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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CAMPUS DE BOTUCATU Salmonella spp. EM SISTEMA INTENSIVO DE CRIAÇÃO DE PEIXES TROPICAIS DE ÁGUA DOCE CARLOS EVALDO LINDER Médico Veterinário Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Medicina Veterinária - Área de Concentração: Vigilância Sanitária Animal, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre. Botucatu – SP Julho - 2002 1

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

CAMPUS DE BOTUCATU

Salmonella spp. EM SISTEMA INTENSIVO DE CRIAÇÃO DE PEIXES TROPICAIS DE ÁGUA DOCE

CARLOS EVALDO LINDER Médico Veterinário

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária - Área de Concentração: Vigilância Sanitária Animal, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre.

Botucatu – SP Julho - 2002

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

CAMPUS DE BOTUCATU

Salmonella spp. EM SISTEMA INTENSIVO DE CRIAÇÃO DE PEIXES TROPICAIS DE ÁGUA DOCE

CARLOS EVALDO LINDER Médico Veterinário

Orientador: Prof. Dr. Roberto de Oliveira Roça

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária - Área de Concentração: Vigilância Sanitária Animal, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre.

Botucatu – SP Julho – 2002

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PARA:

Cecílio Linder e Josilívia Schmidt Linder, meus pais, pelo amor, carinho,

compreensão, dedicação e estímulo que nunca me faltaram,

João Augusto e Áurea Elizabeth, meus irmãos, por esta grande amizade que sempre nos norteou,

Felipe e Frederico, meus filhos, pela alegria de tê-los ao meu lado e por poder compartilhar experiências agradáveis juntos,

Maria Estela, minha mulher, pelo amor, carinho, estímulo, responsabilidade e determinação que sempre nos envolveu,

AGRADEÇO E DEDICO ESTE TRABALHO

Ao grande arquiteto do universo, que é Deus, que findo os seis dias de trabalho, nos brindou com a fauna e a flora, e todos os ambientes que os circundam, necessários ao desenvolvimento sadio aqui na Terra, para que pudéssemos através dos estudos, compreender um pouco mais sobre o

mundo em que vivemos, Muito obrigado.

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Roberto de Oliveira Roça, pela orientação fraterna e

segura, por ter transmitido seus conhecimentos, e muito do seu modo de agir, de

raciocinar, de coordenar a sua disciplina, e o profissionalismo com que trata a

Medicina Veterinária.

Ao Professor José Paes de Almeida Nogueira Pinto, por ter me

enfeitiçado com este trabalho, que tive muito prazer em executa-lo, e por estar ao

meu lado em todas as etapas.

Aos Professores da disciplina de Inspeção Sanitária de Alimentos de

Origem Animal, da FMVZ da UNESP, Campus de Botucatu, pela forma carinhosa

que me receberam, me fazendo sentir à vontade para a execução deste trabalho.

Aos professores Luiz Edivaldo Pezzato e Margarida Maria Barros, do

Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal da FMVZ da UNESP, Câmpus

de Botucatu-SP, pela valiosa colaboração, sem a qual não poderia ter concluído

os estudos a contento.

A todos os meus mestres por terem proporcionado muito do meu

saber, sem o qual não poderia estar aqui.

Aos meus colegas de pós-graduação, por terem participado de uma

das fases mais gostosas de minha vida. Um agradecimento especial a Susana

Gottshalck, Anee Valéria Mendonça Stachissini, Alexandra Pastor Castro, Priscilla

Megumi Ueno e Nereide Freire Cerqueira, por toda a atenção dispensada, são

colegas assim que todos deveriam ter.

Ao Professor Cecílio Linder e à Dra. Áurea Elizabeth Linder, pelas

valiosas sugestões durante todo o decorrer do trabalho.

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Ao professor Carlos Roberto Padovani, do departamento de estatística

da FCA da UNESP, Câmpus de Botucatu, pelas análises e sugestões.

Ao professor Gilson Volpato, do Departamento de Fisiologia do Instituto

de Biociências da UNESP, Câmpus de Botucatu-SP, pela colaboração.

Aos biólogos Otávio Augusto Martins e Gilda Pinto do Amaral, ao

Aguinaldo Rogério Marques, funcionários do departamento de Higiene Veterinária

e Saúde Pública da FMVZ da UNESP, Câmpus de Botucatu, por terem

participado ativamente das minhas atividades, me auxiliando nas técnicas de

laboratório e na lavagem e esterilização do material utilizado na pesquisa.

À Neuza Spadotto Gatin, Silvia Helena Gotardi e Rafael de Bianchi,

funcionários do SOAP da FMVZ da UNESP, Câmpus de Botucatu, pela preciosa

ajuda, na secretaria e no preparo dos meios para as análises laboratoriais.

Ao estagiário de medicina veterinária, Fabiano Ricardo Campos Alves,

que por algumas vezes me auxiliou nas coletas, tornando-as mais descontraídas.

Ao Instituto Adolfo Lutz, em especial a pesquisadora Sueli Fernandes,

da seção de bacteriologia, por realizar as identificações das cepas de Salmonella.

Aos proprietários dos pesqueiros e criatórios de onde coletamos todas

as amostras para este trabalho, em especial para o Paulo Bertin, do pesqueiro

Piracatu, e Claudemir Batista Ferreira da Fish-braz, ambos de Botucatu.

Ao CNPq, por ter confiado em meu trabalho e espero que continuem

com esta importante função de fomentar a pesquisa no Brasil.

À equipe da biblioteca da FCA da UNESP, Campus de Botucatu, pela

valiosa colaboração.

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RESUMO

Este trabalho teve como objetivo investigar a presença de Salmonella

spp. no conteúdo intestinal de peixes tropicais de água doce, bem como no

sedimento dos tanques em que eram criados e na ração com que eram

alimentados. Foi realizada a comparação entre dois tipos de empreendimentos,

os criatórios que compreendem as fases de alevinagem e engorda, e os

pesqueiros em que os animais são adultos e se destinam à pesca esportiva nos

chamados pesque-pague.

Foram colhidas amostras do conteúdo intestinal de 105 peixes de 11

criatórios e de 106 peixes de 11 pesqueiros no período entre janeiro de 1999 e

maio de 2000. Além disso, foram colhidas amostras do sedimento de 24 tanques

desses criatórios e pesqueiros, bem como amostras da ração com que eram

alimentados os animais nestes locais. Para a detecção da Salmonella foi utilizada

a metodologia recomendada pelo Bacteriological Analytical Manual, da Food and

Drug Administration, USA, e pela Americam Health Public Association.

Nas amostras do conteúdo intestinal de peixes obtidos em pesqueiros

foi detectada a presença de Salmonella num total de 6 amostras, enquanto que

naquelas oriundas de peixes obtidos em criatórios a presença de Salmonella não

foi detectada. Por sua vez, nas amostras dos sedimentos dos tanques em que

estavam esses peixes, foi detectada a presença de Salmonella em 5 obtidas de

pesqueiros, enquanto que esta bactéria não foi encontrada naquelas de tanques

dos criatórios.

Os sorotipos encontrados foram Salmonella Panama, S. Muenchen, S.

Saintpaul, S. Hadar, S. Newport e S. enterica subspecie enterica 4, 5, 12,:b:-, já

tendo sido os mesmos relacionados a surtos de doença no homem. Por outro

lado, a presença de Salmonella não foi detectada nas amostras da ração dos

pesqueiros, bem como dos criatórios sugerindo que o processo de extrusão por

que passam é capaz de eliminar bactérias. Com base nesses resultados pode-se

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sugerir a necessidade de um bom manejo sanitário nos pesqueiros visando a

saúde do homem e do meio ambiente.

Palavras-chaves: Salmonella, peixes, sedimento, contaminação e manejo

sanitário.

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SUMMARY

The aim of this work was to investigate for the presence of Salmonella

spp. in the intestinal contents obtained from tropical freshwater fish. Furthermore,

we also analised the sediments obtained from the tanks where fish were cultured

and the extruded feed used at time to detect the presence of Salmonella spp.

We used a two-way system comparison, one post fish larvae and

growing ponds where fishes stays until 12 months age, and a fee-fishing pond,

with adult fishes used for entertainment. Samples of intestinal contents of 105

growing fishes from 11 growing ponds and of 106 fishes from 11 fishing ponds

collected between January 1999 and May 2000 were analised. The method based

on Bacteriological Analytical Manual, of Food and Drug Administration, USA, and

the American Health Public Association for Salmonella detection were used in this

study.

The presence of Salmonella were detected in 6 samples of intestinal

content and in 5 samples of sediments obtained from fishes and tanks from fishing

ponds, while no Salmonella was detected in the samples of intestinal content and

of sediments obtained from fishes and tanks from growing ponds. The serotipes

found were Salmonella Panama, S. Muenchen, S. Saintpaul, S. Hadar, S. Newport

and S. enterica subspecies enterica serotipe 4, 5, 12:b: -. All of them have been

involved in outbreaks of human diseases. In the feed, no Salmonella was detected

in both establishments suggesting the success in eliminating bacteria in the

extrusion method utilized. Our results suggest the necessity of improvement of

sanitary practices to keep men and environment healthy.

Key words: Salmonella, fish, sediments, contamination and good sanitation

practices.

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ÍNDICE

Página

RESUMO .............................................................................................. v

SUMMARY ........................................................................................... vii

1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................ 3

2.1. Histórico e classificação ............................................................ 3

2.2. Antígenos e tipos sorológicos de Salmonella............................ 4

2.3. Distribuição e reservatórios........................................................ 5

2.4. Saúde pública ............................................................................ 6

2.5. A Aqüicultura e a produção de alimentos .................................. 7

2.6. Perspectivas da aqüicultura para o Brasil ................................. 8

2.7. A Salmonella na aqüicultura e os peixes como reservatórios e

veículos de transmissão das ETAs aos homens.........................

10

2.8. Agravantes com o uso de antibióticos utilizados na aqüicultura.. 13

2.9. Relação entre aumento do consumo de carnes e infecção

por Salmonella ........................................................................

13

3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................. 15

3.1.Material ....................................................................................... 15

3.1.1. Peixes ............................................................................... 15

3.1.2. Sedimento dos tanques .................................................... 16

3.1.3. Ração ............................................................................... 16

3.1.4. Criatórios .......................................................................... 16

3.1.5. Pesqueiros (“pesque-pagues”) ......................................... 20

3.2. Métodos ..................................................................................... 23

3.2.1. Colheita do material ......................................................... 23

3.2.1.1. Peixes ................................................................. 23

3.2.1.2. Sedimento dos tanques ...................................... 25

3.2.1.3. Ração ................................................................. 25

3.2.2. Isolamento e identificação de Salmonella spp................. 25

3.2.3. Isolamento da E. tarda...................................................... 27

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3.2.4. Avaliação estatística ......................................................... 28

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................... 29

4.1. Peixes ........................................................................................ 29

4.2. Sedimento .................................................................................. 34

4.3. Rações ....................................................................................... 37

4.4. Fatos relevantes observados ..................................................... 38

5. CONCLUSÕES................................................................................. 40

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ 41

10

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Índice de Tabelas

Página

Tabela 1 - Nome científico e vulgar das espécies de peixes utilizadas. 15

Tabela 2 – Relação de criatórios, data da colheita, a quantidade de

peixes capturadas (nº de peixes), suas respectivas espécies

e a idade dos lotes.

18

Tabela 3 - Relação dos pesqueiros com as espécies de peixes

capturadas, o total capturado por pesqueiro, o total por

espécie e a data da colheita.

21

Tabela 4 – Relação dos resultados positivos para Salmonella, das

análises microbianas do conteúdo intestinal dos peixes,

oriundos dos criatórios e pesqueiros, com o total de peixes

capturados em cada modalidade, e a sua relação percentual.

29

Tabela 5 – Identificação dos sorotipos de Salmonella oriundas do

conteúdo intestinal dos 6 peixes positivos, de acordo com a

amostra, pesqueiro de origem, espécie, caldos e placas

contendo os meios seletivos.

32

Tabela 6 – Relação dos peixes, suas espécies, pesqueiro de origem,

número das amostras, e caldos e placas de origem contendo

a E. tarda.

33

Tabela 7 – Relação dos resultados positivos para Salmonella spp.,

das análises microbianas das amostras de sedimento,

colhidas de criatórios e pesqueiros, com o total dessas

amostras e o seu percentual.

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Tabela 8 - Identificação dos sorotipos de Salmonella oriundas das

amostras positivas de sedimento, oriundas dos respectivos

sedimentos (5 amostras de sedimento positivas, de 5 tanques

distintos), indicando o pesqueiro, com os caldos e as placas

contendo os meios seletivos de origem.

36

Tabela 9 – Relação dos resultados das análises microbianas da

ração, colhidas dos pesqueiros e criatórios, com o número

total das amostras analisadas.

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1. INTRODUÇÃO

Registros epidemiológicos em todo o mundo mostram a importância da

Salmonella spp. como a maior causadora de doenças bacterianas de origem

alimentar, no homem, o qual se infecta mediante a ingestão de alimentos

contaminados.

As enfermidades transmitidas por alimentos constituem, hoje,

preocupação no campo da saúde pública. Em países do primeiro mundo com um

bom sistema de vigilância epidemiológica, tem-se observado um aumento

significativo na incidência das mesmas, às vezes alarmantes. Existe um grande

número de bactérias responsáveis por infecções entéricas graves, tendo os

alimentos como veículos, mas a Salmonella spp. continua a ser o principal agente

etiológico dessas enfermidades, sendo considerada mais que uma doença de

origem alimentar ou zoonose, e sim uma geonose (JACKSON et al., 1991).

Na emergente aqüicultura mundial, onde peixes e moluscos são

cultivados em tanques escavados na terra, ou em reservatórios de água

desprotegidos, expostos à contaminação ambiental de variadas fontes, como a de

esgotos urbanos, das fezes de animais, reservatórios naturais da Salmonella, ou

pela introdução de alimentos e rações contaminadas, aliado ao clima quente

freqüentemente associado à aqüicultura, potencializa a proliferação e o

crescimento da Salmonella spp. e outros patógenos para o homem neste micro

ambiente (PIEDRAHITA, 1990). Devido a sua prevalência em todos os ambientes

de agricultura, é um importante patógeno aquático, causador de zoonoses

(D’AOUST, 1994).

Muitos microrganismos patogênicos são transmitidos ao homem

através da via fecal–oral. A maioria destes microrganismos patogênicos pode ser

transmitida através de vários veículos, sendo os peixes um destes (STELMA et

al., 1992).

A produção global da aqüicultura vem crescendo devido à diminuição

da produção extrativista, que é conseqüência da diminuição dos estoques

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naturais e do aumento da demanda por produtos saudáveis. Todos os indicativos

de qualidade, potencial de produtividade e expectativa de demanda apontam o

pescado como um produto alternativo de futuro. A aqüicultura mundial vem

respondendo a esta pressão de produção, crescendo até 35 % ao ano em

algumas regiões do mundo, muito mais que qualquer outra exploração animal, e

as estimativas são para que se mantenha este crescimento.

Embora o Brasil seja um dos países com maior potencial hídrico do

mundo, possua clima favorável para a piscicultura durante todo o ano na maior

parte do seu território e a maior diversidade de espécies de peixes do planeta, a

produção do setor é modesta, muito aquém de suas possibilidades, podendo

tornar-se excelente opção de investimento (CYRINO & GRYSCHEK 1997).

Portanto, podemos relacionar o aumento de produção da aqüicultura e a presença

da Salmonella nesses ambientes aquáticos, como um fator de risco em potencial

para a população, a não ser que sejam tomadas as providências de segurança

cabíveis.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a possibilidade do

envolvimento das criações intensivas de peixes tropicais de água doce e seus

micro-ambientes aquáticos no desenvolvimento e na disseminação de salmonelas

para o ambiente, contaminando rios e reservatórios de água potável, e infectando

o homem pela ingestão de peixes contaminados. Foi avaliada a presença de

salmonelas no micro ambiente aquático de criações de peixes tropicais de água

doce, examinando o conteúdo intestinal dos peixes, o sedimento dos tanques em

que são mantidos e as rações comerciais utilizadas nesses empreendimentos.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Histórico e classificação

Salmonella typhi foi o primeiro membro das salmonelas a ser

reconhecido como patógeno. Foi relatado pela primeira vez em 1880 por Eberth e

posteriormente isolado por Gaffik em 1884. Smith e Salmon descreveram o

gênero em 1885, quando isolaram em suínos com sintomas gastroentéricos, um

agente causador denominado de Bacillus cholera suis. Já em 1888, Gartman isola

de um caso fatal de gastroenterite humana, relacionado ao consumo de carne

crua, um agente causador denominado de Bacillus enteritidis (DIFCO-Manual de

bacteriologia, 1978).

A classificação taxonômica das salmonelas sempre foi motivo de

controvérsias. Exitem vários esquemas de classificação, sendo os mesmos

identificados pelos nomes dos seus autores, Kauffman, Edwards e Ewing e Le

Minor (TOLEDO, 1989). Segundo o esquema de Kauffman, o gênero Salmonella

deve ser dividido nos sub-gêneros I, II, III e IV, ao passo que para Edwards e

Ewing esta divisão deve ser feita em três espécies: S. choleraesuis, S. thyphi, e S.

enteritides. Finalmente, Le Minor, propôs a inclusão de todas as Salmonellas em

uma só espécie, a S. choleraesuis, subdividida em seis sub-espécies: S.

cholerae-suis, S. cholerae-suis salame, S, cholerae-suis arizonae, S. cholerae-

suis diarizonae, S. cholerae-suis houtenae e S. cholerae-suis bongori (TOLEDO,

1989). Atualmente entre esses vários esquemas taxonômicos propostos, vem

ganhando aceitação internacional o utilizado pelo Center for Disease Control and

Prevention (CDC, Atlanta, USA), que divide o gênero Salmonela em duas

espécies, a S. bongori e a S. enterica, sendo que esta última é subdividida em

seis subespécies, descritas a seguir: enterica, salamae, arizonae, diarizonae,

houtenae e indica (POPOFF et al., 2001).

As salmonelas são bastonetes gram negativos, com flagelos

peritríquios, com exceção da S. pullorum e S. galinarum, são anaeróbios

facultativos que produzem gás a partir da glicose e utilizam citrato como única

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fonte de carbono. Normalmente produzem gás sulfídrico, descarboxilam a lisina e

a ornitina e são indol negativas (DIFCO, 1978).

2.2. Antígenos e tipos sorológicos de Salmonella

Embora se reconheça a relevância dos diversos esquemas

taxonômicos, é de grande importância epidemiológica a divisão do gênero em

tipos sorológicos segundo o esquema proposto por Kauffman e White, o qual tem

por base a diferenciação antigênica das salmonelas, baseada na presença dos

antígenos somáticos O e flagelares H. Os antígenos O ou somáticos, são

termolábeis, de estrutura polissacarídica localizado na membrana externa, sendo

identificados por números arábicos; enquanto os antígenos H ou flagelares, são

de estrura protéica associada aos flagelos, com duas fases distintas: fase 1,

específica, designadas por letras minúsculas e fase 2, inespecífica, por números

arábicos. A combinação dos antígenos O e H são determinantes do sorotipo (Le

MINOR, 1984). Segundo POPOFF et al (2001), atualmente existem 2543

diferentes sorotipos de Salmonella, sendo os termos sorotipos e sorovares

utilizados como sinônimos.

Existe também o antígeno capsular Vi ou K, antígenos de envelope ou

capsulares, que estão presentes somente em alguns sorotipos de Salmonella e

podem interferir com o O, não ocorrendo a aglutinação. A identificação sorológica

é feita por aglutinação rápida. Esta identificação sorológica consiste em submeter

as colônias com perfil característico de Salmonella a testes de soroaglutinação

em lâmina, empregando-se o anti-soro polivalente flagelar e somático. Esta

primeira orientação é obtida com a mistura dos soros anti-O e anti-H, antes de se

utilizarem os soros monespecíficos, que permitirão a identificação final (Le

MINOR, 1984).

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2.3. Distribuição e reservatórios

O homem pode ser infectado por vários sorotipos de Salmonella. Nos

E.U.A., os sorotipos mais comumente isolados dos surtos de salmonelose

humana são: S. Typhimurium, S. Enteritidis, S. Heidelberg e S. Newport

(EKPEREGIN e NAGAJARA, 1998). Embora na maior parte dos surtos, a dose

infectante tenha sido alta, sabe-se hoje que, em alguns casos, foram necessárias

poucas células infectantes de Salmonella para causar sintomas clínicos no

homem. Estudos revelaram que 101 a 102 U.F.C. (unidades formadoras de

colônias) foram responsáveis por surtos associados à carne moída (FONTAINE et

al., 1980), barras de chocolate (GREENWOOD & HOOPER, 1983) e queijo

cheddar (D’AOUST, 1985). Sabe-se ainda que são necessárias menos que 101

U.F.C. para causar infecção (KAPPERUD et al., 1990).

Salmonella tem adaptação fisiológica muito grande, como é

evidenciado pelo crescimento entre o pH de 4,05 a 9,50 e temperaturas que

variam de 2,00 a 45,60 ºC, e é capaz de sobreviver por vários anos em

condimentos armazenados em meio ambiente ou “freezer” (D’AOUST, 1989). A

ubiqüidade deste agente no ambiente natural associada às práticas da indústria

da carne, do pescado e de ovos, em que a produção em massa leva a um

aumento da contaminação cruzada entre os animais sadios e os infectados,

contribui para sua disseminação nos produtos de origem animal crus, na cadeia

global de alimentos (D’AOUST, 1989).

Salmonella tem sido reconhecida como causa de doenças entéricas há

muitos anos. Atualmente é considerada a principal causa de doença entérica de

origem bacteriana no homem, tendo produzido grandes surtos. Novos veículos de

infecção estão sendo descobertos, mas sabe-se que os principais são os de

origem alimentar (D’AOUST, 1995).

Ao analisar o ciclo de transmissão da Salmonella ao homem, pode-se

observar que os alimentos de origem animal têm papel muito importante. A

contaminação desses alimentos pode ocorrer na própria fonte de produção, isto é,

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a partir dos animais criados nas granjas ou fazendas que podem ser os

portadores do agente ou ainda ocorrer através da chamada contaminação

cruzada, que se refere àquela ocorrida nas diversas fases do processamento

industrial, na distribuição, comercialização e consumo final (BAIRD & PARKER,

1990). Outro fator importante sobre a disseminação do agente ao redor do

mundo, é devido ao fato do homem e dos animais de sangue quente e sangue

frio, terem o trato intestinal como o principal reservatório das salmonelas.

2.4. Saúde pública

As enfermidades transmitidas por alimentos (ETAs), especialmente as

salmonelas, constituem séria preocupação para a saúde pública. Mesmo em

países do primeiro mundo, com bom sistema de vigilância sanitária, tem-se

observado aumento significativo na incidência das mesmas, às vezes atingindo

níveis alarmantes. Existe um grande número de bactérias responsáveis por

infecções entéricas graves adquiridas através de alimentos contaminados, mas a

Salmonella spp. tem sido o principal agente etiológico dessas enfermidades,

sendo considerada mais que uma doença de origem alimentar ou zoonose, e sim

uma geonose (JACKSON et al, 1991).

Levantamentos realizados nos E.U.A. mostraram que entre 1942 e

1988, registrou-se um aumento de cem vezes no número de casos relatados de

salmonelose humana (JACKSON et al, 1991). No período compreendido entre

1973 e 1987, das toxinfecções alimentares causadas por bactérias, a salmonela

foi responsável por 42% dos surtos e 51% dos casos (BEAN & GRIFFIN, 1990).

Por outro lado, na Inglaterra, o número de notificações passou de 17.300 casos

em 1982 para 74.000 casos em 1993, enquanto que nos E.U.A., neste mesmo

período, houve aumento de 2 a 40 vezes na freqüência de relatos de

enfermidades como a salmonelose, colite hemorrágica e campilobacteriose,

sendo que entre estas, a salmonelose foi a mais freqüente (SHARP & REILLY,

1995).

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Crianças, idosos, indivíduos mal nutridos, debilitados, transplantados,

pacientes tratados com antibióticos por longo período e portadores da Síndrome

da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), são mais susceptíveis a doenças de

origem alimentar, incluindo a salmonelose (SILVA, 2001). Segundo a Organização

Mundial da Saúde-OMS (1994), a salmonelose atinge de um a cinco milhões de

pessoas por ano, com 20.000 internações e 500 óbitos anuais. As perdas

econômicas decorrentes desta enfermidade podem ser estimadas em cerca de

US$ 1,4 bilhões anuais (SILVA, 1995).

2.5. A Aqüicultura e a produção de alimentos

A aqüicultura ou agricultura embaixo d’água é uma arte que vem sendo

praticada há mais de 4.000 anos na China (STICKNEY, 1990). Nas ultimas três

décadas tem se desenvolvido como ciência. Plantas, moluscos, crustáceos e

peixes aquaculturados contribuem para o suprimento de alimentos do planeta,

mas a pesca extrativa, ainda, supera em muito a produção da aqüicultura

(STICKNEY, 1990). Em 1982, o total da pesca extrativista marítima foi de 90

milhões de toneladas. Essa produção extrativista, que vinha se mantendo

constante até 1989, começou a declinar mesmo com o aumento do esforço de

captura, em conseqüência da depleção dos estoques naturais. Observou-se daí

em diante um avanço da piscicultura mundial, ou seja, um aumento do cultivo

artificial de organismos aquáticos (CYRINO & GRYSCHEK, 1997).

A aqüicultura mundial produziu 14,5 milhões de toneladas de pescado

em 1988 (COELHO, 1997) e a produção de 1995 ficou em torno de 25,5 milhões

de toneladas (CARVALHO, 1997).

Entre os países produtores de alimentos provindos da aqüicultura,

destaca-se a China, que produziu cerca de 10 milhões de toneladas em 1995

(SHIMITTOU et al., 1995), representando quase 80% da produção mundial, com

um consumo per capita anual de 20 Kg (LOVSHIN, 1997). O Japão, líder no

desenvolvimento da aqüicultura, o primeiro em produtividade (BROWN, 1993),

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mantém o consumo per capita anual de 60,2 Kg (BORGHETTI, 1996). Os EUA

produziram 3,18 mil toneladas em 1970 e 209 mil toneladas em 1996 (LOVSHIN,

1997), com o consumo per capita anual de 6,8 Kg. O Brasil, embora em menor

escala, tem acompanhado este crescimento e passou de 27 mil toneladas em

1992, para 30 mil toneladas em 1994 (CARVALHO, 1993, 1996) e uma estimativa

de produção de 45 mil toneladas em 1996 (COELHO, 1997), com consumo médio

anual per capita de 5,3 Kg.

Acompanhando todo este crescimento, o volume de alimentos

produzidos para organismos aquáticos tem crescido muito, dando suporte à

expansão da aqüicultura. A produção mundial foi de 4 milhões de toneladas em

1988 (AKIYAMA, 1991), e de 16,5 milhões em 1996, representando 3% do total

das rações balanceadas produzidas (GILL, 1996).

2.6. Perspectivas da aqüicultura para o Brasil

Nosso país tem vasta rede hidrográfica, possui clima tropical na maior

parte do seu território e a maior diversidade de espécies de peixes do mundo,

fatores propícios para o desenvolvimento da aqüicultura intensiva e semi-

intensiva, muito pouco explorados atualmente. No estado de São Paulo,

particularmente, esse potencial começou a ser utilizado, observando-se um

aumento expressivo no número de propriedades que se dedicam à aqüicultura.

Além de polos de produção, tornaram-se também áreas de lazer para a

população, já que muitos deles promovem a atividade da pesca. São os

chamados “pesque-pague”, muito difundidos em nossa região (CASTAGNOLLI,

1995).

A produção brasileira extrativa de pescado, vem caindo

progressivamente desde 1984, declinando de 940.000 toneladas para 780.000

toneladas no período de 10 anos. A produção de pescado no Brasil gira em torno

de 800 mil toneladas anuais, sendo mais de 80% desta, originária de recursos

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pesqueiros do Atlântico Sul, que é pobre, e que vem decrescendo nos últimos

anos devido à pesca predatória e a destruição de manguezais.

No Brasil, o volume de alimentos produzidos para organismos

aquáticos passou de 4,2 mil toneladas em 1992 (CARVALHO, 1993) para 55,5 mil

toneladas em 1996, sendo que a produção total de rações balanceadas no

mesmo ano foi de 25,2 milhões de toneladas. Esses dados, apesar de modestos

quando comparados a outros países, mostram que o mercado nacional está se

adequando ao crescimento da aquicultura (COELHO, 1997)

Apesar da nossa diversidade de espécies, hoje as mais utilizadas para

o cultivo são: tilápia do Nilo, carpa comum, carpa chinesa, salmão, truta arco íris e

bagre do canal, todas exóticas. Portanto temos um vasto campo de pesquisas

com os peixes autóctones. A tilápia é um dos peixes mais criados no Brasil,

representando ao redor de 25% do total (TACON, 1994). É um dos mais

comercializados, por possuir manejo reprodutivo de fácil execução, de baixo custo

(LOVSHIN, 1997), e com conversão alimentar de 1/1 (SURESH & LIN, 1992),

quando bem manejados. Conversão alimentar de 1/1, indica que, para cada quilo

de alimento ingerido, a tilápia aumenta em um quilo o seu peso vivo.

Além disto, os programas atuais de saúde, aliado ao sedentarismo e às

exigências nutricionais modernas, demandam alimentos de baixo teor de gordura

saturada e de alto valor biológico, requisitos estes, que demonstram ser a carne

de peixe uma opção natural ao consumidor. A carne de pescado apresenta maior

digestibilidade por conter 3% de tecido conjuntivo e em média, 5% de gordura. Os

peixes têm alto teor de proteína, com todos os aminoácidos presentes (1 a 5 mg

de aminoácidos livres por grama de proteína), elevado teor de vitaminas do

complexo B, e menos de 1,5% de matéria mineral, embora os níveis de fósforo e

de cálcio sejam excelentes (CYRINO & GRYSCHEK, 1997).

Todos os indicativos de qualidade, potencial de produtividade e

expectativa de demanda apontam o pescado como o produto do futuro. A

aqüicultura mundial vem respondendo a esta pressão de produção e crescendo

em média 35% ao ano. Isto demonstra que a piscicultura como atividade do setor

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primário, pode tornar-se excelente opção de investimento no Brasil (CYRINO &

GRYSCHEK, 1997).

2.7. A Salmonella na aqüicultura e os peixes como reservatórios e veículos de transmissão de ETAs ao homem.

Uma discussão paralela deve ser feita levando em conta a crescente

aqüicultura mundial, que sem os cuidados necessários poderá contribuir para o

aumento da incidência de contaminação por Salmonella. Como exemplo podemos

citar o cultivo de peixes e moluscos cultivados em tanques escavados na terra ou

em reservatórios de água sem proteção. Estes tanques e/ou reservatórios são

expostos à contaminação ambiental como a de águas pluviais que escorrem por

locais poluídos. Também podem ser contaminados através de esgotos urbanos e

de fezes de aves e roedores infectados. Além do exposto, deve-se consider o fato

de algumas espécies de peixes se alimentarem com subprodutos da indústria de

origem animal crus e de rações peletisadas mal preparadas ou mal estocadas,

contaminadas com Salmonella (D’AOUST, 1995).

Além disto, há o sinergismo entre o alto conteúdo orgânico das águas

dos tanques, resultante da sedimentação e da gradual decantação dos excessos

de alimentos contaminados, e o clima quente, freqüentemente associado à

aqüicultura, que potencializa neste micro ambiente a proliferação e o crescimento

da Salmonella spp. e de outros agentes patogênicos para o homem

(PIEDRAIHTA, 1990).

O isolamento da Salmonella spp. em águas poluídas tem sido

freqüentemente relatado, mas o isolamento também ocorre em águas naturais

não poluídas. Em estudo realizado no norte da Grécia, Salmonella spp. foi isolada

em 16,7% das amostras de lagos, e 20,3% das amostras de rios (ARVANITIDOU

et al., 1995). Muitos microrganismos patogênicos são transmitidos ao homem

através da via fecal–oral. A maioria destes microrganismos patogênicos pode ser

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transmitida através de vários veículos, sendo os peixes um destes (STELMA et

al., 1992).

Salmonella tem sido freqüentemente associada ao trato intestinal de

animais de sangue quente, mas também isolada em animais de sangue frio. Na

Índia, este microrganismo tem sido isolado do trato intestinal de tilápias e carpas

cultivadas com subprodutos de suinocultura e avicultura e também com tilápias e

carpas não cultivadas com estes subprodutos (IYER & SHRIVASTAVA, 1989).

Em outros estudos realizados na Índia e na África , o microrganismo tem sido

isolado do trato intestinal dessas espécies de peixes, tanto nas cultivadas em

tanques fertilizados com esgoto tratado, como em tanques de água natural não

poluída (OGBONDEMINO, 1993).

No período de 1973 a 1987, os peixes foram implicados como veículo

conhecido em 15 % dos surtos das ETAs, sendo a Salmonella responsável por

aproximadamente 10% deles (BEAN & GRIFFIN, 1990). Dos microrganismos

potencialmente patogênicos transmitidos dos animais para o homem, tendo o

peixe como veículo, incluem Aeromonas hydrophila, Escherichia coli 0157:H7,

Campylobacter jejuni, Listeria monocytogenes, Plesiomonas shigelloides,

Salmonella spp., Shigella spp., Vibrio spp. e Yersinia spp. Apesar da indústria de

processamento do bagre do canal (Ictalarus punctatus), por exemplo, vir obtendo

excelentes resultados de segurança com relação aos seus produtos, peixes crus

e mesmo processados têm sido os responsáveis por surtos de doenças causadas

aos homens, devido à presença dessas bactérias patogênicas (WARD, 1989).

Pesquisadores têm isolado no bagre do canal (Ictalarus punctatus),

inteiro ou nos filés, várias espécies de microrganismos patogênicos como a

Salmonella (ANDREWS et al., 1977; WYATT et al., 1979), Edwardsiella (WYATT

et al., 1979) e Vibrio spp. (LOWERY et al., 1986). No sudoeste da Ásia foram

colhidas amostras de nove tanques de água doce, em que se produziam tilápia do

Nilo (Oreochromis niloticus), carpa (Cyprinio carpio) e bagre do canal, para a

detecção de Salmonella, Vibrio, Aeromonas, e Plessiomonas, sendo que a

Salmonella estava presente em 28% das amostras de peixes e sedimentos dos

tanques (TWIDDY, 1995).

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Em experimento realizado no Egito, de 101 tilápias do Nilo investigadas

para organismos patogênicos e outros potencialmente patogênicos, em 7,9% das

amostras foi detectada a E. coli e em 3,9%, Salmonella. Foram identificadas 4

cepas com os seguintes sorotipos: 1 de S. Newport, 1 de S. Typhimurium e 2 de

S. Wangata (YOUSSEF et al., 1992).

No mercado de peixes em Cochin, na Índia, foi detectada a presença

de Salmonella em 5,76% das amostras de peixes frescos e em 8,66% dos

congelados, tendo sido isoladas 32 cepas (NAMBIAR & MAHADEVAIYER, 1991).

A presença de Salmonella tem sido relatada na piscicultura em todo mundo, e as

pesquisas mostraram que 21% das culturas de enguias no Japão (SAHEKI et al.,

1983), 5% das culturas do bagre do canal nos E.U.A. (WYATT et al., 1979) e 22%

das culturas de camarão da Ásia (REILLY & TWIDDY, 1992) estavam

contaminadas com o microrganismo.

Segundo REILLY & KÄFERSTEIN (1999), nos países asiáticos, em vários

estudos distintos, o microrganismo também foi encontrado ocasionalmente nas

culturas de camarão. Algumas espécies de Salmonella têm sido isoladas em

culturas de camarão em água salobra no sudoeste da Ásia (REILLY & TWIDDY,

1992) e de ambientes similares na Índia (IYER & SHRIVASTAVA, 1989). Em

outro experimento, na África do Sul, 54,5% das 22 tilápias examinadas, estavam

contaminadas com Salmonella (D’AOUST, 1989).

No Brasil, praticamente não existem registros de estudos envolvendo a

pesquisa de Salmonella em sistemas de criação de peixes. O único encontrado

refere-se a uma pesquisa realizada em Botucatu – SP, onde estudou-se a flora

microbiana do conteúdo intestinal de 221 peixes de água doce, sendo 77 criados

em sistema extensivo e 144 em sistemas intensivos. O sistema extensivo consiste

na alimentação desses peixes com fezes de suínos e aves, enquanto que no

sistema intensivo, são alimentados com ração comercial. Foram isolados

diferentes microrganismos do grupo das enterobactérias, entre eles a Salmonella

thyphimurium em 2,28% dos peixes criados no sistema extensivo e em 2,11% no

sistema intensivo (LANGONI et al., 1999).

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2.8. Agravantes com o uso de antibióticos utilizados na aqüicultura

Outro fator importante a considerar no tocante a criação de peixes, é o

uso indiscriminado de antibióticos para prevenir a disseminação de doenças. Não

se tem o conhecimento deste manejo sobre o impacto ao meio ambiente e à

saúde do homem. Os resíduos destes podem permanecer na carne do peixe

destinado ao consumo humano, e levar ao aparecimento, na cadeia alimentar, de

bactérias resistentes a antibióticos (D’AOUST, 1992).

Sabe-se porém que os perigos da salmonelose após o consumo de

peixes e moluscos contaminados, crus ou pouco cozidos, são aumentados pelo

fato de já haver algumas bactérias resistentes a alguns antibióticos e

quimioterápicos como a ampicilina, cloranfenicol e sulfonamidas, resultado da

adição indiscriminada dessas drogas na aqüicultura (BROWN, 1989). Com o

advento da quinolona, novos horizontes foram abertos para o controle clínico das

infecções graves por cepas de Salmonella resistentes às drogas antibacterianas

tradicionais (D’AOUST, 1991). Porém, com o uso crescente da quinolona na

pecuária em vários países da Europa, a perspectiva de controle da salmonelose

foi logo sombreada, pois este fato gerou resistência bacteriana à essas drogas,

inclusive da própria Salmonella (PIDDOCK et al., 1990; D’AOUST, 1992). Além

disso, o uso da quinolona na aqüicultura com fins de profilaxia e terapêutica

também ocorreu (D’AOUST, 1993), aumentando ainda mais as chances de

infecção por Salmonella resistente a antibiótico.

2.9. Relação entre aumento do consumo de carnes e infecção por Salmonella

O crescimento da aquicultura, se extremamente desejável por um lado,

pode se tornar responsável pela veiculação de microrganismos patógenos ao

homem, e consequentemente acarretando o aparecimento de um grande número

de ETAs. O crescimento da avicultura comercial pode ser considerado como

exemplo nesse caso. Na Inglaterra e País de Gales, entre 1959 e 1962, o

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consumo da carne de frango foi responsável por 12,9 % das infecções por

Salmonella. Na década de 1980 essa porcentagem aumentou drasticamente para

51,3 % (HUMPHREY, 1980).

Tomando-se como base os surtos de etiologia conhecida, os frangos

foram incriminados em 2 % dos casos registrados durante o período de 1973 a

1975, e de 9 % dos casos no período de 1985 a 1987 (BEAN & GRIFFIN, 1990).

Esse aumento da porcentagem, segundo BAIRD & PARKER (1990), está

claramente relacionado ao consumo cada vez maior da carne de frango.

No Brasil o consumo da carne de frango em 1996 era de 23,2

Kg/habitante/ano, 63,4 % maior que em 1990 (APINCO, 1996). Embora não

existam estudos semelhantes aos da Inglaterra e País de Gales, forçoso é admitir

que também aqui tenha havido aumento da incidência de salmoneloses

decorrente do aumento do consumo de carne de frango.

Com base nestes dados que correlacionam o aumento do consumo da

carne de aves com o aumento das infecções por Salmonella, pode-se sugerir que

o crescimento da aqüicultura no Brasil, associado ao aumento do consumo de

pescado, seguramente virá acompanhado de um aumento da incidência de

salmonelose humana caso nenhuma providência seja tomada. É fundamental,

portanto, ao Brasil se preocupar com o crescimento da piscicultura, investindo

mais em pesquisas relacionadas às ETAs, que têm o peixe como veículo.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1.Material

O material utilizado no experimento constou de peixes, sedimento de

tanques e ração comercial, provenientes de criatórios e pesqueiros (pesque-

pague).

3.1.1. Peixes

Os peixes utilizados no experimento foram de variadas espécies de

água doce e de clima tropical, provenientes de diferentes criatórios do interior do

Estado de São Paulo. Essas espécies de peixes, nativas ou exóticas, apresentam

algumas diferenças entre si, sendo estas referentes aos hábitos alimentares,

estruturas anatômicas, fisiologia da digestão e reprodução. As espécies

estudadas estão apresentadas a seguir:

Tabela 1 - Nome científico e vulgar das espécies de peixes utilizadas.

Espécie autóctone Espécie exótica Nome vulgar Nome científico Nome vulgar Nome científico Pacu Piaractus mesopotamicus Carpa cabeça grande Aristchthys nobilis

Tambaqui Colossoma macropomum Carpa papa capim Ctenopharyngodon idela

Matrinxã Brycon cephalus Tilápia do Nilo Oreochromis niloticus

Piraputanga Brycon hilarii Tilápia comum Oreochromis mossambicus

Piauçu Leporimus obtusidens Bagre africano Clarias gariepinus

Dourado Salminus maxilosus Tilápia vermelha Oreochromis mossanbicus x Oreochromis niloticus

Curimbatá Prochilodus sp.

Tambacu Piaractus mesopotamicus x Colossoma macropomun

Pintado Pseudoplatystoma coruscans

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3.1.2. Sedimento dos tanques

O sedimento dos tanques consiste de uma mistura de partículas do

solo de vários tamanhos e estágios de decomposição da matéria orgânica

(TAVARES, 1995).

3.1.3. Ração

Nesse estudo, ração é todo alimento balanceado comercialmente

produzido, destinado aos peixes. Existe um produto para cada fase de vida dos

animais. As rações colhidas eram todas extrusadas, de diversas empresas do

mercado nacional, não sendo citadas as empresas, e nem as especificações

bromatológicas dos produtos.

Ração extrusada é aquela que passa por um processo de alta

temperatura, ao redor de 130 a 150ºC, e grande pressão de vapor (30 a 60 atm)

por um curto período, causando explosão e expansão da mistura. Existem várias

características que tornam este processo ideal para a produção de alimentos para

organismos aquáticos, pois adquirem maior estabilidade na água, maior

digestibilidade, melhor condição sanitária, melhor resposta protéica e, portanto,

maior economia ao produtor (KUBITZA, 1997).

3.1.4. Criatórios

Nesse estudo, os criatórios compreendem as fases de alevinagem e

engorda. Os viveiros são construídos na terra, por escavação ou levantamento

dos taludes com material externo à área.

Alevinagem é a prática de manter os alevinos provenientes das granjas

de reprodução ou larvicultura, também chamadas de matrizeiros. Neste processo,

logo após saírem da fase larval, estes animais permanecem por 2 a 4 meses, até

atingirem o peso final esperado entre 30 e 100g, variando conforme a espécie

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cultivada. O tamanho do viveiro varia de 200 a 2.000 m2. O lote com o peso

esperado passa para a fase de engorda (Programa de aqüicultura, [1997]).

Engorda é a prática que se desenvolve em viveiros maiores, medindo

aproximadamente de 3.000 a 20.000 m2, com densidade populacional menor,

permanecendo nesta fase de 4 a 7 meses com o peso final esperado variando de

500 a 1.200g, conforme a espécie cultivada (Programa de aqüicultura, [1997]). No

final desta etapa os peixes podem ser abatidos ou vendidos como matrizes e

reprodutores. Dos viveiros de engorda, podem ainda, ser vendidos aos pesque-

pagues, um grande mercado existente, pois mantêm estoques constantes de

peixes para o lazer.

De maneira geral, os criatórios se localizam em propriedades rurais,

onde os tanques são escavados na terra, de construção muito simples, podendo

ser cimentados ou não e que geralmente recebem adubo orgânico (cama de

frango ou de galinha) ou inorgânico. Cama de frango é a forração dos galpões

das criações de aves de corte, que pode ser constitutído de gramíneas ou

capineiras secas, cascas de cereais (principalmente a de arroz), casca de

amendoim, palha de milho, serragem de madeira (maravalha) e outras, que

permanecem desde a entrada dos pintos de 1 dia nesses galpões até a sua

saída. Estes animais estão aptos a sair após aproximadamente 40 dias de

confinamento, quando todos os resíduos orgânicos estão incorporados a esta

forração. O adubo inorgânico é o produto químico à base de nitrogênio, fósforo e

potássio (NPK), e é utilizado, assim como a cama, para alimentar o fitoplancton

(algas), que por sua vez alimenta os alevinos. Isso ocorre até que os alevinos

possam se alimentar de ração comercial, pois o tamanho diminuto de suas boca

os impede de consumir os grânulos. Os tanques são preenchidos com água, e só

depois de respeitados alguns parâmetros como pH, teor de oxigênio, turbidez,

temperatura e outros, ocorre o peixamento, que é o ato de se colocar os peixes

no viveiro.

Os peixes provindos de criatórios foram colhidos de 11 dessas

instalações, durante o período de 14 meses. De um dos tanques de cada uma

delas, escolhido aleatoriamente, foram colhidos, também aleatoriamente, 8 a 12

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exemplares, num total de 105 peixes de 4 espécies diferentes. A idade desses

animais variou de 4 a 12 meses. Estes dados encontram-se descritos adiante e

resumidos na Tabela 2. Dos peixes capturados, só foi utilizado o conteúdo

intestinal, sendo os mesmos devolvidos aos tanques posteriormente.

Do mesmo tanque de que foram colhidos os peixes, colhia-se uma

amostra de sedimento. Duas amostras de ração em uso no empreendimento

também foram colhidas para ser submetida à pesquisa de Salmonella.

Tabela 2 – Relação de criatórios, data da colheita, a quantidade de peixes

capturada (nº de peixes), suas respectivas espécies e a idade dos

lotes.

Criatório data colheita nº de peixes Espécie Idade (meses)

1 20/03/1999 10 Pacu 4

2 20/03/1999 8 Pacu 12

3 28/04/1999 12 Tilápia nilótica 5

4 03/03/2000 10 Pacu 10

5 13/04/2000 9 Pacu 5

6 13/04/2000 9 Matrinchã 5

7 26/04/2000 9 Tilápia nilótica 6

8 26/04/2000 8 Til.moçambicana 9

9 05/05/2000 10 Tilápia do Nilo 4

10 05/05/2000 10 Tilápia do Nilo 4

11 20/05/2000 10 Matrinchã 12

Foram capturados: 51 tilápias do Nilo, 27 pacus, 19 matrinchãs e 8

tilapias comuns, num total de 105 peixes.

• Criatório 1 – colheita realizada no dia 20 de março de 1999. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 10 pacus de 4 meses de idade, 1 amostra de

sedimento e 1 de ração.

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• Criatório 2 – colheita realizada no dia 20 de março de 1999. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 8 pacus com 12 meses de idade, 1 amostra de

sedimento e 1 de ração.

• Criatório 3 – colheita realizada no dia 28 de abril de 1999. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 12 tilápias nilóticas com 5 meses de idade, 1

amostra de sedimento e 1 de ração.

• Criatório 4 – colheita realizada no dia 03 de março de 2000. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 10 tilápias nilóticas com 10 meses de idade, 1

amostra de sedimento e 1 de ração.

• Criatório 5 – colheita realizada no dia 13 de abril de 2000. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 9 pacus com 5 meses de idade, 1 amostra de

sedimento e 1 de ração.

• Criatório 6 – colheita realizada no dia 13 de abril de 2000. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 9 matrinxãs com 5 meses de idade, 1 amostra

de sedimento e 1 de ração.

• Criatório 7 – colheita realizada no dia 26 de abril de 2000. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 9 tilápias nilóticas com 6 meses de idade, 1

amostra de sedimento e 1 de ração.

• Criatório 8 – colheita realizada no dia 26 de abril de 2000. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 8 tilápias moçambicanas com 9 meses de

idade, 1 amostra de sedimento e 1 de ração.

• Criatório 9 – colheita realizada no dia 05 de maio de 2000. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 10 tilápias nilóticas com 4 meses de idade, 1

amostra de sedimento e 1 de ração.

• Criatório 10 – colheita realizada no dia 05 de maio de 2000. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 10 tilápias nilóticas com 4 meses de idade, 1

amostra de sedimento e 1 de ração.

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• Criatório 11 – colheita realizada no dia 20 de maio de 2000. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 10 matrinxãs com 12 meses de idade, 1

amostra de sedimento e 1 de ração.

3.1.5. Pesqueiros (“pesque-pagues”)

Pesque-pagues ou pesqueiros, são locais onde existe um ou mais

reservatórios de água, também chamados de tanques ou viveiros, destinados à

pesca esportiva. Não existem medidas padrão para esses reservatórios, podendo

alguns proprietários variar os viveiros de acordo com suas possibilidades ou

planejamento.

Existem alguns locais em que predomina uma única espécie de peixe

nos viveiros, enquanto em outros, várias espécies convivem no mesmo

reservatório. Há locais em que é obrigatória a soltura dos animais fisgados, são

os denominados “pesque-solte”. Nesta modalidade é cobrado o ingresso do

pescador, podendo este desfrutar do local por período indeterminado, sempre

devolvendo os animais capturados ao seu viveiro.

Nos “pesque–pagues” propriamente ditos, os peixes capturados são

pesados e o pescador paga, por quilo, um valor pré determinado de acordo com a

espécie. Esses peixes são, na maioria das vezes, logo em seguida, limpos e

eviscerados, e o pescador os leva para sua casa.

Os viveiros dos pesqueiros são construídos da mesma forma que os

viveiros dos criatórios, porém as medidas não seguem um padrão, variando de

acordo com as possibilidades do proprietário ou então inseridos em projetos

paisagísticos para as áreas de lazer. As áreas de espelho de água são

geralmente maiores, assim como também a profundidade dos tanques, para

receber uma maior quantidade de peixes adultos.

Os tanques para os pesqueiros geralmente recebem a cama de frango

no início das atividades, e depois as fezes dos peixes e o material orgânico

acumulado com o passar do tempo são suficientes.

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Tabela 3 - Relação dos pesqueiros com as espécies de peixes capturadas, o total

capturado por pesqueiro, o total por espécie e a data da colheita.

Pesqueiro ⇒ 2

Total por

espécie

Espécie ⇓

1

3

4

5 6 7 8 9 10 11

Pacu 4 3 3 4 0 0 0 5 0 0 2 21

Tambacu 3 0 0 2 3 7 0 0 0 0 0 15

Piraputanga 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2

Tilápia nilótica 0 4 5 2 5 0 9 6 10 5 6 52

Carpa Papa Capim 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2 3

Dourado 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1

Bagre Africano 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2

Carpa Cb. Grande 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Matrinchã 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2

Tilápia Vermelha 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 2

Curimbatá 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 2

Piauçu 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 3

Total 9 12 9 9 11 8 9 11 10 8 10 106

data colheita dia

mês

ano

24/

03/

99.

28/

03/

99.

03/

04/

99.

09/

04/

99.

29/

12/

99.

29/

12/

99.

15/

02/

00.

26/

02/

00.

16/

03/

00.

08/

04/

00.

28/

05/

00.

Todos os peixes tinham mais de 12 meses de idade.

Os peixes estudados originários de “pesque-pagues” foram colhidos de

11 destes empreendimentos, ao longo de 14 meses, coincidente com o período

usado para as colheitas realizadas nos criatórios descritas anteriormente. De um

dos tanques de cada um desses pesqueiros, escolhido ao acaso, foram colhidos

aleatoriamente 8 a 12 peixes adultos, num total de 106 animais, de 12 espécies

diferentes (Tabela 3). Dos peixes capturados foi utilizado apenas o conteúdo

intestinal para posterior análise.

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Dos mesmos tanques de que foram colhidos os peixes, foi colhida uma

amostra de sedimento de cada um deles. Exceção feita aos dois primeiros

pesque–pagues, de onde foram colhidas duas amostras de sedimento

proveniente de dois viveiros diferentes, uma de onde vieram os peixes, e a outra

de onde se utilizava a água que passava por este primeiro. Uma amostra de

ração utilizada na alimentaçào dos peixes também foi colhida para ser submetida

a exames microbiológicos.

• Pesqueiro 1 – colheita realizada no dia 24 de março de 1999. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 4 pacus, 3 tambacús e 2 piraputangas, e

também colhidas 2 amostras de sedimento e 1 amostra de ração.

• Pesqueiro 2 – colheita realizada no dia 28 de março de 1999. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 3 pacus, 2 bagres africanos, 1 carpa cabeça

grande, 4 tilápias do Nilo e 2 matrinxãs, e também 1 amostra de sedimento e 1 de

ração.

• Pesqueiro 3 - colheita realizada no dia 03 de abril de 1999. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 5 tilápias do Nilo, 1 carpa capim e 3 pacus, e

também colhidas 2 amostras de sedimento e 1 amostra de ração.

• Pesqueiro 4 – colheita realizada no dia 09 de abril de 1999. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 4 pacus, 2 tambacús, 2 tilápias do Nilo e 1

dourado, e também 1 amostra de sedimento e 1 de ração.

• Pesqueiro 5 – colheita realizada no dia 29 de dezembro de 1999. Foram

colhidas amostras do conteúdo intestinal de 5 tilápias do Nilo, 3 tambacus, 2

tilápias vermelhas e 1 curimbatá, e também 1 amostra de sedimento e 1 de ração.

• Pesqueiro 6 – colheita realizada no dia 29 de dezembro de 1999. Foram

colhidas amostras do conteúdo intestinal de 7 tambacús e 1 curimbatá, e também

1 amostra de sedimento e 1 de ração.

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• Pesqueiro 7 – colheita realizada no dia 15 de fevereiro de 2000. Foram

colhidas amostras do conteúdo intestinal de 9 tilápias do Nilo, 1 amostra de

sedimento e 1 de ração.

• Pesqueiro 8 – colheita realizada no dia 26 de fevereiro de 2000. Foram

colhidas amostras do conteúdo intestinal de 5 pacus e 6 tilápias do Nilo, 1

amostra de sedimento e 1 de ração.

• Pesqueiro 9 – colheita realizada no dia 16 março de 2000. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 10 tilápias do Nilo, 1 amostra de sedimento e

1 de ração.

• Pesqueiro 10 – colheita realizada no dia 8 de abril de 2000. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 5 tilápias do Nilo e 3 piauçus, 1 amostra de

sedimento e 1 de ração.

• Pesqueiro 11 – colheita realizada no dia 28 de maio de 2000. Foram colhidas

amostras do conteúdo intestinal de 6 tilápias do Nilo, 2 pacus e 2 carpas capim, 1

amostra de sedimento e 1 de ração.

3.2. Métodos

3.2.1. Colheita do material

3.2.1.1. Peixes

As amostras do conteúdo intestinal foram obtidas nas granjas

piscícolas, provenientes de peixes de diferentes idades, de acordo com as fases

de criação. O estudo foi caracterizado em dois grupos. Um, originário de criatórios

(fase de alevinagem e engorda) e outro originário de “pesque–pague”

(pesqueiros), fase em que os animais são adultos e prontos para serem

capturados nestes sistemas de lazer.

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A captura dos peixes foi aleatória, sendo utilizadas as redes e tarrafas

nos criatórios. Nos “pesque-pagues”, a grande maioria foi capturada no anzol

pelos próprios freqüentadores dos locais, salvo quando não se atingia o número

mínimo de exemplares preconizados, sendo que neste caso também se utilizava

a tarrafa.

Os peixes fisgados pelos pescadores foram abatidos, e logo após

promoveu-se a retirada das vísceras assepticamente. Colheu-se uma porção do

conteúdo intestinal de cada peixe, que foi dividida em duas partes de

aproximadamente 1g cada, sendo as mesmas transferidas para tubos estéreis,

contendo os caldos de enriquecimento Tetrationato (TT) ou Rappaport–Vasiliadis

(RV). O enriquecimento seletivo é a fase em que as amostras em estudo foram

colocadas em caldos especificos, que favorecem o desenvolvimento de certos

microrganismos, neste caso a Salmonella, em detrimento de outros.

Todos os peixes capturados nos criatórios, e todos os dos pesque –

pagues capturados com tarrafas, foram devolvidos vivos para os viveiros de

origem. A remoção do conteúdo intestinal destes peixes se deu através do

processo de extrusão. Este processo consiste na massagem do abdômen na

direção crânio–ventral, culminando com a expulsão do conteúdo intestinal. Este

conteúdo foi imediatamente colocado nos caldos de enriquecimento, já citados

anteriormente, com a ajuda de flaconetes estéreis.

Os meios TT e RV eram preparados no dia anterior ao da coleta,

depois transportados até os locais em caixas isotérmicas, contendo gelo

reciclável. Na maior parte das coletas obteve-se a quantidade necessária de

conteúdo intestinal, suficiente para as duas porções a serem transferidas para os

caldos TT e RV (1g e 0,1g respectivamente). Quando não havia amostra

suficiente para ambos os caldos, se dava preferência ao RV, pelo fato do mesmo

necessitar de menor quantidade para se detectar a Salmonella, e pelos melhores

resultados obtidos na recuperação desta (GELLI & RISTORI, 1997).

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3.2.1.2. Sedimento dos tanques

As amostras de sedimento dos tanques foram colhidas com frascos de

vidro estéreis, que eram mergulhados na água com a boca para baixo até o fundo

do tanque, aonde se escavava com a própria borda do frasco para a colheita

propriamente dita. A seguir eram tampados, trazidos à superfície e transportadas

em caixas isotérmicas contendo gelo reciclável até o laboratório. O local da

colheita sempre foi próximo ao da saída de água do tanque.

3.2.1.3. Ração

As amostras de ração de cada pesqueiro e criatório, oferecida aos

peixes destes locais na época da visita, foram colhidas com luvas plásticas

estéreis, diretamente dos sacos originais já abertos, que estavam sendo utilizados

para o arraçoamento diário, ou retiradas de sacos fechados, abertos no

momento da visita. As amostras foram colocadas separadamente em pequenos

sacos plásticos estéreis e transportadas até o laboratório em caixas isotérmicas

contendo gelo reciclável.

3.2.2. Isolamento e identificação de Salmonella spp

As análises microbiológicas das amostras de conteúdo intestinal,

sedimento e ração encaminhadas ao laboratório da disciplina de ISAOA-Inspeção

Sanitária de Alimentos de Origem Animal da FMVZ, UNESP, Botucatu, tiveram

início em um período não superior a 8h após a sua colheita.

Com exceção das amostras do conteúdo intestinal que foram

transferidas diretamente para os caldos de enriquecimento seletivo, TT e RV, não

passando pelo pré enriquecimento, as demais passaram por todas as etapas

descritas a seguir.

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Utilizou-se para a pesquisa de Salmonella spp. a metodologia

recomendada pelo BACTERIOLOGICAL ANALYTICAL MANUAL, do FOOD AND

DRUG ADMINISTRATION, USA (ANDREWS, 1995), e pela AMERICAN HEALTH

PUBLIC ASSOCIATION (FLOWERS, 1992). Essa metodologia compreende as

seguintes etapas:

a) pré enriquecimento: 25g de amostra, de ração ou sedimento, foram pesados

em frascos estéreis, procedendo então a diluição da mesma com a adição de

225mL de água peptonada tamponada a 1% (Peptone water 0,1 %, Difco

Laboratories, Detroit, MI) e incubada a 35oC por 18 a 24h;

b) enriquecimento seletivo: volumes de 1ml e 0,1ml do caldo de pré-

enriquecimento era transferidos para tubos contendo 10 ml de caldo Tetrationato

(TT, Oxoid, cod. CM 29) e caldo Rappaport–Vassiliadis (RV, Oxoid, cod. CM 699),

respectivamente. As condições de incubação foram de 35oC por 18 a 24h para o

caldo TT, e 43oC por 18 a 24h para o RV;

c) plaqueamento em meios seletivos: os caldos de enriquecimento seletivo

foram estriados com alça de platina na superfície de placas contendo ágar sulfito

de bismuto (BS, Difco, cod. 0073-01), ágar xilose lisina desoxicolato (XLD, Oxoid,

cod. CM 469), sendo as placas em ambos os casos incubadas a 35oC por 18 a

24h;

d) caracterização presuntiva das colônias suspeitas de Salmonella: foram

consideradas colônias suspeitas de Salmonella aquelas que apresentaram as

seguintes características:

Ágar BS: colônias marrons ou pretas, com ou sem brilho metálico. O meio ao

redor das colônias muda gradativamente para uma coloração marrom a preta com

o decorrer do tempo de incubação;

Ágar XLD: colônias transparentes, cor de rosa escuro, com ou sem centro preto.

Cepas fortemente produtoras de ácido sulfídrico (H2S) podem produzir colônias

com centro preto grande e brilhante, ou mesmo inteiramente pretas.

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As colônias com essas características foram transferidas para ágar

tríplice açúcar ferro (TSI, Oxoid, cod. CM 277) e para ágar lisina ferro (LIA, Difco,

cod. 0849-01), e incubadas a 35oC por 18 a 24h. Foram consideradas colônias

com resultados positivos presuntivos para Salmonella, as que apresentaram as

seguintes características:

Ágar TSI: bisel (inclinação) alcalino (vermelha) e fundo ácido (amarelo), com ou

sem produção de H2S (escurecimento do ágar);

Ágar LIA: fundo e bisel alcalinos (púrpura, sem alteração da cor do meio), com ou

sem produção de H2S (escurecimento do meio).

e) soroaglutinação: colônias com perfil característico de Salmonella em ágar TSI

ou LIA, foram submetidas a testes de soroaglutinação em lâmina, empregando-se

o anti-soro polivalente flagelar e somático marca Probac. As colônias positivas

nesse teste foram repicadas em ágar estoque, e enviadas devidamente

acondicionadas ao Instituto Adolfo Lutz (IAL) para a realização da sorotipagem.

Colônias negativas, ao contrário, não foram consideradas Salmonella e foram,

portanto, desprezadas.

f) testes bioquímicos: com as amostras positivas, também foram realizadas as

seguintes provas bioquímicas: a) produção de indol, b) reação de VM , c) reação

de VP, d) utilização de citrato, e) produção de urease, f) utilização da glicose, g)

utilização da lactose, h) observação do movimento e i) produção de fenilanina

descarboxilase.

3.2.3. Isolamento da E. tarda.

A Edwardisiella tarda foi isolada seguindo a mesma metodologia

utilizada para a Salmonella, e só foi confirmada devido à semelhança com as

características presuntivas das colônias de Salmonella no ágar BS, ou seja, eram

negras, sem muito brilho, circulares e produtoras de H2S. Além disto, também

tiveram os mesmos resultados no TSI, bisel alcalino (vermelho) e fundo ácido

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(amarelo), com produção de H2S (escurecimento do meio) e no LIA, bizel e fundo

alcalinos (púrpura, sem alteração do meio) com produção de H2S (escurecimento

do meio), iguais aos da Salmonella.

Só descobriu-se tratar de diferentes bactérias após a realização dos

testes bioquímicos, compostos de nove provas, descritos a seguir:

Prova Salmonella Edwardsiella Produção de Indol - +

Reação de VM + + Reação de VP - - Utilização do Citrato + - Produção de Urease - - Utilização da Glicose + + Utilização da Lactose - - Observação do Movimento + + Fenilalanina descarboxilase(produção) - -

3.2.4. Avaliação estatística

Para avaliação dos resultados, entre pesqueiros e criatórios,

comparando - os durante todo o período do experimento, foi empregado o teste

de Goodman (GOODMAN, 1964, 1965) para análise estatística não paramétrica.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Peixes

Os resultados positivos para Salmonella, dos peixes de criatórios e

pesqueiros estão apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 – Relação dos resultados positivos para Salmonella, das análises

microbianas do conteúdo intestinal dos peixes, oriundos dos

criatórios e pesqueiros, com o total de peixes e a sua relação

percentual.

Total de peixes Análises positivas Percentual

Criatórios 105 0 a * 0,00%

Pesqueiros 106 6 a 5,66% * Letras iguais indicam não haver diferença estatística significativa entre os grupos de tratamentos (criatórios e pesqueiros) pelo teste de GOODMAN (P>0,05).

Apesar dos resultados obtidos não diferirem estatisticamente, deve-se

salientar que as amostras positivas foram obtidas somente nos pesqueiros (nº 2 e

10), não tendo sido isolada Salmonella sp. dos criatórios.

Nos pesqueiros há maior movimento, passando pelo local um grande

número de pescadores, causando grande agitação na água, e grande estresse

aos peixes. São utilizados diferentes tipos de iscas no local, com diversos sabores

e odores, sendo parte degradada nos tanques, sedimentando e aumentando o

potencial para contaminação.

Na maioria dos viveiros de pesque-pague e pesque-solte são

colocadas diversas espécies de peixes adultos todos de uma só vez, aumentando

a disputa pelo território e alimento.

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Estes peixes, na maioria das vezes vêm de diferentes localidades,

geralmente após longa viagem. Além disso, são descarregados junto com outros

peixes presentes nos tanques, sem adaptação gradativa, também causando

estresse aos animais. Outro agravante são as vísceras, que após retiradas dos

peixes são devolvidas aos tanques, favorecendo a contaminação do local, caso

estas contenham os microrganismos.

Além disso, animais como cães e gatos, e às vezes bovinos, se

banham e bebem a água dos tanques. Também defecam dentro destes,

aumentando a possibilidade de contaminação por Salmonella, pois o principal

reservatório natural destes microrganismos é o trato intestinal dos animais.

Não há controle efetivo sobre os animais que têm acesso aos tanques.

Geralmente não há telas, cercas, alambrados ou outro tipo de proteção que

impeça este aporte. Sabe-se que aves, roedores, anfíbios e répteis são

reservatórios naturais de Salmonella, e estes têm livre acesso, defecando em

qualquer local marginal aos tanques. Como comentado anteriormente, também

ocorre a utilização da cama de frango para adubar o plâncton, que por sua vez

serve de alimentos aos alevinos, possível fonte de contaminação quando o

processo de secagem desta cama é mal feito.

Os peixes provêm de locais não credenciados, portanto sem

fiscalização e orientação sanitária adequada. Atualmente existe uma boa

orientação sobre reprodução e alimentação, feita pelos técnicos das empresas de

ração e das universidades e também já se dispõe de parâmetros de qualidade da

água para uma boa criação, tornando a atividade da piscicultura melhor que nos

anos anteriores. A legislação e regulamentação para esta atividade ainda não

existem.

Salmonella pode ser isolada dos esgotos, água de estuários e de água

doce, provavelmente contaminada com esgotos urbanos ou fezes. Sua

sobrevivência na água depende de muitos fatores, mas pode ser relativamente

prolongada nas águas estuarinas e águas doces tropicais (MINETTE, 1986).

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Diante destes dados que demonstram risco real de contaminação por

Salmonella, esperava-se encontrar um número maior de peixes alojando os

microrganismos no conteúdo intestinal do que o observado neste trabalho. Assim

como muitas outras bactérias, as salmonelas podem entrar numa fase não própria

para cultura, sendo necessário o uso de técnicas especiais para a sua detecção

(DESMONTS, 1990), diferente das técnicas utilizadas neste trabalho.

Os sorotipos isolados foram: S. Panama, S. Munchen, S. entérica

subespécie entérica sorotipo 4, 5, 12:b:- e S. Saintpaul, conforme descrito na

Tabela 5.

Cabe destacar que recebemos resultados indicando sorotipos

diferentes em uma mesma amostra de conteúdo intestinal. Isso mostrou que

apesar de poucos peixes contaminados, havia ao menos dois sorotipos diferentes

presentes no mesmo peixe. Ocorreu isso em três deles, (nº 1, 2 e 3) dos seis que

apresentaram o microrganismo. Em um dos peixes, o nº 4, que também teve duas

amostras enviadas para a identificação das cepas, o mesmo sorotipo foi

detectado. Nos outros dois peixes restantes, o nº 5 e 6, que tiveram apenas uma

amostra de cada enviada, peixes estes colhidos do mesmo pesqueiro, o nº 10,

apresentaram o mesmo sorotipo, conforme Tabela 5.

Das cepas isoladas, S. Muenchen, S. enterica subspecie enterica

sorotipo 4, 5, 12: b:-, S. Saintpaul, e a S. Panama, segundo a literatura, estes

sorotipos foram os responsáveis por surtos e/ou casos na Europa (KIENITZ,

1977; KOSTIALA, 1992; SALES,1990). Isso reforça a idéia de que os peixes

podem vir a ser os veículos desses sorotipos, já envolvidos em surtos, mas

transmitidos por outros tipos de alimentos. Segundo EKPERIGIN & NAGAJARA

(1998), vários sorotipos de Salmonella são potencialmente patogênicos para o

homem, podendo causar leves sintomas, como também levar o indivíduo até a

morte.

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Tabela 5 – Identificação dos sorotipos de Salmonella oriundas do conteúdo intestinal dos 6 peixes positivos, de acordo com a

amostra, pesqueiro de origem, espécie, caldos e placas contendo os meios seletivos.

Peixe Amostra Pesqueiro Espécie Caldo Placa Sorotipo

Peixe 1 A 2 Pacu RV XLD S. panama

B 2 TT BS S. enterica subespecie enterica sorotipo 4,

5, 12:b :-

Peixe 2 C 2 Pacu RV XLD S. panamá

D 2 TT XLD S. muenchen

Peixe 3 E 2 Carpa papa

capim

RV XLD S. panamá

F 2 TT XLD S. enterica subspecie enterica sorotipo 4, 5,

12: b:

Peixe 4 G 10 Tilapia Nilo RV BS S . saintpaul

H 10 TT XLD S. sanitpaul

Peixe 5 I 10 Tilapia Nilo TT XLD S. saintpaul

Peixe 6 J 10 Piauçu RV BS S. saintpaul

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Identificou-se também a Edwardsiella tarda nas amostras do conteúdo

intestinal de vários peixes. Isto ocorreu devido à grande semelhança com as

colônias presuntivas de Salmonella, que cresceram nas placas de XLD e BS, e

pelos resultados do LIA e TSI terem sido idênticos. Entretanto, quando se

realizaram as provas bioquímicas para confirmação da presença da Salmonella,

identificou-se a E. tarda. A bactéria foi encontrada nos pesqueiros 2, 3 e 4, em

vários peixes, descriminados na Tabela 6.

Tabela 6 – Relação dos peixes, suas espécies, pesqueiro de origem, número das

amostras, e caldos e placas de origem contendo a E. tarda.

Peixes Espécie Pesqueiro Amostra Caldo/placa

Peixe 1 Pacu 2 A RV – XLD

Peixe 4 Piraputanga 2 B TT – XLD

Peixe 2 Pacu 3 C RV – XLD

Peixe 10 Tilápia do Nilo 3 D RV – XLD

Peixe 4 Pacu 4 E RV – XLD

Enquanto a Salmonella spp. não causa doença aos peixes, a E. tarda

causa grave doença aos bagres do canal (Ictalarus punctatus), acarretando

grandes perdas econômicas nos Estados Unidos da América, causando também

doenças aos humanos (GREENLEES et al, 1999). Isto aumenta as preocupações

com a qualidade do pescado cultivado em tanques, mostrando a necessidade de

novas e constantes investigações.

A partir do quinto pesqueiro, realizou-se primeiramente as provas de

soroaglutinação em lâmina, e quando positivo, realizava-se as provas bioquímicas

de apenas uma das colônias isoladas por peixe. Com este novo procedimento

não detectamos mais colônias de E. tarda, pois não era o objetivo deste estudo.

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Várias outras colônias que eram presuntivamente parecidas com a Salmonella, e

sorologicamente negativas, não passaram por provas bioquímicas. Portanto

poderiam haver outras cepas de E. tarda presentes no conteúdo intestinal de

outros peixes, que não as identificadas, o que contribuiria para um aumento nos

problemas de saúde pública, além de poder causar perdas à piscicultura nacional.

4.2. Sedimento

A ocorrência de Salmonella spp. nas amostras de sedimento dos

tanques de criatórios e pesqueiros está demonstrada na Tabela 7.

Teoricamente, deveriam ser encontradas muito mais amostras

positivas nos sedimentos dos pesqueiros, pois na maioria dos mesmos são

utilizadas camas de frango, que naturalmente têm a presença de enterobactérias,

inclusive Salmonella spp. Estas camas são utilizadas como adubo, para o

crescimento e o desenvolvimento do fitoplancton, que por sua vez serve como

alimento para várias espécies de peixes nas fases iniciais de vida (TAVARES,

1988).

Tabela 7 – Relação dos resultados positivos para Salmonella spp., das análises

microbianas das amostras de sedimento, colhidas de criatórios e

pesqueiros, com o total dessas amostras e o seu percentual.

Total amostra análise positiva Percentual

Criatório 11 0 a * 0, 00%

Pesqueiro 13 5 a 38,46% * Letras iguais indicam não haver diferença estatística significativa entre os grupos de tratamentos (criatórios e pesqueiros) pelo teste de GOODMAN (P > 0,05).

Além da cama, tem-se ainda as fezes dos próprios peixes e das várias

espécies de aves que habitam no local, assim como também de alguns répteis,

mamíferos e anfíbios que por ali transitam, tudo isto é incorporado ao sedimento.

iii

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Soma-se ainda que, a maioria dos pescadores leva os peixes limpos para casa, e

as vísceras são jogadas nos próprios tanques, mantendo o ciclo de

contaminação.

Durante o experimento notou-se que os funcionários dos pesqueiros

não têm boa higiene corporal e que entram nos tanques, manipulam os peixes e

as rações, podendo contaminar o local com enterobactérias. Destaca-se ainda

que as rações utilizadas, as iscas que caem dos anzóis, aquelas que são jogadas

nos tanques ao final das pescarias, a ceva (qualquer alimento que se joga no

tanque para atrair os peixes), restos dos alimentos dos pescadores, folhas das

árvores próximas e outros elementos orgânicos que entram nos tanques, são

degradados e decantados no fundo dos reservatórios. Todo este material

orgânico, associado ao clima quente, favorecem o crescimento de alguns tipos de

bactérias, inclusive as enteropatogênicas, como a Salmonella spp. por exemplo

(PIEDRAHITA, 1990), como demonstrado neste experimento.

Embora os resultados apresentados não serem estatisticamente

significativos (Tabela 7), eles indicam a presença da Salmonella no sedimento de

quatro dos pesqueiros estudados, e a ausência em todos criatórios. Os sorotipos

identificados foram: S. Muenchen, S. enterica subespécie enterica sorotipo 4, 5,

12:b:-, S. Hadar e S. Newport, sendo todos eles de grande importância devido a

sua ocorrência em diversos surtos envolvendo os humanos.

Vale lembrar que, dos quatro pesqueiros com sedimentos

contaminados, no pesqueiro n.º 1 foi realizada a coleta de dois tanques, do

tanque n.º 1, de onde coletamos os peixes, e do tanque n.º 2, que recebia água

do tanque n.º 1 através de um ladrão situado na saída deste. Portanto temos 5

amostras de sedimento positivas.

Sabe-se que o homem pode ser infectado pôr vários sorotipos de

Salmonella. Dos quatro sorotipos isolados nos sedimentos, a S. Newport tem

grande importância nos EUA, pois os sorotipos mais comumente isolados dos

surtos de salmonelose humana, em ordem decrescente são: S. Typhimurium, S.

Enteritides, S. Heidelberg e S. Newport (EKPERIGIN & NAGAJARA, 1998).

iv

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Tabela 8 - Identificação dos sorotipos de Salmonella oriundos das 5 amostras

positivas de sedimento, obtidas de 5 tanques distintos, o pesqueiro

de origem, e os caldos e placas contendo os meios seletivos de

origem.

Sedimento Amostra Pesqueiro Caldo Placa Sorotipo

1 A 1 RV XLD S. Muenchen

1 B 1 TT XLD S. Hadar

2 C 1 RV XLD S. enterica subsp. enterica

Sorotipo 4, 5, 12: b:-

3 D 2 RV BS S. Muenchen

3 E 2 RV XLD S. Muenchen

4 F 3 RV XLD S. Hadar

4 G 3 TT XLD S. Hadar

5 H 10 RV XLD S. Newport - Amostras A e B, são da mesma amostra de sedimento, o nº 1, oriundos do tanque nº1, mas de colônias distintas, colhidas de placas diferentes. Resumido na Tabela 7. - Amostra C, é oriunda do sedimento nº 2, isto é, do sedimento de outro tanque, do tanque nº2, sendo as amostras A, B e C do mesmo pesqueiro, o pesqueiro 1.

S. Newport foi a quinta em porcentagem de isolamentos, em

experimento no sudoeste da Ásia com lagostins de água salobra. A seqüência foi

a seguinte, em ordem decrescente: S. Weltevredem, S. Anatum, S. Wandswart, S.

Potsdam, S. Newport, S. Abony, S.Lansing, S. Thompson, S. Houtem, S.Brunei e

S. Hvittinfoss (REILLY & TWIDDY, 1992).

Em experimento realizado no Egito, num total de 101 tilápias do Nilo

investigadas para organismos patogênicos ou potencialmente patogênicos, em

7,9 % das amostras foi detectada a Escherichia coli e em 3,9 %, a Salmonella. Na

tipagem sorológica das salmonelas, foram identificadas quatro cepas diferentes: 1

de S. Newport, 1 de S. Typhimurium, e 2 de S. Wangata (YOUSSEF et al, 1992).

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4.3. Rações

Os resultados obtidos na avaliação da ração estão apresentados na

Tabela 9. Na atualidade, a ração não constitui problema sério, como aconteceu há

algumas décadas. Tivemos muitos relatos de salmonelose em várias partes do

mundo, causando graves perdas econômicas principalmente no plantel de aves

de postura e aves de corte, através da ingestão de ração contaminada com

Salmonella, devido à adição de farinha de ossos calcinada e/ou autoclavada

contaminadas. As farinhas calcinadas não eram livres de germes, e as

autoclavadas, eram mal processadas, e utilizadas na fabricação de ração, onde

ocorria a contaminação por Salmonella (SILVA, 1973).

Tabela 9 – Relação dos resultados das análises microbianas da ração, colhidas

dos pesqueiros e criatórios, com o número total das amostras

analisadas.

número total de amostras número de amostras positivas

Criatório 22 0

Pesqueiro 22 0

Atualmente a maioria das rações para peixes é extrusada, passando

todos os ingredientes, que inicialmente são finamente moídos, por um processo

que combina alta pressão de vapor com a alta temperatura, atingindo os 130 º C

durante alguns minutos, eliminando assim a maioria dos contaminantes. O nível

de contaminação por Salmonella e E. coli neste processo é muito baixo (Mc

CAPES, 1989).

Os ingredientes são provenientes de empresas idôneas, aprovados

pelas indústrias de ração, passando pelos testes de controle de qualidade, testes

estes executados rotineiramente, sendo estes mais acurados hoje em dia, e feitos

com mais rigor por estas indústrias.

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4.4. Fatos relevantes observados

Alguns fatos foram observados durante a execução do trabalho que

são problemas para a aqüicultura nacional.

• Não há controle efetivo da água de chegada aos tanques, e muito menos

de sua saída, ou seja, dos efluentes. Não sabemos em que tipo de água

são cultivados estes peixes e como ela volta para o ambiente,

• A quantidade de novos reservatórios que estão sendo construídos é muito

grande. Apesar de haver a necessidade da autorização do DePRN

(Departamento de Proteção dos Recursos Naturais, órgão da Secretaria do

Meio Ambiente de São Paulo), este autoriza quase todos os projetos, e

além disto existe um grande número de tanques clandestinos e não

sabemos com certeza, quais os problemas ambientais que poderão ocorrer

com o aumento da área de espelhos d’água,

• Várias espécies estão sendo cruzadas artificialmente sem nenhum

escrúpulo, e o pior é que muitas delas escapam de seus tanques, devido

principalmente a grandes chuvas ou quebra de barragem, fazendo com

que estes peixes ingressem nos rios locais, podendo causar algumas

mutações não desejáveis no futuro,

• Está sendo feito um enorme número de reversões sexuais, transformando

fêmeas em machos, por terem um melhor rendimento de carcaça. Estes

animais também escapam de seus cativeiros, ingressando nos mananciais

locais, e também poderíamos nos deparar com alguns problemas

genéticos futuros,

• A quantidade de pequenos tanques construídos é grande, e este número

aumenta a densidade de larvas de mosquitos e de cercarias, aumentando

a incidência da filariose linfática e da eschistosomose, respectivamente,

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• Uma série de antibióticos e produtos químicos, inclusive carcinogênicos

como o verde malaquita, são jogados abusivamente nos tanques, e

retornam à natureza sem nenhum tratamento, podendo causar danos a

outros animais e inclusive ao homem,

• O uso de cama de frango como fertilizante pode resultar em transmissão

de Salmonella para os peixes,

• A destruição de áreas de mangue para a construção de novos tanques tem

causado problemas sérios, pois os mangues são berçários para várias

espécies animais, além de alterar o clima da região,

• Introdução de novas doenças, advindas de animais exóticos, já é realidade

em vários países, ocasionando um trágico impacto, pois os animais

autóctones são susceptíveis a elas,

• Introdução de espécies exóticas, de dentro do próprio território, como

aconteceu aqui no Brasil com a soltura de peixes carnívoros, o tucunaré da

bacia amazônica, em rios do Estado de São Paulo causando sérios

problemas ambientais,

• Devemos nos precaver através das boas práticas de sanidade, desde o

bom manejo dos peixes nos seus viveiros, até os cuidados no preparo

deste na cozinha, contra um provável aumento de casos de salmonelose

humana, tendo o peixe como veículo.

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5. CONCLUSÕES

• Não foi isolada Salmonella spp. do conteúdo intestinal dos 105 peixes

provenientes de 11 criatórios, bem como do sedimento colhido desses

locais, provavelmente devido ao acesso restrito a área e ao bom manejo

executado pelos piscicultores.

• Foi isolada Salmonella spp. no conteúdo intestinal de 6 dos 106 peixes

estudados e em 5 das 13 amostras de sedimento dos tanques,

provenientes de 11 pesqueiros. A presença de várias espécies animais no

entorno dos tanques, o aglomerado de pescadores, seus materiais de

pesca e automóveis que adentram o local não passam por uma prévia

descontaminação, o uso não controlado de vários tipos de iscas e

alimentos para a ceva, o retorno das vísceras dos peixes aos tanques,

entre outros, podem criar condições para a contaminação desses peixes.

• Foram isolados do conteúdo intestinal dos peixes provenientes de

pesqueiros, os seguintes sorotipos: S. Panama, S. enterica subspecie

enterica sorotipo 4, 5, 12: b:-, S. Muenchen e S. Saintpaul. Das amostras

de sedimentos foram isolados: S. Muenchen, S. enterica subspecie

enterica 4, 5, 12: b:-, S. Hadar e S. Newport. Todos estes sorotipos são

causadores de ETAs no homem. Portanto, os pesqueiros são

potencialmente um difusor de salmonelas para o homem e o meio

ambiente. Devemos sinalizar aos orgãos competentes, que criem

programas e implementem medidas, que evitem esse perigo.

• As rações que estavam sendo oferecidas aos peixes durante a fase de

colheita, tanto nos criatórios como nos pesqueiros, estavam isentas de

salmonelas. Isto se deve comprovadamente ao processo de extrusão por

que passam as matérias primas utilisadas na composição das mesmas.

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