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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · sentido que o mesmo seja realizado em bases científicas e não somente nas ... 3. UNIDADE I - IMPORTÂNCIA DA TEORIA PARA EMBASAR AS PRÁTICAS

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃOPRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

Título: Psicologia Histórico-Cultural – Uma Teoria Revolucionária

Autor Regina Guil Chociai

Disciplina/Área Pedagogia

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Col. Est. Vila Nova – Ens. Fund. e Médio

Município da escola Prudentópolis – PR

Núcleo Regional de Educação

Irati

Professor Orientador Miriam Adalgisa Bedim Godoy

Instituição de Ensino Superior

UNICENTRO

Relação Interdisciplinar Todas as disciplinas

Resumo As Diretrizes Curriculares para o Ensino Básico no Estado do Paraná apontam para as Teorias Críticas. Mas as práticas de alguns professores denotam um senso comum pedagógico, que vem prejudicar a qualidade do ensino. Daí a importância de uma teoria que dê consistência e fundamentação ao fazer pedagógico. A Teoria Histórico Cultural vêm se difundindo no meio educacional brasileiro, sendo considerada uma teoria atual e até revolucionária, visto que trata de questões fundamentais à educação. Desenvolvida por Lev Vigotski, num período de um pós-guerra, esta teoria trata da humanização do aluno pela apropriação dos conhecimentos científicos. E que através da apropriação destes conhecimentos o aluno pode se tornar partícipe das riquezas culturais produzidas pela humanidade. Por

isso justifica-se este estudo, pois seus pressupostos teóricos vêm ao encontro às necessidades da Escola Pública que queremos.

Palavras-chave Práticas Pedagógicas. Teoria. Conhecimentos Científicos. Humanização

Formato do Material Didático

Caderno Pedagógico

Público Alvo Direção. Equipe Pedagógica, Professores e Funcionários.

CADERNO PEDAGÓGICO PDE

REGINA GUIL CHOCIAI

PSICOLOGIA HISTÓRICO CULTURAL – UMA TEORIA REVOLUCIONÁRIA

ORIENTADORA: Prof. Ms. MIRIAM ADALGISA BEDIM GODOY

IRATI2012

CADERNO PEDAGÓGICO - PDE

Título: Importância da Teoria na efetivação de um ensino de qualidade. Professora: Regina Guil Chociai

Local de atuação – Colégio Estadual Barão de Capanema

Município: Prudentópolis

NRE: Irati

Orientador: Prof. Ms. Miriam Adalgisa Bedim Godoy

Instituição de Ensino: Unicentro

Disciplina/ Área: Pedagogia

Público Alvo: Gestores, Equipe Pedagógica, Professores e Funcionários.

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO.................................................................................................08

2. INTRODUÇÃO......................................................................................................11

3. UNIDADE I - IMPORTÂNCIA DA TEORIA PARA AS PRÁTICAS

PEDAGÓGICAS.........................................................................................................12

4. TEORIAS CRÍTICAS EMBASAM DIRETRIZES CURRICULARES PARA O

ENSINO BÁSICO NO ESTADO DO PARANÁ..........................................................14

4.1. Atividades pedagógicas............................................................................16

5. UNIDADE 2 - TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS......................................................18

5.1. Escola Tradicional.....................................................................................19

5.2. Escola Nova..............................................................................................20

5.3. Escola Tecnicista......................................................................................21

5.4. Pedagogia Histórico Crítica......................................................................25

5.5.Teoria Psicogenética - Jean Piaget...........................................................26

5.6. Atividades pedagógicas............................................................................28

6. UNIDADE 3 - PSICOLOGIA HISTORICO CULTURAL.........................................29

6.1. Vida e obras de Vigotski...........................................................................29

6.2. A redescoberta da obra de Vigotski no Brasil..........................................31

6.3. A humanização do aluno através dos conhecimentos científicos............31

6.4. Conhecimento prévio x conhecimento científico......................................33

6.5. O trabalho como princìpio educativo........................................................35

6.6. Funções psicológicas superiores..............................................................39

6.7. A aprendizagem. ZDT (Zona de Desenvolvimento Proximal).................40

6.8. Atividades pedagógicas...........................................................................42

7. CONCLUSÃO........................................................................................................43

8. REFERÊNCIAS......................................................................................................43

A crítica não retira das cadeias as

flores ilusórias para que o homem

suporte as sombrias e nuas

cadeias, mas sim para que se

liberte delas e brotem flores vivas.

Karl Marx, Introdução à Crítica da

Filosofia do Direito de Hegel.

8

1. APRESENTAÇÃO

O PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), como Política Pública de

Formação de Professores do Estado do Paraná, possui entre seus objetivos o

desenvolvimento de materiais didáticos (Produção Didático- Pedagógica), sendo um deles

o Caderno Pedagógico, que visa a melhoria do ensino-aprendizagem com o intuito de

contribuir para melhoria do ensino Público no Estado do Paraná.

Como Professora PDE 2012, optamos pela construção de um Caderno

Pedagógico, para subsidiar a formação continuada e as reflexões dos educadores de

minha escola, quanto à Importância da Teoria para a melhoria das práticas pedagógicas.

Dada à importância hoje atribuída à Psicologia Histórico Cultural, como referencial

Teórico para embasar o trabalho educativo, proporcionando uma visão clara dos papéis

de cada envolvido neste processo, nos propusemos a buscar este conhecimento para

compartilhar com os educadores da escola onde atuamos.

Buscamos este conhecimento, considerando que é uma teoria atual, que aborda

questões de fundamental importância no processo ensino aprendizagem, como o papel

do professor, o papel da escola, o papel do aluno, os condicionantes sociais, os bens

culturais produzidos pela humanidade, a formação da individualidade, a humanização, a

apropriação dos conhecimentos científicos, visando uma educação de qualidade para

todos e não somente para uma elite.

Este trabalho dirige-se a todos os profissionais da educação, que acreditam no

poder transformador desta, desde que seja realizada fundamentada numa teoria que dê

suporte e consistência ao fazer pedagógico. Para tanto, trabalhemos três unidades, a

saber: importância da teoria para embasar as práticas pedagógicas; tendências

pedagógicas e a teoria histórica cultural.

Através destes temas pretendemos estudar, refletir, compartilhar experiências,

compartilhar materiais e conhecimentos que venham subsidiar o trabalho pedagógico, no

sentido que o mesmo seja realizado em bases científicas e não somente nas próprias

práticas dos professores, como afirma Newton Duarte.

Daremos ênfase à Psicologia Histórico Cultural, por alguns de seus princípios

básicos, no sentido de despertar nos professores o desejo de tê-la como respaldo teórico

importante, para fundamentar o trabalho educativo e por ser considerada uma teoria

revolucionária como afirma Antunes: ”talvez a mais extraordinária revolução, trazida

9

pelo século XX para a educação tenha sido propiciada por Lev Vigotski e seus

discípulos, ao pesquisar a mente humana”. (ANTUNES, 2002, p.7).

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2. INTRODUÇÂO

Segundo Newton Duarte (2012), há uma secundarização, uma desvalorização da

discussão teórica atualmente na educação. Segundo ele, nas últimas décadas as

discussões teóricas foram consideradas uma questão de segunda ordem.

Considera-se que a discussão das teorias, da fundamentação teórica, da ação do

educador, foi secundarizada, em nome de uma ação do educador, na prática e pela

prática e isto é influência da visão da educação, de escola, do trabalho do professor, da

formação do professor, de algumas teorias pedagógicas.

Segundo Duarte, (2012), caiu em desuso a discussão teórica, e das teorias

pedagógicas. Duarte (2000), ainda afirma que nas últimas décadas no Brasil, a discussão

educacional despolitizou-se, afastou-se do debate teórico e focou-se em ideias vindas da

Europa, e outros países.

Newton Duarte (2000) considera que a prática de nenhum educador é realizada de

forma pura. Uma teoria pedagógica pode ter uma teoria como eixo central, mas acaba

incorporando muitas vezes de uma maneira acrítica elementos de outras teorias

pedagógicas.

Duarte ainda afirma que nenhuma prática pedagógica se realiza sem as

influências das teorias pedagógicas. As teorias influenciam todas as práticas

pedagógicas. Influenciam mesmo quando o educador não sabe desta influência. Mesmo

quando ele não tem plena consciência de qual teoria ou quais teorias está influenciando a

sua prática.

Considerando a importância das teorias para fundamentar e dar consistência ao

fazer pedagógico, considerando também que a Teoria Histórico-Cultural vem se

disseminando no meio educacional brasileiro, sendo considerada uma teoria atual e até

revolucionária, estamos buscando este conhecimento através da construção deste

caderno pedagógico, acreditando estar contribuindo para uma educação de qualidade

para a Escola Pública que queremos.

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3. UNIDADE I - IMPORTÂNCIA DA TEORIA PARA EMBASAR AS PRÁTICAS

PEDAGÓGICAS

O ato de educar é uma práxis. Entende-se por práxis, a relação recíproca entre

Teoria - Prática.

Segundo Aranha (1989), a prática de educar nem sempre foi precedida por uma

teoria elaborada de forma rigorosa, e durante muito tempo a humanidade partia do

conhecimento espontâneo (ou mítico) para orientar a prática educativa. Ainda muitos

educam dea forma.

Entre tantos modismos que surgem na educação, predomina nos dias atuais uma

supervalorização da prática dos professores, o que não deixa de ser realmente

importante, mas nos leva a refletir, sobre a importância da teoria para embasar as práticas

pedagógicas.

Segundo Newton Duarte (2011), as práticas em sala de aula estão baseadas nas

próprias experiências do professor, sem um respaldo teórico.

A esse respeito, Aranha assim se expressa: “... Se procura deliberadamente

impedir a maioria das pessoas a ter clareza teórica suficiente a respeito de sua prática,

mantendo-as presas a uma prática tão intensa e tão dividida que a reflexão se torne

quase impossível”. (ARANHA, 1989, p.9 )

Já Severino (1991), afirma que a história da cultura ocidental revela-nos que a

educação sempre esteve intimamente ligada à teoria produzida no âmbito da filosofia

como no âmbito das ciências humanas em geral.

Segundo este autor, expressando-se fundamentalmente como uma práxis social, a

educação nunca deixou de referir-se a fundamentos teóricos, mesmo quando fazia deles

uma utilização puramente ideológica.

O dia a dia das escolas, com salas superlotadas, o excesso de trabalho do

professor, as falhas da formação, a falta de tempo, a falta de espaços para o debate e

discussões, fazem com que o trabalho educativo deixe lacunas que vem prejudicar a

qualidade do ensino. Neste sentido, consideramos a necessidade do suporte teórico para

que as práticas pedagógicas sejam mais efetivas.

Gasparim e Petenucci dão ênfase à importância da teoria,

o educador, conhecendo a teoria que sustenta a sua prática, pode suscitar transformações na conscientização dos educandos e demais colegas, chegando até aos condicionantes sociais, tornando o processo ensino aprendizagem em

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algo realmente significativo, em prol de uma educação transformadora, que supere os déficits educacionais atuais. (GASPARIM, J.L, PETENUCCI M.C. 2008. p3).

Muitas vezes o professor não tem clareza de onde sua prática é fundamentada

teoricamente. Se pensarmos em uma pedagogia crítica e uma educação de qualidade

para todos, precisamos fundamentar teoricamente a nossa prática.

As teorias críticas de educação têm no Materialismo Histórico o seus fundamentos.

O Materialismo Histórico teve sua origem no Idealismo de Hegel. O Idealismo

visava uma nova realidade econômica. Visava uma ordem estabelecida imanente da

própria história.

Segundo Moacir Gadotti (1995) a dialética de Hegel limitava-se ao mundo dos

espíritos e Marx a inverteu, introduzindo-a na matéria.

O Materialismo surge quando emergiram doutrinas socialistas decorrentes do fato

do poder estar nas mãos da burguesia estando às forças populares enfraquecidas.

Surgem então três grandes versões do Materialismo: o Positivismo, o Materialismo

Científico e o Materialismo Dialético.

Para o Materialismo Dialético, o ponto de partida da história não são as ideias, mas

os seres humanos reais.

O desafio dessa ideia é trazer para o pensamento a dialética do real, que exige

esforço. Partindo dos fatos empíricos procura-se superar as impressões primeiras, para

ascender às leis fundamentais do concreto pensado.

Segundo essa tendência, a razão não é identidade, mas contradição. A realidade,

portanto, é dialética.

Considera-se que a civilização deve ser conquistada na luta que é de todos.

A razão passa a não ser mais divina, mas histórica e humana.

E a escola, segundo Gadotti (2004) sendo um espaço de contradições, é um

espaço de luta possível.

Gadotti considera que Marx apenas lançou as bases para uma Teoria de

Educação.

Segundo Gadotti

a escola tem um papel estratégico quando se pensa numa educação que visa a transformação, na medida em que pode ser o lugar onde a força emergentes da sociedade, muitas vezes chamadas de classes populares, podem elaborar a sua cultura e adquirir a conciliação necessária à sua organização. (GADOTTI, 2004 p.16)

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O autor enfatiza ainda que o avanço das lutas sociais modifica a fisionomia das

lutas pedagógicas.

O interior da escola pública está permeado de contradições. Ao mesmo tempo em

que a escola acaba sendo um instrumento de poder nas mãos das classes hegemônicas,

quando a mesma é considerada um Aparelho Ideológico do Estado, por outro lado pode

se ver a escola como uma força poderosa de resistências e transformações.

Segundo Snyders,

A escola não é feudo da classe dominante; ela é terreno de luta entre a classe dominante e a classe explorada; ela é o terreno em que se defrontam as forças do progresso e as forças conservadoras. O que lá se passa reflete a exploração e a luta contra a exploração. (SNYDERS,1981, p.102)

A concepção dialética da educação teve a contribuição de numerosos filósofos e

educadores. Segundo os teóricos supracitados é possível associar as lutas sociais e

pedagógicas, abrindo possibilidades para uma educação emancipadora voltada para um

futuro com equidade e justiça para todos. É por isso que essa concepção se identifica

com a escola pública que queremos.

Portanto reafirmamos as ideias de Mèszaros (2008), quando diz que a educação

tem que dar um salto de qualidade para além do capital. E que a escola pública tem que

ser de boa qualidade para todas as camadas da população. É o mínimo que poderemos

oferecer para os nossos filhos e para os filhos das classes trabalhadoras.

Acreditamos que a escola não vai transformar a sociedade, mas como acreditava

Gramsci (1991), ela tem um papel fundamental nesta transformação. Portanto o estado

tem o seu papel criar políticas públicas, mas estas políticas podem ser gestadas no chão

da própria escola pública, começando pela formação do professor.

4. TEORIAS CRÍTICAS EMBASAM AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA A

EDUCAÇÃO BÁSICA NO ESTADO DO PARANÁ

A elaboração das Diretrizes surge da necessidade de consolidar princípios de uma

Educação Democrática fundamentada na aquisição dos Conhecimentos Científicos.

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Isto se deu ao fato das observações das Políticas Públicas para a educação da

época, que segundo Giovanini (2006), estarem embasadas num trabalho desarticulado,

cuja ênfase não eram os conteúdos, mas num ensino fragmentado e baseado em

técnicas de motivação.

As concepções teóricas das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná são fruto

de discussões e participação dos educadores e estão fundamentadas em teorias críticas

como a Pedagogia Histórico Crítica.

Apesar das Diretrizes Curriculares no Estado do Paraná estarem fundamentadas em

teorias críticas, observa-se ainda na Escola Pública um senso comum pedagógico,

comprometendo a qualidade de ensino, ensino este que se requer para a emancipação

dos alunos, principalmente daqueles a quem é negada a herança cultural da humanidade.

As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná ressaltam que a Escola Pública

Brasileira passou a atender um número cada vez maior de estudantes oriundos das

classes populares. E que este fato justifica a existência da Escola Pública, intensificando-

se a necessidade de discussões contínuas sobre o papel do Ensino Básico no Projeto de

Sociedade que se quer para o País.

As Diretrizes Curriculares da Educação do Estado do Paraná foram construídas

embasadas nas Teorias Críticas conforme se afirma:

O currículo como configurador da prática, produto de ampla discussão entre os sujeitos da educação, fundamentado nas Teorias Críticas e com organização disciplinar é a proposta destas Diretrizes para a Rede Estadual de Ensino do Paraná, no atual contexto histórico. (PARANÁ, 2008, p.19).

As Diretrizes fazem menção às Teorias Críticas, como embasamento teórico para

a educação quando se diz:

Da perspectiva das Teorias Críticas da educação, as primeiras questões que se apresentam são: Quem são os sujeitos da escola pública? De onde eles vêm? Que referências sociais e culturais trazem para a escola? (PARANÁ, 2008, p 14)

Percebe-se ainda a opção pelas Teorias Críticas quando se coloca:

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Buscou-se manter o vínculo com o campo das Teorias Críticas da educação e com as metodologias que priorizem diferentes formas de ensinar, de aprender e de avaliar. (PARANÁ, 2008, p.8)

Propõe-se ainda uma reorientação na política curricular com o objetivo de se

construir uma sociedade justa, onde as oportunidades sejam iguais para todos.

Frigotto (2004), diz que os sujeitos da Educação Básica devem ter acesso ao

conhecimento produzido pela Humanidade que na escola é veiculado pelos conteúdos

das disciplinas escolares.

A opção das Diretrizes foi por um Currículo Disciplinar.

Quanto a esta questão, as Diretrizes (2008, p 14) fazem menção que:

Assumir um Currículo Disciplinar significa dar ênfase à escola como lugar de socialização do conhecimento, pois essa função da instituição escolar é especialmente importante para os estudantes das classes menos favorecidas, que tem nela uma oportunidade, algumas vezes única, de acesso ao mundo letrado, do Conhecimento Científico, da Reflexão Filosófica e do contato com as Artes. (PARANÁ, 2008, p.14)

Evidencias-se nas Diretrizes a concepção de conhecimento considerando suas

dimensões Filosófica, Científica e Artística, enfatizando-se a importância de todas as

disciplinas.

As Diretrizes propõem-se a formar sujeitos que construam sentidos para o mundo,

que compreendam criticamente o contexto social e histórico de que são frutos, e que pelo

acesso ao conhecimento sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na

sociedade em que vivem.

Evidenciam-se nas Diretrizes a questão da apropriação do Conhecimento Científico

pelas classes populares, como instrumento de sua emancipação. Tal concepção também

é proposta no Currículo Básico, o qual mais tarde deu origem às Diretrizes, o qual foi

fundamentado no Materialismo Histórico Dialético.

Percebe-se nas Diretrizes que o trabalho educativo não se direciona para uma

única teoria, mas observa-se a opção pelas Teorias Críticas.

As Diretrizes não se referem à Psicologia Histórico Cultural, mas o Currículo

Básico, que poderíamos considerar como uma primeira versão das Diretrizes, buscou

fundamentação no Materialismo Histórico, assim como a Psicologia Histórico Cultural.

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No Brasil temos a Teoria Histórico-Crítica desenvolvida por Demerval Saviani,

cujos fundamentos, se aproximam da Teoria Histórico-Cultural. Para as Teorias Críticas

nas quais as Diretrizes estão fundamentadas o conceito de contextualização propicia a

formação de sujeitos históricos: alunos e professores que ao se apropriarem do

conhecimento, compreendam que as estruturas sociais são históricas, contraditórias e

abertas. Sobre esta questão Gasparim assim se manifesta:

Assim quando se fala em transmissão, assimilação de conhecimentos, não está se referindo aos processos educacionais escolanovistas ou tecnicistas de ensino, mas sim de uma forma de apropriação do saber. Trata-se da Teoria Histórico-Cultural, que enfatiza a importância da formação dos indivíduos entre si, enquanto sujeitos sociais, e da relação destes com o todo social, no processo de aquisição dos conhecimentos escolares. (GASPARIM, 2009 p. 16)

As Diretrizes referenciam Mészaros (2007, p. 212) que fala de uma transformação

emancipadora nas escolas, e que através de uma contra consciência, esta poderia

realizar sua grandiosa missão educativa.

Consideramos que a Teoria Histórico-Cultural pode dar uma grande contribuição

neste sentido.

4.1 ATIVIDADES PEDAGÓGICAS

Nesta unidade será feita uma breve apresentação do Projeto. Após, será

respondido um questionário pelos integrantes do grupo, para se avaliar os conhecimentos

prévios dos participantes sobre o assunto a ser abordado, para que se possam fazer as

devidas intervenções. O grupo será dividido em pequenos grupos, que estudarão o

mesmo assunto, sob enfoque de autores diferentes. Ainda será assistido um vídeo sobre

a importância da teoria com Newton Duarte. Após a leitura, será feita uma síntese, que

será apresentada e debatida no grande grupo. Acredita-se que será um trabalho muito

rico, pelo enfoque do mesmo assunto por autores diferentes.

Questionário - Comportamento de entrada

1 - Qual a importância da Teoria para o trabalho pedagógico? Em qual Teoria ou Teorias

você embasa o seu fazer pedagógico?

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2 - Quais teorias pedagógicas orientaram o ensino do nosso país até o presente

momento?

3 - As Diretrizes Curriculares para o Ensino Básico no Estado do Paraná referenciam

quais Teorias?

4 - Qual Teoria deu suporte para a construção do Projeto Político Pedagógico de sua

escola?

5 - O que você entende por Materialismo Histórico?

6 - Considerações sobre a Teoria Histórico-Crítica.

7 - Considerações sobre a Teoria Psicogenética.

8 - Considerações sobre a Teoria Histórico – Cultural

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5. UNIDADE 2 - TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

Estudam-se as Tendências Pedagógicas, mas não se vai às raízes, aos

determinantes históricos para entender estas tendências, fazendo com que o professor

sem perceber acabe sendo um transmissor da ideologia dominante. A educação no

Brasil sempre esteve à mercê das classes dominantes que visavam seus próprios

interesses e não os da maioria da população.

Por outro lado a escola sem o perceber acaba se tornando mais um Aparelho

Ideológico do Estado (ALTHUSSER, 1985), e um instrumento de poder das classes

hegemônicas e não uma força a favor da transformação da sociedade.

Portanto, precisamos embasar nosso trabalho em uma boa teoria que sustente e

permita refletir sobre a prática educativa para podermos dar um salto de qualidade na

educação, como afirma Mèszaros (2007).

Na história da educação brasileira, houve momentos diferenciados de se fazer

educação, denominados de tendências pedagógicas.

Estas tendências foram consequência de determinados momentos históricos,

porque passou a sociedade brasileira. Em cada momento, ou época predominaram

teorias diferentes de ensinar e aprender. A teoria que predominou na educação brasileira

nas últimas décadas, foi o construtivismo, embasado nos estudos de Jean Piaget.

Sobre a questão da teoria e prática nas práticas pedagógicas, Demerval Saviani

( 2008), numa exposição dos 20 anos do HISTEDBR, discorre sobre as concepções

pedagógicas na história da educação brasileira. Ele faz uma análise minuciosa dos

diferentes momentos vividos pela educação, com enfoque sobre a teoria e a prática,

questões muito presentes nos debates pedagógicos. Ele traz detalhes importantes, que

vem elucidar muitas dúvidas que nós educadores temos sobre esta história devido às

falhas na nossa formação. Na concepção de Saviani, As Teorias ou tendências

classificam-se em: Teorias não Críticas onde destaca-se a Escola Tradicional, A Escola

Nova e a Escola Tecnicista.E tambés as teorias Critico-Reprodutivistas, ressaltando-se a

Teorias enquanto Violência Simbóloca, Teoria da Escola Enquanto Aparelho Ideológico

do Estado (AIE) e Teoria da Escola Dualista.

Propomo-nos aqui a refletirmos sobre as idéias principais da Escola Tradicional, da

Escola Nova, da Escola Tecnicista e da teoria Histórico-Crítica, pois há outros

movimentos que perpassam estas tendências mais fortes.

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Estas escolas ou tendências têm como característica principal a reprodução do

conhecimento.

5.1. ESCOLA TRADICIONAL

A Escola Tradicional caracteriza-se por uma postura pedagógica de valorização do

ensino humanístico e da cultura geral. Esta tendência segundo Saviani (2010), foi

dominante até o final do século XIX.

Desde Sócrates, Platão e Aristóteles até a Pedagogia Cristã, havia uma

preocupação em se transmitir os conhecimentos acumulados pela humanidade aos mais

jovens. Sócrates morreu por esta causa. Temos como pensadores deste período além

dos filósofos já citados: Comênio, Kant, Hegel, Ficht, Herbart e outros.

No Brasil a escola tradicional se reflete no trabalho dos Jesuítas, baseado na Ratio

Studiorum fundamentada na Summa Theológica de Santo Thomas de Aquino.

Saviani (2010) divide a Pedagogia Tradicional em religiosa e leiga. A religiosa fica a

cargo dos Jesuítas e a leiga manifesta-se com as reformas introduzidas por Marquês de

Pombal. Nesta época no Brasil, segundo Saviani a orientação católica gozou de uma

hegemonia incontestável no ensino brasileiro.

A educação no Brasil sempre esteve à mercê das classes dominantes, que

visavam seus próprios interesses e não os da maioria da população.

Começando com os jesuítas que tiveram um papel fundamental no

estabelecimento de um sistema de educação. Mas era uma educação para uma elite, e o

principal objetivo era religioso.

A escola tradicional baseava-se numa visão idealista de homem, e o trabalho

educativo era centrado no professor. Considerava-se o homem como constituído de uma

essência universal e imutável. À educação cabe moldar sua existência à essência

universal e ideal que o define como ser humano.

O enfoque da aprendizagem na escola tradicional era colocar o aluno em contato

com as grandes realizações da humanidade. A escola, sendo o lugar por excelência onde

se realiza a educação apresenta-se como um ambiente físico austero. A escola tem como

função preparar intelectual e moralmente os alunos. A transmissão da cultura é o

compromisso social da escola. O professor é autoritário, rigoroso, severo e objetivo, e

apresenta-se como dono da verdade. Apresenta os conteúdos de forma fragmentada,

enfoca o conhecimento como absoluto e inquestionável.

20

Paulo Freire (2000) faz referência a educação bancária para explicitar a educação

tradicional. O aluno é um ser passivo que obedece sem questionar. A criança é

apresentada como um adulto em miniatura e é tratado como tal.

Há relatos de crianças encerradas em masmorras com bandidos da pior espécie. A

palmatória é característica desta época. Dava-se ênfase à memorização.

Com uma visão cartesiana a metodologia consistia em: escute, leia decore e repita,

segundo Behrens (2000). A avaliação contempla questões que envolvem memorização

repetição e exatidão.

Sobre a influência desta tendência para os dias de hoje Marilda Aparecida Behrens,

(2000, p. 47) faz a seguinte observação:

O fator relevante a destacar é o de que o paradigma tradicional não foi ultrapassado. Em muitas instituições escolares e na última década, o discurso proferido pelos educadores desafia a buscar novas metodologias que venham atender às expectativas dos alunos, mas a realidade parece intransponível quando o professor fecha a sua porta e começa dar aula.(BERHENS,2000,p47)

5.2. ESCOLA NOVA

A Escola Nova surge pela necessidade de buscar outras formas de ensinar, que

fosse mais coerente com as necessidades da época, porque o ensino livresco e

intelectualista da Escola Tradicional não dava conta de preparar o homem para a

sociedade que se apresentava com novos contornos ou dinâmicas sociais. Este

movimento busca embasamento na Biologia e na Psicologia dando ênfase ao aluno e sua

criatividade.

As ideias do Iluminismo, do pensamento liberal, e as críticas que se faziam à

escola autoritária lançaram as bases para o surgimento da Escola Nova. John Dewey é

considerado o precursor deste movimento.

Dewey acreditava que a escola era um instrumento importante para o

desenvolvimento da vida democrática, ou da democratização do ensino. Além de Dewey,

as idéias de Rabelais, Montaigne, Kilpatrick, Decroly, Freinet, Comênio, Rousseau,

Pestalozzi, Froebel, William James, Maria Montessori, Makarenko e inclusive Piaget,

contribuíram para que se delineasse um novo movimento na educação.

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No Brasil as ideias da Escola Nova foram assumidas pelos chamados pioneiros da

educação: Anízio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho. Segundo Saviani

(2002) ) a Escola Nova ganha visibilidade no Brasil através do Manifesto dos Pioneiros da

Educação Nova. Ele diz ainda que os renovadores tiveram que disputar palmo a palmo o

espaço com os educadores católicos, tendo como principal representante Alceu de

Amoroso Lima. Mais tarde os católicos se rendem às idéias renovadoras, principalmente

através dos trabalhos de Montessori e Lubienska.

O movimento escolanovista muda o eixo da educação ao enfatizar o ensino

centrado no aluno, levando em consideração os interesses dos mesmos. O professor

passa a ser o facilitador da aprendizagem. Ressalta-se a liberdade de aprender, as

diferenças individuais a aprendizagem por resolução de problema, as unidades de

experiências, o interesse do indivíduo, o trabalho em grupo e a auto-avaliação.

Behrens (2000) afirma que as ideias escolanovista foram assimiladas no Brasil

principalmente pelas escolas destinadas às elites. E que escola pública sai perdendo, por

não poder se adequar à implementação desta tendência.

Behrens (2000, p.50) ainda diz que embora no interior da escola continuasse a

proclamação dos procedimentos escolanovista e democráticos, os professores, em geral

não abdicavam do ensino tradicional.

Aranha também afirma:

Contraditoriamente, o ideário da Escola Nova contribuiu para uma elitização do ensino, sobretudo no Brasil. Ao dar ênfase à qualidade e à exigência de escolas aparelhadas e professores altamente qualificados, colocou a escola pública em posição inferiorizada, pois incapaz de introduzir as novidades didáticas. Tais desacertos dificultam a implantação da democracia porque o rebaixamento da qualidade da escola pública, destinada ao povo, concorre para o agravamento da marginalização do maior segmento da sociedade, tornando a educação mais elitista. (ARANHA. 2002, p171)

5.3. ESCOLA TECNICISTA

Segundo Maria Lucia Arruda Aranha, (1989), a Tendência Tecnicista surge nos

EUA, cujos teóricos e técnicos, passam a influenciar os países latino-americanos em vias

de desenvolvimento. Segundo ela, a tendência tecnicista é tributária do pensamento de

Augusto Comte e da Psicologia de Skinner, sofrendo ainda forte influência do Taylorismo.

22

O princípio básico desta tendência é a exaltação do valor da ciência. Só tem valor o que

se pode comprovar cientificamente.

Com o objetivo de aumentar a produtividade, Taylor realizou uma série de

experiências em fábricas dos Estados Unidos. Através destas experiências ele criou seu

método que consiste basicamente em economizar tempo e suprimir os movimentos

desnecessários.

Da fábrica, o Taylorismo passou para os esportes, medicina, educação e outros

campos da atividade humana, (ARANHA, 1989, p.68). Segundo a autora, a partir da

década de 60, surgem propostas de inspiração tecnicista baseadas na convicção de que

a escola só se tornaria mais eficaz caso adotasse o modelo empresarial. No Brasil esta

tendência impôs-se após o Golpe de 64.

De acordo com Aranha (1989), o objetivo de uma escola montada a partir do

modelo empresarial, foi adequar a educação às exigências que a sociedade industrial e

tecnológica estabelece. Daí a ênfase na preparação de recursos humanos, ou seja, na

mão de obra qualificada para a Indústria.

O segundo golpe sofrido pela Escola pública foi dado pela Lei 5692/71, quando as

escolas tiveram que mudar seus currículos para currículos profissionalizantes, visando os

interesses do empresariado, enquanto as escolas privadas ofereciam um ensino para o

acesso às Universidades. Verifica-se ai a dualidade do ensino. Um ensino para as elites e

outro ensino para as classes trabalhadoras visando os interesses do mercado. Neste

sentido Severino assim se expressa. “O que se quer do sistema educacional é a

produtividade, o baixo custo da mão de obra com qualificação puramente técnica,

disciplinada e dócil, adequada às necessidades da manutenção do sistema econômico

vigente”. (SEVERINO, 1986. p.92).

Após o Golpe de 64, no Brasil foram feitos diversos acordos entre o MEC-USAID

(Ministério de Educação e Cultura e United States Agency for International Development).

Através deste acordo, o Brasil passou a receber cooperação financeira e assistência

técnica para a implantação da reforma educacional, sendo criadas a Lei 5692/71 (Ensino

1 e 2 Graus ) e a Lei 5.540/68(Ensino Universitário).

A Pedagogia Tecnicista ou Produtivista fundamenta-se no Positivismo propondo

uma ação pedagógica inspirada nos princípios da racionalidade, da eficiência da eficácia

e da produtividade (BEHRENS, 2003, p.51). Esta pedagogia se delineia com o advento da

revolução industrial. No Brasil ela foi implantada através dos acordos MEC – USAID, sob

os auspícios do regime militar através da Lei 5692/71. A partir de então as escolas

23

passam a adotar o modelo empresarial, adequando-se às exigências estabelecidas pela

sociedade industrial e tecnológica que se estabelecera no Brasil. Transferindo a maneira

de pensar do Positivismo para o campo pedagógico, a tendência tecnicista procurou

segundo Saviani,

planejar a educação de modo a dotá-la de uma organização racional capaz de minimizar as interferências subjetivas que pudessem por em risco sua eficiência. Para tanto era mister operacionalizar os objetivos e, pelo menos em certos aspectos mecanizar o processo. Dai a proliferação de propostas pedagógicas tais como o enfoque sistêmico, o microensino, o teleensino, a instrução programada, as máquinas de ensinar etc. ( SAVIANI,1944, p.16).

O elemento principal da escola tecnicista não é mais o aluno nem o professor, mas

a organização racional dos meios. Segundo Pilleti (1990, p 66) professor e aluno são

relegados a um plano secundário. Eles se transformam em simples executores de tarefas

dentro do processo pedagógico. Quanto a esta questão, Libâneo assim se expressa:

O professor é apenas um elo entre a verdade científica e o aluno, cabendo-lhe empregar o sistema institucional previsto. O aluno é um indivíduo responsivo, não participa da elaboração do programa educacional. Ambos são espectadores frente à verdade objetiva. A comunicação professor-aluno tem um sentido exclusivamente técnico, que é o de garantir a eficácia na transmissão do conhecimento. Debates, discussões, questionamentos são desnecessários, assim como pouco importa as relações afetivas e pessoais dos sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem (LIBÂNEO, 1985 p. 30).

O sistema tecnicista procurou transpor para a escola a forma de funcionamento da

fábrica, perdendo de vista a especificidade da educação. Dá-se a impressão que as

teorias de Skinner tiveram forte influência na aprendizagem dos alunos. Nesta tendência

se privilegiava: conhecimentos de entrada e saída, memorização e retenção, competência

técnica, objetivos instrucionais, instrução programada, técnicas de micro-ensino, pré-

teste, pós-teste. O aluno entra numa esteira de produção, é processado e resulta num

produto, segundo Berhens (2003). Na verdade o grande trunfo era preparar o aluno para

o mercado de trabalho.

Neste período os currículos escolares do Segundo Grau tiveram que se tornarem

profissionalizantes, deixando os conteúdos essenciais de lado. Nestas mudanças foi

24

tirado das grades curriculares os conteúdos de Sociologia e Filosofia, trazendo grandes

prejuízos à formação do pensamento do povo brasileiro.

Diminuiu-se a carga horária de outras disciplinas introduzindo-se disciplinas

profissionalizantes.

Quem saiu perdendo novamente foi a Escola Pública, pois as escolas particulares

ofereciam cursos técnicos, mas continuavam trabalhando conteúdos tradicionais,

preparando os alunos para as Universidades.

Isto, segundo Gonçalves (2008), levou mais uma vez à seletividade da educação

brasileira, reservando as Faculdades e Universidades a um grupo restrito.

Demerval Saviani faz uma crítica ao tecnicismo quando assim se expressa: “ao

ensaiar transpor para a escola a forma de funcionamento do sistema fabril perdeu de vista

a especificidade da educação, ignorando que a articulação entre escola e processo

produtivo, se dá de modo indireto e através de complexas mediações”. (SAVIANI. 2002

p.18)

Saviani (1991, p.26), ainda considera que se criou um crescente processo de

burocratização do ensino, cujo controle era feito basicamente através do preenchimento

de fichas e formulários, como forma de controle do ensino. Isto após cumprimento dos

objetivos instrucionais. Objetivos estes, que eram criados pelos burocratas da educação.

Nos anos 90 começaram a pipocar no Brasil idéias neoliberais, disseminando

conceitos como qualidade total, sociedade do conhecimento, competitividade, 4S,

habilidades e competências, no sentido de mais uma vez utilizar a escola como Aparelho

Ideológico do Estado.

Pelo exposto sobre estas tendências conclui-se que as mesmas foram frutos de

um momento histórico e que certamente tiveram suas contribuições na evolução da

humanidade. Na Escola Nova houve um grande desenvolvimento da Psicologia e

aprendeu-se e ver as diferenças individuais. Na Escola Tecnicista deu-se ênfase ao

desenvolvimento da tecnologia, e não podemos negar que esta seja importante, mas

ambas negaram o conhecimento. Há que se ressaltar que nenhuma delas dava prioridade

à transmissão do conhecimento como forma de emancipar o aluno, de desenvolver seu

espírito crítico como fator de cidadania. Todas elas foram elitistas, ou seja, o

conhecimento era privilégio das elites dominantes.

Há resquícios hoje na educação brasileira, principalmente na Escola Pública destas

três tendências, pois os professores de hoje foram formados dentro delas. E como disse

Puigrós (1997), que uma mudança na educação leva 50 anos, então nós educadores

25

temos que continuar batalhando para que a educação se torne realmente democrática,

como sonharam aqueles que lutaram verdadeiramente por ela.

5.4. PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA

A Pedagogia Histórico Crítica surgiu no Brasil em 1970, cujos estudos foram

desenvolvidos por Demerval Saviani. Esta teoria tem no Materialismo Histórico seus

fundamentos. Esta tem sido um marco na educação brasileira, porém pouco entendida no

quotidiano das escolas, devido ao ecletismo que ainda se verifica nas práticas

pedagógicas.

Por que esta teoria se chama Histórico-crítica?

Histórico - porque se considera o poder transformador da educação na sociedade.

Critica: Porque o contrário também é verdadeiro, isto é a sociedade também

interfere na educação.

Segundo Saviani (2007), esta concepção nasceu num movimento reacionário às

tendências não críticas que se faziam presentes na educação da época que eram: a

escola tradicional, a escola nova e a escola tecnicista, e ainda as pedagogias crítico

reprodutivistas, (teoria do sistema de ensino como violência simbólica, teoria da escola

como aparelho ideológico do estado, e teoria da escola dualista.)

A Teoria Histórico Crítica contrapõe-se a estas teorias porque todas elas eram

elitistas e não tinham a preocupação com a elevação cultural das massas, não viam o

aluno como um sujeito de direitos, principalmente o direito ao saber científico, a uma

escola pública de qualidade.

A Teoria Histórico Crítica, ressalta a importância do saber sistematizado, a

importância da escola na transmissão deste saber junto com a transformação da

sociedade.

Esta teoria tem se revelado uma teoria consistente para respaldar a educação do

nosso país, pois tem como princípio educativo a prática social, mas percebe-se uma

grande dificuldade na sua efetivação nas práticas pedagógicas. Isto acontece devido a

muitos fatores entre eles, o desconhecimento dos fundamentos desta teoria pelos

professores, a própria formação dos professores, os fatores estruturais e até a falta um

projeto de educação para o nosso país.

26

O compromisso da Pedagogia Histórico Crítica não é manter a sociedade como o

faziam as tendências anteriores, mas o de transformar esta sociedade através da

transformação do próprio homem.

A função social da escola de acordo com esta tendência está na socialização do

saber sistematizado às camadas populares, no sentido de que estas forças emergentes

participem da construção de uma nova sociedade.

Segundo Libâneo,

a valorização da escola como instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir para eliminar a seletividade social e torná-la democrática. Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela é também agir no rumo da transformação da sociedade. (LIBÂNEO,2008,p.38-39)

E o trabalho educativo segundo Saviani (2005,p.13), será o ato de produzir direta e

intencionalmente em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e

coletivamente pelo conjunto dos homens. O método utilizado nesta teoria é o método

dialético.

Saviani,(2007,p.71), baseado no Método Dialético que considera os três

momentos: síncrese – análise – síntese, propõe um método de ensino que leva em conta

a prática social como ponto de partida, a problematização, a instrumentalização, a catarse

e a prática social, já transformada como ponto de chegada. Não vamos aprofundar estas

questões, mas podemos considerar a importância desta teoria para a educação brasileira

e a necessidade de que ela seja mais estudada, discutida internalizada e efetivada em

nossas escolas, pois se percebem que a mesma foi desenvolvida se pensando na

educação da escola pública.

5.5. TEORIA PSICOGENÉTICA - JEAN PIAGET

Os estudos de Jean Piaget, biólogo suíço, falecido em 1980, embasaram as práticas

pedagógicas da educação no mundo inteiro, por muitas décadas.

Estes estudos denominaram-se Epistemologia Genética ou Psicogenética.

No Brasil as idéias de Piaget se difundiram principalmente através da tendência

construtivista, onde também os estudos de Emilia Ferreiro baseados em suas teorias,

serviram de respaldo teórico para a educação em nosso país. Seu objetivo era

27

aperfeiçoar os métodos educacionais e conhecer melhor o homem. Sua teoria tenta

explicar o desenvolvimento mental do ser humano no campo do pensamento, da

linguagem e da afetividade.

Piaget classificou o desenvolvimento por estágios: Sensório motor – 0 a 2 anos; pré-

operacional – 2 a 6 anos; operações concretas – 7 a 11 anos; operações formais 12 anos

em diante. Segundo ele a escola deveria respeitar as fases do desenvolvimento na

aprendizagem da criança.

As ideias de Piaget foram amplamente difundidas no Estado do Paraná através do

Ciclo Básico, quando se interiorizou a ideia do ¨aprender a aprender¨.

Piaget não era um educador, era biólogo, e desenvolveu seus estudos baseando-se

em observações de moluscos e do desenvolvimento das crianças e dos próprios filhos.

Ele tentou transpor seus conhecimentos de biologia para a educação. Sua preocupação

foi com o desenvolvimento da inteligência da criança. Seus pressupostos levavam em

consideração a maturação biológica para que pudesse ocorrer a aprendizagem. Podemos

citar como exemplo a aprendizagem da leitura e escrita: a criança só vai aprender a ler e

escrever quando o seu organismo estiver pronto ou maduro para fazê-lo. Neste sentido

ele considerava a adaptação do indivíduo ao meio, através dos processos que ele

denominou assimilação e acomodação.

Na concepção Piagetiana a criança aprende quando alcança um determinado grau

de desenvolvimento. Portanto o desenvolvimento vem antes da aprendizagem, ou seja, o

desenvolvimento promove a aprendizagem. A escola deve levar o aluno a construir

individualmente o conhecimento. Deve ainda respeitar as individualidades e as vontades

do aluno, criando condições para que o aluno busque desenvolver seus interesses. O

professor é apenas um animador. Sua função é criar desequilíbrios no aluno para que

este através de sua própria aprendizagem busque novamente o equilíbrio. A escola deve

se ativa criando condições para que se processe a autoaprendizagem. Piaget dá ênfase à

aprendizagem desenvolvida pelo próprio aluno, sem a intervenção do professor. A escola

seria a facilitadora do conhecimento. Piaget não levava em conta os condicionantes

sociais no desenvolvimento e na aprendizagem, mas as características biológicas e

universais do ser humano. Esta tendência foi muito forte na Escola Nova.

Piaget considerava o aluno ideal que deverá se socializar através das fases de

maturação biológica. Considerou a importância do trabalho do professor na mediação do

conhecimento. Para ele o professor era apenas o animador, o facilitador da

aprendizagem.

28

Piaget (1977) privilegia a auto-aprendizagem, pois considera as aprendizagens

realizadas pelo indivíduo qualitativamente superiores àquelas em que há a interferência

do professor. Para ele é importante o método “aprender a aprender” que se mostre útil na

vida do indivíduo e não leva em conta a questão do conteúdo historicamente construído.

A realidade seria reproduzida pelo próprio aluno de uma forma espontânea e direta.

Portanto caberia ao próprio aluno aprender as verdades, através de um processo

individualizado. Considera-se que suas teorias eram direcionadas para um aluno ideal,

sem levar em conta os condicionantes sociais que interferem na aprendizagem.

Piaget privilegia a individualidade e a adaptação ao coletivo. O trabalho do

professor seria mínimo. Ele teria apenas que criar as condições para que o aluno

aprenda. O professor neste caso quase que se tornaria dispensável.

5.6. ATIVIDADES PEDAGÒGICAS

Serão estudados textos que tratem destas Tendências e de outras que não foram

contempladas no Caderno Pedagógico. Dar-se-á ênfase à Escola Tradicional, Escola

Nova e Escola Tecnicista cujas teorias ainda permeiam o fazer pedagógico das Escolas

Públicas. Far-se-á a contextualização no que se refere ao Projeto Político-pedagógico da

escola, aos Planos de trabalho docente e as Propostas Pedagógicas. Após leitura,

discussão no pequeno grupo, e feita uma síntese, a mesma será apresentada e debatida

no grande grupo. O enfoque será sobre o impacto que estas tendências exerceram ou

ainda exercem sobre a educação brasileira.

29

6. UNIDADE 3 - PSICOLOGIA HISTÓRICO CULTURAL

6.1. Vida e obra de Vigotski

Lev Semenovich Vigotski nasceu em Orsha, numa cidade provinciana, na Bielo-

Russia, país que fez parte da extinta União Soviética em 17 de novembro de 1896, e

morreu em 1934, muito jovem, de tuberculose, aos 37 anos. Casou-se aos 28 anos com

Roza Smekova, com quem teve 2 filhas.

Membro de uma família com uma situação econômica bastante confortável, e uma

das mais cultas da cidade, se formou em Direito, trabalhou como professor e pesquisador

nas áreas de pedagogia, psicologia, filosofia, literatura, deficiência física e mental.

Desde cedo, Vigotski mostrou-se ávido por conhecimentos e o gosto pela leitura,

foi um dos fatores que lhe proporcionou o aprendizado de diversas línguas apesar de ter

saído dos seus pais uma única vez.

Com Luria e Leontiev, Vigotski formou um grupo seleto de pesquisadores

intelectuais na Rússia pós-revolução, que buscavam uma nova psicologia. Embora sua

produção não tenha sido um sistema explicativo completo, foi vasta. Vigotski escreveu

mais de 200 trabalhos científicos, que foram pontos de partida para inúmeros projetos de

pesquisas posteriores. Os temas destas publicações vão desde a psicologia e a

educação, passando pela linguagem, deficiências, critica literária e a neuropsicologia.

Uma das mais importantes publicações sua foi “Pensamento e Linguagem”.

Vigotski foi contemporâneo do biólogo, psicanalista e professor suíço Jean Piaget.

Apesar de Vigotski ter prefaciado algumas obras de Piaget na Rússia, eles nunca se

conheceram. O objeto de estudos de ambos foi o mesmo, ou seja, como se dá o

desenvolvimento da criança.

Vigotski fez críticas a alguma idéias de Piaget, e isto só chegou ao seu

conhecimento após a morte de Vigotski. Mas apesar de apontar divergências no trabalho

de Piaget, Vigotski reconheceu a riqueza do método clinico adotado por Piaget, no que diz

respeito aos estudos da gênese dos processos psicológicos.

Vigotski recebeu sua primeira formação diretamente de tutores, em sua casa,

como era tradição daquela época. Mais tarde, foi estudar na Universidade de Moscou,

onde fez parte de um grupo de jovens intelectuais que buscavam um elo entre o

socialismo e uma nova psicologia que integrasse corpo e mente.

30

Embora graduado em Direito, Vigotski transitou por diferentes áreas do

conhecimento, como a Medicina, Literatura, Biologia, História, Filosofia, Psicologia, atrás

da formação interdisciplinar que foi decisiva que daria origem à Teoria Histórico Cultural.

Seus estudos mesclavam a biologia do corpo com filosofia, literatura, e psicologia da

mente.

Vigotski se formou na Universidade de Moscou, no histórico ano de 1917, marco

da revolução russa, que derrubou o império dos czares e deu lugar à nova Rússia

Socialista. Governada pelas idéias de Marx, o discurso marxista postulava que tudo é

histórico, fruto de um processo e que são as mudanças históricas na sociedade na vida

material que modificam a natureza humana em sua consciência e comportamento.

Influenciado por estas idéias Vigotski construiu a sua teoria sobre as funções psicológicas

superiores e como a linguagem e o pensamento estão intimamente interligados.

Sua Teoria denominou-se Psicologia Histórico Cultural ou ainda, Psicologia

Interativista Sócio Cultural, ou Psicologia Sócio Interacionista ou ainda, Teoria Histórico-

Social.

Para Vigotski é importante avaliar a criança pelo que ela está aprendendo, e não

pelo que ela já aprendeu. Sua teoria procura avaliar os processos mentais envolvidos na

compreensão do mundo.

O modelo de aprendizagem descrito por suas idéias representou um grande salto

na educação, principalmente quando descreve a ZDT (Zona de Desenvolvimento

Proximal), para ele uma das etapas da aprendizagem mais importantes.

Para entender as idéias de Vigotski é importante inteirar-se de quatro conceitos

chave: interação, mediação, internalização e ZDT (Zona de Desenvolvimento Proximal).

Vigotski descobriu que para melhorar o nível de aprendizagem mais do que o

individuo agir sobre o meio, é importante interagir.

Para ele todo sujeito adquire seus conhecimentos a partir de relações

interpessoais, de trocas com o meio, e afirma que aquilo que é individual na pessoa na

verdade é resultado da construção da sua relação com o outro. Um outro coletivo que

veicula a cultura. As características e atitudes individuais estão impregnadas das trocas

com o coletivo.

O pensamento marxista exerceu forte influência no pensamento de Vigotski.

As concepções que Marx e Engels desenvolveram sobre a sociedade humana,

sobre o uso de instrumentos, sobre a dialética e sobre o trabalho, serviram de base para

31

as suas ideias sobre o desenvolvimento humano, o qual eles consideravam

profundamente enraizados na cultura e no meio social onde se vive.

6.2. A redescoberta da obra de Vigotski no Brasil

A partir de 1932, a obra de Vigotski passou a receber severas críticas na Rússia,

país onde desenvolveu suas idéias, porque foram consideradas “idealistas” pelas

autoridades soviéticas, dando-se prioridade às idéias de Pavlov, as quais Vigotski fazia

duras críticas.

Após a morte de Vigotski, suas obras foram proibidas na União Soviética, no

período de 1936 até 1956, devido à censura do regime totalitário de Stálin.

Também no ocidente, suas obras foram ignoradas por um longo período.

Seus escritos começaram ser redescobertos a partir de 1956, quando foi reeditada

na União Soviética sua obra: Pensamento e linguagem.

No Brasil suas obras começaram a ficar conhecidas a partir de 1984, com a

publicação do livro: A formação social da mente. Apesar da incompletude de sua obra e

do reconhecimento tardio, Vigotski é considerado um dos mais importantes psicólogos do

século XX e início do século XXI, sendo a Teoria Histórico Cultural considerada uma

teoria atual e até revolucionária.

6.3. A humanização do aluno através dos Conhecimentos Científicos

No decorrer da história da humanidade, surgiram teorias ou ideias tentando dar

uma explicação plausível à existência humana. Isto ocorreu desde as primeiras

explicações da realidade através dos mitos pelos gregos ou dos Poemas de Homero até

os dias de hoje, quando o homem ainda questiona: ¨Quem sou eu¨?

O homem evoluiu através de saltos qualitativos. O desenvolvimento da linguagem

contribuiu significativamente para o processo de humanização do homem, pois através da

linguagem o homem constrói as relações sociais e as relações de trabalho, através das

quais ele constrói objetos, que vão criando sua história e sua cultura.

Hoje esta compreensão encontra no Materialismo Histórico fundamentado nas

idéias de Marx e Lênin explicações para a realidade existencial do homem do século XX e

32

início do século XXI. Marx e Lênin elaboraram uma nova concepção de homem e de

sociedade. Os mesmos ao fazerem uma crítica à sociedade em que viviam, apresentam

uma proposta para a sua transformação através do Materialismo Científico.

Após a revolução russa, Vigotski, Leontiev e Luria, estudiosos da psicologia

humana, vendo o sofrimento do seu povo, idealizaram criar uma nova psicologia, que

lançasse as bases para a construção de um novo homem e uma nova sociedade, onde

todos tivessem o direito de ser partícipes das riquezas materiais e culturais produzidas

pela humanidade.

Embasados no Materialismo Histórico, desenvolveram idéias que deram origem à

Psicologia Histórico Cultural, visando ao estudo do homem concreto e não somente suas

subjetividades.

Vigotski e seus companheiros estavam preocupados com a formação da

consciência do novo homem e que este pudesse usufruir das riquezas da cultura humana.

Por isso desenvolveram seus estudos voltados para a humanização do homem.

Num contexto pós-revolucionário estes autores se esforçaram para entender a

essência humana a partir da realidade daquilo que o homem produz, do seu meio social e

como ele se reproduz.

Segundo os autores acima citados, o homem não é acabado, nem fruto do

desenvolvimento, mas ele se humaniza dados os condicionantes sócio-culturais aos quais

está sujeito.

Estes autores consideram que a educação, ou a humanização do homem passa

pela transmissão da cultura, ou seja, da internalização da produção humana acumulada

historicamente, produção esta desenvolvida pelo trabalho do próprio homem. Neste

sentido a escola exerce um papel fundamental, que é a transmissão dos conhecimentos

científicos para os alunos, ou os conhecimentos desenvolvidos e conquistados pela

humanidade.

Somente nos últimos anos as idéias da Psicologia Histórico Cultural baseadas no

Materialismo Histórico de Marx, foram difundidas no Brasil, principalmente graças ao

trabalho de Dermeval Saviani, Gasparim e hoje também de Newton Duarte e outros, que

tem se dedicado a explicitar estas idéias através da Tendência Histórico Crítica.

As ideias da Teoria Histórico Cultural defendidas por Vigotski opõe-se às ideias de

Piaget.

Vigotski (1996) afirma que o homem não é naturalmente humano, mas é um ser

histórico e cultural com possibilidades de desenvolver sua humanidade.

33

Diz ainda “que a cultura edificou historicamente formas especiais de conduta,

modificando o próprio psiquismo humano” (VIGOTSKI, LURIA, 1996, p? )

Leontiev (1978, p.23) afirma “que é no decorrer da realização das atividades que os

homens, suas aptidões, seus conhecimentos, seu saber-fazer cristaliza-se nos produtos

de seu trabalho, marcando um novo grau de seu desenvolvimento histórico”.

A internalização a que se refere Vigotski seria:

a reconstrução interna, através dos condicionantes externos, ou seja, através das relações com outros homens, por meio da mediação de instrumentos, principalmente através da linguagem (instrumento simbólico básico de todos os grupos humanos) e dos objetos (instrumentos concretos) que o indivíduo interioriza a produção humana produzida no decorrer da história da humanidade.( VIGOTSKI .1996, p.23 )

Estes autores consideram que o homem difere das outras espécies pela sua

capacidade de trabalho, através do qual ele interfere na natureza, criando objetos ou

instrumentos que lhe darão condições de transformar a natureza e ao mesmo tempo

transformar-se. Esta transformação se dá pela produção da cultura que se manifesta

pelos objetos por ele criados e principalmente pela linguagem e pela sua capacidade de

pensar.

6.4. CONHECIMENTO PRÉVIO X CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O conhecimento universal elaborado, fruto das conquistas do homem no decorrer da

história da humanidade, conhecimento este, fruto de estudos, observações e

experimentações, denomina-se conhecimento científico.

O conhecimento fruto das vivências do dia a dia, adquirido de forma espontânea,

conhecimento não sistematizado, denomina-se conhecimento popular, senso comum,

conhecimento tácito ou empírico, prévio ou ainda conhecimento cotidiano.

Segundo a Psicologia Histórico-Cultural quando o aluno adentra a escola, já traz

consigo conhecimentos adquiridos de forma espontânea no dia a dia, chamados de

conhecimento atual ou real, pois que servirão de base para que se façam as intervenções

necessárias, para que ocorra a apropriação do conhecimento. A estes conhecimentos

Viogotski denomina de conhecimento atual.

34

Quando Vigotski (1982, p. 214) afirma que a tomada de consciência vem pela porta

dos conceitos científicos, ele afirma que há dois tipos de conceitos: os quotidianos e os

científicos.

Ao aluno cabe, segundo a Teoria Histórico Cultural, o papel de se apropriar dos

instrumentos culturais e internalizar os conhecimentos científicos, superando o senso

comum ou empírico e percebendo-se como sujeitos no processo histórico, capazes de

atuar de forma crítica e reflexiva no contexto de uma sociedade em transformação.

Desta forma o aluno vai elaborando suas funções psicológicas superiores,

especificamente humanas. Cabe aos alunos o esforço teórico-prático desta apropriação.

Daí a importância do papel da escola, do professor e do aluno para que se efetive

a apropriação dos conhecimentos científicos, históricos, filosóficos e artísticos, visando a

humanização de todos que adentram a escola, principalmente a escola pública.

Vigotski e seus companheiros estudaram os efeitos do saber sistematizado na

construção de um novo homem, de uma nova sociedade, necessidade de um pós-guerra.

Seus estudos comprovam que o homem se humaniza através da apropriação do

conhecimento conquistado por ele no decorrer da história da humanidade. E a função

social da escola é a transmissão deste conhecimento.

Até pouco tempo a escola e o conhecimento era privilégio de poucos A escola

democrática, a qual todas as camadas da população têm direito, é recente.

Nesta perspectiva, segundo Saviani (1984,p.14),

o papel da escola seria cumprir sua especificidade e sua função social que é proporcionar a apropriação do conhecimento pelas camadas populares, para a que eles criem consciência que também são sujeitos históricos, de direitos, tendo como direito fundamental o acesso a educação(SAVIANI, Demerval,1984,p.14)

Libâneo enfatiza:

a importância da difusão da escolarização para todos e do desenvolvimento do ser humano total, cujo ponto de partida está em colocar à disposição das camadas populares os conteúdos culturais mais representativos do que de melhor se acumulou historicamente, do saber universal, requisito necessário para tomarem partido no projeto histórico-social de sua emancipação humana. (LIBÂNEO, 2008. p.7 )

35

Segundo a Psicologia Histórico-Cultural quando o aluno adentra a escola, já traz

consigo conhecimentos adquiridos de forma espontânea no dia a dia, chamados de

conhecimento atual ou real, pois que servirão de base para que se façam as intervenções

necessárias, para que ocorra a apropriação do conhecimento. A estes conhecimentos

Viogotski denomina de conhecimento atual.

Quando Vigotski (1982, p. 214) afirma que a tomada de consciência vem pela porta

dos conceitos científicos, ele afirma que há dois tipos de conceitos: os quotidianos e os

científicos.

Ao aluno cabe, segundo a Teoria Histórico Cultural, o papel de se apropriar dos

instrumentos culturais e internalizar os conhecimentos científicos, superando o senso

comum ou empírico e percebendo-se como sujeitos no processo histórico, capazes de

atuar de forma crítica e reflexiva no contexto de uma sociedade em transformação.

Desta forma o aluno vai elaborando suas funções psicológicas superiores,

especificamente humanas. Cabe aos alunos o esforço teórico-prático desta apropriação.

Daí a importância do papel da escola, do professor e do aluno para que se efetive

a apropriação dos conhecimentos científicos, históricos, filosóficos e artísticos, visando a

humanização de todos que adentram a escola, principalmente a escola pública.

Este é o caminho para o surgimento de uma nova sociedade onde todos sejam

partícipes das riquezas materiais e culturais produzidas pela humanidade, conforme

sonharam e trabalharam Vigotski e seus companheiros.

6.5. O TRABALHO COMO PRINCÌPIO EDUCATIVO

No Materialismo Dialético afirma-se que o trabalho é condição fundamental de toda

a vida humana.

Os autores soviéticos Vigotski, Luria e Leontiev, afirmam que a criação do gênero

humano e a constituição do psiquismo humano se assentam no trabalho e que o

desenvolvimento das capacidades superiores da inteligência humana estão intimamente

ligadas à produção e utilização de instrumentos, entre eles a linguagem durante o

processo de trabalho e que isto veio operar um salto qualitativo da espécie humana para

o gênero humano.

36

Segundo estes autores os animais para sobreviver se adaptam à natureza, mas o

homem para sobreviver precisa transformá-la. E ele o faz através do seu trabalho, com o

auxilio da linguagem.

A linguagem é uma das principais ferramentas ou instrumento na formação do

mundo cultural, pois é ela que nos permite transcender as nossas experiências, ou seja,

fazer abstrações e generalizações que são processos de nível superior da nossa

inteligência. Pela linguagem podemos transmitir os conhecimentos acumulados

culturalmente a outras pessoas.

A questão do trabalho tenta ser compreendida desde os gregos através do mito de

Prometeu.

Santo Thomás de Aquino fez suas considerações sobre o trabalho.

Marx e Hegel retomam as reflexões sobre o mesmo, quando associam o trabalho

com as questões da cultura, da criação e do uso das ferramentas criadas pelo homem,

visando sua humanização.

Segundo Eidt e Tuleski (2007, p.8) por meio da mediação de instrumentos,

desenvolvidos pelo trabalho do homem, principalmente pela linguagem, os indivíduos

interiorizam os elementos culturalmente estruturados.

Leontiev (1978) afirma que o trabalho precisa ser reconhecido como base

fundamental para o enriquecimento e desenvolvimento dos seres humanos e visto como

atividade vital criadora e produtiva. O autor enfatiza ainda

a importância do trabalho humano, no processo de transformação da natureza e na criação de objetos culturais e diz que os progressos realizados na produção de bens materiais, são acompanhados pelo desenvolvimento da cultura, e nesse sentido o conhecimento avança, sem precedentes criando a filosofia, a arte,a política a ética e outros conhecimentos fundamentais para o desenvolvimento humano. (LEONTIEV, 1978, p. 265)

Segundo Vigotski, a ação humana intencional sobre a natureza através do trabalho,

o homem modifica estruturas biológicas e psíquicas, potencializando ações do corpo e

desenvolvendo funções mentais superiores.

Aranha (1991), diz que pelo trabalho o homem se auto-produz, pois desenvolve

suas habilidades, sua imaginação, aprende a conhecer as forças da natureza e a desafiá-

las, aprende a conhecer suas próprias forças e limitações, relaciona-se com outros

homens, vive seus afetos, impõe-se disciplina.

37

Consequentemente, o homem não é sempre o mesmo, pois o trabalho altera a

visão que ele tem de si mesmo e do mundo. Heráclito já dizia que o homem não se banha

duas vezes no mesmo rio, porque não será a mesma água... E o poeta Guimarães Rosa

também dizia que o homem não é sempre o mesmo, que ele vai mudando...

Aranha ainda afirma:

Se num primeiro momento a natureza se apresenta aos homens como destino, será o trabalho a condição de superação dos determinismos: esta transcendência é propriamente a liberdade. Por isso, a liberdade não é alguma coisa que é dada ao homem, é resultado de sua ação transformadora sobre o mundo, segundo seus projetos. (ARANHA 1991, p.56)

De acordo com Saviani, (2005, p.21) a especificidade da educação é a produção

do saber científico, saber produzido e sistematizado historicamente pelos homens,

portanto é trabalho.

De acordo com a Teoria Histórica Cultural podemos considerar que na escola o

trabalho intencional, sistematizado e planejado permite aos educandos apropriarem-se

dos instrumentos culturais que favorecerão sua humanização.

Conforme Eidt e Tuleski (2007, p.9):

Quando concebemos que o desenvolvimento do psiquismo humano começa onde termina a evolução biológica, sendo esta linha do desenvolvimento histórico ou cultural da conduta do homem, este processo deixa de ser naturalizado e os profissionais que atuam na escola passam a compreender que quanto mais ensino, mais aprendizagem, mais desenvolvimento. (TULESKI e EIDT.2007,p.09)

Portanto a função social da escola está na socialização do saber sistematizado às

camadas populares, abrindo espaço para que estas forças emergentes conquistem sua

humanidade e por isso o professor precisa ensinar. E ele o faz através dos vários tipos de

linguagem por ele desenvolvidos.

Segundo Luria (l991) a linguagem é o veículo fundamental de transmissão de

informação que se formou na história social da humanidade.

Podemos considerar que um dos principais instrumentos de trabalho do professor é

a palavra.

38

A Psicologia Histórico-Cultural enfatiza a importância do professor na mediação dos

conhecimentos

Enquanto os animais agem de acordo com os determinantes biológicos, o homem

desenvolve capacidades que lhe darão condições de interferir na natureza, criando novas

configurações de vida.

Considera-se que a apropriação da cultura é condição para o desenvolvimento

psíquico e para o desenvolvimento das funções psicológicas ou processos mentais

superiores, como a atenção voluntária, as ações conscientes, o pensamento abstrato, o

comportamento intencional, a memória lógica, a capacidade de análise e síntese, de

abstração e generalização, diferenciando-se das ações reflexas ou ações automatizadas

características do recém-nascido e dos animais.

Aristóteles já dizia que o homem é um ser eminentemente social. Portanto ele se

humaniza na interação com outros seres humanos.

Paulo Freire (1987) também afirmava que os homens se educam mediatizados

pelos outros seres humanos.

Vigotski (2000) afirmava que o desenvolvimento infantil não se processa do

individual para o social, mas do social para o individual. Leontiev (1978) completa dizendo

que o homem é um ser de natureza social que tudo o que há de humano nele provém de

sua vida em sociedade.

Leontiev (1978) dizia que a criança precisa se apropriar daquilo quem foi produzido

historicamente pelo gênero humano. Mas a criança não constrói por si mesma o próprio

conhecimento. Daí a importância da escola e do professor para promover a humanização

do aluno.

A escola deve garantir a apropriação do patrimônio cultural humano, ou seja, os

conhecimentos científicos, filosóficos e estéticos, e deve garantir educação não como

mercadoria, mas como patrimônio da humanidade.

No momento histórico em que vivemos a educação deve refletir sobre os

condicionantes que interferem nas práticas pedagógicas, principalmente da escola

pública.

Precisamos entender que o ser humano não se forma através da revelação de

suas subjetividades, das características individuais para se adaptar ao meio social, mas

dado os condicionantes sociais o ser humano desenvolve a sua individualidade e que esta

é síntese das produções coletivas, como requeria Vigotski e seus companheiros.

39

6.6. Funções psicológicas superiores

O discurso marxista postulava que tudo é histórico, tudo é fruto de um processo e

que são as mudanças históricas na sociedade e na vida material que modificam a

natureza humana, em sua consciência e comportamento. Influenciado por esta idéias

Vigotski construiu a sua teoria sobre as funções psicologias superiores e como o

pensamento e a linguagem estão fortemente interligados.

Para Vigotski (1955 )o psiquismo humano, só pode ser compreendido enquanto

objeto essencialmente histórico, fundamentado nas relações estabelecidas entre as

pessoas e a cultura. As funções Psicológicas Superiores, segundo Vigotski (1995), têm

um suporte biológico, mas são produto da atividade cerebral que se caracteriza por uma

origem social, sendo resultado das relações sociais estabelecidas entre o homem e os

condicionantes sociais.

Segundo a Teoria Histórico Cultural o homem se distingue dos animais, ao

desenvolver capacidades chamadas de funções mentais superiores, que são as a

capacidades de análise, síntese, abstração, generalização, memória, atenção voluntária,

percepção, imaginação e linguagem e sua capacidade de pensar e agir sobre o meio

criando desta forma através do trabalho condições para a sua sobrevivência, ao contrário

dos animais, que vivem de acordo com os determinantes biológicos.

O homem difere das espécies animais pela sua capacidade de transformar a

natureza através do seu trabalho, criando instrumentos, que o auxiliam em sua

sobrevivência e humanização.

As funções mentais superiores, consideradas funções essencialmente humanas, se

desenvolvem pela interação entre homem-cultura, Esta mediação ocorre através de

signos entre eles a linguagem, considerada o mais importante dos signos criados pelo

homem.

Na abordagem histórico-cultural a ação educativa tem como foco principal a

promoção da aprendizagem conceitual, e que esta se dá através da mediação entre o

conhecimento e o a mediação do professor no que se chama de atividade de

aprendizagem.

Conclui-se que as funções psicológicas exclusivamente humanas, não são

manifestações do aparato biológico, mas produto do desenvolvimento histórico do homem

em sociedade. Portanto, a criança não constrói por si mesma o próprio conhecimento.

40

6.7. A Aprendizagem - ZDT (zona de desenvolvimento proximal)

De acordo com a Teoria Histórico-Cultural o desenvolvimento da criança é visto

como um processo dialético marcado por inúmeras transformações qualitativas.

Para Vigotski (1998), a boa aprendizagem é aquela que se adianta ao

desenvolvimento e, para tanto, é imprescindível que os professores auxiliem seus alunos

a desenvolverem o que por si mesmos não conseguiriam. Para isso o professor deve

intervir na zona de desenvolvimento proximal (ZDP) através da transmissão-apropriação

do conhecimento científico.

A zona de desenvolvimento proximal seria a distância entre o nível real, atual,

(aquilo que a criança sabe) e o nível potencial (aquilo que a criança precisa saber).

Segundo a Teoria Histórico Cultural, é neste espaço que deve haver a intervenção do

professor.

A zona de desenvolvimento proximal é importantíssima no que diz respeito à

aprendizagem, pois é nela que ocorrem as intervenções de outras pessoas, do professor

principalmente, da escola, das práticas pedagógicas e do meio social no desenvolvimento

do ser humano.

Para Vigotski (2001),

a possibilidade humana de aprender mediado por outro ser humano, através da apropriação das várias linguagens, objetos naturais e culturais e nas relações sociais têm garantidas as condições para fazer avançar seu processo de desenvolvimento e humanização, o qual espontânea e naturalmente não se consolidaria.(VIGOTSKI, 2011,p.25)

É a aprendizagem por transmissão social que possibilita ao homem avançar no

desenvolvimento de suas potencialidades e tudo o que o sujeito faz hoje, com o auxilio e

orientação do outro, amanhã poderá fazê-lo de forma independente. Por isso que se fala

em socialização do conhecimento. Dai a importância da linguagem, dos símbolos, da

cultura no processo de humanização deste aluno. Também a importância de se dar aulas

significativas, contribuindo para que o aluno vá desenvolvendo suas capacidades

superiores, no sentido de ao se transformar, se humanizar, ele possa dar sua contribuição

para que este processo ocorra também com outros seres humanos.

Uma aprendizagem significativa é aquela que avança no desenvolvimento do

indivíduo. Segundo Vigotski (2001,p.35), “toda aprendizagem é uma fonte de

41

desenvolvimento que suscita para a vida uma série de processos, que sem ela,

absolutamente não poderiam surgir”.

Segundo Vigotski (1984), o aprendizado pressupõe uma natureza social específica

e um processo através do qual as crianças penetram na vida intelectual daqueles que a

cercam. Exemplificando, a criança só aprenderá a falar numa comunidade de falantes.

De acordo com Vigotski (2000) a aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-

relacionados na vida da criança desde o seu nascimento, e que o movimento real do

processo do desenvolvimento infantil não se realiza do individual para o social, mas do

social para o individual

Quando ela vem para a escola já traz conhecimentos que adquiriu na interação

com o meio social onde convive. Como membro de um grupo sociocultural específico, a

criança vivencia experiências como formação de conceitos, interiorizam valores, opera

sobre objetos concretos, forma uma visão de mundo etc. Estes conhecimentos

caracterizam-se como real ou atual. Nível de desenvolvimento real é aquele em que a

criança é capaz de resolver problemas sem a ajuda de outra pessoa. Nível de

desenvolvimento imediato ou proximal é o espaço onde o professor poderá ou deverá

intervir, pois é neste espaço entre o desenvolvimento atual e o novo nível de

desenvolvimento que o professor deverá intervir. Por isso que Vigotski(1984), considera

que a aprendizagem gera desenvolvimento e não o contrário.

Este movimento dialético pode ser entendido como:

NIVEL DE ZONA DE NOVO NIVEL

DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO

ATUAL OU REAL IMEDIATO OU PROXIMAL ATUAL OU REAL

Vigotski (1982) afirma que nem todo ensino promove o desenvolvimento dos

estudantes, mas que existem práticas que podem favorecer o acesso dos alunos aos

instrumentos simbólicos, aos conteúdos clássicos das artes, da filosofia e das ciências

assim como existem práticas que limitam ou privam os estudantes do acesso a estes

bens culturais.

42

Quando ela ingressa na escola outro tipo de conhecimento se processa. E o

professor deve ensinar sim, sem medo de ser tradicional, pois existe ensino no processo

de aprendizagem.

A partir das ideias da Pedagogia Histórico Cultural, sentimos a importância do

trabalho educativo da escola na vida de uma criança

Segundo os autores acima citados, o homem não é acabado, nem fruto do

desenvolvimento, mas ele se humaniza dados os condicionantes sócio-culturais aos quais

está sujeito.

Vigotski (1996), afirma que o homem não é naturalmente humano, mas é um ser

histórico e cultural com possibilidades de desenvolver sua humanidade.

Diz ainda “que a cultura edificou historicamente formas especiais de conduta,

modificando o próprio psiquismo humano” (VIGOTSKI, LURIA, 1996, p.48).

Estes autores consideram que a educação, ou a humanização do homem passa

pela transmissão da cultura, ou seja, da internalização da produção humana acumulada

historicamente, produção esta desenvolvida pelo trabalho do próprio homem.

Segundo Sforni (2010), o desenvolvimento ocorre à medida que os estudantes se

apropriam da experiência histórico-social.

A partir das idéias da Pedagogia Histórico Cultural, sentimos a importância do

trabalho educativo das escolas na vida de uma criança.

A opção pela idéias da Psicologia Histórico Cultural vem de encontro com as

necessidades dos alunos que temos na escola pública hoje. Aquele aluno filho de pais

trabalhadores, com direitos violados, que vivem à margem da sociedade, que vêem na

escola a possibilidade de regatar sua cidadania e ser partícipe das riquezas intelectuais e

materiais conquistadas pela sociedade, como previram os autores russos.

6.8. Atividades

Serão estudados alguns princípios educativos da Psicologia Histórico-Cultural, por

meio de vídeos e textos. Será feita uma síntese da discussão nos pequenos grupos e

apresentadas ao grande grupo para discussão e reflexões a respeito das contribuições

que os fundamentos da Psicologia Histórico Cultural pode dar para a educação de nossos

dias visando a melhoria da qualidade do ensino da Escola Pública.

43

7. CONCLUSÃO

A busca pelo conhecimento sempre é algo gratificante. Sei que minha contribuição

é apenas uma tentativa de conscientização da importância da teoria para fundamentar as

práticas pedagógicas visando um projeto de educação grandioso que cumpra realize o

sonho dos autores russos, no sentido de possibilitar a elevação cultural das massas,

conscientes de que eles também tem o direito de ser partícipes das riquezas culturais e

materiais produzidas pela humanidade.

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