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São vicente de fora

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Page 1: São vicente de fora

20 • Público • Domingo 12 Outubro 2008

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Leia o blogue de Paulo Frias sobre o Second Life blogs.publico.pt/discursosdooutromundo/

Videovigilância nos táxis de Lisboa é ilegal

Há câmaras, não há homologação

Vanda Proença

A Vinte e seis táxis de Lisboa estão a captar ilegalmente imagens dos passageiros através de câmaras de videovigilância, exibindo nos vidros autocolantes a informar que as grava-ções estão a ser encaminhadas para uma empresa, que nega qualquer en-volvimento. Clara Guerra, do serviço de informação da Comissão Nacio-nal de Protecção de Dados (CNPD), confirmou não existir qualquer pe-dido de autorização ou notificação de tratamentos de dados relativos à videovigilância de táxis.

“A Esegur está a receber as grava-ções das imagens destes táxis. Razão pela qual os autocolantes [a informar da gravação de imagens] têm o nome e os contactos da empresa”, afirmou Nuno Almeida, da Gestracking, a em-presa que está a fornecer o equipa-mento de videovigilância aos táxis.

A Esegur, empresa de segurança privada, desmente. “Não é de certeza na Esegur que estão a ser tratadas es-sas filmagens”, afirmou o director de operações da Esegur, Alexandre Cha-musca. A videovigilância em táxis é permitida em Portugal apenas há um ano, com a entrada em vigor da lei 22/2007 que estabeleceu condições para a realização e uso de filmagens, entre as quais a necessidade de auto-rização da CNPD e a homologação do sistema pela PSP.

A associação de taxistas ANTRAL é que promoveu a instalação das pri-meiras 26 câmaras, em funcionamen-to desde Agosto. “O comando-geral da PSP já verificou que os equipamentos cumprem os requisitos e homologou o sistema”, contou o director da AN-TRAL, Francisco Pereira, adiantando que as imagens estão a ser enviadas à Esegur. “Não solicitámos qualquer autorização, porque nem sequer for-malizámos nenhum acordo. Há ape-nas a intenção de o fazer, o que tem sido manifestado em conversações com a Gestracking e a ANTRAL”, ex-plica Alexandre Chamusca.

O porta-voz da direcção nacional da PSP, Paulo Flor, esclareceu não existir homologação das câmaras de videovigilância da Gestracking, mas que esta solicitou à polícia que verificasse o sistema: “Vimos as parti-cularidades do sistema e fizemos um relatório, mas não demos nenhuma homologação.” Lusa

Refer quer manter comboios dentro de Vila Franca e já estuda terceira via de circulação

Jorge Talixa

a Apesar dos autarcas defenderem, há quase uma década, o enterramen-to da Linha do Norte entre Vila Fran-ca de Xira e Alhandra, ou o seu desvio para oeste, o estudo de moderniza-ção deste troço, agora concluído pela Refer, opta por uma terceira solução. O presidente da empresa disse ao PÚ-BLICO que as alternativas propostas pelos municípios estão afastadas já se considera que bastará acrescentar uma via às duas ali existentes para responder às futuras necessidades de circulação.

Como explicou Luís Pardal, já se iniciou a elaboração de um projec-to que visa delimitar em definitivo a faixa necessária para essas três vias, podendo libertar alguns espaços re-servados para a eventual quadriplica-ção da linha nesta área, que, segundo o estudo, nunca será necessária.

Após anos de discussão, de inde-finição e de análise de alternativas, a administração da Refer prometeu, na Primavera, à Câmara de Vila Fran-ca, que até final deste ano teria um

Presidente da empresa diz que a segurança dos peões será assegurada e que a solução do enterramento das linhas é complicada e tem custos exagerados

estudo conclusivo sobre o problema da travessia da cidade ribatejana. A Linha do Norte já dispõe de quatro vias de circulação entre Lisboa e Al-verca e entre o Norte de Vila Franca e Azambuja, mas o troço intermédio ficou sempre com duas vias, porque se percebeu que não haveria espaço suficiente para a quadriplicação. A indefinição arrasta-se pelo menos desde 1994, constituindo este troço de cerca de quatro quilómetros um estrangulamento no funcionamento da principal linha férrea portugue-sa. Ao mesmo tempo, a travessia de Alhandra e de Vila Franca ainda con-vive com cinco passagens de nível, onde ocorrem regularmente aciden-tes. Também por isso, a Refer diz que vai iniciar a construção de uma passa-gem superior para peões, permitindo eliminar duas das três passagens de nível da cidade.

Encerrar ou enterrarAs principais forças políticas locais já defenderam, repetidas vezes, so-luções que tirem as circulações do interior da cidade, preconizando o enterramento da linha no mesmo percurso ou o seu desvio para Oes-te. A presidente da Câmara, Maria da Luz Rosinha, prometeu mesmo mo-bilizar a população se as propostas finais do Governo e da Refer forem lesivas dos interesses da cidade.

Luís Pardal disse ao PÚBLICO que a Refer percebe as preocupações vi-

la-franquenses e que também é sen-sível às questões da aproximação ao rio, mas que qualquer outra solução noutro corredor seria “delicada e di-fícil”. O responsável da Refer acres-centa ainda que a futura linha de alta velocidade deverá absorver algumas das circulações rápidas que hoje utili-zam a Linha do Norte e que a empre-sa também está a tomar medidas para melhorar a segurança da travessia de Vila Franca.

Mas na vizinha cidade de Santarém, a Refer vai investir cerca de 220 mi-lhões de euros na construção de uma variante ferroviária a Oeste da capital ribatejana, retirando a linha da Ribei-ra de Santarém. Luís Pardal diz que são situações diferentes, porque no caso de Santarém a actual situação oferece riscos, devido à instabilidade das encostas.

Para Vila Franca, a ideia da Refer, que ainda terá que ser discutida com a câmara, é “definir um canal corres-pondente às necessidades das três vias e libertar tudo aquilo que exce-da essa largura. O que está reserva-do é para quatro e vai ser reduzido”, acrescentou Luís Pardal, consideran-do que soluções de enterramento como a adoptada recentemente em Espinho são “muito complicadas”, porque se abre um precedente e cria-se a expectativa de que se vai enterrar as linhas ferroviárias noutros lugares, o que tem “custos perfeitamente des-proporcionados”.

A Câmara de Vila Franca decidiu, quarta-feira, solicitar esclarecimentos ao Governo sobre esta matéria e uma reunião com a participação de membros do Governo e da administração da Refer. “Vamos tomar uma posição no sentido de referir a nossa surpresa pelas declarações do presidente da Refer, porquanto vêm ao arrepio dos interesses do concelho”, sustentou a presidente da câmara, Maria da Luz Rosinha. A autarca guardou para dia 22 a votação na câmara de uma proposta apresentada pela coligação Mudar Vila Franca (PSD/CDS-PP), que considera “inaceitável” a opção pela terceira via e defende a construção de um túnel ferroviário na cidade vila-franquense.

Questões ao Governo

Moradores de São Vicente de Fora formam “equipa” de segurança com agentes da PSP de Santa Apolónia

Catarina Pinto

a As vozes contavam histórias dife-rentes e vinham de ruas distintas. O ponto de união deu-se num pequeno recanto antigo da cidade de Lisboa, na Junta de Freguesia de São Vicente de Fora, onde alguns agentes da Polícia de Segurança Pública pararam para ouvir e falar da segurança aos popu-lares da zona.

Na rua da Voz do Operário, os co-merciantes queixam-se de um policia-mento que não existe. Na Amendoei-ra, há quem garanta que os assaltos acontecem todas as noites. Na Cal-çada de São Vicente, o comerciante Manuel Almeida pede a colocação de câmaras de vigilância para reduzir a criminalidade. Nestes e em outros pontos da freguesia, são muitos os moradores que se queixam do baru-lho, de corridas nocturnas com mo-tas. Em todas estas ruas, é a cor azul das fardas da PSP que os moradores mais anseiam ver.

Na tarde de sexta-feira, foi essa cor que se destacou numa sessão de es-clarecimento aos populares sobre a segurança de pessoas e bens. A ideia, segundo o comissário José Manuel Gil (que comanda a 15º esquadra, em San-ta Apolónia, que cobre as freguesias de São Miguel, Santo Estêvão, Santa Engrácia e São Vicente), é “formar

uma equipa com a população”. Com uma aposta em programas especiais de policiamento, “não se pretende que a polícia passe e ande, pretende-se que pare”, garante.

O policiamento da zona é efectua-do há cerca de dois anos através de cinco programas, como o Escola Se-gura, Violência Doméstica, Comércio Seguro e Policiamento de Proximida-de. Tendo em conta que cerca de 70

por cento da população desta parte da cidade é idosa, diz José Gil que a PSP aposta também no programa Idosos em Segurança (vocacionado para pessoas com mais de 65 anos) e foi no âmbito do mesmo que surgiu a sessão de esclarecimento, no sentido de aconselhar comportamentos que possam evitar assaltos ou burlas.

Segundo o comissário, esta vigi-lância de proximidade colocará mais

agentes na rua, como poderá passar pelo acompanhamento de idosos aos multibanco de modo a levantarem a reforma em segurança, e pelo patru-lhamento junto dos idosos isolados.

No auditório da junta de fregue-sia, onde se juntaram cerca de 45 moradores para assistir à sessão, a PSP alertou para a importância das participações de qualquer tipo de crime. O caminho entre população e esquadra pretende-se mais curto. No entanto, alguns populares queixam-se precisamente de uma barreira de comunicação com a força policial e de esta estar em pouco número nas suas ruas. Perante as diversas queixas, o comissário garantiu que vão tentar um reforço nos locais mais críticos e que os eléctricos que circulam na zona mais antiga da cidade já contam com a presença de polícias à civil para travar os carteiristas.

Apesar das garantias destacadas pelo comandante, alguns moradores não ficam satisfeitos. “Gosto muito dos slogans que aí têm escritos, mas a serem possíveis milagres não é só com a PSP, teria que estar mais gen-te aí sentada”, disse um dos comer-ciantes presentes, que à semelhança de outros, entende que os diversos problemas da freguesia necessitam do acompanhamento de outras enti-dades, como a Câmara de Lisboa.Plateia atenta aos conselhos dos novos “colegas” das ruas de SãoVicente

PEDRO CUNHA