33
SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE Material Didático PROFESSORA PDE: DIRCE NAVROSKI CORREA FERNANDES ORIENTADORA: Profª. Drª MARIA CLECI VENTURINI PRUDENTÓPOLIS 2008 1

SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

  • Upload
    trandan

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

Material Didático

PROFESSORA PDE: DIRCE NAVROSKI CORREA FERNANDES

ORIENTADORA: Profª. Drª MARIA CLECI VENTURINI

PRUDENTÓPOLIS 2008

1

Page 2: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

CADERNO PEDAGÓGICO

LEITURA

DIRCE NAVROSKI CORRÊA FERNANDES

Orientadora: Profa. Dr. Maria Cleci Venturini

2

Page 3: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

SUMÁRIO

1.0 Apresentação - Leitura e Escrita: Prática Discursiva entre Sujeitos... 042.0 Organização teórico-metodológica....................................................... 063.0 Unidade 1: Níveis de leitura................................................................. 073.1 Introdução do tema.............................................................................. 073.2 Sobre política e jardinagem – Rubem Alves........................................ 083.2 1 Sugestões de atividades...................................................................... 103.3 Machado de Assis................................................................................ 123.3. 1 Sugestão de atividades........................................................................ 123.4 O Analfabeto Político: Berthold Brecht................................................ 143.4.1 Atividades de leitura e exterioridade.............................................. 153.4.2 Imbricação de discursos na leitura: atividades..................................... 163.5 Concluindo............................................................................................ 164.0 Unidade 2: sujeito, discurso e memória............................................... 184.1 Introdução do tema.............................................................................. 184.2 Titãs – Itamar de Oliveira..................................................................... 184.2.1 Os fios que tecem a rede pela interdiscursividade............................... 194.2.2 Figuras da mitologia............................................................................. 224.2.3 Relações entre discursos e atividades................................................. 244.3 Concluindo............................................................................................ 255.0 Unidade 3: O espaço urbano na leitura do político.............................. 265.1 Introdução do tema............................................................................... 265.2 Que País é Este – Legião Urbana........................................................ 265.2.1 Sugestões de atividades...................................................................... 275.3 De 1930 a 1945: a Era Vargas............................................................. 285.3.1 Carta testamento ................................................................................. 295.4 Concluindo............................................................................................ 316.0 Referências ......................................................................................... 32

3

Page 4: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

1.0 APRESENTAÇÃO - Leitura e Escrita: Prática Discursiva entre

Sujeitos

A Análise do Discurso, de linha francesa, desenvolvida a partir dos anos 60, por Michel

Pêcheux e no Brasil, por Eni Orlandi, é uma disciplina de entremeio, cuja atuação se situa

entre a lingüística (releitura de Saussure por Pêcheux), o marxismo histórico (releitura de

Marx, por Althusser) e a Psicanálise (releitura de Freud, por Lacan). O trabalho com a leitura,

nessa perspectiva, considera que há um saber discursivo, uma memória que não se aprende,

filiações a sentidos, a que, enquanto seres simbólicos, estão sujeitos e sobre os quais não

temos controle em termos de “transmissão” de sentidos”, (Orlandi, 2001, p. 69).

O seu objeto é o discurso, analisado, na perspectiva de Orlandi, a partir de textos,

definido como linguagem como não é transparente e o texto tem uma materialidade simbólica

própria e significativa. Não leva em consideração somente o texto analisado para

compreender e identificar os significados presentes nele. São consideradas as condições de

produção de um determinado discurso, uma vez que o sentido pode mudar de acordo com

essas condições de produção.

A análise, nessa perspectiva, considera a linguagem como produção social e

compreende o sujeito, como produtor do discurso e receptor do discurso. O sujeito, não é visto

como uma pessoa, mas como uma posição social, do qual o sentido não emana, uma vez

que, segundo Pêcheux (1997) é assujeitado à ideologia e atravessado pelo inconsciente. O

assujeitado se dá pelos desdobramentos desse sujeito, delimitados por Pêcheux (idem, p.

214) por dois termos: o locutor (responsável pelo que é dito) e o sujeito do saber (memória do

saber, dada pelo interdiscurso).

O interdiscurso funciona pela memória, que de acordo com o mesmo autor, sustenta a

possibilidade do dizer. A situação é o contexto, levando sempre em conta o momento histórico,

sob a forma de pré-construído, que sustenta a busca do sentido, que se dá pela leitura, que

segundo Orlandi (2002, p. 26) se dá em três níveis: o primeiro fica no nível do inteligível, e

corresponde à decodificação, isto é, ler e saber o que está escrito. O segundo nível é o da

interpretação e considera o sentido “pensando-se o co-texto (as outras frases do texto) e o

4

Page 5: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

contexto imediato”. Já o terceiro nível, o da compreensão consiste em “saber como um objeto

simbólico (enunciado, texto, pintura, música, etc.) produz sentido”. Nesse nível buscam-se as

outras possibilidades de sentidos, que possibilitam, segundo Orlandi (idem) “escutar” outros

sentidos que ali estão, e que o leitor, muitas vezes, não alcança.

Na leitura discursiva, o terceiro nível é aquele que possibilita perceber o funcionamento

da língua na história, considerando o que está “fora” do texto. Assim, o sentido nunca é

apenas, ele depende da inscrição do sujeito a formações discursivas e a filiação a redes de

memória, que decorrem da repetição (paráfrase) e da possibilidade do novo (polissemia).

O trabalho com os textos, que encaminham para discursos, considera também o

retorno de discursos ao eixo da formulação, é o que vamos trabalhar nesse caderno

pedagógico. A leitura vista em sua acepção mais ampla, pode ser entendida como “atribuição

de sentidos”. Daí ser utilizada indiferentemente tanto para a escrita como para oralidade

(Orlandi, 1993, p. 7).

No Ensino Médio, a leitura segue caminhos dentro do ambiente escola: faz com que os

jovens melhorem suas habilidades e tomem consciência da necessidade de lidar criticamente

com os textos para não se deixar aprender por uma sociedade consumista e massificadora,

ampliando a autonomia intelectual desse aluno. A sala de aula é o lugar de formação de

leitores e a leitura deve ser uma das mais importantes atividades na escola e fora dela.

O tema do caderno pedagógico é o discurso político, que será tomado pelo viés da

memória – o interdiscurso – que se lineariza no fio do discurso de duas formas, como

articulação ou como discurso transverso (atravessamento de discursos). O interlocutor, nesse

sentido, é o professor, com o qual se pretende discutir a leitura como prática, em que o sentido

nunca é um, mas constitui-se de acordo com o sujeito, que é heterogêneo, o que significa a

possibilidade de ocupar várias posições na estrutura social. O resultado de um trabalho como

esse é o abandono da leitura como decodificação.

Antecipamos que um texto pode encaminhar para um discurso ou outro, e que os

discursos que retornam não são os mesmos para todos os leitores, pois dependem dos

sujeitos, de suas filiações. Por isso é importante buscar o sujeito-autor e as condições de

produção de cada materialidade.

5

Page 6: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

2.0 ORGANIZAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA

O desenvolvimento teórico abordará o conteúdo estruturante o discurso político,

a leitura como prática social, que na perspectiva discursiva tem como objeto de análise

o discurso, analisado a partir de textos, dos quais são recortadas seqüências

discursivas de referências, que Courtine (1982) entende como parte de discursos

efetivamente realizados.

Discursivamente não se busca os conteúdos, mas os efeitos de sentidos para

saber “como” o texto significa pelo trabalho da língua na história. Assim, uma mesma

palavra, expressão, proposição, de acordo com Pêcheux (1997) significa

diferentemente, tendo em vista a inscrição do sujeito a formações discursivas (FDs),

que determinam o que “pode ou deve ser dito”.

O sujeito de que se fala não é um indivíduo, mas uma “posição”, que é

determinada pelo seu lugar na formação social. Pode-se dizer, de acordo com os

teóricos estudados, que o sujeito é descentrado, apesar de se constituir pela dupla

ilusão de ser a origem do dizer (correspondente ao inconsciente) e de que o dizer só

pode ser um (correspondente à enunciação).

Nesse trabalho, o nosso objeto é o discurso político que será analisado a partir

de textos, dos quais se recortará seqüências discursivas (SDRs), mostrando que o

sentido organiza-se em dois eixos: o interdiscurso (memória) e o intradiscurso

(materialidade textual) e também que o texto, que é, segundo Orlandi (2001, p. 69) “um

objeto simbólico”, que articula sujeito-língua e história, sujeito-autor e discurso.

Na leitura ocorre o efeito-leitor, isto é, a relação do sujeito com o sentido.

Segundo Orlandi (1993, p. 55) “O discurso não é um conjunto de textos, é uma prática.

Para se encontrar sua regularidade não se analisam seus produtos, mas os processos

de sua produção”. Esse é o centro deste caderno pedagógico, pois se pretende dar

visibilidade à leitura como prática social, encaminhando para o que está fora da

materialidade textual, mas significa nela, legitimando ou apagando determinadas

interpretações ou sentidos.

6

Page 7: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

As questões metodológicas vão sendo colocadas em cada unidade, introduzindo-

as, ou antes das aplicações, pois se entende que o processo de leitura é fragmentada,

mas realiza-se em sua totalidade. Isso significa faz retornar, o que destacamos

anteriormente, citando Orlandi, que não há como “gerenciar” os sentidos, pois ele

depende de sujeito.

7

Page 8: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

3.0 UNIDADE 1: Níveis de Leitura

3.1 Introdução do tema

Antes de iniciarmos o trabalho da leitura como prática social, enfocando o

discurso político, é imprescindível que se entenda o vocábulo político, suas implicações,

as relações que estabelece. No entanto, o analista, ou o professor, no momento em que

“seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político,

porque revela a filiação do professor a redes de memória e as projeções imaginárias

que faz dele mesmo e também do aluno.

Por isso, apesar de serem muitas as possibilidades, reportamos à leitura do

político realizada por Rubem Alves, Machado de Assis e Berthold Brecht. No primeiro

trabalho o tema central gira em torno da educação, que é o gesto político fundamental.

No segundo, Machado de Assis, utiliza-se da ficcionalidade para denunciar as práticas

políticas da sociedade em geral. No terceiro, faz uma crítica daqueles que não se

posicionam em relação ao político, dizendo que estes são os piores analfabetos.

O foco dessa primeira unidade é a leitura realizada em três níveis: o inteligível, o

interpretável e o compreensível.

Ler é fazer amor com as palavras (Rubem Alves

3.2 Sobre política e jardinagem

Rubem Alves

De todas as vocações, a política é a mais nobre. Vocação, do latim "vocare",

quer dizer "chamado". Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por

um "fazer". No lugar desse "fazer" o vocacionado quer "fazer amor" com o mundo.

8

Page 9: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.

"Política" vem de "polis", cidade. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro,

ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O

político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a

serviço da felicidade dos os moradores da cidade.

Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com

cidades; sonhavam com jardins. Quem mora no deserto sonha com oásis. Deus não

criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se perguntássemos a um profeta hebreu "o que

é política”? ” ele nos responderia”, a arte da jardinagem aplicada às coisas públicas".

O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu

amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si

mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está o deserto? É preciso que o

deserto inteiro se transforme em jardim.

(...)

Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na

própria ação. Na profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho

que dela se deriva. O homem movido pela vocação é um amante.

Faz amor com a amada pela alegria de fazer amor. O profissional não ama a

mulher. Ele ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô.

Todas as vocações podem ser transformadas em profissões O jardineiro por

vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para

construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente

o deserto e o sofrimento.

Assim é a política. São muitos os políticos profissionais. Posso, então, enunciar

minha segunda tese: de todas as profissões, a profissão política é a mais vil. O que

explica o desencanto total do povo, em relação à política. Guimarães Rosa, perguntado

por Günter Lorenz se ele se considerava político, respondeu: "Eu jamais poderia ser

9

Page 10: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

político com toda essa charlatanice da realidade.... Ao contrário dos "legítimos"

políticos, acredito no homem e lhe desejo um futuro. O político pensa apenas em

minutos. Sou escritor e penso em eternidades. Eu penso na ressurreição do homem."

Quem pensa em minutos não tem paciência para plantar árvores. Uma árvore leva

muitos anos para crescer. É mais lucrativo cortá-las. Alves, Rubem.In: Folha de São

Paulo, 19 de maio 2000© .

É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte

sejam citados e esta nota seja incluída.

3.2 1 Sugestões de atividades

1. Em seu texto, Rubem Alves separa o sujeito político em duas categorias: o

vocacionado e o profissional. Retorne ao texto faça um paralelo que possibilita

caracterizar um e outro.

Político vocacionado Político profissional

2, Em seu texto Rubem Alves traça juízos de valor a favor ou contra determinado tipo

de político, sinalizando para a sua filiação, enquanto sujeito. A legitimidade de suas

“opiniões” decorre da sua atuação profissional. Por isso, é importante, sabermos:

a) Quem é Rubem Alves?

b) Ele se filia a alguma tendência política?

c) Teologia , Filosofia e Psicanálise são as três especialidades desse grande escritor ,

mas o que o ajudou a enfrentar problemas existenciais foi a Literatura. Como se explica

este fato?

10

Page 11: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

d) Admirador de Adélia Prado, Guimarães Rosa, Manoel de Barros, Octávio Paz,

Saramago, Nietzsche, T. S. Eliot, Camus, Santo Agostinho, Borges e Fernando Pessoa,

entre outros, tornou-se autor de inúmeros livros, é colaborador em diversos jornais e

revistas com crônicas de grande sucesso, em especial entre os vestibulandos. No texto

há evidência dessa admiração, de que forma esse escritor foi relacionado com a

política?

3 . Por Rubem Alves 02/05/2003 às 06:05

“Escrevo para você, jovem, para seduzi-lo à vocação política. Talvez haja um

jardineiro adormecido dentro de você”.

Este enunciado interpela o jovem, buscando a sua filiação à política. Qual o efeito de

sentido dessa interpelação no fio do discurso?

4 - O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Constitua

redes parafrásticas para mostrar as possibilidades de sentido.

5. Até 1964, o Brasil adotou o sufrágio universal e direto: vereadores, prefeitos,

deputados, governadores, senadores e Presidente da República eram eleitos pelo

povo. Em 1964 teve início no Brasil um longo de repressão, de silêncio. Foi retirado o

poder de decisão popular. Nesse período, coube ao Supremo Magistrado da Nação o

direito ao voto. No entanto, após 20 anos o Brasil tornou-se novamente democrático.

Os jovens encabeçaram movimentos de resistência e de luta. O resgate desse

movimento é um trabalho da memória e que faz retornar hoje outro movimento da

juventude ocorrido quando do impecheament de Fernando Collor. Busque esses dois

movimentos, descreva-os e estabeleça relações.

Este escrito, publicado primeiro na Gazeta de Notícias, como outros do livro, é o

único em que há um sentido restrito: — as nossas alternativas eleitorais. Creio que

terão entendido isso mesmo, através da forma alegórica.

11

Page 12: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

3.3. MACHADO DE ASSIS

www.google.com.br/search?hl=ptBR&q=imagens+fatos+machado+de+Assis+dominio+publico&btnG=Pe

A literatura trabalha com a ficção, mas mantém, pela verossimilhança relações com

a realidade, uma vez que o inteligível, o interpretável e o compreensível só possível

pelo trabalho da memória, a qual se liga a um real e isso faz com que, os textos

literários “carreguem” ou retomem outros discursos, que se assemelham à realidade.

Com essa reflexão, trazemos para o eixo da formulação, um pequeno fragmento de

Machado de Assis, que trata sobre o político.

3.3. 1 Sugestão de atividades

1-Leia nos contos Papéis Avulsos “A sereníssima República” para dizer quem é para

Machado de Assis o político, a que refere a República, que outros discursos ela faz

retornar.

Este escrito, publicado primeiro na Gazeta de Notícias, como outros do livro, é o

único em que há um sentido restrito: — as nossas alternativas eleitorais. Creio que

terão entendido isso mesmo, através da forma alegórica.

(Conferência do cônego Vargas)

Meus senhores,

Antes de comunicar-vos uma descoberta, que reputo de algum lustre para o nosso

12

Page 13: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

país, deixai que vos agradeça a prontidão com que acudisses ao meu chamado. Sei

que um interesse superior vos trouxe aqui; mas não ignoro também, — e fora ingratidão

ignorá-lo,

— que um pouco de simpatia pessoal se mistura à vossa legítima curiosidade científica.

Oxalá possa eu corresponder a ambas.

(...)

Mas o Globo noticiou que um sábio inglês descobriu a linguagem fônica dos insetos,

e cita o estudo feito com as moscas. Escrevi logo para a Europa e aguardo as

respostas com ansiedade.

(...)

Texto proveniente de:

A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>

2. As definições de que trata a questão anterior sustentam-se no texto por figuras

mitológicas, históricas e por metáforas. Identifique-as e comente as relações que elas

presentificam.

3. Nesse texto, o escritor caracteriza a política brasileira. Pense na prática política de

hoje e discuta a pertinência ou não de suas reflexões no texto.

4. Que tipos de políticos “constroem” a rede que define a política, a política e a prática

política.

5. Machado de Assis caracteriza-se pela ironia, pelo pessimismo, pela presença do

político. Propomos que os grupos busquem contos do escritor, que versem sobre o

“fazer político” e o apresentem para a classe, verificando os recortes efetivados.

3.4 O Analfabeto Político: Berthold Brecht.

13

Page 14: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

Atitude-Discussão-Dominação-Governo-Politico-Posicionamento

Os dois textos anteriores versam sobre a política, como prática. O texto a seguir tem

como eixo estruturador o sujeito-político, a sua participação na sociedade, nas decisões

coletivas. Bertolt Brecht relaciona o “ser analfabeto” com o fazer político. Antes de

trabalharmos o texto é importante saber quem foi o autor

Nascido Eugen Berthold Friedrich Brecht. Estudou e trabalhou como enfermeiro

num hospital em Munique durante a 1ª guerra mundial. Filho da burguesia sofreu,

como todos em seu país, a sensação de desolamento de encarar um país

completamente destruído pela guerra. Depois da guerra mudou-se para Berlim, onde o

influente crítico chamou-lhe a atenção para a apetência do público pelo teatro moderno.

Podem ser identificadas duas motivações principais para o teatro de Brecht: as

concepções marxistas do Homem, um ser que deve ser entendido observando-se o

conjunto de todas as relações sociais de que participa. Para Brecht, a forma épica é a

única capaz de apresentar as determinantes sociais das relações inter-humanas. O seu

intuito didático, a necessidade de um "palco científico" capaz de desmistificar as

relações da sociedade, esclarecendo o público e suscitando a ação transformadora.

Brecht foi responsável por aprofundar o método de interpretação do teatro épico, uma

das grandes teorias de interpretação.

Ele foi o mais autêntico representante do teatro de ação social, voltado para mostrar

que o homem tem a capacidade, o direito e o dever de transformar o mundo em que

vive. [E que não é possível lutar contra a retórica de um governo, mostrando que o

destino do homem deve ser sempre preparado por ele mesmo.]

O Analfabeto Político

“O pior analfabeto é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,

do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio

dependem das decisões políticas.

14

Page 15: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a

política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce à prostituta, o menor

abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o

corrupto e lacaio dos exploradores do povo”.

Nada é impossível de Mudar.

“Desconfiai do mais trivial, na aparência singela.

E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em

tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,

de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural

nada deve parecer impossível de mudar”.

Privatizado

“Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar”.

É da empresa privada o seu passo em frente,

seu pão e seu salário. E agora não contente querem

privatizar o conhecimento, a sabedoria,

o pensamento, que só à humanidade pertence.

3.4.1 Atividades de leitura e exterioridade

1. Com base no texto defina o analfabeto político e relacione com os eventos políticos

brasileiros, considerando como o cidadão vota, o que ele busca nos candidatos e a

prática dos políticos.

2. Trazer reportagens que ilustrem os comportamentos dos políticos no pleito para

prefeito e vereadores em sua cidade. As pessoas são analfabetizadas politicamente?

Justifique.

15

Page 16: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

3.4.2 Imbricação de discursos na leitura: atividades

Eu roubo, mas faço? ? Ademar de Barros sobre sua administração na vida

política

1. Que político brasileiro, da atualidade o enunciado acima traz para o fio do discurso?

2. Qual é a analogia (ponto de semelhança entre coisas diferentes) entre o texto

Analfabeto e o Analfabeto político.

3. Em que época política brasileira Bertolt Brecht escreveu esse texto e que em que

época Ademar de Barros fez essa afirmação.

4. Ademar de Barros é um conhecido político que governou um estado brasileiro.

Busque saber mais sobre este político polêmico.

5. Ademar de Barros e Jânio Quadros foram candidatos a presidente dos brasileiros.

Esses acontecimentos históricos constituem memória. Por isso, vamos pesquisar esse

pleito e os simbólicos que cada um utilizou para atingir os eleitores.

5 Que tipo de povo vai escolher os representantes do povo numa Democracia?

3.5 Concluindo

As atividades de leitura e de escrita proposta nesta primeira unidade mostram

que ler é muito mais do que decifrar as letras, do que está na linearidade. Há, nesta

16

Page 17: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

perspectiva, três níveis de leitura, descritos por Eni Orlandi. O primeiro deles é o

inteligível e considera o texto em si. Nesse sentido, ler é identificar palavras. O segundo

nível é o do interpretável, que exige conhecimento dos sujeitos do discurso e de dados

que permitam identificá-los. O terceiro nível é o do compreensível, isto é, considera o

contexto sócio-histórico, o que está fora do texto, mas é constitutivo do sentido do texto.

As atividades propostas consideram esses três níveis e mostram que um texto

pode encaminhar para diferentes discursos, dependendo da filiação dos sujeitos e do

que faz sentido para eles.

Tratamos do discurso político e nessa primeira parte trabalhamos o próprio

político, o que é a política e o ser político.

17

Page 18: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

4.0 Unidade 2: sujeito, discurso e memória

4.1 Introdução do tema

Nesta segunda unidade, continuamos a tratar do discurso político, mas o enfoque

gira em torno do sujeito político, ou seja, os sujeitos da prática política. O sujeito do

discurso ocupa uma posição e a partir dessa posição é que fala, fazendo funcionar

espaços de memória, que não dependem só deles, mas também dos leitores.

Nessa perspectiva, a noção que desencadeia e sustenta essa segunda unidade é

a memória, como interdiscurso, também chamada de memória do dizer. Essa memória

está em relação com as formações discursivas, que determinam o que “pode” ou “deve”

ser dito. Assim, o sujeito desdobra-se em dois, o sujeito da enunciação (responsável

pelo dizer) e o Sujeito Universal (memória do dizer).

Nessa segunda unidade trabalhamos o texto de Itamar de Oliveira, buscamos as

suas filiações políticas e também as memórias que esses textos fazem retornar. Assim,

os Ulysses são dois (o mitológico e o ex-presidente do PMDB e candidato a Presidente

da República, morto tragicamente). Tancredo e Juscelino fazem rede junto ao Partido

Político de Ulysses, fazendo cada um retornar outras memórias.

4. 2 Titãs

Itamar de Oliveira

Ulysses, que pouco sabia, ensinava latim

Tancredo, que sabia pouco, estudava direito

Juscelino, que sonhava muito, aprendia medicina

18

Page 19: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

Ulysses, mais que Penélope, sabia tecer

Tancredo, mais que Ariadne, sabia pensar

Juscelino, mais que Helena, queria viver

(...)

Ulysses, que aprendeu muito, nos deixou a Constituição

Tancredo, que aprendeu demais, nos deixou a Conciliação

Juscelino, que aprendeu quase tudo, nos deixou a Esperança

4.2.1 Os fios que tecem a rede pela interdiscursividade

Itamar de Oliveira é o autor desse texto, que é jornalista, presidente e diretor da

Fundação Ulysses Guimarães. Escreveu o livro: Política e Cidadania, juntamente com

Thomas de Oliveira Gonçalves, Vanderlei Lourenço, que foi publicado pela Editora

Libertas, Fundação Ulysses Guimarães. MG. O texto anterior é de sua autoria e deixa

entrever as suas filiações políticas.

Segundo o autor a política não se faz com ódio, pois não é função hepática. É filha

da consciência, irmã do caráter, hóspede do coração. Eventualmente, pode até ser

açoitada pela mesma cólera com que Jesus Cristo, o político da Paz e da Justiça,

expulsou os vendilhões do Templo. Nunca com a raiva dos invejosos, maledicentes,

frustrados ou ressentidos. Sejamos fiéis ao evangelho de Santo Agostinho: ódio ao

pecado, amor ao pecador. “Quem não se interessa pela política, não se interessa pela

vida” Ulysses Guimarães.

Para ler esse texto e ir além do fio do discurso, é preciso estabelecer relações,

buscar os fios que tecem a rede e formam o texto, como uma unidade imaginária de

sentido. É por isso, que recortamos os traços identitários dos políticos a que o

funcionamento da memória, que atualiza o dizer, remete.

Ensinava latim

ULISSES Sabia tecer

19

Page 20: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

Deixou-nos

Quem foi Ulysses Guimarães?

A resposta é: foi um dos maiores políticos brasileiros.

Ulysses Silveira Guimarães ou Ulisses Guimarães nasceu em Rio Claro-SP, no

dia 06 de Outubro de 1916, filho de Ataliba Silveira Guimarães e de dona Amélia Correa

Fontes. Formou-se advogado pela Universidade de São Paulo (USP), em 1940. Antes

de ingressar na política, foi secretário da Federação Paulista de Futebol.

Elegeu-se deputado estadual em 1947, pelo Partido Social Democrático (PSD).

Três anos depois, passou a ser deputado federal, função que exerceu durante 11

mandatos consecutivos. Foi presidente do MDB e PMDB durante vários anos e seu

presidente de honra. Em 1987, o parlamentar comandou a Assembléia Constituinte.

Candidato à Presidência em 1989, não obteve sucesso, mas marcou a história do País.

Ulisses Guimarães morreu (desapareceu) no Rio de Janeiro, em 12 de Outubro de

1992

1- Será que Ulisses é o sujeito do discurso ou remete a outro Ulisses da política

contemporânea?

2 - Buscar na história dentro da mitologia o Ulisses e o seu significado.

3- O que possibilita a relação entre Ulisses da mitologia grega e o político brasileiro

Ulisses Guimarães?

Sabia pensar

Tancredo Neves Estudava Direito

Deixou conciliação

20

Page 21: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

Segundo historiadores Tancredo Neves trabalhou em favor da união nacional, do

diálogo, do entendimento, da conciliação, da trégua.

Esta frase é sua: “De Norte a Sul do Brasil, estou pregando, em praça pública, a

unidade nacional”. Prego a concórdia, a construção do futuro, e não me prendo aos

pesadelos do passado.

http://www.frasesfamosas.com.br/de

Nasceu em São João Del Rei, Minas Gerais, em 4 de março de 1910. Advogado,

ingressou na política pelo PP (Partido Progressista), pelo qual foi eleito vereador em

São João Del Rei em 1935, cargo que exerceu até 1937.

Já pelo PSD (Partido Social Democrático), elegeu-se deputado estadual (1947-1950) e

deputado federal (1951-1953). Passou a atuar no ministério a partir de 25 de junho de

1953, exercendo os cargos de ministro da Justiça e Negócios Interiores até o suicídio

do presidente Getulio Vargas.

http://www.oyo.com.br/astros-e-estrelas/outros/juscelino-kubitschek/fotos-videos/200807010153014351.jpg

APRENDIA MEDICINA

Juscelino Kubitschek

QUERIA VIVER

DEIXOU ESPERANÇA

21

Page 22: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

Juscelino Kubitschek de Oliveira nasceu em 12 setembro de 1902 em Diamantina,

Minas Gerais. Com apenas três anos de idade, Juscelino ficou órfão de pai e foi criado

por sua mãe. Espírito inquieto e sonhador, seus primeiros anos de vida foram

marcados de um lado por uma infância profundamente pobre e de outro pelos signos da

modernidade e pelo desejo de progresso que via em sua volta. Candidato à presidência

da República. JK sabia que precisava do apoio de uma base sólida e da aceitação

popular, como tinha o PTB, partido de Vargas e que tinha João Goulart como candidato

à presidência. Poucos dias após a homologação de JK como candidato do PSD, o PTB

selou acordo tendo João Goulart (Jango) concorrendo como vice-presidente.

Morre em 1976 de acidente automobilístico no dia 22 de Agosto 1976 na Rodovia

Presidente Dutra, em São Paulo. Seu carro chocou-se de frente com uma carreta após

ter sido acidentalmente fechado por um ônibus que vinha na mesmo pista em alta

velocidade.

4.2.2 Figuras da mitologia

Itamar de Oliveira, o autor do texto mostra que tem conhecimentos da mitologia e,

por isso utiliza-se do processo metafórico, colocando os políticos junto a Penélope, a

Ulysses, a Ariadne e a Helena. Por isso pode-se dizer que um discurso significa em

outro, isto é, pelos espaços de memória que retornam.

PENÉLOPE SABIA TECER

ARIADNE SABIA PENSAR

HELENA QUERIA VIVER

22

Page 23: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

ÍTACA

http://miriamfajardo.blogspot.com/2008/09/ilada-e-odissia-saga-do-conflito.html

Acessado em 05/12/2008

A mitologia grega possui várias características específicas. Os deuses gregos

assemelham-se exteriormente aos seres humanos e apresentam, ainda, sentimentos

humanos histórias e lendas sobre uma grande variedade de deuses.

Penélope Filha de Ícario, rei de Esparta, mulher de Odisseu, rei de Ítaca, e mãe de

Telêmaco. Seu marido esteve ausente por mais de 20 anos, como conseqüência da

guerra de Tróia, mas ela nunca duvidou que ele regressaria e se manteve fiel.

Na mitologia grega, Helena era filha de Zeus e de Leda, esposa do rei Menelau de

Esparta. Possuía a reputação de mulher mais bela do mundo. O seu rapto feito pelo

príncipe troiano Páris desencadeou uma guerra. Após este acontecimento, foi perdoada

pelo marido e levada de volta para Esparta, seu reino.

As desventuras de Ariadne ou Ariadna, filha de Pasífae e de Minos, rei de Creta,

começaram quando ela deu, seu amado, o fio que lhe permitiria sair do labirinto onde

vivia o Minotauro.

www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Antes_de_Cristo_Bloco8.html

23

Page 24: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

Helena de Tróia

Guerra de Tróia

http://miriamfajardo.blogspot.com/2008/09/ilada-e-odissia-saga-do-conflito.html

Acessado em 05/12/2008

4.2.3 relações entre discursos e atividades

1. Existe uma filiação partidária entre as personagens do texto Titãs: Ulisses

Guimarães, Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves. Qual é essa filiação e qual é a

trajetória desse partido dentro do cenário político brasileiro?

2. Atualmente, a legislação eleitoral brasileira e a Constituição, promulgada em 1988,

permitem a existência de várias agremiações políticas no Brasil. Com vários partidos

políticos e foram criados outros, que estavam na clandestinidade na época da Ditadura

de 1964 os quais voltaram a funcionar. Quais os partidos políticos existentes, hoje, no

Brasil?

3. Titãs também vêm da mitologia grega. Estabeleça a relação entre o título do texto e o

histórico da palavra.

4. “Não é o poder que corrompe o homem. O homem é que corrompe o poder “

Ulisses Guimarães – Escritor. ttp://www.florianonet.com.br

24

Page 25: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

Pode-se ler, por esse enunciado que o poder e a corrupção possuem traços em

comum, podendo-se dizer que esses traços são elos. Enumere alguns tipos de

corrupção que pode haver na política.

4. 3 Concluindo

Nesta segunda unidade o fio condutor foi a memória, que possibilita a leitura de

textos e a possibilidade de mais de um sentido. Pelas atividades desenvolvidas,

podemos concluir que um discurso remete a outro, a partir do qual ele faz sentido.

Assim, para definir Ulysses, Juscelino e Tancredo, Itmar de Oliveira referiu à mitologia e

a figuras mitológicas, que por um processo metafórico, dizem quem são esses políticos.

Há, na relação entre os discursos que se imbricam, também uma imbricação de

tempos, pois o presente, o passado e também a possibilidade de um futuro podem ser

lidas aí.

Um das funções do professor é ajudar o aluno a “ler” o que está dito, mas

também o que não está, mas retorna pelo funcioinamento da memória. É por isso que

se diz que um texto não tem um único sentido e que a leitura não é fechada, mas

aberta á possibilidades de interpretações outras.

25

Page 26: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

5.0 UNIDADE 3: O espaço urbano na leitura do pólítico

5.1 Introdução do tema

O foco dessa terceira unidade em relação ao discurso político é o espaço urbano e

os sujeitos que o habitam, bem como a mídia, através da musica. Iniciamos com o

Grupo Legião Urbana e o contexto sócio-histórico do grupo, a partir do qual pode-se ler

a música.

O espaço urbano e as práticas políticas ocorrem a partir de sujeitos. Como

estamos tratando do discurso político, iniciamos com um texto da Legião Urbana: que

país é este e recortamos um político: Getúlio Vargas. Um texto de destaque é a Carta

com a qual ele se despede da vida e da política.

5.2 Que País é Este

Esta música do grupo Legião Urbana define o espaço político e a identidade dos

sujeitos nos anos 80. Trata-se de um discurso urbano, pois ela os sujeitos são

significados e se significam. Renato Russo, um dos líderes da banda, era um músico

competente e um excelente letrista.

Como artista, era engajado. Defendia veementemente seus pontos de vista nas

letras que criava. E por isso mesmo, talvez algumas delas, hoje, sejam tão conhecidas

pelos jovens desta geração. A música que trabalhamos a seguir foi composta por ele e

fala das cidades, como um espaço político.

Legião Urbana

Nas favelas, no senado

Sujeira pra todo lado

Ninguém respeita a constituição

26

Page 27: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

Mas todos acreditam no futuro da nação

Que país é esse?(...)

Na morte o meu descanso, mas o

Sangue anda solto

Manchando os papéis e documentos fiéis

Ao descanso do patrão

Que país é esse?

(...)

O Brasil não é um país sério. (Charles de Gaulle).

www.geocities.com/Paris/Opera/470

5.2.1 Sugestões de atividades

1. O entendimento de política para muitos é desorganização de atividades, má

administração das coisas públicas. Por que este entendimento é tão comum?

2. Como se pode identificar o bom do mau político, existem evidências?

3. No Brasil, tem-se falado também de grandes feitos políticos. Será que há nomes e

feitos de bons políticos brasileiros? Cite-os se houver.

4. “Ninguém respeita a constituição”. É importante existir leis, regras que orientem

comportamentos de um povo ou isto é desnecessário, pois cada um sabe o que

precisa? Quantas constituições já existiram no Brasil?

5. “Vamos faturar um milhão

Quando vendermos todas as almas

Dos nossos índios num leilão”.

a) Por que os nativos brasileiros “índios” são mercadoria de troca? Foi sempre assim?

27

Page 28: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

b)Se eles são “nossos” é porque são brasileiros, se brasileiros, como justifica este

tratamento de venda?

6- Charles de Gaulle fez a afirmação que o Brasil não é um país sério? Quem é

Charles de Gaulle? Que experiências administrativas ou políticas ele tem para fazer

esta afirmação.

5.3 De 1930 a 1945: a Era Vargas.

Brasil sempre viveu e vive, antes e depois de Vargas, em periódicas dificuldades

e agitações, na probabilidade de acomodamento, em busca de soluções que, em fase

de tentativas e experiências, as quais ainda inquietam a sensibilidade social.

Getúlio Vargas foi um político apaixonante pelas suas idéias, pelas suas atitudes

e, principalmente pelo legado que deixou aos brasileiros: a legislação trabalhista. É

essa uma das razões pelas quais muitos o amam e o idealizam.

Assumiu o poder em 1930, após comandar a Revolução de 1930, que derrubou o

governo de Washington Luís. Seus quinze anos de governo seguintes caracterizaram-

se pelo nacionalismo e populismo. Sob seu governo foi promulgada a Constituição de

1934. Fecha o Congresso Nacional em 1937, instala o Estado Novo e passa a governar

com poderes ditatoriais. Sua forma de governo passa a ser centralizadora e

controladora. Criou o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) para controlar e

censurar manifestações contrárias ao seu governo. Perseguiu opositores políticos,

principalmente partidários do comunismo.

Embora tenha sido um ditador e governado com medidas controladoras e

populistas, Sua política econômica gerou empregos no Brasil e suas medidas na área

do trabalho favoreceram os trabalhadores. A carta deixada, quando da sua morte em

24 de agosto de 1954 entrou pela história e tem um teor dramático, permitindo

que os leitores o vejam não só como político, mas também como ser humano.

28

Page 29: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

5.3.1 Carta testamento

http://www2.curso-objetivo.br/vestibular/roteiro_estudos/imagens/re_governo_vargas_2.jpg

Eis a Carta:

Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e

novamente se desencadeiam sobre mim.

Não me acusam, insultam: não me combatem, caluniam e não me dão o direito

de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não

continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o

destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos

econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei

o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar.

Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos

internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia

do trabalho. A lei dos lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da

revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional

da pontencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa a

funcionar, a onda de agitação se avoluma.

E Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador

seja livre. Não querem que o povo seja independente.

(...)

Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de

peito aberto. O ódio, as infâmias, as calúnias não abateram meu ânimo. Eu vos dei a

29

Page 30: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o

primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.

Getúlio Vargas

5.3.2 Lendo a Carta

1. A visão histórica dos fatos, ações e atitudes passadas e sua repercussão são

mencionadas na carta. Enumere-os explicando de que forma o autor da carta está

relacionado com os mesmos.

2. A quem o discurso está sendo dirigido e por qual razão? Quem é sujeito interlocutor

da carta?

3. Getúlio foi chamado e é conhecido pelo povo como “O Pai dos Pobres”. Há alusão na

carta que comprove esta memória?

4. Destinos Impostos, quem pode impor um destino aos homens? Que memórias essa

relação com o destino faz trabalhar? Quais os grupos sociais que mais se preocupam

com o destino?

5. Os opositores destruiriam o povo, o sujeito do discurso nomeia-os ou eles retornam

pelo funcionamento da memória do sujeito-autor e também do sujeito leitor. Como eles

podem ser identificados?

6. Os fatos são colocados no passado e no presente. Como estes tempos estão

relacionados aos acontecimentos históricos e à memória nacional?

30

Page 31: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

5.4 Concluindo

Nesta terceira parte o enfoque foi o espaço urbano e buscamos mostrar que o

sujeito se representa e é representado pelo espaço que habita, enquanto ser politizado

que é.

Dois textos constituem essa terceira unidade: um que fala da Legião Urbana e

mostra os espaços que constituem a cidade e outro do político controvertido e político,

que viveu no espaço urbano, mas foi idealizado no campo, levando para lá a

urbanidade.

Buscamos mostrar, com as atividades propostas, que o discurso político é

constitutivo do sujeito-cidadão em todos os espaços, mas provém, especialmente do

espaço urbano.

31

Page 32: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

6. Referênciasconciliação

ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimentos do Mundo. Rio de Janeiro, São

Paulo:Record, 1999.

_____________ Margens do Texto, Rita Chaves. São Paulo: Scipione 1993.

ASSIS, Machado de. A desejada das gentes e outros contos. São Paulo:

Moderna,1997(coleção Travessia).

_____________ Romance. Rio de Janeiro: Agir, 1974.

GALVES, Carlos. Elementos de Economia Política atual. São Paulo:FTD. 1966.

OLIVEIRA, Itamar de; GONÇALVES, Thomas de Oliveira; LOURENÇO,Vanderlei.

Política e Cidadania. Minas Gerais: Libertas, 2006.

ORLANDI, Eni Pulcinelli Autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. São Paulo:

Pontes 2004.

____________ Discurso e Leitura. São Paulo: Cortez; Campinas, SP.

PALERMO, Alfredo. Estudo de Problemas Brasileiros. São Paulo: Lisa - Livros

Irradiantes S.A.1973.

PECHEUX, Michel. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio,

tradução: Eni Pulcinelli Orlandi. Campinas, SP, Unicamp, 1997.

SELEÇÕES do Reader’s Digest. Grandes Vidas Grandes Obras. Lisboa – Rio de

Janeiro: Nova Iorque,1981.

ALVES, Rubem. Disponível no site: http://www.pensador.info/autor/rubem_alves/. Acesso em: 03 de novembro de 2008.

32

Page 33: SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · “seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político, porque revela a filiação

Referência:

http://www.pensador.info/autor/rubem_alves/ Acesso em: 3nov.2008

A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro http://www.bibvirt.futuro.usp.brAcesso em: 3

nov.2008

http://alegriaspoesias.blogstpot.com/2007/05/o-analfabeto-poltico-bertold-brecht.html

Acesso em: 6 nov. 2008

http://www.ricardo.faerman.nom.br/frases.html Acesso em6 nov. 2008

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/09/361090.shtml Acesso em: 7 nov.

2008

http://miriamamfajardo.blogspot.com/2008/09/ilida-e-odissia-saga-do-conflito.html

Acesso em: 8 nov. 2008.

http://letras.terra.com.br/carlos-drummond-de-andrade/460649/ Acesso em: 10 nov. e

11dez. 2008

http://mgcf.blogspot.com/2007/08/carta-testemunho-de-getulio-vargas.html Acesso em:

10 nov. e 10 dez. 2008

www.portalobjetivo.com.br/ Acesso em:17 nov. 2008

www.geocities.com/Paris/Opera/470Acesso em: 17 nov. 2008

http://frasesfamosas.com.br/de/juscelino-kubitschek-deoliveira/pag/2.html Acesso em:

10 nov. e 5 dez.2008

http://www.miniweb.com.brCidadania/Personalidades/juscelino/Bem Acesso em: 12 dez

2008

http://www.ricardo.faerman.nom.br/frases.html Acesso em: 10 dez. 2008

www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Antes_de_Cristo_Bloco8.html

Acesso em: 10 de dez. 2008

www.google.com.br/search?hl=ptBR&q=imagens+fatos+machado

33