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DAUP FAAC UNEP HISTÓRIA DA ARQUITETURA III (6126A) - Prof.ª Kelly Magalhães SAUL VILELA NAS PÁGINAS DA PAMPULHA O Modernismo, sua crítica e a cidade de BH O século XX foi um ano de grandes mudanças em escala mundial. A Revolução Industrial e as novas situações que esta trouxe exigiram respostas para perguntas nunca antes feitas. É nessa busca por novas soluções que o Movimento Modernista finca suas raízes e ganha força. Difundido por arquitetos como Le Corbusier, Frank Lloyd Wright e outros, os ideais do movimento ganharam adeptos e fizeram escola no mundo todo. Pregando o funcionalismo e a racionalização metódica dos espaços, encontrando-se em linhas mais retas, em formas mais puras e com um discurso agressivo na tentativa de colocar ordem nesse mundo desconhecido, o Modernismo negou o passado e olhou para o futuro. Olhou para a casa e viu uma máquina, olhou para o homem e o enquadrou em um tipo, olhou para a cidade e formulou soluções universais. As soluções Modernistas encontraram seu espaço nas cidades e no cotidiano das pessoas e ditaram as regras até metade do século, quando o Movimento começa a ser criticado. Se resolveu os problemas de um homem que pela primeira vez deparava- se com a vida industrializada, globalizada, agora já não podia usar a mesma resposta para as perguntas desse mesmo homem. O movimento Pós-Moderno surge então dessa crise. Surge de dentro do Modernismo e se desgarra de seus dogmas pra conseguir reavaliar a situação. Pra ler os problemas e encontrar soluções menos prontas. Surge dentro do Modernismo e o crítica; o supera mas não o despreza. É na década de 60 que os discursos de Aldo Rossi e Robert Venturi surgem. O primeiro pontua a impessoalidade das obras Modernistas e o modo como a história é negada e ignorada. Rossi defende a relação do prédio com o indivíduo, a existência de um identidade como forma de empatia e entende que a história é importante nesse processo e não a sua completa negação. Venturi nega o binômio forma-função, defendendo a implantação de significado na forma, tornando-a um símbolo capaz de diferenciá-la de outras obras. A forma deve conter informação e passar uma mensagem por si própria e não ser só resultado de um programa e de sua função fechada e exclusiva. Belo Horizonte surge antes, bem antes dessa crise. Surge na efervescência do movimento Moderno, da necessidade de uma nova capital para o Estado de Minas Gerais, ainda no fim do século XIX. É então planejada, a 100km de distância de Ouro Preto, no centro do território mineiro, em meio a muitas montanhas e regada por diversos rios e originalmente com uma abundância de parques e praças. Por volta de 1940 a cidade já havia dobrado a sua população e começava um intenso adensamento de sua área central. É nessa década também que o conjunto da Pampulha é instalado, recebendo obras dos principais artistas modernistas da época encaminhando a cidade (nessa época administrada por Juscelino Kubitschek) para uma nova fase. Em 1950, a população dobraria novamente e passaria de 350mil para 700mil habitantes. Como resposta, na década de 60 a cidade passa por diversas demolições e teria sua paisagem alterada, ganhando prédios e asfalto, perdendo árvores e áreas

Saul Vilela Nas Páginas Da Pampulha

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Arquiteto Saul Vilela nas páginas da Pampulha.

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    HISTRIA DA ARQUITETURA III (6126A) - Prof. Kelly Magalhes

    SAUL VILELA NAS PGINAS DA PAMPULHA

    O Modernismo, sua crtica e a cidade de BH

    O sculo XX foi um ano de grandes mudanas em escala mundial. A Revoluo

    Industrial e as novas situaes que esta trouxe exigiram respostas para perguntas

    nunca antes feitas. nessa busca por novas solues que o Movimento Modernista

    finca suas razes e ganha fora. Difundido por arquitetos como Le Corbusier, Frank

    Lloyd Wright e outros, os ideais do movimento ganharam adeptos e fizeram escola no

    mundo todo.

    Pregando o funcionalismo e a racionalizao metdica dos espaos,

    encontrando-se em linhas mais retas, em formas mais puras e com um discurso

    agressivo na tentativa de colocar ordem nesse mundo desconhecido, o Modernismo

    negou o passado e olhou para o futuro. Olhou para a casa e viu uma mquina, olhou

    para o homem e o enquadrou em um tipo, olhou para a cidade e formulou solues

    universais.

    As solues Modernistas encontraram seu espao nas cidades e no cotidiano

    das pessoas e ditaram as regras at metade do sculo, quando o Movimento comea a

    ser criticado. Se resolveu os problemas de um homem que pela primeira vez deparava-

    se com a vida industrializada, globalizada, agora j no podia usar a mesma resposta

    para as perguntas desse mesmo homem.

    O movimento Ps-Moderno surge ento dessa crise. Surge de dentro do

    Modernismo e se desgarra de seus dogmas pra conseguir reavaliar a situao. Pra ler

    os problemas e encontrar solues menos prontas. Surge dentro do Modernismo e o

    crtica; o supera mas no o despreza.

    na dcada de 60 que os discursos de Aldo Rossi e Robert Venturi surgem. O

    primeiro pontua a impessoalidade das obras Modernistas e o modo como a histria

    negada e ignorada. Rossi defende a relao do prdio com o indivduo, a existncia de

    um identidade como forma de empatia e entende que a histria importante nesse

    processo e no a sua completa negao.

    Venturi nega o binmio forma-funo, defendendo a implantao de significado

    na forma, tornando-a um smbolo capaz de diferenci-la de outras obras. A forma deve

    conter informao e passar uma mensagem por si prpria e no ser s resultado de um

    programa e de sua funo fechada e exclusiva.

    Belo Horizonte surge antes, bem antes dessa crise. Surge na efervescncia do

    movimento Moderno, da necessidade de uma nova capital para o Estado de Minas

    Gerais, ainda no fim do sculo XIX. ento planejada, a 100km de distncia de Ouro

    Preto, no centro do territrio mineiro, em meio a muitas montanhas e regada por

    diversos rios e originalmente com uma abundncia de parques e praas.

    Por volta de 1940 a cidade j havia dobrado a sua populao e comeava um

    intenso adensamento de sua rea central. nessa dcada tambm que o conjunto da

    Pampulha instalado, recebendo obras dos principais artistas modernistas da poca

    encaminhando a cidade (nessa poca administrada por Juscelino Kubitschek) para uma

    nova fase.

    Em 1950, a populao dobraria novamente e passaria de 350mil para 700mil

    habitantes. Como resposta, na dcada de 60 a cidade passa por diversas demolies e

    teria sua paisagem alterada, ganhando prdios e asfalto, perdendo rvores e reas

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    verdes. O processo de conurbao tambm aumenta e os espaos livres se tornam

    mais raros. No fossem os intentos artsticos e culturais das administraes, talvez

    pouco restasse da vivncia urbana que havia sido planejada.

    Caminhar por Belo Horizonte se deparar com uma riqueza cultural conformada

    em um espao urbano tambm muito rico. Os ares de metrpole e a malha modernista

    no atrapalham a aparentemente sincera receptividade e nem mesmo passam aquela

    sensao de frieza encontrada em outras grandes cidades. BH tem uma identidade

    nica e as relaes do indivduo com a cidade acontecem a todo instante.

    BH, surge no modernismo, cresce com ele e enquanto este entra em crise, a

    cidade permite-se modificaes, permite-se conversar com as novas situaes. No s

    a cidade de BH, mas a arquitetura mineira como um todo. E nessa massa de

    possibilidades que no fim da dcada de 70, na tentativa de se divulgar os trabalhos

    dessa arquitetura Ps-60, obras feitas com o intento da superao e abertas a esses

    dilogos negados pelo modernismo original, que surge a Revista Pampulha, fonte de

    nossa pesquisa.

    Criada pelo arquiteto Sylvio E. de Podest, a revista era um espao para o livre

    pensar numa poca de intensa represso. Contou com a participao de diversos

    arquitetos e uma vitrine do que acontecia no cenrio mineiro da poca.

    Revista Pampulha e a pesquisa

    Com a intenso de analisar esse contexto que comea a se desenhar na dcada

    de 50 e criar um dilogo entre o discurso moderno e o discurso de seus crticos, foi

    designado ao grupo o arquiteto Saul Vilela. O trabalho ento se dividiu na parte de

    levantamento de material, prioritariamente retirado das pginas da Revista Pampulha,

    seguido da seleo de trs obras, que foram fichadas seguindo-se alguns critrios e

    ento a anlise propriamente dita. Em paralelo a pesquisa nas pginas da Pampulha,

    foram realizadas leituras de autores como Montaner, Venturi, Rossi e outros, que

    fomentaram as discusses em sala de aula.

    Saul Vilela, nascido em 1951 e formado em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG

    foi um dos fundadores da revista e talvez por isso tenha sido relativamente fcil

    encontrar suas obras por aquelas pginas. Folhear a revista, ainda que numa verso

    digitalizada, realmente se deparar com um retrato da produo artstica mineira.

    Mesmo que o foco fosse a produo arquitetnica, a Revista Pampulha ainda tem

    diversas referncias.

    As obras analisadas no foram escolhidas aleatoriamente. A primeira, o Teatro

    Manoel Madruga e Centro de Arte e Cultura de Uberlndia, foi escolhida pela sua escala

    e implantao. As outras duas, Residncias do Retiro das Pedras, foram escolhidas pela

    sua relao com o arquiteto: ambas foram projetadas para si mesmo, em dois momentos

    diferentes de sua vida. As trs obras so um dilogo entre linhas e conceitos

    modernistas e sua respectiva superao, resultando em espaos menos limitados e

    mais complexos.

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    Teatro Manoel Madruga e Centro de Arte e Cultura de Uberlndia,

    em Uberlndia - MG.

    Encontrada logo na primeira edio da Revista Pampulha, publicada em

    novembro de 1979, a obra foi apresentada na seo Arquitetura em Minas Ps-60,

    pgina 52.

    Um breve e descontrado resumo da vida do arquiteto somado de suas

    colaboradoras no projeto colocado no cabealho. A obra representada pela planta

    de seus dois pavimentos com seu devido programa, por trs fotos de diferentes ngulos

    da maquete fsica e por um breve texto, quase potico, descrevendo a obra com

    palavras.

    As plantas (imagem 1) mostram a complexidade dos espaos, resultado do

    programa. No trreo, ficam as reas de maior uso e de acesso mais livre ao pblico,

    como as salas de aula, o restaurante e a biblioteca de Arte.

    A grade quadriculada s notvel

    na planta do segundo pavimento, onde

    ficam as salas de administrao do Centro

    Cultural.

    O lago aparece discretamente, em

    linhas curvas interrompidas pelo

    consistente desenho do prdio. Nota-se

    uma rampa, logo na entrada, servindo de

    acesso. Pelas imagens da maquete

    (imagens 2, 3 e 4) possvel ento

    descobrir que o trreo elevado e

    encontra-se sobre pilotis. Toda a rea

    ento integrada. Lago, praa e edifcio

    equilibrados, assim como o grande jogo de

    volumes, que altera a escala do prdio,

    reduzindo-a nas reas de uso menor,

    deixando que o grande volume seja o

    espao do Teatro.

    Para Aldo Rossi, a mudana de

    escala no notada no urbano. O contraste

    das formas e como elas se integram com a

    paisagem, como se colocam sobre o lago e

    so envolvidas pelo seu redor, isso sim

    notvel. O programa complexo que

    modifica a forma notvel para Venturi, na

    criao de significado, de contedo.

    Os pilotis devolvem o uso

    comunitrio e social, liberando para a

    praa rea que seria ocupada pela obra

    aproxima-se da viso de Montaner e da

    equipe do Team10 e acrescentam o espao

    do encontro e do convvio ao edifcio. Se

    pudermos conectar o projeto com a

    produo mineira da poca, notvel o Imagem 1 - Plantas

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    esforo na integrao dos espaos e na composio do programa de forma que este

    abrangesse vida artstica e cultural, mudando a vivncia urbana da metrpole.

    Imagens 2, 3 e 4

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    Residncias Retiro das Pedras,

    em Retiro das Pedras, MG.

    Escolhidas por sua relao ntima com o arquiteto, as casas do Retiro das

    Pedras so encontradas na edio de

    nmero dois da Revista Pampulha, na

    seo Casa dos Arquitetos, publicada

    em janeiro de 1980, pginas 44 e 45. A

    residncia de 1979 apareceu novamente

    na Revista Pampulha no ano de 1983,

    quinta edio, na seo 10 Arquitetos

    Mineiros II, pginas 24 e 25.

    Na montanhas, quase isoladas,

    as casas se tornaram vizinhas, lado a

    lado na encosta (Imagem 5). Espelhadas

    sem serem iguais, marcam dois

    momentos diferentes na vida do arquiteto:

    a primeira surge ainda em tempos de

    faculdade, em 1975, com traos mais duros e concisos, planta mais carregada e maior

    rea de construo. A segunda, de 1979, resultado do balano da primeira e do ritmo

    do meu barco, segundo o prprio Saul Vilela, tem a planta mais carregada e suas

    aberturas j guardam a segurana que talvez s seja encontrada aps os primeiros anos

    de profisso. Ambas as casas so ortogonais, tentam se libertar da dureza modernista

    mas sem abandonar a racionalidade nos espaos.

    Em 1975, Vilela era quartanista na EAUFMG. Um estudante com muitos sonhos

    e uma meta: projetar e acompanhar a construo de sua prpria residncia. Com apoio

    de amigos, finalmente o arquiteto chega a um resultado que no s lhe agradava, mas

    refletia seus intentos com a arquitetura.

    Imagem 5 Planta de Situao

    Da esquerda para a direita: imagens

    6, 7, 8 e 9

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    Com 220m de rea construda e dividida em trs pavimentos, o que, segundo o

    arquiteto, foi um exagero, tem no meio de suas duas salas principais uma escada

    metlica. A escada, elemento usado para a experimentao de novas tecnologias,

    tambm elemento de duplo-funcionamento, pois se torna escultural e toma lugar de

    destaque no ambiente. A escada no apenas outra escada.

    A sala de estar o nico cmodo social no 1 pavimento, que tomado pelas

    reas de servio ou de pouca permanncia. Reservados no 2 pavimento esto os

    quartos, a sala de TV e o escritrio / sala de som. Aqui os cmodos so tomados pelas

    paredes, muito bem definidos e geometricamente distribudos.

    Em 1979, Saul faz a sntese de tudo: espao, funo, ambientao, construo

    e custo. A segunda casa vem para corrigir os exageros da primeira. Os pavimentos

    mais livres, os espaos mais fludos, as linhas mais precisas e a composio mais

    ousada s podem refletir o amadurecimento

    Imagem 10 Plantas, Elevaes e Corte

    Imagem 11 Programa da Casa de 1979

    A segunda casa perde o excesso de quartos e libera um pavimento para o

    espao livre, ou ateli, ou dormir, abre espao para um terrao, conecta estar e jantar,

    vira-se para as montanhas de Minas e assume seu lugar na paisagem. Um grande bloco

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    cbico, com a fachada envidraada e recortada, recuperando a ortogonalidade j notada

    nos projetos anteriormente citados.

    Numa segunda anlise, ao chamar um pavimento da moradia de espao livre e

    o deixa-lo como o prprio nome diz, livre para ser ocupado, como trazer um pedao

    do exterior para dentro da prpria casa. O indefinido ou no marcado, s ser ocupado

    com uso e sua identidade vai surgir a partir disso, da experincia vivida nesse espao.

    A falta de termo para defini-lo enriquece o ambiente que sob um olhar descuidado, pode

    passar como uma rea sem importncia.

    O uso do metal recorrente e usado de modo ainda tmido. Se na casa de

    1975 se limita a escada central, na casa de 1979 aparece tanto na estrutura como telha

    autoportante. As possibilidades encontradas na mistura de tcnicas e no uso desses

    novos materiais, ainda pouco usados em sua poca, na tentativa de se desenvolver uma

    linguagem prpria e balancear os espaos que escolheu para viver.

    Imagem 12 Casa de 1975

    Imagem 13 Casa de 1979

    Consideraes finais

    A crtica aqui stil e surge principalmente nos projetos mais recentes. A casa

    dos tempos de faculdade como uma pea que reflete o estudante com suas incertezas

    e inexperincia. Nos outros projetos, o amadurecimento fica presente nas linhas e na

    fluidez dos espaos, no uso de materiais diversificados, nas reas que ganham o nome

    de livres e se abrem para usos menos bvios. na criao desses espaos no

    zoneados, sejam eles devolvidos ao uso social e coletivo, como no Centro Cultural, ou

    reservados a um cmodo como na casa de 1979 que o arquiteto se desprende da

    setorizao modernista e reinventa os espaos.

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    As obras funcionam quase como uma releitura do Moderno. Absorvem as lies

    e as adequa. Se apropriam para transform-las e adapta-las as novas situaes,

    recriando os modelos conhecidos. A racionalidade usada no para condicionar, mas

    sim para distribuir. Os elementos so preenchidos de significados. A vidraa recortada,

    a escada escultrica, os pavimentos no so idnticos, as escalas so alteradas.

    Paisagem e ambiente so respeitados e englobados nos projetos.

    Sim, so projetos modernistas, mas guardam em si os primeiros passos de uma

    gerao que comeava a lidar com os problemas que o Modernismo do incio do sculo

    no conseguiu responder e a se questionar sobre as respostas universais que o

    movimento tanto perseguiu.

    Guilherme Augusto Milanez (11032774)

    Luiz Henrique Laetano (11033932)

    Victor Shin Kubo(11033118)

    Bauru, 20 de Dezembro de 2013