. Portanto, o termo correto, no Direito das sucessões, é mortis causa, que significa “em decorrência da morte” ou “por causa da morte”.

- Obs.: apesar da denominação correta, o imposto ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação) possui a terminologia causa mortis, o que já vimos que é um erro etimológico, de certo cometido desapercebidamente pelo legislador tributário.

- Conceito final: A sucessão é a transmissão do patrimônio em decorrência da morte (mortis causa) de alguém aos seus sucessores.

- Conceito de herança: aquele conjunto de bens pertencente ao sucedido, no momento de sua morte, e que são transferidos aos herdeiros legítimos ou testamentários.

3. Classificação:

a) Quanto à origem.

– Ato entre vivos: é a alienação comum. Não será objeto do nosso estudo.

– Em decorrência da morte (mortis causa): será objeto do nosso estudo.

b) Quanto às formas fundamentais.

- Concentração obrigatória: é o tipo de sucessão em que todo o patrimônio se transmite apenas para uma pessoa, que se torna o responsável pela família (da mesma forma que no antigo direito romano).

- Liberdade testamentária: é o tipo de sucessão em que a pessoa pode dispor da totalidade de seus bens em um instrumento de testamento, independentemente de disposição legal, sendo totalmente livre para formar o testamento como bem entender, deixando filhos dentro ou fora do testamento, incluindo outras pessoas, etc. Nosso país permite a feitura de testamento, mas não permite a disposição total dos bens de forma livre. Não é um regime adotado no Brasil.

- Divisão necessária: é o tipo de sucessão em que a lei impõe que o patrimônio será necessariamente dividido entre os sucessores legais, cujo rol de herdeiros está previsto na lei. Nesse sistema, havendo tais herdeiros necessários, a pessoa só poderá dispor de metade de seu patrimônio em um testamento. É o regime adotado pelo Brasil. A divisão necessária é fundamentada pelo “princípio da intangibilidade da legítima”, que está disposto no artigo 1789, CC.

Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.

Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.

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Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.

Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.

c) Quanto à espécie:

– Legítima: é aquela que decorre da lei, sendo que a própria lei traz quem são os sucessores.

– Testamentária: é aquela em que se leva em consideração as disposições de última vontade do “de cujus”, também na forma da lei.

– Simultânea: são as duas formas de sucessões, quando ambas ocorrem ao mesmo tempo. Os processos de partilha vão em apenso.

Obs: No Brasil, pode haver as três espécies de sucessões, dependendo do caso concreto.

d) Quanto à abrangência

– A titulo Singular (Se dá por meio de Legado e o sucessor se chama legatário):

Legatário: é aquele sucessor que recebe um determinado bem móvel ou imóvel (exceto dinheiro) dentro do acervo do patrimônio do falecido. O bem se chama legado e a pessoa que recebe o legado se chama legatário.

– A título Universal (se dá por meio de Herança e o sucessor se chama Herdeiro):

Herdeiro Legítimo: é aquele sucessor que recebe todos os bens móveis e imóveis, inclusive dinheiro, por estar no rol de parentesco previsto na lei. Os bens se chamam herança e a pessoa que os recebe se chama herdeiro legítimo. São os herdeiros necessários e facultativos (art. 1789, CC).

Herdeiro Testamentário: é aquele sucessor que recebe bens, em sua totalidade ou em cota parte, por meio de um testamento. O bem se chama herança e a pessoa que recebe se chama herdeiro testamentário.

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Obs: Só haverá legatários e/ou herdeiros testamentários se o “de cujus” tiver deixado um testamento. Se não houver testamento, todo o patrimônio se transmitirá aos herdeiros legítimos, ou seja, os necessários.

Exemplos: Patrimônio

Deixo para Paulo minha X5 Com relação aos filhos, cônjuge, etc - X5: é legado. - Paulo: é legatário. Recebem o restante do patrimônio Deixo para Rosana 15% dos bens - 15%: é cota parte da herança.

- Rosana: é her. testamentária.

VOCAÇÃO HEDERITÁRIA – Caio Mario define como “com a morte de uma pessoa, seus herdeiros são chamados a suceder. Este chamamento ou vocação pode obedecer ao impulso de vontade (sucessão testamentária) ou da lei (sucessão legitima) .”

d) PACTOS SUCESSÕRIOS OU PACTA CORVINAA herança só passa a existir com a abertura da sucessão. Antes do

evento morte, o que é existe são os direitos reais e pessoais de cada cidadão, havendo apenas uma mera expectativa dos herdeiros legítimos.

Negociar essa expectativa é repugnante aos olhos do direito. Qualquer negócio que envolva patrimônio a ser recebido futuramente pro ocasião da morte de uma pessoa é absurdo. O objeto de tal transação não é licito, previsão do art. 104, II, CC, por consequente é nulo conforme art. 166, II, CC. Tal previsão também está de forma clara no art. 426 do CC.

ROTEIRO 02

MOMENTOS DO FENÔMENO SUCESSÓRIO

1. Fato que determina a sucessão - MORTE

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- Fenômeno Sucessório: É a transmissão do patrimônio do morto aos herdeiros e/ou legatários. É um fenômeno

único, mas dividido em três momentos ou fases apenas para fins didáticos, sendo que tais momentos nem sempre estarão dispostos em ordem cronológica linear (podendo um acontecer antes do outro, e vice-versa).

2. Momentos do Fenômeno Sucessório

a) Abertura da Sucessão:

- Abre-se a sucessão no momento da morte.

É necessário haver a morte real ou presumida, ou seja, com registro de data e hora. Não é admitida a morte declarada por ausência, pois há, para tanto, uma procedimento diferente do adotado no fenômeno sucessório (a ação declaratória de ausência).

- Morte: - Real: é aquela que é atestada biologicamente. Há presença do corpo. (art. 6º, CCB)

Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

- Presumida: é aquela em que não há presença do corpo, mas as circunstâncias de fato permitem dizer com certeza que a pessoa faleceu, não sendo necessária a abertura de ação de declaração de ausência (art. 7º, CCB).

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

- Comoriência (art. 8º, CCB): é o fenômeno que ocorre quando não é possível se determinar quem, na linha sucessória, morreu primeiro. Nesse caso, o Direito presume que as mortes ocorreram simultaneamente, não havendo, portanto, fenômeno sucessório entre eles (embora reste, ainda, o direito de transmissão).

Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

- A Lei que regula a sucessão (art. 1787, CCB): Dependendo do ano em que ocorreu a morte, a Lei que regulará o fenômeno sucessório será a do código de 1916 ou a do código de 2002.

Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.

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- Lugar da abertura da sucessão (art. 1785, CCB): Esse dispositivo só tem importância para fixar a competência no Direito processual Civil.

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. Tal previsão legal existe porque entende-se via de regra que o ultimo

domicilio é o local onde o de cujos concentrava seu patrimônio. Não sendo relevante o local do falecimento.

Em geral a residência não se confundo como domicilio, sendo domicilio o lugar onde a pessoa mora com a intenção de ali permanecer art. 70 CC.

- Princípio da saisine (art. 1784, CCB): É um princípio que nos informa que o patrimônio se transmite desde logo, a partir da morte, diretamente aos herdeiros. A sucessão ocorre automaticamente, e não após a abertura do inventário e da partilha. A sucessão é um fenômeno jurídico, e o inventário e a partilha são um mero fenômeno processual. O princípio da saisine constitui uma ficção jurídica que transmite automaticamente todos os bens da pessoa aos seus herdeiros, desde o momento de sua morte. Essa ficção evita que o patrimônio fique temporariamente sem dono (o que era muito comum em tempos remotos, permitindo ao Estado controlar os bens das pessoas). O princípio da Saisine só se aplica aos herdeiros legítimos e testamentários.

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

b) Devolução Sucessória ou Delação:

- Art. 5º, XXX, CF: é um fenômeno que nos indica a natureza da herança. A Herança tem natureza de direito e não de dever, podendo ser aceita ou renunciada. O principal efeito da delação, é investir o herdeiro em situação jurídico-transitória que lhe possibilita aceitar ou renunciar a herança, esgotando-se com esse exercício. Ninguém é obrigado a aceitar ou a rejeitar uma herança. A delação é a oportunidade em que os sucessores vão poder deliberar sobre o recebimento ou não do patrimônio.

Obs: aceitar ou renunciar = deliberação.

Art. 5º, XXX - é garantido o direito de herança.

c) Aquisição da Herança ou Adição:

- Esse terceiro momento só ocorrerá se houver a aceitação da herança. A aceitação da herança retroage os efeitos até a data da abertura da sucessão (ou seja, da morte da pessoa). Como os atos de aceitação e renúncia são irrevogáveis, ao haver renúncia, é como se a pessoa que renunciou nunca tivesse participado do fenômeno sucessório.

Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança.

Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança.

ROTEIRO 03

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ACEITAÇÃO, RENÚNCIA E CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS

1. Aceitação.

- Podem praticá-la apenas as pessoas com capacidade de agir. Os incapazes devem ser representados ou assistidos.

- Aceitação pode ser tanto de herança quanto de legado.

- Deve ser pura e simples, sem condição ou termo (Art. 1808, CCB).

Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.§ 1º O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los.§ 2º O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia.

- Existem três tipos de modalidades de aceitação previstas pelo CCB.

a) Expressa: são aquelas feitas necessariamente por escrito, não admitindo a mera deliberação oral.

b) Tácita: são aquelas que se presumem por causa dos atos praticados pelos sucessores. É

quando a pessoa que ainda não deliberou pratica atos típicos de herdeiros, como, por exemplo, passar procuração para o advogado abrir o processo de inventário, zelar e cuidar constantemente dos bens do falecido como se fossem seus, etc. Exceção: Os atos oficiosos de administração e zelo provisórios e urgentes não constituem aceitação tácita. Outra exceção é a cessão gratuita do quinhão a outro herdeiro (pois tal ato é entendido como uma renúncia).

Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.§ 1º Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória.§ 2º Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros.

c) Presumida: ocorre em um caso específico. É quando um herdeiro se recusa ou protela inadvertidamente sobre a deliberação. Nesse caso, mediante a provocação de outro herdeiro interessado, o juiz marca data final para que haja a deliberação. Se o sucessor insistir em não deliberar, presume-se sua aceitação. O prazo para aceitação não pode ser superior a 30 dias.

Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita.

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2. Renúncia.

- Deve ser pura e simples, sem condição ou termo (Art. 1808, CCB).

- Só existe um único tipo de renúncia: a renúncia expressa.

Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial.

Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.§ 1º O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los.§ 2º O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia.

- Forma: O sucessor pode renunciar a heranças distintamente e independentemente quanto aos títulos que dele advirem. No entanto, dentro do mesmo título, só lhe cabe renunciar ou aceitar na totalidade do disposto pelo “de cujus”.

§ 2º O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia.

Ex: - Deixo para Vânia minha Ferrari: Legatária aceito tal legado. - Deixo para Vânia minha casa: Legatária aceito tal legado. - Deixo para Vânia 20% dos meus bens: herdeira testamentária Renuncio tal

herança. - Vânia é filha: herdeira necessária aceito a herança.

- Renúncia - Abdicativa: “não quero”. É a renúncia expressa e escrita

- Translativa: ocorre quando se recebe o bem e o passa a outra pessoa. Na verdade, é uma cessão de herança e não uma renúncia, pois para receber o bem é necessário aceitar a herança, e uma vez aceita, não pode ser renunciada. O Estado deixaria de tributar nesse processo, logo, ele não é um procedimento aceito no Brasil. Não existe a renúncia translativa, sendo que para passar os bens a outrem é necessário fazer uma cessão de herança, na qual o Estado estará tributando duas vezes, ao invés de uma, como no caso acima.

- Efeitos:

- Em Regra, possui efeito ex tunc, ou seja, a renúncia retroage até a data da morte, como se aquela pessoa que renunciou nunca tivesse participado do fenômeno sucessório.

- Dentro da regra, porém, podemos encontrar situações atípicas, como a falta do direito de representação dos sucessores do herdeiro no caso de este renunciar expressamente à herança, e a possibilidade de exercer o direito a deliberação no lugar do herdeiro morto que não tenha deliberado, desde que este tenha adimplido condição imposta em testamento (portanto, só é uma situação válida para sucessores de herdeiros testamentários que não tenham deliberado, mas tenham satisfeito condição imposta em testamento).

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-No primeiro caso atípico descrito asima, não pode haver o direito de representação por parte dos sucessores do herdeiro que renunciou à herança, como se a renúncia pudesse retirar o herdeiro do rol necessário, mas não lhe dar o status de pessoa inexistente ou morta, o que seria de se esperar caso fosse usada a regra geral, como veremos nos casos dos herdeiros pré-mortos. No entanto, a exceção da exceção ocorre quando o renunciante é o único representante da classe de herdeiros ou quando todos os outros representantes também renunciam, pois nesse caso os sucessores dos herdeiros renunciantes poderão ser chamados à deliberação, numa nítida ocorrência de direito de representação misturado com renúncia. No segundo caso, a situação é mais atípica ainda, pois permite que os sucessores do herdeiro morto que não tenha deliberado possam deliberar e receber a devida cota da herança, desde que o herdeiro morto tenha cumprido com condição ou encargo previsto em testamento. Vale lembrar que, para tal fenômeno ocorrer, é necessário que os sucessores aceitem, primeiramente, a herança do herdeiro que morreu sem deliberar, como condição para deliberar sobre a primeira herança (o que não é necessário no caso do herdeiro pré-morto, por exemplo). Sobre tal assunto nos diz os seguintes artigos:

Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada.Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira. Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente.

Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça.

- Obs: Não poderá o herdeiro renunciar à herança apenas com o intuito de prejudicar seus credores, pois é uma situação que configura fraude contra credores. Não poderá, por exemplo, um herdeiro renunciar, apenas formalmente, à herança e recebê-la, efetivamente, por “debaixo dos panos” por intermédio dos outros herdeiros somente para não ter que pagar as suas dívidas. Sobre isso, o CCB nos diz o seguinte:

Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.§ 1º A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato.§ 2º Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros.

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3. Cessão do Direito Hereditário.

- Como o Brasil proíbe a renúncia translativa, ou seja, em favor de outrem, há o instituto legal da cessão do direito hereditário, em que uma pessoa aliena o seu direito a receber uma herança para um terceiro.

Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.§ 1º Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente.§ 2º É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.§ 3º Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade.

- Direito de Preferência:

- Pode haver a cessão do direito de herança. No entanto, a cessão não pode ser feita sem a observância do direito de prelação (preferência) dos outros co-herdeiros. Se a cessão houver sido feita, sem que disso o co-herdeiro tivesse ciência, tal co-herdeiro terá um prazo de 180 dias a contar da cessão (e não do conhecimento do fato) para reclamar o seu direito de preferência, depositando o valor correspondente em conta indicada. O fato motivador do prazo é ainda motivo de discórdia entre doutrinadores que acham um absurdo contá-lo a partir da cessão e não da ciência do fato, pois isso encobertaria um direito subjetivo por decurso de tempo de um fato sequer conhecido do autor do direito, mas a lei não deixa dúvidas quanto a isso, ou seja, o prazo é contado a partir da cessão.

Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto.

Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão.Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.

- Obs: a expressão “tanto por tanto” prevista no artigo 1794 significa “a título oneroso”, ou seja, o co-herdeiro terá de adquirir a outra parte da herança por meio de compra, pois a cessão gratuita constitui renúncia translativa, o que é proibido no Direito brasileiro, pois inviabiliza a cobrança tributária do Estado.

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ROTEIRO 04

CAPACIDADE PARA SUCEDER

- Para ser um Sucessor com legitimidade, é necessário atender a todos os pressupostos cumulativos, ou seja, os fáticos e os jurídicos:

1. Pressupostos Fáticos.

- Coexistir: é preciso ser nascido ou pelo menos estar concebido no ventre.

- Sobreviver: é preciso continuar existindo após a morte do autor da herança.

- Regra: a regra da coexistência e da sobrevivência diz respeito a pessoa físicas (apenas as nascidas) e a pessoas jurídicas existentes à época da sucessão.

Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão.

- Exceção: a exceção fica por conta dos filhos ainda não nascidos, mas já concebidos (os nascituros). A exceção mais forte diz respeito aos filhos ainda não concebidos, mas que tenham sido previstos em testamento (prole eventual), podendo tal filho ser natural ou adotivo, ainda que o CC não fale sobre isso, pois a CF proíbe a distinção entre filhos. Nesse caso, os bens são conferidos a um curador, pois o filho ainda não existe. A disposição testamentária de prole eventual só tem validade por dois anos após a abertura da sucessão, sendo que após esse período a prole eventual perde o direito à herança. Se nesse período nascer mais de um filho, não se sabe se a herança é repartida ou se fica apenas com o primeiro filho que era previsto, pois a lei é contraditória nos artigos 1799 (que usa o termo “filhos”) e 1800 (que usa o termo “herdeiro”). A doutrina e a jurisprudência ainda não têm respostas a essa questão. Outra exceção é a abertura de sucessão em prol de uma Fundação ainda não existente, ou seja, pode-se usar o patrimônio para formar uma pessoa jurídica, desde que sob a forma de Fundação.

Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;II - as pessoas jurídicas;III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação.

Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz.§ 1o Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775.§ 2o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber.§ 3o Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador.§ 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos.

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2. Pressupostos Jurídicos.

- Vínculo: além dos pressupostos fáticos, ou seja, ser coexistente e sobrevivente, é necessário um pressuposto jurídico, ou seja, ter um vínculo jurídico com o falecido. Existem dois tipos de vínculos jurídicos que fundamentam a sucessão: o legal e o testamentário.

- Casamento (cônjuge) - Linha reta: Ascen. e Descen. - Naturala) Legal - Parentesco - Linha colateral: até 4º

grau - União estável (companheiro) - Adoção - Civil - Reprodução assistida heteróloga. Obs.: Parentesco por afinidade não gera capacidade para suceder.

b) Testamentário

3. Pressupostos negativos.

- É preciso preencher os pressupostos fáticos e jurídicos, não recaindo, também, nos pressupostos negativos.

- Indigno- Não pode ser - Deserdado

- Obs geral: A partir dos estudos acima, podemos chegar à fórmula que determina quem tem a capacidade para suceder. A fórmula é: Pressupostos fáticos + pressupostos jurídicos – pressupostos negativos.

PF + PJ - PN

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ROTEIRO 05

DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO

1. Indignidade – Conceito:

- É uma punição civil que priva do direito de herança o herdeiro ou legatário por terem eles praticado atos reprováveis, taxativamente relacionados no art. 1814, do CCB.

2. Hipóteses de Indignidade:

Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.

Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença.Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão.

- Obs.: não é necessário haver a condenação na esfera criminal, pois são independentes. Mas se for absolvido na esfera criminal, o absolvido pode entrar com uma ação rescisória na cível. Se a absolvição criminal vier antes da sentença cível, a condenação nesta fica afastada pela absolvição daquela.

3. Declaratória de Indignidade:

- A indignidade só será configurada após a declaração judicial feita por sentença em ação declaratória de indignidade. O MP não pode propor tal ação, pois lhe falta o interesse de agir.

- É necessário ter o interesse de agir, ou seja, ser o beneficiário com a exclusão de determinado sucessor do rol de herdeiros. O MP só será interessado se não houver outros herdeiros no rol de sucessão, pois se o herdeiro for menor de idade, o interesse será promovido pelo tutor.

- O prazo para mover a ação é de 4 anos a partir da abertura do fenômeno sucessório.

- Se a declaração de indignidade for negativa (ou seja, para provar que determinado herdeiro não é indigno) a improcedência do pedido não declara, tacitamente, a indignidade do sucessor, salvo se houver alguma reconvenção promovida por outros herdeiros e esta for deferida.

Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença.Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão.

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4. Efeitos Civis da Indignidade:

- Os efeitos são pessoais, ou seja, só o indigno sofre os efeitos, não transmitindo aos seus sucessores.

- A declaração de indignidade retroage à data da abertura da sucessão e exclui o indigno do fenômeno sucessório, como se morto ele estivesse, ou seja, é considerado como pré-morto, apenas para efeitos de representação por parte de seus descendentes, que receberão a herança em seu lugar, com vocação indireta e partilha por estirpe, conforme as regras que serão abordadas mais adiante.

Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.

5. Indignidade x Deserdação:

- A indignidade representa casos reprováveis taxados pela própria lei, ou seja, o próprio ordenamento jurídico exclui a pessoa do rol dos sucessores por agir em desacordo com a lei com atitudes reprováveis taxativamente expressas pelo artigo 1814, CC.

- A deserção é uma ferramenta utilizada pelo próprio autor da herança antes de morrer, deixando claro, em testamento, que tal sucessor estará excluído do rol de herdeiros capazes.

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Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão.

Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes:I - ofensa física;II - injúria grave;III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade.

Art. 1.963. Além das causas e numeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes:I - ofensa física;II - injúria grave;III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da neta;IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade.

Art. 1.964. Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em testamento.

Art. 1.965. Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação, incumbe provar a veracidade da causa alegada pelo testador.Parágrafo único. O direito de provar a causa da deserdação extingue-se no prazo de quatro anos, a contar da data da abertura do testamento.

6. Reabilitação:

- É o perdão dado ao declarado indigno (é necessário ser dado pelo próprio autor da herança, portanto, não há reabilitação se a indignidade foi declarada por causa de homicídio).

- Expressa: verbal ou escrito (por meio de testamento ou ato que presuma o perdão).

- Tácita: O autor da herança faz contemplação de indigno em testamento posterior.

- Os efeitos da reabilitação tácita são diferentes dos efeitos da reabilitação expressa. Nesta, há a reabilitação da herança inteira, e, naquela, há apenas a reabilitação da cota parte a qual o testamento fizer menção.

Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico.Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária.

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ROTEIRO 06

HERANÇA JACENTE E VACANTE

1. Herança Jacente:

- É a herança que jaz, que deita, que espera por algum fato. - É aquela herança que está à espera de um sucessor. Não há ninguém conhecido para cuidar

dos bens do falecido, mas tal situação é temporária, pois não há herança que jaz eternamente. A jacência tem termo quando:

A, é entregue a algum sucessor que conseguiu se habilitar.

B, quando a herança é declarada vacante.

2. Hipóteses de Jacência:

1ª, O sucessor existe, mas não se manifestou, por algum dos seguintes motivos:

A, por ser desconhecido;B, por ser nascituro;C, por ser uma prole eventual;D, por ser uma fundação a ser criada.

2ª, O sucessor não existe.

Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.

3. Herança Vacante

- Arrecadação dos bens (Art. 1152 e seguintes, CPC).

Art. 1.152. Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será estampado três vezes, com intervalo de 30 (trinta) dias para cada um, no órgão oficial e na imprensa da comarca, para que venham a habilitar-se os sucessores do finado no prazo de 6 (seis) meses contados da primeira publicação.§ 1º Verificada a existência de sucessor ou testamenteiro em lugar certo, far-se-á a sua citação, sem prejuízo do edital.§ 2º Quando o finado for estrangeiro, será também comunicado o fato à autoridade consular.

Art. 1.153. Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do testamenteiro ou provada a identidade do cônjuge, a arrecadação converter-se-á em inventário.

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Art. 1.154. Os credores da herança poderão habilitar-se como nos inventários ou propor a ação de cobrança.

Art. 1.155. O juiz poderá autorizar a alienação:

I - de bens móveis, se forem de conservação difícil ou dispendiosa;Il - de semoventes, quando não empregados na exploração de alguma indústria;Ill - de títulos e papéis de crédito, havendo fundado receio de depreciação;IV - de ações de sociedade quando, reclamada a integralização, não dispuser a herança de dinheiro para o pagamento;V - de bens imóveis:a) se ameaçarem ruína, não convindo a reparação;b) se estiverem hipotecados e vencer-se a dívida, não havendo dinheiro para o pagamento.Parágrafo único. Não se procederá, entretanto, à venda se a Fazenda Pública ou o habilitando adiantar a importância para as despesas.

Art. 1.156. Os bens com valor de afeição, como retratos, objetos de uso pessoal, livros e obras de arte, só serão alienados depois de declarada a vacância da herança.

Art. 1.157. Passado 1 (um) ano da primeira publicação do edital (art. 1.152) e não havendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente, será a herança declarada vacante.Parágrafo único. Pendendo habilitação, a vacância será declarada pela mesma sentença que a julgar improcedente. Sendo diversas as habilitações, aguardar-se-á o julgamento da última.

Art. 1.158. Transitada em julgado a sentença que declarou a vacância, o cônjuge, os herdeiros e os credores só poderão reclamar o seu direito por ação direta.

4. Declaração e Efeitos da Vacância:

Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante.

Art. 1.821. É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos limites das forças da herança.

Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal.Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão.

Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante.

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5. Da Petição de Herança:

Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua.

Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, poderá compreender todos os bens hereditários.

Art. 1.826. O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo, fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado o disposto nos arts. 1.214 a 1.222.Parágrafo único. A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de aferir pelas regras concernentes à posse de má-fé e à mora.

Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados.Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé.

Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem o recebeu.

6. Esquema da Declaração de Vacância:

A, Hipótese 1:

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Art. 1.157, CPC. Passado 1 (um) ano da primeira publicação do edital (art. 1.152) e não havendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente, será a herança declarada vacante.

Art. 1.820, CC. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante.

B, Hipótese 2:

Art. 1.157, CPC. Passado 1 (um) ano da primeira publicação do edital (art. 1.152) e não havendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente, será a herança declarada vacante.Parágrafo único. Pendendo habilitação, a vacância será declarada pela mesma sentença que a julgar improcedente. Sendo diversas as habilitações, aguardar-se-á o julgamento da última.

Art. 1.820, CC. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante.

C, Hipótese 3:

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Art. 1.153, CPC. Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do testamenteiro ou provada a identidade do cônjuge, a arrecadação converter-se-á em inventário.

D, Hipótese geral:

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Art. 1.158, CPC. Transitada em julgado a sentença que declarou a vacância, o cônjuge, os herdeiros e os credores só poderão reclamar o seu direito por ação direta.

Art. 1.821, CC. É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos limites das forças da herança.

Art. 1.822, CC. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal.Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão.

Art. 1.823, CC. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante.

ROTEIRO 07

SUCESSÃO LEGÍTIMA – INTRODUÇÃODIREITO DE REPRESENTAÇÃO

1. Sucessão Legítima – ab intestato.

- Ab intestado significa “sem testamento”. Trata-se da sucessão dos herdeiros necessários

Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.

- Obs.: a caducidade é a ocorrência de fatos supervenientes que esvaziam o testamento.

a) Ocorrências da ab intestato (art. 1.788,CC):

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- Quando o autor da herança tem herdeiros necessários;- Quando o autor da herança não dispõe de todos os seus bens em

um testamento;- Quando o testamento caduca;- Quando o testamento é declarado inválido (nulo).

b) A existência de um testamento exclui a sucessão legítima?

- Não, pois o princípio da “intangibilidade da legítima” garante pelo menos a metade dos bens aos herdeiros necessários.

Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.

2. Ordem de Vocação hereditária:

- É a relação preferencial, estabelecida pela lei, das pessoas que são chamadas a suceder o finado, onde o legislador se funda na vontade presumida do falecido, tendo como critério a proximidade do vínculo familiar.

- obs.: A ordem de vocação é a relação preferencial para suceder. A vocação hereditária em si é a aptidão ou legitimidade que uma pessoa tem para ser sucessora.

A) A sucessão legal distingue-se por:

a.1) Ordens: é a relação preferencial entre as classes.

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;III - ao cônjuge sobrevivente;IV - aos colaterais.

a.2) Classes: é cada um dos tipos de sucessores que compõem o rol de legitimidade, podendo entrar na ordem de sucessão, ou seja, na relação preferencial para suceder aos bens. São os descendentes, os ascendentes, os cônjuges e os colaterais. Os companheiros formam uma classe atípica que só irão suceder se forem compatíveis com as seguintes situações:

Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:

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I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

a.3) Graus: é a proximidade que existe entre sucessores que compõem a mesma classe e o “de cujus”. Quanto mais próxima for a relação entre a classe e o falecido, menor é o grau dado àquela classe. A contagem de graus diz respeito apenas a classes iguais.

Ex:

3. Herdeiro Legítimo:

a) Necessário:

- É aquele que necessariamente (sempre) vai herdar, salvo nos casos de indignidade e/ou deserdação.

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

b) Facultativo:

- são os colaterais e os companheiros. Na ordem para suceder, os facultativos só virão após os necessários e os testamentários, pois, pelas regras de grau, estão mais afastados do falecido.

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- 50% disponível, 50% dos legítimos (isso quando houver testamentários e legatários. Caso contrário, 100% será dos legítimos).

- Obs.: Se não houver herdeiros necessários, toda a herança passará a ser disponível, mas apenas descontada a cota dos testamentários é que os bens incidirão sobre os herdeiros facultativos (por causa da pouca proximidade e das regras de grau).

- Obs.: a meação se exclui automaticamente da herança, dependendo do regime de bens dotado durante o matrimônio. Mas, independente disso, sempre pode haver bens particulares de B, de modo que a herança nunca representa a totalidade dos bens do casal, pois a meação se exclui da herança, e os bens particulares se excluem da meação.

4. Ordem de Vocação Hereditária:

a) Regras:

1ª, Uma classe sucessória só é chamada quando faltarem herdeiros na classe precedente.

2ª. Na mesma classe, os parentes em grau mais próximo excluem os parentes em grau mais remoto, salvo no caso do direito de representação.

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5. Modos de Suceder:

A, Por direito Próprio: Pela lei, herda por direito próprio aquele que está imediatamente apto a suceder, recebendo diretamente o quinhão da herança. Quem herda por direito próprio é chamado a suceder por “vocação direta” e a partilhar “por cabeça”.

Ex:

Ou

B, Por direito de Representação: Pela lei, herda por direito de representação quem é chamado a representar sucessor morto na classe incompleta. Se não houver nenhum representante da classe, não há representação, pois a vocação será direta. Mas se a classe estiver incompleta, os descendentes do morto que a deixou incompleta vêm à sucessão representar seu ascendente na classe, tornando-a completa. Na representação, a vocação é “indireta” e a partilha é “por estirpe” (art. 1851, CC).

Ex:

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Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.

- Obs.: o indigno e o comoriente são considerados pré-mortos para efeitos de representação.

- Obs: G e H não precisam ter aceitado a herança de D para aceitar a de A, pois se trata de fenômenos sucessórios que ocorreram em momentos distintos, o que não acontece no caso da transmissão.

C, Por direito de Transmissão:

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- (Art. 1809, CC) Esta distinção (Representação / Transmissão) é feita só para fins didáticos. Na Representação, temos a figura do pré-morto. Na Transmissão temos a figura do sucessor que morreu logo após a abertura da sucessão, mas não deliberou se aceita ou renuncia à herança. Como já visto, os sucessores do herdeiro que morreu sem deliberar devem primeiramente aceitar a herança deste que morreu sem deliberar (o pai) para poder aceitar a herança do primeiro ascendente a morrer (o avô).

Ex:

Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada.Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira.

6. Modos de Partilhar a herança:

A, Por Cabeça: Dividem-se os bens igualmente entre os sucessores diretos representantes daquela classe.

B, Por Estirpe: Dividem-se os bens igualmente entre os sucessores diretos representantes daquela classe em primeiro, depois dividem-se igualmente entre os representantes do sucessor pré-morto, indigno, comoriente ou falecido sem deliberar.

C, Por Linhas: Traça-se um paralelo entre o linhagem materna e a paterna, sendo metade para cada linhagem, depois dividem-se os bens igualmente entre os sucessores diretos representantes daquela classe. Só ocorre na sucessão dos ascendentes.

DIREITO DE REPRESENTAÇÃO

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1. Conceito:

- É o mecanismo pelo qual se opera a vocação indireta na sucessão legítima. Chama-se a suceder o descendente de herdeiro pré-morto, ou julgado indigno para tomar-lhe o lugar como se tivesse o mesmo grau de parentesco dos outros chamados.

- É RESTRITO À SUCESSÃO LEGÍTIMA, pois não é cabível na sucessão testamentária.

- Não existe na sucessão dos ascendentes.

2. Pressupostos:

a) Sucessão legal;b) Impossibilitado de ser chamado à sucessão aquele que deveria suceder;c) Descendência;

3. Efeitos:

Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.

Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente.

Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem.

Art. 1.854. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o representado, se vivo fosse.

Art. 1.855. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os representantes.

Art. 1.856. O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra. (Obs: No penúltimo caso anterior, G e H não precisam ter aceitado a herança de D para aceitar a de A, pois se trata de fenômenos sucessórios que ocorreram em momentos distintos, o que não acontece no caso da transmissão).

ROTEIRO 08

SUCESSÃO DOS DESCENDENTES

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1. Art. 227, § 6º, CF:

- Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

- Entre os descendentes, não haverá nenhum tipo de discriminação, sendo todos legítimos a suceder perante a Constituição.

2. Art. 1829, I, CC:

- A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; (...)

- A concorrência do cônjuge sobrevivente será abordada na explicação da sucessão dos cônjuges.

3. Arts. 1833 a 1835, CC:

Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de representação.

Art. 1.834. Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão de seus ascendentes.

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Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça.

Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

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ROTEIRO 09

SUCESSÃO DOS ASCENDENTES

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1. Regras:

- As regras de sucessão referentes aos ascendentes são totalmente diferentes das regras referentes aos descendentes. Prestar bastante atenção quanto ao direito utilizado e ao modo de partilha.

- 1ª, Não pode haver descendentes na lista, pois estes sempre têm preferência. (art. 1.829).

- 2ª, Se houver cônjuge, a sucessão é concorrente. (art. 1836)

- 3ª, Não existe direito de representação em ascendência (art. 1836, § 1º e 1.852).

2. Art. 1829, II, CC:

- A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

(...)II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

(...)

3. Art. 1836, CC:

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.§ 1o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas.§ 2o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna.

ROTEIRO 10

SUCESSÃO DOS COLATERAIS

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- Casos: arts. 1839 e seguintes do CCB.

Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.

- 2º grau: irmãos (bilaterais ou unilaterais)

COLATERAIS - 3º grau: sobrinhos e tios.

- 4º grau: sobrinho-neto, tio-avô e primos.

Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos.

-Obs.: o gráfico demonstra apenas todos os colaterais que possuem capacidade para suceder, pois, nesse caso acima, apenas B e C herdarão, posto que os colaterais de grau mais próximo excluem os de grau mais remoto, e assim por diante.

- Obs.: Da mesma forma, quando os herdeiros estiverem no mesmo grau (como sobrinhos e tios), pelas regras do artigo 1.843, caput (Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios), os sobrinhos excluirão os tios se ambos coexistirem e sobreviverem no 3º grau colateral (os tios só herdam se não houver sobrinhos). Assim, se B e C forem pré-mortos ou indignos, I e J herdarão. Se B e C renunciarem, no entanto, F (o tio) herdará, pois seria um

caso de vedação de representação de herdeiro renunciante (1.811, CC). Porém, se B, C e F forem pré-mortos, indignos ou renunciarem, I e J herdarão, pois serão os únicos representantes da classe em 3º grau,

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sendo que a sucessão se dará por direito próprio e a partilha será por cabeça, já que não há representação de herdeiro renunciante (1.811, CC).

- Obs.: pela regra geral, os tios excluem os primos, os sobrinhos-netos e os tios-avôs, pois estes são de 4º grau e aqueles são de 3º grau. Os representantes de 3º grau (mais próximo) têm preferência aos de 4º grau (mais remoto). Em todas as hipóteses, a sucessão dos colaterais só vai até o 4º grau de parentesco.

- Obs.: só existe direito de representação no tocante aos filhos dos irmãos, ou seja, aos sobrinhos. Outros parentes colaterais, como o sobrinho-neto, não pode ser chamado a herdar por representação. Além disso, os colaterais são herdeiros facultativos (juntamente com os companheiros), ou seja, pode haver testamento dispondo de cota ou da totalidade da herança. Os colaterais só herdam após os herdeiros necessários, os legatários e os testamentários.

- Quando todos estão no mesmo grau, a partilha é igual e por cabeça.

Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.

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-

Outro exemplo:

Art. 1.842. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes iguais, os unilaterais.

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Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.§ 1º Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão por cabeça.§ 2º Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles.§ 3º Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão por igual.

Art. 1.844.

Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a

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herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal.

Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem.

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- Outro exemplo, aplicando as regras para colaterais:

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ROTEIRO 11

SUCESSÃO DO CÔNJUGE

1. Introdução:

A sucessão do cônjuge ou companheiro se dá concorrentemente com a dos descendentes e ascendentes (direito adquirido com o advento do CC/02. Desde então, esse instituto tem sido alvo de discussões doutrinárias e jurisprudenciais).

2. Sucessão do Cônjuge na Lei 3.071/1916 (CC antigo):

A, Artigo 1603, III :

Art. 1.603.  A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:I - aos descendentes;II - aos ascendentes;III - ao cônjuge sobrevivente;IV - aos colaterais;V - aos Municípios, ao Distrito Federal ou à União.

B, Direito Real de Habitação (Regime da Comunhão Universal):

- No CC/16, somente existia tal direito enquanto durasse a viuvez. Se ela se casasse novamente, perdia o direito real de habitação.

- No CC/02, foi estendido tal direito a todos os regimes de casamento (art. 1.831). - Somente pode habitar na casa (um direito vitalício).

C, Usufruto Vidual:

- Foi extinto pelo novo código de 2002;- Pode dispor livremente dos bens.

3. Sucessão do Cônjuge na Lei 10.406/2002

A) Requisitos:

- 1º, Casamento válido;- 2º, Não esteja separado judicialmente ou de fato.

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

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- Obs.: O código é paradoxal, pois não poderia estabelecer critérios de culpa de separação litigiosa em discussão de matéria sucessória. A jurisprudência não tem entendimento consolidado. Mas a pergunta ainda fica: quem irá herdar: o companheiro ou o cônjuge separado de fato que não deu causa à separação?

B) Direito Real de Habitação:

- No CC/02, foi estendido tal direito a todos os regimes de casamento (art. 1.831). - Somente pode habitar na casa (um direito vitalício).

Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.

C) Cônjuge – Meeiro x Herdeiro:

- Obs.: A meação depende do regime de bens existente no casamento.

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D) Cônjuge – Herdeiro – Artigo 1829, III:

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;III - ao cônjuge sobrevivente;IV - aos colaterais.

- Obs.: Se não houver descendentes nem ascendentes, o cônjuge recolherá a totalidade da herança. Caso contrário, partilhará concorrentemente com eles, de acordo com o art. 1.838, CC.

E) Cônjuge – Herdeiro Concorrente:

- Com Ascendentes:

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.§ 1o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas.§ 2o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna.

Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.

- Os ascendentes não excluem os cônjuges, mas herdam concorrentemente, independentemente do regime de bens do casamento (o que é diferente da regra da concorrência com descendentes).

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- Com Descendentes:

- Regime de bens:

- Regra: descendente concorre com cônjuge (Regimes: separação pactuada de bens, comunhão parcial de bens com existência de bens particulares antes do casamento e participação final nos aqüestos). Na separação de bens pactuada, é herdeiro concorrente sobre os bens particulares, mas não há meação.Na comunhão parcial com bens particulares, há meação.

- Exceção:

A, Comunhão universal: não concorre com os descendentes (o cônjuge será apenas meeiro, pois já é dona do patrimônio todo. Nesse caso, excluem-se os bens da meação, obtendo-se a herança. Tal herança só será partilhada entre os descendentes).

B, Separação obrigatória de bens: não concorre com os descendentes (o cônjuge não é meeiro nem herdeiro, pois o patrimônio de cada um, nesse caso, não se comunica).

C, Comunhão parcial de bens sem a existência de bens particulares antes do casamento: não concorre com os descendentes, pois, como não havia bens particulares anteriores ao casamento, tudo foi adquirido na constância do vínculo, não havendo nenhum bem particular a ser partilhado. Há apenas a meação para o cônjuge, o resto é herança dos filhos.

Direito Sucessório decorrente de casamento

AUTORES No regime de comunhão parcial, o cônjuge herda: Filiação híbrida – Cônjuge.Caio Mário da Silva Pereira Sem reserva de ¼

Chistiano Cassettari Somente bens particulares Sem reserva de ¼Eduardo de Oliveira Leite Somente bens particulares

Flávio Tartuce Somente bens particulares Sem reserva de ¼

Francisco José CahaliA norma contém defeito intransponível, trazendo uma previsão inviável e outra que comporta dupla

interpretação. Necessária, com urgência, modificação legislativa.

Com reserva de ¼

Giselda Maria Fernandes Hironaka

Somente bens particulares Não há posição firme, Jurisprudência variará perigosamente. Solução:

mudança da Lei (Código Civil) ou consolidação de súmula futuramente.

Guilherme Calmon N. da Gama

Bens particulares e comuns Sem reserva de ¼

Gustavo René Nicolau Somente bens particulares Sem reserva de ¼Inácio de Carvalho Neto Bens particulares e comuns Sem reserva de ¼Jorge Shiguemitsu Fujita Somente bens particulares Sem reserva de ¼

José fernando Simão Somente bens particulares Com reserva de ¼Luis Paulo Vieira de carvalho Bens particulares e comuns Sem reserva de ¼

Maria Berenice Dias Somente bens particulares Sem reserva de ¼Maria Helena Diniz Bens particulares e comuns Sem reserva de ¼

Maria Helena Marques B. Daneluzzi

Somente bens particulares Sem reserva de ¼

Mário delgado Somente bens particulares Sem reserva de ¼Mário Roberto C. de Faria Bens particulares e comuns Sem reserva de ¼Rodrigo da Cunha Pereira Somente bens particulares Sem reserva de ¼

Rolf Madaleno Somente bens particulares Sem reserva de ¼Sebastião Amorim e Euclides

de OliveiraSomente bens particulares Sem reserva de ¼

Silvio de Salvo Venosa Com reserva de ¼Zeno Veloso Somente bens particulares Sem reserva de ¼

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- Obs.: Na sucessão do Cônjuge, se houverem ambos os tipos de filhos (filhos comuns e os que são filhos apenas do “de cujus”), como se dará a concorrência com o cônjuge? Não há jurisprudência (ainda) sobre a questão da concorrência e partilha com filhos comuns conjuntamente com os filhos só do autor da herança. Também não há jurisprudência quanto a possível concorrência entre cônjuge separado de fato que não tem culpa (exceção do artigo 1.830).

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

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Art. 1.829, II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

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Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.

- O cônjuge não receberá menos do que ¼ da herança quando concorrer com SEUS descendentes.

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Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente.

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ROTEIRO 12

SUCESSÃO DO COMPANHEIRO

1. Introdução

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.

(...)

2. Sucessão do Companheiro nas Leis 8971/94 e 9278/96:

- Usufruto Vidual- Direito Real de Habitação

- Obs: Há uma grande discussão doutrinária quanto a esse assunto (vide tabela abaixo).

3. Sucessão do Companheiro na Lei 10.406/2002

A) Requisito:

- Configuração da União Estável (UE configura-se na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família).

B) Companheiro – Meeiro x Herdeiro:

- Obs.: A meação depende do regime de bens existente na União estável – art. 1725, CC.

Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

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- A meação, no caso dos companheiros, possuem regras mais benéficas do que as tocantes aos cônjuges.

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C, Herdeiro facultativo ou necessário? Direito de habitação ou não?

Direito Sucessório decorrente de união estável

AUTORESConcorrência com filiação híbrida

Concorrência com o Poder

Público

Direito Real de habitação

Companheiro como herdeiro necessário

Caio Mário da Silva Pereira

Aplica-se o art. 1.790, I, do CC Não Sim

Chistiano Cassettari Aplica-se o art. 1.790, I, do CC Não Sim NãoEduardo de Oliveira

LeiteNão Não

Flávio Tartuce Aplica-se o art. 1.790, II, do CC Não Sim NãoFrancisco José Cahali Aplica-se o art. 1.790, I, do CC Sim Não Não

Giselda Maria Fernandes Hironaka

Não há posição firme, Jurisprudência variará

perigosamente. Solução: mudança da Lei (Código Civil) ou consolidação de súmula

futuramente.

Sim Sim Sim

Guilherme Calmon N. da Gama

Aplica-se o art. 1.790, I, do CC Não Sim Não

Gustavo René Nicolau Aplica-se o art. 1.790, II, do CC Não Sim NãoInácio de Carvalho

NetoAplica-se o art. 1.790, I, do CC Sim Não Não

Jorge Shiguemitsu Fujita

Aplica-se o art. 1.790, I, do CC Não Sim Não

José fernando Simão Aplica-se o art. 1.790, I, do CC Não Sim SimLuis Paulo Vieira de

carvalhoAplica-se o art. 1.790, I, do CC Não Sim Sim

Maria Berenice Dias Aplica-se o art. 1.790, I, do CC Não SimMaria Helena Diniz Aplica-se o art. 1.790, II, do CC Não Sim Não

Maria Helena Marques B. Daneluzzi

Aplica-se o art. 1.790, I, do CC Sim Sim Não

Mário delgado Aplica-se o art. 1.790, I, do CC Sim NãoMário Roberto C. de

FariaOutro (art. 1790, III, do CC Não Sim Não

Rodrigo da Cunha Pereira

Aplica-se o art. 1.790, I, do CC Sim Sim Não

Rolf Madaleno Aplica-se o art. 1.790, I, do CC Não Sim NãoSebastião Amorim e Euclides de Oliveira

Aplica-se o art. 1.790, II, do CC Não Sim Não

Silvio de Salvo Venosa

Aplica-se o art. 1.790, I, do CC Não Sim Não

Zeno Veloso Aplica-se o art. 1.790, II, do CC Sim Sim Não

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D) Artigo 1790, CC:

Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:

I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;

II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;

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III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;

- Os outros parentes sucessíveis a que o inciso alude, por dedução lógica, são os ascendentes e os colaterais.

IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

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- Obs.: No caso de regime de comunhão parcial de bens com bens particulares que não foram adquiridos onerosamente na constância da UE, lembrar sempre de separar a herança em dois montes (herança 1 e 2), uma na qual está os bens particulares e a outra na qual estão os bens adquiridos onerosamente (os bens comuns). Os companheiros só terão direito a esse último monte (H2), retirada a meação que lhe é de direito. No caso de comunhão parcial sem bens particulares, não haverá a H1, portanto não será necessário separar a herança em dois montes, pois só haverá a partilha de H2, na qual o companheiro terá direito à meação e à cota parte que lhe couber. No entanto, se só houver a H1, o companheiro não terá direito a nada.

- Vide art. 1.844,CC. Artigo que é combinado ao caput do 1.790, dando H1 ao Estado, quando não houver H2.

Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal.