18
XI Congresso Brasileiro de Sociologia 1 a 5 de setembro de 2003, UNICAMP, Campinas, SP sociólogos do futuro Individualismo moral, círculos sociais e modernidade: uma proposta de diálogo entre Georg Simmel e Charles Taylor Roberto Dutra Torres Junior Campos dos Goytacazes, julho de 2003

Sbs2003 Gt24 Roberto Torres Junior VERIFICAR

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Sbs2003

Citation preview

  • XI Congresso Brasileiro de Sociologia

    1 a 5 de setembro de 2003, UNICAMP, Campinas, SP

    socilogos do futuro

    Individualismo moral, crculos sociais e modernidade: uma proposta de dilogo entre

    Georg Simmel e Charles Taylor

    Roberto Dutra Torres Junior

    Campos dos Goytacazes, julho de 2003

  • 2

    Individualismo moral, crculos sociais e modernidade: uma proposta de

    dilogo entre Georg Simmel e Charles Taylor

    Roberto Dutra Torres Junior

    Resumo

    O presente trabalho busca analisar o fenmeno do individualismo moral enfatizando sua relao

    com o processo crescente de ampliao e multiplicao dos crculos sociais. O principal argumento o de que

    a formao da individualidade somente se faz inteligvel se identificarmos as relaes entre suas diversas

    dimenses e os processos sociais mais profundos ligados prpria modernizao. Sustento ainda, que as

    dimenses constituintes da moderna noo de indivduo so sempre, em certa medida, derivadas socialmente,

    e que no centro mesmo desse processo encontra-se a diviso do trabalho geradora de novas formas de

    solidariedade e coeso social. Relativizo, portanto, a crtica unilateral diviso do trabalho, freqente na

    maior parte das anlises, onde o individualismo tido como sinnimo da ausncia de vnculos e de

    reciprocidade social. Para sustentar meu argumento, recorro interpretao de Georg Simmel sobre o

    fenmeno do individualismo, buscando amide contrap-la de Charles Taylor, cujas anlises parecem negar

    a derivao social em algumas das dimenses formadoras da individualidade. Ao ressaltar a importncia da

    diviso do trabalho na conformao do fenmeno da individualidade como uma categoria moral da

    modernidade ocidental, resgato tambm os argumentos de Durkheim.

    Introduo

    Este trabalho, embora trate de um tema especfico como o individualismo, fruto de uma

    discusso mais ampla, a parir de um grupo de alunos (da graduao e da ps-graduao) e

    professores ligados ao curso de Cincias Sociais da Universidade Estadual do Norte

    Fluminense UENF, cujo objetivo tem sido o de analisar as questes que caracterizariam a

    crise da sociologia contempornea, identificada, dentre outros aspectos, na negligncia

    cumulatividade na produo de conhecimento sobre os fenmenos sociais e rejeio ao

    dilogo entre escolas de pensamento. Contrapondo-se a tais tendncias, o grupo dedica-se

    a estudos que suscitem snteses tericas jamais exaustivas - entendendo-as como uma

    meta que se coloca de maneira especial na agenda da sociologia.

  • 3

    Sendo assim, a anlise que aqui ser empreendida, ainda que se atenha s consideraes

    tericas a respeito do individualismo moral, procurar, para alm disso, identificar nas

    abordagens de Georg Simmel e mile Durkheim, ambos tendo vivido exatamente no

    mesmo perodo, entre 1858 e 1920, respectivamente, na Alemanha e na Frana, elementos

    comuns que viabilizem a elaborao de construes tericas onde o domnio do pluralismo

    paradigmtico possa ser matizado pelo dilogo verificado entre autores, cujas abordagens

    so freqentemente consideradas como totalmente irreconciliveis. Portanto, se os clssicos

    ainda servem para explicar questes contemporneas, mesmo quando tratados

    isoladamente, cabe, agora, investigar o que eles teriam a dizer sobre essas questes se,

    mesmo em situaes especficas, puderem dialogar.

    Agora, aps ter explicitado os problemas tericos mais gerais que nortearam a elaborao

    desse trabalho, cumpre apresentar finalmente a forma como irei analisar o fenmeno do

    individualismo moral e suas relaes com aqueles processos sociais especficos como, por

    exemplo, a diviso do trabalho.

    De inicio, irei enfatizar que a moderna noo de indivduo uma categoria moral

    construda socialmente. Para isso, cumpre analisa-la de uma forma um pouco mais

    detalhada, considerando as diversas dimenses que a constituem. Se, por um lado, o

    individualismo est ligado ao avano de determinados processos sociais de carter

    nitidamente estrutural, ele no deixa, por outro lado, de estar relacionado com a emergncia

    de uma ordem moral especfica, com um conjunto de valores prprios da modernidade

    ocidental. Assim, uma interpretao mais acurada do que seja o fenmeno do

    individualismo no admite discursos unilaterais, que normalmente privilegiam uma de suas

    dimenses, negligenciando as demais. Aqui, o que pretendo identificar as principais

    dimenses do indivduo moderno, recorrendo, sobretudo, anlise de Georg Simmel onde

    esse fenmeno aparece associado multiplicao e ampliao dos crculos

    sociais(Kulturkreislehre

    )1 e ao advento; generalizao e institucionalizao da

    1 O termo em alemo referente ao conceito de crculos sociais Kulturkreislehre Como descrevem

    RAMMSTEDDT & DAHME(1998: 214)Naquela poca, muitos s conseguiam diferenciar os conceitos de cultura e sociedade por meio da metfora do crculo, no sentido de uma atmosfera ou de um mbito de uma

    atividade intersubjetiva especfica. Desenvolveram-se, conseqentemente, uma doutrina de cculos sociais

  • 4

    economia monetria. Tambm em Simmel que o fenmeno do individualismo aparece

    desdobrado em duas dimenses fundamentais, quais sejam, a que se baseia na exaltao dos

    valores de igualdade e liberdade, que marcou historicamente o individualismo do sculo

    XVIII, e a que procurava enfatizar, ao contrrio da primeira, a diferena, ou seja, os

    elementos no generalizveis de cada indivduo, dimenso esta que caracterizou o

    individualismo do sculo XIX. Esses dois individualismos tm em comum, como parece

    sugerir Simmel, o fato de ambos serem elaborados socialmente. Neste particular, a

    interpretao simmeliana parece-me plenamente atual, sobretudo por se mostrar superior a

    muitas outras anlises contemporneas, onde dimenses importantes do individualismo no

    so relacionadas com processos sociais mais profundos como a diferenciao social e a

    diviso do trabalho. Falo, por exemplo, de Charles Taylor2 e de sua anlise sobre a

    formao da moderna noo de indivduo. Nesta, a individualidade tambm constituda

    por duas dimenses: a da dignidade, baseada nos elementos que a modernidade ocidental

    tratou de universalizar, e a da autenticidade, fundada naqueles elementos particulares de

    cada indivduo e que por definio no podem ser universalizados. Essa segunda dimenso,

    ao que tudo indica, parece equivaler ao individualismo do sculo XIX de Simmel. No

    entanto, essa semelhana v-se enfraquecida no momento em que Taylor no reconhece

    que a autenticidade mesmo que no seja formada a partir de elementos generalizveis ,

    tambm, uma construo social. Fazer, pois, uma leitura crtica da anlise tayloriana sobre

    a autenticidade constitui um dos objetivos centrais desse trabalho.

    Antes, porm, preciso esclarecer que no pretendo apresentar aqui um histrico das

    anlises empreendidas sobre o fenmeno do individualismo. Desejo, na verdade, discutir

    uma questo especfica relacionada a esse fenmeno; para isso as interpretaes de mile

    Durkheim, Georg Simmel e Charles Taylor parecem mesmo serem suficientes. De

    Durkheim, considero ser fundamental a relao entre diviso do trabalho e individualismo,

    onde este ltimo fenmeno tambm situado no bojo da emergncia de uma moralidade

    (Kulturkreislehre) e modelos de crculos sociais, como, por exemplo, o cculo da famlia, o crculo do clube, o crculo de amizades, etc.

  • 5

    especfica. A contribuio de Simmel, por sua vez, alm de servir para enfatizar a relao

    entre diviso do trabalho, multiplicao dos crculos sociais e individualismo, ser usada

    principalmente para ressaltar o fato de que a formao da moderna noo de indivduo

    depende, pelo menos em certa medida, mas em todas as suas dimenses, de ser socialmente

    construda. Quanto a Charles Taylor, procurarei fazer uma leitura crtica de sua anlise

    sobre a formao do indivduo, sobretudo no que tange a dimenso da busca pela

    autenticidade. Nesse ponto especfico, tentarei comparar sua interpretao com a de

    Simmel, de modo a mostrar que o clssico continha avanos que desaparecem no

    contemporneo. Ora, se um clssico cujas obras foram escritas nos ltimos anos do sculo

    XIX e nas primeiras dcadas do sculo XX , em relao a algum tema, mais avanado que

    um autor contemporneo, fica evidente que a produo de conhecimento sobre os

    fenmenos sociais no tem sido feita de forma cumulativa.

    Individualismo e coeso social

    O termo individualismo tido freqentemente como uma antinomia da idia de

    solidariedade e coeso social. E as condies necessrias emergncia desse fenmeno so

    consideradas como desagregadoras da vida e da moralidade coletiva. No entanto, esse tipo

    de anlise, ao no diferenciar o individualismo moral do amoral, mostra-se, no mnimo,

    impreciso. Como destaca Sousa(2000: 112), individualismo nesse sentido, tanto no

    contexto das lutas por dignidade como nos da por autenticidade, um princpio moral,

    devendo ser distinguido do individualismo anmico- um fenmeno social dos paises do

    terceiro mundo. Em sntese, a liberao dos indivduos humanos de determinadas relaes

    sociais tende a aparecer como a ausncia de qualquer lao social que possa vincula-los,

    como se eles passassem a existir fora da sociedade, onde participar ou no da vida social

    fosse uma questo de escolha desses indivduos. Eles, ao invs de serem considerados

    necessariamente seres sociais, surgem anteriores a qualquer processo de socializao, sendo

    mesmo aqueles agentes racionais capazes de criar a prpria vida em sociedade.

    No se percebe, portanto, que o individualismo , tambm, um estatuto socialmente

    construdo e que sua generalizao est associada ao avano de determinados processos

    2 Charles Taylor nasceu em 1931 em Montreal no Canad.

  • 6

    sociais, cujo efeito principal , a rigor, o de alterar a substncia e a forma das relaes e dos

    vnculos sociais e no o de extingui-los.

    Individualismo e ausncia de vnculos sociais no so necessariamente sinnimos. O

    primeiro, quando situado em uma ordem moral como aquela produzida pela diviso das

    funes e pela filiao dos indivduos ao mercado de trabalho, plenamente compatvel

    com a idia de coeso social. A anlise de Durkheim parece, nesse caso, ser bastante

    esclarecedora:

    A sociedade que consagrou o indivduo e o transformou no elemento que deve ser respeitado

    acima de tudo. A emancipao progressiva do indivduo, assim, no implica um enfraquecimento,

    mas uma transformao do vnculo social(DURKHEIM apud GIDDENS, 1998: 151)

    Alm da interdependncia que a diviso do trabalho estabelece entre os indivduos, os

    vnculos sociais de natureza material, a multiplicao dos grupos e das corporaes

    profissionais deve estar acompanhada do surgimento de vnculos contratuais mais gerais;

    dessas duas condies depende a noo moderna de solidariedade social. Esses vnculos

    so estabelecidos a partir de um conjunto de valores que se impem aos atores sociais de

    forma objetiva, ou seja, so os elementos no contratuais que antecedem a criao de

    contratos.

    Como verificou Giddens (1998: 167), h nos escritos de Durkheim sobre a diviso do

    trabalho uma questo que no foi inteiramente esclarecida. Na verdade, faltaram em seus

    argumentos elementos que pudessem esclarecer melhor a relao entre as transformaes

    na base econmica(como diria Marx), identificadas no aumento da diviso do trabalho, e as

    mudanas sofridas pela moralidade coletiva. Esse impasse implica, por conseguinte, na

    existncia de problemas igualmente no solucionados sobre o tema do individualismo

    moral.

    A questo parece se colocar da seguinte forma: sendo o processo de diferenciao social,

    decorrente da diviso do trabalho, um dos elementos responsveis pelo processo de

    individualizao, com relacion-lo com uma ordem moral especfica e garantidora tambm

  • 7

    da solidariedade social?O que se pode afirmar com uma certa segurana que a ausncia

    dessa ordem moral em condies econmicas tipicamente modernas definida por

    Durkheim como um estado de anomia. O desenvolvimento da industria e das relaes de

    mercado desacopladas de sanes morais que possam regul-las em toda sua

    extenso(instituies) implica no enfraquecimento dos vnculos e da previsibilidade no

    conjunto das relaes sociais. Assim, se a interdependncia gerada pela diviso do trabalho

    parece ser a dimenso estrutural do que Durkheim interpretou como sendo uma noo ps

    tradicional de solidariedade, esta ltima, ao que tudo indica, depende tambm de regras

    que sejam pactuadas com base em valores, sempre lembrando que valores so entidades

    objetivas que, do mesmo modo que as estruturas econmicas, definem os marcos da

    agncia humana.

    O individualismo como uma categoria moral especfica da modernidade

    O individualismo moral uma das instituies sociais mais caractersticas da modernidade .

    Valores como liberdade e igualdade, ao se tornarem direitos inalienveis dos indivduos

    humanos, fazem destes ltimos o alfa e o mega da cultura moderna(Sousa, 2000).No

    entanto, longe mesmo de serem direitos naturais como postulavam Hobbes, Locke e outros

    jusnaturalistas, liberdade e igualdade apenas se colocam no horizonte dos indivduos

    humanos a partir do momento que estes passam a estar inseridos em relaes sociais

    especficas. Assim, a individualidade, ao invs de estar relacionada apenas com a ao

    voluntria dos prprios atores sociais, explica-se muito mais pelo avano de determinados

    processos sociais, cuja presena em situaes concretas se fez notar exemplarmente nas

    sociedades capitalistas e ocidentais.

    De fato, todas as sociedades so, em ltima anlise, formadas por indivduos humanos, e

    estes, por sua vez, so sempre os portadores ltimos da realidade social; devemos

    considerar, no entanto, que esta afirmao s pode ser generalizada se estivermos falando

    do indivduo como categoria emprica e no como um elemento culturalmente significativo.

    Desta forma, nem todas as sociedades elevam essa categoria emprica ao estatuto de uma

  • 8

    categoria moral capaz de se sobrepor aos valores e moralidade coletiva, como

    historicamente ocorreu no ocidente em relao ao indivduo. Com efeito, a partir de

    propriedades qualitativas e quantitativas de determinadas relaes sociais que a

    personalidade dos indivduos encontra espao para seguir uma trajetria particular. Em

    outros termos: o cultivo dos aspectos mais ntimos da personalidade individual somente

    possvel com a ampliao numrica das relaes entre os indivduos e com a alterao na

    forma como eles se inserem nestas relaes.

    Em suma, a afirmao e o desenvolvimento da individualidade explicam-se, antes de

    qualquer coisa, pelo efeito que determinados processos sociais provocam no carter, ou

    seja, na substncia e na quantidade das relaes que os indivduos humanos estabelecem

    entre si. esse o argumento de Simmel quando vincula a formao da individualidade

    ampliao e multiplicao dos crculos sociais, processo este que tambm suficiente

    para alterar a forma como os indivduos constituem esses crculos e como so por eles

    constitudos. No centro mesmo desse processo, afirma Simmel, est a generalizao da

    troca econmica monetarizada. Isto ocorre porque o dinheiro permite que os indivduos

    participem de um nmero cada vez maior de crculos sociais sem que para isso tenham que

    envolver aspectos de sua personalidade que ultrapassem os limites de suas escolhas: Foi o

    dinheiro que nos ensinou como reunir sem nada perder de especfico e prprio da

    personalidade(SIMMEL, 1998: 26)

    Isso no significa que o dinheiro promova o individualismo somente pelo fato de tornar

    possvel o cultivo isolado dos aspectos mais ntimos da personalidade. Embora isso seja

    importante, o mais fundamental que o advento, a generalizao e institucionalizao da

    economia monetria criam formas especficas de interao entre os indivduos, onde a

    relao principal entre coisas, entre objetos autnomos(reificados), ficando para um

    segundo plano o interesse pela individualidade do outro. Claramente, Simmel diz:

    Precisamente uma tal relao tem de gerar um forte individualismo, pois no isolamento em si que

    aliena e distancia os homens, reduzindo-os a si prprios. Pelo contrrio, uma forma especfica de se

    relacionar com eles, de tal modo que implica anonimidade e desinteresse pela individualidade do outro,

    que provoca o individualismo(SIMMEL, 1998: 24)

  • 9

    Argumento semelhante ao de Simmel sobre o individualismo pode ser verificado no

    raciocnio de Durkheim. Para este autor, a formao da individualidade um produto da

    intensificao da diviso social do trabalho, visto que esta aumenta a diferena entre os

    indivduos na medida em que reserva para estes funes cada vez mais distintas: Ora, o

    que faz a nossa personalidade, aquilo que cada um de ns tem de prprio e de

    caracterstico, o que nos distingue dos outros(DURKHEIM, 1989: 151)

    Segundo Durkheim, s se pode atribuir um carter moral diviso do trabalho porque ela

    cumpre o papel de gerar coeso social, desta vez fundada no mais numa conscincia

    coletiva que anula as diferenas individuais e o prprio indivduo enquanto categoria moral

    (solidariedade mecnica), mas sim na interdependncia que passa a existir entre as funes

    divididas e diferenciadas (solidariedade orgnica).

    Na medida em que a diviso do trabalho promove a diferenciao entre as funes, tambm

    diferenciam os que destas se ocupam, isto , os indivduos. Em relao a esse fenmeno,

    que a princpio parece poder ser reduzido a um processo da base material, no tendo nada a

    ver com modificaes na ordem moral, tambm se vincula uma srie de modificaes que

    vo caracterizar a cultura moderna. A exaltao das conscincias individuais passa a ser

    uma regra moral da conscincia coletiva, e a realizao de escolhas entre uma gama de

    possveis trajetrias individuais, uma obrigao dos indivduos autnomos.

    Dignidade e autenticidade no processo de individuao

    A formao da individualidade envolve diferentes dimenses da vida social. Numa que

    poderamos chamar de estrutural ocupam um lugar de destaque os processos de

    diferenciao social decorrentes do aprofundamento da diviso social do trabalho. Esses

    processos, profundamente imbricados com a emergncia da economia monetria,

    estabelecem uma relao de igualdade entre os portadores desse objeto autnomo que o

    dinheiro. A isso tambm se relaciona o fato de que o mercado de trabalho, constitudo por

    funes cada vez mais diferenciadas, tambm responsvel por incorporar a primeira

  • 10

    classe dominante da histria que trabalha: a burguesia. 3Desse modo, filiar-se ao mercado

    de trabalho coloca-se como regra universal na busca por aquilo que Charles Taylor chamou

    de dignidade: na ausncia da honra pr moderna proporcionada pela dissoluo dos

    contextos tradicionais, ter uma profisso se apresenta como a forma institucionalizada de

    construir identidades e projetos individuais. Temos, ento, uma situao inversa a das

    sociedades estamentais, onde a procura pela honra significava isentar-se do trabalho, como

    fizera historicamente a nobreza feudal. Enquanto a dignidade baseia-se na afirmao da

    igualdade e do universalismo de procedimentos, a honra, ao contrrio, busca enfatizar a

    hierarquia social e o tratamento diferenciado. O trabalho aparece, portanto, como uma

    categoria central da modernidade, visto que em torno dele que se constitui essa dimenso

    fundamental da formao do indivduo moral, isto , a busca pela dignidade. Essa

    articulao de valores em torno das atividades cotidianas a base de uma ordem social

    fundada no trabalho:

    A perspectiva burguesa sublinhava os bens de produo, uma vida organizada e paz em sntese,

    acentuava as atividades da vida cotidiana-, a outra sublinhava as virtudes da vida do cidado, a busca

    da fama e renome e atribua um lugar central s virtudes guerreiras(TAYLOR, 1997: 370)

    De forma muito semelhante a Charles Taylor, tambm argumenta Simmel sobre as

    dimenses do individualismo ou, se se preferir, sobre os tipos de individualismo.

    Segundo Simmel, existiu no sculo XVIII um processo de afirmao dos ideais de

    liberdade e, sobretudo, igualdade, e estes foram a base dos direitos individuais dotados de

    um potencial universalizvel. Nesse sentido, o substrato da individualidade era o ser livre,

    e, tornar universal essa liberdade era o fundamento do igualitarismo, como assinala

    Simmel.:

    O sculo XVIII, em geral, postulava que a individualidade tomasse a forma da liberdade; e que as

    foras pessoais fossem livres da tutela de todo gnero. Partia do pressuposto que os indivduos,

    3 A afirmao da vida cotidiana, ou seja, a elevao moral do trabalho, tem, segundo Charles Taylor, sua

    melhor expresso na filosofia de Locke, onde a propriedade da terra somente justa na medida em que seu

    dono nela trabalha. O trabalho passa a ser a fonte da propriedade, e nesse legado esto includos Adam

    Simith, David Ricardo e Marx; se uma classe dominante por possuir mais propriedade, tal condio tem que

    justificar-se pelo seu trabalho.

  • 11

    libertados de todas as amarras histricas e sociais, se mostrariam essencialmente iguais;(Traduo

    minha. SIMMEL, 1977: 770) 4

    A esse respeito cabem ainda algumas consideraes. Em primeiro lugar, importante

    destacar que a liberdade individual analisada por Simmel como um fenmeno social

    moderno que decorre da ampliao e da multiplicao dos crculos sociais. Em segundo,

    enfatizar que essa ampliao e essa multiplicao esto ligadas ao advento, generalizao

    e institucionalizao da economia monetria: A liberdade individual e a ampliao do

    comrcio esto em relao mtua.(Traduo minha. SIMMEL, 1977: 744)5 Isto posto,

    podemos estabelecer algumas concluses. Primeiro: se a liberdade como um valor

    corresponde em certa medida a um fenmeno objetivo, gerado pelos processos que

    acabamos de descrever, e se o igualitarismo representa, sobretudo, a universalizao dessa

    liberdade, podemos afirmar que a individualidade, pelo menos no que se refere dimenso

    da busca pela dignidade, alm de estar relacionada com a filiao ao mercado de trabalho,

    tambm busca se constituir atravs das relaes de troca monetarizadas. Ou melhor, a busca

    pela dignidade no se esgota na filiao ao mercado de trabalho, mas pressupe tambm a

    institucionalizao de determinadas relaes sociais, quais sejam, das relaes impessoais

    de mercado. Segundo: sendo a economia monetria quase um equivalente da diviso do

    trabalho, como sustenta Simmel, liberdade, igualdade, enfim, dignidade explicam-se, em

    ltimo caso, pela intensificao desse ltimo processo, confirmando sua centralidade na

    vida social.

    Alm de basear-se nos valores universais de liberdade e igualdade, produzidos e

    reproduzidos atravs de formas sociais especficas como a economia monetria e definidos

    por Taylor como a busca pela dignidade, a formao da individualidade requer tambm

    uma outra dimenso: uma vez assegurada dignidade, cabe aos indivduos aprimorar

    aquilo que neles tido como particular, como prprio e nico de cada indivduo. Trata-se

    de uma segunda dimenso do individualismo sem a qual este no se completa, a saber, a

    busca pela autenticidade: Estas so as bases, respectivamente, de duas fontes importantes

    4 El siglo XVIII, em general, aspiraba a que la individualidad tomase la forma de la liberdad; a que las furzas personales vieram libres de tutelas de todo gnero. Aceptase como supuesto que los individuos,

    libertados de todas las cadenas histricas y sociales, se mostraran esencialmente iguales;

  • 12

    do individualismo moderno nascente, o da independncia auto-responsvel, de um lado, e

    o da particularidade reconhecida do outro(TAYLOR, 1997: 241)

    Autenticidade, ao contrario da dignidade universalizvel, significa, por definio, acentuar

    o que no pode ser estendido a todos. Deve ser elaborada internamente a partir de escolhas

    que os indivduos fazem numa gama de possibilidades de trajetrias e biografias, como

    forma de aprimorar seus aspectos subjetivos. Taylor sustenta ainda que a busca pela

    autenticidade s pode ser considerada como tal se isenta de qualquer determinao social.

    Embora s possa ser viabilizada a partir da universalizao da liberdade e da autonomia

    individual, a autenticidade seria formada com o material prprio dos indivduos, parecendo

    mesmo situar-se fora da sociedade e de seus condicionamentos: Autenticidade, por

    definio, no pode ser derivada socialmente, mas precisa ser gerada e construda

    internamente(SOUSA, 2000: 113). Neste trabalho, entretanto, buscarei, entre outras

    coisas, mostrar que a escolha por biografias nicas somente possvel quando a

    sociedade coloca disposio dos indivduos o material para a sua construo. E, ao

    contrrio do que parece sugerir Taylor, argumento que a busca pela distino tambm

    socialmente construda. Para isso, utilizarei a argumentao desenvolvida por Simmel sobre

    o fenmeno do individualismo. Nesta, o elemento diferenciador e autntico da

    individualidade possibilitado pela multiplicao dos crculos socais, processo este que

    deriva do aprofundamento da diviso do trabalho. E sua ocorrncia histrica , como

    assinala Simmel, do sculo XIX:

    O outro sentido da individualidade, que o sculo XVIII no reconheceu como contraditrio com o seu,

    foi elaborado no sculo XIX: teoricamente pelo romantismo e praticamente pela diviso do trabalho

    (Traduo minha. SIMMEL, 1977: 761)6

    Dessa forma, tanto o elemento igualitrio que universaliza a autonomia dos indivduos

    como sua dimenso diferenciadora que enfatiza a autenticidade so institudas socialmente,

    sendo, em grande medida, decorrentes da ampliao e da multiplicao dos crculos sociais,

    5 La liberdad individual y la ampliacon del negocio estn en relacon mutua

  • 13

    caractersticas estas ligadas prpria modernizao e ao advento da economia monetria.

    Dignidade e autenticidade so, portando, dimenses complementares de um mesmo

    processo, sendo que as condies para a emergncia da segunda so estabelecidas pela

    primeira:

    O individualismo da igualdade, para no ser desde o princpio uma contradio em termos, necessita

    ser entendido como autonomia e liberdade, no limitadas por nenhum vnculo social estreito.O

    individualismo da desigualdade alimenta-se da conseqncia daquela liberdade, sobre a base da

    variedade infinita das disposies humanas, fazendo-la portanto incompatvel com a igualdade.(

    Traduo minha. SIMMEL, 1977: 763) 7

    Isto posto, podemos estabelecer as seguintes concluses. Em primeiro lugar, as dimenses

    da dignidade e da autenticidade, definidas por Taylor, parecem equivaler, respectivamente,

    aos individualismos do sculo XVIII e do sculo XIX, da forma como foram definidos por

    Simmel. Em segundo, no que concerne especificamente dimenso da autenticidade, a

    contribuio de Simmel parece trat-la como a possibilidade, ampliada enormemente na

    modernidade, de um indivduo estar inserido em um elenco particular de crculos sociais,

    construindo-os e, ao adicionar a estes aspectos nicos de sua personalidade, ao mesmo

    tempo, sua personalidade construda por estes. Isso pressupe, no entanto, a efetividade

    de uma gama de interaes sociais incessantes, no dependendo somente do desejo do ator

    social de elaborar internamente essa dimenso autntica de sua individualidade. Com

    clareza, Simmel afirma:

    A relao mutua entre os sujeitos, ou a pura energia interior do homem, no basta quase nunca para se

    produzir todas as particularidades espirituais que o indivduo possui; na verdade, parece necessrio

    para isto uma certa extenso do que chamamos de esprito objetivo...(Traduo minha.SIMMEL,

    1977: 762)8

    6 El otro sentido de la individualidad, que el siglo XVIII no reconoci como contradicitorio con el suyo, fue

    elaborado en el siglo XIX: tericamente por el romanticismo y prticamente por la divisin del trabajo 7 El individualismo de la igualdad, para no ser desde el principio una contradicito in adjeto, necesita ser

    entendido como autonoma y liberdad, no limitadas por ningn vinculo social estrecho. El individualismo de

    la desigualdad saca la consecuencia de aquela liberdad, sobre la base de la variedad infinita de las

    disposiciones humanas, hacindola por tanto incompatible con la igualdad 8 La relacon mutua entre los sujetos o la pura energa interior del hombre, no basta casi nunca para hacer

    que se produzcan todas las particularidades espirituales que el indivduo posee; antes bien, parece necesario

    para ello una cierta extensin de lo que llamamos espritu objetivo...

  • 14

    De fato, a formao da individualidade envolve diversas dimenses da vida social, no

    podendo ser compreendida atravs de modelos reducionistas. Nesse sentido, Charles Taylor

    parece ter tido o mrito de ampliar a moderna noo de indivduo:

    A identidade moderna surgiu porque mudanas na auto- compreenso ligadas a um grande leque de

    prticas religiosas, polticas, econmicas, familiares, intelectuais, artsticas,- convergiram e

    reforaram-se mutuamente para produzi-la(TAYLOR, 1997: 268)

    Ao chamar a ateno para o fato de que os elementos universalizveis no so os nicos a

    constiturem o indivduo moderno, Taylor pretende enfatizar os aspectos valorativos e

    culturais manipulados pelo prprio sujeito na procura por trajetrias individuais autnticas.

    No entanto, ele parece no perceber que esse elenco diverso de valores e de bens culturais

    s esta acessvel para os indivduos na medida em que estes podem vivenciar uma gama

    igualmente diversa de crculos sociais. Na verdade, o conceito simmeliano de

    vivncia(Erlebnis)9 contm, creio, a chave explicativa para a dimenso autntica do

    fenmeno do individualismo. Por vivncia entendemos a interao recproca entre os

    elementos subjetivos e objetivos de uma cultura. Em outros termos, os elementos objetivos

    de uma cultura adicionam caractersticas personalidade dos indivduos e estes, por seu

    9 Vivncia(Erlebnis) no outra coisa seno a troca de influncias entre os espritos individuais e aquela

    propriedade potencial da sociedade, isto , o conjunto dos elementos no humanos dotados de um valor

    cultural ou cultura objetiva. Contudo, acredito que a explicao desse conceito atravs de seu significado em

    alemo(Erlebnis) fundamental para que sua fecundidade no se perca em meio a outras noes parecidas.

    Como destacam RAMMSTEDDT & DAHME (1998: 216) Erlebnis A palavra alem erlebnis contm a palavra vida, e o prefixo (Er-) indica uma recepo de algo (como em erleiden, erfahren, erhalten). Tomar algo, receber algo da vida, uma impresso, uma lembrana, uma lio no sentido de um efeito interno,

    espiritual, imaterial isso , etimologicamente, o significado da palavra erlebnis, aqui traduzida por vivncia. Tradues alternarivas seriam , dependendo do contexto, experincia de vida ou at aventura. A simples

    palavra erlebnis j provoca a associao da chamada filosofia da vida (lebensphilosophie), corrente forte do

    comeo do sculo, com os protagonistas alemes Wilhelm Dilthey e Rudolf Eucken. So mencionados,

    historicamente, tambm Nietzsche e Simmel. Na filosofia da vida, a noo de erlebnis torna-se um

    instrumento para ressaltar as qualidades internas e espirituais da vida humana contra quantidades objetivas,

    observveis de fora, contra uma cincia positivista e materialista. presa aos fatos objetivos. . . contra a reduo da vida a aes na sociologia emprica. O que parece, de fora, como a ao parece, por dentro, como erlebnis.

  • 15

    turno, podem modificar a realidade objetiva medida que estabelecem novas forma de

    interao/sociao, passveis de serem institucionalizadas.

    Sendo assim, a busca pela autenticidade o mesmo que vivenciar um elenco particular de

    crculos sociais. Com efeito, o fato desse elenco no poder ser universalizvel e estendido a

    todos os indivduos no nos autoriza a afirmar que o entrecruzamento dos crculos sociais

    est isento de qualquer determinao social. O que prprio de cada um de ns tambm

    construdo socialmente, embora, em parte, sejamos sujeitos desse processo.

    Concluso

    Este trabalho no teve, obviamente, o propsito de esgotar as reflexes a respeito do tema

    do individualismo moral. Tampouco objetivou negar as contribuies de autores vitais

    nesta discusso, tais como Marx, Weber e, posteriormente, Dumont, Bourdieu e Habermas,

    por exemplo. O que quis, na verdade, foi dar uma contribuio especfica sobre a formao

    da moderna noo de indivduo no ocidente, elegendo a anlise de Georg Simmel como

    principal fonte de reflexo terica, de modo a compar-la com uma interpretao mais

    recente sobre o fenmeno do individualismo, a saber, a do comunitarista Charles Taylor.

    Nesta, como j destacamos, o autor sustenta que uma das dimenses que constituem a

    moderna noo de indivduo, a autenticidade, elaborada somente atravs de elementos

    subjetivos, internos ao indivduo, no guardando nenhuma relao com processos sociais

    mais profundos. Aqui, remeti-me a interpretao simmeliana de modo a contra-argumentar

    a tese sustentada por Taylor. Nesse sentido, a multiplicao dos crculos sociais parece

    mesmo ser a fonte geradora de possibilidades atravs das quais os indivduos podem seguir

    trajetrias autnticas. Portanto, a busca pela autenticidade deve pressupor, antes mesmo de

    ser reivindicada pelos atores sociais, uma variedade de crculos socais que seja suficiente

    para assegurar a cada indivduo a possibilidade de construir biografias e projetos nicos.

    Desse modo, a dimenso da autenticidade, ainda que envolva elementos subjetivos, cuja

    manipulao parece mesmo depender dos prprios indivduos, est associada, sobretudo, ao

    efeito que determinados processos sociais acarretam na forma como os indivduos

    interagem e constituem formas sociais.

  • 16

    Antes de encerrar, gostaria de retomar duas outras questes. Em primeiro lugar, o

    fenmeno do individualismo moral, sendo uma construo ocidental e moderna, e

    dependendo, em todas as suas dimenses, do avano de determinados processos sociais

    como, por exemplo, o da multiplicao dos crculos sociais, parece estar intimamente

    relacionado com um outro processo central, qual seja, a diviso do trabalho. O processo de

    diviso de trabalho, por sua vez, parece mesmo como j foi sugerido em outra

    oportunidade(CUNHA & TORRES JUNIOR, 2003)- ocupar uma posio de inegvel e

    absoluta centralidade na conformao dos processos sociais mais caractersticos da

    modernidade; incluem-se a, no s processo de individualizao, mas tambm o de

    burocratizao, racionalizao etc. Um segundo ponto a ser destacado a importncia que

    o resgate dos clssicos parece ter para o avano da teoria social. Esforos recentes tm se

    destacado nesse sentido; a exemplo das contribuies de Anthony Giddens (1998 e 2001 p.

    ex.)e Jeffrey Alexander(1987 e 1999 p.ex.). Esses dois autores, em que pese empreenderem

    anlises distintas sobre os fenmenos da vida social, costumam entrar em acordo quando se

    trata de apontar os problemas pelos quais tem passado a teoria sociolgica. Entre esses

    problemas esto as leituras acrticas e apologticas dos clssicos, predominantes em nossa

    disciplina. Giddens e Alexander reconhecem que os pais fundadores tm muito a dizer

    sobre a compreenso das sociedades contemporneas. Afinal, um clssico no apenas

    algum que no passado deu alguma contribuio ao avano de um determinado campo do

    saber, mas, para alm disso,

    Os clssicos, eu afirmaria, so fundadores que ainda falam para ns com uma voz que considerada

    relevante. Eles no so relquias antiquadas, mas podem ser lidos e relidos com proveito, como fonte

    de reflexo sobre problemas e questes contemporneas.(GIDDENS, 1998: 15)

    Com efeito, a superao dos impasses que atualmente se colocam ao avano da sociologia

    parece exigir, sem dvida, uma releitura dos clssicos. Essa releitura, no entanto, deve se

    desfazer daqueles rtulos e jarges que deixam intacto aquilo que de melhor pode ser

    aproveitado em suas contribuies. Ao contrrio, deve permitir a identificao de temas,

    conceitos e categorias sobre os quais os clssicos possam dialogar (CUNHA & TORRES

    JUNIOR, 2003). Nesse exerccio, o processo de diviso do trabalho parece ser abordado

  • 17

    com um peso maior ou menor - por diversos autores clssicos, mesmo quando suas

    atenes voltam-se para outros aspectos da vida social. Enfim, a diviso do trabalho

    aparece associada aos traos mais caractersticos da modernidade. Nesse trabalho procurei,

    entre outras coisas, mostrar como ela est relacionada com a formao da moderna noo

    de indivduo.

    Referncias Bibliogrficas

    ALEXANDER, Jefrey. A importncia dos Clssicos. In: GIDDENS, Anthony & TURNER,

    Jonathan. Teoria Social Hoje. So Paulo: Unesp, 1999. p. 23-89

    ______. O novo Movimento Terico. Revista Brasileira de Cincias Sociais. So Paulo, v.

    2, n. 4, jun. 1987. p. 5-28.

    CUNHA, Flvio Saliba & TORRES JUNIOR, Roberto Dutra . Diviso do trabalho e

    burocracia: por um dilogo entre os clssicos.Campos dos Goytacazers: CCH/UENF, 2003,

    p. 1-21. .

    DURKHEIM, mile. A Diviso do Trabalho Social (v. 1) Lisboa: Ed. Presena, 1989.

    ______. A diviso do trabalho social. In: GIANNOTTI, Jos Arthur; MOURA; Carlos

    Alberto Ribeiro de [ et al] Durkheim (Os pensadores) . So Paulo: Abril Cultural, 1978. p.

    3-70.

    GIDDENS, Anthony. Em Defesa da Sociologia. Ensaios, interpretaes e trplicas. So

    Paulo, Ed.UNESP, 2001

    ______. Durkheim e a questo do individualismo. In: ______ . Poltica, sociologia e teoria

    social: encontros com o pensamento social clssico e contemporneo. So Paulo: Unesp,

    1998. p. 147-168.

  • 18

    ______. Introduo. In: ______ . Poltica, sociologia e teoria social: encontros com o

    pensamento social clssico e contemporneo. So Paulo: Unesp, 1998. p. 9-23.

    RAMMSTEDT, O. & DAHME, H. J. A modernidade atemporal dos clssicos da

    sociologia: reflexes sobre a construo de teorias em mile Durkheim, Ferdinand Tnnies,

    Max Weber e especialmente Georg Simmel. In: SOUZA, Jess & OELZE, Bertthold.

    Simmel e a modernidade. Braslia: Ed UNB, 1998. p. 191-223.

    SIMMEL, Georg. La ampliacin de los grupos sociales a la formacin de la individualidad.

    In: ______ Sociologa, 1: estudios sob las formas de socializacin. Madrid: Alianza

    Editorial, 1977. p. 741-808.

    ______. La cantidad en los grupos socials In: ______ Sociologa, 1: estudios sob las

    formas de socializacin. Madrid: Alianza Editorial, 1977. p. 425-478

    ______. O dinheiro na cultura moderna (1890) I n.: SOUZA, Jess & OELZE

    .Bertthold (org) Simmel e a modernidade. Braslia: Ed UNB, 1998. p. 23-40

    .

    SOUZA, Jess. Charles Taylor e a teoria crtica do reconhecimento In: ______. A

    modernizao seletiva: uma reinterpretao do dilema brasileiro. Braslia: Editora UNB,

    2000. p. 95-123.

    TAYLOR, Charles. A cultura da modernidade In: ______. As fontes do self: a construo

    da identidade moderna. So Paulo: Edies Loyola, 1997. p. 369-395.

    ______. A natureza interior In: ______. As fontes do self: a construo da identidade

    moderna. So Paulo: Edies Loyola, 1997.p. 241-259.

    ______. Explorando L humaine condition In: ______ As fontes do self: a construo da

    identidade moderna. So Paulo: Edies Loyola, 1997. p. 231-341.