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CARTA ECONÔMICA Nº 01/2016 Senhores Conselheiros, Gestores e Membros do Comitê de Investimentos, Em janeiro de 2016 são divulgados dados completos de índices econômicos verificados em 2015. Dentre todos fazemos os seguintes destaques: INFLAÇÃO: Este indicador é de grande importância para todos os agentes econômicos. Em 2015 ele alcançou o valor de 10,67%. Este valor é muito elevado e, no caso do Brasil, podemos dizer que ele foi fruto de um período maior que um ano para se constituir e representa um fracasso da execução recente da política econômica e monetária. Desequilíbrio fiscal, créditos subsidiados, controle inadequado de preços administrados representando uma significativa “aceitação” dos índices de inflação foram extremamente danosos ao ambiente econômico. Seus efeitos negativos se estenderão ao longo de 2016 pois desorganizam o sistema de preços fazendo com que os produtores “inflacionem seus preços preventivamente” e os orçamentos domésticos sofram perdas sucessivas de seu poder de compra. Como consequência temos a queda da produção, das vendas, da renda, da arrecadação de impostos e o aumento das taxas de desemprego. Abaixo temos um quadro com o perfil da inflação (IPCA) em 2015: Gráfico 1: Evolução dos Preços de acordo com a Inflação no ano de 2015.

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CARTA ECONÔMICA Nº 01/2016

Senhores Conselheiros, Gestores e Membros do Comitê de Investimentos,

Em janeiro de 2016 são divulgados dados completos de índices econômicos verificados em 2015. Dentre todos fazemos os seguintes destaques:

INFLAÇÃO:

Este indicador é de grande importância para todos os agentes econômicos. Em 2015 ele alcançou o valor de 10,67%. Este valor é muito elevado e, no caso do

Brasil, podemos dizer que ele foi fruto de um período maior que um ano para se constituir e representa um fracasso da execução recente da política econômica

e monetária. Desequilíbrio fiscal, créditos subsidiados, controle inadequado de preços administrados representando uma significativa “aceitação” dos índices

de inflação foram extremamente danosos ao ambiente econômico. Seus efeitos negativos se estenderão ao longo de 2016 pois desorganizam o sistema de

preços fazendo com que os produtores “inflacionem seus preços preventivamente” e os orçamentos domésticos sofram perdas sucessivas de seu poder de

compra. Como consequência temos a queda da produção, das vendas, da renda, da arrecadação de impostos e o aumento das taxas de desemprego. Abaixo

temos um quadro com o perfil da inflação (IPCA) em 2015:

Gráfico 1: Evolução dos Preços de acordo com a Inflação no ano de 2015.

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PRODUÇÃO INDUSTRIAL:

A produção brasileira de bens de capital que representa um dos principais indicadores do nível de investimentos em uma economia recuou 25,1% de janeiro a

novembro de 2015. Completou-se assim 21 meses seguidos de queda dos indicadores industriais nos levando igualmente a um cenário de queda de vendas,

queda de arrecadação e aumento dos índices de desemprego para 2016. Uma melhor visualização deste quadro pode ser observada no quadro abaixo:

Gráfico 2: Queda dos indicadores industriais no período de 2014 a 2015.

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CADERNETA DE POUPANÇA:

A caderneta de poupança apresentou em 2015 a maior perda de depósitos

em 20 anos. Tal fato pode ser facilmente explicado, no atual quadro

econômico brasileiro, principalmente pela necessidade das famílias em

complementarem seus orçamentos corroídos pela inflação, pelo reduzido

número de pessoas empregadas em cada grupo familiar e por alternativas

de investimentos mais rentáveis e ao alcance dos pequenos investidores na

rede bancária e junto a outros agentes.

Ressalte-se que os recursos da caderneta de poupança continuam sendo a

principal fonte de recursos para o financiamento imobiliário habitacional e

que este segmento tem significativo efeito multiplicador sobre muitos

outros segmentos da economia. Parte desta queda o Banco Central tentou

compensar com liberação de recursos dos depósitos compulsório da rede

bancária obrigando-a à direcioná-los para a recomposição dos valores de

anos anteriores. Entretanto, a queda do nível de emprego e o elevado nível

de juros que se verificará em 2016 não nos permitem crer em aumento das

decisões de tomada de crédito para aquisição de casa própria por parte da

população em 2016.

Repare no quadro abaixo os valores destes saques e seus percentuais:

Gráfico 3: Fluxo negativo da Poupança.

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PRODUÇÃO DE VEÍCULOS:

Por ter um grande efeito multiplicador sobre vários outros segmentos econômicos e ser grande empregador de mão de obra, destacamos também a queda da

produção de veículos automotores e a consequente aumento da ociosidade nesta indústria no Brasil que viveu em 2015, seu pior momento em 25 anos, com

metade das linhas de produção paradas. Tal situação deve se agravar em 2016, pois há um contingente potencial de 40.000 trabalhadores ligados ao setor

automobilístico que podem ser dispensados. O nível histórico de ociosidade pode ser observado na figura abaixo:

Gráfico 4: Queda nas operações das montadoras de veículos.

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EMPREGO

Para resumir este indicador, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED apurou que o Brasil perdeu 1,5 milhões de postos de emprego

formais em 2015. Foi o pior resultado desde 1992. O quadro abaixo expõe a gravidade deste dado diante da dificuldade de reabsorção deste contingente de

trabalhadores no médio prazo.

Gráfico 5: Diminuição das vagas de emprego no período de 1992 a 2015.

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JUROS – COPOM

Dividido e sob pressão política o Banco Central mudou sua posição indicativa de elevação da Taxa SELIC (taxa básica de juros) para manutenção de seu

patamar em 14,25% ao ano. Dos seus oito integrantes, dois votaram pela elevação dos juros na reunião realizada na segunda metade de Janeiro. Tal mudança

se deu com a justificativa e tendo por base um relatório do FMI divulgado nas vésperas da reunião, mas que não trazia informação adicional relevante ou outra

que não fosse de domínio dos agentes econômicos. O comunicado posterior a reunião não deu “pistas” da atuação da Autoridade Monetária em 2016. No

sistema de metas de inflação, que é o adotado pelo Brasil, os “sinais” do Banco Central são importante para um alinhamento de pensamento com o mercado e,

desta maneira, dando “guinadas” em sua postura há um aumento das incertezas sobre tão importante elemento das análises e projeções econômicas.

Definitivamente não é o que a economia precisa para apresentar melhor desempenho.

Gráfico 6: Evolução da taxa Selic no ano de 2015.

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DÓLAR + CHINA:

Um dos principais “vilões” da economia brasileira é também uma das poucas esperanças de recuperação nos próximos meses: o Dólar. Sua elevada cotação

traz um grande incentivo às exportações, beneficiando toda cadeia produtiva exportadora e, adicionalmente, freia as importações. Com a avaliação geral de

que o Dólar não terá quedas significativas em sua cotação permanecendo “ao redor dos R$ 4,00, os empresários depositam nas exportações suas maiores

esperanças de recuperação de vendas e mercados. A balança comercial surge como “âncora” para uma nova situação: mais exportações e maior recepção de

capitais estrangeiros, desde via turismo até investimentos industriais fixos.

O Brasil apresentou um superávit de R$ 19,7 bilhões na balança comercial de 2015, melhor resultado desde 2011 e redução de 68% no déficit das contas

externas em novembro de 2015 quando comparado com o mesmo mês do ano anterior. Abaixo apresentamos quadros do setor externo da economia brasileira.

Gráfico 7: Evolução do Dólar.

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Gráfico 8: Conseqüências do aumento do Dólar.

A China, mais uma vez, derrubou as Bolsas de Valores no mundo todo. Dados divulgados de sua economia, logo no início de Janeiro apontaram para

significativa desaceleração da produção industrial pelo 10º mês consecutivo o que levou a Bolsa de Xangai, a principal daquele país a recuar 7% obrigando a

interrupção temporária dos negócios. Tal choque se espalhou pelo mundo e confirmou previsões e análises do FMI quanto a sua possibilidade de influenciar

negativamente todas as economias.

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Após um ano de 2015 em que a China lançou mão de medidas para conter a queda do valor das ações das empresas e da desvalorização de sua moeda, o Yuan,

este início “assustador” da segunda maior economia do planeta faz com que seus dados sejam cada vez mais importantes para qualquer análise prospectiva de

recuperação da economia mundial.

Casos se confirmem as projeções mais pessimistas do crescimento da economia chinesa, abaixo de 6,5% em 2016, podem trazer implicações profundas e

muito negativas para países que dependem, ou tem nas exportações para a China, um pilar de grande importância para suas economias, como é o caso do

Brasil.

Em 2015, a desaceleração registrada pela economia chinesa levou a uma grande queda no preço das commodities, como o minério de ferro, e pelo mau

desempenho, tanto nos lucros como nas suas cotações em Bolsa, de mineradoras como a Vale e siderúrgicas como a Gerdau.

Abaixo, um quadro para ilustrar o “efeito China” nas bolsas de valores ao redor do mundo logo no primeiro dia útil de 2016:

Gráfico 9: Efeito na bolsa de valores.

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INDICADORES – INVESTIMENTOS:

Abaixo apresentamos tabelas com as rentabilidades de diferentes índices do mercado:

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Em resumo, o ano de 2016 apresenta os seguintes obstáculos a serem superados e que acompanharemos aqui, mensalmente: a) equilíbrio fiscal; b)

financiamento dos sistemas previdenciários; c) recuperação da atividade econômica; d) controle da inflação e e) recomposição da base política e eliminação,

ou não, do processo de impeachment da presidente.

Até lá!

Ronaldo Borges da Fonseca Paulina Costa Marques Medeiros Economista Economista CORECON nº 1639-1 19ª Região/RN CORECON nº 2002 14ª Região/MT