PODER JUDICIRIOJUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA 3 REGIO

TERMO Nr: 6338012595/2015 SENTENA TIPO: APROCESSO Nr: 0006292-86.2014.4.03.6338 AUTUADO EM 25/08/2014ASSUNTO: 040108 - PENSO POR MORTE (ART. 74/9) - BENEF. EM ESPCIE/ CONCESSO/ CONVERSO/ RESTABELECIMENTO/ COMPLEMENTAOCLASSE: 1 - PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CVELAUTOR: SADAKO OIADVOGADO(A)/DEFENSOR(A) PBLICO(A): SP237476 - CLEBER NOGUEIRA BARBOSARU: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - I.N.S.S. (PREVID)PROCURADOR(A)/REPRESENTANTE:DISTRIBUIO POR SORTEIO EM 26/08/2014 16:16:31DATA: 11/06/2015LOCAL: Juizado Especial Federal Cvel S.Bernardo do Campo, Juizado Especial Federal Cvel S.Bernardo do Campo, Avenida Senador Vergueiro, 3575, So Bernardo do Campo/SP.

SENTENA

Prescrevem as prestaes vencidas, no o fundo do direito quando este no

tiver sido negado, consoante posicionamento veiculado na Smula n. 85 do Col. Superior Tribunal

de Justia, cujo enunciado passo a transcrever:

Nas relaes jurdicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pblica figure

como devedora, quando no tiver sido negado o prprio direito reclamado, a

prescrio atinge apenas as prestaes vencidas antes do quinqunio anterior

propositura da ao.

Passo ao exame da pretenso.O benefcio de penso por morte est previsto no artigo 201, V, da

Constituio Federal, com a redao dada pela Emenda Constitucional n. 20/98, in verbis:

Art. 201. A previdncia social ser organizada sob a forma de regime geral, de

carter contributivo e de filiao obrigatria, observados critrios que

preservem o equilbrio financeiro e atuarial, e atender, nos termos da lei, a:

(...)

V - penso por morte do segurado, homem ou mulher, ao cnjuge ou

companheiro e dependentes, observado o disposto no 2.

Dessa forma, cabe lei estabelecer os requisitos necessrios para a concesso

da prestao previdenciria.

De acordo com o art. 74 e seguintes da Lei n. 8.213/91, essa proteo social

devida aos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou no e independe de carncia.

Corresponde a 100% (cem por cento) do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou a que

teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento.

So requisitos para a concesso da penso por morte o bito, a qualidade de

segurado do falecido e a qualidade de dependente da parte autora.

O bito ocorreu em 27.02.2014 (fls. 28).

No que tange qualidade de segurado do instituidor da penso, inexiste

controvrsia, porquanto o falecido segurado, Sr. Kazuo Oi, recebia aposentadoria por idade (NB

055.657.692-6) desde 11.11.1992 at a data do bito, em 27.02.2014.

Controvertiam as partes quanto qualidade de dependente da autora, uma

vez que o INSS alega que o documento apresentado como certido de casamento no se trata de

documento dessa espcie, no havendo prova de seu carter pblico.

No que concerne condio de dependente, o art. 16 da Lei n. 8.213/91

enumera as pessoas assim consideradas, cuja caracterizao pressupe relao de dependncia

econmica com o segurado, haja vista que o benefcio corresponde renda que ele proporcionaria

caso no fosse atingido pela contingncia social. Em outras palavras, essa qualificao decorre de

um vnculo jurdico e de um vnculo econmico.

Em relao ao vnculo jurdico, dentre as pessoas anunciadas no rol legal,

figuram os cnjuges, conforme o artigo 16, inciso I e 4, do mesmo diploma legal, in verbis:

2015/633800045891-26313-JEF

Assinado digitalmente por: KATIA CILENE BALUGAR FIRMINO:10252Documento N: 2015/633800045891-26313Consulte autenticidade em: http://web.trf3.jus.br/autenticacaojef

"Art. 16. So beneficirios do Regime Geral de Previdncia Social, na condio

de dependentes do segurado:

I - o cnjuge, a companheira, o companheiro e o filho no emancipado, de

qualquer condio, menor de 21 (vinte e um) anos ou invlido;

II - os pais;

III - o irmo no emancipado, de qualquer condio, menor de 21 (vinte e um)

anos ou invlido;

(...)

1 A existncia de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do

direito s prestaes os das classes seguintes.

3 Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser

casada, mantm unio estvel com o segurado ou com a segurada, de acordo

com o 3 do art. 226 da Constituio Federal.

4 A dependncia econmica das pessoas indicadas no inciso I presumida

e a das demais deve ser comprovada." (g.n.)

Tenho que a certido de casamento estrangeira apresentada pela parte autora

(fls. 18/21 da petio inicial item 01), foi devidamente traduzida por tradutor juramentado (fls.

23/25 da petio inicial item 01).

A parte autora foi diligente no sentido de atender exigncia da autarquia,

pois foi autenticada pela autoridade consular da certido de casamento originria do Japo,

documento que entendo suficiente para comprovao do vnculo matrimonial.

Ainda, caso entenda o INSS a necessidade de comprovao da unio estvel,

tambm nesse ponto fez prova a parte autora.

A parte autora comprova que ela e o falecido residiam no mesmo endereo (fls.

16, 17 e 28). Juntos tiveram trs filhos, e o declarante do bito foi o genro da autora, o que revela a

intimidade entre os familiares, do que se denota a convivncia em comum, entre autora e falecido.

Enfim, de qualquer modo que se analise a questo, o indeferimento do

benefcio padece de ilegalidade.

Ademais, a enumerao dos documentos necessrios para a comprovao da

dependncia econmica veiculada pelo art. 22, 3, do Decreto n. 3.048/99, meramente

exemplificativa, no constituindo bice para que a comprovao do preenchimento dos requisitos

legais seja feita por outros meios.

Diante da prova documental de residncia em comum, conforme endereo

declinado na certido de bito, e correspondncia da Prefeitura de So Bernardo do Campo e do

INSS autora, inconteste a convivncia por ocasio do bito.

Tendo em vista que a parte autora atendeu com presteza s exigncias

formuladas pelo INSS, efetuando o reconhecimento consular da certido de casamento,

comprovando, assim, sua condio de dependente do falecido, tem direito concesso da penso

por morte desde a data do bito, isto porque foi requerido em at 30 (trinta) dias do bito do

falecido segurado.

2015/633800045891-26313-JEF

Assinado digitalmente por: KATIA CILENE BALUGAR FIRMINO:10252Documento N: 2015/633800045891-26313Consulte autenticidade em: http://web.trf3.jus.br/autenticacaojef

O benefcio possui renda mensal correspondente ao valor dos proventos que o

segurado falecido recebia (art. 75 da LB).

Para o benefcio em destaque, devido o abono anual (art. 40).

Diante do exposto, com fundamento no art. 269, I, do Cdigo de Processo

Civil, JULGO PROCEDENTE o pedido para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a:1. implantar e pagar o benefcio de penso por morte, nos termos dos artigos

74 e seguintes da Lei 8.213/91, decorrente do falecimento de Kazuo Oi;

2. pagar as parcelas vencidas desde a data do bito do segurado (27.02.2014),

decorrente do falecimento de Kazuo Oi, com renda mensal inicial a ser clcula pelo INSS .

O valor da condenao ser apurado pela Contadoria Judicial, aps o trnsito

em julgado, com atualizao monetria e juros nos termos da Resoluo 267/13, do CJF,

respeitada a prescrio quinquenal e com desconto de eventuais quantias recebidas no perodo em

razo de antecipao dos efeitos da tutela ou, ainda, da concesso do benefcio

administrativamente.

Com o trnsito em julgado, remetam-se os autos contadoria judicial para

elaborao dos clculos e aps expea-se o ofcio requisitrio RPV/PRC (Requisitrio de Pequeno

Valor/ofcio precatrio).

Mantenho a antecipao dos efeitos da tutela para determinar a manuteno

da penso por morte na forma ora decidida.

Sem condenao de honorrios advocatcios nesta instncia judicial.

P.R.I.C.#>

******************************************************************SMULAPROCESSO: 0006292-86.2014.4.03.6338 AUTOR: SADAKO OI ASSUNTO : 040108 - PENSO POR MORTE (ART. 74/9) - BENEF. EM ESPCIE/ CONCESSO/ CONVERSO/ RESTABELECIMENTO/ COMPLEMENTAONB: 3005581235 (DIB ) CPF: 34021926836NOME DA ME: SOME HOSOKAMAN do PIS/PASEP:ENDEREO: R CRISTIANO ANGELI, 523 - - ASSUNCAOSAO BERNARDO DO CAMPO/SP - CEP 9810550DATA DO AJUIZAMENTO: 25/08/2014DATA DA CITAO: 22/09/2014ESPCIE DO NB: CONCESSO DE PENSO POR MORTERMI: A APURAR PELO INSSRMA: A APURAR PELO INSSDIB: 27.02.2014ATRASADOS: A APURAR PELA CONTADORIA JUDICIAL******************************************************************

KATIA CILENE BALUGAR FIRMINOJuiz(a) Federal

2015/633800045891-26313-JEF

Assinado digitalmente por: KATIA CILENE BALUGAR FIRMINO:10252Documento N: 2015/633800045891-26313Consulte autenticidade em: http://web.trf3.jus.br/autenticacaojef