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Seleção de mutantes de Gluconacetobacter diazotrophocus defectivos em produção de biofilme Bianca Simões Gomes de Oliveira Rio de Janeiro 2009

Seleção de mutantes de Gluconacetobacter diazotrophocus ...combustível, que tem a vantagem de ser uma fonte de energia renovável e menos poluidora que os derivados do petróleo,

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Seleção de mutantes de Gluconacetobacter

diazotrophocus defectivos em produção de biofilme

Bianca Simões Gomes de Oliveira

Rio de Janeiro

2009

BIANCA SIMÕES GOMES DE OLIVEIRA

Aluna do Curso de BiotecnologiaMatrícula 0613800093

SELEÇÃO DE MUTANTES DE GLUCONACETOBACTER DIAZOTROPHICUS DEFECTIVOS EM PRODUÇÃO DE

BIOFILME

Trabalho de Conclusão de Curso, TCC,

apresentado ao Curso de Graduação em

Biotecnologia da UEZO como parte dos

requisitos para a obtenção do grau em

Biotecnólogo, sob a orientação da Profª

Drª Vânia Lúcia Muniz de Pádua.

Rio de Janeiro

Julho de 2009

SELEÇÃO DE MUTANTES DE GLUCONACETOBACTER

DIAZOTROPHICUS DEFECTIVOS EM PRODUÇÃO DE

BIOFILME

Elaborado por Bianca Simões Gomes de Oliveira

Aluna do Curso de Biotecnologia da UEZO

Este trabalho de Graduação foi analisado e aprovado com

Grau 9,5

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2009.

___________________________________________

Drª Maria Luiza Gomes

___________________________________________

Drª Alaíde Barreto

__________________________________________

Drª Vânia Lúcia Muniz de Pádua, Orientadora e Presidente da Banca

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

JULHO DE 2009

RESUMO

A Gluconacetobacter diazotrophicus é uma bactéria diazotrófica endofítica que

coloniza o interior do tecido da cana-de-açúcar, promovendo fixação de nitrogênio e

aumento na produção de fitohormônios sem causar sintomas de doença, nas condições

naturais, as bactérias são encontradas em sua maioria associadas em forma de biofilme.

Biofilmes são associações de microorganismos e produtos extracelulares e representam

sistemas biológicos altamente organizados.

O objetivo do presente estudo foi a identificação de mutantes defectivos para genes

responsáveis pela formação do biofilme a partir de um banco cedido pela EMBRAPA-

Agrobiologia, a fim de identificar a provável função do gene no biofilme e entender a

possível participação na associação com a planta. O objetivo foi atingido utilizando a

técnica de sequenciamento de Sanger, com primers específicos para o transposon

possibilitando a identificação de mutantes defectivos em genes selecionados durante o

procedimento estabelecido para o crescimento da bactéria como biofilme.

Foram isolados 16 mutantes candidatos deficientes em produção de biofilme, sendo

que dez foram identificados pela técnica de sequenciamento, dentro das suas categorias

funcionais, enquanto os outros seis foram seqüenciados, porém não foi possível a

identificação.

Palavras-chave: biofilme, G. diazotrophicus, cana-de-açúcar

ABSTRACT

Gluconacetobacter diazotrophicus is a diazotrophic endophytic bacterium that

colonizes the tissue of sugar cane, promoting nitrogen fixation and increasing the

production of plant hormones without causing diseases. Biofilms are associations of

microorganisms and extracellular products and represent highly organized biological

systems.

The purpose of this study was the identification of mutant defects in genes

responsible for biofilm formation, from a bank assigned by EMBRAPA-Agrobiologia to

establish the putative function of the gene in biofilm and understand the possible

participation in association with the plant. The objective was achieved using the technique

of Sanger sequencing, with specific primers for the transposon allowing the identification

of mutants defects in genes selected during the procedure established for the growth of

bacteria in biofilm form.

16 candidates were screened, which 10 were identified by the technique of

sequencing DNA and classified into their functional categories.

Keywords: biofilm, G. diazotrophicus, sugar cane

SUMÁRIO

Resumo.................................................................................................................................iii

Abstract................................................................................................................................iv

1.INTRODUÇÃO.................................................................................................................1

1.1. Da cana – de – açúcar...............................................................................................1

1.2. Da bactéria.................................................................................................................1

1.3. Justificativa................................................................................................................4

2. OBJETIVOS.....................................................................................................................6

2.1. Objetivos gerais.........................................................................................................6

2.2. Objetivos específicos.................................................................................................6

3. METODOLOGIA............................................................................................................7

3.1. Pré - seleção dos mutantes defectivos na produção do biofilme...........................9

3.1.1. Meio de cultura utilizado..................................................................................9

3.1.2. O cristal violeta..................................................................................................9

3.1.3. A triagem dos mutantes..................................................................................10

3.2. Sequenciamento de DNA........................................................................................11

3.2.1. Extração de DNA.............................................................................................11

3.2.2. Quantificação de DNA....................................................................................12

3.2.3. Reação de sequenciamento.............................................................................12

3.2.4. Preparo da amostra para submeter á leitura do seqüenciador..................13

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................15

4.1. Ensaio de biofilme...................................................................................................15

4.2. Sequenciamento.......................................................................................................18

5. CONCLUSÃO................................................................................................................22

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................23

1. INTRODUÇÃO

1.1) A CANA-DE-AÇÚCAR

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, com os menores custos

de produção e, também, o maior exportador do produto. O país possui vantagens na

produção dados os diferenciais climáticos e as variedades de espécies (SOUZA, 2006).

A partir do processo de industrialização da cana-de-açúcar obtêm-se o açúcar,

como também o álcool, o vinhoto e o bagaço (http://infoener.iee.usp.br/scripts/biomassa

/brcana. asp).

Existem diversas utilizações para o álcool como: produção de bebidas alcoólicas,

aplicações na indústria química e farmacêutica, combustível veicular e a produção de

energia elétrica. Dentre elas, a utilização que mais se destaca no contexto atual é o álcool

combustível, que tem a vantagem de ser uma fonte de energia renovável e menos poluidora

que os derivados do petróleo, o que possibilitou o desenvolvimento de uma tecnologia

100% nacional, o Proálcool, um programa criado pelo governo brasileiro com o objetivo

de reduzir a importação de petróleo, assim como o impacto ambiental de sua utilização

(http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3base= ./energia/index.html&conteúdo

=./energia/etanol.html#futuro).

No Brasil, a safra da cana-de-açúcar ocorre no Centro-Sul, nos meses de setembro

a fevereiro e, no Norte/Nordeste, durante os meses de março a agosto. Em virtude disso, o

Brasil é o único país do mundo que produz açúcar e álcool ao longo de todo o ano

(SANTOS; EVANGELISTA, 2006).

1.2 ) A BACTÉRIA

Gluconacetobacter diazotrophicus é uma bactéria gram-negativa, tolerante á

ácido, aeróbica restrita, diazotrófica (fixadora de nitrogênio) e endofítica (coloniza o

interior do tecido), que possui crescimento e fixação de nitrogênio ótimos em temperatura

de 30° C e pH inicial entre 5,5 e 6,0 e coloniza o tecido vascular da cana-de-açúcar e de

outros vegetais sem causar sintomas de doença. A bactéria é raramente encontrada no solo

e não coloniza ervas daninhas ou outras plantas em campos de cana-de-açúcar

(DÖBEREINER et al.1988). Sua associação com a cana tem sido de grande interesse de

estudo devido á fixação de nitrogênio e produção de hormônios de crescimento como

auxinas e citocininas pela bactéria, que otimizam o desenvolvimento da planta, além de

exercer controle biológico contra patógenos. A bactéria secreta uma bacteriocina que inibe

o crescimento de um fitopatógeno da cana-de-açúcar - a Xanthomonas albilineans - e reduz

o pH do meio para abaixo de 3,0 o que inibe o crescimento de outro fitopatógeno da cana-

de-açúcar, o fungo Colletotrichum falcatum (MUTHUKUMARASAMY,REVATHI &

VADIVELU, 2000).

G. Diazotrophicus foi isolada pela primeira vez a partir de cana-de-açúcar em

1988 por Cavalcante e Döbereiner. Atualmente, encontra-se inclusa na classe das α-

Proteobactérias,ordem Rhodospirillales, família Acetobacteraceae e gênero

Gluconacetobacter(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrezcmd=Retrieve&db=nucleotide

&dopt=GenBank&RID=69K6RZBG016&log%24=nuclalign&blast_rank=2&list_uids

=161784420).

G.diazotrophicus é capaz de liberar nos tecidos da planta até 50% do nitrogênio

fixado (COJHO et al, 1993). Da família Acetobacteracea, o gênero Gluconacetobacter é o

único com espécies capazes fixar o nitrogênio atmosférico e pode ser encontrada no espaço

intercelular realizando associação endofítica com cana-de-açúcar, principalmente em áreas

onde utiliza-se pouco fertilizante nitrogenado. (GILLIS et al., 1989; REIS, OLIVARES &

DÖBEREINER, 1994; FUENTES - RAMÍREZ et al., 1999; FISHER & NEWTON, 2005).

G. Diazotrophicus também pode ser encontrada em associação com outros

vegetais como: batata doce (Ipomoea batatas) (DÖBEREINER, REIS & LAZARANI,

1988), café (Coffea arabica), nas gramíneas Eleusine coracana e Pennisetum purpureum,

ananás (Ananas comosus) (SANTOS, BUSTILLOS-CRISTALES & CABALERO-

MELLADO, 2001), cenoura (Daucus carota), rabanete (Raphanus sativus) e beterraba

(Beta vulgaris) (MUNÕZ-ROJAS, FUENTES-RAMÍREZ- & CABALLERO-MELLADO,

2005).

G.diazotrophicus é capaz de crescer e fixar nitrogênio em condições de sacarose

30% e pH baixo, aproximadamente 3,0. Além de ser capaz de fixar nitrogênio na presença

de nitrato e de oxigênio (CAVALCANTE E DÖBEREINER, 1988), o que é de grande

importância devido á sua utilização como insumo agrícola em cultivares tratados

anteriormente com fertilizantes á base de nitrato.

A cepa PAL 5 foi selecionada para ser decodificada pelo projeto RIOGENE

devido a análises anteriores que demonstraram por experimentos ser esta cepa a de maior

interesse econômico devido ao melhor desempenho na associação com a cana-de-açúcar

(MUÑOZ-ROJAS e CABALLERO-MELLADO , 2003).

O genoma completo de G. diazotrophicus possui aproximadamente 4.3 Mb, sendo

composto de um cromossoma circular, e 2 pequenos plasmídeos

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrezDb=genome&Cmd=ShowDetailView&TermToS

earch=21712). Toda a seqüência genômica de G. diazotrophicus encontra-se depositada e

disponibilizada no banco de dados EMBL (European Molecular Biology Laboratory ) e

NCBI (National Center for Biotechnology Information) sob números de acesso

AM889285(plasmídeo pGDIPa15I), AM889286 (cromossomo) e AM889287 (plasmídeo

pGDIA01). A figura 1 ilustra a bactéria observada por microscopia eletrônica.

Figura 1. Microscopia eletrônica da bactéria G. diazotrophicushttp://www.cnpab.embrapa.br/educacao/baby/acetobac.html

1.3) JUSTIFICATIVA

Com o objetivo de aumentar o conhecimento científico acerca da associação da

Gluconacetobacter diazotrophicus PAL 5 com a cana-de-açúcar foi elaborado um projeto

para selecionar mutantes de interesse defectivos para formação de biofilme a fim de

possibilitar estudos e investigações posteriores que elucidem os mecanismos desta

interação. A proposta do presente estudo é considerada inovadora, visto que estudos

anteriores observam a formação de biofilme apenas para microorganismos patogênicos, o

que não é o caso da bactéria em questão.

Nas condições naturais, as bactérias são encontradas em sua grande maioria

associadas na forma de biofilme. Biofilmes são associações de microorganismos e seus

produtos extracelulares, principalmente carboidratos. Representam sistemas biológicos

altamente organizados, onde as bactérias estabelecem comunidades funcionais estruturadas

e coordenadas. A associação dos organismos em biofilmes constitui uma forma de

proteção ao seu desenvolvimento, aumentando a aquisição de nutrientes e facilitando a

comunicação celular, o que favorece relações simbióticas e auxilia na sobrevivência em

ambientes hostis (JEFFERSON, 2004). A resistência física conferida pelo biofilme é

essencial para a sobrevivência da bactéria em ambientes como, por exemplo, o xilema da

cana-de-açúcar, que tem o fluxo de seiva bruta muito intenso (TANG AND BOYER,

2008).

Além disso, a comunidade formada no biofilme é capaz de otimizar determinadas

estratégias que a bactéria possui, mas que em sua forma planctônica não teriam grandes

efeitos como a produção de toxinas, antibióticos, entre outros. A formação do biofilme

ocorre em três etapas, a aproximação e adesão das células, a colonização e posteriormente

a desagregação e migração para outros nichos (JEFFERSON, 2004), como pode ser

observado na figura 2.

Diante do reconhecimento de que a formação do biofilme é um aspecto

importante da maioria dos tipos de associações biológicas entre bactérias e seus

hospedeiros, foi desenvolvido este trabalho para a identificação de genes envolvidos na

formação do biofilme.

Figura 2: esquema de formação de biofilme

http://cqb.fc.ul.pt/biocorrosion/images/biofilm11.jpg

Aproximação e Adesão das células à superfície

Colonização: comunicação intercelular e secreção de polissacarídeos

Desagregação: migração para outros nichos, propagação

2. OBJETIVOS

2.1) OBJETIVOS GERAIS

Aumentar o conhecimento científico acerca da associação de Gluconacetobacter

diazotrophicus com planta hospedeira, através da identificação de genes envolvidos com o

estabelecimento do nicho bacteriano devido ao crescimento como biofilme.

2.2) OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Estabelecer procedimento de triagem dos mutantes aleatórios relacionados à formação

de biofilme;

2. Selecionar as bactérias candidatas mutantes deficientes na formação de biofilme;

3. Identificar por sequenciamento de DNA o gene mutagenizado por inserção de

transposon;

3. METOLOLOGIA

O trabalho de identificação foi baseado em um banco de mutantes aleatórios

derivados de Gluconacetobacter diazotrophicus PAL 5, elaborado pela EMBRAPA

(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ) Agrobiologia – Laboratório de Genética e

Bioquímica, depositado no banco de células ATCC sob nº 49037 e no banco de

microrganismos EMBRAPA-Agrobiologia sob nº BR11281; este banco contém

aproximadamente 7000 mutantes randômicos.

Os mutantes foram obtidos através do kit de mutagênese randômica EZ-Tn5TM

<KAN-2>Tnp TransposomeTM (Epicentre®).

O Transposoma EZ-Tn5 <KAN-2>Tnp contém o gene de resistência a canamicina

Tn903 (KanR) e é flanqueado por terminais de 19 pb que são normalmente reconhecidos

pela transposase EZ-Tn5 incluída no transposossoma introduzido em células bacterianas

através de eletroporação. A transposase é ativada por Mg2+ presente no ambiente

intracelular, resultando em inserções randômicas do transposon EZ-Tn5 <KAN-2> no

DNA genômico da bactéria eletroporada.

Para a produção dos mutantes, foram realizadas transformações através da

eletroporação, utilizando 1 µl do transposoma EZ-Tn5<KAN-2>Tnp (20 ng/µl) e 70 μl de

células eletrocompetentes de G. diazotrophicus PAL5 contidas em cubetas de

eletroporação e logo submetidas a 1,8 Kilovolts por 4,5-5 msegundos em um equipamento

Gene Pulser (Biorad®) visando a produção de poros na membrana e parede celular.

Imediatamente após o pulso, 350 μl de meio DYGS (DÖBEREINER et al., 1995)

foram adicionados á cubeta de eletroporação para recuperação das células transformadas,

posteriormente incubadas a 28°C por 2 horas sob leve agitação. As células foram

plaqueadas em meio DYGS sólido suplementado com 100 µg/mL de canamicina, e

incubadas a 28 °C durante 72h.

As colônias resistentes são os prováveis mutantes. Cerca de 7000 colônias foram

cultivadas em placas de 96 poços contendo 200 µl de meio DYGS suplementado com

glicerol a 25% e canamicina a 100 µg/mL por 72 horas, sendo em seguida estocados a -80

ºC.

A figura 3 demonstra a técnica utilizada para a elaboração dos mutantes seguida de

sequenciamento gênico para a identificação dos mesmos, procedimento utilizado na

elaboração do presente trabalho.

Figura 3: Esquema demonstrativo do processo de elaboração do banco de mutantes realizado pela

EMBRAPA - AGROBIOLOGIA, seguido do sequenciamento gênico realizado na presente pesquisa, a fim

de determinar os genes mutagenizados.

http://www.epibio.com/images/catalog/i_EZTn5_oriV_KAN2.gif

3.1) PRÉ - SELEÇÃO DOS MUTANTES DEFECTIVOS NA PRODUÇÃO DE

BIOFILME

Com o propósito de realizar a seleção de mutantes candidatos a serem defectivos

em produção de biofilme, foram realizados dois ensaios diferindo na presença e na

ausência de lã-de-vidro, usada como superfície para a adesão das bactérias formadoras de

biofilme. A utilização das duas estratégias fez-se necessária para a redução do número de

falsos positivos uma vez que uma técnica validaria a outra.

3.1.1) Meio de cultura utilizado

O meio de cultura LGIP foi preparado da seguinte maneira:

Açúcar cristal ..........................................................................100 g

K2HPO4 ..............sol. 10%.......................................................2 ml

KH2PO4 .............sol. 10% .......................................................6 ml

MgSO4.7H2O ......sol. 10% ......................................................2 ml

CaCl2.2H2O ........sol. 1% .........................................................2 ml

FeCl3.6H2O ........sol. 1% ........................................................1 ml

Na2MoO4.2H2O ..sol.0,1% ......................................................2 ml

Vitamina para meio de cultura ................................................1 ml

Azul de bromotimol solução a 0,5% em 0,2 N de KOH .........5 ml

O pH foi ajustado para 5,5 com solução de ácido acético a 10%. O volume final foi

completado para 1000 ml com água destilada.

3.1.2) O cristal violeta

O cristal violeta foi usado para corar o carboidrato proveniente da formação de

biofilme, funcionando dessa maneira como indicador da produção de biofilme, a partir da

leitura da coloração em espectrofotômetro com base no procedimento descrito por O'Toole

et al., (1999).

3.1.3) Triagem dos mutantes

Foram preparadas duas placas de noventa e seis poços, com capacidade para 2 mL

em cada poço, contendo 1,5 mL de meio LGIP. Após autoclavagem, foi feito o inóculo no

meio acima, suplementado com canamicina (50 microgramas por 50 mL de meio). As

bactérias inoculadas foram cultivadas sob agitação (250 rpm) a 28° C, durante sete dias.

Após o período de cultivo, a suspensão bacteriana foi centrifugada por 10 minutos

a 400 rpm, o sobrenadante de cada poço foi descartado e 100 microlitros de cristal violeta a

0,1% foram adicionados, homogeneizados em vórtex e mantidos em repouso por 10

minutos. A mistura foi centrifugada por 10 minutos a 4000 rpm e o sobrenadante

descartado. O material precipitado foi lavado duas vezes por 15 minutos com solução

salina 0,9% através de forte agitação em vórtex, seguida de centrifugação por 10 minutos a

4000 rpm. O sobrenadante foi retirado e o precipitado lavado com 1 mL de etanol 92,8%.

Uma alíquota de 200 microlitros foi transferida para a placa de Elisa, sendo que uma placa

somente com o etanol foi utilizada como branco. Procedeu-se com as leituras no

espectrofotômetro de placas utilizando o comprimento de onda de 560 nm. As leituras

foram organizadas em planilhas do programa Excel para o cálculo matemático da média

aritmética das leituras da placa, seguido da identificação das amostras com valores abaixo

da média da placa. As amostras identificadas por esse processo foram consideradas

candidatas a mutantes defectivos na formação de biofilme. Todo o procedimento foi

realizado em duplicata.

Um segundo procedimento de triagem baseado no uso de lã-de-vidro foi realizado

com os mesmos mutantes, seguindo o mesmo protocolo descrito acima com as seguintes

modificações:

- Antes das placas serem autoclavadas foi adicionada uma porção lã-de-vidro,

ocupando aproximadamente a terça parte de cada um dos poços.

- A retirada de sobrenadante foi feita com o auxílio de micropipeta, ao invés da

centrifugação.

Somente os mutantes que se comportaram como defectivos em formação de

biofilme nas quatro situações foram selecionados para o sequenciamento gênico.

O procedimento foi realizado a partir das placas do banco de mutantes nomeadas

MUT LIB 1 e MUT LIB 2 escolhidas aleatóriamente.

3. 2 ) SEQUENCIAMENTO DE DNA

O método utilizado foi baseado no processo descrito por Sanger em 1975. O

mutante foi identificado através do sequenciamento do DNA mutagenizado, o que foi

possibilitado pelo uso de primer homólogo à extremidade do transposon. Ferramentas

básicas de bioinformática foram utilizadas para analisar a sequência obtida e obter a

identificação precisa do gene contíguo à região do transposon anelada ao primer usado no

sequenciamento, fornecendo os dados para a identificação e as sugestões sobre as funções

dos genes.

Os mutantes selecionados foram inoculados em 10 mL de meio Dygs

suplementado por 10 microlitros de canamicina. As bactérias foram cultivadas sob

agitação (250 rpm) a 28° C por 72 horas, quando então foram coletadas para a extração de

DNA.

3.2.1) Extração de DNA:

Esta etapa foi realizada com o Kit Wizard genomic DNA purification (Promega)®.

A suspensão de células dos mutantes candidatos foi centrifugada por 5 minutos a

25° C e 7000 rpm e o sobrenadante foi descartado. O material precipitado no fundo de cada

tubo foi ressuspenso em 1 mL de solução salina (0,9%) e transferido para eppendorfs. O

material foi centrifugado por 3 minutos a 13000 rpm e o sobrenadante foi descartado.

Seiscentos microlitros de solução de lise foram adicionados e homogenizados

cuidadosamente, evitando a formação de bolhas para depois proceder a um banho seco a

80°C por 10 minutos. Em seguida, o material foi tratado com 3 microlitros de RNAse 37°C

e submetido ao banho-maria por 1 hora, as proteínas foram precipitadas pela adição de

200 microlitros de solução de precipitação. As amostras foram vigorosamente agitadas em

vórtex e incubadas por 5 minutos no gelo, sendo posteriormente centrifugadas por 5

minutos a 13000 rpm. O DNA foi precipitado após adição de 600 microlitros de

isopropanol e centrifugação por 10 minutos a 13000 rpm. O sobrenadante foi descartado e

o DNA precipitado ou pellet lavado com 500 microlitros de etanol 70%, seguido de

centrifugação a 13000 rpm por 2 minutos, sendo que o sobrenadante deve ser rapidamente

descartado. O pellet secou por aproximadamente 30 minutos à temperatura ambiente e foi

ressuspenso em 50 microlitros de água miliQ previamente autoclavada. O material foi

colocado na geladeira durante a noite (overnight).

3.2.2) Quantificação de DNA:

O DNA foi quantificado por eletroforese utilizando o programa Imagequant

(Molecular Dynamics®).

O gel de agarose (0,8%) foi preparado em TBE (Tris, Borato, EDTA) 0,5X

(Maniatis et al., 1982) adicionando-se 5 microlitros de brometo de etídio (10mg/ml).

As amostras foram adicionadas em microtubos previamente identificados: 6

microlitros de água miliq, 1 microlitro da amostra e como controle a mesma mistura, mas

contendo 1 microlitro de DNA de lambda com 100ng de DNA. Todo o conteúdo foi

aplicado no gel, que foi logo submetido á eletroforese por aproximadamente 25 minutos.

Uma foto do gel foi submetida a um programa de digitalização de imagens e o DNA foi

quantificado. O programa Imagequant permitiu a quantificação das amostras a partir da

comparação da obscuridade relativa ou da intensidade de bandas diferentes, considerando a

área e o volume da manchas das imagens digitalizadas do gel, Maiores detalhes são

encontrados em http://itc.virginia.edu/achs/documents/ACHS-104.pdf.

3.2.3) Reação de sequenciamento:

A reação foi realizada utilizando os reagentes do kit de sequenciamento da

Applied Biosystems. As amostras foram distribuídas em tubos identificados e foram

completadas com água miliq para 29 microlitros. Um microlitro de primer foi adicionado

em cada tubo, os tubos foram levados ao gelo e adicionou-se seis microlitros de tampão em

cada tubo, seguido de quatro microlitros de Big Dye terminator v1.1/v3.1. A mistura foi

toda para o fundo do tubo após uma breve centrifugação (spin).

As amostras foram submetidas ao termociclador no programa MUT SEQ

overnight. Programa MUT SEQ: desnaturação inicial a 95°C por 5 minutos, seguido por 60

ciclos compostos por uma desnaturação a 95 ºC durante 30 segundos, anelamento-

elongamento a 60°C por 4 minutos e um alongamento final a 60 °C durante 10 minutos.

Os primers utilizados nestas reações de sequenciamento são fornecidos pelo kit de

mutagênese randômica EZ-Tn5TM <KAN-2>Tnp TransposomeTM (Epicentre®), os quais

anelam-se nas extremidades do transposon EZ-Tn5 <KAN-2>, propiciando o

sequenciamento bidirecional do DNA genômico.

A descrição dos primers fornecidos pelo kit de mutagênese encontra-se na tabela

abaixo:

Nome Seqüência (5’→3’) Posição de anelamento no transposon EZ-Tn5 <KAN-2>*

KAN-2 Forward

KAN-2 Reverse

ACCTACAACAAAGCTCTCATCAACC

GCAATGTAACATCAGAGATTTTGAG

67 → 43

1127→1151

* Este transposon apresenta um tamanho de 1221 pb.

3.2.4) Preparo da amostra para submeter á leitura do seqüenciador capilar ABI3130

(Applied Biosystems®):

O DNA do sequenciamento foi precipitado após adição, em cada tubo, de 320

microlitros de isopropanol a 68%, misturados por inversão várias vezes e colocados em

temperatura ambiente por trinta minutos. Em seguida, foi realizada uma centrifugação por

quinze minutos a 1200 rpm e o sobrenadante foi descartado por inversão do tubo aberto,

cuidadosamente. O material foi lavado com cuidado adicionando quinhentos microlitros de

isopropanol 75% seguido de centrifugação a 1200 rpm por cinco minutos; em seguida o

sobrenadante foi aspirado com cautela e as amostras ficaram secando no escuro em

temperatura ambiente por uma hora a duas horas. Nesta etapa as amostras podem ser

guardadas no escuro, no freezer (-20oC) por até três dias;

Após este período, foram adicionados dez microlitros de formamida, o tubo foi

fechado, agitado vigorosamente, mantido por trinta minutos em temperatura ambiente e no

escuro, a amostra foi agitada novamente para em seguida ser desnaturada colocando-se a

95°C por cinco minutos e imediatamente depois no gelo. A amostra foi complemente

levada ao fundo por um spin.

O material das placas foi submetido ao seqüenciador capilar e as sequências

geradas foram comparadas com sequências depositadas no banco de dados NCBI, através

de alinhamentos utilizando a ferramenta BLAST (www.ncbi.nlm.nih.gov/BLAST/).

O NCBI foi fundado em 1988 como um recurso nacional para informações de

biologia molecular; é um banco público que cria bases de dados, realiza investigação em

biologia computacional, desenvolve software para análise de dados genoma e dissemina

informações científicas de diferentes áreas, principalmente a biomédica

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/).

A ferramenta BLAST compara sequências de nucleotídeos ou proteínas com

seqüências do banco de dados e calcula a sua significância estatística. O BLAST foi usado

para inferir funções e para ajudar a identificar os membros de famílias de genes

(http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1) ENSAIO DE BIOFILME

Nesta etapa foi realizada uma pré-seleção de mutantes defectivos para formação

de biofilme, visando o posterior sequenciamento dos genes responsáveis pelo fenótipo

mutante. O ensaio foi realizado em duas condições, na presença e na ausência de lã-de-

vidro, sendo os procedimentos realizados em duplicata. A triagem resultou na seleção de

16 mutantes, sendo 8 da placa MUTLIB1(mutante 1 ao 8) e 8 da placa MUTLIB2 (mutante

9 ao 16). Os clones mutantes foram selecionados de acordo com as leituras de densidade

ótica (D.O) de cada um, em comparação com a média aritmética simples de leitura de

todos os mutantes da placa, sendo selecionados aqueles observados abaixo da média.

Embora o material tenha sido selecionado apenas quando reproduzido nas duas

situações, incluindo suas réplicas, esses dados devem ainda ser reproduzidos, apenas com a

bactéria selvagem (cepa PAL5), os mutantes selecionados e pelo menos cinco não

selecionados, com maiores volumes de cultura de modo a evitar erros de amostragem e no

volume da lã-de-vidro. Além disso, o uso de um protocolo adicional para quantificação

mais precisa da massa de biofilme é requisitado. O quadro 1 ilustra a leitura de densidade

ótica na presença de lã-de-vidro, e o quadro 2 na sua ausência.

COM LÃ -DE-VIDRO

MUTANTE MÉDIA D.O DA PLACA D.O DO MUTANTE1 1,5044 0,6506

Duplicata 1 1,3779 1,14352 1,5044 0,7703

Duplicata 2 1,3779 1,17323 1,5044 0,3434

Duplicata 3 1,3779 0,70054 1,5044 0,4009

Duplicata 4 1,3779 1,26395 1,5044 1,0085

Duplicata 5 1,3779 1,17796 1,5044 0,9357

Duplicata 6 1,3779 0,99467 1,5044 0,6367

Duplicata 7 1,3779 0,52598 1,5044 1,4852

Duplicata 8 1,3779 1,08279 0,3150 0,1859

Duplicata 9 0,1752 0,161710 0,3150 0,1598

Duplicata 10 0,1752 0,127111 0,3150 0,2829

Duplicata 11 0,1752 0,083612 0,3150 0,1939

Duplicata 12 0,1752 0,124413 0,3150 0,2039

Duplicata 13 0,1752 0,089914 0,3150 0,2606

Duplicata 14 0,1752 0,129815 0,3150 0,2157

Duplicata 15 0,1752 0,088816 0,3150 0,0822

Duplicata 16 0,1752 0,1343Quadro 1: Valores de densidade ótica verificados no experimento com a lã-de-vidro; média da D.O da placa e D.O do mutante em questão; Os mutantes 1 á 8 são provenientes da placa MUTLIB1, enquanto os mutantes 9 a 16 são provenientes da placa MUTLIB2.

SEM LÃ-DE-VIDRO

MUTANTE MÉDIA D.O DA PLACA D.O DO MUTANTE1 0,3479 0,3116

Duplicata 1 0,3192 0,27262 0,3479 0,2813

Duplicata 2 0,3192 0,20093 0,3479 0,3409

Duplicata 3 0,3192 0,22864 0,3479 0,3567

Duplicata 4 0,3192 0,29735 0,3479 0,3362

Duplicata 5 0,3192 0,28866 0,3479 0,2888

Duplicata 6 0,3192 0,27067 0,3479 0,2948

Duplicata 7 0,3192 0,25348 0,3479 0,3206

Duplicata 8 0,3192 0,22419 0,1078 0,0928

Duplicata 9 0,1354 0,109110 0,1078 0,0596

Duplicata 10 0,1354 0,110911 0,1078 0,0881

Duplicata 11 0,1354 0,104012 0,1078 0,0995

Duplicata 12 0,1354 0,109013 0,1078 0,0602

Duplicata 13 0,1354 0,112014 0,1078 0,0939

Duplicata 14 0,1354 0,109015 0,1078 0,0939

Duplicata 15 0,1354 0,128716 0,1078 0,0421

Duplicata 16 0,1354 0,4187Quadro 2: Valores de densidade ótica verificados no experimento sem a lã-de-vidro; média da D.O da placa e D.O do mutante em questão;Os mutantes 1 á 8 são provenientes da placa MUTLIB1, enquanto os mutantes 9 á 16 são provenientes da placa MUTLIB2.

Os quadros 1 e 2 salientam que os mutantes selecionados apresentaram leitura de

densidade ótica abaixo da média de leitura de suas placas, sugerindo a deficiência na

formação de biofilme.

4.2) SEQUENCIAMENTO

Os dados dos resultados dos sequenciamentos encontram-se expostos no quadro 3,

que relaciona: a placa de origem dos mutantes, sua posição na placa, a identidade do

NCBI, o nome do mutante, e a posição aproximada da mutação no genoma.

PLACA MUTLIB

MUTANTE POSIÇÃO NA PLACA

IDENTIDADE NO NCBI

NOME POSIÇÃO NO GENOMA

1 1 A5 GDI_0278 diguanylate phosphodiesterase

2595736... 2596289

1 2 B10 GDI_0511 putative cell adhesion

508328...508564

1 3 D5 ------------------ -------------------- -------------1 4 E1 GDI_0692 LacI family

transcriptional regulator

703387... 703792

1 5 E2 ---------------- -------------------- -------------1 6 E6 GDI_1373 hypothetical protein 1376637... 13764881 7 G1 ------------------ ---------------------- -------------1 8 G6 ------------------ --------------------- -------------2 9 C5 GDI_1378 putative

ribonuclease PH1382134... 1382513

2 10 D4 GDI_1276 putative oxygen-independent coproporphyrinogen III oxidase

1273014...1273167

2 11 D9 GDI_2999 putative succinylglutamate desuccinylase

3086731... 3086789

2 12 E3 ------------------ -------------------- -------------2 13 E7 GDI_2780 transposase IS256 1542028... 5421192 14 F3 GDI_2402 Putative capsular

polysaccharide biosynth

----------------

2 15 H3 GDI_2414 putative inward rectifier potassium channel

2504733... 2504051

2 16 H12 ----------------- --------------------- -------------------Quadro 3: Quadro reunindo informações provenientes do sequenciamento gênico; os mutantes 3,5,7,8, 12 ,16 não apresentaram sequenciamento satisfatório, impossibilitando a identificação dos genes.

Os dados expostos no quadro 3 foram obtidos a partir de alinhamento da

sequencia resultante do sequenciamento com todas as sequencias depositadas nos bancos

de DNA públicos, utilizando a ferramenta BLASTn disponível no site

www.ncbi.nlm.nih.gov. A figura 4 exemplifica os resultados de alinhamento obtidos no

uso dessa ferramenta.

A localização da inserção do transposon que está sendo mostrada abaixo é baseada

no alinhamento do BLAST, mas há possibilidade do sítio de mutação estar em uma

posição mais 5’ ou 3’, porque nem todos os mutantes analisados resultaram em dados de

sequenciamento de boa qualidade nas duas direções, o que dificulta uma definição mais

precisa da localização. Definições precisas podem ser interessantes em alguns casos menos

freqüentes onde ocorre continuidade da expressão gênica dependendo da região da

inserção. Além disso, considerando que o genoma de organismos procariotos é enxuto,

com poucos espaços não utilizados entre os genes e abundância de operons, há

possibilidade de alteração da expressão de genes contíguos ao que recebeu a inserção, em

função do efeito de posição.

Conforme colocado acima, futuramente esses dados devem ser reproduzidos,

incluindo a bactéria cepa PAL5 e outros clones, com o propósito de evitar erros

experimentais. A anotação mais detalhada dos genes identificados está descrita no trabalho

de monografia de Costa (2009), aluna de Biotecnologia. Entretanto, vale a pena salientar

que a maioria dos genes identificados relaciona-se de forma bem consistente com a

formação de biofilme, porque são responsáveis por metabolismo de carboidrato, adesão

celular e sinalização.

Figura 4: Exemplo de resultado obtido pelo alinhamento utilizando a ferramenta BLASTn. Neste caso específico, o alinhamento foi feito com o gene diguanilato fosfodiesterase.

A figura 5 mostra a localização aproximada do gene diguanilato fosfodiesterase no

DNA genômico da bactéria, assim como a posição aproximada do transposon dentro do

gene. A figura ilustra como as sequências forward e reverse, que são aneladas na

extremidade do transposon Tn5, levam ao resultado de localização dos genes

mutagenizados bem como do inserto dentro no genoma.

Cromossomo

(Mb)0 3,

90,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

Tn 51221 pb

FR

2595736 2596289

2595719

2595097

Diguanilatofosfodiesterase2595083..2595856

CDS mutagenizado

pelo TransposonTn5

Alinhamento das sequências

geradas

SequênciaFowardATGGTTAATTTCGGGGTGGGACTCTAGAGCGACTGCAGGCTGCAAGCTTCAGGGTTGAGATGTGTATAAGAGACAGAACCAGGGAAACGAAGACGTCGATGCGGCGATTCACCAGATCGACGACGGGCTGAAAAAAACATCGTGAACGGAAACAGATCCTGATGGTCGTGGCAGGCCTGGCAGGGGGCGCGACTGGACGGTCCCTTTAAAAAAAAAAATGGGGGGTTTTTTTTGACGTGGATATTCTAATTCATGACTATCGCATGTCGGTCCCGGAAAGCAGCCCATATCCAGCCGCTTCGCTATCCGGGACGCCCCGCATGGCCAGTCGCGGTAAATCCGTGTAGCGTGTCCGCAACCGTGATTATCTTTCGCGGATCGGCATCGGGGAAATCGAAGCGCGGCCATGCACGACGTCCTCGTGGGGTTGATCCTGTTGTGTGTGGTCGTGATCTCCCCTTTGAATATCGGTGGTGGAGAAAAAAGCCTATCCCGCTGCCGCTGTGGCAGATCGTGCTGGGGGTGGTGGGGTCCGTGGCGGGTCTGCATGTTTTTTTTTAACCCCGACATGTTCATGCTGCTGTTCATTCCTCCACTGCTGTTCCCCGATGCGTTCCGCATGCCGACGCACGAATTCGGCCAGATGCGCGGCACATCSequênciaReverseCCCCCCCCCCCCGGCCAATCTCGATGATGGTTGAGATGTGTATAAGAGACAAGACCTGCCCTCGCGGCCCCGGGGGCGAGGGCGCGAGAGGGGCCTGGCGAGGTCACGGAGGAAAACCTGTATGCTTTAGAAAAGGGGGGCCGCACCCGGGCCATCCGGCTGGCGTCCCGGCTTGGGCTGGACCGCCGCCTGAGCATCAATTTCTTGCCCAACGCCGTCTATAACCCGCGCGCCTGCATCCAGTCTACTCTACAGGCCGCCCGCGAAAGCGATTTTCCCCTGGAAAACCTGACCTTCGAGATCCTCGAGACCGAACATCTGACCGAGACGAAGCACCTGCAGGACATCATCGGCGAATATCATCACCATGGCTTCAAGGTCGCCCTGGACGATTTCCCGACCGGACAGTCCGGGCTGATGCGGCTGGCCGACCCCAAGCCCGACATCATCAAGACCGACCGTGGCGGGGGACGGGATTGCGACCGGGACCAGGTGCGCCGCACGATCATGGCCGGCATCATACGAATTGCCACCGATCTGGGCGTCAAGGTCGTGATCGAGGGCGTGGAGCGTCTTGAGGAGGTGCGGGCCCTGCACGCCGTGGGCGGCCGCTTCTTCCAGGGGGTTCTTCTTCGCACGGCCGCTGTTCGAGCAGATCGCGCGGGAGGCGATATCCACTGGC

Representação gráfica dos resultados obtidos com sequenciamento de DNA Genômico purificado de mutantes Tn5 de Gluconacetobacter diazotrophicus PAL5

Figura 5: Exemplo de esquema da inserção do tranposon no genoma da bactéria.

5. CONCLUSÃO

Acredita-se que o biofilme seja um importante requisito para a produção de um

nicho bacteriano adequado e o estabelecimento de uma associação biológica eficiente entre

bactéria e o hospedeiro. Portanto, o estudo de mutantes relacionados ao biofilme deve

ajudar a aumentar o conhecimento científico acerca da associação de Gluconacetobacter

diazotrophicus com sua planta hospedeira, como a cana-de-açúcar.

Dezesseis bactérias G. diazotrophicus mutantes deficientes na formação de

biofilme foram selecionados neste trabalho. Com base no seqüenciamento de DNA

iniciado na sequência do transposon que foi inserido no genoma da bactéria, foi possível

descobrir a identidade do gene interrompido em dez dos dezesseis mutantes selecionados.

A caracterização detalhada de alguns dos mutantes selecionados, com relação ao

seu fenótipo durante o crescimento, sua ultraestrutura e interação com planta estão em

processo de investigação.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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