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SEMINÁRIO QUÍMICA ORGÂNICA A importância e a história dos estudos de utilização de medicamentos

Seminário química orgânica

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  • 1. SEMINRIO QUMICA ORGNICAA importncia e a histria dos estudos de utilizao de medicamentos

2. INTRODUO Razes pelas quais, se reconhece a necessidade e a importncia dos estudos que analisam os tratamentos medicamentosos Os medicamentos representam boa parcela dos gastos pblicos com sade; No so substncias incuas; Coleta de dados relativos ao consumo em si, dos medicamentos; 3. Coleta de dados relativos ao consumo dos medicamentos .Possibilitam a aplicao da farmacoeconomia e da farmacoepidemiologia como ferramentas no combate utilizao inadequada de medicamentos e a gastos desnecessrios 4. FARMACOECONOMIA rea relativamente nova que engloba conceitos de diversas outras cincias. Descrio, anlise e a comparao dos custos e das consequncias das terapias medicamentosas para os pacientes, os sistemas de sade e a sociedade, com o objetivo de identificar produtos e servios farmacuticos cujas caractersticas possam conciliar as necessidades teraputicas com as possibilidades de custeio Prof Dr Wilson Follador 5. FARMACOEPIDEMIOLOGIA O estudo do uso e os efeitos dos medicamentos em um grande nmero de pessoas" . a proviso de informaes sobre os efeitos benficos e perigosos de qualquer droga; permitindo assim melhor compreenso da relao risco-benefcio para o uso de qualquer droga em qualquer paciente cincia e as atividades relativas a deteco, a identificao, avaliao, compreenso e preveno de efeitos adversos ou qualquer problema possvel relacionado com frmacos ". STROM, 2005 6. A pesquisa tornou possvel Confirmar a importncia da ocorrncia desses estudos, especialmente em hospitais, visando reduo do gasto com medicamentos; A deteco de desvios; Comprovando a ineficcia de eventos adversos com a utilizao inadequada de medicamentos, possibilita: EM NVEL MACRO: O desenvolvimento de polticas governamentais; EM NVEL MICRO: A realizao de intervenes educativas. Ambas as medidas tendo como objetivo a utilizao dos medicamentos de forma racional. 7. No sculo XX Com o aumento da eficincia da preveno de doenas e atendimento mdico, a expectativa de vida, menor que quarenta anos at a dcada de 1940, ultrapassou os sessenta e cinco anos (dcada de 1990). (WHO, 1997).Crescimento dos custos com equipamentos, materiais e medicamentos, surgiu a impossibilidade do acesso universal aos recursos e tecnologia moderna disponveis. (Crozara, 2001). 8. Os medicamentos se apresentam como um dos fatores responsveis pelos gastos com sade, a questo de sua utilizao de modo adequado nunca esteve to presente no cotidiano da populao, nem foi to discutida. O nmero de reportagens publicadas em jornais e revistas da grande imprensa escrita sobre medicamentos e sade durante os anos 70, 80 e 90 foram 26, 135 e 250, respectivamente. Nascimento (2003), Com isso surge a necessidade de formulao e aplicao de poltica de medicamentos que favorea a obteno de medicamentos essenciais e promova seu uso racional. 9. A prescrio e os problemas relacionados falta de informao confivel sobre medicamentos No comeo do sculo XIX a maioria dos medicamentos era remdios de origem natural, de estrutura qumica e natureza desconhecidas; Aps 1940, ocorreu a introduo macia de novos frmacos, que trouxeram populao possibilidade de cura para enfermidades at ento fatais; Os avanos nas pesquisas de novos frmacos, em conjunto com sua promoo comercial, criaram uma excessiva crena da sociedade em relao ao poder dos medicamentos; Produo de medicamentos em escala industrial, segundo especificaes tcnicas e legais, fez com que esses produtos alcanassem papel central na teraputica; Sua prescrio torna-se quase obrigatria nas consultas mdicas, sendo o mdico avaliado pelo paciente por meio do nmero de formas farmacuticas que prescreve. 10. Exemplos de motivaes que contribuem para a utilizao irracional dos medicamentos Enorme oferta (em quantidade e variedade);A atrao por novidades teraputicas muitas das quais so apenas variaes de frmulas j conhecidas; O poderoso marketing ; O direito, supostamente inalienvel, do mdico em prescrever (Castro, 2000); 11. Utilizao irracional dos medicamentos O medicamento tem, intrinsecamente, um valor simblico do desejo e da capacidade de modificar o curso natural da doena que est sendo tratada; O fato de prescrev-lo passou a ser o resultado final de um processo de diagnstico e deciso, em que os frmacos so o resumo da atitude e das esperanas do mdico em relao ao curso de uma doena; O fato de o medicamento ter se tornado uma ferramenta to familiar aos mdicos aumenta o risco de sua utilizao irracional. (Laporte, Tognoni, Rosenfeld, 1989). 12. Utilizao irracional dos medicamentos Na prescrio reflete-se disponibilidade de frmacos;aA informao que foi distribuda sobre eles, que chegou ao mdico ; A forma que ele interpreta; Assim como as condies tempo, meios diagnsticos, patologias prevalentes, nas quais se desenvolve a ateno mdica. 13. Utilizao irracional dos medicamentos A falta de informao sobre o assunto e a promoo farmacutica distorcida e desenfreada leva a vrios problemas, dentre os quais tem-se: Escolha inadequada de medicamentos; Exposies indevidas a reaes adversas que podem ser fatais; Aumento da resistncia bacteriana; Aumento da automedicao assim como de seus riscos, desperdcio de dinheiro por parte do indivduo e da instituio com medicamentos inteis e desnecessrios 14. Utilizao irracional dos medicamentos So necessrios estudos de utilizao dos medicamentos para detectar: Reaes adversas; Ineficcia do tratamento, Efeitos colaterais; M utilizao dos mesmos, o que possibilitaria a realizao de intervenes adequadas e oportunas.Esse problema demonstra ser ainda mais grave nos pases em desenvolvimento, onde os compndios elaborados pela indstria tendem a exagerar os apelos clnicos e suavizar os dados sobre possveis reaes graves ou fatais e a produo de estudos sobre a utilizao dos medicamentos pouco expressiva 15. Utilizao irracional dos medicamentos Diante desse contexto, surgiram os Centros de Informao de Medicamentos (CIMs), que tm como meta principal : A promoo do uso racional de medicamentos.Esse objetivo, para ser alcanado, deve ser trabalhado em conjunto com a Comisso de Farmcia e Teraputica (CFT), importante frum de discusso e divulgao de informaes para os profissionais de sade. 16. Ateno aos medicamentos e sua utilizao Os efeitos benficos potenciais dos frmacos, em geral, so conhecidos durante sua pesquisa e comercializao. Porm, mesmo na poca da introduo dos primeiros antibiticos, a possibilidade das reaes adversas j era conhecida. Segundo Paracelsus 17. Ateno aos medicamentos e sua utilizaoTodas as substncias so venenos, no h uma que no seja veneno. A posologia correta diferencia o veneno do remdio (Klaassen, 1985) 18. Dois episdios mais conhecidos de reaes adversas, que inclusive fomentaram a conscientizao da necessidade de definir, quantificar, estudar e prevenir os efeitos indesejveis provocados por medicamentos: Foram o emprego de dietilenoglicol como solvente de um xarope de sulfanilamida - que ocorreu nos anos trinta e provocou mais de cem mortes. E o caso da talidomida seu uso durante a gravidez causou um surto de focomegalia, malformao congnita rara, com cerca de 4000 ocorrncias, contabilizando 498 mortes. 19. Ateno aos medicamentos e sua utilizao Especificamente para a talidomida, uma reviso dos trabalhos experimentais, anteriores sua comercializao, revelou que foram publicados e mal interpretados dados toxicolgicos insuficientes e errneos (Lenz, 1980). 20. Ateno aos medicamentos e sua utilizao Com os crescentes custos econmicos dos medicamentos nos sistemas de previdncia social, entre os anos 1950 e 1960, a questo da utilizao dos medicamentos passou a chamar a ateno das autoridades sanitrias (Laporte, Tognoni, Rosenfeld, 1989). A partir desse quadro, h uma evoluo da farmacologia clnica particularmente da farmacovigilncia. Desde os anos 1950 h o emprego do Ensaio Clnico Controlado (ECC) como padro no processo de avaliao de um medicamento. 21. Ensaio Clnico Controlado Os ensaios clnicos so um conjunto de procedimentos deinvestigao e desenvolvimento de medicamentos, que so realizados para permitir que dados de segurana e eficcia a recolher para as intervenes de sade (por exemplo, drogas,diagnstico, dispositivos, protocolos de terapia). Estes ensaios s podem ter lugar aps informao satisfatria ser recolhida sobre a qualidade da segurana no-clnica, e as Autoridades de Sade / Comisses de tica aprovarem a realizao dos ensaios no pas em que o mesmo se est a realizar. 22. Ensaio Clnico ControladoA principal limitao do ECC sua restrio a indivduos ou grupos de pacientes, os quaispodem no ser representativos dos futuros usurios e acabam recebendo o tratamento em condies diferentes (Castro, 2000). 23. Ateno aos medicamentos e sua utilizao Em 1988, a Organizao Mundial de Sade publicou uma viso do uso de medicamentos dividindo o planeta em dois blocos, de acordo com as caractersticas do atendimento populao: Pases desenvolvidos; Pases em desenvolvimento (Crozara, 2001). Nos pases em desenvolvimento, havia pouca ou nenhuma organizao quanto ao uso de medicamentos e polticas que garantissem a disponibilidade dos mesmos (Crozara, 2001). Um tero da populao mundial no tem acesso aos medicamentos dito essenciais, enquanto a populao dos pases ricos consome cerca de 80% dos medicamentos produzidos no mundo (WHO, 1988) 24. Ateno aos medicamentos e sua utilizao O Brasil e outros pases em desenvolvimento, a partir da dcada de 1970, preocupados com a falta de medicamentos para a populao de menor poder aquisitivo, tentaram desenvolver programas governamentais que garantissem a disponibilidade ao menos dos medicamentos mais importantes. No Brasil, em 1970, foi instituda a Central de Medicamentos (CEME). Apesar de muitos dos programas no terem sucesso, os esforos para garantir os medicamentos essenciais populao geraram o surgimento da RENAME (Relao Nacional de Medicamentos Essenciais) e dos formulrios ou guias teraputicos que padronizam os medicamentos utilizados nos hospitais, diminuindo custos e possibilitando melhor atendimento (Crozara, 2001). 25. Exploso Farmacolgica Entre os anos 1950 e 1960 ocorreu a chamada exploso farmacolgica devido aos desenvolvimentos fundamentais em cincias biolgicas possibilitando melhor compreenso dos mecanismos moleculares, celulares e homeostticosrelacionados com a sade e a doena (Laporte, Tognoni, Rosenfeld, 1989) e s conquistas tecnolgicas e econmicas aps a Segunda Guerra Mundial. Entre 1987 e 1988, a indstria farmacutica apresentou crescimento de 13%, superando o crescimento mdio da economia mundial que, em geral, resumiu-se a 4%. Apesar desse fato, de acordo com avaliao realizada pela Administrao de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (Food and Drug Administration FDA). 26. Pases em desenvolvimento O medicamento pode ser uma arma teraputica: Existem duas situaes opostas 1 o risco da automedicao 2 pases se desenvolvem mais para buscar novas tecnologias em frmacos.Problemtica em Subdesenvolvidos:pasesdeterceiromundoouA Desigualdade social manifesta-se quando observando o contraste entre uma grande parte da populao, com limitado acesso a medicamentos devido ao custo e problemas na distribuio, e uma pequena parcela de privilegiados, responsvel pela maior parte do consumo de medicamentos no pas. O medicamento produto de tecnologia cara e por vezes inacessvel. Pases pobres encontram-se dependentes da importao de frmacos ou matriasprimas para sua fabricao. No Terceiro Mundo, a maior fatia do mercado farmacutico est em mos de empresas privadas; o que deixa caro o preo do medicamento. 27. Publicidade e os medicamentos A promoo comercial um dos fatores que, atualmente, influencia muito a prescrio de medicamentos e seu consumo, devido existncia de vrias opes farmacuticas para um mesmo fim, torna-se elemento essencial para diferenciao entre os produtos. As indstrias investem muito no setor, provando sua importncia. O investimento chega a ser o dobro do que na pesquisa do frmaco. Fica ainda mais evidente a importncia da preocupao com a publicidade ao verificar que os pacientes se automedicam utilizando informaes de prescries anteriores quando acreditam que apresentem os sintomas semelhantes aos que geraram a prescrio. Se o mdico confiar somente na propaganda para prescrever possvel que o erro da prescrio persista. Desta quantidade, destinam-se, via de regra, 60% a visita mdica, 12% a distribuio de amostras, 7% aos anncios enviados pelo correio, 8% aos anncios em revistas, 8% aos congressos e reunies e 5% a documentao e material bibliogrfico. Alm disso, difundida a prtica de oferecer gratificaes ao balconista, o que acarreta a chamada empurroterapia. 28. O balano financeiro da utilizao irracional dos medicamentos Toda reforma tem sido motivada por questes econmicas, e, no que se refere aos medicamentos, a frase se adapta perfeitamente. Em 2003, o mercado brasileiro movimentou cerca de 5 bilhes de dlares, situando-se entre os 15 pases de maior faturamento no varejo (FEBRAFARMA, 2004). Um estudo do Instituto IMS Health, empresa dedicada ao acompanhamento do mercado farmacutico, estimou crescimento de 5% ao ano das vendas no Brasil, entre 2001 e 2005 crescimento baseado tanto na melhoria do poder de compra quanto pela contnua oferta de frmacos novos. Desperta ateno o fato de que os gastos com prescrio tm crescido 12% ao ano, mais que o dobro do aumento de 5% dos gastos nacionais em sade. A prescrio irracional conduz, em geral, a gastos maiores devido utilizao de medicamentos desnecessrios ou inapropriados, como produtos demasiadamente caros ou perodos prolongados de tratamento. 29. Metodologia dos estudos de utilizao de medicamentos De acordo com a Organizao Mundial da Sade, os estudos de utilizao de medicamentos atendem importantes fins, dependendo da metodologia empregada, como: Descrio de padres de uso de medicamentos; Constatao de variaes nos perfis teraputicos no curso do tempo; avaliao dos efeitos de medidas educativas, informativas, reguladoras; estimativa do nmero de indivduos expostos a medicamentos; deteco de doses excessivas, mal uso, doses insuficientes e abuso dos medicamentos; estimativa das necessidades de medicamentos de uma sociedade, entre outros. 30. A DDD ( Dose diria definida ) recomendada pela OMS, a partir de 1981, para uso em estudos de utilizao de medicamentos (Brasil, 1996).Essa unidade difere para cada frmaco e representa a dose mdia diria suposta do frmaco quando utilizado para sua principal indicao. A principal vantagem do emprego da DDD a possibilidade de se fazer comparaes entre pases ou atravs do tempo, sem que os resultados sejam comprometidos por mudanas de preo ou de apresentao. Talvez o maior inconveniente de sua utilizao seja o fato de que essa medida nem sempre equivale, necessariamente, dose mdia prescrita, ou mesmo dose mdia ingerida. Faz-se importante frisar que a DDD no se trata de uma dose recomendada, mas de uma unidade de medida que permite comparao entre resultados. 31. EXPERINCIAS BRASILEIRASNo Brasil, ainda existem poucos estudos sobre a utilizao de medicamentos, sendo a maioria estudos quantitativos e apenas alguns empregam o sistema ATC de classificao de medicamentos e a unidade de medida Dose Diria Definida. Os estudos publicados nas dcadas seguintes apresentam o perfil de utilizao de medicamentos pela populao e grupos de risco como idosos, gestantes e crianas, da automedicao; das prescries de medicamentos realizada por mdicos e dentistas para populao ou para grupos especficos. 32. Perspectivas Com a conscientizao de que os estudos de utilizao de medicamentos so imprescindveis para a deteco, anlise e soluo dos problemas advindos da utilizao inadequada dos medicamentos, refora-se a tendncia de que cresa o nmero desses estudos e das instituies que apoiem sua realizao, dandolhes condies de serem realizados com maior fidedignidade dos dados como prescrio eletrnica, melhoria da qualidade dos pronturios, tanto em sua organizao como na melhor descrio da evoluo clnica. No Brasil, essas empresas tambm esto sendo implantadas, prestando servios, atualmente, para redes de drogarias visando ao melhor gerenciamento de estoques. Entretanto, h perspectivas de aplicao dos Estudos de Utilizao de Medicamentos na gesto pblica de recursos destinados sade, com nfase no consumo de medicamentos.