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SUMA TEOLÓGICA S. Tomás de Aquino (2ª PARTE DA PARTE II a)) http://permanencia.org.br/

S. Tomás de Aquino - Suma Teológica (2ª Parte Da Parte II a)) (português)

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São Tomás de Aquino - Suma Teológica (2ª Parte Da Parte II a)) (português)

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  • SUMA TEOLGICA

    S. Toms de Aquino

    (2 PARTE DA PARTE II a))

    http://permanencia.org.br/

  • 2

    NDICE

    Tratado sobre a F ........................................................................................ 20

    Questo 1: Do objeto da f. ........................................................................... 20

    Artigo 1 - Se o objeto da f a verdade primeira. ............................................ 20

    Artigo 2 - Se o objeto da f algo de complexo, a modo do objeto do juzo. ........ 22

    Artigo 3 - Se a f susceptvel de falsidade. .................................................... 23

    Artigo 4 - Se o objeto da f algo de visvel. ................................................... 24

    Artigo 5 - Se as verdades da f podem ser objeto de cincia. ............................. 26

    Artigo 6 - Se as verdades da f devem distinguir-se em certos artigos. ............... 27

    Artigo 7 - Se os artigos da f aumentaram na sucesso dos tempos. .................. 29

    Artigo 8 - Se os artigos da f esto convenientemente enumerados. ................... 32

    Artigo 9 - Se os artigos da f esto convenientemente dispostos no smbolo. ....... 35

    Artigo 10 - Se pertence ao Sumo Pontfice ordenar o smbolo da f. .................... 37

    Questo 2: Do ato de F. ............................................................................... 38

    Artigo 1 - Se crer cogitar com assentimento. ................................................. 39

    Artigo 2 - Se o ato da f se distingue convenientemente em ato de crer a Deus, crer

    Deus e crer em Deus. ................................................................................... 40

    Artigo 3 - Se crer necessrio salvao. ....................................................... 42

    Artigo 4 - Se necessrio crer no que a razo natural pode provar. .................... 43

    Artigo 5 - Se estamos obrigados a crer em alguma coisa explicitamente. ............. 44

    Artigo 6 - Se todos esto obrigados igualmente a ter f explcita. ....................... 46

    Artigo 7 - Se crer explicitamente no mistrio de Cristo necessrio salvao, para

    todos. ......................................................................................................... 48

    Artigo 8 - Se crer na Trindade explicitamente de necessidade para a salvao. .. 50

    Artigo 9 - Se crer meritrio. ........................................................................ 51

    Artigo 10 - Se a razo conducente s verdades da f diminui o mrito desta. ....... 53

    Questo 3: Do ato exterior da F. ................................................................... 55

    Artigo 1 - Se a confisso um ato de f. ......................................................... 55

    Artigo 2 - Se a confisso da f necessria salvao. ..................................... 56

    Questo 4: Da f em si mesma. ..................................................................... 57

    Artigo 1 - Se uma definio exata da f a que d o Apstolo quando diz: a f a

    substncia das coisas que se devem esperar um argumento das coisas que no

    aparecem. ................................................................................................... 58

    Artigo 2 - Se a f est na inteligncia como no sujeito. ..................................... 60

    Artigo 3 - Se a caridade a forma da f. ......................................................... 62

  • 3

    Artigo 4 - Se a f informe pode vir a ser informada e inversamente. ................... 63

    Artigo 5 - Se a f uma virtude. .................................................................... 64

    Artigo 6 - Se a f uma s. ........................................................................... 66

    Artigo 7 - Se a f a primeira das virtudes. ..................................................... 67

    Artigo 8 - Se mais certa a f que a cincia e as outras virtudes intelectuais. ...... 69

    Questo 5: Dos que tem a F. ........................................................................ 71

    Artigo 1 - Se nem o anjo, nem o homem, na sua condio primitiva, tinham f. ... 71

    Artigo 2 - Se os demnios tem f. .................................................................. 73

    Artigo 3 - Se o hertico, que no cr num artigo de f, pode ter f informe nos

    outros. ........................................................................................................ 74

    Artigo 4 - Se pode um ter maior f que outro. .................................................. 76

    Questo 6: Da causa da F. ........................................................................... 77

    Artigo 1 - Se a f infundida no homem por Deus. ........................................... 77

    Artigo 2 - Se a f informe um dom de Deus. .................................................. 79

    Questo 7: Dos efeitos da F. ........................................................................ 80

    Artigo 1 - Se o temor efeito da f. ................................................................ 80

    Artigo 2 - Se a purificao do corao efeito da f. ......................................... 82

    Questo 8: Do dom do intelecto. .................................................................... 83

    Artigo 1 - Se o intelecto um dom do Esprito Santo. ....................................... 83

    Artigo 2 - Se temos o dom do intelecto simultaneamente com o da f. ................ 85

    Artigo 3 - Se o intelecto, considerado dom do Esprito Santo, prtico ou somente

    especulativo. ................................................................................................ 86

    Artigo 4 - Se o dom do intelecto infuso em todos os que tem a graa. .............. 87

    Artigo 5 - Se o dom do intelecto existe mesmo nos que no tem a graa

    santificante. ................................................................................................. 88

    Artigo 6 - Se o dom do intelecto se distingue dos outros dons. ........................... 89

    Artigo 7 - Se ao dom do intelecto corresponde a sexta bem-aventurana, a saber:

    Bem-aventurados os limpos de corao porque eles viram a Deus. ..................... 91

    Artigo 8 - Se, dentre os frutos, a f corresponde ao dom do intelecto. ................. 92

    Questo 9: Do dom da cincia. ....................................................................... 94

    Artigo 1 - Se a cincia um dom. ................................................................... 94

    Artigo 2 - Se o dom da cincia versa sobre as coisas divinas. ............................. 95

    Artigo 3 - Se a cincia, considerada como dom, uma cincia prtica. ................ 97

    Artigo 4 - Se ao dom da cincia corresponde a terceira bem-aventurana, que :

    Bem-aventurados os que choram, porque eles sero consolados. ....................... 98

    Questo 10: Da infidelidade em comum. ......................................................... 99

    Artigo 1 - Se a infidelidade pecado. ............................................................ 100

    Artigo 2 - Se a infidelidade est no intelecto como no sujeito. .......................... 101

  • 4

    Artigo 3 - Se a infidelidade o mximo dos pecados. ...................................... 102

    Artigo 4 - Se qualquer ao do infiel pecado. ............................................... 103

    Artigo 5 - Se h vrias espcies de infidelidade. ............................................. 104

    Artigo 6 - Se a infidelidade dos gentios ou dos pagos mais grave que as outras.

    ................................................................................................................ 106

    Artigo 7 - Se se deve disputar publicamente com os infiis. ............................. 108

    Artigo 8 - Se os infiis devem, de algum modo, ser compelidos a aceitar a f. ... 109

    Artigo 9 - Se se pode ter comunho com os infiis. ......................................... 111

    Artigo 10 - Se os infiis podem ter governo ou domnio sobre os fiis. .............. 113

    Artigo 11 - Se se devem tolerar os ritos dos infiis. ........................................ 115

    Artigo 12 - Se os filhos dos judeus e demais infiis devem ser batizados contra a

    vontade dos pais. ....................................................................................... 116

    Questo 11: Da heresia. .............................................................................. 119

    Artigo 1 - Se a heresia uma espcie de infidelidade. ..................................... 119

    Artigo 2 - Se a heresia versa propriamente sobre matria de f........................ 120

    Artigo 3 - Se se devem tolerar os herticos. ................................................... 122

    Artigo 4 - Se os convertidos da heresia devem, absolutamente, ser recebidos pela

    Igreja........................................................................................................ 124

    Questo 12: Da apostasia. ........................................................................... 126

    Artigo 1 - Se a apostasia pertence infidelidade. ........................................... 126

    Artigo 2 - Se o prncipe, por apostasia da f, perde o governo dos sditos, de modo

    a estes j no estarem obrigados a lhe obedecer. ........................................... 128

    Questo 13: Da blasfmia em geral. ............................................................. 129

    Artigo 1 - Se a blasfmia se ope confisso da f. ........................................ 129

    Artigo 2 - Se a blasfmia sempre pecado mortal. ......................................... 131

    Artigo 3 - Se o pecado de blasfmia o maior dos pecados. ............................ 132

    Artigo 4 - Se os condenados blasfemam. ....................................................... 133

    Questo 14: Da blasfmia contra o Esprito Santo........................................... 134

    Artigo 1 - Se o pecado contra o Esprito Santo o mesmo que o pecado de pura

    malcia. ..................................................................................................... 134

    Artigo 2 - Se so convenientemente assinaladas as seis espcies de pecado contra

    o Esprito Santo: o desespero, a presuno, a impenitncia, a obstinao, a

    impugnao da verdade conhecida e a inveja da graa fraterna........................ 137

    Artigo 3 - Se o pecado contra o Esprito Santo irremissvel. ........................... 139

    Artigo 4 - Se o homem pode pecar contra o Esprito Santo, sem ter cometido antes

    outros pecados. .......................................................................................... 141

    Questo 15: Da cegueira da mente e do embotamento do sentido. ................... 143

    Artigo 1 - Se a cegueira da mente pecado. .................................................. 143

    Artigo 2 - Se o embotamento do sentido difere da cegueira da mente. .............. 144

  • 5

    Artigo 3 - Se a cegueira da mente e o embotamento do sentido no nascem dos

    vcios carnais. ............................................................................................ 145

    Questo 16: Dos preceitos sobre a f, a cincia e o intelecto. .......................... 147

    Artigo 1 - Se a lei antiga devia estabelecer preceitos relativos crena. ............ 147

    Artigo 2 - Se a Lei Antiga estabeleceu convenientemente os preceitos relativos

    cincia e ao intelecto................................................................................... 149

    Tratado sobre a Esperana........................................................................... 151

    Questo 17: Da esperana em si mesma. ...................................................... 151

    Artigo 1 - Se a esperana uma virtude. ....................................................... 152

    Artigo 2 - Se a felicidade eterna o objeto prprio da esperana. ..................... 153

    Artigo 3 - Se podemos esperar para outrem a felicidade eterna. ....................... 154

    Artigo 4 - Se podemos licitamente esperar no homem. .................................... 155

    Artigo 5 - Se a esperana uma virtude teologal. ........................................... 156

    Artigo 6 - Se a esperana uma virtude distinta das outras virtudes teologais. .. 157

    Artigo 7 - Se a esperana precede a f. ......................................................... 158

    Artigo 8 - Se a caridade anterior esperana. ............................................. 159

    Questo 18: Do sujeito da esperana. ........................................................... 161

    Artigo 1 - Se a esperana tem a vontade, como sujeito. .................................. 161

    Artigo 2 - Se os bem-aventurados tm esperana. .......................................... 162

    Artigo 3 - Se os condenados tm esperana. .................................................. 164

    Artigo 4 - Se a esperana dos viadores susceptvel de certeza. ...................... 165

    Questo 19: Do dom do temor. .................................................................... 166

    Artigo 1 - Se Deus pode ser temido. ............................................................. 167

    Artigo 2 - Se o temor se divide convenientemente em temor filial, inicial, servil e do

    mundo. ..................................................................................................... 168

    Artigo 3 - Se o temor do mundo sempre mau. ............................................. 169

    Artigo 4 - Se o temor servil bom. ............................................................... 171

    Artigo 5 - Se o temor servil substancialmente o mesmo que o temor filial. ...... 172

    Artigo 6 - Se o temor servil coexiste com a caridade. ...................................... 173

    Artigo 7 - Se o temor o incio da sabedoria. ................................................. 175

    Artigo 8 - Se o temor inicial difere substancialmente do temor filial. ................. 176

    Artigo 9 - Se o temor um dom do Esprito Santo. ......................................... 177

    Artigo 10 - Se o temor diminui com o aumento da caridade. ............................ 179

    Artigo 11 - Se o temor subsiste na ptria. ..................................................... 180

    Artigo 12 - Se a pobreza de esprito a bem-aventurana correspondente ao dom

    do temor. .................................................................................................. 182

    Questo 20: Do desespero. .......................................................................... 184

    Artigo 1 - Se o desespero pecado. .............................................................. 184

  • 6

    Artigo 2 - Se o desespero pode existir sem a infidelidade................................. 186

    Artigo 3 - Se o desespero o mximo dos pecados. ........................................ 187

    Artigo 4 - Se o desespero nasce da acdia. .................................................... 188

    Questo 21: Da presuno........................................................................... 190

    Artigo 1 - Se a presuno, pecado contra o Esprito Santo, se funda em Deus ou

    nas nossas prprias foras. .......................................................................... 190

    Artigo 2 - Se a presuno pecado............................................................... 192

    Artigo 3 - Se a presuno se ope mais ao temor que esperana. .................. 193

    Artigo 4 - Se a presuno causada pela vanglria. ....................................... 194

    Questo 22: Dos preceitos relativos a esperana e ao temor. ........................... 195

    Artigo 1 - Se se deve estabelecer algum preceito relativo virtude da esperana.

    ................................................................................................................ 195

    Artigo 2 - Se a Lei devia estabelecer algum preceito relativo ao temor. ............. 197

    Tratado sobre a Caridade ............................................................................ 198

    Questo 23: Da caridade em si mesma. ........................................................ 199

    Artigo 1 - Se a caridade amizade. .............................................................. 199

    Artigo 2 - Se a caridade uma realidade criada na alma. ................................ 201

    Artigo 3 - Se a caridade uma virtude. ......................................................... 203

    Artigo 4 - Se a caridade uma virtude especial. ............................................. 204

    Artigo 5 - Se a caridade uma s virtude. ..................................................... 205

    Artigo 6 - Se a caridade a mais excelente das virtudes. ................................ 206

    Artigo 7 - Se sem a caridade pode haver verdadeira virtude. ........................... 208

    Artigo 8 - Se a caridade a forma das virtudes. ............................................. 210

    Questo 24: Da caridade relativamente ao seu sujeito. ................................... 211

    Artigo 1 - Se a vontade o sujeito da caridade. ............................................. 211

    Artigo 2 - Se a caridade causada em ns por infuso. ................................... 212

    Artigo 3 - Se a caridade infundida conforme a capacidade das faculdades naturais.

    ................................................................................................................ 213

    Artigo 4 - Se a caridade pode aumentar. ....................................................... 215

    Artigo 5 - Se a caridade aumenta por adio. ................................................. 216

    Artigo 6 - Se a caridade aumenta por qualquer ato da mesma. ........................ 218

    Artigo 7 - Se a caridade aumenta ao infinito. ................................................. 220

    Artigo 8 - Se a caridade nesta vida pode ser perfeita. ..................................... 221

    Artigo 9 - Se se distinguem convenientemente trs graus de caridade: a incipiente,

    a proficiente e a perfeita. ............................................................................. 222

    Artigo 10 - Se a caridade pode diminuir. ........................................................ 224

    Artigo 11 - Se a caridade, uma vez possuda, pode perder-se. ......................... 226

    Artigo 12 - Se a caridade se perde por um s ato de pecado mortal. ................. 228

  • 7

    Questo 25: Do objetivo da caridade. ........................................................... 231

    Artigo 1 - Se o amor de caridade s se limita a Deus e no se estende ao prximo.

    ................................................................................................................ 231

    Artigo 2 - Se a caridade deve ser amada com caridade. ................................... 233

    Artigo 3 - Se tambm as criaturas irracionais devem ser amadas com caridade. . 234

    Artigo 4 - Se o homem ama-se a si mesmo com caridade. ............................... 235

    Artigo 5 - Se o homem deve amar o seu corpo com caridade. .......................... 237

    Artigo 6 - Se devemos amar os pecadores com caridade. ................................ 238

    Artigo 7 - Se os pecadores se amam a si mesmos. ......................................... 240

    Artigo 8 - Se a caridade exige necessariamente que amemos aos nossos inimigos.

    ................................................................................................................ 241

    Artigo 9 - Se a caridade exige necessariamente que manifestemos aos inimigos

    sinais ou efeitos da nossa amizade. .............................................................. 243

    Artigo 10 - Se devemos amar os anjos com caridade. ..................................... 244

    Artigo 11 - Se devemos amar os demnios com caridade. ............................... 245

    Artigo 12 - Se se enumerarem convenientemente os quatro objetos que devemos

    amar com caridade - Deus, o prximo, o nosso corpo e ns mesmos. ............... 246

    Questo 26: Da ordem da caridade. .............................................................. 248

    Artigo 1 - Se h alguma ordem na caridade ................................................... 248

    Artigo 2 - Se devemos amar mais a Deus que ao prximo. .............................. 249

    Artigo 3 - Se o homem deve amar com caridade mais a Deus que a si mesmo. .. 250

    Artigo 4 - Se o homem deve, com caridade, amar mais a si mesmo que ao prximo.

    ................................................................................................................ 252

    Artigo 5 - Se o homem deve amar ao prximo mais que ao prprio corpo. ......... 253

    Artigo 6 - Se devemos amar mais a um prximo que a outro. .......................... 254

    Artigo 7 - Se devemos amar mais os melhores do que os mais chegados a ns. . 256

    Artigo 8 - Se devemos amar mais aquele que nos mais chegado pela origem

    carnal. ...................................................................................................... 258

    Artigo 9 - Se devemos amar com caridade, mais aos filhos que aos pais. .......... 259

    Artigo 10 - Se devemos, amar mais me que ao pai. .................................... 261

    Artigo 11 Se devemos amar mais a mulher que o pai e a me. ...................... 262

    Artigo 12 - Se devemos amar mais o benfeitor que o beneficiado. .................... 263

    Artigo 13 - Se a ordem da caridade subsiste na ptria. .................................... 265

    Questo 27: Do principal ato de caridade que o amor. .................................. 266

    Artigo 1 - Se mais prprio da caridade amar ou ser amado. .......................... 267

    Artigo 2 - Se amar, enquanto ato de caridade, difere da benevolncia. .............. 268

    Artigo 3 - Se Deus deve ser amado, com caridade, por causa dele mesmo e no,

    por causa de outro ser. ............................................................................... 269

    Artigo 4 - Se Deus pode ser imediatamente amado nesta vida. ........................ 271

  • 8

    Artigo 5 - Se Deus pode ser totalmente amado. ............................................. 272

    Artigo 6 - Se deve haver algum modo no amor divino. .................................... 273

    Artigo 7 - Se mais meritrio amar o inimigo que o amigo. ............................. 275

    Artigo 8 - Se mais meritrio amar ao prximo que a Deus. ........................... 276

    Questo 28: Da alegria. .............................................................................. 278

    Artigo 1 - Se a alegria um efeito da caridade em ns. ................................... 278

    Artigo 2 - Se a alegria espiritual, causada pela caridade, pode ser mesclada de

    tristeza...................................................................................................... 279

    Artigo 3 - Se a nossa alegria espiritual, causada pela caridade, pode ser completa.

    ................................................................................................................ 280

    Artigo 4 - Se a alegria uma virtude. ........................................................... 282

    Questo 29: Da paz. ................................................................................... 283

    Artigo 1 - Se a paz o mesmo que a concrdia. ............................................. 283

    Artigo 2 - Se todos os seres desejam a paz. ................................................... 285

    Artigo 3 - Se a paz um efeito prprio da caridade......................................... 286

    Artigo 4 - Se a paz uma virtude. ................................................................ 287

    Questo 30: Da misericrdia. ....................................................................... 288

    Artigo 1 - Se o mal propriamente incita misericrdia. ................................... 289

    Artigo 2 - Se os nossos defeitos so a razo pela qual temos misericrdia. ........ 290

    Artigo 3 - Se a misericrdia uma virtude. .................................................... 292

    Artigo 4 - Se a misericrdia a mxima das virtudes. ..................................... 293

    Questo 31: Da beneficncia. ....................................................................... 295

    Artigo 1 - Se a beneficncia um ato de caridade. ......................................... 295

    Artigo 2 - Se devemos beneficiar a todos. ...................................................... 296

    Artigo 3 - Se devemos beneficiar mais aos que nos so mais chegados. ............ 297

    Artigo 4 - Se a beneficncia uma virtude especial. ....................................... 300

    Questo 32: Da esmola. .............................................................................. 301

    Artigo 1 - Se dar esmola ato de caridade. ................................................... 301

    Artigo 2 - Se se distinguem convenientemente os gneros de esmolas. ............. 302

    Artigo 3 - Se as esmolas corporais so mais principais que as espirituais. .......... 305

    Artigo 4 - Se as esmolas corporais produzem efeito espiritual. ......................... 307

    Artigo 5 - Se de preceito dar esmola. ......................................................... 308

    Artigo 6 - Se devemos dar esmola do nosso necessrio. .................................. 310

    Artigo 7 - Se podemos dar esmola do adquirido ilicitamente. ........................... 311

    Artigo 8 - Se quem est sob o poder de outrem pode dar esmola. .................... 313

    Artigo 9 - Se devemos dar esmola de preferncia aos que nos so mais chegados

    ................................................................................................................ 315

    Artigo 10 - Se devemos dar esmola abundantemente. ..................................... 316

  • 9

    Questo 33: Da correo fraterna. ................................................................ 318

    Artigo 1 - Se a correo fraterna ato de caridade. ........................................ 318

    Artigo 2 - Se a correo fraterna de preceito. .............................................. 320

    Artigo 3 - Se a correo fraterna pertence s aos prelados. ............................. 322

    Artigo 4 - Se algum est obrigado a corrigir o seu prelado. ............................ 323

    Artigo 5 - Se o pecador deve corrigir o delinquente. ........................................ 325

    Artigo 6 - Se devemos cessar a correo fraterna, por temermos que o pecador

    fique pior. .................................................................................................. 326

    Artigo 7 - Se, na correo fraterna, deve por fora de preceito, a advertncia

    secreta preceder pblica. .......................................................................... 327

    Artigo 8 - Se a apresentao de testemunhas deve preceder a advertncia pblica.

    ................................................................................................................ 331

    Questo 34: Do dio. .................................................................................. 332

    Artigo 1 - Se podemos odiar a Deus. ............................................................. 332

    Artigo 2 - Se odiar a Deus o mximo dos pecados. ....................................... 333

    Artigo 3 - Se todo dio ao prximo pecado. ................................................. 335

    Artigo 4 - Se o dio ao prximo o gravssimo dos pecados cometidos contra ele.

    ................................................................................................................ 336

    Artigo 5 - Se o dio um vcio capital. .......................................................... 337

    Artigo 6 - Se o dio nasce da inveja. ............................................................. 338

    Questo 35: Da acdia. ............................................................................... 339

    Artigo 1 - Se a acdia pecado. ................................................................... 340

    Artigo 2 - Se a acdia um vcio especial. ..................................................... 342

    Artigo 3 - Se a acdia pecado mortal. ......................................................... 343

    Artigo 4 - Se a acdia deve ser considerada vcio capital. ................................ 344

    Questo 36: Da inveja. ............................................................................... 346

    Artigo 1 - Se a inveja tristeza. ................................................................... 346

    Artigo 2 - Se a inveja pecado .................................................................... 348

    Artigo 3 - Se a inveja pecado mortal. ......................................................... 350

    Artigo 4 - Se a inveja vcio capital. ............................................................. 351

    Questo 37: Da discrdia. ........................................................................... 353

    Artigo 1 - Se a discrdia pecado. ............................................................... 353

    Artigo 2 - Se a discrdia filha da vanglria. ................................................. 355

    Questo 38: Da conteno. .......................................................................... 356

    Artigo 1 - Se a conteno pecado mortal. .................................................... 356

    Artigo 2 - Se a conteno filha da vanglria. ............................................... 358

    Questo 39: Do cisma. ................................................................................ 359

    Artigo 1 - Se o cisma pecado especial. ........................................................ 359

  • 10

    Artigo 2 - Se o cisma mais grave pecado que a infidelidade. .......................... 361

    Artigo 3 - Se os cismticos tem algum poder. ................................................ 363

    Artigo 4 - Se pena conveniente aos cismticos o serem excomungados. ......... 364

    Questo 40: Da guerra. ............................................................................... 365

    Artigo 1 - Se guerrear sempre pecado. ....................................................... 366

    Artigo 2 - Se os clrigos e os bispos podem guerrear. ..................................... 368

    Artigo 3 - Se licito nas guerras usar de insdias. ........................................... 370

    Artigo 4 - Se lcito guerrear nos dias festivos. .............................................. 371

    Questo 41: Da rixa. ................................................................................... 372

    Artigo 1 - Se a rixa sempre pecado. ........................................................... 372

    Artigo 2 - Se a rixa filha da ira. .................................................................. 373

    Questo 42: Da sedio. ............................................................................. 375

    Artigo 1 - Se a sedio um pecado especial, distinto dos outros. .................... 375

    Artigo 2 - Se a sedio sempre pecado mortal. ............................................ 376

    Questo 43: Do escndalo. .......................................................................... 377

    Artigo 1 - Se o escndalo convenientemente definido como um dito ou um ato

    menos reto, que d ocasio queda. ............................................................ 378

    Artigo 2 - Se o escndalo pecado. .............................................................. 380

    Artigo 3 - Se o escndalo pecado especial. .................................................. 381

    Artigo 4 - Se o escndalo pecado mortal. .................................................... 382

    Artigo 5 - Se de escndalo passivo tambm so susceptveis os vares perfeitos.

    ................................................................................................................ 384

    Artigo 6 - Se os vares perfeitos so susceptveis de escndalo ativo. ............... 385

    Artigo 7 - Se devemos abandonar os bens espirituais para evitar escndalo. ...... 386

    Artigo 8 - Se devemos abandonar bens temporais para evitar escndalo. .......... 389

    Questo 44: Dos preceitos da caridade.......................................................... 391

    Artigo 1 - Se a sabedoria deve ser enumerada entre os dons do Esprito Santo. . 391

    Artigo 2 - Se deviam estabelecer-se dois preceitos sobre a caridade. ................ 393

    Artigo 3 - Se bastam dois preceitos sobre a caridade. ..................................... 395

    Artigo 4 - Se foi convenientemente mandado que amemos a Deus de todo o

    corao. .................................................................................................... 396

    Artigo 5 - Se, convenientemente, ao preceito - Amars ao Senhor teu Deus de todo

    o teu corao se acrescenta e de toda a tua alma, e de todas as tuas foras. ..... 397

    Artigo 6 - Se o preceito do amor de Deus pode ser observado nesta vida. ......... 399

    Artigo 7 - Se foi convenientemente dado o preceito do amor do prximo. .......... 400

    Artigo 8 - Se a ordem da caridade objeto de preceito. .................................. 401

    Questo 45: Do dom da sabedoria. ............................................................... 402

    Artigo 1 - Se a sabedoria deve ser enumerada entre os dons do Esprito Santo. . 402

  • 11

    Artigo 2 - Se a sabedoria tem o intelecto como sujeito. ................................... 404

    Artigo 3 - Se a sabedoria s prtica ou especulativa. .................................... 405

    Artigo 4 - Se a sabedoria pode existir sem a graa e coexistir com pecado mortal.

    ................................................................................................................ 406

    Artigo 5 - Se a sabedoria existe em todos os que tem a graa. ......................... 408

    Artigo 6 - Se a stima bem-aventurana corresponde ao dom da sabedoria. ...... 409

    Questo 46: Da estultcia. ........................................................................... 411

    Artigo 1 - Se a estultcia se ope sabedoria. ................................................ 411

    Artigo 2 - Se a estultcia pecado. ............................................................... 413

    Artigo 3 - Se a estultcia filha da luxria...................................................... 413

    Tratado sobre a prudncia ........................................................................... 414

    Questo 47: Da prudncia em si mesma. ...................................................... 414

    Artigo 1 - Se a prudncia reside na potncia cognoscitiva ou na apetitiva. ......... 415

    Artigo 2 - Se a estultcia pecado. ............................................................... 416

    Artigo 2 - Se a prudncia s pertence razo prtica, ou se tambm

    especulativa. .............................................................................................. 417

    Artigo 3 - Se a prudncia conhece o particular. .............................................. 419

    Artigo 4 - Se a prudncia virtude. .............................................................. 420

    Artigo 5 - Se a prudncia uma virtude especial. ........................................... 421

    Artigo 6 - Se a prudncia preestabelece o fim s virtudes morais...................... 422

    Artigo 7 - Se a prudncia pertence estabelecer o meio termo nas virtudes morais.

    ................................................................................................................ 424

    Artigo 8 - Se mandar o ato principal da prudncia. ....................................... 425

    Artigo 9 - Se a solicitude pertence prudncia. .............................................. 426

    Artigo 10 - Se a prudncia se estende ao governo da multido ou se s ao de ns

    mesmos. ................................................................................................... 427

    Artigo 11 - Se a prudncia, concernente ao nosso bem prprio da mesma espcie

    que a concernente ao bem comum. .............................................................. 428

    Artigo 12 - Se a prudncia prpria dos sditos ou s dos chefes. ................... 430

    Artigo 13 - Se pode haver prudncia nos pecadores. ....................................... 431

    Artigo 14 - Se h prudncia em todos os que tm a graa. .............................. 432

    Artigo 15 - Se a prudncia existe em ns por natureza. ................................... 433

    Artigo 16 - Se a prudncia pode perder-se pelo esquecimento.......................... 435

    Questo 48: As partes da prudncia. ............................................................ 436

    Artigo nico - Se esto convenientemente assinaladas as partes da prudncia. .. 436

    Questo 49: Das partes singulares e como integrantes da prudncia. ............... 439

    Artigo 1 - Se a memria faz parte da prudncia. ............................................. 439

    Artigo 2 - Se o intelecto faz parte da prudncia. ............................................. 440

  • 12

    Artigo 3 - Se a docilidade deve ser considerada parte da prudncia. ................. 442

    Artigo 4 - Se a solrcia faz parte da prudncia. .............................................. 443

    Artigo 5 - Se a razo deve ser considerada parte da prudncia. ........................ 444

    Artigo 6 - Se a providncia deve ser considerada parte da prudncia. ............... 445

    Artigo 7 - Se a circunspeco pode ser parte da prudncia. .............................. 447

    Artigo 8 - Se a cautela deve ser considerada parte da prudncia. ..................... 448

    Questo 50: Das partes subjetivas da prudncia. ........................................... 449

    Artigo 1 - Se a arte de reinar deve ser considerada espcie da prudncia. ......... 449

    Artigo 2 - Se a poltica deve ser considerada parte da prudncia. ..................... 450

    Artigo 3 - Se a econmica deve ser considerada espcie de prudncia. .............. 452

    Artigo 4 - Se se deve considerar uma espcie de prudncia de ordem militar. .... 453

    Questo 51: Das virtudes anexas a prudncia. ............................................... 454

    Artigo 1 - Se a eubulia uma virtude. ........................................................... 454

    Artigo 2 - Se a eubulia uma virtude distinta da prudncia. ............................ 455

    Artigo 3 - Se a snese virtude. ................................................................... 457

    Artigo 4 - Se a gnome uma virtude especial, distinta da snese. ..................... 458

    Questo 52: Do dom do conselho. ................................................................ 459

    Artigo 1 - Se o conselho deve ser contado entre os dons do Esprito Santo. ....... 460

    Artigo 2 - Se o dom do conselho corresponde convenientemente virtude da

    prudncia. ................................................................................................. 461

    Artigo 3 - Se o dom do conselho permanece na ptria. .................................... 462

    Artigo 4 - Se a quinta bem aventurana, que sobre a misericrdia, corresponde

    ao dom do conselho. ................................................................................... 464

    Questo 53: Da imprudncia. ....................................................................... 465

    Artigo 1 - Se a imprudncia pecado. ........................................................... 465

    Artigo 2 - Se a imprudncia pecado especial. ............................................... 467

    Artigo 3 - Se a precipitao pecado compreendido na imprudncia. ................ 469

    Artigo 4 - Se a inconsiderao um pecado especial compreendido na imprudncia.

    ................................................................................................................ 470

    Artigo 5 - Se a inconstncia um vicio compreendido na imprudncia............... 471

    Artigo 6 - Se os referidos vcios nascem da luxria. ........................................ 472

    Questo 54: Da negligncia. ........................................................................ 473

    Artigo 1 - Se a negligncia um pecado especial. ........................................... 473

    Artigo 2 - Se a negligncia se ope prudncia. ............................................. 475

    Artigo 3 - Se a negligncia pode ser pecado mortal. ........................................ 476

    Questo 55: Dos vcios opostos prudncia, que tem semelhana com ela. ....... 477

    Artigo 1 - Se a prudncia da carne pecado. ................................................. 477

    Artigo 2 - Se a prudncia da carne pecado mortal. ....................................... 479

  • 13

    Artigo 3 - Se a astcia um pecado especial. ................................................ 480

    Artigo 4 - Se o dolo um pecado compreendido na astcia. ............................. 481

    Artigo 5 - Se a fraude pertence astcia. ...................................................... 482

    Artigo 6 - Se lcito ter solicitude pelas coisas temporais. ............................... 483

    Artigo 7 - Se devemos ser solcitos pelo futuro. .............................................. 485

    Artigo 8 - Se os referidos vcios nascem da avareza. ....................................... 486

    Questo 56: Dos preceitos pertinentes prudncia. ........................................ 487

    Artigo 1 - Se dentre os preceitos do declogo, devia ter sido estabelecido um para a

    prudncia. ................................................................................................. 488

    Artigo 2 - Se na Lei Antiga foram estabelecidos convenientemente preceitos

    proibitivos dos vcios opostos prudncia. ..................................................... 489

    Tratado sobre a justia ................................................................................ 490

    Questo 57: Do direito. ............................................................................... 491

    Artigo 1 - Se o direito objeto da justia. ...................................................... 492

    Artigo 2 - Se o direito se divide convenientemente em direito natural e direito

    positivo. .................................................................................................... 493

    Artigo 3 - Se o direito das gentes o mesmo que o direito natural. .................. 495

    Artigo 4 - Se devem distinguir-se especialmente o direito paterno e o ao senhor.

    ................................................................................................................ 496

    Questo 58: Da justia. ............................................................................... 498

    Artigo 1 - Se foi convenientemente definida pelos jurisperitos a justia como a

    vontade constante e perptua de dar a cada um o que lhe pertence. ................ 498

    Artigo 2 - Se a justia sempre relativa a outrem. ......................................... 500

    Artigo 3 - Se a justia uma virtude. ............................................................ 501

    Artigo 4 - Se o sujeito da justia a vontade. ................................................ 502

    Artigo 5 - Se a justia uma virtude geral. .................................................... 504

    Artigo 6 - Se a justia geral inclui essencialmente todas as outras virtudes. ....... 505

    Artigo 7 - Se h uma justia particular alm da justia geral. ........................... 507

    Artigo 8 - Se a justia particular tem matria especial. .................................... 508

    Artigo 9 - Se a justia versa sobre as paixes. ............................................... 509

    Artigo 10 - Se a mediedade da justia uma mediedade real. .......................... 511

    Artigo 11 - Se o ato da justia consiste em dar a cada um, o que lhe pertence. .. 512

    Artigo 12 - Se a justia tem preeminncia sobre todas as virtudes orais. ........... 513

    Questo 59: Da injustia. ............................................................................ 514

    Artigo 1 - Se a injustia um vcio especial. .................................................. 514

    Artigo 2 - Se se considera injusto quem comete injustia................................. 515

    Artigo 3 - Se podemos sofrer a injustia voluntariamente. ............................... 517

    Artigo 4 - Se todo aquele que pratica uma Injustia peca mortalmente. ............ 518

  • 14

    Questo 60: Do juzo. ................................................................................. 519

    Artigo 1 - Se o juzo um ato de justia. ....................................................... 520

    Artigo 2 - Se licito julgar. .......................................................................... 521

    Artigo 3 - Se o juzo fundado numa suspeita ilcito. ...................................... 522

    Artigo 4 - Se as dvidas devem ser interpretadas no melhor sentido. ................ 524

    Artigo 5 - Se devemos sempre julgar de acordo com as leis escritas. ................ 526

    Artigo 6 - Se um juzo usurpado se torna pervertido. ...................................... 527

    Questo 61: Das partes subjetivas da justia. ................................................ 528

    Artigo 1 - Se a justia convenientemente dividida em duas partes, a distributiva e

    a comutativa. ............................................................................................. 529

    Artigo 2 - Se a mediedade considerada do mesmo modo na justia distributiva e

    na comutativa. ........................................................................................... 531

    Artigo 3 - Se a matria de ambas as justias diversa. ................................... 532

    Artigo 4 - Se o justo absolutamente o mesmo que a reciprocidade de ao. .... 534

    Questo 62: Da restituio. ......................................................................... 536

    Artigo 1 - Se a restituio um ato de justia comutativa. .............................. 537

    Artigo 2 - Se necessrio, para a salvao, fazer-se a restituio do que foi tirado

    injustamente a outrem. ............................................................................... 538

    Artigo 3 - Se basta restituir simplesmente o que foi injustamente tirado a outrem.

    ................................................................................................................ 540

    Artigo 4 - Se devemos restituir o que no tiramos injustamente a outrem. ........ 541

    Artigo 5 - Se devemos sempre restituir aquele de quem recebemos alguma coisa.

    ................................................................................................................ 542

    Artigo 6 - Se quem se apoderou da coisa alheia est sempre obrigado a restitu-la.

    ................................................................................................................ 544

    Artigo 7 - Se quem no tomou o alheio est obrigado a restituir. ...................... 546

    Artigo 8 - Se estamos obrigados a restituir imediatamente ou se, ao invs,

    podemos licitamente diferir a restituio. ...................................................... 548

    Questo 63: Da aceitao das pessoas. ......................................................... 549

    Artigo 1 - Se a aceitao de pessoas pecado. .............................................. 549

    Artigo 2 - Se na dispensao dos bens espirituais h lugar para a aceitao de

    pessoas. .................................................................................................... 551

    Artigo 3 - Se no testemunhar a honra e o respeito h o pecado de aceitao de

    pessoas. .................................................................................................... 553

    Artigo 4 - Se no juzo tem lugar a aceitao de pessoas. ................................. 554

    Questo 64: Do homicdio............................................................................ 555

    Artigo 1 - Se matar quaisquer seres vivos ilcito. .......................................... 556

    Artigo 2 - Se lcito matar os pecadores. ...................................................... 557

    Artigo 3 - Se lcito ao particular matar um pecador....................................... 559

  • 15

    Artigo 4 - Se lcito aos clrigos matar os malfeitores. ................................... 560

    Artigo 5 - Se lcito matar-se a si mesmo. .................................................... 561

    Artigo 6 - Se lcito em algum caso matar um inocente. ................................. 563

    Artigo 7 - Se lcito matar a outrem para nos defendermos. ............................ 565

    Artigo 8 - Se quem mata casualmente um homem incorre no reato de homicdio.

    ................................................................................................................ 567

    Questo 65: Dos outros pecados de injustia cometidos contra a pessoa. .......... 568

    Artigo 1 - Se mutilar um membro pode ser lcito em algum caso. ..................... 568

    Artigo 2 - Se lcito aos pais aoitar os filhos, ou aos senhores, os escravos. .... 570

    Artigo 3 - Se lcito encarcerar algum. ........................................................ 572

    Artigo 4 - Se o pecado se agrava quando as referidas injustias so cometidas

    contra pessoas chegadas a outras. ............................................................... 573

    Questo 66: Do furto e do roubo. ................................................................. 574

    Artigo 1 - Se natural ao homem a posse dos bens externos. .......................... 574

    Artigo 2 - Se lcito a algum possuir uma coisa como prpria. ....................... 575

    Artigo 3 - Se da essncia do furto o apoderar-se ocultamente das coisas alheias.

    ................................................................................................................ 577

    Artigo 4 - Se o furto e a rapina so pecados especificamente diferentes. ........... 578

    Artigo 5 - Se o furto sempre pecado. .......................................................... 579

    Artigo 6 - Se o furto pecado mortal. ........................................................... 581

    Artigo 7 - Se lcito furtar por necessidade.................................................... 582

    Artigo 8 - Se pode haver rapina, sem pecado. ................................................ 583

    Artigo 9 - Se o furto pecado mais grave que a rapina. .................................. 585

    Questo 67: Da injustia do juiz no julgar. .................................................... 586

    Artigo 1 - Se podemos julgar justamente quem de ns no depende. ................ 586

    Artigo 2 - Se ao juiz lcito julgar contra a verdade que conhece, fundado no que

    lhe propem, em contrrio. .......................................................................... 587

    Artigo 3 - Se o juiz pode julgar mesmo quem no tem nenhum acusador. ......... 589

    Artigo 4 - Se o juiz pode licitamente relaxar a pena. ....................................... 590

    Questo 68: Do pertinente acusao injusta. ............................................... 591

    Artigo 1 - Se algum est obrigado a acusar. ................................................. 592

    Artigo 2 - Se necessrio fazer a acusao por escrito.................................... 593

    Artigo 3 - Se a acusao se torna injusta pela calnia, pela prevaricao e pela

    tergiversao. ............................................................................................ 594

    Artigo 4 - Se o acusado, cuja prova falhar, est sujeito pena de talio. ........... 596

    Questo 69: Dos pecados contrrios justia no atinente ao ru. ..................... 597

    Artigo 1 - Se sem pecado mortal pode o acusado negar a verdade que o

    condenaria. ................................................................................................ 598

  • 16

    Artigo 2 - Se lcito ao acusado defender-se cavilosamente. ............................ 599

    Artigo 3 - Se licito ao ru recusar o juiz por apelao. .................................. 600

    Artigo 4 - Se lcito ao condenado morte resistir, podendo. .......................... 602

    Questo 70: Da injustia relativa a pessoa da testemunha. .............................. 603

    Artigo 1 - Se estamos obrigados a testemunhar. ............................................ 603

    Artigo 2 - Se basta o testemunho de duas ou trs testemunhas. ...................... 605

    Artigo 3 - Se o testemunho de uma testemunha s deve ser recusado por causa de

    culpa......................................................................................................... 608

    Artigo 4 - Se o falso testemunho sempre pecado mortal. .............................. 609

    Questo 71: Da injustia cometida em juzo por parte dos advogados. .............. 610

    Artigo 1 - Se o advogado est obrigado a patrocinar a causa dos pobres. .......... 610

    Artigo 2 - Se certos podem ser, por direito, justamente privados de exercer o ofcio

    de advogado. ............................................................................................. 612

    Artigo 3 - Se peca o advogado que defende uma causa injusta. ........................ 614

    Artigo 4 - Se lcito ao advogado receber dinheiro pelo seu patrocnio. ............. 615

    Questo 72: Da contumlia. ......................................................................... 616

    Artigo 1 - Se a contumlia consiste em palavras. ............................................ 617

    Artigo 2 - Se a contumlia ou o convcio pecado mortal. ............................... 618

    Artigo 3 - Se devemos suportar as contumlias proferidas contra ns. .............. 620

    Artigo 4 - Se a contumlia nasce da ira. ........................................................ 622

    Questo 73: Da detrao. ............................................................................ 622

    Artigo 1 - Se a detrao consiste em denegrir a reputao alheia com palavras

    ocultas. ..................................................................................................... 623

    Artigo 2 - Se a detrao pecado mortal. ...................................................... 624

    Artigo 3 - Se a detrao mais grave que todos os pecados cometidos contra o

    prximo. ................................................................................................... 626

    Artigo 4 - Se quem ouve com complacncia o detrator peca gravemente. .......... 628

    Questo 74: Do sussuro. ............................................................................. 630

    Artigo 1 - Se a derriso um pecado especial, distinto dos pecados j referidos. 630

    Artigo 1 - Se o sussurro pecado distinto da detrao. ................................... 631

    Artigo 2 - Se a detrao pecado mais grave que o sussurro. .......................... 632

    Questo 75: Da derriso.............................................................................. 634

    Artigo 1 - Se a derriso um pecado especial, distinto dos pecados j referidos. 634

    Artigo 2 - Se a derriso pode ser um pecado mortal. ....................................... 635

    Questo 76: Da maldio. ........................................................................... 637

    Artigo 1 - Se lcito amaldioar a outrem. ..................................................... 637

    Artigo 2 - Se lcito amaldioar uma criatura irracional. .................................. 639

    Artigo 3 - Se amaldioar pecado mortal. ..................................................... 640

  • 17

    Artigo 4 - Se a maldio mais grave pecado que a detrao. ......................... 641

    Questo 77: Da fraude cometida na compra e na venda. ................................. 642

    Artigo 1 - Se podemos vender uma coisa por mais do que vale. ....................... 642

    Artigo 2 - Se a venda torna-se injusta e ilcita por causa de um defeito da coisa

    vendida. .................................................................................................... 647

    Artigo 3 - Se o vendedor est obrigado a revelar o vcio da coisa vendida. ......... 649

    Artigo 4 - Se lcito, negociando uma coisa, vend-la mais caro do que custou. . 651

    Questo 78: Do pecado de usura. ................................................................. 652

    Artigo 1 - Se receber usura pelo dinheiro mutuado pecado. ........................... 653

    Artigo 2 - Se podemos, pelo dinheiro mutuado, exigir uma outra vantagem. ...... 656

    Artigo 3 - Se estamos obrigados a restituir todo o dinheiro que recebemos com

    usura. ....................................................................................................... 659

    Artigo 4 - Se lcito receber dinheiro a ttulo de mtuo, sob a condio de pagar

    usura. ....................................................................................................... 660

    Questo 79: Das partes quase integrantes da justia. ..................................... 662

    Artigo 1 - Se evitar o mal e fazer o bem so partes da justia. ......................... 662

    Artigo 2 - Se a transgresso um pecado especial. ........................................ 664

    Artigo 3 - Se a omisso um pecado especial. ............................................... 665

    Artigo 4 - Se o pecado de omisso mais grave que o de transgresso. ............ 667

    Questo 80: Das partes potenciais da justia. ................................................ 668

    Artigo nico. Se esto convenientemente assinaladas s virtudes anexas

    justia. ...................................................................................................... 669

    Questo 81: Da religio. .............................................................................. 672

    Art. 1 Se a religio ordena o homem s para Deus. ...................................... 673

    Art. 2 Se a religio uma virtude. ............................................................. 675

    Art. 3 Se a religio uma s virtude. ......................................................... 676

    Art. 4 Se a religio uma virtude especial distinta das outras. ...................... 677

    Art. 5 Se a religio uma virtude teologal. ................................................. 678

    Art. 6 Se a religio deve ser preferida s outras virtudes morais. ................... 679

    Art. 7 - Se a religio tem algum ato externo. ................................................. 681

    Art. 8 Se a religio o mesmo que a santidade. .......................................... 682

    Questo 82: Da devoo. ............................................................................ 684

    Art. 1 Se a devoo um ato especial. ....................................................... 684

    Art. 2 Se a devoo um ato de religio. ................................................... 685

    Art. 3 Se a contemplao ou meditao causa da devoo. ........................ 686

    Art. 4 Se a alegria efeito da devoo. ...................................................... 688

    Questo 83: Da orao................................................................................ 689

    Art. 1 Se a orao um ato de virtude apetitiva. ......................................... 689

  • 18

    Art. 2 Se conveniente orar. .................................................................... 691

    Art. 3 Se a orao um ato de religio. ...................................................... 692

    Art. 4 Se devemos orar s a Deus. ............................................................. 694

    Art. 5 Se na orao devemos pedir alguma coisa determinada a Deus. ........... 695

    Art. 6 Se devemos pedir a Deus, nas nossas oraes, bens temporais. ........... 696

    Art. 7 Se devemos orar pelos outros. ......................................................... 697

    Art. 8 Se devemos orar pelos inimigos. ....................................................... 699

    Art. 9 Se esto convenientemente assinaladas as sete peties da Orao

    Dominical. ................................................................................................. 700

    Art. 10 Se orar prprio da criatura racional. .............................................. 703

    Art. 11 Se os santos que esto na ptria oram por ns. ................................ 704

    Art. 12 Se a orao deve ser vocal. ............................................................ 706

    Art. 13 Se a orao tem necessidade de ser atenta. ..................................... 707

    Art. 14 Se a orao deve ser diuturna. ....................................................... 709

    Art. 15 Se a orao meritria. ................................................................. 711

    Art. 16 Se os pecadores obtm de Deus o que lhe pedem nas suas oraes. ... 713

    Art. 17 Se as consideram convenientemente como partes da orao: a

    obsecrao, as oraes, a postulao e a ao de graas. ................................ 714

    Questo 84: Da adorao. ........................................................................... 716

    Art. 1 Se a adorao ato de latria ou de religio. ....................................... 716

    Art. 2 Se a adorao implica atos corpreos. ............................................... 718

    Art. 3 Se a adorao exige lugar determinado. ............................................ 719

    Questo 85: Dos sacrifcios. ......................................................................... 720

    Art. 1 Se oferecer sacrifcio a Deus exigido pela lei da natureza. ................. 720

    Art. 2 Se s a Deus supremo devemos oferecer sacrifcio. ............................. 722

    Art. 3 Se a oblao do sacrifcio um ato especial de virtude. ....................... 723

    Art. 4 Se todos so obrigados a oferecer sacrifcios. ..................................... 724

    Questo 86: Das oblaes e das primcias. .................................................... 726

    Art. 1 Se estamos obrigados a fazer oblaes por necessidade de preceito. ..... 726

    Art. 2 Se as oblaes so devidas s aos sacerdotes. ................................... 727

    Art. 3 Se podemos fazer oblaes de todas as coisas que possumos licitamente.

    ................................................................................................................ 729

    Art. 4 Se estamos obrigados soluo das primcias. ................................... 730

    Questo 87: Dos dzimos. ............................................................................ 732

    Art. 1 Se estamos obrigados a pagar dzimos por necessidade de preceito. ..... 732

    Art. 2 Se estamos obrigados a pagar dzimos de tudo. .................................. 736

    Art. 3 - Se devemos pagar o dizimo aos sacerdotes. ....................................... 738

    Art. 4 Se tambm os sacerdotes so obrigados a pagar dzimos. ................... 740

  • 19

    Questo 88: Do voto. .................................................................................. 741

    Art. 1 Se o voto consiste no s propsito da vontade. ................................... 741

    Art. 2 Se devemos sempre fazer voto do nosso maior bem. .......................... 743

    Art. 3 Se todo voto exige cumprimento....................................................... 745

    Art. 4 Se til fazer voto. ......................................................................... 747

    Art. 5 Se o voto um ato de Iatria ou de religio. ........................................ 748

    Art. 6 Se mais louvvel e meritrio fazer uma obra sem voto do que por voto.

    ................................................................................................................ 749

    Art. 7 Se o voto se torna solene pelo recebimento das ordens sagradas e pela

    profisso na vida religiosa. .......................................................................... 751

    Art. 8 Se Os sujeitos autoridade de outrem ficam impedidos de fazer voto. .. 753

    Art. 9 Se os menores podem obrigarse por voto ao ingresso numa religio.... 754

    Art. 10 Se um voto pode ser dispensado. .................................................... 756

    Art. 11 Se pode ser dispensado o voto solene de continncia. ....................... 757

    Art. 12 Se para a comutao ou dispensa do voto necessria a licena do

    prelado. .................................................................................................... 760

    Questo 89: Do juramento. ......................................................................... 762

    Art. 1 Se jurar invocar a Deus como testemunha. ..................................... 763

    Art. 2 Se lcito jurar. .............................................................................. 764

    Art. 3 Se se assinalaram convenientemente as trs condies do juramento: a

    justia, o juzo e a verdade. ......................................................................... 766

    Art. 4 Se o juramento um ato da religio ou de latria. ................................ 767

    Art. 5 Se devemos desejar e reiterar o juramento como til e bom. ............... 768

    Art. 6 Se lcito jurar pelas criaturas. ........................................................ 770

    Art. 7 Se o juramento tem fora obrigatria. ............................................... 771

    Art. 8 Se maior a obrigao do juramento do que do voto. ......................... 773

    Art. 9 Se h quem possa dispensar do juramento. ....................................... 774

    Art. 10 Se ao juramento se ope alguma circunstncia de pessoa ou de tempo.

    ................................................................................................................ 776

    Questo 90: Da invocao do nome divino a modo de adjurao. ..................... 778

    Art. 1 Se lcito adjurar os homens. .......................................................... 778

    Art. 2 Se lcito adjurar os demnios. ........................................................ 780

    Art. 3 Se lcito adjurar uma criatura irracional. .......................................... 781

  • 20

    Tratado sobre a F

    Questo 1: Do objeto da f.

    Questo 2: Do ato de F.

    Questo 3: Do ato exterior da F.

    Questo 4: Da f em si mesma.

    Questo 5: Dos que tem a F.

    Questo 6: Da causa da F.

    Questo 7: Dos efeitos da F.

    Questo 8: Do dom do intelecto.

    Questo 9: Do dom da cincia.

    Questo 10: Da infidelidade em comum.

    Questo 11: Da heresia.

    Questo 12: Da apostasia.

    Questo 13: Da blasfmia em geral.

    Questo 14: Da blasfmia contra o Esprito Santo.

    Questo 15: Da cegueira da mente e do embotamento do sentido.

    Questo 16: Dos preceitos sobre a f, a cincia e o intelecto.

    Questo 1: Do objeto da f.

    Portanto, dentre as virtudes teologais, devemos tratar, primeiro, da f. Segundo,

    da esperana. Terceiro, da caridade.

    Ora, sobre a f, h quatro consideraes a fazer. Primeiro, sobre a f em si mesma.

    Segundo, sobre os dons da inteligncia e da cincia, que lhe correspondem.

    Terceiro, dos vcios opostos. Quarto, dos preceitos pertencentes a essa virtude.

    Quanto f, devemos tratar, primeiro, do seu objeto. Segundo, do seu ato.

    Terceiro, do hbito mesmo da f.

    Na primeira questo tratam-se dez artigos:

    Artigo 1 - Se o objeto da f a verdade primeira.

    Artigo 2 - Se o objeto da f algo de complexo, a modo do objeto do juzo.

    Artigo 3 - Se a f susceptvel de falsidade.

    Artigo 4 - Se o objeto da f algo de visvel.

    Artigo 5 - Se as verdades da f podem ser objeto de cincia.

    Artigo 6 - Se as verdades da f devem distinguir-se em certos artigos.

    Artigo 7 - Se os artigos da f aumentaram na sucesso dos tempos.

    Artigo 8 - Se os artigos da f esto convenientemente enumerados.

    Artigo 9 - Se os artigos da f esto convenientemente dispostos no smbolo.

    Artigo 10 - Se pertence ao Sumo Pontfice ordenar o smbolo da f.

    Artigo 1 - Se o objeto da f a verdade primeira.

    O primeiro discute-se assim. Parece que o objeto da f no a verdade primeira.

    1. Pois, objeto da f o proposto para crermos. Ora, nos proposto a crer, no

    s o respeitante divindade, que uma verdade primeira, mas tambm o

  • 21

    pertencente humanidade de Cristo, aos sacramentos da Igreja e condio das

    criaturas. Logo, nem s a verdade primeira objeto da f.

    2. Demais. A f e a infidelidade, sendo contrrias, referem-se ao mesmo objeto.

    Ora, pode haver infidelidade relativamente a todo o contedo da Sagrada Escritura;

    pois, considera-se infiel quem negar qualquer parte dele. Logo, tambm a f

    relativa a todo o contedo da Sagrada Escritura. Ora, esta contm muitas

    disposies relativas aos homens e aos demais seres criados. Logo, o objeto da f

    no s a verdade primeira, mas tambm a verdade criada.

    3. Demais. A f entra na mesma diviso que a caridade, como j se disse. Ora,

    pela caridade no s amamos a Deus, suma bondade, mas tambm ao prximo.

    Logo, o objeto da f no s a verdade primeira.

    Mas, em contrrio, diz Dionsio: a f tem por objeto a verdade simples e sempre

    existente. Ora, esta a verdade primeira. Logo, o objeto da f a verdade

    primeira.

    SOLUO. O objeto de qualquer hbito cognoscitivo encerra dois elementos: o

    conhecido materialmente, que como o objeto material; e aquilo pelo que se

    conhece, que a razo formal do objeto. Assim, na cincia da geometria, as

    concluses so materialmente conhecidas; mas a razo formal desse conhecimento

    so os meios da demonstrao, por onde se conhecem as concluses. Assim

    tambm, se considerarmos a razo formal do objeto da f, esse no seno a

    verdade primeira. Pois a f, de que tratamos, no adere a um objeto seno

    enquanto revelado por Deus. Por onde, apoia-se na verdade divina, como meio. Se

    porm considerarmos materialmente os objetos aos quais a f adere, esses

    incluem, no s Deus, mas ainda muitos outros. Os quais, porm, no obtm a

    adeso da f, seno na medida em que se ordenam de algum modo para Deus; isto

    , enquanto certos efeitos da divindade auxiliam o homem a tender para a fruio

    divina. Por onde, ainda por este lado, o objeto da f, de certo modo, a verdade

    primeira, porque nada cai sob o domnio da f seno enquanto ordenado para

    Deus; assim como o objeto da medicina a sade, por nada considerar ela seno

    em ordem sade.

    DONDE A RESPOSTA PRIMEIRA OBJEO. O pertencente humanidade de

    Cristo, aos sacramentos da Igreja ou a quaisquer criaturas, constitui objeto da f

    enquanto meios pelos quais nos ordenamos para Deus, aos quais tambm

    assentimos por causa da verdade divina.

    E o mesmo se deve RESPONDER SEGUNDA OBJEO, quanto a tudo o que

    transmitido pela Sagrada Escritura.

  • 22

    RESPOSTA TERCEIRA. Tambm a caridade ama ao prximo por causa de Deus.

    Por onde, Deus mesmo o objeto prprio dela, como a seguir se dir.

    Artigo 2 - Se o objeto da f algo de complexo, a modo do objeto do juzo.

    O segundo discute-se assim. Parece que o objeto da f nada tem de complexo, a

    modo do objeto do juzo.

    1. Pois, o objeto da f a verdade primeira, como j se disse. Ora, a verdade

    primeira algo de incomplexo. Logo, o objeto da f nada tem de complexo.

    2. Demais. A exposio da f est contida no smbolo. Ora, o smbolo no se

    compe de objetos de juzo, mas de realidades. Assim, no diz, que Deus

    omnipotente, mas: Creio em Deus omnipotente. Logo, o objeto da f no o do

    juzo, mas, a realidade.

    3. Demais. f sucede a viso, conforme aquilo da Escritura: Ns agora vemos

    como por um espelho, em enigmas; mas ento face a face. Ora, o objeto da viso

    celeste, sendo a mesma essncia divina, incomplexo. Logo, tambm o da f,

    nesta vida.

    Mas, em contrrio. A f termo mdio entre a cincia e a opinio. Ora, meio e

    extremo pertencem ao mesmo gnero. Por onde, versando a cincia e a opinio

    sobre os objetos dos juzos, resulta, por semelhana, que tambm sobre eles versa

    a f. Portanto, o objeto da f, versando sobre tais objetos, complexo.

    SOLUO. O objeto conhecido est no sujeito, que o conhece, ao modo do

    sujeito. Ora, o modo prprio do intelecto humano conhecer a verdade compondo

    e dividindo, como j dissemos. Por onde, objetos em si mesmos simples o intelecto

    os conhece segundo uma certa complexidade; assim como, inversamente, o

    intelecto divino conhece, incomplexamente, objetos em si mesmos complexos.

    Portanto, o objeto da f pode ser considerado dupla luz. - De um modo, quanto

    realidade mesma crida. E ento, o objeto da f algo de incomplexo, a saber, a

    realidade mesma na qual temos f. De outro modo, quanto a quem cr. E, a esta

    luz, o objeto da f algo de complexo, a modo do objeto do juzo. - Por isso, num e

    noutro caso, os antigos opinaram, com verdade, sendo ambas as opinies

    verdadeiras, de certo modo.

    DONDE A RESPOSTA PRIMEIRA OBJEO. A objeo procede quanto ao objeto

    da f relativamente realidade mesma crida.

    RESPOSTA SEGUNDA. O smbolo exprime o que de f, enquanto que nisso

    termina o ato do crente, como aparece do modo mesmo da expresso. Ora, o ato

    do crente no termina num juzo, mas numa realidade; pois, no formamos juzos

  • 23

    seno para, desse modo, chegarmos ao conhecimento da realidade, tanto na

    cincia como na f.

    RESPOSTA TERCEIRA. A viso, na ptria, ser a da verdade primeira, como ela

    em si mesma , conforme a Escritura: Quando ele aparecer, seremos semelhantes

    a ele; porquanto ns outros o veremos bem como ele . Por onde, essa viso ser,

    no a modo de juzo, mas, de simples inteligncia. Ao passo que, pela f, no

    apreendemos a verdade primeira em si mesma. Portanto, no h semelhana de

    razes.

    Artigo 3 - Se a f susceptvel de falsidade.

    O terceiro discute-se assim. Parece que a f susceptvel de falsidade.

    1 Pois, a f entra na mesma diviso com a esperana e a caridade. Ora, a

    esperana susceptvel de falsidade; assim, muitos que esperam alcanar a vida

    eterna, no h alcanaro. O mesmo se d com a caridade; pois, muitos so

    amados como bons sem contudo o serem. Logo, a f susceptvel de falsidade.

    2. Demais. Abrao acreditou em Cristo, que havia de nascer, conforme aquilo da

    Escritura: Vosso pai Abrao desejou ansiosamente ver o meu dia. Ora, depois do

    tempo de Abrao, Deus poderia no ter-se encarnado, pois, s por sua vontade

    assumiu a carne. Portanto, teria sido falso o que Abrao acreditou de Cristo. Logo,

    a f susceptvel de falsidade.

    3. Demais. Era f dos antigos, que Cristo havia de nascer; e muitos conservaram

    essa f at a pregao do Evangelho. Ora, uma vez nascido, e antes de comear a

    pregar, era falso que Cristo havia de nascer. Logo, a f susceptvel de falsidade.

    4. Demais. Um dos artigos de f consiste em crermos que o sacramento do altar

    contm o verdadeiro corpo de Cristo. Ora, pode acontecer, quando no haja a

    conveniente consagrao, que no exista verdadeiramente esse corpo, mas s o

    po. Logo, a f susceptvel de falsidade.

    Mas, em contrrio. - Nenhuma virtude aperfeioadora do intelecto tem por objeto o

    falso, enquanto este um mal do intelecto, como est claro no Filsofo. Ora, a f

    uma virtude, que aperfeioa o intelecto, conforme a seguir se demonstrar. Logo,

    no susceptvel de falsidade.

    SOLUO. Todo objeto de uma potncia, de um hbito ou mesmo de um ato, s

    o mediante a sua razo formal. Assim, a cor no pode ser vista seno pela luz; e

    uma concluso no pode ser conhecida seno mediante a demonstrao. Ora, como

    j se disse, a razo formal do objeto da f a verdade primeira. Logo, ela nada

    pode alcanar seno enquanto dependente da verdade primeira, que no

  • 24

    susceptvel de nenhuma falsidade, assim como o ser no inclui o no ser nem o

    bem, o mal. Donde se conclui que a f no susceptvel de nenhuma falsidade.

    DONDE A RESPOSTA PRIMEIRA OBJEO. Sendo a verdade o bem do intelecto

    e no, da potncia apetitiva, todas as virtudes, que aperfeioam o intelecto,

    excluem totalmente a falsidade; pois, da essncia da virtude s referir-se ao

    bem. Ao contrrio, as virtudes, que aperfeioam a parte apetitiva, no excluem

    totalmente o falso; assim, podemos agir segundo a justia ou a temperana, tendo

    falsa opinio do objeto do nosso ato. Por onde, como a f aperfeioa o intelecto, e a

    esperana e a caridade, a parte apetitiva, no o mesmo o caso entre elas. - E,

    contudo, nem a esperana susceptvel de falsidade. Pois, ningum espera

    conseguir a vida eterna por suas prprias foras, o que seria presuno, mas, com

    o auxlio da graa, perseverando na qual, alcanar infalivelmente essa vida. -

    Semelhantemente, caridade pertence amar a Deus, onde quer que esteja Ele. Por

    isso, no importa, para a caridade, que Deus esteja ou no em quem amado por

    causa dele.

    RESPOSTA SEGUNDA. A no encarnao de Deus, em si mesma considerada,

    era possvel, mesmo depois do tempo de Abrao. Mas, enquanto objeto da

    prescincia divina, ela tem uma certa e infalvel necessidade, como se demonstrou

    na Primeira Parte E, deste modo, objeto da f. Portanto, como tal, no

    susceptvel de falsidade.

    RESPOSTA TERCEIRA. f do crente pertenceria crer, depois da natividade de

    Cristo, que ele havia de nascer um dia. Mas a delimitao do tempo, em que se

    enganava, no procederia da f, mas da conjectura humana. Pois possvel, por

    conjectura humana, o fiel cair em alguma falsidade. Mas impossvel, em virtude

    da f, afirmar qualquer falsidade.

    RESPOSTA QUARTA. A f do crente no se refere a estas ou quelas espcies

    de po; mas a que o verdadeiro corpo de Cristo est sob as espcies do po

    sensvel, quando convenientemente consagrado. Por onde, sendo

    inconvenientemente consagrado, nem por isso conter a f qualquer falsidade.

    Artigo 4 - Se o objeto da f algo de visvel.

    O quarto discute-se assim. Parece que o objeto da f algo de visvel.

    1. Pois, o Senhor disse a Tom: Tu crestes, porque me viste: Logo, a viso e a f

    tem o mesmo objeto.

    2. Demais. O Apstolo diz: Ns agora vemos como por um espelho, em enigmas;

    e refere-se ao conhecimento pela f. Logo, vemos aquilo mesmo em que cremos.

  • 25

    3. Demais. a f um certo lume espiritual. Ora, qualquer luz nos faz ver. Logo,

    tem a f por objeto as coisas visveis.

    4. Demais. Todo sentido se chama viso, como diz Agostinho. Ora, a f diz

    respeito ao que ouvido, conforme aquilo da Escritura. A f pelo ouvido. Logo, a

    f refere-se s coisas visveis.

    Mas, em contrrio, diz a Escritura: a f um argumento das causas que no

    aparecem.

    SOLUO. A f implica o assentimento do intelecto aquilo em que cremos. Ora, a

    inteligncia pode assentir a alguma coisa, de dois modos. - De um modo, quando

    movido pelo objeto mesmo, ou conhecido, em si, como claro no caso dos

    primeiros princpios, objeto do intelecto; ou mediatamente, como claro no caso

    das concluses, objeto da cincia. De outro modo, o assentimento da inteligncia

    no se funda em ser ela suficientemente movida pelo seu objeto prprio, mas por

    uma certa eleio, inclinada voluntariamente mais para um lado do que para outro.

    E ento, se isso se der com dvida e temor no v a outra parte ser verdadeira,

    haver opinio. Se porm, houver certeza, sem qualquer temor, existir a f. Ora,

    vistas so as coisas que, por si mesmas, movem o nosso intelecto, ou os sentidos,

    ao conhecimento delas. Por onde, manifesto que nem a f nem a opinio podem

    ter por objeto o visvel, seja este sensvel ou intelectual.

    DONDE A RESPOSTA PRIMEIRA OBJEO. Tom viu uma causa e acreditou em

    outra: viu um homem e, confessou crer em Deus, quando disse - meu Senhor e

    meu Deus.

    RESPOSTA SEGUNDA. As verdades da f podem ser consideradas dupla luz. -

    Primeiro em especial. E, no podem ento ser simultaneamente vistas e cridas,

    como j se disse. - De outro modo, em geral, isto , sob uma noo geral de

    credibilidade. E nesse caso, so vistas pelo crente. Pois, no acreditaria nelas, se

    no visse que devem ser acreditadas, quer pela evidncia dos sinais, quer por meio

    semelhante.

    RESPOSTA TERCEIRA. O lume da f faz-nos ver a credibilidade das verdades

    em que acreditamos. Pois, assim como peles outros hbitos virtuosos vemos o que

    nos convm, de conformidade com eles, assim tambm pelo hbito da f, a nossa

    mente se inclina a assentir ao que convm f reta e no, a outras coisas.

    RESPOSTA QUARTA. O ouvido se refere s palavras significativas das verdades

    da f; e no, s verdades mesmas constitutivas do objeto da f. E assim, no

    necessrio sejam elas vistas.

  • 26

    Artigo 5 - Se as verdades da f podem ser objeto de cincia.

    O quinto discute-se assim. Parece que as verdades da f podem ser objeto de

    cincia:

    1. Pois, o que no sabemos ignoramos, por opor-se a ignorncia cincia. Ora,

    as verdades da f no so ignoradas, pois ignor-las prprio da infidelidade,

    conforme aquilo da Escritura: Fiz por ignorncia na incredulidade. Logo, as

    verdades da f podem ser objeto de cincia.

    2. Demais. A cincia se adquire por meio de razes. Ora, os autores sagrados

    apoiam em razes as verdades da f. Logo, tais verdades podem ser objeto de

    cincia.

    3. Demais. O que se prova demonstrativamente constitui cincia, pois a

    demonstrao um silogismo que gera a cincia. Ora, certas verdades de f, como

    a existncia, a unidade de Deus e outras semelhantes, as provam

    demonstrativamente os filsofos. Logo, tais verdades podem ser objeto de cincia.

    4. Demais. A f, sendo termo mdio entre a opinio e a cincia, a opinio dista

    mais da cincia que a f. Ora, a opinio e a cincia podem, de certo modo, incidir

    sob o mesmo objeto, como diz Aristteles. Logo, o mesmo tambm se d com a f

    e a cincia.

    Mas, em contrrio, diz Gregrio que as causas visveis so objeto, no da f, mas

    de conhecimento. Logo, as verdades da f no so objeto de conhecimento. Ora, o

    que sabemos objeto de conhecimento. Logo, o objeto de cincia no pode s-lo

    da f.

    SOLUO. Toda cincia adquirida por meio de certos princpios evidentes e, por

    consequncia, intuitivos. Logo e necessariamente, tudo o que sabido h de ser,

    de algum modo, intuitivo. Ora, no possvel um mesmo sujeito ter intuio e

    crena, relativamente a um mesmo objeto como j se disse. Por onde, impossvel

    tambm ter cincia e crena em relao a esse mesmo objeto. - Por dar-se

    porm, que o visto ou sabido por um seja crido por outro. Assim, as verdades sobre

    a Trindade, em que cremos, esperamos haver de v-las, conforme a Escritura. Ns

    agora vemos a Deus como por um espelho, em enigmas; mas ento face a face.

    Ora, essa viso j os anjos a tm. Portanto, o que cremos eles veem. E assim,

    semelhantemente, pode dar-se que o visto ou sabido por um homem, mesmo no

    estado da vida presente, seja crido por outro, que tal no conhece

    demonstrativamente. Contudo o comumente proposto a todos os homens para ser

    crido , comumente, no sabido. Ora, essas verdades so em absoluto, as da f.

    Logo, f e cincia no tem o mesmo objeto.

  • 27

    DONDE A RESPOSTA PRIMEIRA OBJEO. Os infiis ignoram as verdades da f,

    pelas no ver ou conhecer em si mesmas, nem lhes apreender a credibilidade. Ora,

    deste modo que os fiis tm conhecimento delas; no quase

    demonstrativamente, mas enquanto veem, pelo lume da f, que devem ser cridas,

    como j se disse.

    RESPOSTA SEGUNDA. As razes aduzidas pelos Santos Padres para provar as

    verdades da f no so demonstrativas; mas, certas persuases manifestativas da

    no impossibilidade do que a f prope. Ou procedem dos princpios da f, isto ,

    das autoridades da Sagrada Escritura, como diz Dionsio. Pois, com tais princpios

    chegam os fiis a uma certa prova, assim como a certas outras chegam outros,

    partindo dos princpios evidentes. Por isso, a teologia tambm uma cincia, como

    se disse no princpio desta obra.

    RESPOSTA TERCEIRA. O que se pode provar demonstrativamente inclui-se

    entre as verdades que se devem crer, no, por terem todos nelas f absoluta, mas,

    por ser tal preexigido pelas verdades da f. E, no mnimo, isso deve ser

    pressuposto pela f ao menos por quem no pode de tal ter a demonstrao.

    RESPOSTA QUARTA. Como diz o Filsofo, no lugar aduzido, homens diversos

    podem ter cincia e opinio de um objeto absolutamente o mesmo, como agora o

    afirmamos sobre a cincia e a f. Mas um determinado homem pode, certo, ter f e

    cincia de um objeto relativamente o mesmo, por exemplo, de um mesmo sujeito,

    mas, no sob igual aspecto. Pois, de um mesmo objeto pode algum saber uma

    coisa e opinar outra. E de modo semelhante, podemos saber, demonstrativamente,

    que Deus existe e crer que trino. Mas, de um mesmo objeto e sob o mesmo

    aspecto, no pode um mesmo homem, simultaneamente, ter cincia e opinio, nem

    cincia e f. Por diferentes razes, porm. Pois, a cincia no pode, absolutamente

    falando, e em relao ao mesmo objeto, ser simultnea com a opinio. Porque, a

    cincia consiste, essencialmente, em admitirmos a impossibilidade de ser de outro

    modo aquilo que sabemos; ao contrrio, da essncia da opinio admitirmos a

    possibilidade de ser de outro modo aquilo que opinamos. Por seu lado, do que

    sabemos pela f admitimos a impossibilidade de ser de outro modo, por causa da

    certeza da f; mas, um mesmo objeto no pode, simultaneamente, e sob o mesmo

    aspecto, ser sabido e crido, porque o sabido visto e o crido no visto, como se

    disse.

    Artigo 6 - Se as verdades da f devem distinguir-se em certos artigos.

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    O sexto discute-se assim. Parece que as verdades da f no devem distinguir-se

    em cer