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UNIDADE 5 Proteção de autoridades e de dignitários Eugênio Moretzsohn Objetivos de aprendizagem Conhecer alguns aspectos históricos da proteção de autoridades e de dignitários. Analisar os riscos e as ameaças envolvidos nessa doutrina. Proceder ao estudo detalhado de diferentes níveis de segurança sistêmica: segurança pessoal, anti- seqüestro, escoltas e comboios, eventos e viagens, segurança da imagem e das informações, segurança das comunicações e postagem, segurança na contratação de pessoal e contra-espionagem. Seções de estudo Seção 1 Aspectos históricos Seção 2 Riscos e ameaças Seção 3 A doutrina da segurança sistêmica 5 Book 1.indb 155 Book 1.indb 155 4/4/2008 15:07:46 4/4/2008 15:07:46

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UNIDADE 5

Proteção de autoridades e de dignitários

Eugênio Moretzsohn

Objetivos de aprendizagem

Conhecer alguns aspectos históricos da proteção de autoridades e de dignitários.

Analisar os riscos e as ameaças envolvidos nessa doutrina.

Proceder ao estudo detalhado de diferentes níveis de segurança sistêmica: segurança pessoal, anti-seqüestro, escoltas e comboios, eventos e viagens, segurança da imagem e das informações, segurança das comunicações e postagem, segurança na contratação de pessoal e contra-espionagem.

Seções de estudo

Seção 1 Aspectos históricos

Seção 2 Riscos e ameaças

Seção 3 A doutrina da segurança sistêmica

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Para início de estudo

“Mata um e assustará dez mil.”

(provérbio chinês)

O estudo da doutrina de proteção de autoridades, executivos

importantes e dignitários é mais que necessário e atual. É uma

questão a ser vista sob a ótica da segurança das informações

estratégicas, dos segredos organizacionais e da continuidade

dos negócios. Jamais um líder, seja em sua área de atuação

pública, política ou privada, precisou tanto que sua vida, seu

conhecimento, sua capacidade decisória, sua imagem, seu carisma

e talento fossem protegidos, quer pela ameaça da violência

ascendente das cidades, quer pela oferta de tecnologia capaz

de proporcionar suporte a profi ssionais aptos a levar adiante as

metas mais extremas: obter a qualquer preço informações vitais

de usos comercial, científi co, psicossocial ou político, ou tirar

do caminho, por qualquer meio, quem represente ameaça aos

interesses estratégicos de uma organização, partido ou estado.

Passou a ser tão necessário proteger-se quanto cuidar da saúde,

manter-se atualizado ou estabelecer boas relações institucionais,

pois um líder necessita estar vivo e livre para continuar a gerir

de forma produtiva sua organização ou a sociedade que o

escolheu. Passou a representar, também, um custo importante

para a empresa ou para o Estado, já que proteger a liderança visa

não somente a mantê-la operacionalmente ativa, mas também

preservar aquilo que representa e simboliza: o

comando e o poder decisório. O Estado estaria

para sempre maculado e se sentiria enfraquecido,

perante os demais, pela perda de um líder que não

soube proteger, como ocorreu no assassinato do

ex-premier israelense Yitzhak Rabin, em 1995,

abalando a até então consagrada imagem de

efi ciência dos serviços de segurança de Israel.

As organizações contabilizam prejuízos de

monta quando não preservam suas lideranças,

como ocorreu com o antigo Banco Bamerindus,

que perdeu boa parte da diretoria executiva que,

imprudentemente, viajava junta no mesmo avião

que caiu no Paraná, em 1981.

Figura 5.1: Yitzhak Rabin ao lado de Bill Clinton e Yasser Arafat, em um aperto de mãos que selaria o Acordo de Paz de Oslo, no dia 13 de Setembro de 1993.

Fonte: <http://en.wikipedia.org/wiki/Image: Rabin_at_peace_talks.jpg>

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Unidade 5

Aprender a gerenciar riscos e planejar a segurança de executivos e

de personalidades é o que lhe propomos nesta unidade. Vamos lá?

Seção 1 - Aspectos histórico

“Feliz daquele que aprende com a experiência dos outros. A maioria das

pessoas prefere aprender com a própria experiência e paga caro pela teimosia.”

(dito popular)

A absoluta maioria das pessoas teme morrer ou fi car incapacitada

de alguma forma para o exercício de suas funções. Na cultura

ocidental, a morte nos amedronta, em maior ou menor grau,

e chega a ser assustador imaginá-la de forma violenta ou

inesperada, provocada por acidentes de trânsito, tragédias

naturais ou confrontos armados. As pessoas, entretanto,

também temem a morte por outra forma de medo que não se

percebe claramente: é o da interrupção dos sonhos e planos, e

da impossibilidade de dar continuidade aos projetos. De modo

geral, as pessoas muito produtivas, que conquistaram muitas

realizações, são as que mais lamentam não poder consumá-las ou

delas usufruir (SOUZA & ZAKABI, 1995).

O que dizer, então, das pessoas que detêm poder? Seja político, econômico, militar, enfi m, qualquer forma de poder de mando ou de comando? Você já parou para pensar no estado de tensão em que vivem tais pessoas?

Elas temem a morte ou a incapacitação mais que as

outras e não medem esforços para adiá-la e evitá-

la, como se pudessem ser senhoras também de seus

próprios destinos.

Os Césares, assim como os demais tiranos, tinham

um medo atávico de serem assassinados. A famosa

Guarda Pretoriana, regulamentada por Otávio

Augusto, em 13 a.C., existiu para dar proteção aos

imperadores de Roma. A Guarda Suíça protege os

A Guarda Pretoriana era um corpo militar de elite formado para proteger os imperadores romanos e suas famílias. Em certas ocasiões, este corpo alcançou tanto poder que era decisivo na escolha ou permanência dos imperadores. (WIKIPEDIA, 2008).

Figura 5.2: Guarda SuíçaFonte: <stat.correioweb.com.br>

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papas desde 1506, quando foi criada por Júlio II. Não sem razão, os

Césares e os sumos pontífi ces tinham guardas pessoais: um terço dos

imperadores romanos e seis papas foram assassinados. E não só os

governantes ditatoriais ou autocráticos sofrem atentados: os Estados

Unidos da América já tiveram 4 (quatro) presidentes mortos a tiros

durante o exercício do cargo (FOLHA ONLINE, 2008).

Os chefes políticos são alvos de atentados desde tempos

imemoriais. Na era moderna, os mais conhecidos assassinatos de

dignitários foram:

Um tiro disparado pelo ator desempregado e escravista John Wilkes Booth, no camarote do teatro Ford, em Washington, matou o então presidente americano Abraham Lincoln, em 14 de abril de 1865. Lembrado como o presidente que emancipou os escravos de seu país, Lincoln é considerado um dos inspiradores da moderna democracia e uma das maiores fi guras da história americana.

Durante uma reunião de oração, o líder Mahatma Gandhi foi morto por um hindu enfurecido com suas pregações pacifi stas, em 30 de janeiro de 1948. Mahatma Gandhi foi um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e um infl uente defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução.

Em 22 de novembro de 1963, tiros de fuzil privaram os Estados Unidos da América da liderança carismática de John Kennedy, em Dallas, Texas, quando percorria as ruas da cidade a bordo do carro da presidência, em um comboio acompanhado de escolta policial. Kennedy fi cou mil dias na presidência, interrompida com seu trágico assassinato. Seu mandato fi cou marcado pelo lançamento de uma ambiciosa política trabalhista, o crescente envolvimento dos Estados Unidos no Vietnã, o fracasso da invasão de Cuba, a crise dos mísseis e a criação da Aliança para o Progresso.

Figura 5.3: John Kennedy e a esposa Jacqueline, pouco antes do atentado lhe tirou a vida.Fonte: <http://www.unifi cado.com.br/calendario/11/img/kennedy%5B1%5D.jpg>

Saiba mais sobre Abraham Lincoln em: <http://www.ccbeunet.br/biblioteca/lincoln.html>

Foi o Papa Júlio II que, em 1506, recrutou a primeira tropa para proteger a Santa Sé, declarando-os “guardiães da Igreja”. Na época, os suíços eram conhecidos como guerreiros fi éis e invencíveis, movidos por sentimentos nobres. (CORREIOWEB, 2008)

Saiba mais sobre Mahatma Gandhi em: <http://www.gandhi.hpgvip.ig.com.br/biografi a.html>

Saiba mais sobre John Kennedy em: <http://www.unifi cado.com.br/calendario/11/kennedy.htm>

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

Em 4 de abril de 1968, Martin Luther King Jr. foi atingido e morto por tiros disparados por James Earl Ray, um ativista branco, em Memphis, Tenessee, quando deixava um comício no qual discursara. Martin Luther King Jr. tornou-se um dos mais importantes líderes do ativismo pelos direitos civis nos Estados Unidos e no mundo, com uma campanha de não-violência e de amor para com o próximo. Tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz em 1964, pouco antes de seu assassinato.

Na noite de 5 de junho de 1968, o jordaniano Sirhan Bishara Sirhan, de 25 anos, no hotel Ambassador, em Los Angeles, Califórnia, atirou três vezes, com um pequeno revólver calibre 22, e provocou ferimentos graves nas costas e na cabeça do então senador Robert Kennedy (irmão do ex-presidente John Kennedy), que comemorava a vitória nas eleições primárias naquele estado. Robert Kennedy morreu no hospital no dia seguinte, sem haver recobrado a consciência;

Durante uma parada militar, em 6 de outubro de 1981, na Avenida da Vitória, na cidade do Cairo, o então presidente egípcio Anuar El Sadat foi fuzilado implacavelmente por milicianos fardados do grupo radical “Al Gamaa al Islamiyya” pertencentes a Jihad Islâmica e infi ltrados no exército nacional. Os atiradores, liderados pelo tenente Khaled Islambouli, desembarcaram de um veículo militar que passava em frente ao palanque das autoridades e descarregaram seus Kalashnikov contra o presidente e seus auxiliares;

Em 31 de outubro de 1984, a então primeira-ministra da Índia, Indira Ghandi, foi morta com 10 tiros disparados por dois guarda-costas, pertencentes à minoria Sikh, ao deixar sua residência, em Nova Deli. Seu fi lho e sucessor, Rajiv Ghandi, foi morto em 21 de maio de 1991, abraçado por uma atacante suicida que detonou uma bomba oculta num ramalhete de fl ores;

Figura 5.4: Sikhs durante rito religiosoFonte: <http://gordonpifher.com/wp-content/uploads/2007/04/sikhs.jpg

Saiba mais a respeito das causas e da importância desse fato em: <http://almanaque.folha.uol.com.br/mundo_24abr1969.htm>

Leia matéria publicada na Folha de São Paulo, em 09 de março e 29 de setembro de 2003.

Os sikhs são uma minoria político-religiosa indiana e se caracterizam pelo uso permanente do turbante. Saiba mais sobre os confl itos internos e o processo democrático da Índia em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u71835.shtml> e <http://jbonline.terra.com.br/jseculo/1984.html>.

Saiba mais sobre Luther King em: <http://www.lutherking.hpgvip.ig.com.br/biografi a.html>

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Em 28 de fevereiro de 1986, o então primeiro-ministro da Suécia, Olof Palme, foi abatido a tiros por um desconhecido, ao sair de um cinema em Estocolmo. Ele dispensava o serviço de segurança. O atirador nunca foi identifi cado pelas autoridades e o caso continua em aberto;

Na tarde de 10 de setembro de 2003, o fantasma do assassinato de políticos importantes voltou a assombrar a pacífi ca Suécia: a ministra das Relações Exteriores, Anna Lindh, 46 anos, foi esfaqueada no tórax, no estômago e nos braços por Mijailo Mijailovic, um sueco de origem sérvia, que fugiu após o atentado e só foi capturado pelas autoridades 15 dias depois. A ministra não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. Ela não usava segurança pessoal, pois, na Suécia, somente o rei e o primeiro-ministro têm direito a esse serviço.

Mas não só mandatários sofrem atentados. Personalidades do

showbiz também são vítimas de fanáticos, seguidores e fãs que

desenvolvem sentimentos quase patológicos por seus adorados.

Os casos mais famosos ocorreram nos EUA:

Em 9 de agosto de 1969, um grupo de hippies liderados por Charles Manson invadiu a casa do diretor Roman Polanski, em Hollywood, assassinando sua esposa, a atriz Sharon Tate - que estava grávida de oito meses - e mais quatro amigos do casal. As vítimas foram baleadas, esfaqueadas e espancadas até a morte, e o sangue delas foi usado para escrever mensagens nas paredes;

no dia 8 de dezembro de 1980, Mark Chapman atirou seguidas vezes contra John Lennon, na frente do edifício onde o astro morava. Chapman havia estado ali parado durante boa parte do dia e havia conseguido um autógrafo do cantor poucas horas antes;

em 31 de março de 1995, um tiro pelas costas calou a cantora texana Selena, ganhadora do prêmio Grammy de música latina. Selena foi assassinada por Yolanda Saldivar, que freqüentava a casa da família, era diretora de um de seus muitos fãs-clube e se tornara tão próxima que havia sido contratada como gerente de uma boutique de propriedade da cantora.

Figura 5.5: Os atores Jared Leto e Lindsay Lohan, em Chapter 27 (2007), fi lme sobre a história de Mark Chapman, o assassino de John Lennon.Fonte: <http://i.imdb.com/.../JaredLetoa_Devan_7246309>

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

Seção 2 - Riscos e ameaças

Atentados, seqüestros e espionagens são algumas das ofensivas

que mais ameaçam e põem em risco a segurança de autoridades e

dignitários. Vamos ver melhor do se trata cada uma dessas ameaças?

2.1 Atentados

“Nós tivemos sorte.”

(Margareth Tatcher, após safar-se de um atentado a bomba organizado

pelo IRA, em 1984)

“Vocês precisarão da sorte sempre. Nós, apenas uma vez.”(Líder do IRA, em reposta à declaração de Tatcher)

Pessoas muito importantes que necessitam de proteção

especializada são alvos reais ou potenciais de atentados de

diversas origens e formas. O atentado não é exatamente aquilo

que o cinema espetacularmente retrata, com bombas e explosões

alaranjadas.

Qualquer forma de ação criminosa (ou tentativa de) sobre pessoa, instalação ou instituição, com os meios adequados, com o propósito específi co de causar vítimas ou danos materiais, morais e psicológicos, mesmo a agressão física, escrita ou verbal, inclusive pelo meio digital, com uma fi nalidade pré-defi nida, é um atentado.

Quanto a sua origem ou motivação, os atentados podem ser:

de cunho político-partidário (IRA, no Reino Unido);

de cunho religioso (Jihad Islâmica, no Oriente Médio);

de cunho anarquista (Brigadas Vermelhas, na Itália);

de cunho extremista (Sendero Luminoso, no Peru);

de cunho ideológico (MR-8, VAR-PALMARES e

COLINA, no Brasil);

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por motivos pessoais e passionais (assassinato da cantora

Selena, nos EUA);

por interesses fi nanceiros e econômicos (FARC, na

Colômbia);

para obter vantagens (extorsão) – PCC, em São Paulo/

Brasil;

de cunho racial (Klu Klux Klan, EUA);

de motivação mercenária, a soldo de diversos interesses

(atentado contra Charles de Gaulle, presidente da França,

retratado no extraordinário livro o “O Dia do Chacal”, de

Frederick Forsyth).

uma combinação de duas ou mais motivações anteriores.

Especialmente no universo de nosso estudo, compreendido

por autoridades e personalidades ‘brasileiras’, ou executivos

estrangeiros em ‘nosso’ território, são especialmente relevantes

os atentados para obter vantagens (extorsão), os desencadeados

por motivos pessoais e passionais, por motivos fi nanceiros e, em

segundo plano, por motivos político-partidários. Felizmente,

o Brasil tem passado ao largo das ações violentas de cunho

ideológico, extremista, religioso e racial.

Quanto às fi nalidades, os atentados podem ser:

de eliminação ou extermínio, quando visam a causar

baixas na população ou eliminar um alvo específi co;

de incapacitação, quando visam a deixar fora de ação

determinada pessoa, organização ou sistema, de forma

apenas parcial ou por tempo limitado;

de intimidação ou psicológico, quando visam a minar a

vontade de uma comunidade, um empreendimento ou

uma liderança;

para provocar terror e pânico, quando visam, em elevado

grau, a causar distúrbios civis pela defl agração de uma

série de atentados;

para desmoralizar e macular a imagem, quando objetivam

manchar o conceito que a população tem acerca de

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

pessoa ou instituição, tornando público escândalos

comportamentais ou fi nanceiros, verdadeiros ou não;

para destruir instalações e valores materiais, quando

objetivam causar danos a prédios, linhas

de transmissão, sistemas viários e meios de

transporte, paralisando serviços, ainda que

temporariamente, e gerando prejuízos a

particulares e ao Estado.

Os chefes de Estado são alvos freqüentes de atentados,

mas a maioria destes não se concretiza e não vem ao

conhecimento do público. Eles recebem inúmeras

ameaças anônimas, especialmente por carta, pela internet e por

telefone. Claro que essas ameaças terminam por serem contidas

pelo staff de assessores, telefonistas e funcionários do gabinete.

Algumas delas, entretanto, como as citadas no item anterior,

materializam-se em episódios sangrentos, que marcam para sempre

a memória de uma nação.

Executivos de grandes corporações também recebem ameaças (a

maioria anônima), nem sempre pessoais, mas dirigidas às organizações

que comandam e aos produtos ou serviços que oferecem. Não deve

ser difícil imaginar a quantidade de ameaças que foram dirigidas

aos editores do livro “Versos Satânicos”, do escritor indiano Salman

Rushdie, este sim condenado à morte, à revelia, por um tribunal

formado por fundamentalistas islâmicos, em 1989.

Figura 5.6: Cena de vídeo produzido no Iraque para desencorajar homens-bombaFonte: <http://www.adblogarabia.com/wp-content/IraqBombingAd.jpg>

Grupo qualifi cado de pessoas que assistem um chefe, um dirigente, em organizações governamentais ou privadas.

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Os atentados podem ser executados por:

assassinos profi ssionais e mercenários (Ilich Ramirez

Sanches, o terrorista venezuelano conhecido como

“Carlos, o Chacal”);

psicopatas (John Hinckley Jr., o homem que atirou em

Ronald Reagan, em 1981);

fanáticos (seita japonesa Aum Shinrikyo, que lançou

gás sarin no metrô de Tóquio, em 20 de março de

1995, matando 12 pessoas e expondo outras 3 mil a

envenenamento);

organizações terroristas (Setembro Negro, nas Olimpíadas

de Munique, em 5 de setembro 1972, e Al Qaeda, nas

Torres Gêmeas, nos EUA, em 11 de setembro de 2001);

serviços de informação estrangeiros (há indícios

consistentes da participação do serviço secreto búlgaro

no suporte logístico ao terrorista turco Mehmet Ali Agca,

que atirou contra o Papa João Paulo II, na Praça de São

Pedro, em 13 de maio de 1981, e do implacável KGB

- Komitet Gosudarstvenno Bezopasnosti, ou Comitê de

Segurança do Estado - em inúmeros desaparecimentos

de personalidades durante o período da Guerra Fria);

agentes de governo, sob ordens formais de suas

autoridades (vingança do Mossad israelense contra os

mentores do atentado contra a delegação israelense na

Olimpíada de Munique);

pessoas comuns movidas por crença, fanatismo religioso,

ideologia, necessidade, desespero ou chantagem

(homens-bomba palestinos).

Meios mais comuns utilizados nos atentados:

corantes e tintas spray, tortas de creme, fezes e urina

(atentados de desmoralização);

armas brancas (facas, punhais e objetos arremessados);

armas de fogo, de vários tipos;

explosivos e agentes incendiários;

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Unidade 5

venenos e gases tóxicos;

bomba lógica (panes programadas em sistemas

informacionais);

agentes bacteriológicos e radiológicos.

Notícias falsas e tendenciosas, boatos e distorções de informação

também são considerados meios efi cazes de atentados de

desmoralização.

Os autores de atentados possuem as seguintes vantagens sobre

seus alvos e seus sistemas de segurança:

disponibilidade de tempo para planejamento,

reconhecimentos, ensaios e reajustamentos;

surpresa e iniciativa, que são, justamente, os fatores

decisivos;

motivação e, em alguns casos, apoio popular;

fi nanciamento, até mesmo por potências estrangeiras;

multiplicidade de alvos e de oportunidades, conforme for

a motivação do atentado.

2.2 Seqüestros

Embora a ação de seqüestro esteja perfeitamente contida dentro

do conceito de atentado, em face de sua

incidência no Brasil, parece oportuno fazer

uma pequena abordagem diferenciada.

Os crimes de extorsão, em suas várias

facetas, constituem um fl agelo de

segurança pública e causam efeito

devastador no moral das pessoas

atingidas. A extorsão mediante seqüestro

é uma ameaça real para um executivo de

expressão de uma companhia importante,

e também para qualquer pessoa que resolva

retirar quantia de pequena monta no

caixa eletrônico perto de casa (seqüestro-

relâmpago).

Figura 5.7: Cena de seqüestro na novela “Duas Caras” (2008) da Rede GloboFonte: <http://duascaras.globo.com/Novela/Duascaras/Home/foto/0,,11930891,00.jpg>

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Você sabia?

No ano de 2005, somente no estado de São Paulo, 133 pessoas foram seqüestradas (dados ofi ciais da Secretaria de Segurança Pública daquele estado, disponível no site do órgão; não estão sendo considerados os casos de seqüestro nos quais não houve comunicação formal às autoridades).

O temor de ser alvo de seqüestro resulta em investimentos

vultosos em dispositivos de segurança nos condomínios, veículos

e escritórios inteligentes, fazendo do ramo da segurança privada e

eletrônica uma das atividades que mais crescem.

As quadrilhas de meliantes que lideravam essa atividade no eixo

Rio-São Paulo sofreram revezes importantes da polícia, e os

seqüestros migraram para o interior do país, onde há empresários

bem sucedidos, especialmente no ramo do agronegócio.

Os criminosos procuram, antes de tudo, alvos que tenham

liquidez, para que possam ter retorno rápido. Portanto,

proprietários de supermercados, de empresas de ônibus, de

agências lotéricas e gerentes de banco passaram a ser alvos

bastante visados. Essas pessoas devem procurar orientação

especializada e contratar profi ssionais para protegê-las, pois sua

atividade profi ssional desperta o interesse desses grupos.

Os seqüestradores também preferem capturar os familiares (se

possível, os fi lhos), para causar maior efeito psicológico e manter

livre o “dono da caneta”, que é, de fato, quem irá adotar as

providências para o pagamento do resgate.

Embora tenha sido votada uma lei que trate desse assunto, e que

procurou disciplinar a matéria, o fato concreto é que os seqüestros

continuam ocorrendo e colocando a sociedade e as autoridades

policiais em constante prova. Na próxima seção, abordaremos as

medidas a serem tomadas para minimizar o risco de ser alvo de

seqüestradores.

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

2.3 Espionagem e espionagem industrial

“Há cinco tipos de espiões que podem ser utilizados: espião nativo, espião interno, espião

convertido, espião descartável e espião indispensável.”

Sun Tzu, ‘A Arte da Guerra’

O roubo de segredos e informações

industriais é mais comum do que

imaginamos, e ocorre com freqüência

no Brasil. Não há estatísticas seguras

a respeito, até porque ocorrências

desta natureza são de difícil

materialização de prova, e o assunto

causa desconforto no universo empresarial e científi co. O fato

concreto é que nossas empresas e universidades, com raríssimas

exceções, ainda engatinham na adoção de comportamentos

seguros e práticas controladas. As chamadas “comunidades do

conhecimento” e “empresas de sistemas abertos”, onde “a troca de

informações favorece o fl orescer das idéias” e a segurança ainda

é confundida com repressão, são um terreno fértil para espiões e

ladrões de dados e alvos preferenciais dos experts em inteligência

competitiva.

A forma mais comum de levantar informações sobre uma empresa é assediar funcionários demitidos. A forma mais efi ciente de infi ltrar espiões em uma empresa é na época de contratação de estagiários e trainees. E a forma mais barata de se aliciar colaboradores clandestinos é por meio de funcionários insatisfeitos.

Veremos no item “Contra-espionagem” como as organizações

devem se proteger dessa ameaça. O maior desafi o do gestor de

segurança de uma organização ainda é difundir a “educação de

segurança” e atuar, pelo convencimento, para que a companhia

adote medidas mínimas de proteção e sigilo do seu patrimônio de

informações.

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Perceba que a gestão de segurança voltada à proteção de autoridades e dignitários, e dos respectivos patrimônios das instituições que representam, depende fortemente de um trabalho de conscientização de todo o corpo administrativo.

Algumas medidas são restritivas de acesso, geram insatisfações e

reduzem o moral. Outras demandam investimentos fi nanceiros,

justamente na hora em que a empresa talvez precise cortar custos.

As empresas que não adotarem medidas para conter o roubo

de segredos terão seus segredos roubados, não há dúvida. É só

uma questão de tempo.

Seção 3 - Segurança sistêmica

Executivos utilizam pessoas treinadas na constituição de um

anel de segurança que o acompanha em todos os ambientes. Na

empresa, são os atendentes de gabinete, operadores de portaria,

vigilantes armados e motoristas. No traslado, em eventos e

viagens, são agentes de segurança (guarda-costas), assessores

e motoristas treinados que os acompanham para todos os

lugares. Em suas residências, são os vigilantes armados e

motoristas à disposição por tempo integral. A proteção de

executivos importantes de grandes companhias pode vir a

estender-se, também, a seus familiares próximos (esposa e

fi lhos).

A coordenação dessa equipe de agentes e motoristas é encargo

do chefe de segurança, que pode ser orgânico à organização

ou contratado. O anel de segurança ao qual um executivo deve

se submeter varia de acordo com:

a situação tática;

os fatos pregressos (histórico);

as informações existentes;

os recursos e meios disponíveis;

o ambiente onde atua e como se relaciona com ele;

a estratégia da organização.

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

Somente um profi ssional habilitado poderá dimensionar o

anel de segurança e quais as medidas a serem implantadas

para a proteção do VIP (very important person). Para proteger

adequadamente um VIP, é necessário adotar a segurança de

forma sistêmica: contínua, em todos os ambientes/situações e com

aperfeiçoamentos constantes (melhoria continuada).

A segurança de forma sistêmica também visa a proteger o alvo

de toda a sorte de ameaças, esgotando-se todas as hipóteses e

barrando as vias de acesso de eventuais agressores, sejam reais

ou potenciais. Agressor ou ameaça real é aquela confi rmada e

materializada.

Um desafeto que enviou uma carta assinada relatando sua intenção de se vingar de determinada situação pretérita.

Agressor ou ameaça potencial é aquela que ainda não se

materializou, nem se confi rmou, mas sabe-se, pela inteligência da

organização, que é só uma questão de tempo e de oportunidade.

Um ex-colaborador indignado por perder uma causa trabalhista importante que movia contra a organização, causa esta na qual depositava esperanças de contabilizar ganho monetário de monta.

A fi m de se articular um anel de segurança adequado, ainda que mínimo, deve-se procurar compreender os seguintes conceitos.

Segurança: conjunto de medidas adotadas com o objetivo de se evitar a surpresa, a espionagem, a sabotagem ou qualquer outra perturbação à integridade física, psicológica e moral do dignitário.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Graus de segurança (proteção, cobertura e vigilância)

Proteção: é a ação de proteger a autoridade de forma aproximada e impedir a ação direta sobre ela, seja a observação, o fogo direto ou o ataque de surpresa.

Cobertura: é a ação de proteger o cliente com agentes distanciados, procurando interceptar, desorganizar e negar a observação ao oponente, antes de ele atuar.

Vigilância: é a ação que permite dar o alerta oportuno sobre ações hostis e ameaças ao dignitário, de forma discreta.

Círculos de segurança (ostensiva, velada e aproximada)

Segurança ostensiva: formada por policiamento ostensivo, de trânsito, de choque, bombeiros, guardas municipais, médicos, etc., todos trabalhando com seus uniformes profi ssionais. Em caso de eventos com a presença de chefes de Estado, a segurança ostensiva desdobra-se em grandes efetivos, sendo a primeira a ser mobilizada e a última a deixar o local.

Segurança velada: formada por agentes dos diversos serviços de inteligência e do próprio serviço de segurança da autoridade. É responsável pela preservação dos ambientes após as inspeções técnicas, segurança nos acessos e por infi ltrações no meio do público, mantendo o chefe de segurança informado sobre a situação de forças hostis. No caso de segurança privada, a segurança velada é constituída por agentes de segurança, que se posicionam discretamente nos ambientes onde o VIP se encontra ou o acompanham de forma disfarçada.

Segurança aproximada: trabalha diretamente com o VIP, protegendo-o de ações hostis diretamente dirigidas a ele e isolando-o do contato com o público. É o “escudo humano” em volta do dignitário, responsável por sua evacuação imediata em caso de perigo.

Equipe precursora: grupo de agentes de segurança que se antecipam ao deslocamento do cliente, realizando uma inspeção prévia no local do evento e ocupando um dispositivo inicial para a chegada da autoridade. Podem ser ostensivos ou velados (disfarçados).

Equipe de vistoria técnica: detecta explosivos, inspeciona instalações elétricas, hidráulicas e estruturas, procura por escutas telefônicas (grampos) ou microfones escondidos. É composta por peritos e engenheiros. Nos eventos com a presença de chefe de Estado, é de responsabilidade da Polícia Federal.

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

3.1 Segurança pessoal

O staff que acompanha o VIP é geralmente composto

por um chefe de gabinete e seus auxiliares, motoristas e

seguranças (guarda-costas). Todos devem ter noções básicas

de procedimentos de segurança no escritório, no traslado e em

eventos, atendimento ao telefone, observação e memorização de

rostos e nomes, interpretação de sinais exteriores de ameaças,

primeiros socorros e, fundamental para quem protege, ter

iniciativa em alto grau.

Os agentes de segurança (guarda-costas e vigilantes armados),

orgânicos ou terceirizados, devem ser peritos em armas curtas

e longas, luta com facas, direção defensiva e defesa pessoal.

Devem ser de estatura mais elevada que a média e ter ótimo

condicionamento físico, sem o qual não obterão sucesso em

eventuais confrontos. É fundamental saber nadar e socorrer

pessoas afogadas, ter iniciativa e capacidade de durar na ação

por períodos extensos, como, por exemplo, acompanhar o VIP

em eventos que poderão se prolongar por muitas horas, exigindo

resistência à fadiga e capacidade de se manter em vigília, com

ótima postura e apresentação, na posição de pé na maior parte do

tempo. Não são todas as pessoas que têm essas condições, difíceis

para a maioria e insuportáveis para muitos.

A atividade de proporcionar proteção

aproximada para pessoas muito importantes

tem sido procurada como “bico” por

policiais de folga, a maior parte deles sem os

conhecimentos técnicos e sem a condição física

adequada.

A discrição absoluta é a tônica deste trabalho

tão gratifi cante que é proteger a vida de

celebridades. Podemos listar as seguintes

qualidades indispensáveis para um bom agente

de segurança:

fi delidade;

desprendimento;

responsabilidade;

discrição;

Figura 5.8: Agentes de segurançaFonte: <http://www.gocil.com.br/images/servicos_seguranca.jpg>

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Universidade do Sul de Santa Catarina

iniciativa;

coragem;

tato;

apresentação pessoal;

postura;

resistência física e psicológica;

preparo físico adequado;

conhecimento técnico-profi ssional atualizado;

aperfeiçoamento continuado.

3.2 Anti-seqüestro

Compreende o conjunto de medidas a serem implantadas por quem devemos proteger e por sua família para evitar a ação de seqüestradores.

Os peritos em medidas anti-seqüestro aconselham, com

veemência, que as pessoas importantes adotem os seguintes

procedimentos.

Fugir das colunas sociais: as publicações da mídia

oferecem muitas informações sobre a vida pessoal e

familiar, hábitos, viagens, fotografi as atualizadas, enfi m,

um sem-número de dados vitais para quem planeja uma

ação de seqüestro.

Não ostentar riqueza que você não possa proteger

adequadamente, por tempo integral.

Alterar os itinerários de traslado com freqüência.

Embora pareça aborrecido e até improdutivo, mudar

os percursos e os horários de saída e regresso em sua

rotina diária confunde quem estiver fazendo esse tipo

de levantamento. E as ações de seqüestro planejadas

levam em conta o estudo da rotina do alvo, diferentes

do seqüestro-relâmpago, que preferencia alvos de

oportunidade. Considera-se, na escolha dos itinerários,

5.9: PaparazziFonte: <gizmodo.com/.../2007/03/paparazzi%20gadgets.jpg>

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

que o local onde o VIP reside e onde ele trabalha são

áreas seguras (áreas verdes). O itinerário é área de risco

(área amarela), pontilhada por áreas de alto risco (áreas

vermelhas) e até mesmo por outras áreas seguras (verdes),

como é o caso das proximidades de delegacias e quartéis.

Determinado trecho em um mesmo itinerário pode ser,

também, amarelo em determinado horário e vermelho

em outro, em face das condições do tráfego.

Não transitar em horários de pouco movimento e por

locais ermos.

Não parar em caixas eletrônicos à noite.

Se possível, nunca sair sozinho.

Manter seu veículo abastecido e em muito boas condições

de uso, inclusive os pneus.

Não sair do carro sem antes reconhecer, pela vista, como

estão as condições de segurança do entorno.

Manter uma pessoa de confi ança informada sobre

seus deslocamentos, horários programados e eventuais

alterações.

Conhecer as técnicas de direção defensiva.

Procurar desenvolver o senso de orientação, para não se

perder no itinerário.

Exercitar a capacidade de memorização, a fi m de

reconhecer pessoas e veículos que tenham sido avistados

nas imediações ou pelo retrovisor.

Não possuir no aparelho celular os telefones de pessoas

próximas identifi cadas como “mãe”, “pai”, “minha casa”,

etc., para não fornecer tais informações a estranhos no

caso de perda ou furto do aparelho.

Não tratar de assuntos relacionados a dinheiro, viagens e

negócios na presença de empregados, pessoas estranhas

ou ao telefone.

Manter em dia o cadastro de ex-empregados e de ex-

funcionários, especialmente os que tenham prestado

serviços na residência, contendo os dados de localização

dos mesmos.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Nunca contratar pessoas sem referências confi áveis,

principalmente para os serviços domésticos.

Não disponibilizar, na internet, informações pessoais e

fotos em “blogs”, Orkut, sites de relacionamento, etc.

Não jogue no lixo extratos bancários e outros

documentos com informações importantes. Destrua-os

de forma segura e conveniente.

Oriente os empregados domésticos e as crianças

sobre o uso do telefone e a forma correta de atender

interlocutores, sem fornecer dados sobre a vida da

família, bem como o paradeiro de pessoas.

Alertar as autoridades policiais ao perceber fatos que

atentem contra sua segurança ou a de terceiros, e exigir a

presença e a intervenção dos agentes da lei, como deveria

fazer cada cidadão.

Adotar procedimentos seguros, nos quais imperam o

bom-senso e a prudência, em primeiro lugar.

Para o gestor de segurança de uma organização, convencer as

pessoas a quem desejamos proteger a adotarem essas medidas

é um verdadeiro desafi o. Não é tarefa simples impor, pelo

convencimento, limites seguros a alguém, e a isto se denomina

“Educação de Segurança”.

A proteção efi caz de pessoas muito importantes contra as ações

de seqüestro requer investimentos elevados. O planejamento

dessa proteção deve considerar todas as hipóteses e abranger o

universo dos familiares e das pessoas muito próximas, de forma

sistêmica. Duas medidas são consideradas adequadas e prudentes:

a utilização de veículos blindados e de escolta armada.

Há oferta de empresas credenciadas a blindar veículos em

número sufi ciente para uma boa comparação de qualidade e

tomada de preços. Ao optar pela blindagem de seu automóvel, a

pessoa tem de ser alertada para o maior consumo de combustível,

pois uma blindagem de média capacidade pesa o mesmo que dois

passageiros adultos. As blindagens mais resistentes, que suportam

tiros de fuzil, pesam mais de 400 quilos. Não são todos os

veículos, portanto, que se adaptam a essa exigência. Geralmente,

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

os carros importados têm sido preferidos pelos compradores,

embora seja mais uma questão de potência de motor e de

resistência da suspensão. Existem opções de blindagens mais

leves e menos dispendiosas, que suportam tiros de armas curtas,

instalando-se vidros resistentes e blindagem nas portas, bancos e

painel, sufi cientes para proteger os ocupantes do veículo de uma

tentativa de assalto em um semáforo, por exemplo, e garantindo

a sobrevivência dos passageiros se o automóvel não sofrer muitos

impactos.

Figura 5.10: Agentes de segurançaFonte: <http://www.gocil.com.br/images/servicos_seguranca.jpg>

A inteligência da organização, por meio de um estudo de cenários prospectivos, é a responsável por aconselhar qual o investimento deverá ser feito na proteção da liderança.

Os veículos blindados requerem cuidados especiais e são de

manutenção onerosa. A blindagem de veículos é controlada pelo

Exército e é necessário registro especial no DETRAN.

O serviço de escolta armada deve ser feito por empresa

credenciada e registrada na Polícia Federal. É dispendioso

contratar guarda-costas, mas sabe-se que muitas vezes são eles

que evitam seqüestros e até assassinatos do VIP.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Os agentes são sindicalizados e contam com assistência jurídica para o caso de terem de atirar em alguém durante seu turno. Portanto, não é serviço para amadores nem para policiais de folga, pois, no caso de confronto, o amador simplesmente pode não reagir com a presteza exigida para a ocasião e o policial tentará evitar a reação armada até o último instante, pois sabe das conseqüências para sua carreira por se envolver em um tiroteio não estando de serviço.

3.3 Escoltas e comboios

O VIP está mais vulnerável sempre que estiver em deslocamento.

Deslocar-se é abandonar um ponto seguro (ao menos em tese)

e trocá-lo pelas incertezas do itinerário. Como vimos no item

anterior, para que esta fase seja mais controlada e menos sujeita a

ações hostis, é adequada a utilização de carros blindados e escolta

armada. A escolta pode ser:

a pé, quando agentes de segurança acompanham o VIP em seu deslocamento, caminhando ou correndo. Geralmente, o(s) agente(s) se desloca(m) à retaguarda do VIP, a dois passos de distância, um pouco à esquerda ou à direita dele, conforme o terreno e a situação que se descortina. Caso seja uma equipe constituída, os agentes se distribuem em formações em triângulo (cunha) ou losango (diamante), com um ou mais agentes à frente, dependendo da situação tática e das informações que a inteligência da organização possuir. Podem se deslocar, também, em escalão à direita e à esquerda. A missão principal da escolta é proteger o cliente e quem o acompanha. Para isto, deverá adotar medidas evasivas com o VIP, sempre evitando o confronto, agindo com previsão e antecipando-se às ações hostis que partam de pessoas ou veículos. A escolta a pé traz as seguintes vantagens: fl exibilidade (permite rápidas mudanças de itinerário e direção), elevada adequabilidade a todo o tipo de terreno e discrição. Possui, entretanto, desvantagens importantes: pouca velocidade, perda da blindagem ou de outra proteção oferecida pelo veículo, além de expor o cliente às inclemências do tempo. A escolta a pé só deve ser utilizada em deslocamentos curtos e, preferencialmente, por itinerários previamente reconhecidos. Nunca se deve expor o cliente em “áreas vermelhas” estando ele a pé;

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

motorizada, quando os agentes de segurança acompanham o VIP, estando embarcados em veículos (o presente estudo considerará apenas automóveis e motocicletas). A escolta motorizada apresenta as seguintes vantagens: utilização da velocidade e da blindagem como medida defensiva, utilização do próprio veículo como arma de contra-ataque e proteção do cliente contra intempéries. Além disto, os veículos possuem aparelhos de rádio-comunicação e transportam material de primeiros-socorros, às vezes necessários. A maior desvantagem da escolta motorizada são as limitações das vias de tráfego. Há também relativa perda da discrição e elevação dos custos operacionais. O VIP deslocar-se-á no veículo que for blindado ou no que oferecer mais segurança. Os agentes são distribuídos pelos demais veículos, ou em um único automóvel à retaguarda, como é comum nas cidades brasileiras.

Em um comboio de escolta de chefe de Estado, o primeiro

veículo é conhecido como “varredura”, sendo, normalmente,

da força policial local, e se desloca um pouco mais à frente,

liberando o tráfego, efetuando reconhecimentos e mantendo os

demais informados sobre as condições do itinerário, pelo rádio.

O veículo seguinte é o “A”, com agentes de segurança armados,

responsável pela segurança de itinerário. O chefe de Estado é

transportado pelo “B” , que se desloca à retaguarda do “A”. O

veículo seguinte é o “C”, responsável pela proteção aproximada.

Depois do veículo “C”, seguem os demais automóveis que

transportam personalidades, a ambulância e o carro-reserva para

o chefe de Estado. O último veículo é o encarregado da função

de “cerra-comboio”, também usualmente da força policial, e pode

ser usado como viatura de perseguição.

Portanto, um comboio completo teria a formatação mínima de “A, B e C”, precedido de uma viatura de “varredura”, e seguido pelos demais carros, fi nalizando com o “cerra-comboio”.

Na eventualidade de o executivo necessitar de um comboio

“A, B, C”, cada automóvel da segurança será tripulado por 1

(um) motorista e 3 (três) agentes, mas tal disposição dependerá

das informações disponíveis, da situação tática e dos recursos

alocados. No caso de ação hostil vinda da frente, o “A” engajará

a ameaça, enquanto o “B” e o “C” se evadirão pelo itinerário

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alternativo. No caso de ameaça vinda da retaguarda, os papéis de

“A” e “C” se invertem. As ameaças laterais são engajadas pelo “A”,

se vierem pelo lado esquerdo, e pelo “C”, se vierem

pelo lado direito (ou conforme a decisão do chefe

da segurança, que normalmente se desloca no

banco da frente do “B”). No caso de haver só um

veículo de segurança (o “C”), como é mais usual na

proteção de nossos executivos, a atenção da equipe

é redobrada, e os agentes sentados no banco de trás

engajarão as ameaças vindas de seus respectivos

quadrantes.

O agente sentado no banco da frente é o

responsável pela segurança frontal, sendo, também, o

chefe da equipe e o condutor tático da viatura (o condutor

técnico é o motorista). O engajamento contra veículo agressor

dá-se inicialmente por manobras evasivas, seguidas pelo fogo

das armas de porte, visando os pneus, a grade do motor e o

radiador do carro, imobilizando-o. Caso o agressor persista em

sua intenção, deve-se atirar contra o motorista e os tripulantes.

Atos hostis vindos de pessoas a pé requerem ação imediata: a

melhor proteção é romper rapidamente o contato, mantendo as

janelas dos carros fechadas. Não se retorna para perseguição de

pessoas a pé, pois pode ser uma ação diversionária, cuja fi nalidade

é dividir a escolta. O engajamento de alvos a pé pelo fogo de

armas de porte, disparadas pelos agentes de dentro de veículos

em movimento, é temerário e expõe os pedestres ao risco elevado

de “balas perdidas”. Portanto, a melhor ação imediata é acelerar

o comboio e adotar manobras evasivas para desviar de tiros ou

objetos arremessados contra o carro do VIP.

O trânsito congestionado de nossas grandes cidades tem

favorecido o emprego de motocicletas pelos criminosos. Trata-

se de um veículo leve e rápido, de alta fl exibilidade e de difícil

engajamento pelo fogo de armas curtas, em face de sua pequena

assinatura visual. Entretanto, é extremamente vulnerável a

colisões e à chuva. A melhor defesa frente a um agressor de

motocicleta é um agente em outra motocicleta; portanto, tem sido

usual fazer-se escolta com agentes treinados nesta técnica: são os

batedores-motociclistas, que se deslocam à retaguarda do veículo

“C”. Quando o comboio se detém em um semáforo, por exemplo,

eles se posicionam ao lado das janelas traseiras do carro “B” onde

Figura 5.11: Escolta do Papa Bento XVI durante sua visita a São Paulo, em maio de 2007Fonte: <g1.globo.com/.../Fotos/foto/0,,10758909,00.jpg>

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

está o cliente, aumentando, sensivelmente, a segurança de quem

está no automóvel. Os batedores são muito úteis também no

reconhecimento de itinerários, deslocando-se à frente do comboio

e avaliando as condições do tráfego. São perfeitos como “viaturas

de inteligência”, pois podem ser disfarçadas de entregadores

e moto-boys, realizando inspeções em ambientes onde o VIP

desembarcará alguns minutos depois. Outro emprego importante

para o batedor é como viatura de perseguição, pois difi cilmente,

com pista seca, algum automóvel agressor conseguirá escapar de

uma motocicleta pilotada por um batedor hábil.

Fato corriqueiro em cidades com trânsito

intenso é o engarrafamento, que oferece ótimas

oportunidades para as ações hostis contra o

VIP e contra o comboio. Em uma retenção

de tráfego, o veículo “B” (onde está o VIP)

deverá manter-se a certa distância do veículo à

frente, evitando fi car “trancado”. O “C” deverá

manter-se muito próximo ao “B”, obstaculando

a passagem de pedestres à retaguarda deste e

evitando que algum outro veículo interponha-

se entre ambos.

Durante o deslocamento do comboio em trânsito livre, deve-

se adotar a velocidade mais elevada que o trecho permitir, sem

ultrapassar os limites impostos pela sinalização. Evita-se, assim,

a ação das autoridades policiais, que, afi nal de contas, cumprirão

sua obrigação ao fazer um comboio deter-se por excesso de

velocidade. O veículo “C” deverá manter distância adequada do

“B”, de forma a não permitir a interposição de outro veículo, mas

sem colocar em risco a segurança no caso de frenagem súbita do

“B”. Em estradas, esSa distância será maior, e as ultrapassagens

acontecerão “em bloco”, devendo ser bem ensaiadas pelos

motoristas dos carros do comboio.

Em caso de envolvimento do comboio em acidentes

(abalroamentos, engavetamentos ou atropelamentos), adota-

se como regra a retirada imediata do cliente daquele local, em

qualquer um dos veículos, ou até mesmo a pé, acompanhado por

seguranças. Havendo feridos a socorrer, deve-se providenciar

sua evacuação por aqueles que permanecerem no local (equipe

mínima). Tais procedimentos de segurança são necessários, pois

provocar um acidente automobilístico é uma das técnicas efi cazes

Figura 5.12: Engarrafamento: fato corriqueiro em cidades com trânsito intensoFonte: <www.bbc.co.uk/.../011116_engarrafamento300.jpg>

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utilizadas por organizações criminosas para desarticular equipes

de segurança, dividindo a escolta. Explicações e eventuais

indenizações serão efetuadas posteriormente e, para isto, as

organizações contam com advogados e assessoria de imprensa.

Os motoristas, pela importância de seu papel em uma escolta

motorizada, requerem treinamento e atenção especiais. De

modo geral, as empresas que oferecem tais serviços são rigorosas

na seleção desses profi ssionais. Além de peritos em técnicas

de direção ofensiva e defensiva, possuem conhecimentos de

mecânica e são capazes de atuar como agentes de segurança,

quando desembarcados. São os responsáveis pela condução

técnica da viatura, fazem sua manutenção preventiva e a guarda

das mesmas, quando estacionados.

Os agentes de segurança do comboio, quando engajados por

ocupantes de veículo agressor, responderão ao fogo com suas

armas, usando os veículos como proteção e como aríete (limpa-

pista). Só atuarão desembarcados se for extremamente vantajoso

ou se o veículo for imobilizado ou se incendiar. Normalmente,

os agentes de segurança utilizam revólveres e pistolas semi-

automáticas. Vestem coletes e possuem rádios de comunicação,

equipamento fundamental na coordenação dessas operações.

Transportam ao menos uma escopeta calibre 12 em cada

automóvel da escolta. Equipes de segurança de chefes de Estado

usam fuzis e submetralhadoras, armas impensáveis para a

segurança privada, e engajam seus alvos com fogo cerrado. Atacar

um comboio protegido por militares é assumir o risco absurdo

de ser atingido por tiros de grosso calibre partindo de todas as

viaturas, pois eles têm autorização de usar força letal na proteção

de chefes de Estado. Poucos agressores sobrevivem a tentativas

assim.

Mas a segurança privada, na proteção de executivos e lideranças empresariais, em nosso país, tem restrições quanto ao tipo e ao calibre das armas, e não pode atirar implacavelmente em qualquer agressor, sem antes cumprir as “regras de engajamento”, que visam a disciplinar o uso da força letal e que são de conhecimento das equipes de segurança.

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

Em suma, as “regras de engajamento” exigem que a equipe tente evitar o confronto, adotando manobras evasivas, optando por itinerários alternativos, acionando os meios policiais, tentando imobilizar o veículo agressor, para, somente após esgotar tais recursos, executar tiros diretos contra a tripulação do veículo.

No porta-malas dos carros da escolta deve haver cones de

sinalização, para o caso de acidentes, manta térmica, para

prevenção do choque em eventuais feridos, e estojo completo

de primeiros-socorros. Lanternas, cabo-de-aço para reboque e

um segundo pneu-estepe são itens indispensáveis em viagens

rodoviárias.

No caso de engajamentos urbanos (tiroteios em cidades), o

comboio cumpre sua missão principal – proteger o cliente e as

pessoas que o acompanham – rompendo agilmente o contato com

o agressor e procurando um itinerário alternativo para levar o

VIP a um local seguro. Não se detém em tiroteios prolongados,

até porque a lei impõe um limite de dotação de munição aos

agentes de segurança, ao contrário dos criminosos que fazem

“fogo à vontade”.

Em ambientes rurais ou em estradas, a equipe deverá romper o

contato com o agressor o mais rapidamente possível e dirigir-

se em alta velocidade até uma área habitada (cidade, vilarejo ou

posto de gasolina), onde se abrigará e acionará os meios policiais.

O comboio não persegue os agressores, pois sua missão não é

essa. No máximo, o batedor-motociclista poderá receber esta

tarefa. O comboio protege o cliente, assegurando-lhe transporte

seguro até onde puder receber auxílio das autoridades.

3.4 Eventos e viagens

“Cada evento é um evento.

Cada viagem é uma viagem.”

(máxima entre os agentes de

segurança)

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Por força de seus compromissos profi ssionais e dos

relacionamentos pessoais criados a partir destes, a maior parte

dos clientes comparece a eventos e realiza freqüentes viagens a

negócios.

Os eventos podem ser:

abertos, quando são franqueados ao público: solenidades

cívicas, inaugurações e cerimônias patrocinadas por

personalidades públicas;

fechados, quando o acesso é restrito a convidados,

havendo controle na entrada: jantares e festas privê,

desfi les e comemorações íntimas.

Os eventos podem ser, ainda, em ambientes abertos (ao ar livre),

em ambientes fechados ou uma combinação de ambos.

Eventos com a presença de chefes de Estado movimentam

aparatos de monta, e os agentes de segurança estabelecem

barreiras e cordões de isolamento, criando “compartimentos”

adequados aos vários tipos de público. Nesses eventos, o acesso de

segurança privada armada sofre restrições e tem de ser submetido

à aprovação do Coordenador de Segurança de Área (CSA), que

é um Ofi cial Superior das Forças Armadas, responsável pela

coordenação das diversas equipes presentes. Será necessário

submeter eventuais agentes privados a um cadastro rigoroso

e, como regra geral, nenhum agente armado poderá estar no

mesmo ambiente do Chefe de Estado, salvo os orgânicos do

staff respectivo. O acesso a esses locais é restrito a convidados

credenciados e todos passam por um pórtico com detector de

metais. A interdição do local do evento é realizada com dias de

antecedência, os auditórios e palanques são inspecionados por

policiais especializados em medidas antibomba, forças militares e

tropas-de-choque permanecem abrigadas em locais próximos.

Você sabia?

As iguarias servidas pelo buff et são inspecionadas e todos os servidores contratados para dar suporte ao evento passam por entrevista, cadastramento e pesquisa de antecedentes criminais.

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Unidade 5

O executivo convidado a comparecer a eventos assim contará com

a sua escolta pessoal apenas até o local de desembarque, devendo,

a partir daí, ser acompanhado por um agente desarmado até o

compartimento para o qual sua credencial de acesso for admitida.

Eventos privados (sem a presença de chefes de Estado) exigem,

também, credenciamento antecipado das equipes de segurança

dos demais VIPs, a fi m de serem evitados embaraços que

poderiam ser contornados com um contato prévio.

Nas ocasiões em que o cliente receber

convidados para um evento, patrocinado por ele

ou por sua organização, o chefe da segurança,

em contato estreito com o responsável pelo

cerimonial, dimensionará as áreas destinadas

ao estacionamento de autoridades, assentos

reservados no auditório, banheiros exclusivos

e seções destinadas aos demais convidados,

acionando a autoridade policial quando o

evento requerer medidas especiais de trânsito e

a presença de bombeiros.

A contratação de homens e moças uniformizados em empresas

traz benefícios ao dispositivo de segurança, devendo ser dispostos

ao longo dos acessos e próximos aos locais de risco (escadas,

terraços, etc.). Nos setores considerados críticos (portaria,

elevadores, acessos à área VIP, estacionamento, cozinha, etc.), os

agentes deverão estar munidos de rádio.

Algumas regras devem ser seguidas para tornar os ambientes

mais seguros:

devem ser retirados todos os objetos passíveis de ser

arremessados ou usados como arma;

a sinalização adequada orienta as pessoas e os motoristas,

evitando improvisos e acidentes;

a presença de convidados estrangeiros requer a

contratação de intérpretes e seguranças bilíngües;

em grandes espaços com muitas pessoas, o som

ambiente com indicações em dois idiomas, a exemplo

dos aeroportos, é muito útil para orientar convidados

desgarrados de suas comitivas;

Figura 5.13: Agente de segurança particularFonte: <www.empresasalianca.com.br/.../alianca%20045.jpg>

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Universidade do Sul de Santa Catarina

pontos de apoio, geralmente formados por “ilhas”

sinalizadas com banners e moças contratadas são úteis

para difundir informações e auxiliam a segurança,

funcionando como pontos de observação;

credenciais e convites diferenciados, informando os

privilégios do convidado, facilitam o entendimento por

parte de todos;

portas envidraçadas devem estar assinaladas com faixas

coloridas de advertência. Da mesma forma, fi tas coloridas

devem ser penduradas em fi os, arames estendidos,

cordinhas de amarrar barracas e pontas perigosas;

tapetes devem ser retirados, pois facilitam a ocorrência de

quedas, especialmente em idosos;

pisos molhados e escorregadios devem ser assinalados

adequadamente;

inaugurações de instalações recém-edifi cadas ou

reformadas demandam perícia técnica prévia,

especialmente para públicos maiores;

as saídas de emergência e o material de combate ao fogo

têm de estar perfeitamente sinalizados, desobstruídos e

em condições de emprego;

eventos à noite demandam geradores de energia para

eventualidades;

ambulâncias são sempre posicionadas em locais visíveis e

de fácil acesso;

qualquer planejamento de evento demanda a hipótese de

ser realizado sob chuva forte;

banheiros e água potável devem estar acessíveis ao público;

idosos, crianças e portadores de necessidades especiais

merecem atenção diferenciada;

sempre se deve prever a possibilidade de um convidado

necessitar “sair à francesa” (discretamente);

os profi ssionais de imprensa poderão ter um ambiente

preparado para o exercício de suas atividades (entrevista

coletiva, por exemplo).

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

Grandes eventos demandam contato antecipado com as

autoridades municipais e, muitas vezes, requerem o recolhimento

de taxas de emprego de policiamento.

3.5 Segurança da imagem e das informações

Pessoas e empresas investem tempo e dinheiro no

desenvolvimento de imagens vencedoras e conceituação ilibada.

Para as personalidades públicas, conquistar e manter um

nome respeitado perante a população é quase uma obsessão e

demanda investimento e tempo. Organizações como empresas

ou indústrias buscam assessoria especializada para auxiliar na

construção de uma imagem sólida no mercado, com sua marca

reconhecida e, conseqüentemente, valorizada. Tudo isto pode

ser posto a perder por um simples boato lançado na internet

ou pelo vazamento de informações confi denciais que possam

comprometer seus projetos. Preservar a privacidade do cliente

e resguardar as informações sensíveis é tarefa prioritária de sua

segurança pessoal.

Figura 5.14: Site ofi cial do SBT, invadido e pichado por um hacker em setembro de 2007Fonte: <menteinsana.com/.../2007/09/sbt_hacker.jpg>

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Universidade do Sul de Santa Catarina

A primeira medida a ser implantada é convencer o cliente de

que ele precisa acreditar na efi ciência das medidas de proteção,

e que sem a sua adesão ao programa este não será bem sucedido.

A segurança da organização deverá estar focada no combate às

ações da inteligência competitiva da concorrência, que buscará

sempre colocar seu patrocinador em posição de vantagem

(ABRAIC, 2008).

Os que protegem devem estar com a atenção voltada para as

ações de busca de dados lançadas pela oposição (nome genérico

das forças adversas, hostis à organização ou ao cliente). Essa

busca pode ser feita de forma dissimulada, de difícil detecção pela

segurança.

As técnicas mais comuns de se levantar dados sensíveis sobre um

alvo, seja o VIP ou a organização que dirige, são:

pela coleta de dados de domínio público, os quais,

submetidos a um processo conveniente de análise, servem

para alimentar a construção de cenários prospectivos;

pela observação das rotinas da residência do VIP pelos

funcionários internos (domésticas, jardineiros, porteiros,

etc.), os quais podem fornecer esses dados de forma

intencional e deliberada, mediante recompensas, ou sem

perceberem que estão sendo usados como informantes,

sendo “usados” por agentes treinados que deles se

aproximam;

pela infi ltração de agentes na organização que o VIP

dirige;

pela extorsão (por chantagem ou ameaça) de

funcionários;

pelo recrutamento de funcionários insatisfeitos;

pela colocação de espiões próximos a funcionários

situados em posições estratégicas, para levantar dados,

descobrir senhas, dimensionar rotinas e detectar

vulnerabilidades. São os conhecidos “agentes de atração”,

e se tornam amantes, namorados(as), companheiros(as)

de práticas esportivas e de vida noturna.

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

Como um exercício de pesquisa, realize a primeira dessas etapas. Eleja uma personalidade e levante dados signifi cativos sobre ela, que forem de domínio público. Considere as informações que você julgaria importantes caso tivesse de elaborar um plano de segurança para ela.

A proteção dos dados sensíveis e da rotina do cliente passa pelas

seguintes etapas:

confecção de um Plano de Segurança Orgânico (PSO),

com a fi xação das medidas a serem observadas por

todos os colaboradores e até pelos familiares. O PSO

é elaborado pelo chefe da segurança ou por empresa

competente em contra-inteligência;

educação de segurança, promovendo na organização

eventos, palestras, workshops interativos e atividades de

lazer que desenvolvam atributos afi ns, valendo-se dessas

ferramentas para divulgar as orientações contidas no

PSO. Especial atenção deve ser dada aos que trabalham

próximos ao VIP. Abranger nesta prática os familiares;

seleção rigorosa dos colaboradores, com entrevista e

investigação social de dados pessoais. Especial atenção

deverá ser dada aos estagiários e trainees (veremos

mais detalhes sobre o controle na admissão no item

“Segurança na Contratação de Pessoal”);

controle dos acessos dentro da organização, sejam estes

físicos (áreas sensíveis) ou virtuais (senhas e privilégios);

normatização do destino a ser dado ao lixo produzido;

adequação do ambiente computacional às necessidades da

segurança;

obediência ao “Princípio da Necessidade de Conhecer”,

que é a conscientização dos colaboradores para que

cultuem a disciplina de não tomar conhecimento de

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Universidade do Sul de Santa Catarina

assuntos que não lhe competem, independente do

nível hierárquico que possuam, do tempo de serviço na

organização e do grau de relacionamento com a diretoria;

adoção da técnica de “compartimentação do

conhecimento”, que é a fragmentação das informações

estratégicas de forma que os colaboradores só detenham

parte delas. Desta forma, caso haja alguma defecção

(perda do funcionário para a oposição), os danos causados

serão minimizados pelo fato de ele não estar de posse de

todas as informações;

celebração de contratos nos quais estejam bem amarrados

os limites entre o que pertence ao funcionário e o que

pertence à organização, inclusive o acervo de criações

(pesquisas, descobertas, inovações, etc.).

O PSO deve listar providências a serem tomadas no caso

de vazamentos de informações não-autorizadas, por meio

de um Plano de Contingência. A organização deve criar

cenários prospectivos em situações adversas, e sua inteligência

competitiva deverá estimar a capacidade de duração dos negócios

organizacionais em ambientes saturados (com abundância de

ações hostis).

3.6 Segurança das comunicações e postagem

A interface da organização com os parceiros e clientes dá-se pelo

atendimento direto ao público, mala-direta,

página na rede mundial de computadores,

serviço de telemarketing, vendas on-

line e representantes credenciados. As

organizações, portanto, se comunicam

em tempo integral. O VIP, dependendo

da natureza de sua atividade, da mesma

forma. Políticos e homens de mídia estão

expostos a todo o instante. Empresários

importantes costumam evitar aparições públicas desnecessárias,

mas, ainda assim, precisam relacionar-se. Possibilitar que

o cliente comunique-se de forma segura é outro desafi o do

profi ssional de segurança.

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Unidade 5

A segurança das comunicações começa (como já foi dito) com a

educação de segurança. O PSO (Plano de Segurança Orgânica)

conterá detalhadamente quais serão as medidas restritivas da

comunicação entre pessoas e entre empresas. Os colaboradores

responsáveis pela operação dos sistemas de comunicação devem

ser treinados em disciplina de comunicações, linguagem falada,

relacionamentos interpessoais e atendimento a clientes.

As informações a serem passadas a clientes não podem expor a organização e sua diretoria, e necessitam ser previamente triadas.

O conteúdo das gravações eletrônicas no tempo de espera do cliente ao telefone, especialmente nos atendimentos digitais, deve sempre ser avaliado e atualizado. Os aparelhos de comunicação (fax, telex, telefone, computadores ligados à internet) devem ser periodicamente inspecionados por peritos. Programas espiões são facilmente baixados da própria WEB, e seu combate requer a adoção e a observância de normas restritivas de acesso a determinados sites.

Novamente, crescem de importância a educação e o

convencimento dos colaboradores na adoção de práticas

seguras.

O telefone celular passou a ser item indispensável para

quem se relaciona. Seu uso deve ser pautado não só pelas

regras da boa educação, mas, sobretudo para o VIP, pelas

de segurança.

O celular não é seguro, salvo os muito sofi sticados e equipados com misturadores de voz (scrambler), geralmente acessíveis a agências de governos e aos militares, pois exigem que todos os operadores ligados estejam portando equipamento do mesmo tipo, para ser possível a decodifi cação do sinal.

As conversações pelo celular convencional podem ser capturadas

até por radiotransmissores adquiridos livremente no comércio, se

sintonizados adequadamente.

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Os telefones fi xos são mais seguros que os celulares, mas,

ainda assim, necessitam de inspeções periódicas. Aparelhos

de interceptação (grampos) podem ser colocados dentro do

próprio telefone ou na caixa de transmissão. Eles interceptam e

transmitem a conversação até uma antena, ligada a um receptor-

gravador, que pode ser a própria antena do carro e o aparelho de

som de um veículo estacionado nas proximidades. Executivos

importantes (e prudentes) devem determinar que suas linhas

telefônicas sejam submetidas a rastreamento uma vez por

semana, em dias e horários variados.

Pessoas cautelosas procuram estar atentas a ruídos na

linha telefônica, perda de clareza na conversação (chiados)

e veículos estacionados por longo tempo nas imediações

do escritório ou da residência, especialmente os furgões.

Técnicos das empresas de telefonia costumam fazer serviços

de manutenção nas linhas e nas caixas de transmissão,

inclusive nos fi nais de semana, mas é sempre conveniente

confi rmar com a operadora se aquele serviço que está sendo

executado na sua rua e nas vizinhanças de sua casa é de

conhecimento dela.

A postagem de documentos físicos e sua recepção requerem

medidas cuidadosas para se proteger os dados neles contidos

e para preservar a vida e a saúde das pessoas que os recebem.

Embora vivamos em um mundo cada vez mais digital,

organizações públicas, por exemplo, ainda trabalham com

documentos escritos e os recebem via malote.

Ao se postar documentos impressos, contendo dados sensíveis,

devem ser observadas as seguintes recomendações:

numerar o documento e suas páginas;

atribuir-lhe algum grau de sigilo (normalmente as

organizações civis só trabalham com a classifi cação

sigilosa Reserva e Confi dencial), carimbando-a em

todas as páginas;

por medida de segurança, colocar o documento dentro de

dois envelopes. O envelope interno conterá a classifi cação

sigilosa carimbada na frente e no verso (Reservado ou

Confi dencial). O externo conterá o endereço completo

do destinatário e do remetente. No destino, ao se

Figura 5.15: Kit anti-grampo telefônicoFonte: <imgserv.ya.com/.../i_1vicompuxautg_ldgi6aa4.jpg>

Consulte o Regulamento de Salvaguardas de Assuntos Sigilosos (RSAS) no site: <www.fab.mil.br/leiturarecomendada/RCA_205-1.pdf>

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

abrir o envelope externo, percebe-se que o conteúdo

é classifi cado (sigiloso) e são tomadas as medidas de

encaminhamento de documentos sensíveis prescritas no

PSO daquela organização;

o documento considerado classifi cado poderá ser

postado nos Correios, mas deverá ser encaminhado

como carta registrada ou SEDEX, permitindo seu

acompanhamento até o destino via internet. Sempre em

dois envelopes.

A recepção de documentos na empresa também requer cuidados

básicos:

inspecione pela vista a caixa ou o envelope, procurando

sinais de violação ou da existência de circuitos elétricos

superfi ciais;

procure observar se o conteúdo emite som (bomba-

relógio), algum aroma (explosivo plástico, cujo odor

característico é de massa de pão), ou se vaza líquidos

(a nitroglicerina, que é um líquido oleoso contido nas

dinamites, costuma exudar e romper os invólucros);

caso a aparência externa do material desperte suspeitas,

guarde o malote em local seguro e isolado, e chame um

perito ou a polícia;

os circuitos elétricos instalados em uma eventual bomba-

relógio emitem ondas (campo magnético) que interferem,

por exemplo, no aparelho de rádio FM sintonizado;

portanto, ao receber um pacote considerado suspeito,

coloque-o próximo a um rádio ligado e perceberá um

ruído, fruto da interferência entre os campos magnéticos;

ao abrir o envelope, procure observar se há um segundo

envelope com classifi cação sigilosa. Se houver, proceda

conforme recomenda o PSO.

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3.7 Segurança na contratação de pessoal

“Nenhuma corrente é mais forte

que seu elo mais fraco.”

(dito popular)

Por mais que as medidas de segurança adotadas para proteger o

cliente sejam rígidas, seu sucesso depende do trabalho em equipe.

E uma equipe efi caz se forma a partir da seleção na contratação

do pessoal.

O trabalho de proteger, como foi dito, não é para todas as

pessoas, pois exige uma série de atributos que não são suportáveis

pela maioria. A seleção de agentes orgânicos (dos quadros da

empresa) é encargo do chefe da segurança. A contratação de

agentes terceirizados também é de responsabilidade dele. A

direção deve se posicionar sob a terceirização ou a existência

de serviço próprio na proteção de seus interesses vitais. Não há

receita de bolo a seguir, pois cada caso é um caso.

Há algumas vantagens com a terceirização, tais como:

possibilidade de exigir a substituição imediata de agentes

cujo trabalho esteja deixando a desejar;

maior fl exibilidade, pois as empresas de segurança

capacitadas possuem pessoal disponível para atender

situações especiais, tais como eventos ou viagens;

a empresa contratante fi ca livre das questões trabalhistas

e dos encargos sociais.

A utilização de pessoal orgânico tem as seguintes

vantagens:

maior confi ança, pois todos trabalham em uma mesma

direção: a do crescimento da empresa;

versatilidade, pois o agente orgânico suporta atender

emergencialmente a outros setores da empresa, pois os

conhece, já que é funcionário dela.

O mais usual é que as organizações empresariais de porte

utilizem agentes orgânicos nos assuntos sensíveis (proteção

da diretoria, por exemplo) e os terceirizados nos serviços mais

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

simples (vigilantes, por exemplo). As organizações públicas

utilizam agentes terceirizados (contratados por licitação) e,

quando agências de Estado (inteligência, defesa, etc,), lançam

mão dos orgânicos pelas razões de confi ança já abordadas e até

mesmo pela abundante oferta de pessoal qualifi cado em seus

quadros.

Mas a seleção adequada de pessoal não exerce infl uência

na segurança da organização e de seu diretor apenas pelos

funcionários que os protegem. Todos os colaboradores têm de ser

selecionados para que a empresa funcione bem, e uma boa seleção

de pessoal começa por uma competente área de RH.

A escolha de pessoas focadas na missão da empresa, éticas,

que se relacionem bem com terceiros, que saibam se expressar,

que sejam comprometidas com os objetivos da empresa e da

sociedade, devem ser objetivos a serem procurados, sempre.

Organizações públicas devem primar pelo atendimento,

pela segurança de seu patrimônio físico e intelectual, pela

confi abilidade de suas informações, pela gestão de seus processos,

e a escolha de seus colaboradores é feita, quase sempre, por

concurso público. A escolha dos admitidos para trabalho sigiloso

e sensível dá-se por seleção interna, coma efetiva participação do

chefe de segurança. Não são todos os funcionários aprovados em

concurso que são aptos a todos os trabalhos. Se o concurso, por

força de lei, não pode distinguir usuários de drogas, por exemplo,

a seleção interna pode e deve fazê-lo. Funcionários endividados,

com muitos problemas pessoais e de família, oriundos de lares

desfeitos e com muitos confl itos, geralmente são vulneráveis às

ações da inteligência da oposição. Alcoólatras não podem ter

acesso a conhecimentos sensíveis. Usuários de drogas também

não. A seleção tem de ser rigorosa para proteger os elevados

interesses da empresa, sua biografi a, seu conhecimento e, em

última análise, seus produtos e clientes.

3.8 Contra-espionagem“Segredos são retenções compulsórias de

conhecimento, reforçadas pela perspectiva de punição em caso de revelação”.

(Walter Félix Cardoso Jr., em ‘Inteligência Empresarial Estratégica’)

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Universidade do Sul de Santa Catarina

São sábias e oportunas as palavras do Professor Dr. Walter

Félix Cardoso Júnior, autor do livro Inteligência Empresarial

Estratégica, no capítulo “O sigilo das informações”: “algumas

organizações não reconhecem valor nas próprias informações e,

por isso mesmo, não tomam cuidados necessários à sua proteção,

fi cando vulneráveis diante de ameaças cada vez mais presentes”

(CARDOSO JR., 2005, p.76).

O erro mais comum que os empresários, políticos e personalidades

cometem é achar que fatos assim somente existem em obras de fi cção.

Suas organizações são vítimas em potencial das ações de espionagem

da oposição, perdendo informações valiosas e oportunidades de

negócios para espiões disfarçados que agem com liberdade.

Markus Wolf, “o homem sem rosto”, diretor-chefe do implacável

STASI (Staatssicherheit), ou Ministério da Segurança do Estado,

criado em 1950 na extinta Alemanha Oriental e conhecido no

mundo da espionagem da época da Guerra Fria como “o kaiser

dos recrutadores”, utilizava agentes de atração sedutores, homens

e mulheres de extraordinária beleza para se aproximarem de

executivos, militares da OTAN, políticos ocidentais e cientistas.

Conseguiu espionar o ex-chanceler da Alemanha Ocidental Willy

Brandt enviando um “valete” (termo genericamente usado para os

prestadores de favores sexuais), o qual se aproximou habilmente de

sua secretária particular (WOLF & MCELVOY, 1997).

Se fatos assim aconteceram com pessoas que deveriam ser protegidas e preparadas, é fácil imaginar o que está reservado para incautos que nem sequer acreditam nessas possibilidades.

Já foi dito aqui que as formas mais usuais de se obter dados

de uma organização, ou sobre a vida privada de um VIP, é

aproximando agentes treinados dos colaboradores vulneráveis

a essas abordagens. Aparentemente, as maiores fragilidades de

uma empresa encontram-se nas áreas de protocolo de entrada e

saída de documentação, no Centro de Processamento de Dados

(CPD) e no Departamento de Projetos. O protocolo, físico ou

eletrônico, por ser o “gargalo” por onde transita a documentação

da empresa. O CPD, por motivos óbvios, é certamente uma das

áreas mais sensíveis de uma organização. E o Departamento de

Projetos por ser o “celeiro de idéias” da empresa. Mas as ações de

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Unidade 5

espionagem se materializam de fato em dois lugares bem menos

formais: na sala do cafezinho e no refeitório. Nestes espaços de

convivência, onde as pessoas estão mais relaxadas e descontraídas

e, portanto, mais suscetíveis a descuidos e desguarnecidas diante

das abordagens, é que ocorrem as seguintes ações:

o recrutamento de colaboradores insatisfeitos, a partir

da observação inteligente pelos agentes infi ltrados

(observadores), seguida de uma abordagem que culmina

em uma conversação sedutora;

a percepção de conversações reveladoras, por escutadores

que as reportam aos analistas experts em identifi cação de

oportunidades;

a revelação involuntária de dados por funcionários

imprudentes e desavisados que não seguem as orientações

de segurança, e que tecem comentários inoportunos sobre

negócios, viagens, contratos, projetos e experiências.

Proteger o cliente dessas ações é o desafi o do gestor de segurança

da organização. Educar pessoas acostumadas às atuais liberdades

cultuadas nas empresas, especialmente as de sistemas abertos, nas

quais a troca de vivências é a tônica dos relacionamentos (e também

um campo fértil para o roubo de segredos) é, realmente, desafi ador.

Os recrutadores profi ssionais agem sobre os funcionários que

possuem o seguinte perfi l:

ambiciosos demais por ganhos fi nanceiros;

endividados;

pouco éticos;

desmotivados no trabalho;

preteridos em promoções;

infelizes no casamento ou com fi lhos problemáticos

(tóxicos);

alcoólatras e dependentes de drogas;

com a vida afetiva conturbada e comportamento sexual

leviano;

ex-funcionários demitidos.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Os espiões aproximam-se dessas pessoas e assinalam com

promessas de ganhos fáceis, recompensas materiais diversas,

promessa de contratação por outra empresa, ou oferecem uma

aguardada oportunidade de vingança e de acerto de contas

contra desafetos. Alguns acenam ainda com conforto

espiritual, companhia e prazer. Os recrutados passam a

colaborar com senhas, dados diversos, acessos privilegiados

e informações pessoais sobre alvos compensadores,

abastecendo o espião controlador de acordo com o

repertório de conhecimentos estabelecidos por ele. Após as

primeiras missões pode sobrevir o arrependimento, ocasião em que

o recrutado cai em si e percebe os prejuízos acumulados e os que

estão por ocorrer. O espião, então, utiliza da extorsão e chantagem

(até mesmo da ameaça) para continuar a obter os serviços

contratados. É comum o espião relacionar-se com a família do

recrutado, estabelecendo com ela um vínculo e abastecendo-se de

mais dados, para serem usados, mais tarde, quando forem úteis.

A vida de um recrutado pode tornar-se um inferno, e ele pode até

consumar o ato extremo do suicídio.

Citamos, anteriormente, o cafezinho e a cantina como locais

favoráveis às abordagens por recrutadores e espiões. Outro local

onde os espiões coletam dados é no lixo. O lixo da empresa

ou de nossas residências fornece dados impensáveis para a

maioria das pessoas, mas extremamente úteis para especialistas

e analistas de inteligência. Extratos bancários, rascunhos,

bilhetes, carbonos (de papel para impressoras matriciais),

documentos descartados por estarem vencidos ou projetos

abandonados fornecem pistas valiosas para o estudo

de perfi s, levantamento de rotinas e hábitos. Destruir

os papéis descartados em incineradores e educar os

colaboradores para separar adequadamente o lixo das

seções são ações previstas no PSO e capítulo obrigatório

na educação de segurança da empresa.

Para defender sua organização das ações de espionagem, o gestor

de segurança necessita, também, entender seus processos de

trabalho e as práticas cotidianas, ter acesso aos dados do RH

e entrevistar os colaboradores, especialmente os que operam

conhecimentos sensíveis. A entrevista é, ainda, uma ferramenta

muito útil na detecção de vulnerabilidades. Necessita manter-se

atualizado com o PSO, no qual estarão previstas as ações passivas

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Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

de detecção de espionagem adversa, e as ações repressivas a serem

tomadas após a defecção de colaboradores ou do vazamento de

dados sensíveis. O gestor tem de convencer os gerentes e líderes

de nível intermediário a interessarem-se pelos problemas pessoais

de seus subordinados, e a encaminharem para áreas específi cas

as questões mais complexas. Desenvolver nos gerentes atributos

de liderança corporativa é parte da educação de segurança, e

que resulta no alinhamento dos colaboradores com as metas da

organização. A soma dessas medidas inibe as ações ilícitas de

obtenção de dados sensíveis.

Síntese

O estudo da doutrina de proteção a autoridades, executivos

importantes e dignitários deve ser visto como parte da estratégia

comercial de uma empresa ou instituição pública, pois as

organizações contabilizam prejuízos de monta quando não

preservam suas lideranças e seu conhecimento.

Os Chefes de Estado e executivos de grandes corporações são

alvos freqüentes de atentados, embora a maioria destes não se

torne pública. Suas organizações, produtos ou serviços também

são alvos de ameaças e seu conhecimento é alvo da espionagem.

Somente a adoção da segurança de forma sistêmica os protegerão

de toda a sorte de ameaças, físicas, virtuais ou emocionais,

barrando as vias de acesso de agressores reais ou potenciais.

A proteção efi caz do conhecimento, das instalações e da

biografi a de organizações e pessoas muito importantes requer

investimentos elevados. O planejamento dessa proteção deve

considerar todas as hipóteses e abranger o universo dos familiares

e das pessoas muito próximas, de forma sistêmica.

O maior desafi o do gestor de segurança de uma organização é

difundir a “educação de segurança” e atuar, pelo convencimento,

para que a companhia e as pessoas que nela trabalham adotem

medidas mínimas de proteção e sigilo do seu patrimônio e das

informações que dominam.

A primeira medida é convencer da necessidade e efi ciência das

medidas de proteção.

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198

Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de auto-avaliação

1) Sabemos que o conceito genérico de segurança de dignitários compreende o conjunto de medidas adotadas com o objetivo de evitar a surpresa, a espionagem, a sabotagem ou qualquer outra perturbação à integridade física, psicológica e moral do cliente.

Faça a correspondência entre as colunas:

CONCEITOS DEFINIÇÕES

(1) proteção

(2) cobertura

(3) vigilância

(4) segurança ostensiva

(5) segurança velada

(6) segurança aproximada

( ) trabalha diretamente com o VIP, protegendo-o de ações hostis diretamente dirigidas a ele e isolando-o do contato com o público;

( ) é a ação de proteger o cliente com agentes distanciados, procurando interceptar, desorganizar e negar a observação ao oponente, antes de ele atuar;

( ) é a ação que permite dar o alerta oportuno sobre ações hostis e ameaças ao dignitário, de forma discreta;

( ) formada por agentes dos diversos serviços de inteligência e do próprio serviço de segurança da autoridade;

( ) é a ação de proteger a autoridade de forma aproximada e impedir a ação direta sobre ela, seja a observação, o fogo direto ou o ataque de surpresa;

( ) formada por policiamento de trânsito, de choque, bombeiros, guardas municipais, todos trabalhando com seus uniformes profi ssionais

2) Os agentes de segurança devem ser peritos em armas curtas e longas, luta com facas, direção defensiva e defesa pessoal. Devem ser de estatura mais elevada que a média e ter ótimo condicionamento físico, sem o qual não obterão sucesso em eventuais confrontos. É fundamental saber nadar e socorrer pessoas afogadas, ter iniciativa e capacidade de durar na ação por períodos extensos, resistência à fadiga e capacidade de se manter em vigília, com ótima postura e apresentação, na posição de pé na maior parte do tempo. Não são

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199

Gestão de Prevenção e Repressão à Violência

Unidade 5

todas as pessoas que têm essas condições, difíceis para a maioria e insuportáveis para muitos.

Cite 3 (três) qualidades indispensáveis para um bom agente de segurança:

Saiba mais

Se desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade ao

consultar as seguintes referências:

Textos on-line:

Perguntas Freqüentes sobre Inteligência Competitiva

Disponível em: <http://www.abraic.org.br/site/faqs.asp>

Regulamento de Salvaguardas de Assuntos Sigilosos da

Aeronáutica (RSAS)

Disponível em: < http://www.fab.mil.br/

leiturarecomendada/RCA_205-1.pdf>

Livro:

CARDOSO JR., Walter Felix. Inteligência empresarial

estratégica: método de implantação de inteligência competitiva

em organizações. Tubarão: Editora Unisul, 2005. 175 p.

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Page 47: Seguranca Dignitario UNISUL

Para concluir o estudo

Ao longo desse estudo tivemos a oportunidade de

identifi car uma série de questões voltadas à Gestão da

Prevenção e repressão à Violência, questões de ordem

técnica, próprias da profi ssionalização das áreas ligadas

à Segurança Pública, de ordem social e também jurídica.

Essas questões nos permitem entender os fenômenos do

ponto de vista de sua complexidade, principalmente se

levarmos em consideração que cada evento depende de

múltiplas variáveis.

No desenvolvimento da disciplina foram estudados

elementos importantes da prevenção e proteção à

vida. A unidade 1 foi dedicada à atividade dos Corpos

de Bombeiros Militares, que, como você teve a

oportunidade de ver, por uma exigência social, passou

a exercer funções que vão além do combate ao fogo. Os

Corpos de Bombeiros Militares do Brasil atuam em três

áreas básicas legalmente instituídas, que são também

conhecidas como missões, quais sejam: a prevenção, a

busca e salvamento e o combate e extinção de incêndio.

As unidades 2 e 3 apontou como a violência contra

o patrimônio e às pessoas pode ocorrer, você viu que

ocorre de forma dinâmica e bem planejada, o que torna

a população e as empresas vulneráveis ao ataque dos

grupos organizados. Nestas unidades se deparou com

“recortes” de eventos envolvendo o tema, o que nos

possibilita visualizar situações reais, por conseguinte,

refl etir sobre formas de proteção. Nestas unidades teve

acesso à legislação existente sobre a matéria e verifi cou

como podem ser executados os serviços ligados à

prevenção de roubo de carga e transporte de valores.

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202

A unidade 4 abordou aspectos da criminalidade urbana e rural,

o que implicou estudar as modalidades de policiamento e suas

atuações. Nesta unidade você teve a oportunidade de perceber

há uma série de problemas inerentes à questão da construção

da violência e da criminalidade, bem como as diferentes formas

com que o aparato político jurídico do Estado, as estruturas de

segurança pública, vem se mobilizando para fazer frente à essas

questões.

Por último, na Unidade 5, conhecemos alguns aspectos históricos

da proteção de autoridades e de dignitários, analisamos os

riscos e as ameaças envolvidos nessa doutrina e procedemos ao

estudo detalhado de diferentes níveis de segurança sistêmica.

Vimos que o estudo da doutrina de proteção a autoridades,

executivos importantes e dignitários deve ser visto como parte da

estratégia comercial de uma empresa ou instituição pública, pois

as organizações contabilizam prejuízos de monta quando não

preservam suas lideranças e seu conhecimento. Somente a adoção

da segurança de forma sistêmica os protegerão de toda a sorte

de ameaças, físicas, virtuais ou emocionais, barrando as vias de

acesso de agressores reais ou potenciais.

Em síntese, nossa preocupação foi apresentar algumas concepções

sobre o fenômeno da violência urbana e rural em nossa sociedade,

apontando alguns dogmas equivocados que as relacionam com o

fenômeno “crime”, com um comportamento humano dissociado

do contexto social em que está inserido.

A intenção foi sair do “senso comum’ sobre a questão da violência

e da criminalidade”, demonstrar a amplitude do fenômeno

chamado “criminal” de forma a que se compreendesse as

expressões de violência em nossa sociedade sob um viés crítico, o

que constitui condição imprescindível para se adotar uma postura

prática responsável no enfrentamento dos problemas inerentes à

(in)segurança pública.

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203

Como encerramento de nossas atividades consideramos oportuno

transcrever uma das lições do saudoso mestre Alessandro

Baratta:

[...] Quando o confl ito social atinge níveis extremos de

violência, o princípio da universalização dos interesses

pode permitir a defi nição de objetivos intermediários.

Neste sentido, pode-se falar em “pacifi cação dos

confl itos”, quero dizer, de um chamamento dos diversos

sujeitos envolvidos para o estabelecimento de um

acordo que permita transformar a luta armada em luta

política, com regras consensuais e asseguradas. Dentro

do marco da contradição fundamental entre trabalho e

capital há uma multiplicidade de confl itos dependentes

e independentes; atuam uma pluralidade de pessoas,

grupos, e movimentos que se situam e se deslocam,

cada vez mais, em novos âmbitos, que não podem ser

simplesmente reduzidos à contraposição fundamental; [...]

(BARATTA, Alessandro, 1993, p.41).

Enfi m, é preciso que se compreenda que todos perdem com

a violência, qualquer que seja a sua modalidade, e uma das

maneiras de minimizá-la é se resgatar a necessidade de se dar um

sentido ético à vida e aos seus símbolos, aos valores e às relações

de afetividade. Essa é a verdadeira prevenção!

Os professores

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Page 51: Seguranca Dignitario UNISUL

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http://www.dpf.gov.br/ - Site do Departamento de Polícia Federal

http://www.portaldaseguranca.com.br/ - Site do Portal da Segurança que conta com vários artigos sobre o tema. Exige cadastro.

http://www.sesvesp.com.br/ - Sindicato das Empresas de Segurança Privada, Segurança Eletrônica, Serviços de Escolta e Cursos de Formação do Estado de São Paulo.

http://www.cnc.com.br – Confederação Nacional do Comércio.

http://www.viaseg.com.br/ - VIASEG – Portal de Negócios.

http://www.clicrbs.com.br/jornais/zerohora/jsp/default2.jsp?source=a1137621.xml> acesso em: 10 abr. 2006.

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Page 55: Seguranca Dignitario UNISUL

Sobre os professores conteudistas

CARLOS AUGUSTO KNIHS é Tenente Coronel

do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Santa

Catarina – CBMSC. Formação: 1982 - 1984, Curso

de Formação de Ofi ciais, Academia de Polícia Militar

de Santa Catarina, Florianópolis; em 1992 concluiu

o Curso de Direito pela Universidade Regional

de Blumenau; 1987, Curso de Especialização de

Bombeiros para Ofi ciais, Centro de Ensino da Polícia

Militar de Santa Catarina, Florianópolis; 1993, Curso

de Preparação à Magistratura, Escola Superior da

Magistratura do Estado de Santa Catarina, Blumenau;

1995, Curso de Capacitação para Instrutores – CPI/B,

Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC,

Brusque; 1998, Curso de Aperfeiçoamento de Ofi ciais,

Centro de Ensino da Polícia Militar de Santa Catarina,

Florianópolis; Especialista em Direito Penal e Processual

Penal, pela Universidade Regional de Blumenau - FURB

(1994-1996): Especialista em Segurança Pública, pela

Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL

(1998); Instrutor da Academia de Bombeiros Militar,

da disciplina Organização e Administração Bombeiro

Militar.

EUGÊNIO MORETZSOHN é Ofi cial de Infantaria

do Exército Brasileiro e Bacharel em Ciências Militares,

pela Academia Militar das Agulhas Negras (Resende/

RJ). É mestre em Ciências Militares, pela Escola

de Aperfeiçoamento de Ofi ciais (Rio de Janeiro/RJ)

e especialista em Operações de Inteligência, pela

Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), BSA/DF).

Possui estágio em Segurança Pessoal, pelo Gabinete de

Segurança Institucional da Presidência da República

(GSI) e especialização em Gestão de Pessoas nas

Organizações, UFSC/2002. Foi chefe de Seção de

Inteligência em Unidades do Exército Brasileiro na

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Amazônia, em Minas Gerais, no Paraná e em Santa Catarina.

Atualmente, é o responsável por Relações Públicas da 14ª

Brigada de Infantaria Motorizada, em Florianópolis/SC. É

instrutor de proteção executiva e segurança de dignitários e

palestrante sobre contra-inteligência corporativa e proteção das

informações organizacionais.

GIOVANI DE PAULA é Graduado em Segurança Pública pela

Escola de Formação de Ofi ciais da Polícia Militar do Estado de

Santa Catarina. Graduado em Direito pela Universidade Federal

de Santa Catarina. Pós Graduado (lato senso) em Segurança

Pública pela Polícia Militar de Santa Catarina em parceria

com a Universidade do Sul de Santa Catarina. Mestrando em

Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor

da UNISUL nas disciplinas História do Direito e Criminologia.

Professor do Curso de Formação de Ofi ciais da PMSC/

UNIVALI nas disciplinas Mediação de Confl itos e Sociologia

Criminal. Professor da UNIVALI nas disciplinas Direito Penal

e Direito da Infância e Juventude. Foi membro do Conselho

Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de Santa

Catarina no período de 1992/1993. Desempenha funções na

Polícia Militar do Estado de Santa Catarina no posto de Major

PM.

MARCOS DE OLIVEIRA é Tenente Coronel do Corpo de

Bombeiros Militar do Estado de Santa Catarina - CBMSC,

Especialista em Administração Pública pela Fundação

Universidade Regional de Blumenau - FURB, Especialista em

Planejamento e Gestão em Defesa Civil pela Universidade

Federal de Santa Catarina - UFSC, instrutor de Atendimento

Pré-Hospitalar, Combate e Extinção de Incêndios, Sistema de

Comando em Operações e Emergência com Produtos Perigosos e

mestrando em Engenharia Civil na UFSC.

PAULO ROBERTO BORNHOFEN é mestrando em

Desenvolvimento Regional pela Universidade Regional

de Blumenau – FURB. Pós-graduado em MBA – Gestão

Estratégica de Organizações pelo CESBLU – Centro de Estudos

Superiores de Blumenau, e em Administração em Segurança

Pública pela UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina,

ambos em nível de Especialização, tendo produzido as seguintes

monografi as: A Utilização das Informações do Centro de

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Operações da Polícia Militar como Ferramenta Gerencial

na Administração da Segurança Pública e Programa Jovens

Construindo a Cidadania – Uma proposta para implantação no

estado de Santa Catarina. É Bacharel em Ciências Contábeis

pela FURB e Curso de Formação de Ofi ciais – Academia da

Polícia Militar – Florianópolis/SC. É Major da Polícia Militar

do Estado de Santa Catarina. É autor do livro Sobrevivência

Urbana - Aplicação de Técnicas Visando a Redução da

Oportunidade Para a Ocorrência de Crimes. Diminuição de

Potencial de Vitimização no Caos Urbano. No ensino a distância

é professor autor e tutor da disciplina Gestão Estratégica da

Segurança Pública e professor autor da disciplina Gestão da

Prevenção e Repressão ao Crime. É professor das disciplinas

Sistema de Segurança Pública, Policiamento Ostensivo,

Criminalística e Gerenciamento de Crises e Negociações de

Reféns para os Cursos de Formação de Soldados da Polícia

Militar do Estado de Santa Catarina. Foi premiado com a

Medalha Major Ildefonso Juvenal e com o Certifi cado de la

Escuela Nacional de Polícia da República Oriental del Uruguay

por ter obtido a melhor média no curso de Aperfeiçoamento de

Ofi ciais/Administração em Segurança Pública.

SÉRGIO MURILO DE MELO é Capitão do Corpo de

Bombeiros de Santa Catarina. É Pós-Graduado em Segurança

Pública pela UNISUL. É instrutor de Atendimento Pré-

hospitalar (pela OFDA/USAID/UDESC), Salvamento em

Altura, Combate a Incêndios e Combate a Incêndios em

Ambientes Confi nados. Tem formação nas áreas de Prevenção,

Administração e Planejamento de desastres. É instrutor Nacional

de Defesa Civil, pelo Ministério da Integração Nacional. É

instrutor de Tecnologia e Prevenção no Combate a Incêndio para

o Curso de Pós-Graduação UFSC/UNIDAVI.

SILVANIO COELHO é Bacharel em Administração de

Empresas pelo Centro de Educacional Superior de Blumenau

– CESBLU. É Supervisor de Segurança da Prosegur Brasil S/

A – Florianópolis. É instrutor de Segurança no Transporte de

Valores no Centro de Treinamento Prosegur LTDA – CTP. É

Instrutor de Tiro formado pela CEVEL – SP. É formado em

Segurança Pessoal Privada (SPP) pelo Centro de Treinamento

Prosegur- CTP. 3º Sargento da Reserva do Exército Brasileiro.

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Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação

Unidade 1

1) Pode-se conceituar “fogo” como uma reação química de oxidação rápida, auto-sustentável, acompanhada pela produção de luz e calor em intensidades variáveis.

ou

Fogo é um processo de oxidação rápida acompanhado de elevação da temperatura pelo aquecimento dos produtos gasosos da combustão e pela emissão de radiação visível e invisível.

Pode-se conceituar “incêndio” como toda e qualquer combustão fora do controle do homem, a qual poderá danifi car ou destruir bens e objetos e lesionar ou matar pessoas.

ou

Incêndio é simplesmente uma combustão descontrolada.

2)

Combustível

Calor

Oxigênio

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3) Os principais produtos da combustão são os gases da combustão, as chamas propriamente ditas, o calor irradiado e as fumaças visíveis.

4) Indique a correspondência entre os termos de ambas as colunas, colocando nos espaços em branco da segunda coluna, as letras equivalentes da primeira coluna.

a) Condução ( C ) Incêndio em casas muito próximasb) Convecção ( A ) Aquecimento de uma barra de metal c) Radiação ( B ) Ocorre nos fl uidos (gases e líquidos)

5) Indique se a afi rmação a seguir é verdadeira ou falsa, escrevendo “V” ou “F” no espaço em branco.

V - F - F

6) Sinais indicativos de uma ignição súbita generalizada (fl ashover):

• Incêndio ventilado;

• Percepção de calor radiante doloroso (os bombeiros combatentes são forçados a permanecerem agachadas devido às altas temperaturas);

• Existência de superfícies superaquecidas;

• Chamas visíveis ao nível do teto;

• Aumento na velocidade da pirólise dos materiais existentes no cômodo incendiado;

• Rebaixamento crescente do plano neutro e aumento de turbulência (efeito ondular dos gases).

Sinais indicativos de uma ignição explosiva (backdraft):

• Incêndio com ventilação limitada ou incêndio controlado por falta de ventilação;

• Existência de fumaça espessa (densa);

• Portas e janelas superaquecidas;

• Janelas com vidros escurecidos pela fumaça e/ou vidros rachados/quebrados;

• Ausência de chamas visíveis;

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• Surgimento do “Ciclo de pulsações” (percepção de ar sendo arrastado - aspirado para dentro do cômodo sinistrado com sons característicos seguido de lufadas de fumaça saindo pelas frestas e pequenas aberturas);

• Aparecimento de chamas azuis nos planos mais altos;

• Surgimento de chamas dançantes ou chamas fantasmas, que são relatadas como línguas de fogo (chamas vivas) que não são unidas à fonte do combustível e movem-se em torno do local onde o combustível e o ar se misturam em condições favoráveis.

7)

Gases não misturados antes da combustão ( CD )

Chama de cor azul ( CPM )

Ardem de forma limpa ( CPM )

Chama menos estável ( CD )

Combustão mais efi caz ( CPM )

Combustão menos efi caz ( CD )

8)

Classe A ( F ) Óleo, gorduras de cozinhas e picheClasse B ( C ) Equipamentos elétricos energizadosClasse C ( D ) Magnésio, alumínio fragmentado e sódioClasse D ( B ) Gases combustíveis, graxas, gasolinaClasse K ( A ) Papel, borracha, plástico, tecido, madeira

9)

V- F - F - V

Unidade 2

1) SEGURANÇA BANCÁRIA o emprego diuturno de todas as medidas técnicas, visando INIBIR ou IMPEDIR a ação criminosa dos assaltantes de Bancos: Também, podemos defi ni-la como sendo: O ESTUDO DETALHADO E PLANEJADO DO SISTEMA DE MEDIDAS CAPAZES DE

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Page 62: Seguranca Dignitario UNISUL

216

ENFRENTAR E DE NEUTRALIZAR AS AÇÕES EFETUADAS CONTRA BANCOS’”.

2)

“– Que os funcionários sejam conscientizados das responsabilidades que lhes cabem na Segurança de sua Agência ou Matriz e as ponham em prática;

- Que os senhores Gerentes recebam e sigam as orientações técnicas da Segurança em Bancos e não intervenham na segurança;

- Que em cada Agência exista alguém responsável pela Segurança e que entenda dessa atividade;

- Que Agências e Matriz tenham Sistemas de Segurança também fora da hora de expediente;

- Que a POLÍCIA MILITAR as apóie desenvolvendo uma cortina de Segurança às Agências, com viaturas que passem periodicamente pelo local e observem detidamente o seu interior;

- Que os Bancos desenvolvam uma Política de Segurança que proponha apoio efetivo ao Sistema de Segurança;

- Que os integrantes da Segurança de Bancos sejam, de fato, técnicos competentes, formados e treinados para atuarem nessa área específi ca;

- Que os planos sejam confeccionados por pessoas reconhecidamente capacitadas;

- Que cada Agência e cada Matriz tenha um Plano de Segurança montado especifi camente para a Entidade;

- Que os senhores Gerentes das Agências de Bancos apóiem ainda mais o Serviço de Segurança executado;

- Que, em Segurança Empresarial, sabe-se que onde há assaltos é porque existem falhas na Segurança, cabe-se então corrigi-las;

- Que a Segurança Empresarial deve ser prioritária para a Administração dos Bancos e deve ser levada a sério;

- Que o assaltante é arguto, agressivo, frio e planejado;

- Que a Segurança do Banco deve estar preparada para enfrentar este tipo de assaltante;

- Que a segurança aja de tal maneira que o futuro assaltante sinta resistência ao entrar no banco;

- Que a Administração dos Bancos considere que cada vez que um assalto dá certo; os ladrões passam a ter melhor estrutura para outro assalto;

- Que exista pouco dinheiro disponível nas Agências;

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- Que se olhe o assalto a Bancos como uma modalidade de “Guerrilha Urbana” e como tal deva ser tratado;

- Que para se prevenir o assalto deva-se conhecer o modo de ação dos assaltantes e toda a sua tática de atividade;

- Que, numa Agência, o Vigilante se atenha tão somente à sua atividade específi ca: a Segurança do Banco e nada mais;

- Que os funcionários dos Bancos devem estar preparados psicologicamente para o caso de um assalto à sua Agência;

- Que as técnicas empregadas na Segurança de Bancos têm que ser atualizados constantemente acompanhando a evolução;

- Que o transporte de valores seja feito tão somente pelo pessoal especializado da Segurança;

3) Lei 7.102 de 20/06/83; Decreto 89.056 de 24/11/83; Lei 9.017 de 30/03/95; Decreto 1592 de 10/08/95; Portaria 992 de 25/10/95;

4)

a) Revolver cal. 38;

b) Pistola semi-automática. 380”short” ou 7.65 mm;

c) Cal. 12, sendo que no mínimo duas por carro forte; e

d) Carabina de repetição cal. 38.

5)

- Transporte de Valores;

- Custódia de Valores;

- Atendimento a caixas eletrônicos;

- Cofres de transferência;

- Processamento de cheques e valores;

- Segurança Patrimonial;

- Escolta armada;

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- Segurança Pessoal.

Unidade 3

1) Eletro-eletrônicos, combustíveis, cigarros, medicamentos, autopeças, bebidas, têxteis e confecções, higiene e limpeza e outros. São produtos com um bom valor de mercado e fáceis de serem distribuídos e mesclados com outros produtos comercializados de forma regular.

2) A primeira é que é um tipo de crime que apresenta uma taxa de notifi cação bastante alta, devido aos valores que envolvem. A segunda é que não apresenta um grande impacto para a população em geral, por não afetar diretamente o patrimônio individual das pessoas e também por não ser o que se conhece como crime de sangue.

3)

- Rastreamento da frota;

- Acompanhamento via fone;

- Escolta Armada;

- Pesquisa Sócio-Econômica e Criminal;

- Operação presença;

- Treinamento “in loco”;

- Endomarketing;

- Normas e procedimentos;

- Formação de comboio;

- Segregação da informação;

- Serviço de investigação;

4) Portaria 992/95 do Departamento de Polícia Federal

Unidade 4

1) V - V - F - F - V - V

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Unidade 5

1) 6, 2, 3, 5, 1, 4.

2) Possíveis qualidades a serem citadas: fi delidade; desprendimento; responsabilidade; discrição; iniciativa; coragem; tato; apresentação pessoal; postura; resistência física e psicológica; preparo físico adequado; conhecimento técnico-profi ssional atualizado; aperfeiçoamento continuado.

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