76
GESTÃO DE RESÍDUOS TECNOLOGIA SUSTENTABILIDADE Ano 1 • n o 3 • Novembro/Dezembro 2009 Uma responsabilidade de quem produz Seguro Ambiental Ostreicultura Sustentabilidade em fazendas submersas Lixo Doméstico Cuidados no descarte de resíduos tóxicos CADERNO DE RESÍDUOS Cobertura dos principais eventos do setor e Especial RCD O PODER DA ENERGIA LIMPA Ano 1 • n o 3 • Novembro/Dezembro 2009 • VISÃO AMBIENTAL

RVA 03-2009

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Revista Visão Ambiental nº 03

Citation preview

• GESTÃO DE RESÍDUOS• TECNOLOGIA• SUSTENTABILIDADE

Ano 1 • no 3 • Novembro/Dezembro 2009

Uma responsabilidade de quem produz

Seguro Ambiental

Ostreicultura Sustentabilidade em fazendas submersas

Lixo DomésticoCuidados no descarte

de resíduos tóxicos

CADERNO DE RESÍDUOSCobertura dos principais eventos do setor e Especial RCD

O PODER DAENERGIA LIMPAAn

o 1 •

no 3

• N

ovem

bro/

Deze

mbr

o 20

09 •

VI

SÃO

AM

BIEN

TAL

0

5

2 5

7 5

9 5

1 0 0

P l a n a l t o _ - _ A n� � n c i o _ D u p l a _ P a g _ - _ e m _ c u r v a s

q u a r t a - f e i r a , 2 6 d e a g o s t o d e 2 0 0 9 1 0 : 4 9 : 0 0

0

5

2 5

7 5

9 5

1 0 0

P l a n a l t o _ - _ A n� � n c i o _ D u p l a _ P a g _ - _ e m _ c u r v a s

q u a r t a - f e i r a , 2 6 d e a g o s t o d e 2 0 0 9 1 0 : 4 9 : 0 0

15 Visão Científica Por Ricardo Ernesto Rose

16 Reciclagem Industrial Por Raul Lóis Crnkovic

21 Visão Política Por Carlos Silva Filho

22 Irrigação Agrícola Projeto de aplicação de lodo biológico

27 Opinião Tecla SAP de Copenhagen

28 Resíduos Domésticos Cuidados no descarte de lixo tóxico

31 Visão Internacional Por Eduardo Pocetti

6 MATÉRIA DE CAPA O poder da energia limpa

SUMÁRIO

57 Visão Empresarial Por Juliana Girardelli Vilela

58 Visão Econômica Por Celso Tomé Rosa

66 Debate Virtual Sustentabilidade: o desafio no mundo empresarial

Mercado de Trabalho Técnico em meio ambiente

18

70OstreiculturaImportância econômica e sustentabilidade

68 Visão Pedagógica Por Wellinton dos Santos

74 Radar Contatos das empresas, participantes e colaboradores desta edição

32 Consumo ConscienteProdutos que ajudam a preservar o ambiente

24 Eco EstiloAventura sobre duas rodas

60 Seguro AmbientalDebate sobre o Projeto de Lei nº 2.313/2003

Caderno de ResíduosCobertura dos principais eventos do setor e Especial RCD

38

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

Alicerce em 2009, mais realizações em 2010

Final de ano costuma ser época de reflexão e de resoluções para o futuro. Para nós, não é diferente. Também analisamos o ano de lançamento de nossa revista, que foi a concretização de um projeto elaborado com profissionalismo e dedicação tendo como objetivo abordar questões deste nicho fascinante que é o meio ambiente, e os resultados nos indicam que foi uma decisão acertada.

Em nossa terceira edição já podemos contar vitórias, percebi-das pelos elogios recebidos de leitores, anunciantes, entidades do setor, colaboradores e até concorrentes. Buscamos um caminho diferenciado, com informação transmitida em linguagem moderna, com design arrojado, qualidade editorial e isenção absoluta. Nossa recompensa veio através da aceitação e de já sermos, em tão pouco tempo, reconhecidos pelo mercado.

Nesta edição trazemos até você coberturas de eventos, matéria sobre mercado de trabalho, um especial sobre RCD (resíduos da construção e demolição); falamos sobre energias renováveis, segu-ro ambiental, descarte de lixo doméstico, ostreicultura e consumo consciente; organizamos dicas de compras cotidianas e também para o Natal – tudo isso pensando em ter variedade de assuntos que possam agradar a quem tem acesso à revista. Imaginamos que assim, com temas abrangentes e diversificados, conseguimos alcançar nosso objetivo de que a revista passe “de mão em mão”, agradando de alguma forma ao maior número de pessoas.

Num momento tão importante, quando o mundo parece começar a reconhecer a importância das questões ambientais, ser vitrine para a difusão de conhecimento e participar desta tomada de consciência deixa-nos honrados e cientes de nossa responsabilidade. Desejosos de melhorar sempre, queremos continuar contando com sugestões e opiniões sobre nosso trabalho. Para isso temos nosso portal (www.rvambiental.com.br), um canal direto de comunicação com você. Visite e participe.

Como agradecimento de final de ano, assumimos o compromisso de manter a qualidade em tudo que fizermos. Em breve virão novos projetos, que tenham por motivo de existir o respeito ao meio am-biente e ao nosso leitor.

Um bom Natal, com pessoas amadas e de bem, e um 2010 ma-ravilhoso é o que desejamos a todos.

José Gutierrez, Nilberto Machado, Susi Guedes

As opiniões pessoais publicadas nos artigos autorais são de responsabilidade exclusiva dos colaboradores independentes.

EXECUTIVO EDITORIALNilberto Machado

[email protected]

EXECUTIVO FINANCEIROJosé Antonio Gutierrez

[email protected]

EDITORA-CHEFESusi Guedes

[email protected]

PROJETO GRÁFICO e DIREÇÃO DE ARTE Flora Rio Pardo

[email protected]

JORNALISTASArielli Secco, Tais Castilho e Walter Prandi

[email protected]

REVISÃODiego Teixeira

[email protected]

FOTOGRAFIAFábio Tavares e Luciana Yole

[email protected]

COLABORADORPaulo César Lamas (tratamento de imagens)

COLUNISTAS DESTA EDIÇÃOAntonio Carlos Porto Araújo, Carlos Silva Filho, Celso Tomé Rosa, Eduardo Pocetti,

Elton Lage, Juliana Giardelli Vilela, Raul Lóis Crnkovic, Ricardo Ernesto Rose

e Wellinton dos Santos

COMERCIAL e PUBLICIDADE [email protected]

PRODUÇÃOCristopher Raineri, Jurema Jardin

e Marina [email protected]

JORNALISTA RESPONSÁVEL Susi Guedes – MTb ����7/SP

PERIODICIDADE – Bimestral

TIRAGEM – 8.000 exemplares

ATENAS EDITORARua José Debieux, 3�, Cj. �2

Santana – São Paulo/SP – CEP: 02038-030Fone: ��-11- 26�9-0110

www.rvambiental.com.br

ATENDIMENTO AO LEITORFone: ��-11- 26�9-0110

[email protected]

EXPEDIENTE

Capa: Fotomontagem imagens SXC por [email protected]

ERRATA • O nome da construtora do Sr. Sérgio Auad é MSM Imobiliária (www.msmimobiliaria.com.br), e não MSN, como foi publicado na última edição.• O jornalista Walter Prandi também assinou a cobertura da Fenasan.

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

CAPA

Instituições públicas e privadas se unem para tentar diminuir os impactos

ambientais e evitar que falte energia

O PODER DA ENERGIA LIMPA

O Sol visto pelo Soft X-Ray Telescope : irradiador infinito

Div

ulga

ção/

NA

SA

Por Tais Castilho

As energias renováveis nunca estiveram tão evidentes. Elas têm sido exaustivamente discu-tidas em fóruns nacionais e internacionais, uma vez que representam alternativas sustentáveis para a geração de energia. Mais do que nunca, é necessário aumentar sua oferta com o objetivo de preservar o meio ambiente.

Na maioria dos países, a geração de energia é feita através do consumo de combustíveis fósseis. O principal problema desse modelo é que os recursos não são renováveis e ocasio-nam sérios danos à natureza. Mesmo gerando energia através da força das águas, que é uma fonte renovável, as usinas hidroelétricas não são consideradas “limpas”, pois queimam com-bustíveis como gasolina, diesel, gás natural e carvão, emitindo grande quantidade de dióxido de carbono (CO²) no ecossistema.

Atualmente, a sociedade depende da energia elétrica para praticamente tudo, desde as simples residências até as grandes indústrias: sem energia, somos privados não só do lazer, mas também do trabalho. Hoje, aproximadamente 71% da energia produzida no Brasil vem das usinas hidroelétricas, como as de Tucuruí e Itaipu, sendo esta a maior do mundo em geração de energia. A Itaipu Bi-nacional conta com 20 unidades geradoras e 14 gigawatts (GW) de potência instalada, fornecendo 19,3% da energia consumida no Brasil e 87,3% da consumida no Paraguai, segundo dados da assessoria de imprensa.

Com o passar do tempo, as preocupações com a finitude das fontes energéticas tradicio-nais fizeram surgir algumas alternativas para o problema. Atualmente, as mais difundidas são as energias eólica, geotérmica, nuclear, biomassa, solar e hidrelétrica.

Tanto instituições públicas quanto privadas estão realizando pesquisas e executando pro-jetos para fazer a diferença no cenário atual. Grande parte deles vem do Programa de Incen-tivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), do governo federal, que tem como objetivo aproveitar o potencial energético do País. Segundo dados da Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.), o programa prevê a operação de 144 usinas, totalizando 3,29 GW de capacidade instalada. As usinas do programa responderão pela geração de aproximadamen-te 12 mil GW por ano – quantidade capaz de abastecer cerca de �,9 milhões de residências, o equivalente a 3,2% do consumo total anual do país. Os 3,29 GW contratados estão distribuídos assim: 1,19 GW provenientes de �3 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), 1,42 GW de 54 usinas eólicas e �85,24 megawatts (MW) de 27 usinas à base de biomassa. Estimativas apontam uma capacidade total de 143,5 GW, sendo 52% só no Nordeste.

Mesmo com tantas ações positivas, o pro-blema da energia está longe de ser soluciona-do. Segundo Antonio Germano Gomes Pinto, engenheiro químico e especialista em gestão e tecnologia ambiental, falta incentivo públi-VI

SÃO

AM

BIEN

TAL

• N

OVE

MBR

O/D

EZEM

BRO

• 2

009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

7

co para que as alternativas realmente viáveis deêm certo. “O Brasil é um país abençoado, temos todos os recursos naturais necessários para nos abastecer e abastecer o mundo. Os ventos e os mares são patrimônios universais, qualquer país pode aproveitar sua energia. No Brasil, especialmente na faixa litorânea, existem ventos adequados para o aproveitamento em larga escala da energia eólica. Só nos faltam políticos com vontade de resolver os nossos problemas”, diz.

Em números, o Brasil possui hoje 2.129 empreendimentos em operação, gerando aproximadamente 105 GW de potência. Nos próximos anos, mais 174 empreendimentos estarão construídos e outros 441 outorgados, que somarão cerca de 40 GW na capacidade de geração do País.

UMA EMPRESA, VÁRIAS ALTERNATIVASA Kema é uma empresa que presta consul-

toria na área de energia, com projetos voltados para as áreas de energia eólica, solar, biomassa, nuclear e das marés. Além da questão ecolo-gicamente correta, os projetos sempre levam em conta a sustentabilidade. “Desenvolvemos também projetos nas áreas de eficiência ener-gética, de edificações sustentáveis, redes inteli-gentes, geração distribuída e gerenciamento de emissões e créditos de carbono, que reduzem o uso de energia e as emissões de gases de efeito estufa”, ressaltou Vanessa Oliveira, consultora sênior.

Ao falar sobre os impactos ao meio ambien-te, Vanessa é categórica ao afirma que qualquer tipo de geração de energia tem impacto no meio ambiente, umas mais e outras menos. “As formas de geração convencionais, como as térmicas a óleo, gás ou carvão, possuem um im-pacto maior devido às emissões geradas durante seu processo, porém, podem ser minimizadas a através de modificações e ajustes em seus equipamentos”. Já a geração de energia através de fontes renováveis apresenta um impacto menor, uma vez que esse impacto existe apenas durante a construção das usinas, sendo mínimo durante a operação. “Podemos citar o impacto visual e sonoro das usinas eólicas, que se tem demonstrado diminuto em diferentes projetos, dependendo muito mais de questões sociais e culturais de uma determinada localidade”.

Quanto à relação custo-benefício, Vanessa acredita que tudo depende de fatores como disponibilidade de matéria-prima, aspectos

Fontes de Energia Exploradas no BrasilAtualmente no Brasil há investimentos nas seguintes fontes de energia:

eólica, fotovoltaica, hidrelétrica, maré e termelétrica

Capacidade de Geração do Brasil

CGH - Central Geradora HidrelétricaCGU - Central Geradora Undi-ElétricaEOL - Central Geradora EolielétricaPCH - Pequena Central Hidrelétrica

SOL - Central Geradora Solar FotovoltaicaUHE- Usina Hidrelétrica de EnergiaUTE- Usina Termelétrica de EnergiaUTN - Usina Termonuclear

RESUMO DA SITUAÇÃO ATUAL DOS EMPREENDIMENTOS

Fonte de Energia Situação Potência Associada (kW) 45 empreendimentos de fonte Eólica outorgada 2.139.79310 empreendimentos de fonte Eólica em construção 256.45036 empreendimentos de fonte Eólica em operação 602.2841 empreendimento de fonte Fotovoltaica outorgada 5.0001 empreendimento de fonte Fotovoltaica em operação 20235 empreendimentos de fonte Hidrelétrica outorgada 4.373.50894 empreendimentos de fonte Hidrelétrica em construção 11.575.316815 empreendimentos de fonte Hidrelétrica em operação 78.260.8091 empreendimento de fonte Maré outorgada 50159 empreendimentos de fonte Termelétrica outorgada 13.722.52270 empreendimentos de fonte Termelétrica em construção 6.838.4251277 empreendimentos de fonte Termelétrica em operação 26.881.562

Os valores das porcentagens são referentes à Potência Fiscalizada. A Potência Outorgada é igual à considerada no Ato de Outorga. A Potência Fiscalizada é igual à considerada a partir da operação

comercial da primeira unidade geradora.

EMPREENDIMENTOS EM OPERAÇÃO

Tipo Quantidade Potência Outorgada (kW) Potência Fiscalizada (kW) %

CGH 300 170.224 168.623 0,16EOL 36 605.280 602.284 0,57PCH 352 2.941.464 2.881.712 2,73SOL 1 20 20 0UHE 163 75.250.127 75.210.474 71,12UTE 1.275 27.197.710 24.874.562 23,52UTN 2 2.007.000 2.007.000 1,90

Total 2.129 108.171.825 105.744.675 100

EMPREENDIMENTOS EM CONSTRUÇÃO

Tipo Quantidade Potência Outorgada (kW) %

CGH 1 848 0EOL 10 256.450 1,37PCH 73 1.034.668 5,54UHE 20 10.539.800 56,45UTE 70 6.838.425 36,63

Total 174 18.670.191 100

EMPREENDIMENTOS OUTORGADOS ENTRE 1998 E 2009 (construção não iniciada)

Tipo Quantidade Potência Outorgada (kW) %

CGH 70 46.660 0,23CGU 1 50 0EOL 45 2.139.793 10,57PCH 154 2.136.848 10,56SOL 1 5.000 0,02UHE 11 2.190.000 10,82UTE 159 13.722.522 67,80

Total 441 20.240.873 100

Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)

SXC

SXC

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

8

regulatórios, estrutura tributária, custos de ope-ração e manutenção e investimentos necessários. De maneira geral, o custo de geração da energia alternativa é de três a quatro vezes maior que o preço da energia convencional. Porém, com a evolução das tecnologias e o assunto em alta, os custos têm sido reduzidos rapidamente. “No Brasil, a geração hidrelétrica, pelo fato de termos usinas operando há muitos anos com custos depreciados e fonte gratuita, continua sendo a mais visada. Agora, os custos com fontes reno-váveis, como a eólica, a solar e a biomassa, vêm decrescendo ao longo dos últimos anos devido a competitividade.”

ENERGIA NUCLEAR A energia nuclear ou atômica é a que fica

dentro do núcleo do átomo e que é liberada quando de sua ruptura ou fissão (separação). Nas usinas atômicas ou termonucleares, o processo utilizado para gerar energia é praticamente o mesmo que acontece nas estrelas, onde dois átomos de hidrogênio, ao se fundirem, produ-zem hélio e, assim, quantidades enormes de calor. Por necessitarem de condições especiais e de temperaturas altíssimas, essas usinas ainda

estão em fase experimental. Ao invés de queimar combustíveis, a energia nuclear gera um vapor que, sob pressão, faz girar turbinas que acionam geradores elétricos.

A principal vantagem da energia nuclear ob-tida por fissão é a não utilização de combustíveis fósseis. Consequentemente, não emitem CO² no meio ambiente. Portanto, é considerada energia limpa. Em contrapartida, geram lixo atômico, que contamina o ecossistema se não for destinado cor-retamente, além de ser altamente prejudicial aos seres vivos. Outro fator negativo é o alto valor que deve ser investido, cerca de centenas de bilhões de dólares. Pesquisas indicam que 50 anos são pouco para que esse tipo de energia obtenha estabilidade e comprove sua viabilidade econômica.

O maior reator do mundo será construído na França e entrará em operação em 201�. Em 2008 os Estados Unidos foram o país que mais gerou energia por fonte nuclear, sendo respon-sável por 32% da produção mundial. Também se destacaram: França (17%), Japão (9%), Alemanha (�%), Rússia (�%), Coréia do Sul (�%), Canadá (3%), Ucrânia (3,34%) e China (1,85%). No mes-mo período, o Brasil foi responsável por apenas 0,52% do total gerado.

Panorama 2009 da Eletrobrás Termonuclear

• O relatório International Status and Prospects of Nuclear Power , elaborado pela Agência Internacional de Energia Atômica e publicado em dezembro de 2008, aponta os reatores nucleares como os responsáveis por 14% da produção de energia elétrica no mun-do. Isso coloca a energia nuclear como a terceira maior fonte, atrás apenas do carvão e do gás natural.• As principais barreiras à opção nuclear dizem respeito à segurança das plantas, à disposição dos rejeitos radioativos e à proliferação de armas nucleares, além dos custos de cons-trução e manutenção.• Dentre os maiores parques gerado-res, destacam-se os Estados Unidos, com 104 unidades, a França, com 59 reatores, e o Japão, com 55. • No ano de 2008, seis novas usinas tiveram suas obras iniciadas, na Co-réia do Sul, na Rússia, na França e na China. Em 2009, a China começou a construção de Sanmen 1 em 19 de abril, perfazendo o total de 45 reato-res em construção em 14 países.• O Brasil tem duas usinas nucleares em operação (Angra 1 e Angra 2), que em 2008 produziram 3,12% da energia elétrica do País. Também tem uma usina em construção (Angra 3), mas as obras estão aguardando a li-cença de uso do solo da Prefeitura de Angra dos Reis para serem reiniciadas. Além disso, possui quatro reatores de pesquisa, dois em São Paulo, um em Minas Gerais e um em Pernambuco. O maior deles é usado para produzir radioisótopos, que são usados na in-dústria e na medicina.

Vista da Central Nuclear e do canteiro de obras de Angra 3 ao fundo

Div

ulga

ção/

Elet

robr

ás Te

rmon

ucle

ar

CAPA

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

9

GEOTÉRMICA: A ENERGIA QUE VEM DE DENTROA energia geotérmica é aquela gerada pelo

calor da Terra, ou seja, pela rocha líquida que fica abaixo da crosta terrestre – o magma. As águas dos reservatórios subterrâneos ficam superaquecidas quando em contato com essa massa mineral pastosa, gerando um calor que pode ser aproveitado para o aquecimento de edifícios, estufas e para a produção de ele-tricidade em centrais geotérmicas. Porém, a extração de energia geotérmica só é possível em poucos lugares: perto de vulcões e gêiseres (fontes termais que lançam no ar jatos de água ou vapor em intervalos regulares; o vapor faz a água subir até 80 metros, com temperaturas entre 70 °C e 100 °C). No Brasil, por exemplo, não existe essa possibilidade. Existem poucas fontes de águas quentes, onde a temperatura chega no máximo a 51 ºC, calor insuficiente para gerar energia.

Segundo o Instituto para a Conservação de Energia (Icone), existem algumas centrais

encravadas em zonas de vulcanismo, onde a água quente e o vapor afloram à superfície ou se encontram em pequena profundidade. O calor das rochas subterrâneas que ficam próximas a vulcões já supre 30% da energia elétrica consumida em El Salvador e 15% da consumida nas Filipinas, conjunto de ilhas situ-ado nas proximidades do “Cinturão de Fogo”, no Oceano Pacífico – área onde ocorre o encontro de placas tectônicas e os terremotos e vulcões são frequentes. Nicarágua, Quênia, El Salvador, México, Chile, Japão, Portugal e França são al-guns dos poucos países que podem desfrutar da energia geotérmica. Para o meio ambiente é extremamente favorável, pois a emissão de gases poluentes como o CO² e o SO² (dióxido de enxofre) é quase nula.

COMO FUNCIONA?Para chegar às fontes geotérmicas é preciso

escavar buracos profundos, até que se alcance os reservatórios de água e vapor, que são drenados

até a superfície por meio de tubos e canos apropriados. Através desses tubos o va-por é conduzido até a central elétrica geotérmica. Tal como uma central elétrica normal, o vapor faz girar as lâminas da turbina como uma ventoi-nha. A energia mecânica da turbina é transformada em energia elétrica através de um gerador. A grande vantagem do processo é que não é ne-cessário queimar combustível para produzir eletricidade. De-pois de passar pela turbina, o vapor é conduzido a um tan-que para ser resfriado. A água que se forma será novamente canalizada para o reservatório, onde será naturalmente aque-cida pelas rochas quentes.

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

9

Energia geotérmica é obtida de vulcões e gêiseres. O vapor faz a água subir até 80 metros, com temperaturas entre 70 °C e 100 °C. Na foto, área do Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados UnidosA usina geotérmica de

Nesjavellir é a maior da Islândia. Quase 100% da eletricidade do país provém de recursos renováveis

SXC/

Tony

Leh

rman

Div

ulga

ção/

Gre

tar I

vars

son,

geó

logo

de

Nes

jave

llir

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

10

VENTO: UM PODEROSO ALIADOConsiderada a energia re-

novável mais limpa existente hoje, a energia eólica é gerada a partir de uma fonte inesgo-tável: os ventos. No entanto, todo o apelo positivo dessa forma de geração esbarra em alguns problemas. No caso de faltar vento, nada de energia. Por isso, é necessário que o lo-cal que irá abrigar uma usina eólica tenha ventos intensos e constantes. Também, se o ven-to não for tão forte, o processo de produção torna-se muito mais demorado.

No Brasil, 3� usinas pro-duzem energia eólica, sendo responsáveis pela geração de �02,28 MW, ou seja, 0,57% do total de energia do País.

COMO FUNCIONA?Essa é a forma mais simples

de gerar energia: o vento faz girar uma hélice que, por sua

vez, movimenta as turbinas de um gerador que produz energia. Através de linhas de transmissão (fios condutores) a energia é levada até o con-sumidor final. Quando as turbinas de vento são ligadas a uma central de transmissão de energia, tem-se uma central eólica. A quantidade de pro-dução depende do tamanho de suas hélices e da força e intensidade dos ventos na região.

POTENCIAL ENERGÉTICODe acordo com o Greenpeace, a energia eólica

já é uma história de sucesso e gera eletricidade para milhões de consumidores, empregos para dezenas de milhares de pessoas e bilhões de dó-lares de lucro.

Na China, a capacidade de geração de energia através do vento dobrou em 2002.

O governo dinamarquês apoia desde o início dos anos 70 o desenvolvimento e a implemen-tação de uma forte indústria de energia eólica, especialmente através de abatimentos de impos-tos e de investimentos públicos. Na Dinamarca, existem mais pessoas trabalhando na indústria de energia eólica do que na pesca.

Na Mongólia, geradores portáteis de energia eólica são bastante usados por povos nômades para ligar lâmpadas, rádios e outros aparelhos elétricos.

Turbinas eólicas de 1 MW espalhadas em três pontos estratégicos da ilha de Samso, na Dinamarca

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

10

Um exemplo a ser seguidoHá mais de 10 anos a ilha dinamarquesa de Samso neutraliza a emissão de carbono através da energia eólica.Quem acha que não existe um local com energia 100% renovável está muito enganado. Este lugar existe e está levando pessoas do mundo inteiro para conhecer a magnitude de um projeto que começou quase que de brincadeira.Samso é uma ilha dinamarquesa com apenas 114 km² de área. Sua fama, no entanto, é grande e tem origem em 1997, quando o Ministério da Energia lançou um concurso para ver qual de quatro ilhas (Laeso, Samso, Aero e Mon) e, mais a península Thyholm, apresentaria o melhor plano para diminuir a emissão de carbono e gerar energia renovável. Foi aí que Samso se destacou, propondo mudar em apenas 10 anos o cenário da ilha. Para isso, fecha-riam as usinas de combustível fóssil e instalariam fazendas eólicas, painéis solares e usinas de queima de biomassa.E deu certo! Com o projeto, toda a eletricidade pro-duzida na ilha vem de dez enormes torres eólicas instaladas no mar e de onze turbinas eólicas de 1 MW construídas em três pontos estratégicos do território. Cerca de 70% do aquecimento das casas provêm de quatro usinas movidas a palha e lascas de madeira, além dos painéis de energia solar, que grande parte delas possui. Hoje, a ilha nem se lem-bra da primeira grande crise do petróleo, em 1973, quando a Dinamarca chegou a depender 95% de energia importada. Mas não foi tão fácil assim. Para viabilizar o projeto foi preciso a colaboração de todos os habitantes. Além do alto custo para implantar o projeto, existia também a rejeição de fazendeiros que não queriam moinhos em suas terras. O investimento total foi de 60 milhões de euros – em terra firme, cada turbina custa em média 1 milhão de dólares; no mar, o valor é três vezes maior, cerca de 3,2 milhões de dolá-res. O poder público municipal investiu em cinco das turbinas que estão no mar e que custaram 17 milhões de euros – como as leis da Dinamarca não permitem que instituições públicas lucrem com a venda de energia, todo o dinheiro daí proveniente deve ser revertido para futuros projetos. O restante, 43 milhões de euros, vieram de fazendeiros, coopera-tivas e da empresa de energia NRGI. Isso foi possível devido aos subsídios que o governo dinamarquês concedeu. Se investisse em uma turbina eólica um fazendeiro teria dez anos de carência para começar a pagar o empréstimo. Outra grande iniciativa foi a de garantir preços mínimos na venda de energia ao continente. Hoje Samso produz mais energia do que conso-me e ainda vende o excedente para a Dinamarca continental.

Div

ulga

ção/

Sam

so E

nerg

y Ac

adem

y

CAPA

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

11

NO BRASIL, OUTRA REALIDADEEnquanto em Samso a energia eólica é

usada por 100% da população e sem im-pacto algum ao meio ambiente, no Brasil ela vem sendo revista. De acordo com a assessoria de comunicação da Procurado-ria da República no Ceará, a construção de

usinas eólicas tem causado danos ao meio ambiente local e destruído sítios arqueo-lógicos. Por isso, foi pedida a anulação do licenciamento ambiental e a paralisação das obras de construção de três delas: Bons Ven-tos, Enacel e Canoa Quebrada, que formam o Parque Eólico de Aracati, sob responsabi-lidade da empresa Bons Ventos Geradora de Energia. As três usinas foram licenciadas individualmente, como sendo empreendi-mentos de baixo impacto e com potencial de geração de 10 MW. Entretanto, de acordo o Ibama, a capacidade total instalada é de 140,7 MW e as usinas funcionarão em con-junto, transmitindo a energia gerada para a mesma subestação.

Os impactos ambientais gerados pela implantação das usinas eólicas foram com-provados por um parecer técnico elabora-do pelo professor doutor Antônio Jeovah de Andrade Meireles, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC). De acordo com o estudo, os danos ao meio ambiente não estão restritos à fase de construção, sendo potencializados na fase de operação dos equipamentos. Para o pesqui-sador, “a sequência de danos ambientais em área de preservação permanente demostra a fragilidade do instrumento de licencia-mento utilizado para emissão de licença de instalação das usinas eólicas”. Meireles avalia como “completamente inadequado”

o uso de relatório ambiental simplificado (RAS).

Entres os impactos am-bientais levantados no pa-recer técnico estão: desma-tamento, soterramento de dunas fixas pelas atividades de terraplenagem, soterra-mento de lagoas interduna-res, cortes e aterros nas dunas fixas e móveis, introdução de material sedimentar para im-permeabilização e compac-tação do solo, instalação dos aerogeradores, e destruição de sítios arqueológicos.

O Ceará hoje concentra o maior parque eólico do país, com 2�7 MW de energia sen-do gerados em onze usinas já instaladas. O último parque inaugurado é o maior do Nor-deste, na praia Formosa, em Fortaleza. Só essa usina tem capacidade para gerar 104,1 MW de energia. Segundo um estudo da Secretaria de In-fraestrutura do Estado, com toda a capacidade instalada, o Ceará deixa de emitir 1 mi-lhão de toneladas de dióxido de carbono por ano.

A energia eólica excedente da ilha de

Samso é vendida para a Dinamarca continental

Usina eólica nos mares de Samso

Foto

s: D

ivul

gaçã

o/Sa

mso

Ene

rgy

Acad

emy

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

12

BIOMASSA E O FUTUROEm resumo, a energia da

biomassa é aquela provenien-te da transformação da ma-téria orgânica com o auxilio de energia primária, como o Sol, por exemplo. Acontece através da oxidação ou quei-ma de substratos orgânicos, tanto vegetais como animais, e é hoje uma alternativa res-peitada por ambientalistas. “Tanto em termos ambientais como funcionais, a biomassa é uma alternativa com gran-de potencial. Se utilizada de maneira correta, não altera a composição da atmosfera”, afirma o engenheiro químico Antonio Germano.

Ela pode ser utilizada de duas maneiras – direta ou indi-reta. No modo direto, a energia vem da combustão da matéria orgânica, que resulta na libe-ração de dióxido de carbono e de vapor de água, usados no aquecimento doméstico e industrial. Indiretamente ela é mais abrangente e pode ser transformada tanto em bio-combustíveis (combustíveis menos poluentes), para ali-mentar geradores de usinas, quanto em gás combustível, para gerar vapor e acionar tur-binas de geradores que irão transformar a energia mecâni-ca em eletricidade. Além disso, a biomassa também pode ser transformada em biodiesel.

A biomassa se destaca por-que traz muitos benefícios e vantagens: ela é renovável, de baixo custo, permite o reapro-veitamento de resíduos e é bem menos poluente que outras fon-tes de energia, como o petróleo e o carvão. São muitas as pes-quisas realizadas e os resultados positivos obtidos nessa área de energia. Antonio Germano diz

que “os inúmeros processos para transformar biomassa em eletricidade são vantajosos até para evitar o desperdício de matéria”.

Hoje, o Brasil possui 339 empreendimentos em operação, gerando 5,87 GW de energia proveniente da biomassa. O bagaço de cana-de-açúcar responde por mais de 74% desse total (4,3� GW). Em seguida vem o licor negro (resíduo oriundo da madeira no processo de fabricação de papel), com quase 20%. Outros tipo de combustíveis para a geração de energia relacionados à biomassa são: casca de arroz, resíduos de madeira e carvão vegetal.

SOL PARA ENERGIZARA energia solar é captada por painéis solares

construídos a partir de células fotovoltaicas, que transformam a luz do Sol em energia elétrica ou mecânica. Não há dúvida de que a energia solar tem papel importante na busca pela melhor alternativa em energias renováveis. Afinal de contas, o aproveitamento da energia gerada pelo Sol é inesgotável, sem falar que ele é o responsável pela origem de praticamente todas as outras fontes de energia. De acordo com o Centro de Referência em Energia Solar e Eóli-ca Sérgio de Salvo Brito (Creseb) – criado em 1994, quando várias entidades e associações se uniram e detectaram a necessidade de um centro para divulgar e criar estratégicas para o desenvolvimento das energias solar e eóli-ca –, “é a partir da energia do Sol que se dá a evaporação, origem do ciclo das águas, que

possibilita o represamento e a consequente geração de eletricidade (hidroeletricidade). A radiação solar também induz a circulação at-mosférica em larga escala, causando os ventos. Petróleo, carvão e gás natural foram gerados a partir de resíduos de plantas e animais que, originalmente, obtiveram a energia necessária ao seu desenvolvimento, da radiação solar”.

Bastante utilizados em residências para o aquecimento de água, os painéis solares hoje são produzidos em grande escala. A Transsen, empresa líder do mercado brasileiro, elevou seus negócios em cerca de 200% nos últimos cinco anos. Só no ano passado, obteve crescimento de 30%, e sua meta para 2010 é crescer mais 20%, expandindo a marca para outros países.

Um aquecedor solar é constituído basica-mente por dois componentes principais: o co-letor solar (placas ou painéis) e o reservatório térmico. “O coletor solar é o elemento ativo de

Coletores solares térmicos aquecem a água e as casas em Samso, Dinamarca

Usina elétrica movida á luz do Sol em Sevilha, Espanha

Div

ulga

ção/

Solu

çar E

nerg

ia S

.A

Div

ulga

ção/

Sam

so E

nerg

y Ac

adem

y

CAPA

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

13

um sistema de aquecimento solar. É ele o res-ponsável pela captação da energia solar, por sua conversão em energia térmica e, por fim, pelo aquecimento da água”, esclarece o gerente técnico da Transsen, Leonardo Chamone.

Os coletores podem ser classificados como fechados ou abertos. Os coletores fechados são dotados de uma caixa de proteção e de cobertura (na maioria dos casos, de vidro). Normalmente, são utilizados em aplicações onde a água é aquecida até a faixa de tempe-ratura que fica entre os 35 °C e os �0 °C; como exemplo, podemos citar o aquecimento para banho residencial. Já os coletores abertos não possuem caixa protetora nem cobertura, sendo normalmente utilizados em aplicações onde a água é aquecida até a faixa de temperatura que fica entre os 2� °C e os 35 °C; no caso, o

aquecimento de piscinas. O reservatório térmico é o componente do

sistema de aquecimento solar responsável pela armazenagem da água aquecida pelo coletor. “Graças ao reservatório térmico, é possível con-sumir água quente a qualquer momento, inde-pendentemente do horário”, diz Leonardo.

RELAÇÃO CUSTO X BENEFÍCIOSegundo o gerente técnico da Transsen,

é o perfil de consumo das pessoas, além de algumas variáveis, que determina0 o custo do sistema de aquecimento solar. “Imóveis vizinhos podem ter soluções diferentes considerando-se o número de habitantes, o número de banhos diários, os pontos de consumo (duchas, banhei-ras, cozinha, etc.), futuras ampliações do imóvel, a localização do imóvel, entre outras coisas”.

O objetivo principal da utilização dessa tecnologia, além de contribuir para a susten-tabilidade, é a economia. O consumidor pode contabilizar uma dedução de até 50% em sua conta de energia elétrica. “Por último, a cor-reta instalação e a manutenção anual, que é simples, garantirão o máximo de rendimento do aquecedor solar. Isso prolonga, e muito, a vida útil do equipamento, que pode chegar a 20 anos”.

Quanto aos impactos sobre o meio am-biente, Leonardo explica por que a energia solar é viável: “Usamos a energia do Sol assim como ela é, disponível, sem precisar intervir na natureza. Reduzimos automaticamen-te o uso da energia elétrica proveniente de

hidrelétricas, que causam grandes impactos negativos no meio ambiente”.

ENERGIA FOTOVOLTAICAA energia solar fotovol-

taica é obtida pela conversão direta da luz em eletricidade, através de painéis de capta-ção. O processo acontece por meio de um gerador ligado a uma turbina que é acionada pelo vapor produzido no in-terior de uma placa coletora. Os painéis de captação são constituídos por materiais se-micondutores (combinação de silício, o mais emprega-do, com outros materiais; no caso do Brasil, o quartzo), que transformam a luz diretamen-te em eletricidade.

De acordo com o Estudo Prospectivo para Energia Fotovoltaica, realizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), o Brasil apresenta uma das melhores condições para o uso da ener-gia solar porque tem altas médias de radiação, em tor-no de 230 Wh/m², podendo chegar a 2�0 Wh/m2 na região Nordeste.

Catussaba Business Hotel em Salvador (BA): energia

solar nos banhos

Piscina quente o ano todo na Associação Padre Jose Schmidpeter, em Arequipe, Peru

Div

ulga

ção/

Tran

ssen

Div

ulga

ção/

Tran

ssen

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

14

A GRANDEZA DAS PEQUENAS HIDROELÉTRICASDe acordo com a Resolução nº 394 da

Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), são consideradas pequenas centrais hidrelé-tricas (PCHs) as usinas capazes de produzir entre 1 GW e 30 GW e que têm reservatórios cuja área total seja igual ou inferior a 3 km². As PCHs usam o fluxo natural das águas dos rios para gerar eletricidade. A água captada passa por grandes tubos e é levada até as pás que fazem girar turbinas, transformando energia em eletricidade.

Além de representarem menor desperdí-cio de energia em transmissão e economia em matéria de investimentos, elas produzem pequeno impacto ambiental, já que a área alagada e o tamanho da obra são de pequeno porte, interferindo muito pouco na fauna e flora local. Outra vantagem para este tipo de geração de energia é que os empreendedores contam com condições especiais de incentivo – descontos de mais de 50% sobre os encar-gos de uso dos sistemas de transmissão e distribuição, além do direito de comercializar energia para consumidores de carga igual ou superior a 500 kW. Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) oferece uma linha de crédito, que permite financiar até 80% do valor da construção de PCHs.

HISTÓRIAS DE SUCESSOA Fundação Energia e Saneamento, reati-

vou pequenas centrais hidrelétricas no final de 2008, todas elas localizadas no interior de São Paulo. As PCHs de Brotas, Santa Rita do Passa Quatro, Rio Claro e Salesópolis haviam sido desativadas entre as décadas de 1970 e 80. “A geração de energia nessas centrais alinha-se a um conjunto de esforços que entidades civis e o governo do Estado de São Paulo vêm empreendendo no sentido de ampliar alter-nativas de produção de energia limpa. Nosso objetivo é consolidar uma fórmula que concilie a autossustentação econômica e ambiental dessas unidades, como apoio estável a nossa missão de preservação, pesquisa e dissemi-nação de acesso ao patrimônio histórico do setor energético, em benefício das atuais e fu-turas gerações”, comenta Ricardo Toledo Silva, presidente do conselho curador da Fundação Energia e Saneamento.

Dados: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel); Associação Brasileira de Energias Renováveis e Meio Ambiente (Abeama); Centro de Referência para Energia Solar e Eólica (Cresesb); Eletro-brás Termonuclear S.A. (Eletronuclear); Samso Energy Academy.

A usina de Salesópolis vol-tou a produzir energia em mar-ço e tem capacidade para ge-rar 7,05 GWh/ano, o suficiente para atender cerca de três mil residências de padrão médio (com um consumo mensal de 200 kWh/mês). A de Rio Claro, Usina Corumbataí, está geran-do 1,7 MW; a de Brotas, Usina Jacaré, tem capacidade para gerar 13,05 GWh/ano; e a de Santa Rita do Passa Quatro, Usi-na de São Valentim, consegue produzir �,74 GWh/ano.

Usina Hidrelétrica Amador Aguiar II, em Minas Gerais, que gera 210 MW de energia

A Fundação Energia e Saneamento reativou a usina de Salesópolis, com capacidadepara gerar 7 GWh por ano

Div

ulga

ção/

Agên

cia

Vale

Div

ulga

ção/

Sal

omon

Cyt

ryno

wic

z

CAPA

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

15

VISÃO CIENTÍFICA

Ricardo Ernesto Rose

Clima, meio ambiente e evoluçãoO tema das mudanças climáticas ganhou

manchetes nos jornais, telejornais, artigos em revistas e é assunto de seminários e fóruns in-ternacionais. No entanto, pessoas com mais de quarenta anos não devem ter ouvido falar sobre isso em sua juventude. As referências às altera-ções do clima da Terra e a suas influências sobre o ambiente, a economia e a sociedade são assunto recente, mesmo para a ciência. Os estudos sobre o clima iniciaram-se na década de 1950, quando foram desenvolvidas novas tecnologias para exploração dos mares, do espaço e do mundo subatômico. Mais recentemente, ao longo dos últimos trinta anos, foi possível estudar a fundo o clima da Terra, inclusive o do período pré-histórico, e examinar o efeito das mudanças climáticas na evolução das espécies e das socie-dades humanas.

Os climatologistas descobriram que a tem-peratura dos oceanos e a força e direção das correntes marinhas são dois dos principais fatores causadores das mu-danças do clima da Terra, haja vista que a água é um bom transmissor de calor e cobre mais de 70% do planeta. El Niño e La Niña são fe-nômenos climáticos estudados desde os anos 1970 e exerceram profunda influência sobre o desenvolvimento das culturas pré-incaicas (do século II ao XV d.C.) da costa do Pacífico, no Peru. Outro fator que influencia as mudanças climáticas no longo prazo é a deriva das placas tectônicas, ou seja, o deslocamento das massas continentais, que causam erupções vulcânicas, terremotos e maremotos, como o tsunami que ocorreu na Ásia em dezembro de 2004. As forças geológicas envolvidas neste constante processo fazem surgir e desaparecer continentes e mares, ambientes e espécies.

Interagindo com estas mudanças geoclimá-ticas estão as espécies de vida, desde as bacté-rias até os homens. Todos estão sujeitos a um infindável processo de adaptação, atuando uns com os outros, sobrevivendo, mudando e desa-parecendo. Estimam os paleontólogos que as

cerca de oito milhões de espécies atualmente existentes representam somente 2% de todas as que viveram no planeta desde a sua formação, há aproximadamente 4,5 bilhões de anos. Isso significa que, ao longo da história, houve sobre a Terra o espantoso número de 450 milhões de espécies, entre as quais nós somos apenas uma. A própria família dos hominídeos – da qual nós, os Homo sapiens sapiens, somos os únicos repre-sentantes atualmente sobre o planeta – teve, em determinados períodos da pré-história, mais de uma espécie vivendo lado a lado.

Ainda com relação ao tema, um cientista inglês apresentou recentemente uma nova hi-pótese sobre o desenvolvimento da cultura hu-mana. Segundo ele, a domesticação de animais,

a criação da agricultura e da cerâmica e a formação das primeiras aglomera-ções humanas (origem das cidades e civilizações) foram impulsionadas por mudanças climáticas, no final do período geológico

do Pleistoceno, há cerca de 10 mil anos. A mudança da temperatura, da umidade do ar, da precipitação pluviométrica, entre outros, provocaram o desa-parecimento de espécies vegetais e, com isso, o deslocamento ou extinção de animais que serviam de caça aos humanos. Premidos pelas condições e utilizando sua inventividade, nossos antepassados desenvolveram a agricultura e outras tecnologias, a fim de sobreviver nas novas condições.

A vida e a evolução das espécies – inclusive do homem – sempre foram influenciadas por fenômenos geoclimáticos. Em certa época, há cerca de 10 mil anos, o homem passou a criar o seu próprio ambiente, vindo a influenciar o clima da Terra e a vida das outras espécies. No entanto, seja como for que ocorra a evolução humana, a palavra final será sempre da Terra.

As mudanças climáticas também tiveram gran-de influência na história humana. Importantes fatos históricos foram ocasionados ou precedidos por tempestades, secas, terremotos, maremotos e explosões vulcânicas. Mas isso é uma outra his-tória, tema para um outro artigo.

Div

ulga

ção

RICARDO ERNESTO ROSE é diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara Brasil-Alemanha; formado em jornalismo e filosofia, possui cursos de extensão em gestão ambiental e de especialização em energia, economia, marketing e finanças.

Seja como for que ocorra a evolução humana, a

palavra final será sempre da Terra

por mais tempo. Outro material muito reci-

clado é o vidro. Inicialmente os frascos de vidro são recolhidos e depois classificados em cate-gorias pela cor. O vidro é então triturado e enviado ao forno de fusão para passar ao estado lí-quido. Depois, os novos frascos são moldados mecanicamente. Entretanto, vidros de seguran-ça – como os temperados, os laminados e os de elevada resis-tência térmica e mecânica – são obtidos através da matéria-pri-ma natural (sílica) presente na areia. O vidro também pode ser reciclado indefinidamente, pois sua estrutura não se deteriora quando reprocessado.

O quarto material bastante reciclado é o papel. O detalhe é que, cada vez que o papel é reciclado, suas qualidades di-

Reciclagem é o processo de

transformar um produto no fim de sua vida útil,

utilizando-o, no todo ou em

partes, para fabricar

outro produto

NR AMBIENTAL

NR AMBIENTALRua José Debieux, 35, Conj. 42 – Santana – São Paulo (SP)

F. 11 2281 9751E- mail: [email protected]

RECICLAGEM

Por Raul Lóis Crnkovic

Nas últimas duas décadas a reciclagem cresceu em popularidade nos países desenvolvidos

Reciclagem industrial e sistemas vivos

RAUL LÓIS CRNKOVIC é engenheiro consultor, graduado em engenharia e administração, pós-graduado em MBA e mestrado no Brasil, com cursos de especialização nos EUA

Div

ulga

ção

desperdício de energia, de emissões gasosas e de descargas de líquidos. Aliado a isso, a re-ciclagem também é desejável porque agride menos o meio ambiente e ajuda a preservar os recursos naturais.

Em se tratando de reciclagem industrial, há seis importantes áreas que utilizam esse proces-so em larga escala: as do aço, alumínio, vidro, papel, plástico e madeira. Na área de metais ferrosos, a sucata de ferro-aço representa o ma-terial mais utilizado no processo de reciclagem, e o mais fácil de ser reprocessado, pois a maior parte da sucata de ferro e aço pode ser separada magneticamente. Essa sucata é então levada a um forno elétrico para ser transformada em aço líquido novamente.

Na indústria siderúrgica há dois processos para fabricação do aço: um que utiliza a maté-ria-prima obtida na natureza (hematita), que é transformada em ferro-gusa no alto forno e posteriormente em aço no forno conversor LD; e o outro é o do forno elétrico, já descrito acima. É importante ressaltar que toda classe de aço pode ser reciclada e dar origem a um novo aço de qualidade superior.

Em escala mundial, 42% do aço produzido é oriundo de material reciclado. No que se refere aos metais não-ferrosos, o alumínio é um dos materiais de maior rendimento no processo de reciclagem. A sucata de alumínio compactada é convertida em alumínio fundido num forno de fusão. Por esse ciclo o alumínio reciclado é indis-tinguível do alumínio virgem. Esse processo não produz nenhuma mudança no metal, tanto que o alumínio pode ser reciclado indefinidamente.

A reciclagem do alumínio economiza 95% dos custos da energia para se processar o alumí-nio obtido da bauxita.Isso é devido em grande parte à menor temperatura necessária para fundir a sucata de alumínio (600 oC). Para efeito de comparação, o processo de extração e refino da bauxita exige uma temperatura de 900 oC e VI

SÃO

AM

BIEN

TAL

• N

OVE

MBR

O/D

EZEM

BRO

• 2

009

16

Reciclagem é o processo de transformar um produto no fim de sua vida útil, utilizando-o, no todo ou em partes, para fabricar outro produto. Nas últimas duas décadas a reciclagem cresceu em popularidade nos países desenvolvidos. Isso foi atribuído em grande parte à consciência pú-blica das questões relativas ao meio-ambiente e ao interesse público na conservação dos recursos naturais. Reciclagem industrial é um processo que pode ser implantado para conservar materiais e consumir menos energia, se for economicamente menos custoso do que os tradicionais processos

de produção via matérias-pri-mas virgens. Assim sendo, se os produtos rejeitados forem coletados, transportados e re-processados a um custo inferior

aos da coleta, transpor-te e manufatura dos materiais virgens, a reciclagem passa a ser um processo economicamente viável e eficiente.

Entretanto, in-dependentemente da

viabilidade econômica, deve ser ressaltado que, se comparado com a produção via matérias-primas virgens, o ciclo

da reciclagem gera níveis menores de toxicidade, de

minuem, pois o processo de reciclagem faz com que as fibras do papel se dividam. Essa quebra estrutural gera uma perda de resistência e exi-ge que fibras novas (polpa) sejam adicionadas para melhorar a qualidade do papel reciclado. A maioria dos papéis são recicláveis, mas nem todos podem ser reciclados devido à inviabili-dade econômica.

O quinto material mais reciclado é o plástico. Comparado a materiais como vidro ou metais, o plástico oferece mais desafios por causa dos diferentes tipos existentes. Cada tipo carrega o código de identificação da resina e deve ser classificado antes de ser reciclado. Assim, para auxiliar na identificação dos vários tipos de artigos plásticos, foram criados sete códigos de identificação. Os de 1 a 6 foram atribuídos a seis tipos de resinas plásticas recicláveis; o número 7 indica qualquer outro tipo de plástico, reciclável ou não.

E, finalmente, a madeira, que se tornou po-pular devido a sua imagem como um produto a favor do meio ambiente, com os consumidores acreditando que, comprando uma madeira re-ciclada a demanda pela madeira verde cairá e beneficiará o meio ambiente.

Reciclagem é um tema extenso e que merece

Entropia é uma função

termodinâmica definida como

sendo a medida do grau de

dispersão da energia

n Consultoria para certificação ambiental (ISO 14000)n Análise e otimização de processos de produção, diminuindo custos operacionais diretos e indiretos, melhorando a qualidade de produtos e serviços e reduzindo o consumo de recursos naturaisn Contratação e intermediação de seguro ambientaln Licenciamento junto aos órgãos ambientais n Elaboração de Relatórios de Impacto Ambiental n Assessoria na elaboração de Termos de Compromisso Ambientaln Administração de passivo ambientaln Projeto e planejamento de usinas de reciclagem (projetos turn-key)n Venda de máquinas e equipamentos para reciclagem de pneus, plásticos, RCD, madeira e outros

NR AMBIENTAL

Importamos sacolas de supermercado biodegradáveis

e personalizamos com sua logomarca. Temos preços e condições extremamente competitivas em relação às

sacolas convencionais

NR AMBIENTALRua José Debieux, 35, Conj. 42 – Santana – São Paulo (SP)

Tels. (11) 2283-2264 e (21) 4063 7623E- mail: [email protected]

Consulte!

ser abordado em uma próxima edição. Mas, para encerrar, abordarei agora a reciclagem sob o ponto de vista científico.

Segundo a termodinâmica, os processos via reciclagem são menos nocivos ao planeta se comparados aos processos via fonte de recur-sos naturais. Explicando melhor, a entropia é a medida do potencial termodinâmico perdido ao se realizar um determinado trabalho. Entropia é uma função termodinâmica definida como sendo a medida do grau de dispersão da energia. O má-ximo de entropia é um estado em que a energia está completamente degradada e não pode mais fornecer trabalho, é o estado que corresponde ao do equilíbrio de um sistema.

Resumindo, a entropia nos remete para o desperdício dos recursos naturais, para a po-luição, crise energética e degradação do meio ambiente. Devido a esse fato, os sistemas vivos têm necessidade de um fluxo permanente de entropia negativa do universo e precisam ceder a ele uma quantidade de entropia positiva ainda maior. Os sistemas isolados, que não trocam matéria ou energia com os meios que os cercam, tendem para o caos, ou para um estado de total homogeneidade entre matéria e energia. Qual-quer sistema físico fechado que troca somente

energia, mas não matéria, como no caso do planeta Terra, segui-rá espontaneamente na direção da entropia máxima, ou seja, da desordem sempre crescente.

Assim, cabe a nós preser-varmos o meio ambiente e os recursos naturais para adiarmos ao máximo o fim dos sistemas vivos em nosso planeta.

MERCADO DE TRABALHO

As mudanças causadas pela interferência do homem no espaço desrespeitam qualquer limite de velocidade e, por vezes, ultrapassam a natureza. Talvez seja por essa razão que trabalhar com o meio ambiente, hoje, seja tão promissor. Zelar por um planeta melhor, reparar danos e amenizar impactos futuros são ações certamente trabalhosas, que abrem um leque de possibilidades no mercado de trabalho. Vantagem tanto para quem precisa de uma formação em curto prazo quanto para em-presas e indústrias que podem agregar diferentes conhecimentos às atividades que desempenham. O curso de técnico em meio ambiente alia várias habilidades a uma formação rápida, já que tem duração média de um ano e meio.

Diante de tantas profissões relacionadas à área ambiental, qual é, então, o diferencial do técnico em meio ambiente? Débora Brentano, coorde-nadora do curso no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), pontua que, durante a formação, o estudante tem contato direto com a parte prática das possibilidades de atuação, adquirindo noções de educação e monitoramento ambiental. “Pessoas com graduação e até mesmo mestrado, muitas vezes, procuram nosso curso porque buscam uma habilidade e querem saber fazer”, afirma.

Débora conta que a conversa com alunos já formados demonstra que a eficiência no processo de inserção no mercado de trabalho é resultado da visão holística que as disciplinas proporcionam nas oitocentas horas de curso. “Quando a gente fala em meio ambiente, nada é explicado de uma forma só, não é mesmo? Então, o técnico em meio ambiente é capacitado para perceber o meio em que vive de uma forma global, inte-ragindo com várias áreas do saber”, comenta. A grade curricular compreende a climatologia, o geoprocessamento, a física, a química, passa por noções de bacteriologia, saúde pública, po-luição do ar e das águas, e ainda inclui códigos e linguagens, estudos e relatórios de impacto ambiental e ecologia.

Com isso, o técnico em meio ambiente pode optar pela atividade com que tiver mais afinida-VI

SÃO

AM

BIEN

TAL

• N

OVE

MBR

O/D

EZEM

BRO

• 2

009

18

Técnico em meio ambiente

Monitoramento e educação ambiental

são pontos fortes na formação técnica de quem pretende atuar profissionalmente com o meio ambiente

Entender e preservar a natureza

SXC/Eduardo Schäfer

Por Arielli Secco

“No setor privado, o mais comum

é a inserção dos técnicos em

meio ambiente em empresas

de consultoria ambiental”

Débora Brentano, coordenadora do curso

técnico em meio ambiente do IFSC

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

19

de. A coordenadora do curso explica que quem se decide pela educação ambiental terá a base para se tornar um educador que conhece es-tratégias para atingir a população e despertar a consciência ambiental. “Quem trabalha com monitoramento, por sua vez, conhecerá as téc-nicas, as metodologias e as formas de analisar a água, o ar, o solo”, conclui.

Para auxiliar os alunos no momento da es-colha, o IFSC incentiva a elaboração de projetos integradores, que proporcionam aos futuros técnicos um contato mais próximo com as pos-

sibilidades de atuação. No caso de José Roberto de Faria, aluno do terceiro

módulo, um teatro de bonecos preparado para tratar da Mata Atlântica com crianças foi deter-

minante para que ele tivesse certeza de que seguirá trabalhando com educação ambiental. “Pretendo trabalhar com crianças, passando o que eu aprendi sobre a importância da preserva-ção do nosso meio, da água, das florestas e sobre a importância do tratamento do lixo”. Angelita Loss, também aluna do terceiro módulo, pensa em seguir o mesmo caminho. “Eu gosto muito da parte de educação ambiental porque ela nos dá outra visão, um entendimento sobre como as coisas funcionam”, conta.

MERCADO DE TRABALHODébora cita a falta de oportunidades de

trabalho em órgãos estatais para os técnicos

em meio ambiente. “São profissionais que vão complementar o quadro de secretarias do meio ambiente, por exemplo. É um mercado um pou-co mais restrito, mas percebemos que já existe uma aceitação”, diz. Ela observa que, neste ano, alguns concursos abriram vagas específicas para os profissionais, mas esse processo de inclusão tem sido lento.

No setor privado, o mais comum é a inserção dos técnicos em meio ambiente em empresas de consultoria ambiental. A coordenadora fala que é importante o engajamento dos alunos na busca por estágios para adquirir experiência e, se for o caso, ser efetivado pela empresa. “Geralmente, os alunos fazem um trabalho de auxílio nos rela-tórios de impacto ambiental e nos diagnósticos socioambientais. Outra área em que eles têm atuado bastante é a de análise da qualidade da água, em laboratórios”, conta.

Vale lembrar que qualquer empresa pode obter resultados vantajosos com ações voltadas ao meio ambiente, e um dos profissionais que pode contribuir muito para isso é o técnico em meio ambiente. “Independente da área em que a empresa atua, o técnico é aquele que tem um olhar diferenciado, percebendo de que maneira a empresa está causando uma intervenção no ambiente, seja ela positiva ou negativa”, relata Débora. A partir dessa avaliação, torna-se viá-vel a proposição de mudanças para redução de gastos referentes à energia, à utilização de papel e, inclusive, estudos mais aprofundados para a

Débora Brentano, coordenadora do curso técnico em meio ambiente do IFSC

Angelita Loss, Juliano Oliveira e José Roberto de Faria, alunos do terceiro módulo do curso técnico em meio ambiente

Foto

s: Ar

ielli

Sec

co

” Existem várias ONGs

que divulgam a educação

ambiental, o cuidado de que o planeta precisa. O curso técnico em

meio ambiente também é uma

arma pra isso. A situação que

vivemos hoje é de alerta”

Juliano Oliveira, 29 anos, aluno

do curso técnico em meio ambiente

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

20

revisão da forma como os recursos naturais são explorados e de que maneira o empreendimento devolve resíduos ao meio ambiente, sejam eles líquidos, sólidos ou gasosos. São medidas que se enquadram em qualquer perfil, ou seja, valem para um escritório, uma empresa ou uma indús-tria. “À proporção em que os alunos começam a ingressar no mercado de trabalho e desempe-nham um bom papel, as empresas começam a focalizar o técnico em meio ambiente quando disponibilizam vagas nessa área. É um profissional que tem um custo menor do que um graduado, mas que exerce uma função que, muitas vezes, supre as necessidades da empresa”, considera.

PROJETOS SOCIOAMBIENTAISUma oportunidade interessante para quem se

interessa em cuidar da natureza profissionalmen-te está ligada ao terceiro setor. “Percebemos que muitas iniciativas dos alunos se transformaram em ONGs (organizações não governamentais) ou OSCIPs (organizações da sociedade civil de interesse público). Na área ambiental há muitas linhas de financiamento e existe um apelo muito forte para que projetos dêem certo”, lembra a coordenadora.

Para reforçar esse raciocínio, basta interpretar alguns dados de uma pesquisa realizada pelo Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Em 2005, o total de ONGs ambientalistas em funcionamento no Brasil passava de 2,5 mil. “Existem várias ONGs que divulgam a educação ambiental, o cuidado de que o planeta precisa. O curso técnico em meio ambiente também é uma arma pra isso. A situação que vivemos hoje é de alerta”, declara Juliano Oliveira. Aluno do terceiro módulo do curso, Juliano é bolsista do projeto Verde Novo, que visa à arborização de uma das unidades do IFSC. O projeto foi uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC) para comemorar o centenário do instituto.

As cooperativas com propostas ambientais são mais uma alternativa. Débora cita o exem-plo da Mãos na Mata, de Florianópolis, que tem obtido sucesso. “Ela produz mudas nati-vas, que dificilmen-te são encontradas em floriculturas. É ideal para quem busca fazer um paisagismo ecológico, ambien-

talmente correto”, explica. Além dos serviços de consultoria ambiental, a Mãos na Mata está in-gressando no mercado de carbono, considerado um dos filões atuais pelos profissionais da área. A cooperativa, em parceria com a Iniciativa Verde, de São Paulo, oferece a empresas e indústrias interessadas um programa de compensação de emissões de gases que causam o efeito estufa, o Carbon Free.

REGISTRO PROFISSIONALO técnico em meio ambiente não possui re-

gulamentação específica. Os cursos têm registro no Ministério da Educação e o tipo de cadastro dos profissionais junto aos conselhos regionais varia em cada estado e depende do enfoque do curso. No caso do IFSC, Débora conta que, uma vez formados, os alunos obtêm credenciamen-to no Conselho Regional de Química (CRQ). Os profissionais têm uma atribuição técnica pelo CRQ que possibilita a execução de análises la-boratoriais. “O MEC exige uma formação básica, mas, dependendo das especificidades da região, a formação pode se aprofundar em determinadas atividades. Aqui em Florianópolis a questão dos recursos hídricos é muito forte. Por conta disso, os alunos têm essa habilitação do CRQ”, explica.

No entanto, está em tramitação na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei no (número) 1.105/07, que visa regulamentar a profissão. O acompanhamento pode ser feito através do site www.camara.gov.br.

CURSOSSÃO PAULO

• Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza

Tel.: 11 3327 3000;

• SENAC (São Paulo) - Tel.: 0800 883 2000;

• Unitau (Universidade de Taubaté) - Tel.: 12 3633 2999

MINAS GERAIS

• Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais

(Campus Barbacena) - Tel.: 32 3693 8639;

PARANÁ

• Senai (Curitiba) - Tel.: 41 3271 9000.

SXC/Deniz Ongar

“Independente da área em que a

empresa atua, o técnico é aquele

que tem um olhar diferenciado,

percebendo de que maneira a empresa está

causando uma intervenção no ambiente, seja ela positiva ou

negativa” Débora Brentano,

coordenadora do curso técnico em meio

ambiente do IFSC

MERCADO DE TRABALHO

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

21

Carlos Silva Filho

O setor de gestão de resíduos sólidos pode contribuir

decisivamente para que as metas de redução sejam alcançadas

Div

ulga

ção

VISÃO POLÍTICA

Reciclagem Energética

A meta para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa proposta pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) pode ser mais facilmente al-cançada com a reciclagem energética.

Carlos Minc, o titular da pasta, apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 13 de outubro uma proposta para reduzir em 40% as emissões de gás carbônico no Brasil até 2020. A proposta equivale à meta brasileira contra o a q u e c i m e nto global, e igua-la os níveis de emissões aos ín-dices de 1990.

De acordo c o m S u z a n a Kahn Ribeiro, secretária de mudanças climáticas do MMA, para que metade dessa meta (20%) seja atin-gida, é preciso reduzir em pelo menos 80% o desmatamento da Amazônia. A outra metade seria atingida com o controle do desmatamento do cerrado e da caatinga, por exemplo, e com a renovação da matriz energética nacional.

O setor de gestão de resíduos sólidos pode contribuir decisivamente para que essas metas de redução sejam alcançadas. Isso já está aconte-cendo com o aproveitamento do biogás gerado nos aterros sanitários, mas pode ser considera-velmente incrementado com a implantação e a adoção de usinas de recuperação energética de resíduos no país.

Muitas dessas usinas adotam metodologia de redução de emissões aprovada pela ONU e geram energia renovável (térmica ou elétrica) a partir do processamento de resíduos sólidos, por meio de processos 100% limpos e que não agridem o meio ambiente, sendo a solução para a destinação de resíduos em vários países.

O Brasil ainda não utiliza essas tecnologias para tratamento de resíduos, mas já conta com diversos

CARLOS SILVA FILHO é advogado, pós-

graduado em Direito Administrativo e Econômico pela

Universidade Mackenzie

estudos em andamento que, no momento, ainda esbarram em alguns gargalos como o custo do investimento e o valor da tarifa a ser cobrada.

As novas políticas para o aproveitamen-to energético de resíduos (Waste-to-Energy) podem ajudar a reduzir a emissão dos gases causadores do efeito estufa, já que incentivam uma fonte de energia limpa e renovável que será integrada à matriz energética do país.

S e g u n d o e s t u d o s d e i n s t i t u i ç õ e s europeias, atu-almente cerca de 56 milhões de toneladas de resíduos são

tratados a cada ano por meio de sistemas de recuperação energética na Europa. Isso evita a emissão de 23 milhões de to-neladas de CO2, que equivale à emissão de 11 milhões de carros.

Vale destacar que o uso generalizado dessa tecno-logia de recuperação da energia dos resíduos (WtE, como é conhecida internacio-nalmente) pode se tornar um fator amplamente favorável para o plano de redução de emissões de CO2 pro-posto pelo Ministério do Meio Ambiente e fazer frente à crescente deman-da por energia, com a vantagem de não utilizar combustíveis fósseis.

Tratando corretamente os resíduos, usinas contribuem para reduzir a emissão de CO2

Filial da multinacional alemã especialista em gelatinas, a Gelita do Brasil tem seu pró-prio plano de manejo dos efluentes gerados na fabricação de produtos alimentícios. Esses efluentes, depois de tratados, são aplicados em áreas agrícolas aptas a recebê-los.

Todos os preceitos técnicos e ambientais são considerados antes da aplicação dos efluentes no solo, fazendo uso sustentável de seu poten-cial nutricional. Essa prática atende à Resolução 375/06 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que define critérios e procedimentos para o uso agrícola de lodos e derivados gerados em estações de tratamento, visando benefícios à agricultura e evitando riscos à saúde pública e ao meio ambiente.

INSTALAÇÃO DA UNIDADE DE TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS

O lodo destinado à aplicação em área agrí-cola é oriundo de uma estação de tratamento de efluentes industriais, que consiste basica-mente de um Huber, um tanque de equalização, um flotador, um biojector, um tanque anóxi-co, uma lagoa de aeração e um decantador secundário.

A Gelita do Brasil implantou um sistema de tratamento concebido para o processo de degradação biológica de duas fases, uma ana-eróbia e um refinamento aeróbico. Operando sem pausas, a estação gera, todos os dias, 450 m3 de lodo para ser aplicado em área agrícola, o que equivale a uma vazão de 18,75 m3 por hora. Entretanto, ela foi projetada para uma vazão de até 3.000 m3/dia.

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

22

Aplicação prática de estudos científicos viabiliza a agricultura sustentável

Projeto de aplicação de lodo biológico em área agrícola

Por Elton Lage Fonseca

Manejo consciente e aplicação correta

de efluentes tratados no solo, potencializam a

produção agrícola

PESQUISA

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

23

CARACTERIZAÇÃO DO LODOSegundo os critérios estabelecidos no ar-

tigo 7º da Resolução Conama 375/06, o lodo foi caracterizado como sendo de classe B, e a metodologia para sua aplicação levou em con-ta essa classificação. O lodo, portanto, atende aos padrões da resolução, de modo que não há qualquer empecilho para sua disposição em área agrícola. A aplicação se dá de maneira mecanizada, superficial, e o lodo é incorporado pela terra, impedindo a proliferação e a ativi-dade de vetores.

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE APLICAÇÃOAntes de iniciar o projeto, a Gelita realizou

uma análise do solo levando em consideração as determinações do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Para isso, de um total de 24 amostras, oito foram separadas.

Os testes do solo serviram para identificar as propriedades nutricionais encontradas no local antes da disposição do lodo. Níveis de sódio, fer-tilidade e condutividade elétrica foram algumas das características analisadas.

A escolha do local de aplicação do lodo é norteada pelo preceito do máximo aproveita-mento da área sem qualquer risco aos mananciais adjacentes, observando as recomendações e restrições constantes do artigo 15 e do anexo VIII da Resolução Conama 375/06.

Isso quer dizer que o lodo não pode ser usado em áreas de proteção permanente (APP) e em áreas de preservação ambiental (APA) – como, por exemplo, aquelas em que a profundidade do lençol freático seja inferior a 1,5 m. Outra restrição que deve ser observada é a que proíbe o lodo de ser aplicado sobre terras a menos de trinta metros de distância de nascentes e olhos d’água.

CULTURAS BENEFICIADASSão os artigos 12, 13 e 14 da Resolução Co-

nama 375/06 que estabelecem quais as culturas que podem ser implantadas nas áreas de aplica-ção do efluente. No caso da Gelita, a cultura da cana-de-açúcar foi considerada apta para receber a aplicação do lodo produzido na estação de tratamento da empresa.

MONITORAMENTOA qualidade do lodo é monitorada semes-

tralmente, de acordo com os parâmetros do artigo 11 da Resolução Conama 375/06. Além

do lodo, a qualidade do solo também deve ser monitorada, uma vez por ano, para analisar as seguintes características: quantidade de alumínio, cálcio, magnésio, sulfato, hidrogênio dissociável, potássio, matéria orgânica, capacidade de troca iônica, pH e saturação de bases.

Para isso, são colhidas amostras de duas camadas do solo: uma a até 20 cm da superfície e outra na camada entre os 20cm e os 40 cm de profundidade.

Os índices de fertilidade de cada uma das glebas também devem ser observados antes da aplicação do lodo na terra. Com isso pode-se ava-liar a eficácia da aplicação anterior, em função da absorção dos nutrientes disponíveis no lodo pela planta. O objetivo, com esse monitoramento, é avaliar se houve acúmulo de quaisquer nutrientes por um desbalanço entre o que a planta necessita e o que efetivamente foi disponibilizado.

CONCLUSÃOA aplicação do lodo tratado pela Gelita é uma

boa solução de irrigação, rica em nitrogênio. Ela beneficia o produtor agrícola, pois reduz seu custo com água e com nitrogênio, e também beneficia a empresa, que reduz o custo de des-tinação de lodo. Trata-se de uma prática susten-tável, já que tanto o produtor agrícola quanto a empresa economizam recursos ajudando um ao outro continuamente.

Div

ulga

ção

ELTON LAGE FONSECA auditor e consultor de sistemas integrados de gestão

RESULTADOS Os gráficos abaixo indicam os resultados obtidos com a aplicação

do lodo em uma cultura de cana-de-açúcar:

Diâmetro do colmo (mm)

Altura da planta (m)

4540353025201510

50

15/06/2007

15/07/2007

15/08/2007

15/09/2007

15/10/2007

15/11/2007

Área 1 - aplicado

Área 2 - não aplicado

43,5

32,5

21,5

10,5

0

15/06/2007

15/07/2007

15/08/2007

15/09/2007

15/10/2007

15/11/2007

15/12/2007

15/01/2008

Área 1 - aplicado

Área 2 - não aplicado

ECO ESTILO

Contemplar a natureza em todas as suas variações e se aventurar sobre duas rodas: hábitos saudáveis para o corpo e para a mente

Bike, pra que te quero...

Em feriados ou períodos de férias, pelo menos um assunto é certo nos noticiários: o trânsito. Di-cas de melhores horários para sair de casa, rotas alternativas e estatísticas de congestionamentos são comuns para orientar os motoristas. Que tal, então, fugir dessa complicação e experimentar uma viagem sobre duas rodas? É essa a proposta do cicloturismo, um esporte que envolve aventura, exercício físico e descobertas.

Nessa modalidade, o objetivo não é competir, e sim ter uma oportunidade de lazer e superação. “Não resta qualquer dúvida de que o cicloturismo é o que causa menos impacto negativo no meio ambiente. É silencioso, amigável, gera pouquís-simos resíduos, caminhos com pouca destruição em comparação às necessidades de um veículo e proporciona uma observação crítica com relação à natureza”, diz José Olir Mocelin. Aos ciquenta e três anos, ele aderiu a um estilo de vida diferente depois da aposentadoria. E ousou: o primeiro pro-jeto foi uma volta pelo estado de Santa Catarina, totalizando 2,4 mil quilômetros em um mês. Em uma página que mantém na internet, Olir conta que realizou treinos em Florianópolis, onde reside, para

criar resistência e se preparar fisicamente. Percorreu vários lugares da ilha e aumentou os desafios gra-dativamente, até se sentir apto a abraçar o primeiro desafio cicloturístico. Começou e não parou mais: hoje, com sessenta anos, ele continua pedalando. “É uma atividade ideal para gerar autoconfiança, determinação, liderança e nova visão sobre nossas atitudes e valores. Todos deveriam experimentar um dia”, recomenda.

Olir é um dos cicloturistas que tem o nome e as aventuras divulgados no site do Clube de Ciclotu-rismo do Brasil. Fundado em 2001, o Clube tem o objetivo de criar um intercâmbio entre as pessoas que praticam o esporte, além de disponibilizar o máximo de informações a quem está querendo se iniciar. Eliana Britto Garcia, bióloga e educado-ra ambiental, integra a direção da organização e começou a viajar em 1988. Ela diz que, à época, a prática não era muito comum e sua primeira aventura foi pela rodovia Rio-Santos. “Com essa primeira viagem, descobri que o cicloturismo é muito mais do que somente apreciar as paisagens. Quebra-se uma barreira entre você e as pessoas, entre você e o ambiente. Você percebe que precisa de pouco para se locomover, para viver e para ser feliz”, conta. VI

SÃO

AM

BIEN

TAL

• N

OVE

MBR

O/D

EZEM

BRO

• 2

009

24

“Você começa a praticar o

cicloturismo de forma

despretensiosa e, quando percebe,

já está planejando sua volta ao

mundo. Quase não existem ex-

cicloturistas. Quem começa, não para

nunca mais!”

Eliana Britto Garcia, diretora do Clube de

Cicloturismo do Brasil

Por Arielli Secco

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

25

Qualquer pessoa pode se tornar um cicloturista, independentemente da idade ou profissão. Mas uma coisa é certa: é preciso muito preparo físico para encarar percursos longos. A diretora do clube pontua que cada um segue no ritmo que preferir e faz o roteiro que achar melhor, sempre com um bom planejamento. “Temos contato com uma gran-de diversidade de pessoas, todas com uma paixão em comum pela natureza e pela bicicleta”, conta.

O meio de transporte é saudável e ecologi-camente correto, além de proporcionar ganhos a quem se dispõe a pedalar. Eliana constata que o cicloturismo sensibiliza as pessoas envolvidas para a importância das questões ambientais de uma forma geral. “Trabalhei por muitos anos como educadora ambiental e posso afirmar que é uma ótima ferramenta para conscientizar as pessoas. A começar pela utilização de menos combustíveis fósseis, passando pela questão do lixo, valorização de culturas locais e necessidade de preservação de áreas naturais”.

Ser cicluturista, no entanto, exige responsabi-lidade e atenção. É necessário estar devidamente equipado, com uma bicicleta segura, ter noções de segurança no trânsito e ter cuidados com a saúde. O lema é “ir até onde suas pernas aguentarem ou o seu dinheiro der”, comenta Eliana. “Você começa a praticar o cicloturismo de forma despretensiosa e, quando percebe, já está planejando sua volta ao mundo. Quase não existem ex-cicloturistas. Quem começa, não para nunca mais”, diz.

QUEM ENSINA TAMBÉM APRENDE

“Como as pessoas têm um estilo de vida se-dentário ou muito rotineiro, quando se foge do eixo você é considerado excêntrico. Mas, para mim, o normal seria que todo mundo tivesse uma vida paralela ao trabalho”. É a opinião de Ronaldo Lima, 48, professor universitário de francês e literatura francesa. Para ele, a apreciação das paisagens na-turais resultou em muitas aventuras, lembranças e lições de vida. É o que Ronaldo chama de equilíbrio entre a dedicação ao trabalho e o prazer. “É algo muito interno, que volta para o indivíduo, para a pessoa em si”, descreve.

Desde criança, Ronaldo sempre se inte-ressou por tudo que podia ser movido pelo esforço humano. Com sua bicicleta, pedalava por vários lugares e já fazia grandes passeios. As pedaladas da infância se tornaram sérias com o passar do tempo. Começou a fazer viagens curtas, percursos com cerca de cem quilômetros. “Durante um período, também me dediquei ao que chamo de descidas, nas quais se sobe a uma grande altitude para ter o

Serra do Corvo BrancoFo

tos:

Div

ulga

ção

Base do Morro da Igreja

Bicicleta cai no rio, molhando roupas e equipamentos: apesar do acidente, a viagem continua

Pinhão era um filhote abandonado quando

Ronaldo Lima o encontrou; viajou 120 km para crescer

na casa do professor

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

26

prazer de descer. Algumas vezes, passava dois dias fazendo isso”, relata.

Há nove anos, começou a organizar grandes viagens, percorrendo até mil quilômetros. O trajeto é feito em cerca de dez dias e exige muito plane-jamento. Até hoje, foram quatro aventuras. E haja preparo para encarar a Serra Catarinense! “Na última, por exemplo, nós saímos de Urussanga, subimos o Rio do Rastro, fomos até Urubici, subimos o Morro da Igreja. Então, se somarmos tudo, chegamos a um total que fica entre 12 e 15 mil metros de subida”, contabiliza Ronaldo.

Foi um dos percursos mais difíceis para ele. Na companhia de Marsisa Maria Sabino, 48, sua faxineira há quatro anos, a aventura contabilizou 330 quilômetros. Isa – como é chamada – aceitou o desafio mesmo sem nunca ter viajado dessa forma. O trajeto começou às 11horas de um domingo e, em uma semana, os dois cicloturistas passaram pela Serra do Rio do Rastro, por Urubici, pelo Morro da Igreja e pelo Morro do Corvo Branco, até retornarem ao ponto de partida, às 18 horas do sábado. “Com a viagem, eu aprendi que não temos limite. Foi uma experiência única! É um contato muito próximo com a natureza e com coisas que você não percebe quando está de carro”, disse ela. Entusiasmada, Isa comentou que correram risco quando tiveram que atravessar um pasto cheio de gado e falou também dos banhos de rio durante o caminho. “Parávamos um pouco e mergulhávamos na água de roupa e tudo; quando voltávamos a pedalar, em meia hora já estávamos secos. Era muito bom!”

Os percursos geralmente são feitos em três ou quatro pessoas. Um dos companheiros é Maurício Brito de Carvalho, professor da Universidade do Rio de Janeiro. Maurício tem 60 anos e, de acordo com Ronaldo, um ritmo invejável, difícil de acompanhar. “Ele vem pedalar em Florianópolis duas ou três ve-zes por ano; nessas ocasiões, sempre organizamos alguns tours”, afirma.

Ronaldo considera o contato com o meio am-biente como uma terapia alternativa. A contempla-ção e o contato com a natureza, para ele, podem ser um tratamento para os problemas e o estresse cotidiano. “É difícil escolher qual é o lugar mais bonito, porque é como a praia, que a cada dia está diferente. Cada lugar tem suas particularidades”, diz. Praticar esse tipo de atividade proporciona maior riqueza de conhecimentos. Viajar sobre duas rodas durante dias permite perceber cada detalhe no ca-minho. “Você tem um contato direto e prolongado

Sites interessantes:www.clubedecicloturismo.com.brwww.olir.sites.uol.com.brwww.ondepedalar.comwww.campinasbikeclube.org.

com a natureza. Você conhece árvores, rios, pedras, vê mosquitos, moscas, floresta fechada, campos, animais que não veria de carro”, ressalta.

O aventureiro também se preocupa em ajudar. Durante os trajetos, é comum encontrar animais feridos, abandonados, em situação de risco. É o caso do cachorro Pinhão. Ronaldo o encontrou ainda filhote, em uma viagem para Bom Jardim da Serra. “Eu peguei uma meia, uma agulha, uma faixa e um cinto e fiz uma espécie de bolsa para colocá-lo dentro. Ele viajou mais ou menos 120 quilômetros. Hoje está lá em casa, adulto e superfeliz”, conta, com um sorriso de satisfação. Além dos animais, ele procura ajudar pessoas de comunidades isola-das e carentes, voltando de carro a esses lugares para levar alimentos, roupas e brinquedos. “Tem o lado do contato com a natureza, mas tem também essa parte de você querer fazer alguma coisa pelas pessoas”, afirma.

Para Ronaldo, as viagens não terminam nunca. Elas se prolongam por meses e anos através das sensações que ele guarda em si. E recomenda: é algo que deve ser vivido, experimentado. “Você se torna um motorista que respeita o ciclista, você se torna uma pessoa que acolhe outra... Você muda completamente”, conclui.

“Com a viagem, eu

aprendi que não temos limite. Foi uma experiência

única! É um contato muito

próximo com a natureza e com coisas que você

não percebe quando está de

carro”

Marsisa Maria Sabino, cicloturista de

primeira viagem

Ronaldo, Pinhão (dentro da meia) e Maurício descem a

Serra do Rio do Rastro. Ao lado: Ana e Isa a

caminho da Serra do Corvo Branco

ECO ESTILO

OPINIÃO

Tecla SAP de Copenhague

Cento e noventa e dois países discutem a questão climática e os reflexos sobre a ali-mentação e o fornecimento de água e ener-gia em um mundo cada vez mais habitado e com recursos naturais se exaurindo.

Nessa floresta de diversidades eco-nômicas, culturais e sociais, é evidente que as opiniões divergem, esbarrando em pontualidades econômicas e especi-ficidades geográficas regionais.

De fato concreto, há conclusões sobre necessidades de adaptação à nova con-dição climática e eficiência no sistema de monitoramento e diminuição de emissões de gases que aumentam o efeito estufa – com o consequente aquecimento do planeta. Isso significa que, para ambas as conclusões, haverá imprescindivelmente alocação de intensivos recursos financei-ros nas mais diversas áreas: de infraestru-tura, saúde, alimentação, energia, etc.

Dessa forma, o desenvolvimento de pesquisas em tecnologia e a inevitável transferência para os países emergentes fazem parte da mais ampla discussão e entrave para definição dos acordos.

O Brasil aponta com sugestão para

criação de algum tipo de fundo internacio-nal com recursos predominantemente de países desenvolvidos para financiamento em projetos de adaptação e mitigação. Além dessa construção de um fundo, há expectativa para criação de modelos de licenciamento compulsório de patentes em caso de urgências decorrentes de al-terações climáticas.

Tratam-se de questões muito delicadas para os países ricos, uma vez que, após a gra-ve crise financeira mundial, propostas para aumento de desembolso financeiro causam ojeriza naqueles que terão o poder/dever de aprovar tal proposta.

Mesmo assim, toda a questão climá-tica e seus impactos no meio ambiente requerem novas propostas de desenvol-vimento sustentável, e esse novo modelo exige medidas eficientes de disponibiliza-ção de investimentos públicos e privados, aptos a evitarem as catástrofes inevitáveis na ausência dessas medidas.

Meio ambiente é desenvolvimento, e esse desenvolvimento exigirá dinheiro. Uma das questões em Copenhague é: quem pagará a conta? GEA Sistemas de Resfriamento Ltda.

Al. Venus, 573, Distr. Industrial American ParkIndaiatuba - SP - CEP: 13347-659Fone: (19) 3936.1522Fax: (19) 3936.1171E-mail: [email protected]

Sistemas de Resfriamento

TORRES DE RESFRIAMENTO DE ÁGUA• Resfriamento de água, água contaminada ou efluentes• Circuito aberto em PPRFV ou concreto• Circuito fechado em PRFV ou chapa galvanizada com serpentinas em aço inox ou aço galvanizado

TUBE dek®• Placas lamelares• Projetos aplicáveis:- Processo físico-químico Floculação-Decantação- Água de lavagem de filtros- Sedimentação primária- Lodo ativado- Polimento final

Linha BIO dek®• Enchimentos estruturados• Projetos aplicáveis:- Filtros biológicos percolares- Filtros submersos (aerados e anaeróbios)- Filtros anóxicos- Lavadores de gases

Linha BCN®• Mídias randômicas• Projetos aplicáveis:- Reatores de leito fluidizado- Reatores anóxicos- Reatores de alta carga

ANTONIO CARLOS PORTO ARAUJO é consultor de energia renovável e sustentabilidade da Trevisan

O clima e as propostas para frear o aquecimento global serão o centro das atenções mundiais na conferência de Copenhague, que acontece entre os dias 07 e 18 de dezembro. Representantes de 193 nações tentarão chegar a um consenso para a proteção do planeta com resoluções, acordos e compromissos multilaterais.Impasses, como a postura pouco clara de alguns países sobre o que pretendem fazer de concreto, discussões sobre financiamentos, responsabilidade proporcional e transferência de tecnologia, podem comprometer os bons resultados.O acordo firmado substituirá o Protocolo de Kioto, cuja vigência vai até 2012, e nós, da revista Visão Ambiental, esperamos que ele traga boas notícias para o planeta. Na próxima edição, matéria com a cobertura completa da COP15.

Antonio Carlos Porto Araujo

RESÍDUOS DOMÉSTICOS

Pense em algumas situações do cotidiano. Às 7 horas o despertador do celular não toca. O aparelho parou de funcionar e atingiu o limite do seu tempo de vida útil. No mesmo dia, na hora do almoço, bate aquela vontade de fritar e comer batatas fritas. São alguns litros de óleo que não serão utilizados mais de uma vez e terão que ser descartados. Você sai para trabalhar e, na volta, sente um pouco de dor de cabeça. Ao procurar um remédio em casa, nota que algumas cartelas de medicamentos estão vencidas e precisa se livrar delas de alguma forma. Assistir à televisão parece uma boa pedida para terminar o dia e descansar um pouco, mas a carga das pilhas do controle remoto terminou e elas devem ser tro-cadas. Você junta as pilhas, baterias, remédios e também a lâmpada fluorescente da sala, que havia sido trocada, e joga tudo na lixeira da co-zinha. Cumprindo a rotina, você leva os sacos de

lixo até a rua antes de dormir. Saldo do dia: um aparelho celular, uma bateria, remédios e pilhas terão aterros como destino; o óleo, jogado no ralo da pia, vai percorrer encanamentos até ser lançado em mares e rios.

São acontecimentos diferentes que envolvem um questionamento em comum: como proceder de maneira correta no descarte de materiais como os citados acima? Óleo de cozinha, pilhas, baterias, equipamentos eletrônicos, lâmpadas fluorescentes e medicamentos são exemplos de lixo tóxico que precisam de tratamento especial. Componentes desses produtos podem ser extremamente peri-gosos para a saúde dos seres humanos e para a estabilidade do meio ambiente.

Dar destinação certa aos resíduos é imprescindível para a prevenção de problemas e para a preservação da natureza. A Visão Ambiental traz aqui um resumo ensinando o que fazer com esses materiais.

ÓLEO DE COZINHA

A reutilização ou o descarte inadequado do óleo de cozinha podem ser prejudiciais à saúde e à natureza. A absorção de ar durante o proces-

Alguns cuidados no descarte de resíduos tóxicos devem ser tomados. A natureza agradece!

Não jogue no lixo

Por Arielli Secco so de aquecimento propicia a formação de ácidos graxos satu-rados. O consumo de alimentos preparados em óleo reutilizado favorece a formação de compos-tos indesejáveis e de gordura trans, que dificultam a digestão. A consequência disso é o desen-cadeamento de problemas car-diovasculares e arteriais.

Apesar do fato de que todas as gorduras possuem ácidos gra-xos saturados e insaturados, su-cessivos aquecimentos vão as aproximando do estado sólido. Quando despejadas em pias e tanques, elas se acumulam e causam problemas de encana-mento. Além disso, quando lan-çadas em águas de rios e mares, formam uma camada na superfí-cie, uma espécie de película que impede a troca gasosa e reduz a quantidade de oxigênio neces-

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

28

sária para a manutenção dos ecossistemas. E tem mais: a gordura impermeabiliza raízes de plantas e pulmões de animais aquáticos, dificultando sua respiração. Os solos também se tornam imperme-áveis com a deposição constante de óleo, o que ocasiona enchentes.

Por que, então, despejar de forma inadequada um líquido que tem tantas finalidades? Aquele óleo de cozinha que ficou na panela depois de render uma bela porção de petiscos fritos pode ser matéria-prima na fabricação de produtos de limpeza, biodiesel, cosméticos, tintas e massa de vidro, por exemplo. Para isso, o óleo deve ser armazenado em garrafas PET através de um funil com gaze ou qualquer material que sirva como filtro e retenha as partículas sólidas. As garrafas devem ser entregues em pontos de coleta comu-mente localizados em órgãos públicos e super-mercados, bem como em cooperativas voltadas a essa finalidade.

PILHAS E BATERIAS

Pilhas e baterias fazem muitos aparelhos funcionarem no dia a dia. Porém, essas fontes de energia também são causadoras de danos irreversíveis ao meio ambiente. De acordo com informações publicadas no site da Universidade Estadual Paulista (Unesp), elas podem apresen-tar em sua composição metais pesados como chumbo, zinco, níquel, cádmio e mercúrio. É por isso que, quando o assunto é lixo tóxico, esses materiais são os primeiros a ser lembrados. Parte da pilha se decompõe, por mais que isso leve

séculos. O mesmo não acontece com os metais. Quando pilhas e baterias são jogadas no lixo do-méstico, elas vão para aterros comuns. O solo absorve todos aqueles elementos extremamente perigosos citados acima. A contaminação dessas áreas se estende aos lençóis freáticos, rios e bacias hidrográficas. O acúmulo dessas substâncias nos seres vivos pode causar perda de memória, pro-blemas cardíacos, osteoporose, câncer, cirrose e insuficiência renal.

Em 1999, o Conselho Nacional do Meio Am-biente (Conama) estabeleceu a Resolução nº 257, que determina o recebimento de pilhas e baterias por parte dos estabelecimentos que os comercializam ou das redes de assistência técnica autorizadas pelas respectivas indústrias. Entregá-las aos fabricantes ou importadores permite que, diretamente ou por meio de terceiros, o processo de reutilização, reciclagem ou tratamento seja feito adequadamente. Em 2008, outra resolução, a 401, passou a vigorar. Desta vez, estabelecendo limites para a quantidade de metais pesados utilizados na composição de pilhas e baterias.

Uma boa dica é substituir pilhas comuns por pilhas recarregáveis, que têm vida útil maior. Para descartar esses resíduos, uma alternativa é o programa Papa-pilhas, do Banco Real. No site do banco, o link Ecoeficiência leva a uma página em que é possível pesquisar o ponto de coleta mais próximo de você, em qualquer estado do país. Porém, fique atento: a Resolução nº 257 do Conama estabelece que pilhas e baterias pesando mais de 500 gramas ou maiores que 5x8 cm, além

Imagens SXC

das baterias de chumbo ácido de qualquer tamanho (usadas em automóveis, alarmes, celulares rurais e motocicletas), devem ser encaminhadas ao local de compra ou aos fabricantes.

APARELHOS ELETRÔNICOS

Será possível viver sem computador, televisão, geladei-ra, telefone, celular, máquina fotográfica e tantos outros apa-relhos que permeiam o nosso cotidiano? Seja no trabalho ou em casa, todo mundo possui ao menos um dos objetos citados. Quando quebrados, sem fun-cionalidade ou ultrapassados, muitas vezes eles passam da estante da sala ou da mesa do escritório para terrenos baldios ou depósitos de lixo comum, constituindo uma bomba-reló-gio para a natureza. É o chama-do e-trash ou lixo eletrônico.

A composição desses pro-dutos envolve metais pesados altamente nocivos ao meio ambiente e à saúde. Para se ter uma ideia, o alumínio, usado na estrutura de vários aparelhos, provoca o mal de Alzheimer; o bário, presente nas válvulas ele-

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

29

trônicas, leva à constrição dos vasos sanguíneos; o cádmio, que compõe chips, semicondutores e baterias, pode causar câncer, deformação e lesão renal. Tem-se, ainda, o chumbo, o cobre, o mer-cúrio, o cromo, o níquel, a prata e o zinco, todos elementos necessários para que o botão “liga” dos aparelhos, quando pressionado, faça-os fun-cionarem. Se descartados de forma inadequada, resultam em um impacto ambiental sem propor-ções. De acordo com estudos divulgados pelo blog lixoeletronico.org, os efeitos são: bioacumulação de seres vivos, contaminação da água, da terra e, consequentemente, dos alimentos.

Com o desenvolvimento de novas tecnolo-gias, a quantidade de lixo eletroeletrônico tende a aumentar cada vez mais. No Brasil, hoje, são 60 milhões de computadores em uso. A previsão para 2012 é de que esse número passe para 100 milhões, o que significa um computador para cada duas pessoas. Por isso, o cuidado no descarte desse tipo de produto é extremamente importante para a redução dos problemas e interferências no meio ambiente.

LÂMPADAS FLUORESCENTESAs lâmpadas fluorescentes são conhecidas

como sinônimo de eficiência e economia. Redu-zem o consumo de energia em até 80% e passaram a ser preferência dos brasileiros após o ano de 2001, quando a necessidade de racionamento entrou em pauta. Antes do episódio que ficou co-nhecido como “apagão”, eram vendidas 3 milhões de unidades por ano. Hoje, são 150 milhões.

O mercúrio é um dos seus principais compo-nentes. Segundo o jornal da Universidade Esta-dual de Campinas (Unicamp), esse metal, líquido à temperatura ambiente, pode ser convertido em espécies químicas extremamente perigosas, que se mantêm acumuladas nos organismos de seres vivos ao longo da cadeia alimentar. É insolúvel em água e, quando sujeito a condições

de alta temperatura, transforma-se em vapores tóxicos e corrosivos. No caso das lâmpadas flu-orescentes, o mercúrio é mantido em estado de vapor devido à baixa pressão dentro do tubo selado de vidro.

De acordo com o portal Coleta Seletiva Soli-dária, do governo federal, é preciso ter cuidados especiais quando uma lâmpada desse tipo se quebra. Todas as portas e janelas do ambiente devem ser abertas. Recomenda-se que as pessoas se ausentem do lugar por, no mínimo, quinze minutos. Após isso, com o auxílio de luvas e aven-tal para evitar o contato com a pele, os cacos de vidro devem ser recolhidos e colocados em dois sacos de lixo lacrados, para evitar a evaporação do mercúrio liberado.

Algumas universidades e empresas desenvol-vem maneiras para separar o mercúrio no descarte de lâmpadas fluorescentes. Assim, o elemento pode ser reutilizado por indústrias ou destinado a centros de pesquisa.

REMÉDIOS O caso do descarte de medicamentos venci-

dos é também muito sério. Remédios possuem componentes químicos que prejudicam o meio ambiente. O Conama não publicou regulamenta-ção ou norma estabelecendo os procedimentos corretos com relação a esse tipo de resíduo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apenas propôs critérios técnicos na Resolução de Diretoria Colegiada nº 306, de 2004, para minimizar a produção de resíduos e incentivar o encaminha-mento seguro, a fim de que o lixo farmacêutico não seja descartado com o lixo doméstico.

Farmácias, hospitais e fabricantes não têm obrigação legal de receber esses materiais. O que o consumidor pode fazer, por enquanto, é adquirir os medicamentos fracionados, ou seja, em quantidades estritamente necessárias para o uso imediato, evitando as sobras.

Referências:www.akatu.org.brwww.planetasustentavel.abril.com.brwww.salaverdeufsc.blogspot.comwww.ambientebrasil.com.br

ÓLEO DE COZINHA• Reóleo (Florianópolis-SC)

www.reoleo.com.br• Disque Óleo (Duque de Caxias-RJ)

21 2260 - 3326• Papa Óleo - Associação Brasileira de

Bares e Restaurantes (nacional) www.abrasel.com.br/projeto_papa_oleo• Instituto Triângulo (São Paulo-SP)

11 4991 - 1112PILHAS E BATERIAS

• Papa-pilhas (nacional) www.bancoreal.com.br/sustentabilidade

• Participe e Recicle (nacional) www.participerecicle.com.br• Projeto Reciclar (Viçosa-MG)

www.projetoreciclar.ufv.brAPARELHOS ELETRÔNICOS• ONG E-lixo (Londrina-PR)

43 3339 - 0475• Museu do Computador (São Paulo-SP)

www.museudocomputador.com.br• Coletivo Lixo Eletrônico (São Paulo-SP)

www.lixoeletronico.org• Descarte Certo (São Paulo-SP)

www.descartecerto.com.brLÂMPADAS FLUORESCENTES

• Tramppo Recicla Lâmpadas (São Paulo-SP) – www.tramppo.com.br

• Brasil Recicle (Indaial-SC) www.brasilrecicle.com.br

CONHEÇA ALGUNS PROJETOS:

RESÍDUOS DOMÉSTICOSVI

SÃO

AM

BIEN

TAL

• N

OVE

MBR

O/D

EZEM

BRO

• 2

009

30

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

31

VISÃO INTERNACIONAL

Eduardo Pocetti

Nobel das Nações para o BrasilNenhum brasileiro jamais ganhou o Prêmio

Nobel. Mas, se houvesse uma categoria que pre-miasse países, o Brasil teria sido forte candidato a essa especial deferência em 2009.

Digo isso porque os ganhadores do Prêmio Nobel 2009 são expoentes de um novo jeito de ver o mun-do. O caso mais emblemático é o de Barack Obama. Por que entregar o Nobel da Paz a um presidente que assumiu o poder há apenas nove meses, e que ainda não conseguiu cumprir uma de suas principais promessas de campanha – o fechamento da prisão de Guantánamo? “Porque Obama trouxe uma espe-rança de paz”, sintetizou Vitor Nogueira, porta-voz da seção portuguesa da Anistia Internacional no dia em que a notícia foi anunciada.

Obama é o símbolo de uma América renovada, que sofreu e ainda sofre as dores dos ataques terro-ristas, das guerras que se prolongam além da conta do outro lado do mundo e de uma crise financeira sem precedentes, que foi capaz de colocar em xeque o american way of life! Quando o dramático estouro da bolha financeira expôs a fragilidade do gigante e obrigou a população mais consumista do mundo a repensar seus hábitos e suas prioridades, o democrata soube resgatar a autoestima de seu povo com duas palavras: we can.

E foi no contexto de um mundo ainda entorpe-cido pelo tremor do grande império que Obama foi agraciado com o Nobel da Paz. E a opção do comitê norueguês pelo presidente norte-ameri-cano não foi a única surpresa deste ano: a outorga do Nobel de Economia à cientista política Elinor Ostrom também foi inesperado.

Quinta mulher a receber um Nobel em 2009 e primeira da história a ganhá-lo nesta categoria, a norte-americana Ostrom é um expoente do tema “sustentabilidade”. Segundo o júri, o mérito de seu trabalho consiste em “focar especialmente os aspec-tos comuns às pessoas em geral, e a forma como os recursos naturais são gerenciados”. Em resumo: produção e consumo conscientes estão em alta.

Em sua área de pesquisa, Elinor Ostrom pro-cura entender como os indivíduos, por meio de decisões cotidianas, podem contribuir para a so-lução de problemas de dimensões planetárias, como o aquecimento global. No entendimento do comitê que a escolheu, “Ostrom desafiou a

EDUARDO POCETTI é CEO da BDO, quinta maior empresa de auditoria no Brasil e no mundo

sabedoria convencional de que a propriedade co-mum é mal gerenciada e deveria ser regulada por autoridades centrais ou privatizada”. Analisando florestas, pastagens e lagos, a pesquisadora – que se autodenomina “economista política” – concluiu que os usuários de determinados recursos tendem a desenvolver mecanismos sofisticados para tomar decisões e cumprir regras que podem ser classi-ficadas como “sustentáveis”, mesmo que não se vejam forçados a agir desta maneira. Ela também conseguiu caracterizar as regras que propiciam resultados positivos e ressaltou a perspectiva de um futuro no qual as pessoas se mostrarão especialmente atentas ao bem comum.

Ostrom divide o prêmio com Oliver William-son, seu parceiro nos trabalhos sobre governança econômica, igualmente engajado na análise das decisões tomadas fora dos mercados. Williamson, que trabalha na Universidade da Califórnia, em Berkeley, pesquisa o porquê de certas decisões econômicas ficarem a cargo dos mercados e outras dentro das corporações.

Também merece destaque a entrega do Nobel de Literatura à escritora alemã Herta Müller, autora do romance Atemschaukel, que narra o drama da deportação de um romeno de origem alemã para um campo de trabalho na União Soviética de 1945. Falando da vida desse prisioneiro, ela evidencia o desrespeito aos direitos humanos em várias partes da Europa. O livro valeu à autora mais um prêmio: o prestigiado Franz Werfel, de direitos humanos.

Que outra nação, além do Brasil, personifica tão bem os valores que diferentes comitês do No-bel valorizaram mais fortemente em 2009? Nesta década, provamos que é possível sair da condição de subdesenvolvimento e que a conciliação entre crescimento econômico e redistribuição de renda é viável e positiva para todos. Nossas instituições políticas e financeiras amadureceram e se pro-varam sólidas. Conseguimos caminhar a passos rápidos e praticamente sem tropeços.

Esperança, paz, sustentabilidade, respeito ao ser humano... O comitê do Nobel deu o seu recado: mais importante do que o dia de hoje, é o amanhã que estamos construindo. E todos nós temos um papel a desempenhar nesse processo!

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

32

CONSUMO CONSCIENTE

A Mahogany criou refis de 1,2 litro para a linha de sabonetes líquidos. Preocupada

em contribuir para amenizar os impactos ambientais e em reforçar a importância da reciclagem, a empresa utiliza embalagens

PET recicláveis. www.mahogany.com.br

Os cooktops Mallory têm a classificação energética tipo A, a mais eficiente do mercado. A energia é proveniente da queima de GLP

ou de gás natural. O design diferenciado de seus queimadores consegue utilizar menos gás e produz uma chama mais

rica em calor, resultando em economia. www.mallory.com.br

A Valisère desenvolveu o processo Eco Dry para o tingimento de tecidos sintéticos. Ele praticamente elimina o consumo de água, reduz drasticamente o consumo energético e zera a geração de efluentes. Quem adquire uma peça na Revelateurs investe em soluções sustentáveis e ainda ganha uma garrafa de água mineral (600 ml). www.valisere.com.br

Pufes com design moderno e criativo, produzidos a partir de pneus velhos, estão fazendo sucesso aqui e no exterior. Coloridos, confortáveis e desenvolvidos a partir de parcerias com entidades comunitárias, os “pufes

ecológicos da Amazônia” têm em sua composição sementes, tecidos, resíduos de madeira, fibras, cipó, cascas e folhas da flora local.

Tel.: (69) 9984-4569 [email protected]

A cadeira Kisar, confeccionada no Brasil com

a madeira importada Birck Wood, é certificada pelo FSC (Forest Stewardship

Council) porque segue um rígido controle

de manejo sustentável. Num processo especial de

secagem, a madeira é tratada sem danificar os seus veios,

e assim consegue ser moldada e vergada.

www.arteemcadeiras.com.br

A Motor Z tem uma linha de scooters elétricas com ótimo desempenho e segurança. Suas baterias são

recarregadas em tomadas comuns, de 110 ou 220 volts. A preocupação ecológica está presente sem deixar de

lado o design e o conforto. www.motor-z.com.br

As ecopastilhas da Lepri Cerâmicas,

além de antiderrapantes são sustentáveis, feitas a partir da decomposição

e reciclagem de lâmpadas

fluorescentes. www.lepri.com.br

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

33

Div

ulga

ção

A Interface Flor fabrica seus produtos preocupando-se com a sustentabilidade. Eles possuem hoje um percentual que varia de 65% a 72% de conteúdo reciclado pós-consumo. A meta da empresa é zerar seu impacto ambiental até 2020. www.interfaceflor.com.br

A Bunge apresenta ao mercado o creme vegetal Cyclus Nutrycell, que vem na primeira embalagem

biodegradável do Brasil. Proveniente de fonte renovável, ela se decompõe em 180 dias.

www.saudecyclus.com.br

A Altenburg lança o primeiro travesseiro ecologicamente correto do Brasil, o Ecofriendly. Em percal 200 fios, 100% algodão, o travesseiro

conjuga: fibras recicladas e recicláveis; tecido reciclável, sem a utilização de processo químico de alvejamento e estamparia; e embalagem

também reciclada e reciclável. www.altenburg.com.br

O livro Experiências empresariais em sustentabilidade tem o objetivo principal de contribuir para a discussão sobre como fazer a transição para a economia verde no Brasil e no mundo, atingindo assim a sustentabilidade corporativa. www.campus.com.br

Economia verde: Descubra as oportunidades e desafios

de uma nova era dos negócios, de Joel Makower,

aborda o assunto com exemplos e modelos para

a compreensão desse complexo e lucrativo novo

segmento da economia. www.editoragente.com.br

No livro A empresa verde, Élisabeth Laville

mostra que, cada vez mais, consumidores de todo o mundo pautam

suas escolhas baseados em questões como

o impacto ecológico provocado pelas

indústrias e as condições de trabalho

na produção dos bens oferecidos. www.bei.com.br

Economia ambiental : Instrumentos econômicos para o desenvolvimento sustentável trata do assunto sob a ótica de um economista e é recomendado para estudantes de economia, políticos, ONGs e instituições ligadas ao meio ambiente. www.centauroeditora.com.br

A lixeira tripla da marca Dynasty foi elaborada para facilitar a reciclagem de plásticos, latas e papéis. Cada um dos três recipientes gira individualmente em um mesmo eixo. Empilhados, economizam espaço e são ideais para casas e escritórios comprometidos com a sustentabilidade e o respeito pela natureza. Loja Santa Helena: (11) 3089-7000.

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

34

Investindo na sustentabilidade e no respeito ao meio ambiente, os móveis e objetos assinados pela Via Flor propõem uma reutilização para a madeira de demolição. Há várias ideias criativas para compor uma requintada decoração de Natal. Tel.: (11) 3045-1701

A preocupação ambiental e a consciência ecológica ganharam um aliado lúdico. A Horta & Jardim desenvolveu para as crianças kits com vaso, pratinho, semente, substrato orgânico e modo de cuidar. Há três versões: flores do campo, girassol e trevo da sorte. Estes mimos – baratinhos – podem ser também uma aula de cidadania e de respeito pelo planeta. www.hortaejardim.com

A Chic Chic é uma loja que reúne trabalhos de designers do mundo inteiro e que também apoia projetos socioambientais. Ela abre espaço em suas prateleiras, por exemplo, para os produtos da Coopamare, uma cooperativa de catadores de lixo e moradores de rua situada no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Eles transformam garrafas de vidro em criativos vasos cobertos com linhas coloridas. Chic Chic Lab de Criação. Tel.: (11) 3507-7304.

Esta roupa de borracha ecológica da Rip Curl é feita de um novo neoprene, que usa cola não solvente no processo de laminação, reduzindo em muito a emissão de poluentes químicos. É também sucesso ao sensibilizar as pessoas para a importância do meio ambiente. www.ripcurl.com.br

CONSUMO CONSCIENTE

Brinquedos que funcionam

por meio de energia solarensinam às crianças que é importante economizar energia.

A Flor Solar se movimenta quando

exposta à luz. Há ainda outras opções disponíveis

na importadora Quick Gone, como o Pescador e a Porquinha Solar, que movimentam a cabeça quando iluminados pelo Sol. www.quickgone.com.br

As roupas eco friendly da Chicletaria, confeccionadas tanto em algodão orgânico como em malha ecológica feita de fibra de bambu, estão relacionadas a um sistema produtivo livre de modificações genéticas e da aplicação de pesticidas químicos. www.chicletaria.com.br

O jogo Novo Mundo, da Estrela, ajuda a despertar a consciência ambiental nas crianças, trazendo inovação para a tradicional linha de jogos de tabuleiro. O objetivo é despoluir os continentes que sofrem com a ação do homem. Desde a caixa até as cartas são feitas de papel reciclado. www.estrela.com.br

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

35

A Orgânica utiliza madeira certificada em suas embalagens e possui o selo FSC, a mais importante certificação florestal do mundo. Pioneira no desenvolvimento de produtos cosméticos sustentáveis, tem kits que reúnem os itens mais conhecidos da marca. www.organicas.com.br

A linha Earthkeepers, da Timberland, possui forte apelo ecológico: os calçados possuem

forro interno à base de garrafas PET recicladas, solado de borracha reciclada e cadarço de algodão

orgânico. A empresa não usa o PVC como matéria-

prima em nenhum produto e exige que os fornecedores

de couro, sejam certificados por suas práticas ambientais. www.timberland.com.br

O livro Eco Chic fala do impacto que a fabricação de roupas exerce no

meio ambiente, na saúde humana e no bem-estar animal. Mostra como

descobrir as marcas que tingem jeans sem agredir o meio ambiente,

ensina como aproveitar melhor as roupas e como conservá-las bonitas

e com cor por mais tempo. Além disso, mostra como os tecidos mais

comuns do mundo – algodão e poliéster – influenciaram não apenas

nossos guarda-roupas, mas também a economia e a política mundial.

www.larousse.com.br

Feita em borracha, a bolsa em forma de galinha da Q-Vizu é divertida e acompanha a moda de peças e acessórios não convencionais que fazem referência a temas ecológicos e que chamam a atenção para o cuidado que devemos ter com os animais e o planeta. www.qvizu.com.br

Primeira grife nacional 100% orgânica, a Éden parte do

conceito da sustentabilidade para definir o estilo da

marca. Usando plantas, flores e sementes como pigmentos

naturais, através de pesquisas avançadas consegue criar cores

inusitadas. O jeans da Éden, além de ser feito com algodão

100% orgânico, é colorido com o anil extraído da plantação da própria fábrica e é lavado com

açúcar, um abrasivo natural. Tel.: (11) 3816-9500

A loja de instrumentos Reference Music Center trouxe para o Brasil a Eco X, bateria ecologicamente correta da DW Drums. Ela é feita de birch reflorestado (madeira americana que está entre as preferidas dos bateristas) e de bambu. Tem um som encorpado como o das baterias de birch tradicional. É a primeira linha de baterias ecologicamente correta do mercado. www.reference.com.br

O tênis ecológico da Naturezza tem cada detalhe pensado pelo prisma da

sustentabilidade. O cabedal é feito em lona reciclada (50% de algodão reciclado, 35% de

poliéster PET e 15% de juta natural), o cadarço é de fios de juta reciclados e os ilhoses são de alumínio reciclado de latinhas de refrigerante. A sola é uma mistura de cortiça reciclada e tem um agradável aroma de andiroba, fruta típica do Amazonas. O forro de tecido é tingido com

tinta à base de água. www.naturezza.com.br

RODANDO TECNOLOGIA CO M SOLUÇÕES INOVADORAS

COLETA NÃO AGRESSIVA E EFICIENTE

RODANDO TECNOLOGIA CO M SOLUÇÕES INOVADORAS

COLETA NÃO AGRESSIVA E EFICIENTE

Rua César Cavassi, 74 Jd. do Lago - São Paulo - SP

cep: 05550-050 55-11-3783-7800

[email protected] www.rodotecltda.com.br

O Caderno de Resíduos é parte integrante da publicação e foi concebido com o intuito de dar visibilidade a eventos relacionados ao tema da revista, colocando em pauta discussões e informações sobre resíduos, sustentabilidade, meio ambiente e negócios correlatos.

O Especial RCD (Resíduos de Construção e Demolição) traz informações atualizadas sobre destinação, novas tecnologias e também entrevistas com especialistas do setor, ressaltan-do a importância da reciclagem e da aplicação de conceitos de melhor aproveitamento e utilização de novos materiais na construção civil de qualquer porte e também nos grandes projetos de infraestrutura.

Em se tratando de vitrine para as empresas, diversos eventos ligados a questões ambien-tais vêm acontecendo nos últimos meses, evidenciando a tendência cada vez mais forte de segmentação do mercado nos mais variados nichos e confirmando sua importância na geração de negócios e disseminação de informações.

Nesta edição falamos de alguns eventos que ocorreram recentemente e também de outros que devem acontecer em breve.

FIEMA – Feira Internacional de Tecnologia para o Meio AmbienteFITABES – Feira Internacional de Tecnologias para Saneamento Ambiental

TUBOTECH / TERMOTECH – Feira Internacional de Tubos, Conexões e Componentes / Feira Industrial de Tecnologias Térmicas

EXPOSUCATA – Feira e Congresso Internacional de Negócios da Indústria da ReciclagemCIMAS – Congresso Internacional de Meio Ambiente e Águas Subterrâneas

FIMAI – Feira Internacional do Meio Ambiente Industrial e SustentabilidadeEXPOCATADORES – Exposição e Feira de Negócios dos Catadores de Lixo

Além das matérias impressas aqui, temos conteúdo exclusivo no endereço www.rvambiental.com.br. Visite nosso portal e cadastre-se para receber boletins semanais com informações atu-alizadas. As matérias e assuntos abordados neste caderno não são exclusivos da entidade apoiadora. Tratam de forma abrangente e isenta dos assuntos de interesse do nosso leitor.

CADERNO DE RESÍDUOSVI

SÃO

AM

BIEN

TAL

• N

OVE

MBR

O/D

EZEM

BRO

• 2

009

38

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

39

O s e co n e g ó c i o s , q u e reú­nem produtos e serviços voltados às soluções para os problemas ambientais ou que proponham métodos mais ra-cionais de exploração dos bens naturais, crescem diariamente, na medida em que se percebe que a sustentabilidade é a ú­ni-ca chave para o futuro. Pois é esse segmento do mercado o foco da quarta edição da Fiema Brasil (Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Am-biente), que ocorre entre os dias 27 e 30 de abril do ano que vem. A chamada do evento já está pronta: “Soluções para o meio ambiente; quem tem, quem busca... participa!”

O perfil das empresas pre-sentes na Fiema Brasil segue os três níveis envolvidos nos econegócios: ecoindú­stria (produtos e serviços de despo-luição ambiental), indú­stria alternativa (bens voltados à produção mais limpa) e ambien-talmente responsáveis (produtos e serviços complementares, como gestão de resíduos e reciclagem). Ordenando a cadeia de negócios, a feira é segmentada em dez setores, como gestão de efluentes líquidos, geração e conservação de energia e tratamento de emissões atmosféricas. São esperados mais de duzentos expositores, vindos de todos os pontos do País e do exte-rior. Os organizadores apostam na superação da participação da edição de 2008, quando estiveram presentes na feira representantes de 17 estados brasileiros e de sete países.

Na área internacional já estão firmadas par-cerias com as câmaras de comércio portuguesa, britânica e alemã. Os acordos visam à partici-pação de missões, consórcios e expositores.

Fiema Brasil

Há tratativas semelhantes com as câmaras da Itália e da Argentina.

Simultaneamente à feira e paralelamente ao ambiente de negócios, a Fiema Brasil 2010 promoverá uma série de eventos voltados ao conhecimento e à tecnologia da área ambiental e de sustentabilidade. A extensa programação inclui, por exemplo, o 2º Congresso Interna-cional de Tecnologia para o Meio Ambiente, a 2ª Jornada Técnica – Gestão Municipal, o 2º Prêmio Fiema e o 4º Viva a Natureza (de edu-cação ambiental). São eventos direcionados aos diversos pú­blicos que compactuam com a visão de futuro da Fundação Proamb – entidade voltada às questões ambientais e organizadora da Fiema –, que é de se tornar uma plataforma de sustentabilidade a partir da Serra Gaú­cha.

As informações completas a respeito da Fiema Brasil 2010 estão disponíveis no site oficial do evento (www.fiema.com.br).

Div

ulga

ção/

Idov

ino

Mer

loNegócios visando o meio ambiente

Fiema 2009: integração entre visitantes e expositores

A Fiema Brasil 2010 promoverá

uma série de eventos voltados ao

conhecimento e à tecnologia

da área ambiental e de

sustentabilidade

A construção civil consome cerca de 50% de todos os recursos naturais extraídos e também gera, nos municípios brasileiros, cerca de 60% da massa de resíduos sólidos urbanos. Com o estabelecimento de políticas públicas, normas, especificações técnicas e instrumentos econômi-cos para solucionar os problemas resultantes do manejo inadequado dos Resíduos da Construção e Demolição (RCD), grandes mudanças estão sendo constatadas neste setor. A Resolução nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 5 de julho de 2002, estabeleceu diretrizes para a gestão dos resíduos da construção e demolição, direcionando responsabilidades para os geradores de RCD, tanto do poder público como da iniciativa privada, e também definiu e classificou aquilo que, na linguagem popular, é chamado de “entulho”.

MAS O QUE SÃO OS RCD? Conforme o Art. 3º da Resolução, eles

são classificados em:Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de ou-tras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes ce-râmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou de-molição de peças pré -moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; Classe B - são os resíduos recicláveis para ou-tras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros; Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso; Classe D - são os resíduos perigosos oriun-dos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, re-formas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.

A partir dessa classificação, quem trabalha no setor deve ter como objetivo não gerar resíduos, mas, se gerar, deve cuidar de sua reutilização, reciclagem e destinação final correta. Cada mu-nicípio tem a responsabilidade de estabelecer ações para que seja cumprida a resolução do Conama. Inclusive, deve disponibilizar uma área própria para o depósito desse tipo de material, já que, de forma nenhuma ele pode ir para os aterros comuns.

Segundo o novo panorama para resíduos da

Por Tais Castilho

O setor de construção civil é um dos maiores produtores de resíduos sólidos urbanos, o que acarreta vários problemas para o meio ambiente e a sociedade em geral

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

40

Reciclar mais para gerar menos

CADERNO DE RESÍDUOS

construção e demolição, publi-cado pela Associação Nacional de Entidades Produtoras de Agregados da Construção Ci-vil (Anepac), hoje são mais de 60 municípios com gestão de RCD implantadas e os grandes centros demográficos do país estão entre eles, o que comprova melhorias no setor. O panorama também relata que o mercado de usinas de reciclagem de agre-gados no Brasil, cerca de trinta, está em pleno funcionamento, contribuindo para a mudança do cenário conhecido até pouco tempo atrás. Um terço dessas trinta usinas são privadas e com-provam a viabilidade econômica do setor.

TRAJETÓRIA DOS RCD1. Triagem: deve ser realizada na obra e respeitar a classifi-cação do Conama (de acordo com as classes A, B, C e D);2. Acondicionamento: arma-zenar corretamente até que seja transportado;3. Transporte: de acordo com suas características e com as normas técnicas específicas;4. Destinação: conforme as quatro classes estabelecidas.

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

41

BENEFÍCIOS DA RECICLAGEM E DO BOM APROVEITAMENTO DOS MATERIAIS

Os resíduos da construção civil e demolições representam mais de 60% do lixo produzido nas cidades brasileiras, segundo dados da Secretaria Nacional de Saneamento, do Ministério das Cida-des. Esse percentual corresponde a 90 milhões de toneladas de lixo por ano, que deveria ter um des-tino correto. Enquanto na Holanda 90% dos RCD são reutilizados, no Brasil esse número é de apenas 1%, segundo dados da empresa de consultoria em gestão de resíduos Informações & Técnicas. A empresa também estimou que a construção civil produz cerca de 17 mil toneladas de entulho por dia só na cidade de São Paulo, sendo que 80% desse total vem de pequenas construções e obras de reforma. O estudo revela que a maioria dos RCD são despejados em pontos irregulares da cidade, mais de 1,4 mil. Os próprios responsáveis pelas obras contratam carroceiros que recolhem o entulho e abandonam a carga em canteiros centrais de avenidas, praças, calçadas, terrenos baldios, margens de rios e ruas, entre outros. As consequências são desastrosas para o meio am-biente e para a sociedade em geral.

Os entulhos são responsáveis por: enchentes, já que entopem bueiros; poluição dos rios, pois as chuvas os levam até as margens e os leitos fluviais; poluição visual (caçambas irregulares e restos de construção no meio das ruas); criação de vetores que causam epidemias e doenças como a dengue; entre outros.

A reciclagem e o reaproveitamento do entu-lho, assim como a diminuição do desperdício de materiais de construção, são fundamentais para

a mudança do cenário de degradação que os resíduos causam. A reciclagem contribui reapro-veitando material já retirado do meio ambiente, no caso, matérias-primas finitas como, por exemplo, pedras retiradas de pedreiras ou areia em leito de rios. Projetos mal elaborados, obras inacabadas e abandonadas, materiais de qualidade duvidosa, transporte ou armazenamento inadequado, mão de obra inexperiente e até mesmo as conhecidas reformas que substituem materiais de construção gerando quantidades enormes de entulho são algumas das causas do desperdício.

Investir na implementação de uma gestão limpa e saudável na área de RCD é fundamental para o meio ambiente e para a economia dos municípios, que passam a gastar menos recursos em coleta, limpeza de bueiros e tratamento de doenças. Atualmente, a quantidade de resíduos gerados é considerada grande, ocupando muito espaço nos aterros; seu transporte, em função do volume e do peso, é bastante caro. A reciclagem e o reaproveitamento dos RCD são extremamente importantes para controlar e atenuar os problemas ambientais, assim como para produzir diversos materiais de valor agregado.

RECICLAR: A MELHOR OPÇÃO PARA POUPAR E PROSPERAR

“Uma usina básica para a reciclagem de resí-duos de construção e demolição é constituída por: alimentador vibratório, britadores, transportadores de correia e peneira classificatória (os quais devem ser dimensionados ao volume a ser processado), e, caso seja necessário, equipamento para lava-gem dos agregados reciclados”, explica Cristovam

Cristovam Peres e Guilherme Pacher, diretores da Cretatec, em uma das usinas idealizadas pela empresa

Usina projetada pela Cretatec economiza recursos naturais transformando resíduos

A reciclagem e o reaproveitamento

do entulho, assim como a

diminuição do desperdício de

materiais de construção, são

fundamentais para a mudança

do cenário de degradação

que os resíduos causam

Foto

s: D

ivul

gaçã

o/Cr

eta

Tecn

olog

ias d

e Re

cicl

agem

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

42

Peres, diretor comercial da Creta Tecnologias de Reciclagem – empresa formada inicialmente por uma equipe de universitários com o objetivo de pesquisar, desenvolver e colocar em prática so-luções viáveis, simples e eficientes de redução, gerenciamento, reciclagem e reutilização dos resíduos de construção civil, entulho e outros resíduos industriais. Entre as principais ações da Creta estão a elaboração de projetos de usinas de reciclagem de RCD, gestão de resíduos em canteiros de obra (para construções e demolições), monitora-mento da eficiência e desperdício de materiais em construções utilizando Tecnologia da Informação, além de estudos de viabilidade para reutilização de resíduos construtivos em aplicações específi-cas e ensaios mecânicos em materiais cerâmicos reciclados ou naturais.

Os valores para se montar uma usina de reciclagem ainda são altos, apesar de já terem baixado muito. “O preço varia dependendo da destinação do produto final, mas a planta bási-ca, com equipamentos novos, fica em torno de R$ 1 milhão para um processamento a partir de 50 toneladas por hora, incluindo infraestrutura

de construção civil”. Cristovam diz ainda que, utilizando equipamentos usados, o valor pode cair para R$ 600 mil; mas uma usina de última geração, com tecnologia importada, pode chegar a R$ 3 milhões.

Segundo ele, “para se montar uma usina é necessário, antes de tudo, muita boa vontade”. É preciso ter um projeto bem elaborado pela prefeitura local, ter uma gestão de resíduos de construção implantada, parcerias com construto-ras para realizar a triagem em canteiros de obras, e transportadores e caçambeiros orientados a encaminhar o material até a usina de reciclagem. “É extremamente importante haver um mercado já desenvolvido para absorver todo o material reciclado pela usina, o que não é pouco. O ideal seria a prefeitura local absorver esse material na pavimentação e recuperação de ruas, obrigando que ele seja utilizado em todo quilômetro de rua construído. Assim, o volume utilizado seria grande e o retorno para a sociedade seria men-surável”, salienta.

De maneira bastante ampla, “os resíduos po-dem ser aplicados na construção civil sem preju-

CADERNO DE RESÍDUOS

Novacem é o nome de uma empresa de tecnologia sediada em Londres que está desenvolvendo a nova geração de cimento verde. Seu objetivo é ajudar a combater o aquecimento global aprisionando mo-léculas de CO² atmosférico nos próprios materiais de construção. Para produzir o cimento verde, a Novacem combina a

sustentabilidade da madeira e o poten-cial de reciclagem dos metais com as pro-priedades térmicas típicas do concreto. O uso desse material, portanto, minimiza as emissões de CO² durante a construção e o funcionamento da obra. O novo sistema de cimentos recicláveis é baseado em óxido de magnésio e aditivos minerais especiais.

Ao contrário do cimento Portland, seu pro-cesso de fabricação requer temperaturas mais baixas e emite mínimas quantidades de CO². O cimento verde endurece através da absorção de CO² na atmosfera e, com isso, mostra que é possível se desenvolver uma série de produtos para construção “carbono negativos”.

O cimento verde está aí!

Caminhões recolhem entulho diariamente

Depois de vários processos, os RCD viram areia grossa e pedrisco

A usina de São José do Rio Preto tem capacidade

para reciclar, diariamente,

320 toneladas de resíduos da

construção civil

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

43

ízo algum de qualidade, desde que não tenham função estru-tural”, alerta Cristovam. Resíduos como cerâmica, blocos, concre-tos, pisos e azulejos podem ser transformados em agregados reciclados como areia, pedris-co, brita e bica corrida. “Esses agregados são utilizados como base e sub-base de pavimen-tação, concreto para ser usado em guias, sarjetas, mourões, blocos de vedação e em outras aplicações menores, como no paisagismo”, afirma. O material reciclado ainda pode ser mui-to útil para o controle de ero-sões, recuperação de estradas rurais e pavimentação (bloque-tes para pisos intertravados). Extremamente vantajoso, o uso dos materiais reciclados chega a gerar uma economia de até 30% em relação a similares com matéria-prima não reciclada, dependendo dos gastos indire-tos e da tecnologia empregada nas instalações de reciclagem. No entanto, não há dúvida de que será sempre mais benéfico para o meio ambiente. Grandes pedaços de concreto podem ser empregados para conter processos erosivos na orla marítima, enquanto o entulho

triturado e preparado pode ser utilizado em pa-vimentação, operações tapa-buraco, construção civil, entre outros.

EXEMPLOS DE SUCESSOSão José do Rio Preto fica na região noroeste

do Estado de São Paulo, a 450 quilômetros da capital. Com cerca de 420 mil habitantes, a eco-nomia do município é voltada para a agricultura, comércio e indústria. Mas não é isso que faz de Rio Preto, como é conhecida, uma cidade especial. Em setembro de 2005, o governo municipal implantou a usina de reciclagem de resíduos da construção civil com responsabilidade ambiental e economia de até 100 mil reais por mês com a manutenção da cidade. “Seu principal ganho foi ambiental, pois o entulho que antes era jogado nas margens de rios, áreas verdes, mananciais, entre outros locais, hoje é utilizado de forma inteligente, gerando econo-mia e empregos”, explicou Ana Silvia Casagrande, arquiteta e coordenadora da usina.

Antes da implantação da usina, os RCD eram depositados em mais de 1,4 mil pontos clandes-tinos, sujando a cidade e causando desequilíbrio ambiental. Segundo Ana Silvia, hoje esses pontos não passam de doze. “A população sabe dos locais apropriados para o descarte, mas infelizmente alguns não cumprem. São dezessete pontos de apoio onde o munícipe pode depositar até 1 m³ de entulho e materiais que não utiliza em casa”. Os caçambeiros (Associação dos Camçabeiros) são os responsáveis por recolher os resíduos desses pontos. “Quase 80% dos materiais são recolhi-dos diariamente nos pontos de apoio”, ressalta a coordenadora.

Um rejeito das termoelétricas a carvão pode ser usado para tornar o concreto mais forte, seguro e com menos emissão de dióxido de carbono. Os pesquisadores que estão tra-balhando no projeto dizem que essa tecnolo-gia pode “revolucionar a indústria mundial da construção” e esperam levar a tecnologia para testes de escala industrial e comercialização. O cientista de materiais Willian Rickard e seus colegas da Curtin University, em Perth, na Austrália, usaram o rejeito conhecido como fly ash (cinza da queima do carvão) para criar o concreto. “O maior benefício de usar cimentos de polímeros de cinza do carvão é que eles mantêm sua resistência a temperaturas acima de 1.200 °C, enquanto cimentos tradicionais começam a perder sua resistência a cerca de 600 °C. Em caso de incêndio, a construção feita com cimento tradicional pode perder sua resistência e vir abaixo. Construções com o concreto de cinzas do carvão têm chances melhores de sobreviver a um incêndio”, diz Rickard. A cada ano, ocorrem cerca de cem mortes e três mil ficam feridos devido a in-cêndios que atingem estruturas na Austrália. Outra aplicação, segundo o cientista, seria a utilização do cimento com cinza do carvão na construção de túneis. “Na Europa, houve casos de túneis em colapso durante incêndio.“ Mais de 600 milhões de toneladas de cinzas são produzidas anualmente no mundo como rejeito da queima do carvão em termoelétri-cas. O novo cimento vai tornar o rejeito em algo útil, acabando com a necessidade de ser posto em aterros. Ao mesmo tempo em que recicla, o cimento produzido com cinza será bom também para o meio ambiente, pois ele libera 80% menos dióxido de carbo-no que o cimento comum. Pode fazer uma grande diferença em escala mundial, já que, hoje, de 5% a 8% da emissão de carvão no mundo vem da fabricação do cimento tradi-cional. Sua produção exige que calcário seja queimado. O novo cimento é diferente. “É um polímero inorgânico com uma química diferente do cimento tradicional, já que não é baseado no cálcio”, diz Rickard. “A produ-ção de uma tonelada de cimento Portland libera uma tonelada de dióxido de carbono”. O cimento proposto por Rickard exige menos energia e a reação química não libera dióxido de carbono. Adicionar cinza do carvão não é uma concepção nova. O uso da cinza em cimento geopolímero é baseado num conceito diferente. “No cimento Portland, a cinza é usada simplesmente como preenchimento, enquanto no cimento geopolímero, a cinza do carvão é componente crítico, já que é de onde a resistência vem”, diz Rickard.

Um concreto mais forte, seguro e ecologicamente correto

Tratando seus resíduos, Rio Preto economiza mais de R$ 100 mil por mês em manutenção pública

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

Pesquisa

CADERNO DE RESÍDUOSVI

SÃO

AM

BIEN

TAL

• N

OVE

MBR

O/D

EZEM

BRO

• 2

009

44

Com capacidade para reciclar 40 toneladas por hora, ou seja, 320 toneladas por dia, o muni-cípio consegue reciclar quase 50% dos resíduos produzidos por dia na cidade, uma média de 750 toneladas. Todo material produzido é usado exclu-sivamente na manutenção pública de Rio Preto.

O primeiro passo para a reciclagem é a triagem dos entulhos e a retirada dos materiais contami-nantes. Depois de vários processos, a usina produz a bica corrida. Esse material é utilizado na pavi-mentação ecológica de estradas rurais de terra. Já os materiais nobres, que são produzidos à base de concreto (pisos, blocos, entre outros), depois de reciclados dão espaço a um material rico e bas-tante utilizado: os agregados (areia grossa, brita e pedrisco). Estes serão os responsáveis por cerca de trinta tipos de produtos para uso em construção civil e manutenção de obras da própria prefeitura. Entre as obras estão: guias e sarjetas de ruas, lajes diversas, tampas para bueiros, blocos, tampas e caixas de luz, tubos, areia grossa, pedrisco, brita, poste de alambrados e até bancos de praça.

ECOPONTOS: O INÍCIO DE UM NOVO CICLOO entulho depositado em pontos clandes-

tinos e ilegais como avenidas, ruas e praças, já

A Sudeste, empresa especializada em construção de pré-fabricados, lan-çou o método das paredes duplas, uma tecnologia automatizada que diminui as emissões de CO² na atmosfera. O diretor da empresa, Fabio Casagrande, explica que o sistema construtivo de paredes duplas pré-fabricadas dispensa acabamento e permite customização. “Não há desperdí-cio na obra, o canteiro é limpo e o processo construtivo é muito mais eficiente. Uma casa que levaria meses para ser erguida no sistema tradicional leva apenas pou-cas horas para ficar pronta no sistema de montagem.” Além de ser uma alternativa ecologicamente correta para cobrir o défi-cit habitacional, o sistema pode ser usado na construção de escolas, indústrias e até presídios. As paredes são paralelas, com grandes vãos, que podem ser concretadas ou preenchidas com material que bloqueia a comunicação por celulares, por exemplo, ou por resíduos de pneus agregados ao concreto, evitando o descarte desse ma-terial em áreas impróprias.

Economia de matéria-prima: o meio ambiente agradece

As paredes são desenhadas em uma forma por um sistema a laser, de forma automatizada, que permite a projeção de peças 100% personalizadas. Cada peça (parede ou laje) pode ter até 13,30 x 3,20 m de tamanho e 37 cm de espessura, e todas dispensam acabamentos como a massa fina.

trouxe sérios problemas ambientais e sociais para a cidade de São Paulo. Para atenuar esse problema, a prefeitura do município desenvolveu um projeto através da Secretaria de Serviços (SES) criando áreas chamadas de Ecopontos, onde os pequenos geradores podem depositar resíduos da construção e demolição, entre outros.

Atualmente, são 37 Ecopontos onde a popu-lação pode depositar voluntariamente pequenos volumes de entulho como, móveis velhos, podas de árvores, resíduos de construções e reformas, além de materiais recicláveis. Caçambas distintas para cada tipo de resíduo estão alocadas nos pontos, sendo que a única limitação é de que o volume não exceda 1 m³.

Segundo dados do Departamento de Lim-peza Urbana (Limpurb), 10% de todos os ma-teriais entregues em canteiros de obras são desperdiçados, e, todos os meses, o Limpurb recolhe cerca de 144 mil m³ de entulho. Extra-oficialmente, estima-se que essa quantidade seja três vezes maior. Dos materiais descartados, 65% são produtos inertes como argamassas, concretos e telhas.

Os resíduos seguem para uma das cinco Áreas de Transbordo e Triagem (ATTs) da capi-

tal paulista, onde os materiais recolhidos passam por uma triagem. Aqueles de origem mineral, como concreto, arga-massa e alvenaria, são encami-nhados para aterros de inertes; o rejeito é levado para aterros sanitários; e o resíduo reapro-veitável é comercializado.

Fora os Ecopontos, as subpre-feituras realizam a chamada Ope-ração Cata-Bagulho, recolhendo dos bairros restos de madeira, pneus usados, móveis quebrados e eletrodomésticos danificados. Também há um caminhão que realiza a Operação Arrastão, pas-sando em grandes avenidas e em pequenos pontos viciados para recolher vários tipos de material (madeiras, móveis, entre outros) de origem desconhecida. Só na região da Subprefeitura de Ja-çanã/Tremembé, já foram reco-lhidas 902 toneladas de material em 2009.

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

45

É bem recente o conceito de que a reciclagem pode ser um bom negócio. Há menos de duas dé-cadas, poucos se arriscavam a apostar no segmento e a atividade era marginalizada. O crescimento veloz, aliado a novas tecnologias e a uma postura preservacionista, mudou esse cenário.

A Exposucata 2009 deu provas desta mu-dança de postura. Realizada entre 8 e 10 de setembro, recebeu um público qualificado, com interesses específicos nos produtos e serviços oferecidos pelos expositores nacionais e estran-geiros, vindos da França, Bélgica, Nova Zelândia, Espanha, Itália, Alemanha, Dinamarca, Canadá e Estados Unidos.

Compartilhando conhecimento e aprofun-dando discussões, palestras abordaram temas abrangentes, desde o correto gerenciamento empresarial de sacolas plásticas e resíduos de construção e demolição até a visão do mercado de papel reciclado sob a nova norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O sucesso da exposição foi explicado nos se-guintes depoimentos:

“Este ano a feira teve uma visitação mais qua-lificada. Vendemos para uma empresa brasileira e outra argentina e prospectamos negócios futuros. A expectativa é ampliar nossa participação na indústria de sucata ferrosa e não ferrosa”. Hugo Brochiero, gerente de vendas para América do Sul da Sierra.

“Foi estratégico participar da feira, pois ficamos um tempo afastados do mercado de reciclagem. Conseguimos fechar negócios da ordem de R$ 350 mil e abrimos novos contatos comerciais. A meta para 2010 é ampliar a participação nos setores agrícola e de reciclagem, com a venda de equi-pamentos para movimentação de carga”. Gonçalo

Exposucata 2009

Souza, gerente comercial da Imavi.“Realizamos bons contatos, inclusive com a

possibilidade de ampliar negócios para clientes que comercializam entulho ou resíduos de cons-trução. Concretizamos a venda de uma prensa-tesoura, que corta sucata metálica de até 90mm de espessura, e possui uma unidade hidráulica integrada ao equipamento. Investimos constante-mente em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, e cerca de 60% das nossas vendas são focadas em soluções sustentáveis”. Everson Cre-monese, vice-presidente da área de reciclagem na América do Sul da Metso.

“É a primeira vez que participamos e estamos muito satisfeitos. Além de prospectar clientes, nosso objetivo foi mostrar ao mercado que a mar-ca está retomando os investimentos no setor de reciclagem florestal com a linha de guindastes hidráulicos Epsilon, que atualmente representa 10% das vendas da empresa”. Evaldo Oliveira, gerente de produto para reciclagem florestal da Madal/Palfinger.

“A feira nos surpreendeu pela qualificação do público. Apesar da crise, o mercado de reciclagem tem muito espaço para crescer e o produto caçam-ba vem acompanhando esta evolução. Atendemos clientes de diversos segmentos da indústria de sucata, sendo os de madeira e lixo os mais impor-tantes para nossos negócios. Foi a nossa estreia

Por Susi Guedes

e pretendemos voltar no ano que vem”. Nicolas B. Palazzo, diretor da Oficina de Caçambas. “Entramos no mercado brasi-leiro este ano como represen-tante da marca dinamarquesa nos segmentos de reciclagem de pneus, cabos de aço, compo-nentes eletrônicos e alumínio. A Exposucata abriu excelentes contatos com um público real-mente interessado em conhecer nossos produtos”. Luis Carlos Rossi, diretor da Eldan.

“É a primeira vez que parti-cipamos. Estreitamos contatos com os profissionais do setor de reciclagem e temos grandes pos-sibilidades gerar novos negócios daqui a alguns meses”. Oacyr Gava, diretor da Primaplast.

Participantes e visitantes tiveram uma enorme sinergia. Além das informações, bons negócios foram a tônica do evento, que, promovido pela EcoBrasil Editora, tem contribuí-do para o crescimento do setor. Ano que vem tem mais.

Div

ulga

çãoSegmento antes

desconsiderado mostra-se grande gerador de negócios

Equipamentos de grande porte foram apresentados na feira

A Feira Internacional de Tecnologias de Sane-amento Ambiental (Fitabes) ocorreu entre os dias 20 e 24 de setembro, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. Nesse período, o evento recebeu cerca de oito mil visitantes, que puderam conhecer lançamentos, produtos e serviços de 232 expositores, empresas com atividades ligadas a água e esgoto, resíduos sólidos, equipamentos, controle e proteção ambiental.

As discussões levantadas, principalmente as que tratam de novas tecnologias, problemas de investimento e infraestrutura, serviram como base de reflexão, e, além de fazerem o setor pensar em soluções, elas geraram negócios.

Organizada pela Fagga Eventos, a feira se desta-ca como vitrine, segundo Cláudia Leon, gerente da empresa: “Temos várias empresas expositoras que trazem novos conceitos, produtos e equipamentos para o setor. Além de ser uma oportunidade para atualização, qualificação profissional e intercâm-bio comercial, é uma feira pensada também para conscientizar e sensibilizar a população em relação aos problemas do meio ambiente”.

Participar de feiras é uma estratégia muito eficien-te, e muitas empresas as veêm como ferramenta de marketing e fonte de novos negócios. Isso transparece no depoimento de alguns expositores.

“Grande parte das perdas está relacionada ao uso de equipamentos como, por exemplo, válvulas de redes de distribuição, que, quando apresentam imperfeições, podem ocasionar gran-des vazamentos”, explica Carlos Alberto Torres, engenheiro da Saint-Gobain.

“Não só vendemos a nossa tecnologia, mas servimos de consultores. Queremos mostrar para nossos clientes qual é a melhor forma de reduzir

Fitabes 2009

os custos e eliminar as perdas”, diz Bruno Valenti, analista de marketing e comunicação da Itron, fornecedora de medidores de eletricidade, gás, água e calor.

“Nossa tecnologia é própria e esse é o nosso principal diferencial”, conta Sergio Xavier, diretor comercial da Glass Bombas. Além dos produ-tos tradicionais, a empresa apresentou algumas novidades, como a válvula multijato e a válvula esfera para água.

De acordo com Estevão Lopes, gerente de pro-dutos da AVK – empresa de origem dinamarquesa que está no Brasil há dois anos –, estar na Fitabes foi essencial para fazer bons contatos. “É a nossa primeira participação e tivemos a oportunidade de mostrar nossos produtos para muitos clientes em potencial”, afirmou.

De origem francesa e com filial em Pernambu-co, a Sappel apresentou sua linha de hidrômetros. “Trouxemos para a feira o Hydrus, que é um medi-dor volumétrico com sistema de radiofrequência integrado, bem preciso na leitura. Temos também o Altair V4 em composite, medidor volumétrico que suporta altas vazões, permite maior fatura-mento para empresas de água e menor impacto ambiental”, disse Karina Oliveira, assessora exe-cutiva da empresa.

Por Susi Guedes

A Alpina Saneamento, que desenvolve estações compac-tas de tratamento de efluentes, levou para a feira um professor venezuelano da Universidad Ca-rabobo, Rafael Dautant, criador dos DBR (discos biológicos rota-tivos), que possibilitam o reuso da água. “Estudei a tecnologia na Venezuela e a trouxe para o Brasil há seis anos”, comenta.

Para a assessoria de comu-nicação da Beraca, empresa que atua no segmento de tecnolo-gias para água, o Global Service foi a grande inovação levada à Fitabes. Trata-se de uma modali-dade de serviço para tratamento de água já implantada em sete estados brasileiros e que tem como principal triunfo ajudar os municípios a cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, uma vez que toda a tecnologia envolvida não é cobrada, somente o uso do serviço.

Já a norte-americana John-

Div

ulga

ção/

Carlo

s Ber

gNeste ano a cidade escolhida para receber a Feira Internacional de Tecnologias de Saneamento Ambiental foi Olinda (PE)

Acima, cerimônia de abertura do Congresso de Engenharia Sanitária e Ambiental. Ao lado, apresentação de dança tipica e a abertura da feira, com a presença do governador Eduardo Campos e de Cassilda Teixeira, presidente nacional da Abes

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

46

CADERNO DE RESÍDUOS

• Contabilidade em Regime de Outsourcing• Departamento Pessoal• Gestão de Benefícios• Escrita Fiscal• Planejamento Tributário:– Agilização na Homologação/Recuperação de Créditos junto às SRF e Fazenda Estadual– Administração de Passivo Tributário com Precatórios Alimentares

ATENAS CONSULTORIA EMPRESARIALRua José Debieux, 35, Conj. 43 – Santana – São Paulo – SP – Fone: 11-2283-2264

www.atenasconsultoria.com – [email protected]

ECONOMIZE CAPITAL E DEFENDA SEUS DIREITOS!

son Screens levou à feira a linha WHT de bombas helicoidais de superfície Geremia. Os equipamen-tos dessa linha operam com vazão de até 380 m³/h, pressão de até 160 kgf/cm² e com fluidos viscosos e abrasivos a temperaturas de até150 ºC. Eles fo-ram projetados para aumentar o desempenho de produtivo das empresas.

A novidade da PoliControl, empresa que tra-balha no setor de controle de qualidade de águas nas empresas de saneamento básico, foi o Cor

Tristimulus, um equipamento que faz a análise da cor das águas nas estações de tratamento. "Só nos dois primeiros dias da feira, fechamos cerca de 70 pedidos de cotações; esse resultado é importante e mostra que a Fitabes, sendo capaz de atrair um volume tão grande de negócios, se firma como a maior feira do segmento”, declara Raphael Costa, gerente de marketing e vendas da empresa.

Discussões importantes e análises de perspec-tivas para o setor tiveram prioridade nos traba-

lhos do último dia do evento e também no 25° Congresso Bra-sileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. O congresso aconte-ceu junto à Fitabes e reuniu pre-sidentes de sete seccionais da Abes (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambien-tal), além de Cassilda Teixeira, presidente nacional da entida-de. “Abordamos alguns assuntos pela primeira vez, como mu-danças climáticas e gestão de águas urbanas”, conta Cassilda. Todos esses representantes da Abes estiveram presentes com o objetivo de discutir as expectativas para o ramo de saneamento até 2020. “Após assinadas, as moções serão encaminhadas para os devidos ministérios federais. Aposto na aprovação da grande maioria dos projetos dentro dos próxi-mos seis meses”, finaliza.

A próxima edição da Fita-bes é em 2011, em Porto Ale-gre (RS).

Campeonato de operadores

Vista geral do evento

Quando se fala em meio ambiente subterrâ-neo, muitas vezes não se pensa na amplitude da questão. Parece algo distante, sem relação com os assuntos considerados mais relevantes para a preservação da natureza. Engano comum come-tido por leigos.

As indústrias químicas – bem como as que se utilizam de processos químicos na linha de pro-dução – e os postos de combustíveis estão entre os maiores poluidores, mas atividades como a agricultura, a mineração e a construção também podem causar danos ao solo, ao subsolo, aos len-çóis freáticos e aos aquíferos.

De forma consciente ou não, por ação ou por omissão, vários setores acabam afetando o espaço que ocupam – às vezes, até áreas muito maiores. Vazamentos, resíduos de produção, agrotóxicos e afins se infiltram no solo e no subsolo, impactan-do-os negativamente, de maneira leve ou inten-sa, gradualmente ou de maneira súbita. Algumas empresas se preocupam com a prevenção ou com a solução do problema fazendo trabalhos admi-ráveis nesse sentido. Mas, infelizmente, elas ainda são raridade.

Pensando nisso, no compartilhamento de pesquisas e na disseminação de conhecimento, a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas) realizou, de 15 a 18 de setembro, na Fe-deração do Comércio do Estado de São Paulo, o I Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrâneo (Cimas), que contou com mais de 500 participantes. Especialistas de vários estados brasileiros e de países como Canadá, Alemanha, Equador, Colômbia, Espanha, Uruguai e Estados Unidos estavam todos dispostos a discorrer so-bre questões de extrema importância, entre elas, contaminação e diagnóstico de solos e águas sub-terrâneas, legislação, responsabilidades, gestão e políticas de prevenção.

O Brasil está entre os países com maior re-serva subterrânea de água no mundo. Temos sete principais aquíferos: Guarani, Alter do Chão,

Meio ambiente subterrâneo

Cabeças, Urucuia-Area-do, Furnas, Itapecuru e Bauru-Caiuá, todos eles protegidos por boas leis ambientais, mas que pre-cisam ser modernizadas. Elas continuam sendo discutidas e melhoradas, talvez não com a rapidez necessária e desejada, mas poderia ser pior. Há um esforço comum na preservação destes reserva-tórios. Ocorre, porém, que nem sempre a legislação se mostra eficiente, pois a preservação depende também de fiscalização, educação e novas tecno-logias, além de viabilidade técnica, vontade política, mão de obra especializada e investimentos.

A primeira edição des-se congresso internacional se mostrou um excelente catalisador de ideias e solu-ções, bem como multiplica-dor de informações e vitrine de novas tecnologias. Com mais de cem trabalhos aca-dêmicos recebidos e tendo em paralelo a Fenágua, que reuniu empresas e clientes num espaço concorrido e fa-cilitador de negócios, o Cimas foi eficaz em seus propósitos e demonstra a necessidade de se cuidar de cada um dos pontos que se entrelaçam e constituem o planeta que devemos preservar.

Organizado pela Acqua Consultoria, o I Ci-mas teve patrocínio da Agência Nacional de Águas, do Ministério do Meio Ambiente, do Fundo Setorial de Recursos Hídricos, da Capes

Por Susi Guedes

(Coordenação de Aperfeiço-amento de Pessoal de Nível Superior), da Essencis Solu-ções Ambientais, da Geosol e o apoio institucional de mais 26 empresas e organizações públicas e privadas.

Contaminação do solo ocorre de maneira quase invisível

CADERNO DE RESÍDUOSVI

SÃO

AM

BIEN

TAL

• N

OVE

MBR

O/D

EZEM

BRO

• 2

009

48

Mesa diretora da Abas e palestrantes do Cimas

Plateia dos seminários

Fenágua: integração entre empresas e participantes do congresso

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

49

Eventos segmentados tornam-se cada vez mais comuns. O mercado exige isso, e a indústria se prepara e disponibiliza novidades voltadas para o atendimento específico das necessidades de cada segmento e atividade. Um bom exemplo dessa segmentação são as feiras Tubotech e Ter-motech, que aconteceram de 6 a 8 de outubro no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Em três dias, elas receberam16,5 mil visitantes, ocasião em que houve sinergia entre as empresas expositoras e os visitantes em busca de lançamen-tos e soluções direcionadas.

A Tubotech (Feira Internacional de Tubos, Conexões e Componentes) recebeu profissionais das áreas de petróleo, gás, automóveis, cons-trução, infraestrutura e bebidas, bem como dos setores químico, petroquímico, farmacêutico, entre outros. Ela movimentou cerca de R$ 600 milhões em negócios.

Aplicados aos mais variados segmentos, tu-bos, conexões e componentes estão, de uma forma ou de outra, presentes no dia a dia de toda a sociedade, sendo utilizados, por exemplo, na indústria de bebidas e produtos alimentícios, na fabricação de automóveis, aviões e navios, em residências, nos móveis, na condução de petró-leo, gás, energia, água e esgoto, na construção civil e em inúmeras outras áreas.

Tubotech e Termotech

De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Tubos e Acessórios de Metal (Abitam), o Brasil tem capacidade instalada para produzir cerca de 4,3 milhões de toneladas de tubos de aço por ano. Em 2008, a produção foi de aproximadamente 2,2 milhões de toneladas, com faturamento de US$ 5 bilhões – mais de 350 mil toneladas foram vendidas para o exterior, rendendo US$ 679 milhões.

Paralelamente ao evento, aconteceram tam-bém: a Metaltech (Feira Industrial de Tecnologias em Metais), a Expobombas (Feira Internacional de Bombas, Motobombas e Acessórios), a Expovál-vulas (Feira Internacional de Válvulas Industriais e Acessórios) e o Techshow (Jornada de Tecnologia dos Expositores).

Já a Termotech (Feira Industrial de Tecnologias Térmicas), que abrigou ainda a Joterm (Jornada de Atualização em Tecnologias Térmicas), reuniu fabricantes de aquecedores, caldeiras, fornos in-dustriais, revestimentos monolíticos, cerâmicas, resistências elétricas, queimadores, entre outros. Simultaneamente à Termotech ocorreu também a Feigás (Feira Industrial do Gás), objetivando aten-der ao grande número de empresas da cadeia relacionada ao gás industrial. Na próxima edição os organizadores pretendem agregar ainda a Fe-braman (Feira Brasileira de Manutenção).

Movimentando mais de R$ 5 bilhões por ano, o setor dos fornecedores de tecnologias térmicas engloba grande parte das indústrias de base e de

Por Susi Guedes transformação. Na indústria, os processos térmicos aparecem na metalurgia, cerâmica, plásticos, agroindústria, siderurgia, quími-ca, petroquímica, cimenteiras, automotiva em geral, fundição, forjarias, soldagem, entre outras. Na área de serviços, podemos citar hospitais, lavanderias, ho-telaria, termas, beneficiamento de metais e até residências, en-globando desde fogões e aque-cedores até chuveiros e ferros de passar roupa.

O que chama a atenção é que cada vez mais se percebe gran-de preocupação para que essas novas tecnologias tenham apli-cação prática no cotidiano das indústrias e da sociedade, mas que também encontrem pontos de relevância na diminuição do impacto ambiental, seja na fase de produção ou na utilização dos produtos apresentados.

A próxima edição dos even-tos já está marcada para 4 a 6 de outubro de 2011, no mesmo local, certamente trazendo ain-da mais inovações.

Div

ulga

çãoGrande visitação

comprova sucesso de feiras segmentadas

Aconteceu entre os dias 4 e 6 de novem-bro a XI Feira e Seminário Internacional de Meio Ambiente Industrial e Sustentabilida-de (Fimai-Simai). O evento é um dos mais importantes do gênero na América Latina, mostrando ao mercado, profissionais e visitantes, inovações, soluções alternati-vas e as tecnologias mais avançadas em serviços ambientais.

Idealizada e dirigida por Júlio Tocalino Neto, editor da revista Meio Ambiente Indus-trial, a feira deste ano teve público recorde, com 36 mil visitantes e participantes dos seminários, oriundos de todo o território na-cional e também de outros países. Profissio-nais da área ambiental e de setores correlatos foram maioria, mas ações com estudantes se destacaram pela postura generosa de disse-minação de conhecimento.

A presença de autoridades ligadas ao se-tor valida a feira como importante ponto de encontro e de negócios. Estiveram presen-tes, entre outros, a coordenadora da divisão de câmaras ambientais da Cetesb, Zoraide Senden Camicel, o diretor do departamento de meio ambiente da Fiesp, Paulo Dallari, o presidente do Instituto Brasil Pnuma e vice-presidente da ISO/TC207, Haroldo de Mattos Lemos, além do diretor de relações institu-cionais da Abrelpe, Carlos Silva Filho.

A participação internacional foi expres-siva: dez delegações estrangeiras tiveram seus espaços de exposição e também pales-trantes disseminando informações e ideias. Com base na impressionante marca de 870 reuniões e rodadas de negócios, os projetos, produtos e ações interativas resultaram em fixação de imagem e em novos relaciona-mentos e oportunidades.

Cerca de 800 congressistas interessados

Por Walter Prandi e Susi Guedes

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

Novas tecnologias, soluções para sustentabilidade, seminários e debates: responsabilidade ambiental acima de tudo

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

50

XI Fimai-Simai

CADERNO DE RESÍDUOS

no fomento de ações proati-vas no cenário do meio am-biente industrial passaram por 58 palestras sobre melho-ria da qualidade no setor.

Por meio de uma coope-rativa de catadores associa-da, o Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem) manteve uma estação de reci-clagem funcionando durante todo o evento. Em seu semi-nário, destacou a importância de se reaproveitar o lixo.

Em depoimentos, os ex-positores se mostraram sa-tisfeitos com a visibilidade, com os negócios gerados no evento e com as perspectivas futuras, o que confirma o su-cesso da feira.

PALAVRA DO ORGANIZADOR“Apesar da crise global, a feira foi ótima! Teve um crescimento de 18% a 20%, o que já vem acontecendo nos últimos 11 anos. Ao mesmo tempo, estou surpreso com o número de expositores e visitantes

que estão aqui. O seminário também foi ótimo, superou minhas expectativas. Diante disso, reitero minha posição de que o meio ambiente é uma ciência exata com cursos de graduação e pós-graduação; hoje temos engenheiros e gestores ambientais especializados no assunto. O meio ambiente finalmente está sendo levado a sério”. Julio Tocalino Neto, diretor executivo da Fimai-Simai

Em pé, Haroldo Mattos de Lemos, presidente do Instituto Brasil Pnuma e vice-presidente do comitê técnico 207 da ISO

Fabi

o Ta

vare

s

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

52

CADERNO DE RESÍDUOS

“A feira para nós é sempre rentável porque a unidade móvel de educação ambiental se vende por si só; não existem concorrentes e ao mesmo tempo, as empresas precisam disso; esse é o dife-rencial e o retorno é imediato. Além disso,

nossa ideia hoje é mostrar uma casa com produtos sustentáveis já disponíveis no mercado. A Fimai está ótima e esperamos para 2010 uma feira melhor ainda. Tudo que pode ser reaproveitado deve ser reaproveitado para um planeta melhor.”Jean Claudio Pinto, gestor comercial e ambiental do Grupo Dutrafer

“Estamos presentes há 11 anos conse-cutivos na Fimai. Dentro do conceito de tecnologia, criamos um estande feito todo de material reciclável e um painel eletrô-nico contendo uma

TV digital e um sensor: quando os visitantes passam a sacola da nossa marca em frente ao sensor, a TV mostra os ISOs de qualidade que conquistamos. Ao mesmo tempo, estamos muito gratos com o retorno e a curva de crescimento da nossa empresa, que confere com a curva de crescimento da Fimai. Nosso objetivo aqui é trabalhar a marca Bioagri Ambiental”.Gustavo Artiaga, diretor comercial da Bioagri Ambiental

“A feira está muito boa e inte-ressante, com muitos produtos novos para o setor. Viemos ofe-recer o nosso, que é diferenciado no mercado: um triturador que trabalha na compostagem do lixo orgânico”.Billy Oh, representante admi-nistrativo da Burden Business

“Através da Planeta Ambiental, do grupo

Ambitec, trouxemos o transporte de emer-

gência por terra e pelo ar. Isso é interessante

porque oferecemos atendimento a serviços

perigosos, análise de risco em plantas

industriais e transporte multimodal, atendendo às exigências da legislação. Atuamos no Brasil, nos

demais países do Mercosul e na África. Enxergamos a Fimai como uma ferramenta muito eficaz para

prospecção da empresa e para o relacionamento, com um resultado muito satisfatório.”

José Lucio da Silva, diretor comercial da Planeta Ambiental (Grupo Ambitec)

“Nós representamos a Küttner da Alemanha

com escritório em Contagem (MG). Temos trabalhos realizados na

Europa e estamos ten-tando implantar uma

usina de lixo urbano aqui no Brasil. Gostaria

de parabenizar a organização da feira, que está ótima”.

Ricardo Sales Cardoso, engenheiro assistente da Küttner do Brasil

“Estamos trazendo para o mercado brasileiro de análises laboratoriais o PO14 e PO15, que só nós estamos desenvolven-do. Além disso, temos uma parceria com a Consult para realizar-mos análise tóxica lógica. Consideramos

a Fimai uma grande feira; aqui podemos firmar nossa marca, divulgar nossos produtos e fazer relacionamentos que geram novos negócios”.Michel Tognolli, gerente nacional de vendas da Corplab

“Completaremos 10 anos agora em maio, e estamos programando uma grande virada para os próximos 10 anos. Somos uma em-presa que cuida

do gerenciamento e da disposição final de resíduos. Dentro do grupo, contamos com mais seis parceiros, com os quais desen-volvemos estratégias e projetos técnicos para os resíduos gerados pela indústria, comércio e também pelas residências. Nosso trabalho é tentar mudar essa situa-ção negativa do planeta e tornando-o mais sustentável, impedindo que os resíduos não sejam lançados no meio ambiente”.Waltemir de Mello, diretor de comunica-ção corporativa da Estre Ambiental

“Estamos há 38 anos no mercado e trabalhamos com produtos ecológicos para o setor institu-cional, industrial e de construção civil. Além disso, temos também

a Clarus Digital, que realiza modelagem em 3D, aplicações web e interatividade, como treinamentos para segurança do trabalho e redução de gastos; ao mesmo tempo, minimizamos impactos ambientais”. Kleber Marques, da Clarus Tecnology do Brasil

“A Panasonic veio à feira para

mostrar as novas lâmpadas LED

e fluorescentes: elas não contêm

chumbo e emi-tem menos CO2.

A emissão das nossas lâmpadas

fluorescentes é 80% menor em relação às tradicionais, mas elas ainda se encontram

em estudo no Brasil e devem entrar no mer-cado no ano que vem. Já as lâmpadas LED

servem tanto para uso industrial quanto doméstico; uma LED usa 7 watts, enquanto

a tradicional é de 40 watts; então, elas redu-zem o gasto de energia e têm durabilidade

de aproximadamente cinco anos”.Luana Ghelle, analista de produto

da Panasonic Brasil

“É o terceiro ano consecutivo que participamos da Fimai, com a feira crescendo a cada ano e a participação italiana também. A feira está muito bem organizada, oferece toda a estrutura aos expositores. Hoje estamos com dez empre-sas italianas, todas muito satisfeitas. Damos todo o

suporte a elas, desde a Itália até aqui, no Brasil, além da assessoria junto às empresas brasileiras. A Fimai é uma porta de entrada para as empresas italianas, que, mesmo após a feira, continuam mantendo contato, formando essa união entre a Itália e o Brasil por um meio ambiente melhor”.Patrícia Costa de Carvalho, do Instituto Italiano para o Comércio Exterior

“Trouxemos linhas de processamento de

pneus, papéis e lixo, um produto que faz a separação desses resíduos. Fornece-mos o maquinário e, até o momento,

recebemos bastante procura. A feira está

ótima; fizemos muitas parcerias importantes”.Wagner Guido, engenheiro

mecânico da Bano

Foto

s: Fa

bio

Tava

res

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

53

Expositores Fimai-Simai

“Estivemos aqui no ano passado e é bom estar aqui novamente. Esta-mos apresentando metodologias de tecnologia energé-tica para indústria através da energia solar. Somos uma

entidade sem fins lucrativos; nós somente fornecemos as informações. Nossa expec-tativa é que as pessoas tenham interesse pela tecnologia do Japão”.Shoichiro Ozeki, senior staff da Jetro (Japan External Trade Organization)

“A feira está ótima e a expectativa é enorme, pois no segundo dia já estávamos superando nossos objetivos. Nós trouxemos a tecnologia do skimmer passivo; ao mesmo tempo, trouxemos nosso parceiro para palestrar sobre o produto. Essa tecnologia utiliza pouca energia e é altamente eficiente. Daqui para a frente, realizaremos o trabalho em conjunto”.Mauro Banderali , diretor da Ag Solve

“A Mitsubishi entrou em contato com a empresa MMC Automóveis do Brasil para expor a marca e sua nova tecnologia, que é a Pajero V6 Flex. Este veículo emite menos poluentes do que um automóvel comum. A ideia de estar aqui não é só de expor o veículo, mas de mostrar que a Mitsubishi do Brasil também

desenvolve programas sustentáveis na empresa, como a captação da água de chuva para reutilização na fabricação dos carros, o uso de papel reciclado no material de propaganda e divulgação, entre outras atividades com seus funcionários”.Roberto Pavani, do departamento de eventos da Mitsubishi Brasil

“É a sexta vez que participa-mos da Fimai porque enten-demos que é a maior feira internacional do segmento. Nossa presença aqui é para reforçar nosso compromis-so com o meio ambiente. O trabalho da Lwart é a preservação ambiental e a reposição mercadológica,

que é a coleta do lubrificante já utilizado e o rerrefino desse resíduo totalmente prejudicial ao meio ambiente. Nós coletamos 50% do material disponibilizado no País e devolvemos a base para a indústria novamente; atuamos para evitar que esse produto vá parar nos efluentes e na terra. Temos 30 anos de atuação e estamos chegando às áreas mais difíceis do Brasil, que são as regiões Norte e Nordeste. Poder dividir isso na feira é muito positivo.”Eliane Oliveira, gerente de marketing corporativo da Lwart

“A Fimai é muito consis-tente. Nestes cinco anos de participação sempre trocamos informações, encontramos soluções e até futuros funcionários acabamos encontrando aqui. Trabalhamos fa-zendo consultoria com foco nas áreas contami-nadas, principalmente

industriais. Temos uma linha de resultado de qualidade e, ao mesmo tempo, uma equipe de auditoria qualificada no mercado”.Sidney Aluani, diretor comercial da SGW Services

“Nós trabalhamos com processamento de esgoto e saneamento básico. Este produto, o biodrum, é utilizado para aumentar a concentração de bactérias no

processo de aeração. Com a aplicação do equipamento conseguimos aumen-tar a capacidade de tratamento. A feira está ótima; encontramos estudantes

com dúvidas e pessoas procurando tratamento de efluentes industriais”. Celso Fagundes, engenheiro da Proacqua Processos de Saneamento

“A feira está ótima. Estamos divulgando

nossos serviços de tra-tamento de efluentes

industriais através dos processos biológico e químico. Este evento

nos proporciona o relacionamento e a divulgação dos

produtos, além de podermos apreciar novas tecnologias do setor”.

Lívia Baldo, analista ambiental da Opersan

“O objetivo principal da feira é reunir

as empresas para que elas possam

apresentar soluções e inovações para o

meio ambiente, que hoje é um tema de alta relevância no

Brasil e no mundo. A Honda do Brasil está aqui porque

desenvolveu a primeira moto movida a dois tipos de combustível. Essa

novidade emite bem menos poluentes, mostrando que a empresa sempre se

preocupa com o meio ambiente”.Humberto Sagawa, assessor de relações

institucionais da Honda Amazonas

“Estamos participando da Fimai pela sétima vez. Esta aqui, para mim, está

melhor. Como colaborador da Silcon há quatro anos,

encontrei muitos parceiros e amigos do setor. Nós

trouxemos um novo trabalho voltado a áreas

contaminadas e também a de manufatura reversa

de eletroeletrônicos, bem como o tratamento de fitossanitários e da área de saúde,

em que somos pioneiros”.Waldir Magalhães, gerente de marketing da

Silcon Ambiental

“Este ano superou nossas expectativas, tanto que chegamos a realizar 12 confe-

rências no nosso estande, uma posição boa para os próximos meses. A tecnologia

que estamos apresentando aqui é muito utilizada em aterros sanitários na Europa.

Em parte ela substitui o sistema do aterro, reduzindo em aproximadamente 85% a

quantidade de resíduos que vai para o solo. Com relação à feira, já fechamos um

novo estande para 2010”.Osvaldo Novais, diretor da Masias

Recycling do Brasil

Mauro Banderali (à esq) e Bob Beyer, palestrante e diretor da Duran Geo, parceira da Ag Solve nos Estados Unidos

Osvaldo Novais e Raquel Vila, da Masias Espanha

CADERNO DE RESÍDUOSVI

SÃO

AM

BIEN

TAL

• N

OVE

MBR

O/D

EZEM

BRO

• 2

009

54

Atitudes coerentes com seu conteúdo são parte do sucesso da revista Visão Ambiental. A forma como participamos de eventos reflete isso, com espaços modernos, bem cuidados e dentro do conceito de sustentabilidade. Nossa participação na Fimai foi mais uma vez destaque entre empresas do mesmo segmento.

Desta vez o material escolhido foi o vidro. Vitrais da D’Falco decoraram o estande, mos-trando que é possível aliar beleza, criatividade e preservação. Um aquário marinho da Solar Reefs, com peixes e corais certificados, ajudou a compor a decoração. Mais uma vez como publicação interativa e preocupada com a forma de se apresentar ao público.

Durante o evento distribuímos 3 mil exem-plares da revista, uma tiragem extra feita exclu-sivamente para que os visitantes pudessem ter acesso às nossas informações direcionadas, conhecer os trabalhos de consultoria da NR Ambiental – outra empresa do grupo – e fazer o cadastro para receber nossa newsletter. A receptividade a esta ação direcionada foi surpre-endente: agradou a estudantes, pesquisadores, representantes de entidades, autoridades, em-presários e público em geral, que passam agora a ser nossos assíduos leitores.

Foto

s: Fa

bio

Tava

res

Expositores Fimai-Simai

Catadores... Há tantos espalhados pelas ci-dades que, ao vê-los pelas ruas, em seu trabalho solitário, normalmente pensamos de maneira simplista e preconceituosa, colocando-os como homens e mulheres sem opção, ou com pouca condição de mudar seu destino. A Expocatadores conseguiu mostrar o quanto essa ideia é errada, antiquada, pouco inteligente e, até certo ponto, distante da realidade.

Unidos, organizados e fortes, eles realizaram a 1ª Reviravolta Expocatadores 2009, feira tecno-lógica voltada para as associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis da América Latina e Caribe, mas aberta também aos demais interessados no tema.

A impressionante marca de 1,5 mil cata-dores, oriundos de vários estados brasileiros, América Latina e Caribe, se fez presente numa feira que, sem estrutura de mídia, contou com seis mil visitantes, entre empresários, ONGs,

Expocatadores 2009

organizações de fomento, poder público e pes-quisadores ligados aos temas da reciclagem e do desenvolvimento sustentável.

Entre os cerca de 30 expositores, estavam prefeituras, indústrias, entidades financeiras e empresas ligadas ao setor dos resíduos, mostrando soluções interessantes e formas criativas de se lidar com eles. A parte artística ficou por conta da disputada exposição compacta da série Lixo, do artista plástico Vik Muniz.

Muito ativos na concepção e realização do evento, destacam-se o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e a Cooperativa de Reciclagem “Unidos pelo Meio Ambiente” (Cruma), de Poá, que foram os grandes alicerces desta conquista.

O reconhecimento da importância do evento ficou evidente pelas presenças marcantes de autoridades, entre elas, prefeitos, ministros e até o presidente Lula. Muitos acordos, convênios e parcerias foram assinados no intuito de apoiar iniciativas que incentivem o crescimento do setor de reciclagem no Brasil.

Roberto Laureano da Rocha, o organizador da Expocatadores, destacou que o sucesso des-sa primeira edição é um incentivo para que ou-tras aconteçam. É preciso haver disseminação

Por Susi Guedes

Rica

rdo

Stuc

kert

Catadores ocupam seu espaço no próspero ramo dos resíduos

CADERNO DE RESÍDUOSVI

SÃO

AM

BIEN

TAL

• N

OVE

MBR

O/D

EZEM

BRO

• 2

009

56

Wilson Secário (à esq.) e Roberto Rocha, catadores da Cruma, mostram prensa de materiais recicláveis ao presidente Lula

de conhecimento, espaço para divulgação de projetos sociais, iniciativas empresariais e tecno-logias para aprimoramento da gestão da coleta seletiva solidá-ria. A promoção de um diálogo que estimule o desenvolvimento de alternativas mercadológicas para o setor, ajudaria a fomentar o desenvolvimento de políticas públicas de inclusão das organi-zações de catadores nos sistemas oficiais de coleta seletiva.

Sob qualquer prisma que se olhe, o evento se mostrou espetacular. Seu lado social de-monstrou que é possível criar oportunidades de onde menos se espera. Pessoas simples alcan-çam seus objetivos e espaço para se mostrar como empreende-dores, chamando a atenção de investidores, mídia e visitantes. O resgate da cidadania com honra, criatividade e geração de renda, se vê no mais puro conceito de sustentabilidade.

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

57

VISÃO EMPRESARIAL

Juliana Girardelli Vilela

Índice de sustentabilidade Ninguém mais contesta hoje que, para ga-

rantir a perenidade, as empresas devem inserir na sua atuação elementos que considerem o equilíbrio nas relações com diversos grupos de interesse, demonstrando que os sistemas eco-nômicos, sociais e ambientais estão integrados e que não podem implementar estratégias que contemplem somente uma dessas dimensões.

Há alguns anos, iniciou-se uma tendência mundial de os investidores procurarem empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e rentá-veis para aplicar seus recursos. Com isso, índices de sustentabilidade foram criados em escala global para avaliar várias dimensões das relações da empresa com a sociedade, o meio ambiente e os provedores de capital para a empresa.

Diante dessa modificação na forma de percep-ção do valor por parte dos investidores, e como uma iniciativa de vanguarda na América Latina, em 2005 foi criado o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), em parceria com instituições como a Fundação Getúlio Vargas, o Instituto Ethos e o Ministério do Meio Ambiente. O projeto é financiado pela International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial que tem a missão de promover investimentos no setor privado de países em desenvolvimento.

O objetivo do ISE é criar um ambiente de investimento compatível com o desenvolvimen-to sustentável da sociedade contemporânea e estimular a responsabilidade ética das corpo-rações por meio de boas práticas empresariais. Para tanto, sua finalidade é a de oferecer aos investidores uma opção de carteira de ações de empresas reconhecidamente comprometidas com a responsabilidade social e a sustentabili-dade empresarial.

Sua idealização pautou-se na premissa de que o desenvolvimento econômico de um país está intrinsecamente relacionado com o bem-estar da sociedade. Dessa forma, o ISE atua como bench-mark (ponto de referência) para o investimento socialmente responsável, na medida em que se trata de uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas na bolsa.

Para avaliar as ações mais negociadas e in-

JULIANA GIRARDELLI VILELA é advogada da área societária do Peixoto e Cury Advogados – [email protected]

Div

ulga

ção

cluir as empresas que as representam no ISE, a Bovespa utiliza questionários respaldados no conceito denominado Triple Bottom Line (TBL), que considera, em sua mensuração, os recorren-tes elementos ambientais, sociais e econômico-financeiros. Porém, outros indicadores foram acrescidos aos questionários: critérios gerais, critérios de natureza do produto e critérios de governança corporativa.

Assim, o questionário do ISE busca refletir, além das características das empresas, sua atu-ação nas dimensões econômica, ambiental e social, governança corporativa e a natureza de seus produtos.

A questão primordial no estabelecimento e na crescente aplicação desses índices de sus-tentabilidade, entre os quais o ISE, está no fato de que se discute se as empresas que fazem parte deles trazem retornos relevantes aos seus acionistas. Assim como se investimentos em práticas de sustentabilidade são aceitos pelo mercado de capitais. Além disso, avalia-se de que forma a inclusão de uma empresa nesses índices representa acréscimo de valor ao acionista.

O fato é que recentes estudos e pesquisas comprovam que empresas sustentáveis geram, de fato, mais valor para o acionista no longo prazo. No caso do ISE, algumas vantagens pal-páveis são agregadas à empresa que dele faz parte: tornar-se reconhecida pelo mercado como uma empresa que atua com responsabilidade social corporativa; tornar-se reconhecida como uma empresa apta a gerar sustentabilidade no longo prazo; e tornar-se reconhecida como em-presa preocupada com o impacto ambiental das suas atividades. Tudo isso permite que haja consequências positivas na precificação dos seus papéis.

É indubitável que o ISE se constituiu em ins-trumento importante para demonstrar quais empresas, ao modificar suas atuações, foram capazes de transformar o desenvolvimento sus-tentável (e todas as consequências positivas dele advindas) em um comprometimento corporativo inspirado na racionalidade econômica viável de gerar o maior lucro aliado à maior sustentabili-dade possível.

VISÃO ECONÔMICA

Celso Tomé Rosa

Gestão de Ativos Sustentáveis e a Redução no Consumo Energético

No que se refere a gestão de ativos corporativos, as empresas de manufatura estão tomando uma nova direção, que vai além das melhorias na eficiência das operações: a de buscar por reduções drásticas nos custos energéticos e nos demais gastos de serviços que causam dor de cabeça no diretor financeiro.

Os altos custos industriais, como compra de equipamentos, requerem profissionais alocados para funções de manutenção e um trabalho em equipe entre gerentes e operadores para garantir que a vida útil do produto seja prolongada o má-ximo possível. Sob uma perspectiva tradicional de gestão de ativos, a estratégia se traduz numa simples tarefa: a de realizar a manutenção regular, de modo que a equipe seja muito bem aproveitada. Mas, em muitos casos, essa prática é essencialmente reativa, vez que a manutenção se baseia nas espe-cificações apontadas pelo fornecedor ou porque o time responsável começa a cometer erros.

Entretanto, algumas empresas se aprofunda-ram nessa questão (especialmente aquelas em que a interrupção na produção ocasiona sérios problemas, como perdas significativas de material, ociosidade de recursos dispendiosos ou atraso no prazo de entrega) com a implementação de softwares fornecedores de análises que preveem e apontam falhas na gestão de ativos. Com isso, enxuga-se boa parte do pessoal envolvido com inventário, reduzindo os custos de manutenção e mantendo a linha de produção em movimento.

Não faz muito tempo que encontrar meios de diminuir o uso energético está na pauta de muitos empresários, numa demonstração de que seus negó-cios são de fato ecologicamente corretos. Todavia,

logo se percebeu que o caminho até lá seria um tanto quanto tortuoso, principalmente

pela constatação de que com a onda verde viriam custos elevados. Mas

o que era uma vontade virou uma obrigação, e a pressão sobre a redu-ção efetiva de consumo energético passou a ser uma realidade entre as

empresas, que tiveram a difícil tarefa de se adaptar a novos padrões, desfa-

zendo-se de equipamentos antigos.

CELSO TOMÉ ROSA é vice-presidente da Infor Brasil

Com os custos energéticos nivelados, o principal foco de preocupação das empresas passa a ser a re-dução dos gastos operacionais, o que as leva a ado-tar, inclusive, medidas imediatistas de racionamento nos processos de manutenção de equipamentos. O resultado disso? Maior desgaste do maquinário, com a consequente elevação do gasto energético, numa simples equação matemática em que uma produção reduzida que usa mais energia acarretará fatalmente a inflação no custo por unidade de produção.

Para contornar essa situação, muitas companhias vêm investindo cada vez mais na gestão de ativos sustentáveis (GAS), caracterizada pela busca de uma maior eficiência energética. O intuito da GAS é ajudar metalúrgicas e outras fábricas a administrar melhor as condições aparentemente conflitantes de negócios, como a vida útil dos ativos versus a eficiência ener-gética dentro da empresa. Tal gestão inclui quatro fatores de calibragem entre um ativo e uma operação: disponibilidade, desempenho, qualidade e consumo energético. Por meio da GAS é possível obter uma visão global da performance dos ativos da empresa, seja a partir de medidas tradicionais, seja com base no nível de energia que está sendo consumida.

Na prática, esse modelo de gestão pode, por exemplo, aconselhar a troca do filtro de ar condicio-nado com maior frequência, indicando a utilização de um filtro mais caro para que a empresa abaixe os custos de energia da operação em médio prazo. Assim como é possível que o sistema emita alertas em tempo real quando o consumo energético em cada ativo alcance um valor predeterminado, lançando uma ordem imediata de inspeção, que evitará futuras falhas na linha de produção.

A implementação no mundo corporativo de uma gestão efetiva de ativos sustentáveis mostra que a diminuição no consumo energético entre as empresas tem sido em torno de 12%, sem contabi-lizar a economia nos custos de ordem operacional. Se a redução no consumo energético passou a ser uma imposição de mercado, alternativas como a desse novo modelo administrativo revelam-se me-didas consistentes, ao passo que trazem o equilíbrio entre as finanças empresariais e o uso sustentável dos recursos do nosso planeta.

Divulgação

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

58

SEGURO AMBIENTAL

Quando a conscientização não é suficiente, a força da lei pode ser um bom caminho para minimizar os danos ao meio ambiente

A obrigatoriedade resolve?

Por Susi Guedes

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

60

A responsabilidade sobre o meio ambiente é assunto discutido pela sociedade em geral não só quando acontece algum desastre ecológico, seja ele de pequenas ou de grandes proporções, mas perma-nentemente, porque estamos todos preocupados com os impactos causados pela atividade produti-va da indústria ou pelo setor de serviços. Saber de quem é a culpa e como resolver os problemas nem sempre é fácil. Poucas vezes consegue-se encontrar quem assuma e arque com eventuais reparações, até porque há danos irreversíveis e incomensuráveis, o que torna o assunto ainda mais complexo.

Entrar em consenso sobre maneiras de agir, culpa-bilidade, dolo, formas de autuação, legislação e tantos outros aspectos, parece mesmo algo muito difícil. Os empresários argumentam que é impossível produzir sendo tão cerceados; os ambientalistas dizem que é perfeitamente viável aliar produção e preservação; e a sociedade, bombardeada por informações muitas vezes desencontradas, fica sem saber como se po-sicionar, mas chocada e indignada quando assiste a cenas em que pobres animais morrem aos montes em função de derramamento de produtos químicos em rios ou de vazamento de óleo em mares, além de tantas outras cenas tristes a que assiste muito mais vezes do que gostaria.

Pensando nisso, alguns políticos tentam há anos aprovar leis que tornem obrigatório o seguro am-biental, acreditando que, com isso, as empresas se preocupem mais com a natureza, tomem mais cui-dados e precauções, e que, em casos de acidente, o seguro venha a cobrir, mesmo que parcialmente, os altos custos de recuperação dos danos causados, já que alguns são irreversíveis.

Entre o que se pretende colocar como passível de seguro incluem-se o transporte de resíduos, a contaminação do solo, a manipulação de produ-tos químicos, os processos de produção que gerem

risco, entre vários outros. O que se leva em conta, normalmente, são os riscos acidentais e imediatos, mas há também a contaminação e os riscos graduais, muitas vezes invisíveis. Legislar sobre assunto tão vasto e tão cheio de detalhes e vieses implica em muito trabalho.

O Projeto de Lei nº 2.313/2003 trata exatamente disso. Apesar de estar há mais de seis anos tramitando na Câmara dos Deputados, ele ainda aguarda parecer da Comissão de Constituição e Justiça. Há indicações de que será considerado inconstitucional. Se isso se confirmar, políticos, ambientalistas e empresas de seguro terão de buscar uma nova abordagem, já que é preciso progredir nesse aspecto da proteção am-biental. O seguro seria uma ferramenta extremamente importante para as questões preservacionistas.

Na opinião de alguns, talvez a sociedade ainda não tenha entendido a extensão do problema e precise se adaptar a isso; outros consideram a ges-tão preventiva como modelo ideal, mas que apenas ela não basta, porque acidentes são, por essência, imprevisíveis.

Se a obrigatoriedade não for o caminho neste momento, a conscientização certamente é, afinal, não se pode simplesmente “pedir desculpas” diante de fatos muito graves. E se o argumento da indústria e de outros setores produtivos é de que a obriga-toriedade não resolve o problema e ainda onera a produção, quem defende o seguro compulsório o entende como uma forma de buscar recursos mais imediatos e de solucionar problemas acidentais ou resultantes de descaso, problemas esses que afetam a todos, direta ou indiretamente.

Consultamos três pessoas envolvidas nessa dis-cussão: os deputados federais Leonardo Monteiro e Moreira Mendes, além do empresário Fumiaki Oizumi. Leia a seguir o que eles pensam da obrigatoriedade do seguro ambiental. SX

C/M

arci

n Ry

barc

zyk

RVA – Em que fase de tramitação se encontra este projeto, e quais as perspectivas de aprovação plena? Há uma data para isto?

Dep. Leonardo Monteiro – No momento, o PL 2.313/2003 está apensado ao PL 3.876/2008. Encontra-se na Comissão de Constituição e Justiça. A proposta está à disposição do relator, o deputa-do Moreira Mendes (PPS-RO), aguardando parecer para que seja marcada data de votação.

RVA – Houve alguma dificuldade em se colocar o tema em pauta?

Dep. Leonardo Monteiro – Sim, as dificulda-des são as mesmas para os temas polêmicos que envolvem interesses diversos e que se relacionam com as riquezas do nosso País. Alguns setores do empresariado justificavam, à época, que o pro-jeto implicaria em mais custos para as empresas. Mas, após debater a proposta de maneira mais aprofundada junto aos empresários, consegui-mos sensibilizá-los no sentido da importância da matéria e sua aprovação.

RVA – Quais os pontos mais relevantes deste projeto?

Dep. Leonardo Monteiro – A proposta tem grande alcance social e ambiental. No âmbito do meio ambiente, o PL garante a recuperação dos danos causados à natureza. Já pelo ponto de vista social, as empresas terão a possibilidade de quitar suas multas sem precisar fechar as portas, resguardando o emprego dos trabalhadores. Por exemplo: você tem uma empresa de médio porte que emprega 400 funcionários. Se acontece um acidente ambiental e a multa for muito pesada,

essa empresa vai ter que fechar, porque ela não vai conseguir pagar a multa. Aí você cria outro proble-ma social. Porque se a empresa decreta falência, os 400 funcionários vão ficar desempregados. Com o seguro ambiental, diante da ocorrência de acidente, e obedecidas as condições contratuais, os danos ambientais serão cobertos e a empresa continuará vivendo.

RVA – Considera que as empresas poluidoras estão preparadas para entender e absorver a ne-cessidade deste seguro obrigatório? Que tipo de resistência tem havido?

Dep. Leonardo Monteiro – Sim. A questão do desenvolvimento em bases sustentáveis demanda desafios para todos os setores da sociedade. Está relacionada diretamente à maneira como vamos projetar o nosso futuro e de como vamos lidar no presente com um tema tão importante quanto crítico para o Brasil. A aplicação de dispositivos legais sobre a responsabilidade civil em matéria ambiental nem sempre é simples. Toda nova le-gislação, além de refletir a conjuntura e estágio de desenvolvimento de uma sociedade, sempre traz a necessidade de um período de adaptação para esta mesma sociedade e em especial para os setores diretamente envolvidos.

RVA – Considera que as seguradoras estejam aptas a atender as necessidades de cobertura, bem como analisar adequadamente os riscos e efeitos de uma gama tão grande de possíveis acidentes ambientais? Haverá algum tipo de orientação neste sentido?

Dep. Leonardo Monteiro – As companhias seguradoras que participaram das audiências públicas sobre o PL entenderam como viável a implantação do seguro, uma vez que, diante da aprovação, estaria criado um grande mercado

para o segmento. Nesse senti-do, o Instituto de Resseguros do Brasil tem papel relevante na formulação da proposta para sua implementação. Trabalha-mos a melhoria do texto em nosso relatório indicando dois pressupostos para o avanço da proposta, que são: a razoabilida-de e a responsabilidade objetiva. Transferimos a responsabilidade de indicar as condições e os tipos de empreendimentos sujeitos à obrigatoriedade para o órgão responsável pelo licenciamen-to ambiental. Isso seria feito de acordo com o potencial de da-nos à natureza, o porte e as pro-babilidades de acidentes para cada caso. Ou seja, nem todas as empresas estarão sujeitas à obrigatoriedade do seguro. Uma empresa de pequeno ou médio porte, por exemplo, e com ativi-dades com riscos reduzidos de danos ambientais, estaria fora do alcance deste projeto de lei.

RVA – Como a sociedade tem recebido as notícias desta mo-vimentação política em direção ao cuidado com o planeta?

Dep. Leonardo Monteiro – Essa é uma proposta atual, que retrata a mudança de comporta-mento das pessoas com relação ao meio ambiente. Há poucos anos atrás, as empresas quando VI

SÃO

AM

BIEN

TAL

• N

OVE

MBR

O/D

EZEM

BRO

• 2

009

61

Vice-presidente da Comissão de Meio Ambien-te e Desenvolvimento Sustentável, coordenador do Núcleo de Meio Ambiente da bancada do PT na Câmara e da Frente Parlamentar em Defesa da Bacia do Rio Doce, o deputado federal Leonardo Monteiro (PT-MG) é também autor do Projeto de Lei nº 5.226/2009, que dispõe sobre a proteção das florestas e outras formas de vegetação. Sua luta em defesa das riquezas naturais é marcada por inúmeras ações.

O parlamentar apresentou em 2004 oito emendas – todas elas rejeitadas e arquivadas – ao Projeto de Lei nº 2.313/2003, que acrescen-ta à lista de seguros obrigatórios o seguro de responsabilidade civil do poluidor, pessoa física ou jurídica que exerça atividades econômicas potencialmente causadoras de degradação am-biental, por danos a pessoas e ao meio ambiente em zonas urbanas ou rurais.

Div

ulga

ção

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

62

se instalavam não tinham grandes preocupações ambientais. Hoje, os próprios empresários têm em mente essa preocupação. As pessoas têm criado uma conscientização ambiental, e isso ajuda na aprovação do PL. A criação do seguro de responsabilidade civil por poluição certamente constituirá um instrumento extremamente útil para a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente.

Tramita, ainda, na Câmara o PL 5.226, de 2009, que “dispõe sobre a proteção das florestas e outras formas de vegetação”, de minha autoria. Esse pro-jeto objetiva reforçar de maneira significativa os debates sobre a atualização e o aperfeiçoamento da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal), com as alterações feitas por normas posteriores, em especial a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001. Pretende-se consolidar os dispositivos normativos existentes, bem como introduzir novas questões atinentes à conservação e uso dos remanescentes de vege-tação em todos os biomas nacionais.

Acredito que é preciso debater com profun-didade, consistência técnica, visão ecossistêmica e responsabilidade as normas nacionais que re-gulam a proteção das florestas e outras formas de vegetação, assim como qualquer forma de preservação do meio ambiente.

RVA – Deseja passar alguma informação extra ou fazer alguma outra consideração sobre o assunto?

Dep. Leonardo Monteiro – O seguro ambien-tal está em consonância com o que acontece no plano internacional. Nos Estados Unidos, França e Suécia, por exemplo, pôde-se observar que, além de assegurar os recursos para que a reparação do dano seja efetivada, a aplicação do seguro aponta para a vantagem adicional das seguradoras co-locarem-se em vigilância para que os segurados não incidam em comportamentos motivadores de dano ambiental.

Estamos trabalhando para fazer com que haja maior celeridade no andamento deste PL, para assim colocar a proposta na pauta de votação da Câmara. É preciso lapidar mais a proposta e torná-la adequada à questão, contemplando a legislação ambiental do ponto de vista de garantir o seguro e contemplar também o interesse das empresas, por-que temos que pensar no ponto de vista econômico, nada que vá estrangular a empresa. Precisamos das empresas para gerar desenvolvimento, emprego e renda para a nossa sociedade.

“Analisando o PL 2.313/2003, verifico si-milaridade com outros projetos que já foram considerados inconstitucionais em outras situa-ções, como é o caso do Projeto de Lei 937/2003. Diante disso, em analogia ao mesmo, minha análise e parecer permanecem no sentido da inconstitucionalidade, injuridicidade e falta técnica administrativa.

SEGURO AMBIENTAL

Não vejo no momento ma-neira de se aprovar tal projeto, uma vez que, a meu ver, não se pode obrigar empresas a contra-tarem tais serviços, pois além de isso onerar a produção, há tantos detalhes e possibilidades que eu sinceramente não creio que se possa legislar sobre o tema de maneira justa. Quem desejar contratar serviços de seguro na categoria de responsabilidade civil, poderá fazê-lo, como já tem sido feito, mas tornar isso obri-gatório, não considero cabível no momento.

Apesar dos avanços, acho que muito há que se caminhar ainda e que a sociedade e o se-tor produtivo não estão prepa-rados para mais um ônus. Não sou contra a conscientização e a preservação, mas há de se ter cuidado com os exageros para que não se coloque quem pro-duz numa situação indevida. Por esses motivos, meu posiciona-mento agora é contra o Seguro Ambiental Obrigatório. ”

Rubens Moreira Mendes Filho é agropecu-arista e advogado militante no Estado de Ron-dônia desde 1972. Na Câmara dos Deputados, é vice-líder do PPS e membro titular da Comis-são de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural. Atua também, como suplente, nas comissões de Constituição, Justiça e Redação, de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, de Fiscalização Financeira e Controle, de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, de Turismo e Desporto, e de Meio Am-biente e Desenvolvimento Sustentável. Preside atualmente a Comissão Especial para debater o Projeto de Lei nº 3.555/2004, que trata dos res-seguros no Brasil, a Comissão Especial do Código Florestal, e a Subcomissão de Intermediação de Conflitos Agrários.

Moreira Mendes é também vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária para a Re-gião Norte e representante do ramo agropecuário na Frente Parlamentar do Cooperativismo.

Agên

cia

Câm

ara

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

63

RVA – Com relação ao projeto de lei que trami-

ta na Câmara dos Deputados, as empresas de seguros

estão preparadas para atender a essa demanda?

Fumiaki Oizumi – Corretoras e seguradoras

que desenvolverão ou que já estão desenvolven-

do esse tipo de serviço têm sim a capacidade de

atender a essa demanda; as corretoras mantêm em

seus quadros de funcionários executivos muito bem

treinados, no Brasil e no exterior, justamente para

isso. Esse projeto de lei é resultado de uma nova

consciência existente, de conciliar o desenvolvimento

econômico e a preservação do meio ambiente.

RVA – Qual a postura atual dos empresários para

tratar do assunto? Acha que com a lei vigorando

essa postura sofreria algum tipo de mudança?

Fumiaki Oizumi – Atualmente, os dirigentes

de empresas já conscientizam seus funcionários

por meio de palestras e cursos, incluindo o seguro.

Como disse anteriormente, a lei é consequência de

uma nova mentalidade de preservação do meio

ambiente. Grande parte dos empresários já estão

preocupados com isso porque, se não estiverem,

os clientes não comprarão seus produtos. O dano

à imagem tem um custo

muito grande, e o se-

guro visa a dar uma

proteção a prejuízos

financeiros decor-

rentes do dano ao

meio ambiente.

RVA – Já existe algu-

ma modalida-

de específica de seguro ambiental, ou são adap-

tações de outros já existentes? O que diferencia

um seguro ambiental dos demais seguros?

Fumiaki Oizumi – O mercado já esta comer-

cializando o seguro de RC (responsabilidade

civil). É lógico que, à medida que o tempo passa

e maior é o numero de empresas que contrata-

ram o seguro, as adaptações surgem conforme

as necessidades.

RVA –Que empresas ou entidades costumam

procurar esse tipo de seguro? Quais entrariam

na classificação compulsória no caso de o projeto

virar lei?

Fumiaki Oizumi – Estão segmentadas em:

alimentação, automobilística, celulose e papel,

farmacêutica, hospitalar, metalurgia e siderurgia,

mineração, petroquímica, química, têxtil e utilities.

No principio, entrariam no compulsório as empre-

sas do ramo químico, petroquímico, metalúrgico

e siderúrgico, de mineração e de celulose e papel.

As demais entrariam numa segunda etapa.

RVA –Quais as bases para se mensurar custos

de contratação dos serviços de uma seguradora

nesses casos?

Fumiaki Oizumi – A matéria-prima para

a contratação desse seguro é a informação

prestada pelas empresas aliada a uma análise

de campo bastante detalhada para qualifi-

car e quantificar o risco, feita por especialistas

das corretoras de seguro e das seguradoras.

RVA – Qual a abrangência desse tipo de apólice,

qual a cobertura? Há detalhes e particularidades

que mereçam ser destacadas?

Fumiaki Oizumi – Abrange todo o território

nacional com coberturas para perdas e danos

decorrentes de poluição de qualquer tipo – de

origem acidental, de caráter súbito ou gradual –,

em relação a terceiros ou às propriedades e ati-

vidades do segurado, e, ainda, ao meio ambiente

da forma mais ampla.

RVA – Como se dá a análise de riscos? Que tipo de

profissionais são contratados para essa análise?

Fumiaki Oizumi – A análise de risco é feita

por peritos e profissionais da área: os engenheiros,

geólogos e oceanógrafos.

RVA – No caso de um desastre ecológico de

grandes proporções, a imagem da empresa é

também muito afetada. Quais

ações se fazem necessárias

para recuperar a credibilida-

de? Há algum tipo de cober-

tura para que a empresa possa

fazer esse trabalho?

Fumiaki Oizumi – O segu-

ro visa a reparar prejuízos finan-

ceiros causados por esse tipo de

acidente. O custo para recuperar

a imagem de uma empresa é

uma parte muito pequena do

total para recuperar os prejuí-

zos de um desastre ecológico. O

dano à imagem não está cober-

to, mas os relatórios de análise

de risco e sugestão de proteção

preparados pelas corretoras e se-

guradoras vão ajudar – e muito

– as empresas a prevenir esses

desastres. Como se diz, “prevenir

é o melhor remédio”.

RVA –Há alguma pesquisa sobre

o crescimento da procura por

esse tipo de seguro?

Fumiaki Oizumi – Aqui no

Brasil a demanda está aumen-

tando dia a dia. É lógico que,

em mercados como a Ásia, os

Estados Unidos e a Europa, o

número de apólices emitidas já

é bem grande.

RVA – Existe algum tipo de su-

porte, programa ou orientação

por parte das seguradoras no

sentido de prevenir acidentes

ambientais?

Fumiaki Oizumi – Sim. Algu-

mas seguradoras, nas inspeções

de riscos das fábricas ou indús-

trias, orientam os gerentes e res-

ponsáveis sobre a importância

da prevenção ambiental, a exem-

plo do que acontece hoje com os

relatórios preparados por corre-

toras e seguradoras na análise de

risco de incêndio e outros riscos,

os quais são de importante valia

para ajudar o empresariado na

prevenção .

Fumiaki Oizumi, da Jet Seguradora, empresa que estuda o tema que já se adaptou para aten-der a essa demanda específica, mesmo que o PL 2.313/2003 não seja aprovado.

Div

ulga

ção

EcoSoftware Sistema de Administração

de ResíduosAumente o lucro diminuindo as perdas

SEJA ECONÔMICO, GERENCIE OS RESÍDUOS DA SUA EMPRESA.AUMENTE SEUS LUCROS COM SUSTENTABILIDADE

A NR Ambiental em parceria com a EcoSoftware trazem ao Brasil o SAR - Sistema de Administração de Resíduos.

Esta inovadora ferramenta, já amplamente testada e utilizada em grandes indústrias da América Latina, permite o gerenciamento eficaz

dos resíduos produzidos na operação da empresa. Desenvolvido especialmente para atuar nas áreas de Mineração

e Petróleo, Indústria e Hospitais, esta ferramenta simplifica o gerenciamento de resíduos, disponibilizando a informação

de forma precisa e em tempo real. Utilizando a Internet, o sistema permite que toda a informação,

adquirida onde a empresa e suas subsidiárias estiverem, possa ser acessada de forma centralizada, a partir de qualquer computador

conectado à rede mundial. Toda a informação é apresentada de forma consolidada, através de relatórios customizáveis desenvolvidos por profissionais experientes e atuantes da área. O sistema possui ainda interface para exportar estes dados para a sua planilha eletrônica. Resíduos em excesso significam desperdício de matérias-prima ou

insumos. O SAR permite que se conheça de forma direta a quantidade de resíduos produzida em cada etapa do processo de sua empresa, e

assim identificar processos pouco eficientes. Esta poderosa ferramenta, possibilita ainda a emissão de formulários

necessários para o correto transporte de resíduos perigosos.Evite problemas com a fiscalização dos órgãos Ambientais. Com o SAR, todo o histórico do resíduo, desde a produção

até correta destinação final, estarão acessíveis em segundos! Mapear a geração de resíduos, em cada etapa do processo

produtivo, é fundamental para a implantação das normas de certificação ISO série 1400. Neste sentido, o SAR é um forte aliado

na certificação de sua empresa. Permitindo ainda uma redução drástica de custos de certificação, pois toda a informação esta

disponível e organizada segundo as melhores práticas do mercado. Disponível em português, espanhol, inglês e japonês.

A NR ambiental oferece também todo o treinamento necessário para a efetiva implantação do sistema em sua empresa.

Agende uma demonstração sem compromisso e faça parte desta nova economia, com sustentabilidade e lucros!

REPRESENTANTE EXCLUSIVO NO BRASIL

Tels. (11) 2283-2264 ou (21) 4063-7623e-mail: [email protected]

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

66

Essa é a “palavra da moda”, associada a quase tudo. Ligá-la a assuntos corporativos passou a ser quase uma obrigação

Sustentabilidade

Entender o significado da palavra “sustenta-bilidade” e colocá-lo em prática virou um desafio dentro do mundo empresarial, encarado por al-guns com seriedade e por outros apenas como ferramenta de marketing.

A maneira como o mercado entende e pratica a sustentabilidade tem sido tema de discussões, tornou-se preocupação constante no mundo dos negócios, afinal, para crescer é preciso consciên-cia ambiental, e as empresas que não tiverem essa percepção correm o risco de passar uma imagem distorcida, de descaso ou de “inimigos” do planeta.

Diante das questões que se colocam em torno do assunto, empresários e responsáveis por go-vernança e estratégia são muitas vezes obrigados a enfrentar dilemas em suas escolhas e posturas. Esse é o tema de nosso debate nesta edição, em que três pessoas de diferentes áreas profissionais têm suas opiniões cruzadas. É uma forma de in-centivar a reflexão e, mais importante, a ação.

O que você entende como “sustentabilidade”? Sua forma de pensar se reflete em suas ações e atitudes pessoais e empresariais?

Caco de Paula – Para mim, sustentável é a ação com pensamento de longo prazo, é a utilização racional de recursos hoje, de maneira que esses recursos continuem disponíveis para as próximas gerações. Na minha vida pessoal, procuro incluir critérios de sustentabildiade, como procurar re-pensar a forma como fazemos as coisas, reciclar e reutilizar mais, ter mais consciência no consumo. No trabalho, através das experiências do Planeta Sustentável, temos conseguido nos dedicar à produção de conteúdos e ações relacionados à sustentabilidade a ponto de já termos registrado um aumento de percepção de consciência e de mudança de atitude por parte de nossa audiência, que é de 13 milhões de pessoas.Déborah Ascenção – Sustentabilidade é fazer o melhor para nós e para o meio ambiente, tanto nos dias atuais como no futuro. É a preocupação com o nosso meio ambiente, como a reciclagem do lixo, utilização correta do consumo de água, uso consciente da energia elétrica, etc. Eu transfiro essa conscientização e preocupação ambiental para tarefas que exerço no meu dia a dia.Thiago Schwarz – Para falarmos de sustentabili-dade é preciso ser específico. Empresarialmente, defino sustentabilidade como um conjunto de ações e ideias focadas no ecologicamente correto e viável, socialmente justo e aceito, que preser-vem ao máximo o ambiente e permitam extrair recursos e matérias-primas que retornem sob a forma de benefícios para todos os envolvidos. Educação e informação, portanto, são ferramen-tas importantíssimas nesse processo.

Sua empresa tem algum projeto específico que tenha relação direta com sustentabilida-de? Se sim, qual? Déborah Ascenção – A Apoema, empresa de produtos de higiene pessoal e cosméticos da qual sou garota-propaganda, é totalmente adep-ta da sustentabilidade. Ela utiliza na formulação de seus produtos matérias naturais e orgânicas, ativos sem corantes artificiais, sem parabenos (substâncias cancerígenas) e com base 100% vegetal. Nenhum de seus produtos são tes-

tados em animais ou contêm matéria-prima derivada deles. A Apoema é parceira do San-tuário Ecológico “Rancho dos Gnomos”, que valoriza a fauna silvestre, a preocupação e o cui-dado com animais em situação de risco ou maus tratos.Thiago Schwarz –Na By Art De-sign temos como meta a econo-mia máxima de matéria-prima. E, por economizarmos recur-sos naturais, ganhamos maior competitividade no mercado. Para que tudo isso aconteça, é necessário formar uma equipe engajada que, além de saber que é preciso economizar para ser competitivo, tenha consciên-cia ambiental e saiba que aquela economia será transformada em recursos no caixa da empresa. Esses recursos, por sua vez, serão devolvidos ao colaborador atra-vés de prêmios, gratificações ou novos benefícios. Mas somente isso não basta. Também preciso trabalhar e estar atento aos insu-mos e matérias-primas que são usados no parque fabril.

Muitos acreditam que as ati-vidades e projetos ligados a sus-tentabilidade adotados pelas empresas tenham apenas inte-resse estratégico, visando lucros financeiros ou de imagem, deixando de lado a verdadeira conscientização ambiental. O que pensa sobre isso?Caco de Paula – Na minha opi-nião, as medidas mais eficazes e duradouras são justamente aquelas que fazem parte da estratégia. Se não fizerem, aí é

Por Susi Guedes

DEBATE VIRTUAL

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

67

Sustentabilidade que está o problema, pois ficam dependendo de um voluntarismo completamente dissociado de maiores compromissos. Ou seja, a abordagem econômica da discussão e ação sobre sustentabi-lidade não é um problema, mas sim uma solução. Se as saídas para a sustentabilidade não tiverem sustentação econômica, podem se tornar apenas declaração de boas intenções. As empresas que conseguem ser mais consistentes nessa área são justamente aquelas que têm a sustentabilidade como parte de sua estratégia.Déborah Ascenção – Acredito que pessoas que realmente se preocupam com o bem-estar do próximo e com a preservação da natureza fazem isso de coração, por acreditarem na causa e por realmente desejarem um futuro melhor para as próximas gerações.Thiago Schwarz – Desde que o empresário te-nha interesse, hoje já é possível trabalhar com os mais diversos tipos de materiais reciclados ou, pelo menos, recicláveis – com qualidade muitas vezes superior e a custos razoáveis. Há também uma parcela de consumidores bem informados que procuram, compram e exigem produtos ecológica e eticamente corretos. Por-tanto, sustentabilidade precisa ser uma filosofia e um modus operandi empresarial.

Hoje, há muitas formas de se incentivar ou induzir uma empresa a ter ações sustentáveis – índices do mercado financeiro, pressão da sociedade, imagem institucional, preferência de investidores etc. Acredita que se não houvesse nada disso as empresas estariam preocupadas da mesma forma?Caco de Paula – Como já disse antes, ou a sus-tentabildiade faz parte da estratégia da empresa, ou será uma brincadeirinha. Muitas empresas iniciam a integração de conceitos sustentáveis em suas linhas de produção e serviços por mo-tivos variados. Podem começar por convicção ou por conveniência. É absolutamente legítimo procurar a sustentabilidade para buscar maior aceitação de mercado, cedendo a uma pressão social. Enquanto a questão da sustentabilidade não era percebida no bolso, creio que pesava menos nas decisões das empresas. Déborah Ascenção – Acredito que preocu-pações e cuidados como a sustentabilidade devam ser obrigação de todas as empresas. É com a preservação ambiental do país que será possível garantir um futuro mais saudável para todos, independentemente de qualquer fator influenciável.

Thiago Schwarz –A By Art Design é uma em-presa pioneira; fabricante de móveis em acrílico, confecciona linhas próprias e peças assinadas por grandes nomes do design mundial. Pouca gente consegue perceber que o acrílico pode ser reciclado; no processo chamado craque-lação, ele é queimado e reutilizado. Apesar de encarecer o produto, a diferença no resultado final das peças é imperceptível. A By Art Design também desenvolve peças com madeiras certifi-cadas, e faz tudo isso por consciência ecológica, independente de incentivo, mas sem deixar de lado a qualidade e os princípios que regem o meio empresarial.

O tema sustentabilidade passou a ser abran-gente, com ramificações sociais, ampliando o sentido da palavra, o que implica em novas formas de pensar e agir diante de situações em que sustentabilidade esteja envolvida. Como encara o assunto? Acredita que haja necessa-riamente um viés social na questão?Caco de Paula – Sem dúvida que há um viés social. Na verdade, a discussão econômica e a discussão ambiental são um pano de fundo para uma ques-tão que é essencialmente social. Sustentabilidade tem a ver com aceitação, inovação, mudança, emprego, renda, democracia. Creio que hoje há um compreensível protagonismo da questão am-biental nessa agenda, em função das mudanças climáticas e da emergência da COP15. Déborah Ascenção – Acredito que podemos tirar o melhor proveito dessa situação. A sus-tentabilidade social é um assunto que vem cres-cendo nos últimos anos e a sua conscientização está cada vez mais abrangente. Por que não seria um momento propício para termos novas ideias e formas de pensamento e colocá-las em prática? Acredito que caminhamos juntos com uma modernidade social, ambiental e cultural e devemos sim praticar o bem sempre.Thiago Schwarz – Sustentabilidade é uma atitu-de que demanda estudo, esforço e boa vontade, mas que, por outro lado, também pode oferecer retorno financeiro e alinhar definitivamente a empresa que adota essa postura aos novos tempos – isso de uma maneira eticamente e socialmente responsável. O projeto que temos e que todos deveriam ter é o de esquecer ve-lhas verdades que já não mais existem, do tipo: material reciclado é de segunda ou não é eco-nomicamente viável. Empresas modernas fazem acontecer e transformam seus processos a fim de utilizarem materiais renováveis.

Thiago Schwarz é engenheiro químico e diretor comercial da By Art Design

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Se o leitor desejar responder às mesmas perguntas, elas estão em nosso site e ficarão disponíveis até o lançamento da próxima edição.

Déborah Ascenção é atriz e parceira da Apoema Cosméticos

Caco de Paula é publisher do Planeta Sustentável, projeto liderado pela Editora Abril e patrocinado pelo Banco Real (Grupo Santander), CPFL, Bunge, Sabesp e Petrobrás

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

68

VISÃO PEDAGÓGICA

Welinton dos Santos

Profissões verdes

Vários novos campos de atuação começam a surgir. Onde antes havia intenções, hoje já existem realidades. Os agentes ambientais nos mais varia-dos segmentos empresariais fazem necessários um novo perfil funcional, em que o conhecimento formal ou informal tem valor prático.

A flexibilidade no tratamento da questão é importante para a nova realidade.

A permacultura é um exemplo que tem mais de 10 mil praticantes e 220 professores trabalhan-do em tempo integral. Consiste em uma nova área de trabalho, onde se busca substituir culturas como as de soja, trigo e milho, responsáveis por grande parte do desmatamento mundial, por sistemas de florestas produtivas. Foi observando e imitando as florestas naturais que se detectou ser possível criar sistemas produtivos com certa estabilidade e ainda recuperar o ecossistema. Outras informações podem ser obtidas no site www.cca.ufsc.br/permacultura/.

Tecnólogos e engenheiros ambientais, coor-denadores de meio ambiente e de projetos de responsabilidade social, auditores de qualidade, direito ambiental, direito minerário, gestores socioeducativos ambientais, técnicos de energia solar e de energia eólica, professores de educação ambiental... Esses são alguns exemplos de pro-fissionais e de especialidades que estão sendo requisitados pelo mercado de trabalho.

Geólogos, contadores ambientais, biólogos, ecólogos, consultores ambientais, cientistas am-bientais, monitores de ecoturismo, engenheiros agronômicos, urbanistas, técnicos de agronomia, instaladores de painéis solares... O segmento de energia solar está empregando quase 800 mil pessoas ao redor do mundo.

Engenheiros de alimentos, nutricionis-tas, biomédicos, geneticistas, tecnólogos de criogenia (ramo da físico-química que estuda tecnologias para a produção de temperaturas muito baixas), coordenadores de projetos, ad-ministradores de infossistemas (consultores

de sistema de informações especializados em análise de processos), técnicos de desenvolvi-mento químico (em processos de fabricação de sabão biodegradável, entre outros), técnicos e engenheiros para desenvolvimento e exploração da biomassa na agricultura, profissionais da área de energias alternativas, biotecnólogos (controle de pragas, nanotecnologia, fertilização in vitro, biodiversidade, etc.), climatólogos... A demanda por esses profissionais também está crescendo muito.

Existem ainda profissões inusitadas e diferen-tes, mas que são ecologicamente corretas, como: árbitro de conflitos, coach, coffeetender ou barista (especialista em bebidas provindas do café), de-gustador, gestor de responsabilidade sócio-am-biental, mediador de mídias sociais, trendspotter (caçador de tendências), enólogo, geneticista, auxiliar médico, optometrista, assistente social, médicos de diversas áreas, florista, paisagista, pla-nejador instrucional (produz e-learnings), hostess (recepcionista mais qualificada de restaurantes requintados), aromista, dentre outros.

Outras ocupações: técnicos florestais, técni-cos em manipulação farmacêutica, técnicos em produção, conservação e de qualidade de alimen-tos... De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), existem mais de três mil ocupa-ções profissionais no País, mas a tendência é que surjam inúmeras novas profissões verdes, com a consequente extinção de empregos relacionados a tecnolo-gias ultrapassadas ou que provoquem grande impacto ambiental.

O nível de abrangência das ca-pacidades individuais e coletivas é que determinará as futuras ocu-pações profissionais, que serão sempre baseadas na realidade do respeito à natureza e ao homem para a conquista da sustentabilidade.

Profissões passam por mudanças no momento em que a sociedade começa a refletir sobre o desenvolvimento sustentável

WELINTON DOS SANTOS é economista e psicopedagogo,membro da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura, delegado de Economia de Caçapava, palestrante, conferencista nacional ecolaborador de projetos sociais

Div

ulga

ção

• GESTÃO DE RESÍDUOS• TECNOLOGIA• SUSTENTABILIDADE

REVISTA

[email protected]

Sustentabilidade,

preservação

ambiental e

responsabilidade

social numa

comunicação

integrada

Revista

Visão Ambiental:

opção de mídia

direcionada

e especializada

UMA PUBLICAÇÃO DA

Conteúdo diferenciado e design moderno

valorizam nossos

anunciantes

Para anunciar: (11) 2659-0110(21) 4063-7623

Ostra ao bafo, gratinada, frita, assada. Recei-tas requintadas ou mais simples atiçam o paladar de quem aprecia um bom fruto do mar. Mas, se a ocasião permite o trocadilho, o cultivo de moluscos não é moleza! Desde a produção das sementes até a comercialização, esses animais passam por etapas que exigem muito esforço e atenção dos maricultores.

A produção comercial de ostras no Brasil começou na década de 70, no Rio de Janeiro, com a introdução de uma espécie original do Oceano Pacífico, a Cassostrea gigas. “É uma espécie exótica. É a mais cultivada em todo o mundo porque é a que cresce mais rápido e tem um valor agregado maior por ter uma con-cha externa mais bonita”, explica David Freitas Carriconde, gerente de produção da fazenda marinha Ostra Viva, localizada no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis.

O desenvolvimento de sementes dessa ostra no município começou em 1987, com a mani-

pulação dos animais pelo Laboratório de Mo-luscos Marinhos (LMM) da Universidade Federal de Santa Catarina, que abastece os produtores locais até hoje.

No Brasil, Santa Catarina foi onde a ostrei-cultura ganhou maior destaque, tornando-se uma atividade econômica importante para os municípios que a desenvolvem e para as comu-nidades onde a prática virou tradição. Por suas características climáticas e geográficas favorá-veis, o estado responde por cerca de 90% da produção nacional, de acordo com o Sebrae-SC. Florianópolis concentra a maior parte do cultivo.

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

70

Ostreicultura

O cultivo de moluscos pode trazer muitos ganhos para a sociedade e para o meio ambiente

Importância econômica e sustentabilidade

Por Arielli Secco

Lanterna: estrutura onde as ostras permanecem durante o desenvolvimento

Ostras prontas para comercialização

Vieira, espécie de molusco cultivado na Ostra Viva

Jairo Souza Cunha, Mara Viviane, Bernadete Batista e Ana Regina Dutra na Fenaostra

Foto

s: Ar

ielli

Sec

co

ECONOMIA

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

71

Dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) dão conta de que, em 2008, a cidade comercializou 1.177 toneladas de ostras (53% da produção estadual), seguida por Palhoça, com 840 tone-ladas, e São José, com 100 toneladas.

Os sistemas de cultivo utilizados no estado são três, e variam de acordo com as caracte-rísticas de cada região: suspenso fixo, do tipo varal (em que os moluscos ficam pendurados na superfície do mar); balsas (construídas com madeira, bombonas plásticas e tambores de me-tal, não muito frequentes no Brasil); espinhel ou long-line. Este último é o sistema utilizado pela fazenda Ostra Viva. Flutuadores de plástico ficam presos a cabos-mestre aos quais são amarradas as lanternas (estruturas que ficam submersas e que abrigam os moluscos), as cordas de cultivo e as que servem de berçário aos animais.

As ostras irão se desenvolver nesse ambiente durante aproximadamente seis meses, até esta-rem prontas para comercialização. “Elas vêm no tamanho de um milímetro. A primeira etapa é a bandeja, onde colocamos 50 mil ostras em um metro quadrado”, explica David, da Ostra Viva. Depois da bandeja, os animais passam para o berçário, para a fase intermediária e para a fase definitiva. Nesse processo, os maricultores precisam estar atentos ao crescimento e à higie-nização das estruturas em que as ostras são cul-tivadas: aquelas que crescem menos devem ser separadas na fase intermediária para trocarem de lanterna, onde terão mais espaço para continuar se desenvolvendo. É um trabalho manual e cons-tante. A fazenda produz um milhão de sementes por ano, sendo que aproximadamente 600 mil conseguem chegar ao final do processo.

ATIVIDADE SOCIOAMBIENTALOs aspectos sustentáveis desse tipo de

atividade são vários, a começar pelos próprios animais. Esse tipo de molusco é caracterizado

como filtrador. “Eles estão sempre se alimentando do fitoplâncton, filtrando a água. Fazem com que a turbidez seja reduzida, au-mentando a transparência da superfície, facilitando a penetração dos raios de luz. Isso estimula a reprodução do fitoplâncton que continua no mar e que absorve nitrogênio e fosfato”, escla-rece Claudio Blacher, oceanógrafo e gerente do LMM. Ele lembra que a produção tem de estar em regiões liberadas para o cultivo, com condi-ções apropriadas e monitoramentos constantes, evitando o manejo em locais poluídos.

Outra questão interessante é a diversidade de espécies que se fixam e se proliferam nas estruturas de cultivo. “São seres vivos que se ade-rem aos substratos e que vão servir de alimento para outros organismos, enriquecendo a cadeia trófica que ali permanece”, constata Claudio. É fácil observar musgos, alguns crustáceos e algas vivendo nas cordas e boias, fator que enriquece a biodiversidade e os ecossistemas locais.

Existe ainda uma terceira e talvez mais importante característica que favorece a pre-servação ambiental. O desenvolvimento dessas espécies não necessita de nenhum tipo de aditivo ou substância além dos nutrientes naturais. No caso do cultivo de peixes e crus-táceos, por exemplo, é preciso fornecer ração aos animais, o que pode causar riscos ao meio ambiente se não houver um controle rigoroso dos compostos utilizados. Guilherme Rupp, pesquisador do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura da Epagri, explica que a pro-dução de moluscos é uma das mais limpas que existem. “A amônia, produto da excreção desses seres, é solúvel na água , tornando-se um nutriente para o fitoplâncton”.

Vale lembrar que o manejo desses animais

Maycon de Souza Lopes e Juliano Pedro Gonçalves trabalhando na separação dos mariscos

David recolhendo as ostras na fase definitiva...

... e cuidando de sua lavagem

Feixe de mariscos

... e separadas de acordo com o tamanho

Ostras recolhidas para o manejo...

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

72

ECONOMIA

também envolve as comunidades locais. Na Ostra Viva, por exemplo, todos os trabalhado-res são jovens, com idade entre 17 e 20 anos, e residem no bairro em que se encontra a fazenda marinha. “Todos eles têm uma estabilidade e a maioria sustenta a família só com esse ganho. Aqui no Ribeirão da Ilha, eu acredito que seja a principal fonte de renda”, afirma David. Essa participação acaba se revertendo em conscien-tização ambiental. As praias, além de serem áreas de lazer, passam a ser o “ganha-pão” dos moradores, como destaca Claudio. “Eles passam a viver daqueles pontos onde existem as pro-duções e se preocupam com aquele local para que esteja livre de poluentes”.

RESÍDUOSO cultivo de moluscos apresenta-se como

uma prática natural e o seu principal resíduo são as toneladas de conchas geradas mensal-mente. David destaca esse problema. “Agora os produtores estão criando uma consciência de retirar da água os resíduos de conchas quando os animais morrem, por exemplo, porque isso acontece muito com as ostras”, explica. Por en-quanto, a fazenda Ostra Viva tem esse material recolhido pela Companhia de Melhoramento da Capital (Comcap) – empresa responsável pela coleta de lixo de Florianópolis –, que o destina a aterros sanitários. “Sabemos que não é a melhor solução e que há empresas inte-ressadas nesse produto”, observa. Guilherme Rupp, da Epagri, confirma a utilidade desses resíduos: “As cascas podem ser utilizadas tanto como fonte de cálcio para suplementação alimentar como também para a produção de cal, para aterros e até mesmo para a produção de blocos de concreto”. Ele se refere ao pro-jeto Bloco Verde, idealizado pela engenheira ambiental Bernadete Batalha Batista.

Não devemos nos guiar pela lógica de que a concha é um elemento da natureza e que, por isso, se de-positada em aterros ou de-volvida ao mar, não causará da-nos ambientais. “O aumento de inse-tos nas áreas secas em que é feito o depósito, assim como o assoreamento das águas pelo acúmulo de conchas são os principais problemas gerados por esses elementos”, como alerta a engenheira. O Bloco Verde tem se mostrado como uma alternativa para isso, já que utiliza resíduos da construção civil e da maricultura como matéria-prima. “Os resíduos entram como um agregado, subs-tituindo parte da areia fina e média e parte do cimento na fabricação. O carbonato de cálcio, componente das conchas, forma liga-ções químicas com o composto do cimento, preenchendo os espaços vazios e ocupando a zona de transição”, explica Bernadete. A en-genheira ambiental garante que o produto é mais resistente, mais leve, absorve menos água do que o convencional e está de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

A produção do Bloco Verde ainda é feita em escala artesanal. O que impede o cresci-mento da produção, segundo a idealizadora, é a dificuldade em conseguir matéria-prima. Conchas e cascas não faltam, mas é necessá-ria uma logística de recolhimento e trans-

MPA E A CONCESSÃO DO USO DAS ÁGUAS

Um entrave constante para os maricultores é a questão da legalização

das áreas utilizadas para o cultivo. Como produtor, David destaca a dificuldade em conseguir investimentos e

incentivos por não existir a documentação exigida pelos órgãos financiadores. “Nós poderíamos estar com outras unidades de produção se essa questão estivesse resolvida. Sem contar que tem muitos pequenos produtores que desistem de continuar na

atividade por não terem como financiá-la”, desabafa. De acordo com Guilherme Rupp, a criação do Ministério da Pesca e Aquicultura é um passo significativo para que esse problema se solucione.

“Quando a atividade teve início, na década de 90, não havia regulamentação. Só agora é que surgiram legislações específicas

para o uso de águas públicas para fins de aquicultura”, conta. Guilherme explica que o processo está em andamento

e que a legalização da concessão de áreas de cultivo para os maricultores é uma

questão de tempo.

porte desse material, como faz a prefeitura do município de São José, com quem a en-genheira tem convênio há três anos. “Recebo quarenta e seis toneladas por mês. Eles colocam contêineres para os maricultores e, no final da tar-de, um caminhão passa com a caçamba e leva o material até a empresa”, conta. É um pro-blema que, quando solucio-nado, permitirá que as ostras carreguem em suas conchas um valioso ingrediente para a culinária, para a sociedade e para o meio ambiente.

Saiba mais:www.blocoverde.com.brwww.portaldamaricultura.com.brwww.ostraviva.com.brwww.lmm.ufsc.br

Bloco Verde: feito de conchas e resíduos da construção civil

Conchas trituradas e separadas de acordo com a granulometria. O pó mais claro é de ostras e pode ser usado, por exemplo, em ração animal ou em remédios para osteoporose

SXC

SXC

Abas (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas) 11 - 3871-3626 – www.abas.org.brAbeama (Associação Brasileira de Energias Renováveis e Meio Ambiente)www.abeama.org.brAbrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais)11 - 3254-566 – www.abrelpe.org.brAcqua Consultoria11 - 3871-3626 – www.acquacon.com.brANA (Agência Nacional de Águas)61 - 2109-5400 – www.ana.gov.brAggregate Research Industrieswww.aggregateresearch.comAltenburg47 - 3331-1588 – www.altenburg.com.brAmbiental Expowww.ambientalexpo.com.brAneel (Agência Nacional de Energia Elétrica)www.aneel.gov.brAnepac (Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil)11 - 3171-0159 – www.anepac.org.brAntonio Carlos Porto Araújoantonio.araujo@trevisan.com.brApoemawww.apoemafruits.com.brArte em Cadeiras11 - 3815-6230 – www.arteemcadeiras.com.brAtenas Consultoria Empresarial11 - 2283-2264 – [email protected] Mundialwww.bancomundial.org.brBernadete [email protected] Verdewww.blocoverde.com.brBNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)www.bndes.gov.brBrinquedos Estrelawww.estrela.com.brBunge47 - 3331-2222 – www.bunge.com.brBy Art Design11 - 3031-7616Caco de Paulawww.planetasustentavel.com.brCapes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) www.capes.gov.brCarlos Silva [email protected] Tomé Rosa11 - 5501-4007 – www.brsa.com.brCentauro Editora11 - 3976-2399 – www.centauroeditora.com.brCresesb (Centro de Referência para Energia Solar e Eólica “Sérgio de Salvo Brito”)www.cresesb.cepel.brCentro Paula Souza11 - 3327-3000 – www.centropaulasouza.sp.gov.brCGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos)61 - 3424-9600 – www.cgee.org.brChicletariawww.chicletaria.com.brClube de Cicloturismo do Brasilwww.clubedecicloturismo.com.brCooperativa de Reciclagem “Unidos pelo Meio Ambiente de Poá”11 - 4636-7738 – [email protected] “Mãos na Mata”48 - 3232-4166 – www.maosnamata.org.brCOP15www.en.cop15.dkCreta Tecnologias de Reciclagemwww.cretatec.com.br

Déborah Ascençã[email protected]’Falco Vitrais11 - 4524-7322 – www.dfalcovitrais.com.brDep. Leonardo Monteiro33-3277-7771Dep. Moreira Mendes61-3215-5943DynastyLoja Santa Helena – 11 - 3089-7000Eco Brasil Editora11 - 5535-6695 – www.ecobrasil.com.br Editora Bei11 - 3089-8855 – www.bei.com.brEditora Gente11 - 3670-2500 – www.editoragente.com.brEduardo Pocetti11 - 3138-5000 – www.bdobrazil.com.brEletronuclear (Eletrobrás Termonuclear) www.eletronuclear.gov.brElton [email protected] – www.elsevier.com.brExpocatadores11 - 3207-8190 – www.expocatadores.com.br Fazenda Marinha Ostra Viva48 - 3338-8354 – www.ostraviva.com.brInstituto Federal de Santa Catarina48 - 3221-0564 – www.ifsc.edu.brFesta Expresswww.festaexpress.comFiemawww.fiema.com.brFimaiwww.fimai.com.brFumiaki [email protected]ção Getúlio Vargaswww.fgv.brGea Sistemas de Resfriamento19 - 3936-1522 – www.geasr.com.brGeosol 31 - 2108-8000 – www.geosol.com.brGreenpeacewww.greenpeace.org.brIcone (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais) www.iconebrasil.org.brImavi19 - 3802-8500 – www.imavi.ind.brInfor Brasil11 - 5508 8800 – www.brasil.infor.comInstituto Ethoswww.ethos.org.brIFMG (Instituto Federal de Minas Gerais)31 - 3559-2622 – www.ifmg.edu.brInterfaceflor11 - 2196-0900 – www.interfaceflor.com.brIFC (International Finance Corporation) www.ifc.orgJuliana Girardelli [email protected] corretora de seguros11-3151-6544Laboratório de Moluscos Marinhos daUniversidade Federal de Santa Catarina48 - 3232 3279 – www.lmm.ufsc.brLarousse www.larousse.com.brLepri 11 - 5506-1390 – www.lepri.com.brLimpurbwww.limpurb.sp.gov.brMadal Palfinger54 - 3026-7000 – www.madalpalfinger.com

RADAR

Mahogany11 - 3686-6999 – www.mahogany.com.brMallory0800-704-0848 – www.mallory.com.brMetso15 - 2102-1300 – www.metsominerals.com.brMinistério do Meio Ambientewww.mma.gov.brMotor Z11 - 2886-5151 – www.motor-z.com.brMovimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis11- 3399-3475 – www.mncr.org.brNASA (Agência Aeroespacial Americana)www.nasa.govNaturezzawww.naturezza.com.brNovacemwww.novacem.comNR Ambiental11 - 2281-9751Orgânica11 - 4151-9300 – www.organicas.com.brPlanalto Indústria Mecânica62 - 3237-2400 – www.planaltoindustria.com.brPrimaplast41 - 3346-3496 – www.primaplast.com.brProjeto Verde Novo19 - 3521-6206 – www.projetoverdenovo.com Pufes Ecológicos69 - 9984-4569 – [email protected] Gonewww.quickgone.com.brQ-Vizuwww.qvizu.com.brRaul Lóis Crnkovic11 - 5042-1703 – [email protected] Music Centerwww.reference.com.brRevelateurs11 - 5561-9552 – www.revelateurs.com.brRicardo Ernesto Rose11 - 5187 5147 – [email protected] Rip Curlwww.ripcurl.com.brRodotec 11 - 3783-7800 – www.rodotec.com.brSamsø Energy Academywww.energiakademiet.dkSecretaria Municipal de Serviços de São Pauloportal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/servicoseobrasSecretaria Nacional de Saneamento Ambientalwww.cidades.gov.brSenacwww.senac.brSenaiwww.senai.brSolar Reefs Aquários Marinhos11 - 5044-5830 – www.solarreefs.com.brSudestewww.sudeste.ind.brTecnoplastwww.fcem.com.brTimberlandwww.timberland.com.brTranssen Aquecedor Solar18 - 3649-2000 / 0800 - 773-7050 www.transsen.com.brUnitau 12 - 3624-2296 – www.unital.brUniversidade Federal do Ceará85 - 3366 7300 – www.ufc.brVik Munizwww.vikmuniz.netWellinton dos Santos12 - 9194-5809 – [email protected]

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

NO

VEM

BRO

/DEZ

EMBR

O •

200

9

74

Plástico, máquinas e meio ambiente em equilíbrio.

7 a 9 de JULHO DE 2010 Das 10 às 21 horasCENTRO DE CONVENÇÕES DA FIERGSPORTO ALEGRE - RS.www.feiratecnoplast.com.br

2010

prod

v

Realização e Promoção:

EmpresaAssociada:

Apoio:

EVENTOS PARALELOS À FEIRA

Feira de Tecnologias para a Indústria do

Plástico e Embalagens

12-04-09 anun_tecnoplast.indd 1 14.12.09 17:32:05

55 11 5102.1222