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“Jamais se deve confundir uma cidade com o discurso que a descreve.” Ítalo Calvino

São Paulo Invisível

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tcc do bacharelado em fotografia do centro universitário senac baseado na obra "Cidades Invisíveis" de Ítalo Calvino

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“Jamais se deve confundir uma cidade com o discurso que a descreve.”

Ítalo Calvino

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1.INTRODUÇÃO

Esse trabalho de conclusão do Bacharelado em Fotografia do Centro

Universitário SENAC tem como objetivo retratar à cidade de São Paulo, tendo

como base o livro “Cidades Invisíveis” de Ítalo Calvino.

No livro Calvino conta a história do viajante Marco Pólo que ao desbravar o

reinado do grande imperador Kublai Khan catalogou as cidades as quais visitou

em onze categorias que são: Memória, Símbolo, Desejo, Ocultas, Mortos,

Delgadas, Olhos, Céu, Nome, Troca e Contínua.

Para inserir o trabalho no contexto das Artes e da Fotografia de Arquitetura foi

feita uma retrospectiva da História da Fotografia Urbana, começando pela

Fotografia do final do século XIX e começo do século XX passando pelas

transformações na Fotografia Moderna e terminando na Fotografia

Contemporânea.

O trabalho faz um paralelo entre as mudanças da Arquitetura e as mudança no

modo de fotografar, por isso são explicados de maneira breve as mudanças

arquitetônicas, como e porque elas ocorreram e a influência que a sociedade e

indústria tiveram nisso.

Diversos modelos de cidades são explicados sucintamente desde as cidades-

estado gregas, até chegar às metrópoles contemporâneas.

Por fim é feita uma abordagem sobre manifestações artísticas que tem como

palco a metrópole e os diversos assuntos recorrentes nela.

2. DESENVOLVIMENTO

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2.1 Fotografia urbana do final do século XIX e começo do século XX

A linguagem fotográfica do conjunto de imagens produzidas no início

do século aproxima-se do desenho arquitetônico de fachadas e

perspectivas, praticado intensamente na Europa a partir da segunda

metade do século XIX (CARVALHO, LIMA, 1997, p. 99).

A Fotografia de Arquitetura tenta criar o efeito de tridimensionalidade nas

cópias bidimensionais, dessa forma do ponto de vista formal assemelha-se

mais ao desenho técnico do que às artes plásticas.

As estruturas das fotografias são evidenciadas com objetividade e em todas as

dimensões, isso caracteriza o início da produção voltado ao comércio.

Na produção paulista o maior expoente dessa vertente documentarista voltado

ao circuito comercial é Militão Augusto de Azevedo.

As paisagens urbanas de Militão Augusto de Azevedo(1) muito se assemelham

as do fotógrafo francês Charles Marville (2), que fotografou Paris antes da

reforma urbanística realizada por Haussmann entre 1853 e 1870.

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Figura 1. Militão Augusto de Azevedo, Sem Título,

São Paulo, sem data.

Figura 2. Charles Marville, Sem Título ,Paris, sem data.

As fotografias de Militão Augusto de Azevedo por englobarem aspectos

topográficos, estruturas de circulação, tipologia das construções e perfil dos

moradores, apresentam uma abordagem mais globalizada da cidade, por isso

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são a única fonte para o entendimento da cidade colonial que existia antes da

transformação urbanística.

A partir da década de 1880 a estética naturalista que caracterizou a pintura

européia se torna presente no Brasil, diminuindo assim os registros das

paisagens urbanas. Esse estilo toma conta do mercado nacional de arte,

bastante requisitado pelos barões do café paulistas, que encomendam pinturas

de suas fazendas para adornarem as salas de suas residências.

Já a partir do início do século XX o fotógrafo suíço Guilherme Gaensly (3)

documenta uma nova face da cidade de São Paulo. Diferente da cidade

colonial retratada por Militão, Gaensly fotografa uma cidade moderna, ou seja,

desprendida do estilo colonial oitocentista.

Figura 3. Guilherme Gaensly, Sem Título, Rua Quinze de

Novembro (São Paulo), aproximadamente 1900.

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O estilo de Gaensly, que foi influenciado pela produção de fotografias

arquitetônicas européias, parece ter servido como modelo para a

representação das edificações. O trabalho do fotógrafo foi reunido no álbum

Lembranças de São Paulo, um dos primeiros álbuns editados no século XX.

O uso que Gaensly faz da elevação nas tomadas de edifícios e

mesmo de ruas e praças, obtidas pelo posicionamento do

alto de sacadas e torres, e do ponto de vista diagonal, aproxima-o de

fotógrafos como Adolphe Braun (4) [1811-1877], Gustave Le Gray (5)

[1820-1882] e Edouard-Denis Baldus (6) [1813 1889] que registraram

monumentos e edifícios em Paris entre 1855 e 1880 (CARVALHO,

LIMA, 1997,p. 100).

Figura 4. Adolphe Braun, Le Pont

des Arts, aproximadamente 1867

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.Figura 5. Gustave Le Gray, Sem Título, sem data.

Figura 6. Edouard-Denis Baldus, Sem Título,

sem data.

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Essa elevação utilizada por Gaensly era indispensável para a reprodução sem

distorção das fachadas dos edifícios, e dependendo da abrangência angular

permitia também enquadrar o entorno das edificações.A iluminação trabalhada

no contraste tonal utilizada por Gaensly retoma a estética utilizada pelos

precursores da Fotografia Arquitetônica.

Encontramos em diversos fotógrafos contemporâneos influências do estilo de

Gaensly, mesmo que esses não tenham em seus trabalhos a acuidade visual

encontrada no trabalho do fotógrafo suíço conhecido como o “propagandista do

ecletismo”. O Ecletismo na Arquitetura é caracterizado por composições

decorativas das fachadas, repetição de elementos de diferentes estilos ou

escolas arquitetônicas, as vezes misturados enfatizando o ritmo que era

evidenciados pelos fotógrafos do período, assim como a perspectiva e os

detalhes em luz e sombra.

2.2 Fotografia Moderna e a Cidade

Muito da estética da Fotografia Moderna brasileira pode ser encontrada ainda

nos precursores do registro arquitetônico do século XIX, no entanto é na

Fotografia Moderna dos Estados Unidos e da Europa que encontramos a

influência direta dessa estética nacional crescente nos anos 1950.

A subtração do ambiente urbano, a ênfase na plasticidade do edifício

em detrimento da percepção do conjunto estrutural, o uso quase

abusivo das tomadas fragmentadas, a valorização da altura, o

emprego da justaposição, a consciência das possibilidades oferecidas

pela composição visual pra a reorganização do espaço urbano

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representado e para a produção de sentido, e, finalmente, a tendência

ao abstracionismo são procedimentos largamente utilizados neste

século, especialmente nas décadas de 1920 e 1930. (CARVALHO,

LIMA, 1997, p.10).

Essa nova estética é permitida graças a versatilidade do equipamento

fotográfico de mão e as lentes menores.

Em 1907, nos Estados Unidos, é fundado um movimento conhecido como

Straight Photography, tendo como fundador Alfred Stieglitz (7), a estética da

Straight Photography primava pelas características fundamentais da fotografia,

como por exemplo, contraste tonal, ângulos, perspectiva, enquadramento,

composição, etc, em detrimento da antiga estética adotada pelos Pictorialistas1.

A pesquisa da nova estética visual começada por Stieglitz ganha novos

adeptos são eles Paul Strand (8), que publica suas imagens na Câmera Works

e Edward Steichen (9), que cria composições abstratas a partir de detalhes de

objetos.

1 Expoentes do movimento Pictorialista que surgiram a partir da década de 1890 na Europa, afim de aproximar a fotografia das artes plásticas, como por exemplo, a pintura. Seus seguidores faziam interferências nas cópias fotográficas com tintas.

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Figura 7. Alfred Stieglitz, Sem Título, sem data.

Figura 8. Paul Strand, Sem Título, sem data.

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Figura 9. Edward Steichen, Sem Título,

sem data.

Observa-se um conjunto de características inovadoras, núcleo de um

processo de revolução da linguagem fotográfica, e que nos álbuns

paulistanos das décadas de 1950 aparecem como traços já

cristalizados de uma “pretendida” modernidade visual. (CARVALHO,

LIMA, 1997, p. 102).

Na Alemanha na década de 1920, Albert Renger-Patzch (10) explora pontos de

vista ascensionais, direções acentuadamente verticais, como fortes contrastes

de tom e aproximações no primeiro plano das edificações industriais.

Profissionais amadores e profissionais ligados à Bauhaus e à Wchutema

(escola fundada em 1918, em Moscou, da qual participaram com oficinas de

trabalho El Lissitsky e Rodchenko.) exploram temas como arranha-céus, a

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Arquitetura Moderna, supostamente funcional e racional e a serialidade da

mercadoria industrial.

Figura 10. Albert Renger-Patzch , Ponte de Ferrovia, sem data.

Nos álbuns da cidade paulistana da década de 1950 encontramos forte

influência da estética de Gerd Balzer e T. Lux Feininger (11), da Bauhaus.

Ambos os fotógrafos criavam imagens que se aproximavam da abstração

utilizando-se para isso da rotação do eixo, do contraste tonal, o recorte

radicalmente fragmentado e da tensão expressa pelas linhas oblíquas.

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Figura 11. T. Lux Feininger, Sem Título,

sem data.

Laszlo Moholy-Nagy (12) e Alexander Rodchenko (13) tinham como principal

foco as estruturas de ferro, nos edifícios e panorâmicas urbanas através de

direções acentuadamente oblíquas, produzidas em tomadas de vista

descensionais, rotações de eixo e aproximações exageradas.

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Figura 12. Laszlo Moholy-Nagy, Sem Título,

sem data.

Figura 13. Alexander Rodchenko,

sem Título, sem data.

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“Rodchenko chamava de nova fotografia aquela que combatia o velho ponto de

vista, ou seja, o olhar de quem capta a paisagem a partir do solo e olhando

para a frente, em direção reta.”(CARVALHO, LIMA, 1997, p. 103).

El Lissitssky (14) e Malévitch expoentes do Construtivismo Soviético, abordam

uma narrativa desvinculada do figurativismo a partir do estranhamento causado

por tomadas aéreas. São paisagens terrestres modificadas, aonde não

encontramos linha do horizonte, perspectiva, sem relevos, achatadas, devido a

isso se dá o estranhamento dessas imagens.

Figura 14. El Lissitssky, Sem Título, sem data.

A Fotografia de Arquitetura utiliza essa nova visualidade como meio

propagandístico do estilo da arquitetura moderna dos Estados Unidos e da

Inglaterra. Erich Mendelsohn (15), um de seus expoentes, consagrou a

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perspectiva ascensional e descensional como forma de representação

imagética dos arranha-céus de Nova York.

Figura 15. Erich Mendelsohn, Sem Título, sem data.

Assim como a Fotografia se transformava, a cidade também adquiria outros

aspectos. O espaço transformou-se em uma máquina com as engrenagens em

pleno funcionamento, que era utilizada para um fim: gerir as transformações da

modernidade, fazendo com que tudo funcione perfeitamente bem, em prol da

produtividade do sistema. Além das mudanças estéticas conscientes dos

fotógrafos e dos desejos de novas experiências, composições, ângulos e tons,

não devemos ignorar a influência que a mudança da cidade e

consequentemente de sua arquitetura teve nessa mudança de ângulos e

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perspectivas. Um claro exemplo é o abandono dos detalhes típicos do

ecletismo e a incorporação do concreto puro, isso não poderia deixar de

influenciar o olhar do fotógrafo, que agora preocupa-se menos com os detalhes

das fachadas e foca o seu olhar nos contornos de suas formas.

2.3 Fotografia Contemporânea e a Cidade

A Fotografia Contemporânea anda por duas linhas, a de documento e a de

arte, e essas duas linhas são tão tênues que não sabemos ao certo aonde

começa uma e aonde termina a outra apenas ao olhar as imagens. Por

exemplo, as imagens do casal Bernd e Hilla Becher - 1978-85 (16) poderiam

ser apenas um mero registro de tanques de gasolina ou caixas de água, se não

fosse o conceito por trás daqueles registros feitos com tanto rigor técnico.Não

é a toa que o casal é uma das principais influências de artistas

contemporâneos que tem a cidade como objeto de estudo e que abusam de

uma linha fotográfica chamada de “Inexpressiva”, como Charlotte Cotton diz em

seu livro “ A fotografia como arte Contemporânea”:

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Figura 16. Bernd e Hilla Becher, Caixas D’água, 1978-85

“E o estilo mais proeminente e provavelmente mais usado tem sido a estética

“inexpressiva”, um tipo de fotografia “fria”, distanciada, aguda e cortante”

(COTTON, 2010, p. 81).

Citando alguns exemplos da estética inexpressiva temos Andreas Gursky (17)

que ao ampliar suas fotografias em grande escala levou outro conceito de

dimensões para a arte fotográfica.

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Figura 17. Andreas Gursky, Sem Título,

aproximadamente 1990

Outro exemplo é Bridget Smith, que explora a arquitetura da cidade de Las

Vegas. Tal cidade é conhecida pelos seus cassinos e casas de shows, detém

uma vida noturna agitada, abastada de luminosos. Quando pensamos em Las

Vegas, a primeira imagem que nos vem a cabeça é uma cena caótica, muita

luz, muitas cores, homens jogando, mulheres desfilando pelas calçadas, enfim,

um bombardeio de informações em um cenário noturno. É assim que Las

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Vegas é representada freqüentemente, no entanto Bridget Smith faz uma

abordagem diferente da cidade ao fotografá-la durante o dia.

”A escolha de Smith de fotografar a cidade de dia e não à noite, quando ela fica

iluminada e esteticamente se torna muito mais mágica, oferece uma impressa

mais sincera e menos glamorizada desse ambiente urbano”. (COTTON, 2010,

p.86).

2.4 O Desenvolvimento das Cidades

Inúmeras transformações ocorreram na cidade de São Paulo,. Na arquitetura o

Art Déco, o Art Nouveau e o Neoclássico deram lugar para a arquitetura

Moderna. Essa transformação na arquitetura está diretamente ligada à

transformação econômica da cidade, mas para entendermos isso precisamos

voltar alguns séculos e analisar as transformações nas cidades durante a

história.

A cidade que provavelmente mais expressa a dimensão política do urbano é a

polis, cidade-estado grega. Do ponto de vista territorial uma polis se dividia em

duas partes: a acrópole, colônia fortificada e centro religioso, e a cidade baixa,

que se desenvolve em torno do grande local aberto de reunião chamado agora.

Todavia, se perguntássemos a um grego da época o que era polis

possivelmente essa não seria a sua definição, para os gregos, polis não era um

espaço geográfico, mas sim uma prática política exercida pelos cidadãos

gregos. E da mesma forma se referiam os romanos sobre as civitas.

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Poderíamos continuar apontando a centralidade do poder urbano no

desenho de outras cidades: na regularidade da Plaza de Armas,

centro da cidade colonial hispano-americana; na praça da Igreja das

vilas medievais, nos palácios e monumentos da cidade barroca. No

entanto, se pensarmos nas grandes metrópoles contemporâneas,

seria possível ainda se falar centralidade de poder? Los Angeles,

Tóquio, cidades sem centro ou multicentradas como Nova York ou

São Paulo, onde não existe mais um lugar específico , identificado

como sede de poder, seriam manifestações de um novo poder

urbano?(ROLNIK, 1988, p. 23).

Isso é um paradoxo, porque essas cidades que aparentemente não possuem

um centro são extremamente centradas com a ajuda da tecnologia, de maneira

extremamente organizada e hierarquizada. Tudo é monitorado com ajuda de

computadores e imagens de vídeo, assim tudo o que acontece na cidade é

controlado desde a produção e distribuição de mercadorias, até a vida dos

cidadãos.

Na antiguidade, a junção de muitas cidades antes independentes em império

que criou as condições para o nascimento de uma economia propriamente

urbana. E foi o Império Romano um grande exemplo desse processo. No

território sob o comando de Roma o comércio circulava com toda a liberdade

necessária, as cidades estavam ligadas por redes de estradas e os portos

proliferavam. (ROLNIK, 1988).

Hoje, sem dúvida, a cidade é dominada pelo mercado, e moldada em função

dele. Isso é um fenômeno típico das cidades capitalistas que começaram a

surgir na Europa Ocidental no final da Idade Média.

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As ruas e praças dos Burgos, como eram chamadas as cidades da Idade

Média, eram construídas de maneira aleatória e desordenadas, conforme a

ocupação do lugar pelas pessoas. A natureza detinha uma presença forte na

construção das cidades medievais, a curva de um rio ou o alto de uma

montanha, por exemplo, serviam como arquitetura de defesa.

É isso que dá o desenho peculiar dessas cidades medievais, nada de

quadriculados, o desenho das ruas e vielas é sinuoso, inesperado, a grande

torre da Igreja domina a paisagem e ao seu redor o casario irregular se

comprime entre as muralhas.

Construir Catedrais fazia parte da tática do poder patrício frente ao grandioso

poder representado pela Igreja e pela Teocracia. Ao mesmo tempo em que as

construções de Catedrais e palácios significavam um aquecimento do mercado

interno, elas também representavam uma aliança Patriciado – Igreja.

Quando uma vila medieval era transformada em cidade-capital de um Estado

Moderno uma reorganização radical das cidades era estabelecida. O primeiro

elemento que entrava em jogo era a mercantilização do espaço, a terra urbana

que antes era comunalmente ocupada, passa a ser uma mercadoria.

No ponto de vista espacial existem algumas semelhanças entre os burgos

medievais e as cidades coloniais brasileiras. Sobretudo em relação a espaços

polivalentes do ponto de vista funcional e misturados no sentido social. Nos

burgos e nas cidades coloniais brasileiras não existia diferença entre regiões

de moradia e regiões de trabalho. No entanto não significa a ausência de

classes sociais, essas diferenças existiam e, além disso, eram enormes.

Nobres e escravos podiam estar perto fisicamente, porque a diferença entre

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Page 23: São Paulo Invisível

eles era expressa de outras formas, na forma de se vestir e de portar ou na cor

da pele, por exemplo.

Hoje em dia esses espaços são bem delimitados, como se houvessem cercas

demarcando o espaço do rico e do pobre, por exemplo, não vemos prostitutas

fazendo ponto da frente da sede do banco Safra, ou um Iate Clube no meio da

favela.

Essa arquitetura do isolamento fez parte da redefinição de noção de espaço

privado e público que ocorre nesse momento. O espaço público deixa de ser a

rua – lugar das festas religiosas que engloba a maior variedade de cidades e

condições sociais - e passa a ser a sala de visita, ou o salão.(ROLNIK, 1988).

Falamos a pouco sobre o modo espontâneo com que os burgos eram

construídos, diferentemente disso eram as cidades hispano-americanas,

primeiras aplicações concretas das cidades ideais.

Lima, fundada em 1555, em torno de uma grande praça central ( a Plaza

Mayor), construída a partir de desenho feito em papel. Lima é o primórdio da

cidade Barroca, modelo urbano baseado no projeto racional prévio que

expressa o presente e prevê o futuro. (ROLNIK, 1988).

A essência dos planos Barrocos é a circulação, para isso ser possível as ruas

são retas, as casas alinhadas e os nós que não permitem a passagem são

desobstruídos. Vinculado a isso tem a necessidade da visibilidade do poder,

para isso são construídos grandes eixos monumentais, convergidos por

edifícios públicos. Para tudo isso ser realizado é feita uma operação limpeza

aonde o antigo desenho irregular das ruas e vielas é banido e então

substituído pelo traçado plano das grandes avenidas.

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Assim como os burgos na Idade Média se adequaram às feiras comerciais

daquela época, se moldando para melhor abrigar o comercio e os

comerciantes, São Paulo e outras cidades modernas se adequaram com o

passar do tempo para melhor abrigar as transformações econômicas. Se antes

São Paulo era uma cidade rural, depois da Revolução Industrial passou a ser

uma cidade movida pela indústria, e atualmente possui um dos maiores centros

financeiros do mundo.

2.5 Manifestações Artísticas no Espaço Urbano

Dialogar com esse espaço é também compor uma tapeçaria sonora,

visual e tátil, vislumbrando a diversidade idiossincrática de seus

habitantes, sua arquitetura sua sinalização, seus códigos cotidianos.

Conversar com tudo isso é abraçar o caos e se emocionar com o

estranhamento. (CANTON, 2009, p. 22).

São Paulo, uma aldeia colonial, erguida para catequização dos índios,

transformou-se numa das maiores metrópoles do mundo e nesse intervalo

pequeno de tempo se reconstruiu e se reformulou para melhor atender às

necessidades econômicas da cidade – do café à indústria, chegando ao

mercado financeiro.

Desde então o desequilíbrio cresce a todo vapor, dando margem a prostituição,

violência, desigualdades sociais de todos os gêneros, e assim vai caminhando

a metrópole.

No decorrer do século XX, em que a cidade de São Paulo emerge

como marco da era moderna, assistiu-se, ao mesmo tempo, à

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dissipação da crença de que a arte e a criação são transcendentais,

libertadoras, sintéticas, algo maior que a vida. Foi-se o impulso

modernista da busca pelo novo, busca que construiu a arquitetura

moderna, a arte abstrata, a poesia concreta, mas que também

derrubou edifícios históricos e rastros simbólicos do passado na

tentativa de apagar nossa memória, gradualmente ameaçada por

uma quantidade meteórica de novidades e informações que nos

levam cada vez mais a um estado de torpor, de semiamnésia.

(CANTON, 2009, p. 23).

Essas questões influenciaram diversos artistas a debater a memória, a solidão,

o caso, a indiferença, etc., de São Paulo. Motivaram esses artistas de alguma

maneira a interagir com esses espaços emblemáticos agora esquecidos pela

modernidade.

Pazé2(18) criou um boneco de látex que é o seu alter-ego e fez esse boneco

caminhas pela cidade, sem o uso do carro, emblema da metrópole e do

progresso, estabelecido desde a modernidade da cidade.

O artista leva as últimas consequências o contato com a cidade, por isso o

boneco não prove de carro, caminha a pé pela cidade, pelas sacadas dos

prédios do centro, focos de memória, impacto e de beleza arquitetônica.

Começando pelo símbolo da encruzilhada muito importante para o artista, onde

fica o marco zero da cidade, a estação da Sé, a encruzilhada que leva as

zonas norte, sul, leste e oeste da cidade.

A encruzilhada, entroncamentos múltiplos de caminhos é um símbolo

recorrente na história da humanidade. É um local de aparições,

revelações, de passagem de um mundo a outro, de encontro com o 2 Obra “Transeunte” criada em 2002, pelo artista plástico Pazé,nascido em São Paulo em 1962 Fonte: “Espaço e Lugar” Canton, Kátia, 2009, p. 25.

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destino. Para o artista, de fato, a encruzilhada marca um encontro

sagrado em que ele abandona uma parte de si mesmo a fim de abrir-

se para outra. È um novo encontro com o eu e com o outro, com a

própria história e com a cidade. (CANTON, 2009, p. 27).

Movimentando-se diariamente durante um mês o boneco, Transeunte, nos

devolve um olhar carinhoso sobre a cidade.

Figura 18, Pazé, Transeunte,

São Paulo, 2002.

Em uma entrevista com a artista Sonia Guggisberg3(19), Kátia Canton pergunta

sobre as suas intervenções na cidade e Sonia fala a respeito de um trabalho

em específico aonde ela montou quatro peças dentro do galpão do Arquivo

Histórico Municipal, criando corredores de transparências, de água, de jogos de

3 Artista Sonia Guggisberg, São Paulo(1964), obra: Bolhas Urbanas II, Arquivo Municipal (pavilhão anexo) – São Paulo(SP), 1,70mx18mx3m, Pvc, ar e água, 2006. Fonte: http://www.soniaguggisberg.com.br

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formas. Nenhuma das peças estava completamente sozinha, todas dialogavam

entre si. A artista conta que o galpão apesar de muito bonito apresentava um

total descaso, abandonado, sujo, cheio de restos de monumentos quebrados, e

todo tipo de lixo. Nesse trabalho a artista percebe que o descaso e abandono

da memória da cidade trazem a perda afetiva das pessoas com a própria vida.

Diz a artista que, se a cidade está malcuidada, o pensamento das pessoas que

a habitam e o de que podem jogar lixo no chão, por exemplo.

Figura 19. Sonia Guggisberg, Bolhas Urbanas II, Arquivo

Municipal (pavilhão anexo), São Paulo, 2006.

Analisar a obra desses dois artistas é o ponto inicial para compreender a

relação individuo/espaço que temos hoje. No trabalho da artista Sonia

Guggisberg uma importante questão é abordada, a questão do desmazelo com

o espaço, em especial com prédio históricos como é o caso do Arquivo

Municipal, o que culmina no descaso por parte da população. Sentimos que o

espaço não é bem cuidado, por conseqüência temos a sensação que a ele não

pertencemos e o que acaba gerando atitudes como a de jogar lixo pela janela

de um ônibus ou pixar um muro.

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Já o artista Pazé promove uma discussão a respeito da falta de contato do ser

com o seu espaço, não sentimos a cidade, estamos sempre dentro de um

veículo automotivo, não andamos pela cidade, observando cada detalhe que a

compõem. Por esse motivo o boneco, transeunte, criado pelo artista percorre a

cidade a pé, vasculhando cada detalhe que passa despercebido por nós em

nosso dia-a-dia.

3. JUSTIFICATIVA

O trabalho tem como objetivo retratar São Paulo com base no livro de ficção

“Cidades Invisíveis” do escritor Ítalo Calvino.

O livro trata da historio de Kublai Khan um grande conquistador, que possui

extensões incontáveis de terras. Porém isso lhe traz um problema que se

transforma em um vazio em sua vida: o Imperador não consegue conhecer

todo o seu domínio. Para isso, contrata o viajante Marco Pólo, e lhe dá a

missão de desbravar o seu reino e voltar para contar o que viu.

Marco Pólo aceita a missão e ao desbravar o reinado do grande Imperador

divide as cidades que encontra em onze categorias, que são essas:

1. Desejo – Na cidade de Anastácia, a fadiga toma conta do seu desejo e lhe

dá forma, e faz com que você sinta que está tendo prazer quando na verdade

não passa de seu escravo.

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Tendo como referência essa categoria de cidade busquei em São Paulo o

Desejo, que foi representado com uma imagem de duas prostitutas,

simbolizando o comércio do prazer.

2. Símbolo - Vestígios são os símbolos de Tamara. E tudo é um símbolo de

algo, por exemplo, jarra de ouro é símbolo de poder.

O Símbolo de São Paulo foi extraída de um trecho do livro “Espaço e lugar” da

Kátia Canton, o trecho é o seguinte:

“A encruzilhada, entroncamentos múltiplos de caminhos, é

um símbolo recorrente na história da humanidade. É um

local de aparições, revelações, de passagem de um

mundo a outro, de encontro com o destino.” (CANTON,

2009)

Levando esse trecho em conta a série de imagens irá ilustrar encruzilhadas da

cidade e o que podemos encontrar nelas;

3. Troca - Cloé é uma grande cidade, muitas pessoas trocam olhares e

fantasiam como seria se estivessem juntas, no entanto ninguém conversa e

logo o olhar que era fixo se perde. (CALVINO, 1972, p. 24.).

Criação de uma personagem que se repete dialoga com o espaço urbano

transitório;

4. Olhos - Valdrada foi construída a beira de uma lagoa e para cada coisa em

Valdrada existe o seu correspondente invertido.(CALVINO, 1972, P.25);

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Page 30: São Paulo Invisível

Para a minha construção do que seria os Olhos de São Paulo, foi criada a partir

de duplas exposições e montagens a ilusão da imagem estar sendo refletida

inúmeras vezes;

5. Delgadas - Sofrônia é uma meia cidade, uma fixa e outra itinerante.

(CALVINO, 1972, p. 27).

A cidade Delgada dentro de São Paulo é uma imagem de um vagão de metrô,

feita de dentro de outro vagão de metrô indo a sentido oposto, para dar a

noção de cidade itinerante.

6. Mortos - Em Melânia a população se renova, porém outras pessoas tomam o

lugar das antigas, fazendo com que os diálogos se repitam infinitamente.

(CALVINO, 1972, p.35);

A cidade e os Mortos de São Paulo é uma discussão sobre o enorme espaço

que os cemitérios ocupam na cidade, que está sendo dominado pelo mundo

dos mortos. A foto produzida demonstra o cemitério tomando conta da cidade,

se espalhando até a engolir por inteiro;

7. Nome – Pietra é exatamente o que é uma cidade sem vista para o mar, que

está escondido por dunas de areia. (CALVINO, 1972, p. 39);

O Nome dentro de São Paulo é criado a partir de apropriações de mapas e

imagens da cidade de São Paulo. O conceito transmitido é o de que São Paulo

não existe, o que existe são milhares de nomes que compõe essa cidade que

conhecemos. São Paulo não existe, o que existe é a Mooca, a Sé, a

Consolação, a Avenida Brigadeiro Faria Lima, a Rua Nélson, um punhado de

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nomes que fazem com que essa cidade exista e seja o que conhecemos como

São Paulo;

8. Céu - É fácil se perder em Eudóxia, detentora de vielas cheias de curvas,

porém os tapetes de múltiplas linhas e colorido mostra os pontos reais de

Eudóxia, cada ponto do tapete corresponde a um ponto da cidade. (CALVINO,

1972, p. 41).

Para a criação do Céu de São Paulo foram feitas duas imagens onde o céu

está carregado de nuvens, anunciando uma tempestade iminente. O céu é o

destaque das imagens, e a arquitetura local é o complemento. O céu é

apresentado dessa maneira, pois é o céu que melhor simboliza São Paulo, que

tantas vezes é chamada como cidade da garoa. O céu carregado passa um

sentimento triste, solitário. A cidade está vazia devido a chuva iminente, o que

transmite a sensação de abandono. Sentimentos esses frequentemente

presentes no cotidiano paulistano, por se tratar de uma metrópole, as relações

são impessoais favorecendo esses sentimentos solitários, vazios, tristes, etc;

9. Contínuas – Leônia se desfaz todos os dias, o lixo é retirado da cidade para

dar lugar a coisas novas. O lixeiro é visto como um anjo em um ritual

milagroso, não se sabe para onde vai todo esse lixo.

Para a elaboração da cidade Contínua de São Paulo é apontado o problema do

lixo na cidade;

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Page 32: São Paulo Invisível

10. Ocultas – Olinda cresce em círculos concêntricos, a principio tem o

tamanho de uma cabeça de alfinete, depois toma a forma de um limão, um

prato de sopa... Até que enfim se torna uma cidade, com outra cidade dentro.

A cidade Oculta de São Paulo é uma representação do centro à noite, lugar

esquecido, com nenhuma ou quase nenhuma presença humana, e quando a

temos é uma parcela excluída da sociedade, bandidos, moradores de rua,

prostitutas, travestis, garotos cheirando cola, etc;

11. Memória - A memória de Zaíra é contada a partir da relação de seus

espaços e os acontecimentos, como por exemplo, a distancia entre o solo e um

lampião.

A memória de São Paulo é muitas vezes esquecida, deixada de lado pelo

cidadão paulistano, a partir disso é estabelecida uma discussão sobre os

espaços demolidos da cidade, a perda dessa memória, para a construção de

um novo espaço.

Contudo o problema do Imperador persiste, pois Marco Pólo diz em um dado

momento:

“Jamais se deve confundir uma cidade com o discurso que a descreve.”

(CALVINO, 1972, p.2).

As imagens formam onze séries distintas entre si, não apresentando uma

edição linear, nem conversando esteticamente ou tecnicamente. Se não

levarmos em conta o conceito a partir do livro “Cidades Invisíveis”, poderão ser

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Page 33: São Paulo Invisível

apenas imagens distintas umas das outras. O que as unirá será o conceito

elaborado por Ítalo Calvino e utilizado como referência e inspiração para a

elaboração desse trabalho.

Cada categoria pede uma técnica diferente. Para a feitura de as cidades e o

céu houve um obstáculo técnico com a latitude da exposição, era preciso

informação tanto no céu, quanto na arquitetura da cidade, o porém: ou este

ficava subexposto ou aquele ficava superexposto. A solução para isso foi a

captura digital e o tratamento posterior em camadas “queimando” e

“protegendo” determinadas áreas.

Em as cidades e os olhos a idéia foi transmitir uma múltipla visão sob a cidade,

para isso um mesmo fotograma foi exposto três vezes com diferentes ângulos

de uma mesma paisagem capturada em filme ISO 400 da vista da janela de um

apartamento à noite.

As cidades ocultas foi a ilustração do vazio do centro velho de São Paulo à

noite. Cenas subexpostas deram o tom fúnebre do local e o filme Kodak Tri-

X(ISSO 400) preto e branco evidenciaram essas cenas de abandono e solidão.

Em as cidades e o nome foi feita uma montagem com diversos mapas de São

Paulo e o nome da cidade é escrito na forma de um círculo, a intenção é

demonstrar que a cidade é um aglomerado de nomes que a compõe, de ruas,

avenidas, bairros, etc, uma sobreposição de mapas é feita e um jogo de cores

e transparências para dar o tom desejado para a composição.

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Page 34: São Paulo Invisível

A cidade e os mortos mostra o grande espaço ocupado pelos cemitérios em

São Paulo, para isso foi usada uma lente grande angular por abranger uma

grande parte da cena, mostrando a relação cidade/cemitério de uma forma

abrangente.

As demais categorias não apresentam nenhuma peculiaridade em sua captura,

por isso não merecem ser citadas.

É também importante citar a importância do suporte das imagens. A escolha

por impressões em grandes dimensões sem nenhum tipo de margem ou

moldura, com apenas um suporte embaixo para deixar as imagens mais

rígidas, foi intencional. As fotografias necessitavam de grandes dimensões para

serem vistas da melhor maneira, algumas por apresentarem muitos

detalhes( por exemplo, “As cidades e os Olhos”) outras por terem maior

impacto ao serem vistas em grandes dimensões ( como em, “As cidades e o

Céu), outras ainda para evidenciar o sentimento de solidão e a sensação de

vazio(“As cidades Ocultas”). Algumas ainda, como “As cidades e os Mortos”,

para demonstrar as grandes proporções da ocupação dos cemitérios na

cidade.

As cidades e o nome é a única imagem que apresenta um suporte diferente.

Foi impressa em transparência e montada em uma mesa de luz. Esse suporte

foi escolhido para evidencias as transparências da montagem, deixando ela

translúcida.

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Page 35: São Paulo Invisível

A falta de moldura é para não deixar a imagem limitada a um quadro restrito,

podendo assim se desprender e expandir por todos os lados, tal qual uma

cidade em desenvolvimento constante.

4.CONCLUSÃO

As representações das cidades mudaram conforme os anos, juntamente com

as mudanças arquitetônicas e urbanísticas sofridas pelas cidades nesses

últimos séculos.

A fotografia urbana documental do séc. XIX queria transmitir a sensação de

uma cidade ordenada, por isso abusava da perspectiva com um ponto de fuga,

linhas retas, simetria, ordenação dos elementos dentro da composição, etc.

Uma cidade organizada era o ideal dessa época, por isso a fotografia seguiu

esse caminho de formas e elementos minuciosamente ordenados dentro do

campo de visão.

Nos anos 1950 houve diversas transformações urbanas, as demolições das

antigas cidades para as construções de novas cidades e mais modernas, era o

ponto principal. Nessa década as fotografias transmitiam o sentimento de

progresso, modernização, industrialização, etc., do espaço urbano, já que esse

era o ponto principal das mudanças que estavam a todo vapor.

Hoje a fotografia urbana prima pela estética conhecida como “Inexpressiva”,

diversos artistas são adeptos dessa linguagem. Mais do que nunca vivemos em

um ambiente inóspito de sentimento, as pessoas são muitas e indiferentes uma

das outras, parece que estamos rodeados de não lugares, o que vemos éum

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Page 36: São Paulo Invisível

grande vazia em meio a multidão. O dinheiro é o centro das relações e a cada

dia os sentimentos são colocados em segundo plano em detrimento do capital.

Essa situação é sentida pelos artistas dessa geração e culmina nessa estética

do vazio, o inexpressivo.

REFERÊNCIAS

Livros

Dissertações e teses

Filmes e vídeo

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CALVINO, Ítalo. Cidades Invisíveis, São Paulo: Biblioteca Folha, 1972.

CARVALHO; LIMA . Fotografia e Cidade: da razão urbana à lógica do

consumo. álbuns de São Paulo (1887-1954), Ed. Campinas: Mercado de

Letras, 1997.

COTTON , Charlotte. A fotografia como arte Contemporânea, São Paulo:

Martins Fontes, 2010.

CANTON, KÁTIA. Espaço e Lugar; São Paulo: Martins Fontes, 2009.

PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens Urbanas, São Paulo: Ed. Senac,

ROLNIK, Raquel. O que é Cidade, São Paulo: Ed. Brasiliense, 1988.

MÁSCARO, Cristiano. Fotografia e Cidade. Dissertação (Mestrado em

Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de

São Paulo.

Page 37: São Paulo Invisível

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A ORIGEM. Direção Christopher Nolan. Interpretes: Leonardo DiCaprio, Marion

Cotillard, Joseph Gordon-Levitt, Ellen Page e outros. Estados Unidos, 2010.1

DVD (148 min.), son., cor. Legendado em português.