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2015.2 MÓDULO IV MEIO AMBIENTE E QUALIDADE DE VIDA

Segurança do Trabalho - ifcursos.com.br · comércios e residências. Como resíduos encontramos o lixo, produzido de diversas formas, e todo aquele material que não pode ser jogado

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2015.2

MÓDULO IV

MEIO AMBIENTE E QUALIDADE DE VIDA

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FICHA TÉCNICA

DIREÇÃO DO INSTITUTO FORMAÇÃO

Chiara Moura

Claudio Borges

SECRETARIA ACADÊMICA

Daniela Luz

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DO NUPE – (NÚCLEO DE PROJETOS E EXTENSÃO)

Marília Varela

RELACIONAMENTO ACADÊMICO

Email: [email protected]

CONTATOS

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Este material foi produzido com a exclusiva finalidade educacional para ser utilizado pelos alunos nos Cursos

Técnicos do Instituto Formação, sendo assim, vetada em qualquer hipótese sua venda ou reprodução sem

autorização. Ficando sujeito desta forma, às reponsabilidades penais por uso indevido de marca conforme

consta em legislação em vigor.

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1. MEIO AMBIENTE

1.1 Conceito

A Lei Federal nº 6.938 de 31 de agosto de 1.981, no seu artigo 3º, inciso I, meio ambiente é “o conjunto

de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, obriga e rege a

vida em todas as suas formas”.

Sánchez, L.E. (2.006) discute, com muita propriedade, esses conceitos e dele vamos extrair os conceitos

aqui aplicados, assim vamos discutir a dualidade do conceito de ambiente aonde podemos por um lado afirmar

que “ambiente é o meio de onde a sociedade extrai seus recursos essenciais à sobrevivência e os recursos

demandados pelo processo de desenvolvimento sócio econômico. Por outro lado, ambiente é também meio de

vida, de cuja a integridade depende a manutenção de funções ecológicas essenciais à vida. Desse modo, emergiu

o conceito de recurso ambiental, que se refere não mais à capacidade da natureza de fornecer recursos físicos,

mas também de prover serviços e desempenhar funções de suporte à vida”.

Temos, então, o conceito de ambiente flutuando entre duas perspectivas, em uma delas a natureza está

como fornecedora de bens. Com a explosão demográfica e o aumento exponencial de pressão sobre os recursos

naturais, desencadeando processos de degradação ambiental que afetam a capacidade da natureza em continuar

provendo os serviços e funções essenciais à vida, surge a perspectiva de ambiente como meio de vida. Desta

forma temos o ambiente como fornecedor de recursos e como meio de vida.

Para Theys (1993) apud Sànchez, L.E (2006), que examinou várias classificações, tipologias e definições

de ambiente, há duas diferentes maneiras de conceitua-lo: uma concepção objetiva , uma subjetiva ...... (Sánches,

L.E., 2006).

Na concepção objetiva, o ambiente é assimilado à ideia de natureza e, pode ser descrito como: como uma

coleção de objetos naturais em diferentes escalas (do pontual ao global) e níveis de organização (do organismo à

biosfera), e as relações entre eles (ciclos, fluxos, redes, cadeias tróficas), (Sánches, L.E., 2006).

A concepção subjetiva encara o ambiente como “um sistema de relações entre o homem e o meio, entre

„sujeitos‟ e „objetos‟” (Theys, 1993, p.22 apud Sánchez, L.E., 2006). Essas relações entre os sujeitos (indivíduos,

grupos e sociedades) e os objetos (fauna, flora, água, ar, etc) que constituem o ambiente implicam

necessariamente relações entre esses sujeitos a respeito das regras de apropriação dos objetos do ambiente,

transformando-os em objetos de conflito, e o ambiente, em um campo de conflitos, (Sánches, L.E., 2006).

É importante frisar que cada sociedade ter suas características próprias de valores, que podem aprimorar o

conceito de natural e dar valores diferentes para cada um desse „objetos‟.

São inúmeras as interpretações existentes na literatura sobre o conceito de ambiente e meio ambiente.

Assim é que, para alguns autores como Art (1998), dentro de uma visão mais estática, natureza é “termo

genérico que designa organismos e o ambiente onde eles vivem: o mundo natural”. Por ambiente entende-se o

“... Conjunto de condições que envolvem e sustentam os seres vivos na biosfera, como um todo ou em parte

desta, abrangendo elementos do clima, solo, água e de organismos”, e por meio ambiente a “soma total das

condições externas circundantes no interior das quais um organismo, uma condição, uma comunidade ou um

objeto existe. O meio ambiente não é um termo exclusivo; os organismos podem ser parte do ambiente de outro

organismo” (ART, 1998). Santos (1996), discutindo o conceito de sustentabilidade, considera que environment

(ambiente) compreende a base física e material da vida, a infraestrutura possibilita a sua existência em toda e

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qualquer escala. Nesse sentido, ainda citando Humphrey e Buttel in Santos (1996), o conceito de ambiente

envolve “a biosfera ou a fina camada de vida que recobre a superfície da terra, localizada entre a crosta terrestre

e a atmosfera” constituindo, portanto, “as condições externas e influências afetando a vida ou totalidade do

organismo das sociedade, ou a infra-estrutura biótica que sustenta populações de todos os tipos”.

Há, entretanto, outros autores que consideram que a natureza não se resume ao físico, pois ela é antes de

tudo um produto, um resultado da visão que o homem tem dela no tempo e no espaço (LENOBLE, 1969) e que o

meio ambiente não tem apenas um sentido estático, por ser constituído por relações dinâmicas entre seus

elementos componentes, tanto vivos como não vivos. Dentro dessa linha de raciocínio, para Primavesi (1997),

meio ambiente não é apenas o espaço em que se vive "mas o espaço do qual vivemos". Para Tostes (1994),

“meio ambiente é toda relação, é multiplicidade de relações. É relação entre coisas, como a que se verifica nas

reações químicas e físico-químicas dos elementos presentes na Terra e entre esses elementos e as espécies

vegetais e animais; é a relação de relação, como a que se dá nas manifestações do mundo inanimado com a do

mundo animado (...) é especialmente, a relação entre os homens e os elementos naturais (o ar, a água, o solo, a

flora e a fauna); entre homens e as relações que se dão entre as coisas; entre os homens e as relações de relações,

pois é essa multiplicidade de relações que permite, abriga e rege a vida, em todas as suas formas. Os seres e as

coisas, isoladas, não formariam meio ambiente, porque não se relacionariam”.

1.2 Constituição Federal de 1988 e o conceito de Meio Ambiente.

Segundo a Constituição Federal de 1988 o meio ambiente é dividido em físico, natural, cultural, artificial e

do trabalho:

1. Meio Ambiente Físico: Composto pela flora, fauna, solo, água, atmosfera, ecossistemas (art. 225,

§ 1º, I VII).

2. Meio Ambiente Cultural: Composto pelo patrimônio cultural, artístico, arqueológico,

paisagístico, manifestações culturais e populares, etc. (art. 215, § 1º, e § 2º).

3. Meio Ambiente Artificial: É o conjunto de edificações particulares ou públicas, principalmente

urbanas (art. 182, art. 21, XX e art. 5º, XXIII).

4. Meio Ambiente do Trabalho: É o conjunto de condições existentes no local de trabalho relativos

à qualidade de vida do trabalhador (art. 7, XXXIII e art. 200).

Portanto, para cada espécie, existiriam conjuntos diferentes de elementos inter-relacionados que lhes são

indispensáveis para sobreviver, constituindo-se em meios ambientes específicos. Admitir que a natureza é

pensada, e que somente o homem tem a capacidade de pensar culturalmente (acumular e refletir sobre

conhecimentos), reforça-se a visão de que ao se referir a ambiente, refere-se ao conjunto dos meios ambientes

de todas as espécies, pensados e/ou conhecidos pelo sistema social humano.

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2. AS FONTES DE IMPACTO AMBIENTAL NO MEIO AMBIENTE

Impacto ambiental é a alteração no meio ambiente por determinada ação ou atividade. Atualmente o

planeta Terra enfrenta fortes sinais de transição, o homem está revendo seus conceitos sobre natureza. Esta

conscientização da humanidade está gerando novos paradigmas, determinando novos comportamentos e

exigindo novas providências na gestão de recursos do meio ambiente.

Um dos fatores mais preocupantes é o que diz respeito aos recursos hídricos. Problemas como a escassez

e o uso indiscriminado da água estão sendo considerados como as questões mais graves do século XXI.

A poluição é qualquer alteração físico-química ou biológica que venha a desequilibrar um ecossistema, e

o agente causador desse problema é denominado de poluente.

Como já era previsto, os principais poluentes têm origem na atividade humana. A Indústria é a principal

fonte, ela gera resíduos que podem ser eliminados de três formas:

Recurso Natural Meios de contaminação

Água

- essa opção de descarte de dejetos é mais barata e mais cômoda, infelizmente os

resíduos são lançados geralmente em recursos hídricos utilizados como fonte de

água para o abastecimento público;

Atmosfera - a eliminação de poluentes desta forma só é possível quando os resíduos estão no

estado gasoso;

Áreas Isoladas - essas áreas são previamente escolhidas, em geral são aterros sanitários.

Por definição, resíduo é tudo aquilo não aproveitado nas atividades humanas, proveniente das indústrias,

comércios e residências. Como resíduos encontramos o lixo, produzido de diversas formas, e todo aquele

material que não pode ser jogado ao lixo, por ser altamente tóxico ou prejudicial ao meio ambiente. Resíduos

sólidos e líquidos podem ser de dois tipos, de acordo com sua composição química: resíduos orgânicos,

provenientes de matéria viva (por exemplo, restos de alimento, restos de plantas ornamentais, fezes, etc) e

resíduos inorgânicos, de origem não viva e derivados especialmente de materiais como o plástico, o vidro,

metais, etc.

Os resíduos que provocam impactos ou contaminação do meio ambiente são classificados em:

1. Resíduos tóxicos: são os mais perigosos e podem provocar a morte conforme a concentração são rapidamente

identificados por provocar diversas reações maléficas no organismo. Exemplos de geradores desses poluentes:

indústrias produtoras de resíduos de cianetos, cromo, chumbo e fenóis.

2. Resíduos minerais: são relativamente estáveis, correspondem às substâncias químicas minerais, elas alteram

as condições físico-químicas e biológicas do meio ambiente. Exemplos de indústrias: mineradoras, metalúrgicas,

refinarias de petróleo.

3. Resíduos orgânicos: as principais fontes desses poluentes são os esgotos domésticos, os frigoríficos,

laticínios, etc. Esses resíduos correspondem à matéria orgânica potencialmente ativa, que entra em

decomposição ao ser lançada no meio ambiente.

4. Resíduos mistos: possuem características químicas associadas às de natureza biológica. As indústrias têxteis,

lavanderias, indústrias de papel e borracha, são responsáveis por esse tipo de resíduo lançado na natureza.

5. Resíduos atômicos: esse tipo de poluente contém isótopos radioativos, é um lixo atômico capaz de emitir

radiações ionizantes e altamente nocivas à saúde humana.

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Segundo as normas da ABNT, resíduos sólidos industriais são todos os resíduos no estado sólido ou

semi-sólido resultantes das atividades industriais, incluindo lodos e determinados líquidos, cujas características

tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d´água ou que exijam para isso soluções

técnica e economicamente inviáveis.

A Norma ABNT NBR 10 004 de 09/1987, os resíduos sólidos industriais são classificados nas seguintes

classes, quanto à periculosidade:

Tipo de Classe Periculosidade

Classe 1 - Resíduos Perigosos

- São aqueles que apresentam riscos à saúde pública e ao meio

ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais, em função de

suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,

etc.

Classe 2 - Resíduos Não-inertes

- São os resíduos que não apresentam periculosidade, porém não são

inertes; podem ter propriedades tais como: combustibilidade,

biodegradabilidade ou solubilidade em água. São basicamente os

resíduos com as características do lixo doméstico.

Classe 3 - Resíduos Inertes

- São aqueles que, ao serem submetidos aos testes de solubilização,

não têm nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações

superiores aos padrões de potabilidade da água. Isto significa que a

água permanecerá potável quando em contato com o resíduo. Muitos

destes resíduos são recicláveis. Estes resíduos não se degradam ou

não se decompõem quando dispostos no solo (degradam-se muito

lentamente). Estão nesta classificação, por exemplo, os entulhos de

demolição, pedras e areias retirados de escavações.

É comum proceder ao tratamento de resíduos industriais com vistas à sua reutilização ou pelo menos à

sua inertização. Dada a diversidade destes resíduos, não existe um processo de tratamento pré-estabelecido,

havendo sempre a necessidade de realizar pesquisas e desenvolvimento de processos economicamente viáveis.

2.1 Resíduos Sólidos

Os Resíduos sólidos, como o nome diz, são materiais não aproveitados que se encontram no estado

sólido. Dentro dessa categoria encontram-se:

- Resíduos do dia-a-dia: de residências, escritórios e indústrias: papel, papelão, embalagens de diversos tipos,

vidros, etc. Esse tipo de lixo, em sua maioria, é reciclável, especialmente se feita a coleta seletiva, que separa

papel, plástico, vidro e metal.

- Resíduos públicos: são resíduos provenientes das atividades de varrição de ruas e praças e de outras formas de

limpeza pública. Nessa categoria enquadra-se também o entulho.

- Resíduos especiais: são todos os resíduos que necessitam de tratamento especial; não podem e não devem ser

tratados como lixo normal, pois possuem uma grande capacidade de dano ao ambiente e/ou à população. Nessa

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categoria encontram-se pilhas, lixo hospitalar, remédios velhos, resíduos radioativos e alguns tipos de resíduos

provenientes de indústrias, especialmente metais pesados.

Os resíduos sólidos geralmente recebem a denominação comum de lixo. Nas casas de moradia, o lixo é

constituído de restos de alimentos cozidos ou crus, papéis, plásticos, metais (principalmente latas), vidros,

madeiras, couros, etc.

A quantidade de matéria putrescível, isto é, matéria rapidamente biodegradável que existe no lixo, reflete

a quantidade de desperdícios existente em uma casa ou em uma cidade. Nas principais cidades do Brasil, o teor

da matéria putrescível é muito superior aos encontrados em qualquer região do mundo chegando a ser superior

ao dobro do existente em cidades europeias, o que significa que o brasileiro desperdiça muito alimento e fonte de

energia. Além do lixo das casas, há também, o lixo das indústrias e das casas comerciais, com composição muito

variável. O lixo dos mercados e feiras, por exemplo, é constituído quase exclusivamente de matérias

comestíveis.

Cada habitante de uma cidade é responsável pela produção aproximada de 0,6kg de lixo por dia; deste

total, cerca de 85% se constitui de materiais biodegradáveis ou biologicamente recicláveis. Para uma cidade

como São Paulo, isso significa um total de quase 5.000 toneladas diárias ou 1.800.000 toneladas anuais de

matérias recicláveis, provenientes dos campos e matas e que, portanto, a elas deveriam ser restituídas, nas formas

de adubos para vegetais ou alimentos para animais. Em geral, isso não é feito: o lixo é amontoado ao redor das

cidades, criando problemas de proliferação de moscas e outros animais (o que leva a maior utilização de

inseticidas nas casas, com os inconvenientes já apontados).

2.2 Resíduos Líquidos

Os Resíduos líquidos são aqueles materiais não aproveitados que se encontram no estado líquido. Um

dos principais tipos de resíduos líquidos é o proveniente da lixiviação dos materiais encontrados nos lixões e

aterros sanitários, conhecido como chorume. A água, proveniente do próprio lixo ou da chuva, entra em contato

com os diversos materiais do lixo e inicia-se um processo de reações químicas em cadeia. Ao final desse

processo, várias substâncias tóxicas são formadas. Estas substâncias podem, por exemplo, se infiltrar no solo e

contaminar o lençol freático, que é fonte de água de uma população próxima.

Dentro de resíduos líquidos, também podemos encontrar resíduos especiais, como

por exemplo o mercúrio, usado nos garimpos brasileiros durante um bom tempo e até hoje utilizado em alguns

locais. O mercúrio é altamente tóxico, especialmente aos organismos que vivem na água e que bebem dela.

2.2.1 Autodepuração dos cursos d´água

O homem, desde épocas imemoriais, sempre teve uma grande preocupação com respeito ao aspecto

estético das águas que bebe. Antigas civilizações há milênios já empregavam métodos de filtração ou decantação

para remover a turbidez provocada por partículas em suspensão na água. O que realmente causa dano à saúde

humana ou de animais que bebem a água poluída, são as substâncias tóxicas (venenos) e microrganismos

patogênicos que ela pode conter.

Os esgotos e resíduos orgânicos que são lançados a um rio vão pouco a pouco, sofrendo um processo de

transformação ou estabilização, da qual resulta a formação de pequenas quantidades de sais minerais dissolvidos

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na água. Diz-se, pois, que o rio, depois de poluído, sofre um processo de autodepuração mediante o qual ele

volta as suas características iniciais de água limpa. Além da estabilização dos compostos orgânicos (ou seja,

transformação de compostos instáveis em estáveis, que não mais se transformam), e da recuperação do oxigênio

que foi consumido, a autodepuração compreende, também, a destruição dos organismos patogênicos que foram

introduzidos no rio juntamente com os esgotos. Como vimos anteriormente, tais organismos, na água,

encontram-se em um ambiente desfavorável a sua sobrevivência. Vários são os fatores que concorrem para a sua

destruição. Entre estes, devem ser destacados: os raios ultravioletas da luz solar; a presença de microrganismos

aquáticos que se alimentam de bactérias; a tendência à precipitação, geralmente na forma de flocos gelatinosos

que vão ao fundo; as variações de temperaturas e a presença de oxigênio no ambiente.

2.2.2 Veiculação hídrica de organismos patogênicos

Microrganismos patogênicos não se reproduzem nem vivem por muito tempo nas águas. Nelas são

encontrados porque foram introduzidos através dos esgotos ou resíduos que contenham fezes humanas de

pessoas doentes, pois o ambiente favorável à vida e à proliferação desses seres é o próprio corpo humano.

Uma vez expelidos para o ambiente externo, solo ou água, eles geralmente vivem pouco tempo, embora o

suficiente, muitas vezes, para que sejam ingeridos por outra pessoa que se tornará assim, contaminado,

adquirindo a doença provocada por eles. Quando não existem sistemas adequados de afastamento de esgotos

e os dejetos são lançados ao solo, nas imediações das casas de moradia. As águas de chuvas, lavando a

superfície, transportam esses resíduos para os rios, juntamente com partículas de terra e outros detritos. Dessa

forma, as águas dos rios além de ficarem turvas por causa da terra, ficam também contaminadas com os

dejetos e com os microrganismos patogênicos procedentes de pessoas doentes. Nessas condições, as águas

passam a veicular bactérias, protozoários, ovos e formas imaturas de vermes nocivos ao homem e a outros

animais. As proporções de oxigênio e gás carbônico no ar atmosférico são mantidas relativamente constantes

graças às duas reações vitais básicas existentes na biosfera, a saber: fotossíntese e respiração.

Através da fotossíntese há um contínuo consumo de gás carbônico e produção de matéria orgânica e

oxigênio; através da respiração aeróbia há, pelo contrário, contínua degradação de matéria orgânica, com

produção de gás carbônico e consumo de oxigênio. Essas duas reações se realizam em proporções mais ou

menos idênticas, pois, do contrário, haveria ou um acúmulo excessivo de compostos orgânicos de oxigênio no

ambiente e faltaria gás carbônico para a fotossíntese ou, ao contrário, haveria acúmulo de gás carbônico e

oxigênio para a respiração.

2.2.3 Aspecto turvo da água não significa necessariamente contaminação

O homem, desde épocas imemoriais, sempre teve uma grande preocupação com respeito ao aspecto

estético das águas que bebe. Antigas civilizações há milênios já empregavam métodos de filtração ou

decantação para remover a turbidez provocada por partículas em suspensão na água. O que realmente causa

dano à saúde humana ou de animais que bebem a água poluída, são as substâncias tóxicas (venenos) e

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microrganismos patogênicos que ela pode conter. Ambos, porém, são invisíveis a olho nu, não alterando as

características estéticas da água.

2.3 Resíduos gasosos

Os resíduos gasosos resultam de reações químicas feitas pelas bactérias: fermentação

aeróbia (com utilização de oxigênio) e anaeróbia (sem oxigênio). Entre seus principais produtos, encontram-se o

dióxido e carbono (CO2) e o metano (CH4). Essas bactérias utilizam especialmente o lixo proveniente de fontes

orgânicas como substrato para suas reações.

2.3.1 Poluição Atmosférica

A atmosfera é uma massa de gases onde permanentemente ocorrem reações químicas. Ela absorve uma

variedade de sólidos, gases e líquidos provenientes de fontes naturais e industriais, que podem se dispersar,

reagir entre si ou com outras substâncias já presentes na atmosfera.

É uma camada de gases que envolve a atmosfera. Esses gases são:

• Nitrogênio (78%);

• Oxigênio (21%);

• (1%) de dióxido de carbono, argônio, hélio, neônio, metano, óxido nitroso, monóxido de carbono,

dióxido de enxofre, óxido e dióxido de nitrogênio, os clorofluorcarbonos, ozônio, vapor d‟ água e

outros.

As fontes de emissão de poluentes podem ser as mais variadas possíveis. Pode-se considerar dois tipos

básicos de fontes poluição: específicas e múltiplas.

As fontes específicas são fixas em determinado território, ocupam na comunidade área relativamente

limitada e permitem uma avaliação individual. As indústrias são exemplos de fontes específicas de poluição.

As fontes múltiplas podem ser fixas ou móveis, geralmente se dispersam pela comunidade, oferecendo

grande dificuldade de serem avaliadas uma a uma. Um exemplo de fonte múltipla são os veículos automotores.

A quantidade e qualidade dos poluentes emitidos por este tipo de fonte dependem de vários fatores

relacionados à fabricação. As matérias-primas e combustíveis envolvidos no processo, a eficiência do processo,

o produto fabricado e o grau de medidas de controle de emissões influem diretamente no tipo e concentração do

poluente expelido.

Os principais compostos nocivos que, nas grandes cidades, poluem a atmosfera são:

Compostos Sulfurosos: O dióxido de enxofre é um dos mais frequentes contaminantes do ar. É formado

pela combustão do petróleo e do carvão mineral. O desprendimento desse gás na atmosfera em todo o

mundo ultrapassa 130 milhões de toneladas por ano. Sua presença no ar que respiramos é altamente

nociva às vias respiratórias, originando bronquites e outros distúrbios. As plantas são ainda mais

sensíveis que o homem à sua ação tóxica, ficando amareladas ou mesmo morrendo em consequência.

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Compostos Nitrogenados: O dióxido de nitrogênio é um dos componentes do chamado “smog

fotoquímico”, isto é, da névoa que se forma sobre as grandes cidades, por ação das radiações solares

sobre os gases desprendidos pelos motores a óleo ou gasolina. É, também, um tóxico das vias

respiratórias, provocando a formação de enfisemas pulmonares. Além disso, pode causar também

alteração nas cores das tintas, danificando pinturas.

Óxidos de Carbono: O mais abundante poluente gasoso existente na atmosfera das cidades é o

monóxido de carbono. Ao mesmo tempo, constitui um dos mais perigosos tóxicos respiratórios para o

homem e outros animais. A principal origem do monóxido de carbono está na combustão incompleta do

carvão e do petróleo. Calcula-se, em 260 milhões de toneladas por ano a produção mundial desse gás. O

monóxido de carbono possui grande afinidade química pela hemoglobina do sangue, em substituição ao

oxigênio, o que pode causar a morte por asfixia. Acidentes desse tipo ocorrem com certa frequência,

principalmente com pessoas fechadas em garagem com um automóvel em funcionamento. Em baixas

concentrações no ar ele pode produzir afecções crônicas, principalmente em pessoas anêmicas ou com

deficiências respiratórias ou circulatórias. O maior perigo desse gás reside provavelmente no fato de ser

“invisível”, ao contrário do que se supõe os gases de escapamento de automóveis são mais tóxicos que

as fumaças negras dos caminhões a óleo, pois a combustão nos motores a gasolina produz mais

monóxido de carbono que a dos motores a diesel.

Inversão Térmica:

- A ação dos contaminantes do ar pode ser muito agravada quando ocorre o fenômeno da inversão térmica

das camadas atmosféricas. Normalmente, o ar junto à superfície do solo está em constante movimento

vertical, devido ao processo denominado convecção, que consiste no seguinte: as radiações caloríficas do

sol, aquecendo a superfície da Terra, fazem com que o ar, junto a essa superfície, se aqueça; o ar aquecido

torna-se mais leve que o ar frio e tende, pois a subir formando uma corrente ascendente.

- Esse deslocamento da camada inferior cria um “vazio” junto ao solo fazendo com que o ar frio, que se

achava em cima, desça para junto do solo em substituição ao que subiu; junto ao solo, ele se aquece e sobe

tomando o lugar do outro que se esfriou, e assim, sucessivamente. Podemos observar que isso está ocorrendo

pela posição vertical da pluma de fumaça das chaminés. Condições desfavoráveis podem, entretanto,

inverter a disposição das camadas atmosféricas. Principalmente no inverno pode ocorrer um rápido

esfriamento do solo ou um rápido aquecimento das camadas atmosféricas superiores.

- Nessas condições, o ar quente, ficando por cima da camada de ar frio, funciona como um tampão,

impedindo qualquer movimento vertical: o ar frio não sobe, porque é mais pesado e o ar quente não pode

descer, pois é mais leve. Quando isso acontece, as fumaças e gases produzidos pelas chaminés e pelos

veículos não são dissipados pelas correntes verticais. As plumas de fumaça das chaminés assumem posição

horizontal, tendendo a colar-se ao solo. A cidade toda fica como que encerrada em uma campânula invisível

que impede a saída de gases. Consequentemente, nessas ocasiões, a concentração de substâncias tóxicas

aumenta muito.

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2.3. 2 Desequilíbrios no ar atmosférico

Atividades humanas interferem nesse equilíbrio, principalmente por causa dos processos de combustão.

A combustão é realizada nas indústrias, com o objetivo de obter calor, em fornos e fornalhas, na produção de

energia, em caldeiras, motores de combustão, turbinas a vapor e no equipamento das casas (regiões de clima

frio) ou nas queimadas de florestas, para o plantio. A quantidade de gás carbônico que se forma através desses

processos de combustão é muito maior que a quantidade que seria originada apenas através da respiração

humana. Por outro lado, a quantidade de oxigênio, que é, também, muito maior que a das necessidades

respiratórias. Finalmente, nesses processos de combustão há queima de madeira, como combustível, o que

provoca a destruição de reservas de vegetais que são os únicos produtores de oxigênio no planeta. Entretanto, as

reservas de oxigênio existentes na atmosfera são muito grandes, sendo muito pouco provável o seu esgotamento

como resultado da combustão. A grande mobilidade do ar atmosférico (ventos, correntes de ar) dificulta,

também, a existência de problemas de concentração elevada de gás carbônico. Isso não exclui, porém, a

possibilidade de ocorrência de tais problemas em ambientes restritos, principalmente junto aos grandes

complexos industriais e em locais de pouca ventilação.

2.3.3 Lançamento excessivo de matéria orgânica

Além do aspecto da transmissão de doenças, a poluição pode causar, também desequilíbrios ecológicos.

Geralmente isso ocorre quando são lançadas ao rio grandes quantidade de resíduos orgânicos. A matéria

orgânica é geralmente biodegradável seja ela proveniente de esgotos, ou qualquer outra origem, como resto de

alimentos ou produtos industriais (açúcar por exemplo). Sendo biodegradável, ela pode ser utilizada como

alimento pelos microrganismos decompositores da água (bactérias, fungos e outros seres sapófitos que vivem e

proliferam normalmente nas águas). Quanto maior for a quantidade de matéria orgânica lançada na água, maior o

número de microrganismos que aí se desenvolverão. Esses microrganismos respiram, consumindo o oxigênio

dissolvido na água. Assim sendo, quanto maior a quantidade de matéria biodegradável, maior o número de

decompositores e maior o consumo de oxigênio. Como a água constitui um ambiente pobre em oxigênio (por

causa da baixa solubilidade deste) esse excessivo consumo respiratório pode causar a extinção de todo o

oxigênio dissolvido, o que ocasionaria a consequente morte dos peixes e outros seres aeróbios.

O principal aspecto a merecer a nossa atenção é que a morte dos peixes neste caso, não é provocada pela

presença de tóxicos ou de qualquer substância nociva, mas sim pelo excesso de alimentos no meio. Uma usina de

açúcar pode poluir um rio por lançar nele nada mais do que açúcar. Trata-se, pois, de um desequilíbrio ecológico

e não de um envenenamento das águas e esta é a causa mais frequente de morte de peixes em rios poluídos. Esse

tipo de poluição não é nociva ao homem, diretamente, pois este não faz parte dos ecossistemas aquáticos.

Apenas os organismos que respiram dentro do ambiente líquido são afetados. Indiretamente, entretanto, o

homem é prejudicado, seja pelo desaparecimento dos peixes, que constituem uma importante fonte de alimento

protéico, seja pelas dificuldades que a poluição em geral pode provocar em relação ao tratamento da água para

abastecimento.

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3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO

O termo “desenvolvimento sustentado” engloba vários conceitos sobre a relação entre a governabilidade

e a sociedade e natureza. Constitui em se estabelecer formas de planejamento e modos de atuação valorosos e

virtuosos, quase como um movimento social. Sendo assim, o “desenvolvimento sustentado” atraiu a atenção

tanto de revolucionários como de reacionários, que atuam de forma divergente, sem que, contudo, se manifestem

abertamente contra a sustentabilidade.

A forma de se questionar a sustentabilidade se baseia, fundamentalmente, em questionar se mudanças

são ou não realmente necessárias. O conhecimento destas táticas conservadoras permite sua análise e também

conhecer o potencial de certas iniciativas de governabilidade, gestão e convivência em ambientes sociais, e

também como o emprego de tais argumentos contribuem para reforçar barreiras de comunicação entre grupos

com visões sociais distintas.

Qual a importância da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentado? Principalmente em criar

formas diferentes de se resolver problemas e de diálogo entre “partes” aparentemente opostas, que incluem

diversos setores da sociedade e do governo. A sustentabilidade traz consigo uma reorganização dos poderes e

das instituições administrativas, com ênfase em abordagens participativas e integrativas. De tal forma que a

análise dos prospectos de sustentabilidade deve ser muito cuidadosa, de maneira a não ser corrompida por falsas

premissas básicas, que buscam apenas a atender determinados setores sociais ou interesses de grupos

segmentados.

Uma maneira muito questionável de se analisar os preceitos e as maneiras de se promover a

sustentabilidade é de acordo com a filosofia pragmática, a qual, na verdade, deve ser muito mais uma forma de

se implementar ações do que de análise. A adoção do pragmatismo como base de análise torna muito difícil de

discernir quais pontos são realmente verdadeiros para se avaliar a sustentabilidade, bem como o que é realmente

bom e possui valor moral neste contexto. Sendo assim, é absolutamente necessário se deixar o pragmatismo de

lado e se ampliar o escopo da análise de processos de sustentabilidade, com membros da sociedade aptos a

promover tais questionamentos e trazer à luz o conhecimento aliado a tais questionamentos. A adoção de uma

“filosofia pragmática” pode ser questionável por sempre trazer a suspeita de que “há sempre algo suspeito sob o

sol”, quando tal discussão é trazida por um número crescente de participantes aptos a apresentarem seus

diferentes pontos de vista sobre o desenvolvimento sustentado.

A sustentabilidade por si só deve ser um conceito pragmático se for para se implementar mudanças para

a reorientação das práticas sociais futuras. O problema é que o conceito “sustentabilidade” apresenta uma relação

ambígua com o conceito “mudança”. Até há pouco tempo, o conceito de sustentabilidade estava um unicamente

relacionado à conservação de recursos naturais. O problema é que esta maneira de pensar implica em se criar

formas de manter os recursos naturais intocados e inexplorados, para que não sejam “danificados”. Ora, tal

forma de se considerar o desenvolvimento sustentado vai contra a sua essência, que é a da experimentação, do

aprendizado, da restauração e da melhoria das relações, muito mais do que de simplesmente se “manter

inalterado e intocado” o acesso e utilização racional dos recursos naturais.

Um dos maiores desafios da sustentabilidade é de se promover o “pensamento social”, de maneira a se

minimizar interesses individuais e de certos setores em favor daqueles de caráter muito mais amplo para a

sociedade. Os argumentos conservadores objetivam simplesmente deixar de lado tal forma de se criar maneiras

integradas para proposições para a sustentabilidade.

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Assim, setores sociais conservadores fazem uso de argumentos perversos, fúteis e de ameaças para

descaracterizar a necessidade de mudança para promover o desenvolvimento sustentado.

3.1 CONFERÊNCIA MUNDIAL

A 1ª Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento realiza-se em 1972, em Estocolmo

na Suécia, com patrocínio da Organização das Nações Unidas (ONU) e deflaga vários estudos com o objetivo de

traçar uma estratégia para a preservação da vida no planeta. Seu resultado foi um livro chamado Nosso Futuro

Comum, onde aponta as desigualdades sociais no mundo e as devastações dos países pobres para o pagamento

de dívidas.

3.2 ECO -92

Entre 3 e 14 de junho de 1992, representantes de 172 países, incluindo 108 chefes de Estado, se reuniram

na cidade do Rio de Janeiro para discutir novos modelos de desenvolvimento baseados na interação entre as

dimensões social, ambiental e econômica. A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento, encontro que ficou conhecido como Rio 92 ou Eco 92, introduziu a ideia de desenvolvimento

sustentável, segundo a qual o crescimento econômico pode ser compatível com a proteção ambiental e com

inclusão social.

A Rio92 adotou documentos que até hoje são referência para o debate internacional sobre

desenvolvimento sustentável e, consagrou princípios (os chamados Princípios do Rio) que atualmente orientam

os debates em torno da Rio+20.

Entre eles, destaca-se, como um dos mais importantes, o princípio das responsabilidades comuns, mas

diferenciadas, que reconhece que todos os países devem se comprometer com a proteção do meio ambiente.

Ainda de acordo com esse princípio, os países desenvolvidos, em função das suas contribuições históricas para a

degradação ambiental, e em face de sua disponibilidade de recursos financeiros e tecnológicos, possuem

responsabilidades diferentes, inclusive de apoiar os países em desenvolvimento para que avancem na direção do

desenvolvimento sustentável.

Os dois documentos mais importantes aprovados na Conferência são a Carta da Terra (Declaração do

Rio) e a Agenda 21:

3.2.1 Carta da Terra

Em 1987, a Comissão Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento fez um

chamado para a criação de uma nova carta que estabelecesse os princípios fundamentais para o desenvolvimento

sustentável. A redação da Carta da Terra fez parte dos assuntos não-concluídos da Cúpula da Terra no Rio em

1992 e, em 1994, Maurice Strong, Secretário Geral da Cúpula da Terra e Presidente do Conselho da Terra e

Mikhail Gorbachev, Presidente da Cruz Verde Internacional, lançaram uma nova Iniciativa da Carta da Terra

com o apoio do Governo da Holanda. A Comissão da Carta da Terra foi formada em 1997 para supervisionar o

projeto e estabeleceu-se a Secretaria da Carta da Terra no Conselho da Terra na Costa Rica.

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A Carta da Terra é o resultado de uma série de debates interculturais sobre objetivos comuns e valores

compartilhados, realizados em todo o mundo por mais de uma década. A redação da Carta da Terra foi feita

através de um processo de consulta aberto e participativo jamais realizado em relação a um documento

internacional. Milhares de pessoas e centenas de organizações de todas as regiões do mundo, diferentes culturas

e diversos setores da sociedade participaram. A Carta foi moldada tanto por especialistas como por

representantes das comunidades populares e o resultado é um

O ponto central da carta da Terra é a constatação de que os países ricos poluem mais e devem ajudar os

países pobres com tecnologias não poluidoras e avanços científicos que conduzam a um desenvolvimento mais

rápido e menos predatório.

O Estado tem responsabilidade sobre seu território e deve preservá-lo, além de que os países devem

cooperar para a erradicação da pobreza.

3.2.2 Agenda 21

Agenda 21 é um conjunto de resoluções tomadas na conferência internacional Eco-92, realizada na

cidade do Rio de Janeiro entre 3 e 4 de junho de 1992. Organizada pela ONU (Organização das Nações

Unidas) contou com a participação de 179 países e resultou em medidas para conciliar crescimento

econômico e social com a preservação do meio ambiente. Na Agenda 21 cada país definiu as bases para a

preservação do meio ambiente em seu território, possibilitando o desenvolvimento sustentável. Os temas

tratados na agenda foram:

- Combate à pobreza.

- Cooperação entre as nações para chegar ao desenvolvimento sustentável.

- Sustentabilidade e crescimento demográfico.

- Proteção da atmosfera.

- Planejamento e ordenação no uso dos recursos da terra.

- Combate ao desmatamento das matas e florestas no mundo.

- Combate à desertificação e seca.

- Preservação dos diversos ecossistemas do planeta com atenção especial aos ecossistemas frágeis

- Desenvolvimento rural com sustentabilidade.

- Preservação dos recursos hídricos, principalmente das fontes de água doce do planeta.

- Conservação da biodiversidade no planeta.

- Tratamento e destinação responsável dos diversos tipos de resíduos (sólidos, orgânicos, hospitalares,

tóxicos, radioativos).

- Fortalecimento das ONGs na busca do desenvolvimento sustentável.

- Educação como forma de conscientização para as questões de proteção ao meio ambiente.

Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que

os recursos naturais são finitos. Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que

leva em conta o meio ambiente.

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Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do consumo

crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao

esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende.

Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países.

Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento

econômico. O desenvolvimento sustentável sugere qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de

matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem.

4. Produção Mais Limpa: Conceitos e Definições Metodológicas

A produção em larga escala proposta como meta para o segmento industrial mundial fez com que, por

muito tempo, não houvesse a devida atenção a aspectos que impactam direta e indiretamente ao meio ambiente.

Durante décadas o processo de degradação ambiental cresceu vertiginosamente, acreditando-se que o

crescimento econômico, por si só, proporcionaria melhores condições de vida para a sociedade. Contudo,

conforme afirma Lemos (1998), observou-se que o crescimento econômico descontrolado estava causando danos

irreparáveis aos ecossistemas e que estes danos, a médio e longo prazos, tornariam o conjunto de ecossistemas

inabitáveis a espécie humana.

Tal contexto foi evitado, pois conforme afirma Figueiredo (2004), a sociedade passou a exigir da

indústria a adoção das melhores técnicas, não sendo suficiente somente atender a determinados padrões

ambientais, isso porque a sociedade está, cada vez mais, tomando consciência de que a variável ambiental é

importante e que ela diz respeito a todos, não somente a um segmento ou uma parcela da população.

A partir de então, buscou-se a integração de práticas socialmente responsáveis e ambientalmente corretas

associadas às técnicas tradicionais de produção e de gestão do setor industrial, dado o anseio da sociedade de

consumir produtos livres de desperdícios e ou efeitos danosos ao meio ambiente.

Foi a partir daí que buscou-se concretizar novas tecnologias de produção, visando melhoria da qualidade

ambiental, além de reduzir custos e atender as novas expectativas do consumidor. Surge então a Produção Mais

Limpa, cuja metodologia propõe aplicação continuada de uma estratégia ambiental preventiva e integrada aos

processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência e reduzir os riscos a sociedade e ao meio ambiente, além de

minimizar os desperdícios, reduzir custos, e alavancar o potencial inovador da organização, visando ganhos de

competitividade e, a otimização dos processos industriais.

De maneira geral, verifica-se a consolidação da metodologia de Produção Mais Limpa como um

importante instrumento para aumentar a competitividade, a inovação e a responsabilidade ambiental no setor

produtivo brasileiro.

4.1 O conceito: Produção Mais Limpa

Em 1989, a expressão “Produção Mais Limpa” foi lançada pela UNEP (United Nations Environment

Program) e pela DTIE (Division of Technology, Industry and Environment) como sendo a aplicação contínua de

uma estratégia integrada de prevenção ambiental a processos, produtos e serviços, visando o aumento da

eficiência da produção e a redução dos riscos para o homem e o meio ambiente.

A indústria brasileira descobre a Produção Mais Limpa na década de noventa, mais precisamente após a

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92. A partir desse novo

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paradigma, a poluição ambiental passa a ser sinônimo de desperdício nas empresas responsáveis, e seus

processos passam por mudanças que buscam diminuir o consumo de água, energia e matérias-primas

(BELMONTE, 2004, apud ARGENTA, 2007).

Fernandes et al (2001) define a Produção Mais Limpa da seguinte forma:

“a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada

aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas,

água e energia, através da não-geração, minimização ou reciclagem de resíduos

gerados em um processo produtivo. Produção Mais Limpa também pode ser chamada

de Prevenção da Poluição, já que as técnicas utilizadas são basicamente as mesmas”.

(FERNANDES et. al., 2001)

De acordo com o conceito proposto por Fernandes (2001), a Produção mais Limpa pressupõe quatro

atitudes básicas. A primeira, e a mais importante, é a busca pela não geração de resíduos, através da

racionalização das técnicas de produção. Quando o primeiro conceito não pode ser aplicado integralmente, a

segunda atitude proposta pela Produção Mais Limpa é a minimização da geração dos resíduos. Já o

reaproveitamento dos resíduos no próprio processo de produção é a terceira atitude defendida pela Produção

Mais Limpa, enquanto a quarta alternativa para a Produção mais Limpa é a reciclagem, com o aproveitamento

das sobras ou do próprio produto para a geração de novos materiais (CETESB, 2007, apud HENRIQUES e

QUELHAS, 2007).

A Produção Mais Limpa é vista entre os especialistas como uma forma moderna de tratar as questões de

meio ambiente nos processos industriais. Dentro desta metodologia pergunta-se “onde estão sendo gerados os

resíduos?” e não mais somente “o que fazer com os resíduos gerados?”. Dessa forma, evita-se o desperdício,

tornando o processo mais eficiente (MAROUN, 2003, apud HENRIQUES e QUELHAS, 2007).

A Produção Mais Limpa, com seus elementos essenciais, adota uma abordagem preventiva, em resposta

à responsabilidade financeira adicional trazida pelos custos de controle da poluição e dos tratamentos de final de

tubo, conforme proposto na figura 1:

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Figura1. Elementos essenciais da estratégia de Produção Mais Limpa

Fonte: adaptado de UNIDO/ UNEP (1995).

A Produção Mais Limpa, relativamente ao desenho dos produtos, busca direcionar o design para a

redução dos impactos negativos do ciclo de vida, desde a extração da matéria-prima até a disposição final. Em

relação aos processos de produção, direciona para a economia de matéria-prima e energia, a eliminação do uso

de materiais tóxicos e a redução nas quantidades e toxicidade dos resíduos e emissões. Em relação aos serviços,

direciona seu foco para incorporar as questões ambientais dentro da estrutura e entrega de serviços.

O aspecto mais importante da Produção Mais Limpa é que a mesma requer não somente a melhoria

tecnológica, mas a aplicação de know-how e a mudança de atitudes. Esses três fatores reunidos é que fazem o

diferencial em relação às outras técnicas ligadas a processos de produção.

A aplicação de know-how busca melhorar a eficiência, adotando melhores técnicas de gestão, fazendo

alterações por meio de práticas de housekeeping ou soluções caseiras e revisando políticas e procedimentos

quando necessário. Mudar atitudes significa encontrar uma nova abordagem para o relacionamento entre a

indústria e o ambiente, pois repensando um processo industrial ou um produto, em termos de Produção Mais

Limpa, pode ocorrer a geração de melhores resultados, sem requerer novas tecnologias. Com isso, a estratégia

geral para alcançar os objetivos é de sempre mudar as condições na fonte em vez de lutar contra os sintomas

(CEBDS, 2009).

A Produção Mais Limpa implementa o princípio de prevenção e precaução, de uma nova abordagem

holística e integrada para questões ambientais centradas no produto. Essa abordagem assume como pressuposto

que a maioria de nossos problemas ambientais é causada pela forma e ritmo no qual produzimos e consumimos

os recursos, além de considerar a necessidade da participação popular na tomada de decisões políticas e

econômicas.

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4.2 Descrição das fases de implantação da metodologia da produção mais limpa

A implantação da metodologia de Produção Mais Limpa pressupõe inovação, incremento competitivo e

responsabilidade sócio-ambiental, uma vez que tal processo prevê em sua origem, a prevenção da poluição e a

busca do crescimento e desenvolvimento econômico sustentado.

Assim nesta seção busca-se apresentar, de maneira breve, as fases de implantação e as ações necessárias

para operacionalização de tal metodologia, conforme proposto pelo Centro Nacional de Tecnologias Limpas –

CNTL (apud ARAÚJO, 2002).

4.2.1 (1ª Fase): Pré – Avaliação

De acordo com o CNTL (op cit.), a etapa de pré-avaliação consiste em realizar uma breve avaliação das

atividades executadas pela empresa através da realização de uma visita técnica, a qual tem como objetivo

identificar as possibilidades da implantação da Produção Mais Limpa, bem como o tempo dedicado a ela. Sendo

assim, deve-se buscar atender três objetivos básicos:

- definir a amplitude da avaliação: consiste em definir o escopo da avaliação, ou seja, se o trabalho irá atender a

toda a planta industrial ou processos previamente selecionados;

- estabelecer a estratégia a ser adotada para execução do trabalho: consiste em definir o tempo de aplicação da

metodologia e os horários para capacitação e sensibilização dos funcionários;

- elaborar o(s) fluxograma(s) de produção: consiste em identificar as etapas que compõe os

serviços a serem analisados.

4.2.2 (2ª Fase): Capacitação e sensibilização dos profissionais da empresa

Segundo o CNTL (ibid), um dos pontos cruciais da metodologia fundamenta-se na elaboração de uma

equipe de trabalho ou força tarefa, também denominada Ecotime. Esta equipe deve ser capacitada e

sensibilizada, de forma a disseminar os fundamentos da Produção Mais Limpa para os demais funcionários da

empresa.

Dependendo do porte da empresa e da complexidade da sua planta industrial, deve se buscar um Ecotime

que “cubra” todos os setores da empresa. Para microempresas, muitas vezes pode ser formado por apenas uma

pessoa.

A sensibilização do Ecotime deve consistir no reconhecimento da prevenção como etapa anterior às

ações de “fim-de-tubo” e no entendimento da Produção Mais Limpa como princípio de melhoria contínua. Nesta

fase, deve-se ressaltar os problemas ambientais atuais e os impactos ambientais causados pelo setor em que se

enquadra a empresa.

4.2.3 (3ª Fase): Elaboração do diagnóstico ambiental e de processos

De acordo com o CNTL (ibid), o diagnóstico ambiental e de processos é a base de dados da Produção

Mais Limpa. Este deve fornecer uma “fotografia” da real situação da empresa diante da sua relação com o meio

ambiente. Assim, tal diagnóstico deve permitir reconhecer:

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- as principais matérias-primas, auxiliares e insumos utilizados no(s) processo(s) produtivo(s),

inclusive os toxicologicamente mais importantes com respectiva quantidade utilizada e custo

de aquisição;

- o volume de produtos produzidos;

- os principais equipamentos utilizados no(s) processo(s) produtivo(s);

- as fontes de abastecimento e finalidades do uso de água, bem como o tipo de tratamento utilizado;

- o consumo de energia;

- o consumo de combustíveis;

- os locais de armazenamento e formas de acondicionamento de matérias-primas, insumos e

produtos;

- a conformidade ou não com a legislação ambiental;

- os resíduos sólidos gerados, a forma de acondicionamento, o local e tipo de armazenamento

e a sua destinação final;

- a existência ou não de emissões atmosféricas e sistemas de controle utilizados;

- a existência ou não de efluentes líquidos e sistemas de tratamento utilizados;

- os custos relativos ao controle dos resíduos gerados (armazenamento, tratamento, transporte,

disposição, e outros) e perdas de matéria-prima e insumos.

4.2.4 (4ª Fase): Elaboração do balanço ambiental, econômico e tecnológico do processo produtivo

Conforme o CNTL (ibid), o balanço ambiental deve ser “alimentado” com os dados obtidos no

diagnóstico ambiental e de processos, principalmente os que dizem respeito às entradas e saídas do processo

produtivo. Utilizam-se os fluxogramas simplificados realizados na etapa de Pré-Avaliação de forma combinada

com os dados obtidos no diagnóstico. Desta forma, elabora-se o balanço ambiental através da construção de

fluxogramas de processo (entrada e saída).

O desenvolvimento de fluxogramas para os processos e atividades setoriais da empresa fornece as

informações sobre os locais das saídas de poluentes de cada atividade ou processo. Considera-se que, num

processo industrial, as entradas são constituídas pelas matérias-primas, produtos auxiliares, água e energia. As

saídas são os produtos acabados e semiacabados. No entanto, encontram-se nos processos industriais outras

saídas que são os poluentes gerados, os quais devem ser tratados de maneira adequada.

Ainda de acordo com o CNTL (ibid), a metodologia de Produção Mais Limpa expõe

de maneira contundente a proteção ambiental integrada à produção, a qual propõe os seguintes questionamentos:

De onde vêm nossos resíduos e emissões? Por que afinal se transformaram em resíduos?

Desta forma, o balanço ambiental deve responder a tais questionamentos, a fim de procurar identificar os

pontos críticos da geração dos resíduos, bem como as informações sobre a sua causa e, posterior consequência.

Com relação ao Balanço Econômico, este deve conter os custos referentes ao controle dos resíduos, ou

seja, a soma dos custos de tratamento de efluentes, resíduos sólidos e emissões atmosféricas, além dos custos

com transporte, acondicionamento e disposição final dos resíduos gerados.

De igual maneira devem-se apurar os custos com perdas de matéria-prima, sendo possível analisar o real

custo do resíduo gerado, sendo este muitas vezes desconhecido pela empresa (CNTL, ibid).

Em relação ao Balanço Tecnológico, deve-se verificar o nível de tecnologia adotada pela empresa.

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Nascimento (2000, apud ARAÚJO, 2002) descreve que é de fundamental importância a realização e

difusão de pesquisas, como por exemplo, o concurso das Universidades e Centros de Pesquisa Nacionais, uma

vez que durante a execução das atividades são identificadas demandas tecnológicas reais, as quais devem

alimentar o trabalho em campo.

4.2.5 (5ª Fase): Avaliação do balanço elaborado e identificação de oportunidades de produção mais limpa

A avaliação do balanço consiste na identificação de oportunidades e/ou problemas diagnosticados na

elaboração do balanço ambiental, econômico e tecnológico do processo produtivo. Estas oportunidades e ou

problemas podem estar relacionados ao impacto ambiental proporcionado por determinada atividade, a

problemas de saúde e segurança ocupacional dos trabalhadores, a custos associados ao controle de resíduos (fim-

de-tubo), a problemas tecnológicos, entre outros.

As informações apuradas, até então, devem permitir a identificação de oportunidades de aplicar a

metodologia de Produção Mais Limpa para a solução dos problemas diagnosticados (possíveis desperdícios de

materiais, procedimentos operacionais inadequados, entre outros).

Além disso, devem-se determinar as interfaces com outras áreas ou ambientes da empresa, que afetam a

área avaliada. Sendo assim, a avaliação consiste em descrever os problemas encontrados, as oportunidades de

aplicação da metodologia proposta para solução dos mesmos, a estratégia ou ação a ser implementada, bem

como as barreiras e necessidades para efetiva aplicação.

Valle (1995, apud ARAÚJO) afirma que deve ser dada especial atenção aos pontos críticos dos sistemas

que geram maior quantidade de resíduos e ao controle dos processos produtivos que apresentam desvios em sua

eficiência, gerando mais resíduos do que originalmente estimado.

4.2.6. (6ª fase): Priorização das oportunidades identificadas na avaliação

O CNTL (CNTL/SENAI-RS apud BARBIERE, 2006) propõe que a priorização das oportunidades esteja

fundamentada na escala de prioridades para prevenção de resíduos, ou seja, os níveis de aplicação da Produção

Mais Limpa, conforme figura 2.

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Figura 2 - Níveis de aplicação da produção mais limpa

Fonte: CNTL/SENAI-RS apud BARBIERE, 2006.

Desta forma, deve-se evoluir do nível 1 para os demais níveis, pois os mesmos representam o quão

preventivo é a ação a ser implementada. Ao analisar a alternativa de redução de resíduos na fonte (Nível 1),

percebe-se que existem duas opções a serem seguidas, ou seja, a modificação no processo ou a modificação no

produto. De acordo com o CNTL (apud ARAÚJO, 2002), a modificação no processo pode envolver:

- técnicas de housekeeping: consiste em limpezas periódicas, uso cuidadoso de matérias-primas

e com o processo, alterações no layout físico, ou seja, disposição mais adequada de máquinas e equipamentos

que permitam reduzir os desperdícios, elaboração de manuseio para materiais e recipientes, etc. O housekeeping

permite, ainda, mudanças nas condições operacionais, ou seja, alterações nas vazões, nas temperaturas, nas

pressões, nos tempos de residência e outros fatores que atendam às práticas de Prevenção de Resíduos;

- substituição de matérias-primas: consiste na identificação de materiais mais resistentes que possam vir a

reduzir perdas por manuseio operacional, ou ainda, a substituição de materiais tóxicos por atóxicos e não-

renováveis por renováveis;

- mudanças tecnológicas: utilização de equipamentos mais eficientes do ponto de vista da otimização dos

recursos utilizados, uso de controles e de automação que permitam rastrear perdas ou reduzir o risco de acidentes

de trabalho, entre outras.

Quanto às modificações do produto (nível 1), o CNTL (op cit) propõe que se leve em consideração as

seguintes opções para minimização de resíduos:

- substituição de produto: essa opção pode envolver o cancelamento de uma linha produtiva, no qual o produto

acabado apresente problemas ambientais significativos, ou ainda, a substituição de um produto com

características tóxicas por outro menos tóxico;

- redesenho do produto (ecodesign): consiste em desenvolver uma nova concepção do produto que leve em

consideração a variável ambiental como fator de redução de custos e oportunidades de negócios. Nesta fase, há

necessidade de uma análise combinada de substituição de materiais tóxicos por atóxicos e não renováveis por

renováveis, alterações nas dimensões do produto, aumento da vida útil do produto, facilidade de reciclagem de

seus componentes e otimização produtiva ou de processos.

Encerradas as opções de redução de resíduos na fonte (nível 1), deve-se buscar alternativas para

reciclagem interna (nível 2). Neste nível, considera-se que os resíduos que não podem ser evitados, devem,

preferencialmente, ser reintegrados ao processo de produção da empresa. A reciclagem interna busca fazer com

que o resíduo possa retornar a cadeia produtiva ou mesmo ser reaproveitado por setores administrativos.

Conforme o CNTL (ibid), após analisadas as possibilidades de modificação no processo e modificação

no produto (nível 1) e reciclagem interna (nível 2), deve-se proceder uma análise da reutilização de resíduos e

emissões fora da empresa, ou seja, através da reciclagem externa (nível 3). Nesta fase, deve-se adotar medidas

internas que viabilizem uma reciclagem externa dos resíduos, como a segregação de resíduos na fonte. Entende-

se que se um resíduo não tem valor “para mim”, pode ter valor “para outro”. Pode ser obtida através da

reorientação de resíduos gerados para uso em outros processos, ou recuperação, para venda, de resíduos valiosos.

É importante ressaltar que a priorização dever ser feita em conjunto com a alta gerência, pois são eles que

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determinam o planejamento estratégico da empresa, assim como a sua disponibilidade financeira e tecnológica

para mudanças nos processos produtivos e/ou produtos. (ARAÚJO, 2002).

4.2.7. (7ª Fase): Elaboração do estudo de viabilidade econômica das prioridades

Nesta fase deve-se analisar a viabilidade das opções de Produção Mais Limpa por meio de dados

econômicos, técnicos e dos consequentes benefícios ambientais. O CNTL (ibid) afirma que a elaboração do

estudo de viabilidade econômica das prioridades baseia-se no fato de que algumas oportunidades de Produção

Mais Limpa podem implicar em investimentos, geralmente devido à compra de equipamentos com alto grau de

inovação tecnológica. Desta forma, deve-se obrigatoriamente comparar as alternativas de Produção Mais Limpa,

a fim de identificar qual a opção mais viável do ponto de vista econômico.

Segundo Braga (1989, apud ARAÚJO, 2002) os métodos de avaliação mais difundidos para avaliar as

propostas de investimento são o Prazo de Retorno, também conhecido como Payback, o Valor Presente Líquido

(VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR). De acordo com o autor, não existe uma única metodologia que seja

adequada para tal avaliação. O autor sugere o estudo de cada caso, bem como o emprego de mais de um método

de avaliação, dado as limitações previstas em cada metodologia de avaliação.

No entanto, de acordo com o objetivo desse estudo, não cabe descrever de forma detalhada os métodos

de avaliação, somente ressaltar a importância de se utilizar a metodologia adequada para cada situação, visando

eficiência ao final do processo.

4.2.8. (8ª Fase): Estabelecimento de um plano de monitoramento

O plano de monitoramento consiste em estabelecer os pontos de medição para analisar a eficiência do

processo produtivo. Conforme o CNTL (ibid), deve-se indicar no fluxograma produtivo os pontos de

monitoramento e os parâmetros a serem monitorados, a fim de que seja possível manter um controle sobre as

operações realizadas na empresa. Tais procedimentos têm como objetivo principal assegurar a melhoria contínua

dos processos e produtos.

Para processos não complexos, geralmente, utiliza-se da ferramenta 5W 1H para fins de monitoramento

das operações. Conforme Souza (1995, apud ARAÚJO, 2002), a ferramenta do 5W 1H provém das palavras em

inglês what (o que), who (quem), where (onde), when (quando), why (por que) e how (como). Desta forma, sabe-

se o que será monitorado, quem, onde, quando e por que irá se monitorar determinado processo.

Para processos complexos, recomenda-se utilizar, de forma combinada, o 5W 1 H com outras

ferramentas (check-list - para verificação das etapas a serem cumpridas, gráficos de controle para fins de análise

de tendências na ocorrência de problemas e, comparações, entre outras que se fizerem convenientes).

Conforme afirma Araújo (2002) o monitoramento pode envolver desde uma simples medição de

efluentes, até um completo programa para realização de um balanço ambiental, tecnológico e econômico por

etapa do processo.

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4.2.9. (9ª Fase): implantação das oportunidades de produção mais limpa priorizadas

Nesta fase tem-se o controle das opções economicamente viáveis, ou seja, após análise das

oportunidades de implantação de Produção Mais Limpa devem-se colocar as opções em prática. Tal

procedimento consiste, de maneira restrita, na implantação propriamente dita das oportunidades de Produção

Mais Limpa priorizadas pela alta direção.

Segundo a CNTL (apud ARAÚJO, 2002) o sucesso da implantação das oportunidades de Produção Mais

Limpa consiste em atender os seguintes critérios:

- discutir com a equipe de avaliação, supervisores, gerentes e trabalhadores operacionais as

opções;

- executar serviços de suporte e antecipar problemas que poderão ocorrer;

-desenhar projetos fáceis de acompanhar, para demonstrar resultados benéficos desejados;

-prever mecanismos de realimentação, para atualização de dados, correção de erros,

preenchimento de falhas, etc;

-acompanhar e avaliar as novas tecnologias de prevenção de resíduos.

4.2.10. (10ª Fase): Definição dos indicadores do processo produtivo

Diversos autores, entre eles Nascimento (2000, apud ARAÚJO, 2002) argumentam que, após a

realização das etapas anteriores, torna-se possível a obtenção de uma ferramenta muito importante no processo

de implantação da Produção Mais Limpa: os indicadores de eficiência ou, indicadores de desempenho dos

setores de produção que, em geral, serão legítimos, naturais e insuspeitos ao processo.

Segundo o o CNTL (apud ARAÚJO, 2002), os indicadores ambientais podem ser absolutos como, por

exemplo, o consumo total de energia elétrica e água na empresa. Contudo, são os indicadores de processo que

permitem uma análise ambiental mais precisa.

Estes caracterizam-se pelas medições realizadas no “chão-de-fábrica” e são extremamente

importantes para identificação de pontos críticos no processo, pois determinam em qual parte do processo está

havendo maiores perdas ou desperdícios.

Com relação aos indicadores financeiros, estes geralmente são expressos através da linguagem técnica da

alta direção. Ao invés de medidas físicas como quilograma (kg), toneladas (ton), os mesmos são associados a

valores em moeda corrente. Esta associação permite à alta direção verificar o benefício econômico da

implementação das opções da Produção Mais Limpa, conforme afirma Araújo (2002).

4.2.11. (11ª Fase): Documentação dos casos de produção mais limpa

O CNTL (apud ARAÚJO, 2002) considera que a documentação dos casos de Produção Mais Limpa

deve ser realizada a fim de que a alta direção tenha de maneira eficiente relatórios, demonstrando as opções

propostas pela metodologia implementada, assim como opções de Produção Mais Limpa a serem

implementadas. Da mesma forma, deve servir de exemplo para futuras aplicações da metodologia na empresa.

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4.3 Barreiras à implementação da produção mais limpa

De acordo com o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável - CEBDS existe

uma grande relutância a prática de Produção Mais Limpa.

Os maiores obstáculos identificados, segundo o CEBDS, ocorrem em função da resistência à mudança,

da concepção errônea (falta de informação sobre a técnica e a importância dada ao ambiente natural), a não

existência de políticas nacionais que deem suporte às atividades de produção mais limpa, barreiras econômicas

(alocação incorreta dos custos ambientais e investimentos) e barreiras técnicas (novas tecnologias).

De modo geral, as organizações ainda acreditam que sempre necessitariam de novas tecnologias para

implementar a Produção Mais Limpa, quando na realidade, uma parcela significativa da poluição gerada pelas

empresas poderia ser evitada somente com a melhoria em práticas de operação e mudanças simples em

processos.

Estudos recentes demonstram os principais impedimentos que servem como barreiras

a adoção de posturas ambientalmente corretas, entre eles destacam-se: as preocupações econômicas, a falta de

informações e as atitudes tomadas pela alta direção.

Essas barreiras impedem a visualização da diversidade de benefícios da metodologia, tanto para as

empresas quanto para a sociedade. Os benefícios mais evidentes são a melhoria da competitividade (por meio da

redução de custos ou melhoria da eficiência) e a redução dos encargos ambientais causados pela atividade

industrial. Além disso, verifica-se a melhoria da qualidade do produto, bem como das condições de trabalho,

contribuindo direta e indiretamente para a segurança dos consumidores e dos trabalhadores.

5. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL PARA A EXIGÊNCIA DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O Licenciamento ambiental é uma exigência legal e uma ferramenta do poder público

para o controle ambiental.

O Licenciamento Ambiental é o procedimento no qual o poder público, representado por órgãos

ambientais, autoriza e acompanha a implantação e a operação de atividades, que utilizam recursos naturais ou

que sejam consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras. É obrigação do empreendedor, prevista em lei,

buscar o licenciamento ambiental junto ao órgão competente, desde as etapas iniciais de seu planejamento e

instalação até a sua efetiva operação.

O Licenciamento Ambiental é a base estrutural do tratamento das questões ambientais

pela empresa. É através da Licença que o empreendedor inicia seu contato com o órgão ambiental e passa a

conhecer suas obrigações quanto ao adequado controle ambiental de sua atividade. A Licença possui uma lista

de restrições ambientais que devem ser seguidas pela empresa.

Desde 1981, de acordo com a Lei Federal 6.938/81, o Licenciamento Ambiental tornou-se obrigatório

em todo o território nacional e as atividades efetiva ou potencialmente poluidoras não podem funcionar sem o

devido licenciamento. Desde então, empresas que funcionam sem a Licença Ambiental estão sujeitas às sanções

previstas em lei, incluindo as punições relacionadas na Lei de Crimes Ambientais, instituída em 1998:

advertências, multas, embargos, paralisação temporária ou definitiva das atividades.

Com a edição da Lei nº 6.938/81 o país passou a ter formalmente uma Política Nacional do Meio

Ambiente, uma espécie de marco legal para todas as políticas públicas de meio ambiente a serem desenvolvidas

pelos entes federativos. Anteriormente a isso cada Estado ou Município tinha autonomia para eleger as suas

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diretrizes políticas em relação ao meio ambiente de forma independente, embora na prática poucos realmente

demonstrassem interesse pela temática.

Porém, a partir desse momento começou a ocorrer uma integração e uma harmonização dessas políticas

tendo como norte os objetivos e as diretrizes estabelecidas na referida lei pela União. Um aspecto importante

disso foi a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SIANAMA), um sistema administrativo de

coordenação de políticas públicas de meio ambiente envolvendo constituído pelos órgãos e entidades da União,

dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo

Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental.

Sendo assim, este trabalho se propõe a estudar os aspectos gerais da Política Nacional do Meio

Ambiente, que são o conceito, o objetivo, os princípios, os instrumentos e o Sistema Nacional do Meio

Ambiente. Trata-se de uma pesquisa eminentemente bibliográfica que visa a servir de introdução à temática para

aqueles com pouca familiaridade com o assunto.

A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo geral a preservação, melhoria e recuperação da

qualidade ambiental propicia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico,

aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.

5.1 Estrutura Básica do SISAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente)

O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISAMA, congrega os órgãos e instituições ambientais da

União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, cuja finalidade primordial é dar cumprimento aos

princípios constitucionalmente previstos e nas normas instituídas, apresentando a seguinte estrutura:

Conselho de Governo: Órgão superior de assessoria ao Presidente da República na formulação das

diretrizes e política nacional do meio ambiente.

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA): Órgão consultivo e deliberativo. Assessora o

Governo e delibera sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente, estabelecendo normas e

padrões federais que deverão ser observados pelos Estados e Municípios, os quais possuem liberdade para

estabelecer critérios de acordo com suas realidades, desde que não sejam mais permissivos.

Ministério do Meio Ambiente (MMA): Planeja,

coordena, controla e supervisiona a política nacional

e as diretrizes estabelecidas para o meio ambiente,

executando a tarefa de congregar os vários órgãos e

entidades que compõem o SISAMA.

Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis (IBAMA): É

vinculado ao MMA. Formula, coordena, fiscaliza,

controla, fomenta, executa e faz executar a política

nacional do meio ambiente e da preservação e

conservação dos recursos naturais

Órgãos Seccionais: São os órgãos ou entidades

estaduais responsáveis pela execução de programas,

projetos, controle e fiscalização das atividades

degradadoras do meio ambiente.

Órgãos Locais: Órgãos municipais responsáveis

pelo controle e fiscalização de atividades

degradadoras.

5.2 Objetivos da A Política Nacional do Meio Ambiente

Art. 4º – A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

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I – à compatibilizacao do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente

e do equilíbrio ecológico;

II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico,

atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

III – ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de

recursos ambientais;

IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnológicas nacionais orientadas para o uso racional de recursos

ambientais;

V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à

formação de uma consciência publica sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio

ecológico;

VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à utilização racional e disponibilidade

permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propicio à vida;

VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao

usuário da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

5.3 Princípios da Política Nacional do Meio Ambiente

Os princípios da Política Nacional do Meio Ambiente não coincidem exatamente com os princípios do

Direito Ambiental, embora todos guardem coerência entre si e tenham a mesma finalidade, visto que por razões

de estilo e metodologia a Ciência Jurídica e um texto legal se expressam de maneira diferente.

O art. 2º da Lei nº 6.938/81, apos estabelecer o objetivo geral da Política Nacional do Meio Ambiente,

define o que chama de princípios norteadores da ações:

I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um

patrimônio publico a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

III – planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV – proteção dos ecossismtemas, com a preservação das áreas representativas;

V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI – incentivo ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos

ambientais;

VII – acompanhamento do estado de qualidade ambiental;

VIII – recuperação de áreas degradadas;

IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação;

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X – educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacita-

la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

A enunciação de princípios é normalmente construída em forma de oração, em que o verbo indica a

natureza e o rumo das ações ao passo que as metas são substantivas. Paulo de Bessa Antunes salienta que nem

todos os princípios do Direito Ambiental estão explicitamente presente na principiologia determinada pela

Política Nacional do Meio Ambiente.

5.4 Os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente estão elencados pela Lei nº 6.938/81:

Art. 9º – São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:

I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

II – o zoneamento ambiental;

III – a avaliação de impactos ambientais;

IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;

V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a

melhoria da qualidade ambiental;

VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal,

tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;

VII – o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental;

IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou

correção da degradação ambiental.

X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA;

XI – a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a

produzí-las, quando inexistentes;

XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos

ambientais.

Os padrões de qualidade são as normas estabelecidas pela legislação ambiental e pelos órgãos

administrativos de meio ambiente no que se refere aos níveis permitidos de poluição do ar, da água, do solo e

dos ruídos.

6. A LICENÇA AMBIENTAL CONCEITOS E PARTICULARIDADES

A licença ambiental é o documento, com prazo de validade definido, em que o órgão ambiental

estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas por sua empresa. Entre

as principais características avaliadas no processo podemos ressaltar: o potencial de geração de líquidos

poluentes (despejos e efluentes), resíduos sólidos, emissões atmosféricas, ruídos e o potencial de riscos de

explosões e de incêndios. Ao receber a Licença Ambiental, o empreendedor assume os compromissos para a

manutenção da qualidade ambiental do local em que se instala.

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6.1 Tipos de Licenças Ambientais

O processo de licenciamento ambiental é constituído de três tipos de licenças. Cada

uma é exigida em uma etapa específica do licenciamento. Assim, temos:

6.1.1 Licença Prévia (LP)

É a primeira etapa do licenciamento, em que o órgão licenciador avalia a localização e a concepção do

empreendimento, atestando a sua viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos para as próximas

fases. A LP funciona como um alicerce para a edificação de todo o empreendimento. Nesta etapa, são definidos

todos os aspectos referentes ao controle ambiental da empresa . De início o órgão licenciador determina, se a

área sugerida para a instalação da empresa é tecnicamente adequada. Este estudo de viabilidade é baseado no

Zoneamento Municipal1.

Nesta etapa podem ser requeridos estudos ambientais complementares, tais como EIA/RIMA2 (Estudo de

Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental) pelo CONAMA DE 1996 e junto com o RCA3, quando

estes forem necessários. O órgão licenciador, com base nestes estudos, define as condições nas quais a atividade

deverá se enquadrar a fim de cumprir as normas ambientais vigentes. A Figura 1 apresenta uma relação de

atividades que devem realizar Estudo de Impacto Ambiental durante o licenciamento.

Atividades modificadoras do meio ambiente sujeitas à elaboração do

EIA/ RIMA de acordo com o Art 2º da Resolução CONAMA 01/86.

• Estradas de rodagem com 2 (duas) ou mais faixas de rolamento;

• Ferrovias;

• Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;

• Aeroportos, conforme definidos pelo inciso I, artigo 48 do Decreto-Lei Nº 32, de 18.11.66;

• Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários;

• Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 Kw;

• Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para quaisquer fins

hidrelétricos acima de 10 MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação,

drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição

1 Zoneamento Municipal - O zoneamento é uma delimitação de áreas em que os municípios são divididos em zonas de

características comuns. Com base nesta divisão, a área prevista no projeto é avaliada. Assim, esta avaliação prévia da

localização do empreendimento é importante para que no futuro não seja necessária a realocação ou a aplicação de sanções,

como multas e interdição da atividade.

2 EIA/ RIMA - Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental - Exigência legal, instituída pela

Resolução CONAMA 001/86, na implantação de projetos com significativo impacto ambiental. Consiste em um estudo

realizado no local, mais precisamente no solo, água e ar para verificar se a área contém algum passivo ambiental além de

prever como o meio sócio-econômico-ambiental será afetado pela implantação do empreendimento.

3 RCA - Relatório de Controle Ambiental – Documento que fornece informações de caracterização do empreendimento a

ser licenciado. Deverá conter: descrição do empreendimento; do processo de produção; caracterização das emissões geradas

nos diversos setores do empreendimento (ruídos, efluentes líquidos, efluentes atmosféricos e resíduos sólidos). O órgão

ambiental, de acordo com a Resolução CONAMA 10/90, pode requerer o RCA sempre que houver a dispensa do

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de bacias, diques;

• Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);

• Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração;

• Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;

• Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10 MW;

• Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos,

destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hidróbios);

• Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;

• Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando

atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;

• Projetos urbanísticos, acima de 100 ha (cem hectares) ou em áreas consideradas de relevante

interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes;

• Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, derivados ou produtos similares, em quantidade

superior a dez toneladas por dia;

• Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha, ou menores, neste caso, quando se

tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental,

inclusive nas Áreas de Proteção Ambiental;

• Nos casos de empreendimentos potencialmente lesivos ao patrimônio espeleológico nacional.

6.1.2 Licença de Instalação – LI

Uma vez detalhado o projeto inicial e definidas as medidas de proteção ambiental, deve ser requerida a

Licença de Instalação (LI), cuja concessão autoriza o início da construção do empreendimento e a instalação dos

equipamentos. A execução do projeto deve ser feita conforme o modelo apresentado. Qualquer alteração na

planta ou nos sistemas instalados deve ser formalmente enviada ao órgão licenciador para avaliação.

6.1.3 Licença de Operação – LO

A Licença de Operação autoriza o funcionamento do empreendimento. Essa deve ser

requerida quando a empresa estiver edificada e após a verificação da eficácia das medidas de controle ambiental

estabelecidas nas condicionantes das licenças anteriores. Nas restrições da LO, estão determinados os métodos

de controle e as condições de operação.

Além das Licenças Ambientais existem outros Instrumentos de Licenciamento e Controle Ambiental,

destacados a seguir:

Instrumentos de Licenciamento

Termo de Compromisso Ambiental (TCA)

Consulta Prévia Ambiental (CPA)

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Consulta submetida pelo interessado ao órgão ambiental, para obtenção de informações sobre a

necessidade de licenciamento de sua atividade ou sobre a viabilidade de localização de seu

empreendimento.

Auditoria Ambiental

Certidão Negativa de Débito Ambiental (CNDA)

Termo de Responsabilidade Ambiental (TRA)

Declaração firmada pelo empreendedor cuja atividade se enquadre na Classe Simplificada, juntamente

com seu responsável técnico, perante o órgão ambiental, mediante a qual é declarada a eficiência da

gestão de seu empreendimento e a sua adequação à legislação ambiental pertinente.

Autos - Advertência, Multa, Embrago/Interdição

Avaliação Ambiental

Avaliação Ambiental AvA: são todos os estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à

localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento apresentado como subsídio

para análise da licença requerida, tais como:

AA - Auditoria Ambiental

RA - Relatório Ambiental

Relatório de Controle Ambiental

Avaliação ambiental intermediária exigível com base em parecer técnico e/ou jurídico fundamentado,

em todos os licenciamentos de empreendimentos ou atividades de qualquer porte e potencial poluidor

e/ou degradador, para os quais não seja adequada a exigência de EIA/RIMA e nem suficiente à

exigência de PCA.

RAP - Relatório Ambiental Preliminar

PCA - Plano de Controle Ambiental

PRAD - Plano de Recuperação de Área Degradada

EVA - Estudo de Viabilidade Ambiental

APR - Análise Preliminar de Riscos

AAE - Avaliação Ambiental Estratégica

EIA/RIMA - Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental

Anuência Prévia Ambiental

Etapas Básicas de Avaliação Ambiental

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Nos casos em que a empresa já opera e não tem LP ou LI, é preciso procurar o órgão licenciador e

exponha a situação. Dependendo das circunstâncias, geralmente o empresário será orientado a requerer a LO,

visto que os propósitos da LP ou LI já não se aplicam mais neste caso. A LO, portanto, deverá ser requerida

quando o empreendimento, ou sua ampliação, está instalado e pronto para operar (licenciamento preventivo) ou

para regularizar a situação de atividades em operação (licenciamento corretivo).

Para o licenciamento corretivo, a formalização do processo requer a apresentação conjunta

de documentos, estudos e projetos previstos para as fases de LP, LI e LO. Normalmente é definido um prazo de

adequação para a implantação do sistema de controle

ambiental.

O processo de licenciamento para análise e deferimento de licença é estabelecido no Art. 14o da

Resolução CONAMA 237/97 abaixo:

“O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de análise diferenciados

para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em função das peculiaridades da

atividade ou empreendimento, bem como para a formulação de exigências

complementares, desde que observado o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do

ato de protocolar o requerimento até seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os

casos em que houver EIA/RIMA e/ou audiência pública, quando o prazo será de até 12

(doze) meses”.

Após a emissão da licença ambiental a empresa entrará em fase de acompanhamento da operação em que

órgãos ambientais poderão fazer vistorias regulares a fim de verificar o cumprimento das exigências

estabelecidas na licença. Sendo assim, suspender os métodos de controle de poluição ambiental constitui uma

infração passível de autuação, de multas, do cancelamento da licença e da interdição da atividade.

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De acordo com o art. 6 o da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938/81), a fiscalização pode ser

executada pelo “órgão executor: o IBAMA”, por “órgãos seccionais: os órgãos ou entidades estaduais” e

também por “órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais”.

O prazo de validade de cada licença varia de atividade para atividade de acordo com a tipologia, a

situação ambiental da área onde está instalada, e outros fatores. O órgão ambiental estabelece os prazos e os

especifica na licença de acordo com os parâmetros estabelecidos na Resolução CONAMA 237/97, resumidos

abaixo:

P R A Z O S D E VA L I D A D E DA S L I C E N Ç A S

Licença Mínimo Máximo

LP - O estabelecido pelo cronograma do projeto

apresentado

- Não superior a 5 anos

LI - De acordo com o cronograma de instalação da

atividade

- Não superior a 6 anos

LO 4 anos 10 anos

A LP e a LI poderão ter os prazos de validade prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos

máximos estabelecidos na tabela anterior. No caso da LO, deve-se requerer a renovação até 120 dias antes do

término da validade dessa Licença.

A licença pode ser cancelada a qualquer momento a licença poderá ser cancelada, bastando para isso

que a fiscalização ambiental constate irregularidades do tipo:

• Falsa descrição de informações nos documentos exigidos pelo órgão ambiental para a

concessão da licença;

• Graves riscos ambientais ou à saúde;

• Alteração do processo industrial sem que o órgão ambiental seja informado; entre outras.

Os tipos de custos no processo de licenciamento estão presentes nas diversas etapas do licenciamento

são de responsabilidade da empresa. Os principais custos serão referentes às atividades de:

• Recolhimento da taxa referente a cada licença expedida;

• Coletas de dados e informações pertinentes;

• Análises, se necessárias;

• Estudo de avaliação de impacto ambiental, dependendo da licença;

• Implantação de medidas preventivas e/ou corretivas aos impactos negativos;

• Acompanhamento e monitoramento dos impactos;

• Publicações das licenças.

7. A OBTENÇÃO DAS LICENÇAS AMBIENTAIS

7.1 Passos para a obtenção da licença:

1º passo: Identificação do tipo de licença ambiental a ser requerida.

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2º passo: 2º passo: Identificação do órgão a quem solicitar a licença.

Empreendimentos cujos os potenciais impactos ultrapassem os limites do Estado devem ser licenciados

pelo IBAMA. No caso de empreendimentos cujos potenciais impactos ambientais sejam restritos aos limites do

Estado, a competência para o Licenciamento é da FEEMA. Esse é o caso da

grande maioria dos empreendimentos existentes em nosso país, por isso os próximos passos detalham o

procedimento do órgão licenciador estadual.

É importante saber que após identificar o órgão que será responsável pela liberação da licença, vários

outros passos deverão ser realizados conforme as exigências do órgão. Para termos um exemplo, abaixo um

resumo desses passos:

Após receber a licença a empresa deve publicar uma nota sobre o recebimento da licença no Diário

Oficial do Estado e em um periódico regional (ou local) de grande circulação.

8. PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL NAS ESFERAS FEDERAL, ESTADUAL E

MUNICIPAL

8.1 Âmbito Federal

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No artigo 22 da Constituição Federal, determina que compete privativamente à União legislar sobre:

águas, energia, jazidas, minas e outros recursos minerais, populações indígenas e atividades nucleares de

qualquer natureza.

Nosso ordenamento jurídico traz, no artigo 225, da Lex maior brasileira, já citado anteriormente, atribui

à todos o dever de defender e preservar o meio ambiente.

A União, na forma do artigo 23 da Constituição Federal, tem competência comum com os Estados, o

Distrito Federal e os municípios para: proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas

formas, preservar as florestas, a flora e a fauna, registrar, acompanhar e fiscalizar a concessão de direitos de

pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.

O art. 23 da CF/88 trata, entre outras matérias, da função administrativa das pessoas jurídicas de Direito

Público que compõem a República Federativa do Brasil. A Competência é, ao mesmo tempo, direito e dever dos

entes federados. O licenciamento ambiental é uma das formas de exercer a competência comum. Para Sirvinskas

(2005, p. 45):

“A responsabilidade pela preservação do meio ambiente não é somente do Poder

Público, mas também da coletividade. Todo cidadão tem o dever de preservar os

recursos naturais por meio dos instrumentos colocados a disposição pela Constituição

Federal e pela legislação infraconstitucional.”

É de competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, a proteção do

meio ambiente de uma forma geral. Para Machado (2005, p. 108):

“As atribuições e obrigações dos Estados e dos Municípios só a Constituição Federal

pode estabelecer. O arcabouço do país tem que estar estruturado na lei maior que é a

Constituição. Se leis ordinárias, se decretos, portarias ou resoluções, por mais bem

intencionados que sejam, começarem a criar direitos e obrigações para os entes

federados, subvertem-se totalmente os fundamentos da federação.”

Consoante o art. 22 e parágrafo único da Constituição Federal, a competência privativa é competência

legislativa que só pode ser exercida pelos estados mediante autorização dada por lei complementar federal para

casos específicos. Sirvinskas (2005, p. 88) define que:

“A competência comum, portanto, é uma imposição constitucional para que os

diversos integrantes da Federação atuem em cooperação administrativa recíproca,

visando a resguardar os bens ambientais. Observa-se, entretanto, que cada ente

federativo deverá aplicar suas próprias normas, não podendo simplesmente aplicar

normas de outros entes federativos.”

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O artigo 24 define a competência concorrente da União dos Estados e do Distrito Federal, ou seja,

implica que a União deve estabelecer os parâmetros gerais a serem observados pelos demais integrantes da

Federação.

8.2 Âmbito Estadual

Nosso ordenamento jurídico traz, no artigo 23, da Constituição Federal, a competência dos Estados-

membros da Federação para atuar em matéria ambiental.

“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

III – proteger os documentos, as obras ou outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as

paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

VII – preservar as florestas, a fauna e a flora;”

Já o artigo 24 da CF/88, não trata do meio ambiente como um bem unitário, ao contrário, subdivide-o em

diversos setores, que integrando-o, estão tutelados por normas legais estaduais.

A União, somente pode estabelecer normas gerais, cabendo aos Estados detalhar os aspectos da proteção

ambiental em concreto.

O rol do artigo 25 da Constituição Federal apresenta a organização dos estados federados:

“Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios

desta Constituição.

§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhe sejam vedadas por esta Constituição.

§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na

forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.

§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e

microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o

planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.”

De acordo com as normas gerais federais, cada Estado pode estabelecer as suas próprias normas de tutela

ambiental, criando sistemas estaduais de proteção ao meio ambiente.

No entendimento de Machado (2005, p. 164):

“É evidente que o poder de decisão sempre permanecerá com aqueles que estejam

ocupando os postos estaduais, mas não se deixará de, pelo menos, ouvir e ponderar

conceitos independentes, que poderão ser diferentes ou os mesmos, o que, então,

confirmaria a adequação da política ambiental oficial.”

Analisadas as normas gerais federais, cada Estado pode instituir as suas próprias normas de tutela

ambiental, criando sistemas estaduais de proteção ao meio ambiente. Evidentemente que o estabelecimento de

sistemas estaduais de proteção ao meio ambiente encontra fortes obstáculos em questões de natureza econômico-

financeira. Como se vê, é ampla a possibilidade que os Estados têm de legislar sobre o meio ambiente.

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8.3 Âmbito Municipal

Conforme o artigo 23 da Constituição Federal, os Municípios têm competência administrativa para

defender o meio ambiente e combater a poluição. No entanto, os Municípios não estão arrolados entre as pessoas

jurídicas de direito público interno encarregadas de legislar sobre meio ambiente. Porém, seria incorreto dizer

que os Municípios não possuem competência legislativa em matéria ambiental

O artigo 30 da Constituição Federal atribui aos Municípios competência para legislar sobre:

“Art. 30. Compete aos Municípios:

I – legislar sobre assuntos de interesse local;

II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

III – Instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da

obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;

IV – criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;

V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse

local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;

VI – manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de

ensino fundamental;

VII – prestar, com cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da

população;

VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e da ocupação do

solo urbano;

IX – promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora

federal e estadual.”

O meio ambiente está incluído dentre o conjunto de atribuições legislativas e administrativas municipais

e, em realidade, os Municípios formam um elo fundamental na complexa cadeia de proteção ambiental.

A importância dos Municípios é evidente por si mesma, pois as populações e as autoridades locais

reúnem amplas condições de bem conhecer os problemas e mazelas ambientais de cada problema.

Conforme o artigo 18, caput, da Constituição Federal, “A organização político-administrativa da

República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos

autônomos, nos termos desta Constituição”.

Deste modo, a atuação dos entes federados deveria ser proporcional ao poder de mando que exerce,

portanto o órgão local, poderia ser atuante enquanto que os demais, poderia apenas supervisionar e dar apoio,

tanto tecnológico e financeiro.

Ainda é oportuno trazer a baila, a importância da implantação dos Conselhos de Meio Ambiente, com

caráter deliberativo e participação social, previsto no artigo 20 da resolução da CONAMA, como eficazes

instrumentos de comprometimento, participação e fortalecimento da democracia, onde a sociedade contribui com

seu ponto de vista para melhorar a gestão pública.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938, de 31/08/81).

CNTL - Centro Nacional de Tecnologias Limpas – SENAI. Disponível em:

<http://www.senairs.org.br/cntl>. Acesso em 12 abril de 2009.

DULLEY, Richard Domingues. Noção de natureza, ambiente, meio ambiente, recursos ambientais e

recursos naturais. Disponível em: <www.iea.sp.gov.br/out/publicacoes/pdf/asp-2-04-2.pdf >. Acesso em 03 de

Julho de 2013

Manual de Licenciamento Ambiental. Disponível em

<www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/cart_sebrae.pdf.>Acesso em 02 de Julho de 2013.

Resoluções CONAMA 05/1989; 03/1990; 375/2005.

Resoluções CONAMA 001/86 e 237/97.

SANCHEZ, L.E. Avaliação de Impacto Ambiental –conceitos e métodos. São Paulo. Oficina de Textos. 2008.

SANTOS, L. M.M. Avaliação ambiental de processos industriais. 2º edição. Editora Signus. 140p. 2006.

TELLES,D.;GUIMARÃES COSTA,R.H. (coord.) Reúso da Água –Conceitos, Teorias e Práticas. São Paulo.

Editora Blucher. 2007

VERDUM, R. e MEDEIROS, R. M. (org). 1997. Rima: relatório de impacto ambiental. Porto Alegre, Editora

da UFRGS, 3º ed.

Werner,Eveline de Magalhães; BCARJI,Alencar Garcia; HALL,Rosemar José. Produção Mais Limpa:

Conceitos e Definições Metodológicas. Campus Cuiabá- Bela Vista. Disponível em: SEGeT – Simpósio de

Excelência em Gestão e Tecnologia. http://www.aedb.br/seget/. Acesso em 01 de Julho de 2013.