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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ ......5 os resultados de violência ocorridos que, muitas vezes, comprometem a qualidade do desenvolvimento da aprendizagem escolar. Durante

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

INDISCIPLINA E VIOLÊNCIA NA ESCOLA: UMA PROPOSTA DE

TRABALHO

Artigo Científico apresentado à

Secretaria de Estado da Educação, no

Programa de Desenvolvimento Educacional,

como atividade final do quarto semestre de

2012, sob a orientação da Doutoranda

Janete Ritter, pela Universidade Estadual do

Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de

Cascavel - PR.

CASCAVEL – PR

JULHO/2012.

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INDISCIPLINA E VIOLÊNCIA NA ESCOLA: UMA PROPOSTA DE TRABALHO.

MARIA APARECIDA DEMITO PILEGI¹

JANETE RITTER²

RESUMO: Ao concluir a implementação do projeto do PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional - podemos observar que a escola perpassa ao longo do caminho por múltiplas fases dos alunos, por isso, precisa organizar-se pedagogicamente, promovendo ambientes tranquilos que possam construir valores humanos necessários à formação do caráter. Percebemos que os comportamentos são frutos dos ambientes a que somos expostos, então é importante ensinar às crianças determinados valores humanos que venham contribuir para sua formação. Atualmente o que torna o trabalho educacional enfadonho não é a transmissão de conhecimento científico, mas os empecilhos que os profissionais enfrentam para a concretização do seu trabalho educativo. Sabemos também que não é tarefa fácil administrar as emoções, por isso, precisamos ter consciência que a geração que aí está é fruto da forma como nós adultos a preparamos e a formamos. Não pretendemos por a culpa em alguém e nem achar culpados, mas a escola, família e sociedade precisam buscar alternativas de superação para uma formação de qualidade. Estudos concluem que sempre haverá situações de indisciplina e violência, mas precisamos saber lidar com cada um destes momentos. A educação do século XXI requer novas habilidades e compreensão por parte dos educadores, o que provou nesta implementação é de que temos um longo caminho a percorrer, pois há desafios tanto para o profissional da educação superar, quanto para os alunos e, principalmente, para seus responsáveis.

Palavras-chave: Valores Humanos; indisciplina e Violência.

_____________________ 1 MARIA APARECIDA DEMITO PILEGI, Pedagoga, formada pela FAFIJAN-PR e Letras/Inglês pela

UNIOESTE-Cascavel-PR, Pós-Graduada em Didática da Educação pela Faculdade São Luiz-SP, Aluna do PDE/2010. ² JANETE RITTER, Pedagoga, Mestre pela UFPR, Doutoranda da UNICAMP.

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Abstract:

Concluding the project implementation for the PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional we can observe that school pervades along the way by multiple students’ phases, therefore need to organize it educationally; promoting peaceful places that may make human values necessary to formation the character. We realize that the behaviors are the result of the places we are exposed, then it is important to teach children certain human values that contribute to their formation. Nowadays which makes the boring educational work is not the transmission of scientific knowledge, but the obstacles that professionals face in the realization their educational work. We also know that is not easy governing emotions, so we need to realize that there is a generation that is the result of how we prepare them. We do not want to blame someone and not feel guilty, but the school, family and society need to search alternatives to overcome for a quality education. Studies conclude that there will always be situations of indiscipline and violence, but we need to deal with each of these moments. The education on XXI century requires new skills and understanding by educators, which proved in this implementation is that we have a long way to go, because there are challenges for both professional education to overcome, and for students and especially for their guardians.

1 INTRODUÇÃO

O assunto que pretendemos tratar neste artigo não é inédito e nem tão pouco

novidade porque já é sabido por todos, ou quase todos, que desde a criação do

mundo a questão da violência se fez presente entre os seres humanos. Basta

observarmos na Bíblia Sagrada, no livro de Gênese o qual relata sobre as origens

da criação do mundo e da humanidade que descreve o primeiro caso de indisciplina

e, consequentemente, de violência, fazendo com que o Criador se arrependesse de

sua criação. Vejamos na íntegra o que diz em Gênese, no Capítulo-6, versículo-6:

“O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem na terra, e teve o coração ferido de

íntima dor”.

Se observássemos mais passagens bíblicas sobre a violência iríamos

encontrar inúmeras delas, mas dentre as quais, basta citarmos o primeiro crime

relatado também no livro de Gênese, Capítulo-4, versículo-8, que diz: “Caim disse

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então a Abel, seu irmão – “Vamos ao campo”. Logo que chegaram ao campo, Caim

atirou-se sobre seu irmão e matou-o.”

Sabemos que violência gera violência e que a maioria delas são provocadas

por falta de disciplina. Sabemos também que os valores humanos têm uma grande

importância no combate à indisciplina e violência quando repassados de forma

consciente. E que existem vários tipos de violência, mas neste projeto de

implementação do Programa de Desenvolvimento Escolar- PDE desenvolvemos

estudos e pesquisas bibliográficas sobre a indisciplina e violência na escola,

especificamente.

Estudos apontam que o fundamental é trabalhar com um projeto de

enfrentamento da indisciplina e violência na escola que envolve todo o seu coletivo,

ou seja, para ser devidamente equacionado tal problema, deve ser construído e

assumido em sua totalidade, com clareza do que queremos alcançar como resultado

possível de acontecer, com o compromisso de toda comunidade escolar envolvida,

como, pais, alunos, funcionários, professores, equipe pedagógica e direção da

escola, mas é necessário ressaltar que a indisciplina e nem a violência não são um

fenômeno unifatorial, ou seja, não podemos atribuir unicamente causas exógenas e

ou endógenas como dimensões relativas aos fatores situacionais, mas o êxito de

influências que os sujeitos possuem no seu autoconceito e que podem repercutir em

vários aspectos em suas vidas, perante a cada atitude tomada. Daí a necessidade

de se ter parâmetros, leis, que são nada mais, ou nada menos do que normas e

regras para se cumprir.

Abramovay e Rua, 2003, citam em um de seus textos Repercussões das

violências e soluções alternativas que:

As situações de violências comprometem o que deveria ser a identidade da escola --- lugar de sociabilidade positiva, de aprendizagem de valores éticos, pautados no diálogo, no conhecimento da diversidade e na herança civilizatória do conhecimento acumulado. Essas situações repercutem sobre a aprendizagem e a qualidade do ensino tanto para alunos, quanto para

professores. (ABRAMOVAY e RUA, 2003, p.65).

A sociedade moderna se mostra um tanto conturbada pelos acontecimentos

que frequentemente são exibidos na mídia e redes sociais, alavancando ainda mais

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os resultados de violência ocorridos que, muitas vezes, comprometem a qualidade

do desenvolvimento da aprendizagem escolar.

Durante o desenvolvimento das oficinas de implementação do PDE tivemos a

confirmação dos vários estudos e pesquisas estudados por autores que tratam sobre

o fenômeno da violência, da indisciplina e da falta de valores humanos que assolam

o mundo. Através das diferentes práticas desenvolvidas com os alunos oficineiros

observamos que há angústias e indignações de ambas as partes, professores e

alunos diante do problema abordado.

Yves De La Taille, 1992, nos dá mais uma contribuição diante das

encruzilhadas diárias de o que fazer? Por aonde ir? Compreender ou reprimir? Que

alternativas? Diante de um dos maiores obstáculos pedagógicos dos dias atuais,

vejamos:

Lembra que resta à escola uma solução: Lembrar e fazer lembrar em alto e bom tom, a seus alunos e à sociedade como um todo, que sua finalidade principal é a preparação para o exercício da cidadania. E, para ser cidadão, são necessários sólidos conhecimentos, memória, respeito pelo espaço público, um conjunto mínimo de normas de relações interpessoais, e diálogo franco entre olhares éticos. (LA TAILLE, 1992, p.23, in Julio G Aquino, 1996).

Fez-se necessário assim, um trabalho de reflexão sobre os valores humanos

e como estes interferem e se relacionam com a indisciplina e a violência escolar.

Sendo esse nosso objetivo, além disso, procurar sensibilizar os docentes e

discentes sobre a importância de saber lidar com os conflitos que atingem a pré-

adolescência e a adolescência na atualidade e desenvolver a capacidade de intervir

e de evitar comportamentos agressivos que acarretam atos de indisciplina e

violência com prejuízos na aprendizagem.

2 DESENVOLVIMENTO DO RELATÓRIO DE IMPLEMENTAÇÃO

O primeiro passo para dar início ao projeto de implementação do Programa

de Desenvolvimento Educacional - PDE sobre “Indisciplina e Violência na Escola:

uma proposta de trabalho”, que foi exposto aos alunos dos nonos anos do Colégio

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Estadual Vital Brasil, dos períodos matutinos e vespertinos, como seria trabalhada

as oficinas, a importância e a necessidade de desenvolver atividades na escola com

os demais alunos sobre valores humanos, indisciplina e, consequentemente, a

violência, face aos acontecimentos que recentemente vem assolando toda

comunidade escolar com mais incidência, sem escolha de classe, espaço e/ou

cultura a que pertencem os envolvidos, tanto como praticantes ou como vítimas de

violência escolar, especificamente as que se referem às agressões físicas, verbais e

morais.

Foi feito o convite com muito incentivo aos alunos para participarem das

oficinas, os quais aceitaram e foi entregue no mesmo momento aos futuros

oficineiros uma autorização para que seus pais assinassem, explicando local,

horário e datas, também os assuntos a serem estudados nas oficinas, para que eles

pudessem participar com esmero e ciência de seus pais e/ou responsáveis.

Na primeira oficina de implementação, após dar boas vindas e ao mesmo

tempo agradecendo por estarem colaborando e participando do projeto de

implementação do PDE, foi explicado aos alunos oficineiros o que é implementação

e a repercussão que se espera surtir, porque no final teremos que apresentar um

resultado.

Iniciou-se com uma mensagem sobre um clipe do filme “O Gladiador”,

denominada “Força e Honra” e após assistirem foram feitas várias reflexões,

explorando as ideias repassadas na mensagem sobre: “através de quais atitudes se

constrói a honra?” “Poder se conquista com força (violência), ou com respeito e

honra?” “Que exemplos podemos citar do nosso cotidiano que são conquistados

com respeito e honra?” “Quais são os valores que são destacados na mensagem

assistida sobre Força e Honra?” “As pessoas disciplinadas conseguem ter

admiração? Por quê?” “Quais valores vocês consideram primordial na nossa vida?

Por quê?” “O que precisa urgentemente ser considerado primordial no ambiente

escolar para diminuir os casos de desrespeito e violência?”

As reflexões foram unâmines quanto à mensagem do vídeo, pois segundo os

oficineiros devemos ser persistentes e acreditar nos nossos sonhos, tentar sempre

alcançar os objetivos por mais medo insegurança que sentir, nunca desistir, valorizar

e respeitar todas as pessoas.

Em seguida foi desenvolvida uma técnica de socialização com bexigas, as

quais eram cheias pelos alunos que iriam colocando através de pensamentos tudo

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que acreditavam ser importante na e para a vida deles, pois não podiam deixar

estourar e nem deixar cair no chão, eles iriam brincar, jogar para cima, mas não

podiam deixar cair, e quando eles fossem tocados pela professora, deveria ficar

congelados, por sua vez, o colega teria que socorrer sua bexiga para que ela não

caísse. Ao tocar em vários alunos para congelarem, os demais teriam que se

desdobrarem para socorrer a bexiga do colega, a qual caía no chão.

Espaçadamente, ao segundo toque o aluno ficaria descongelado e passava a

socorrer as bexigas que estavam pelo chão, sem mesmo saber de quem fosse.

Assim todos descongelados, as bexigas voltavam ao ar e a brincadeira se tornaria

mais prazerosa e tranquila.

Conversamos sobre o que sentiram e o que entenderam. A reflexão foi muito

rica porque se percebeu a importância do trabalho em grupo, a responsabilidade que

cada participante precisa ter e a necessidade da ajuda mútua, também se observou

que quando um falta com sua parte sobrecarrega o outro.

Para encerrar a primeira oficina foi colocada uma caixa sobre a mesa para

que escrevessem algo sobre “qual seria o maior desafio para a vivência em grupo no

seu dia-a-dia?” Não precisaria por nome e que seria a hora de tirar dúvidas ou dar

sugestões e seria também assunto de discussão no início da segunda oficina.

2.1 A QUESTÃO DA INDISCIPLINA NA ESCOLA

Para iniciar a oficina direcionada sobre a questão da indisciplina foi discutido

quais os maiores desafios que os alunos encontram para a vivência em grupo no

dia-a-dia, e as respostas de maior incidência foram insegurança, ansiedade e até

medo. Em seguida foi discutido sobre os diferentes significados de indisciplina,

segundo alguns dicionários dispostos em sala e apresentado em slides partes dos

significados descritos no artigo de implementação, que foi o material didático

apresentado, de autoria de Maria Aparecida Demito Pilegi, sob a orientação da

Doutoranda Janete Ritter, no PDE/2010.

Foram citados vários exemplos do cotidiano que são considerados falta de

disciplina e destacadas algumas situações que ocorrem na escola e na sala de aula

que também são atos indisciplinar. Dando sequência, foi feita a leitura de um texto

intitulado “As Três Peneiras de Sócrates”, cujos comentários dos alunos foram

comparações com os exemplos antes citados por eles, de que vários conflitos

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acontecem porque as pessoas são indisciplinadas e não se utiliza a prática das três

peneiras de Sócrates, sem citar nomes, os alunos também citaram alguns fatos

acontecidos na escola que se tivessem passados pelas peneiras teriam evitados

muitos acontecimentos indesejáveis de indisciplina e que se tornaram casos de

violência.

Vários pensamentos de autoria de Sócrates foram entregues para cada dupla,

que após lerem e discutirem foram apresentados ao grande grupo várias reflexões, o

que gerou a exposição de vários pontos de vista dos alunos participantes da oficina

sobre indisciplina na escola e na sala de aula.

Também foi estudado um texto de Dulce Critelli “Ensinar a Pensar”, que

conforme a leitura era efetuada se discutia parágrafo por parágrafo e as reflexões

eram fundamentadas nas vivências cotidianas do grupo de alunos, pontuando

alguns destes atos de indisciplina, o que passavam a compreender e o que

poderiam fazer para melhorar suas atitudes.

2.2 CONCEITUANDO A VIOLÊNCIA ESCOLAR

Como já previsto no artigo de implementação fizemos a leitura dos vários

conceitos de violências, citados no referido material didático apresentado no PDE

2010 de autoria de Maria Aparecida Demito Pilegi, sob a orientação da Doutoranda

Janete Ritter.

Assistimos a vários vídeos sobre atitudes de indisciplina em sala de aula que

se tornaram atos violentos, principalmente no que se diz respeito ao uso de celular

em sala de aula, bate boca entre alunos e professores, alunos com outros alunos,

que acabaram em pancadarias, alguns tiveram resultados graves ou até mesmo,

mortes.

Foi também exibido aos alunos vídeos de professores estressados em sala de

aula e relatando no decorrer dos seus discursos que estão doentes, pois na maioria

das vezes que ocorrem tais situações, é ressaltada a falta de autocontrole perante a

indisciplina dos alunos.

Para desenvolver um espírito de compreensão e de combate à violência todos

os alunos participaram de uma dinâmica sobre “O autoretrato”, desenhado, cujo

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objetivo era aprofundar nos alunos participantes a percepção de si mesmo, fazendo

com que percebessem as motivações que interferem nos sentimentos, nos

pensamentos e, por conseguinte, nas ações.

É uma dinâmica rica, prazerosa, leve e descontraída, mas que pode emergir

emoções intensas favorecendo aos adolescentes o encontro consigo mesmo,

possibilitando assim a compreensão de que precisamos estar sempre preparados

para não temer e nem abusar das diferentes reações que podemos receber ou

provocar no próximo.

Esta dinâmica consiste em ressaltar cada membro do corpo algo como

sentimento, necessidade, metas para a vida, entre outros, mas o que mais foi

destacado e, quase que unâmine, foi a do coração que teria que sair um balão

deste, indicando três paixões, as quais foram o amor pela família, Deus e amigos.

Alguns priorizaram a vida, assim, provaram que não importa a classe social, cultural

ou econômica, todos valorizam muito a família e os amigos. Com isso, houve uma

reflexão da necessidade de compreender mais os seres humanos com quem

convivemos maior parte de nossa vida.

Durante a reflexão ficou claro que conviver com as diferenças pode gerar

conflitos, mas que é uma oportunidade de aprendizagem e crescimento pessoal,

pois quando se discute valores não pode haver espaço para imposições, porque os

valores são construídos com o tempo e a partir das vivências individuais, das trocas

interpessoais e da cultura em que cada um está inserido.

Por isso não cabe ao educador dizer o que é certo ou errado, apresentar

conclusões ou chegar a respostas definitivas, mas é importante que ele faça circular

ideias e ou sentimentos para que cada um reveja e enriqueça seus pontos de vista,

para tomar a suas decisões.

O objetivo era despertar e incentivar o grupo de alunos a fazer um “ensaio do

regulamento interno do Colégio”, ou seja, a ideia ou sugestão partindo deles se

tornaria mais aceitável e, dessa maneira, haveria maior cumprimento das mesmas e

com isso se observou o desejo destes alunos de que haja regras, mas que estas

sejam cobradas e cumpridas tanto pelos alunos, quanto pelos professores.

Assim no próximo encontro fizemos o ensaio do regulamento interno para a

escola, criando para cada ato, considerado pelos alunos falta de disciplina, uma

sugestão de combate e até radicalização da mesma. O que foi surpreendente para a

equipe pedagógica da escola que nos acompanhava nas observações que eram

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relatadas e sentidas por eles, cuja visão e/ou reflexão, muitas vezes cobradas com

rigor e conhecimento de seus direitos.

Primando por uma escola justa, dinâmica e de qualidade foi entregue em

forma de sugestão para a Direção atual da escola e também para a Direção que iria

assumir no próximo ano letivo de 2012, uma cópia do chamado “Ensaio do

Regulamento Interno do Colégio”, em forma de carta, a qual não será anexada neste

artigo porque os co-autores não autorizaram.

A implementação foi encerrada com uma palestra para todos os alunos dos

nonos anos do ensino fundamental do Colégio Estadual Vital Brasil, ministrada pelo

Presidente do Conselho Tutelar de Vera Cruz do Oeste, Paraná, representado na

pessoa do Subtenente Cirleno Santos, que tem uma vasta experiência e um

conceituado conhecimento e respeito de toda comunidade.

A palestra teve como tema “A Violência Gerada Por Indisciplina e a Falta de

Valores Humanos”. Os alunos questionaram mais sobre: Quais motivos que levaram

a atos de violência atendidos pelos conselheiros no último trimestre do ano de 2011?

Quais leis de penalidades são atribuídas aos casos citados na questão anterior? Na

opinião do Conselheiro Cirleno Santos o que deveria ser feito para diminuir a

violência e a indisciplina escolar? E qual é a visão que o Conselheiro tem do

adolescente de hoje?

As reflexões feitas pelo Conselheiro atenderam as expectativas dos alunos,

os quais queriam mais tempo de palestra e o assunto que mais exploraram foi o da

violência e a justiça que se faz sobre a mesma, se percebeu que os adolescentes

são indignados com algumas situações de violência em que a lei não é cumprida

como deveria ser, ou seja, a justiça é falha.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho de implementação do projeto do PDE/2010, sobre a

indisciplina e, consequentemente, violência na escola, muitas vezes, causadas por

falta de valores humanos, observou-se que não há solução fácil, mas que é

essencial trabalhar com questões relacionadas à moral e ao convívio social e criar

sempre um ambiente de cooperação nos espaços educacionais.

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Ficou claro que as questões ligadas à indisciplina são da natureza humana,

complexas e incertas, que muitas vezes é preciso rever conceitos e analisar

resultados, principalmente as que se referem às formas mais rígidas de se lidar com

os conflitos, pois muitas vezes os resultados imediatistas resultam na piora das

relações entre alunos e professores, comprometendo o comportamento de toda a

turma e não somente dos envolvidos nos atos indisciplinarem.

Observou-se também que há necessidade de discutir mais sobre regras

morais das convencionais, pois há um erro em regimentos escolares. Estes tipos de

regras serem situados num mesmo patamar, ou seja, as regras convencionais

merecem clareza nas definições e tem fundamentos nas negociações através da

conversa e diálogo constante.

As questões ligadas à moral devem ser tratadas como conteúdos de ensino,

segundo a Revista Nova Escola, nº 226, outubro, 2009, p.80 relata uma pesquisa

“de 2002 com 120 universitários, de Montserrat Moreno e Genoveva Sastre, da

Universidade de Barcelona, indagou sobre a utilidade do que eles aprenderam na

escola para a resolução de conflitos na vida adulta. Apenas 3% apontaram que os

professores lhes ensinaram atitudes e formas específicas de agir.” Nos relatos dos

alunos oficineiros ficou claro que há uma falta constante de diálogo e compreensão

entre professores e alunos, parecem pertencerem a mundos diferentes e a questão

do respeito é imprescindível nesta relação e é o que falta na maioria dos conflitos

gerados.

Nesta mesma revista e página citada no parágrafo anterior, Luciene Tognetta,

do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Unicamp

diz que: “Esperar que os pequenos, de modo espontâneo, saibam se portar perante

os colegas e educadores é um engano. É abrir mão de um dever docente.” E ainda

afirma Luciene que a realidade relatada na pesquisa de 2002, também no parágrafo

anterior é próxima da realidade brasileira. “Nosso estilo de ensinar é parecido, pois

joga pouca luz sobre o currículo oculto, aquele que leva em conta o sentimento do

estudante, seus desejos, suas incompreensões”. Não adianta exigir que os alunos

cumpram as tarefas se a estratégia de ensino e o tema estudado não dizem nada a

eles.

Houve muitas colocações no decorrer da implementação observado pelos

alunos a respeito das regras contidas no Regimento Escolar, as quais eram

descumpridas por parte dos alunos, mas também por alguns profissionais da

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educação, pois há necessidade de enxergar a utilidade do regimento e/ou dos

combinados para manter o bom andamento da instituição e que esta cumpre com o

que se espera da escola que é o conhecimento, com todos os envolvidos e que

respeitem o ambiente escolar, lembrando que as mudanças não acontecem como

uma mágica e não esquecer o que Jean Piaget (1896-1980), também citada na

Revista Nova Escola acima descrita, questionava a possibilidade de a criança

adquirir essa consciência se todo dever sempre emana de pessoas superiores, por

isso precisa ser baseada na cooperação e no entendimento do que é ou não é

moralmente aceito.

Concluímos que o fenômeno da violência sempre existiu e nunca deixará de

existir, mas que segundo Abramovay e Rua (2003) é necessário saber distinguir

violência de indisciplina e que um não é o outro, pois violência não compete à

Instituição escolar resolver, porque há órgãos especializados para atender casos de

violências, deixemos então que tomem as providências cabíveis a cada ato violento,

no entanto, não devemos conformar diante destes e até achar que é normal.

Mas a indisciplina escolar é de inteira responsabilidade da família e da escola

para resolver as situações que por ventura virem acontecer no âmbito escolar,

lembrando que atos indisciplinares é um dos caminhos para se chegar à violência,

por isso há necessidade de intensificar nossos olhares para as situações mais

comuns de indisciplina ocorrida dentro do ambiente escolar.

Precisamos trabalhar mais com a questão dos valores humanos que estão

esquecidas pela maioria nesta época em que vivemos da explosão tecnológica, a

qual facilita a divulgação de uma mega diversidade cultural e econômica que afetam

diretamente a falta de controle por parte dos responsáveis, os quais lhes faltam

tempo e muitas vezes a qualidade deste tempo a que dedicamos com a formação

humana destes “adultos em Miniaturas”, que a sociedade moderna desenvolveu e

desenvolve em nossos adolescentes.

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