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SENADO FEDERAL SF - 1 SECRETARIA-GERAL DA MESA SECRETARIA DE TAQUIGRAFIA SUBSECRETARIA DE REGISTRO E APOIO A REUNIÕES DE COMISSÕES O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Autoridades presentes, senhoras e senhores, bom dia. Neste momento, daremos início ao segundo encontro que a Subcomissão Permanente do Desenvolvimento do Nordeste realizará nos Estados de abrangência da Sudene, quais sejam: os Estados de Alagoas, Paraíba, Piauí, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Minas Gerais. Senhoras e senhores, o primeiro encontro foi realizado no último dia 23 de maio, na capital do Estado de Alagoas, Maceió, e o tema debatido foi “O Desequilíbrio Fiscal”. O objetivo das visitas é promover o debate amplo, quando o Governo terá oportunidade de apresentar suas ações para a região. O Executivo apresentará o seu plano de ação e as suas demandas. Será desenvolvido, também, um tema específico, que foi previamente sugerido pelo Parlamentar do Estado. Aqui, em Campina Grande, temos a grata de satisfação de anunciar os Parlamentares anfitriões: os Senadores do Estado da Paraíba, Vital do Rêgo Filho, Cícero Lucena e Wilson Santiago, membros da Subcomissão Permanente de Desenvolvimento do Nordeste. Neste momento, faremos a composição da Mesa de Honra. Convido o Exm o Sr. Prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo. (Palmas.) Convido, para a Mesa de Honra, o Senador da República, neste ato representando o Senado Federal, Senador Vital do Rêgo Filho, o Vitalzinho. (Palmas.) Convido, para a Mesa de Honra, S. Exª o Senador Wellington Dias, Presidente da Subcomissão Permanente para o Desenvolvimento do Nordeste. (Palmas.) Convido, para a Mesa de Honra, S. Exª o Senador Eduardo Amorim, Vice-Presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo. (Palmas.) Convido, para a Mesa de Honra, S. Exª o Senador José Pimentel, Senador da República pelo Estado do Ceará e membro da Comissão. (Palmas.) Dando prosseguimento, convido, neste ato, representando a Câmara dos Deputados, em Brasília, S. Exª a Deputada Federal Nilda Gondim. (Palmas.) Convido, para a Mesa de Honra, o Deputado Federal Marcelo Castro, pelo Estado do Piauí. (Palmas.)

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SENADO FEDERAL SF - 1 SECRETARIA-GERAL DA MESA SECRETARIA DE TAQUIGRAFIA SUBSECRETARIA DE REGISTRO E APOIO A REUNIÕES DE COMISSÕES

O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Autoridades

presentes, senhoras e senhores, bom dia. Neste momento, daremos início ao segundo encontro que a

Subcomissão Permanente do Desenvolvimento do Nordeste realizará nos Estados de abrangência da Sudene, quais sejam: os Estados de Alagoas, Paraíba, Piauí, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Minas Gerais.

Senhoras e senhores, o primeiro encontro foi realizado no último dia 23 de maio, na capital do Estado de Alagoas, Maceió, e o tema debatido foi “O Desequilíbrio Fiscal”.

O objetivo das visitas é promover o debate amplo, quando o Governo terá oportunidade de apresentar suas ações para a região. O Executivo apresentará o seu plano de ação e as suas demandas. Será desenvolvido, também, um tema específico, que foi previamente sugerido pelo Parlamentar do Estado.

Aqui, em Campina Grande, temos a grata de satisfação de anunciar os Parlamentares anfitriões: os Senadores do Estado da Paraíba, Vital do Rêgo Filho, Cícero Lucena e Wilson Santiago, membros da Subcomissão Permanente de Desenvolvimento do Nordeste.

Neste momento, faremos a composição da Mesa de Honra. Convido o Exmo Sr. Prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do

Rêgo. (Palmas.) Convido, para a Mesa de Honra, o Senador da República, neste ato

representando o Senado Federal, Senador Vital do Rêgo Filho, o Vitalzinho. (Palmas.) Convido, para a Mesa de Honra, S. Exª o Senador Wellington Dias,

Presidente da Subcomissão Permanente para o Desenvolvimento do Nordeste. (Palmas.) Convido, para a Mesa de Honra, S. Exª o Senador Eduardo Amorim,

Vice-Presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo. (Palmas.) Convido, para a Mesa de Honra, S. Exª o Senador José Pimentel,

Senador da República pelo Estado do Ceará e membro da Comissão. (Palmas.) Dando prosseguimento, convido, neste ato, representando a Câmara

dos Deputados, em Brasília, S. Exª a Deputada Federal Nilda Gondim. (Palmas.) Convido, para a Mesa de Honra, o Deputado Federal Marcelo

Castro, pelo Estado do Piauí. (Palmas.)

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Neste ato, representando o Exmo Sr. Governador do Estado da

Paraíba, Ricardo Coutinho, convido o Secretário Estadual de Planejamento, Gustavo Nogueira.

(Palmas.) Representando, neste ato, a Assembleia Legislativa do Estado da

Paraíba, convido o Deputado Estadual Guilherme Almeida. (Palmas.) Convido, para compor a Mesa de Honra, o Sr. Roberto Cavalcanti,

representando a CNI. (Palmas.) Convido, para compor a Mesa de Honra, o Presidente em exercício

da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba o Sr. Maurício Clóvis de Almeida.

(Palmas.) Representando a Câmara Municipal de Campina Grande, convido o

Vereador Olimpio Oliveira. (Palmas.) Senhoras e Senhores, peço que, respeitosamente, todos fiquem de

pé para ouvirmos a execução do Hino Nacional brasileiro.

(Procede-se à execução do Hino Nacional.)

O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Senhoras e senhores, dando prosseguimento a este encontro, ouviremos, neste instante, o membro da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo, S. Exª o Senador Vital do Rêgo.

(Palmas.) O SR. VITAL DO RÊGO (Bloco/PMDB – PB) – Bom dia a todos os

companheiros e amigos. Como as saudações formais e protocolares já foram feitas pelo

Mestre de Cerimônias, estamos muito honrados, eu e o Prefeito Veneziano, que vai falar daqui a pouco, mas principalmente a cidade de Campina Grande em poder sediar esta importante reunião de trabalho, reunião ordinária para nós, da Comissão de Desenvolvimento Regional e da Subcomissão de Desenvolvimento do Nordeste, que acontecem todas as terças-feiras, mas, desta feita, não nos quadrantes do Congresso Nacional, do Senado da República, mas, sim, na região Nordeste, na Paraíba, em Capina Grande.

É com grande alegria, honra e sentimento de responsabilidade que a Comissão se dirige a Campina Grande para discutir o Nordeste, na cidade mais importante do interior do Nordeste.

Sem dúvida alguma, Srs. Senadores; companheiros; meus amigos; Presidente Wellington Dias; meu querido companheiro Ministro José Pimentel; meu queridíssimo amigo pessoal fraterno Eduardo Amorim; Srs. companheiros

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Deputados Federais; Deputada Nilda Gondim, Deputado Marcelo Castro, o Congresso Nacional vem beber em uma fonte muito saudável: a fonte de Campina Grande. Esta cidade cresceu pela sua pujança, pela força de seu povo, e é hoje responsável pelos maiores índices de crescimento em toda a região.

Por isso, discutir infraestrutura na Paraíba, que será o nosso tema, com uma plateia tão seleta – aqui estão prefeitos, aqui estão pessoas que representam a sociedade civil – nos encanta.

Sejam todos muito bem-vindos. Campina Grande acolhe com abraço próprio de quem realiza o maior São João do mundo.

Muito obrigado. (Palmas.) O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Senhoras e

senhores, depois das boas-vindas exarada pelo Senador Vital do Rêgo, o Viltalzinho, passo a palavra agora ao Exmº Sr. Prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo.

(Palmas.) O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO – Minhas senhoras, meus

senhores, meus cumprimentos, bom-dia a todos, sejam muito bem-vindos a esta reunião de trabalho.

Efetivamente, saibam todos, que nós nos sentimos distinguidos pelo gesto carinhoso, referenciado por uma atitude que nós teremos em memória duradouramente.

Campina Grande, como bem pontuou Vitalzinho, o Senador Vital do Rêgo Filho, vem sendo reconhecida, por parte de outros brasileiros, pelas suas particularidades, características em todos os vieses que a constituíram, recebe, acolhedoramente, esta reunião do Congresso Nacional, a mais alta Casa Congressual, o Senado da República.

Sinto-me muito feliz, agradecido e envaidecido ao falar em nome dos campinenses, porque é esse o sentimento de todos ao tempo em que, há trinta dias, o Senador Vital Filho dizia: “Prefeito, por decisão da Subcomissão, presidida pelo Governador, hoje Senador Wellington Dias, Campina Grande foi escolhida, no Estado da Paraíba, para sediar a reunião ordinária que às terças-feiras nós realizamos aqui no Senado Federal. Isso me encantou porque eu identificava razões, entre as quais duas principais, que foram confirmadas pelo Senador Wellington Dias, pelos carinhosos e afetuosos Senadores Eduardo Amorim, Senador José Pimentel, pelo meu querido Deputado Marcelo Castro quando tiveram a oportunidade de ter conosco, rapidamente, e vivenciar um pouco mais da realização de um maior evento que Campina, que eu costumo dizer que o Brasil conhece. Eu sentia isso! A referência, por ser Campina a cidade que realiza essa festa e, neste momento, oportunamente, trazer essa reunião para cá e também o reconhecimento e a grandeza de Campina, inserida no nordeste, como uma cidade pólo e de referências outras.

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Portanto, queridos Parlamentares, Deputada Nilda Gondim, querido

Deputado Guilherme Almeida, representando a Assembleia Legislativa; vereador Olímpio Oliveira, representando a Casa Legislativa Municipal. Exmº Sr. Gustavo Nogueira, Secretário de Planejamento a representar, nesta ocasião, S. Exª, o Governador do Estado, Ricardo Coutinho. Querido anfitrião, Maurício Almeida, Presidente desta Casa (Vice-Presidente a responder pela Presidência), querido Senador da República, Roberto Cavalcanti, a representar a CNI. Aos empresários, eu queria fazer essas menções em nome do Presidente Luiz Alberto, empresário campinense, que é Presidente da Associação Comercial, todos os senhores da sociedade civil de Campina Grande.

Este momento é único. Quando nós conversávamos ontem, repito, em rápidos momentos, eu encontrava muita firmeza de propósitos e dizia, antes de adentrar a este recinto, exatamente a percepção que tive Governador Wellington Dias (me permite tratá-lo assim), nesta ocasião como Senador, obviamente, que o senhor me trazia algumas informações (como foram informações outras), trazidas pelo Senador José Pimentel, pelo Senador Eduardo Amorim, pelo Deputado Marcelo Castro, em que se identificava, claramente, que esta não é, simplesmente, mais uma reunião de trabalho. Quem vivenciou as dificuldades, como Governador de Estado, um Estado com muitas limitações, como as têm o Estado do Piauí, e que passou a reviver momentos outros, não pela sua presença, mas, indiscutivelmente, por constatações que nós fazemos em números à sua passagem de oito anos, V. Exª dizia: “Veneziano, em certo momento eu me perguntava se, com todos os motivadores que tenho para fazer, por que não fazê-lo? E comecei a estudar e comecei a me aprofundar sobre a realidade do nordeste e de seus nove Estados integrantes.”

Então, a proposta de hoje não é uma proposta meramente comum a outras reuniões. O que nós queremos, o que a Subcomissão se propõe a fazer é receber – de Campina Grande, do Estado da Paraíba, de outros Estados que passam a ser alvos de discussões – idéias. Nós não queremos e não pretendemos observar brasis divididos dentro de uma própria região. Nós queremos acompanhar o processo que se fez evoluir em algumas das unidades nordestinas, sim, e em outras, não. Nós queremos discutir a fórmula, junto ao Governo central, de como participaremos de uma maneira não tão desigual como a que temos assistido. Indiscutivelmente, houve avanços. Nestes últimos 10 anos, não há como pretender negar os avanços que permitiram a região, ou aos Estados dessa região, acessos que outrora nós não tínhamos. Os milhões de nordestinos à margem, por completo de quaisquer acessos à bens de consumo, hoje são bem menores em número. Mas isso não nos satisfaz. Não é o fato de dizer que avançamos que simplesmente nos sugeriria cruzar os braços e não entender as grandes dificuldades e, mais do que isso, a marginalização que ainda é imposta.

Senador Wellington Dias e todos os demais representantes, Senador Vital Filho, terão a oportunidade de descrever realidades... Como ontem... Ontem,

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eu passei a conhecer, nós, nordestinos (nós, Estados), produzimos um percentual de riqueza para o País, mas o percentual que volta, em termos de investimentos, é bem menor. E nós queremos saber as razões pelas quais aquilo que se deu em face da nossa capacidade produtiva não volta, para que nos beneficiemos.

As questões de recolher tributos, como é o caso do ICMS, na origem e não no destino, questões relacionadas a esse anjo da guarda em que se transformou o Deputado Marcelo Castro, defensor dos royalties a todos os Estados do Nordeste, porque, afinal de contas, nada justifica que assim não se dê, também fazem parte para que... (Palmas.) ...as discussões sejam sistematizadas.

Senador Wellington, permita-me fazer essas referências porque, naquele bate-papo no momento de degustar um pouco da nossa culinária, eu começava a recolher essas informações. Nós queremos discutir de forma sistematizada, para levar do Congresso Nacional ao Palácio do Governo aquilo que nós pretendemos.

Temos força quantitativa? Temos. Nordeste, Norte, parte do Centro-Oeste e representação do norte de Minas Gerais. Temos força quantitativa e força qualitativa para isso, não podemos é nos dispersar. Fundamentalmente, a unidade que se cobra dos Estados do Nordeste é isto: que estejamos unidos, envolvidos, para nos fazer presentes, e não que continuemos a ser, no olhar enviesado e um tanto quanto míope, região que recebe favores. Não é isso que nós pretendemos. Nós pretendemos... Pelas potencialidades, pelas nossas riquezas, enfim, tudo aquilo, despiciendo se faz dizer que não devemos levar adiante comentários que todos bem reconhecem.

A proposta da reunião desta Subcomissão tem esse desejo e esse desiderato. Por essas razões, eu fiquei muito agradecido, envaidecido. E, falando em nome dos conterrâneos campinenses, dou-lhes as boas-vindas, desejoso de que esta reunião de trabalho, com a presença de todos esses elementos... Aqui está também o Banco do Nordeste, que é indissociável de toda e quaisquer outras iniciativas de fomento ao desenvolvimento da região.

Quero saudar o meu querido amigo, e me permito tratá-lo na informalidade, nosso Chicão, que aqui sempre esteve para tratar sobre esses assuntos. Então, as boas-vindas a todos os senhores, o meu agradecimento penhorado pelo gesto carinhoso para com Campina Grande e o desejo de que nós produzamos efetivamente em nome de um desejo comum, que é o de ver o Nordeste continuadamente a crescer com as suas próprias pernas, com a sua potencialidade. O que nós pretendemos e haveremos sempre de cobrar é gesto que nos permita igualdade de condições. Simplesmente isso.

Muito obrigado. Bom dia. Sejam felizes. Que nós tenhamos um dia produtivo de reunião no Senado Federal.

(Palmas.)

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O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Senhoras e

senhores, ouvimos o Exmo Sr. Prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo.

Gostaria de convidar para compor a Mesa de Honra os Senadores pelo Estado da Paraíba Cícero Lucena e Wilson Santiago.

(Palmas.) Os Senadores Wilson Santiago e Cícero Lucena farão parte da

composição da Mesa de Honra deste ato solene. (Pausa.) Senhoras e senhores, com a palavra o Presidente da Subcomissão

Permanente do Desenvolvimento do Nordeste, Senador Wellington Dias. O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT – PI) – Primeiro muito bom

dia. Eu quero aqui, em nome dos nossos Senadores paraibanos, Wilson

Santiago e Cícero Lucena e meu querido Vitalzinho... O Wilson ficou me devendo ontem ensinar os passos do forró. Falhou. (Risos.)

Estou saudando aqui também o nosso Prefeito Veneziano, que também nos acolheu com tanto carinho ontem aqui, e o representante do Governador Ricardo, com quem tratei ontem. Infelizmente houve uma situação emergencial e ele não pôde estar conosco hoje. Permita-me saudar aqui cada um dos líderes e os companheiros de missão do Senado, cada homem e cada mulher aqui presente.

Nesta fase, eu serei breve aqui, apenas para cada um entender o objetivo deste trabalho. Se eu pudesse resumir em uma frase o que queremos, eu diria que queremos colocar o Nordeste na pauta do Brasil de forma organizada, de forma planejada. Não quero dizer que não se trabalham, tanto no Congresso Nacional como no Executivo, como em outras áreas, prioridades para o Nordeste, mas creio que é visível que, se não tomarmos cuidado, vamos ter, dentro do Nordeste, o desenvolvimento chegando, e chegando de forma desigual – desigual dentro da própria Região: alguns Estados tendo surtos de crescimento, tendo determinados investimentos do poder central, determinados investimentos privados com apoio do poder central mais que outros. E aí vamos ter o desnivelamento dentro do Nordeste. Nós queremos o Nordeste crescendo, mas crescendo os nove Estados e, dentro de cada Estado, planejadamente também para não ficar essa ou aquela região desequilibrada. Esse é o eixo.

Isso é fácil? Não. O Senador Cícero Lucena nos alegra aqui também com sua presença. (Palmas.) Eu quero reconhecer que não é uma tarefa fácil. E é exatamente por não ser uma tarefa fácil que estamos colocando esta Comissão – e vamos receber aqui, mais tarde, o Senador Benedito de Lira, de Alagoas, que coordena esse trabalho. Como eu dizia, o Senador Benedito de Lira, que coordena esse trabalho, deverá chegar por volta de 11h30min, 12h. Ele também tem ajudado a Comissão de Desenvolvimento Regional mais geral.

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Vejam só: eu quero aqui, em rápidas palavras, apenas fazê-los

compreenderem a sistemática. Nós estamos trabalhando integrados com vários órgãos do Brasil – alguns do Nordeste. Temos tido o apoio – quero registrar isso aqui – do Banco do Nordeste, da Sudene, da Chesf, da Codevasf, do BNDES, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, do Ministério da Integração. Estou citando alguns – perdoem-me não citar todos –, os diferentes órgãos que são estrategicamente importantes na região.

Estamos elaborando alguns estudos e, ao mesmo tempo, buscando concentrar, condensar, integrar um conjunto de projetos e propostas que já temos. Qual é o problema? A ideia é não ter nada muito genérico. A ideia é ter mais específico. Qual é o objetivo? O objetivo primeiro é nortear um projeto único para a Região, um projeto que a gente possa somar todas as forças, as forças do fórum dos Governadores, da coordenação da Bancada na Câmara Federal, da coordenação da Bancada do Nordeste no Senado Federal, juntarmo-nos em muitos momentos com as bancadas de outras Regiões, como o Norte e o Centro-Oeste, que muitas vezes têm algo em comum com a nossa Região. Aliás, já vamos fazer, oito dias a partir de amanhã, uma reunião conjunta com a Região Norte. Estamos chamando, na verdade, de região amazônica. Do Centro-Oeste estamos tirando Goiás, que ficou mais rico. Estamos trabalhando, na região Centro-Oeste, Norte e Nordeste, as condições de unificarmos uma pauta que possa ser prioridade tanto dentro do próprio Congresso Nacional como na relação do Congresso Nacional com o Poder Executivo.

Em rápidas palavras – e é isto que o nosso prefeito dizia aqui –, muitas vezes se é prefeito de uma cidade, governador, secretário, dirigente de algum órgão, tem-se a vontade, tem-se o desejo, têm-se os projetos, tem-se tudo para fazer alguma coisa, e se sente impotente.

Alguns dados para compreendermos. O Brasil é muito desigual. E essa desigualdade passa também pela partilha dos investimentos – investimentos sob a forma de transferências ou investimentos sob a forma de financiamento. Isso vale para quem está no setor público e também para quem está no setor privado. Por isso, quero agradecer à Federação das Indústrias, que nos cede esta possibilidade de estarmos trabalhando esse tema aqui, que interessa ao setor privado também.

O fato é que o Brasil tem uma elevada carga tributária, cantada em verso e prosa – e temos a missão de cuidar da sua redução –, por outro lado, essa carga é muito injusta dentro do próprio Brasil.

Vou citar apenas dois dados para compreendermos. Como grande parte dos impostos são impostos indiretos... O ICMS é um imposto indireto, vem depois embutido no produto. Na conta da energia – discutimos outro dia, no Senado Federal –, a carga tributária embutida chega a 42%. A conta de energia tem uma série de taxações que compõem o imposto da energia. Também, na conta do telefone, na conta da água. Enfim, as contribuições, o conjunto sobre a

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folha de pagamentos... Como, em boa parte, a nossa carga tributária é indireta, ela se torna mais injusta ainda com as regiões mais pobres.

Vejam, as pessoas que ganham no Brasil até três salários mínimos – vou arredondar para R$1.600,00 – pagam uma carga tributária na casa de 48%; as pessoas que têm uma renda na casa de 30 salários mínimos pagam uma carga tributária de 28%. Quais as regiões que têm uma fatia da população de mais baixa renda? O Nordeste e o Norte.

Então, vejam: isso significa que aqui ocorre uma grande tributação, uma tributação injusta. E, na hora da partilha desse recurso, vem uma injustiça ainda pior. Tende-se a tratar ou de forma desigual, beneficiando-se as regiões mais desenvolvidas – cito aqui apenas três exemplos, para não me alongar. Quando a gente vê o ICMS, esta discussão, agora, de cobrar o ICMS no destino e não na origem é para colocar o Brasil respeitando uma regra universal na área da tributação. O fato é que, quando a gente compra um equipamento como esse, se ele foi produzido normalmente... Boa parte do que é produzido no Brasil está nas regiões mais desenvolvidas. Vou citar São Paulo, não por preconceito, mas porque é lá que se concentra boa parte da produção. Então, se compro, sou eu que pago; a tributação recai sobre o contribuinte, que sou eu. Moro num município num Estado do Nordeste, mas a fatia desse imposto vai, pela regra atual, para quem produziu, para onde está a fábrica.

Então, essa distorção funciona como um sugador, um aspirador de receita. Contribui-se muito, e ainda boa parte dessas receitas é sugada. Às vezes, o Estado não precisa de fundo de participação, vive mais do ICMS, e essa é uma das formas que permite essa condição. Na hora de distribuir – para pegar um outro exemplo – o dinheiro do Sistema Único de Saúde ou do Sistema de Educação... Vou pegar aqui o chamado per capita SUS e o Fundeb, dois exemplos novamente. Os estados mais desenvolvidos, por terem uma fatia maior da população com mais renda, têm uma fatia maior que não precisa do sistema público. Em estados brasileiros como Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo, 45% dos alunos estudam na rede privada. Essa fatia da população tem plano de saúde, tem condição de pagar uma consulta, uma cirurgia e, portanto, precisa menos do Sistema Único de Saúde.

Na hora de partilhar os recursos, a regra da educação trata como se fossem todos iguais, o per capita aluno tem o mesmo valor. Num estado como a Paraíba – não tenho o dado exato, mas não tenho dúvida ao afirmar –, 90% dos alunos devem estar matriculados na rede pública municipal ou estadual, porque aproximadamente 10% é que têm condições de pagar uma escola privada. Ou seja, quem mais precisa recebe o mesmo que recebe quem menos precisa. O Governador da Paraíba vai ter de dar conta de 90% dos alunos que estão na rede pública, recebendo um per capita aluno igual ao de Santa Catarina, que vai ter de cuidar de mais ou menos 65% ou 60% dos alunos. Isso leva a uma distorção. Surge, então, a pergunta: “Por que não se pode pagar um salário melhor para o

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professor? Como é que lá podem e a gente não pode?”. Era isso o que eu dizia para o prefeito. Às vezes vinha a angústia: “Será que sou incompetente? Eu quero fazer isso, mas o dinheiro não está dando”.

A mesma coisa acontece na área da saúde, que, aliás, é mais injusta ainda. Nós temos um modelo... Quem lida com a área da saúde, no setor público ou privado, sabe que o modelo é a resolutividade. Ou seja, os lugares que já têm uma estrutura de profissionais, de equipamentos, estruturas já mais desenhadas, claro que produzem mais, claro que produzem mais. Agora, você termina recebendo menos recursos nos estados que precisam mais, onde uma fatia maior da população precisa desse dinheiro.

Vou citar um exemplo. Do bolo nacional, o meu estado do Piauí – e deve estar muito próximo de Alagoas, da Paraíba, de Pernambuco, da Bahia e de outros estados – recebia algo em torno de R$103 por habitante/ano para o sistema de saúde. O estado de Santa Catarina – não vou ficar só em São Paulo – recebia, nessa mesma época, R$170. Ou seja, onde uma fatia maior da população precisa mais, você recebe menos. Cito esses exemplos para colocar apenas alguns daqueles de que mais temos de cuidar.

Qual é a saída então? Primeiro, para ter desenvolvimento, nós temos de pactuar – esse é o tema aqui da Paraíba – uma infraestrutura que possa equilibrar o jogo nos nove estados da região em relação ao Brasil. O Brasil hoje tem um PIB e uma renda per capita médios que nós queremos alcançar, queremos alcançar a média da renda per capita brasileira, queremos alcançá-la nos nove estados. Nós temos um índice de desenvolvimento humano... O Brasil está mais à frente do Nordeste e muito mais à frente desse ou daquele estado. Como fazer para melhorar na área de educação, na área da saúde e na área da renda para poder alcançar a média nacional?

É mais ou menos o seguinte: o Brasil tem o plano de se tornar nos próximos anos, 2014-2015, um país desenvolvido. A própria Presidente Dilma, Presidente da República – e essa era uma meta também do Presidente Lula –, já dizia: “Nós queremos um país desenvolvido”. E agora a Presidente Dilma coloca mais claramente: “Não queremos ser um país desenvolvido com miséria e com pobreza. País desenvolvido é país sem miséria, é país sem pobreza”.

Então, estamos aqui com a faca e o queijo na mão para ir atrás e fazer a nossa parte. Eu acredito – e quero dizer isso para cada uma das autoridades e das pessoas aqui – que não podemos deixar que alguém faça pelo Nordeste aquilo de que precisamos. Eu acho que é o Nordeste que tem que dizer o que é bom para o Nordeste. O objetivo, portanto, deste encontro que estamos fazendo em cada Estado é este: qual é a infraestrutura na área de transporte? Porto. Por que não trabalhar o porto de Cabedelo? Ferrovia. Por que não interligar Cabedelo à ferrovia Transnordestina?

(Palmas.)

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Zonas de Processamento para Exportação. Trabalhar, enfim, as

condições de viação regional. Para chegar a Campina Grande, de Teresina, tem que ir a Brasília ou tem que fazer uma maratona por várias cidades do Nordeste. Tem que haver respeito pelo interior do Brasil. É preciso uma viação regional incentivada, regulada. É preciso que haja segurança na área hídrica, que haja condições de energia elétrica, na geração de energia solar, de energia hidrelétrica, de energia de biomassa, de energia relacionada à energia solar. Temos que garantir as condições de uma estrutura educacional que chegue onde mais precisa. Onde vamos ter nossos institutos federais? A nossa universidade federal? Quais os cursos? Qual o direcionamento para isso? As pesquisas que temos que fazer?

Cito aqui algumas das coisas que passaremos neste debate. Em resumo, é o Nordeste dizendo o que quer para o Nordeste. E o Nordeste com o compromisso de agirmos de forma unitária, juntos. A pauta da Paraíba é a pauta do Piauí, é a pauta do Ceará, é a pauta da Bahia, é a pauta de Sergipe, é a pauta de todos os Estados do Nordeste. Do que a Paraíba precisa nós temos que defender com unhas e dentes. Então ,esse é o caminho que estamos traçando.

Com essas palavras, quero agradecer à Paraíba e a Campina Grande pela gentileza de nos receber para este encontro. Eu acredito que se sairmos juntos, numa mesma pauta, compreendendo onde queremos chegar, vamos chegar lá. Há coisas imediatas e há outras que levam mais tempo. E aqui vai nos falar, daqui a pouco, o Deputado Marcelo Castro sobre a discussão do pré-sal. O pré-sal é uma riqueza que não vamos ter outra neste século. Não vamos ter outra neste século. Dependendo de como for regulamentado, ele aumenta as distorções ou contribui para reduzir as distorções existentes no Brasil. Nós queremos seguir na segunda direção. Portanto, é por exemplos como esse, que podemos incluir na pauta da Câmara e na pauta do Senado, que devemos nos unir com quem vai ganhar essa parada e colocar para votar daqui até 15 de julho. Essa é a meta. Agora, se a Paraíba não estiver entendendo, se o Nordeste não estiver entendendo, não chegaremos lá. Eu acredito que esse é o caminho.

Muito obrigado e sucesso. (Palmas.) O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Senhoras e

senhores, participam e fazem-se presentes nesta solenidade, neste encontro, o Presidente do PT Municipal, Alexandre de Almeida; o jornalista e vice-Presidente da Associação Campinense de Imprensa, Sr. Antonio Nunes; o Secretário de Desenvolvimento Econômico do Município de Campina Grande, Gilson Lira; o Deputado e Secretário de Ação Social pela Prefeitura de Campina Grande, Robson Dutra da Silva; o Secretário Municipal de Ciência e Tecnologia e Inovação, Professor Emir Candeia; o Vereador Rodolfo Rodrigues, Líder da Bancada de Governo na Câmara Municipal de Campina Grande; o jornalista Carlos Magno, Coordenador de Comunicação da Prefeitura de Campina Grande; o

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Sr. Arlindo Almeida, Analista Corporativo da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba; o Presidente do Ipsem (Instituto de Previdência do Município), Vanderlei Medeiros; o Secretário Municipal de Obras, Alex Azevedo; a Secretária Municipal de Saúde, Drª Tatiana Medeiros.

Registro também a presença da Primeira-Dama do Município de Campina Grande, Ana Cláudia Oliveira da Nóbrega Vital do Rêgo; do Secretário Chefe de Gabinete da Prefeitura de Campina Grande, Ivaldo Medeiros de Moraes; dos Vereadores Fernando Carvalho e Antonio Pereira; bem como a presença do Presidente do PT Estadual, Rodrigo Soares; a presença também do Sr. Marcos José Procópio, Secretário Executivo da Indústria e Comércio do Estado; do Tenente-Coronel Walter Augusto Teixeira, Comandante do 31º Batalhão de Infantaria Motorizado; o Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Campina Grande, Luiz Alberto Leite; a presença do Superintendente da Infraero em Campina Grande, Sr. Nilson Suassuna; a presença também do Diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido, que neste ato representa o Magnífico Reitor da Universidade Federal de Campina Grande, Thompson Mariz, o Professor Márcio Caniello; o Primeiro-Tenente Roberto Botelho, Delegado do Serviço Militar em Campina Grande; a presença também de S. Exª a Prefeita da cidade de Itabaiana Eurídice Moreira, Dona Dida; a presença também do Deputado Estadual pela Paraíba, Deputado Anísio Maia.

Registro a presença também do Vice-Prefeito de Campina Grande, José Luiz Junior.

(Palmas.) Registro a presença do Secretário Metuselá Agra; do Vereador

Antonio Alves Pimentel, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Campina Grande; a presença também do Secretário Ricardo Barbosa; do Vice-Prefeito Guilherme, da cidade de Serra Branca; do Vice-Prefeito José Luiz Junior, já citado; de Giuseppe, de Aroeiras; também de Gilberto, Prefeito de Fagundes; e também de Josa, Prefeito da cidade de Olivedos.

Senhoras e senhores, dando prosseguimento agora, vamos à primeira exposição.

Convido o Coordenador de Estudos e Pesquisas do Banco do Nordeste, apresentando o tema “Infraestrutura da Região Nordeste”, para sua exposição, Sr. Fernando Viana.

(Palmas.) O SR. FERNANDO VIANA – Bom dia a todos. Exmºs Srs. Senadores, Deputados, Sr. Prefeito, demais autoridades

presentes, o tema infraestrutura é um tema bastante amplo. Para esta discussão, tentamos trazer os pontos mais importantes que nós consideramos dentro dos estudos que temos feito no âmbito do Etene, que é o Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Banco do Nordeste, e nós vamos apresentar aqui nossas considerações com relação a esse tema.

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Importante pontuar que os investimentos em infraestrutura

econômica no Nordeste estão previstos basicamente em cima de três pontos: transportes, no âmbito da logística de transportes; energia elétrica e combustíveis, principalmente petróleo e gás natural, e saneamento.

A expansão dos investimentos, a gente considera que é crucial para o desenvolvimento socioeconômico do Nordeste. Nesse ponto, é importante pontuar que o início do século que estamos tem-se apresentado como uma janela de oportunidades para nossa região, que tem apresentado um crescimento acima do crescimento brasileiro. Por vários anos o Nordeste tem crescido acima da taxa de crescimento do PIB brasileiro, e temos observado aí um crescimento do fluxo de capitais para investimentos produtivos para a região, principalmente investimentos voltados para infraestrutura, expansão e criação de novas infraestruturas.

Geralmente, o crescimento em infraestrutura serve de porta de entrada para o investimento de capital produtivo. A maioria desses recursos que está sendo investido nesses três eixos tem tido origem no capital público, embora, principalmente no setor de energia, tenha havido também investimentos tanto de capital privado como de Parcerias Público-Privadas e também investimentos das empresas públicas federais, as empresas estatais. Uma parcela significativa dos investimentos nessas áreas está incluída no âmbito do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, do Governo Federal, e agora do PAC 2, que vai ser iniciado.

Em linhas gerais, o que observamos? Que é necessário ampliar a matriz energética, com geração e transmissão de energia; produção, exploração e transporte de petróleo, gás natural e combustíveis renováveis; desenvolvimento de infraestrutura logística - o que chamamos de infraestrutura logística? Rodovias, portos, aeroportos, hidrovias e também ferrovias se inserem como infraestrutura logística -; incrementar os investimentos em infraestrutura social e urbana – o que envolve infraestrutura social e urbana? Saneamento básico, que talvez seja o ponto em que o Nordeste apresenta os maiores gargalos, metrôs, trens urbanos e água.

O cenário atual de infraestrutura do Nordeste. Nós realizamos um estudo bastante amplo e, então, trouxemos aqui alguns pontos principais para mostrar qual o cenário atual em que se apresenta a infraestrutura do Nordeste.

Do ponto de vista da infraestrutura dos transportes, a nossa malha rodoviária representa em torno de 50% apenas da malha rodoviária do Sudeste, em termos de comparação. A malha rodoviária pode ser dividida em malha federal, estadual e municipal. A maior parte da malha é municipal. Apenas 11% da malha rodoviária do Nordeste são pavimentadas - isso é um dado importante. Do ponto de vista da malha ferroviária, consideramos que ela tem uma baixa cobertura. Se nós apresentarmos para vocês um mapa do Brasil com a nossa malha ferroviária, daria para perceber que há um grande vazio. Há uma

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concentração da malha ferroviária nas regiões Sul e Sudeste e há um grande vazio nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Então, ela tem uma baixa cobertura e seu estado é precário. Isso representa o que chamamos de custo Nordeste. Basicamente, não temos infraestrutura ferroviária, o que tende a ser melhorado, vamos dizer assim, com a nossa Ferrovia Transnordestina. Consideramos que o nosso sistema portuário, assim como o hidroviário, é subutilizado. Então, praticamente todos os Estados do Nordeste, exceto o nosso Piauí, que é um problema que vai ser resolvido com o nosso porto de Luís Correia, têm portos, mas muitos desses portos estão subutilizados, assim como nossas hidrovias, em que destacamos as hidrovias do rio São Francisco e do rio Parnaíba, são subutilizadas.

Do ponto de vista energético, o Nordeste é uma região importadora. A energia que produzimos não é suficiente para o nosso consumo.

Do ponto de vista da infraestrutura do saneamento, o nosso ponto crucial em termos de precariedade de infraestrutura de saneamento é que temos baixo nível de cobertura dos domicílios com acesso a redes de esgoto. Em alguns Estados, isso é bastante crítico, principalmente Alagoas, Piauí e Maranhão.

Vamos destacar os principais gargalos do ponto de vista da infraestrutura – e, aí, vamos destacar esses gargalos principalmente do ponto de vista de infraestrutura de transporte. A inexistência de contornos ferroviários nas grandes cidades, principalmente do ponto de vista de acesso aos portos. Nos principais portos, os acessos ferroviários foram tomados por habitações irregulares. É exatamente o que está pontuado no segundo ponto. Isso gera necessidade de construir viadutos e mergulhões para eliminação de passagem de níveis, vedar faixas de domínio e construir passarelas nos ambientes urbanos. Isso gera necessidade também de elevados gastos em reassentamos de famílias oriundas da invasão das faixas de domínio das nossas ferrovias.

Esse é um ponto fundamental, porque, quando nós pensamos em infraestrutura, nós pensamos em infraestrutura como elemento de integração regional, de integração intra-regional, a infraestrutura tem que proporcionar a integração entre os Estados da região Nordeste, e da integração do Nordeste com as demais regiões do País.

Então, nós precisamos vincular a nossa malha ferroviária às malhas ferroviárias das demais regiões. Se nós temos o projeto da Transnordestina, essa ferrovia tem de se vincular com as ferrovias que fazem parte das demais regiões, como a ferrovia Centro-Atlântica e com a ferrovia Norte-Sul, que corta o Norte e o Centro-Oeste.

Necessidade de construção e alocação otimizada de terminais de integração rodoferroviários e rodo, ferro e aquaviários, necessidade de construção e vinculação de cinturões digitais. Aí nós já estamos falando de infraestrutura ligada às telecomunicações.

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Um ponto fundamental também é que, a partir do momento em que

você propicia uma infraestrutura adequada na região, você tem a possibilidade de interiorizar os investimentos. O que a gente observa? O Nordeste tem-se desenvolvido bastante nos últimos anos, mas esse desenvolvimento continua muito concentrado na faixa litorânea. Então, se você considera um investimento como a Transnordestina, que vai cortar uma boa parte do nosso semi-árido, abre a possibilidade de você vincular a investimentos no interior do Nordeste, o que é muito importante.

No que tange às nossas cadeias de insumos energéticos regionais, por exemplo, o que a gente observa? Nós produzimos 36,8% do gás natural produzido no Brasil e 15% dos derivados do petróleo. Na verdade, essa produção dos derivados de petróleo tende a aumentar porque nós temos projetadas, em implantação, três refinarias para a região: refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, refinaria Premium I, em São Luís do Maranhão, e a refinaria Premium II, em Pecém, no Ceará.

Então, a nossa participação da matriz energética e combustíveis no País tende a aumentar, além de conter, na região Nordeste, em Quixadá, no Ceará, em Candeias, na Bahia, e, na verdade, no norte de Minas, Montes Claros, três usinas de biodiesel e também várias usinas de produção de etanol na Paraíba, no Rio Grande do Norte, em Pernambuco e em Alagoas.

Essas usinas, biodiesel, etanol, derivados, produzem cargas que são altamente propícias ao transporte através de ferrovias, por isso são importantes os investimentos em ferrovias para que a nossa logística de transporte seja uma logística de transporte mais competitiva.

Esse transporte ferroviário de alto nível de serviço e também o incremento da nossa malha aeroportuária de carga, um exemplo é o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, que é um novo modelo de investimento em logística de transporte de carga, um modelo totalmente privado, através de concessão... Um outro exemplo é o aeroporto do polo de Juazeiro/Petrolina, em Bahia/Juazeiro, e um terceiro aeroporto que seria voltado também especificamente para cargas, que é o aeroporto do complexo industrial portuário do Pecém, no Ceará, seriam elementos basilar de plataforma logística e dariam suporte a empreendimentos industriais de alto valor agregado, porque isso é importante também. É importante que os investimentos produtivos no Nordeste sejam investimentos de produção de produtos de maior valor agregado. Quer dizer, o Nordeste deixa de ser produtor de produtos de baixo valor agregado e passa a ser produtor de produtos de maior valor agregado. E as estruturas aeroportuárias que permitem importação e exportação de produtos de maior valor agregado são importantes para isso, desde que seja interligadas a outros modais.

Bom, é importante a gente destacar, nesse processo, o papel da ferrovia Transnordestina. A ferrovia Transnordestina constitui-se, pela sua área de influência, embora a Transnordestina, pelo seu traçado proposto, vá cortar apenas

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três Estados da região – Piauí, Pernambuco e Ceará –, ela tem uma área de influência que praticamente envolve todos os Estados do Nordeste. Ela tem uma vinculação com as principais plataformas logísticas portuárias e aeroportuárias regionais, constituindo um equipamento focado no traçado de políticas de desenvolvimento para a região Nordeste.

Então, a gente tem um desenho. Estou sem um apontador aqui, mas a Transnordestina sai de Eliseu Martins, no Piauí, e tem uma vinculação com Salgueiro/Araripina, em Pernambuco, subindo para Pecém, no Ceará, e, à direita, para Suape, em Pernambuco. Está prevista também uma ligação dela com a Ferrovia Norte-Sul na região de Estreito, no Maranhão.

A nossa ideia – coloco isso mais à frente – é que toda a malha ferroviária existente e que está desativada, incluindo uma malha do Estado da Paraíba e do Estado do Rio Grande do Norte, seja recuperada para se integrar a esse projeto da Nova Transnordestina, porque não adianta a gente ter uma ferrovia moderna, como a Transnordestina, sem que haja a ligação dela com a malha que já existe e que pode ser recuperada, porque essa malha recuperada pode fazer a interligação, por exemplo, do porto de Cabedelo com o porto de Natal e até com o porto de Areia Branca, lá no Rio Grande do Norte.

Aqui a gente destaca algumas áreas portuárias e polos, alguns polos apenas. Na verdade, existem vários polos produtores que estão sobre a área de influência da Transnordestina. A gente destacou alguns polos de minério, agrícolas e de construção civil que estão sobre essa área de influência e percebe – naquelas bolinhas amarelas, verdes, pretas e roxas – que eles abrangem praticamente todos os Estados da região. Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Alagoas aparecem nesse mapa como polos que sofrem influência do desenho da Nova Transnordestina.

Do ponto de vista dos investimentos, evidentemente o PAC e o PAC II têm um papel fundamental como investimentos e infraestrutura na região Nordeste cujos números são públicos.

Recentemente, lá no âmbito do Etene, do Banco do Nordeste, fizemos um estudo sobre previsão de investimentos para a região Nordeste, pegando como fonte o Orçamento do Governo Federal. Para 2011, o Nordeste será contemplado com R$9,9 bilhões em investimentos do Orçamento do Executivo, fora os investimentos das estatais, que, aliás, é um montante bem maior. Os da Petrobras e da Eletrobrás, por exemplo, são montantes bem significativos, principalmente por conta dos investimentos na área de petróleo e gás.

Então, o Nordeste abarca, tirando os investimentos de cunho nacional, a maior parte dos investimentos previstos no Orçamento do Governo Federal. No gráfico mostrado no próximo slide, a gente percebe que os investimentos de cunho nacional representam 45% do Orçamento e os investimentos da região Nordeste representam 19%. Quer dizer, são maiores do

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que aqueles destinados para as outras regiões e aí dentro estão os investimentos do PAC para 2011. Isso, de certa forma, é um cenário alentador para a nossa região e mostra que estamos bem na fita – vamos dizer assim – dentro dos investimentos previstos pelo Governo Federal para 2011.

Em cima desse cenário existente e desses gargalos que se apresentam, nós fizemos um rápido exercício de possíveis proposições de infraestrutura, atendo-nos apenas à infraestrutura do ponto de vista de macrologística, ou seja, infraestrutura de transporte dentro daqueles projetos que estão em estudo do âmbito do PAC, incluindo também algumas proposições que não estão previstas no PAC. O PAC é fundamental; é um programa importantíssimo que prevê investimentos em infraestrutura, mas que deve ser complementado com outros projetos e com outros investimentos tanto no âmbito do Governo Federal quanto no âmbito dos governos estaduais.

Então a gente colocou aqui como proposições possíveis investimentos em infraestrutura que podem ser levados à frente nos próximos anos, dentro desse princípio de que a infraestrutura é um elemento fundamental para a integração intrarregional e inter-regional do Nordeste.

Então a revitalização da malha rodoferroviária de acesso a todos os portos do Nordeste; um investimento em infraestrutura de caráter intermodal que dê suporte aos fluxos de entrada e saída de mercadoria nas zonas de processamento de exportação do Nordeste; o assunto da ZPE vai ser tratado daqui a pouco, numa outra explanação, porque existem nove zonas de processamento de exportação previstas para a região; a necessidade de integração da malha ferroviária do Nordeste com a Região Sudeste e a Região Centro-Oeste, especificamente integração da Ferrovia Transnordestina com a Ferrovia Centro-Atlântica, através da construção do ramal Salgueiro, em Pernambuco, até Juazeiro, na Bahia. Isso não está previsto no projeto da Transnordestina, então a gente está propondo.

Integração da Ferrovia Transnordestina com a Ferrovia Norte-Sul, que está em estudo; integração da Ferrovia Leste-Oeste, que é uma outra ferrovia prevista no âmbito do PAC, com a Ferrovia Norte-Sul; recuperação da malha ferroviária existente, que está atualmente desativada, nos Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba, propiciando a ligação ferroviária à nova Transnordestina a partir dos portos de Natal e Cabedelo e da ZPE de Açu e Macaíba, no Rio Grande do Norte, e da ZPE de João Pessoa, que está projetada; implantação da Rodovia Transcerrado no Piauí, que possibilitará o escoamento da soja produzida na região de Uruçuí para o futuro porto de Luís Correa; recuperação e ampliação das hidrovias de Parnaíba e do São Francisco; finalização da construção do porto de Luís Correa – isso já está previsto no PAC; integração sistêmica dos portos do Nordeste.

Isso é um ponto fundamental. O que a gente observa?

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Os portos do Nordeste têm tido uma visão muito concorrencial. E, na

nossa visão, cada porto tem as suas vocações. Não adianta Cabedelo ficar brigando com Suape, por exemplo. A gente entende que cada porto tem que aproveitar as suas vocações, fazer investimentos para as suas vocações e atuar de forma complementar e sistêmica, fazendo parte de um sistema logístico, regional e integrado. Essa é a nossa visão para a infraestrutura do Nordeste.

Ampliação dos aeroportos como apoio à atividade turística, especialmente por conta do evento Copa do Mundo 2014, mas também dos aeroportos como plataforma logística de transporte de cargas; duplicação das rodovias que interligam as capitais do Nordeste.

Então, em linhas gerais, essa é a nossa ideia. Agradeço a atenção de todos. (Palmas.) O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Tivemos,

portanto, a explanação técnica do Sr. Fernando Viana, Coordenador de Estudos e Pesquisas do Banco do Nordeste.

Senhoras e senhores, gostaria de registrar a presença da Deputada Estadual Olenka Maranhão, a presença também do Presidente Municipal do PTdoB do Município de Boa Vista Sr. Valdeci Pereira. Retificando o nome, agora sim, Márcio Caniello, Diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal de Campina Grande. Registro ainda a presença também do Secretário de Educação do Município, Professor Flávio Romero Guimarães, do Vereador Inácio Falcão, do Secretário de Administração da Prefeitura de Campina Grande, Constantino Soares, do Secretário de Finanças Júlio César Cabral, do Deputado Estadual Doda de Tião, do Prefeito de Queimadas, Carlinhos de Tião, da Srª Maria Glicéria Pinheiro de Melo, Diretora Regional do Senai/PB, do Vereador Alcides da Weider, a presença também de Alba Maciel, Vice-Reitora da Universidade Estadual da Paraíba, do jornalista Fernando Soares, Vice-Presidente da Associação Paraibana de Imprensa, do Sr. José Narciso, Superintendente do Etene da cidade de Fortaleza, do Sr. Flávio Ataliba, Superintendente de Negócios Varejo e também Coordenador, do Sr. Luiz Gonzaga Júnior, Superintendente do BS do Estado da Paraíba, George Walmsly, Coordenador de Ciência e Tecnologia da Sudene, Vereador Laelson Patrício, Vereador, e também Antônio de Abreu Deputado estadual.

Ato contínuo, ouviremos a explanação da Gerente do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), do Banco do Nordeste, Jânia Maria Pinho Souza.

(Palmas.) A SRª JÂNIA MARIA PINHO SOUZA – Bom dia a todos. Exmºs Srs. Senadores, Deputados, Prefeito e demais autoridades

que estão conosco neste evento que conta com a coordenação dos trabalhos da subcomissão, através do Senador Wellington Dias, que nos traz uma discussão

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muito interessante em relação a discutir o Nordeste no Nordeste, o que é muito legal.

Começou por Maceió. Esta é a segunda reunião da subcomissão e os trabalhos deverão se estender a todos os Estados nordestinos. Essa é uma iniciativa muito interessante e enriquecedora para nós.

Terei de fazer uma apresentação um pouco mais breve. O cerimonial me pediu que minha fala seja breve, devido ao atrasado que tivemos.

Nosso tema se refere a zonas de processamento de exportação, o segundo tema da nossa reunião. O colega do Banco do Nordeste, do Etene, Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste, trouxemos algumas questões relativas à infraestrutura.

Aqui falaremos também sobre um estudo desenvolvido pelo Etene, órgão vinculado ao Banco do Nordeste, sobre as ZPE, as zonas de processamento de exportação.

Quanto às ZPE, é possível que algumas pessoas não tenham falado, mas, vira e mexe, esse assunto volta. Entendemos ZPE como uma temática interessante para o desenvolvimento da região. Portanto, é uma ferramenta de estratégia econômica que visa desenvolver esta região, o que é possível, sim, através de ZPE, com planejamento, cuidado e cautela e com a seleção de setores onde essas ZPE devem, de fato, atuar.

A ZPE também realiza algo interessante para a nossa região: elevar a competitividade das nossas indústrias. Esse é um caráter a que a ZPE também se propõe, além da atração de investimentos estrangeiros, para que operem dentro dessa zona de processamento de exportação, e desenvolver a nossa pauta de exportação, dos nossos produtos, ampliar, diversificar essa nossa pauta de exportação.

Então, na verdade, a ZPE tem uma ferramenta interessante, que pode ser utilizada em nossa região, de forma a dirimir um pouco essas desigualdades entre as nossas região que ainda persistem.

Como estamos em relação às ZPEs no País? No País, temos 23 projetos de ZPEs, em praticamente todos os Estados brasileiros, e temos nove ZPEs na nossa região nordestina. Vamos falar um pouco sobre elas também. Entretanto, cada ZPE está trabalhando em um estágio, em um desnível muito grande de operação: algumas um pouco mais avançadas, outras que foram criadas, mas não conseguiram ainda materializar para passar a operar.

E aí a gente tem ZPE, na nossa região: em Açu; Barra dos Coqueiros, em Sergipe; Ilhéus, na Bahia; temos uma ZPE em João Pessoa – se der tempo, a gente fala um pouco sobre ela –; Macaíba, no Rio Grande do Norte; Parnaíba; Pecém, no Ceará; São Luís, no Maranhão; e Suape, em Pernambuco.

Bom, para termos ZPE na nossa região, como é que está essa base legal?

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A base legal já existe. Há leis que regulamentam a criação, e a

administração dessas ZPEs no País, a Lei nº 6.814, de 2009, que dá ao Poder Executivo essa autoridade para criar ZPEs nas regiões menos desenvolvidas. Então, isso é favorável, a existência de uma lei prevendo isso.

Compete ao Conselho Nacional de Zonas de Processamento de Exportação – CZPE, ligado ao MDIC, Ministério do Desenvolvimento, toda a administração das ZPEs: criação, a regulamentação também passa por esse conselho, as propostas de ZPEs, aprova projetos e faz todo esse acompanhamento.

Quais as vantagens para as empresas que venham a atuar nessas zonas de processamento?

As vantagens estão muito relacionadas à questão dos incentivos fiscais e tributários. Há isenção de uma série de impostos para essas empresas que venham a operar nessas Zonas de Processamento de Exportação. Então, redução de impostos: Imposto de Importação, IPI, Cofins, PIS/PASEP, Cofins de Importação, PIS/PASEP de Importação e o adicional de crédito para renovação da Marinha Mercante. Há isenção de uma série de impostos, e isso atrai para que essas empresas possam vir a operar nessas zonas de processamento.

Pode passar. Necessidades para implementação das ZPEs. Foi criada a lei, tem uma regulamentação, mas não temos, de fato,

Zonas de Processamento de Exportação que sejam, digamos assim, um sucesso na nossa região, que a gente possa... E até essas outras ZPEs que foram criadas têm esbarrado em algumas questões. O que precisa para que essas ZPEs venham, de fato, a se desenvolver?

Bom, a lei não define um setor específico de atuação das empresas em uma ZPE. Então, isso aí é interessante, não é uma coisa ruim, é uma coisa boa. Agora, há setores que são naturalmente mais propícios a se desenvolver nessa forma de ZPEs, que são setores exportadores tradicionais, como aqueles que fabricam produtos de alta tecnologia. Então, são candidatos, digamos assim, naturais para atuar nessas áreas.

Há uma questão que esbarra, que é o autoalfandegamento. Então, muitas ZPEs foram criadas, e esse autoalfandegamento não aconteceu. Alfandegamento é uma espécie de “habite-se” para que ela possa operar. Além disso, a construção das instalações físicas das ZPEs. As ZPEs precisam ter instalações físicas onde elas possam atuar.

E tem uma etapa seguinte, que é a atração de investimento para produzir nessas ZPEs. Atrair esses investimentos, empresas que tenham esse interesse, com essas vantagens que a gente fala aqui, e que venham, de fato, operar nessas Zonas de Processamento de Exportação.

E o nosso Nordeste em relação a abrigar essas ZPEs.

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O Nordeste possui potencial para abrigar essas ZPEs em função de

que temos alguns aspectos mais positivos. Um deles é que, de uns tempos para cá, a gente que o Nordeste vem, na economia, crescendo mais que a média brasileira. Isso é muito favorável.

Nós temos uma localização altamente privilegiada porque próxima aos grandes mercados mundiais. O clima é favorável. Não temos problemas relacionados a questões geológicas. Temos estabilidade geológica. Temos também os grandes projetos estruturantes, sobre os quais Fernando, o palestrante anterior, já abordou alguns. Então, há questões favoráveis que propiciam a implantação de ZPEs.

O Banco do Nordeste entende que pode dar um apoio maior que o que vem dando até o momento em relação às ZPEs, apoiar tanto na implementação, porque se percebe que as empresas precisam de orientação não só em relação às direções, mas com relação a projetos que visem financiar o alfandegamento. Podemos também atuar com crédito e outras ações supletivas. Aqui a gente fala da possibilidade forte de Parcerias Público-Privadas. Então, num projeto de PPP em que o banco atua, entende-se que as PPPs podem viabilizar também uma parceria dessa natureza em relação às ZPEs.

O estágio atual das ZPEs no Nordeste. Recentemente, o Banco do Nordeste fez uma reunião de trabalho com os gestores de ZPEs no finalzinho de maio. Foi uma reunião interessante porque já sinalizou com estavam essas empresas na região e o que de fato seria preciso fazer para que elas saíssem do papel. Essa é a grande questão: tornar essas empresas, essas zonas de processamento de tal forma que elas passassem de fato a operar.

De uma forma geral, o que a gente observou? Que para estruturar, viabilizar essas ZPEs é necessário o suporte financeiro, que vai desde o apoio aos projetos de alfandegamento, estudos ambientais porque há impactos importantes na questão ambiental, legislação ambiental, estudos topográficos, estudos setoriais que possam dizer que setor é aquele, em que situação ele está, o que é propício desenvolver, e investimentos em infraestrutura. Parte desses investimentos estão contemplados na nossa região, uma parte relacionada ao PAC, mas se requer ainda investimentos em infraestrutura para que possamos ter de fato uma ambiência favorável à implantação de ZPEs na região e linhas especiais de crédito voltadas para as ZPEs. Isso já facilitaria bastante alguns impedimentos que eles têm e que requerem de fato investimento.

O que é sinalizado para as ZPEs? Vou mostrar um pouco como estão essas ZPEs. Mas o que é sinalizado para as ZPEs nordestinas? Hoje se percebe um desnível entre elas. Algumas atuam um pouco melhor que outras; outras não conseguiram sair do papel. Então, existe um desnível. Então é preciso tornar de fato essas ZPEs operantes. O sistema de ? é complexo, ou seja, ele opera com mais de 20 regimes aduaneiros. Isso também é complicado e é preciso

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esclarecer quem trabalha com ZPEs ou que tem interesse em trabalhar: essas empresas.

Necessidade de padronização nas áreas alfandegadas. As empresas deveriam primeiramente se instalar, aí ocorre uma ordem inversa, para depois alfandegar. Tanto que não é produtivo instalar equipamento caro sem a certeza de que terá condições de operar.

As ZPEs precisam se inserir em estágios mais nivelados, como falamos há pouco. Cada ZPE atua num nível diferente, e nesses níveis, por atuantes que estejam, ainda têm muito a melhorar.

O apoio à ZPE, no nosso entendimento, pode ser, sim, sugere-se uma política de Governo, porque pode contribuir com o desenvolvimento das regiões menos desenvolvidas através de créditos específicos.

Outra questão que a gente traz para reflexão, que sinaliza para as ZPEs são as ZPEs inseridas no âmbito da política industrial brasileira. O que muda com as ZPEs inseridas nesse contexto? Isso também merece reflexão.

Outra questão: como atrair a iniciativa privada para participar de forma mais efetiva?

Falei um pouco das parcerias público-privadas. Poderia utilizar esse ferramental. O BNB e o BID também atuam no suporte às ZPEs. Então poderia não só o BNB e o BID, mas também o BNB, o BID e o BNDES fazerem uma parceria, para que se possa tirar essas ZPEs do papel e passarem a operar e trazerem desenvolvimento para a região.

Os estudos de viabilidade podem ser feitos em conjunto – BID, BNB com suporte do BNDES na questão do crédito. O BNB pode ser parceiro das ZPEs nordestinas, sim. Podemos atuar de uma forma mais ativa. Não temos a pretensão de atuar em todas as ZPEs de forma igual, mas nos colocamos no âmbito das parcerias o BNB pode exercer um papel interessante.

Eu queria finalizar dando um pequeno balanço das ZPEs no nordeste. Nós temos nove ZPEs, como eu disse há pouco.

A ZPE de Ilhéus, na Bahia, está na primeira fase: as obras de terraplanagem no solo estão em andamento; a fase II está prevista para 2012 e a conclusão, para 2016. Não sei se há alguém da Bahia aqui; se houver, seria interessante colocar essas questões.

A ZPE do Pecém foi criada em 2010, com o foco de atuação em alimento, cadeias de suprimento da siderúrgica, tecnologia e, biocombustível.

A ZPE de São Luiz, no Maranhão, cujas obras de instalação serão iniciadas em 2012. É preciso um aparato logístico para todas as ZPEs – não vou falar especificamente de nenhuma.

A ZPE de Suape, em Pernambuco, foi criada em 1988. Já foi enviado o projeto alfandegário para a Receita .

A ZPE de Macaíba, no Rio Grande do Norte, cujas obras de instalação estão previstas para novembro de 2011.

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A ZPE de Açú, no Rio Grande do Norte, criada em 2010. É uma ZPE

recente. A administradora foi constituída em 4 de outubro de 2011. Temos, ainda, a ZPE da Paraíba, criada... O decreto é de 1994. A

gente não teve muitas informações sobre a ZPE da Paraíba. A situação atual dela é que foram realizadas algumas obras de infraestrutura. Ela tem um perfil de atuação em eletro-eletrônicos, relojoaria, mecânica de precisão, ótica de instrumental científico e biotecnologia.

Nessas nove ZPEs, de que a gente falou muito rapidamente, existe um desnível muito grande de operação entre elas; algumas estão um pouco mais avançadas, outras, que foram criadas bem mais atrás e requerem, de fato, suporte, apoio das entidades – não vou dizer só federais – federais e privadas para que elas, de fato, entrem em operação.

Muito obrigada. (Palmas.) O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Ouvimos a

explanação da Srª Jânia Maria Pinho Souza, Gerente do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste, do Banco do Nordeste.

Registro a presença do Sr. Wilson Santiago Filho, Deputado Federal; do Sr. João de Deus, Secretário Municipal da Agricultura do Município; do Sr. Derlópidas Neves, Secretário Adjunto da Administração; do Comandante Márcio Saraiva, ex-Comandante do 31º Batalhão e agora Comandante da Guarda Municipal; bem como a presença também do Sr. Salomão Augusto, Superintendente da STTP.

Senhoras e senhores, ato contínuo, fará sua exposição o Secretário do Planejamento do Governo do Estado, Gustavo Nogueira.

(Palmas.) O SR. GUSTAVO NOGUEIRA — Exmº Sr. Prefeito do Município de

Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo; Exmº Sr. Wellington Dias, que coordena esta Comissão; Exmº Sr. Vital do Rêgo Filho, na pessoa de quem saúdo também os demais Senadores: Eduardo Amorim,Cícero Lucena, Paulo Davim, Wilson Santiago, José Pimentel, com quem troquei duas palavras há pouco; Senador Roberto Cavalcanti, neste ato representando a CNI; Deputada Nilda Gondim, em nome de quem abraço os demais Deputados aqui presentes; Maurício Almeida, representando a Fiep; Deputado Marcelo Castro, meus cumprimentos; minhas senhoras; meus senhores; prefeitos; autoridades aqui presentes; prezados colegas professores da Universidade Federal de Campina Grande, que estou encontrando aqui; colegas da universidade Estadual.

Minha fala vai ser bastante rápida, tendo em vista que o cerimonial me recomendou que assim o fizesse, tendo em vista que os Senadores precisam viajar, pois estão com a agenda bastante apertada. Vou, inclusive, cortar essa fala.

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Na verdade, vou mostrar apenas o recorte das obras do PAC onde a

Paraíba se insere, onde os Estados do nordeste se inserem nisso, resgatando um pouco da fala do Senador Wellington Dias e do Prefeito Veneziano, quando falava da preocupação de nós não reforçarmos as distorções intra-regionais. Precisamos pensar o nordeste sem fronteiras, precisamos pensar o nordeste – me permita Senador José Pimentel – que saia do eixo Ceará, Pernambuco e Bahia. Esse modelo está superado. Ele não pode continuar. A Paraíba novamente se levantará, negando esse modelo de concentração de recursos no Ceará, em Pernambuco e na Bahia. Impossível nós crescermos, se não “espacializarmos” esse desenvolvimento. Portanto, o papel dos Srs. Deputados, dos Srs. Senadores e nosso, do Governo, é estar bastante atentos nesse sentido.

Avançando, devemos mudar o nosso discurso, sobretudo na visão de um nordeste como solução e não como um problema para o Brasil, fazendo o destaque das potencialidades e não um “nordeste coitadinho” como disse a nossa Professora Tânia Barcelar. Isso tem de ser superado.

Desafio maior: Aqui se falou das janelas de oportunidade; ampliar a infraestrutura e integrá-la regionalmente e nacionalmente. Nosso primeiro desafio é fazer a integração regional, se não a gente reforça as distâncias existentes entre alguns Estados e os Estados do Ceará, de Pernambuco e da Bahia. Essa integração regional também favorecerá, obviamente, a integração nacional e a integração internacional.

Se não enfocarmos essa integração regional, não conseguiremos superar esses desafios. Uma prioridade absoluta seria a educação. Não tem como nós crescermos se não focarmos a infraestrutura e a educação.

Avançando um pouco, a gente pode dizer que o nordeste cresce também nessa linha, nesse movimento, nesse movimento que foi iniciado no Brasil no que diz respeito às políticas de transferência, as políticas sociais. Associado a isso aparece uma demanda muito forte por bem de consumo, por bens dos setores modernos, crédito, mais recentemente investimentos em máquinas e inovação, mas o grande desafio atual é elevar a nosso produtividade, a nossa competitividade e a exportação, e não seremos capazes de elevar isso se não investirmos fortemente em educação, sobretudo também em educação profissionalizante, superior e básica, e também na nossa capacidade produtiva e em nossa capacidade de infraestrutura e logística.

Avançando um pouco para, vejamos como a Paraíba se insere nesse contexto. Eu fiz um recorte do PAC. Neste País, as coisas só ocorrem através do PAC. É verdade. Muito pouco está fora do que é PAC, está aí o Senador Vital do Rêgo Filho concordando comigo, que é verdade. Os recursos federais carreiam, sobretudo... Não é isso, Deputado Ricardo, que é o Coordenador do PAC, que está aqui e sabe disso?

Portanto, eu vou mostrar umas transparências bem rápidas, de como estão distribuídas essas questões do PAC.

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A integração das bacias. A gente vai ver, aqui, as vertentes

litorâneas, que são um projeto que se inicia agora e está no PAC 2. O que é azul é PAC 2, certo?

Mas temos um problema muito grande, e, aí, já peço o apoio dos Senadores e dos Deputados, no que diz respeito a recursos para 76 projetos de infraestrutura de esgotamento sanitário desse alinhamento, para as cidades que são contributivas das bacias que haverão de receber as águas do São Francisco, do alto Paraíba e do Piranhas-Açu, lá em cima, mas existem, ainda, 61 cidades no Estado da Paraíba que nem projetos possuem, e essas águas estão previstas para chegar agora, em 2012. Se a Paraíba não se preparar para isso, se nós não tivermos um esforço muito forte da nossa bancada junto ao Governo, a gente não vai conseguir acelerar esse processo.

No que diz respeito à disponibilidade de água, o abastecimento aparece já aqui: na Paraíba, em Camará, nós alteramos agora, já com o PAC 2, e a adutora de Alto (...). Até aí tudo bem. Quando vai para a implantação dos perímetros irrigados, nós temos várzeas de Sousa, temos também, se não me falha a memória, os Senadores e Deputados estão aqui, temos uma emenda para o perímetro irrigado do Piancó. Eu não sei de qual Senador, mas tem uma emenda para isso, muito importante.

Avançando um pouco mais, as rodovias. A gente vai ver, aqui, a BR-101 cortando o Nordeste como um todo, e a PB-104, que é aquela com que a gente faz a relação com Pernambuco, tentando montar com uma aproximação com esse Estado que cresce a velocidades espantosas.

Pernambuco é um Estado interessante. Pernambuco, hoje, se dá ao luxo, inclusive, de designar nomes de secretários em fóruns e de não ir, porque é tanto dinheiro que chega em Pernambuco que eles não querem vir participar das discussões, com todo o respeito por Pernambuco e com mérito para Pernambuco. Não estou dizendo que é errado, não. São extremamente capazes todos os políticos e governadores, a ponto de termos fóruns de secretários... Pernambuco não se faz presente. Eu acho que se ele se fizer, vai querer começar a discutir.

Parabéns, Pernambuco, mas temos de crescer nessa sombra de Pernambuco. Mais à frente eu falo um pouquinho sobre isso.

Avançando um pouco, as ferrovias. E aí está a grande crítica que nós temos de fazer. Eu pediria ao Banco do Nordeste que fosse até um pouco mais incisivo, porque eu estava surpreso porque o Banco do Nordeste só foi falar, da integração da Transnordestina no fim das transparências, e, graças a Deus, falou. Mas temos de colocar um ramal da Transnordestina para a Paraíba. Não tem como não ocorrer isso, é um absurdo. Esse ramal deve entrar aqui, em Campina Grande, ou quem sabe em João Pessoa. Particularmente, eu defendo que entre em Campina Grande.

Olhem que absurdo: a Transnordestina passa aqui, ao lado do Estado da Paraíba, e corta todo o Estado de Pernambuco, por dentro, chegando

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até o Estado de Sergipe. Então, eu não consegui entender como é que o Rio Grande do Norte e a Paraíba vão ficar sem um acesso a essa Transnordestina, já que nossa bitola é métrica e é uma bitola que não tem capacidade de fazer todo o escoamento da nossa produção, entendendo que temos recursos significativos, no que diz respeito a Várzeas de Sousa, no que diz respeito às vertentes litorâneas, e a nossa capacidade produtiva também.

Estamos na casa da Confederação das Indústrias, então é importante que nós passemos a discutir com muita força e, mais ainda, com o apoio de toda a bancada. Já é consenso, a Bancada do Nordeste, da Paraíba, já se reuniu diversas vezes e há um consenso, me parece, quanto a esse tema – não é isso, Deputada Nilda? –, de que todos nós devemos brigar, também, por um ramal da Transnordestina para a Paraíba, para ela não ficar à margem dessa grande obra de integração, a exemplo do que é a transposição do São Francisco, como também o Rio Grande do Norte, que tem o aeroporto São Gonçalo, também, que tem de estar integrado com tudo isso, naquela visão de ter o Nordeste sem fronteiras, um Nordeste oriental, um Nordeste onde todos possam, verdadeiramente, crescer, sem reforçar as diferenças que já são grandiosas. Se vocês olharem os números, as diferenças são verdadeiramente grandiosas, centradas naqueles três Estados que eu coloquei para os senhores.

No que diz respeito aos aeroportos, aparece no PAC 1 e PAC 2 reforço, mas e aqui em Campina Grande, o nosso aeroporto? E nosso aeroporto?

Fala-se de todos os aeroportos, inclusive agora o Banco do Nordeste vem falando em aeroporto em Petrolina, aeroporto não sei onde e, Campina Grande, que é rigorosamente bem posicionada, absolutamente favorecida pela situação geográfica em que está, por que não cabe um aeroporto de carga, aeroporto industrial? Por que não brigamos por isso também, Prefeito Veneziano, não é verdade? Na sua fala, inclusive, você fala, você destaca essa preocupação dessa integração regional.

Portanto, temos que estar atentos a isso para pensar o nordeste nessa visão logística, destacando Campina Grande também.

As hidrovias... aí aparece a transposição do São Francisco, só mostrando investimentos do PAC. No que diz respeito às fontes alternativas, também não aparece – outro vazio aqui – ... a Paraíba se esconde aos olhos dos grandes investidores, dos grandes ? de políticas públicas, quando coloco a Paraíba com grande potencial eólico que temos, o que é verdade. Por que é que não aparece nada no PAC 2 para a Paraíba? Então, é uma preocupação também.

Avançando para finalizar, refino, petroquímica e fertilizante – olha que absurdo! – também existe um vazio de reconhecimento da nossa área. Investe-se em todos os Estados e aqui, Senador Wellington Dias, novamente desaparece a Paraíba e o Piauí, concentra-se em Bahia, Pernambuco fortemente, Ceará, Maranhão, agora mais recente com a Refinaria Premium 1, e a Paraíba está lá um vazio, um esquecimento, que nós precisamos nos unir para fazer

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reverter... eu dizia até que nós temos que botar o Nego da Bandeira da Paraíba no peito e negar todas as políticas se elas se reproduzirem novamente.

Inadmissível que a Paraíba continue a não ser observada com os olhos...

(Palmas.) Até porque a Federação é devedora para esse Estado. O último

estudo do Ipea mostra que nós temos 613 mil pessoas além da linha da pobreza extrema, e só se consegue reverter isso com investimentos em infraestrutura e educação e inclusão produtiva.

Avançando, outro exemplo também é que na indústria naval reforça-se Pernambuco e reforça-se Bahia, não é isso? Gás natural não aparece aqui, o nosso gasoduto ? para Campina Grande foi uma PPP, uma parceria público-privada há algum tempo, mas também um grande vazio.

E são essas as minhas preocupações para cumprir o que eu prometi ao cerimonial e não vou entrar nessa área das inversões para consolidação da logística da Paraíba para o Nordeste, integrando a região ao eixo Mercosul, porque o tempo está muito curto. Mas eu queria destacar a importância de observarmos de forma bastante atenta o Nordeste sem fronteira, o Nordeste onde nós possamos crescer de forma solidária.

Muito obrigado a todos. (Palmas.) O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Obrigado,

Secretário de Planejamento do Governo do Estado, Sr. Gustavo Nogueira, pela sua explanação.

Gostaria de registrar a presença do Prefeito de Gado Bravo, Sr. Evandro de Araújo, a presença também DO Prefeito de Baraúna, Alyson José da Silva, do Deputado Federal Benjamim Maranhão, também do Vereador Cassiano Pascoal; bem como a presença da Prefeita de Cuité, Euda Fabiana; a presença também do Prefeito Kléber Moraes, da cidade de Alagoa Nova, e também do Sr. Osvaldo Filho, primeiro suplente.

Obrigado pela presença. Senhoras e senhores, agora, para falar do tema pré-sal, eu convido

o Deputado Federal Marcelo Castro, do Estado do Piauí. (Palmas) O SR. MARCELO CASTRO (PMDB – PI) – Quero dar o meu bom

dia a todos que estão aqui, cumprimentar o nosso jovem e dinâmico Prefeito Veneziano Vital do Rego e, em seu nome, por economia de tempo, cumprimentar toda a Mesa.

Inicialmente, parabenizo a Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Federal, presidida pelo Senador Benedito de Lira, e a Subcomissão de Desenvolvimento Permanente do Nordeste, presidida pelo brilhante Senador, meu conterrâneo, Wellington Dias. São iniciativas que nos

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unem a nós todos nordestinos na busca de melhores dias e melhores condições de vida para o nosso povo.

O assunto que vou tratar hoje aqui é de interesse geral, mas não desperta muito interesse. Vou tratar de dinheiro, que é um assunto que naturalmente ninguém... É claro que todos estão interessados.

A palestra de hoje vai ser sobre o pré-sal. É apenas um rótulo e, na verdade, vamos falar sobre a partilha, a distribuição dos royalties das participações especiais, que são as riquezas geradas pelo petróleo explorado no Brasil.

Temos a primeira transparência. Antes de analisarmos o número 1, vou fazer aqui um breve histórico

da nossa situação. Como todos sabem, o Brasil tem feito um grande esforço ao longo do tempo em busca do petróleo. Muitos recursos públicos foram investidos, muita tecnologia foi desenvolvida e toda a história do Brasil foi de um país importador de petróleo.

Na crise do petróleo, vocês se recordam bem, o Geisel era Presidente da República, nós tínhamos um déficit da balança comercial muito elevado, todo por conta do petróleo. Naquele tempo, um carro só podia andar a 80km e foi feito uma economia muito grande. Foi criado o petróleo e tudo isso caracterizando o Brasil como um país sempre importador de petróleo.

Felizmente, hoje nós podemos dizer que chegamos à autossuficiência. O Brasil não depende mais de petróleo importado do mundo para atender às suas necessidades. Somos autossuficientes e não estamos no grupo nem de países importadores nem de exportadores.

Recentemente, houve a descoberta, fruto dos investimentos e das tecnologias detidas pela Petrobras, do pré-sal. Isso mudou radicalmente toda a lógica do petróleo no Brasil. Hoje, o Brasil é uma das maiores reservas petrolíferas do mundo. Isso é uma coisa maravilhosa para todos nós.

Quer dizer, quando falarmos em grandes países que têm grandes reservas petrolíferas no mundo, o Brasil estará inserido entre eles. Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes, Kuwait, União Soviética, Venezuela, Brasil, quer dizer, nós estamos no meio dos grandes. E há previsão dos técnicos de que no futuro próximo o Brasil possa ser o sexto maior produtor de petróleo no mundo.

E petróleo é dólar, riqueza, e as firmas que exploram petróleo no Brasil pagam ao Governo Federal os royalties dessa exploração. E os postos de vazão maior, mais significativa, pagam participação especial, que é um tipo de royalty. É a mesma filosofia do royalty, só que só existe participação especial nos postos de maior vazão, de maior rentabilidade. Quer dizer, a vazão é tão grande, a rentabilidade é tão grande que só os royalties não atenderiam. Então além dos royalties tem essa participação especial.

E aqui, olhando a transparência, vocês podem observar que hoje o Brasil produz 2 milhões 122 mil barris de petróleo por dia.

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Em 2010, são números aproximados, tivemos uma produção de

aproximadamente 2 milhões de barris de petróleo por dia. O Brasil produziu 2 milhões de barris de petróleo diariamente, gerando uma receita para o Governo Federal de R$21,6 bilhões de reais. É bastante dinheiro! Mas o melhor está por vir porque, em 2017, pela projeção da Empresa de Pesquisa Energética do Governo Federal, ligada ao Ministério das Minas e Energia... Aliás, eles fazem números bem anteriores a esses, mas eu, por prudência, estou botando 2017, quando o Brasil estará produzindo aproximadamente 4 milhões de barris de petróleo. Ou seja, nós passamos sessenta anos para produzir 2 milhões de barris de petróleo por dia e, agora, em cinco anos, vamos produzir 4 milhões de barris de petróleo. Vamos dobrar a nossa produção em cinco anos em função do pré-sal. Isso falando apenas de uma parte do pré-sal, 28% que já foram licitados pelo regime de concessão. Ainda sobram 72% do pré-sal, que vão ser licitados pelo regime novo de partilha de crédito aprovado pelo Congresso Nacional, que ainda não está em vigor.

Então, em 2017, quando estivermos produzindo 4 milhões de barris de petróleo, quando tivermos dobrado a nossa produção, teremos uma receita de R$60 bilhões, vamos multiplicar por três. Mas vocês vão estranhar um pouco. Como é que vai dobrar a produção e vai triplicar a arrecadação? É porque aqui entram os poços de alta vazão. Então, são poços muito rentáveis, que, além dos royalties, vão ter participação especial. Enquanto os royalties são apenas de 10% da produção, a participação especial vai de 10 a 40%. Em média, ela é três vezes os royalties desses poços do pré-sal.

E em 2020, 2022, se estivermos vivos até lá e, se isso não acontecer, pelo amor de Deus, entendam que isso é uma projeção, que pode acontecer ou não... A gente projeta com os números de hoje. Quem projeta isso? A EPE, Empresa de Pesquisa Energética, que foi feita para isso. Então, estamos baseados nos dados dela. Em 2020, 2022, o Brasil poderá estar produzindo 6 milhões de barris de petróleo por dia e poderemos arrecadar R$100 bilhões. Isso é muito dinheiro! Para ser distribuído por quem? Pela União, pelos 27 Estados brasileiros e pelos 5.565 municípios.

Esses cálculos foram feitos com o barril de petróleo a 70 dólares. Outro dia esteve a 120, há uns anos atrás esteve a 150. Quer dizer, se o petróleo for a 140 dólares é só multiplicar por dois. Quer dizer, estamos falando em 2020, 2022, em distribuir, dividir, R$100 bilhões e isso poderá ser R$200 bilhões.

A próxima transparência, por favor. Esses números são para mostrar que no Brasil, infelizmente, nada é

perfeito. Só estávamos falando das coisas boas, mas a parte ruim entra agora. É que, em 2010, dos R$22 bilhões arrecadados, R$8,6 bilhões ficaram com a União – muito justo, porque a União é de todos –, R$9,7 bilhões de reais ficaram com o Rio de Janeiro. Ou seja, o Rio de Janeiro ficou com um valor superior ao que ficou a União. A União atende aos 27 Estados do Brasil e atendeu 5.565 Municípios.

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Então, a União ficou com menos do que o Rio de Janeiro sozinho. O Espírito Santo ficou com R$900 milhões. Todos os Estados brasileiros, tirando o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, ficaram só com R$600 milhões. Todos os Municípios do Brasil, tirando os 40 que recebem diretamente, receberam R$800 milhões.

E, agora, vocês não vão cair da cadeira, porque estão sentados: um município do Rio de Janeiro, só um, recebeu R$1,1 bilhão. Então, vocês imaginam nosso dinâmico prefeito aqui, o Veneziano, se ele recebesse a mesma coisa que Campos recebe, R$1,1 bilhão por mês.

Então, gente, no meu discurso lá, no dia da aprovação dos royalties do petróleo, eu fiz exatamente essa comparação. E olha, a União tem responsabilidade sobre todos os estados e todos os municípios brasileiros. O que se espera de uma União justa? É que ela divida equitativamente as suas riquezas entre todos os municípios e entre todos os brasileiros. É elementar. Então eu comparei. Olha, o município de Campos tem aproximadamente 400 mil habitantes. É uma população semelhante à de Feira de Santana, na Bahia; à de Campina Grande, na Paraíba e à de Olinda, em Pernambuco. Enquanto Campina Grande, Olinda e Feira de Santana receberam em torno de R$700 mil, quer dizer, menos de 1 milhãozinho de reais, em 2008 – fiz o pronunciamento de 2009 para 2010 –, o município de Campos, naquela época, tinha recebido R$1,2 bilhão. Então, é uma diferença astronômica, escandalosa, quer dizer, é criminoso pegar um recurso da União e colocar num único município. Qual a justificativa disso? Não há nenhuma justificativa, porque a nossa lei que nós apresentamos no Congresso Nacional foi uma proposta de minha autoria, de autoria do Deputado Ibsen Pinheiro, do Rio Grande do Sul, e de autoria do Deputado Humberto Souto, de Minas Gerais.

Então, essa nossa emenda pega o seguinte: Todo petróleo que é produzido em terra – o Rio Grande do Norte produz petróleo, o Amazonas produz petróleo, a Bahia produz, o Espírito Santo produz petróleo, Sergipe produz petróleo – então, todo petróleo que é produzido em terra nós não mexemos com eles. Aliás, eles já são, e continuam como é hoje. Ou seja, nós entendemos que aquele município que é produtor de petróleo, aquele estado que é produtor de petróleo deve ter – e a Constituição prevê isso – uma receita superior à do restante do País.

Embora o subsolo seja da União e nós entendamos que qualquer riqueza que esteja no subsolo deva ser dividida com todos os brasileiros, nós achamos que a parcela maior deve ficar com quem produz. Imaginemos Campina Grande e se descobrissem petróleo aqui. Campina Grande não se conformaria de não ter uma participação maior do que os outros municípios do Brasil.

O Estado da Paraíba não se conformaria de não ter uma participação maior do que os outros estados brasileiros. Mas acontece que o que está gerando essa riqueza que vai para o Rio de Janeiro e vai para Campos não é petróleo produzido no Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro não produz uma gota

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sequer de petróleo, não existe petróleo no Rio de Janeiro, não há uma gota de petróleo produzido no Rio de Janeiro. Ele está sendo beneficiado pelo petróleo que é produzido no mar e, pela Constituição Federal – não sou eu, não fui eu que fiz a Constituição Federal, nessa época não era Deputado Federal –, os recursos naturais da Plataforma Continental, do mar territorial, da zona econômica exclusiva são bens da União. Ora, se são da União, são de quem? São de todos nós, são de todos os brasileiros. Então, aquilo que é extraído do mar tem que ser dividido pela nossa Constituição equitativamente por todos os brasileiros.

Então, a nossa emenda, que eu falei, visava, visa exatamente isso: Todo petróleo que é produzido no mar gera royalties, gera participações especiais. Qual é a nossa ideia? Todo esse dinheiro, a nossa emenda diz, terá que ser dividido equitativamente por todos os brasileiros. Como é que se divide equitativamente? Metade desses royalties vai para os Estados brasileiros e a outra metade vai para os Municípios brasileiros. De que forma? Pelo critério, já consagrado e aceito por todos, do Fundo de Participação. A parte que vai para o Estado vai pelo critério do Fundo de Participação dos Estados, e a parte que vai para os Municípios, pelo critério do Fundo de Participação dos Municípios. Aí, há um benefício para nós, nordestinos, porque o critério do Fundo de Participação dos Estados é inversamente proporcional à renda per capita do Estado. Como nós temos a menor renda per capita do Brasil, nós temos a maior fatia do Fundo de Participação dos Estados. Então, o Nordeste detém 52% do Fundo de Participação dos Estados brasileiros; nós deteremos 52% dos royalties que serão divididos daquela parte que vai para os Estados.

Bom, a nossa emenda foi aprovada na Câmara por 369 votos contra 72. Estavam do lado de lá todos os líderes do Governo, todos os líderes dos partidos da Base do Governo; era o Relator da matéria o líder do PMDB, o meu líder, e nós fizemos um trabalho e vencemos com essa maioria esmagadora. Vencemos no Senado por 42 a 28, vencemos, de novo, na Câmara e, infelizmente, o Presidente Lula vetou. O que nos resta agora? Derrubar o veto. E isso nós faremos proximamente, a não se que haja um entendimento.

E o Senador Wellington Dias está fazendo um trabalho, juntamente com outros Senadores em Brasília, para encontrar um entendimento, uma solução conciliatória que possa atender a todos e se fazer um grande acordo para a gente participar dessa grande riqueza nacional, que, acredito, é o que vai prosperar.

Bom, nessa tabela que mostrei – você poderia retornar, por favor –, leiam essa parte final, aqui: “O Rio de Janeiro ficou com 80,2% de todas as receitas do petróleo que foram para os 27 Estados e os 5.565 Municípios.” Será que isso está certo? Não pode estar certo! Quero dizer, no meu tempo de menino, na minha cidade do Piauí, havia uma maneira em que a gente gostava de se expressar: “isso não está certo nem aqui nem na China e nem Cochinchina.” Então, isso não pode estar certo. Por quê? O único argumento que o Rio de Janeiro poderia ter para receber tanto dinheiro é se ele fosse produtor de petróleo

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e ele não é produtor de petróleo. O petróleo de que ele está se beneficiando é um petróleo que é saído do mar. O pré-sal está a trezentos quilômetros da costa. Imagine que, se houver algum dano ambiental, esse dano ambiental provavelmente nem vai chegar ao Rio de Janeiro, porque vai pegar as correntes marítimas e irá para outras regiões. Então, não há motivo para essa anomalia que há hoje no Brasil.

E o que cabe a nós, que somos Parlamentares? Encerrar isso daí e fazer uma divisão mais justa.

O próximo. Agora, vou apresentar uma tabela. E essa tabela vai se referir

apenas ao petróleo saído do mar, tanto o que é extraído hoje mais uma parte do pré-sal. É a parte que já foi licitada pelo mesmo regime que é hoje. São os 28% do pré-sal. Então, esta tabela vai dizer o que cada Estado do Brasil e o que cada Município do Brasil vão receber.

Então, o Acre recebeu, em 2010, R$8.851 milhões. Se o Lula não tivesse vetado a nossa emenda aprovada, o Acre já teria recebido, em 2010, R$234 milhões. Bem melhor do que oito, não é? E, em 2017, o Acre já receberia em torno de R$600 milhões. Vamos pegar aqui a nossa Paraíba. Eu botei em negrito para chamar a atenção. Em 2010, a Paraíba recebeu R$28 milhões. Quando eu digo a Paraíba, são todos os Municípios da Paraíba somados mais o que recebeu o Governo do Estado. Tudo junto, recebeu apenas R$28 milhões. Se o Lula não tivesse vetado, já teria recebido, em 2010, R$477 milhões. E receberá, em 2017, com a derrubada do veto ou com um acordo, R$1,275 bilhão, quer dizer, quase R$1,3 bilhão. Acredito que esse é um valor muito significativo, muito expressivo para a economia do nosso Estado. E assim são todos.

Então, qual é a anomalia que há aqui? É o Rio de Janeiro novamente, que recebeu, em 2010, R$9,807 bilhões. Olhem como é a disparidade: o Piauí recebeu R$23 milhões e o Rio de Janeiro R$10 bilhões. Isso é uma maluquice, não tem sentido.

O Rio Grande do Norte recebeu R$341 milhões, por quê? Porque o Rio Grande do Norte é produtor de petróleo. Outro produtor é a Bahia que recebeu R$379 milhões porque é produtor de petróleo. O Ceará recebeu R$94 milhões, porque também é produtor de petróleo. O Rio Grande do Norte também é produtor de petróleo.

Passe à frente. Apenas chamo a atenção porque esses números, olhem a

importância desse pré-sal, esses números tão vantajosos não incluem 72% do pré-sal que não foram licitados ainda e que só vão começar a funcionar em torno de 2020. E eu estou falando de coisas que vão começar a acontecer até 2017.

A próxima.

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Aqui são os Municípios. Esse valor não é exato. Eu fiz uma média,

porque os Municípios de coeficientes idênticos, de 0.6, diferem de Estado para Estado. Então há Estados que recebem mais e Estados que recebem menos.

O menor Município da Paraíba, o menor Município do Brasil é de coeficiente 0.6 e receberá R$1,2 milhão. Se aqui estiver algum Prefeito de uma cidade pequena – lá no Piauí a gente coloca uma emenda de R$200 mil, R$300 mil e o Prefeito fica morto de feliz –, vai receber agora R$1,2 milhão sem apresentar projeto, sem tirar licença ambiental, sem a Caixa Econômica ir para lá, dar ordem de serviço, sem aquela complicação toda. Vai cair na conta dele R$1,2 milhão todo ano, o que, sem dúvida alguma, vai ajudar na educação, na saúde e em tudo o mais.

Campina Grande seria um Município de coeficiente 4.0. Receberia, aqui está uma média, R$15 milhões, mas, dada a sua baixa renda per capita, vai ficar em torno de R$17 milhões ou R$18 milhões de reais. Não é muito, mas é melhor do que nada, não é, Prefeito? Todo ano entrar na conta da Prefeitura... Aliás, essa conta vai entrar mensal. Os royalties e a participação especial entram trimestralmente. Então todo mês e todo trimestre vai entrar um valor. Quer dizer, entraria aqui em Campina Grande em torno de R$1,5 milhão por mês. Acho que já ajudaria. O Prefeito não iria recusar esse recurso, não.

A próxima. Aqui é o que receberiam as capitais. João Pessoa receberia em

torno de R$68 milhões; Campina Grande, R$18 milhões; e o Estado da Paraíba como um todo, os Municípios com o Governo do Estado, R$1,3 bilhão.

A próxima. Agora está aqui a proposta para o entendimento. O que aconteceu?

Quando nós aprovamos a emenda, houve um clamor no País. O Governador do Rio de Janeiro chorou, porque estavam roubando os royalties do Brasil, porque iriam acabar com o Rio de Janeiro. Como o Rio de Janeiro, agora, iria pagar os professores? Aí, na mesma hora em perguntei: como o Piauí paga os seus professores? A Paraíba paga? Lá não tem royalties; não estão pagando? O Rio de Janeiro não vai se acabar por isso!

Mas criou-se a ideia de que o Rio de Janeiro, ou bem ou mal, ou com justa razão ou sem justa razão, recebe esse recurso. Então, ouvi muito Senador no Senado, lá, discursando, dizendo: não, nós queremos dividir os royalties por todos os brasileiros, por todos os municípios, mas sem prejudicar o Rio de Janeiro. Então, isso virou verdade.

A proposta conciliatória que nós estamos fazendo parte desse ponto: vamos conservar o que o Rio de janeiro está recebendo hoje. E em contrapartida, o Rio de Janeiro não avançaria mais nas receitas, daqui para frente. É a maneira de a gente fazer o acordo.

Qual foi o outro problema alegado para o Lula vetar? É que apresentamos a emenda Simon, que mandava a União compensar o Rio de

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Janeiro. Aí, a União argumenta: “Tudo jogam pra cima da União. A União não tem condições de compensar”. Então, na nossa proposta, agora, também a União não vai compensar sozinha.

Qual é a ideia? Fica fácil de a gente argumentar. Eu procurei fazer uma proposta que quebrasse os argumentos de cada parte. Quais são as partes? São três partes envolvidas. Somos todos um grupo; todos os municípios brasileiros. O Rio de Janeiro e o Espírito Santo um outro grupo e a União um outro grupo. Então, o conflito está entre essas três partes. Todos os estados brasileiros com todos os municípios brasileiros de um lado, o Rio de Janeiro e o Espírito Santo do outro e a União do outro.

Então, a nossa proposta o que diz? De todos os recursos gerados pelo petróleo extraído do mar, sempre do mar, – nós não mexemos com o petróleo extraído em terra; continua como está – a União ficaria com 40% e os estados e municípios brasileiros com 60%. Isso é rigorosamente o que é hoje. Então, ninguém pode ficar contra essa proposta, porque nós estamos mantendo o que é hoje. Aliás, para a União ainda melhora um pouquinho, porque hoje ela tem 39, não sei quantos por cento. Ela ficaria com os 40%, para ficar fácil de comunicar.

O Rio de Janeiro nós manteríamos recebendo o que recebe hoje: a média dos últimos cinco anos. Quem compensaria o Rio de Janeiro? Todos. Como os estados e municípios brasileiros vão receber 60%, os estados e municípios compensariam o Rio de Janeiro com 60%. Como a União vai receber 40%, a União iria compensar o Rio de Janeiro com 40%. Pronto! O argumento está feito. Todos participam igualmente da compensação ao Rio de Janeiro.

Há uma previsão para 2011 – já estamos colocando aqui 2011 – de o Brasil arrecadar 25 bilhões de reais só do petróleo extraído do mar. Olha o tanto que está crescendo a arrecadação. Por que isso? Porque hoje, 91,4% do petróleo produzido no Brasil é produzido no mar. Só 8,6% são produzidos em terra. E daqui para frente o percentual vai ser cada vez maior, porque o que vai crescer é exatamente a extração do pré-sal, que está no mar.

Então, este ano nós já teremos aí 25 bilhões para dividir. Como queremos fazer? A média do Rio de Janeiro dos últimos cinco anos deu 8 bilhões e 500 milhões de reais. A média do Espírito Santo deu 500 milhões de reais. Somando os dois dá 9 bilhões. Então, nós vamos conservar o Rio de Janeiro e o Espírito Santo recebendo os 9 bilhões. Isso quebra o principal argumento que eles têm de que seria uma desorganização administrativa, porque teria uma queda muito grande das receitas deles. Eles não terão queda nenhuma! Eles recebem hoje 9 bilhões e continuariam recebendo 9 bilhões. Se você subtrai 9 bilhões de 25, sobram 16. Você aplicando 40% da União, ela receberia 6,4 bilhões. E os estados e municípios brasileiros, que hoje recebem um bilhão e pouco, receberiam 9,4 bilhões. Então nós quebraríamos o argumento da União porque a média que a União recebeu nos últimos cinco anos é de 7,2 bilhões. Como nós estamos tratando só do petróleo do mar, a União ainda tem a parte do petróleo da terra, a

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União continuaria recebendo o mesmo que está recebendo hoje. Então a União não perderia nada. E os Estados e os Municípios brasileiros teriam 9 bilhões, o que daria, a Paraíba receberia este ano aproximadamente uns R$400 milhões se a lei fosse aprovada.

Então eu acredito que esta proposta aqui, que o Senador Wellington Dias está bancando, já conversou com a Presidente Dilma, já conversou com o Ministro Palocci, já conversou com os Senadores do Rio de Janeiro, já conversou com o Governador do Rio de Janeiro e, sobretudo, conversou com quem tem o poder de decisão hoje que é o Presidente do Senado, José Sarney, que, em uma audiência com o Senador Wellington Dias e em uma audiência conosco também, junto com os prefeitos, se comprometeu em colocar o veto em votação. E o Relator desta matéria no Senado é nada mais nada menos do que o nosso Senador Vital do Rêgo Filho. (Palmas)

Então eu acho que nós não poderíamos estar em melhores mãos do que essas porque, naturalmente, o relatório dele vai procurar um termo conciliatório que possa atender a todos. Acredito que essa é uma ideia central em que ninguém perde, a União não perde, o Rio de Janeiro não perde, todos ganham porque nós vamos ganhar sobretudo com o aumento da receita do petróleo. E o grande aumento da receita do petróleo vai se dar agora nos próximos cinco anos. Então isso beneficia a todos, sem prejudicar ninguém.

Sendo assim, eu finalizo e agradeço a atenção de todos. (Palmas.) O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Tivemos a

explanação técnico-financeira do pré-sal com o Deputado Marcelo Castro, do Estado do Piauí.

Senhoras e senhores, faculto a palavra ao Presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba, o Sr. Maurício Almeida.

O SR. MAURÍCIO ALMEIDA – Meus senhores e minhas senhoras, Senadores Vital do Rêgo, Wilson Santiago, Cícero Lucena, em nome de quem cumprimento e saúdo e dou boas-vindas a todos os Senadores aqui presentes da Comissão de Desenvolvimento do Nordeste, cumprimento a Deputada Nilda Gondim, em nome de quem cumprimento todos os deputados federais aqui presentes, demais autoridades, meu caro companheiro Mário Borba, atual Presidente da Federação da Agricultura, Luiz Alberto, Presidente da Associação Comercial, em nome de quem também estou cumprimentando todos.

Este é um momento muito especial para esta casa, como diz o nosso Presidente, que se encontra na Suíça, na reunião da OIT, esta casa é o palanque da Paraíba. É um momento muito especial para nós da Paraíba e para nós de Campina Grande participar desta reunião da Comissão de Desenvolvimento do Semiárido do Nordeste, em que foi feita uma demonstração mostrando bastante desequilíbrio do Nordeste para o Sul e também bastante desequilíbrio entre os três Estados principais – Pernambuco, Bahia e Ceará – e os demais Estados, e a

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Paraíba que hoje está se colocando lá nas últimas colocações, lutando para subsistir e para voltar ao seu lugar, a sua posição de destaque no desenvolvimento do Nordeste.

Acreditamos que esta Comissão foque, especialmente hoje, com esta reunião é na Paraíba, os principais problemas da Paraíba e dê destaque, com muito carinho, àqueles apelos que, todo período de seca, a Paraíba faz para que o desenvolvimento também chegue à Paraíba, para que, dos grandes investimentos, venha alguma coisa para a Paraíba.

Falou-se aqui das ZPEs, de muita coisa. Desde 1988 que eu ouço falar nas ZPEs, como ZPE de Cabedelo, ZPE de João Pessoa ou os ZPEs até no Cariri; porém, até agora, não vemos ainda resultado podemos dizer até que em todo o Brasil.

Quero cumprimentar também o Secretário do Estado, que representa o Governo do Estado, Ricardo Coutinho. Seja bem-vindo a esta Casa.

Então, só temos a agradecer, a cumprimentar, em meu nome e em nome do Luiz Alberto, Presidente da Associação Comercial, dizendo que seja foco também os apelos do Estado da Paraíba.

Muito obrigado. (Palmas.) O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Obrigado,

Presidente em exercício da Fiep, Sr. Maurício Almeida, falando em nome Desta entidade.

Senhoras e senhores, com a palavra, o Deputado Estadual Anísio Maia.

(Palmas.) O SR. ANÍSIO MAIA (PT – PB) – Em face do adiantado da hora,

queria, em nome do Senador Vital do Rêgo Filho, cumprimento a todos presentes, até porque é em torno dele que a Paraíba nutre certa esperança de ser melhor contemplada nesse bolo orçamentário, diferentemente de tantos anos nós, como bem disse o Secretário Gustavo Nogueira, eu tenho que aqui destacar, apesar de ser uma posição mista, como todos vocês sabem, vou reforçar a declaração do Secretário do Governo, no seu grito de alerta à Paraíba. Anos e anos, nosso Estado ficou à parte dos grandes investimentos nacionais, como aqui ficou bem demonstrado na sua pequena exposição, mas de muito conteúdo. E eu o parabenizo por esse grito. Conte comigo para trabalhar dessa mesma forma, para livrar a Paraíba dessa situação de ser eterno coadjuvante nessa disputa orçamentária.

Queria destacar também – creio que uma parte aqui conhece; talvez outra, não – que passei sete anos e meio no Ministério da Pesca, como superintendente da Paraíba, trabalhando para um setor eternamente esquecido: a pesca. O Governo Lula se lembrou, deu um pequeno apoio que precisa continuar.

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Mas eu contemplei, na exposição da equipe que está trabalhando

com orçamento, também outros esquecidos. Em se tratando de infraestrutura, apelo ao Presidente da Comissão, Wellington Dias, meu colega de Partido, pela sua sensibilidade no sentido de que se dê um olhar maior, mais acentuado para mais um esquecido: a agricultura familiar. Eu não contemplei nenhum investimento de apoio à infraestrutura da agricultura familiar, e tudo foi exposto aqui.

Evidentemente, não tomamos conhecimento de tudo. Isso é um resumo. Da mesma forma, nós não tomamos conhecimento – estou falando da Paraíba, meu Estado – do que é feito nos outros Estados. Mas quero destacar o Estado da Paraíba. Então, a agricultura familiar ficou esquecida pelo menos nesta exposição. E então vem o meu apelo: o aumento da pesca precisa ser lembrado, assim como o semiárido. O que há neste orçamento que vai potencializar o semiárido para deixar de ser igualmente relegado à última condição nessa região do Brasil?

Gostaria de ouvir de vocês uma petição a tudo isso que eu estou citando. Agora podemos sugerir, até como infraestrutura, alguma coisa tem que ser feita, pensando no semiárido, na construção de diversas barragens e açudes e que em alguns deles só foram colocados os marcos e o mato invadiu, poderia ser uma atenção a isso, alguns já estão até planejados por diversos órgãos como, por exemplo, o Dnocs, recuperação de outros.

Agora, foi dito pelo nosso Secretário, mais uma vez vou citar o nome dele, que nós temos 60 cidades no Estado da Paraíba que estão à margem de todo o sistema de abastecimento d’água. Por que se admite hoje, em pleno século em que vivemos existirem 60 cidades sem abastecimento, dependendo de um abastecimento o mais precário o possível, de açudes, de barragens.

Então eu gostaria de que essas cidades, o número, eu posso ter me enganado, mas existe uma grande quantidade de cidades, que fossem incorporadas a essa política de investimento porque nem as adutoras podem contemplá-las porque tem um limite, tem uma limite, uma adutora não pode abastecer todo o Estado, os açudes nossos são limitados.

Então eu gostaria de lembrar, que vocês passem a olhar com atenção investimentos para agricultura familiar, investimento para pesca. Nós temos aqui um problema grande na irrigação da Paraíba, nós somos um dos Estados menos irrigado, que pratica a irrigação no Brasil, não digo nem no Nordeste, estou falando do Brasil, então eu acho que os investimentos em infraestrutura, tem que pensar nisso, para pensar também no homem do campo, pensar nas populações das pequenas cidades e todos aqueles que, de um modo geral, foram esquecidos.

Para contemplar, para terminar, eu não posso gastar muito o tempo de todos aqui ... eu queria só concluir. Nós vemos aqui um quadro, eu fiquei alarmado, não dá. A ZPE da Paraíba foi criada em 2004! Quantos anos se passaram, foi dito aqui, quantos anos se passaram sem se desenvolver. Noventa

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e quatro? Mais ainda, imagina. Aí eu pergunto, e vou concluir dizendo: os grupos políticos que até agora governaram a Paraíba foram incapazes de trazer o desenvolvimento político, social e econômico para o nosso Estado. Eu acho que neste orçamento nós temos que superar essa grande lacuna.

Muito obrigado. (Palmas.) O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Muito

obrigado ao Deputado Anísio Maia, falando em nome do Parlamento estadual. Antes tivemos o Presidente em exercício da Fiep, que falou não só

em nome dessa entidade como também da sociedade civil organizada. Senhoras e senhores, dando prosseguimento, para discorrer sobre o

“Impacto da infraestrutura: ZPEs e Zona Franca”, nós vamos ouvir as palavras dos Senadores, inicialmente Senador Wilson Santiago.

(Palmas.) O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB – PB) – Boa tarde a

todos. Queria cumprimentar todos os integrantes da Mesa, o Prefeito da capital, que é o nosso anfitrião, o Presidente da nossa Comissão, da Subcomissão, Senador Wellington Dias, o Senador Vitalzinho, o Senador Cícero Lucena, o Senador José Pimentel, do Ceará, os nossos Senadores lá de Sergipe, também a nossa Deputada ..., o nosso Deputado Marcelo Castro, pela boa exposição feita, o nosso Deputado Wilson Filho, o nosso representante aqui do Governo da Paraíba, nosso Secretário Nogueira, nosso Secretário Ricardo Barbosa, nossa primeira-dama, nosso representante da Federação das Indústrias aqui na Paraíba, o nosso eterno Senador Roberto Cavalcante, enfim, todos os empresários, prefeitos, deputados estaduais, vereadores, lideranças comunitárias, profissionais da imprensa e todos que aqui estão.

Ouvimos de fato temas importantes para a Paraíba, todos nós que somos paraibanos sabemos, de fato, do que a Paraíba, na verdade, precisa. O que mais nos incomoda é a questão da infraestrutura, a questão do emprego e também a questão de saúde, de educação, enfim, precisamos de tudo, mas aquilo que mais estrutura o Estado para continuar crescendo e se destacando é de fato a infraestrutura.

Os temas aqui discutidos foram a infraestrutura, as ZPEs, citadas pela nossa apresentadora, nordestina também, mas temos problema grave, Prefeito Veneziano, que é a questão do emprego. O que mais incomoda, além de tudo, a nossa Paraíba, é o emprego. Se nós buscarmos as pesquisas, desemprego ganha de saúde, de educação, de saneamento, enfim, de tudo isso que aqui foi citado. Por isso, foram eleitos esses três temas a serem discutidos aqui, infraestrutura, ZPEs e Zona Franca, sem esquecer também que nós temos que dar continuidade a todos esses programas e projetos que estão em andamento na Paraíba, parte deles conclusa e parte também precisando ser

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concluída, a exemplo da infraestrutura hídrica, como o Deputado Anísio Maia falou.

Quando nós falamos na Zona Franca do Semiárido, que é projeto de minha autoria, que contempla o interior da Paraíba, o eixo Patos–Cajazeiras, se estendendo a Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e também... A Ceará, Paraíba e Pernambuco. Então esses quatro Estados são de fato beneficiados diretamente em decorrência da questão geográfica do semi-árido brasileiro. Num raio de cem quilômetros, você contempla quatro Estados da Federação.

Sem deixar de reconhecer que isso beneficia todo o Nordeste e todo o semi-árido. Se temos 22 milhões de habitantes no semi-árido brasileiro, as pesquisas comprovam, todos sabem, que 59% dessa população, o próprio Programa Brasil sem Miséria já comprova, 59% dessa população está no semi-árido, com os 16,200 milhões de beneficiados.

Então, precisamos agir nesse setor, no setor de geração de emprego, no setor de geração de renda, para que tenhamos condições de, em conjunto, construir uma estrutura melhor para o Brasil beneficiando e fazendo com que o Brasil seja de todos e não de parte de sua própria população.

De 2003 para cá, vejam que são vários anos, estamos identificando que no Brasil existe, a partir de 2001, melhor dizendo, nós temos desempregados no Brasil, Prefeito Veneziano, 3,500 milhões jovens de 18 a 24 anos. Vem aumentando a população, consequentemente aumentando também o número de empregados, de oportunidades de emprego, mas vêm se mantendo os 3,400 milhões de jovens de 18 a 24 anos sem estudar e sem ter oportunidade de trabalho.

Por isso, essa política integralizada de geração de emprego eu entendo como a prioridade número um para se amenizar o sofrimento do Nordeste, já que 59% dessa população carente está no Nordeste. Então, todas essas políticas e esses programas criados voltados para o Nordeste precisam ser integralizados a outros programas, não só programas, como nós citamos, de infraestrutura, não só programas de ZPE, como também os programas que mais incentivam a geração de emprego no País, como, por exemplo, a Zona Franca.

Quando se criou a Zona Franca de Manaus, os objetivos da criação da Zona Franca foram, primeiro, desenvolver a região, porque ninguém queria habitar aquela região, e gerar emprego. Hoje, nós temos, em Manaus, 600 mil empregos. Manaus cresce hoje, todos nós temos conhecimento, o dobro do PIB nacional. Ou seja, o PIB de Manaus, nós últimos dez anos, nós últimos, precisamente, oito anos, Senador Wellington Dias, tem sido o PIB da China. Ou seja, um desenvolvimento, uma China instalada em uma região do País por conta exatamente dos incentivos da Zona Franca de Manaus. Se temos as piores condições no semiárido brasileiro: o maior índice de mortalidade infantil; o maior índice, dos maiores índices de desemprego; dos maiores índices de Doença de Chagas; o menor IDH está exatamente no semiárido brasileiro. Por que não

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adotarmos os mesmos critérios? É apenas uma decisão política do Governo de permitir que se instale, que se crie a zona franca do semiárido, e, a partir de então, a iniciativa privada toma conta. Teremos oportunidade de, em apenas dez anos, a partir da sua criação, de geração de cem mil empregos, sem o Governo gastar um tostão, só permitindo que se instale e que se dê a oportunidade devida a essa população, que precisa, sim, ter, de fato, as mesmas condições das demais regiões desenvolvidas do País.

De fato, esse é um tema polêmico, porque São Paulo não aceita. Começa logo daí. Mas, com a união da classe política do Nordeste, que representa a maioria no Congresso Nacional – somando o Nordeste com o Norte –, nós teremos condições de aprovar todo projeto que seja de interesse dessa região. Basta haver união: que se fale a mesma linguagem, que se pense da mesma forma, deixando de lado as sequelas políticas, os posicionamentos partidários e, além de tudo, de interesses individuais e particulares de cada um.

Então, esse é um tema polêmico, mas essencial para o Nordeste brasileiro, para o semiárido brasileiro. Do contrário, nós continuaremos com essa desigualdade, com esses índices, Ricardo Barbosa, a cada dia; ou se estabilizando ou até aumentando, nunca diminuindo, porque não há condições de se implantar uma política agregada, integralizada, que some os interesses da população com os interesses dos Estados, dos Municípios e, com isso, vencendo todos esses obstáculos.

Quero também registrar a presença do nosso Presidente da Comissão de Desenvolvimento, o Senador Benedito de Lira, que, para orgulho nosso, acaba de chegar aqui à Paraíba.

(Palmas.) Temos o grandioso tema, que é a questão da Transnordestina. Não

podemos admitir que a Transnordestina, que interliga o porto de Pecém, no Ceará, com o porto de Suape, com 1.728 quilômetros de extensão, não contemple a Paraíba. Nós não podemos concordar com isso. Ano passado, o Presidente Lula, no início do ano passado, ainda de público assegurou a inclusão, o ramal da Transnordestina para beneficiar a Paraíba. A partir de então, o assunto caiu no esquecimento, e nós temos de levantar esse tema e exigir, nós do Nordeste, da bancada nordestina, exigir do próprio Governo central, com apoio dos governadores, dos prefeitos, das lideranças políticas em geral, a inclusão da Paraíba na Transnordestina para que haja condições de se transportar aquilo que, de fato, ainda é produzido, Senador Pimentel, aqui na Paraíba. Imaginem a forma como está: temos de procurar, para exportar, o porto de Pernambuco ou, então, o porto do Ceará, porque a Transnordestina não contempla, até então, a Paraíba, e precisa, sim, ser contemplada.

Então, são muitos os temas que temos condições de debater aqui na Paraíba. O tempo, de fato, é curto, mas temos de eleger alguns temas: temas de geração de emprego, como citei; temas de infraestrutura, como também citei

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anteriormente, inclusive a Transnordestina; a ampliação, no que se refere à questão educacional, com uma interiorização ainda maior das universidades públicas, das escolas técnicas, da educação tecnológica; e também dar oportunidade para que essa população tenha acesso ou mais condições de participar do mercado de trabalho, já que até hoje um grande problema que temos no Nordeste, especificamente, e no Brasil inteiro é a qualificação profissional de mão de obra. Mão de obra e emprego há muito, em muitas localidades do Brasil, mas não temos oportunidade de qualificar essa mão de obra. E só com programas, com decisões desse porte é que teremos condições de alcançar esses objetivos.

Não posso me alongar, porque o tempo é curto, mas o que eu quero no dia de hoje, para encerrar, é parabenizar a decisão de todos os que representam a Paraíba, no Congresso Nacional, para que esta Comissão se instalasse e se integralizasse, o que desde o início conversávamos com o Senador Benedito de Lira, Senador Vital, Senador Wellington Dias, Senador Cícero Lucena, trabalharmos em conjunto, naquilo que interessa ao nosso Nordeste, à nossa região.

Se somarmos as prioridades da Paraíba com as prioridades dos demais nordestinos e juntos trabalharmos, teremos condições de vencer os obstáculos, de ultrapassar as barreiras. Se assim não agirmos não teremos condições nunca de amenizar, diminuir as desigualdades regionais e fazer com que a Paraíba seja, de fato, tratada com seus os objetivos a alcançar, num espaço de tempo curto, o mais rápido possível.

Agradeço a atenção de todos. Tenho certeza de que juntos teremos condições de fazermos algo em favor do desenvolvimento do nosso povo paraibano.

O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Obrigado pela participação do Senador Wilson Santiago.

Com a palavra, agora, o Senador Cícero Lucena. (Palmas.) O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco/PSDB - PB) – Prefeito Veneziano,

em nome de V. Exª, cumprimento todo o povo de Campina Grande, meus amigos da Paraíba; Secretário Gustavo Nogueira, aqui representando o Governo do Estado, em nome de quem cumprimento todos que compõem o Governo do Estado, Senadores Paulo Davim, Benedito de Lira, Antonio Pimentel, Wilson Santiago, Vital do Rêgo; Deputada Federal Nilda Gondim, com a primeira dama, Ana Cláudia, por intermédio de quem cumprimento todas as mulheres presentes; Deputado Nilson Filho e Benjamim Maranhão, em nome de quem cumprimento os demais Deputados; Deputado Estadual Anísio Maia, em nome de quem cumprimento todos os Deputados Estaduais presentes ou os que aqui estiveram, bem como, pelo Vereador Inácio Falcão, saúdo todos os vereadores presentes, não só os de Campinas, mas os do Estado; na pessoa da Prefeita Dida também

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todos os Prefeitos, ex-Prefeitos e vice-Prefeitos presentes; em nome do Presidente da Federação da Agricultura Mário Borba, esse grande lutador em defesa de uma classe que está quase em extinção por dificuldades de negociação do débito para com os bancos oficiais, cumprimento os demais membros das associações de classe, bem como o representantes das universidades, técnicos e jornalistas presentes.

Acho que ficou bem claro, Senador Wellington Dias, V. Exª, que é o Presidente da subcomissão, que os problemas estão identificados, as soluções estão estudadas e propostas. Do que precisamos verdadeiramente, Presidente Benedito de Lira, é de decisão política. Fico muito feliz neste encontro, em razão do trabalho que a comissão está fazendo, que é um trabalho suprapartidário. Até porque temos a responsabilidade não de querer encontrar culpados e identificar os erros; sim, para se buscar as soluções. Mas não queremos encontrar culpados, mas, sim, quem são os parceiros que podem ajudar a fazer acontecer as soluções. Eu digo isso porque, se nós revermos a nossa história, o problema do Nordeste vem lá detrás.

A criação da Sudene, naquela oportunidade, foi identificada como a necessidade de ter uma estrutura que planejasse essa região para ajudar a desenvolver o Brasil como um todo, buscando a redução da desigualdade, em particular, a desigualdade de infraestrutura, de investimento, de geração de emprego, de melhoria de qualidade de vida.

Naquela oportunidade, não existia planejamento estadual. Foi essa a razão maior de se criar a Sudene. Com o tempo, com o advento da Sudene, começaram a se formar técnicos e também as estruturas estaduais; hoje, Prefeito Veneziano, chegando às estruturas municipais. Isso foi bom, porque, com esse planejamento local, estadual e regional, geraram-se demandas, a exemplo do que estamos aqui buscando colher para fazermos uma proposta, mas também provocou desvios desse planejamento, porque aí veio o peso político; um peso político que, em determinado instante, representava-se pela pressão política e pela força política de cada Estado.

A Bahia, com seu peso político, agarrou-se no pólo petroquímico, como uma âncora para o seu desenvolvimento. Pernambuco lutou e ficou com a Sudene, com a Chesf, que também foram e são instrumentos fundamentais para o desenvolvimento de Pernambuco. Os cearenses - o Pimentel conhece muito bem e é sabido - agarraram-se ao Banco do Nordeste e ao Dnocs para resolver os seus problemas.

E aí, Senador Wellington Dias, tadinho do Piauí, da Paraíba, do Rio Grande do Norte, de Alagoas – Vou chegar lá, Presidente - de Sergipe, que ficamos dependendo exatamente da boa vontade ou de eventuais processos de conquista em um momento ou em outro.

Acho que o papel desta Comissão está sendo fundamental, porque estamos aqui provocando no Governo Federal algo que ele precisa adotar como

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projeto dele e não de Estado. É triste, é muito triste verificarmos o crescimento da desigualdade regional. Antes tínhamos referência só São Paulo. Hoje existe dentro do próprio Nordeste.

Aqui dentro do Nordeste, Senador Roberto Cavalcanti, e não citei antes, porque fiz questão de fazer uma referência ao seu trabalho no período em que V. Exª esteve no Senado e que propôs aqui para a Paraíba um porto de águas profundas como instrumento desenvolvimento, em determinado instante dos debates no embate político na Paraíba, teve gente que disse que a Paraíba não precisava de um porto profundo porque teria Suape, que atenderia, e que a Paraíba poderia pegar a sobra da infraestrutura do porto de Suape, em Recife.

Para nossa tristeza, o Governador de Pernambuco, acaba de anunciar neste final de semana que Suape já está saturado, com tudo aquilo que vem a ser implantado, e que Pernambuco vai fazer um porto de águas profundas, e o que é pior, na fronteira com a Paraíba. Não vai fazer com recursos de Pernambuco, não. Vai fazer com recursos do Governo Federal. Aí, sim, caberia à classe política e ao Governo Federal dizer que, antes de se fazer o terceiro porto em Pernambuco, teria que ser feito o primeiro na Paraíba. (Palmas.)

Tinha que fazer em Sergipe. Tinha que fazer em Alagoas. Porque cabe, sim, um porto de águas profundas em cada Estado do Nordeste. A China está crescendo. Todo mundo cita. Mas a China tem 109 zonas francas. A China tem mais de 80 portos, maiores do que qualquer um desses do Brasil. Por que aqui no Nordeste não pode ter um porto de águas profundas para a Paraíba poder discutir uma siderúrgica?

Não há intenção do Governo. Sou oposição ao Governo Federal – todos sabem – e tenho algumas diferenças também aqui no Estado, mas o Governo Federal disse que estava trocando o Presidente da Vale para que a Vale do Rio Doce, que é uma grande mineradora do Brasil, maior empresa, pode-se dizer, junto com a Petrobras, mas na área do minério é a Vale, passasse a industrializar e agregar valor ao minério que temos tão rico. O Ceará para ter a siderúrgica em Pecém tem subsídio de gás, tem infraestrutura de porto, teve infraestrutura e transporte. Parabéns ao Ceará! Parabéns à classe política do Ceará, que conquistou isso! Pernambuco teve e está em construção uma refinaria como o Ceará tem, como o Maranhão está tendo. Lula, e tiro o chapéu para a inteligência dele, para escolher e colocar a refinaria em Pernambuco, usou até Chávez para dizer que iria ser sócio, mas até o presente não apresentou nem um centavo para fazer a refinaria em Pernambuco. Mas fez certo o Presidente Lula porque era importante trazer uma refinaria do porte da que está sendo feita para Pernambuco.

Mas há outras indústrias de que se pode falar. Falou-se aqui da questão da indústria, para que o Brasil começa a despertar, de fertilizantes, de beneficiamento de fertilizante, que pode muito bem vir para a Paraíba, com estrada de ferro, com a Transnordestina, com todos esses investimentos. A

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indústria automobilística... Há 15 dias, os Senadores aqui presentes sabem que tentamos prorrogar o prazo da medida provisória de incentivos para a indústria automobilística. Ela foi feita para ampliar a Ford em Salvador e abrir a Fiat em Pernambuco. Por que não prorrogarmos esse prazo até dezembro para que a Paraíba saísse lutando atrás de uma montadora na China, na Coreia, no Japão ou mesmo uma dessas que já estão instaladas, como a Fiat, que está ampliando, para a Paraíba, para o Rio Grande do Norte, para o Piauí, para o Ceará?

É isso que o Governo Federal precisa e eu espero que esta Comissão possa tirar esse documento. Perdoem-me a ênfase que estou fazendo, mas com certeza ela é legítima, porque é em defesa do meu Estado, embora eu seja um Senador e tenha que cuidar da Federação, mas eu tenho que cuidar mais ainda da Paraíba.

Eu acho que nós podemos, sim, e devemos avançar. Aqui foi falado sobre a ZPE. Eu conheço a ZPE da Paraíba, eu conheço a ZPE de João Pessoa, porque foi criada em 2004, quando eu era Governador do Estado. Já vinha de uma luta de Ronaldo Cunha Lima antes e eu deixei cem hectares em Mangabeira para ser instalada a ZPE da Paraíba.

Os fatos ocorreram, não vou colocar a culpa em administração, até porque nesse período houve Governo do PMDB, do PSDB, com parceria do PT, houve todo tipo de Governo. Não é essa a questão. É a decisão do Governo Federal, que não é verdadeira, em querer instalar a ZPE neste País, principalmente por pressão dos grandes centros desenvolvidos, como São Paulo e a Zona Franca de Manaus.

Essa é a resistência da ZPE, porque não é interessante para esses Estados nós desenvolvermos algo que, por exemplo, e em particular eu falo isso, estou falando para quem conhece, vive e luta por isso, um potencial eletro-eletrônico e de informática, como tem a cidade de Campina Grande. É o pólo nacional de inteligência.

Eu estive na China, com a visita da Presidente Dilma Rousseff. Ela esteve com o empresário que decidiu produzir aqui no Brasil os produtos da Apple, Terry Gou. Após o encontro da Dilma Rousseff, ela foi para o seminário, eu participei do seminário e fui almoçar com esse cidadão. E ele me disse algo que para mim eu só vi em Campina Grande. Ele me disse que tem fábricas hoje, produzindo em Manaus, porque ele produz HP, DELL, Sony, Sony Ericson e Apple. E ele me disse que o tipo de incentivo que era dado em Manaus não era o tipo de incentivo que ele quer, ele quer um outro tipo de incentivo no Brasil, que seria aproveitar, não apenas trazer produtos e montar em Manaus... Ele me disse, de uma forma muito simples: Eu não levo inteligência para Manaus e nem aproveito a inteligência do povo do Amazonas e do Brasil.

Eu vou plantar agora em outro Estado, e no caso ele escolheu São Paulo, porque eu quero aproveitar e trocar experiência e inteligência com o povo

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brasileiro, o conhecimento do povo brasileiro, para que nós possamos desenvolver os nossos produtos. Então é isso que nós temos que recolher.

Está de parabéns a redução dos impostos na produção dos tablets. Trabalhei com isso para que a gente conseguisse. O Ministro Mercadante foi o grande precursor disso e conseguiu a medida provisória, mas nada para o Nordeste.

E aqui eu convoco, por exemplo, os Srs. Senadores para que, um exemplo pequeno, se o IPI caiu de 17%, de 15% para 3%, vamos zerar para a região Norte e Nordeste? Porque aí nós vamos aproveitar as nossas universidades.

Aqui na Paraíba nós temos a UEPB, nós temos a UFCG, que tem cursos de eletroeletrônicos e de engenharia elétrica, nós temos a Universidade Federal da Paraíba, nós temos escolas técnicas, preparando e qualificando essas pessoas, nós temos inclusive a Redentorista, aqui em Campina Grande, que tem uma história grande de qualificação dessa mão-de-obra... Eu conversei com o reitor do Instituto Tecnológico da Paraíba, Dr. João...

O Terry Gou me disse que vai contratar cinco mil engenheiros elétrico- eletrônicos para morar um ano na China, para serem qualificados e poderem vir para as fábricas deles no Brasil, ou seja, o Governo Federal tem que trabalhar muito também nessa questão de interiorização, de aprofundamento e de preparar cursos que venham a atender essa demanda de mão-de-obra devidamente qualificada.

Falou-se aqui em energia. O primeiro palestrante que eu tive a oportunidade, falou que nós não geramos a energia suficiente que consumimos no Nordeste, mas nós temos o maior potencial do Brasil em geração de energia renovável.

Falou em cana, é pouco. Nós temos o grande potencial fotólica e eólica. Esse é um grande potencial que nós temos que começou a parte de energia solar praticamente começou na universidade de Campina Grande e ao longo do tempo, por falta de investimento não acompanhou o desenvolvimento necessário, mas ainda há oportunidade de recuperar isso, porque temos memória e temos oportunidade. A maior incidência de vento no Brasil é no Nordeste, a maior incidência de raios solares no Brasil é no Nordeste. Então, sim nós somos o maior produtor de energias renováveis desse País, sem precisar de estar recebendo energia, quer seja de morte através de linhas distantes e com grande perda da transmissão e gerar energia limpa, não poluente e renovável, tecnologia cada vez mais para ter esse tipo de projeto.

Então, é esse projeto porque o Nordeste não quer aquilo que é da política do passado, o Nordeste não quer esmola, o Nordeste quer oportunidade que ai cabe a classe política, que eu quero mais uma vez dar o meu testemunho e o meu reconhecimento desse trabalho que está sendo feita pela Comissão presidida pelo Senador Benedito Lira e a Subcomissão pelo Senador Wellington

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Dias, porque é importante, são da base do Governo e vão com as nossas participações, com o aprendizado dessas reuniões poder cobrar, olhando nos olhos do Governo Federal e dizendo que ele é Governo, não de um partido, não de um Estado, mas do povo brasileiro.

E quero parabenizar também ao Deputado Marcelo Castro, do Piauí, para dizer que aqui o que o Senhor falou é algo que indiscutível, é a verdade do que o Brasil precisa discutir. Todos nós que temos responsabilidade com o Brasil e com o povo brasileiro, que queremos justiça social teremos que apoiar essa iniciativa e pedir aos senadores da base do Governo que mostrem ao Governo que eu sou oposição, repito, mas eu acredito, que uma proposta dessas o Governo adota porque é bom e para o Brasil e para os brasileiros.

Meu muito obrigado. Foi um prazer enorme está aqui em Campina Grande com vocês.

(Palmas.) O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Ouvimos o

Senador Cícero Lucena. Com a palavra agora o Senador da República pelo Estado do Ceará,

José Pimentel. (Palmas.) O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco/PT – CE) – Quero dar um bom a

todas e a todos e quero dar um forte abraço no Benedito de Lira, Presidente da nossa Comissão, no Wellington Dias, o nosso Vice-Presidente e Presidente da Subcomissão, abraçar o Cícero Lucena, Wilson Santiago, Vital do Rêgo, nosso anfitrião, o Eduardo Amorim, do nosso Sergipe, e registrar que a vinda desses Senadores a cada Estado da Federação da região nordeste é exatamente para intensificar esse diálogo federativo entre os vários entes, os Municípios, os Estados, o setor produtivo, a nossa intelectualidade, a nossa universidade e os vários setores da sociedade. E por isso quero aqui abraçar o Veneziano, nosso Prefeito, e, em seu nome, saudar todos os prefeitos aqui presentes, dar um forte abraço no nosso empresário representante da indústria do Estado da Paraíba, dar um forte abraço no Guilherme Almeida, que representa aqui a Assembleia Legislativa e, em seu nome, saudar todos os deputados aqui presentes, um forte abraço aqui na nossa deputada Nilda Gondim aqui representando a nossa Bancada Federal juntamente com Marcelo Castro lá do nosso Piauí; dar um forte abraço na Dona Ana Claudia a primeira-dama e, em nome dela, saudar as mulheres especialmente do nosso Estado da Paraíba.

Quero começar registrando de que a nossa intenção dessa forma de diálogo é levantar o potencial político, econômico e de demandas de cada Estado da região nordestina e construir grande entendimento entre nós, porque se nós formos capaz de identificar o potencial econômico, cultural e político que nós temos em cada estado e construir o entendimento para que os estados não disputem entre si o que está sendo feito, mas que canaliza as nossas energias

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para o que nós pudemos fazer e, nesse diálogo de unidade, nos nove Estados da região Nordeste, possamos ter força política para viabilizar nossos projetos.

Se voltarmos na nossa história nordestina, veremos que a última refinaria construída na nossa região foi na década de 70, no Estado da Bahia. De 1970 para cá, nós não viabilizamos mais nenhuma indústria de refino de petróleo com esse potencial. Exatamente por isso, o último polo petroquímico da região Nordeste é também da década de 70, lá no Estado da Bahia, porque foi uma decisão política fazer aquela refinaria.

O melhor e o maior Presidente de toda a história do Brasil, superando preconceitos, embates difíceis no Congresso Nacional, em 2004, quando ainda nós não tínhamos condições de ter o nosso pré-sal, fontes de custeio, fomos à Venezuela porque queríamos entrar no mercado norte-americano para vender petróleo. E a Venezuela tem mais de 20 mil postos de venda de gasolina nos Estados Unidos, que não permitem que a nossa Petrobras possa ter lá as suas unidades de venda de petróleo. Sofremos uma campanha difícil, mas, hoje, o Pernambuco viabiliza um grande polo petroquímico porque nós tivemos a coragem, em 2004, de fazer esse debate.

Em seguida, com a identificação do pré-sal, conseguimos viabilizar duas outras refinarias, a Premium 1, no Maranhão, e a Premium 2, no Ceará. E precisamos pensar, com a evolução da nossa produção, com a identificação de novos poços, porque nós só estamos discutindo aqui a distribuição do pré-sal porque o Brasil disse que não queria a privatização da Petrobras, e ela evolui, ela pesquisa e, hoje, permite-nos discutir a distribuição do pré-sal, porque, se não houvesse a Petrobras junto, não estaríamos discutindo hoje essa matéria.

Nós tivemos o último polo siderúrgico do Brasil também na Bahia na década de 70, e é por isso que, em seguida, veio a montadora Ford para a Bahia, pois não há montadoras se previamente não houver um grande polo siderúrgico para produzir as peças, os laminados de que elas necessitam. Este nordestino, Luiz Inácio Lula da Silva, resolveu propor a criação de mais três polos siderúrgicos no Brasil, um em Pernambuco, já em 2006 – e é por isso que a Fiat está indo para Pernambuco, porque previamente se instalou o polo siderúrgico. Estamos fazendo outro no Ceará e outro lá no Pará, justamente porque nós não queremos mais vender matéria prima, exportando riquezas e gerando emprego lá fora e desempregando os nordestinos e os brasileiros.

Se vocês pegarem, qualquer um de vocês, a nossa nova Transnordestina, verá que todos os linhões, todos os trilhos estão vindo da China. A nossa Vale do Rio Doce leva matéria prima para a China, que transforma em linhões, e volta para cá para poder construir a nossa Transnordestina pois a nossa Vale do Rio Doce se negava a fazer isso no Brasil. Nós dialogamos muito com eles, que não queriam fazer isso. Mas como 64% do capital da Vale pertence ao Brasil, nós resolvemos intervir, propondo aos acionistas que trocassem a direção, para deixar as riquezas no Brasil. Agora, nós estamos fazendo três polos

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siderúrgicos exatamente para potencializar a nossa economia. Teremos de ampliar em seguida.

Nós sabemos que a grande dificuldade da industrialização no interior do Nordeste é o custo do frete. Nossa região e muito grande e o transporte da nossa produção é todo feito por terra, por rodovia, a um custo é muito alto, seja para a agricultura familiar, seja para os vários setores da nossa produção. E, aí, resolvermos enfrentar um outro problema: voltar a construir as nossas ferrovias.

O Brasil, até a metade do século XX, era um dos países do mundo que mais tinha ferrovias. Do final do século XVIII até a metade do século XX, o Brasil investia pesadamente em ferrovias; entretanto, nós fomos também o único país do mundo, de extensão territorial continental, que resolveu desativar a rede ferroviária, cobriu os trilhos com asfalto para dar margem e espaço às montadoras por conta do acordo que nós fizemos lá no final da década de 50. Agora estamos retomando, estamos refazendo as nossas ferrovias para reduzir o custo do transporte.

É verdade que precisamos interligar todos os nossos Estados e nossos portos, mas tinha que começar por algum lugar, nós tínhamos a nosso norte/sul sendo construído desde 1989 e não saía do papel, ela hoje, no trecho Anápolis-Itaqui está pronta mas falta ser feito agora de Anápolis a Santos, para integrar aquela região.

A nossa transnordestina nós iniciamos por uma região que é cerrado, que produz muita soja para poder agregar valor aos nossos empresários, aqueles que produzem a riqueza nacional e, aí começamos em Eliseu Martins, vem até Salgueiro, na sua primeira fase; e de Salgueiro tem dois ramais, um que vai para Suape e outro que vai para Pecém. Fizemos isso dentro de uma logística. Na segunda fase, precisamos integrar a Paraíba, o Rio Grande do Norte e os outros Estados. E é por isso que nós precisamos incluir no plano plurianual que estamos discutindo e elaborando, de 2012 a 2015, para que estejam ali contemplados esses ramais da nossa Paraíba.

Eu sei que no traçado tem dois grandes eixos, um que pega, que vem de Suape ao nosso porto aqui da nossa Paraíba, da nossa João Pessoa, mas a ferrovia que nos interessa é a que sai de Missão Velha, que corta todo o sertão da Paraíba chega a João Pessoa ao lado do grande canal de integração das águas do São Francisco.

Este Estado, no que diz respeito a integração de bacias é um dos Estados mais beneficiados da região Nordeste pela sua posição estratégica, pelo que ele produz e por aquilo que nós precisamos.

Se você pega o eixo leste do São Francisco, e nós queremos entregar agora em julho de 2012, ele pega Pernambuco e pega a Paraíba. Se pegamos o eixo norte, que é o mais longo e mais trabalhoso, ele pega o Pernambuco, o Ceará, a Paraíba e o Rio Grande do Norte integrando esses quatro Estados.

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E o dever de casa que cada um de nós temos agora é desenhar a

nossa interligação de bacias, para que nós possamos no Programa Água para Todos, que a nossa Presidenta Dilma lança agora em agosto, a gente aposente a velha lata d’água e, a partir daí você possa ser beneficiado com esse grande potencial de água que estamos fazendo com os canais do São Francisco.

É bom lembrar que o nosso imperador D. Pedro II, tinha dito que daria a última pedra da coroa para que o Nordeste não passasse sede. Mas foi preciso eleger um nordestino, que saiu daqui num pau de arara, capaz de dialogar com as diferenças, superar dificuldades com os Estados doadores que não aceitavam a interligações de bacias – a Bahia, a desconfiança natural de Alagoas e Sergipe – porque foram vítimas do processo da Barragem de Sobradinho com a cunha salina e tudo aquilo que trouxe, mas era preciso atende-los, revitalizar o rio e viabilizar a interligação de bacias.

Ela hoje é uma realidade, e nós queremos desenvolver esse projeto de integração das bacias para que nós possamos ter o maior potencial com irrigação, com agricultura familiar, com a agroindústria para efetivamente desenvolver a nossa região. Nós precisamos colocar isso no PPA, porque nós já estamos começando a fazer... No PAC 2 já está uma parte dos recursos.

O nosso Estado, o Estado do Ceará, que é um dos Estados que tem menos água no semiárido e também aqui do Nordeste setentrional, estamos lá com o programa Água para Todos, com o cinturão das águas bem adiantado.

Mas é preciso que cada Estado que recebe as águas do São Francisco também se antecipe, nos ajudem; façamos os projetos para que a gente possa ter projeto viável que nos integre, que nos desenvolva, que a gente possa – o nossos 27 Senadores dos nove Estados, os cento e cinqüenta e um Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Vereadores, os Prefeitos, os Governadores –, todos, enfim, irmanados em torno de um grande projeto para a região Nordeste para que a gente possa dizer aquele sofrimento que nós tivemos até o século XX, neste século XXI, nós temos condições de resolver muita coisa.

E nós precisamos formar mão de obra, porque, se não, os bons empregos que estamos gerando vão ficar com outros que para cá virão. É por isso que o nosso governo começou todo esse processo de interiorização. Nos institutos federais de tecnologia, foram 280 institutos, construídos de 2004 para cá. Estamos agora, em agosto de 2011, lançando mais 120 institutos com os quais a Paraíba vai ser contemplada. Sei que esse Estado tem 28 Municípios com mais de 20 mil habitantes. Há muitos Municípios com a população menor. Mas, nesses 28 Municípios, em que há mais de 20 mil habitantes, precisamos ter um olhar para eles, para que cada um deles possa ter instituto federal de tecnologia dentro desse processo de geração de mão de obra, de capacitação da nossa juventude, de viabilização da nossa economia.

O nosso governo, no PAC 1, lançou o Programa Brasil Profissionalizado, que são as escolas profissionalizantes, para todos os

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Municípios do Brasil. É uma parceria em que o Município doou terreno para a construção da escola profissionalizante. O Governo Federal constrói e equipa. Nós temos uma planta padrão. Ele investe, em média, de R$6 a R$6,5 bilhões em cada uma delas. E o governo do Estado, através do Fundeb, viabiliza a mão de obra.

O nosso Estado, o Estado do Ceará, no PAC 1, conseguiu 128 escolas profissionalizantes. Estamos iniciando este 2011 com 60 mil jovens do ensino médio com tempo integral dentro dessas escolas, além dos institutos federais de tecnologia e de educação, que nós fizemos.

O que podemos fazer para que todos os Municípios da Região Nordeste possam ter uma escola profissionalizante com esse desenho? Porque o Sul e o Sudeste, com outros mecanismos, já viabilizaram.

Por isso é que eu recebi o Título de Cidadão daqui, da nossa Paraíba; e recebi o Título de Cidadão da nossa Alagoas, do nosso Sergipe e de outros Estados da região.

Tenho a obrigação e o dever de fazer um debate franco, direto e de dizer que esse é um projeto para o povo nordestino, independentemente de pertencermos ao partido “A”, ao partido “B” ou ao partido “C”.

Sou um daqueles que entendem que é fundamental a diversidade de pensamento político para que possamos superar nossas diferenças, para que possamos superar nossas limitações sobre alguns projetos. E, no dia de amanhã, diremos: o nordestino não quer ser puxado por ninguém. Nós não queremos que as Regiões Sul e Sudeste sejam locomotivas para o Estado do Nordeste. Nós queremos andar com nossas próprias pernas. E é isso o que o melhor e o maior Presidente de toda a história do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, nos ensinou.

Um bom dia e um grande abraço. (Palmas.) O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Obrigado,

Senador José Pimentel, do Estado do Ceará. Senhoras e Senhores, com a palavra agora o Senador Eduardo

Amorim, Vice-Presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo. O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco/PSC – SE) – Boa tarde a todos! Serei muito breve nas minhas palavras em respeito a todos aqui, em

respeito também à nossa glicemia, em respeito ao adiantado da hora. Mas eu não poderia deixar de registrar a forma carinhosa com que fomos recebidos nesta terra, realmente, maravilhosa. Muito obrigado, Senador Vital do Rêgo; muito obrigado, Prefeito Veneziano. Duvido que existam, em algum outro canto do Planeta, pessoas que possam acolher e receber tão bem como nós, brasileiros, especialmente os nordestinos.

(Palmas.) Tive oportunidade de estudar em outros países, mas minha história

não é diferente da história de outros nordestinos, que vieram de família humilde,

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de feirantes, de agricultores e que tiveram que atravessar muitas diversidades impostas pela vida.

Em nome do Senador Benedito de Lira, Presidente da Subcomissão do Nordeste, saúdo todos os membros da Mesa.

Meus amigos, minhas amigas, sou e estou como político há pouco tempo. Minha vocação é a Medicina. Tornei-me médico especialista em dor. Mudei-me e estudei fora, em outros países, mas sempre com a convicção de meu bairrismo nordestino, brasileiro, tinha a convicção de voltar para o meu Estado, que é Sergipe, o menor Estado da Federação.

Tornei-me especialista em dor, no tratamento da dor física. Mas, ao longo da minha vida, percebi que a pior dor que existe é aquela que atinge todo o tecido social, toda a sociedade, todos nós: é a dor social, é a dor coletiva, é a dor do desemprego, é o sofrimento, porque, muitas vezes, ao procurarmos uma escola decente, um hospital decente, uma estrada decente não as encontramos.

Por que essas mazelas e esses sofrimentos existem se vivemos, se pisamos no País mais rico mineral e em riquezas naturais? Riquezas essas, com certeza, eu como cristão acredito nisso, dadas pelo bom Deus. Por que esse sofrimento e essa dor persistem e conseguiram atravessar espaços e conseguiram atravessar os séculos, especialmente no nosso País e na nossa região? Por que somos detentores de tanta pobreza e tantas mazelas?

Recentemente, mais precisamente na semana passada, a Presidente Dilma, no Conselho Político, por meio da Ministra Tereza Campello, demonstrava que 60% dos miseráveis deste País ainda se encontram na nossa região Nordeste.

Por que detemos tantas dores e sofrimentos ainda? Porque nós nos esquecemos de nós mesmos, porque fomos egoístas, ou melhor, os que conduziram este País há alguns anos foram egoístas e individualistas e foram acentuadores de muitas perversidades. Mas nós não temos esse direito de sermos instrumentos nem acentuadores de perversidades.

Antes de o meu partido ser base aliada do Governo, eu sou nordestino e venho de uma família humilde. Então, estarei, no meu mandato dado pelo povo de Sergipe, a exercício e ao dever de diminuir essas mazelas e essas desigualdades. Não contem comigo para acentuar mazelas e aumentar sofrimentos de nenhum povo, especialmente o nordestino.

Sr. Presidente, donos de muitas riquezas, duvido que em outros cantos, não só deste País, especialmente do nosso mundo, haja tantas riquezas minerais e naturais como nós, nordestinos, temos. Chega de sermos exportadores de mão de obra barata, de sermos retirantes. Queremos ficar aqui e produzir aqui, mas produzir aqui, mas produzir com qualidade, porque fomos construtores de muitos edifícios, como os nossos poetas, como os nossos cordelistas revelaram, como os nossos escritores revelaram. Queremos que o nordestino fique no Nordeste para acentuar as riquezas aqui existentes.

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Então, meus amigos, a palavra que a gente poderia resumir para

esse momento que estamos vivendo aqui é “oportunidade”. Do que o Nordeste precisa é de oportunidade. Temos a riqueza, temos a mão de obra, precisamos apenas do instrumento. Será que estamos pedindo demais para esta Nação, para aqueles que são os condutores desta Nação? Creio que não. É hora de virarmos essas páginas, sobretudo às do sofrimento e às de dores e trazermos para o Nordeste daquilo que o Nordeste precisa: dos instrumentos necessários para que as riquezas fiquem aqui, para que os empregos sejam gerados aqui, seja lá em que canto for, mas, sobretudo, para nós nordestinos, seja na Paraíba, seja em Sergipe, seja em Alagoas, seja em Pernambuco. A solução para isso nos a temos: a solução para isso somos nós mesmos.

O Nordeste em um terço do Senado. Então, nenhum projeto dificilmente se transformará em lei senão com a participação de nós, nordestinos. Então, basta que tenhamos o compromisso, sobretudo, com nós mesmos.

Espero que seja isso que esta Comissão, ao final de toda essa caravana, de toda essa jornada, possa entregar ao Poder Executivo, à Presidente Dilma, e dizer: “Olha, estas são as prioridades para o Nordeste. Depois de percorrer todos os Estados da Federação, concluímos que estas são as prioridades.”

Não estamos aqui para passear, apesar da boa recepção em um local realmente espetacular, maravilhoso e o carinho de vocês. Estamos aqui para ouvi-los e para levar para o Poder Central nossas necessidades, as necessidades da Paraíba, as necessidades de Alagoas, de Sergipe, de Pernambuco, do Piauí, do Ceará, do Maranhão; enfim, do Nordeste brasileiro.

Que este momento não seja só um momento importante, mas que se torne, definitivamente, um momento histórico para a vida de todos nós os nordestinos.

Então, mais uma vez, muito obrigado, Prefeito Veneziano, obrigado meu amigo, meu irmão de Senado, Senador Vital do Rego...

(Palmas.). E, concluo: valeu a pena enfrentar as mais de 12 horas em aeroporto

para chegar simplesmente de Aracaju até aqui. Foram mais de 12 horas, mas o sentimento pela recepção e pelo carinho, pelo trabalho aqui desenvolvido, valeu a pena. Se eu viesse de carro, chegaria muito mais cedo. Isso mostra ainda as muitas desigualdades e adversidades com que vivemos.

Acredito enormemente na política exercida por pessoas de bem, a política como instrumento de transformação social, a política como condutora e salvadora de tantas e tantas mazelas. Eu sonho com isso e procuro viver intensamente meu mandato, procurando fazer do mandato um instrumento de amenizar sobretudo a dor social que este País tem, que não é justa, que é incorreta, que é desumana e que é perversa. Mas creio que este tratamento virá e

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virá pelas mãos de todos nós, de nós os políticos, detentores de mandato, porque a responsabilidade é de cada um nós.

Muito obrigado, mais uma vez, pelo carinho e a receptividade. (Palmas.) O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Ouvimos o

Vice-Presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo, Senador Eduardo Amorim.

Nós estamos nos aproximando da finalização deste encontro. Vamos ouvir, daqui a pouquinho, o Presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e turismo do Senado. Mas eu me antecipo e, de antemão, em nome do Senador Vital do Rêgo Filho, Vitalzinho, e do Prefeito Veneziano Vital do Rêgo, coordenador deste encontro, Senador Vitalzinho, nós queremos agradecer a presença de cada um dos senhores e senhoras neste momento.

Senhoras e senhores, com a palavra agora o Presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Federal, Senador Benedito de Lira.

O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT – PI) – Permitam-me antes, quebrando um pouco aqui a ordem, mas, primeiro, não poderia sair daqui sem agradecer a todas as pessoas que partilharam deste momento. Das perguntas que chegaram aqui à Mesa... Se na discussão da área dos Municípios do semiárido, discutindo-se se há inclusão de novos Municípios, se também vão ser tratados os endividamentos, os créditos; enfim, sobre as potencialidades do semiárido.

Nós vamos discutir Minas Gerais... Vai ser o último bloco em que será assegurado esse tema, estes e mais outras vertentes... Agradecer e colocar aqui a importância do trabalho, da Bancada da Paraíba, no Senado e na Câmara, porque somos integrados, destacando-se o trabalho de meu querido Wilson Santiago, Cícero Lucena, que não está conosco. De forma apaixonada aqui, nosso Vital do Rêgo, Vitalzinho... Aprendi aqui. Ouviu, Vitalzinho? Aqui é Vitalzinho...

Agradecer a presença das lideranças de todos os partidos da Câmara, da Assembleia, dos Governos dos Estados, dos Municípios, do setor empresarial, das lideranças dos trabalhadores. Nós vamos ter, para não criar uma expectativa falsa, de tudo o que discutimos aqui, vamos ter coisas que certamente têm chance de ter uma resposta mais rápida. É o caso do pré-sal, essa importante apresentação aqui do Deputado Marcelo Castro. Todo o esforço nosso é conduzir na direção de antes do recesso termos votação na Câmara e no Senado.

Emenda 29 – acho que este ano nós temos chance de decidir sobre esse tema. Há outros temas, como o Senador Pimentel lembrava aqui. Muitas dessas propostas que o nosso Secretário apresentou aqui pelo Governo do Estado nós já vamos trabalhar para incluir no Plano Plurianual, que estamos neste momento votando no Congresso Nacional, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e nas discussões do PAC 2, como a parte de ferrovias, a parte de recursos hídricos,

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a parte relacionada ao Porto de Cabedelo – para dar alguns exemplos –, ao Porto Seco de Campina Grande, enfim.

Agora, há outras, é preciso compreender, que dependem da nossa força, da nossa capacidade principalmente de união. Mas eu sou muito otimista. Eu acho que o que já vimos em Alagoas, o que estamos vendo na Paraíba, o que percebemos nesse despertar na Comissão da Câmara e do Senado é que os próprios nordestinos estão no Poder Executivo, estão na direção das estatais, das empresas. Enfim, eu acho que é grande a chance de organizadamente avançarmos em muito dessa pauta que estamos trabalhando hoje.

Por isso, já para finalizar, passando a palavra ao nosso Presidente Benedito Lira, eu queria agradecer de coração todo o carinho com que fomos recebidos aqui e toda a forma séria com que foram feitos os trabalhos.

Muito obrigado. A Paraíba sabe que vai contar conosco lá no Congresso Nacional.

(Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Benedito de Lira. Bloco/PP – AL) – Sr.

Presidente da Subcomissão de Desenvolvimento do Nordeste, Wellington Dias, Sr. Prefeito do Município de Campina Grande, meus queridos companheiros Senadores, Deputada Nilda Gondim, demais autoridades que compõem a Mesa e que aqui se encontram, em primeiro lugar, eu queria pedir desculpas aos paraibanos e aos companheiros que compõem esta Comissão. Aliás, pelo carinho que tenho todo especial por esta terra, deixei no meu Estado de participar da solenidade de posse do Secretário de Educação, indicado pelo meu Partido para compor a equipe de governo do Governador Teotônio Vilela. Mas eu havia assumido o compromisso com o Senador Vital do Rêgo, com o Senador Wilson Santiago, com o Senador Lucena, de que estaria aqui na cidade de Campina Grande acompanhando os outros companheiros que compõem a Comissão.

Eu não vou tratar mais dos assuntos que já foram tratados aqui. Eu apenas, como Presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo, entendo que esta Comissão não poderia ficar entre as quatro paredes do plenário da Comissão ou restrita ao Congresso Nacional. Nós teríamos que andar, para conhecer a realidade do Nordeste, para conhecer possibilidades. E, ao mesmo tempo, quando nós andamos, ninguém imagina que estamos fazendo turismo, porque ninguém faz turismo por 24 horas de permanência numa cidade ou num Estado. Nós vamos andar porque precisamos depois correr os Estados do Norte e do Nordeste, porque há outra subcomissão criada para verificar as coisas dos Estados do Norte, formular um documento, para que as coisas acontecer. O Senador Pimentel discorreu aqui sobre as ações que foram desenvolvidas pelo Governo do Presidente Lula em atendimento ao Nordeste, com especialidade, fixando mais dentro do Estado de Pernambuco.

O País, desde o seu nascimento, procurou sempre... E quando o Pimentel diz que, na história brasileira, Dom Pedro II disse que daria a última

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pedra da sua coroa para ninguém ter sede, aconteceu o inverso. As pedras da coroa de Dom Pedro II foram para Portugal, e os brasileiros do Nordeste continuam com sede há 500 anos. Mas é uma coisa assim... Será que isso é impossível? Quando temos grandes mananciais hidráulicos, rios de água doce, maior potencial de água doce no mundo, nós ainda estamos assistindo ao sertanejo do Brasil ou do semi-árido bebendo água de barril.

Ao longo da história, agora surge essa oportunidade do Água para Todos, assim como foi feito o programa Luz para Todos. Qual é a nossa preocupação na Comissão? E é exatamente por isso que, fazendo as contas ali, os Senadores do Norte, do Nordeste, sem contarmos com o Centro-Oeste, é maioria para se votar tudo no Senado Federal. Juntando-se aos Deputados Federais, a gente vota. Basta apenas ter determinação. E é isso que vamos cobrar.

Tivemos uma conversa – eu e o Wellington – com o Presidente do Senado Federal, Pimentel. E fizemos o Senador Sarney ver que precisamos recolocar o Norte-Nordeste na pauta nacional. Saiu? Só se pensou no Sul e Sudeste. Nada contra. Lá eles estão no pico e nós, abaixo do poço. Nós vamos continuar assim? Ah, mas vocês estão chegando agora e querem mudar as coisas. Não, mas, se não dermos o primeiro passo... E a criança quando começa a andar, dá o primeiro passo. Com um pouco de treino, dá o segundo, dá o terceiro, está correndo. O que vale no Congresso Nacional? É a presença dos Senadores e Deputados? Não. Vale voto. O Governo vive em função das coisas que são encaminhadas para o Congresso para serem votadas. E a Paraíba é um Estado privilegiado nesta legislatura. Vou dizer por quê: tem o 2º Vice-Presidente da Mesa do Senado Federal, o Senador Wilson Santiago; tem o 1º Secretário do Senado Federal, o Senador Lucena; e tem o Presidente da Comissão de Orçamento, o Senador Vital do Rêgo. Ah, eles vão resolver o problema? Não. Estou apenas mostrando destaque que tem a Paraíba hoje no Congresso Nacional.

Então, meus amigos, o objetivo principal desta Comissão é exatamente fazer com que as coisas possam acontecer. E vamos colocar novamente a nossa Região na pauta nacional.

As grandes indústrias, os grandes empreendimentos, as coisas que virão de fora para cá, para aqui dentro, que podem acontecer aqui dentro, por que não trazer para o Norte, para o Nordeste? Determinadas regiões dos Estados Unidos não serviam para nada e se desenvolveram porque os governos americanos... Chegou-se à polêmica, certa vez, no Congresso Nacional: regularização do jogo do bicho, do jogo de azar. Ah, não pode, porque isso é um absurdo. Nós vamos deixar as pessoas mais miseráveis do que estão, porque vão jogar o dinheiro lá... Joga quem quer. Joga quem quer.

(Palmas.) É a mesma coisa: perde quem quer. Quem não quer dizer não peça.

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Eu disse uma vez ao Presidente Lula, numa conversa que tive com

ele: Presidente, vamos trabalhar para regularizar os cassinos no Brasil. Não há cassino no Brasil, mas há na fronteira. E vamos colocar os cassinos no semiárido brasileiro, vamos levar para o Nordeste, porque aí se geram oportunidades.

Só sai do exterior para vir aqui jogar é quem tem o dinheiro. Está acostumado a jogar. Então, essas coisas não podem acontecer no Brasil porque é pecado. Agora, a Caixa Econômica tem todos os jogos. Qual é o crime que a Caixa Econômica está praticando em ter jogos? Toda semana, são quatro, cinco, oito jogos que há na Caixa Econômica. Oito jogos! Há alguns milionários já, por aí afora.

Mas 90% dos jogadores da Caixa não têm nada; só fazem jogar. Mas o cara vai jogar com a esperança de ganhar. Eu nunca joguei. Particularmente, nunca joguei nesse negócio da Caixa Econômica.

Toda semana, vejo: fulano de tal ganhou tantos milhões. Graças a Deus que ele ganhou. Mas não vou jogar, porque não gosto de jogo. Mas é preciso fazer esse tipo de ação, para que as coisas possam acontecer.

Eu, amanhã... Vocês tomarão conhecimento através dos representantes deste Estado... É o Estado de José Abreu. O meu Estado pequeno, como o do meu querido Eduardo Amorim. São os dois menores do Brasil: o Estado de Alagoas e o Estado de Sergipe.

Quando eu era mais jovem, o Estado de Sergipe vivia na traseira do Estado de Alagoas. Hoje estamos na traseira de todos. O Estado de Alagoas hoje, infelizmente, é o mais pobre Estado da Federação. É por que Alagoas não presta? Não. É porque muita gente que governou Alagoas não prestou. Muita gente que governou Alagoas a usou para fazer um trampolim; não houve continuidade administrativa. Em Sergipe, houve. Sergipe está muito bem, graças a Deus; está precisando de muito, mas está melhor do que o meu Estado.

Então, queria dizer para vocês exatamente isto: nós vamos arregimentar, nesses próximos dias... Conversava, agora, há pouco, com o Senador Wilson e com o Senador Wellington Dias. Antes do recesso parlamentar, que acontecerá, parece-me, no dia 15 de julho, neste primeiro momento, nós iremos fazer uma reunião lá no Senado Federal, convidando os Senadores das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Vão acima de 70 Senadores. São 81, então vamos estar com a bola na mão. Vai depender apenas de determinação, de vontade política. E o Governo haverá de compreender; somos da base do Governo.

Agora, meu mandato devo ao povo de Alagoas. Vou ter de dar resposta ao povo do meu Estado. Os da Paraíba têm de dar resposta à Paraíba; os do Ceará ao Ceará. E temos de ter o cuidado... Já que temos hoje uma distância muito grande entre as desigualdades regionais, precisamos ter cuidado para não acontecer a mesma coisa, a desigualdade entre os Estados do Nordeste e os do Norte. Eu já tenho aqui alguma coisa e vou deixar, porque a outra coisinha

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vai para aquele. Não haverá queda de braço entre nós. Teremos de estabelecer políticas públicas, políticas de desenvolvimento que sejam comuns a todos os Estados dessas regiões pobres, senão vamos continuar na pobreza e na miséria.

E, para quem... Há coisa mais assustadora do que a que nós temos? Quase 17 milhões de brasileiros, agora sustentados pelo Programa Brasil sem Miséria, da Presidenta Dilma! Quase 17 milhões de brasileiros concentrados aqui no Nordeste, nessas regiões pobres do Nordeste, vivem muito abaixo da linha de pobreza. Como é que a gente pode conviver com isso num país rico que, amanhã, poderá ser a quinta ou a sexta economia do mundo? Como pode praticamente 1/3 de sua população viver em estado de miséria?

Cabe a nós amanhã, independentemente de sermos governo ou oposição... Nós somos, cada um de nós, pelos nossos estados. E é exatamente por isso que eu propus aos companheiros... Nós estamos nessa peregrinação, vamos continuar fazendo... O próximo, parece-me é a Bahia ou o Piauí. Depois de percorrermos os nove estados do Nordeste e os estados do Norte, já teremos condições de apresentar um documento substancioso às autoridades do governo da Presidente Dilma para que a gente possa rediscutir o Nordeste e fazer com que retorne para o mapa nacional. É importante isso, é fundamental.

Amanhã, os senhores que aqui estão, a Paraíba como um todo... Aqueles homens que vieram para cá, a gente pensava que tinham vindo para se divertir com o nosso forró ou então para fazer um turismo de 48 ou 72 horas. Não. Wilson saiu daqui no dia da reunião do meu estado, parece que pegou uma bicicleta e chegou atrasado lá. Eu peguei a mesma bicicleta hoje e cheguei atrasado aqui – por conta dos compromissos que ele tinha aqui e dos compromissos que eu tinha lá. Mas nós vamos.

O compromisso que a comissão assumir é o compromisso de todos. Eu não tenho dúvida de que brevemente os senhores haverão de saber que a comissão está funcionando, as coisas no Congresso Nacional estão acontecendo. E eu tenho sentido, quando eu falo com os senadores de outros estados sobre essa reunião conjunta... E vamos analisar se, neste primeiro momento, também chamamos os governadores para que não haja queda de braço ou troca de tapas entre eles na hora em que for para distribuir as coisas para os estados, para que a gente possa falar a mesma linguagem. Falando a mesma linguagem, as coisas acontecem.

Eu acredito muito no governo dessa senhora que está lá, Dilma Rousseff, porque é a sequência, é a continuidade administrativa do Presidente Lula. Foi preciso realmente – vou repetir apenas o que Pimentel afirmou – que o povo brasileiro elegesse um nordestino para sair daquela mesmice paulistana, e a gente precisa agora começar a verificar o futuro para que... Só São Paulo apresenta candidato a Presidente da República. Ainda bem que, nas eleições passadas, o Lula velho ganhou a eleição dos paulistas, e é isso que vamos continuar fazendo para poder, então, ter a possibilidade de crescer.

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Não tenho nada contra São Paulo. Pelo contrário: São Paulo, às

vezes, é que tem alguma coisa contra nós. Eu me lembro muito bem, na época da eleição, que uma estudante de Direito de São Paulo – acho que todos tomaram conhecimento disso –, numa declaração infeliz através da Internet, disse que os nordestinos do estado de São Paulo tinham de ser exterminados. Por quê? Por conta da eleição da Presidenta Dilma. O nordestino que construiu São Paulo muitas vezes não é muito bem-visto nessa cidade. Precisamos criar condições para que ele volte para a sua terra.

Queria dizer isso apenas para encerrar este encontro. Quero parabenizar os Senadores Wellington Dias, Pimentel, Wilson, Vitalzinho, Lucena e o meu querido vice-presidente Eduardo Amorim, bem como a Deputada ???, que aqui está. E ela vai levar o recado, essa mensagem... Não que a senhora seja portadora de recado, mas leve essa mensagem lá para os seus colegas do Nordeste na Câmara, aqui da Paraíba. Os de Alagoas vão levar para sua bancada também, assim como os do Rio Grande do Norte, do Ceará, do Piauí, para que a gente possa se juntar: “Ah, eu faço parte da base do Governo! Tudo bem, agora votar contra o meu Estado? Não voto. Votar contra a minha região? Zero.” Essa tem de ser a palavra do Parlamentar, porque somos nós... Quem leva os Senadores da Paraíba é o povo da Paraíba; é o povo de São Paulo, é o povo do Rio Grande do Sul, é o povo de (inaudível), na Paraíba.

Então, como eles brigam pelos negócios deles, a gente tem de brigar pelos nossos. Está ali, no caso, Lucena apresentou a emenda, aquela coisa fantástica no que diz respeito à distribuição de royalties do pré-sal, quando o Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo dizem que é só deles. E a Constituição diz que o que está debaixo do solo não é de ninguém, mas é de todos. E ali tem o compromisso do Presidente do Senado Federal: ou chega o projeto – viu, Pimentel? – no Congresso para que a gente possa fazer uma redistribuição dos royalties do pré-sal ou, então, nós vamos ter de derrubar o veto. Derrubar o veto porque aí, sim. O Rio de Janeiro não perde nada, nem São Paulo nem o Espírito Santo, e os outros Estados do Brasil têm de ter um pedaço do quinhão que possa atender o mínimo das suas necessidades. Com o pré-sal, as coisas mudam.

Aqui, eu não sei quanto é que recebe a Paraíba hoje. Mas vamos dar um exemplo: a Paraíba recebe R$200 milhões, R$300 milhões de royalties por ano. Com a emenda do Deputado Marcelo Castro, ela vai receber aqui R$1 bilhão, R$1,4 bilhão, R$1,5 bilhão. Já há uma certa diferença.

O meu Estado, que é o menor do Brasil, Sergipe, recebe hoje R$250 milhões, por exemplo. Com a emenda aprovada, nós vamos receber mais de R$1 bilhão. Ora, qual é o problema que vou ter para não votar isso? E votamos. Infelizmente, o compromisso do Governo era vetar e vetou, mas cabe ao Congresso Nacional apreciar o veto.

Então, eu queria, mais uma vez, cumprimentar os paraibanos, agradecer pelo prestígio que vocês deram a esta Comissão, a esta reunião.

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Fiquem tranquilos que isso terá resultado, nós vamos dar resultado. Porque, se assim não fosse, nós não estaríamos andando, em um final de semana, para outros Estados da Federação, quando a gente tem a nossa agenda em cada um dos nossos Estados.

Muito obrigado. Cumprimento o meu querido amigo Wellington. Um grande abraço e

até a próxima oportunidade, se Deus quiser! (Palmas.) O SR. ELIOMAR GOUVEIA (Mestre de Cerimônias) – Com o

Presidente da Comissão, Senador Benedito de Lira, nós encerramos este encontro. Logo mais, haverá visitas às obras do PAC em nossa cidade.

Em nome do Prefeito Veneziano Vital do Rêgo e do Senador Vitalzinho, agradecemos a presença de todos e agradecemos a Deus por mais este momento.

Bom tarde a todos e obrigado por participarem deste encontro!

(Levanta-se a reunião às 12 horas e 23 minutos.)