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AÇÃO CRIMINAL N° 2000.83.00.015038-1
AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
RÉUS: JACÓ GOMES DA SILVA e outros
SENTENÇA N.º 0004.000024-0/2008
VISTOS ETC.
- I -
RELATÓRIO:
O Ministério Público Federal denunciou JACÓ GOMES DA SILVA,
brasileiro, casado, ex-prefeito do município de Cabo de Santo Agostinho/PE,
filho de Amaro Gomes da Silva e Maria da Paz Silva, nascido em 11/12/50,
portador de R.G. n.° 824.069 SSP/PE e CPF n.° 080.388.214-91, residente na
Av. Diomedes Ferreira, n° 105, Ponte dos Carvalhos, Cabo de Santo
Agostinho/PE; OSCAR AMORIM NETO, brasileiro, casado, ex-secretário de
obras do município de Cabo de Santo Agostinho, filho de Fernando José
Loureiro Amorim e Maria Helena Cavalcanti Loureiro Amorim, nascido em
31/07/42, portador de R.G. n° 466.274 SSP-PE e CPF n° 000.717.144-72,
residente na Rua Tiradentes, n.° 45, Barra de Jangada, Jaboatão dos
Guararapes-PE; ABNOAM GOMES DA SILVA, brasileira, casada, ex-
secretária e ordenadora de despesas da Secretaria de Educação da prefeitura
municipal de Cabo de Santo Agostinho, filha de Amaro Gomes da Silva e
Maria da Paz Silva, nascida em 28/08/52, portadora de R.G. n° 917.827 SSP-
PE, residente na Rua São Pedro, n.° 130, Pontezinha, Cabo de Santo
Agostinho/PE; ADILSON NASCIMENTO DE SOUZA, brasileiro, solteiro,
contador, filho de Israel Fernandes de Souza e Josinete Nascimento de Souza,
nascido em 25/08/58, portador de R.G n.° 1.529.356 SSP-PE e CPF
n°168.023.356-72, residente na Rua 12 de Outubro, n.° 140, apt.º 203, bloco
"A", Aflitos, Recife-PE e MARIA GORETTY DA FONSECA SOARES,
brasileira, solteira, bióloga, filha de Manoel Pedro Soares e Maria da Fonseca
Soares, nascida em 08/08/65, portadora de R.G. n.° 2.882.314 SSP-PE e CPF
n° 432.569.704-78, residente na Rua Antônio Carlos Zaza, n° 174, apt.º 01,
Candeias, Jaboatão dos Guararapes, pela prática de atos tipificados no art. 1.º,
I, IV e VI do Decreto-Lei n.° 201/67 (em relação ao primeiro acusado) e art.
1.º, I, do Decreto-Lei n.° 201/67 (em face dos demais), c/c os arts. 29 e 71,
ambos do Código Penal.
Narra a denúncia, recebida em 04/10/2000 (fl. 28), com 04 (quatro)
testemunhas arroladas, baseada nas peças que lastrearam a presente ação, que,
o acusado Jacó Gomes da Silva, ex-Prefeito do Município do Cabo de Santo
Agostinho, firmou dois convênios com a União, por intermédio do
MEC/FNDE.
O primeiro convênio (n.º 2528/96), ao valor de R$ 261.000,00
(duzentos e sessenta e um mil Reais, destinava-se a contribuir com recursos
financeiros necessários à manutenção e o desenvolvimento do ensino
fundamental em escolas públicas, municipais e municipalizadas.
A Delegacia do MEC em Pernambuco realizou auditoria com o fito de
fiscalizar a aplicação do montante, tendo elaborado um relatório dando conta
da má utilização e do desvio de dinheiro público, já que há prova apenas da
utilização de R$ 186.774,21 (cento e oitenta e seis mil, setecentos e setenta e
quatro Reais e vinte e um centavos), com a agravante de não terem sido
prestados todos os serviços ajustados.
O segundo - Convênio n.º 5545/96 - foi ajustado com a finalidade de
expansão da rede física escolar para propiciar melhor qualidade do ambiente,
bem como condições escolares eficientes no âmbito do ensino fundamental.
A irregular prestação dos serviços pactuados pela empresa Resort
Empreendimentos Ltda., da qual eram sócios os acusados Adilson Nascimento
e Maria Goretty, contou com a conivência do ex-Prefeito e de seus assessores,
ora co-réus.
Citados, os acusados foram interrogados em fls. 73/76 e 87. Defesas
prévias apresentadas às fls. 79/81, com oito testemunhas, para cada qual,
arroladas por Jacó Gomes e Abnoam Gomes e quatro indicadas por Maria
Goretty e Adilson Nascimento.
As testemunhas arroladas pelo MPF foram ouvidas em fls. 162/165,
enquanto as pelas defesas em fls. 220/224. Foi determinado pelo MM. Juiz, à
fl. 243, a remessa dos autos ao Parquet para os fins do art. 499 do CPP. Nessa
fase processual, o Órgão Ministerial requereu (fl. 247), a título de diligências,
juntada dos antecedentes criminais dos denunciados, expedição de ofício a
instituições financeiras, bem como quebra do sigilo fiscal do empreendimento
sobredito, no que foi atendido (fl. 249). Intimadas para os fins do art. 499 do
CPP (fl. 412), as defesas dos acusados nada requereram (fls. 413/415 e 420).
Intimada para os fins do art. 500 do CPP, a acusação, em suas alegações
finais, pugnou pela declaração da extinção da punibilidade dos acusados
Maria Goretty e Adilson Nascimento e pela condenação dos demais, desta
feita alterando a tipificação contida na inicial para o art. 1.º, IV e VI, do
Decreto-lei n.º 201/67, c/c os arts. 29 e 71, ambos do CP (fls. 423/429). As
defesas dos réus foram intimadas para o mesmo fim em fl. 430, apresentaram
suas alegações finais em fls. 431/434, 441/455, pleiteando, em síntese, pela
absolvição dos acusados.
No curso do processo, adveio a Lei n.º 10.628/02, que modificou a
competência para processar e julgar delitos funcionais atribuídos a ex-
autoridades detentoras de prerrogativas de foro, razão pela qual foi
determinada a remessa dos autos (fl. 457) ao Egrégio , oportunidade em que
foi proferido julgamento de mérito concluindo pela condenação dos acusados
(fl. 495).
Inconformados, os condenados impetraram habeas corpus junto ao
STJ, que concedeu a ordem pleiteada, anulando, portanto, o julgamento
proferido pela Corte Regional (fl. 639).
Ocorre que, antes mesmo de se realizar novo julgamento pelo
Tribunal Regional Federal da 5.ª Região, a Lei n.º 10.628/02 foi declarada
inconstitucional pelo Pretório Excelso, motivo pelo qual os autos retomaram à
primeira instância, (fl. 714).
Vieram-me os autos conclusos para sentença. É o relatório. Passo a
decidir.
- II -
DO MÉRITO:
A materialidade delitiva vem positivada pelas cópias dos convênios de
n.ºs 2528/96 e 5545/96 (fls. 24/37, do procedimento administrativo de n.º
1.26.000.003719/2001-20, volume I), contratos de prestação de serviços
técnicos n.º 021-8/96 e 0210/96 (fls. 38/41 e 64/67, respectivamente, do
procedimento administrativo de n.º 1.26.000.003719/2001-20, volume I),
inquérito administrativo de fls. 152/175, do procedimento administrativo de
n.º 1.26.000.003719/2001-20, volume I, Parecer n.º 06/97-SAJ (fls. 194/196
do procedimento administrativo de n.º 1.26.000.003719/2001-20, volume I),
Relatório da CPI da Educação (fls. 261/291 do procedimento administrativo
de n.º 1.26.000.003719/2001-20, volume II), o procedimento administrativo
n.º 063/97-GAB-PRE (fls. 09/30 do apenso I, do procedimento administrativo
de n.º 1.26.000-001199/2000-30), o procedimento administrativo de n.º
1.26.000002128/2003-05 (volumes I a IV), bem como por documentos e
depoimentos outros produzidos tanto na fase administrativa quanto em juízo,
sob o crivo do contraditório.
Há também várias provas documentais dos fatos narrados na peça
pórtico, a exemplo de recibos que comprovam a aplicação de milhares de
Reais sem assinatura do suposto recebedor (fls. 94; 154 e 175 do apenso I do
procedimento administrativo de n.º 1.26.000-001199/2000-30), bem como
diversas provas testemunhais - comerciante que foi orientado a duplicar o
valor da nota fiscal (fls. 204 do apenso 01 do procedimento administrativo de
n.º 1.26.000-001199/2000-30), comerciante que testemunha que não recebera
a importância que a prefeitura documenta como paga (fl. 200 do apenso 01 do
procedimento administrativo de n.º 1.26.000-001199/2000-30) - de sorte que a
materialidade do ilícito está sobejamente demonstrada, seja por provas
documentais, seja por testemunhais.
Em relação à autoria, por ocasião de seu interrogatório (fl. 73), Jacó
Gomes da Silva alegou que todo o montante referente ao convênio foi
aplicado nas escolas que compunhas seu objeto, embora possa ter acontecido
que a verba destinada a uma tenha sido consagrada a outra, por "necessidade
do serviço". Argüiu que a acusação contra si é fruto de inimizade política com
o prefeito que o sucedeu (Elias Gomes). No atinente ao incêndio narrado na
inicial, disse que ocorreu em fazenda de outro inimigo político seu, mas que
não estava no local do sinistro, não chegando a ver os papeis com timbre da
prefeitura encontrados no local, tendo se referido a eles apenas por suposição.
Oscar Amorim Neto, quando de seu interrogatório (fl. 74), esclareceu
que, à época dos fatos, era secretário de obras do ex-prefeito do Cabo de Santo
Agostinho/PE, Jacó Gomes, e que toda a verba advinda dos contratos foi
aplicada nas escolas por eles indicadas, com a ressalva de que parte dela,
destinada a uma unidade educacional, foi utilizada em outra por "problemas
diversos". Explicou que a Secretaria de Obras, além de fiscalizar, atestava a
execução do serviço, encaminhando relatório à Secretaria de Educação,
encarregada dos pagamentos.
Em seu interrogatório (fl. 75), Abnoam Gomes da Silva, ex-secretaria
de educação do município sobredito, quando dos fatos, nada acrescentou ao já
narrado pelos acusados acima.
Interrogada em fl. 76, Maria Goretty da Fonseca Soares, sócia da
Resort Empreendimentos Ltda. na ocasião dos fatos sob análise, acrescentou,
em relação aos esclarecimentos supra, tão-só que aquela empresa realizou,
além das obras sob exame, vários serviços para a municipalidade.
Na oportunidade de seu interrogatório (fl. 87), Adilson Nascimento de
Souza, sócio responsável pela área administrativo-financeira da Resort
Empreendimentos Ltda. na época do ocorrido, aduziu que não prestou todos
os serviços nas escolas de que cuida a inicial acusatória porque o então
secretário de obras do Cabo de Santo Agostinho/PE, Oscar Amorim Neto,
determinou que se priorizasse a realização de obras em outras escolas, que não
as previstas nos convênios. Narrou que prestava outros serviços ao município,
bem como que recebeu o pagamento pelas obras das avenças aludidas na
denúncia.
Luzinete Ferreira de Noronha (fls. 162/163), juntamente com uma
colega, ambas servidoras do MEC, expôs que realizou auditoria em convênio
celebrado entre aquele órgão e o município do Cabo de Santo Agostinho/PE
para reforma e ampliação de escolas e aquisição de material. Esclareceu que
foram encontradas as irregularidades apontadas na denúncia, todas apontadas
no relatório encartado aos autos. Explicou que se o então prefeito, mesmo
após a assinatura do convênio, quisesse aplicar alguma parcela da verba em
escola diversa da originalmente prevista no pacto, só poderia fazê-lo após
autorização do MEC.
Elias Gomes (fl. 164), ocupante do cargo de prefeito da cidade do
Cabo de Santo Agostinho/PE após o mandato do ex-prefeito ora acusado,
disse que quando assumiu a prefeitura daquele município, como é de praxe,
mandou que as Secretarias elaborassem um relatório da situação encontrada,
sobretudo a Secretaria de Educação. Esclareceu que, com base no relatório
apresentado por esta secretaria, instaurou inquérito administrativo para apurar
irregularidades em convênio firmado entre a prefeitura sobredita e o MEC, o
qual foi encaminhado ao MPF pela assessoria jurídica do município. Informou
ter havido instalação de uma CPI na Câmara de Vereadores contra o acusado
Jacó Gomes da Silva.
Rodolfo Galvão Valoes (fls. 221/222), engenheiro da Prefeitura do
Cabo de Santo Agostinho na época dos fatos narrados na inicial, explicou que
integrava uma equipe de quatro engenheiros que trabalhava diretamente com o
secretario Oscar Amorim Neto, e que os serviços de engenharia eram
divididos entre os quatro. Esclareceu que os serviços objeto do convênio
foram apenas parcialmente cumpridos porque realizados no segundo semestre
de 1998, época em que houve bastante chuva. Informou que não acompanhou
a fiscalização, tendo apenas tomado conhecimento dela, bem como que quem
acompanhou a fiscalização foi Normando. Aduziu que os serviços não
realizados foram compensados, embora não integralmente, por outros, e que
as obras não realizadas situavam-se normalmente em escolas da na área rural.
Afirmou que os ataques a Jacó por parte de Elias tinham caráter de represália
político-partidária.
Sônia Maria Manso Lins, supervisora das escolas Carmelita Ramos e
Cláudio Gueiros Leite, entre outras, ao tempo do ocorrido, apenas se limitou a
mencionar alguns serviços implementados naquelas unidades de ensino,
ressalvando, contudo, que não acompanhava os serviços de fiscalização das
obras, em razão de suas atividades pedagógicas.
Do exame dos autos, tem-se que razão assiste ao Ministério Público
Federal.
Não prospera o argumento da defesa no sentido de que as metas dos
convênios foram cumpridas. Consoante se verifica dos autos, com os recursos
obtidos do FNDE, Jacó Gomes, ex-Prefeito do Município do Cabo de Santo
Agostinho/PE, firmou avença com a Resort Empreendimentos Ltda. (convênio
n.º 2528/96), vencedora no processo licitatório, para a realização de serviços
de manutenção e conservação em sessenta três escolas municipais.
Ocorre que, através de auditoria efetuada pela Delegacia do MEC em
Pernambuco, com o fito de fiscalizar a aplicação dos recursos repassados pelo
contrato sobredito, constatou-se (por meio do relatório de visita de fls.
224/233 do apenso I do procedimento administrativo de n.º 1.26.000-
001199/2000-30), que foram eles empregados de forma irregular, haja vista
que alguns serviços não foram realizados, e outros o foram de maneira não
prevista no pacto.
Como resultado dessa auditoria, constatou-se que em nenhuma das 24
(vinte e quatro) unidades educacionais vistoriadas (de um total de 63, sessenta
e três) foi concretizado o que estava previsto, embora tenha sido atestado
como realizado na planilha da prefeitura, comprovando-se o desvio dos
recursos conveniados entre o referido município e a União. (fls. 224/233 do
apenso 01 do procedimento administrativo de n.º 1.26.000-001199/2000-30).
E não se venha argumentar que, por não ter havido vistoria em todas
as escolas, não restou configurada a materialidade do ilícito, vez que, em
nenhuma das escolas fiscalizadas verificou-se as obras que foram atestadas
pela prefeitura como realizadas. Encontrou-se, sim, escolas em péssimo estado
de conservação, sem cadeiras para os alunos assistirem à aula, com teto
comprometido, entre outras irregularidades, que comprovam o desvio de
recursos públicos, já que eram escolas que constavam como restauradas.
Apesar de os serviços acordados não terem sido realizados, pelo
contrato acima referido foi pago à empresa o total de R$ 92.880,00 (noventa e
dois mil, oitocentos e oitenta Reais), o que ocorreu com a conivência do
Secretário de Obras, Oscar Amorim Neto, e da Secretaria e Ordenadora de
Despesas da Secretaria de Educação, Abnoam Gomes da Silva.
Ainda em relação ao mesmo convênio, houve um investimento no
valor de R$ 93.894,21 (noventa e três mil, oitocentos e noventa e quatro reais
e vinte e um centavos), que estava destinado a serviços de pintura de escolas,
revisão em instalações elétricas e hidráulicas etc. Quanto a estes serviços,
conforme bem alegou o MPF, não se sabe ao certo se houve licitação, havendo
a possibilidade de que a documentação referente ao investimento tenha sido
destruída em incêndio ocorrido em 29 de dezembro de 1996.
Assim, apesar de o montante repassado pelo FNDE ter sido de R$
261.000,00 (duzentos e sessenta e um mil Reais), só há provas de que foi
utilizada a quantia de R$ 186.774,21 (cento e oitenta e seis mil, setecentos e
setenta e quatro Reais e vinte e um centavos) e, ainda assim, sem a prestação
efetiva dos serviços.
Na conclusão de seu relatório, a auditoria atrás referida sugeriu a
efetivação dos serviços nas sessenta e três unidades escolares, conforme
boletins de medição (fls. 79/83, 90, 92 e 97 do apenso I do procedimento
administrativo de n.º 1.26.000-001199/2000-30), ou a devolução dos recursos
com os devidos acréscimos.
De sua parte, a Comissão de Inquérito instaurada pela nova gestão
municipal encarregou o engenheiro Menaris de Souza Ribeiro Filho de
realizar vistoria nas escolas, tendo ele apurado que os serviços acordados não
foram devidamente valorados, constando das planilhas, apenas, o lançamento
"verba", sem a discriminação da unidade de medição, quantidade física e
preço unitário dos bens.
Ao final dos seus trabalhos, a comissão concluiu que, após vistoria
levada a efeito em sessenta e duas escolas do município, restou caracterizado
o não atendimento do objeto contratual, ressaltando, ainda, que a Resort
Empreendimentos Ltda. também era responsável pelos serviços de ampliação
escolas Des. João Paes, Ministro André Cavalcanti e Paulo Freire (nos termos
do convênio n.º 5545/96), onde não houve Termo de Recebimento dos
Serviços que comprove a adequação do objeto nos termos contratados, sob
inteira responsabilidade da contratada (vide relatório de fls. 294/337 do
apenso I do procedimento administrativo de n.º 1.26.000-001199/2000-30).
Os recursos do Convênio 5545/96, com dito, destinavam-se à
ampliação e reforma das escolas Des. João Paes, Ministro André Cavalcanti e
Paulo Freire. Novamente, foi contratada a empresa Resort Empreendimentos
Ltda. para a prestação do serviço.
Há comprovação do pagamento do montante de R$ 189.637,18 (cento
e oitenta e nove mil, seiscentos e trinta e sete Reais e dezoito centavos).
Entretanto, o valor da quantia avençada foi de R$ 203.314,00 (duzentos e três
mil, trezentos e catorze Reais), havendo uma diferença de R$ 13.676,82 (treze
mil, seiscentos e setenta e seis Reais e oitenta e dois centavos), portanto, que
teve destinação desconhecida.
No que toca aos valores desviados (art. 1.º, inciso I, do Decreto-lei
201/67), cabia às defesas terem demonstrado o destino que foi a eles dado,
providência da qual se demitiram. Limitaram-se à afirmação de que o
montante referente aos convênios foi aplicado nas escolas que compunhas seu
objeto, embora possa ter acontecido que a verba destinada a uma tenha sido
consagrada a outra, por "necessidade do serviço" ou "problemas diversos", o
que tampouco lograram demonstrar.
Ora, Jacó Gomes, na qualidade de Chefe do Poder Executivo
municipal e, portanto, seu administrador, tinha o dever de conhecer o fim dado
às verbas repassadas e a forma como estavam sendo empregadas, sobretudo se
forem levados em consideração a dimensão do município e o montante
empregado no cumprimento da avença, de forma que não tinha ele como não
conhecer de que forma eram aplicados os recursos.
No sistema processual pátrio, a mera alegação, cujo objetivo seja a
escusa de responsabilidade, não tem o condão de abalar o conjunto probatório
já produzido, pois ainda que o ônus de provar a imputação da denúncia seja do
Ministério Público, alegando a defesa fato novo, cumpre-lhe demonstrá-lo.
Alegações amplas e genéricas, divorciadas de qualquer elemento
probatório, não têm o condão de afastar a forte e indelével impressão de que
os fatos descritos na denúncia são autênticos.
Dúvida não ressuma, dentro desse panorama, de que os valores cuja
destinação não lograram os acusados justificarem de forma irreprochável, e
conforme conclusões já antes chanceladas pelo MEC e TCU, resultaram
desviados em benefício da Resort Empreendimentos Ltda.
Outrossim, o réu Oscar Amorim Neto, na qualidade de secretário de
obras do município, tendo como função fiscalizar o andamento das obras,
remetia boletins de medição dos serviços supostamente realizados nas escolas
à acusada Abnoam Gomes da Silva, ex-secretária e ordenadora de despesas da
Secretaria de Educação, para que ela pagasse à empresa por eles. De lembrar
que Abnoam Gomes declarou (fl. 275) também fiscalizar o andamento das
obras, do que se pode concluir que ela e Oscar Amorim pagaram aos acusados
Adilson Nascimento de Souza e Maria Goretty da Fonseca Soares, sócios da
empresa Resort Empreendimentos Ltda., por obra não realizada, dando azo a
que se apropriassem de renda pública sem que houvesse justa causa para tanto.
Dessa forma, em que pese o pleito absolutório do Parquet, no tocante a
Adilson Nascimento de Souza e Maria Goretty da Fonseca Soares, quando de
suas alegações finais, tem-se que a empresa recebeu pagamento (consoante
recibos de fls. 78, 98, 164 e 183 do procedimento n.º 1.26.000.001199/2000-
30) sem que tivesse prestado os serviços contratados, motivo pelo qual devem
os seus sócios ser responsabilizados.
Mais a mais, o próprio Adilson Nascimento de Souza, sócio
responsável pela área administrativo-financeira da Resort Empreendimentos
Ltda. na época do ocorrido, na oportunidade de seu interrogatório (fl. 87),
afirmou não ter prestado todos os serviços nas unidades de ensino tratadas na
inicial acusatória, ao argumento de que o então secretário de obras do Cabo de
Santo Agostinho/PE, Oscar Amorim Neto, determinou que se priorizasse a
realização de obras em outras escolas, que não as previstas nos convênios.
Esclareceu, ainda, que recebeu o pagamento pelas obras das avenças de que
cuida a denúncia.
Praticou, dessarte, o acusado Jacó Gomes, o desvio de rendas públicas
em proveito da Resort Empreendimentos Ltda. (art. 1.º, inciso I, do Decreto-
lei 201/67), por duas vezes, uma em relação à cada convênio, enquanto os
demais acusados concorreram para tanto.
Jacó Gomes empregou, ainda, por duas vezes, recursos em desacordo
com os planos e programas a que se destinavam aplicando verbas públicas de
forma não pactuada, pelo que infringiu o art. 1.º, inciso IV, do Decreto-lei
201/67.
É cediço que o emprego de subvenções, auxílios, empréstimos ou
recursos de qualquer natureza, a exemplo dos Fundos Federais e de tributos
outros de origem estadual, deve obedecer, rigorosamente, aos planos de
aplicação previamente aprovados pelos órgãos superiores.
A desobediência a qualquer preceito de ordem legal, mesmo que de
âmbito local, configura a prática de ato ilícito, já que a Administração Pública
está adstrita, única e exclusivamente, aos parâmetros previamente fixados e
deles jamais poderá fugir, consoante mandamento constitucional (Direitos e
Deveres dos Poderes Municipais, Associação Brasileira de Municípios. Doc.
23, julho de 1977, p. 18).
Dúvida não ressuma, dentro desse panorama, de que os valores cuja
destinação não logrou o acusado justificar de forma irreprochável, e conforme
conclusões já antes chanceladas tanto pelo MEC quanto pelo Tribunal de
Contas da União (procedimento administrativo n.º 1.26.000002128/2003-05),
não foram empregados na forma avençada, resultando desviados para
quaisquer outras finalidades.
Ademais, Jacó Gomes não prestou contas, ao órgão competente
(MEC), no devido tempo, dos recursos recebidos, não dando conta do fim
atribuído aos R$ 74.225,79 [setenta e quatro mil, duzentos e vinte e cinco
Reais e setenta e nove centavos], relativa ao convênio n.° 2528, tampouco aos
R$ 13.676,82 [treze mil, seiscentos e setenta e seis Reais e oitenta e dois
centavos], atinentes ao convênio n.° 5545/96, motivo por que se tonalizou a
hipótese prevista no art. art. 1.º, inciso VII, do Decreto-lei 201/67.
Desarrazoada a alegativa de ausência de dolo na conduta dos agentes,
pois, in casu, é ele patente. Tanto tinham consciência e vontade de praticar o
ato em desacordo com o previsto no Convênio que, sem que houvesse
qualquer autorização prévia, alteraram o plano de metas, deixando de aplicar
os recursos dos pactos na forma avençada.
Ora, ainda que essa providência fosse efetivamente necessária, jamais
poderia ter sido levada a efeito sem a exposição de motivos e a expressa
anuência do Ministério da Educação.
No caso dos autos, o ex-prefeito e seus assessores simplesmente
aplicaram de modo irregular - já que alteraram o objeto dos convênios ao não
cumprir o quanto neles previsto, ou cumprir de forma não acordada - sem
qualquer autorização, e modificando, assim, o ato que embasou a celebração
dos acordos, agindo de forma irretorquivelmente dolosa. E o dolo da conduta é
tão patente que, segundo informaram em suas declarações, atrás referidas,
algumas obras podem ter sido feitas no lugar de outras, por necessidade do
serviço ou problemas diversos, ratificando, indubitavelmente, que livre e
espontaneamente alteraram o objeto dos convênios, para adequá-los às suas
conveniências.
Não merece guarida a alegação da defesa de Maria Goretty, na fase do
art. 500 do CPP (fls. 432/434), no sentido de que a fiscalização realizada pelo
MEC, para acompanhamento das obras de engenharia, fora empreendida por
pessoas inabilitadas para tanto, pois, conforme destacou a Secretaria de
Controle Externo no Estado de Pernambuco, do Tribunal de Contas da União,
os serviços vistoriados não apresentavam complexidade, não exigindo que os
inspetores tivessem formação em engenharia, bem como porque, apesar dos
serviços não exigirem a citada qualificação, eles foram vistoriados, também,
por dois engenheiros, que chegaram a mesma conclusão da equipe da
Delegacia do MEC, no sentido de que as obras não foram executadas (fls.
463/468 do volume 3 do procedimento administrativo n.º
1.26.000002128/2003-05.
Diante do exposto, tem-se que a conduta de Jacó Gomes amolda-se ao
tipo penal previsto no art. 1.º, I, do Decreto-Lei n.° 201/67 c/c art. 71 do CP,
haja vista que, por duas vezes consecutivas, desviou renda pública em
proveito da Resort Empreendimentos Ltda. Ajusta-se, ainda, aos incisos IV e
VII, do art. 1.º, daquela norma c/c o art. 71 do CP, uma vez que ele empregou,
por duas vezes consecutivas, subvenções em desacordo com os planos a que
se destinavam, não prestando conta dos recursos recebidos ao órgão
competente (MEC), no devido tempo (não restou comprovado onde foi
empregado o montante de R$ 74.225,79 [setenta e quatro mil, duzentos e vinte
e cinco Reais e setenta e nove centavos], relativo ao convênio n.° 2528,
tampouco a quantia de R$ 13.676,82 [treze mil, seiscentos e setenta e seis
Reais e oitenta e dois centavos], atinente ao convênio n.° 5545/96.
Já os acusados Abnoam Gomes da Silva e Oscar Amorim Neto, ao
possibilitarem que a verba pública fosse desviada, e Maria Goretty da Fonseca
Soares e Adilson Nascimento de Souza, ao receberem o numerário desviado,
concorreram para a consumação do crime, pelo que suas condutas enquadram-
se ao quanto estatuído no art. 1.°, I, do Decreto-Lei n° 201/67 c/c art. 29 e 71,
ambos do CP.
Em sendo assim, tenho que resultaram demonstradas de maneira
satisfatória tanto a materialidade quanto as autorias delitivas. Porque presentes
os elementos dos fatos típicos, tanto o subjetivo dolo, quanto os objetivos -
descritivos e normativos - contidos nos tipos em questão, e tendo em conta
que não agiram, os réus, sob qualquer excludente de ilicitude e, ainda,
considerando-se que são culpáveis, porquanto maiores de 18 anos, com
maturidade mental, que, com consciência da ilicitude do fato, sendo livres e
moralmente responsáveis, reuniam aptidão e capacidade de autodeterminação
para decidirem-se pelo direito e contra o crime, impõem-se as condenações.
Passo à dosimetria das penas.
No tocante ao acusado Jacó Gomes da Silva
1.º Fatos: Desvio em Proveito Próprio ou Alheio de Rendas Públicas -
Repasses Provenientes do Ministério da Educação e Cultura - Art. 1.º, Inciso I,
do Decreto-lei 201/67, por duas vezes, na forma do art. 71, caput, do Código
Penal.
Em relação às circunstâncias judiciais (art. 59 do Código Penal), tenho
que o réu obrou com grau de censurabilidade elevado para delitos da espécie,
desviar valores destinados a assegurar o cumprimento de mandamento
constitucional alusivo ao desenvolvimento do ensino fundamental. Os
antecedentes, até então não denegridos, não se ostentam fatores negativos na
valoração. A conduta social, desconhecida do Juízo, em nada prejudica.
Quanto à personalidade, não aparenta transtornos anti-sociais. Circunstâncias
normais para delitos da espécie. Os motivos, a vontade de lucro fácil.
Conseqüências ínsitas ao tipo. Comportamento da vítima não contribuiu.
Sendo assim, e sopesando essas várias operacionais, fixo a pena-base
em 02 (dois) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, de acordo com o disposto
no § 1.º do art. 1.º do Decreto-lei 201/67.
Incide a agravante prevista no art. 61, II, "g", do Código Penal,
decorrente de ter sido o crime cometido com violação de dever inerente a
cargo, pelo que elevo essa pena a 02 (dois) anos e 09 (nove) meses de
reclusão.
Ainda na fase das circunstâncias legais, projeta-se na espécie a causa
especial de aumento alusiva à continuidade delitiva (art. 71, caput, do CP),
pelo que, considerando o número de vezes em que a conduta foi reiterada,
duas, elevo essa pena de 1/6 (um sexto), do que resulta a definitiva fixada em
3 (três) anos, 2 (dois) meses e 15 (quinze) dias de reclusão.
Não há previsão de multa.
2.º Fato: Emprego de Recursos em Desacordo com os Planos ou
Programas a que se Destinavam: Art. 1.º, inciso IV, do Decreto-lei 201/67
Em relação às circunstâncias judiciais (art. 59 do Código Penal), tenho
que o réu obrou com grau de censurabilidade elevado para delitos da espécie,
desviar valores destinados a assegurar o cumprimento de mandamento
constitucional alusivo ao desenvolvimento do ensino fundamental. Os
antecedentes, até então não denegridos, não se ostentam fatores negativos na
valoração. A conduta social, desconhecida do Juízo, em nada prejudica.
Quanto à personalidade, não aparenta transtornos anti-sociais. Circunstâncias
normais para delitos da espécie. Os motivos, a vontade de lucro fácil.
Conseqüências ínsitas ao tipo. Comportamento da vítima não contribuiu.
Sendo assim, e sopesando essas várias operacionais, fixo a pena-base
em 04 (quatro) anos, 6 (seis) meses e 23 (vinte e três) dias de reclusão, de
acordo com o disposto no § 1.º do art. 1.º do Decreto-lei 201/67. Incide a
agravante prevista no art. 61, II, "g", do Código Penal, decorrente de ter sido o
crime cometido com violação de dever inerente a cargo, pelo que elevo essa
pena a 07 (sete) meses de detenção.
Ainda na fase das circunstâncias legais, projeta-se na espécie a causa
especial de aumento alusiva à continuidade delitiva (art. 71, caput, do CP),
pelo que, considerando o número de vezes em que a conduta foi reiterada,
duas, elevo essa pena de 1/6 (um sexto), do que resulta a definitiva fixada em
08 (oito) meses e 04 (quatro) dias de detenção.
Não há previsão de multa.
3.º Fato - Deixar de prestar conta, no devido tempo, ao órgão
competente, da aplicação de recursos, empréstimos, subvenções ou auxílios
internos ou externos, recebidos a qualquer título: Art. 1.º, inciso VII, do
Decreto-lei 201/67
Em relação às circunstâncias judiciais (art. 59 do Código Penal), tenho
que o réu obrou com grau de censurabilidade elevado para delitos da espécie,
desviar valores destinados a assegurar o cumprimento de mandamento
constitucional alusivo ao desenvolvimento do ensino fundamental. Os
antecedentes, até então não denegridos, não se ostentam fatores negativos na
valoração. A conduta social, desconhecida do Juízo, em nada prejudica.
Quanto à personalidade, não aparenta transtornos anti-sociais. Circunstâncias
normais para delitos da espécie. Os motivos, a vontade de lucro fácil.
Conseqüências ínsitas ao tipo. Comportamento da vítima não contribuiu.
Sendo assim, e sopesando essas várias operacionais, fixo a pena-base
em 06 (seis) meses de detenção, de acordo com o disposto no § 1.º do art. 1.º
do Decreto-lei 201/67. Incide a agravante prevista no art. 61, II, "g", do
Código Penal, decorrente de ter sido o crime cometido com violação de dever
inerente a cargo, pelo que elevo essa pena a 07 (sete) meses de detenção.
Ainda na fase das circunstâncias legais, projeta-se na espécie a causa
especial de aumento alusiva à continuidade delitiva (art. 71, caput, do CP),
pelo que, considerando o número de vezes em que a conduta foi reiterada,
duas, elevo essa pena de 1/6 (um sexto), do que resulta a definitiva fixada em
08 (oito) meses e 04 (quatro) dias de detenção.
No atinente ao acusado Oscar Amorim Neto
Fato: Desvio em Proveito Próprio ou Alheio de Rendas Públicas -
Repasses Provenientes do Ministério da Educação e Cultura - Art. 1.º, Inciso I,
do Decreto-lei 201/67, por duas vezes, na forma do art. 71, caput, e do art. 29,
ambos do Código Penal.
Em relação às circunstâncias judiciais (art. 59 do Código Penal), tenho
que o réu obrou com grau de censurabilidade elevado para delitos da espécie,
concorrer para desvio de valores destinados a assegurar o cumprimento de
mandamento constitucional alusivo ao desenvolvimento do ensino
fundamental. Os antecedentes, até então não denegridos, não se ostentam
fatores negativos na valoração. A conduta social, desconhecida do Juízo, em
nada prejudica. Quanto à personalidade, não aparenta transtornos anti-sociais.
Circunstâncias normais para delitos da espécie. Os motivos, a vontade de
lucro fácil. Conseqüências ínsitas ao tipo. Comportamento da vítima não
contribuiu.
Sendo assim, e sopesando essas várias operacionais, fixo a pena-base
em 02 (dois) anos de reclusão, de acordo com o disposto art. 1.º, Inciso I, do
Decreto-lei 201/67, por duas vezes, na forma do art. 71, caput, e do art. 29,
ambos do Código Penal.
Incide a agravante prevista no art. 61, II, "g", do Código Penal,
decorrente de ter sido o crime cometido com violação de dever inerente a
cargo, pelo que elevo essa pena a 02 (dois) anos e 04 (quatro) meses de
reclusão.
Ainda na fase das circunstâncias legais, projeta-se na espécie a causa
especial de aumento alusiva à continuidade delitiva (art. 71, caput, do CP),
pelo que, considerando o número de vezes em que a conduta foi reiterada,
duas, elevo essa pena de 1/6 (um sexto), do que resulta a definitiva fixada em
2 (dois) anos, 8 (oito) meses e 20 (vinte) dias de reclusão.
Não há previsão de multa.
Quanto à acusada ABNOAM GOMES DA SILVA
Fato: Desvio em Proveito Próprio ou Alheio de Rendas Públicas -
Repasses Provenientes do Ministério da Educação e Cultura - Art. 1.º, Inciso I,
do Decreto-lei 201/67, por duas vezes, na forma do art. 71, caput, e do art. 29,
ambos do Código Penal.
Em relação às circunstâncias judiciais (art. 59 do Código Penal), tenho
que a ré atuou com grau de censurabilidade elevado para delitos da espécie,
concorrer para desvio de valores destinados a assegurar o cumprimento de
mandamento constitucional alusivo ao desenvolvimento do ensino
fundamental. Os antecedentes, até então não denegridos, não se ostentam
fatores negativos na valoração. A conduta social, desconhecida do Juízo, em
nada prejudica. Quanto à personalidade, não aparenta transtornos anti-sociais.
Circunstâncias normais para delitos da espécie. Os motivos, a vontade de
lucro fácil. Conseqüências ínsitas ao tipo. Comportamento da vítima não
contribuiu.
Sendo assim, e sopesando essas várias operacionais, fixo a pena-base
em 02 (dois) anos de reclusão, de acordo com o disposto art. 1.º, Inciso I, do
Decreto-lei 201/67, por duas vezes, na forma do art. 71, caput, e do art. 29,
ambos do Código Penal.
Incide a agravante prevista no art. 61, II, "g", do Código Penal,
decorrente de ter sido o crime cometido com violação de dever inerente a
cargo, pelo que elevo essa pena a 02 (dois) anos e 04 (quatro) meses de
reclusão.
Ainda na fase das circunstâncias legais, projeta-se na espécie a causa
especial de aumento alusiva à continuidade delitiva (art. 71, caput, do CP),
pelo que, considerando o número de vezes em que a conduta foi reiterada,
duas, elevo essa pena de 1/6 (um sexto), do que resulta a definitiva fixada em
2 (dois) anos, 8 (oito) meses e 20 (vinte) dias de reclusão.
Não há previsão de multa.
No que diz respeito ao acusado ADILSON NASCIMENTO DE
SOUZA
Fato: Desvio em Proveito Próprio ou Alheio de Rendas Públicas -
Repasses Provenientes do Ministério da Educação e Cultura - Art. 1.º, Inciso I,
do Decreto-lei 201/67, por duas vezes, na forma do art. 71, caput, e do art. 29,
ambos do Código Penal.
Em relação às circunstâncias judiciais (art. 59 do Código Penal), tenho
que o réu obrou com grau de censurabilidade elevado para delitos da espécie,
concorrer para desvio de valores destinados a assegurar o cumprimento de
mandamento constitucional alusivo ao desenvolvimento do ensino
fundamental. Os antecedentes, até então não denegridos, não se ostentam
fatores negativos na valoração. A conduta social, desconhecida do Juízo, em
nada prejudica. Quanto à personalidade, não aparenta transtornos anti-sociais.
Circunstâncias normais para delitos da espécie. Os motivos, a vontade de
lucro fácil. Conseqüências ínsitas ao tipo. Comportamento da vítima não
contribuiu.
Sendo assim, e sopesando essas várias operacionais, fixo a pena-base
em 02 (dois) anos de reclusão, de acordo com o disposto art. 1.º, Inciso I, do
Decreto-lei 201/67, por duas vezes, na forma do art. 71, caput, e do art. 29,
ambos do Código Penal.
Na fase das circunstâncias legais, projeta-se na espécie a causa
especial de aumento alusiva à continuidade delitiva (art. 71, caput, do CP),
pelo que, considerando o número de vezes em que a conduta foi reiterada,
duas, elevo essa pena de 1/6 (um sexto), do que resulta a definitiva fixada em
2 (dois) anos, 4 (quatro) meses de reclusão.
Não há previsão de multa.
Em relação à acusada MARIA GORETTY DA FONSECA SOARES
Fato: Desvio em Proveito Próprio ou Alheio de Rendas Públicas -
Repasses Provenientes do Ministério da Educação e Cultura - Art. 1.º, Inciso I,
do Decreto-lei 201/67, por duas vezes, na forma do art. 71, caput, e do art. 29,
ambos do Código Penal.
Em relação às circunstâncias judiciais (art. 59 do Código Penal), tenho
que a ré obrou com grau de censurabilidade elevado para delitos da espécie,
concorrer para desvio de valores destinados a assegurar o cumprimento de
mandamento constitucional alusivo ao desenvolvimento do ensino
fundamental. Os antecedentes, até então não denegridos, não se ostentam
fatores negativos na valoração. A conduta social, desconhecida do Juízo, em
nada prejudica. Quanto à personalidade, não aparenta transtornos anti-sociais.
Circunstâncias normais para delitos da espécie. Os motivos, a vontade de
lucro fácil. Conseqüências ínsitas ao tipo. Comportamento da vítima não
contribuiu.
Sendo assim, e sopesando essas várias operacionais, fixo a pena-base
em 02 (dois) anos de reclusão, de acordo com o disposto art. 1.º, Inciso I, do
Decreto-lei 201/67, por duas vezes, na forma do art. 71, caput, e do art. 29,
ambos do Código Penal.
Na fase das circunstâncias legais, projeta-se na espécie a causa
especial de aumento alusiva à continuidade delitiva (art. 71, caput, do CP),
pelo que, considerando o número de vezes em que a conduta foi reiterada,
duas, elevo essa pena de 1/6 (um sexto), do que resulta a definitiva fixada em
2 (dois) anos, 4 (quatro) meses de reclusão.
Não há previsão de multa.
III - DISPOSITIVO
Pelo exposto, julgo PROCEDENTE a denúncia para:
a) Condenar Jacó Gomes da Silva, nos autos qualificado, à pena de 4
(quatro) anos e 8 (oito) meses de detenção, dando-o, pois, como incurso nas
sanções dos incisos I, IV e VII, por duas vezes, do art. 1.º do Decreto-lei
201/67, c/c o art. 71 do CP, na forma do art. 69, caput, também do Código
Penal Brasileiro.
O regime carcerário é o semi-aberto, que fixo consoante permissivo
do art. 33, § 2.º, "b", do Código Penal, o que faço com observância dos
critérios previstos no art. 59 e de acordo com o que determina o § 3.º do art.
33 do mesmo Código.
Tratando-se de réu primário e de bons antecedentes, faculto o apelo
em liberdade, nos termos do art. 594 do Código de Processo Penal.
Com o trânsito em julgado, perderá o acusado o cargo, acaso esteja
exercendo, e ficará inabilitado para o exercício de cargo ou função pública,
eletivo ou de nomeação, pelo prazo de 5 (cinco) anos, sem prejuízo da
reparação civil do dano causado ao patrimônio público ou particular, nos
termos do § 2.º do art. 1.º do Decreto-lei 201/67.
b) Condenar os acusados Abnoam Gomes da Silva e Oscar Amorim
Neto, nos autos qualificados, à pena de 2 (dois) anos, 8 (oito) meses e 20
(vinte) dias de reclusão, dando-os, pois, como incursos nas penas do art. 1.°, I,
do Decreto-Lei n.° 201/67 c/c art. 29 e 71, ambos do CP.
O regime carcerário é o aberto, que fixo conforme permissivo do art.
33, § 2.º, "c", do CP.
Porque presentes os elementos objetivos e subjetivos, substituo as
penas privativas de liberdade aplicadas por duas restritivas de direito, para
cada qual dos réus, na forma do art. 44 do CP, consistentes em:
- prestação de serviços à comunidade, que se dará em local a ser
fixado pela Vara Federal das Execuções Penais, mediante atribuição de tarefas
gratuitas aos sentenciados, conforme suas aptidões, e que serão cumpridas à
razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, por oito horas semanais,
fixado, o horário, pelo Juízo das execuções, de forma a não prejudicar sua
jornada normal de trabalho, e observada a ressalva contida no § 4.º do art. 46
do CP.
- prestação pecuniária consistente no pagamento em dinheiro a
entidade pública ou privada com destinação social, de importância ao valor de
40 salários mínimos, por cada um dos condenados, na conformidade do art.
45, § 1.º, do CP, indicada pelo Juiz das Execuções Penais, dentre as
cadastradas.
Com o trânsito em julgado, perderão os acusados os cargos, acaso
estejam exercendo algum, e ficarão inabilitados para o exercício de cargo ou
função pública, eletivo ou de nomeação, pelo prazo de 5 (cinco) anos, sem
prejuízo da reparação civil do dano causado ao patrimônio público ou
particular, nos termos do § 2.º do art. 1.º do Decreto-lei 201/67.
c) Condenar Maria Goretty da Fonseca Soares e Adilson Nascimento
de Souza, nos autos qualificados, à pena de 2 (dois) anos e 4 (quatro) meses de
reclusão, dando-os, pois, como incursos nas penas do art. 1.°, I, do Decreto-
Lei n.° 201/67 c/c art. 29 e 71, ambos do CP.
O regime carcerário é o aberto, que fixo conforme permissivo do art.
33, § 2.º, "c", do CP.
Porque presentes os elementos objetivos e subjetivos, substituo as
penas privativas de liberdade aplicadas por duas restritivas de direito, para
cada qual dos réus, na forma do art. 44 do CP, consistentes em:
- prestação de serviços à comunidade, que se dará em local a ser
fixado pela Vara Federal das Execuções Penais, mediante atribuição de tarefas
gratuitas aos sentenciados, conforme suas aptidões, e que serão cumpridas à
razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, por oito horas semanais,
fixado, o horário, pelo Juízo das execuções, de forma a não prejudicar sua
jornada normal de trabalho, e observada a ressalva contida no § 4.º do art. 46
do CP.
- prestação pecuniária consistente no pagamento em dinheiro a
entidade pública ou privada com destinação social, de importância ao valor de
40 salários mínimos, por cada um dos condenados, na conformidade do art.
45, § 1.º, do CP, indicada pelo Juiz das Execuções Penais, dentre as
cadastradas.
Com o trânsito em julgado, perderão os acusados os cargos, acaso
estejam exercendo algum, e ficarão inabilitados para o exercício de cargo ou
função pública, eletivo ou de nomeação, pelo prazo de 5 (cinco) anos, sem
prejuízo da reparação civil do dano causado ao patrimônio público ou
particular, nos termos do § 2.º do art. 1.º do Decreto-lei 201/67.
Após o trânsito em julgado:
- Custas pelos réus, rateadas entre eles;
- Expeçam-se mandados de prisão;
- Lance-se o nome dos réus no rol dos culpados;
- Remetam-se os autos à Vara Federal das Execuções, a fim de que
providencie a execução das sanções e, após, dê baixa e arquivamento no
processo, cabendo-lhe, ainda, a adoção das providências abaixo indicadas:
- Expedição de ofício ao Tribunal Regional Eleitoral, comunicando-
se da condenação, da perda de eventual cargo, e da inabilitação dos acusados
para o exercício de cargo ou função pública, pelo prazo de 5 (cinco) anos;
- Informar as condenações aos órgãos policiais para fins estatísticos e
registro em seus bancos de dados informatizados;
- Demais anotações e comunicações necessárias.
Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.
Recife/PE, 14 de março de 2008.
Antônio Bruno de Azevedo Moreira
Juiz Federal