Saco Vazio

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    Sacovazio

    que pára

    de péCida Rodrigues

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    Saco vazioque pára de pé

    Suzano

    2001

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    Dedico este livro, esse conjunto

    de idéias e vivências a 

    Deus, que em todo meu caminhar,

    não me poupou de encarar

    de frente o vazio, mas sempre

    me sustentou, possibilitandominha existência em todos os

    momentos da minha vida.

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    Para Victor e DelCom todo meu amor

    Su m ár i o Su m ár i o 

    Pr efácio 

    In tr odução 1 . Sacos vazios qu e pa r am de pé............................... 11 2 . Quem em algum m oment o não se sent iu vazio ....... 12 

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    3 . Mas qu em são esses sacos vazios? .................... ..... 14 4 . Cada um de nós pode ser um saco, cheio de vazio . 15 5 . Mas de onde vem o vazio? ...................................... 17 6 . Como nasce? .......................................................... 19 

    7 . Como r econhecê-lo? ....... ...... ....... ...... ....... ....... ...... . 23 8 . O qu e fazer ? .......................................................... 25 9 . Constr ua sua vida ................................................. 26 10 . Per das e reconst r ução ................ ................ ........... 27 11 . Tipos de vaz io ........................................................ 29 12 . Enf r entando o vazio da separ ação ......................... 31 13 . O vazio da saudade ............................................... 35 14 . O vazio da dor do desampar o ................................ 37 15 . O vazio de cr iar fi lhos ............................................ 4 0 16 . Filh os! Onde foi que eu er r ei? ................................. 44 17 . Ao vazio uma r esposta .......................................... 46 18 . Sendo feliz ............................................................. 47 19 . Como? ................................................................... 48 20 . Sor r ia .................................................................... 49 21 . Div ida seu vazio com alguém ................................. 50 22 . Conheça o vazio de alguém ........... .......... ........... .... 52 23 . Tir e as máscar as ................................................... 54 

    24 . Faça estágio na vida .......................... ...... ...... ...... .. 5 7 25 . Felicida de explícit a ................................................ 6 0 26 . Terap ia do ab r aço ................................................. 63 27 . Sonhe, cr ie metas! ................................................. 67 28 . Um pouco por dia .................................................. 7 0 29 . Fu ja de soluções mágicas ............ ......... ......... ......... 73 30 . Não negue seus pr oblemas .................................... 74 31 . Cuide-se por for a tam bém ..................................... 7 5 32 . Peça perdão. Aceit e per dão .......... ............ ........... ... 76 33 . Mude o qu e for possível ......................................... 78 34 . Saber am ar ........................................................... 80 35 . Esper e um pouco ................................................... 81 36 . Contr a o vazio: o p r azer ........................................ 83 

    Hist ór ias de vaz ios ................................................. 87 

    Desnuda r .................................................................... 89 

    Anoi t eceu .................................................................... 90 Inesquecível .............. ........ ........ ....... ........ ........ ....... ..... 91 Peso .................................................... ........................ 9 2 Lágr ima ...................................................................... 93 

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    Fer ida ......................................................................... 94 Nó e poesia .................................................................. 95 A cor do vazio ............................................................. 96 Lágr im as por for a ....................................................... 97 

    Sem sonhos ................................................................. 98 Botão .......................................................................... 99 Sepu lt ar .................................................................... 100 

    Chegando .......................................................... 101 

    Prefácio

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    Introdução

    “Saco vazio, não pára de pé” - ditopopular.

    E contrariando o que aprendemos

    desde pequenos, aqui estou parapensar como que o saco que está vaziopode parar de pé, por estar intimamente

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    “cheio  do vazio”, esse saco, anda,fala, trabalha, enfim... circulaperambulando por aí aos nossos olhos otempo todo. 

    Saco vazio que pára de pé

    Porque nossa real vocação é serfeliz; tudo que fizermos que não atendaa este propósito deve ser eliminado.

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    Cida Rodrigues

    1 . Sac os v az i os que pa r am de pé.

    Onde estão?

    Simples! Acompanhe meu pensar...sem a pretensão de saber tudo, apenasconvido você a pensar comigo.

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    2 . Quem em a l gum moment o não s e s en t i u v az i o?  

    Chamo de vazio um cinza fosco“colorindo” todo seu ser. Uma faltaabsoluta de cor.

    Como no filme “História sem fim“(...) o nada consumindo tudo (...),como se nossa vida fosse sendo

    preenchida pelo “nada” , pelo vazio,que, correndo a uma velocidadeincrível, nos faz parar e não maissequer tentar detê-lo, apenas esperarque este nos consuma. Embora tenhamos acerteza de que não há muito a serconsumido, a maior parte de nós mesmos

    já se foi, nos fugiu como água porentre os dedos.

    Fomos vencidos pelo vazio!!!

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    Chamo de vazio um cinza fosco“colorindo” todo seu ser. Uma falta

    absoluta de cor.

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    3 . Ma s q uem são es s e s s a c o s v a z i o s . . . ?  

    Fazendo uma metáfora, umacomparação, somos todos nós sacos, dasdiferentes categorias existentes, quemuitas vezes, fechados, aos olhos dosoutros, parecem conter algo. E de fatocontemos. Somos preenchidos totalmentepelo vazio, e lacrados, conseguimosforma, para nos enganarmos e enganar atodos, e vamos perambulando,eretamente, por aí.

    4 . Cada um de nós pode s e r um s ac o ,c he i o de v az i o . . .

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    Existem sacos com a forma risonha,sempre alegre, falantes, tipo alto

    astral; existem os sacos profissionais:trabalhadores sérios, os sacos dona decasa, excelentes mães de família e paisde famílias também.

    O vazio é democrático. Assola atodos, sem distinção, tanto que épossível encontrar sacos: ricos,

    pobres, mendigos, aqueles sacos com umaforma abençoada pela natureza, tipolindos e lindas que nós, por vezes,invejamos sua beleza.

    Temos sacos cheios de vazio, queno entanto, devido ao vazio estar seconsumando como um ser totalitário

    dentro de outro ser, elimina o seroriginal.

    As vezes deixamos de existir ecedemos mansamente nossa existência aovazio.

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    O vazio é democrático. Assola a todos,sem distinção

    5 . Mas de onde vem o va z i o ? 

    O vazio é como uma erva daninha;nasce e você sequer sabe quando; crescee não percebemos, no entanto seprolifera de sobremaneira que nãoconseguimos num dado momento controlá-

    lo.Mas consideremos suas causas.

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    O vazio surge como antítese àparte colorida da vida, como antônimoda felicidade, contrário ao amor.

    Surge quando menosprezamos fatosimportantes e significativos, em nomede mantermos nossa aparência. Criamosuma armadura e não demonstramos nossoser, como ele realmente é. Passamos porcima de nós mesmos, em nome dediferentes motivos: família, ser amado,trabalho, etc., que embora sejam

    importantes (diria mesmo vital), nãopodem se sobrepor a nós mesmos, poisquando deixamos algo ou alguém sermaior que nós mesmos, perdemos o queamamos na tentativa de nunca deixar deamá-lo, pois nos enfraquecemosindividualmente e assim enfraquecemos

    tudo que está conosco.Somos uma terra fértil que podeser abrigo de um lindo jardim, mas quese não adubado e cuidado, se tornaráincapaz de abrigar qualquer coisa,ainda que seja a flor mais bela epreciosa, que tanto prezamos, seremosincapazes, inférteis.

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    O vazio surge como antítese à partecolorida da vida, como antônimo da

    felicidade, contrário ao amor.

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    6 . Como nas c e? 

    O vazio pode nascer de um rancorde infância, uma vivência ruim quandonossos pais e família acreditavamestarem fazendo o melhor e começaram

    nossos processos de aniquilação.Pode surgir da ausênciasubseqüente de laços afetivossaudáveis, como os de amigos e derelacionamentos com alguém do sexooposto.

    Entretanto, seria simplista demaisachar que tudo seria causa dosproblemas advindos de nossa infância,de nossa criação, afinal seria muitocômodo delegar aos outros nosso estadode descaso atual, conosco mesmo.

    Seria fácil dizer de quem foi aculpa, desde que esta não fosse nossa.Mas nada é tão simples.

    Viver é uma aventura complexa pordemais para podermos delegar culpas,

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    achar culpados e nos conformarmos comos resultados, silenciosamente.

    É preciso coragem para buscar eenfrentarmos nosso algoz, nosso vazio,que nos enfraquece e acovarda, nosintimida, fazendo com que tenhamosvergonha de nós mesmos, a ponto de nãonos olharmos no espelho. Não digo oespelho, aquele objeto abjeto, com quemsomos obrigados a nos deparar todos osdias. Me refiro ao espelho da alma,

    aquele que olhamos somente munidos demuita coragem, pois ele é implacável,ou não olhamos, ou, se olharmos, elenos dilacera com todas as nossasverdades. É preciso muita coragem!!!Tenha-a.

    O vazio pode surgir de algo que

    julgamos ser mínimo, ou mesmo,acreditamos que existam coisas maioresa ponto de o desprezarmos em seunascimento.

    Quem já não passou por uma mágoa,que naquele momento, por diferentesmotivos relevamos, mas no fundo, emnossa alma, se fez e se faz presenteaté hoje, de maneira atemporal? Nãoimporta o tempo. A dor e a mágoaexistem como no primeiro dia.

    Subestimamos a nós mesmos, nossasdores, nossas tristezas. De um ladocremos, ou tentamos crer, que esta nãoé tão grande. Por outro lado temos o

    fato de achar que em meio a dores, comoa de um ente querido, uma guerra, afome mundial, sentimos vergonha de

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    estarmos afundados em uma tristeza, umador de saudade de alguém que amamos eque por mais que morram pessoas defome, que guerras explodam, tudo issonos afetará. Mas haverá um lugar emnossa alma que não se abalará por essesfatos, não por sermos insensíveis, massim pelo fato desse lugar estarinexoravelmente ocupado com aquela dorde saudade.

    Saudade de amor, de alguém, de um

    período, de ser feliz. Saudade de nósmesmos, como se em um momento, fossemosuma lembrança de nós mesmos. Assistindoao nosso próprio filme passar em umatela e se entristecendo com as alegriasvividas e não buscadas, não resgatadas.

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    É preciso coragem para buscar eenfrentarmos nosso algoz, nosso

    vazio, que nos enfraquece

    7 . Como r e conhe cê- l o ? 

    Por vezes, o vazio nos parece tãoinsuportável que nada mais nos alenta e

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    tudo nos parece tão pouco. Nosso risonão tem gosto, nosso olhar perde obrilho, nossas amizades são poucodiante do que nós precisamos. Tudo éterrivelmente cinza, a ponto de que porvezes, desejamos o término dessaexistência. Não me refiro aqui aoscasos de suicídio, aqueles que lemosnos jornais, dramáticos, com umahistória triste, um fato enorme,grandioso a ponto de entendermos ou

    pensarmos que entendemos o motivo, dealguém querer acabar com suaexistência. Não!

    Me refiro a uma vontade de deixarde existir, calma e mansamente. Como sedesejássemos que um bom infarto, quemsabe uma colisão, uma doença (que fosse

    breve), qualquer coisa que nosretirasse desse estado. É um olhar àvida tão cinza, que ela, a vida, já nãonos atrai. Poderíamos ir embora...Separo a vida da pessoa, porque ovazio, não permite que nós tenhamosvida. Já estão separadas.

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    É um olhar à vida tão cinza, que ela, a

    vida, já não nos atrai

    8 . O q ue f a z er  

    Não tenho a pretensão de darsoluções, apenas gostaria decompartilhar o meu pensar e num outromomento trocarmos experiências.

    Esta é a minha versão: vivenciada,observando aos outros e a mim mesma, epensando a respeito do que observei,

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    como pano de fundo, o pensar também deuma psicóloga, mas acima de tudo de umser humano que conhece o vazio deoutros seres humanos. De familiares,amigos e outras pessoas que meprivilegiaram contando algo a respeitode sua existência, me elegendo comoalguém para ouvir o seu relato sobdiferentes circunstâncias.

    9 . Cons t r ua s ua v i da !  

    A cada parede, uma nova casa

    completa poderá surgir.

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    10 . Pe r das e Recons t r ução 

    Nada poderá ser mais valioso que avida, logo, por pior que seja suaperda, reconstrua sua vida.

    O ato de reconstruir por vezes émais difícil e doloroso. Temos uma área

    em ruínas ou mesmo uma área vazia, comuma atmosfera sombriamente límpida,onde não somos capazes de visualizarmais nada, a não ser o nada.

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    Diz o senso comum que o refazer dámais trabalho que fazer. Temos aí asreformas, os consertos, os reparos eremendos que nem sempre ficam bons,afinal são feitos em uma estrutura quejá existiu e ruiu. É uma tarefadifícil.

    Entretanto, não a de ser umatrinca que porá uma casa ao chão. Eainda que sua casa se vá ao chão, nãoserá esse o motivo que fará de você uma

    pessoa definitivamente desabrigada.A casa ruiu! Bem, tem-se que

    refazê-la. Ou em partes, quandopossível, ou uma inteiramente nova,diferente, que possui uma chance de sertão boa como você acreditava que aanterior era.

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    Nad a p oder á ser m ais va l ioso qu e a v ida , logo ,Nad a p oder á ser m ais va l ioso qu e a v ida , logo ,

    p o r p i o r q u e sej a s u a p er d a , r eco n st r u a s u a  p o r p i o r q u e sej a s u a p e r d a , r ec on s t r u a s u a  v i d a .v i d a .

    11 . Ti pos de v az i o  

    Quando o vazio nos assola até

    compreendermos o que esta acontecendo,buscamos preenchê-lo desesperadamente,afinal é um grande sofrimento vivenciá-lo.

    Então usamos um algo a mais, bem amais, para nos ocuparmos, nospreocuparmos, assim enquanto estivermos

    ocupados, não teremos TEMPO de pensarno sentir a dor do vazio.

    Esse a mais pode ser trabalhardemais, comer demais, dormir demais,limpar demais... Bem, mas certamenteexistem outros tipos de vazio e existetambém o vazio do a menos, onde ficamos

    tão miseráveis como o vazio nos impõe.E ai o universo (incluindo nós), ficasó (e sós), com as migalhas, afinal é

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    assim que estamos, desejamos o resto, asobra, pois nos identificamos e nossentimos também restos, resto da vida,resto da existência.

    ...buscamos preenchê-lodesesperadamente, afinal é um grande

    sofrimento vivenciá-lo

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    1 2. En f r e nt a nd o o v a z i o d a s e p ar ação 

    Não gostaria de aqui dizer coisascomo: toquem pra frente; levanta esacode a poeira; vai passar , poisrealmente acredito que algumas coisasnão passam. Mas não devemos deixar queem função dessas coisas, a nossa vidapasse. Devemos enfrentar a dor e

    conviver com essa dor, com esse fatotão triste que é a separação, quandoentão envolve um amor não maiscorrespondido, mas que um diaacreditávamos que foi. O mundo perde osentido.

    Certa vez escutei uma professorana faculdade dizer que na paixãotínhamos um coração vivo, pulsando, quenós, aos poucos, íamos ligando fio afio ao ser amado. Ligávamos milhões defios minúsculos ou não, e esse ligardurava todo o período dorelacionamento. Seu tempo era

    exatamente igual, e quando éramosabandonados, estes fios todos eramarrancados de uma única vez, sem calma

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    alguma, com a pressa de quem almejaliberdade e não mais o nosso amor. Enós que tínhamos um coração vivo,pulsando e ligado ao outro por tantosfios (filhos, datas, momentos felizes,tantos fios...), resta apenas correrpara acudir esse coração em seudesespero de agora não mais pulsar,apenas sangrar a dor do amor que sefoi.

    Mas nos resta um coração. Triste?Sim. Doído? Sim. Sangrando. Mas o nossocoração, como todo o nosso ser, nospertence, ainda que fragmentado,retalhado. Nós nos pertencemos e somosquase que nosso único patrimônio, jáque toda a nossa forma de existênciafoi abalada. Não quero minimizar a dor,

    nem tampouco subestimá-la, muito pelocontrário. Acredito que uma dor assimmereça ser vivida até que se estanque,entretanto não devemos estancar nossaexistência com ela. Devemos sofrer essaparte que as vezes o amar agrega, masnão devemos condenar nosso ser ao

    eterno dilaceramento, pelo medo.Nós somos nossos algozes e

    sabotamos nossa felicidade, nosso atode amar, enterrando este com umrelacionamento passado e preenchemosesse vazio, as vezes negando que dóitanto. Fingimos seguir em frente, com

    filhos, amigos, trabalho, quando naverdade 25 horas do dia estamos parados

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    a ver nosso coração sendo dilaceradopelo rompimento e sangrando.

    A mudança de visão e fé no que

    virá pode nos ser alguns instrumentosúteis para podermos cuidarcarinhosamente de nosso coração até elese restabelecer e poder, novamente,cumprir sua função de amar e ser amado,fato que quão mais absurdo você acheque essa simples cogitação possa ser, éum fato, realmente. Você nunca maisamará como amou aquela pessoa,entretanto existem outras que vocêjamais amará se não se permitir, com amesma unicidade, pois os amores sãotodos únicos, e importantes em suassingularidades, aspectos, enfim cadaamor é um amor.

    Não que um cure o outro, mas umnovo amor é uma nova possibilidade paraque todos sejam novamente felizes. Atéquem se foi, você que ficou, quemchegou agora, todos.

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    ...resta apenas correr para acudir essecoração em seu desespero de agora não mais pulsar, apenas sangrar a dor do

    amor que se foi

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    1 3. O v a z i o da s au da de  

    Saudade significa que vivemos tãoplenamente algo ou alguém que estealguém ou este algo será eternizado emnossa memória para sempre.

    A vida se fez bela e plena. Fomospor um momento, breve ou não, seres

    acima dos demais, nos sentimos em nossoíntimo completos, plenos e felizes. Sevocê se sente assim ou se sentiu, seriainjusto, uma verdadeira ingratidão paracom a vida, que por forçasinexplicáveis, quando esse momento serompe e deixa de existir, nós

    simplesmente virássemos as costas e osesquecêssemos. Logo a saudade se fazpresente e necessária.

    Com toda a vontade de sentirmos,de vivermos nossa primeira emoção deencontro, devemos viver esserompimento, não nos dilacerando e

    acabando, mas sim, assim que possível,continuando nosso viver, masreverenciando, agradecendo presentesmágicos que a vida nos ofereceu, comoter o privilégio de ter algo a serlembrado. Nosso viver não se fez emvão.

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    A dor do desamparo é uma dor semnome, dor sem justa causa (nosso sofrersó é justo para nós mesmos), dor dovazio, mas ainda que renomeada variasvezes é pouco.

    É a dor do desamparo, por não nossentirmos amparados, por não estarmosmais tão bem amparados como outrora játivemos, ou simplesmente por ser a dorde desconhecer essa saciedade de estaramparado.

    Esse desamparo pode ser oriundo denós mesmos quando não mais nosauxiliamos, não nos deixamos auxiliar,não nos deixamos amparar nem por nósmesmos, nem por ninguém.

    O amparo nos é um sustento, um

    apoio e quando nos abandonamos ou somosabandonados, perdemos nosso amparo,nosso apoio.

    Existem situações de desamparovisíveis e outras que só os olhos daalma enxergam. Lindos olhos, que mesmomarejados de sofrimento, ainda assim

    são os nossos melhores interpretes, porconseguirem com precisão cirúrgicadelimitar todo o nosso ser.

    É preciso identificar nosso amparoe, posteriormente, nosso desamparo, oque nos apóia e auxilia. E pensarmoscomo origem de todos os aspectos, com apossibilidade de sermos nosso próprioamparo em situações extremas. Não comoauto-suficiente (pode vir a ser

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    danoso), mas sim como um recursopróprio.

    Ao tentarmos nos auxiliar é

    necessário pensarmos que somos um amais a somar com todo o Universo, quepoderá transformar-se em um grandeberço amparador e com nosso auxíliotambém ser um conjunto de benefícios anos ajudar (incluindo nós mesmos).

    Vale pensarmos que num dado

    momento de nossa existêncianecessitamos de um tipo de amparo, fatoeste que é variante, pois como o bebênecessita, num primeiro momento, deleite como seu único alimento,posteriormente se faz preciso enecessário que lequeie outras formas de

    alimentar-se. Assim será conosco, aonos vermos de sobremaneiradesamparados, há de surgir outrasfontes de alimento, outros amparos anos apoiar.

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     A dor do desamparo é uma dor que nãotem nome

    15 . O v az i o de c r i a r f i l hos  

    O ato de gerar um filho, faz comque nos cindimos. Não somos maissozinhos... Será?

    Temo ao escrever este capítulo emesbarrar com os paradigmas sociais quecolocam a posição dos pais comoprovedores infinitos, inclusive de amore afeto incondicional e penso que estesacabam sendo no andar da história.

    Entretanto é extremamente difícileducar um filho como um todo, como uma

    pessoa com valores, com ética, comresponsabilidade, enfim, para ser umcidadão que caminha por si só e seja

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    íntegro com os aspectos positivos quede comum se espera de um ser sociável.

    Temos na sociedade algunsparadoxos como o fato de todos quererempaz e todo o mundo ficar cada vez maisviolento. Existem questões básicas desobrevivência que não vemos garantidasnem para nós mesmos e quando pensamosnos nossos filhos, ficamos tristes poisnão vislumbramos o futuro quegostaríamos.

    É inegável que existem problemassociais e aqui não quero desmerece-losnem me aprofundar. Entretanto, éimportante desvincularmos questõessócio-políticas-econômicas de nósmesmos. Temos uma função social deagente da história. Devemos fazer nossa

    história, mas não podemos nos analisarcomo indivíduos apenas. É preciso umaanálise coletiva, separando os aspectose lembrando que podemos mexer, mudar,transformar questões sociais, políticase econômicas. Mas é necessário quepossamos saber que se não temos este ouaquele bem material e não podemosoferecer aos nossos filhos, este fatonão é de sua única responsabilidade.Não é você que não consegue. É asituação do país que está difícil paratodos e, acredite, independente dosaldo da conta bancária, todos possuemproblemas.

    Afinal, questões financeiras sãoimportantes, mas solúveis, pois sabemosefetivamente e concretamente sua

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    solução. Entretanto é necessário quetenhamos claro que questões afetivas dediferentes aspectos são mais difíceisde terem vislumbrado seus desfechos,pois como saber, como resolver umproblema de solidão de seus filhos?Como torna-los carinhosos e ao mesmotempo independentes? Como nosrelacionarmos? Como manter a unicidadeda família? Como não trazer para nossaresponsabilidade a solução desses

    problemas? Como não nos sentirmosvazios diante dessa iminentepossibilidade de impotência?

    Talvez seja difícil, mas é precisoentender a nossos filhos e a nós mesmoscomo pessoas, com necessidadesespirituais e materiais, respeitando a

    possibilidade nossa e deles de dar ereceber tudo que cremos sejaminstrumentos capazes de suprir essasnecessidades, tendo como norte arelação de pais e filhos como dual,feita a dois, continuamente e sendotambém algo que deve fazer bem aos doislados.

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    é extremamente difícil educar um filhocomo um todo

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    16 . Fi l h os ! Onde f o i que eu e r r e i ?  

    Comumente os pais deparam-se comessa questão insolúvel, e esta gera umenorme vazio continuamente, afinal,criar filhos é algo ininterrupto.

    Entretanto vale pensar que a

    relação entre pais e filhos deve serbilateral. Essa relação também deve serconsiderada como algo a ser conquistadasempre

    Não nos compete julgar o quão vocêama seu filho ou ele ama você. Éimportante que se saiba que qualquer

    tipo de amor não é fadado aoinesgotável, ao eterno, como imposição.Comete-se aí um equívoco.

    O amor que deveria ser um bálsamoem nossas vidas vira nossa mortalha,pois nos compila por vezes a sermosseres dissimulados. Já que esse amorpor parte dos pais tem que existir,como será possível pensar naquelemomento em que me enfureço? Devo nãopensar isso. Não é certo.

    Pronto! Caímos numa armadilha...Nosso sentir começa a ser mascarado ecom pouca chance de sucesso.

    Vale pensar que seria bom o amor

    sempre jorrando como fonte de águaslímpidas, mas vale pensar também queesse amor não jorra por acaso.

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    A relação de pais e filhos deveser regida por inúmeros quesitos comorespeito, confiança, compreensão, etc.,de ambos os lados. O sentir entre paise filhos difere de um amor entre umhomem e uma mulher por exemplo.Entretanto, devemos primar pelaqualidade de todo e qualquerrelacionamento que envolva amor.

    Ao v a z i o ,

    uma r e s p os t a :  

    s i ga s ua v oc ação: 

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     s e j a f e l i z ! ! !   

    18 . Sendo f e l i z .

    O vazio não resiste a umafelicidade, a um sorriso espontâneo,até por que ele e o brilhar quepossuímos (sim possuímos, eu, você,todos nós), são incompatíveis.

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    19 . Como? 

    Mas ser feliz?Como?Quisera eu ter essa resposta e

    poder disseminá-la ao mundo,entretanto, tenho vontade, desejo, masde concreto só tenho idéias, que esperopossam ser aproveitadas, pensadas ecertamente abrilhantadas com suasugestão.

    ü Sorria

    ü Divida o seu vazio com alguémü Conheça o vazio de alguémü Tire as máscaras

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    ü Crie aqui outros itens só seus,invente, ouse...

    20 . So r r i a  

    Quando você dá um sorriso, não

    quer dizer que não tem problemas, quevocê não tem solidariedade com relaçãoaos problemas dos outros, que tudo estábem. Tente dizer que tudo poderá ficarbem e certamente ficará, pois seudesejo, sua fé são armas poderosas. Suaoração é um instrumento que necessita

    ser tocado, para ter o dom de abrandartua dor e te fazer feliz.

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    2 1. Di v i d a s e u v a z i o c om a l g uém 

    Dividir não quer dizer, repartir,quer dizer somar. Some seu olhar tristecom um ombro amigo. Some sua carênciacom um abraço afetuoso. Some suaexistência com alguém, quer seja de suafamília, seu parceiro, sua esposa, seu

    amigo. Some para dividir. A dois todofardo se torna mais fácil de servisualizado e carregado.

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    Vale dizer que nem sempre temos apossibilidade de dividir. As vezes énecessário que alguém se sintaacolhido, sinta-se seguro, paradepositar em nossos sentidos, seuvazio, pois, afinal, quando o vazio nosassola, sentimo-nos tão envergonhados,que é necessário um alguém muitoespecial para suportar o que temos amostrar. O vazio tira-nos a nossabeleza natural, encobre-a, mas temos o

    poder de retomá-la.Portanto, tenha a coragem de se

    oferecer para escutar, para chorar,para calar ou simplesmente paraoferecer um olhar, olhar amigo, deamor, sem críticas, sem censura, semjulgamentos, apenas um olhar... que num

    dado instante pode ser um outro portopara uma nau desgovernada, à deriva,nessa imensidão, nesse mar imenso, queé o nosso existir.

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    O vazio tira-nos a nossa beleza

    natural, encobre-a, mas temos o poderde retomá-la

    2 3. Ti r e as másc a r a s  

    O vazio nos encobre, obriga-nos anos tornarmos sacos totalmenterepletos da dor do vazio. Ficamoscontidos, mascarados, com as diversasformas que podemos possuir. Sempre

    fazemos o que nos é possível. As vezes,em um momento, o que nos é possível énos aniquilarmos, mas para continuarmos

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    Tenhamos coragem, pois, só na buscadessa verdade nos será possível

    eliminar nossa mesmice, nosso vazio

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    2 4. Faça es t ág i o na v i d a  

    Na vida, em nossa existênciasomos, continuamente convidados, quandonão intimados, para aprendermos. Umaplanta no quintal nos ensina como

    cultivá-la, se mostra bela quandorecebe água e sol ou morre quando se vêdiante de suas possibilidades desobreviver, agredida por esse mesmosol, por exemplo. Ela nos diz, bastaquerermos aprender.

    Não é interessante que percamos achance de aprender tudo que pudermos.Devemos aprender sempre, ainda que numprimeiro momento nosso aprendizado nãonos pareça remunerado devidamente.

    Todo saber paga a si próprio, pelofato de existir. Se estamos aprendendo,este aprender já é nossa paga.

    Se faz necessária a humildade de

    nos encararmos como seres em contínuoaprendizado. A partir do momento quedissermos que estamos prontos, nada

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    mais aprenderemos e será necessária umaredoma hermética para que se feche todonosso parco saber e não permita quenada entre e infrinja essa ordem.

    Quando nos valorizamos diante davida, em nossa idade, nossos anosvividos e o quanto melhoramos nesseperíodo. Cremos que estamos sempreprontos a melhorar mais e mais, reverpontos de vistas, posturas, etc. Somoscapazes de voar nas asas do saber.

    Aprender com a vida é aprender complantas, com animais, com pessoas,enfim, com tudo que nos cerca.

    É necessário aprender e apreendertodo conhecimento e selecioná-los demaneira que estes nos conduzam a sermosfelizes.

    Separando com discernimento esabedoria todos os conteúdos que temosa nosso dispor, seremos capazes decompreender os fatos, as razões dosseres humanos, seus motivos, suasidéias e nesse processo de assimilaçãode conhecimento e seleção, entendermoso mundo de forma mais branda, menosrígida, tendo como mediador o bomsenso. E assim a sabedoria do aprendernos será companheira inseparável.

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    Todo saber paga a si próprio, pelo fatode existir. Se estamos aprendendo, este

    aprender já é nossa paga.

    25 . Fe l i c i dade Ex pl íc i t a  

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    É interessante como nos prendemosàs coisas ruins. Ao invés de somenteaprendê-las, nós somos tendenciosos aprendê-las, a retê-las. Certamente noslembramos de algo de ruim que ocorreuna semana ou no mês passado, mas se nósformos questionados a respeito do quede bom nos aconteceu ontem, ficamos apensar. Levamos mais tempo pararesponder a segunda pergunta (de bom)do que para nos lamuriarmos da

    primeira (de ruim).É importante não esquecer e

    aprender com os dois lados da vida.Nada é só alegria, nem só sofrimento.

    Não perca a chance de mostrar suafelicidade, por menor que possa ser,mesmo que seja porque você viu um

    animal bonito, um bebê sorrindo, umacena da natureza qualquer como um pordo sol, após um dia de trabalho. Mostresua felicidade, deixa-a explícita. Nãotenha vergonha de saborear umaguloseima, de comer até se lambuzar,mesmo que fuja às convenções sociais.Não iniba seu abraço. Dê um forteabraço, demonstre sua felicidade de verou rever alguém amado. Ou mesmo de teresse alguém em algum lugar de seucoração, bem guardado, protegido, masseja feliz. Esse alguém existe emlembrança, mas vocês dois existiram deverdade. Vale também para ser feliz.

    Acredito que tudo pode ser um motivo.É claro que não hesitamos em nos

    mostrarmos tristes, seja na proporção

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    que for. Uns nos mostram uma testafranzida, outros um olhar apático, sembrilho. Entretanto há quem não meçaesforços em nos fazer entender, oquanto estão tristes, mesmo que paraisso ele nos humilhe, nos afaste, nosfaça sentir sua dor, através da dor queele nos impõe. Enfim, mostrar atristeza é mais fácil, sempre damos umjeito. Até mesmo na indiferença, nóssomos capazes de demonstrá-la.

    Façamos o mesmo com a felicidade.Que tal nos emprenharmos para torná-lavisível, ainda que isto, a alguns,possa soar tão grave como uma ofensapessoal?

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     Mostre sua felicidade, deixa-aexplícita. Não tenha vergonha

    2 6. Te r a p i a do Ab r aço 

    Lamentavelmente não me recordo daprocedência, mas certa vez ouvi ou lique cinco abraços por dia possuem opoder de curar a depressão.

    Entretanto é difícil que nós,seres civilizados, ousemos nos abraçar.Quando não nos escandalizamos olhamosum jovem casal de namorados abraçando-se “desavergonhadamente” em público.Nossos jovens não se abraçam. Mostram

    sua paixão quase se pendurando um nooutro e não se importam se estão em

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    seus momentos íntimos ou na saída docolégio. Eles se abraçam.

    Fiz esse aparte para pensarmos oquanto não nos abraçamos. Nossoscolegas de trabalho não são abraçadospor nós. Se alguém faz este gesto, logosente um certo ar de estranheza, comoem um ambiente de trabalho onde amigasmerecedoras de beicachos (beijos noscachos de seu cabelo) estranham tamanhademonstração de afeto sincero.

    Certamente o gesto estranho deabraçar e beijar amigos, familiares,pessoas que amamos, não deveria ser umgesto apenas ligado a uma caríciaerótica para as pessoas com quem nosrelacionamos. Devíamos espalhar nossoafeto para que, como em uma fonte de

    água, pudéssemos infinitamente jorrarafetos, todos eles. Afinal nossosdesafetos são tão bem esclarecidos,deixamos sempre claro, mas nosso afetonem sempre.

    Seríamos nós tolos a ponto depensarmos que quando amamos alguém comouma amiga, um familiar, alguém, este,compulsoriamente saberá que é amado?Logo não preciso demonstrar sempre,afinal, já o fiz um dia, não precisodizer toda hora o quanto é amado. Queengano lamentável.

    Afinal nossas necessidades sãosupridas diariamente. Nos alimentamos

    todo dia, dormimos todo dia, etc. Porque não nos preenchermos de afeto todo

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    dia, dando e recebendo para que nãosejamos consumados pelo vazio?

    Honestamente não sei, nem sei seteria uma resposta tão simples, apenasconstato o fato.

    Acredito que como em cenas denovelas, filmes, onde casais ficam anosseparados e no fim da vida sereencontram e um diz para o outro oquanto sentiu saudade, o quanto oesperou, o quanto fez falta àquela

    companhia, mas junto a estesdepoimentos, questiona: Por quê vocênão voltou? Não ligou? Não me procurou? E tristemente obtém como resposta: Maseu tive desejo, vontade. Sonhei com

    isto todos os segundos que vivi. Mas

    não sabia se seria bem recebido, logo

    me afastei. E então os dois,tristemente, descobrem que a carênciaera mútua... dos dois lados... Masninguém se rebelou e demonstrou seuafeto, ousou abraçar, beijar, procurar,sem medo da recusa, de serincompreendido, condenado-se assim aoassédio do vazio.

    É interessante pensarmos o quantodesejamos uma ligação, mas nós nãoligamos o quanto desejamos um encontro,um abraço, um afeto, um bilhetinho. Masnós nos intimidamos e no esperar, odesejo vira pensamento sem ação epensamento sem ação, não é muito.

    Idéias são o princípio. Não nos surgempara findar-se em si mesmas.

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    Devíamos espalhar nosso afeto, como umafonte de água

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    nossa lente, sendo que nossa meta podeser descansar um fim de semana, ver TVsó para se distrair, namorar seumarido, passear com uma amiga, brincarcom seu filho, orar demoradamente sópara agradecer, ver fotos antigas,preparar um prato especial em um diacomum. É claro que nossas metas podemser infindáveis, um regime, voltar aestudar, se reconciliar com alguém, seesmerar em seu emprego de tantos anos,

    fazer uma viagem. O essencial étraçarmos metas que nos proporcionem enos levem a felicidade, jamaismenosprezando nossos objetivos,considerando-o pequeno. Tudo éimportante se acreditarmos que noslevará a sermos mais felizes e

    harmoniosos com nós mesmos.Ser feliz é preciso!

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    O essencial é traçarmos metas que nos

     proporcionem e nos levem a felicidade

    2 8. Como o A. A. * - Um p ou c o p or d i a . . .

    Espero que este meu conjunto deidéias, não passem a utopia de que tudo

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    se modificará instantaneamente. Énecessário uma série de fatos para quetomemos atitudes que nos livrem dessevazio tão grande que pode mesmo nospreencher.

    Certamente é importante umaatitude inicial e básica no que serefere a nós mesmos. Ninguém conseguesentir sua dor por você, só você mesmo.Ninguém é capaz de dimensionar otamanho do teu sofrer, entretanto,

    ninguém é capaz de promover mudançasque te ajudem a não ser você mesmo. Osoutros são figurantes nessa arte quetemos em vivermos nossa vida. Não nos épossível delegar a ninguém nem lucrosnem prejuízos. Somos responsáveis.

    Mas por vezes essa

    responsabilidade pode nos parecer muitogrande, que hesitamos em apanhá-la.Preferimos não nos conduzirmos e nosdeixamos levar, ainda que estejamossofrendo. Pois nosso viver pode estarpor demais contaminados. Logo um poucopor dia... como a vitória do A.A.(Alcoólicos Anônimos), conquistadatodos os dias.

    Não tenhamos pressa. Ser feliz,viver, merece cuidado. Seja o maisperfeito que puder, comece, porexemplo, comprando uma escova de dentenova para você, para que teu sorriso,que certamente virá, seja mais bonito.

    Escolha um alvo, uma meta que sejapossível alcançar nesse momento. Todasserão alcançadas, mas é preciso

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    prosseguir. Não nos é possível pararmosde viver, para arrumarmos a casa edepois recebermos a visita da vida.Temos que fazer tudo simultaneamente,então façamos.

    Um pouco por dia... Depende deonde este dia se encontra, em qualdimensão ele está, em algumas pessoas.O fato de escolher uma camisa limpapara ir trabalhar e ver se estácombinando com a calça jeans pode ser

    um início. Comprar um batom e usá-lopara ir à feira também pode ser umcomeço. Despretensiosamente, sem quererseduzir ou agradar alguém a não ser nósmesmos.

    Afinal somos vaidosos para quemnos é mais importante, a nossa própria

    pessoa.Nesse dia, regozíjesse com seufeito. Não se intimide, fique feliz.Você se deu atenção, logo, não deuatenção ao vazio.

    E depois sucessivamente, a cadamomento. Alcance aos poucos seu ideal evocê certamente será capaz de inovar ecriar cada vez mais metas à medida quevocê valorizar as alcançadas.Sucesso!!!

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     Não tenhamos pressa. Ser feliz, viver, merece cuidado. Seja o mais perfeito

    que puder

    29 . Fu j a de So l uções Mági c as , Rápi das e Fác ei s 

    Ser feliz é trabalhoso, emboramuito prazeroso, é como amar, uma arteque requer empenho, dedicação, tempo...

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    30 . Não negue s eus p r ob l emas 

    Saiba o tamanho exato de tudo queaflige você, não aumente. Drama eautopiedade só pioram as coisas e nãoresolvem nada. Mas também não diminua.Se você sofre com algo é importanteesse algo. Sua existência faz com que ovazio se fortaleça e você fique a esmo,logo, ele precisa ser eliminado.

    Mas no tamanho exato, uma dosagemcorreta, um remédio certo.

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    3 1. Cu i d e- s e p or f o r a t ambém 

    Eu não diria que beleza éfundamental, mas descubra qual seuideal de beleza real. Não o das

    modelos, nem das televisões, mas o seu,e cuide para que você, por fora,reflita como está bem por dentro.Agarre essa meta, deseje ficar bem edemonstrar isto.

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    3 2. Peça pe r dão . . . Ac e i t e pe r dão 

    O orgulho nem sempre é bomcompanheiro. Ele nos afasta de quemamamos e nos deixa mais ou tão tristecomo um outro alguém.

    Perdoar é tão maravilhoso como serperdoado. É uma dádiva quandoconseguimos passar e superar um

    obstáculo e voltar a amar e ser amadopor alguém.Não digo passar por cima.

    Lembranças ruins, são lembranças ruins.Mas sei que o ser humano é capaz defeitos inimagináveis como se superar acada instante, desde que tenhapredisposição para isto. Então somoscapazes de fazer o novo de novo. Amandodiferente e nos fazendo amar por nósmesmos. As vezes, algumas pessoas pedemdesculpas, mas nem sempre perdoaram asi próprias. Em boa parte dos casos,por erros bem menores, estas se deixamassombrar, por vezes por longos

    períodos, definhando suas vidas e assimcrescendo em vazios imensos e deixandode saborear cada amanhecer.

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    É uma dádiva quando conseguimos passare superar um obstáculo e voltar a amar

    e ser amado por alguém 

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    3 3. Mu de o q ue f o r p os sív e l , s ó o  pos sív e l 

    Aceite-se em suas raízes, suasorigens, não se force por nada nem porninguém. No que for possível devemosabrilhantar e nos moldar de forma que oser feliz, seja, ora um fato, ora umameta a ser buscada. Mas ao passarmospor cima de nós mesmos, para nostornarmos convencionais, aceitáveis

    (talvez exista a possibilidade daaceitação social), pode ocorrer que emnosso íntimo não conseguiremos,esconder nossa máscara, pois quandoamanhecermos, o raio de sol daesperança será um fio turvo, embaçadopela hipocrisia, o que nos faz falsos,

    não nos afastará do vazio e não nostrará nossa meta.

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    ...nos moldar de forma que o ser feliz,seja, ora um fato, ora uma meta a ser

     buscada

    3 4. Sa be r ama r , um e x c e l e nt e ex emp l o  

    Quando nos fazemos seres humanos eseres que sabem amar, mesmo quando

    existem dificuldades, rompimentos,separações, nos mostramos fortes,

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    seguros, seres capazes em suaplenitude.

    Damos um exemplo de que somosseres que amam e este exemplo, estademonstração são excelentes exemplospara as crianças, que nos rodeiam,desde aquela que habita em todos nós,até nossas crianças, que sempre nosolham, perguntam e procuram respostascom aqueles olhares incríveis.

    Só se aprende amar amando, sem

    vergonha de ser feliz...Entretanto, nossos pais, nossos

    familiares, nossos amigos, todos sebeneficiam deste exemplo.

    35 . Espe r e um pouc o , dê um t empo . . .

    Somos feitos no milagre daconcepção que em sua magia deu-nos 9meses para nos prepararmos para a vida.Dê-se um tempo para poder se ver erever tantas quantas vezes forem

    necessárias, como uma mocinha queescolhe o vestido que será mais bonitopara festa. Escolha com calma qual o

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    Dê-se um tempo para poder se ver erever tantas quantas vezes forem 

    necessárias

    36 . Con t r a o v az i o : o p r az er  

    Sobre prazer, eis uma grande dicapara que possamos nos entender melhor enos apreender melhor enquanto

    aprendemos nessa caminhada deincessantes aventuras que é nossoviver.

    Pensando o prazer como um todo,sob seus vários aspectos, faço umareferência breve ao prazer sexual, ondepenso que devemos ir buscá-lo sob suas

    diferentes formas e nuanças,respeitando o que gostamos e aceitandoos limites do que não gostamos, emborasempre é tempo de experimentar (se esse

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    for o desejo), um tempero novo. Nunca étarde. Mas o prazer em exercer algumasatividades, sejam remuneradas ou não, oprazer do dever cumprido e realizado.Buscar uma meta em fazer um deliciosobolo e fazê-lo, não por obrigação, porque é politicamente correto, mas fazerpelo prazer de fazer, pela satisfaçãoúnica e incomparável de realizar.

    O trabalho, em sua essência,deveria nos proporcionar este prazer,afinal, se estamos aqui para sermosfelizes, o trabalho deveria cooperarpara essa felicidade. Mas nem sempremiramos esse horizonte de prazer esatisfação a nossa frente.

    O viver por vezes nos parece

    árido...Mas devemos e podemos superar

    adversidades e não me refiro ao olharque só enxerga o arco-íris, a parte boade tudo. Me refiro ao fato de acordarcedinho num dia frio, ter uma pessoalimitada, que hierarquicamente na

    instituição que trabalhamos, denomina-se chefe, gerente, líder, diretor, etc.Temos dificuldades.

    Por vezes nós esbarramos naqueledilema de agradecer pelo fato de nãoestarmos desempregados e suspiramosfundo diante de uma tarefa indesejada e

    que por vezes cremos não ser tãoentusiasta, tampouco necessária.Entretanto, se nos esforçarmos (sim é

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    um esforço), será possívelvisualizarmos um proveito muito além daposição de agradecer mansamente semreflexão. Agradeça sim, mas reflita.

    É importante questionarmos asadversidades do trabalho e fazer destasum trampolim para nosso crescimentoprofissional e pessoal. Mas estas nãopodem ser um entrave para o nossodesenvolvimento, para o nosso viver,para nossa felicidade.

    Na vida não temos a lua sem o sol,o dia sem a noite. Os opostos sãocomplementares ao nosso olhar crítico.Percebemos melhor o todo quando este seafasta. As vezes a distância e a faltanos dá uma visão mais elaborada da

    importância de algo.Embora esse raciocínio se aplique

    a outras coisas, é importante quetenhamos como elevar nosso prazer emtrabalhar usando-o, tendo como pólosdiferenciados as dificuldades e fazendodestas um desafio para podermos nos

    superar, sem a pretensão doreconhecimento, apenas para que nósmesmos possamos ter prazer na execuçãode algo e assim virando a situação anosso favor.

    No mínimo podemos melhorar nossacompreensão do outro, quem sabe

    auxiliar este outro mostrando como podeexistir maneiras mais interessantes deexecutar coisas e se esse chefe,

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    gerente, etc., mostra-se irredutível,podemos exercitar nossa tolerância,paciência e auto-estima, sabendo quemesmo no meio de turbulênciasprofissionais, somos capazes de regercom maestria a atividade que devemosexecutar.

    O gosto do dever cumprido é algoque só quem o cumpriu conhece.

    ...somos capazes de reger com maestria

    a atividade que devemos executar

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    37 . Hi s t ór i a s de Vaz i os  

    Estas histórias são um pouco devida, um pouco de vivido, escutado,idealizado, presenciado por mim,mesclando um pouco de cada coisa e quemsabe acrescentando algo e acima de tudo

    tentando auxiliar o pensar.

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    Pa r t e 2  

    Hi s t ór i as  

    De 

    Vaz i os  

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    Desnudar

    Desnudo m inha alma,Coloquei-a nesse papel,Sem pudor me exponho 

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     Anoiteceu

    E pr ocur ei por m im e acho teu sor r iso Me r ecordo da tua falt a e encont r o a saudade Vejo a saudade e lembr o dos sonhos Vejo m eus sonhos e sint o cheir o de mofo Me desnudo em lágr im as E encont r o teus olhos 

    Olho o anoitecer e tenho cer teza Pr a sem pr e não existi rá O r aiar do sol Tu se foste de m im , eu de t i Nos perdemos e a vida nos engoliu E com nossas per das A vida nos engole e nos per demos 

    Nossas v idas,

    Fica só um adeus e esse Eter no anoit ecer .

    Inesquecível

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     É a coragem de am ar E de tent ar ser feliz 

    É mais fácil deixar o r io cor r endo Inesquecível éessa for ça que o amar nos dá Atémesmo força par a abandonar Par a tentar r econstr uir a vida Par a t r abalhar E fingir ser normal 

    É inesquecível com o temos a ousadia de sobreviver A t odas as dor es e atésor r im os Nossa alma dilacer ada Nossos sonhos est r açalhados Nossos pr ojetos acabados E sequer temos a esperança 

    Temos só nossa dor Dor ínt im a, cr uel e companheir a Dor que não nos deixa Desistim os de am ar ,Mas continuam os nosso per am bular Trabalham os par a nos ocupar ,A ausência éinesquecível 

    E assim o será sempr e 

    Peso

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Hoje o vazio Me pesa,

    Minha dor emudece Num silêncio ensur decedor E a m inha alma Que não mais gr it a Apenas cala r esignada Com o peso do vazio Esse peso 

    Me dói o cor po Me cansa Me ent r istece Sin to-me tão muda Como m inha dor A esper ança Esta noi te não veio,

    Faltou...

    Lágrima

    As lágr imas São o vazio 

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Em forma de líquido.As lágr im as molham Lindas páginas 

    Que um dia foram escr itas Pelos sonhos,Os sonhos f icam Com seu gr afar desfigur ado E seu escr it o apodr ece,A esper ança vir a bolor E logo se desfaz em lágr im as,

    Essas lágr im as Evaporam Levando pr a longe A alegr ia E se condensa Em uma r igidez Que nem de per to lembr a um a nuvem 

    Doce de algodão Está mais par a Chuva de gr anizo Tamanho a dur eza, a fr ieza E a destr u ição que causa.

    Ferida

    Minha fer ida Hoj e se estanca 

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Não m ais sangra Como fez em um outr o tempo Hoje se faz um vazio.

    No lugar de um cor ação,Uma fer ida se pôs lá! Me depar o Não supor tando O contorno dessa fer ida É um olhar par a o nada Um vazio que faz, a alegr ia agonizar ,

    E am ar ela o sor r iso Roubando sonhos.Per cebo que quando sangr ava Minha alma e cor ação Ainda gr itava,Er am suas últ im as súpl icas.No seu si lêncio épossível 

    Fit ar a escassez de vida Contemplo nesse moment o,Apenas m inha fer ida gélida.

     Nó e poesia

    Na garganta 

    Exista um a extensão do peit o,Peito que dói como o nó da gar ganta dói,

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    na mesma in tensidade.O nó na gar ganta Faz meus ver sos salt ar em ,

    Faz m inha dor fluir em palavras.Nesse f lu ir sem um cont exto or tográf ico Rigoroso,(peço descu lpas pelos er r os,na m inha alma a dor anda muito veloz par a estacionar e ver ificar a gr amát ica) Me perm ito despejar 

    Sent im entos e emoções Esse nó que emper r a meu sor r iso Me faz p r oduzir ver sos Ver sos desconexos talvez São ver sos herdeir os do vazio São ver sos que não são pr emeditados Apenas são ver sos que f luem da alma,

    fluem descabidam ente inconseqüent emente e descaradament e me assolam São ver sos autônom os.Mandam em m im , não eu neles,Escr evo-os .Obedeço.

     A cor do vazio

    Pint ando o vazio 

    Eu hoje pin tei o vazio Num quadr o branco Como o nada.

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Tudo por escrever Pintei com tin ta de dor , da dor ,Pin tei usando lágr im as como têmper a,

    Lágr im as de saudade de tudo,saudade de m im saudade do sor r iso, da a legr ia saudade da vida Pintei um vazio sem nome Não t inha r azão, mot ivo clar o Só t inha o vazio.

    Tudo estava no lugar ,Eu sozinha e o vazio me suf ocando,Inteiro,andamos lado a lado noite a dent r o 

    Lágrimas por fora

    Eu quer ia não chor ar Ou chor ar só por dent r o 

    Chor o gr ande, doído, pr ofundo Grande que me invade,Inunda meu ser , meu mundo 

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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     Mas lágr im as São sempr e sem r umo 

    Autônomas sem dono Prendo-as no sor r iso No viver o dia-a dia Mas elas se rebelam Ext r avasam -se por for a e apar ecem Sur gem em meus olhos Eu não as contenho 

    Fica um gosto r uim Não da lágr ima Mas da im potência dian te de sua força 

    Sem sonhos

    Os sonhos vão m or r endo Eu insisto... vou vivendo A alegr ia desapar ece Meu sorr ir , meu br ilhar Não sur gem , não mais car ece 

    Me distancio de m im e de você Simultaneamente 

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Na ver dade, desconheço a seqüência ,apenas sint o a d istância p r esent e 

    Fico r acional Pr evalece meu pensar ,Meus sonhos,Meus sent im entos,Minhas emoções se escoam .Em m im sent imento de pr ofundo pesar 

    Botão

    E do nada f ez -se a r oseir a 

    E do botão vir ia a r osa.Nasce o botão com pequenos espinhos,Estes se for t alecem , o botão mor r e! Mas cadê a r osa? Tão esperada que er a, tão sonhada...Cadê a f lor ? Foi enter r ada! 

    Mor r eu sem ter nascido...Mor r eu a inda botão.Per sistem for te os espin hos,

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Machucam lembr ando a inf indável dor .

    Sepultar

    Sepu lt ando a vida Eu cam inho,Ando, ensaio r isos, faço piada.Acr edito no fu tu r o,me per co no meu nada.Mato sonhos, alianças, chor o sem lágr im as,

    Perco a esper ança.Sepult o o fut ur o ainda vivo,Mato sonhos latent es 

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Cr io expectat ivas r eais Mas me tor no indifer ente 

    E na m ort e,É tão r eal m eu vazio Que sequer eu m esma o per cebo.Aos out r os não falo nada,Escondo de todos meu desencant o.A diferença éque par a m im ,Não mais escondo a ausência de sonhos,

    Minha dor hoje chora em silêncio,Não sufoco mais meu pr an to.

    Chegando

    Chegando em casa, t ir o os sapa tos e começo a despir m inha alma.Nesse minu to escuto um a lágr ima caindo,

    Começo a sent ir uma est r anha inquietação,Procuro afazeres que me tirem desse fazer in evi tável: viver Ando a espreita e nesse momento sinto um soluço,Soluço mudo, tím ido, for te, convu lsivo,Adent r o ao espaço vazio, e quase caio no vácuo.

    Me redime minha coragem, que de súbito aflora,

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Coragem que só sente quem amou e vive nutr ido pela saudade.Chego mais per to e vejo com todos o meu ser 

    Ali estava a dor de um vazio, sem form a, sem nome, sem nada.O vazio que outrora me sufocava, hoje me acalanta,Durmo com meu ser entregue ao colo do meu vazio Nunca mais acor do o mesmo 

    Meu vazio m e can ta canção de ninar ,Faz car inho e o melhor de tudo,Consegue colher meus pedaços que caír am e ca irão,Pedaço de cor ação t r ist e e sangr ando e que agora Virar am ver sos nessa aventur a do tentar ser .

    O musgo da alma

    De tant a lágr im a o sor r iso pereceu Foi se ext ingu indo aos poucos: Dia a dia...

    E nesse at o de findar -se,Sur ge apenas a lembr ança,O vácuo ocupa seu lugar Nesse vaz io sur ge o musgo Musgo que tr az em si O form ato do sor r iso Pr eenchido pela dor , pela solidão.

    Naquela alma a esperança lateja,Busca seu espaço cada vez m enor 

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    E na im ensidão da t r isteza Aplaca um a cer teza da cicatr iz deixada: Aquela alma jam ais será a mesma.

    Tr ará em si apenas a m aciez do m usgo,Que se pr olif er a nos espaços,Cada vez maiores que agora ocupam o ser.

    Quarto

    Vazio équando você olha E vê sent indo seu quar to enorme 

    Anal isa as par edes, out r or a tão bem definidas Que agor a se assolam Estas par edes não se sentem capazes de abar car e conter Todas as dor es da v ida.

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Gosto

    O gosto do vazio É um gosto am ar go 

    É um estar sem gosto E não conseguir sent ir Ou distinguir gostos 

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Pa r t e 3  Pa r t e 3  

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Ao v az i o out r as  

    r es pos t as  

    A o v a z i o o u t r a s r e s p o s t a s . . .A o v a z i o o u t r a s r e s p o s t a s . . .

    Entendendo o vazio como uma alavanca emperrada, mas que pode funcionar novam ente. Não o vazio pat ológico da depr essão. Pr ecisamos aí, de auxilio médico,para nos recompor. Mas o vazio que nos 

    entristece nos faz andar devagar quase parando, dar sorriso amarelados, esse vazio é que pr oponho que consigam os combater . Como? Vão aíalgumas idéias.

    E n t u s i a s m o  E n t u s i a s m o  

    Use seu entusiasmo a seu favor . Refir o-me ao ato de entusiasmar-se estando 

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    completamente tomado por um a força motr iz que impu lsiona seus atos.

    I n v e s t i m e n t o s  I n v e s t i m e n t o s  

    Invista com toda a determ inação e ser iedade necessár ia no com ba te ao vaz io: 

    Na sua gar r a, em toda a forma de amor que a vida lhe oferecer, na necessidade de ter determ inação par a a t ingi r seus obj et ivos, na 

    sua per severança, par a não esmor ecer dian te dos obstácu los.No seu orgulho da forma mais positiva 

    possível. Or gu lhe-se da sua cor , do seu t ipo físico, dos seus ta len tos, do seu país, de tudo que lhe dá ident idade com pr ofundo r espeito aos out r os e a si mesmo.

    Em seus sonhos e t r ace metas par a at ing i- los, para que se tornem realidades e brotem como f r u tos: novos sonhos e novas r eal izações sucessivamente. Estabelecendo com uma ambição maior se tornar um ser humano cada vez m elhor .

    Na pa ixão como um motor a im pu lsionar 

    beneficam ente sua existência.Na am izade que nos dá a dim ensão exata de sermos impor tan tes no mundo, em pequenos gestos vindos de verdadeiras amizades, o mundo tor na-se mais fácil.

    Na fé, acr edi te em Deus e em todo o Seu poder de transformar a sua vida, cabendo-nos 

    apenas o papel de, ao reconhecer toda a Sua gr andeza, buscar o Seu auxílio edif ican te.

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    A l e g r i a  A l e g r i a  

    Cer ta vez ouvi que as vezes énecessár io 

    um pr oblemas, daqueles sér ios, par a que possam os entender que an tes não tínhamos problemas.

    Se aposse da alegr ia. Ela éum dom div ino que está a sua mão. Mas somente você poderá alcança-la. Não adianta esperar , ela não virá atévocê. É pr eciso se empenhar em busca-la.

    Onde? No fundo de sua alm a. Pegue-a e comece colocando um sorriso em seu rosto, pois,acr edit e, o sor r iso éum anzol que tem poder es mágicos de pescar a alegr ia no mar de sua existência . Vamos lá! Exper im ente.

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    O so r r i s o éum an z o l q u e t  O s o r r i s o éum an z o l q u e t em p od er es  em poder es 

    m ág i c o s d e p esc a r a a l e g r i a n o m a r d e su a  m ág i c o s d e p esc a r a a l eg r i a n o m a r d e su a  e x i s t ên c i a .e x i s t ên c i a .

    A cada amanhecer se refaçaintegralmente, com novas energias.

    Cr i e u m s a c o c h e i o .C r i e u m sa c o ch e i o .

    Como sugestão, que ta l cr iar um saquinho par t icu la r ? (DE VERDADE. MÃ OS A OBRA! VALE COSTURAR, EMENDAR, ATÉ COMPRAR PRONTO,SÓ NÃ O VALE DESISTIR). Dent r o dele, ainda que psiquicamente, coloque um monte de coisas boas, a téencher . Escr eva em pedaços de papéis 

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    palavr as como otim ismo, per sever ança.Entusiasmo, pa ixão, am izade, t r abalho, fam ília ,am or e tudo m ais de bom que você achar nessa 

    vida. Encha de papeizinhos, e se você já t iver esgot ado seus desejos e vocabulár io, complete atéa borda com a palavra amor, pois, creia,am or nunca édemais, e será cer tam ente um a grande arma contra o vazio, em todas as formas que se apr esent a.

    Div ido com vocês um pr esente recebido de um quer ido am igo.

    Cida, talvez essa estorinha pudesse 

    integrar seu livr o.

    Jor ge Lordello 

    O ca r v ão O ca r v ão  

    Um menino vivia dizendo a r espeito de um colega: "Desejo tudo de ruim para ele. Quero matar esse car a!” 

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    102

    Seu pai, um homem simples, mas cheio de  sabedoria, escuta calmamente o filho que continua a r eclamar : 

    - O Juca me hum ilhou na fr ente dos meus am igos. Não aceit o isso! Gostar ia que ele f icasse doente sem poder ir à escola.

    O pai escuta tudo calado enquanto caminha até um abr igo onde guar dava um saco cheio de car vão. Levou o saco atéo fundo do quintal e o menino o 

    acompanhou calado. Zeca vê o saco ser aber to e an tes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunt a, o pai lhe pr opõe algo: 

    - Filho, faz de conta que aquela camisa br anqu inha que está secando no var al éo seu am igo Juca, e cada pedaço de car vão éum mau pensam ento seu, endereçado a ele. Quer o que 

    você jogue todo o car vão do saco na cam isa, até o últ im o pedaço. Depois eu volto par a ver como ficou.

    O menino achou que seria uma br incadeir a d iver t ida e pôs mãos à obr a.

    O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acer tavam o alvo.

    Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa. O pai que espiava tudo de longe se apr oxima do menino e lhe per gunt a: 

    - Filho, como está se sent indo agor a? - Estou cansado, mas estou a legr e por que 

    acer tei m uit os pedaços de car vão na cam isa.O pai olha para o menino, que fica sem 

    ent ender a r azão daquela br incadeira, e car inhoso lhe fa la: - Venha com igo atéo meu quar to, quer o 

    lhe mostr ar um a coisa.

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    O filho acompanha o pai atéo quar to e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu cor po todo.

    Que susto! Só se consegu ia enxerga r seus dentes e os olh inhos. O pai , então, lhe diz ternamente: 

    - Filho, você viu que a cam isa quase não se suj ou; m as, olhe só par a você.

    O m al que desejam os aos out r os écomo o 

    que lhe aconteceu. Por mais que possamos at r apalhar a v ida de alguém com nossos pensam entos, a bor r a, os r esíduos, as fu ligens ficam sempr e em nós mesmos.

    * Cuidado com seus pensamentos; eles se tr ansform am em palavras.

    * Cuidado com suas palavras; elas se t r ansform am em ações.* Cuidado com suas ações; elas se t r ansfor m am em hábit os.* Cuidado com seus hábi tos; eles moldam o seu caráter .* Cuidado com seu caráter ; ele cont r ola o seu 

    destino.

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Co m b a t a o v a z i o  Co m b a t a o v a z i o  

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    P e r m i t a  P e r m i t a -  - s e a p a i x o n a r  s e a p a i x o n a r -  - s e .s e .

    E quando uma pa ixão invade teu ser 

    Não lute! Perm it a-a É na paixão que encont r am os um ânim o novo,Ânim o r ejuvenescedor e inovador Apaixone-se sem r essalvas! Não busque a lógica ! Busque a felicidade! 

    É na paixão que nos r eencont r am os,que tor nam os a nos descobr ir Voltam os a t er nossa f r agr ância juvenil Nosso sor r iso tor na -se lum inoso Nos sent im os onipotente diant e do mundo,Somos for t es e poder osos.Sim ultaneam ent e a sua onipotência 

    Ent r egue-se a doce dependência ao ser amado Perm ita-se enxer gar -se nos olhos do out r o E nessa interação ter em sua vida um r aio de sol Que você teve o pr ivilégio de sent ir Não o desper dice 

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    107

    D em o n s t r e o seu a m o r  D em o n s t r e o seu a m o r  

    Nunca econom ize “eu te am o” 

    Pois não sabemos se ter em os out r a chance de dizer Não tenha m edo de demonstr ar seu am or Amor a mãe, ao pa i, ao m ar ido, ao irmão,ao amigo Ao fi lho, ao professor , ao tio, ao aluno Use sua chance de most r ar -se amando 

    O r idícu lo não existe na demonst r ação E se algum ser assim o pensar É por que tem sua possib il idade de visão limitada: Desconhece o am or Ridículo éocu lt ar de si e do m undo o amor que sent imos 

    O am or não existe par a ser conf inado Am or éum ar co ír is que liga cor ações,apr oxima pessoas e embala as alm as 

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Ma g i a  M a g i a  

    Das bruxas fique apenas com o encanto 

    da magia Exor cize os pensam ent os r u ins! Combata o desânim o! Cr ie em você um pote mágico de entusiasmo,E banhe-se nele todas as vezes que precisar 

    Mer gulhe nesse pó mágico...Não econom ize alegr ia, amor ou felicidade Afaste-se do mau humor e de suas nuvens cinzentas Cr ie um guar da sol que seja um “guar da cinzas” 

    Par a te guar dar do cinzent o, do quase negro E sempr e que pr eciso, aonde quer que seja abr a-o! Most r e-se ao mundo pr otegido com um guar da cinza reluzentemente color ido Pr oteja-se contr a toda form a do mal.

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    O b r a s ei r o d o so n h o  O b r a s ei r o d o so n h o  

    E de teu sonho deves ext r air tudo! 

    Busque o fogo contido em teu sonhar ! Realize seus sonhos: Pr im eir o em pensament o, pense, idealize,veja Sint a o per fum e do seu sonho Com os olhos fechados ou não Ment alize seu sonho r ealizado 

    Fale de seu sonho Comente, dê detalhes usando ver bos no futuro Fut ur o pr óxim o: vou conseguir , ir ei fazer ,construirei...Teu sonho abar ca um br aseir o Que por vezes pode esconder o fogo 

    existente Aqueça-se com essa br asa! Quando em tua alm a bater um vento fr io,Junte-se aos seus sonhos Aqueça as mãos, o cor po, o cor ação,Para que em tua vida sempr e haj a Uma linda lar eir a pr onta a te acolher e 

    aquecer pr a sempr e.

    Estas histórias são um pouco devida, da minha vida, um pouco do

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    vivido, escutado, idealizado, sonhado,presenciado por mim, enfim, mesclandoum pouco de cada coisa.

    Minha intenção é de que agora,depois de ler este livro, esse pedaçoda minha alma, estas linhas, tenham teajudado de forma positiva e, quem sabe,acrescentando algo bom, acima de tudotentando auxiliar: o pensar, o viver, oexistir, o sonhar.

    Somos a soma de nossos sonhos, quepossamos ser gigantes!!! Com grandessonhos...

  • 8/15/2019 Saco Vazio

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    Se você qu iser colabor ar , par t icipa r ,sentir necessidade de escrever sobre o seu vazio, enf im , dar a sua opin ião, seja ela qua l 

    for , não hesite. Ent r e em contat o.e-mail: [email protected]  

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    Carinhosamente,

    Obrigada 

    Cida