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SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃOAlexander Volkov Между неолиберализмом и дирижизмом : государство в России (O papel do

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O conteúdo dos artigos é de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es), que cederam a Comissão de Pós-Graduação em Direito, da Faculdade de

Direito da Universidade de São Paulo, os respectivos direitos de reprodução e/ou publicação. Não é permitida a utilização desse conteúdo para

fins comerciais.

The contents of this publication are the sole responsibility of the authors, who have authorized the Postgraduate Studies Commission of the

School of Law of the University of São Paulo to reproduce and publish them. All commercial use of this material is prohibited.

La responsabilidad por el contenido de los artículos publicados recae única y exclusivamente en sus autores, los cuales han cedido a la Comisión

de Posgrado de la Facultad de Derecho de la Universidad de São Paulo los respectivos derechos de reproducción y/o publicación. Queda

prohibido el uso con fines comerciales de este contenido. 1

∗SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO - BRASIL-RUSSIA, promovido pela Comissão de Pós-Graduação e Departamento de Direito

Internacional, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, realizado aos 16 set. 2013 (Auditório da Faculdade de Direito da USP) e 17 set. 2013 (Auditório da Biblioteca José Mindlin da USP, Cidade Universitária).

∗∗Organizadores: Prof. Titular, Dr. Paulo Borba Casella, Prof. Associado Wagner Menezes (Departamento de Direito Internacional – FDUSP), Profa. Associada Monica Herman Salem Caggiano (Presidente da Comissão de Pós-Graduação – FDUSP) e Prof. Associado Rubens Beçak (Secretário Geral da USP; Faculdade de Direito da USP/Ribeirão Preto).

SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO BRASIL-RUSSIA∗

“BRICS, ENERGIA, COOPERAÇÃO BILATERAL E AÇÃO MULTILATERAL”

“CÍRCULO LANGSDORFF DE REFLEXÃO BRASIL-RÚSSIA”

Comissão Organizadora∗∗

Paulo Borba Casella Monica Herman Salem Caggiano

Rubens Beçak Wagner Menezes

n. 22, 2013

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Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 22, 2013

©2011 Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP / Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada a fonte (Postgraduate Studies Commission of the School of Law of the University of Sao Paulo. This publication may be reproduced in whole or in part, provided the source is acknowledged / Comisión de Posgrado de la Facultad de Derecho de la Universidad de São Paulo. La presente publicación puede ser reproducida total o parcialmente, con tal que se cite la fuente.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO / UNIVERSITY OF SAO PAULO / UNIVERSIDAD DE SÃO PAULO Reitor/Dean/Rector: João Grandino Rodas Vice-Reitor/Vice Dean/Vice Rector: Hélio Nogueira da Cruz Pró-Reitor de Pós-Graduação/Provost of Postgraduate Studies/Prorrector de Posgrado: Vahan Agopyan Faculdade de Direito/Scholl of Law/Facultad de Derecho Diretor/ Principal/Director: Antonio Magalhães Gomes Filho Vice-Diretor/Deputy Principal/Vice Director: Paulo Borba Casella Comissão de Pós-Graduação/Postgraduate Studies Commission/Comisión de Posgrado Presidente/President: Monica Herman Salem Caggiano Vice-Presidente/Vice President: Estêvão Mallet

Elza Antônia Pereira Cunha Boiteux Francisco Satiro de Souza Júnior Gilberto Bercovici José Maurício Conti Luis Eduardo Schoueri Renato de Mello Jorge Silveira Silmara Juny de Abreu Chinellato Serviço Especializado de Pós-Graduação/Postgraduate Specialized Service Office/Servicio Especializado de Posgrado Chefe Administrativo/Chief Administrator/Jefe Administrativo: Maria de Fátima S. Cortinal Serviço Técnico de Imprensa/Public Affairs Office/Servicio Técnico de Prensa Jornalista/Journalist/Periodista: Antonio Augusto Machado de Campos Neto Normalização Técnica/Technical Office/Normalización Técnica CPG – Setor/Sector CAPES: Marli de Moraes Bibliotecária – CRB-SP4414 Correspondência / Correspondence/Correspondencia A correspondência deve ser enviada ao Serviço Especializado de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP / All correspondence must be addressed to the Postgraduate Specialized Service Office of the School of Law of the University of São Paulo at the following adress / Toda correspondencia debe ser dirigida al Servicio Especializado de Posgrado de la Facultad de Derecho de la Universidad de São Paulo: Largo de São Francisco, 95 CEP/ZIP Code: 01005-010 Centro – São Paulo – Brasil Fone/fax: 3107-6234 e-mail: [email protected]

FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pelo Serviço de Biblioteca e Documentação Faculdade de Direito da USP

Cadernos de Pós-Graduação em Direito : estudos e documentos de trabalho / Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 1, 2011-. Mensal ISSN: 2236-4544 Publicação da Comissão de Pós-Graduação em Direito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo 1. Direito 2. Interdisciplinaridade. I. Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de

Direito da USP CDU 34

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Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 22, 2013

Os Cadernos de Pós-Graduação em Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, constitui uma publicação destinada a divulgar os trabalhos apresentados em eventos promovidos por este Programa de Pós-Graduação. Tem o objetivo de suscitar debates, promover e facilitar a cooperação

e disseminação da informação jurídica entre docentes, discentes, profissionais do Direito e áreas afins. The Postgraduate Legal Conference Papers are published by the School of Law of the University of Sao Paulo in order to publicize the papers submitted at various events organized by the Postgraduate Program. Our objective is to foster discussion, promote cooperation and facilitate the dissemination of legal knowledge among faculty, students and professionals in the legal field and other related areas. Los Cuadernos de Posgrado en Derecho de la Facultad de Derecho de la Universidad de São Paulo son una publicación destinada a divulgar los textos presentados en eventos promovidos por este Programa de Posgrado. Su objetivo es suscitar debates, promover la cooperación y facilitar la diseminación de información jurídica entre docentes, discentes, profesionales del entorno jurídico y de áreas relacionadas.

Monica Herman Salem Caggiano Presidente da Comissão de Pós-Graduação

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo President of the Postgraduate Studies Commission

School of Law of the University of Sao Paulo Presidente de la Comisión de Posgrado de la

Facultad de Derecho de la Universidad de São Paulo

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Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 22, 2013

SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO BRASIL-RUSSIA

“BRICS. ENERGIA. COOPERAÇÃO BILATERAL E AÇÃO MULTILATERAL” “CÍRCULO LANGSDORFF DE REFLEXÃO BRASIL-RÚSSIA”

16 de Setembro de 2013 - Auditório da Faculdade de Direito da USP 17 de Setembro de 2013 – Auditório da Biblioteca José Mindlin da USP, Cidade Universitária

Comissão Organizadora Prof. Titular, Dr. Paulo Borba Casella – Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo

Profa. Associada Monica Herman Salem Caggiano – Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Prof. Associado Wagner Menezes – Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo

Prof. Associado Rubens Beçak – Secretaria Geral da USP. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo-Ribeirão Preto

Comissão Científica Prof. Titular, Dr. Paulo Borba Casella – Vice-Diretor da FDUSP

Prof. Dr. Boris Martynov – Vice-Diretor do Instituto da America Latina da Academia de Ciências da Rússia - Moscou Profa. Dra. Tatiana Alexeeva – Diretora da Faculdade de Direito da Universidade Nacional de Pesquisa – Escola Superior de Economia - Sede São

Petersburgo Prof. Titular Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari – Vice-Diretor do IRI-USP

Prof. Dr. Edmilson Moutinho dos Santos – IEE-USP

Instituição Co-Organizadora Faculdade de Direito da Universidade Nacional de Pesquisa – Escola Superior de Economia – Sede de São Petersburgo

Instituição Colaboradora

Instituto de Latino América da Academia de Ciências da Rússia, Moscou

Palestrantes Dr. Adherbal Meira Mattos – Universidade Federal do Pará, Belém do Pará Dr. Alexander Volkov – Vice-Diretor da Faculdade de Direito da Universidade – Escola Superior de Economia, São Petersburgo Dra. Ana Lapteva - Faculdade de Direito da Universidade – Escola Superior de Economia, São Petersburgo Dr. Antonio Carlos Campino – Faculdade de Economia e Administração da USP Dr. Boris Martynov - Vice-Diretor do Instituto da América latina da Academia de Ciências da Rússia, Moscou Dra. Elisabeth de Almeida Meirelles – Departamento de Direito Internacional/FDUSP Dr. Fábio Nusdeo– Departamento de Direito Econômico e Financeiro/FDUSP Dr. Fernando Facury Scaff – Departamento de Direito Econômico e Financeiro/FDUSP Ministro Conselheiro Flávio Damico – Chefe da Divisão BRICS – Mecanismos Regionais do MRE, Brasília Dr. Frederico José Straube - Presidente da CAM/Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá Dr. Geraldo Miniuci Ferreira Jr. – Departamento de Direito Internacional/FDUSP Conselheira Helena Maria Gasparian – Ministério das Relações Exteriores, escritório de São Paulo Dr. Hélio Nogueira da Cruz – Vice-Reitor da Universidade São Paulo Dra. Irina Makarova – Faculdade de Direito da Universidade – Escola Superior de Economia, São Petersburgo Dr. José Augusto Fontoura Costa – Departamento de Direito Internacional/FDUSP Dra. Marilda Rosado de Sá Ribeiro – Professora Associada da UERJ e Sócia fundadora do MRA Advogados Dr. Nicolay Mironov – Diretor do Instituto de Projetos Prioritários Regionais da Universidade de Moscou Dr. Paulo Borba Casella – Professor titular de direito internacional público. Vice-Diretor da Faculdade de Direito da USP Dr. Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari – Professor titular de direito internacional e Vice-Diretor do IRI-USP Dr. Pierangelo Catalano – Responsável pela Unidade de Pesquisa Giorgio La Pira/CNR – Universidade de Roma – “La Sapienza” Dra. Polina Rjabinchuk - Faculdade de Direito da Universidade – Escola Superior de Economia, São Petersburgo Dra. Tatiana Akulina - Faculdade de Direito da Universidade – Escola Superior de Economia, São Petersburgo Dra. Tatiana Alexeeva – Diretora da Faculdade Direito da Universidade – Escola Superior de Economia, São Petersburgo Dr. Wagner Menezes – Departamento de Direito Internacional/FDUSP

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SUMÁRIO/CONTENTS/ÍNDICE

Apresentação .................................................................................................................................................................................................. 5 Brasil-Rússia: BRICS, energia, cooperação bilateral e ação multilateral concertada ..................................................................................... 5 Paulo Borba Casella Amazônia Verde e Amazônia Azul: Direito Internacional e Soberania ........................................................................................................... 9 Green Amazon Region, Blue Amazon Region an International Law .............................................................................................................. 16 Adherbal Meira Mattos BRICS e Grandes Espaços: Brasil- Rússia .................................................................................................................................................... 22 BRICS, “Grandi spazi”: Brasile e Russia ........................................................................................................................................................ 30 Appendice - Brasile e Russia nel pensiero del professore di Diritto romano Giorgio La Pira ........................................................................ 40 Pierangelo Catalano Россия и международное право: история, современность и перспективы правового взаимодействия в рамках БРИКС (Rússia: Direito Internacional, História e BRICS) ......................................................................................................................................................... 45 Boris Martynov BRICS e a Construção do Mundo Multipolar, sob a Égide do Direito Internacional ...................................................................................... 49 Paulo Borba Casella Правовые средства защиты от недобросовестной конкуренции в Российской Федерации и сотрудничество в рамках БРИКС. (Modalidades Jurídicas de Proteção contra Concorrência Desleal na Federação Russa e a Colaboração nos BRICS) ..................................................................... 62 Anna Lapteva Правовые основы регулирования газовой промышленности в странах БРИКС: современное состояние и перспективы развития (Regulamentação Jurídica das Relações no Setor de Gás nos Países BRICS: Estado atual e Perspectivas de Desenvolvimento) ........... 66 Alexander Volkov Между неолиберализмом и дирижизмом: государство в России (O papel do Estado no Desenvolvimento Socioeconômico da Rússia: Entre o Neoliberalismo e o Dirigismo) ............................................................................................................................................................ 74 Nicolay Mironov Гарантии реализации права человека на охрану здоровья в Российской Федерации и перспективы сотрудничества в рамках БРИКС (Garantia do Direito Humano à Saúde na Rússia e Perspectivas de colaboração no âmbito BRICS) ............................................. 80 Tatiana Akulina Gastos com a Saúde e a questão da judicialização da saúde ....................................................................................................................... 84 Denise C. Cyrillo Antonio Carlos C. Campino Государственно-частное партнерство в сфере энергетики в странах БРИКС: опыт России (Parcerias Público-Privadas nos BRICS: Experiência da Rússia) ................................................................................................................................................................................... 95 Polina Ryabinchuk Реформирование финансово-правовых институтов стран БРИКС и международное право (Reforma das Instituições Financeiras dos Países BRICS e do Direito Internacional) ...................................................................................................................................................... 99 Irina Makarova Círculo LANGSDORFF de reflexão – Brasil-Rússia ...................................................................................................................................... 104 Proposta de trabalho em 13 de junho de 2013 por Paulo Borba CASELLA CADERNOS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: ESTUDOS E DOCUMENTOS DE TRABALHO .......................................................... 107

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Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 22, 2013

Apresentação

Brasil-Rússia: BRICS, energia, cooperação bilateral e ação multilateral concertada

Paulo Borba Casella∗

Dirigir, na abertura dos trabalhos deste nosso seminário Brasil-Rússia: BRICS, energia, cooperação bilateral e

ação multilateral concertada, a palavra a todos os presentes representa grande alegria e ainda maior emoção. Que

tenhamos esta possibilidade de dedicar estes dias ao exame de questões de interesse comum, de espaços estratégicos,

nos quais pode ser desenvolvida ação conjunta, e conhecidas as matérias que nos unem, como as barreiras que nos

separam pode ser canal e caminho para a construção de mundo melhor.

A missão que proponho poderia ser resumida de maneira aparentemente singela: a conjugação de esforços do

Brasil e da Rússia pode contribuir para a construção de mundo melhor. Parte disso cabe aos governos, e às políticas de

estado – e aí, de parte a parte, podem ser apontados erros e acertos – mas também cabe papel aos intelectuais e aos

universitários: pensar modelo e refletir sobre o conteúdo e sobre os modos de construir essa relação. Somos os

profissionais do ensino e da reflexão. Esta é a missão profissional que escolhemos exercitar em nossas vidas.

Direito internacional não é somente matéria técnica; é também bagagem cultural. É espaço de reflexão e de

amadurecimento humano e social. Ensina a enxergar o outro, e a respeitar as diferenças, por vezes pondo em xeque o que

pode ser mais aparente do que real, na divisão. E pode ensejar a descoberta de gratas semelhanças, que poderiam sequer

ter sido suspeitadas, antes que se tivesse debruçado olhar benevolente sobre o mundo.

Nem precisaria dizer que Brasil e Rússia sejam dois países peculiares, com qualidades específicas e que se

veem, a si mesmos, simultaneamente, como parte do todo, insertos nas suas respectivas regiões do mundo, mas, também

portadores, cada um, de algo único e muito característico, pela conjunção de elementos que os formaram, um e outro. Nós

nos vemos como algo único, cada um; e essas peculiaridades podem ser entrevistas e melhor consideradas.

As vastas extensões geográficas de um e de outro, e as ainda mais vastas extensões humanas, que nos

caracterizam, são riquezas imensas que se somam aos recursos naturais. E apesar disso, nós nos desconhecemos

mutuamente, nós não tomamos conhecimento de muitas coisas nas quais Brasil e Rússia poderiam se espelhar, para se

conhecer melhor. Brasil e Japão são geograficamente mais distantes, mas culturalmente mais próximos que Brasil e Rússia

- algo precisa ser feito para mudar isso, nos próximos anos.

Muito a respeito de cada um de nossos países pode ser entrevisto pela literatura, como modo de refletir o mundo

e de refletir sobre o mundo; de se ver e de ver os outros também. Quanto da alma de um povo pode ser intuído pelos

escritores do que tecnicamente se chama de ficção e quanto pode ser falseado pelas análises ditas ‘realistas’.

Alguns dos elos entre Brasil e Rússia podem passar por Roma e pela Grécia. Ambas são as matrizes intelectuais

e fontes, pelas quais se unem as nossas identidades: a herança grega e romana está ínsita no Brasil, como também na

Rússia.

∗ Professor Titular de Direito Internacional Público. Vice-Diretor da Faculdade de Direito da USP.

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Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 22, 2013

Como escreveu ARISTÓTELES, a diferença entre a poesia e a história é o fato de a primeira não ter compromisso

com a verdade, enquanto a outra teria. Mas, sabemos, que por vezes, pode a poesia estar mais próxima da verdade do que

as lições da história, quando os homens a constroem antes para responder aos ditames inexoráveis modelo teórico

preconcebido, do que para conter e refletir a verdade. Perde-se a verdade, e perde-se a alma, nessa empreitada

condenada.

Brasil e Rússia também podem ser comparados ao se considerar a atitude de cada um como parte da inserção no

ocidente e no mundo. Ambos, temos relação de inserção, mas ambos mantemos certo distanciamento e certa seletividade,

em relação ao ‘ocidente’ como à Europa – e isso pouco ou nada tem a ver com a conjuntura de crise econômica, na qual a

União europeia se bate, desde cinco anos. Mesmo assim, ingressou em 2013 a Croácia, como 28º integrante.

Consideração central, que aqui se coloca: qual papel podem desempenhar Brasil e Rússia nas relações

internacionais de nosso tempo? Em que medida podem contribuir para a efetivação de modelo novo para a ordenação do

mundo? Podem ser os BRICS canal para nos conhecermos e atuarmos em conjunto? Pode essa parceria de Brasil e

Rússia com a Índia, a China e a África do Sul ser canal e caminho para mudar o mundo?

Diante do cansaço e do desgaste das fórmulas antes ensaiadas, vieram os BRICS ao mundo como uma lufada de

ar fresco, como a mensagem de possível renovação dos modelos e dos caminhos da cooperação. Depois do fim do

confronto leste-oeste, nas quatro décadas da guerra fria, depois do fim do terceiro mundo – como proposta de ação, que

nunca agiu – depois da obsolescência do movimento dos não alinhados, do grupo dos 77, do G-7, do G-8, do G-20, e de

tantos outros slogans e enfáticos vazios proclamados, vemo-nos tal como somos: existem caminhos novos? O que ainda

pode ser tentado, como modelo para dirigir o mundo para canais mais promissores, que possam dar mais resultados? Se

nada de novo se tenta, nada de novo será alcançado.

Qual pode ser o papel do direito, na construção dessa relação? E especificamente do direito internacional., para

assegurar um mundo melhor? Acredito no direito internacional como meio de construir mundo melhor e mais justo. Como

exemplo,a contribuição d o ilustre internacionalista russo Fiodor Fiodorovitch DE MARTENS. Quanto admiro a contribuição

deste é fácil perceber, pelo número de vezes em que referi as lições do seu tratado de direito internacional, publicado em

russo em 1882 e em francês em 1883.

Bem sabe meu colega Boris MARTYNOV, o papel que o conhecimento do outro pode ter para a construção de

canais de diálogo. Este, autor do livro sobre o Barão do RIO BRANCO, publicado em russo e até aqui, ainda não traduzido

em português.

É uma grande alegria, hoje, aqui, contar com a presença do magnífico Vice-reitor, Helio Nogueira da CRUZ, que

mostra a importância que a Universidade de São Paulo atribui a esta iniciativa, ao lado do representante do IEE, Edmilson

Moutinho dos SANTOS, e do IRI, Pedro Bohomoletez de Abreu DALLARI, para recebermos os nossos colegas russos,

Tatiana ALEXEEVA, Boris MARTYNOV, Alexander VOLKOV, Nikolas MIRONOV, Tatiana AKULINA, Polina RIABINCZUK,

Anna LAPTEVA e Irina MAKAROVA, bem como os colegas Pierangelo CATALANO – iniciador deste nosso diálogo, sob a

égide da inspiração romana, como elemento civilizador – os professores Adherbal MEIRA MATTOS, de Belém do Pará, e

Marilda Rosado de Sá RIBEIRO, professora da UERJ, e doutora em direito internacional por esta escola, grande honra

também a presença e pariticipação do Ministro conselheiro Flavio DAMICO, chefe da Divisão BRICS do MRE e da

Conselheira Helena Maria GASPARIAN, do escritório do MRE em São Paulo, para assinalar a convergência e o trabalho

conjunto entre a USP e o Ministério das Relações Exteriores, bem como todos os colegas daqui desta nossa USP, nesta

empreitada conjunta da FD, IRI e IEE, que contou com o apoio da Reitoria e da Secretaria geral da USP, e agradecer a

todos que tanto contribuíram para a realização deste evento, de maneira muito especial a presidente da Comissao de Pós-

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Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 22, 2013

graduação, Monica Herman Salem CAGGIANO e sua equipe, Wagner MENEZES e a sua equipe. Sempre se corre o risco

de esquecer alguém, mas nao posso deixar de agradecer de coração por todo o trabalho e dedicação da Fabiana Natália

ILARIO, da Marli MORAES, do Venâncio ... e da Rose BONOTTO. Sem o enorme esforço de todos e de cada um, nao teria

sido possível a realização deste evento.

Muito além da satisfação pessoal, estas jornadas representam momentos privilegiados para construir ou ampliar

as bases dessa nossa reflexão conjunta: o espaço para pensarmos juntos, para nos conhecermos, para nos situarmos em

relação ao mundo em que estamos, e o que queremos e poder fazer neste, para ter os nossos espaços de ação conjunta e

de iniciativas que possam ser coordenadas. E também conhecendo o que nos separe, evitar caminhos que nos conduzam

a parte alguma.

Não se trata somente de relações internacionais; não se trata somente de relações entre estados. Trata-se

também de relações interpessoais, de conhecer um pouco mais uns a respeito dos outros. De sabermos o que o outro

pensa, para sabermos quando podemos atuar juntos e quando cada um terá de agir separadamente. Mas, estou convicto,

existe tanto a ser feito conjuntamente e tanto disso ainda não foi experimentado. Quem sabe, nem mesmo dimensionado:

sequer temos a dimensão de tudo o que pode, conjuntamente, entre Brasil e Rússia ser ensaiado e experimentado. Os

BRICS são ensejo para repensar e ampliar a convivência entre Brasil e Rússia, ao lado dos demais parceiros nesta

empreitada de renovação do modelo multilateral de gestão de interesses vitais dos cinco e do mundo.

Tudo isso se constrói com tempo e com saborosa apreciação das qualidades humanas e das características de

povo e de cultura. E isso pode trazer várias surpresas. Algumas muito boas.

As nossas semelhanças são maiores e mais relevantes que as nossas diferenças. A melancolia russa pode ter as

suas nuanças peculiares, mas a melancolia brasileira tem muito que com esta pode ser parecido. Como também me

parecem familiares e podem ser colocados em paralelo o senso de humor e a capacidade de rir de si mesmos. A auto ironia

é dom precioso, que parece não ter sido igualmente distribuído entre todos os povos.

Além das aparentes enormes diferenças entre nós, eu poderia arriscar dizer que somos povos irmãos. Separados

pela história por vezes, e por enormes distâncias geográficas, mas sobretudo distâncias culturais, que continuam a existir –

as sete horas de fuso horário e as longas horas de voo são somente sintoma disso – que os nossos colegas russos

transpuseram para estar aqui conosco estes dias, além desses distanciamentos no tempo e no espaço existem

surpreendentes similaridades a serem pensados e ocupados, por nós, ao refletirmos sobre a relação Brasil-Rússia e a

contribuição que ambos podem trazer para a construção de mundo melhor.

Eu acredito que existam mais semelhanças que diferenças entre russos e brasileiros. Eu me sinto em casa

quando leio os vossos escritores: eles me falam diretamente à alma. Existe muito que nos parece próximo.

Acredito que exista muito a ser feito, mediante o trabalho conjunto que possa ser desenvolvido por nossos povos,

desde que se levante o véu da ignorância recíproca, que se afastem os preconceitos e se descubram os dados que nos

unem, mais do que as aparências que nos separam.

Na construção de modelos e caminhos para operar o mundo, posterior ao fim da tola e contraproducente herança

da guerra fria, abriu-se a perspectiva de diálogo e de interações múltiplas entre Brasil e Rússia. Se perguntarmos quanto

disso foi efetivado, nos últimos vinte e cinco anos, veremos que foi muito pouco; e que muito mais pode ser esperado e

pode ser tentado.

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Nós merecemos um mundo melhor. E nesse mundo, podem e devem Brasil e Rússia trazer a sua contribuição.

Sob a égide do direito internacional. Com a bandeira dos BRICS.

Nesse esforço para pensar em que podem contribuir Brasil e Rússia para um mundo melhor, termos aqui estes

dias para viver e para trabalhar juntos pode ser oportunidade privilegiada e que merece ser aproveitada, com a intuitiva

sensibilidade e com a mente aberta para a percepção das diferenças que nos unem e das diferenças que nos separam.

Bem vindos e obrigado!

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Amazônia Verde e Amazônia Azul: Direito Internacional e Soberania

Adherbal Meira Mattos∗

No tocante à Amazônia Verde, o Tratado de Cooperação Amazônica (Pacto Amazônico), de 1978, hoje,

Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, assinado e ratificado pelo Brasil, Bolívia, Colômbia, Venezuela,

Equador, Guiana e Suriname, defende o Desenvolvimento e o Meio Ambiente, com base no respeito à Soberania dos

países membros, numa linha de Cooperação econômico-social. O Pacto Amazônico apresenta aspectos materiais,

organizacionais e formais, de grande importância para a Região Amazônica:

A - Os aspectos materiais incluem o estudo do território e dos recursos naturais da Pan - Amazônia, rios,

pesquisa, transportes, comunicações, saúde, comércio, turismo e conservação de recursos etnológicos e arqueológicos.

B - Os aspectos organizacionais incluem seus principais órgãos: Assembléia dos Ministros das Relações

Exteriores, Conselho de Cooperação Amazônica, Secretaria, Comissões Nacionais Permanentes e Comissões Especiais.

C - Nos aspectos formais, temos a possibilidade de veto, a proibição de reservas e adesão, e a admissão de

ratificação, denúncia e depósito.

Houve uma reação unilateral do Brasil, para a defesa da Área, "O Projeto Calha Norte", que ocupa 14% do

território nacional e 24% da Amazônia Brasileira, que data do ano de 1985.

Em síntese, inclui fatores adversos e necessidades fundamentais:

1 - Os fatores adversos incluem extensa fronteira não vivificada, aliada ao grande vazio demográfico de toda a

área ao norte do Amazonas - Solimões, um subsolo rico em recursos minerais, reservas indígenas em áreas ricas em

minerais, dificuldade para operações militares, tráfico de drogas, conflitos de terras e preservação ecológica.

2 - As necessidades fundamentais exigem uma atenção preferencial como em relação à promoção das relações

bilaterais entre os países da Região, com o aumento da presença militar brasileira, para a intensificação da recuperação

dos marcos limítrofes, e a definição de uma adequada política para a Região, tendo a faixa de fronteira em vista.

O Tratado de Cooperação Amazônica contribuiu para o estudo da Biodiversidade na Região Amazônica

(Amazônia Brasileira e Pan Amazônia), sendo que da ECO/92 emanaram duas importantes Convenções, uma sobre

Biodiversidade e outra, sobre Mudanças Climáticas. O Clima exerce influência sobre a Diversidade Biológica, razão pela

qual ambas as Convenções incidem sobre a Biotecnologia – a primeira, de forma direta e a segunda, de forma indireta –

criando ou modificando produtos de utilidade, com vistas ao bem-estar social.

As duas grandes Convenções da ECO/92 merecem destaque:

A Convenção sobre Mudanças Climáticas fundamenta-se em dois grandes princípios, o de Precaução e o de

Desenvolvimento Sustentável, este, explicitado, também, na Declaração de Joanesburgo de 2002, e intimamente vinculado

à questão da Soberania. Desenvolvimento Sustentável, observa Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva, é aquele capaz de

garantir as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem suas

necessidades. Pelo princípio da Precaução, uma decisão em matéria ambiental só deve ser tomada com base em certo ∗Professor de Titular de Direito Internacional da UFPa.

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Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 22, 2013

nível de conhecimento científico, não se devendo ignorar condições econômicas na determinação das medidas a serem

tomadas. Finalmente, a Soberania é de fundamental importância – a despeito da tradicional controvérsia sobre seu conceito

– principalmente levando-se em conta a Soberania Territorial, quando se cogita de Relativização de Soberania, de Direito

de Ingerência e de Diplomacia Humanitária.

O objetivo básico da citada Convenção é a concentração de gases de efeito-estufa na atmosfera num nível que

impeça interferência antrópica perigosa no Sistema Climático, o que exige Cooperação, Integração, Respeito, Equilíbrio e

Tecnologia. Em decorrência, todo um sistema de proteção se faz necessário, envolvendo pesquisa, consultas, políticas

nacionais e internacionais, órgãos controladores, mecanismo financeiro, transferência de tecnologia de projetos (e não

apenas de produção) e um sensato e rigoroso mecanismo de Solução de Controvérsias, envolvendo negociação,

conciliação, arbitragem e decisão judicial. Por isso, a Convenção admite Emendas, Anexos, Protocolos e, Denúncia, mas

proíbe, terminantemente, qualquer tipo de reserva.

A menção supra a Protocolo nos remete ao Protocolo de Quioto, de 1992, que somente entrou em vigor no dia 16

de Fevereiro de 2005, sem a presença dos Estados Unidos da América. Suas metas compreendem a estabilização das

emissões de gases causadores do efeito-estufa na atmosfera, inventário de ações humanas, medidas concretas para

mitigar emissões, promoção do Desenvolvimento Sustentável e fixação de obrigações diferenciadas entre países

desenvolvidos e países em desenvolvimento.

O Protocolo contém dois Anexos. O Anexo I refere-se aos países desenvolvidos (G-7), propondo metas, menores

isenções tributárias, menores subsídios e menos emissões, (meta de 5,2%, em relação aos níveis de 1990 entre 2008 e

2012). O Anexo II refere-se aos países em desenvolvimento (G-77), com compromissos na redução de emissões (sem

metas), criando um Mercado de Créditos de Carbono em projetos de reflorestamento e o MDL (Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo), traçando um paralelo entre os pequenos e os grandes emissores. Todos os membros do G-7

(com exceção dos EUA) ratificaram o Protocolo de Quioto, o mesmo ocorrendo com o Big Five (com exceção, também, dos

EUA).

A Convenção sobre Biodiversidade (Diversidade Biológica) tem por objetivo a conservação e a utilização

sustentável dos recursos biológicos. Trata-se de conservação in situ (dentro dos habitats naturais) e ex situ (fora desses

habitats) e de utilização sustentável em termos políticos e estratégicos. Essa cooperação (técnica e científica) alia-se à

pesquisa, à educação ambiental, ao acesso a recursos genéticos e a Biotecnologia, no contexto de um intercâmbio de

informações, através de Órgãos, de recursos e de mecanismos financeiros. Esses Órgãos são a Conferência, o

Secretariado e um Órgão de Assessoramento Científico-Tecnológico, que apresentarão relatórios, ficando a problemática

da Solução de Controvérsias vinculada ao art. 33 da Carta da ONU (negociação, conciliação, arbitramento e julgamento

pelo CIJ), na forma do disposto na Convenção sobre o Clima.

Segundo a Convenção, o Estado-Nação exerce direitos Soberanos sobre seus recursos biológicos, detalhe que já

constara da Declaração de Estocolmo de 1972. Melhor teria sido – creio eu, em fase da intervenção e/ou ingerência de

países centrais sobre país periféricos – que a Convenção tivesse se referido à Soberania (no plano territorial e no sentido

pleno), o que evitaria discussões inúteis (mas perigosas), posições relativistas e noções (também perigosas) como a de

Patrimônio Comum da Humanidade. A presente Convenção segue a mesma linha metodológica da anterior (Clima), ao

admitir Anexos, Protocolos, Adesão e Denúncia, proibindo, porém – o que é bom – qualquer tipo de reserva. Vale salientar,

finalmente, que o Brasil é parte (isto é, assinou, ratificou, publicou e registrou), ambas as citadas Convenções, em vigor

desde 1994.

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Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 22, 2013

A Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento/1992 e a Agenda 21 complementam

ambas as Convenções no Plano Externo (ao se referirem a Soberania, Sustentabilidade, Cooperação, Indenização, Efeito-

Estufa, Camada de Ozônio, Recursos Hídricos, Chuva Ácida, Biotecnologia, Desertificação e Uso Sustentável de Florestas

Tropicais). No Plano Interno, temos, inter alia, a Declaração de Manaus, de Fevereiro/1992 e a Declaração de Canela,

também de Fevereiro/1992, ambas, sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

Em termos de Amazônia Brasileira, no plano do Clima e da Biodiversidade, vários programas merecem ser

citados, como o de Desenvolvimento Florestal da antiga SUDAM, através de Projeto de Manejo Sustentado da Floresta

Tropical Úmida; Aproveitamento de Resíduos Florestais; Estudo Tecnológico de Madeiras Amazônicas; Laboratório de

Reprodução Florestal; Monitoramento Ambiental de Área Florestal em Exploração; Tecnologia Avançada em Cartão

Vegetal; e Manutenção e Ampliação do Centro de Tecnologia Madeireira. O programa FLORAM, assentado em diretrizes

ecológicas, sociais e econômicas, não somente direcionado para a Amazônia, mas, para o país, como um todo, visando o

combate ao efeito-estufa.

Temos também, Pacotes Ambientais, criando novas reservas biológicas e áreas de proteção ambiental,

complementados, de certa forma, por pacotes agrícolas, ao tratar da diminuição das áreas para investimento econômico na

Amazônia (áreas com direito a incentivos), com o fim de preservar as florestas naturais. A Operação na Amazônia, criada

com a finalidade de controlar queimadas e o desmatamento na Amazônia Brasileira. A operação Ianomami/Selva Livre,

com representantes dos Ministérios da Justiça, Saúde, Agricultura, Educação, Infra-Estrutura, Ação Social e Relações

Exteriores, para a defesa dos direitos dos índios. E mais recentemente, a Operação Arco-Verde. Todas essas normas e

programas têm por fundamento o respeito à Soberania, principalmente, à Soberania Territorial, no atual mundo integrado e

globalizado, que caracteriza a Nova Ordem Mundial.

Quanto à Biodiversidade, o Plano Amazônia Sustentável (PAS), de Dezembro/2004, constituiu uma esperança de

defesa dos interesses da Amazônia Brasileira, tanto em seu diagnóstico, como em sua Estratégia. Quanto ao Diagnóstico,

por defender os patrimônios biológico, hidrológico e geológico da Região, sua produção florestal, e sua infraestrutura, além

da própria dinâmica regional, com fundamento na Soberania Territorial da Área e do País. Quanto à Estratégia, ao

apresentar soluções nacionais para problemas infraestruturais, ao tratar da coordenação institucional da Região e do

financiamento do desenvolvimento regional, inclusive, através da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica

(OTCA), o que envolve Amazônia Brasileira e Pan Amazônia. Logo a seguir, porém, o Projeto de Lei nº 4776, do Executivo,

hoje Lei nº 11.284/06, sobre Gestão de Florestas Públicas, fez Tabula Rasa de tudo isso, contrariando a OTCA, ao dispor

sobre ocupação onerosa, até 40 anos, de cerca de 40% do território nacional, envolvendo áreas estratégicas de fronteira e

desrespeitando direitos adquiridos de comunidades indígenas e não-indígenas, num flagrante desrespeito à Biodiversidade.

Criou Órgãos atípicos como o Serviço Florestal Brasileiro (com amplos poderes fiscalizadores) e o Fundo Nacional do

Desenvolvimento Florestal (a quem é vedada a prestação de garantias), num esquema de flagrante inconstitucionalidade e

ilegalidade, favorecendo pressões externas.

Inúmeras são as pressões (internas e/ou internacionais) que a Amazônia tem sofrido, desde o Instituto da Hiléia

Amazônica e do Projeto dos Grandes Lagos, passando pelo Encontro de Haia/89 (sobre Ecologia) e pela Convenção da

Basiléia/89 (sobre lixo atômico), pelo Plano Colômbia (sobre drogas) e pela Bio-Pirataria, compreendendo produtos

amazônicos com marca estrangeira – andiroba, copaíba, cupuaçu, jaborandi, couro vegetal - através da ação negativa de

países e de empresas transnacionais e internacionais.

Um Plano Estratégico para a Amazônia Brasileira e para a Pan-Amazônia comporta a distinção entre Cooperação

e Integração e de Conservação e Preservação, envolvendo sutilezas entre o econômico-social (Cooperação) e o político-

econômico (Integração), passando por áreas intocáveis (Preservação) e áreas que admitem e reforçam o desenvolvimento

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(Conservação). Para tal, impõe-se a revisão da OTCA, com novas adesões e maior relacionamento geo-político. Quanto à

nossa Amazônia, novas medidas deverão ser postas em ação, para distinguir o desmatamento ilegal do desmatamento

legal (cidades, rodovias, ferrovias, mineração, energia e recursos hídricos), no contexto de um Zoneamento Econômico-

Ecológico completo e definitivo, no plano federal, com base em todas as peculiaridades regionais.

A Amazônia (como um todo) teria, assim, condições de gerar um novo Mercado Comum Latino-Americano, que,

futuramente, transforma-se-ia num Mercado Comum Americano (sem as assimetrias e incertezas da ALCA), junto aos

Mercados Comuns da Europa, da Ásia e da África. O papel do Brasil é profundamente decisivo, nesse plano, pois integra o

G-20 e faz parte do BRIC’s.

AMAZÔNIA AZUL

No tocante à Amazônia Azul, a Convenção de Montego Bay/92 (Convenção da Jamaica ou Convenção da ONU)

sobre Direito do Mar, complementada pelo Acordo de Implementação/94 (Boat Paper) trata, inter alia, de mar territorial,

zona contígua, zona econômica exclusiva, plataforma continental, alto mar, fundo do mar internacional (“Área”), meio

ambiente, investigação científica marinha, solução de controvérsias, Estados Arquipélagos, estreitos, mares e estados sem

litoral.

Desde o alcance do tiro do canhão até hoje, muita coisa ocorreu – por motivo de segurança e defesa ou em

decorrência de novas tecnologias – o que demonstra a importância dos oceanos e mares, que Pierre Royer sintetizou em

quatro letras “I” (Imensidão – Inércia – Impermanência – Isotropia), até porque o planetum, como a floresta, recebe carbono

e emite oxigênio.

Especificamente quanto ao Mar Territorial (jurisdicional), a Convenção fixou sua extensão até um limite de 12

milhas marítimas, onde o Estado Costeiro exerce plena soberania, que se estende ao espaço aéreo sobrejacente, ao leito e

ao subsolo do mar. Seguindo a norma genebrina sobre a matéria, abrigou o instituto jurídico da passagem inocente

(inofensiva), para todos os navios, de todos os Estados. O mar territorial começa na linha de base (que envolve, inclusive,

águas interiores) e termina na linha de respeito.

Desde o inicio, a norma genebrina conceituou a linha de base como a linha baixa-mar, ao longo da costa (daí a

preferência pela expressão país costeiro, do que país ribeirinho), conforme as cartas náuticas de grande escala,

oficialmente reconhecidas, independente dos métodos de traçado (poligonal, curvas tangentes ou linhas paralelas). O

Brasil, Estado-Parte da Convenção, em consequência, revogou a Decreto-Lei nº 1.098/70, que dispunha, unilateralmente,

sobre um mar territorial de 200 milhas marítimas, e promulgou a Lei nº 8.617/93, que estabeleceu, internamente, um mar

territorial de apenas 12 milhas marítimas.

A delimitação do mar territorial em 12 mm, pela Convenção, foi uma vitória das Nações Unidas, pois o problema

se arrastava desde Bynkershoek e Galiani (o tiro do canhão de 3 mm) na Sociedade das Nações, em 1930 e com a própria

ONU, em 1958 e em 1960 (Genebra). Tudo isso envolve a discussão clássica do mare liberum (de Grotius) e de mare

Causum (de Selden), a que somam inúmeros atos internacionais e/ou regionais, a exemplo dos Princípios do México, de

1956 e da Declaração de Santo Domingo, de 1972.

O Brasil, de forma unilateral, em 1970, através do Decreto-Lei nº 1.098, criou um mar territorial de 200 mm, onde

exerceria plena soberania nas águas, no leito, no sub-solo e no espaço aéreo sobrejacente, onde se denota uma finalidade

essencialmente (senão exclusivamente) econômica, principalmente, em termos de pesca. Assim, no ano seguinte (1971), o

Decreto nº68459 estabeleceu duas zonas de pescas, de 100 mm cada um, sendo, a primeira –salvos casos especiais não

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declarados – para pesca somente de brasileiros, enquanto a segunda permitia a pesca por estrangeiros, desde que

autorizados pelo País. Houve protesto internacional, pois se tratava de um ato unilateral, mas, em 1972, os EUA chegaram

a assinar um acordo de pesca com o Brasil, reconhecendo, pois, nossa soberania.

No plano internacional, porém, o plano continuava em aberto, pois nem todos os países podiam, geograficamente,

ter e manter um mar territorial de tão grande extensão, além de que países como os EUA sempre defenderam meras 3

milhas marítimas, de onde emanaram entraves, até por sua posição no Big Five. Hoje, aceitam 12 mm, mas, continuam não

sendo parte da Convenção. Em 1993, o Brasil promulgou a Lei nº 8.617, de acordo com a Convenção de Montego Bay, de

apenas 12 milhas marítimas.

Na ZEE, o Estado Costeiro tem direitos soberanos para fins de exploração, aproveitamento, conservação e

gestão de recursos naturais, renováveis ou não renováveis, das águas sobrejacentes ao leito o mar e seu subsolo. Exerce,

também, jurisdição quanto a colocação e utilização de ilhas artificiais, instalações e estruturas, à investigação científica

marina e à proteção do meio marinho. Sua extensão é de 200 milhas marítimas, a partir da linha de base do mar territorial

(na realidade, pois, 188 milhas marítimas). Os demais Estados gozam, na ZEE, das liberdades de navegação, de sobrevôo

e de colocação de cabos e oleodutos submarinos.

O Estado Costeiro fixa capturas permissíveis dos recursos vivos de sua ZEE e determina sua capacidade de

captura. Quando não puder efetuar a totalidade da captura permissível, dará acesso a outros Estados ao excedente dessa

captura, conforme condições estabelecidas em acordos entre as partes.

A Convenção admite a operação de navios de outros Estados na ZEE do Estado costeiro e a lei brasileira vai

além, pois permite a realização, por outros Estados, de exercício ou manobras militares, inclusive, as que impliquem o uso

de armas ou explosivos, desde que haja o consentimento do governo brasileiro.

O programa REVIZEE (Avaliação do Potencial Sustentável dos Recursos Vivos na ZEE) de 1994 é consequência

do IV PSRM, nos termos da Convenção da ONU/82 e da Lei nº 8.617/93. Compreende nove partes e dois Anexos, visando

ao levantamento dos potenciais sustentáveis de captura dos recursos vivos da ZEE, para inventariar tais recursos e as

características ambientais de sua ocorrência; determinar suas biomassas; estabelecer potenciais de captura, etc.

A plataforma do Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas (continentais ou insulares)

além de seu mar territorial, até em princípio, uma distância de 200 milhas marítimas (art. 76, § 1º). A Convenção admite,

porém, art. 76, §§ 3º e 6º, uma extensão maior (até ou além de 350 milhas marítimas). Trata-se do aspecto jurídico, da

plataforma, que começa quando termina o mar territorial, na linha de respeito, pois, geograficamente, a plataforma começa

muito antes, coincidindo com o leito e o subsolo do mar territorial, que, como vimos, já se encontram, devidamente

normatizados. Observa-se, também, que a plataforma tanto compreende os continentes, com as ilhas. Logo, é possível

falar-se numa plataforma submarina (como gênero), de que são espécies a plataforma continental (continentes) e a

plataforma insular (ilhas), que incluem rochedos, mas excluem estruturas artificiais.

O Estado exerce direitos soberanos sobre a plataforma, para fins de exploração e aproveitamento de seus

recursos naturais. Compreendem, estes, os recursos minerais e outros recursos não-vivos do leito do mar e subsolo e os

organismos vivos pertencentes a espécies sedentárias, que, no período da captura, estão imóveis no leito ou subsolo ou só

podem mover-se em constante contato físico com o leito ou subsolo. Tais direitos não afetam o regime jurídico das águas

sobrejacentes ou do espaço aéreo acima dessas águas, nem a navegação e outras liberdades dos demais Estados, como

a colocação de cabos e dutos submarinos.

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Os Estados costeiros têm o direito de regulamentar a investigação científica marinha, a proteção do meio marinho,

bem como a construção, operação e uso de ilhas artificiais, instalações e estruturas, admitindo, a lei brasileira a condução

da investigação científica marinha por outros Estados, com o consentimento prévio do governo do Brasil.

A Comissão de Limites da Plataforma Continental (Anexo II) estabeleceu um prazo de até dez anos, após a

entrada em vigor da Convenção, para a delimitação da plataforma continental jurídica dos Estados Partes, quando sua

extensão máxima seria de 200 milhas marítimas, razão da criação, no Brasil, da LEPLAC (Plano de Levantamento da

Plataforma Continental Brasileira). Para tornar os limites marítimos do País compatíveis com a Convenção da ONU, o Brasil

promulgou a Lei º 8.617/93. Convenção e Lei falam em exercício de direitos soberanos sobre a plataforma, para

exploração e aproveitamento de seus recursos naturais. O mesmo ocorre na ZEE. No mar territorial, entretanto, há plena

soberania. Tudo, de acordo com a atual Constituição Federal, que considera bens da União o mar territorial (art. 20, VI) e

os recursos naturais da plataforma e da ZEE (art. 20, V e IX).

A área reivindicada pelo Brasil junto à ONU compreende cinco zonas – (Cone Amazonas - Cadeia Norte – Cadeia

Vitória e Trindade – Margem Continental Sul – Platô Paulista). Trata-se da ampliação de fronteira marítima nacional, o que a

Convenção admite. Essa ampliação incide sobre o Pré-Sal, que segundo informes oficiais ocorre dentro das 200 mm, mas

que poderá ocorrer até as citadas 350 mm (ou além...). Este é o aspecto INTERNACIONAL do problema, complementado,

hoje, por um aspecto INTERNO. É que, embora o art. 20, IX da Constituição Federal afirme que são bens da UNIÃO todos

os recursos minerais (inclusive do sub-solo), o § 1º do mesmo artigo cogita a participação e de compensação a Estados e

Municípios produtores (além do Distrito Federal e órgãos da administração direta da União).

DE LEGE LATA, essa é a situação. A Emenda Ibsen Pinheiro, DE LEGE FERENDA, tentou incluir todos Estados

e Municípios brasileiros, o que ocorreu (Março/2013), através da Lei do Congresso Nacional. Os Estados produtores,

logicamente, recorreram ao STF. Há quem defenda a tese de uma Emenda Constitucional, mas há, também, aqueles que,

com base no Pacto Federativo e no Princípio da Constitucionalidade das Leis, concluam que toda e qualquer lei será

considerada constitucional até manifestação final do mesmo STF, que concedeu liminar a favor dos produtores.

As Forças Armadas brasileiras demonstraram sua preocupação com a vulnerabilidade do espaço marítimo do

País. É o que denominam Amazônia Azul (mar territorial, zona econômica exclusiva e plataforma continental), incluindo,

logicamente, a área do Pré-Sal, por motivos econômicos, científicos e políticos. Temos, ainda, o problema da Elevação do

Rio Grande, com a criação da PROAREA (Comissão de Prospecção e Exploração do Atlântico Sul e Equatorial), onde há

um trabalho de pesquisa nacional além da plataforma sem desrespeito a normas internacionais.

Esses e outros detalhes propiciaram uma estratégia de defesa da Marinha Brasileira, através de um Projeto de

Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, para o monitoramento permanente das águas jurisdicionais nacionais e

um Plano de Equipamento e Articulação, composto de metas, integrante da defesa da área, como um todo, contando,

inclusive, com a colaboração da indústria naval, além de parcerias com a França, quanto à aquisição de submarinos e de

caças, o que envolve gestão, transferência de tecnologia, segurança e de defesa da “jurisdição insinuante” do País.

XXX

A AMAZÔNIA VERDE e a AMAZÔNIA AZUL defendem o instituto da Soberania em seu aspecto institucional e

territorial, no contexto de uma Ação Multilateral, um dos objetivos desse Encontro.

No caso da AMAZÔNIA VERDE, acredito que a revisão e expansão da OTCA e o respeito à Convenção sobre a

Biodiversidade pelo Estado-Nação e pela Sociedade Civil têm condições de cooperar para o desenvolvimento da Região,

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através do planejamento, coordenação, comando, organização e controle dos Estados Interessados.

No caso da AMAZÔNIA AZUL, o problema incide, principalmente, no plano internacional, na concessão, pela

ONU, de maior extensão da plataforma continental, o que, beneficiaria o Pré-Sal. Já no plano interno, a participação dos

Estados-Membros brasileiros, em respeito ao Pacto Federativo, nos termos dos incisos V e IX do art. 20 da Constituição

Federal, que consideram bens da União os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva,

bem como todos os recursos minerais do País, inclusive os do subsolo.

As reivindicações da Amazônia – Amazônia Verde e Amazônia Azul – salvaguardam a SOBERANIA, o MEIO

AMBIENTE e o DESENVOLVIMENTO, através da COOPERAÇÃO com vistas à INTEGRAÇÃO – numa prova cabal de

que a Região não constitui um problema, mas, ao contrário, uma SOLUÇÃO, no contexto da apórica Nova Ordem Mundial.

Referências

ACCIOLY, Hildebrando; NASCIMENTO e SILVA, Geraldo Eulálio; CASELLA, Paulo Borba – Manual de Direito Internacional

Público, Saraiva, S. Paulo, 20. ed., 2012.

AMAZÔNIA e Soberania Nacional – IAB, Rio de Janeiro, 1997.

BRASIL, O País do Presente - Exame - Edição Especial em Inglês, S. Paulo, 2010.

KELSEN, Hans. Políticas entre as Nações. A. Knopf, New York, 1956.

MAROTTA RANGEL, Vicente. Natureza Jurídica e Delimitação do Mar Territorial. RT, S. Paulo, 1966.

MEIRA MATTOS, Adherbal. O novo Direito do Mar. Renovar, Rio de Janeiro, 2008.

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Green Amazon Region, Blue Amazon Region na International Law

Adherbal Meira Mattos∗

The Amazonian Cooperation Treaty (Amazonian Pact), today Amazonian Cooperation Treaty Organization, signed

and ratified by Brazil, Bolivia, Colombia, Venezuela, Ecuador, Guyana and Surinam, defends the Development and the

Environment of the Area, based in the respect to the member countries Sovereignty, in a line of economic-social

Cooperation. The Amazonian Pact presents material, organizational and formal aspects, of huge importance to the Amazon

Region. To the GREEN AMAZON REGION.

A – The material aspects include the study of the territory and the natural resources of the Pan – Amazonia, rivers,

research, transportations, communications, health, trade, tourism, and ethnological and archaecological resource

conservation.

B – The organizational aspects include its principal Bodies: Assembly of the Ministers of External Affairs,

Amazonian Cooperation Council, Secretariat, Permanent National Commissions and Special Commissions.

C – In the formal aspects we have the possibility of veto, the prohibition of reservations and adhesions, and the

admittance of ratification, denouncement and deposit.

There was an unilateral reaction from Brazil, for defense of the Area, “The Calha Norte Project”, that occupies 14 %

of the national territory and 24 % of the Brazilian Amazonia, dating from the year 1985.

In synthesis, includes Adverse Factors and Fundamental Necessities.

1- The Adverse Factors include extensive non vivified border, allied with the great demographic emptiness of all the

Area to the north of the Amazonas – Solimoes Rivers; an underground rich in mineral resources ; indigenous reservations in

areas rich in minerals, difficulty for military operations, drug traffic, conflicts of lands; and ecological preservation.

2- The fundamental needs demand a preferential attention as regarding to the furtherance of the bilateral relations

among the countries of the Area, to the increase of the Brazilian military presence; to the intensification of recovery of the

limitrophe marks; and the definition of an appropriate policy to the Region, having the border strip in view.

In defiance of the Amazonian Cooperation Treaty, the hypotheses of illegal international pressures to the

Sovereignty are innumerous, as occurred, in the forties, with the Amazon Hileia Institute, in the sixties, with the Great Lakes

Project. And more recently, with relations of the WB and IMF, with the notion of the common humanity patrimony; with the

non-utilization of financial resources from Japan for the BR-369, legitimate means of the Country to reach the Pacific and

further its trade with Asia; the atomic garbage problem (Basileia/69); the absurd nine million hectares of the lanomamis

Indians; the Right (Duty) of Intervation of the Pentagon; the Colombia Plan; the patent matter; economic-ecological zoning;

bio-piraty; water resources; environmental diplomacy; etc.

That’s the reason of a Brazilian Strategic Plan which includes:

A - Further development of the Bilateral Relations through measures to revitalize Amazonian commercial relations,

to reinforce the international cooperation against drug traffic and to improve the consular border net. ∗Professor of International Law.

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B – Increase of the Military Presence in the Area, through the Army (border platoons in critical points), of the

Aeronautics (construction and improvement of support aerodromes) and of the Navy (intensification of the fluvial patrols and

improvement of navigation safety conditions).

C – Definition of an Indigenous Policy Appropriate to the Region, including the Ianomani Area (Venezuela), The

Roraima Area (Venezuela and Guyana), “The Alto Rio Negro” – “Cabeça do Cachorro Area” (Venezuela and Colombia); Alto

Solimoes Area (Colombia), the Amapa Area (French Guiana); and the Tumucumaque Area (Surinam).

D – Water (Integrated management of watersheds and resources hydrobiological – Agreement on measures to

prevent contamination).

E – Forestry, Lands and Natural Protected Areas ( the Amazon Sustainability Standing – Forest Management –

Ecotourism).

F – Biodiversity and Biotechnology (Amazon Biodiversity Regional Strategy).

G – Planning, Human Settlements and Indigenous Affairs (Macro-Economic and Ecological Zoning – Planning and

building Local Capacity).

H – Social Infrastructure: Health and Education Network (Intercultural Bilingual Education – Virtual Education).

All these involve the conservation and sustainable use of renewable natural resources of the Region, knowledge

management, technological exchanges, cooperation, integration, competitiveness and regional institution building

action,plans, geospatial information networks, composition and strength of Commissions, etc. There is always the risk of

international pressures, such as NAWAPO (North American Water and Power Alliance) and the problem of technology

transfer, which is usually much more of production than projects.

So, an ostensible control and supervision are necessary to ensure respect for the Sovereignty, as with the PPG – 7

(Pilot Program for Protection of Tropical Forests) which comprises also the PDBFF (Project on Biological Dynamics of Forest

Fragments) and LBA (Large-Scale Biosphere- Atmosphere Experiment in Amazon), because the PPG-7 leads with policy of

natural resources, science and technology, forest management, etc.

The PPG-7 is a serious program, involving strategic areas of the Region, but, obviously, it must be object of control,

in order to safeguard national Sovereignty. This applies, for example, the PDBFF, composed of 60% foreigners and only

40% of Brazilians, led by WWF at the beginning and today by the Smithsonian Institute or LBA, which includes Brazil, U.S

and European Union, led by NASA.

There are several areas in which there is room for international Amazonian Cooperation, respecting Environmental

preservation and Sovereignty. The most significant consensus that has been reached in the field of cooperation among

States is to be found in the United Nations Stockholm on the Human Environment Declaration principle 21:

“States have, in accordance with the Charter of the United Nations and the principles of International Law, the

sovereign right to exploit their own resources pursuant to their own environment policies, and the responsibility to ensure that

activities within jurisdiction or control do not cause damage, to environment of other States or of areas beyond the limits of

national jurisdiction”.

There is, also, the orderly work of the areas of the United Nations Resolution 44/228 (1989), with several Strategies

to be defended in a underdeveloped region like the Amazon – such as:

- Strategies to address major government actions in the processes of social-economic development.

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- Strategies to be taken in the national and international levels, to protect and improve the environment.

- Strategies for national and international actions to clear-cut agreements by the government, to restore the global

ecological balance.

- Strategies for national and international actions to set specific agreements by governments and

intergovernanmental organizations, for activities that promote a supportive international economic environment leading to

sustainable development.

- Strategies to provide financial resources for solving major problems, of global nature, specifically to support

developing countries.

The 1992 United Nations Rio Conference on Environment and Development, created two important Conventions:

The UN Framework Convention on Climate Changes, complementary by the Kioto Protocol, with flexibility mechanisms,

assessments and challenges and the UN Convention on Biodiversity, with its Commission on Sustainable Development,

both, enforcing environmental standards, defending the principle of common but differentiated responsibility. The

Johannesburg Summit/92 adopted the same principles, found in several COPs, such as investiments, funds against

degradation, by foreign institutions, financial corporations, including the REDD Group. The same occurred in the Rio Plus

Twenty Summit.

In the specific case of the Brazilian Amazon, despite programs, plans and Strategies, we should also discuss the

impact of climate change on the Region as a whole. The following examples: impact on biodiversity, that is, on the fauna and

flora; physiology impact on life, which includes plant photosyntheses and ecological balance of the animals, the spread of

insect disease vectors hematofogos; incidence on biomass decomposed on the surface of clay soil (litter) of the Region, the

caisson including poverty and deprivation to cultural changes. Other examples could be added, but these are enough to

demonstrate the negative influence of Climate Change in the Area.

As we see it involves, recalling the relevant provisions of the Amazonian Pact, financial, scientific and technological

assistance among State Parties, in order to participate effectively in the sustainable use of the their Region, exploring and

exploiting with their own policies and strategies – regionally and nationally – such as natural resources, environment, energy,

roads, ports, air transport, telecommunication, trade, agriculture, industry, mining, services and employment, creating

conditions for production, distribution and consumption, forming the link between the international economy and the Region.

The establishment of an Amazonian Court of Justice, into the OTCA, would facilitate the regional economic and

social development of the Area, in order to regulate people behavior in the normal interface with one another, because the

Amazon Region is not a territory with international trusteeship system – a trust territory – with its own political, economical,

social and educational advancement, territorial integrity and independence.

Talking about economic and social issues, Brazil kicks off, now, the largest cycle of the works in the past thirty

years, with investments in hydroelectric plants, railways, highways and ports, as we see below:

A – In the middle of the Amazon, two huge Hydroelectric Plants on Madeira River.

B – Jirau Hydroelectric Plant under construction on the same Madeira River.

C – Santo Antonio Hydroelectric Plant, under construction on the same river.

D – Tucuruí Locks, with the reestablishment of navigability on the Tocantins River, interrupted by the Tucuruí dam.

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E – Belo Monte Hydroelectric Plant, projected for the Xingu River, the second largest in the country, with 11.200

megawatts of power.

As wee see, all those economic and social considerations about the GREEN AMAZON REGION deals directly with

DEVELOPMENT, ENVIRONMENT, COOPERATION and SOVEREIGNTY.

The same occurs with another Amazon Region, called by the Brazilian Government the BLUE AMAZON REGION,

after the establishment of the Montego Bay Convention/82 – signed and ratified only by four permanent members of UN

Security Council, Russia, France, China and UK - concerning Territorial Sea, Exclusive Economic Zone and chiefly

Continental Shelf, in terms of SOVEREIGNTY, according to its jurisdiction and in terms of DEVELOPMENT,

COOPERATION and ENVIRONMENTAL preservation – considering “Pré-Sal” – in a new project which requires

responsibility, liability, respect, complicity and a lot of dedication.

Many years ago, talking about the Brazilian Law of the Sea, Vicente Marotta Rangel wrote that our country

occupies almost one half of the whole South American Continent and is the fourth largest country in the world in terms of

non-interrupted land surface. The Brazilian coastline is divided into five regions, from north to south, from the Amazonian

coast to the Southern coast, as far as Chui Creek, being the adjacent sea an integral element of the Brazilian patrimony and

source of natural wealth.

The rules of the delimitation of adjacent maritime areas enacted in Brazilian laws reveals – before the Montego Bay

Convention – successive periods since the political independence of the country. The earliest period is of the cannon-shot

rule. The second corresponds to the three-mile rule. The third was the twelve-mile period. The fourth, the two-hundred miles

zone. Today, in accordance to the Montego Bay Convention, we have a Territorial Sea of 12 miles, an Exclusive Economic

Zone of 200 miles and a Continental Shelf also of 200 miles.

That’s the reason Convention’s article 76, 1 says that the Continental Shelf of a Coastal State comprises the

seabed and subsoil of the submarine areas that extend beyond its Territorial Sea throughout the natural prolongation of its

land territory to the outer edge of the continental margin, or to a distance of 200 nautical miles from the baselines from which

the breadth of the Territorial Sea is measured where the outer edge of the continental margin does not extend up to that

distance.

Convention’s article 76,5, however, says that fixed points comprising the line of the outer limits of the Continental

Shelf on the seabed shall not exceed 350 nautical miles from the baselines from which the breadth of the Territorial Sea is

measured or shall not exceed 100 nautical miles from the 2.500 metre isobaths, which is a line connecting the depth of 2.500

metres.

The limit beyond 200 miles shall be submitted by a coastal State to the “Commission on the Limits of the

Continental Shelf”, which shall make recommendations on matters related to the establishment of the final and binding outer

limits of its Continental Shelf. Coastal States shall deposit charts and informations before the United Nations Secretary

General, describing the outer limits of their continental shelves.

The Brazilian 350 miles claim before the United Nations – involving “Pré-Sal” – has the purpose of exploring and

exploting its natural resources, without other States interference, because Convention’s article 77 specifies the rights of the

Coastal State over the Continental Shelf as follows:

– The Coastal State exercises over the Continental Shelf sovereign rights for the purpose of exploring it and

exploiting its natural resources.

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Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 22, 2013

- These rights are exclusive in the sense that if Coastal State does not explore the Continental Shelf or exploit its

natural resources, no one may undertake these activities without the express consent of the Coastal State.

– The rights of the Coastal State over the Continental Shelf do not depend on occupation or on any national

express proclamation.

– The natural resources referred to in the seabed and subsoil together with living organisms belonging to sedentary

species, that is to say, organisms which, at the harvestable stage, either are immobile on or under the seabed or are unable

to move except in constant physical contact with the seabed or the subsoil.

The importance of protecting the Continental Shelf and its natural resources was taken into consideration by the

Convention (and by the Brazilian Law), following the work of the United Nations International Law Comission, since its first

Session, in 1949, about the Law of the Sea, respecting the international seabed and the ocean floor beyond the limits of

national jurisdictions ( the “Area” or the “Zone”, according to Montego Bay Convention).

Brazilian Continental Shelf is variable, with a significant breadth in the Equatorial Region (Cape Orange). Between

Cape North and Punta de Mangoaru it is still broader. From there, decreases towards the West. In Cape San Roque it is

very narrow. On the coast of Espírito Santo has a significant breadth with irregularities. Decreasing in the “Fluminense”

coast, it broadens again at Itapemirim, Santo Tomé, S. Paulo, Laguna, Cape Santa Marta, Rio Grande and Chui Creek.

XXX

The New Millenium has marked the beginning of a new era, creating a complex and dynamic New World Order.

Today, the State-Nation coexists with the Transnational Financial Corporations in a globalized world supporting rights in

economic, financial, political, strategic and juridical terms. In a world with progressive international pressures, an example of

what occurs with the Amazon Region, that demands investments, control of biodiversity, research centers and education.

In dealing with Amazon prospects for the future, one must bear in mind the necessity to respect Sovereignty, the

supreme legal authority of the Nation (Morgenthau), the supreme order, above which no other legal order exists (Hans

Kelsen). This is true in the network of material and formal institutions, from National Law to International (Transnational –

Supranational) Law, from Private to Public Law, from Hard to Soft Law – while it may embody Justice – reflecting the

community from which it derives, chiefly in the actual Globalized World.

What are the factors that make for the power of Nation, vis-à-vis other Nation? What are the components of what

we call National Power? There are elements as geography, population, industrial capacity, technology, natural resources

including oil (as a source of wealth and energy), iron, copper, manganese, aluminium – all of them present in the Amazon

Region as a whole – being the control over them an important factor in the distribution of power.

In the Amazon Region a competent Diplomacy among States Parties is important, as it is also important, their

Scientific and Technical Development, chiefly, in the New World Order, where the Global Economy is becoming so powerful,

that it has swallowed most Transnational Corporations and made traditional nation borders almost disappear. In

consequence, the changes of

the international economy are moving towards creating one World Market – a Single Global Market. That’s what

we call Globalization.

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Last, but not the least, we must remember that the New Global Order – as every legal system – has fundamental

principles, such as self-determination, non-intervention, juridical equality, good faith, cooperation, integration, legality,

precaution, prevention, etc, establishing conditions to promote – or not – social progress and better standards of life in larger

freedom of all people. So, it is of paramount importance that the future development of Amazon Region in the New World,

should be concerned with those fundamental principles and moulded by a continuing partnership, by grasping its own

Scientific and Technical factors.

Therefore, the problem of the Amazon Region – as a whole – must be tacked and mastered within the general

framework – inter alia – of the Amazonian Cooperation Treaty, the UN Convention on Biodiversity, the UN Framework

Convention on Climate Changes and the Montego Bay Convention, establishing equality of trade conditions among the

members of the Region, associating themselves to the rest of the World.

The impartial adjustment of the Amazon Region’s claims is based upon a strict observance of these questions, to

safeguard the opportunity of Development, in order to promote International Cooperation and further Integration, to achieve

Peace and Security. Regarding, of course, the World System (United Nations Organization) and the Inter-American System

(American States Organization), because the Amazon Region is not a problem, but a solution. A COMMUNITY, a SOCIAL

CIRCLE, a SOCIETY and a PARTNERSHIP – says Edmund Burke – in all science, in all art, in every virtue and in all

perfection “between those who are living, those who are dead, and those who are to be born”.

Bibliography

BERGER, Suzanne and the MIT Industrial Performances Center – How We Compete, Currency and Doubleday, USA, 2006.

BRAZIL, The Country of the Present – Exame – Special Edition in English, S. Paulo, 2010.

KELSEN, Hans. Principles os International Law, Rinechart & Company, New York, 1956.

MAROTTA RANGEL, Vicente. Brazilian Law of The Sea, in Revista da Faculdade de Direito da USP, vol. LXVIII, RT, S.

Paulo, 1963.

MORGENTHAU, Hans J. Politics Among Nations, Alfred Knopf, New York, 1961.

POUND, Roscoe. The Task of the Law in the Atomic Age, in Law, State and International Legal Order – Essays in Honor of

Hans Kelsen, University of Tennessee Press, Knoxville, 1964.

REARDON, Betty. World Law and Models of World Order, in Peace and war, edited by Charles Beitz and Theodore

Herman, W. H. Freeman and Company, San Francisco, USA, 1973.

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BRICS e Grandes Espaços: Brasil- Rússia

Pierangelo Catalano*

Sumário: I. O fundamento natural do BRICS. II. Princípios do direito romano. Exigência da “auctoritas publica universalis”. III. Precisões jurídico-religiosas no Oriente e no Ocidente. IV. Sacro Romano Império e Império russo segundo Rousseau. O “Império americano” segundo Francisco de Miranda, General da República francesa. V. O Reich-Grossraum (império-grande espaço) “ente especial” no direito internacional segundo Carl Schmitt. Precisões jurídicas. VI. “Grandes espaços” e o Brasil. VII. Direito e profecia. O monge russo Filoteu de Pskov e o jesuíta português Antônio Vieira: reflexões acerca do Livro de Daniel objetivamente convergentes. Apêndice. Brasil e Rússia no pensamento do professor de Direito romano Giorgio La Pira.

I. O fundamento natural do BRICS

A declaração conjunta da reunião do BRICS de Ecaterimburgo (16 de junho de 2009) declara no parágrafo 12:

«Destacamos nosso apoio a uma ordem mundial multipolar mais democrática e justa, baseada no império do direito

internacional, na igualdade, no respeito mútuo, na cooperação, nas ações coordenadas e no processo decisório coletivo de

todos os Estados. Reiteramos nosso apoio aos esforços políticos e diplomáticos para resolver pacificamente os contenciosos

nas relações internacionais.» (ver correspondentemente a declaração conjunta da Cúpula de Brasília, 15 de abril de 2010).

Em uma entrevista no mesmo dia de abril de 2010, o Presidente da Federação Russa1 tinha notado que os

países então membros do BRIC (isto é, antes da inclusão da África do Sul) compunham o 26% do território e o 42%

da população do mundo.

A Declaração de Sanya (14-15 de abril de 2011) torna explicito o fundamento natural demográfico do BRICS: os

países do BRICS têm consciência de reunir uma população total de cerca 3 bilhões de pessoas em continentes diversos.2

Com base neste fundamento natural, considerado em uma perspectiva histórica que vai além do êxito da segunda

Guerra mundial, pede-se uma reforma da ONU e em particular do Conselho de Segurança. China e Rússia reafirmam a

importância da Índia, do Brasil e da África do Sul nas relações internacionais e, portanto, na organização das Nações

Unidas.3 Analogamente o BRICS pede a reforma do Fundo Monetário Internacional.4

*Professor emérito de Direito romano da Università di Roma ‘La Sapienza’, doutor honoris causa da Academia de Ciências da Rússia,

membro honorário da Academia Brasileira de Letras Jurídicas, professor honorário da Universidad Nacional de Asunción, doutor honoris causa da Universidade do Tajikstan.

1Dimitrij Anatol`evič Medvedev, nascido em Leningrado em 1965, professor de Direito civil e romano na Universidade Estatal de São Petesburgo: ver T. ALEXEEVA, “Da San Pietroburgo: professori di diritto romano al vértice della federazione Russa” em Index. Quaderni Camerti di Studi Romanistici. International Survey of Roman Law, 38 (2010), pp. 504 ss. (Rubrica “Eurasia e diritto romano”).

2Ver a Declaração de Sanya, par. 3: «Ė o forte desejo comum por paz, segurança, desenvolvimento e cooperação que uniu os países do BRICS, com uma população de cerca 3 bilhões de cidadãos de diferentes continentes. O BRICS visa a contribuir para o desenvolvimento da humanidade e para o establecimento de um mundo mais justo e equânime».

3Ver a Declaração de Sanya, par. 8: «Manifestamos o nosso forte compromisso com a diplomacia multilateral, com a Organização das Nações Unidas desempenhando papel central no trato dos desafios e ameaças globais. Nesse sentido, reafirmamos a necessidade de uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, para assegurar maior eficácia, eficiência e representatividade de modo a que possa melhor enfrentar os desafios globais da atualidade. China e Rússia reiteram a importância que atribuem a Brasil, Índia e África do Sul em assuntos internacionais, e compreendem e apóiam sua aspiração de desempenhar papel mais protagônico nas Nações Unidas».

4Ver a Declaração de Sanya, par. 15: «Instamos a que sejam atingidas de maneira rápida as metas de reforma do Fundo Monetário Internacional, acordadas em Cúpulas anteriores do G20, e reiteramos que a estrutura de direção das instituições financeiras internacionais deve refletir as mudanças na economía mundial, ampliando a voz e a representação dos países emergentes e em desenvolvimento».

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Na verdade, os Países do BRICS, unidos, cumprem exatamente as exigências da natureza: extensão territorial,

desenvolvimento demográfico, consistência econômica (v. infra, II).

II. Princípios do direito romano. Exigência da “auctoritas publica universalis”

Os pedidos do BRICS devem ser analisados a partir do tradicional ponto de vista do Direito romano. Trata-se de

construir: 1) uma auctoritas publica universalis, que 2) impeça as guerras e 3) ponha rigorosos limites às usurae. Entendo

indicar aqui somente alguns pontos de partida para estudos futuros.

1) Auctoritas publica universalis: constituição Deo auctore, Constantinopla 530; constituição Gaudium et spes,

Roma 1965, n. 82 (ver infra, III). É notório que o Estatuto das Nações Unidas, não obstante a afirmação do art. 2 segundo o

qual a organização é fundada no princípio da “igualdade de todos os seus membros”, estabelece (arts. 23 e 27) para os

Membros permanentes do Conselho de Segurança um “privilégio”, uma desigualdade também formal. Esta desigualdade

depende somente do êxito da segunda Guerra mundial e não de regras generalizáveis, quais por ex. a extensão do

território, o desenvolvimento demográfico, a consistência econômica das Nações.

2) Guerras e piratarias. É fácil observar que léxico do Estatuto das Nações Unidas o termo “guerra” foi

substituído pelo termo “uso da força”; por outro lado, as guerras, geralmente injustas, afligem cada vez mais a humanidade.

Hodiernas violações do direito internacional e da soberania dos povos levadas a efeito pelas grandes potências

devem ser configuradas, segundo o ius Romanum (do qual constitui uma parte o ius gentium), como pirataria dos latrones:

veja-se o esclarecimento terminológico, isto é, conceitual, nos Digesta Iustiniani 50, 16, 118 (texto do jurista Pompônio).

3) Limites às usurae. A usura internacional, através da denominada “dívida externa”, é causa de uma massiva

violação dos direitos humanos nos países pobres: ver a resolução 1998/24 da Comissão dos Direitos Humanos das Nações

Unidas (Genebra).

Catão o Censor e Cícero (De Officis, 2, 25) assimilavam a usura ao homicídio; os Imperadores romanos

dispuseram a pena da infamia para os agiotas; Ambrósio, bispo de Milão eleito pelo povo, considerava a usura ato de

guerra (De Tobia 15, 51; cf. 3, 1: «paga as usuras quem não tem o que comer»).

Devemos esperar que o BRICS, de fato agora e de direito no futuro, contribua para colocarmos um fim nas

contradições hodiernas (materiais e até formais) das organizações internacionais (internationalia gremia segundo a

terminologia da constituição Gaudium et spes) e favoreça uma efetiva volta ao ius gentium.

Os juristas devem criticar de forma radical o “cosmopolitismo” abstrato, instrumento do “imperialismo internacional

do dinheiro” (esta expressão remonta à encíclica Quadragesimo anno de 1931, retomada pela Populorum progressio de

1967). Trata-se de retornar à natureza (terra, população) e, por esta via, através da história, ao ius gentium, que vige

também acima dos pactos, com base na fides.

III. Precisões jurídico-religiosas no Ocidente e no Oriente

Para uma reconstrução da memória histórica dos juristas devemos considerar o pensamento eclesiástico oriental,

e também aquele ocidental na medida em que este se mantenha fiel às origens.

A) Oriente. Em 1393, o Patriarca de Constantinopla Antonio IV recordava ao grande príncipe de Moscou e de

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toda s Rússia, Basílio I, qual fosse a posição jurídico-religiosa do imperador: «basileus e autocrata dos Romanos, isto é, de

todos os Cristãos». Tal posição era reconhecida pelo grande príncipe Basílio II, em uma carta endereçada ao imperador

Constantino XI Paleólogo, ainda em 1452, isto é, pouco antes da denominada “queda” do Império romano!

No Oriente as ideias romanas do império universal e da sinfonia de sacerdotium e imperium, codificadas pelo

Imperador Justiniano I continuam, mesmo após a “queda” de Constantinopla nova Roma (isto é, a conquista da polis por

parte dos Turcos), em Moscou Terceira Roma5.

B) Ocidente. As concepções jurídicas que reforçam os aspectos religiosos do imperium são compreendidos

erroneamente, no Ocidente, por uma historiografia que tende a reduzi-lo a um poder temporal.

Não devemos nos esquecer que em 14 de junho de 1815 a Santa Sé formulou um claro protesto contra as

conclusões do Congresso de Viena, concernente a não “reintegração” do Sacro Romano Império: «Ipsum denique sacrum

Imperium romanum, politicae unitatis centrum jure habitum, et religionis sanctitate consecratum, minime redintegratum».

Portanto: o Império «centro da unidade política segundo o direito e consagrado pela santidade da religião».

No nosso século a Igreja católica romana faz uma clara distinção entre a “autoridade pública universal”, que o

Conselho Ecumênico Vaticano II auspicia seja instituída, e as “atuais supremas instâncias internacionais”: «Patet ergo nobis

enitendum esse ut viribus omnibus tempora praeparemus quibus, consentientibus nationibus bellum quodlibet omnino

interdici possit. Quod sane requirit ut quaedam publica auctoritas universalis, ab omnibus agnita, instituatur, quae efficaci

potestate polleat ut pro omnibus tum securitas, tum iustitiae observantia, tum iurium reverentia in tuto ponantur. Antequam

vero haec optanda auctoritas institui possit, opus est ut hodierna suprema gremia internationalia studiis mediorum ad

securitatem communem procurandam aptiorum acriter se dedicent.» (Gaudium et spes, 82).6

IV. Sacro Romano Império e Império Russo segundo Rousseau. O “Império Americano” segundo Francisco de

Miranda, General da República Francesa

Vamos aos alicerces do pensamento “laico” hoje esquecidos.

Jean-Jacques Rousseau no Extrait du Projet de paix perpétuelle de Monsieur l`abbé de Saint-Pierre descreve a

origem da «societé des Peuples de l`Europe» a partir do Império romano, visto como uma união «resserrée par la maxime,

ou très-sage ou très-insensée, de communiquer aux vaincus tous les droits des vainqueurs» (e faz referência sobretudo à

constitutio Antoniniana); a esta ligação política («qui réunissoit ainsi tous les membres en un corps») acrescenta-se aquela

das instituições civis e das leis (em particular o "Code" de Teodósio e os "Livres" de Justiniano : «chaîne de justice et de

raison substituée à-propos à celle du pouvoir souverain, qui se relâchait très-sensiblement»); a terceira ligação, mais forte do

5Vejam-se os mais de vinte volumes da Coleção «Da Roma alla Terza Roma», dirigida por P. CATALANO e P. SINISCALCO, editada pela

Università di Roma “La Sapienza” e pelo Consiglio Nazionale delle Ricerche; ver, principalmente, a coletânea de textos russos com tradução para o italiano L`Idea di Roma a Mosca. Secoli XV-XVI. Fonti per la storia del pensiero sociale russo, Roma 1993, assim como o «Volume speciale per l`anno 1989», que contém as atas da Conferência organizada pela Academia das Ciências da URSS, IV Centenario dell`istituzione del Patriarcato in Russia, Roma 1991. Os Seminários internacionais de estudos históricos «Da Roma alla Terza Roma» se realizam, no Capitólio, anualmente desde 1981, em 21 de abril Dia Natalício de Roma (também com base em uma deliberação unânime do Consiglio Comunale de Roma de 1983).

6Segundo a tradução editada na Cidade do Vaticano: « É, portanto, claro, que nos devemos esforçar por todos os meios por preparar os tempos em que, por comum acordo das nações, se possa interditar absolutamente qualquer espécie de guerra. Isto exige, certamente, a criação duma autoridade pública mundial, por todos reconhecida e com poder suficiente para que fiquem garantidos a todos a segurança, o cumprimento da justiça e o respeito dos direitos. Porém, antes que esta desejável autoridade possa ser instituída, é necessário que os supremos [omitida a palavra hodierna, hodiernos] organismos internacionais se dediquem com toda a energia a buscar os meios mais aptos para conseguir a segurança comum.». Ver P. CATALANO, Princípios jurídicos e esperança de uma futura “autoridade pública universal”, in Revista de Informação Legislativa, a. 41, n. 162, abr.-jun., Brasília 2004, pp. 1-7.

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que as precedentes, segundo Rousseau, foi aquela da religião («et l’on ne peut nier que ce ne soit sur-tout au Christianisme

que l’Europe doit encore aujourd’hui l’espece de société qui s’est perpétuée entre ses membres»). O Império Romano

encontrou novos recursos no cristianismo e na Europa foi o centro das "deux Puissances", Sacerdócio e Império.

«Voilà comment le Sacerdoce et l’Empire ont formé le lien social de divers Peuples, qui, sans avoir aucune

communauté réelle d’intérêts, de droits ou de dépendance, en avoient une de maximes et d’opinions, dont l’influence est

encore demeurée, quand le principe a été détruit. Le simulacre antique de l’Empire a continué de former une sorte de liaison

entre les Membres qui l’avoient compose; et Rome ayant dominé d’une autre maniere après la destruction de l’Empire, il est

resté de ce double lien une société plus étroite entre les Nations de l’Europe, où étoit le centre des deux Puissances que dans

les autres Parties du monde, dont les divers Peuples, trop épars pour se correspondre, n’ont de plus aucun point de réunion».

Tal “double lien” está especificado em uma nota, com referimento a Bartolo da Sassoferrato:

«Le respect pour l’Empire Romain a tellement survécu à sa puissance, que bien des Jurisconsultes ont mis en

question si l’Empereur d’Allemagne n’étoit pas le Souverain naturel du monde; et Bartole a poussé les choses jusqu’à traiter

d’hérétique quiconque osoit en douter. Les livres des Canonistes sont pleins de décisions semblables sur 1’autorité

temporelle de l’Eglise Romaine».

A "societé des Peuples de l`Europe" é definida como um "système" cujo apoio é o "Corps Germanique", não

obstante os defeitos da constituição do Império. Para superar a imperfeição dessa sociedade e tornar perpétua a paz é

necessário constituir, mediante confederação, uma República Europeia, da qual Dieta deviam fazer parte, com voto igual,

dezenoves "puissances" : «L`Empereur des Romains. L`Empereur de Russie. [...] Le Roi de Sardaigne.»

O papel do Sacro Romano Império e do Imperador dos Romanos fixa um dos pontos de maior divergência entre a

obra de Rousseau e aquela, em que se inspira, do abade de Saint-Pierre. Entre as alterações feitas por Rousseau, a

posição na ordem das potências que o genebrês dá ao Imperador e ao Czar, antes do Rei da França, foi qualificada de

"arbitraire"; mas na realidade, a escolha que põe os dois "empereurs" nos dois primeiros lugares na República Europeia

está repleta de significados. Em tal escolha confluem, na minha opinião, o "universalismo institucional" e a "consciência da

unidade da Europa" como "realidade histórica e moral", mas também a aversão a um "europeismo, que não respeita as

características nacionais", a rejeição das modernas ambições a uma "monarquia universal" e o republicanismo. Observou-

se, paradoxalmente, que o pensador político mais revolucionário do seculo XVIII foi o interprete "cheio de compreensão

empática" da sua instituição mais conservadora.

Este desenvolvimento teórico do papel do Imperador dos Romanos deveria ser considerado levando-se em conta

a "busca", na era moderna, de uma unidade dos povos através de confederações, segundo a linha (contraposta àquela de

Grócio) "cosmopolita", sendo um exemplo, precisamente, o abade de Saint-Pierre.

Deve-se reconhecer que a doutrina de Jean-Jacques Rousseau deriva do "modelo" romano também no que

concerne ao Império.

A continuidade conceitual encontra também dificuldades linguisticas. Limitar-me-ei em observar a distinção, em

alemão, entre Kaisertum e Kaiserreich; essa tende a separar os aspectos pessoais e os espaciais, ideais e efetivos do

Império, mantidos juntos pela palavra latina imperium, que significa, fundamentalmente, "comando". Significativa é a

terminologia espanhola à época de Carlos V e a terminologia da Revolução francesa.

Quando na virada dos séculos XVIII-XIX Francisco de Miranda, General da República Francesa e "Precursor" da

"independência" americana, projeta um "Empire americain", existem na Europa somente dois impérios: o Sacro Romano

Império e o Império russo.

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V. O Reich-Grossraum (império-grande espaço) “ente especial” no direito internacional segundo Carl Schmitt.

Precisões jurídicas

Para entendermos a ideia jurídica romana de “império universal”, é necessário distinguir o conceito jurídico de

spatium daquele de territorium (assim como, nos dias de hoje, o conceito de “validade” deveria sempre distinguir-se daquele

de “efetividade”).7

A idade moderna é caracterizada pelo emergir do efetivo poder dos Estados (regna) contra o Império.

A burguesia, através das revoluções (iniciadas nos Países Baixos), consolidou ou criou os particularismos e

relativismos jurídicos dos Estados nacionais “soberanos”. A ideologia burguesa da “queda do Império romano” é o reflexo

deformado das descontinuidades produzidas pelos particularismos jurídicos, que se impuseram a partir das invasões

bárbaras até aos Estados nacionais contemporâneos.

Contra a burguesia, “a última luta do terrorismo revolucionário” foi conduzida pela “romanidade ressuscitada”

(podemos bem usar estas palavras de Karl Marx) de Napoleão Imperador dos Franceses.

O Congresso de Viena não decidiu a redintegratio do Sacro Romano Império, não obstante a vontade

manifestada pelo Pontífice Romano (ver supra, III, B).

A transformação (ou eliminação) do conceito de “império” é um aspecto relevantíssimo do fenômeno político do

século XIX que foi denominado «Neubildung und tektonische Verschiebung der Kaisertümer im Europa».

No final dos anos trinta do século XX, Carl Schmitt declarou a sua intenção de introduzir o conceito de Reich nas

dissertações de direito internacional, “come um ente speciale”8. Ele fazia isto estabelecendo uma correspondência entre

Reich e Grossraum (traduzidos como “império” e “grande espaço”) e privilegiando o Reich baseado na ideia de nação.

«Reich, Imperium, Empire não são a mesma coisa e não são introspectivamente confrontáveis entre eles.

Enquanto Imperium tem frequentemente o significado de uma formação universalística que compreende o mundo e a

humanidade e, portanto, é supernacional (o que, todavia, não é sempre, porém, necessário porque podem existir um ao

lado do outro, muitos e inúmeros impérios), o nosso Reich alemão é essencialmente nacionalístico e constitui um

ordenamento jurídico essencialmente não universalístico, baseado na norma fundamental do respeito de cada povo».

Vinha por Carl Schmitt condenada e cancelada a ideia mesma de Império romano: recordando as

“Völkeranschauungen” (traduzido com “panorama étnico”) da “decadência do império” e aproximando aquele aos

“universalismos” liberal-democráticos e bolchevique . A pretensão de transformar o direito internacional de mero

ordenamento interestatal a “vivente direito dos povos” se realizava assim em um “ocasionalismo jurídico”.

Foi exatamente observado, por Massimo Cacciari, que falta em Carl Schmitt «a análise do direito romano».9

É espontânea a contraposição com o pensamento do laico teólogo (antinazista, posteriormente admirado por

Joseph Ratzinger) Theodor Haecker, o qual, mesmo nos anos trinta do século XX, interpretava a visão virgiliana do Império:

«Nós todos vivemos, com efeito, no imperium romanum, que não morreu. Nós todos (queremos reconhecê-lo ou não,

sabemo-lo ou não) somos ainda membros do imperium romanum.

7Sobre o conceito jurídico de “império” ver R. REBELLO DE BRITO POLETTI, Conceito jurídico de Império, editora Consulex, Brasília 2009. 8Ver tradução editada em 1941 pelo Istituto Nazionale di Cultura Fascista. 9Ver M. CACCIARI, Geofilosofia dell`Europa, Milano 1994, pp. 110 ss. (“Lo sradicamento del nomos”); cfr. pp. 39 s.; ID., L`Arcipelago,

Milano 1997, pp. 33 ss.; ID., Il mito delle ‘civitas augescens’, em Il Veltro, a. 41, março-agosto 1997, pp. 161 ss.

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O conceito jurídico de “Império”, adversado por Hegel (e, posteriormente, cancelado através do conceito de Staat),

enfim rejeitado por Carl Schmitt (revirado no conceito alemão de Reich-Grossraum), parece hoje não resistir à vulgar

linguagem jornalística mas também, infelizmente, política.

O uso impróprio da palavra “império” é hoje dominante, desde quando (isto é, após o ano de 1991) se diminuiu,

improvisamente, o uso de “imperialismo” como termo técnico. A globalização (fenômeno essencialmente econômico-

financeiro e da informação) encontra no uso impróprio, eufemístico, ambíguo de “império” um útil instrumento ideológico. No

ano 2000 foi publicado, na língua inglesa, um livro que promove esta mistificação terminológica, própria da globalização.10

Ao invés de usarmos a palavra globalização é preferível usarmos aqui a expressão usada pelos Pontífices romanos do

século XX: “imperialismo internacional do dinheiro”. Ver as encíclicas Quadragesimo anno e Populorum progressio.11

Resulta ainda mais juridicamente útil o esclarecimento feito por Francisco Tomás y Valiente, Presidente do

Tribunal Constitucional espanhol, no Seminário organizado pela ASSLA em Roma em 1987: «En la cultura política europea,

Imperio no hay más que uno desde Roma y su restauración carolingia, aunque, con minúscula y con referencia a otras órbitas

culturales, algún señor de muchos territorios pueda ser denominado con intención analógica y para destacar la importancia y

alcance de su poder, emperador. Pero, al margen de analogías o comparaciones, Emperador no hay más que uno».

No quadro das celebrações do “V Centenário do descobrimento da América”, os aspectos ético-jurídicos da

“conquista”eram já examinados em um simpósio ocorrido em Salamanca em 1983.

O valor jurídico do Império de Carlos V foi ainda reconhecido pelo Libertador Simón Bolívar: «El Emperador Carlos

V formó un pacto con los descubridores, conquistadores y pobladores de América que, como dice Guerra, es nuestro

contrato social» (Carta de Jamaica, 6 de setembro de 1815).

VI. “Grandes espaços” e o Brasil

A identificação de Reich e “grande espaço” é retomada pelo conhecido geopolítico russo, “eurasiatista”, Aleksandr

Dugin, o qual, aplicando à atualidade as visões de Carl Schmitt, afirma: «podemos distinguir no futuro um “império” atlântico

(com seu centro nos USA), um “império” asiático (com domínio na China e no Japão), um “império”europeu (correspondente

à ideia de Schmitt) e, enfim, um “império”euro-asiático.

Prescindindo da errada conceituação histórico-jurídica (Reich = Grossraum, que corresponde ao cancelamento do

conceito jurídico-religioso de império), a atualização da teoria de Carl Schmitt comportaria assim um desaparecimento da

realidade geopolítica da América Latina, incluída no suposto “império atlântico”.

O vice-diretor do Euro-Asia Institute de Nova Delhi observou, a propósito do Brics: «La Russia ha rivendicato

l’anteriorità dell’iniziativa rispetto alla relazione di O’Neill [di Goldman Sachs]: il primo ministro Vladimir Putin l’avrebbe

propugnata poco dopo essere giunto al potere». O mesmo autor observa: «a) Da tempo il Brasile ha ragione di temere che

nazioni occidentali, ed in particolare gli Stati Uniti, intendano acquisire una qualche forma di controllo su alcune delle sue più

10Ver A.A. BORÓN, Imperio & Imperialismo. Uma lectura critica de Michael Hardt y Antonio Negri, Buenos Aires (2002), V Ed. 2004, partic.

PP 35 ss. 11Ver Charte de Sant’Agata dei Goti. Déclaration sur usure et dette internationale, Collection Systèmes Juridiques de la Méditerranée.

Textes 1, Isprom/Publisud, Paris 2009 (com tradução em portugués). Cfr. P. CATALANO, Direitos humanos e dívida externa, in Direitos humanos no século XXI, Parte I, IPRI-Senado Federal, Brasilia 1999, pp. 357 ss.; ID., A “dívida” contra o direito, in Anais da XVII Conferência Nacional dos Advogados Justiça: realidade e utopia (Rio de Janeiro, 29 agosto-2 settembre 1999), OAB-Conselho Federal, Brasilia 2000, II, pp. 1605 ss.; ID., O problema da dívida externa: legitimidade e inexigibilidade. Os advogados contra a usurocracia, in Anais da XIX Conferência Nacional dos Advogados. República, Poder e Cidadania (Florianópolis, 25- 29 settembre 2005), Brasília 2006, II, pp. 851-874.

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importanti risorse naturali, specialmente l’acqua, la ricchezza biosferica ed il magazzino genomico dell’ancora scarsamente

popolato bacino dell’Amazzonia, di gran lunga la più vasta foresta pluviale rimasta sul pianeta, i cui estesi confini sono assai

ardui da difendere. Non può contare sul sostegno di certi vicini, ossia Colombia, Perù, Guyana, Suriname, nell’eventualità –

che però al momento appare distante ed improbabile – di un intervento straniero». O autor recorda também que Nelson

Rockefeller «si garantì i servigi del ben noto pastore protestante William Cameron Townsend, creatore della società Wycliffe

Bible Translators, per convertire gl’indigeni amazzonici, così da porli sotto il controllo religioso dell’evangelismo statunitense.

Le sue operazioni […] sarebbero servite in parte come pretesti per conquiste militari in Brasile e nei confinanti Stati

dell’Ecuador, del Perù e del Paraguay. […] Il Brasile condivide dunque con i vicini un passato di influenza neo coloniale. b)

La Russia è sempre stata minacciata di invasione da est, ovest e sud […]».

VII. Direito e profecia. O monge russo Filoteu di Pskov e o jesuíta português Antônio Vieira: reflexões acerca do

Livro de Daniel objetivamente convergentes

Ressubimos a história: chegamos às noções de “Romanos”, “Povo romano”e “Império romano”do jesuíta

português Antônio Vieira. Vemos, portanto, na “história do futuro”: o Quinto Império.

No século XVII, durante a denominada “crise da consciência europeia” e a crise do Sacro Romano Império (paz

de Vestfália), o Padre Antônio Vieira notava que o nome “Romanos” compreendia, desde a antiguidade também Espanhóis

e Portugueses, que ele considerava, aliás, como “fortíssimos” entre os Romanos.

Diante da Inquisição o Padre Vieira esclareceu que a teoria do “Quinto Império” não negava a eternidade do

Império romano: «Supõe-se que este império há-de ser com extinção do romano. Nem eu tal digo, nem è necessária tal

suposição»; «o tal Quinto império por qualquer modo que seja há de ser sempre não só Católico Romano, mas o mais

católico que nunca houve».

O Padre Vieira tinha consciencia do estado em que se encontra na metade do seculo XVII o “Império da

Alemanha”, «envelhecidas relíquias e quase acabadas do Romano», e deduzia uma espécie de translatio imperii: «...que a

extinção do Império de Alemanha, com que há de começar o quinto Império do Mundo de que ele declarante trata, não é

extinção absoluta do Império Romano, senão extinção do mesmo Império na Casa de Áustria; [...] que o dito Império

Romano havia de passar à Casa Real de Portugal, conforme a opinião do Bandarra, a quem comentava, sendo o tal

Imperador o instrumento do verdadeiro Quinto Império, que é o de Cristo; e que tudo isto dissera somente debaixo da

palavra “lhe parece” sem o afirmar.» (Os autos do processo de Vieira da Inquisição, cit, p. 325).12

Com a perspectiva oriental da Terceira Roma, fundamentada na profecia bíblica (Daniel 2, 27-45) na interpretação do

monge russo Filoteu de Pskov (início do século XVI), vem a convergir objetivamente, após mais de um século (depois da paz

de Vestfália), a perspectiva ocidental de um jesuíta do Brasil, essa também fundamentada na profecia de Daniel. Depois da

translatio na direção do Oriente de Constantinopla até Moscou, vem assim vista uma especie de translatio para o Novo Mundo.

À teoria do Padre Vieira inspirar-se-á o grande jurista do Império do Brasil, José da Silva Lisboa, que formulará, na

perspectiva dos estudos jurídicos, a ideia da “Roma americana”.13

12Ver volume“Quinto Impero”. Attualità del pensiero di Antonio Vieira S.J., a cura di P. CATALANO, Associazione di Studi Sociali

Latinoamericani, Roma-Sassari 2000. 13Ver P. CATALANO, Riflessioni di un romanista su alcuni aspetti della tradizione giuridica brasiliana: impero e cittadinanza, em E vós,

Tágides minhas. Miscellanea in onore di Luciana Stegagno Picchio, Viareggio-Lucca 1999, pp. 241 ss.; ID., Império, povo, costumes, lugar, cidadania, nascituros (alguns elementos da tradição jurídica romano-brasileira), em Estudos de direito constitucional, em homenagem a José Afonso da Silva, E. R. GRAU e S. SÉRVULO DA CUNHA (coord.), São Paulo 2003, pp. 136 ss.; ver também o volume Notícia do Direito Brasileiro, 16/2011, Universidade de Brasília, Faculdade de Direito, Brasília.

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Na metade do século XX, na Itália, Giorgio La Pira (professor de Direito romano, constituinte da República,

posteriormente Prefeito de Florença), na “Presentazione” de uma antologia dos sermões do Padre Vieira, fará uma

“pergunta essencial: «che rapporto misterioso, organico, finalizzatore esiste fra la storia sacra (suite de la religion) e la storia

profana (les empires)?»

Assim a natura dos continentes (populações e territórios) nos leva na direção dos Deuses: ou melhor, na direção

de Deus.

[Traduçao da prof.ra MYRIAM BENARRÓS, da Faculdade Metropolitana de Manaus]

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BRICS, “Grandi spazi”: Brasile e Russia

Pierangelo Catalano∗

Sommario: I. Il fondamento naturale del BRICS. II. Principii del diritto romano. Esigenza della “auctoritas publica universalis”. III. Precisazioni giuridico-religiose in Oriente e in Occidente. IV. Sacro Romano Impero e Impero russo secondo Rousseau. L’“Impero americano” secondo Francisco de Miranda, Generale della Repubblica francese. V. Il Reich-Grossraum (impero-grande spazio) “ente speciale” nel diritto internazionale secondo Carl Schmitt. Precisazioni giuridiche. VI. “Grandi spazi” e Brasile. VII. Diritto e profezia. Il monaco russo Filoteo di Pskov e il gesuita portoghese Antonio Vieira: riflessioni sul Libro di Daniele oggettivamente convergenti.

Appendice. Brasile e Russia nel pensiero del professore di Diritto romano Giorgio La Pira.

I. Il fondamento naturale del BRICS

Il Comunicato congiunto della riunione del BRIC di Ekaterinburg (16 giugno 2009) dichiara al paragrafo 12:

«Sottolineiamo il nostro appoggio per un ordine mondiale più democratico e multipolare basato sul ruolo del diritto

internazionale, l’eguaglianza, il rispetto reciproco, la cooperazione, l’azione coordinata e decisioni collettive di tutti gli Stati.

Riaffermiamo il nostro appoggio agli sforzi politici e diplomatici per risolvere pacificamente le controversie nelle relazioni

internazionali» (vedi corrispondentemente il paragrafo 2 del Comunicato congiunto di Brasilia, 15 aprile 2010).

In un’intervista, nello stesso giorno dell’aprile 2010, il Presidente della Federazione Russa1 aveva notato che i

paesi allora componenti del BRIC (cioè prima dell’inclusione del Sud Africa) componevano il 26% del territorio e il 42% della

popolazione del mondo.

La Dichiarazione di Sanya (14-15 aprile 2011) rende esplicito il fondamento naturale demografico del BRICS: i

Paesi del BRICS sono consapevoli di unire una popolazione totale di circa 3 miliardi di persone in continenti diversi2.

Su questo fondamento naturale, visto in una prospettiva storica che supera l’esito della seconda Guerra mondiale,

viene chiesta la riforma dell’ONU e in particolare del Consiglio di Sicurezza. Cina e Russia riaffermano l’importanza di India,

Brasile e Sud Africa negli affari internazionali e quindi nell’organizzazione delle Nazioni Unite3. Analogamente il BRICS

chiede la riforma del Fondo Monetario Internazionale4.

∗Professore emerito di Diritto romano dell’Università di Roma ‘La Sapienza’, dottore honoris causa dell’Accademia delle Scienze di

Russia, membro onorario dell’Academia Brasileira de Letras Jurídicas, professore onorario della Universidad Nacional de Asunción, dottore honoris causa della Università Nazionale del Tagikistan.

1Dmitrij Anatol’evič Medvedev, nato a Leningrado nel 1965, professore di Diritto civile e romano nell’Università Statale di San Pietroburgo: vedi T. ALEXEEVA, “Da San Pietroburgo: professori di diritto romano al vertice della Federazione Russa” in Index.Quaderni camerti di studi romanistici. International Survey of Roman Law, 38 (2010), pp. 504 ss. (Rubrica “Eurasia e diritto romano”).

2Vedi Dichiarazione di Sanya, par. 3: «Ė o forte desejo comum por paz, segurança, desenvolvimento e cooperação que uniu os países do BRICS, com uma população de cerca 3 bilhões de cidadãos de diferentes continentes. O BRICS visa a contribuir para o desenvolvimento da humanidade e para o establecimento de um mundo mais justo e equânime».

3Vedi Dichiarazione di Sanya, par. 8: «Manifestamos o nosso forte compromisso com a diplomacia multilateral, com a Organização das Nações Unidas desempenhando papel central no trato dos desafios e ameaças globais. Nesse sentido, reafirmamos a necessidade de uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, para assegurar maior eficácia, eficiência e representatividade de modo a que possa melhor enfrentar os desafios globais da atualidade. China e Rússia reiteram a importância que atribuem a Brasil, Índia e África do Sul em assuntos internacionais, e compreendem e apóiam sua aspiraçao de desempenhar papel mais protagônico nas Nações Unidas».

4Vedi Dichiarazione di Sanya, par. 15: «Instamos a que sejam atingidas de maneira rápida as mteas de reforma do Fundo Monetário Internacional, acordadas em Cúpulas anteriores do G20, e reiteramos que a estrutura de direção das instituições financeiras internacionais deve refletir as mudanças na economía mundial, ampliando a voz e a representação dos países emergentes e em desenvolvimento».

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A ben vedere i Paesi del BRICS, unendosi, fanno esattamente fronte alle esigenze della natura: estensione

territoriale, sviluppo demografico, consistenza economica (v. infra, II-1).

Alla natura consegue la storia giuridica di grandi spazi, con la continuità di almeno due imperi in senso giuridico:

l’Impero romano (“Terza Roma” in Oriente e “Quinto Impero” in Occidente: cioè Russia e Brasile)5 e l’Impero di Mezzo (cioè

la Cina)6. Già nel 1960 uno studioso italiano del pensiero di Marx ed Engels individuò le convergenze di India, Cina e

Russia7.

II. Principii del diritto romano. Esigenza della “auctoritas publica universalis”

Le richieste del BRICS devono essere osservate dal tradizionale punto di vista del Diritto romano. Si tratta di

costruire: 1) una auctoritas publica universalis, che 2) impedisca le guerre e 3) ponga limiti severi alle usurae. Intendo qui

solamente indicare i punti di partenza di studi futuri.

1) Auctoritas publica universalis: costituzione Deo auctore, Costantinopoli 530; costituzione Gaudium et spes,

Roma 1965, n. 82 (vedi infra, III, B). È noto che lo Statuto delle Nazioni Unite, nonostante l’affermazione dell’art. 2 secondo

cui l’organizzazione è fondata sul principio della “sovrana eguaglianza di tutti i suoi Membri”, sancisce (artt. 23 e 27) per i

Membri permanenti del Consiglio di sicurezza un “privilegio”, una diseguaglianza anche formale. Questa diseguaglianza

dipende solo dall’ esito della seconda Guerra mondiale e non da regole generalizzabili, quali ad es. l’estensione del territorio,

lo sviluppo demografico, la consistenza economica delle Nazioni8.

2) Guerre e piraterie. È facile osservare che nel lessico dello Statuto delle Nazioni Unite il termine “guerra” è stato

sostituito dal termine “uso della forza armata”; per contro le guerre, generalmente ingiuste, affliggono sempre più l’umanità.

Odierne violazioni del diritto internazionale e della sovranità dei popoli compiute da grandi potenze sono da

configurare, secondo lo ius Romanum (di cui è parte lo ius gentium), come pirateria di latrones: vedi la precisazione

terminologica, cioè concettuale, nei Digesta Iustiniani 50,16,118 (testo del giurista classico Pomponio)9.

3) Limiti alle usurae. L’usura internazionale, attraverso il cosiddetto “debito estero”, è causa di massiccia violazione

dei diritti umani nei paesi poveri: vedi la risoluzione 1998/24 della Commissione dei Diritti Umani delle Nazioni Unite10.

5I parallelismi tra Russia e Iberia sono noti ad antropologi e sociologi: vedi ad es. D. RIBEIRO, O processo civilizatório. Etapa da evolução

sociocultural, Rio de Janeiro 1968 (anche in riferimento alla Terza Roma). 6Importante, pur nell’assenza di riferimenti giuridici, il volume I due Imperi. L’aquila e il dragone, a cura di S. DE CARO e M. SCARPARI, 24 Ore cultura,

Milano 2010 (catalogo della mostra “Qin-Han and Roman Empires” organizzata inizialmente a Pechino e conclusasi a Roma). 7Vedi la raccolta di scritti di KARL MARX-FRIEDRICH ENGELS, India Cina Russia. Le premesse per tre rivoluzioni, a cura di B. MAFFI, prima ed.

Il Saggiatore, Milano 1960; II ed., con introduzione di M. MAFFI, il Saggiatore, Milano 2008 (devo questa indicazione bibliografica ad A. PILATTI, direttore dell’Istituto giuridico della Pontifícia Universitade Católica do Rio de Janeiro). Il problema dell’impero dell’India deve essere studiato con rigore filologico-giuridico; comunque è da segnalare il volume Akbar. Il grande imperatore dell’India, a cura di G. C. CALZA, edito dalla Fondazione Roma. Museo, Catalogo della mostra 23 ottobre 2012 – 3 febbraio 2013. Dal punto di vista giuridico sono interessanti le intuizioni di MASSIMO PANEBIANCO: Il BRICS e la tradizione “romanistica moderna”, in Roma e America. Diritto romano comune. Rivista di diritto dell’integrazione e unificazione del diritto in Eurasia e in America Latina, 33, 2012; dal punto di vista geopolitico vedi, recentemente, Z. DAULET SINGH, I Brics e la crisi della governance globale, in Geopolitica. Rivista dell’Istituto di Alti studi in geopolitica e scienze ausiliarie, vol. II, 1 (luglio 2013), pp. 171 ss.

8Cfr. D. ZOLO, Cosmopolis: la prospettiva del governo mondiale, Feltrinelli, Milano 2002; 2004. 9In riferimento ad eventi del secolo scorso, vedi Universidad Simón Bolívar, Instituto de Altos Estudios de América Latina, Mundo Nuevo. Revista

de Estudios Latinoamericanos, año VI, n. 19/22, Caracas enero-diciembre 1983. Numero especial Malvinas, p. 9. Sulle antiche fonti romane vedi ora A. TARWACKA, Romans and pirates. Legal perspective, Uniwersytet Kardynała Stefana Wyszyńskiego, Warszawa 2009.

10Vedi La dette contre le droit. Une perspective méditerranéenne (Collection «Systèmes Juridiques de la Méditerranée. Études et documents 2»), sous la direction de P. CATALANO et A. SID AHMED, Edition Isprom/Publisud, Paris 2001; P. CATALANO e S. SCHIPANI, Promemoria sul debito internazionale in Roma e America. Diritto romano comune. Rivista di diritto dell’integrazione e unificazione del diritto in Europa e in America Latina, 23 (2007), pp.185 ss.

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Catone il Censore e Cicerone (De officiis 2,25) assimilavano l’usura all’omicidio; gli Imperatori romani disposero la

pena dell’infamia per gli usurai; Ambrogio, vescovo di Milano eletto dal popolo, considerava l’usura atto di guerra (De Tobia

15,51; cfr.3,1: «paga le usure chi non ha da mangiare»)11.

Dobbiamo sperare che il BRICS, di fatto ora e di diritto in futuro, contribuisca a metter fine alle contraddizioni

odierne (materiali e persino formali) delle organizzazioni internazionali (internationalia gremia secondo la terminologia della

costituzione Gaudium et spes) e favorisca un effettivo ritorno allo ius gentium.

I giuristi devono criticare in radice il “cosmopolitismo” astratto, strumento dell’ “imperialismo internazionale del

denaro” (questa espressione risale all’enciclica Quadragesimo anno del 1931, ripresa dalla Populorum progressio del 1967).

Si tratta di tornare alla natura (terra, popolazione) e, per questa via, attraverso la storia, allo ius gentium, che vige anche al di

sopra dei patti, in base alla fides.

III. Precisazioni giuridico-religiose in Oriente e in Occidente

Per una ricostruzione della memoria storica dei giuristi si deve contare sul pensiero ecclesiastico orientale, e anche

su quello occidentale in quanto esso si mantenga fedele alle origini12.

A) Oriente. Nel 1393, il Patriarca di Costantinopoli Antonio IV ricordava al gran principe di Mosca e di tutta la

Russia, Basilio I, quale fosse la posizione giuridico-religiosa dell’imperatore: «basileus e autocrate dei Romani, cioè di tutti i

Cristiani». Tale posizione veniva riconosciuta dal gran principe Basilio II, in una lettera scritta all’imperatore Costantino XI

Paleologo, ancora nel 1452, cioè poco prima della cosiddetta “caduta” dell’Impero romano.13

In Oriente le idee romane dell’impero universale e della sinfonia di sacerdotium e imperium codificate

dall’Imperatore Giustiniano I, continuano, dopo la “caduta” di Costantinopoli nuova Roma (cioè la conquista della polis da

parte dei Turchi) nella Terza Roma14.

B) Occidente. Le concezioni giuridiche che rafforzano gli aspetti religiosi dell’imperium sono comprese male, in

Occidente, da una storiografia che tende a ridurlo a potere temporale15.

Dobbiamo non dimenticare che il 14 giugno 1815 la Santa Sede ha formulato una chiara protesta contro le

conclusioni del Congresso di Vienna, quanto alla mancata “reintegrazione” del Sacro Romano Impero: «Ipsum denique

sacrum Imperium romanum, politicae unitatis centrum jure habitum, et religionis sanctitate consecratum, minime

redintegratum»16. Dunque: l’Impero «centro dell’unità politica secondo il diritto e consacrato dalla santità della religione».

11Cfr. Universidade de Brasília, Faculdade de Direito, Notícia do Direito Brasileiro, N.S., 16 (2011), Edição comemorativa dos 50 anos de

Brasília, p. 23. 12Per l’età più antica vedi C. ALZATI, La Chiesa nell’Impero e l’imperatore nella Chiesa, in L’Impero romano-cristiano. Problemi

politici, religiosi, culturali, a cura di M. SORDI, Roma 1991, pp. 181 ss.; in generale vedi P. CATALANO, Impero: un concetto dimenticato del diritto pubblico, in Cristianità ed Europa. Miscellanea di studi in onore di Luigi Prosdocimi), II, a cura di C. ALZATI, Herder, Roma 2000, pp. 29-51.

13Vedi P. CATALANO, Fin de l’Empire romain? Un problème juridico-religieux, in Roma Costantinopoli Mosca (Collezione «Da Roma alla Terza Roma», dir. P. CATALANO e P. SINISCALCO, Studi I), Napoli 1983, pp. 543 ss.; C. G. PITSAKIS, Conceptions et éloges de la romanité dans l’Empire romain d’Orient: deux thèmes ‘byzantins’ d’ideologie politique, in Idea giuridica e politica di Roma e personalità storiche («Da Roma alla Terza Roma», Rendiconti del X Seminario), I, Roma 1991, pp. 95 ss.

14A questo proposito, tra i volumi della Collezione «Da Roma alla Terza Roma» (citata supra, n. 13 e infra n. 68), si veda soprattutto la raccolta di testi russi con traduzione italiana L’idea di Roma a Mosca. Secoli XV-XVI. Fonti per la storia del pensiero sociale russo, Roma 1993, nonché il «Volume speciale per l’anno 1989», contenente gli atti della Conferenza organizzata dall’Accademia delle Scienze dell’URSS, IV Centenario dell’istituzione del Patriarcato in Russia, Roma 1991.

15Vedi R. CASTILLO LARA, Coacción eclesiástica y Sacro Romano Imperio, Augustae Taurinorum 1956, pp. 269-298. 16Protestatio, nomine Sanctitatis Suae Pii Papae VII et Sanctae Sedis apostolicae, contra ea omnia, quae in praejudicium jurium et

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Nel XX secolo la Chiesa cattolica romana ha fatto chiara distinzione tra la “autorità pubblica universale”, che il

Concilio ecumenico Vaticano II auspica sia istituita, e le “attuali supreme istanze internazionali”: «Patet ergo nobis enitendum

esse ut viribus omnibus tempora praeparemus quibus, consentientibus nationibus bellum quodlibet omnino interdici possit.

Quod sane requirit ut quaedam publica auctoritas universalis, ab omnibus agnita, instituatur, quae efficaci potestate polleat ut

pro omnibus tum securitas, tum iustitiae observantia, tum iurium reverentia in tuto ponantur. Antequam vero haec optanda

auctoritas institui possit, opus est ut hodierna suprema gremia internationalia studiis mediorum ad securitatem communem

procurandam aptiorum acriter se dedicent.» (Gaudium et spes, 82)17.

IV. Sacro Romano Impero e Impero russo secondo Rousseau. L’“Impero americano” secondo Francisco de

Miranda, Generale della Repubblica francese

Veniamo alle fondamenta del pensiero “laico”, oggi dimenticate.

Jean-Jacques Rousseau nell’Extrait du Projet de paix perpétuelle de Monsieur l’abbé de Saint-Pierre18 descrive

l’origine della «societé des Peuples de l’Europe» a partire dall’Impero romano, visto come una unione «resserrée par la

maxime, ou très-sage ou très-insensée, de communiquer aux vaincus tous les droits des vainqueurs» (e fa riferimento

soprattutto alla constitutio Antoniniana); a questo legame politico («qui réunissoit ainsi tous les membres en un corps») si

aggiunse quello delle istituzioni civili e delle leggi (in particolare il “Code” di Teodosio e i “Livres” di Giustiniano: «chaîne de

justice et de raison substituée à-propos à celle du pouvoir souverain, qui se relâchait très-sensiblement»); il terzo legame,

più forte dei precedenti, secondo il Rousseau, fu quello della religione («et l’on ne peut nier que ce ne soit sur-tout au

Christianisme que l’Europe doit encore aujourd’hui l’espece de société qui s’est perpétuée entre ses membres»). L’Impero

romano trovò nuove risorse nel cristianesimo ed in Europa fu il centro delle “deux Puissances”, Sacerdozio e Impero:

«Voilà comment le Sacerdoce et l’Empire ont formé le lien social de divers Peuples, qui, sans avoir aucune

communauté réelle d’intérêts, de droits ou de dépendance, en avoient une de maximes et d’opinions, dont l’influence est

encore demeurée, quand le principe a été détruit. Le simulacre antique de l’Empire a continué de former une sorte de liaison

entre les Membres qui l’avoient composé; et Rome ayant dominé d’une autre maniere après la destruction de l’Empire, il est

resté de ce double lien une société plus étroite entre les Nations de l’Europe, où étoit le centre des deux Puissances que

dans les autres Parties du monde, dont les divers Peuples, trop épars pour se correspondre, n’ont de plus aucun point de

réunion»19.

Tale “double lien” viene specificato in una nota, con riferimento a Bartolo da Sassoferrato:

«Le respect pour l’Empire Romain a tellement survécu à sa puissance, que bien des Jurisconsultes ont mis en

question si l’Empereur d’Allemagne n’étoit pas le Souverain naturel du monde; et Bartole a poussé les choses jusqu’à traiter

d’hérétique quiconque osoit en douter. Les livres des Canonistes sont pleins de décisions semblables sur 1’autorité

temporelle de l’Eglise Romaine»20.

rationum Ecclesiarum Germaniae, atque etiam Sanctae Sedis, vel sancita vel manere permissa sunt in Congressu Vindobonensi: vedi J. L. KLÜBER, Acten des Wiener Congresses, VI, Erlangen 1838, pp. 441 ss.; cfr. Monumenta Catholica prò independentia Potestatis Ecclesiasticae ab Imperio Civili, collegit et edidit A. DE ROSKOVÁNY, II (Monumenta Sec. XIX usque an. 1845 complectens), Quinque - Ecclesiis, 1847, pp. 96 ss.

17Princípios jurídicos e esperança de uma futura “autoridade pública universal”, in Revista de Informação Legislativa, a. 41, n. 162, abr.-jun., Brasília 2004, pp. 1-7.

18Vedi J.-J. ROUSSEAU, Oeuvres complètes, III, Paris 1964, pp. 563 ss. 19J.-J. ROUSSEAU, Oeuvres complètes, cit., p. 567. 20Circa l’aggiunta dell’ultima frase vedi l’annotazione di S. STELLING-MICHAUD, in J.-J. ROUSSEAU, Oeuvres complètes, cit., pp. 1544 s.

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La “société des Peuples de l’Europe” è definita come un “système” il cui appoggio é il “Corps Germanique”,

malgrado i difetti della costituzione dell’Impero21. Per superare l’imperfezione di questa società e rendere perpetua la pace é

necessario costituire, mediante confederazione, una Repubblica Europea, della cui Dieta dovrebbero far parte, con voto

eguale, diciannove “puissances”: «L’Empereur des Romains. L’Empereur de Russie. [...] Le Roi de Sardaigne.»22

Il ruolo del Sacro Romano Impero e dell’Imperatore dei Romani segna uno dei punti di maggiore divergenza tra

l’opera del Rousseau e quella, a cui egli si ispira, dell’abate di Saint-Pierre23. Tra le modificazioni apportate dal Rousseau,

nell’ordine delle potenze, la posizione che il grande ginevrino assegna all’Imperatore e allo Zar, prima del Re di Francia, è

stata qualificata “arbitraire”24; ma è in realtà pregna di significati tale scelta che pone i due “empereurs” ai due primi posti

nella Dieta della Repubblica Europea. In tale scelta confluiscono, a mio avviso, l’“universalismo istituzionale” e la “coscienza

dell’unità dell’Europa” come “realtà storica e morale”25, ma anche l’avversione per un “europeismo, che non rispetti le

caratteristiche nazionali”26, il rifiuto delle moderne ambizioni ad una “monarchia universale”27 ed il repubblicanesimo. Si é

osservato, paradossalmente, che il pensatore politico più rivoluzionario del XVIII secolo e stato l’interprete “pieno di

comprensione simpatetica” della sua istituzione più conservatrice28.

Questo sviluppo teorico del ruolo dell’Imperatore dei Romani dovrebbe essere considerato tenendo conto della

“ricerca”, in età moderna, di una unità dei popoli attraverso confederazioni, secondo la linea (contrapposta a quella del

Grozio) “cosmopolitica”, di cui è esempio appunto l’abate di Saint-Pierre29.

Si deve riconoscere che la dottrina di Jean-Jacques Rousseau deriva dal “modello” romano anche per quanto

riguarda l’Impero30.

La continuità concettuale incontra anche difficoltà linguistiche. Mi limiterò ad osservare la distinzione, in tedesco,

tra Kaisertum e Kaiserreich; essa tende a scindere gli aspetti personali e spaziali, ideali ed effettuali dell’Impero, tenuti

insieme dalla parola latina imperium, che significa, fondamentalmente, “comando”31. Significative sono la terminologia

21J.-J. ROUSSEAU, Oeuvres complètes, cit., p. 572. Sulla concezione rousseauiana dell’Europa come “systême”, “société réelle” di popoli,

nonché del “Droit public de l’Europe” e la sua relazione con il “Droit public Germanique”, v. K. VON RAUMER, Ewiger Friede. Friedensrufe und Friedenspläne seit der Renaissance, Freiburg-München 1953, pp. 135 ss., 146 s.; S. STELLING-MICHAUD, op. cit., pp. CXLII ss.

22J.-J. ROUSSEAU, Oeuvres complètes, cit., p. 577. 23Vedi K. VON RAUMER, Ewiger Friede, cit., p. 146; S. STELLING-MICHAUD, op. cit., pp. 1546 ss. Il Rousseau sembra condividere il punto di

vista del Leibniz nella critica all’abate di Saint-Pierre riguardo al ruolo del Sacro Romano Impero: vedi A. TRUYOL Y SERRA, Leibniz y el Proyecto de paz perpetua del abate de Saint-Pierre, in Historia económica y pensamiento social. Estudios en homenaje a Diego Mateo del Peral, Madrid 1983, pp. 103 ss.

24Così S. STELLING-MICHAUD, op. cit., p. 1549. 25Uso le espressioni di S. STELLING-MICHAUD, op. cit., pp. CXLI ss. 26L’espressione è di F. CHABOD, Storia dell’idea d’Europa, a cura di E. Sestan e A. Saitta, Bari 1961, p. 147. 27Vedi J.-J. ROUSSEAU, Extrait, cit., p. 570. A proposito di Carlo V vedi Jugement sur le Projet de paix perpétuelle, ora in ID., Oeuvres

complètes, cit., III, p. 596; cfr. in generale J. EON, Jean-Jacques Rousseau et l’Amérique, in L’Amérique des Lumières, Genève 1977, pp. 108 ss.

28 Così K. VON RAUMER, op. cit., p. 147. 29Vedi A. TRUYOL Y SERRA, La teoría de la Monarquía Universal de Dante en la lucha de las tradiciones, in Boletín informativo del

Seminario de Derecho Político de la Universidad de Salamanca, Mayo-Junio 1955, p. 31; cfr. ID., Dante y Campanella. Dos visiones de una sociedad mundial, Madrid 1968; ID., Grocio y Leibniz desde una perspectiva actual, in Politeia, 1 (Caracas 1972), pp. 121 ss. Cfr. per alcuni aspetti V. ILARI, L’interpretazione storica del diritto di guerra romana fra tradizione romanistica e giusnaturalismo, Milano 1981, pp. 140 ss.

30Sull’ispirazione romana del Rousseau, anche in riferimento all’Impero, vedi P. CATALANO, Rousseau et le droit publique romain, in Rousseau, le droit et l’histoire des institutions (Actes du Colloque international pour le Tricentenaire de la naissance de Jean-Jacques Rousseau - 1712-1778, organisé à Genève, 12-14 septembre 2012), Editeurs A. Dufour, F. Quastana, V. Monnier, Collection Genevoise, Schulthess Verlag, Zurigo 2013. Vedi anche ID., Impero: un concetto dimenticato del diritto pubblico, cit., pp. 29 ss.; ID., Le concept juridique d’Empire avant et au-delà des États, in Méditerranées (Revue de l’Association "Méditerranées"), n. 4 (1995), Empires et passés méditerranéens, pp. 29 ss. Con particolare riguardo al populus, vedi P. CATALANO, Populus Romanus Quirites, Torino [1970] 1974, pp. 7 ss.

31Un’analisi dell’uso della parola imperium in Cicerone e Tito Livio è stata recentemente condotta dalla studiosa canadese E. HERMON, Réflexions théoriques et pratiques sur l'étude du concept romain d’empire, «Dialogues d’histoire ancienne», 12 (1986), pp. 337 ss. Non corrette sono quelle interpretazioni che vedono nel termine imperium dichiarata «la egemonia della volontà e in ultima analisi, della forza» (secondo l’espressione di R. DE STEFANO, Il problema del potere, Milano 1962, p. 80, il quale tuttavia elabora una distinzione tra le nozioni di "Impero" e di “Stato”: ibid., pp. 79 ss.; 117 ss. Vedi anche infra, note 51-53).

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spagnola all’epoca di Carlo V32 e quella francese durante la Rivoluzione33.

Comunque, quando a cavallo dei secoli XVIII-XIX Francisco de Miranda, Generale della Repubblica francese e

“Precursor” dell’“independencia” americana, progetta un “Empire americain”34, esistono in Europa solo due imperi: il Sacro

Romano Impero e l’Impero russo.

V. Il Reich-Grossraum (impero-grande spazio) “ente speciale” nel diritto internazionale secondo Carl Schmitt.

Precisazioni giuridiche

Per intendere l’idea giuridica romana di “impero universale”, è necessario distinguere il concetto giuridico di

spatium da quello di territorium35 (così come, per l’oggi, il concetto “validità” dovrebbe sempre essere distinto da quello di

“effettività”).36

L’età moderna è caratterizzata dall’emergere dell’effettivo potere degli Stati (regna) contro l'Impero37.

La borghesia, attraverso le rivoluzioni (a cominciare dai Paesi Bassi)38, ha consolidato o creato i particolarismi e

relativismi giuridici degli Stati nazionali “sovrani”39. L'ideologia borghese della “caduta dell'Impero romano” è il deformato

riflesso delle discontinuità prodotte dai particolarismi giuridici, che si sono imposti dalle invasioni barbariche sino agli Stati

nazionali contemporanei. 40

Contro la borghesia, “l’ultima lotta del terrorismo rivoluzionario” fu condotta dalla “romanità risuscitata” (possiamo

ben usare queste parole di Karl Marx)41 di Napoleone imperatore dei Francesi42.

32Vedi P. CHAUNU, in Le concept d ’Empire, cit., pp. 276-278, a proposito dell’uso di “emperador”, e non di “imperio”, nei testi spagnoli

dell’epoca di Carlo V. 33Vedi J. GODECHOT, L'Empire napoléonien, in Les grands empires, cit., pp. 433 ss., circa l’uso prenapoleonico di “empire” per esprimere

“la puissance d’un Etat”, fosse monarchia o repubblica, e per estensione il suo territorio (con particolare riferimento all’inno rivoluzionario del 1793: Veillons au salut de l’Empire).

34Vedi I progetti costituzionali di FRANCISCO DE. MIRANDA (1798-1808). Testi e index verborum, a cura di P. MARIANI BIAGINI, L. PARENTI, L. REVERSO, Consiglio Nazionale delle Ricerche-Istituto di Teoria e Tecniche dell’Informazione Giuridica, Società Bolivariana di Roma, Roma-Firenze 2012; P. CATALANO, Introduzione, ivi, pp. XII s.; T. ALEXEEVA, Los proyectos constitucionales de Francisco de Miranda y el derecho público romano in Teoria del Diritto e dello Stato. Rivista europea di cultura e scienza giuridica, 2010, 3, pp. 339 ss.

35 Vedi il volume Popoli e spazio romano tra diritto e profezia (Collezione «Da Roma alla Terza Roma», Studi III, Napoli 1986 (partic. F. LANCIOTTI, Lo ‘spazio romano’ nella terminologia delle fonti giuridiche giustinianee in lingua latina, ivi pp. 351 ss.); R. REBELLO DE BRITTO POLETTI, Conceito jurídico de império, editora Consulex, Brasília 2009.

36Vedi P. CATALANO, Diritto, in Enciclopedia di Bioetica e Scienza Giuridica, diretta da E. SGRECCIA e A. TARANTINO, IV, ESI, Napoli 2011, pp. 442-451.

37Vedi ora in generale il volume Heiliges Römisches Reich und moderne Staatlichkeit, a cura di W. BRAUNEDER, Wien 1993; cfr. W. BRAUNEDER, Impero e Stato a Sud delle Alpi nel XVIII secolo, in Annali dell’Istituto storico italo-germanico, Quaderno 17, pp. 59 ss.

38Vedi V. HANGA, Quelques réflexions sur Hugo Grotius, in Revue roumaine d’études internationales, VIe année, 4 (18), Bucarest 1972, pp. 151 ss.

39Sullo sviluppo delle concezioni della ‘sovranità dello Stato’, da Grozio sino ad Hegel, in riferimento alle vicende del Sacro Romano Impero, vedi brevemente A. RANDELZHOFER, Völkerrechtliche. Aspekte des Heiligen Römischen Reichs nach 1648, cit., pp. 148 s. Sul rapporto tra Stato e sovranità e la differenza tra Stato e Impero vedi in generale R. DE STEFANO, Il problema del potere, cit., pp. 117 ss. (cfr. però supra, nota 80). La vicenda semantica moderna della parola ‘stato’ (sugli inizi della quale vedi A. MARONGIU, Dottrine e istituzioni politiche medioevali e moderne, Milano 1979, pp. 61-109; ID., Bodin, lo Stato e gli stati, «Il pensiero politico», 14 [1981], pp. 68 ss.) ha il suo culmine nella “menzogna” della identificazione dello “Stato” con il “popolo” (svelata efficacemente da Friedrich Nietzsche: cfr. P. CATALANO, Populus Romanus Quirites cit., pp. 90 ss.).

40Vedi P. CATALANO, Impero: un concetto dimenticato del diritto pubblico cit. 41Vedi MEW, II, 128 ss.; I, p. 402. Cfr. P. CATALANO, Tribunato e resistenza, Torino 1971, pp. 11 ss.; ID., Principes constitutionnels de l’An

I et ‘Romanité ressuscitée’ des Jacobins, in L'influence de l'antiquité sur la pensée politique européenne (XVIe-XXe siècles), Préface de M. Ganzin, Aix-Marseille 1996, pp. 375 ss. Sull’origine romana del concetto di “peuple” in Robespierre, vedi ID., Populus Romanus Quirites, cit., pp. 7 ss.; 158; ID., Tribunato e resistenza, cit., pp. 115 ss.; quanto all’idea della sovranità popolare in Napoleone, vedi F. G. HEALEY, Rousseau et Napoléon, Genève-Paris 1957, pp. 77 ss.; cfr. 47 ss.

42Sulla ispirazione romana dell’imperatore Napoleone, anche nei rapporti con il Sommo Pontefice, vedi J. BRYCE, The Holy Roman Empire, trad. ital. cit.: pp. 487-495; 629 ss.: F. MASSON, Le Sacre et le couronnement de Napoléon (I ed. 1908), Préface de J. Tulard,

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Il Congresso di Vienna non decise la redintegratio del Sacro Romano Impero, nonostante la volontà manifestata

dal Pontefice Romano (v. supra, III).

La trasformazione (o l’eliminazione) del concetto di “impero” è un aspetto rilevantissimo del fenomeno politico del

XIX secolo che è stato chiamato «Neubildung und tektonische Verschiebung der Kaisertümer im Europa»43.

Alla fine degli anni trenta del XX secolo Carl Schmitt dichiarò la sua intenzione di introdurre il concetto di Reich

nelle trattazioni di diritto internazionale, “come un ente speciale” (così nella traduzione italiana edita nel 1941 dall’Istituto

Nazionale di Cultura Fascista)44. Ciò egli faceva stabilendo una corrispondenza tra Reich e Grossraum (tradotti con “impero”

e “grande spazio”) e privilegiando il Reich basato sull’idea di nazione:

«Reich, Imperium, Empire non sono la stessa cosa e non sono introspettivamente paragonabili tra loro. Mentre

Imperium ha spesso il significato di una formazione universalistica che comprende il mondo e l’umanità e che è quindi

supernazionale (il che tuttavia non è sempre però necessario perché possono pure esistere uno accanto all’altro molti e

svariati Imperi), il nostro Reich tedesco è essenzialmente nazionalistico e costituisce un ordinamento giuridico

essenzialmente non universalistico, basato sulla norma fondamentale del rispetto di ciascun popolo»45.

Veniva da Carl Schmitt condannata e cancellata l’idea stessa di Impero romano: ricordando le

“Völkeranschauungen” (tradotto con “panorama etnico”) della “decadenza dell’impero” ed accostando quello agli

“universalismi” liberaldemocratico e bolscevico46. La pretesa di trasformare il diritto internazionale da mero ordinamento

interstatale a “vivente diritto dei popoli”47 si realizzava così in un “occasionalismo giuridico”48.

È stato esattamente osservato, da Massimo Cacciari, che manca in Carl Schmitt «l’analisi del diritto romano»49.

Viene spontanea la contrapposizione con il pensiero del laico teologo (antinazista, poi ammirato da Joseph

Ratzinger) Theodor Haecker, il quale, pure negli anni trenta del XX secolo, interpretava la visione virgiliana dell’Impero: «Noi

tutti viviamo infatti nell’imperium romanum, che non è morto. Noi tutti (vogliamo riconoscerlo o no, lo sappiamo o no) siamo

ancora membri dell’imperium romanum»50.

Il concetto giuridico di “Impero”, avversato dallo Hegel (e poi cancellato attraverso il concetto di Staat), infine

Paris 1978, pp. 71 ss.: J. LEFLON, Napoléon et le Saint-Siège, in Studi Napoleonici. Atti del Primo e Secondo Congresso internazionale, Firenze 1969, pp. 461 ss.; R. CIAMPINI, ibid., pp. 467 s.; ID., Introduzione, in A. FUCIER, Napoleone e l’Italia, Introduzione, traduzione e aggiunte a cura di R. Ciampini, I, Roma 1970, pp. 20-53. Assai generico, purtroppo, lo scritto di J. C. ASSALI, Napoléon et l’Antiqutité, in L’influence de l’antiquité sur la pensée politique européenne cit., pp. 423 ss.

43Vedi E. BENZ, Werden und Wandel des Kaisertums in Europa zwischen den Revolutionen 1789 und 1848, in Wien und Europa zwischen den Revolutionen 1789-1848, Wien-München 1978, pp. 204 ss.

44C. SCHMITT, Il concetto d’impero nel diritto internazionale. Ordinamento dei grandi spazi con esclusione delle potenze estranee, a cura e con Prefazione di L. Vannutelli Rey e com Appendice di F. Pierandrei, Roma 1941; cfr. Der Reichsbegriff im Völkerrecht (1939), in ID., Positionen und Begriffe in Kampf mit Weimar-Genf-Versailles 1923-1939, Hamburg 1940; sulla storia dell’idea di Drittes Reich vedi ora G. HAMZA, Die Idee des “Dritten Reichs” im deutschen philosophischen und politischen Denken des 20. Jahrhunderts in Zeitschrift für Rechtsgeschichte, CXVIII, Germ. Abt., 2001, pp. 321 ss.

45C. SCHMITT, Il concetto d’impero, cit., pp. 71 ss. (cfr. Der Reichsbegriff, cit., pp. 303 s.). 46C. SCHMITT, Il concetto d’impero, cit., pp. 73 s. (cfr. Der Reichsbegriff, cit., pp. 303 s.). 47C. SCHMITT, Il concetto d’impero, cit., p. 83 (cfr. Der Reichsbegriff, cit., p. 309: propriamente «wirkliches Recht»!). 48Vedi la Presentazione di A. BOLAFFI in C. SCHMITT, Terra e mare, Milano 1986, p. 11; cfr. p. 23, a proposito della storicizzazione del

concetto di “Stato” compiuta dallo Schmitt nello scritto Staat als ein konkreter an eine geschichtliche Epoche gebundener Begriff (1941) riedito in ID., Verfassungsrechtliche Aufsätze aus den Jahren 1924-1954, Berlin 1958.

49Vedi M. CACCIARI, Geofilosofia dell’Europa, Milano 1994, pp. 110 ss.: “Lo sradicamento del nomos”; cfr. ibid., pp. 39 s.; ID., L’Arcipelago, Milano 1997, pp. 33 ss.; ID., Il mito delle ‘civitas augescens’, in Il Veltro, a. 41, marzo-agosto 1997, pp. 161 ss.

50TH. HAECKER, Vergil Vater des Abendlandes, Leipzig 1931 (VII ed., nel vol. V dei Werke, intitolato Vergil. Schönheit. Metaphysik des Fühlens, München 1967), trad. ital. N. De Ruggiero: Virgilio padre dell’Occidente, Brescia 1935, p. 112; cfr. ID., Betrachtungen über Vergil, Vater des Abendlandes, in Der Brenner, 13 (1932), riedito nel vol. I dei Werke, intitolato Essays, München 1958, pp. 433 ss. Vedi anche H. RAHNER S. J., Vom ersten bis zur dritten Rom (Rektoratsrede), Innsbruck 1949.

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rifiutato da Carl Schmitt (rovesciato nel concetto tedesco di Reich-Grossraum)51, sembra oggi non resistere al volgare

linguaggio giornalistico e anche, purtroppo, politico.

L’uso improprio della parola “impero” è oggi dominante, da quando (cioè dopo il 1991) è improvvisamente

diminuito l’uso di “imperialismo” come termine tecnico52. La globalizzazione (fenomeno essenzialmente economico-

finanziario e dell’informazione) trova nell’uso improprio, eufemistico, ambiguo di “impero” un utile strumento ideologico. Nel

2000 è stato pubblicato, in lingua inglese, un libro che promuove questa mistificazione terminologica, propria della

globalizzazione53. In luogo della parola globalizzazione è preferibile usare qui l’espressione usata dai Pontefici romani del XX

secolo: “imperialismo internazionale del denaro”.54 Vedi le encicliche Quadragesimo anno e Populorum progressio.

Tanto più risulta giuridicamente utile la precisazione fatta da Francisco Tomás y Valiente, Presidente del Tribunal

Constitucional spagnolo,55 nel Seminario organizzato dall’ASSLA in Roma nel 1987: «En la cultura política europea, Imperio

no hay más que uno desde Roma y su restauración carolingia, aunque, con minúscula y con referencia a otras órbitas

culturales, algún señor de muchos territorios pueda ser denominado con intención analógica y para destacar la importancia

y alcance de su poder, emperador. Pero, al margen de analogías o comparaciones, Emperador no hay más que uno»56.

Nel quadro delle celebrazioni del “V Centenario del descubrimiento de America”, gli aspetti etico-giuridici della

“conquista” erano già esaminati in un simposio tenuto a Salamanca nel 198357.

Il valore giuridico dell’Impero di Carlo V fu ancora presente al Libertador Simón Bolívar: «El Emperador Carlos V

formó un pacto con los descubridores, conquistadores y pobladores de América que, como dice Guerra, es nuestro contrato

social» (Carta de Jamaica, 6 settembre 1815).58

51Di contro, nell’odierna cultura tedesca si può trovare una corretta analisi del concetto di Römisches Reich: vedi H.-A. STEGER,

Europäische Geschichte als kulturelle und politische Wirklichkeit, Eberhard Verlag, München 1990, partic. pp. 1 ss.; 13 ss. Per la cultura brasiliana vedi R. REBELLO DE BRITTO POLETTI, Conceito jurídico de império, cit.

52Su impero e imperialismo vedi già alcune osservazioni di H. JAGUARIBE, A condição imperial in Dados. Publicação do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, n. 15, 1977, pp. 3-24; R. REBELLO DE BRITTO POLETTI, Conceito jurídico de império cit., pp. 209-233. Vedi anche infra, n. 53.

53Vedi A. A. BORÓN, Imperio & Imperialismo. Una lectura crítica de Michael Hardt y Antonio Negri, Buenos Aires (2002), V ed. 2004, partic. pp. 35 ss. (vedi anche ID., América Latina en la geopolítica del imperialismo, Ediciones Luxemburg, Buenos Aires 2012); CH. CASTILLO, Las mistificaciones de “Imperio”, in Debate abierto. Revista venezolana para la reflexión y discusión, a. VIII (2005), 23, pp. 24 ss. Da un punto di vista generico vedi il volume Imperi e imperialismo. Modelli e realtà imperiali nel mondo occidentale (XIV Giornata Luigi Firpo. Atti del Convegno internazionale 26-27 settembre 2007), a cura di G. M. BRAVO, Roma 2009, partic. C. GALLI, Dopo il 1989. Dibattiti sull’impero, ivi, pp. 351 ss. Vedi anche D. ZOB, Usi contemporanei di “impero”, in Filosofia politica, 1-2 (2004), pp. 183 ss.

54Vedi Charte de Sant’Agata dei Goti. Déclaration sur usure et dette internationale, Collection Systèmes Juridiques de la Méditerranée. Textes 1, Isprom/Publisud, Paris 2009. Cfr. P. CATALANO, Direitos humanos e dívida externa, in Direitos humanos no século XXI, Parte I, IPRI-Senado Federal, Brasilia 1999, pp. 357 ss.; ID., A “dívida” contra o direito, in Anais da XVII Conferência Nacional dos Advogados Justiça: realidade e utopia (Rio de Janeiro, 29 agosto-2 settembre 1999), OAB-Conselho Federal, Brasilia 2000, II, pp. 1605 ss.; ID., O problema da dívida externa: legitimidade e inexigibilidade. Os advogados contra a usurocracia, in Anais da XIX Conferência Nacional dos Advogados. República, Poder e Cidadania (Florianópolis, 25- 29 settembre 2005), Brasília 2006, II, pp. 851-874.

55Francisco Tomás y Valiente è stato assassinato, per motivi politici, il 14 febbraio 1996, nel suo posto di lavoro all’Universidad Autónoma de Madrid. Vedi Cantoblanco. Noticias de la Univerdidad Autónoma de Madrid, n. 7, Febrero 1996 (inserto dal titolo “Francisco Tomás y Valiente asesinado en la Universidad”).

56Mi riferisco al seminario su L’idea di impero nella cultura giuridica iberoamericana, organizzato dall’ASSLA a Roma nei giorni 26-27 giugno 1987, nel quadro del Progetto Strategico “Celebrazioni colombiane” (poi “Italia-America Latina”) del Consiglio Nazionale delle Ricerche. La relazione di F. TOMÁS Y VALIENTE, Las ideas políticas del conquistador Hernán Cortés, è stata pubblicata nel volume “Quinto Impero”. Attualità del pensiero di Antonio Vieira S.J., a cura di P. CATALANO, Associazione di Studi Sociali Latinoamericani, Roma-Sassari 2000, pp. 27 ss. (v. partic. p. 40); ivi, pp. 530 s., la Cronaca del Seminario.

57Vedi Actas del I Simposio sobre la ética en la conquista de América (1492-1573), Salamanca, 2-5 de noviembre de 1983, Salamanca 1984; in particolare la “Introducción” di F. MURILLO RUBIERA su “La conquista de América y el derecho de gentes” (pp. 9-33); v.a. ID., “Los problemas jurídicos de la conquista de Méjico”, in Revista de Historia Militar, a. 30, número especial V Centenario de Hernán Cortés, Madrid 1986, pp. 13-44. È da segnalare qui anche il libro di J. GONZÁLEZ RODRÍGUEZ, La idea de Roma en la historiografía indiana (1492-1550), Consejo Superior de Investigaciones Científicas, Madrid 1981.

58Il discorso nostro, latinoamericanista, sull’Impero ha principio nel 1980, con un mio sogno sassarese nel 450o Anniversario dell’Incoronazione di Carlo V. Celebrammo nell’Università di Sassari questo Anniversario, con un convegno su Diritto romano e cultura iberica: vedi il volume VIII della III serie di Studi Sassaresi. Anno acc. 1980-81, pubblicato a cura di S. SCHIPANI, ed. Giuffré, Milano.

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VI. “Grandi spazi” e Brasile

L’identificazione di Reich e “grande spazio”59 viene ripresa dal noto geopolitico eurasiatista russo Aleksandr Dugin,

il quale, applicando all’attualità le vedute di Carl Schmitt, afferma: «possiamo distinguere nel futuro un “impero” atlantico (col

suo centro negli USA), un “impero” asiatico (con dominio di Cina e Giappone), un “impero” europeo (corrispondente all’idea

di Schmitt) e, infine, un “impero” eurasiatico»60.

A prescindere dall’errata concettualizzazione storico-giuridica (Reich = Grossraum, che corrisponde alla

cancellazione del concetto giuridico-religioso di impero), l’attualizzazione della teoria di Carl Schmitt comporterebbe così una

scomparsa della realtà geopolitica dell’America Latina, inclusa nel supposto “impero atlantico”.

Il Vicedirettore dell’Euro-Asia Institute di Nuova Delhi ha osservato, a proposito del BRICS: «La Russia ha

rivendicato l’anteriorità dell’iniziativa rispetto alla relazione di O’Neill [di Goldman Sachs]61: il primo ministro Vladimir Putin

l’avrebbe propugnata poco dopo essere giunto al potere». Lo stesso autore osserva: «a) Da tempo il Brasile ha ragione di

temere che nazioni occidentali, ed in particolare gli Stati Uniti, intendano acquisire una qualche forma di controllo su alcune

delle sue più importanti risorse naturali, specialmente l’acqua, la ricchezza biosferica ed il magazzino genomico dell’ancora

scarsamente popolato bacino dell’Amazzonia, di gran lunga la più vasta foresta pluviale rimasta sul pianeta, i cui estesi

confini sono assai ardui da difendere. Non può contare sul sostegno di certi vicini, ossia Colombia, Perù, Guyana, Suriname,

nell’eventualità –che però al momento appare distante ed improbabile– di un intervento straniero». L’autore ricorda anche

che Nelson Rockefeller «si garantì i servigi del ben noto pastore protestante William Cameron Townsend, creatore della

società Wycliffe Bible Translators, per convertire gl’indigeni amazzonici, così da porli sotto il controllo religioso

dell’evangelismo statunitense. Le sue operazioni […] sarebbero servite in parte come pretesti per conquiste militari in Brasile

e nei confinanti Stati dell’Ecuador, del Perù e del Paraguay. […] Il Brasile condivide dunque con i vicini un passato di

influenza neo coloniale. b) La Russia è sempre stata minacciata di invasione da est, ovest e sud […]»62.

VII. Diritto e profezia. Il monaco russo Filoteo di Pskov e il gesuita portoghese Antonio Vieira: riflessioni sul Libro di

Daniele oggettivamente convergenti.

Risaliamo la storia: giungiamo alle nozioni di “Romani”, “Popolo romano” e “Impero romano”63 del gesuita

portoghese Antonio Vieira. Guardiamo quindi nella “storia del futuro”: il Quinto Impero.

Nel XVII secolo, durante la cosiddetta “crisi della coscienza europea” e la crisi del Sacro Romano Impero (pace di

Westfalia), il Padre Antonio Vieira notava che il nome “Romani” comprendeva, fin dall’antichità, anche Spagnoli e Portoghesi,

che egli considerava, anzi, come “fortissimi” fra i Romani64.

Di fronte all’Inquisizione il Padre Vieira chiarì che la teoria del “Quinto Impero” non negava l’eternità dell’Impero

romano: «Supõe-se que este império há-de ser com extinção do romano. Nem eu tal digo, nem è necessária tal

59Vedi F. PETITO, Contro l’unità mondiale. Carl Schmitt e l’ordine liberale, in Geopolitica. Rivista dell’Istituto di Alti studi in geopolitica e

scienze ausiliarie, vol. II, 1 (luglio 2013), pp. 249 ss. 60A. DUGIN, L’Impero secondo Schmitt e la quarta teoria politica, in Eurasia. Rivista di studi geopolitici, XXIX (2013/1), “Imperialismo e

impero”, pp. 41 ss. 61Per un aggiornamento vedi J. O’NEILL, BRIC. I nuovi padroni dell’economia mondiale, Hoepli, Milano 2012. 62C. CARPENTIER DE GOURDON, L’ascesa del BRICS. Da scenario finanziario a blocco strategico, in Eurasia. Rivista di studi geopolitici,

XXIV (2011/3), “Brics: i mattoni del nuovo ordine”, pp. 13 ss. 63In generale sul concetto giuridico di “romano” vedi il volume La nozione di “romano” tra cittadinanza e universalità (Collezione “Da Roma

alla Terza Roma”, Studi II), ESI, Napoli 1984. 64A. VIEIRA, História do Futuro, introdução, actualização do texto e notas por M. L. CARVALHÃO BUESCU, 2ª edição, Lisboa, pp. 271 ss.; cfr.

“Quinto Impero”. Attualità del pensiero di Antonio Vieira S.J., cit.

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suposição»65; «o tal Quinto império por qualquer modo que seja há de ser sempre não só Católico Romano, mas o mais

católico que nunca houve»66.

Il Padre Vieira era conscio dello stato in cui si trova alla metà del XVII secolo l’“Império de Alemanha”,

«envelhecidas relíquias e quase acabadas do Romano»67, e ne deduceva una sorta di translatio imperii: «...que a extinção

do Império de Alemanha, com que há de começar o quinto Império do Mundo de que ele declarante trata, não é extinção

absoluta do Império Romano, senão extinção do mesmo Império na Casa de Áustria; [...] que o dito Império Romano havia

de passar à Casa Real de Portugal, conforme a opinião do Bandarra, a quem comentava, sendo o tal Imperador o

instrumento do verdadeiro Quinto Império, que é o de Cristo; e que tudo isto dissera somente debaixo da palavra “lhe

parece” sem o afirmar.» (Os autos do processo de Vieira da Inquisição, cit., p. 325)68.

Con la prospettiva orientale della Terza Roma, fondata sulla profezia biblica (Daniele 2, 27-45) nell’interpretazione

del monaco russo Filoteo di Pskov (inizi del XVI secolo) 69, viene oggettivamente a convergere, oltre un secolo dopo (dopo la

pace di Westfalia), la prospettiva occidentale di un gesuita del Brasile, essa pure fondata sulla profezia di Daniele. Dopo la

translatio verso Oriente da Costantinopoli a Mosca, viene così vista in Occidente una sorta di translatio al Nuovo Mondo.

Alla teoria del Padre Vieira si ispirerà il grande giurista dell’Imperio do Brasil, José da Silvia Lisboa, che formulerà,

nella prospettiva degli studi giuridici, l’idea della “Roma americana”.70

Alla metà del XX secolo, in Italia, Giorgio La Pira (professore di Diritto romano, costituente della Repubblica, poi

Sindaco di Firenze), nella “Presentazione” di un’antologia di sermoni del Padre Vieira, porrà una “domanda essenziale”:

«che rapporto misterioso, organico, finalizzatore esiste fra la storia sacra (suite de la religion) e la storia profana (les

empires)?»71

Così la natura dei continenti (popolazioni e territori) ci riporta verso gli Dei: o meglio verso Deus.

65A. VIEIRA, Defesa do livro intitulado “Quinto Império”, in Obras escolhidas, com prefácio e notas de A. SÉRGIO e H. CIDADE, VI, Lisboa

1952, pp. 124 ss. 66Os autos do processo de Vieira na Inquisição, edição, transcrição, glossário e notas de A.F. MUHANA, São Paulo 1995, pp. 63 ss. 67A. VIEIRA, Livro anteprimeiro da História do Futuro, Nova leitura, introdução e notas por J. VAN DEN BESSELAAR, Lisboa 1983, p. 35. 68Vedi P. CATALANO, Riflessioni di un romanista su alcuni aspetti della tradizione giuridica brasiliana: impero e cittadinanza, in E vós,

Tágides minhas. Miscellanea in onore di Luciana Stegagno Picchio, Viareggio-Lucca 1999, pp. 241 ss.; ID., Império, povo, costumes, lugar, cidadania, nascituros (alguns elementos da tradição jurídica romano-brasileira), in Estudos de direito constitucional, em homenagem a José Afonso da Silva, E. R. Grau e S. Sérvulo da Cunha (coord.), São Paulo 2003, pp. 136 ss. Vedi anche Notícia do Direito Brasileiro, n. 16, Universidade de Brasília, Faculdade de Direito, Brasília 2011.

69Questa prospettiva è definitivamente sancita nella Gramota uložennaja (“Carta costitutiva”) del Patriarcato di Mosca del 1589. Essa sta a fondamento dei Seminari internazionali di studi storici “Da Roma alla Terza Roma”, che si tengono annualmente in Campidoglio, per decisione unanime del Consiglio comunale, in occasione del Natale di Roma. Vedi i volumi della Collezione «Da Roma alla Terza Roma», diretta da P. CATALANO e P. SINISCALCO, edita dapprima da ESI (Napoli) poi da Herder Editrice Libreria (Roma) e ora da L’Erma di Bretschneider.

70V. il volume “Quinto Impero”. Attualità del pensiero di Antonio Vieira S.J., cit. 71Vedi G. LA PIRA, Lettere alle claustrali, Milano 1978, pp. 186 ss.; e la circolare alle suore di clausura del 19 dicembre 1960 (Scritti editi

XII, pp. 592 s.) sulla biblica profezia di Daniele.

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Appendice

Brasile e Russia nel pensiero del professore di Diritto romano Giorgio La Pira*

Pierangelo Catalano∗∗

[…]

5. O Brasil e a paz (a unidade da America Latina e Europa)

Uma particular atenção põe La Pira nas figuras brasileiras do Padre Antonio Vieira (século XVII) e Dom Helder

Câmara (século XX).

O jesuita Antonio Vieira, defensor dos índios e dos judeus, foi autor da teoria do “Quinto Império”, por ele

defendida com eficâcia diante da Inquisição. Giorgio La Pira, na “Presentazione” de uma antologia de escritos vieirianos,

aos cuidados do Padre A. Guidetti1, põe uma “pergunta essencial”:

«che rapporto misterioso, organico, finalizzatore esiste fra la storia sacra (suite de la religion) e la storia profana

(les empires)?».2

Veja-se a carta circular às religiosas de clausura de 19 de dezembro de 1960, a propósito de Bossuet e da bíblica

profecia de Daniel3.

Em setembro de 1970 Giorgio la Pira, encarregado por Dom Helder Câmara, bispo de Recife, de retirar o “Premio

Viareggio per la pace”, pronuncia um discurso em que o Brasil, a inteira América Latina e em particular «a personalidade, a

missão, o mandato» daquele bispo são vistos no «contesto biblico ed evangelico della storia presente della Chiesa e delle

nazioni»4. Retorna aqui o conceito de “paz inevitável”, com referência ao mundo todo:

«Si: tempo di inevitabile pace, tempo di inevitabile unità, tempo di inevitabile liberazione e promozione dei popoli di

tutto il pianeta». *=P. CATALANO, “A paz entre o direito de Roma e a profecia de Fátima, segundo o professor Giorgio La Pira”, in Estudos em honra de Ruy

de Albuquerque, Edição da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, vol. 2, Lisboa 2006, pp. 667-673. Em qualidade de “censore teologo” no Processo de beatificação e canonização do Servo de Deus professor Giorgio La Pira, pude dispor dos 19 volumes com os escritos “menores” de 1919 a 1977: G. LA PIRA, Scritti editi (citados de agora em diante com a indicação do volume e da página). Veja-se a Bibliografia cronologica degli scritti di Giorgio La Pira a cura di G. Morgante, R. Di Levrano, P. Puteo, L. Alfieri e G. Capano. Coordinamento scientifico di VITTORIO PERI, Roma ottobre 1999 (pro manuscripto).

∗∗Professore emerito di Diritto romano dell’Università di Roma ‘La Sapienza’, dottore honoris causa dell’Accademia delle Scienze di Russia, membro onorario dell’Academia Brasileira de Letras Jurídicas, professore onorario della Universidad Nacional de Asunción, dottore honoris causa della Università Nazionale del Tagikistan.

1A. VIEIRA, Quattro prediche agli uomini di governo, Centro Studi Sociali, Milano 1960. Ver também os volumes Roma, Lisbona, Brasília, tra antichità e futuro. Diritto e profezia nel pensiero di Antonio Vieira e A. VASCONCELOS DE SALDANHA, Da idéia de "império" na obra do padre Antonio Vieira S.J. Ensaio sobre o universalismo e o pensamento jurídico político hispânico de Seiscentos, Consiglio Nazionale delle Ricerche, Progetto speciale “Italia-America Latina”, “Materiali”, I-1, I-2, Roma 1988; cfr. P. CATALANO, “Império, povo, costumes, lugar, cidadania, nascituros (alguns elementos da tradição jurídica romano-brasileira)”, em Estudos de direito constitucional, em homenagem a José Afonso da Silva, E. R. Grau e S. Sérvulo da Cunha (coord.), São Paulo 2003, pp. 136 ss.

2[Scritti editi], XII, p. 265. 3[Scritti editi], XII, p. 593. 4Vedi G. LA PIRA, Il sentiero di Isaia, [Firenze 1978], pp. 487 ss.

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Dom Helder Câmara fez-se porta-voz dos “povos da fome” e indicou-lhes a estrada da “não violência dos fortes”:

«Si: la sua “pastorale” lo documenta: ha parlato francamente agli Stati ed ai governi; al “sistema” economico e

politico dell’opulenza; si è fatto – nel nome di Dio e della Chiesa – portavoce dei popoli della fame (geografia della fame!) che

interpellano i popoli dell’opulenza (Populorum progressio); ha fermamente detto al Faraone: - libera il mio popolo!

Questa denuncia chiara, ferma, tenace, ha provocato – da parte “dell’ordine costituito” - l’accusa ben nota: -

“sovverte il popolo” (Lc. 23, 2)! “È un comunista”!».

«Si: ed è proprio la indicazione della via nuova, che porta alla liberazione; l’indicazione della nuova metodologia

politica e sociale di liberazione – la via e la metodologia della “non violenza attiva”, della “non violenza dei forti” – l’elemento

che definisce in modo tanto singolare la posizione – in certo senso unica – di mons. Câmara nella Chiesa dell’America

Latina e di tutti i continenti. Egli ha indicato quella via e quella metodologia “della non violenza attiva” che Gandhi

profeticamente intuì e miracolosamente – in certo senso – attuò per la liberazione politica di un popolo (quello indiano) di 500

milioni di uomini!».

Giorgio La Pira rejeita a objeção de que Dom Helder Câmara tenha agido como “chefe político” em vez de “chefe

religioso”. Aqui retorna, bem firme, a importância tradicional da relação entre espiritual e temporal.

«Il “mandato di supplenza” a Pietro, - a Paolo, ai Vescovi – è intrinsecamente religioso: ha fondamento nel

mandato di Nazareth!

È un mandato che – quando le condizioni si presentano – la Chiesa svolge nel corso dei secoli: un mandato che,

iniziato (tanto per fissare una data storicamente “clamorosa”) con san Silvestro (rispetto a Costantino) e san Leone Magno

(rispetto ad Attila), perviene – attraverso una catena ininterrotta di “interventi” – sino a Giovanni XXIII (rispetto a Krusciov) ed

a Paolo VI (rispetto a Mao).

Essere liberatrice dei popoli da ogni oppressione: è missione essenziale della Chiesa!

E l’esercizio di questo mandato ha la sua radice nel terreno della grazia e dell’orazione: nel terreno, cioè, dove

germogliano le forze essenziali, “ verticali” – divine! – liberatrici dei singoli e dei popoli!

Ecco perché mons. Câmara è uomo di grazia e di preghiera: è unito alla Chiesa, a Pietro; porta Dio nel cuore e ne

riversa la grazia, la luce e “la liberazione” nel popolo!».5

Em 30 de novembro de 1974, em Roma, Giorgio La Pira pronuncia, em conclusão do Primeiro Seminario da

ASSLA-Associazione di Studi Sociali Latinoamericani, um discurso sobre a “unidade” da América Latina e Europa, em que

encontramos uma precisa referência ao imperador Justiniano e ao Corpus Iuris Civilis:

«Le due aree, Europa e America Latina, sono una stessa area. C’è una unità di fondo. Ho letto tempo fa quel

lavoro dei Leclercq, Il senso della storia: il libro finisce con quella stella che si annuncia all’orizzonte. E’ il domani della storia

e mi sono ricordato quando se ne parlò a Firenze. Si fece il ponte Amerigo Vespucci apposta, un bel ponte, nel 1957. Se ne

parlò con il Fanfani e se ne parlò con il Mattei; questo ponte con tutte le indicazioni dei popoli dell’America Latina era

5Em 1986 o Comune di Roma e o Governo do Distrito Federal de Brasília conferiram à Dom Helder Câmara o Premio Roma-Brasilia Città

della pace, com a seguinte justificativa: «Ha svolto un’azione in favore delle ‘masse’ dell’America Latina i cui effetti hanno superato i confini del continente. Invece della violenza egli propugna, al fine di “cambiamenti delle strutture”, un movimento che ha chiamato di “pressione morale liberatrice”. Al centro della sua attività pastorale sta la denuncia dei “sette peccati del mondo moderno” cioè razzismo, capitalismo, guerra, paternalismo, fariseismo, alienazione, paura. Seguendo una tradizione universale che può ben qualificarsi romana e brasiliana al tempo stesso, ha invitato particolarmente i giovani a “creare un mondo per tutte le razze, un mondo dove le razze diverse si rispetteranno mutuamente, si associeranno e si uniranno come fratelli».

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destinato a svegliare questa unità storica, spirituale, culturale, giuridica (il diritto romano) e, in qualche modo, anche sociale,

economica e politica. L’area è la stessa: unitas orbi set pax orbis ex iure. Si disse allora: bisogna lanciarsi. Siamo un popolo

unico, unica storia, unica bellezza ed unici difetti; siamo lo stesso popolo, non è a caso latinoamericano: con una cultura

secolare, universale e permanente, nonostante tutto immutevole nelle sue linee di fondo. Non temiamo il futuro, anzi il futuro

è fatto per noi; anche demograficamente. Dice il Leclercq: pensate che cosa avverrà nel Duemila. Allora, per concludere:

questo è un convegno molto importante perché apre una speranza; si va verso l’età della pace inevitabile. La guerra non si

può fare. Isaia ha ragione. Allora che fare? Costruire l’èra della pace è un compito immenso, dottrinale, spirituale, di

preghiere e di azione, e questo spetta in maniera particolare a tutti noi. L’Europa e l’America Latina fomano una unità, non è

una fantasia, una unità crescente, in mezzo a mille difficoltà, si capisce. Noi nel 1957 a Firenze con il Mattei, con il Fanfani e

così via abbiamo messo lì sul ponte tutte le bandiere dell’America Latina. Sono lì: quando avrete occasione di andare a

Firenze potrete vedere sul ponte Amerigo Vespucci le bandiere che aspettano la realizzazione di questa grande unità che è

una speranza per il mondo intero, speranza di pace, di grazia, di bellezza. Le fatiche non contano, sono fatiche creative;

quindi l’augurio fraterno, cordiale e … lo studio del diritto romano: pax orbis ex iure, unitas orbis ex iure. Lo disse anche

Giustiniano: io che devo fare? Per unire l’Oriente e l’Occidente … non mi resta che fare il corpus iuris civilis. E’ l’augurio che

faccio a tutti voi, anzi a tutti noi: lavoro cordiale».6

Europa e América Latina são a mesma área!

6. Moscú e Roma. A Virgem de Fátima

No Dia dos Reis de 1951 «partì da Firenze (anche se localmente la cosa si svolse a Roma) il primo messaggio

cristiano di pace verso la Russia Sovietica»7; a mensagem, por meio de Togliatti e Longo, que se encontravam em Moscú,

chegou até Stalin8.

A primeira viagem de Giorgio La Pira a Moscú foi realizada, em estreita conexão com a precedente peregrinação

a Fátima, em agosto de 1959.9 Na visão lapiriana, a Igreja de Moscú «è la Chiesa orientale fondamentale: ha non meno di

150 milioni di fedeli»: assim na carta circular às freiras de clausura de 30 de setembro de 196310. É nesta carta que La Pira

comenta o acordo nuclear de Moscú de 5 de agosto do mesmo ano:

«L’accordo di pace di Mosca – a partire dal quale data la nuova epoca storica della pace del mondo: epoca di

millenni! – è fioritura miracolosa (anche se indiretta) del Concilio; è la risposta che Dio stesso – per così dire – ha dato alla

immensa paterna speranza di Giovanni XXIII, del Concilio, della Pacem in terris; è un “miracolo” della Chiesa, è “il miracolo”

di Giovanni XXIII».11

6Publicado em Quaderni Latinoamericani, 1 (1977), p. 79; cfr. ibid., p. 10, a sintética precedente mensagem: «Le due aree europea e

latinoamericana formano una sola area spirituale, culturale, giuridica ed anche, in certo modo sociale, economica e politica che la scienza giuridica romana saldamente cementa e unifica. Unitas et pax orbis ex iure». Sobre a iniciativa concernente os povos da América Latino, ocorrida em Firenze em junho de 1957, citada na intervenção de 1974, ver G. LA PIRA, Lettere alle claustrali, Milano 1978, pp. 168 ss. Cfr. Index 23 (1995), p. 42; Il Veltro 41, 5-6 (settembre-dicembre 1997), pp. 364 s.

7G. LA PIRA, Lettere alle claustrali, Milano 1978, p. 282; 383. Cfr. P. CATALANO, “La Pira ‘personalità monolitica’. Le note nel Digesto”, em Il Veltro. Rivista della civiltà italiana, a. 41, 5-6 (settembre-dicembre 1997), p. 350, e nota 4.

8Ver a entrevista concedida por Giorgio La Pira a Domenico Sassoli para Il Popolo, 17 de janeiro de 1976: G. LA PIRA, Il sentiero di Isaia, cit., pp. 675 ss. Cfr. V. PERI, Giorgio La Pira. Spazi storici frontiere evangeliche, Caltanissetta-Roma 2001, pp. 18; 63; 128.

9Ver G. LA PIRA, Lettere alle claustrali, cit., pp. 199 ss.; cfr. 150 ss.; 158 s.; 199 ss. e passim (ver nas pp. 267, 312, 338, 383 ss., as referências a Pio XII). Sobre a viagem a Moscú ver a crônica publicata em Testimonianze, settembre 1959, imediatamente traduzida em Informations Catholiques Internationales, 107 (1 novembre 1959), pp. 15 ss., e Política y espíritu, 250, Santiago de Chile, settembre 1960, pp. 7 ss.; cfr. ora V. CITTERICH, Giorgio La Pira. Un santo al Cremlino, Edizioni Paoline, Milano 1992, pp. 45-87.

10G. LA PIRA, Lettere alle claustrali cit., p. 397 (= [Scritti editi], XV, p. 422). 11Ibid., p. 417. O Pontífice Romano João XXIII tinha morrido dois meses antes da primeira conclusão do “acordo de paz de Moscú”; ver as

palavras pronunciadas por Giorgio La Pira dia 9 e dia 13 de junho de 1963: G. LA PIRA, I colloqui della Badia, Firenze 1989, pp. 151-154.

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«Quando Cristo nasce vi è la pace nel mondo (Augusto a Roma! Ricorda la circolare di Natale 1960?) […] È come

al tempo di Augusto: la pace dei popoli è fiorita; Cristo nasce a Betlemme»12.

Dez anos após Giorgio La Pira intervém em Moscú (23 de outubro de 1973) no “Congresso mundial das forças da

paz”:

« IX. […] I popoli altro (in certo senso) non cercano: sono mossi come da vento invincibile verso “la terra

messianica” della pace universale.

Come le rondini, essi lasciano il continente freddo di inverno e trasmigrano, a primavera, verso il continente caldo.

X. Si muovono verso Mosca: perché?

I fatti danno la risposta: si pensi al trattato nucleare del 5 agosto 1963 che iniziò in certo senso il cammino della

descalation nucleare: si pensi alla Tavola Rotonda dell’8 dicembre 1963 che sigillò, pure a Mosca, quel trattato; si pensi a

tutti gli altri negoziati e trattati e convegni nucleari che qui a Mosca hanno avuto il loro inizio o il loro sigillo: e si pensi infine a

questo accordo nucleare che il 21 giugno 1973 (10 anni dopo!) pose un sigillo definitivo – in certo senso – all’intesa fra USA

e URSS: tanti anelli di una sola catena destinata a dare al mondo unità e pace! Tante tappe di un solo cammino verso il

traguardo dell’universale speranza!

XI. “Al negoziato globale non c’è alternativa”: ecco cosa dicono, cosa vogliono, i popoli, le città e le nazioni di tutto il

mondo, saliti in questi giorni a Mosca!

Essi – mossi da un vento irresistibile di speranza storica! – desiderano iniziare in questo tempo l’età nuova che fa

passare la storia dall’età della violenza a quella della non violenza, dall’età della guerra a quella del negoziato e della pace!

Ecco perché sono convenuti qui a Mosca: per dichiarare tutti insieme, solidalmente, che l’età della guerra è finita e

che sta per albeggiare in modo irreversibile, malgrado tutto, la giornata della pace: una giornata storica nuova che vedrà i

popoli di tutta la terra attuare il “progetto storico messianico”: formare una sola famiglia pacificata, giusta, unita!

Mosca, 23 ottobre 1973».

Mas atenção! A cidade de Moscú a qual se refere Giorgio La Pira é a “Santa Moscou”.

Em 28 de janeiro de 1961 Giorgio La Pira envia uma carta a Gomulka, secretário do Partito Comunista Polonês13, em

que sublinha novamente o que tinha dito no Cremlin; ele escreve:

«E poi, Eccellenza, ella lo sa: ella è troppo intelligente per non vedere che l’ateismo – un autentico infantilismo

scientifico e politico, come dissi al Cremlino lo scorso anno – è un ramo secco: è un prodotto deteriore della più deteriore

borghesia capitalista e materialista ed atea dell’800. […] Il tempo dell’ateismo è finito, per sempre! Anche le generazioni

nuove della Russia cercano i grandi valori della fede, della preghiera, della bellezza, dell’eternità! Cercano – nella patria

russa socialista – la fede e la luce della Santa Russia e della Santa Mosca».14

12[Scritti editi], XV, pp. 418 s. 13Sobre a viagem a Moscú ver também as cartas a João XXIII de 27 de abril, 1 e 6 de agosto de 1959: G. LA PIRA, Tre lettere a Papa

Giovanni XXIII, 1959 (Archivio della Fondazione Giorgio La Pira, Busta 160, fascicolo 4, nn. 23; 41- 46), na Coleção «Diritto Romano e Sistemi Giuridici», Testi, 4, Consiglio Nazionale delle Ricerche, ITTIG-Istituto di Teoria e Tecniche dell'Informazione Giuridica, Sezione di Roma ‘Giorgio La Pira’, 2004.

14[Scritti editi], XIII, p. 107.

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La Pira utiliza várias vezes a denominação de “città santa” para Moscú e para Kiev.15 No discurso Valeur des villes,

proferido em Genebra em 12 de abril de 1954, lembrava de ter lido uma “biografia” sobre a “Sainte Moscou”16; mas o uso

fortíssimo do conceito encontra-se em um inédito sobre Mosca e Roma datado de 17 de novembro de 1922.17

Segundo o jovem La Pira, Moscú, a “cidade santa”, exprime “todo o conteúdo espiritual da Asia”:

«Troppa possanza di esperienza, troppo frutto di dolore e di maturazione, troppo lunga via di sacrificio e di

compimento s’è raccolto a Mosca da diverse strade e per diversi martiri; ogni città sacra dell’Oriente ha abdicato per la città

capitale: tutto il pensiero sparso pei santuari, tutte le parole dei profeti, le rivelazioni degli artisti, i fremiti sacri delle folle, si

sono fusi in una sola grande rivelazione e profezia: quella che, dal Kremlino di Mosca, la campana della città santa ha

annunziato all’altra parte del mondo.

L’Oriente ha ormai trovato il suo cuore: tutto il contenuto spirituale dell’Asia si esprime col nome di questa città che ci è

tanto straniera: Mosca è il granito su cui s’è politicamente espresso il pensiero millenario e inquieto dei popoli orientali». […]

[Traduzione di MYRIAM BENARRÓS]

15Ver, por ex., [Scritti editi], XII, p. 151 (carta a Krusciov, 26-29 luglio 1959). Sobre a precedente corrispondência com Krusciov ver

Carteggio di La Pira con Melenkov e Chruscev. Le armi atomiche - religione e realismo, a cura di M. CASTELLI, pp. 5 ss., separata da revista Aggiornamenti Sociali, Anno XVI, febbraio e marzo 1965, nn. 2-3.

16Valeur des villes, cit., p. 9. A obra citata por La Pira è de N. ARSENIEV, La Sainte Moscou. Tableau de la vie religieuse et intellectuelle russe au XIX ème siècle, Paris 1948 (o exemplar do livro encontra-se na Fundação Giorgio La Pira, Florença).

17A propósito deste escrito ver brevemente em Index. Quaderni camerti di studi romanistici, 23 (1995) “Nel nome di Giorgio La Pira”, pp. 30 s. O manuscrito está agora acuradamente editado, e comparado com um precedente inacabado, intitulado Roma e Mosca, por G. MILIGI, Gli anni messinesi e le “parole di vita” di Giorgio La Pira, Prefazione alla I edizione di A. Fanfani, Postfazione alla presente edizione di N. Fava, Messina 1995, pp. 227-231; cfr. 217 ss.; 267 n. 152: nota Miligi que «Mosca e Roma segna proprio il distacco definitivo dal Fascismo e da Mussolini».

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Россия и международное право: история, современность и перспективы правового взаимодействия в рамках БРИКС

Boris Martynov∗

Нельзя не отметить, что отношение, которое исторически господствовало в России к праву вообще, по

большей части было, мягко говоря, «прохладным». Это, во многом, лежит в основе и того самого «правового

нигилизма», который свойственен сегодня многим россиянам, и который наши лидеры считают одним из

существенных тормозов на пути реформ. Более предметно об этом в начале ХХ в. высказался ныне всеми уже

забытый поэт-юморист Б. Алмазов:

Широки натуры русские:

Нашей правды идеал

Не влезает в формы узкие

Юридических начал.

Это не мешает, однако, сегодняшней России последовательно отстаивать идею верховенства

международного права и даже в условиях, когда международное право переживает кризис, связанный с

многочисленными попытками его «обойти», быть последовательным защитником правового режима в

международных отношениях. На идее примата МП основаны практически все основополагающие документы

внешней политики и политики безопасности РФ («Концепция внешней политики» в редакциях 2000, 2008 и 2013 гг. и

«Стратегия национальной безопасности до 2020 года»).

Исторически- укоренившаяся проблема «правового нигилизма» в России никак не коррелирует с такой

отраслью права, как международное, которое обладает собственной, ярко выраженной спецификой. Что отнюдь не

случайно, поскольку «право», о чем свидетельствуют, например, такие великие знатоки «русской души», как

Толстой, Достоевский и Чехов само по себе, в отсутствие некой «высокой» идеи мало что значит для русского

человека. Чтобы быть действенным регулятором общественных отношений оно должно «служить» чему-то, помимо

чисто-эгоистических интересов отдельных индивидуумов, их ассоциаций и проч. Из этого со всей непреложностью

следует, что «зазор», существующий между правовым нигилизмом внутри страны и уважением к

международному праву вне ее, нам необходимо уменьшить «в разы», но не путем ужесточения санкций, а путем

наполнения системы внутреннего права новым содержанием. Этому активно пытались способствовать русские

философы и юристы конца XIX- начала XXвв: кн. Е.Н. Трубецкой, Н.Бердяев, Вл. Соловьев, П.И. Новгородцев, И. А

Ильин, и юристы: Б.Н. Чичерин, Г. Гинс, Л.И. Петражицкий и, наконец, самый выдающийся российский юрист-

международник Ф.Ф. Мартенс (1845 – 1909 гг.).

Актуальность воззрений этого, казалось бы уже целиком принадлежащего истории человека, не вызывает

сомнений. «Поправка Мартенса» о «наименьшем ущербе», внесенная им в 1889 г. («государства обязаны даже в

случае вооруженных конфликтов заботиться о безопасности и сохранении жизней гражданского населения,

избегать причинения неоправданного вреда и оберегать историческое и культурное наследие народов») во-первых,

∗Vice-Diretor do Instituto da America Latina da Academia de Ciências da Rússia – Moscou.

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вносит серьезные коррективы в распространенную на западе концепцию «ответственности за защиту» (responsibility

in protecting), а во-вторых, перекидывает «мостик» к латиноамериканским доктринам международного права,

обнаруживая поразительную схожесть философских основ. Стоит лишь процитировать слова «Освободителя» -

Симона Боливара: «Наименьшее зло является наивысшим благом», как эти основы предстают перед нами в своем

самом открытом виде. Именно поэтому не случаен интерес, который проявляется в Бразилии к России как к

партнеру по БРИКС и стране, с которой у Бразилиа, согласно всем подписанным за последние годы документам,

«наблюдается близость или совпадение подходов по наиболее актуальным проблемам современности».

Констатация этого факта, довольно редкого самого по себе, свидетельствует о существовании долговременной

цивилизационно-культурной основы для сотрудничества между нашими странами, которая обнаруживается также

в понимании ими основных принципов и норм международного права.

Это обстоятельство диктует и России, и Бразилии, равно как и другим странам-участницам БРИКС

неустанно заботиться о сохранении своей национально-культурной идентичности особенно в том, что

касается такого подвергаемого сегодня остракизму со стороны лидера западной цивилизации института, как

международное публичное право. Это относится, в первую очередь, к попыткам подменить национальное

правосознание заимствованным под предлогом его «устарелости» и «регрессивности».

«Здоровая психика нации не может быть основана на исключении прошлой истории из сферы

собственного опыта новых поколений, - отмечалось в работе известного российского социолога и психолога А.Г.

Здравомыслова. Стремление отбросить прошлое жестоко мстит за себя, порождая невротизм и психологическую

неустойчивость. Освобождение от чувства неполноценности, основанного на комплексе вины, должно произойти не

за счет забвения прошлого, а путем его критической переработки, сохраняющей нормальную способность к

переживанию трагических моментов истории».1

Многие наши деятели либерального направления, призывающие Россию копировать опыт США, почему-то

«опускают» такой важный фактор исторического становления и развития американского общества, как его

патриотизм, вера в свою страну и ее миссию в мире. По-видимому, для России они считают это излишним. Мы же

полагаем, что уверовавшая, наконец, в себя Россия уверует и в свое глобальное предназначение, не сводящееся

лишь к обеспечению исключительно эгоистических интересов личности в их западном понимании. Российский

прагматизм и патриотизм, как нечто, соответствующее интересам национального (а не заимствованного!) развития,

заключается в сочетании национального и интернационального. Он – в синтезе национального дискурса и

«всемирной отзывчивости» («всемирном счастье»), которые, по Ф.М. Достоевскому, так нужны русскому человеку

чтобы «успокоиться».2 В этом смысле активное участие России в формате БРИКС с целью содействия радикальной

перестройке мировых экономических, политических и правовых отношений, укрепления морально-нравственных

устоев межчеловеческого и межцивилизационного общения представляется крайне актуальным не только с точки

зрения укрепления ее международных позиций, но и для преодоления многочисленных внутренних проблем.

Императивы глобального взаимодействия диктуют необходимость нахождения новых,

межцивилизационных подходов к пониманию актуальных проблем современности с целью нахождения новых,

более адекватных средств противодействия им. Иначе, в условиях расширения пропасти между словом и делом,

мир ждут катастрофы, гораздо более серьезные, чем нынешний кризис. Для выработки таких подходов потребуется

сотрудничество уже не столько «старых» и «новых» великих держав, сколько их взаимодействие как полюсов

межцивилизационного общения, выражающих интересы и ценности того цивилизационного ареала,

1Здравомыслов А.Г. Социология конфликта. М., 1995б с. 144 2Достоевский Ф.М. Искания и размышления. М., 1983, с. 75.

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неформальными центрами которого они являются, либо стремятся стать.3

Сегодня, на основе контактов гражданских обществ, представляющих различные цивилизации Земли,

активно формируется глобальное гражданское общество. Сам режим бесчисленных международных трансакций,

когда предпринимательская этика одной стороны накладывается на предпринимательскую этику другой,

свидетельствует о начале нового этапа международных отношений, когда их сердцевиной становятся не столько

межгосударственные, сколько межкультурные контакты. «Настоящее решение требует создания более широкой

коалиции с привлечением частного сектора, негосударственных групп, больших городов и целых областей, а также

средств массовой информации. В глобализированном, демократизированном и децентрализованном мире

необходимо достучаться до отдельной личности, чтобы она изменила привычное поведение». При этом «в

условиях, когда власть диверсифицируется и рассеивается, еще большую значимость приобретает законность,

потому что она является единственным способом обращаться ко всем неравноправным действующим лицам на

мировой сцене».4 Очевидно, что залогом глобальной законности XXI в. должна стать такая система, где политико-

правовое сотрудничество государств и народов будет в первую очередь опираться на цивилизационно-

культурное. Но рассчитывать на то, что эта новая законность возникнет «сама собой» и на ее пути нет, и не

предвидится трудностей, значит ставить себя на место сторонников утопии о «конце Истории».

Применение силы в мировой экономике и политике все больше становится контрпродуктивным

(особенно, военной, учитывая невозможность применения ОМП и негативные для их инициаторов итоги «войн

низкой интенсивности»). На это обстоятельство указывал, в частности, и такой известный исследователь феномена

«силы» в политике, как Дж. Най. Не дают искомого «эффекта» и излюбленное оружие США – экономические

санкции против «неугодных» режимов: достаточно вспомнить Кубу, КНДР и Иран. Но, ведь, именно жесткая сила,

как уже отмечалось многими, была той самой «пружиной», которая «выбросила» Запад наверх в глобальной

межцивилизационной гонке в XVI в., и с тех пор помогала сменяющим друг друга разным его представителям,

удерживать власть над миром. Сегодня эта ситуация начинает коренным образом меняться. Отсюда можно

предположить, что цивилизация «коллективного Запада» уже выполнила отводившуюся ей в Истории

человечества роль. Ее «потенциал восхождения», как отмечали В.М. Давыдов и А.В. Бобровников в монографии

«Роль восходящих гигантов в мировой экономике и политике», в основном, оказался уже исчерпан.5 Очевидно, что

теперь «Ветер Истории» (удачное выражение Ш. де Голля), подул в другую сторону, доказывая нам на целом ряде

примеров, востребованность новых философий и основанных на них новых практик борьбы с глобальными

угрозами. Сегодня инновации нужны не только (и даже не столько!) в сфере материального производства, сколько в

духовной сфере жизни людей и в вопросах глобального мироустройства на основе таких международных

законов, которые несли бы в себе цивилизационно-культурые основы различных цивилизаций планеты, а не

только одной западной цивилизации. В таком ключе естественную пятерки стран БРИКС к сотрудничеству

правовой сфере следует считать закономерным отражением некой ранее сформировавшейся универсальной

востребованности.

Сегодня уже можно отметить высокий уровень взаимопонимания, который был достигнут между

Бразилией и всеми остальными участниками формата, включая Россию, по всей проблематике решения

региональных конфликтов и проблемы нераспространения ОМП. Они традиционно отвергает попытки решения

этих проблем с позиции силы, политику несанкционированного Совбезом ООН вмешательства во внутренние дела

3Мартынов Б.Ф. «Многополярный» или «многоцивилизационный мир?» - Международные процессы, 2009, № 3, сс. 60 – 67. 4Закариа, Ф. Постамериканский мир будущего, с. 60-61. 5Давыдов В.М., Бобровников А.В. Роль восходящих гигантов в мировой экономике и политике (шансы Бразилии и Мексики в глобальном измерении) М., 2009.

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суверенных стран, практику так называемых «гуманитарных интервенций» и деления государств по принципу «свой

– чужой». Отсюда вполне естественно предвидеть возможность успешных совместных действий, конкретно,

Бразилии и России в сфере кодификации и прогрессивного развития международного права для устранения

образовавшихся там многочисленных лакун и коллизий, а также для разработки и внедрения назревших новаций

(определение терроризма, детализация норм о борьбе с пиратством, уточнение статуса комбатантов и некомбатантов

во внутристрановых конфликтах, определениие гуманитарных пределов экономических санкций и пр.)

России представляется необходимым с большим пониманием отнестись к позиции Бразилии в отношении

реформирования ООН, а также к проблеме сокращения выбросов СО2 в атмосферу Земли, к правозащитной

тематике, активно поднимаемой правительством Д. Руссефф, а также к вопросам торгово-экономического, научно-

технического и инвестиционного сотрудничества с Бразилией. Особый разговор – о сотрудничестве двух стран в

сфере безопасности, остро обозначившем себя в связи с усилением глобальной борьбы за перераспределение

природных ресурсов планеты.

На этом направлении сотрудничества, равно как и в плане освоения космоса и создания спутниковых

систем, для Бразилии и России, которые сегодня одинаково озабочены состоянием освоенности и плотностью

населения на наиболее богатых ресурсами территориях (от 1 до 3,5 чел. на кв. км), открываются весьма

благоприятные перспективы. Правовое сотрудничество в этой сфере, а также в непосредственно связанной с ней

сфере освоения так называемых «ничейных и малоосвоенных пространств», которая, в свою очередь,

«замыкается» на вопросы суверенитета, энергетической, экологической и пр. безопасности чрезвычайно важно с

точки зрения настоящего и будущего нашей планеты.

Доктор политических наук Б.Ф. Мартынов

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BRICS e a Construção do Mundo Multipolar, sob a Égide do Direito Internacional

Paulo Borba Casella∗

– Vamos para algum lugar.

– Como assim?

– Sei lá ... pro Canadá ou pro Brasil.

– Seria um prazer.

Serguei DOVLÁTOV (1941-1990), “Na rua e em casa”

Adeus meu Rio de Janeiro,

eu vou me embora pra Moscou

queimar no frio de fevereiro

os raios desse sol

sol enganador ...

José Miguel WISNIK, “Efeito samba” (2000)

Mundo multipolar, sob a égide do direito internacional é preciso que o mundo, seja, de fato, multipolarizado, e atue

multipolarmente. Essa multipolarização se põe como indispensável, depois da falência múltipla de sucessivos modelos,

ensaiados em tempos anteriores. Aí vem os BRICS, como resposta a esse anseio; mas a resposta BRICS precisa trazer

valor agregado, ela precisa se coadunar com visão de mundo sob a égide do direito internacional. E com sensibilidade para

a percepção de mundo pautado pela diversidade de culturas e pela necessidade de convivência harmônica entre estas, em

razão da crescente interdependência e fluidez de comunicação.

Podem Brasil e Rússia contribuir para esse novo formato de ordenação do mundo? Para que possam contribuir,

primeiro precisamos nos conhecer e também aprender a trabalhar juntos. Como enfatizou Boris MARTYNOV, no presente

contexto do mundo multipolar precisamos de modelos de cooperação e de integração que transcendam os moldes

clássicos das relações internacionais, antes somente interestatais, para abranger também o diálogo intercivilizacional.

Nesse ensejo, não somente podemos – como eu diria temos de – aprender muito a respeito uns dos outros; e descobrir

como, detrás das aparentes diferenças e das grandes distâncias, temos muito mais em comum do que se poderia supor.

Eu gosto muito desse exercício; e assim confiro dimensão séria e de trabalho para o interesse pela Rússia, pela

China e pela Índia, que me acompanham desde muito. Com os BRICS esses interesses até aqui difusos e estritamente

pessoais ganham outra dimensão: institucionalizam-se.

Pensemos em modelos de relações entre civilizações. E tomemos, hoje, como exemplo as percepções entre

Rússia e Brasil. Vasto tema, mas algumas percepções podem ser úteis para situar dados para o conjunto do nosso

trabalho.

∗Professor Titular de Direito Internacional Público. Vice-Diretor da Faculdade de Direito da USP.

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Breve resenha dos modelos de coordenação política internacional dos últimos duzentos anos pode ser ilustrativo,

para mostrar quanto ainda é incipiente essa formulação de sistema internacionalmente coordenado. Sobretudo se

buscarmos a base jusinternacionalista.

Alguns dados elementares bastarão para mostrar quanto podem ser distintas as visões, a partir da Rússia ou do

Brasil. Também em razão da diversidade das respectivas trajetórias históricas. Nada parecido se exigiu do Brasil, nestes

nossos séculos de história documentada.

A consolidação da unidade interna exigiu enormes esforços, durante séculos – desde a Rússia de Kiev, à grande

Novgorod – com o período mongol de cerca de 250 anos. Estima-se que somente entre 1142 e 1446 Novgorod tenha

lutado contra os suecos 26 vezes, contra os Cavaleiros teutônicos onze vezes, contra os lituanos 14 vezes e contra os

noruegueses cinco vezes.

Desde IVÃ III e IVÃ IV, o terrível, até PEDRO, o grande e CATARINA, a grande – se põe a fase de inserção

internacional da Rússia, como potência, não somente europeia, mas também na Ásia central, com projeções para o mundo.

Estas variaram consideravelmente ao longo dos séculos.

As respostas às agressões externas, primeiro os mongóis, nos séculos XIII a XV, passando pelos suecos, no

século XVII, depois os franceses de NAPOLEÃO, no século XIX, e os alemães de HITLER, no século XX, como descrevia

Evgueni TARLÉ, na sua obra sobre A guerra do Norte – apesar do enorme sacrifício de vidas e danos de guerra, teve na

luta contra os invasores externos, etapas que contribuem para a coesão nacional e reforçam a identidade do estado russo.

É fácil criticar severamente o modelo do ‘concerto europeu’ – como tendo falhado, entre outros fatores, por ter

levado o mundo a duas guerras mundiais. É mais sensato, contudo, reconhecer que este permitiu experimentar um século

de convivência organizada, após as décadas das guerras da revolução francesa e das invasões napoleônicas. Foi, resposta

válida e possível, no tempo e no contexto em que se inscreve. O concerto europeu marca a presença e ação decisiva da

Rússia de ALEXANDRE I, depois de terem sido derrotadas as forças de NAPOLEÃO.

Teve, ademais, o concerto europeu o mérito de durar cem anos, com guerras pontuais e periféricas na Europa,

sem conflagração geral. E ainda, o ‘concerto europeu’, mesmo depois de morto e superado, foi o embrião, foi a ideia a partir

da qual se construiu o ulterior modelo da Sociedade das Nações, este, por sua vez, inspirador direto do vigente modelo da

Organização das Nações Unidas. Os três experimentos – do Concerto europeu, da SdN e da ONU – têm em comum o fato

de sinalizar como rumo a institucionalização; são ensaios que apontam para sistema institucional e normativo internacional,

como modo de ir além do descarado uso da força e do recurso sistemático à guerra, como modo de assegurar a

consecução dos interesses das principais potências de qualquer época, mas agregando dimensão mais ampla de

percepção do mundo circundante.

Logicamente, vejo como positivos quadros nos quais se instaurem modelos de convivência jurídica e

institucionalmente organizada. Não se deixam facilmente de lado as convicções; ninguém é professor de direito

internacional impunemente. Isso nos leva a ver o mundo como grande espaço inexoravelmente compartilhado, e este

necessita de meios pacíficos de solução de controvérsias, dado que o conflito parece fazer parte da natureza humana –

polemos pater panton – como se diz desde os pré-socráticos. E a construção destes modelos se faz melhor pela lei do que

pela força. Mesmo que fracassem tantas tentativas de ordenação pacífica do mundo.

O paradoxo das tentativas de integração latino-americana é nos trazer a sensação de frustração e descompasso

entre o que foi e o que poderia ter sido: tanto poderia ter dado certo, e tantas boas ideias poderiam ter passado a existir, no

mundo novo, como experimentos e lições de convivência civilizada, desde o Congresso Anfictionico de 1826 (confirmar

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data) de Simón BOLÍVAR, até o panamericanismo do final do século XIX e primeira metade do XX. De tantas solenes

declarações, de tantas boas intenções – e outras nem tanto, mal disfarçando hegemonismos baratos, da política do big

stick, de Theodore ROOSEVELT, à malformatada e pouco viável UNASUL.

Triste ver que tão pouco se resgata e se aproveita, além da duvidosa precedência que pode ser alegada, nos

manuais de direito internacional e de relações internacionais quanto a ter sido pioneiro o continente americano, em

iniciativas de integração e de solução pacífica de controvérsias, enquanto os europeus se matavam reciprocamente por

território.

Durante anos acreditei na integração regional. Escrevi e lecionei sobre isso, defendi a causa da construção de

espaços mais ou menos continentais de cooperação, de mercados mais ou menos abertos, de resgate de identidade que

tenha ao mesmo tempo componentes europeias e outras autóctones, somadas para compor conjunto único, do qual o

Brasil se vê como o exemplo mais perfeito e acabado – seríamos nós o verdadeiro e abrangente melting pot, ainda mais do

que os norte-americanos. Até descobrir que não há como fazer funcionar, nem a integração nem a cooperação, se não

houver engajamento firme e sério, por parte dos estados e dos governos participantes. Até descobrir, como já escrevi antes,

que se a construção de castelos no ar não custa nada, mas a derrocada destes tende a custar muito.

Se for preciso buscar um símbolo e dar um exemplo dessa derrocada de ideais e do apequenamento dos projetos

comuns na região, baste mencionar a extemporânea e malfadada defesa do protecionismo, feita pela Argentina e

secundada pelo Brasil, na reunião do G-20 em São Petersburgo, em 2013. Tanto mais fora de propósito exatamente

quando o novo diretor geral da OMC é um brasileiro: mesmo sem poder ter vínculo com o governo de Brasília, isso manda

sinal trocado, pouco favorável e pouco auspicioso, como recado do país do qual provém o experiente diplomata e hábil

negociador.

A experiência europeia de integração continua a me parecer maior do que as crises conjunturais pelas quais esta

possa passar e sucessivamente tem passado. Apesar de ter virado moda criticar duramente a União Européia, fazer

resenhas negativas sobre esta, apregoar o fim do euro, e a prevalência dos interesses e dos estados nacionais, sobre os

modelos integrados, a realização da Europa integrada é um fato admirável.

A realização maior da UE é ter conseguido colocar freio nos desmandos dos ‘tribalismos’ europeus, que se

engalfinharam em guerras selvagens, durante séculos, quando não submetidos a tentativas hegemônicas, tanto de curta

duração como de duvidosos resultados: não há registro anterior na história europeia de período de paz, ao menos

formalmente mantida, tão longo como se deu desde o tratado de Paris, de criação da CECA, em 1951. E, apesar de tudo,

pode por vezes sofrer atrasos, mas não deixa de prosseguir.

A entrada da Croácia, como 28º estado é exemplo eloquente de que a marcha da integração prossegue em

escala europeia. Com a entrada na UE, há uma década, da Polônia, da Eslovênia, da República Checa, da Eslováquia, e

neste ano, da Croácia, finalmente ficam para trás duas quimeras do passado, que tantos estragos causaram: o pan-

eslavismo, como também a ilusão da separação entre duas Europas, leste e oeste, inventada pelos enciclopedistas

franceses, no século XVIII, para fazer situar uma Europa ‘daqui’, mesmo se esta já era toda pautada por contradições, mas

em oposição a outra Europa, de ‘lá’, semi-bárbara e menos europeia.

Após a segunda guerra mundial, ocorre a cisão da Europa em dois feudos. De um lado, a feudalização da Europa

do oeste, sob a égide da suzerania norte-americana e, de outro lado, a da Europa do leste, no ‘bloco soviético’. Esta foi

etapa triste da história recente do continente, que não se pode deixar de louvar tenha ficado para trás. Foram quatro

décadas sombrias da história europeia – e quanto tempo, energia e recursos foram desperdiçados nessa fase da história,

somente se pode lamentar.

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A isto vem responder a tentativa de congregar progressivamente o conjunto da Europa em espaço integrado –

apesar de todos os percalços, sou ainda defensor da Europa integrada. Basta olhar para as opções remanescentes fora

dessa alternativa: recrudescimento dos nacionalismos, e divisões internas, tendentes a separatismos ainda mais restritos,

da Bélgica à Escócia, dos catalães aos bascos.

Na ótica da história das sociedades humanas, feitas de períodos de dominação, onde se sucedem ‘tipos culturais

históricos’, da mesma forma que se falou em supremacia romana ou germânica, Nikolai Yakovlevich DANILEVSKI (1822-

1885), com seu ensaio Rossiya i Evropa (1869, 1871, 1895) A Rússia e a Europa, causou grande barulho: anunciava o

advento próximo da dominação eslava. No espaço eslavo, no tempo histórico de sua dominação, o eslavismo seria o ideal

supremo, que prevaleceria sobre todas as aspirações humanas, liberdade, sentimento nacional, saber, educação, ciência, e

tudo o mais. A essas ideias dispersas, o eslavismo daria sentido e coerência. Nisso foi elogiado por TOLSTÓI e

DOSTOIEVSKI.

Depois das duas guerras mundiais, e de uma série de revoluções – ou golpes de estado, conforme o ponto de

vista – mesmo se ideia que unia esse conjunto era estranha ao eslavismo de DANILEVSKI, a profecia deste parecia ter se

concretizado: em meados do século XX, a dominação eslava estendia-se do Báltico ao Adriático. As fronteiras desse

espaço eslavo foram praticamente as mesmas, antes descritas por DANILEVSKI, quando a Europa se viu dividida em duas

partes, cortada por linha visível, marcada por muros, por arame farpado, por controles de fronteiras.

Essa Europa comunista ou socialista de fato ou capitalista de estado, durou quatro décadas, controlada por mão

de ferro pela extinta URSS – e Alemanha oriental, em 1953, a Hungria, em 1956, a Tchecoslováquia, na primavera de

Praga, em 1968 – sentiram os limites da tolerância e da aceitação do revisionismo. Mas, interessa ver, nessa desvanecida

variante moderna, sob as aparências da ideologia de MARX, a retomada da concepção e do sonho dominador de NICOLAU I,

o ‘policial da Europa’. Existe semelhança com os anseios dos pan-eslavistas, de um império russo com extensão maior do que

este chegou a ter? Ou se tratou de comunidade de povos de tipo inédito, como a história ainda não tinha visto nascer? A essas

questões, o regime da antiga URSS dava a sua resposta e conferia à “Europa do Báltico ao Adriático” a sua legitimidade:

aquela era a legitimidade revolucionária, pois o ‘sistema socialista europeu’ seria, após a revolução russa, a segunda leva da

revolução mundial. Revolucionária, essa Europa agrupava estados irmãos, unidos pela adesão à mesma ideologia, o

comunismo. Nesse espaço geográfico e ideológico, havia o reinado da paz entre os homens e as nações. Além desse espaço,

estava o domínio dos conflitos. Nesse espaço, haveria igualdade; além dele, reinaria a dominação.

Se o verdadeiro socialismo tem essência democrática, é defensor do espírito crítico e da liberdade intelectual, que

considera valores inseparáveis da luta pela justiça social, contudo, a prática do socialismo real nas antigas repúblicas do

bloco soviético parece ter ficado muito aquém de tais expectativas.

Sintoma desse antigo pan-eslavismo seria talvez ainda a ferrenha oposição russa ao reconhecimento da

independência do Kosovo, que se fez em 2008. E nesta oposição foi solidário o Brasil, de modo pouco fundamentado, mas

manifestou-se contrariamente, como terceiro interveniente, no parecer de 2010, da Corte Internacional de Justiça sobre a

independência do Kosovo. Foi solidário o Brasil, mas pra quê?

Os princípios regendo a sucessão de estados da antiga União soviética foram acordados na Declaração de

Alma-Ata, de 21 de dezembro de 1991, adotada pelo Conselho dos chefes de estado da Comunidade de estados

independentes (CEI). Se não inova em termos conceituais, ao menos permitiu transição ordenada e pacífica, sob a égide do

direito internacional.

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Ante o cansaço das formas conhecidas e o desencanto com os modelos tradicionais de ordenar a convivência

entre vizinhos, surge a sigla dos ‘BRIC’, depois BRICS. Meio ao acaso, lançada por operador do mercado financeiro, como

a ideia de fenômeno para o qual se buscou abreviatura, para designar algo que se percebia, sem ainda conhecer bem os

contornos, parecem ter gostado da ideia os estados interessados e ao se dizerem ‘por que não’, começam a se reunir

enquanto BRIC e desde 2011, por convite da China, como BRICS, com a África do Sul agregada ao time, embora esta

ainda tenha de se decidir se e quanto quer efetivamente ser parte desse grupo de grandes.

Qual a missão dos BRICS? Não se trata somente de secos e molhados, por favor, não venham tentar nos

impingir mais um acordo de livre comércio. Quantos existem registrados na secretaria da Organização Mundial do Comércio

e que para pouco ou nada servem na realidade? Disso estamos fartos.

A missão dos BRICS, como tenho proclamado, em várias ocasiões anteriores, e vários dos colegas, aqui

presentes, neste nosso seminário, desde Salamanca, em abril de 2011, em São Petersburgo, em setembro de 2011, em

Roma, em maio de 2013, e ora em São Paulo, em setembro de 2013, já ouviram e devem se lembrar, eu digo e repito, e

ainda acredito, pode ser mudar o mundo. E isso não como tentativa hegemônica, de uso da força bruta, e a força pode ser

militar ou economicamente bruta, mas com o poder das ideias e a convicção de que o direito internacional é a ferramenta

para mundo melhor.

Se e quanto os BRICS realizarão esse ideal ainda está para ser comprovado. Mas deixem-me, ao menos por

enquanto, manter essa esperança e apregoar essa convicção. Isso depois de ter acreditado durante anos na integração

interamericana – que tão pobre de resultados se mostrou, e ter sido obrigado a certo distanciamento e desencanto diante

dos tortuosos meandros adotados pela integração europeia, mesmo se ainda acredito nas realizações desta, vem, agora

essa nova esperança. Essa esperança BRICS combina elementos da história, do direito internacional, da multipolarização

do mundo, em receita com elementos novos, para possível resultado, todavia não experimentado.

Como os BRICS possam efetivamente construir esse mundo, ainda não está determinado. Mas, ainda não ficou

totalmente excluído. Ainda pode ser que alcancem algo novo e relevante para si próprios e para o conjunto do mundo.

Ainda posso esperar que a reformas das instituições financeiras multilaterais desenhe novo mapa do mundo.

Como disse em seminário na Universidade de Leiden, em maio deste ano, seria muito divertido ver a sede do Banco

Mundial ser deslocada para Beijing, caso a participação da China ultrapasse a dos EUA no capital da instituição. Ao que foi

objetado que parecia haver certo ‘subtom antiamericano’ nesse discurso: mais do que isso, deixem de se ver como os

centros de tudo, existe a percepção da necessidade de mundo multipolar. Mas, para isso, o mundo tem de passar a existir e

operar de modo multipolarizado.

Os erros do passado são muitos. As omissões não são menores. Durante algumas décadas, diálogo franco e

aberto entre a ditadura militar brasileira e a ditadura do proletariado soviética eram impossíveis. Mas, quanto mudaram os

dois países, desde o final dos anos 1980 – por aqui a redemocratização e a adoção da Constituição de 1988, e na Rússia,

as enormes transformações, desde a Perestroika de GORBACHEV, passando por IELTSIN, PUTIN, MEDVEDEV e

novamente PUTIN. Mas poderia ser ampliado nosso diálogo.

Em tantas coisas podemos atuar juntos. Em outras claramente adotam-se posições discordantes. Os BRICS mais a

Alemanha estiveram de acordo, em relação à crise na Líbia. A situação não se coordena do mesmo modo em relação à Síria.

Digo aos meus colegas russos que fizemos alguns progressos relevantes em matéria de inserção do Brasil no

sistema internacional de proteção dos direitos fundamentais: não somente no âmbito da ONU, mas também por aceitar, há

mais de vinte anos, a jurisdição da Corte Interamericana de direitos humanos, com vários casos julgados, relacionados com

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o Brasil. E embora o Brasil ainda seja país no qual se pratica violência contra homossexuais, fizemos progresso

considerável, sendo um dos quinze países do mundo que até aqui aceitam o casamento de pessoas do mesmo sexo, por

construção da jurisprudência, mesmo sem norma específica. Mas, ao menos, nunca houve legislação anti-gay neste país.

A história sempre tem e mantém o seu peso. Mas, por sorte o determinismo geográfico e o materialismo histórico

se mostraram menos flexíveis que a realidade, que muda e se adapta, muito mais e além do que comportam as teorias

absolutistas de explicação do mundo.

A guerra fria custou muito para o mundo. Mas finalmente teve seu fim. Passou para a história. Mesmo depois dos

desmandos nos desastrosos anos pós-guerra fria, os Estados Unidos ainda parecem ver o mundo como espaço de

confrontação: nós contra eles. E se não mais existe a URSS como inimigo público número 1, venha a República popular da

China ocupar esse lugar. Parecem precisar de inimigos declarados, para se sentirem mais a si próprios. Daí se viu pouco

poder ser esperado, como visão abrangente e inclusiva, para mudar o mundo.

Os BRICS podem ser canal e caminho além da mais que superada confrontação entre ‘ocidente’ e ‘oriente’, na

qual se bate o mundo há séculos – há quem diga, mais de 2500 anos, se contado o fenômeno desde as guerras entre os

antigos gregos e os persas. Até a atual histeria norteamericana e israelense com o Irã.

Disse antes e ainda repito que espero ainda que os BRICS possam ser canal e caminho para a construção de

modalidades de diálogo e de interação entre civilizações e visões estratégicas, por vezes confluentes, por vezes

antagônicas. Podem não ser simplesmente mais do mesmo.

Mas os BRICS ainda não mostraram tudo o que podem contribuir. Ainda precisam construir bases e determinar

prioridades, em relação às quais se empenhem, e pelas quais lutem para consolidar novos espaços de interação e de

cooperação, na escala do mundo.

Na construção dos BRICS é preciso que se instaurem e se ampliem canais de diálogo. É preciso aprender a nos

conhecermos e convivermos, para podermos trabalhar juntos. É preciso vencer as barreiras mentais, que nos atrelam aos

modos já conhecidos e já experimentados de ver e de operar o mundo. Essas barreiras mentais são menos claras e mais

difíceis de serem derrubadas do que as barreiras físicas.

Esse distanciamento que decorre de pouco conhecimento recíproco e de muitas ideias pré-concebidas se vê de

maneira gritante nas relações entre Brasil e Rússia: quanto desconhecimento; quão pouco se sabe um do outro; quanto

ainda precisa ser divulgado e conhecido. Desde os dados básicos, até as grandes ideias e as realizações do espírito, de um

e de outro lado. Quanto mais podemos dialogar e interagir; mas precisamos de pontes e canais abertos de comunicação.

Muito ainda está para ser feito. E iniciativas como foram as anteriores, em São Petersburgo, em Roma e em

Salamanca, e, no mesmo sentido, se propõe a presente, se inscrevem no sentido dessa busca e da consecução desse

ideal. Por isso, importa não sejam lampejos isolados, mas destas boas iniciativas façamos trabalho institucionalmente

organizado e que possa ter continuidade. Como se propõe com a ideia do círculo LANGSDORFF de reflexão Brasil-Rússia.

Nas relações Brasil-Rússia, embora passados quase duzentos anos, desde que ele aportou no Rio de Janeiro, é

melhor ter como inspiradora a figura de Gregory Ivanovich (Georg Heinrich von) LANGSDORFF (1774-1852), do que a

personagem do malandro Ostap Bender, personagem esta de implicação cômica particular para o leitor brasileiro, dado que

o malandro sonha enriquecer e vir para cá, gozar a vida em meio às palmeiras, tal como foi criado por ILF e PETROV.

Foram direto ao alvo os satiristas mais famosos do primeiro período soviético, pseudônimos de Ilia Arnoldovitch

FAINZILBERG (1897-1937) e Ievguéni Pietrovitch KATÁIEV (1903-1942), com a criação de Ostap Bender, que protagoniza

os romances As doze cadeiras e O bezerro de ouro (1931). Essa é figura marcante: o malandro quer enriquecer

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fabulosamente, para a seguir fugir do frio soviético, e vir para o Brasil! O país “onde todos vestem calças brancas”

Foi transformado em verdadeiro chavão esse anseio. Tendo por alvo o Brasil.

Mesmo se o malandro Ostap Bender é mais realista e mais próximo de nossa realidade presente, a figura

emblemática de LANGSDORFF nos propõe bases mais amplas, na sua múltipla ação, como médico, como botânico, como

zoólogo, como antropólogo, como filólogo, como viajante-naturalista, como navegador, como geógrafo e etnógrafo, mas

sobretudo como cidadão do mundo. Terminaria, assim, esperando que nos inspire LANGSDORFF, no trabalho do círculo

de reflexão Brasil-Rússia, especialmente no campo do direito internacional, em que tão pouco trabalho, conjunto e

comparativo, se fez até aqui. Mesmo sem esquecer que individualmente LANGSDORFF perdeu a saúde nos anos em que

viveu no Brasil, essa terra que ele amava, e tanto se empenhou em conhecer e fazer descobrir, mas que o fez enlouquecer.

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la Russie fut l’objet aux XVIIIe, XIXe et XXe siècles: l’invasion suédoise, pendant la Grande Guerre du Nord, l’invasion de Napoléon

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au temps de la Guerre nationale de 1812; la trilogie devait s’achever par un livre sur le geste héroïque du peuple soviétique, dans

la période de la Grande guerre nationale de 1941-1945. Une même idée inspirait les trois volets de ce tryptique: montrer la faillite

des efforts des agresseurs pour asservir à force ouverte les peuples de la Russie, montrer l’héroìsme des masses populaires, en

tant que la force décisive qui assura la victoire sur les envahisseurs.»

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sobre los períodos de la historia universal. Arrancando de ahí, se distinguen los siguientes tipos de derecho internacional: 1) el

derecho internacional de la sociedad esclavista; 2) el derecho internacional de la sociedad feudal; 3) el derecho internacional

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independentes (CEI). Como organização internacional de cooperação, agrupando a Federação da Rússia e as demais antigas

repúblicas soviéticas –exceto os três estados bálticos – a CEI tinha sido criada pelo Acordo de Minsk, de 13 de dezembro de 1991.

A norma geral, adotada pela Declaração de Alma Ata foi no sentido de manter, para o conjunto dos estados sucessores, todos os

vínculos jurídicos internacionais, previamente acordados pela U.R.S.S.

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Правовые средства защиты от недобросовестной конкуренции в Российской Федерации и сотрудничество в рамках БРИКС

Anna Lapteva∗

1. Сотрудничество в области конкуренции в рамках БРИКС

По итогам пятого саммита БРИКС, состоявшегося в марте 2013 г., была обнародована Этеквинская

декларация и Этеквинский план действий, в которых нашли отражение общие подходы стран БРИКС по актуальным

вопросам многостороннего сотрудничества.

Одним из направлений такого сотрудничества (п.19 декларации) стало взаимодействие в области малых и

средних предприятий (далее - МСП). В развитие указанных положений пп. а) и в) п.18 Концепции участия

Российской Федерации в объединении БРИКС, утвержденной Президентом Российской Федерации, указывают на

необходимость «создания более благоприятных условий для развития взаимной торговли <…> развития

сотрудничества по вопросам конкурентной политики».

Одной из причин устойчивого развития МСП является наличие конкурентной среды, которая играет

решающую роль в повышении качества продукции, работ и услуг, снижении производственных затрат, в освоении

технических новинок и открытий. Между тем одним из ее постоянных спутников конкуренции является

недобросовестная конкуренция, которая, напротив, снижает уровень предпринимательской активности, качество

товаров, работ и услуг. Поэтому современные государства заинтересованы в том, чтобы предупреждать и

пресекать подобного рода явления. Как следствие, большинство стран пошло по пути создания законодательства,

регулирующего отношения в данной области, а также интернационализация сферы борьбы с недобросовестной

конкуренцией

2. Модели правового регулирования отношений, складывающихся в связи с недобросовестной

конкуренцией

В научной юридической литературе традиционно выделяют две модели конкурентного права

(американская и европейская).

Американская модель (в данном случае имеется в виду право США) направлена на запрет монополии, в

том числе актов недобросовестной конкуренции (в рамках монопольного законодательства существует ряд норм,

касающихся недобросовестной конкуренции). Запрет означает, что предусмотренные законом акты

монополистической деятельности считаются незаконными как таковые, независимо от оценки степени их

воздействия на конкуренцию.

Европейская (Западно-европейская) модель строится на принципе регулирования и контроля

монополистической деятельности, т.е. осуществление монополистической деятельности допускается постольку,

поскольку это не нарушает свободу конкуренции. Другими словами, незаконной является не всякая

монополистическая деятельность, а лишь та, которая несет негативные для общества последствия. Одновременно ∗Faculdade de Direito da Universidade – Escola Superior de Economia, São Petersburgo.

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с законодательством, обеспечивающим контроль над монополиями, существует специальное законодательство о

недобросовестной конкуренции.

Однако необходимо отметить, что в настоящее время происходит постепенное стирание некогда четких

граней каждой модели, постепенная унификация норм и принципов права.

3. Правовое регулирование отношений, складывающихся в связи с недобросовестной конкуренцией в

Российской Федерации

Российским законодателем в целом воспринят опыт европейской системы антимонопольного

регулирования (ограничение и контроля монополистической деятельности). Так, Федеральный закон от 26.07.2006

№ 135-ФЗ «О защите конкуренции» (далее – Закон «О защите конкуренции») распространяется на отношения,

которые связаны с защитой конкуренции, в том числе с предупреждением и пресечением монополистической

деятельности и недобросовестной конкуренции.

Однако система российских источников правового регулирования отношений в сфере борьбы с

недобросовестной конкуренцией имеет определенную специфику.

Во-первых, она построена на множественности источников, которые имеют разноуровневый по

юридической силе характер и принадлежат к различным отраслям права.

Во-вторых, в ней существуют общие положения, присущие не только институту защиты от

недобросовестной конкуренции, но и институту защиты от монополистической деятельности. Последнее довольно

активно обсуждается в научной юридической литературе.

В частности, некоторые авторы, ссылаясь на зарубежный опыт, считают такое «сосуществование»

неэффективным, мотивируя это тем, что подобное совмещение способствует смешению сферы регулирования

антимонопольного законодательства и законодательства о защите от недобросовестной конкуренции.

Другие авторы, напротив, пишут о необходимости идти по пути дополнения существующих видов

недобросовестной конкуренции новым «развернутыми составами правонарушения».

Представляется, что ближе к истине является позиция авторов, критикующих совмещение

антимонопольного законодательства и законодательства о защите от недобросовестной конкуренции в оном акте.

Обоснование видится в том, что с одной стороны, эти явления «монополистическая деятельность» и

«недобросовестная конкуренция» взаимосвязаны между собой, с другой – наличие этой взаимосвязи не ведет

автоматически к потребности их регулирования в рамках одного правового акта. Так как для включения этих

институтов в один нормативно-правовой акт необходимо, чтобы они имели однородную правовую природу, как

следствие, схожее правовое регулирование. Однако вряд ли можно согласиться с однородной правовой природой

указанных явлений.

Таким образом, институт недобросовестной конкуренции входит в комплексную отрасль законодательства

конкурентное право, в которой в единых нормативных актах закреплены нормы как гражданского, так и

административного права.

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4. Понятие недобросовестная конкуренция в законодательстве Российской Федерации

В п. 9 ст. 4 Закона «О защите конкуренции» закреплено легальное определение понятия «недобросовестная

конкуренция», из которого в научной юридической литературе выводят следующие его характеристики:

- наличие действия хозяйствующего субъекта или группы лиц;

- направленность действия на получение преимуществ при осуществлении предпринимательской

деятельности;

- противоречие действия законодательству Российской Федерации, обычаям делового оборота, требованиям

добропорядочности, разумности и справедливости;

- наличие действительных или потенциальных убытков у хозяйствующего субъекта - конкурента, возникших

вследствие осуществленных действий;

- наличие действительного или потенциального вреда, причиненного деловой репутации хозяйствующего

субъекта - конкурента вследствие осуществленных действий.

Специалистами в области конкурентного права отмечается, что указанное легальное определение не в

полной мере согласовывает с понятием «недобросовестной конкуренции», закрепленным в Парижской конвенции

по охране промышленной собственности.1 Поскольку в соответствии с российским законодательством

недобросовестной является не конкуренция, а отдельный ее фрагмент, да и то при условии, что действия

хозяйствующих субъектов, направленные на получение преимуществ при осуществлении предпринимательской

деятельности. Т.е., российская модель определения недобросовестной конкуренции уже конвенционной модели

потому, что наш законодатель придает еще целый ряд дополнительных признаков действиям хозяйствующих

субъектов.

5. Защита от актов недобросовестной конкуренции

В российской доктрине получила распространение терминологическая дифференциация форм защиты на

две ее разновидности: юрисдикционную и неюрисдикционную.

Юрисдикционная форма защиты в содержательном плане включает общий и специальный порядок защиты

прав и охраняемых законом интересов хозяйствующих субъектов.

Общий порядок защиты характеризуется реализацией права на защиту посредством обращения

хозяйствующего субъекта в суд, который, исходя из объекта защиты, использует различные процессуальные

формы. Поскольку акты недобросовестной конкуренции совершаются, как правило, в сфере предпринимательской

деятельности, защита прав и охраняемых законом интересов хозяйствующих субъектов главным образом

осуществляется системой арбитражных судов.

Система арбитражных судов определена Федеральным конституционным законом от 28 апреля 1995 г. № 1-

ФКЗ «Об арбитражных судах в Российской Федерации». Элементами указанной системы являются:

1Согласно п. 2 ст. 10.bis указанной Конвенции актом недобросовестной конкуренции считается всякий акт конкуренции, противоречащий честным обычаям в промышленных и торговых делах.

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- федеральные арбитражные суды округов (арбитражные кассационные суды);

- арбитражные апелляционные суды;

- арбитражные суды первой инстанции в республиках, краях, областях, городах федерального значения,

автономной области, автономных округах (арбитражные суды субъектов Российской Федерации);

- специализированные арбитражные суды (Суд по интеллектуальным правам).

Специальный порядок защиты от недобросовестных конкурентных действий реализуется посредством

обращения в антимонопольный орган, который в пределах своих полномочий возбуждает и рассматривает дела о

нарушении антимонопольного законодательства, принимает по результатам их рассмотрения решения и выдает

соответствующие предписания.

Процедура рассмотрения дел о нарушении антимонопольного законодательства предполагает свою

процессуальную форму, которая значительно отличается от процессуальной деятельности судебных органов.

По окончании рассмотрения дела о нарушении антимонопольного законодательства комиссия принимает

решение, а также может выдать предписание. Перечень возможных предписаний, выдаваемых антимонопольным

органом хозяйствующим субъектам и обязательных для исполнения, содержится в п. 2 ч. 1 ст. 23 Закона «О защите

конкуренции» (например, о прекращении недобросовестной конкуренции).

Неюрисдикционная форма защиты не предполагает обращение управомоченного лица в компетентные

органы и имеет место при самозащите гражданских прав, а также при применении мер оперативного воздействия.

Поскольку акты недобросовестной конкуренции, как правило, имеют информационную природу, то

самозащита может осуществляться посредством использования весьма ограниченного круга юридических

инструментов, например, фактические меры по усилению степени охраны информации, составляющей

коммерческую или служебную тайну.

К мерам оперативного воздействия в данном случае можно отнести, например, публикацию в СМИ

опровержения сведений, не соответствующих действительности и порочащих честь и достоинство гражданина или

организации (ст.46 Закона «О средствах массовой информации»), или реализацию права на ответ (ст.46 Закона «О

средствах массовой информации»)

6. Заключение

Очевидно, что необходима интернационализация сферы борьбы с недобросовестной конкуренцией, поскольку, с

одной стороны, существует глобальная взаимозависимость национальных экономик, с другой – страны БРИКС

заинтересованы в создании благоприятных условий для развития взаимной торговли. Но для этого необходимо

знать правовую среду страны – партнера. В связи с этим представляется весьма актуальным исследование

особенностей бразильского законодательства в данной области

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Правовые основы регулирования газовой промышленности в странах БРИКС: современное состояние и перспективы развития

Alexander Volkov∗

Введение:

Международное и внутринациональное право, являясь независимыми правовым системами, все же не

существуют раздельно. Их отношение можно оценить как взаимозависимость. С одной стороны национальный

законодатель должен считаться с принятыми на себя международными обязательствами, а с другой, при

разработке международных соглашений не возможно игнорировать существующего внутринационального

регулирования под угрозой разработки неэффективных и даже «мертвых» норм.

Именно по этому при последующем формировании правовых норм в сфере газовой промышленности на

уровне БРИКС является принципиальным знать существующее внутринациональное право в данной сфере,

выявить тенденции и перспективы его развития.

Прежде всего, необходимо оценить состояние и перспективы развития отрасли в различных государствах

БРИКС, что позволит нам оценить потребности в регулировании, его содержательную направленность.

Из пяти государств БРИКС только Российская Федерация является экспортером природного газа (на нее

приходится более четверти (32,9 трлн. куб. м., 17,6%) всех подтвержденных мировых запасов «голубого топлива»).

Остальные страны в разной степени — его импортеры1. В КНР насчитывается 3,1 трлн. куб. м., 1,7% мировых

запасов; в Индии – 47 трлн. куб. м., 0,3% мировых запасов (при этом следует иметь в виду, что более 50%

осадочных бассейнов полностью не изучены2); в Бразилии - 0,5 трлн. куб. м., 0,3% мировых запасов (появилась

техническая возможность разработки месторождений, таких как, Юпитер и Тупи, природный газ которых

сосредоточен, в так называемых, предсолевых (pre-salt) слоях недр (нефть, газ находятся под осадками солей на

глубине более 7 км.).3 Данные месторождения, по образному выражению Президента Бразилии, Луиcа Инасиу Лула

да Силва, была названы «даром Бога», «бразильским паспортом в будущее»4[4]); в ЮАР – 0,27 трлн. куб. м., 0,2%

мировых запасов (в соответствии с последним обзором Администрации по информации в сфере с энергетики США,

в ЮАР могут быть значительные шельфовые месторождения: до 147 миллионов куб. м. технически извлекаемого

природного газа в бассейне Кару5).6

При этом все эти страны (за исключением, РФ) испытывают настоящий голод до энергетических ресурсов,

вызванный относительно высокими темпами экономического развития. Более того, природный газ как более

∗Faculdade de Direito da Universidade – Escola Superior de Economia, São Petersburgo. 1Информацию о запасах энергетических природных ресурсах государств участников см.: Energy Information Administration // URL:

http://www.eia.gov/countries (Дата обращения: 20 июля 2011 г.). 2Bath D.S. Legal Aspects of Oil and Gas Projects in India // Australian Mining and Petroleum Law Journal, № 221, 1999. P. 221. 3Информация о том, что на континентальном шельфе сосредоточены значительные запасы природного газа была доступна уже в 50-ых гг., но до начала XXI в. не было технической возможности по осуществлению добычи // Ball A., Galhardo P. In Search of Brazil’s Better Self: The Proposed Pre-Salt Regulatory Framework // Currents International Trade, Winter 2009. P.16.

4Ball A., Galhardo P. In Search of Brazil’s Better Self: The Proposed Pre-Salt Regulatory Framework // Currents International Trade, Winter 2009. P.16.

5U.S. Energy Information Administration // http://www.eia.gov/countries/cab.cfm?fips=SF (Дата последнего обращения: 20.08.2013). 6BP Statistical Review of World Energy June 2013 // http://www.bp.com/content/dam/bp/pdf/statistical-

review/statistical_review_of_world_energy_2013.pdf

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эффективный ресурс, экологический ресурс оказывается более востребованным. Проблема главным образом

решается путем осуществления импорта природного газа, однако в последнее время Правительства начали

ориентироваться и на собственное производство, для чего требуется не только инфраструктура, капиталы (в том

числе иностранные), но и качественное правовое регулирование.

В РФ также есть свои проблемы с развитием отрасли. Государство нуждается в организации более

активной добычи природного газа, за счет «аккуратного» создания конкурентной среды и создания благоприятного

инвестиционного климата, что также обеспечивается посредством качественного правового регулирования.

Источники правового регулирования

Государства БРИКС можно подразделить на две группы: в которых существует кодифицированное

законодательство в газовой сфере (РФ7, Бразилия,8 ЮАР9) и тех, в которых таковое отсутствует: Индия,10

Китай.11

Регулирование в рамках БРИКС является международным, в связи с этим, полагаю, уместным

остановиться и на вопросе соотношения международного права и внутринационального. Опять же можно выделить

три группы стран. К первой относится РФ: в соответствии со ст.15 Конституции РФ международные акты обладают

высшей юридической силой. В Основных законах Бразилии, ЮАР и Индии, если не учитывать некоторых нюансов,

7Специальное законодательство представлено федеральными законами от 21 февраля 1992 г. «О недрах», от 30 декабря 1995 г.

«О соглашениях о разделе продукции», от 25 февраля 1999 г. «Об инвестиционной деятельности в Российской Федерации, осуществляемой в форме капитальных вложений», от 31 марта 1999 г. «О газоснабжении в РФ», от 9 июля 1999 г. «Об иностранных инвестициях в Российской Федерации», от 17 августа 1995 г. «О естественных монополиях».

8Специальное законодательство Бразилии представлено законом № 9.478 от 6 августа 1997 г. (так называемый «Нефтяной закон»), которым окончательно прекращалась монополия «Petrobras» (отменен закон № 2.004). Для обеспечения конкуренции и развития отрасли актом учреждались Национальный совет по энергетической политике (CNPE) и Национальное агентство нефти и газа (ANP). 3 марта 2009 г. был принят, так называемый, «Газовый закон» № 11.909, непосредственно предназначенный для урегулирования отношений в области транспортировки, переработки, хранения, торговли природным газом. Следует отметить, данный акт не распространяется на добычу природного газа, являющуюся по-прежнему предметом регулирования «Нефтяного закона». Бразильское законодательство отличается ясностью, стройностью, относительно высоким уровнем юридической техники. Единственный его недостаток, пожалуй, - «молодость», как следствие, неминуемо возникновение проблем с толкованием, отмиранием норм, что также вносит неопределенность в регулирование.

9Отнесение к этой группе стран ЮАР является спорным, однако в этой стране существует специальное законодательство именно в газовой сфере. Legal gas regulation is fixed in the Petroleum Products Act № 120 of 1977 with amendments introduced by Petroleum Products Amendment Act № 2 of 2005; Central Energy Fund Act № 38 of 1977; Mining Titles Registration Act of 1977 with amendments introduced by Mining Titles Registration Amendment Act № 24 of 2003; Central Energy Fund Amendment Act № 48 of 1994; Gas Act № 48 of 2001 [ with amendments introduced by Amendment Act № 40 of 2004; Mineral and Petroleum Resources Development Act № 28 of 2002 with amendments introduced by Mineral and Petroleum Resources Development Amendment Act № 49 of 2008; Gas Regulator Levies Act № 75 of 2002; National Energy Regulator Act № 40 of 2004; National Energy Act № 34 of 2008; Mineral and Petroleum Resources Royalty Act № 28 of 2008 etc.

10The Union has passed series of legislations relating to petroleum and petroleum products (gas): Petroleum Act, 1934; Oil Fields (Regulation and Development) Act, 1948; The Mines Act, 1952; the Mines and Minerals (Development) Act, 1957; Industries (Development and Regulation) Act, 1957; Petroleum and Natural Gas Rules, 1959; Petroleum and Minerals Pipelines (Acquisition of Right of User in Land) Act, 1962; The Oil Industry (Development) Act, 1974.

11Специальное законодательство в данной сфере представлено Положением Государственного Совета КНР от 11 октября 1986 г. «О поощрении иностранных инвестиций», в сфере недропользования — принятым после семилетней разработки Законом КНР от 19 марта 1986 г. «О минеральных ресурсах» (с изменениями от 29 августа 1996 г.). 26 марта 1994 г. Государственный Совет КНР принял Постановление «О правилах реализации Закона КНР “О природных ресурсах”». В дополнение 12 февраля 1998 г. в связи с внесением изменений в закон были приняты еще три подобных постановления.

Помимо указанных актов, основой правового регулирования отрасли являются еще два акта: постановления Государственного Совета КНР от 30 января 1982 г. «Использование нефтяных ресурсов на континентальном шельфе c участием иностранных инвесторов» и от 7 октября 1993 г. «Использование материковых нефтяных ресурсов c участием иностранных инвесторов».

В настоящее время в КНР действует свыше двухсот нормативных актов, определяющих различные аспекты отношений с иностранными инвесторами. В целом, китайское законодательство нуждается в совершенствовании, приведении в соответствие с международными обязательствами государства. Кроме того, действуют «скрытые правовые акты». Они не опубликованы, о них осведомлены лишь сотрудники государственных органов.

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указывается на равную юридическую силу и как следствие относительный, но все же приоритет национального

права (так как в таком случае будет действовать правило о приоритете специальной нормы или более позднее

принятого закона, что в любую минуту могут осуществить национальные законодательные органы). В то время как в

КНР ни в Конституции, ни в законодательстве не зафиксировано общих способов разрешения коллизий. В Законе

«О процедурах заключения соглашений» не содержится положений о приоритете в применении норм

международного договора перед нормами национального закона и о возможности прямого действия норм

международного договора на территории Китая.12

Кроме того, в некоторых странах БРИКС существуют специализированные органы (помимо министерств)

подзаконного регулирования. В РФ это Федеральная служба по тарифам, в Бразилии - Национальное агентство

нефти и газа (ANP). В Индии и ЮАР таких органов два: в сфере добычи в Индии - Общий директорат по

углеводородам, Нефтяное агентство в ЮАР, в сфере транспортировки, распределения и торговли – Управление по

регулированию нефти и природного газа и Национальный энергетический регулятор ЮАР соответственно. И лишь

в Китае подобный орган так и не был создан.

Правовое регулирование добычи природного газа

Формы доступа

Правовой формой доступа к геологическому изучению и добыче природных ресурсов в Китае и ЮАР

является лицензия. В Индии, наоборот, с 1997 г. применяется договорная форма – соглашения о разделе

продукции, заключаемые по результатам проведения торгов.

В соответствии с «Нефтяным законом» Бразилии работы по добыче осуществляются на основе договора

концессии (заключаемого по результату проведения публичных торгов) или соглашения о разделе продукции

(последнее будет применяться только по отношению к предсолевым месторождениям и районам провозглашенным

Правительством «стратегическими»). Соглашение о разделе продукции13 заключается на срок 35 лет с

консорциумом предприятий, при этом компания «Petrobras» является единственным оператором, ответственным за

реализацию проекта по изучению, разработке месторождения.

В РФ законодательно закрепляются также две формы осуществления добычи природного газа:

лицензионная (лицензии распределяются по результатам проведения конкурса или аукциона) и на основании

соглашения о разделе продукции. Несмотря на преимущества СРП, данная модель может обеспечить реальный

приток инвестиций, на инфляцию, отсутствие стройной налоговой системы, наличие политической и

законодательной нестабильности,14 участки недр по соглашению о разделе продукции в настоящее время не

предоставляются.

Таким образом, лишь в двух странах используется договорная форма доступа (Бразилия, Индия), во всех

остальных лишь лицензионная. Отличительная черта практики реализации законодательства государств БРИКС в

независимости от формы доступа – доминирование в добыче компаний, контролируемых государством: в РФ –

12У Цюаньлэй. Проблемы соотношения международно-правового и национального регулирования иностранных инвестиций в КНР: Публично-правовой аспект. Автореф. дис. ... канд. юрид. наук. Казань, 2008. C. 20.

13Модель используется в странах с большими запасами природных ресурсов и незначительными рисками осуществления работ по геологическому изучению и добыче // Ball A., Galhardo P. In Search of Brazil’s Better Self: The Proposed Pre-Salt Regulatory Framework // Currents International Trade, Winter 2009. P.18.

14Конопляник А., Субботин М. «Природные» комитеты сражаются с национальной экономикой // http://www.yabloko.ru/Publ/Srp-ks/srp-ks-3.html (дата обращения: 22 июня 2012 г.).

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ОАО «Газпром», в ЮАР - Petroleum Oil and Gas Corporation of South Africa (PetroSA), в Китае - «China National

Petroleum Corporation» (CNPC), а также «China Petrochemica Corporation» (SINOPEC) и CNOOC, в Бразилии –

Petrobras, в Индии - «Oil and Natural Gas Corporation» (ONGC)15 и «Oil India Limited» (OIL).

Участие иностранных инвесторов

Среди государств БРИКС целесообразно выделить страны (Индия, ЮАР, Бразилия), которые создают

максимально благоприятный климат для иностранных инвесторов, где нет особых ограничений для инвесторов и

допускается осуществления добычи со 100% иностранным капиталом.

Cущественные ограничения введены в законодательством РФ и КНР. В КНР назначенные

государственные компании «China National Petroleum Corporation» (CNPC), а также «China Petrochemica Corporation»

(SINOPEC) и CNOOC ответственны за сотрудничество с иностранными партнерами. С разрешения Министерства

экономики они заключают с иностранным инвестором так называемое соглашение о разделе продукции (Production

Sharing Agreement).16 Его содержание отличается от того, которое придается подобному контракту в России и

определяется в значительной степени модельным договором в редакции 2007 г.

В РФ по общему правилу действует национальный режим для иностранных инвесторов. Однако в силу

федеральных законов от 29 апреля 2008 г. были установлены некоторые ограничения. Их можно свести к

ограничениям на осуществление контроля над компаниями, осуществляющими геологическое изучение недр и

(или) разведку и добычу полезных ископаемых на участках недр федерального значения.17 Пользователями недр

на континентальном шельфе могут быть лишь юридические лица, которые созданы в соответствии с

законодательством Российской Федерации, имеющие не менее чем пятилетний опыт освоения участков недр

континентального шельфа Российской Федерации и в которых доля/вклад Российской Федерации в уставных

капиталах составляет более чем 50 %.

Правовое регулирование транспортировки природного газа

В РФ транспортировка газа относится к сфере естественных монополий; соответственно единая система

газоснабжения Российской Федерации принадлежит ОАО «Газпром». В законодательстве устанавливаются

15Oil & Natural Gas Commission was established on 14th August, 1956 as a statutory body under Oil & Natural Gas Commission Act (The

ONGC Act), for the development of petroleum resources and sale of petroleum products. ONGC was converted into a Public Limited Company under the Companies Act, 1956 and named as “Oil and Natural Gas Corporation Limited” with effect from February 1, 1994. By the way ONGC Videsh Limited (OVL)ONGC Videsh Limited (OVL), is a wholly owned subsidiary of ONGC, was incorporated as Hydrocarbons India Limited on March 5, 1965 for the business of international exploration and production. Its name was changed to ONGC Videsh Limited on June 15, 1989. The primary business of the company is to prospect for oil and gas abroad. This includes acquisition of oil and gas fields in foreign countries as well as exploration, production, transportation and sale of oil and gas.OVL has presence in 17 countries. It has 37 oil and gas projects. OVL has production of oil and gas from Sudan, Vietnam, Syria, Russia and Colombia.

16Как правило, он имеет название Petroleum contract и применяется также в отношении природного газа. 17Участки недр федерального значения выделяются в целях обеспечения обороны страны и безопасности государства. К участкам недр федерального значения относятся участки недр, содержащие месторождения стратегических видов полезных ископаемых (месторождения и проявления урана, алмазов и др.), а также месторождения, расположенные на территории субъекта РФ или территориях субъектов РФ и содержащие на основании сведений Государственного баланса запасов полезных ископаемых начиная с 1 января 2006 г. извлекаемые запасы нефти от 70 млн т, запасы газа от 50 млрд м3 и др. Также к участкам недр федерального значения отнесены участки недр внутренних морских вод, территориального моря, континентального шельфа РФ и участки недр, при пользовании которыми необходимо использование земельных участков, имеющих стратегическое значение для обеспечения обороны страны и безопасности государства (ст. 2 Закона № 58-ФЗ).

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некоторые гарантии недискриминационного доступа к сети любых предприятий (ст. 27). Однако в то же время

данные положения не являются достаточными для иностранных компаний, в силу потенциального ограничения

доступа, например, на основании технической невозможности. Кроме того, отказ в доступе к транзиту используется

как политический инструмент. Обжалование отказа возможно в антимонопольный орган или в судебном порядке.

Ставки за пользование магистральными газопроводами определяет Федеральная служба по тарифам.

В ЮАР NERSA, упомянутый газовый регулятор, выдает лицензии на строительство трубопроводов и их

эксплуатацию. Она же регулирует тарифы и следит за их недискриминационным примененением. Газовый

регулятор с согласия сторон в споре рассматривать споры. Важно отметить, что лицензии выдаются на различные

виды деятельности, например, отдельно на строительство, на хранение, эксплуатацию и тд. Деятельность

вертикально интегрированных компаний на разных уровнях рынка должна осуществляться раздельно с

использованием отдельных счетов, при этом не допускается обмен информацией и кросс-субсидирование.

В Индии до 2006 г. компания GAIL18 обладала монополией в газотранспортном секторе. В декабре 2006 г.

Правительство решило стимулировать строительство сетей, открыв рынок транспортировки, допустив частную

компанию, Reliance Gas Transportation Infrastructure Ltd (RGTIL) к осуществлению данной деятельности. Регулятор

PNGRB обеспечивает доступ третьих лиц в отношении одной трети мощностей и установливает транспортные

тарифы.19

В Бразилии до 1997 г. действовала монополия «Petrobras» на осуществление деятельности по

транспортировке. После вступления в силу «Нефтяного закона» компания учредила предприятие «Transpetro» для

осуществления независимого управления и обеспечения свободного доступа к сети. Принятие «Газового закона»

2009 г. имело целью гарантировать не только независимость деятельности по перевозке, но и привлечь новых

инвесторов в газотранспортный сектор. Отныне деятельность по транспортировке природного газа (строительство,

расширение и управление газопроводами) осуществляется на основе разрешения (используется лишь в случае,

если газопроводы являются предметом международных соглашений) или договора концессии, заключенного в

результате проведения торгов.

Транспортные тарифы, оплачиваемые заказчиками услуг по транспортировке природного газа по

газопроводам, управляемым на основании договора концессии, устанавливаются ANP с учетом результатов

проведении торгов.

Доступ к газопроводам осуществляется главным образом на основе договора оказания услуг по

транспортировке, в первую очередь в отношение свободных мощностей и только после их исчерпания

осуществляется доступ к зарезервированным неиспользуемым мощностям. Споры из договоров транспортировки

природного газа подлежат рассмотрению ANP, что не исключает последующего обращения в судебные органы, в

том числе в арбитраж.

18GAIL Ltd was incorporated in August 1984 as a Central Public Sector Undertaking (PSU) under the Ministry of Petroleum & Natural Gas

(MoP&NG). The company was initially given the responsibility of construction, operation & maintenance of the Hazira – Vijaypur – Jagdishpur (HVJ) pipeline Project. It was one of the largest cross-country natural gas pipeline projects in the world. Originally this 1800 Km long pipeline and it laid the foundation for development of market for natural Gas in India. GAIL, after having started as a natural gas transmission company during the late eighties, has grown organically by building large network of Natural Gas Pipelines covering over 9500 Km. Nowdays GAIL representing 78% of India’s transmission business. // http://www.gail.nic.in/final_site/successstory.html (Дата обращения: 12.08.2013).

19Official site of the Petroleum and Natural Gas Regulatory Board // http://www.pngrb.gov.in/newsite/the-act.html (Дата обращения: 12.08.2013).

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В КНР газопроводы принадлежат либо CNPC (80%), либо SINOPEC (20%). Данные компании

самостоятельно устанавливают транспортный тариф20 и не гарантируют право свободного доступа третьим лицам к

их инфраструктуре.21 То есть в данной сфере минимизировано государственное регулирование. В результате чего,

остальные компании имеют две опции: либо продавать газ компания-собственникам газопроводов на их условиях

или стараться реализовывать газ на локальных рынках.

Таким образом, в РФ и КНР действует монополия государственных компаний, занимающихся к тому же

добычей природного газа (в КНР при этом доступ третьих лиц к газопроводам вообще не обеспечивается). В Индии,

ЮАР и Бразилии также наблюдается монополизация транспортировки, однако при этом данные страны пытаются

отойти от монопольной практики, привлекая частные компании, в том числе с иностранным капиталом.

Неудивительно, что разделение видов деятельности (без разделения собственности), как основная гарантия

доступа, закрепляется в Бразилии и ЮАР (в Индии исторически такой проблемы нет).

Тарифы на осуществление транспортировки во всех странах БРИКС являются регулируемыми.

Правовое регулирование дистрибуции и торговли природным газом

В соответствии с Конституцией Бразилии 1988 г. регулирование распределения природного газа относится

к компетенции Штатов. Таким образом, каждый субъект Федерации имеет собственную модель построения

отношений. Однако основываются они на схожих принципах и институтах: договоре концессии по распределению

природного газа, лицензиях на строительство трубопроводов распределительной газовой системы и на

осуществление операций по ее управлению, тарифы по управлению и обслуживанию оборудования

устанавливаются регулирующим органом Штата с учетом затрат на инвестиции, управление и содержание при

соблюдении принципа разумности, транспарентности, публичности и учета специфики оборудования. Несмотря на

свободу усмотрения Штатов по регулированию в данной сфере, в итоге, из 27 распределительных компаний 18 в

той или иной степени контролируются «Petrobras».22

Распределительные компании обладают также монополией на реализацию природного трубопроводного

газа, осуществляемую на основе договоров купли-продажи природного газа, зарегистрированных ANP.

В отличие от Бразилии, в КНР отсутствует единое систематизированное законодательство, регулирующее

распределение и торговлю природным газом. В связи с тем, что в городах не может быть несколько

газораспределительных сетей, и распределительные организации не обязаны обеспечивать доступ к ним третьих

лиц, большинство компаний принадлежит и управляется местными правительствами. 27 декабря 2002 г.

Министерство строительства издало Мнения «Об ускорении перехода на рыночные условия муниципального и

публичного секторов». В результате, данная сфера была открыта для частных, в том числе иностранных, компаний.

По результатам торгов более 60 частных организаций получили лицензии на осуществление распределения в таких

городах как Шанхай и Гуандонг.23 При этом существует и еще одна тенденция: компания CNPC начала переговоры

с правительствами Хебей, Гангсу и других провинций на получение лицензий по распределению газа. Как 20Однако в пределах, установленных Правительством. Верхнее ограничение формируется из себестоимости газопровода и операций по управлению, плюс 12 % прибыли.

21Wei W., Peng X., Hou Y., Chen B., Du J., Wang G. Gas in China // The Impacts and Benefits of Structural Reforms in the Transport, Energy and Telecommunications sectors. APEC Policy Support Unit, 2011. P. 374.

22Официальный сайт независимого аналитического, статистического Центра энергетической информации США // http://www.eia.gov/cabs/brazil/Full.html (Дата обращения: 22.06.2013).

23Working Paper of the International Energy Agency. Natural Gas in China Market evolution and Strategy. 2009 // http://www.iea.org/publications/freepublications/publication/nat_gas_china.pdf (Дата обращения: 20.08.2013).

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следствие, возник риск, что крупные корпорации, непосредственно осуществляющие и добычу, и транспортировку

природного газа, будут иметь преимущество при проведении торгов, что приведет к закрытию газовой отрасли,

станет препятствием для появления новых игроков на рынке.

Тарифы купли-продажи природного газа устанавливаются местной дминистрацией с учетом стоимости

добычи, транспортирови и распределения природного газа. Особенность тарифного регулирования в Китае состоит

еще и в том, что цены различаются для промышленных и для бытовых потребителей, при этом тарифы для вторых

ниже (обычно первые выше в связи с более высокой себестоимостью транспортировки).

В августе 2007 г. Правительство обнародовало основные приницпы будущей реформы ценообразования:

постепенный отказ от установления тарифов государством и переход к рыночным механизмам определения цены,

привязка цен на газ к стоимости на альтернативные источники энергии, постепенное повышение цен на природный

газ, выравнивание с мировыми ценами. Таким образом, у китайского Правительства существует два пути по

реализации данных приницпов: либо привязать тарифы к ценам на альтернативные виды топлива, либо, что более

прогрессивно, создать механизм формирования цен оптовой торговли на уровне, так называемых “хабов”, которые

могут быть как виртуальными так и физическими. Второй подход, несмотря на то, что он кажется более сложным

для реализации (требуется соответствующее правовое регулирование, создание инфраструктуры, мощностей по

хранению, обеспечение свободного доступа к газотранспортной системе, обеспечения разделение различный

видов деятельности, возможности для потребителей самим выбирать поставщика) уже реализуется на практике.

Подобный хаб создан в Шанхае.

В ЮАР действует лицензионная система в отношении дистрибуции и торговли природным газом.

Дистрибьютор осуществляет свою деятельность на определенной территории и обязуется поставить газ любому

заинтересованному лицу (при наличии экономической возможности). Регулятором утверждаются лишь

максимальные цены. В настоящий момент основным дистрибьютором является - Sasol Gas, при незначительном

числе потребителей.

В Индии PNGRB организует проведение торгов по распределению лицензии на строительство

распределительных сетей и их эксплуатацию. Права предоставляются на пятилетний срок. Иностранным и

индийским инвесторам обеспечиваются равные возможности. В 2008 – 2009 гг. прошли первые торги и уже 41 город

имеет свою распределительную сеть.

В области торговли, также как и в траспортировке доминирует компания GAIL, продавая 51% всего

природного газа реализуемого в стране. Газ, добытый ONGC и частично совместными предприятиями, продается

GAIL, в то время как OIL реализует газ, добытый своими силами. В последнее время появились и региональные

компании, как правило, совместные с GAIL и местными правительствами.

Что касается системы ценообразования на газ, то она является дуалистичной. На одном рынке, где

продается газ, добытый ONGC и OIL тарифы устанавливаются Правительством. На втором, на котором

реализуется газ, добытый частными компаниями или совместными предприятиями, в соответствиии с

соглашениями о разделе продукции. В данной сфере требуются реформы. Одно из предложений – увеличить цены

на первом рынке, второе - униформизировать подход, установить удиную цену. В 2010 г. Регулируемые тарифы

увеличились почти в два раза, то есть пока правительство идет по первому пути.

В РФ распределение природного газа на выходе из системы магистральных газопроводов осуществляется

по сетям среднего и низкого давления (газораспределительным сетям). Эксплуатация сетей осуществляется

осуществляют специализированные газораспределительные организации. В настоящее время насчитывается

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около 310 ГРО в РФ, от одного до 24 в субъекте. Снабженческо сбытовые услуги по поставке газа осуществляет

ООО «Газпром межрегионгаз» (через региональные газовые компании (Газпром - РГК)), число которых достигло 50.

С точки зрения организации торговли газом российский рынок состоит из оптового (регулируемого и

нерегулируемого – с участием независимых производителей) и розничного рынка. На оптовом рынке заключаются

договоры в отношении значительных объемов (в том числе посредством биржевой торговли). В соответствии с

действующим законодательством все составляющие розничной цены на природный газ для населения

утверждаются на федеральном уровне – Федеральной службой по тарифам (ФСТ).

В большинстве стран БРИКС на практике продолжает существовать монополия в сфере дистрибуции и

реализации газа. Однако Правительства предпринимают попытки для перехода к распределению лицензий на

осуществление дистрибуции природного газа по результатам торгов (Бразилия, ЮАР, Индия, Китай) и обеспечению

для потребителя свободы выбора поставщика (ограничено в РФ, ЮАР, Бразилия).

Тарифы во всех государствах БРИКС устанавливаются административным путем, однако Китай, Индия и

даже РФ уже начали либерализовывать цены, на начальном этапе - лишь в отношении ограниченной части рынка.

Выводы

По результатам данного сравнительно правового исследования, помимо уже вышеуказанных можно

сделать следующие выводы. Во-первых, о том, что все государства БРИКС испытывают потребность в развитии

отрасли. При это, если одни существенным образом коренным образом реформируют свое законодательство

(Бразилия, ЮАР, отчасти Индия), то другие пытаются решить проблемы лишь путем активизации попыток по

привлечению государственных и частных инвестиций в рамках уже существующего регулирования (КНР, РФ).

Во-вторых, по факту во всех странах сохраняется высокая степень монополизации: в добыче,

транспортировке, распределении (в разной степени) – во всех странах, и лишь в торговле наблюдается частичная

либерализация. При этом законодательно монополия закрепляется лишь в секторе транспортировки в РФ и КНР.

В-третьих, все Правительства, очевидно, осознают необходимость создания конкурентных условий на

рынке и предпринимают соответствующие меры. В законодательстве Бразилии, ЮАР содержатся положения,

гарантирующие разделение видов деятельности, недопустимость кросс-субсидирования, лицензии, права на

заключение договоров распределяются по результатам торгов. В Индии, Китае, РФ были частично либерализованы

тарифы купли-продажи природного газа, созданы условия для привлечения иностранных инвестиций, ограничено

гарантируется доступ третьих лиц к газопроводам (не в КНР).

В-четвертых, государства БРИКС испытывают проблемы с коррупцией, неэффективностью

государственного аппарата, поэтому результат реформ до момента создания конкурентного рынка во многом будет

зависеть от политической воли Правительств, а не качества правового регулирования (в ЮАР, например, более

качественное правовое регулирование, чем в КНР, но Правительству ЮАР удалось реализовать значительно

меньше проектов, что конечно же объясняется и меньшими запасами природного газа, более низким уровнем

развития инфраструктуры и меньшими финансовыми возможностями).

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Между неолиберализмом и дирижизмом: государство в России

Nicolay Mironov∗

Российское общество с начала XX века было полем для экспериментов, в том числе экономических. От

традиционной экономики с элементами капитализма Россия прошла длительный путь через различные вариации

плановой экономики, затем, в 90-х – через попытку внедрения неолиберальной модели, и, наконец, в 2000-х – через

укрепление капитализма с большой долей участия государства.

Советская модель плановой экономики укрепилась в 20-30-е годы и просуществовала с незначительными

коррективами вплоть до 80-х, когда был запущен процесс «перестройки». Основой такой экономической модели

было прямое вмешательство государства, причем не с помощью косвенных механизмов регулирования

экономической жизни, а посредством прямого администрирования, централизованного планирования производства

и даже потребления.

Внедрение советской модели плановой экономики было связано с необходимостями ускоренной

модернизации и индустриализации – задачами, которые руководство СССР поставило перед собой в преддверие

нарастающего международного напряжения 20-30-х годов. Экономика под жестким контролем государства

функционировала на основе разрабатываемых им планов по всем группам производства.

При этом упор был сделан на тяжелую промышленность, на основе выведенного из работ Владимира

Ленина «закона преимущественного роста производства средств производства», согласно которому рост

производства машин и сырья должен в любых секторах экономики превосходит рост производства предметов

потребления.

Планирование производства и упор на тяжелую промышленность привели к тому, что плановые задания

часто завышались, в тяжелой промышленности наблюдалось перепроизводство, а в легкой – недопроизводство, а в

целом в производстве – превышение спроса над предложением. Плановая экономика успешно справлялась со

своими задачами в критических предвоенной и военной ситуациях, но в послевоенные годы в долгосрочной

перспективе она привела к длительному застою и дефициту. В результате нереформируемая плановая экономика

привела в 80-х к стагнации, выразившейся в снижении эффективности производства и производительности труда,

объемов прироста ВНП.

Другой стороной советской плановой экономики стал сверхконтроль, причем число контролирующих

инстанций могло достигать десяти для одного предприятия. Это приводило к сознательному отказу

государственных предприятий от ответственности, снижению производительности по факту при завышении

отчетности. А. Косыгин, в 60-70-е годы безуспешно пытался ввести отдельные рыночные механизмы в советскую

экономику, но столкнулся с противодействием могущественных советских министерств, выступавших против

предлагаемой им относительной автономизации государственных предприятий. Результатом высокого уровня

контроля на практике часто становилась неспособность органов планирования создать эффективную систему

стимулов развития и внедрения инноваций для подконтрольных предприятий.

∗Diretor do Instituto de Projetos Prioritários Regionais da Universidade de Moscou.

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Глубокий кризис советской экономики в 80-х, послуживший одной из причин распада СССР, как

показывают исследования экономистов, был вызван самими свойствами советской экономической модели,

заложенными еще в эпоху ее становления. Эта модель работала эффективно при значительном уровне

принуждения со стороны контролирующих и планирующих органов и высоком уровне усилий со стороны

производителя, который опасался наказания. При снижении одной из этих переменных система начинала работать

со сбоями. Именно это и произошло в период «перестройки»: сократился и контроль, и усилия производителей. В

результате резко стали сокращаться доходы и произошел экономический коллапс, который протекал, к тому же, на

фоне социально-политического кризиса.

Плановая экономика показала себя неэффективной в долгосрочной перспективе. Дефицит

потребительских товаров, перепроизводство в тяжелой промышленности, неэффективность расходования

ресурсов и латание финансовых дыр за счет продажи нефти и газа были ключевыми ее недостатками и привели, в

конечном счете, к ее разрушению.

Для 90-х годов в России, после крушения советской плановой модели экономики, была характерна

популярность неолиберальных идей. Причем на контрасте с еще недавно господствовавшей командной

экономикой, наибольшее распространение получили радикальные формы рыночного либерализма.

Меры, которые были предприняты в рамках перехода от плановой к рыночной экономике, недаром носят в

России название «шоковой терапии», поскольку они были связаны с резким, скачкообразным переходом к рынку.

Эти меры включали в себя, в частности рекомендации «Вашингтонского консенсуса», который утверждал, что

приватизация, открытие рынков капитала, дерегулирование рынка государством и ограничение его роли в

экономике приведут к сокращению длительности транзиторного периода и быстрому экономическому росту.

На практике рекомендации «Вашингтонского консенсуса» воплотились в уничтожение государственных

организационно-ведомственных монополий в различных секторах производства. С помощью инструментов

приватизации эти предприятия были последовательно отданы в частные руки и выведены из-под государственного

контроля. Другой практической мерой стал отказ от субсидий предприятиями из государственного бюджета. По

мысли реформаторов, лишенные поддержки государства в рыночных условиях, предприятия сами должны были

начать функционировать по правилам рынка, сокращая издержки и повышая эффективность.

Однако, сама советская экономическая система, которая существовала на момент реформ, была устроена

так, что эти реформы никак не могли привести к положительным результатам. Причины этого были слишком

глубоко укоренены в самой структуре советской экономики, для того, чтобы быстро и безболезненно решить их с

помощью «шоковой терапии».

Во-первых, в советской экономике существовала значительная диспропорция цен (по сравнению с

мировыми ценами), которая была следствием длительной изоляции советской экономики от мировой. Дефицит,

возникавший в бюджете в результате такой изоляции с 70-х годов восполнялся продажей за рубеж энергоресурсов,

а цены на товары искусственно поддерживались на определенном государственным планом низком уровне. Когда

реформаторами была осуществлена либерализация цен, они мгновенно возросли до мирового уровня, при этом

доход населения остался прежним. Результатом стало массовое обнищание населения.

Во-вторых, десятилетиями, при поддержке государства, в советской экономике создавались

неконкурентные отрасли производства. Они существовали на основе государственной монополии, им чужды были

понятия конкуренции, эффективного расходования ресурсов, производительности труда. Когда эти предприятия

были в один момент выброшены на рынок, они просто не смогли адаптироваться к его законам и условиям без

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Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 22, 2013

государственной поддержки.

В результате реформ большинство государственных механизмов контроля над экономикой были

устранены, что привело к массе негативных последствий: собственность сконцентрировалась в руках небольшой

группы крупных бизнесменов; в условиях либерализации цен уровень жизни и доходы населения резко снизились;

будучи лишенными поддержки государства, в упадок пришли промышленность и производство, не готовые к

конкуренции; легализовались участники советского «теневого рынка», произошла криминализация российской

экономики; без финансовой поддержки государства была заброшена и разрушена социальная и хозяйственная

инфраструктура.

Последствия неолиберальных реформ, осуществленных в режиме «шоковой терапии», оказались

настолько катастрофическими и не эффективными, что потребовали длительной реабилитации экономики в

условиях централизации и возвращения относительно крупной доли государственной собственности в 2000-х.

Разумеется, за десятилетие изменился сам характер государства, структура и природа элиты. Если в СССР они

были в основном представителями партийной номенклатуры и подчиненными ей руководителями госпредприятий,

то в России в 2000-х в элиту вошли в основном управленцы и государственные администраторы, владельцы

крупного бизнеса и топ-менеджеры больших компаний. В этих условиях задачей государства было гибкое

регулирование крупного бизнеса, нахождения стратегий взаимоотношений государственных органов и бизнеса.

Именно тогда в российской экономической науке вновь появились идеи о значительной роли государства в

тех отраслях, которые не могут быть урегулированы рыночными законами и ориентированы на долгосрочный

период развития и конкуренцию на мировом рынке. Однако усиления контролирующей и регулирующей функции

государства в экономике было отнюдь не волюнтаристским решением элит. Государство, которое пришло на смену

слабо контрлирующему экономику государству 90-х, не было и советским по своей сущности. Причиной этому была

изменившаяся структура и природа элит.

Насущной необходимостью для этого нового российского государства 2000-х стало установление четких

правил, усложнения и урегулирование сформировавшегося стихийно примитивного «хищного» капитализма 90-х.

Последний, в частности, сформировал у региональных элит пренебрежительное отношение к государственной

собственности, что приводило к коррупции и к преобладанию частных интересов над национальными. В 2000-х

смена вектора власти с попустительства на усиление надзора и контроля, в первую очередь, за элитами,

первоначально вызывала сопротивление со стороны некоторых представителей крупного бизнеса. Издержками

усиления и централизации государственной власти в экономике стали монополизация ряда отраслей и усиление

роли крупного бизнеса в экономике в целом. Ориентация на стабилизацию экономики во многом обернулась

недовольством со стороны малого и крупного бизнеса, излишней самоуверенностью крупного бизнеса,

пользующегося традиционной поддержкой государства.

На сегодняшний день экономическая стратегия России по-прежнему ориентирована на поддержание

устойчивой стабильности за счет косвенных механизмов регулирования экономики (при недостаточном внимании к

кредитной политике), значительной доли государственной собственности и продажи за рубеж энергоресурсов, по

объему экспорта которых Россия занимает в мире ведущие места. Но долгосрочные цели диктуют иные условия:

вслед за восстановлением разрушенной в 90-х экономики государство должно взять на себя роль ключевого

инвестора в тех отраслях экономики, которые позволят России успешно конкурировать на мировом рынке и

преодолеть «голландскую болезнь» и устойчивое невнимание государственных институтов к масштабным

инвестициям в инфраструктуру, инновации и крупное производство, не способное развиваться без его поддержки.

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Другой проблемой является недостаточность государственного регулирования всех сфер бизнеса, которая

приводит к проблемам с соблюдением правил конкуренции крупным бизнесом, к недостаточной защите и

поддержке среднего и малого бизнеса. Малый и средний бизнес, в частности, остается недоволен иерархической

системой, при которой преимущества со стороны государства часто получает крупный. На сегодняшний день

исправление этой ситуации связано с установлением стандартов деятельности органов исполнительной власти,

ограничением контроля и надзора, введением проектного управления и реформированием кредитной системы.

После десятилетия рыночных реформ, стало очевидно, что европоцентричный «Вашингтонский

консенсус» не применим к экономическим системам транзиторного типа. Еще одно десятилетие – десятилетие

экономической стабильности – показало, что государство в экономическом развитии России играет ключевую роль,

прежде всего, в установлении для крупного бизнеса правил игры и стимулировании развития малого и среднего

бизнеса, а также инвестициях в инфраструктуру и инновации, а его контролирующие функции в принципе

незаменимы «невидимой рукой рынка».

Проблемы поиска новой модели управления, роли государства и новой модели построения элит для

России сейчас является ключевой. В настоящий момент можно констатировать, что роль государства в экономике

не определена, а элиты недостаточно национально-ориентированы.

Экономические стратегии государства сегодня в России во многом носят ситуационный характер и

определяются внешней средой. Это связано, в первую очередь, с временным характером целей периода

стабилизации экономики. Для современного этапа характерно отсутствие у государства самоидентификации с

какой-либо экономической моделью. Между тем такая самоидентификация не только определила бы вектор

активности государства в экономике, но и полезна была бы с точки зрения самопозиционирования в целом.

Элиты, которые в 90-е были ориентированы во многом на свои собственные, частные интересы,

вынуждены соглашаться с новыми условиями игры, в которых особое значение приобретает требование

национальной ориентированности. Последнее означает, в первую очередь, что от элит требуется ставить

национальные интересы выше личных (в рамках этой меры принят был, например, закон, требующий от элит

отказа от собственности за рубежом).

В поисках экономической самоидентификации российская экономическая наука еще в 2000-х обратилась к

опыту стран Азии и Латинской Америки, путь экономик которых был во многом схож с тем, который в переходный

период прошла Россия: неолиберальные реформы, сырьевая зависимость, проблемы с коррупцией и

преступностью, необходимость активного участия государства в рыночной экономике. Некогда подчеркивал это

сходство и президент Бразилии Фернанду Энрики Кардозу, ему принадлежит афоризм «Бразилия — это

тропическая Россия».

Безусловно, для России наиболее ценным в опыте стран второго эшелона модернизации является опыт

гибкой позиции государства между двумя крайностями, дирижизмом и неолиберализмом, от которых немало

пострадала ее экономическая система. Сегодня путь российской экономики лежит между этими крайними точками,

поскольку опыт их применения показал необходимость выработки специфической модели вовлеченности

государства в экономику.

Дилемма неолиберализма и дирижизма всегда лежит преимущественно в двух плоскостях. Первая

связана с тем, каким образом регулируется экономика, вторая – кому принадлежит собственность. И дирижизм, и

неолиберализм предлагают радикально противоположные ответы на эти вопросы. И обе точки зрения имеют свои

недостатки: при дирижизме происходит деформация структуры спроса и предложения, при неолиберализме –

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фатальное устаревание инфраструктуры и распад неконкурентных на рынке секторов промышленности.

Возможно, одним из ответов на вопрос о доле государственного регулирования в экономике является

сформулированная Джоном Кейнсом идея о необходимости государственного инвестирования. Он утверждает, в

частности, о том, что только обобществление инвестирования (в силу долгосрочной неопределенности возврата

средств) может обеспечить эффективное в этом смысле использование экономических ресурсов. Именно вопрос об

инвестировании в контексте модернизации стран второго эшелона капитализма позволяет утверждать о том, что

активность государства в рыночной экономике переходного типа жизненно важна для ее развития.

Вопрос же о форме собственности лежит, прежде всего, в сфере экономической эффективности при

распределении доходов и использовании ресурсов. Сегодня очевидно, что частная собственность управляется с

большей эффективность на конкурентном рынке, чем государственная. С другой стороны, трюизмом стала также

необходимость определенного рода монополий на тех рынках, где конкурентность невозможна. Практика

«государств развития» («developmental states») в странах второго эшелона модернизации показывает, что эта

проблема может быть решена отказом от сверхконтроля и сосредоточением государства на тех отраслях, которые

неконкурентны на внутреннем рынке, но при этом могут обладать большими преимуществами при конкуренции на

глобальных рынках при соответствующей поддержке государства. Такие отрасли способны «вытянуть» на себе

модернизацию экономики и сделать страну сильным игроком на международном рынке.

Последняя проблема для России является особенно актуальной в контексте вступления в ВТО. В

соответствии с тезисом о глобальном разделении труда некоторые отрасли российской экономики окажутся

неспособными противостоять натиску экспорта, который не будет больше подвергаться мерам протекционистского

регулирования со стороны государства. Жесткие условия ВТО поставят Россию перед необходимостью

государственной поддержки отдельных отраслей, которые могут быть признаны способными, во-первых, выпускать

продукцию, которая сможет участвовать в глобальной конкуренции; во-вторых, стимулировать развитие российской

экономики в целом.

Мера косвенного регулирования является в этом контексте также достаточно важной проблемой,

необходимость которой не отрицают даже радикальные либералы. При этом важно, чтобы кредитная политика

была направлена на стимулирование развития бизнеса и частной собственности.

На практике все вышеозначенные меры означают создание коридора между крайностями дирижизма и

неолиберализма, рекомендации которых в современном мире показали свою неэффективность. Государство с

рыночной экономикой переходного типа должно стремиться, с одной стороны, к сохранению значительной доли

частной собственности, с другой, не стремиться дерегулировать рынок и, в особенности, ключевые для глобальной

конкуренции отрасли производства.

Мировая практика показывает, что в формировании экономической политики не последнюю роль играют

процессы, на первый взгляд не имеющие к экономике прямого отношения. Речь идет о социальных, политических и

даже социокультурных процессах.

В последние десять лет в российском обществе произошли важнейшие изменения. Рост экономики 2000-х

предопределил рост благосостояния населения. Появились люди, которые уже не удовлетворены лишь

экономическим достатком, они хотят самостоятельно участвовать в политическом процессе, выражать свои

интересы, взаимодействовать с властью. Одним из косвенных подтверждений этому является то, что из

российского социологического научного дискурса не исчезает словосочетание «средний класс», ставшее на Западе

синонимом политической и социальной устойчивости и равновесия.

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Но за спорами о том, существует ли в России средний класс или он еще не сформировался, кроется не

только общественно-политическая, но и экономическая проблема. Ведь именно средний класс в странах второго

эшелона модернизации был проводником тех масштабных экономических изменений, за которыми следовал

экономический рост и развитие глобальной конкурентоспособности.

Сегодня в России нельзя говорить о существовании полноценного в западном понимании среднего класса,

который бы не только обладал высоким уровнем благосостояния, но и осознавал свой общественно-политический и

гражданский потенциал. Тем не менее, отдельные социальные процессы позволяют говорить о его зарождении и

попытках начать принимать участие в общественной и политической жизни. К сожалению, существующие

политические механизмы не всегда позволяют представителям среднего класса выражать свои интересы, что

порой приводит к их радикализации.

На сегодняшний день в России поддержка государством среднего класса, предоставление ему каналов

для артикулирования своих интересов, опора на него как на локомотив модернизации и проводник экономического

развития является одним из ключевых элементов социально-экономической стратегии.

Подводя итог, можно сказать, что сегодня для России есть несколько важных факторов, играющих роль

при формировании ее экономической стратегии, определении роли государства в российской экономике, создания

инструментального и методологического коридора между неолиберализмом и дирижизмом. Во-первых, это

определение пропорции частной и государственной собственности, при условии сохранения значительной роли

частной собственности как обеспечивающей эффективное управление субъектами экономики ресурсами и

основными средствами. Во-вторых, это необходимость применения на практике тезиса Джона Кейнса о

необходимости государственного инвестирования с целью наиболее эффективного использования ресурсов при

неопределенности отдачи инвестиций в долгосрочной перспективе. В-третьих, это определение меры

государственного регулирования экономики, в особенности разработка эффективной кредитной политики,

направленной на стимулирование роста экономики. В-четвертых, это концентрация, по модели «государств

развития» («developmental states»), на передовых отраслях производства, способных к глобальной конкуренции –

это особенно актуально в контексте вступления России в ВТО. В-пятых, это учет социально-политических факторов,

роста среднего класса, способного и готового участвовать в общественной жизни и выражать свои интересы, на

который государство может опираться при проведении нового цикла экономических реформ. В-шестых, одной из

важнейших проблем является поиск нового формата взаимодействия бизнеса и власти и, соответственно,

формирование национально-ориентированных элит.

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Гарантии реализации права человека на охрану здоровья в Российской Федерации и перспективы сотрудничества в рамках БРИКС

Tatiana Akulina∗

Жизнь и здоровье человека – высшие ценности, относительно которых определяются другие ценности и

блага. Здоровье занимает самую верхнюю ступеньку в системе категорий человеческого бытия – среди интересов,

идеалов, гармонии, красоты, смысла и счастья жизни, творческого труда, программы и ритма жизнедеятельности.

Согласно Уставу ВОЗ обладание высшим достижимым уровнем здоровья является одним из основных прав

всякого человека без различия расы, религии, политических убеждений, экономического и социального положения.

В соответствии со ст. 2 Федерального закона от 21 ноября 2011 года № 323-ФЗ «Об основах охраны здоровья

граждан в Российской Федерации» здоровье – состояние физического, психического и социального благополучия

человека, при котором отсутствуют заболевания, а также расстройства функций органов и систем организма. Право

на охрану здоровья – одно из важнейших прав граждан стран всего мира и его реализация приобретает особую

актуальность в условиях современных социально-экономических реформ в России.

Право человека на охрану здоровья предполагает общую конституционно-правовую обязанность

государства содействовать его реализации и обеспечению путем предоставления медицинской помощи, а также с

помощью другой «позитивной» деятельности: защиты и пресечения любых попыток вторжения и нарушения этого

права; контроля за сферой здравоохранения со стороны государственных органов; значительного вмешательства в

обеспечение оказания медицинских услуг. Исходя из этого гарантии реализации права на охрану здоровья в РФ

можно подразделить на две основные группы: 1) медицинские гарантии (наличие и функционирование

медицинских организаций), и 2) государственные гарантии (создание в рамках государства условий, при которых

здоровье человека, его право на охрану здоровья будут обеспечены и защищены в наибольшей степени).

Выражением первой группы гарантий является существование в РФ механизмов обязательного и

добровольного медицинского страхования. Наибольший вес в них имеют те, которые связаны именно с

обязательным медицинским страхованием, как одним из видов обязательного социального страхования,

обеспечивающим получение бесплатной медицинской помощи населению. Обоснованность и эффективность

применения данной страховой модели подтверждается ее использованием развитыми странами Европы, такими

как Германия и Франция. Гарантии же в сфере добровольного медицинского страхования играют вспомогательную

роль, поскольку с их помощью предоставляется дополнительный объем медицинских услуг сверх общего

обязательного перечня, предоставляемого в рамках обязательного медицинского страхования.

Рассмотрим более подробно гарантии в сфере обязательного медицинского страхования. По форме

закрепления их можно классифицировать на:

1) гарантии, предусмотренные в Конституции РФ. Так, например, ст. 41 Конституции РФ провозглашает

право на охрану здоровья и бесплатную медицинскую помощь в государственных и муниципальных учреждениях

здравоохранения. Закрепление этого права находит отражение в п. 2 ст. 7, п. 2 ст. 21, п. 1 ст. 42, п. 3 ст. 55, ч. «ж» п.

1 ст. 72, п. 2 ст. 74, п. 2 ст. 92, ч. «в» п. 1 ст. 114 и ряде других норм Конституции РФ )

∗Faculdade de Direito da Universidade – Escola Superior de Economia, São Petersburgo.

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2) гарантии, закрепленные в международных нормативных правовых актах, таких как, например, Всеобщая

декларация прав человека 1948 г., Конвенция о защите прав человека и основных свобод 1950 г., Международный

пакт «Об экономических, социальных и культурных правах», Европейское соглашение о предоставлении

медицинского обслуживания лицам, временно находящимся на территории другой страны, 1980 г., Европейская

социальная хартия 1996г., Конвенция Содружества Независимых государств о правах и основных свободах

человека 1995 г., Соглашение Правительств государств - участников стран СНГ от 27.03.1997 «Об оказании

медицинской помощи гражданам государств – участников Содружества Независимых Государств» и других). В

качестве примера можно привести норму Соглашения Правительств государств - участников стран СНГ от

27.03.1997 о беспрепятственном, бесплатном оказании скорой и неотложной медицинской помощи.

3) гарантии, закрепленные в федеральных законах (это, например нормы, предусмотренные в

Федеральном законе от 21 ноября 2011 года № 323-ФЗ «Об основах охраны здоровья граждан в Российской

Федерации», Федеральном законе от 29 ноября 2010 года «Об обязательном медицинском страховании в

Российской Федерации», Законе Российской Федерации от 22 декабря 1992 г. № 4180-I «О трансплантации органов

и (или) тканей человека», Законе РФ от 02.07.1992 г. № 3185-1 «О психиатрической помощи и гарантиях прав

граждан при ее оказании», Федеральном законе от 30 марта 1995 г. № 38-ФЗ «О предупреждении

распространения в РФ заболевания, вызываемого вирусом иммунодефицита человека (ВИЧ-инфекции)», и других),

4) гарантии, закрепленные в подзаконных нормативных правовых актах. В качестве примера можно

привести Постановление Правительства РФ от 25 июля 2012 года, утверждающего программу государственных

гарантий бесплатного оказания гражданам медицинской помощи на 2013 и 2014 годы.

По содержанию гарантии в сфере обязательного медицинского страхования можно подразделить на

материальные, то есть относящиеся к уточнению содержания гарантируемого субъективного права, и

процедурные, обеспечивающие условия реализации гарантируемого права. Примером материальной гарантии

может служить территориальная программа обязательного медицинского страхования, утвержденная нормативным

правовым актом субъекта РФ. В качестве примера процедурной гарантии следует привести нормы, регулирующие

предъявление страховыми медицинскими организациями исков в суд в защиту нарушенных интересов своих

застрахованных.

Вторая группа гарантий связана с государственной защитой права на охрану здоровья и реализуется она,

во-первых, с помощью гражданско-правового механизма возмещения вреда, причиненного здоровью, в рамках

деликтных отношений (ст. ст. 1084-1094 Гражданского кодекса РФ). Это, например, нормы связанные с

компенсацией морального вреда, расходов на лечение, реабилитацию, а также с возмещением заработка,

утраченного в связи с полученной инвалидностью. Во-вторых, реализация данной группы гарантий происходит и с

помощью норм Уголовного кодекса РФ (ст. ст. 109, 118, 120, 122, 124, 128, 235, 236, 248 и др.), а также Кодекса РФ

об административных правонарушениях (ст.ст. 6.2, 6.3, 6.8, 5.39, 17.9 и др.). Данные положения гарантируют

беспрепятственную реализацию права гражданина на охрану здоровья в различных сферах медицинской

деятельности путем установления уголовной или административной ответственности в отношении лиц, виновных в

нарушении данного права.

В-третьих, данная группа гарантий содержит нормы получившего развитие в различных странах

механизма страхования гражданской ответственности, позволяющего максимально уменьшить отрицательные

последствия медицинского вмешательства для пациента и освободить его от бремени доказывании. В Российской

Федерации в настоящее время данный механизм используется редко, однако, вероятно, скоро будет приведен в

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действие в обязательном порядке, поскольку предусматривается обсуждающимся в настоящее время

законопроектом «Об обязательном страховании пациентов при оказании медицинской помощи».

Однако, стоит констатировать, что как первая, так и вторая группы гарантий не всегда соблюдаются и

воплощаются в жизнь. Многие из обязательств государства трудно реализуемы или периодически нарушаются

более сильными субъектами государственно-правовых отношений в сфере медицины, а именно – медицинскими

организациями и органами управления здравоохранением.

Так, обязательство гарантировать право доступа к помещениям и оборудованию медицинских учреждений,

товарам и услугам на недискриминационной основе для социально уязвимых или маргинализированных групп

(малоимущих, бездомных, одиноких) трудно реализуемо, поскольку многие из них не имеют при себе документов,

удостоверяющих личность. Зачастую медицинская услуга данным лицам в силу их состояния должна быть оказана

немедленно или в кратчайшие сроки, однако этому препятствует оформление документов, которое может

растянуться на длительный срок.

В настоящий момент присутствуют также и проблемы в области обеспечения надлежащей охраны

здоровья детей, связанные с ненадлежащим осуществлением медицинской помощи, санитарно-

эпидемиологической обстановкой в детских дошкольных учреждениях и школах, отсутствием надлежащего

медицинского транспорта, необходимого для выезда к больному ребенку.

При проведении проверки в некоторых регионах были выявлены многочисленные случаи предоставления

за счет личных средств граждан услуг, входящих в Программу государственных гарантий оказания гражданам

Российской Федерации бесплатной медицинской помощи. Так, например, согласно проведенным исследованиям в

Мурманской области 58,2 % пациентов самостоятельно покупали медикаменты и перевязочные материалы, а 46,

5% полностью за счет личных средств оплатили обследование и лечение в стационаре государственной системы

здравоохранения. Данная проблема существует и в отношении медицинских организаций, обеспечивающих

репродукцию, материнство и детство. Разрешению ситуации во многом мешает коррумпированность органов

управления здравоохранением.

Нарушается равномерность оказания медицинской помощи по территориальному признаку. Ввиду

отдаленности некоторых субъектов РФ, а также труднодоступности данных территорий, оказание медицинской

помощи в некоторые сезонные периоды возможно лишь с помощью вертолетов. Кроме того, чтобы обеспечить

надлежащее медицинское обеспечение требуются дополнительные ставки медицинских работников, что связано с

дополнительным финансированием из бюджета. В связи с этим обязанность по оказанию медицинской помощи

ложится на фельдшеров близлежащих фельшерско-акушерских пунктов, имеющих, как правило, 8-часовой рабочий

день и фактически не справляющихся с данными обязанностями ввиду необходимости их исполнения за рамками

нормального рабочего времени.

Обязательства по обеспечению необходимыми лекарственными препаратами, необходимым

медицинским оборудованием также в некоторых субъектах Российской Федерации трудно реализуемы ввиду

нехватки лекарств в стационарах, неравномерности цен на одни и те же лекарства, дезинформирования врачами

пациентов относительно необходимости покупки дорогих, а не дешевых лекарств с одинаковыми свойствами,

частого использования устаревшего медицинского оборудования, подлежащего списанию.

Продолжает оставаться низким качество медицинской помощи ввиду низкой квалификации медицинских

работников, что обусловлено несовершенством системы базового и последипломного медицинского образования, а

также недостаточной информационной обеспеченностью на рабочих местах. Так, например, в сравнении с

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развитыми странами (Чехией, Австрией, Германией и др.) качество медицинской помощи в России значительно

ниже, несмотря на то, что врачей на душу населения в Российской Федерации больше. Недостаточная

квалификация медицинских кадров проявляется и в том, что более 60 % пациентов неудовлетворенны качеством

медицинской помощи.

В последние 16 лет растет общая заболеваемость населения России, что объясняется среди прочих

причин неэффективностью системы профилактики и лечения заболеваний. Рост распространенности заболеваний

туберкулезом и заболеваний, передающихся половым путем, свидетельствует как о социально-экономическом

неблагополучии в обществе, так и о низкой эффективности профилактических программ.

Таким образом, воплощение в жизнь гарантий реализации права на охрану здоровья далеко от

оптимального.

Из сопоставительного анализа норм внутригосударственного права и международно-правовых стандартов

в области охраны здоровья можно сделать вывод о том, что российский законодатель приближает внутренние

нормативные акты к международно-правовым стандартам в данной сфере. Однако, пока это происходит

недостаточно эффективно. Трудности вызывает практическая реализация данных стандартов, то есть реальное

воплощение их в жизнь. Помимо вышеназванных причин необходимо обратить внимание и на стремительное

развитие медицинской науки, повсеместное ухудшение экологии, развитие все новых форм заболеваний, что также

является причинами затрудняющее прогрессивную реализацию гарантий.

Новым толчком для улучшения ситуации в этой сфере должно стать расширение международного

сотрудничества в рамках БРИКС с целью выработки совместных решений в области повышения качества и

доступности медицинской помощи; повышения качества медицинского образования; усиления контроля со стороны

органов управления здравоохранением за правильностью предоставления гражданам гарантированного объема

бесплатной медицинской помощи; ликвидации коррумпированности в системе управления здравоохранением.

Достижение названных целей, как представляется, должно происходить путем организации взаимных визитов и

консультаций экспертов в сфере организации здравоохранения; проведения совместных симпозиумов; создания

общих органов управления по выработке совместных международно-правовых решений в области

здравоохранения; дальнейших встреч министров здравоохранения стран БРИКС с целью обсуждения политики

решения данных вопросов. Проведение вышеназванных мероприятий позволит также укрепить международное

сотрудничество в области здравоохранения в целом среди стран БРИКС, что является одной из задач,

закрепленной в последнем совместном заявлении, сделанном в Нью Дели 11 января 2013 года министрами

здравоохранения стран – участников БРИКС.

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Gastos com a Saúde e a questão da judicialização da saúde

Denise C. Cyrillo∗

Antonio Carlos C. Campino∗∗

Introdução

Scheffer e Nunes Jr enalteceram o indeferimento, pelo Supremo Tribunal Federal, dos recursos do poder público

contra decisões judiciais na saúde1, em consonância com outras tantas decisões judiciais anteriores. Reconhecemos a

complexidade da temática, que envolve questões éticas delicadas, todavia, questões econômicas e de finanças públicas

não podem simplesmente ser ignoradas, tendo em conta o impacto dessas decisões sobre o futuro do sistema de saúde

brasileiro. Os autores criticam a solução da “reserva do possível” sugerindo a existência de gastos, feitos pelo governo,

menos fundamentais (o que em parte pode ser verdadeiro), havendo assim recursos financeiros para atender tais

demandas. Talvez seja interessante realizar uma análise de longo prazo considerando as tendências dos gastos públicos e

privados com saúde visando contribuir para o debate da judicialização da saúde ante o fato inexorável de que os recursos

são escassos e as necessidades ilimitadas, de modo que a otimização envolve considerar uma alocação eficiente dos

recursos.

O presente capítulo discute na primeira seção critérios úteis consagrados para a tomada de decisão quanto à

alocação de recursos públicos, na área da saúde. Na seqüência, descreve brevemente a Política Nacional de

Medicamentos, apresentando em seguida os resultados de alguns estudos recentes sobre as características e

conseqüências das demandas judiciais, finaliza o texto uma análise das tendências dos gastos públicos em saúde e

algumas considerações finais.

Alocação de recursos: Eficiência e Ética

Uma das características do século XXI relaciona-se ao aumento do debate em torno dos efeitos negativos da

busca desenfreada do crescimento econômico sobre o meio ambiente. Esse debate deve levar à conscientização de que o

planeta é finito, e que se o ser humano apesar de “pequenino” continuar vivendo como se os recursos fossem

completamente abundantes, a raça humana poderá enfrentar grandes dificuldades para continuar existindo!

Esse contexto genérico é importante para perceber que é necessário tomar algumas decisões difíceis. E para

isso, há vários elementos e mecanismos que podem ser usados para discutir a melhor forma de consumir os recursos do

planeta. Na área da saúde, Musgrove (1999) 2 descreveu um conjunto de critérios consagrados para subsidiar a tomada de

decisão no que diz respeito à aplicação de recursos públicos para intervenções de saúde. São critérios de caráter

econômico, ético e político.

O autor enfatiza a importância da eficiência como fator decisivo para a alocação de recursos para bens públicos,

∗Profa. Associada do Departamento de Economia, FEA/USP. ∗Prof. Titular do Departamento de Economia, FEA/USP. 1“O orçamento é uno e os recursos que a ele se integram têm várias destinações, desde publicidade governamental até obras públicas.

Assim, o "ônus" da decisão só recairá sobre as políticas de saúde se esse for o desejo do gestor público. O Judiciário, num Estado democrático, é legítimo para decidir sobre o direito à saúde.” Scheffer e Nunes Jr, Saúde via Justiça, FSP 26/04/2010.

2Musgrove, P (1999) – Public Spending on Health Care: How are Different Criteria Related. Health Policy, 47.

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bens de mérito, para bens destinados aos pobres e mesmo para intervenções que implicam o empobrecimento daqueles

que delas dependam para sobreviver – intervenções que envolvem gastos catastróficos, e que estão no centro das

demandas judiciais contra o SUS. Alem da eficiência, entre os demais critérios discutidos pelo autor, destacam-se os

relativos à equidade, que ao contrário da eficiência não oferecem respostas unívocas, e a vontade do cidadão, amorfa,

instável e polarizada.

Em resumo, Musgrove (1999) defende que intervenções de saúde caracterizadas como bens públicos e/ou de

mérito (cuja demanda privada não é suficiente para gerar benefícios sociais significativos) deveriam ser financiados com

recursos públicos somente quando custo-efetivos3. No caso de intervenções voltadas para os pobres, desde que custo-

efetivas, também deveriam ser alvo do financiamento público. Neste caso, o autor destaca que a eficiência das ações para

os pobres é um forte argumento favorável ao financiamento público na medida em que os problemas relacionados à

pobreza podem ser efetivamente resolvidos, alem do que os gastos com saúde para esses grupos são, de modo geral,

catastróficos com o aumento da idade. Os gráficos 1 e 2 permitem visualizar esse fato, por meio da comparação da razão

entre gastos em saúde e renda entre o primeiro e o quinto quintil de renda.

Custos catastróficos também ocorrem para os não pobres, se não em geral, em termos individuais. Nesse caso, o

autor defende que deveria haver uma política de seguro para dar proteção de renda às pessoas, na medida em que tais

patologias têm incidência aleatória, mas passível de cálculo de sua probabilidade atuarial . Sob esse ponto de vista e

considerando-se que o SUS é um “seguro de saúde público”, fica evidenciado que deve cobrir os gastos catastróficos que

venham ocorrer entre os seus “segurados”, desde que tais eventos estejam cobertos em sua “apólice”.

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lowess r_desp_direta id lowess r_gasto_plano id

Gráfico 1 -Razão gastos/renda familiar per capita por grupo etário no primeiro quintil de renda, Brasil, 2003 Fonte: Andrade, Mônica Viegas “Gastos e Ciclo de vida” apresentação feita durante o Seminário “Gasto Catastrófico Com Saúde No Brasil –

Resultados Do Estudo Funsalud/Fipe” 17 de novembro de 2009 Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP/FIPE/FUNSALUD.

3O indicador de custo-efetividade de um projeto, programa ou ação na área da saúde fornece um índice do ganho de saúde por unidade

monetária aplicada. Ao se comparar projetos ou ações, os que apresentarem cifras mais elevadas, serão os mais custo-efetivos, eficientes e, portanto, deveriam ser escolhidos!

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A análise de Musgrove (1999) avança para o terreno da ética, ao destacar a dimensão da equidade. Esta pode

ser pensada em dois níveis: horizontalmente - dar o mesmo tratamento para aqueles que têm o mesmo problema de saúde;

verticalmente - dar mais tratamento para aqueles que têm problemas de saúde mais graves. Nesta dimensão, a análise da

eficiência das intervenções não oferece ajuda para a tomada de decisão sobre a alocação dos recursos públicos, pois pode

entrar em conflito com as diretrizes que derivam da busca de igualdade. Em termos da equidade horizontal, uma

intervenção cuja aplicação envolve custos crescentes em função da quantidade de pessoas beneficiadas, pode levar à

necessidade de sua substituição, antes que todos tenham dela se beneficiado, por outra mais custo-efetiva a partir de

determinado nível de custo. Em termos da equidade vertical, problemas mais graves podem ser menos custo-efetivos do

que patologias mais amenas, ou que intervenções efetivas apenas em relação a uma parte dos pacientes que delas

padecem, ou ainda do que intervenções não totalmente efetivas para todos os potenciais beneficiários.

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Gráfico 2 - Razão gastos/renda familiar per capita por grupo etário no quinto quintil de renda, Brasil, 2003. Fonte: Andrade, Mônica Viegas “Gastos e Ciclo de vida” apresentação feita durante o Seminário “Gasto Catastrófico Com Saúde No Brasil –

Resultados Do Estudo Funsalud/Fipe” 17 de novembro de 2009 Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP/FIPE/FUNSALUD.

Sob essa visão, fica evidenciado que seguir a norma da eficiência seria desconsiderar o princípio da igualdade em

várias situações. E abandonar o preceito da eficiência, também não resolve, pois nem mesmo a efetividade é homogênea

ou completa entre os beneficiários.

O último critério discutido pelo autor refere-se à vontade do cidadão, em relação ao uso dos recursos que ele paga

como imposto. Este é um critério especialmente complicado, na medida em que essa vontade é, de modo geral, amorfa,

varia de local para local, de tempos em tempos e ainda pode ser polarizada. No entanto, é razoável admitir que o público

queira que seu imposto seja alocado eficientemente em ações efetivas desejadas. Uma dificuldade pode estar relacionada

ao que o público entende como efetividade, na medida em que esta pode influenciar o resultado, por exemplo, das análises

envolvendo a equidade.

A esse respeito, vamos aqui partir do pressuposto de que o povo brasileiro deseja um sistema público de saúde,

universal, integral e equitativo, pois elegeu deputados e senadores, em 1986, que formaram o Congresso constituinte e que

elaboraram o texto constitucional cujo art. 196 apresenta sobre a saúde como direito do cidadão e dever do estado e que

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institui o SUS em seu art. 198. Infelizmente, esse fato por si não resolve o problema da alocação dos recursos públicos

gerados por meio dos impostos dos contribuintes!

A Política Nacional de Medicamentos

A Lei 8080/90 estabeleceu que a formulação da política de medicamentos faz parte do campo de atuação do

SUS. Em 1996, a Lei 9313, promulgada pela Casa Civil da Presidência da República determinou que a medicação para os

pacientes HIV/Aids seria distribuída gratuitamente pelo SUS. E somente em 1998, com a Portaria 3918 do Ministério da

Saúde, a Política Nacional de Medicamentos - PNM foi aprovada, com os objetivos de “garantir a necessária segurança,

eficácia e qualidade dos medicamentos, a promoção do uso racional e o acesso da população àqueles considerados

essenciais”4.

A política foi justificada pelas transformações do perfil epidemiológico e de morbimortalidade da população, com

ênfase no envelhecimento da população e no aumento da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis,

reconhecendo naquele momento a desarticulação da assistência farmacêutica, o desconhecimento dos pelos profissionais

da Relação Nacional de Medicamentos (RENAME) e a baixa freqüência de suas revisões, e a irregularidade no

abastecimento de medicamentos na rede ambulatorial.

A PNM evoluiu de um cenário relativamente estático, no qual existia uma lista de medicamentos essenciais desde

19645, sem grandes modificações até a revisão feita em 1975, pela CEME, quando foi batizada de Relação Nacional de

Medicamentos Essenciais. Novas revisões ocorreram em 1989, e em 1993, também sob a coordenação da CEME, sendo

que esta última sequer foi publicada na época6. Com a promulgação da Lei 9313, de 1996 (dos medicamentos para os

pacientes infectados pelo vírus HIV), houve empenho para definir a política de medicamentos, culminando com a sua

aprovação em 1998.

Entre as suas diretrizes7 destacam-se: a adoção da RENAME e sua revisão regular; a reorientação da assistência

farmacêutica; promoção do uso racional dos medicamentos (destacando a adoção de medicamentos genéricos, assim

como o processo educativo dos consumidores de medicamentos); e a garantia da segurança, eficácia e qualidade dos

medicamentos. Se de um lado está a recomendação do uso da RENAME, instrumento fundamental para que o SUS possa

cumprir a sua atribuição de prover, com os medicamentos necessários, as pessoas que deles precisam8, de outro a

reorientação da assistência farmacêutica, envolvendo a descentralização da gestão, não eximiu os gestores federal e

estadual da responsabilidade de aquisição e distribuição de medicamentos, em situações especiais. Entre estas situações

figuram os problemas de saúde pública cujo controle se dê pelo tratamento de seus portadores, as doenças cujo tratamento

é prolongado e de alto custo, e as doenças cujo tratamento envolve medicamentos não disponíveis no mercado interno. Ou

seja, a política não determina a distribuição apenas de medicamentos essenciais, mas também aqueles para problemas

crônicos de custo catastrófico e até aqueles que não estão disponíveis no mercado.

Dando continuidade às contradições, o texto menciona a necessidade de critérios mais específicos a serem

observados, relacionados à disponibilidade de recursos financeiros, e à eficiência da aquisição e distribuição de

4Anexo da Portaria 3918/1998, http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_medicamentos.pdf. 5Relação Básica e Prioritária de Produtos Biológicos e Materiais para Uso Farmacêutico Humano e Veterinário, Decreto n.o 53.612, de

26 de fevereiro de 1964. 6Relação Nacional de Medicamentos Essenciais, 5ª edição, Brasília, 2007 (p.16) 7Política Nacional de Medicamentos, Série C. Projetos, Programas e Relatórios n.25, Ministério da Saúde/ Secretaria de Políticas de

Saúde/ Departamento de Formulação de Políticas de Saúde, maio de 2001. 8Apresentação da RENAME, 2000.

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medicamentos dadas as necessidades de saúde da população.

Nesse contexto, estão garantidos os direitos de todos à assistência farmacêutica integral, sem limites, pois os

problemas de saúde mais comuns estão contemplados pela RENAME, e os demais nas situações especiais, não havendo,

de fato, espaço para análise que garanta uma alocação eficiente de recursos, que por natureza são finitos!

Um último aspecto a ser destacado da PNM relaciona-se a sua diretriz de consolidação do processo de revisão

sistemática e regular da RENAME. Com o surgimento constante no mercado de novos fármacos, a revisão é o mecanismo

de exclusão e de inclusão de novos medicamentos essenciais, baseado nas prioridades nacionais de saúde, bem como na

segurança, na eficácia terapêutica comprovada, na qualidade e na disponibilidade dos produtos. A RENAME,

adequadamente conduzida, sem dúvida possibilita o acesso com eqüidade a um conjunto de apresentações farmacêuticas

necessárias às ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde da população. A questão é a regularidade com que

as revisões acontecem: ao longo de 29 anos, ocorreram apenas 3 revisões! O que obviamente não era condizente com a

evolução tecnológica do setor farmacêutico e que favoreceu a entrada do judiciário nas questões da saúde. Assim,

medicamentos modernos, disponíveis no mercado, demoravam para ser incorporados à lista, reduzindo o acesso da

população e prejudicando o uso racional. Desde 2000, esse cenário tomou novas cores, tendo ocorrido 5 revisões em 10

anos, estando em 2010, a RENAME em sua 7ª edição, graças a um convênio e programa encarregado especificamente de

conduzir revisões periódicas9

Algumas evidências envolvendo a judicialização da saúde

Durante vários anos, o artigo 196 da Constituição não foi interpretado como determinante da obrigação do

Executivo em fornecer intervenções ou medicamentos. Era visto apenas como norma programática e as demandas judiciais

solicitando medicamentos ou intervenções não disponíveis no sistema não eram acolhidas de maneira geral. Segundo

alguns autores, essa visão se alterou em meados da década de 1990 iniciando-se o que vem sendo denominado

judicialização da saúde.

Machado (2008)10 realizou uma reflexão acerca do papel da judicialização da saúde, entendida como a expansão

do judiciário para a política da saúde (Tate, 1995)11, questionando se a ação do judiciário seria positiva ou negativa.

Como evidência positiva, o autor menciona as conseqüências advindas das demandas judiciais acerca dos

medicamentos antiretrovirais, que não faziam parte das intervenções disponíveis, no início dos anos 1990. Uma vez criada

a Lei n. 9313/96 que garante a distribuição gratuita e universal desses medicamentos, as demandas passaram a ser

acolhidas, pelo judiciário, pressionando o executivo a se planejar para efetivamente prover a medicação (Gouveia, 2003)12,

o que acabou ocorrendo. O Programa Nacional DST/Aids é visto mundialmente como modelo de assistência e atenção aos

pacientes HIV/Aids.13

Como evidência negativa, alguns estudos revelam que a maioria dos beneficiários dessas demandas são

minorias privilegiadas. Lopes, Barberato Filho e Osório-de-Castro (2008), em estudo acerca das ações contra a Secretaria

9Introdução da RENAME, 2005. 10Machado, F. R.S. - Contribuições ao Debate da Judicialização da Saúde no Brasil. Revista de Direito Sanitário, São Paulo v. 9, n. 2 p.

73-91 Jul./Out. 2008. 11Tate, C. N. - Why the Expansion of judicial power? In The global expansion of judicial power. New York, London: New York University

Press, 1995 (apud Machado, 2008). 12Gouvêa M. M. - O direito ao fornecimento estatal de medicamentos. Revista Forense, Rio de Janeiro, v. 370, p. 103-134, 2003. 13USAID e Programa Nacional de DST/AIDS organizam Fórum de Marketing Social do Preservativo - 30/8/2004,

http://www.sistemas.aids.gov.br/imprensa/Noticias.asp?NOTCod=59048

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Estadual de São Paulo (SES) relativas a medicamentos neoplásicos, verificaram que as de origem em serviços privados de

saúde representavam mais de 60% do total analisado, para quatro medicamentos dos sete examinados. O estudo

encontrou também forte concentração dos prescritores, segundo medicamento (variando de 10,6% a 38,4%, 2006/07) e do

principal advogado comandando a ação (percentuais entre 9,5 e 70,4). Entre as conclusões desses autores destacam-se a

constatação da elevada proporção de ações judiciais contra a SES, em 2006 e 2007, serem provenientes de serviços

privados de saúde (50%), que muitas ações envolviam medicamentos sem evidências clínicas positivas para o tratamento

da doença objeto da ação, o que representou um gasto de R$ 7 milhões em medicamentos sem evidência científica para o

uso solicitado.

Outro estudo, desenvolvido com dados de 2005, da Secretaria Municipal de São Paulo, examinando 170

processos solicitando medicamentos, também identificou elevada proporção de ações conduzidas por representações

privadas (54%) e com origem em serviços não conveniados ao SUS (27,5%).14 As autoras mostram também que a maioria

das ações referia-se a medicamentos constantes da REMUNE15 ou da relação de medicamentos de dispensação especial

(estes representando quase 15% das demandas), cerca de 62%, e que 37% dos impetrantes que tinham endereço no

município de São Paulo, não estavam nas áreas de maior índice de exclusão social. As autoras também analisaram a

condição legal dos medicamentos solicitados, concluindo:

“Dos medicamentos antineoplásicos adquiridos via ação judicial, dois deles sequer estão registrados no Brasil e a

maioria carece de mais ensaios clínicos controlados randomizados que fundamentem sua eficácia. Em resumo, US$ 281

mil foram utilizados para a aquisição desses medicamentos, com total desconsideração da organização do SUS, que prevê

o atendimento dessa demanda de outra forma. Além disso, este recurso foi gasto com medicamentos que, em sua maioria,

não apresentam fortes evidências de benefício aos pacientes.” (Vieira e Zuchi, 2007, p.11)

Embora a questão da incorporação de novos medicamentos nas listas de medicamentos, esteja

aparentemente equacionada, em nível federal, é interessante examinar a discussão apresentada por Sheffer et alli

(2005)16, em um abrangente estudo sobre a judicialização da Aids. Estes autores afirmavam que a maioria das ações

era movida para reivindicar medicamentos em falta na rede pública ou que ainda não haviam sido incorporados à

RENAME ou ao Consenso Terapêutico. Entre 1996 e 2002 a quantidade de sentenças que obrigavam o fornecimento

de medicamentos de alto custo cresceu seis vezes e meia, tendo representado 6% do orçamento da SES, reservado

para esse tipo de medicamento, em 199617.

Tal situação ainda era patente, em 2007, quando, por exemplo, a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo

gastou 40% do orçamento do programa de medicamentos excepcionais com apenas 30 mil pacientes por meio de ações

judiciais, enquanto o programa todo deveria atender cerca de 400 mil pacientes! O mesmo tipo de distorção foi apontado

pelo Secretário de Saúde do RS, onde 15% dos pacientes que usavam medicamentos de alto custo, graças ações judiciais,

absorviam cerca de 30% de todo o orçamento da secretaria, e que muitos pedidos referiam-se a drogas similares em

eficácia a outras presentes na lista do estado, mas com grande diferença de preço, como no caso de medicamento para

hepatite C - o interferon - que tinha uma diferença de 26 vezes entre os dois similares!18

14Vieira, F .S e Zucchi, P. - Distorções causadas pelas ações judiciais à política de medicamentos no Brasil, Rev. Saúde

Pública vol.41 no.2 São Paulo Apr. 2007 15Relação Municipal de Medicamentos. 16Scheffer, M.; Salazar, A.L.; Grou, K. B (2005). O Remédio via Justiça : Um estudo sobre o acesso a novos medicamentos e exames em

HIV/Aids no Brasil por meio de ações judiciais. PNDST/Aids, Série Legislação nº 3. 17Leite, F. Justiça faz política de medicamentos em SP. Folha de S. Paulo, de 18/08/02, apud Sheffer et. alli (2005). 18Biancarelli, A.(2008) - Febre de processos judiciais ameaça saúde dos Estados, Valor online 19/11.

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A esse respeito, Vieira (2008)19 fez um interessante exercício utilizando a versão mais cara dessa droga.

Admitindo que o SUS trate um quarto das pessoas portadoras de hepatite C, com o interferon peguilato (a versão mais

moderna e mais cara), o gasto com o tratamento delas (apenas 0,25% da população brasileira) representaria 64% do

orçamento do Ministério da Saúde de 2006! O direito de 0,25% da população estaria garantido, e o direito dos restantes

99,75%? Como fica o quesito equidade?

Cabe mencionar, a influência do setor industrial através de suas ações de marketing sobre a demanda de novos

medicamentos, similares a outros em uso. Por exemplo, alem da doação de presentes, como blocos de anotação com o

nome do medicamento, ocorrem formas pouco claras, como o financiamento de cursos para educação continuada em

Medicina, evidentemente direcionada.20

Sheffer et alli (2008) referem que as ações ocorriam pela falta dos medicamentos mais modernos nos postos do

SUS ou mesmo nas listas oficiais do governo. Analisando o tempo envolvido nos processos de incorporação dos

antiretroviais nos Consensos Terapêuticos do Programa Nacional DST/Aids, desde a sua aprovação pelo FDA/USA, o autor

encontrou uma média de 20,5 meses, enquanto nos Estados Unidos o período entre a aprovação e a disponibilidade do

medicamento no mercado era inferior a 5 meses. No mesmo estudo, a análise de um conjunto de sentenças do período de

2000 a 2004 mostrou que na época os juízes decidiam favoravelmente por entender que a prescrição médica atestava a

necessidade do medicamento e que a ausência do mesmo nas listas oficiais não excluía o tratamento. Entre as sentenças que

negavam o fornecimento, os principais argumentos eram que a prescrição deveria vir de médico credenciado no SUS, e que

um medicamento sem registro e sem a devida comprovação de eficácia e segurança impunha risco para a saúde do paciente.

Em artigo na mídia impressa, em abril do corrente ano, os mesmos autores reiteram o problema, destacando a

falta de definição clara e rápida, pelo setor público da saúde, sobre o papel de cada nova droga lançada no mercado. Nesse

contexto, enaltecem o caráter positivo do Forum Nacional do Judiciário para monitoramento das demandas judiciais,

instituído pelo Conselho Nacional do Judiciário, incluindo recomendações importantes como a necessidade de apoio técnico

de médicos e farmacêuticos para subsidiar a análise dos juízes, e do cuidado em não autorizar drogas em fase

experimental e sem registro sanitário.21

Gastos com Saúde

No contexto de uma sociedade solidária, cuja vontade inclui o acesso a um sistema público de saúde universal e

integral como um direito de cada cidadão, resta analisar o impacto dessa vontade sobre a alocação dos recursos derivados

dos impostos.

Tal tarefa, entretanto, não é trivial. Não existe uma única fonte oficial de dados sobre os gastos com saúde ou em

relação ao valor da produção do setor saúde para uma série temporal longa e contínua. Entre as principais fontes

destacam-se o Ministério da Saúde, o IBGE, o IPEA, a Organização Mundial da Saúde e o Banco Mundial, que utilizam

diferentes metodologias. Dentre essas, este último dispõe de relatórios anuais que fornecem informações, por exemplo, da

participação dos gastos públicos e privados com saúde em relação ao produto interno bruto (PIB), para um período

relativamente longo, para todos os países. Recentemente, o IBGE desenvolveu o sistema de Contas Nacionais para

destacar as informações sobre o setor saúde, gerando valores, para o setor e para a parcela denominada “saúde pública”,

19Vieira, F.S. - Ações Judiciais e o Direito à Saúde: reflexão sobre a observância aos princípios do SUS, Revista de Saúde Pública,

42(2),2008. 20Blumenthal, Ld.- Doctors and Drug Companies. Volume 351:1885-1890. Oct. 2004, apud Scheffer e Nunes (2008). 21Scheffer e Nunes Jr, Saúde via Justiça, FSP 26/04/2010.

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muito diversos dos apresentados, por exemplo, pelo IPEA e pelo Banco Mundial.

O Gráfico 3 apresenta a evolução do montante dos gastos públicos, a preços de 2008, segundo duas fontes:

IBGE e IPEA, revelando significativa divergência entre as informações22. Observa-se que o valor das atividades da Saúde

Pública, como computadas pelas Contas Nacionais calculadas pelo IBGE é de15% a 20% menor do que o dado do IPEA.

De qualquer modo, ambas demonstram uma tendência crescente dos gastos públicos após a aprovação da PNM, com um

aumento de 69% segundo o IPEA e de 62% segundo o IBGE, de 2000 a 2007. Considerando o dado de 2008 do IPEA, o

aumento é superior a 80%.

Em termos percapita, o gasto público era da ordem de R$ 543,00, em 2007, segundo dados do IPEA. Uma

comparação com outros países, utilizando os dados da Organização Mundial da Saúde, revela o gasto público em saúde

per capita do Brasil era, em 2000 e em 2007, inferior a média mundial (US$ 279 e US$ 478, respectivamente), muito inferior

à média das regiões das Américas (US$ 829 e US$ 1374, respectivamente), inferior aos valores da Argentina (US$382 e

US$ 336) e Chile (US$ 169 e US$ 361). Era de US$ 107 e US 252, respectivamente, ligeiramente maior do que os valores

da Bolívia23.

A participação dos gastos com saúde no PIB, está apresentada, também segundo duas fontes, para período não

coincidente, no Gráfico 424. A primeira observação é que o percentual calculado para as atividades da saúde pública,

segundo o IPEA, é muito diferente daquele apresentado pelo Banco Mundial, para os gastos públicos. Enquanto o primeiro

varia em torno de 1,5%, segundo o banco, a participação dos gastos públicos, para o mesmo período é mais do que o

dobro (em torno de 3,3%). Em segundo lugar, examinando-se a série fornecida pelo banco, verifica-se que os anos 90

assistiram a um aumento de 2 pp da participação dos gastos totais em saúde no PIB, desconsiderando-se os dois primeiros

anos do período, e uma relativa estabilidade no período de 2000 a 2007. No entanto, tomando-se o ano 1994 como ponto 22Os valores nominais do IBGE foram deflacionados pelo IPCA. 23Argentina: US$ 382 e US$ 336; Bolívia: US$ 51 e US$ 226; e Chile: US$ 169 e US$ 361, WHO, World Helath Statistics 2010, Tabela 7. 24Legenda do Gráfico 4: GST-wb: Gasto Total em Saúde, fonte World Bank; GSPr-wb: Gastos em Saúde do setor privado, fonte Word

Bank; Gastos em Saúde do setor público, fonte Word Bank; SPU-ibge: Valor da produção do setor público (Saúde pública), fonte IBGE.

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de partida, percebe-se que a evolução dos gastos privados, até o último ano que se dispõe de informação, apresentou

tendência crescente, resultando em um aumento de participação de mais de 1pp, ao passo que os gastos públicos ficaram

praticamente estagnados em torno de 3,4%, mesmo após a aprovação da PNM, em 1998.

Nesse contexto, o propalado impacto das ações judiciais relativas a medicamentos (e exames) sobre os gastos

públicos parece ter acompanhado simplesmente o aumento do valor da produção nacional, e conseqüentemente o

aumento das receitas do setor, ou então realizou-se a custas de outras atividades. A esse respeito, as informações

parecem ainda mais precárias. Apenas dois estudos foram encontrados contendo dados de interesse.

O estudo Sheffer e Nunes (2008) apresentou os gastos com medicamentos antiretrovirais, cujos montantes

participaram dos gastos públicos ( como calculados pelo IPEA) entre 0,8% (2001) e 1,11% (2005). O trabalho de Servo et

alli (2009)25 utilizando os dados do IPEA, descreveu a distribuição das despesas públicas em saúde segundo seus diversos

componentes, revelando efetivamente o aumento significativo da participação das despesas com medicamentos (Med) de

4,31%, em 1995, para 9%, em 2007; acompanhado do aumento da participação da atenção básica (AB) de 9,7% para

15,7%; a custas, basicamente, dos gastos com pessoal (P), queda de 8,8 pp e dos serviços de média e alta complexidade

(MA), queda de 11,5pp, como pode ser visualizado no Gráfico 526. A decomposição do componente Medicamentos,

revelava ainda o aumento da participação dos medicamentos especiais, que passaram de 0,61% em 1995), para 3,45% em

2007 (algo em torno de R$ 3,4 bilhões).

Vieira (2008)27 destacou que em 2006 o produto interno bruto (PIB) aumentou, segundo o IBGE, em 3,7%

enquanto as despesas com saúde do Ministério da Saúde se elevaram 7,5% e a parcela relativa a medicamentos elevou-se

26%. Sem dúvida percebe-se um descompasso!

Tendo em vista, que os salários do setor público da saúde não são necessariamente elevados, a redução dos

gastos com pessoal pode ter implicações sobre a qualidade do atendimento, um fato, aliás, recorrente. Por sua vez, a

queda da participação das despesas com as ações de média e alta complexidade também suscita apreensão, na medida

em que essas, de uma maneira geral, estão associadas a custos catastróficos para os pacientes, que dada a aleatoriedade

que tais problemas de saúde acometem as pessoas, não as encontram organizadas para pleitear seus direitos!

25Servo, L.M.S et alli - Financiamento e Gasto Público em Saúde: Histórico e Tendências (1995 a 2008), relatório de pesquisa – IPEA,

2009. 26Legenda do gráfico 5: P, pessoal; MA, ações de média e alta complexidade; AB, atenção básica; Med , medicamentos, SV, serviços de

vigilância; e O, outras. 27Vieira, F.S. - Ações Judiciais e o Direito à Saúde: reflexão sobre a observância aos princípios do SUS, Revista de Saúde

Pública,42(2),2008

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Considerações Finais

O presente texto examinou os argumentos de vários autores derivados de pesquisas dos mais variados tipos,

alem de uma breve descrição da política nacional de medicamentos e uma análise dos gastos em saúde com base em

dados secundários.

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Como reiterado inúmeras vezes, o povo brasileiro tem um “acordo” entre si de que a saúde é um direito, que deve

ser garantido pelo Estado, por meio de políticas sociais e econômicas.

Também é fato de que os recursos são escassos, e que podem ser realocados de acordo com interesses

diversos, e realocá-los para garantir o acesso a medicamentos modernos ainda não disponíveis nos postos de saúde, para

alguns, implica absorver os acréscimos de recursos que fluem do crescimento econômico e/ou reduzir a cobertura de outras

áreas, descumprindo a garantia do direito de outros e aumentando a ineficiência do setor público.

Concordamos com a observação de Piola do IPEA, de que, infelizmente, “o nosso gasto público é muito baixo

para uma cobertura universal e integral. ... Somos o único país de sistema universal onde o gasto privado é maior do que o

público”28.

Assim, torna-se fundamental aumentar a eficiência do gasto público, fortalecer e dar continuidade ao processo

sistemático e regular, como já vem ocorrendo, de revisão da RENAME e do registro de novas drogas de eficácia

comprovada; mas também aumentar os investimentos em desenvolvimento e pesquisas para possibilitar, no futuro, uma

maior autonomia na produção de medicamentos; e melhorar a formação dos profissionais intensificando no currículo o

debate sobre as questões éticas, favorecendo assim a constituição de uma “blindagem” contra o assédio do marketing

industrial. Se demandas judiciais justas prejudicam a gestão dos recursos, o planejamento e a produtividade do setor

público, o que podem fazer as demandas mal orientadas? Alem disso, não se pode menosprezar o fato de que os

problemas sociais do brasileiro não se resumem aos relacionados à saúde. Educação, previdência social, pobreza são

questões que ainda estão para serem equacionadas.

O Estado é o agente da vontade do povo, mas a informação assimétrica e as incertezas que envolvem essa

relação transferem de fato o poder do segundo para o primeiro, de modo que somente a organização encaminhando

reivindicações coletivas, reduzindo as assimetrias informacionais, pode aumentar a probabilidade do agente (o Estado)

atuar na direção desejada pelo principal (povo). Contudo, se de um lado esse movimento incorpora grupos marginalizados

no sistema político (Capelletti, 1993), é preciso ter consciência que por outro intensifica assimetrias de direito 29, como

evidenciado pelos estudos aqui mencionados.

A esse respeito, a argumentação de Borges (2007) é brilhante. Quando a saúde se apresenta como um bem

privado, o exercício do direito subjetivo contra o Estado por determinado indivíduo poderá afetar o exercício do direito

subjetivo de outros cidadãos, ou seja a saúde deixaria de ser um direito de cidadania garantido para toda população para

transformar-se em um bem exclusivo de consumo rival, disputado por todos,30 e o preceito constitucional da equidade

estaria desrespeitado.

28Zanatta, M. - Para Ipea, gasto público é insuficiente. Valor Econômico- 04/05/2010. 29Cappelletti, M (1993) – Juízes legisladores? Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris, editor., apud Machado, 2008. 30Borges, D. C. L. - Uma análise das ações judiciais para o fornecimento de medicamentos no âmbito do SUS: o caso do Estado do Rio

de Janeiro no ano de 2005. Dissertação (Mestrado). Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, 2007, apud Machado, 2008.

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Государственно-частное партнерство в сфере энергетики

в странах БРИКС: опыт России

Polina Ryabinchuk∗

Одной из главных целей создания и деятельности БРИКС является ускорение модернизации экономик

стран участниц БРИКС. В свою очередь важнейшей предпосылкой экономического роста является развитие

инфраструктуры, в частности путем реализации инвестиционных проектов с использованием механизма

государственно-частного партнерства (далее – также ГЧП).

В настоящее время, по мнению специалистов, Бразилия, Россия, Индия, Китай и Южная Африка

находятся на первом этапе формирования условий для развития государственно-частного партнерства1.

Данный этап предполагает принятие необходимых политических решений о сотрудничестве с бизнесом;

"проверку" на соответствие этих решений национальному законодательству, приведение его в соответствие и

подготовка базовых концепций ГЧП-проектов; формирование рынка ГЧП-проектов, подготовка специалистов по

управлению ГЧП-проектами.2

Состояние российского законодательства в области государственно-частного партнерства

В настоящее время в России отсутствует федеральный закон о государственно-частном партнерстве.

Проекты государственно-частного партнерства, в том числе в области энергетики, реализуются на основе норм

Гражданского кодекса и Бюджетного кодексов РФ, Федерального закона "О концессионных соглашениях",

Федерального закона "О соглашениях о разделе продукции" и пр.

В отсутствие достаточного правового регулирования договорных инструментов более чем в 60 субъектах

Российской Федерации приняты местные законы о государственно-частном партнерстве. Целью принятия

указанных законов являлось создание правового инструмента, являющегося альтернативой концессионным

соглашениям. Некоторые из региональных законов содержат детальное регулирование в сфере государственно-

частного партнерства, а некоторые включают в себя лишь общие положения.

По мнению политиков, в России уже создана законодательная база, которая позволяет эффективно

реализовывать механизм государственно-частного партнерства3, однако с этим утверждением согласиться сложно.

Анализ законодательных актов Российской Федерации и субъектов Российской Федерации показывает,

что в настоящее время законодательство в области государственно-частного партнерства имеет существенные

недостатки, а именно:

∗Faculdade de Direito da Universidade – Escola Superior de Economia, São Petersburgo. 1Старостина Т. Лекция "Институциональное обеспечение развития государственно-частных партнерств. Правовые нормы. Мировая практика. Ошибки и заблуждения" в рамках образовательной программы Государственного университета - Высшей школы экономики, проводимой при поддержке Европейской экономической комиссии ООН в Москве 16 июня 2008 г.

2Игнатюк Н.А. Государственно-частное партнерство. Учебник. - М.: "Юстицинформ", 2012 г. 3http://www.morozov-ov.ru/news.php?id=1257.

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1. Отсутствует единый подход к определению понятия государственно-частного партнерства;

2. Существующее законодательство предусматривают использование ограниченного числа моделей

государственно-частного партнерства (преимущественно в рамках концессионных соглашений), что существенно

ограничивает возможности инвестора по привлечению заемного финансирования;

3. Отсутствует возможность реализации проектов государственно-частного партнерства, которые

используются в мировой практике;

4. Действующее законодательство не содержит достаточных правовых условий для инвестирования в

долгосрочные инфраструктурные проекты;

5. Нуждается в уточнении объем полномочий органов исполнительной власти различного уровня в

зависимости от характера государственно-частного партнерства и состава его участников;

6. Подлежат определению права и обязанности участников государственно-частного партнерства;

7. Практика применения механизмов государственно-частного партнерства нуждается в

совершенствовании путем разработки специального вида соглашений.

Изложенный перечень недостатков не является исчерпывающим.

Развитие российского законодательства в области государственно-частного партнерства

Сегодня Россия стоит на пути принятия основ правового регулирования государственно-частного

партнерства на федеральном уровне.

Во исполнение поручения Правительства Российской Федерации был разработан и в апреле 2013 года

принят в первом чтении проект федерального закона «Об основах государственно-частного партнерства в

Российской Федерации».

Целью законопроекта является установление единого подхода к данной форме бизнеса на всей

территории страны.

Проект закона определяет понятие государственно-частного партнерства. Под государственно-частным

партнерством понимается взаимодействие публичного партнера и частного партнера на основании заключенного по

результатам конкурсных процедур соглашения о государственно-частном партнерстве, которое направлено на

повышение качества услуг оказываемых населению, а также на привлечение в экономику частных инвестиций.

Согласно законопроекту, частным партнером является индивидуальный предприниматель, российское или

иностранное юридическое лицо, за исключением государственных компаний. Публичными партнерами являются

Российская Федерация, субъекты Российской Федерации, органы местного самоуправления.

В соответствии с соглашением публичный партнер вправе принимать на себя обязательство предоставить

частному партнеру имущество во владение и пользование, право использования результатов интеллектуальной

деятельности, необходимых для исполнения соглашения о государственно-частном партнерстве.

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В свою очередь частный партнер принимает на себя обязательства по полному или частичному

финансированию, разработке и согласованию проектной документации; созданию или реконструкции объекта и

эксплуатации, техническому обслуживанию объекта.

Законопроектом предусмотрен исключительно конкурсный порядок заключения соглашений о

государственно-частном партнерстве.

Разработчики проекта предлагают ввести "защиту частного партнера от неблагоприятного изменения

законодательства", обеспечив ему возможность сохранить первоначальное распределение рисков на весь срок

существования партнерства. Так, в случае, если в течение срока действия соглашения о государственно-частном

партнерстве законодательством устанавливаются нормы, ухудшающие положение частного партнера и он

лишается того, на что был вправе рассчитывать, стороны соглашения изменяют условия соглашения в целях

обеспечения имущественных и финансовых интересов частного партнера, существовавших на день подписания

соглашения.

Соглашением о государственно-частном партнерстве могут быть установлены также иные гарантии прав

частного партнера, не противоречащие законодательству Российской Федерации.

Принципиально важно, что законопроект устраняет существующие ныне ограничения в федеральном

законодательстве для реализации проектов государственно-частного партнерства.

Необходимо отметить, что особое внимание Правительство Российской Федерации уделяет механизму

государственно-частного партнерства при реализации энергетических проектов.

В 2009 году Правительством Российской Федерации была утверждена Энергетическая стратегия на

период до 2030 года4, которая определила цели и задачи долгосрочного развития энергетического сектора, а также

установила в качестве одной из главных мер государственной энергетической политики развитие частно-

государственного партнерства при реализации энергетических проектов. Применение механизмов государственно-

частного партнерства предусматривается в топливно-энергетическом и нефтяном комплексах, угольной

промышленности, в сфере электроэнергетики и теплоснабжения.

Реализация Энергетической стратегии предполагает три этапа:

1 этап - создание базы для устойчивого поступательного развития энергетического сектора;

2 этап - переход к инновационному развитию и формирование инфраструктуры новой экономики;

3 этап - развитие инновационной экономики.

По мнению разработчиков, использование механизмов государственно-частного партнерства при

реализации энергетических проектов станет особенно актуальным на втором этапе, когда "прямое государственное

участие в развитии энергетического сектора будет постепенно ослабевать и заменяться на различные формы

государственно-частного партнерства, особенно в части строительства и модернизации энергетической

инфраструктуры, развития инноваций".

Представляется, что принятие федерального закона о государственно-частном партнерстве, который четко

закрепит принципы государственно-частного партнерства, гарантии партнеров, установит единый категориальный

4Распоряжение Правительства РФ от 13 ноября 2009 г. N 1715-р // Собрание законодательства Российской Федерации от 30 ноября 2009 г. N 48 ст. 5836

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аппарат, урегулирует правовые формы реализации партнерства, существенно облегчит внедрение данного

института на практике. В свою очередь совершенствование правовой базы привлечения частных инвестиций в

энергетическую отрасль и использования механизмов государственно-частного партнерства позволит реализовать

приоритетные направления энергетической политики и окажет содействие привлечению зарубежных инвестиций в

энергетический сектор.

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Реформирование финансово-правовых институтов стран БРИКС

и международное право

Irina Makarova∗

The Brics are building a challenge to western economic supremacy.

The Guardian

В международном регулировании мировой экономики возрастает значение наднациональных институтов.

В странах, вошедших в БРИКС, проживает 40% населения земного шара; на страны БРИКС приходится четверть

всех мировых богатств и 30% территории Земли; именно страны БРИКС в последнее время обеспечили две трети

мирового экономического роста. Такое сотрудничество и взаимодействие этих государств с развивающейся

рыночной экономикой способно обеспечить всему миру новые взгляды и подходы к управлению мировыми

финансами. Однако создание общих механизмов сотрудничества зачастую связано с различными трудностями.

Поэтому вопросы, связанные с БРИКС, в последнее время все чаще становятся предметом различных дискуссий,

круглых столов, пресс-конференций и обсуждений.

5-6 сентября в Константиновском дворце Санкт-Петербурга состоялся саммит «Большой двадцатки», на

котором страны БРИКС по списочному составу являются четвертью всех участников G20. Лидеры стран-участниц

БРИКС не упустили возможности обсудить вопросы, касающиеся БРИКС, в частности, создания новых финансовых

институтов в рамках БРИКС, таких как Банк развития и пул валютных резервов.

О создании новых финансовых институтов переговоры ведутся уже давно. Точка была поставлена 26-27

марта 2013 г. в Дурбане (Южно-Африканская Республика), когда прошел V саммит БРИКС, по итогам которого были

обнародованы Этеквинская декларация и Этеквинский план действий. Лидеры стран-участниц БРИКС договорились

учредить новый финансовый институт – Банк развития БРИКС, в целях «мобилизации ресурсов для

финансирования инфраструктурных проектов и проектов устойчивого развития БРИКС и других развивающихся

стран». В п. 9 Этеквинской декларации сказано: «Развивающиеся страны сталкиваются с проблемами при развитии

инфраструктуры, связанными с недостатком долгосрочного финансирования и прямых иностранных инвестиций,

особенно в основной капитал. Это сдерживает мировой совокупный спрос. Сотрудничество в рамках БРИКС,

направленное на более продуктивное использование мировых финансовых ресурсов, может способствовать

решению этой проблемы. … Мы согласились создать Новый банк развития. Первоначальный взнос в капитал Банка

должен быть существенным и достаточным для того, чтобы Банк мог эффективно финансировать

инфраструктурные проекты». Включение формулировки о создании Банка развития БРИКС в текст декларации,

подписанной лидерами всех стран-участниц БРИКС, является важным и в некотором роде переломным моментом

на пути создания этого нового финансового института БРИКС. Президент РФ В.В. Путин сказал следующее по

поводу создания Банка развития БРИКС: «Россия выступает за то, чтобы с опорой на бизнес эффективнее

использовать экономический потенциал БРИКС для наращивания объемов взаимной торговли, инвестиций,

∗Faculdade de Direito da Universidade – Escola Superior de Economia, São Petersburgo. доцент кафедры финансового права. юридического факультета. НИУ ВШЭ – Санкт-Петербург.

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расширения промышленной и технологической кооперации. Хорошим подспорьем в этой работе, конечно, станет

создание Банка развития БРИКС. В этой связи хотел бы отметить, что Россия выступает за то, чтобы это

финансовое учреждение было создано. Но мы исходим из того, что если оно будет создано, то оно будет работать

исключительно на рыночных принципах и будет оказывать поддержку бизнес-сообществу всех наших стран».

Но вопрос о создании Банка развития БРИКС поднимался задолго до V саммита. В феврале 2012 г. в

рамках мероприятий Группы 20 состоялась встреча председателей центральных банков БРИКС, на которой была

одобрена инициатива Индии по созданию совместного Банка развития для продвижения проектов в области

инфраструктуры. В Совместном заявлении 6 заседания Российско-Бразильской комиссии высокого уровня по

сотрудничеству, подписанном 20.02.2013 г. в г. Бразилиа, Председатель Правительства Российской Федерации Д.А.

Медведев и Вице-президент Федеративной Республики Бразилии М. Темер подтвердили заинтересованность в

создании нового банка развития под эгидой БРИКС. Месяц спустя, в Совместном заявлении Российской Федерации

и Китайской Народной Республики о взаимовыгодном сотрудничестве и углублении отношений всеобъемлющего

партнерства и стратегического взаимодействия, подписанном в г. Москве 22.03.2013 г. опять рассматривался

вопрос о создании Банка развития и пула валютных резервов.

Для стран БРИКС сделан важный шаг. Принятие решения о создании собственного Банка развития БРИКС

наглядно иллюстрирует колоссальные успехи в экономическом развитии за последние десятилетия. К примеру,

можно сравнить совокупный ВВП стран-участниц БРИКС в настоящий момент и ВВП развитых стран на момент

становления Бреттон-Вудских финансовых институтов. Общий объем торговли в 2012 г. составил 340 трлн. долл.

Аналитики считают, что к 2050 г. общий объем экономик стран БРИКС превысит аналогичный показатель развитых

западных государств из «Большой семерки». Также, создание Банка развития приведет к изменению равновесия

глобальной политической и экономической власти: страны-участницы БРИКС показывают всему миру, что они

готовы и могут работать вместе, и пока развитые государства решают свои проблемы, развивающиеся страны

берут бразды правления над будущим в свои руки. А пул валютных резервов будет создан для поддержания

национальных валют стран БРИКС. По данным, опубликованным в Российской газете, пул резервных валют

составит 100 миллиардов долларов. Россия, Индия и Бразилия внесут по 18 миллиардов долларов, Китай – 41

миллиард, ЮАР – 5 миллиардов.

В научном сообществе, а также среди западных аналитиков, бытует мнение, что БРИКС – это скорее

некоторое «имиджевое» образование, но необходимо отметить, что большинство решений, принятых на бумаге,

спустя некоторое время воплощаются в жизнь. Незадолго до саммита в Индии исследователями из БРИКС был

сделан анализ дисциплины выполнения участниками принятых совместных решений. С апреля 2011 по март 2012 г.

средний показатель исполнения государствами-членами группы составил более 70%. При этом Индия выполнила

все принятые на себя обязательства в 100%-ном объеме, Китай и Бразилия на 80%, Россия на 60%, а ЮАР лишь

наполовину.

Что же будет представлять собой Банк развития БРИКС? 1-2 августа 2013 г. в г. Дели состоялась встреча

делегаций стран-членов БРИКС, на которой согласовали вопросы, касающиеся структуры распределяемого

капитала Банка развития БРИКС. В этом совещании приняли участие заместители министров финансов,

представители внешнеполитических ведомств и национальных банков. Заместитель министра финансов России

Сергей Анатольевич Сторчак, возглавляющий российскую делегацию на переговорах, сказал следующее: «С

учётом того, что на политическом уровне уже было принято решение о том, что целесообразность создания Банка

развития не вызывает никакого сомнения, то задача делегаций – найти баланс интересов, чтобы из общего

политического контекста выйти на конкретные условия создания этого банка. На сегодняшний день есть

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принципиальная договоренность между странами о том, что мы не подсвечиваем те проблемы, которые еще

предстоит решать, но говорим о том, что собственно говоря, уже удалось достичь. Это, прежде всего, решение по

структуре капитала. Как минимум, капитал будет состоять из двух частей – оплаченная часть и часть до

востребования».

Представляется целесообразным более подробно рассмотреть предполагаемую структуру капитала Банка

развития. Оплаченная часть и часть до востребования, о которой говорил Сергей Сторчак – это так называемый

распределяемый капитал, обозначенный в 50 миллиардов долл. Изначально говорили о равном вкладе по 10

миллиардов долл. со стороны каждой страны-участницы БРИКС в уставный капитал Банка развития, но

предложенный вариант акционирования больше всего не понравился ЮАР, делегаты которой настаивают на

пропорциональном вкладе. Со стороны Китая поступало предложение о создании банка с капиталом в 100 млрд.

долл., причем значительная часть капитала должна была принадлежать именно Китаю. В последних числах августа

2013 г. странам БРИКС наконец удалось договориться о размере совокупного капитала будущего банка развития,

который составит 50 миллиардов долл. и будет в равных долях поделен между странами-учредителями. В России

уже решили, каким образом будут направлены денежные средства: уставный капитал Банка развития БРИКС будет

оплачен Россией из средств государственного бюджета, а средства на формирование пула валютных резервов

БРИКС будут направлены из международных резервов Центрального Банка РФ.

Помимо распределяемого капитала все большее внимание уделяется разрешенному капиталу, который

может играть большое значение по следующим причинам: во-первых, разрешенный капитал может служить

своеобразным ориентиром для партнеров банка, что будет говорить о будущем вероятном финансовом

потенциале; во-вторых, в случае существования разрешенного капитала должна появиться нераспределенная

часть, которая будет играть колоссальное значение при присоединении к банку развития новых стран. Также

разрешенный капитал будет играть огромную роль при присоединении к Банку развития других государств и

международных финансовых институтов: вновь пришедшим не потребуется перераспределять часть акций, они

смогут получить не то, что уже распределено между участниками, а то, что разрешено, т.е. разрешенный капитал. О

распределении капитала дискуссия до сих пор продолжается.

В двух словах о структуре органов управления самого Банка развития. Государства БРИКС договорились о

классической структуре: совет управляющих, совет директоров и менеджмент. Окончательная структура будет

прописана в учредительных документах, которые еще должны будут пройти процедуру ратификации в

национальных парламентах.

Сложным оказался вопрос о рабочей валюте Банка БРИКС. Для работы будущего Банка развития Китай

предлагает использовать юань. Такое предложение обусловлено тем, что при использовании китайской валюты

увеличится международный статус юаня и появится возможность добавить юань к специальным правам

заимствования, которые являются международным резервным активом МВФ. Специальные права заимствования

на сегодняшний день состоят из корзины четырех валют – евро, японской иены, британского фунта стерлингов и

американского доллара. Остальные страны-участницы БРИКС пока высказывали предположения о том, что

рабочей валютой должен быть американский доллар.

Что же можно ждать от Банка развития БРИКС? К чему приведет в будущем его создание?

Первое. БРИКС уверенно преследует свою главную цель – создать твердую экономическую и

политическую основу для будущего роста и расширения. Для стран-участниц БРИКС создание общих финансовых

институтов, в том числе Банка развития БРИКС, может послужить сильным толчком к дальнейшему более

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плодотворному экономическому сотрудничеству. Быстроразвивающиеся страны получат возможность привлечения

дешевых займов и отказа от услуг Всемирного банка.

Второе. Создание Банка развития наглядно показало бы, что БРИКС проводят свою четкую линию и в

части получения ответных уступок по переговорным позициям, учитывая помощь европейским государствам. У

стран БРИКС появится возможность обходить стороной МВФ, который находится в затяжной стадии

реформирования, при этом продолжая оказывать помощь через международные многосторонние институты. Банк

развития должен стать альтернативой Международному валютному фонду, Европейскому банку реконструкции и

развития и Всемирному банку, которые зачастую предоставляют займы не на дружественных условиях, но всегда

выгодных для стран Евросоюза и США. Особенно создание Банка развития БРИКС было бы привлекательным для

Индии и ЮАР, желающих выйти из-под «опеки» Всемирного банка и готовых к получению кредитов от финансового

института БРИКС, а не от Всемирного банка на различные инфраструктурные проекты.

Целесообразно уточнить следующее: несмотря на то, что долговой кризис еврозоны дал возможность

государствам БРИКС потребовать большего влияния на мировую финансовую систему, тем не менее в руках

БРИКС находится только около 11% голосов МВФ (а это, соответственно, влияет и на квоту голосования). При этом

доля США составляет 16,75%, что позволяет накладывать вето на любые значимые решения, требующие 85%

большинства, а Великобритания и Франция обладают большим количеством голосов, чем любая страна БРИКС.

Третье. С появлением Банка развития страны-участницы БРИКС при взаимных расчетах будут

использовать не доллар или евро, а свои национальные валюты, что приведет к росту инвестиционных потоков и

уменьшению зависимости от экономик других стран мира. Использование национальных валют может существенно

ослабить роль мировой резервной валюты. И не маловажным остается тот факт, что возрастет доверие между

государствами-участниками.

Четвертое. Создав собственный Банк развития, страны БРИКС смогут повлиять на политико-финансовый

ландшафт. Зачастую Всемирный Банк и Европейский банк реконструкции и развития при предоставлении займов

настойчиво предлагают ряд политических условий. Предполагается что будущий Банк развития БРИКС будет работать на

иных условиях, не навязывая государствам свои политические правила. Ко всему прочему, Банк развития сможет

инвестировать области, не доступные для Всемирного Банка из-за его экологических стандартов, а это значит, что для

Банка БРИКС открыты проекты строительства атомных электростанций, крупных дамб и плотин, изготовления

биотоплива и иные.

В то же время многие экономисты и мировые аналитики сегодня сильно сомневаются в том, что создание

отдельного Банка развития в рамках БРИКС – это хорошая идея. В пользу «провальности» идеи создания Банка развития

чаще всего они приводят следующие доводы.

Во-первых, у стран-участниц БРИКС существенно отличаются основные принципы построения финансовых

систем, экономические показатели и темпы роста. К примеру, по данным «Голдман Сакс» (Goldman Sachs, один из

крупнейших в мире коммерческих банков, известный также как «The Firm» – прим. автора), ВВП Китая почти в 4 раза

больше, чем ВВП других стран, входящих в БРИКС (за исключением ЮАР, у которого ВВП меньше китайского в 16 раз).

Поэтому ученые считают, что Китай, будучи «экономическим тяжеловесом», будет устанавливать свои правила игры, в

том числе при создании Банка развития БРИКС и установлении общих принципов его функционирования, в частности,

разногласия могут сложиться даже по поводу места штаб-квартиры Банка.

Во-вторых, государства, входящие в БРИКС, преследуют разные стратегические цели. По мнению аналитиков,

«основной задачей китайской экономики является расширение территории применения национальной денежной единицы

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страны – юаня; приоритетной целью индийского руководства значится привлечение масштабных иностранных

инвестиций; Россию интересует усиление ее геополитического влияния за счет роста экономических показателей. И так

далее». Да и в целом государства, входящие в БРИКС, преследуют различные политические и экономические цели. Так,

для примера можно рассмотреть отношения Китая и Индии: индийские власти сильно обеспокоены стремительным

ростом экономики и военного дела Китая, ведь Китай для Индии – это основной конкурент среди соседних с Индией

государств. И именно поэтому Индия все чаще сотрудничает с США, что никак нельзя сказать о Китае.

В-третьих, временной фактор. Для нового финансового института потребуется длительное время для того,

чтобы занять место, эквивалентное Европейскому банку реконструкции и развития, Международному валютному фонду

или Всемирному Банку. Банку развития БРИКС надо будет заслужить признание государств. И надо различать момент

создания банка на бумаге и момент начала его действительной работы, которой будут предшествовать длительные

переговоры о распределении общего капитала и других вопросах. В прессе все чаще говорят о том, что к 2015 году, как

это было запланировано изначально, первый кредит новым Банком выдан не будет.

Ученые называют еще много отрицательных моментов. Но имеют ли они такое же значение и силу, как

названные выше положительные аспекты создания Банка развития? Ведь если разобраться, то многие доводы

аналитиков и экспертов могут оказаться неосновательными. Действительно, сильно отличаются принципы построения

финансовых систем и многие экономические показатели. Но если эти препятствия страны БРИКС смогут преодолеть на

стадии создания Банка, то на сколько же легко будет БРИКС во время работы Банка развития. В какой-то мере даже

хорошо, что трудности возникают с самого начала: представители государств трезво оценивают ситуацию и заранее

знают, на что идут, не смотря на названные различия.

Говоря о разных стратегических целях, эксперты почему-то умалчивают о том, что как раз именно общий

Банк развития способен помочь всем странам-участницам БРИКС в достижении их интересов. Именно Банк

развития может заняться инвестированием в перспективный рынок, чего так хочет Индия; Банк может распределять

кредиты государствам – это полностью соответствует интересам России, которая стремится усилить свое

геополитическое влияние.

Во время саммита в Нью-Дели британское издание «The Guardian» отметило, что «БРИКС занимается

созданием новой глобальной архитектуры... А на международном уровне Россия, Бразилия и Индия добиваются

установления многополярной международной системы, где они являются основными акторами». Создавая новые

финансовые институты, БРИКС тем самым создает свою глобальную модель, которая должна быть основана на

принципах уважения интересов других стран и невмешательства во внутренние дела государств.

Несомненно, претворить в жизнь идею о создании Банка развития БРИКС – задумка крайне

перспективная. Но для плодотворного сотрудничества между государствами и длительного функционирования

нового банка от стран-участниц БРИКС требуются общий интерес, который в дальнейшем приведет к реализации

общей цели, а так же единая стратегия и полная согласованность действий. Перед БРИКС открыты все двери,

страны-участницы БРИКС могут использовать накопленный десятилетиями исторический опыт, например, опыт

создания Европейского валютного союза, который наглядно иллюстрирует как удачи, так и промахи. Все страны

БРИКС – Бразилия, Россия, Индия, Китай и ЮАР, должны быть одинаково заинтересованы в создании Банка

развития БРИКС, а истинную заинтересованность показать может лишь время.

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Círculo LANGSDORFF de reflexão – Brasil-Rússia

Proposta de trabalho em 13 de junho de 2013 por Paulo Borba CASELLA

Admiráveis coleções de aquarelas e desenhos, sobre a fauna e a flora do Brasil, foram coletados durante a

expedição LANGSDORFF (1821-1829), representando um dos mais importantes acontecimentos científico-culturais do

Brasil, no primeiro terço do século XIX. Esta missão foi iniciada antes mesmo de nossa independência, quando o Brasil

abria as suas fronteiras ao interesse do mundo.

O médico, botânico, zoólogo, antropólogo, filólogo, viajante-naturalista, navegador, geógrafo e etnógrafo, mas

sobretudo um cidadão do mundo, Gregory Ivanovich (Georg Heinrich von) LANGSDORFF (1774-1852), dirigiu a expedição

russa ao Brasil. Esta foi composta de duas fases, a primeira de 1821 a 1829, e se encerra quando LANGSDORFF parte

para a Europa, em 1830. A segunda fase, de 1831 a 1836, quando o botânico L. RIEDEL deu continuidade ao trabalho,

também este enviando grande quantidade de material, para o acervo da Academia de ciências da Rússia.

Foram contratados por LANGSDORFF botânicos, zoólogos, astrônomos, navegadores e, especialmente, artistas

da qualidade de Johann Moritz RUGENDAS, Aimé-Adrien TAUNAY e Hercule FLORENCE, dentre outros. Estes deixaram

vasto e rico registro do Brasil da época, em centenas de desenhos e aquarelas, bem como vasto conjunto de material

iconográfico e diários, bem como espécimes coletados, desde então conservados na Rússia.

O material iconográfico, do término da expedição e retorno de LANGSDORFF à Rússia, em 1830, permaneceu

durante um século, até 1930, praticamente desconhecido. Em 1930, foi redescoberto nos porões do Museu do Jardim

Botânico da cidade de Leningrado. Desde então tem sido, em alguma medida, divulgado, mas em escala muito menor e

menos frequente que as contribuições de outros viajantes estrangeiros, que nos ajudaram a desbravar, a conhecer, a viver

e a compreender o Brasil e o seu povo, a sua história, a sua cultura.

A reflexão e o registro dos viajantes europeus sobre o Brasil tem lugar de grande relevância em nossa trajetória.

Em considerável medida, nós nos descobrimos e nos aprendemos a partir dessas visões.

O intuito da “expedição LANGSDORFF” era realizar, através do desconhecido interior do Brasil, uma grande

viagem de pesquisa científica. Esta missão, que adquiriu proporções de epopéia, causou-lhe a perda da razão e em

consequência o sacrifício da própria vida.

LANGSDORFF foi um apaixonado pelo Brasil. Aqui esteve, pela primeira vez, em 1804, em Santa Catarina. Em

1813, retornou como cônsul-geral da Rússia no Rio de Janeiro.

Em meados de julho de 1821 (ou 20 de junho, pelo calendário Juliano), o cônsul-geral da Rússia no Rio de

Janeiro e membro extraordinário da Academia de ciências de São Petersburgo, Grigori Ivanovich LANGSDORFF –

conhecido em alemão como o barão Georg Heinrich von LANGSDORFF, natural de Mogúncia (Mainz) – deixava São

Petersburgo com a missão, que lhe fora confiada pelo czar ALEXANDRE I. Esta missão era acompanhada pela ordem de

concessão de 40 mil rublos em papel-moeda, e no futuro seguiriam remessas anuais de 10 mil rublos, para cobrir despesas

com a expedição no Brasil, idealizada pelo acadêmico.

A missão, confiada à direção de LANGSDORFF, passou a ter status imperial. E mostra a existência de relações

bilaterais entre os dois estados, antes mesmo da independência do Brasil, ocorrer em 1822.

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O círculo LANGSDORFF de reflexão Brasil-Rússia propõe resgatar essa dimensão de convivência e de diálogo

entre os dois países, as duas culturas. Resgatar essa visão de mundo e essa lição de aprendizado.

Organizar estudos e ciclos de debate e de reflexão sobre temas de várias áreas do conhecimento, de interesse de

nossos dois países, em várias áreas do conhecimento. Propõe-se refletir sobre as bases e as premissas norteadoras de

ação conjunta e coordenada destes dois em relações bilaterais, como também em relação a outros países – como se dá no

caso dos BRICS, aos dois somando Índia, China e África do Sul – bem como, inexoravelmente, em relação ao conjunto do

espaço do mundo, onde Brasil e Rússia são presenças incontornáveis.

Brasil e Rússia, apesar dessa longa relação bilateral, recentemente ampliada para outro patamar de visibilidade e

de atuação multilateral, por meio dos BRICS, dão exemplo de dois países, dois povos e duas culturas, que se ignoram

cordialmente. Que pouco sabe, um e outro – e, quiçá ainda mais um do que outro –, de concreto e de atualizado, um a

respeito do outro.

Que ambos sejam estados de dimensão continental é de tal modo óbvio, que sequer precisa ser enfatizado, e a

medida na qual ambos tem vocação para desempenhar papel de destaque no mundo, cada um a sua maneira, e no

contexto de sua vocação e história, tampouco precisa ser mencionado. Que ambos possam ter muito em comum, e em

muitos campos possam atuar de maneira conjunta e coordenada, em vários cenários internacionais (bilateral, BRICS e de

alcance mundial) distintos é igualmente óbvio. Mas em boa medida permanecem espaços inexplorados e desconhecidos.

Apesar de interesses e de complementaridades, em muitas dimensões, são escassas as vias de comunicação

direta entre Brasil e Rússia. Existem e operam relações oficiais, políticas, diplomáticas e consulares, assim como existem

fluxos de comércio bilateral. Existem também enormes lacunas de informação atualizada, de um a respeito do outro, e de

um em relação ao outro. Sobretudo em linha direta; sem interferência de traduções, que passem por outros idiomas e

culturas, sem que tragam efeitos deformadores sobre as nossas imagens um a respeito do outro.

Por esse motivo, se faz necessário e oportuno aumentar o conhecimento recíproco, a comunicação e o diálogo

entre Brasil e Rússia. Precisamos ir além dos clichês, das ideias preconcebidas (“idées reçues”) e das obviedades, que logo

saltam, em qualquer começo de conversa. Resultantes da tradição, ou do espírito do tempo, mesclando algo de verdade e

de mentira, estes chavões estão em todas as falas.

Está na hora de mudar o foco, partir dessas generalizações apressadas, para começar uma apreciação, com

algum distanciamento e aprofundamento, com olhar ao mesmo tempo científico, porém apaixonado – como o fez

LANGSDORFF, no passado – que nos permita avançar, partindo do que se sabe, ou se presume saber, para conhecer um

pouco mais de perto a realidade do outro. Sintomático é o fato de termos de passar por outras línguas, tais como o inglês e

o espanhol, para nos comunicarmos, entre Brasil e Rússia.

O cenário recente dessa cooperação e diálogo, já encetado, conta alguns resultados, graças ao empenho e ao

excelente trabalho já realizado pelos colegas russos: os professores, Tatiana ALEXEEVA, diretora, e Alexander VOLKOV, vice-

diretor, da Escola de direito da Universidade Nacional de Pesquisa, sede de São Petersburgo, bem como, de Moscou, o diretor

Vladimir DAVYDOV e o vice-diretor Boris MARTINOV, do Instituto de América Latina da Academia de Ciências da Rússia.

Dentre outras iniciativas, estes promoveram em São Petersburgo, em setembro de 2011, seminário sobre “aspectos jurídicos

dos BRICS”, do qual resultou a publicação do volume, contendo os trabalhos lá então apresentados. Papel de destaque coube

então e continua a caber ao inspirador e animador desse diálogo, o professor Pierangelo CATALANO, da Universidade de

Roma I – Sapienza, e do Centro Giorgio LA PIRA, que há quatro décadas ensina regularmente no Brasil e na USP.

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A proposta do círculo LANGSDORFF não é simplesmente mais um evento, mas construir processo continuado de

comunicação e de diálogo. Que ora se busca institucionalizar – e para tanto é emblemática a figura de LANGSDORFF. E,

concretamente, nos oferece a perspectiva BRICS de cooperação internacional.

A respeito da etapa seguinte do trabalho, passo relevante consiste na realização do seminário Brasil-Rússia na

FD-USP, dias 16 e 17 de setembro, em São Paulo. Os temas a serem abordados abrangem BRICS, energia, cooperação

bilateral e ação multilateral coordenada.

Neste mesmo momento, em São Paulo, também haverá encontro reservado visando a fixação da agenda para as

próximas etapas desse processo de comunicação bilateral e construção de canais de diálogo e de interação entre as duas

culturas, os dois povos, os dois países. Além de promover a publicação dos trabalhos apresentados no seminário paulista

de 2013.

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CADERNOS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO

ESTUDOS E DOCUMENTOS DE TRABALHO

Normas para Apresentação

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CADERNOS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO

ESTUDOS E DOCUMENTOS DE TRABALHO

Normas para Apresentação

A apresentação do artigo para publicação nos Cadernos de Pós-Graduação em Direito deverá obedecer as normas da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

● Titulo: Centralizado, em caixa alta. Deverá ser elaborado de maneira clara, juntamente com a versão em inglês. Se

tratar de trabalho apresentado em evento, indicar o local e data de realização.

● Identificação dos Autores: Indicar o nome completo do(s) autor(res) alinhado a direita. A titulação acadêmica,

Instituição a que pertence deverá ser colocado no rodapé.

● Resumo e Abstract: Elemento obrigatório, constituído de uma seqüência de frases concisas e objetivas e não de

uma simples enumeração de tópicos, não ultrapassando 250 palavras. Deve ser apresentado em português e em

inglês. Para redação dos resumos devem ser observadas as recomendações da ABNT - NBR 6028/maio 1990.

● Palavras-chave: Devem ser apresentados logo abaixo do resumo, sendo no máximo 5 (cinco), no idioma do artigo

apresentado e em inglês. As palavras-chave devem ser constituídas de palavras representativas do conteúdo do

trabalho. (ABNT - NBR 6022/maio 2003).

As palavras-chave e key words, enviados pelos autores deverão ser redigidos em linguagem natural, tendo

posteriormente sua terminologia adaptada para a linguagem estruturada de um thesaurus, sem, contudo, sofrer alterações no

conteúdo dos artigos.

● Texto: a estrutura formal deverá obedecer a uma seqüência: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.

● Referências Bibliográficas - ABNT – NBR 6023/ago. 2000.

Todas as obras citadas no texto devem obrigatoriamente figurar nas referências bibliográficas.

São considerados elementos essenciais à identificação de um documento: autor, título, local, editora e data de

publicação. Indicar a paginação inicial e final, quando se tratar de artigo de periódicos, capítulos de livros ou partes de um

documento. Deverão ser apresentadas ao final do texto, em ordem alfabética pelo sobrenome do autor.

● Citações: devem ser indicadas no texto por sistema numérico, obedecendo a ABNT - NBR 10520/ago. 2002.

As citações diretas, no texto, de até 3 linhas, devem estar contidas entre aspas duplas.

As citações diretas, no texto, com mais de três linhas devem ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda,

com letra menor que a do texto utilizado e sem aspas.

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