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Sentenca CTT T Trab Lisboa[1]

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•Certifica.,:lo onus:B l ab or ad o em : D 4 -D l -2 0 12

Tribunal do Trabalho de Lisboa42 Jurzo - 21 SeclfAo

Rua Febo Moniz, 27 B - 1150-052 Lisboa

Telef; 218114000 Fax: 218151826 Mail: l isboa.tI@lribunais_org_pt

Exmo(a). Senhor(a)

Dr(a). Antonio M_C. Prada

Av' Conselheiro Fernando Sousa, Ed. N~ 11 -15Q

1070-072 Usboa

Processo: 1444/11.8TILSB I Accao de Processo Comum I N/Referencia: 4294951

Data: 4-1-2012

Autor: Sindetelco

Reu: C.T.T.-Correios de Portugal, Sa

Assunto: Senten<;a

Fica V . E x .i1 ! notificado, na qualidade de Mandatilrio, relativamente ao processo supra

identificado, da sentence que se agrega.

o Ofrcial de Justice,

Maria de Lurdes dos Santos

Notas:

• So//c/ta-se que ns fl3Sposts SBjS /ndicsds s fl3f8"'ncis destB aocomomo

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Document o a ssm as o e te c tr on ic am en te . E s ta a s si na tu ,ae le c tr 6n ic a s ub s ti lu i a a s si na tu ra 8 u 1 6g ,a 1 8 .D rta ). lu is M a nu el C a rv alh o R ic ard o

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Proc.W 1444/11.STILSB

4261438

CONCLUSAO - 09-12-2011

(Termo electr6nico eJaborado POf Escrivi io AuxiJiaf Maria de Lurdes dos Santos)

=CLS=

I - RELA TORIO

SINDICATO DEMOcRATICO DOS

TRABALHADORES DAS COMUNICACOES E DOS MEDIA, NIPC

501250824, com sede na Rua Conde Redondo, n060-A-B, Lisboa,

instaurou a presente accao contra CTT - CORREIOS DE PORTUGAL,

S.A., NIPC 500077568, com sede na Rua de S. Jose, n020, Lisboa,

pedindo, com fundamento na reducao indevida de retribuic6es e

congelamento da progressao na carreira dos trabalhadores seus

associados, que a re fosse condenada a:

a) Pagar aos trabalhadores do autor ao seu

servico a parte das remuneracoes que reduziu e futuras que venha a

reduzir, com efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2011, acrescidas de

juros de mora legais, vencidos e vincendos, ate integral pagamento.

b) Fazer a evolucao profissional e progressao na

carreira profissional dos trabalhadores do autor ao seu servico, com

efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2011.

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Proc.N" 1444/11.8TTLSB

c) Pagar aos trabalhadores do autor ao seu

servico as partes pecuniarias dos subsldios de refeicao. trabalho

suplementar, trabalho nocturno e abono de ajudas de custo e transporte

que ilicitamente reduziu e futuras que venha a reduzir, com efeitos a

partir de 1 de Janeiro de 2011, acrescida de juros legais, vencidos e

vincendos. ate integral pagamento.

***

Realizou-se a audiencia de partes a que alude 0

art. 54°, n02, do C6digo de Processo do Traba/ho, frustrando-se a

conciliacao.

**

No prazo legal, a re deduziu contestacao,

propugnando pe/a lrnprocedencia da accao em virtude das disposicoes

legais que entende serem apucavets ao caso, designadamente a Lei do

Orcarnento de Estado (LOE) para 2011, regras essas que 0 autor

sustentou serem inconstitucionais.

**

Prosseguiram os autos para julgamento, tendo as

partes firmado acordo sobre a materia de facto em discussao,

***

2

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Proc. N° 1444/11.8TILSB

11- FUNDAMENTOS.

2.1. Facios provados.

Encontram-se assentes os seguintes factos (face

ao acordo supra-referenciado):

1 - A re e uma empresa do sector empresarial do

Estado (pessoa colectiva de direito privado, com estatuto de sociedade

an6nima de capital exclusivamente publico) e reduziu os salaries dos

trabalhadores associados do autor de forma progressiva quanta as

remuneracoes totais acima dos 1.500,00 € por meso

2 - A reducao incide sobre 0 total dos salanos e

todas as rernuneracoes acess6rias dos trabalhadores, com aplicacao de

um sistema progressivo de taxas de reducao de 3,5% a 10% a partir

daquele limiar.

3 - A reducao dos salaries comecou no rnes de

Janeiro de 2011.

4 - A re congelou aos trabalhadores associados

do autor a evolucao profissional e proqressao na carreira profissional, a

partir de 1 de Janeiro de 2011.

5 - Por forca da aplicacao do Orcarnento de

Estado de 2011, a re alterou 0 estabelecido no acordo de empresa

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Prcc.N" 1444/11.SITLSB

quanto ao subsidio de refeicao, trabalho suplernentar, trabalho nocturno

e abono de ajudas de custo e transporte.

6 - Are reduziu os salaries, congelou a evolucao

profissional e progressao na carreira dos trabalhadores, irnpos a

aplicacao aos trabalhadores do autor ao seu service dos regimes

apllcaveis aos funcionarios publicos, no que respeita ao subsidio de

refeicao, trabalho suplementar, trabalho nocturno e abono de ajudas de

custo e transporte, com fundamento nos arts. 19°, 28° e 31° da Lei do

Orcarnento de Estado (LOE) para 2011 e na Resolucao do Conselho de

Ministros n01/2011 de 4 de Janeiro de 2011.

7 - Com a data de 17 de Agosto de 2010, foi

celebrado entre a re e 0 autor 0 Acordo de Empresa (AE) publicado no

BTE, n034, de 15/9/2010.

8 - 0 referido Acordo de Empresa preve a sua

vig€mcia pelo prazo de 24 meses, salvo quanto as disposicoes de

materia salarial e pecuniarla previstas nos anexos III a V cujo prazo de

vigencia foi de 12 meses, nos termos da clausula 2a, nOs 1 e 2, do

mesmo.

9 - Em 20/10/2010, par despacho conjunto dos

Ministros de Estado e das Finances, e do Trabalho e Salidariedade

Social de 8/10/2010, foi publicada uma separata ao Boletim do Trabalho

e do Emprego n05 (BTE), nos termos do qual passaram a constar as

narmas em causa constantes da entao proposta, a data, LOE para

2011, com incidencia nos trabalhadores com relacao juridica de

emprego regulada pelo C6digo do Trabalho.

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Proc.ND 1444/11.STILSB

***

2.2. Direito aplicave/.

Decorre 0 pedido formulado pelo autor nos

presentes autos da alegada inconstitucionalidade da Lei do Orcarnento

de Estado de 2011, a qual impos reducoes em materia salarial para

trabalhadores afectos ao sector publico, incluindo os que exercem

funcoes em empresas publicae de capital exclusiva ou maioritariamente

publico e em entidades publtcas empresariais.

Opondo-se a pretensao deduzida, sustenta a re

que se limita a cumprir 0 estabelecido ou ordenado no referido

Orcarnento de Estado, diploma que, no seu entender, nao padece dos

vlcios que 0 autor aponta.

Analisemos os argumentos esgrimidos e a sua

validade, sem esquecer que, sobre 0 assunto em apreco, ja se mostra

publicado um Acordao do Tribunal Constitucional (AC nO 396/2011 , y,

disponivel no Diario da Republica, II Serle , n0199, de 17 de Outubro de

2011, e a que tarnbern se pode ter acesso atraves do site do Tribunal

Constitucional), aresto que, nao tendo embora forca obrigat6ria geral,

decidiu nao declarar inconstitucionais as normas em questao.

**

Sob a epigrafe "reduceo remunerat6ria JI e

inserida no capitulo III que se ocupa dos trabalhadores do sector

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publico, 0 art. 19° da Lei n055-A/2010, de 31 de Dezembro (diploma que

aprova 0 Orcarnento do Estado para 2011), tem o seguinte teor:

1- A 1 de Janeiro de 2011 sao reduzidas as

remunerecbes totais ltiqaidee mensais das pessoas a que se ref ere an. 0 9, de valor superior a € 1500, quer estejam em exercfcio de tunooes

naquela data, quer iniciem tal exercicio, a qualquer titulo, depois dele,

nos seguintes termos:a) 3,5 % sabre 0 valor total das remunerecoes

superiores a € 1500 e inferiores a € 2000;

b) 3,5 % sabre 0 valor de € 2000 acrescido de

16% sobre a valor da remunereceo total que exceda as € 2000,

perfazendo uma taxa global que varia entre 3,5 % e 10 % , no caso das

remunerecoes iguais ou superiores a € 2000 ate € 4165;

c) 10 % sobre 0 valor total das remunerecbes

superiores a € 4165.

2 - Excepto se a remunereceo total ilfquidaagregada mensa/ percebida pe/o traba/hadar for inferior ou igua/ a €

4165, caso em que se ap/ica 0 disposto no numero anterior, sao

reduzidas em 10 % as diversas remunerecses, gratificar;oes ou outras

preeiecoes pecunieries nos seguintes casas:

a) Pessoas sem relar;80 jurfdica de emprego com

qua/quer das entidades referidas no n." 9, nestas a exercer tuncoes a

qua/quer outro titulo, excluindo -se as aquisir;oes de servicos pre vistas

no artigo 22.0;

b) Pessoas referidas no n." 9 a exercer tuncces

em mais de uma das entidades mencionadas naque/e numero.

3 - As pessoas referidas no numero anterior

prestam, em cada mes e re/ativamente ao mes anterior, as intormecoes

necessaries para que os orglios e setvicos processadores das

remunerecbes, gratifica<;oes au outras presiecoes pecunieries possam

apurar a taxa de redur;lio eplicevet.

4 - Para efeitos do disposto no presente artigo:

a) Consideram -se remunerecbes totais iliquidas

mensais as que resu/tam do va/or agregado de todas as presiecoes

pecunieties, designadamente, remunerectio base, subsidies,

sup/ementos remunerat6rios, inc/uindo emolumentos, gratificar;oes,

subvencoes, senhas de presence, abonos, despesas de representar;lio

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Proc.N" 1444111.8TILSB

e trabalho suplemenier, extreordtnetio ou em dias de descanso e

feriados;

b) Nao sao considerados os montantes abonados

a titulo de subsidio de reteiceo, ajuda de custo, subsidio de transporle

ou 0 reembolso de despesas efectuado nos termos da lei e os

montantes pecunierios que tenham natureza de prestag80 social;

c) Na determineceo da taxa de redur;ao, os

subsidios de teries e de Natal sao considerados mensalidadesaut6nomas;

d) Os descontos devidos sao calculados sobre 0

valor pecunierio reduzido por epliceceo do disposto nos n.os 1 e 2.5- Nos casos em que da epliceceo do disposto

no presente arligo resulte uma remunereceo total iliquida inferior a €

1500, apJica -se apenas a redur;ao necessaria a assegurar a percepr;80daquele valor.

6 - Nos casos em que apenas parle da

remunereceo a que se referem os n.os 1 e 2 e sujeita a desconto para a

eGA, I. P., ou para a seguranr;a social, esse desconto incide sobre 0

valor que resultaria da aplicar;80 da taxa de redug80 pre vista no n," 1a s

prestecoes pecunieties objecto daquele desconto.

7 - Quando os suplementos remunerat6rios ou

outras prestecoes pecunieries forem fixados em percentagem da

remunereceo base, a reduceo pre vista nos n.os 1 e 2 incide sobre 0

valor dos mesmos, calculado por reterencie ao valor da remunerecec

base antes da epliceceo da redug80.

8 - A reoucso remunerat6ria pre vista no

presente arligo tem por base a remunereciio total i/iquida apurada ap6s

a epticeceo das reducoes pre vistas nos arligos 11.° e 12.° da Lei

n.o12A12010, de 30 de Junho, e na Lei n." 4712010, de 7 de Setembro,

para os universos neles referidos.

9 - 0 disposto no presente artigo a eplicevet aos

titulares dos cargos e demais pessoal de seguida identificado:a) 0Presidente da Republica;

b) 0Presidente da Assembleia da Republica;

c) 0Primeiro -Ministro;

d) Os Oeputados a Assembleia da Republica;

e) Os membros do Governo;

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f) Os jufzes do Tribunal Constitucional e juizes do

Tribunal de Conies, 0 Procurador -Geral da Republica, bem como os

magistrados judicia is, magistrados do Ministerio Publico e juizes da

jurisdir;80 administrativa e fiscal e dos julgados de paz;

g) Os Representantes da Republica para as

regioes aut6nomas;

h) Os deputados as Assembleias Legis/ativas das

regioes aut6nomas;i) Os membros dos governos regionais;

j) Os governadores e vice -governadores civis;

I) Os eleitos locais;

m) Os titulares dos demais 6rgaos constitucionais

nao referidos nas alineas anteriores, bem como os membros dos 6rgaos

dirigentes de entidades administrativas independentes, nomeadamente

as que funcionam junto da Assembleia da Republica;

n) Os membros e os trabalhadores dos

gabinetes, dos 6rgaos de gesUio e de gabinetes de epoio, dos titularesdos cargos e 6rgaos das alineas anteriores, do Presidente e Vice

-Presidente do Conselho Superior da Magistratura, do Presidente e Vice

-Presidente do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e

Fisceis. do Presidente do Supremo Tribunal de Justice, do Presidente e

juizes do Tribunal Constitucional, do Presidente do Supremo Tribunal

Administrativo, do Presidente do Tribunal de Contas, do Provedor de

Justice e do Procurador -Geral da Republica;0) Os militares das Forces Armadas e da Guarda

Nacional Republicana, incluindo os jufzes militares e os militares que

integram a assessoria militar ao Ministerio Publico, bern como outras

torces militarizadas;

p) 0 pessoal dirigente dos setvicos da

Presidencie da Republica e da Assembleia da Republica, e de outrosservices de apoio a 6rgaos constitucionais, dos demais services e

organismos da eamintstreceo central, regional e local do Estado, berncomo 0 pessoal em exercfcio de tuncoes equiparadas para efeitos

remunerat6rios;

q) Os gestores publicos, ou equiparados, os

membros dos 6rgaos executivos, de/iberativos, consuiiivos, de

fiscalizar;ao ou quaisquer outros 6rgaos estatutarios dos institutos

pabucos de regime geral e especial, de pessoas colectivas de direito

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Proc . N ° 1444 /1 1 . 8TTLSB

publico dotadas de independencie decorrente da sua integrar;ao nas

areas de regular;ao, supervisee ou controto, das empresas publices de

capital exclusiva ou maioritariamente publico, das entidades publicas

empresariais e das entidades que integram 0 sector empresarial

regional e municipal, das tundecoes poblices e de quaisquer outras

entidades pubtices;

r) Os trabalhadores que exercem tuncoes

publicee na Presidencie da Republica, na Assembleia da Republica, emoutros 6rgaos constitucionais, bem como os que exercem tuncoes

publicas, em qualquer modalidade de relar;80 jurfdica de emprego

publico, nos termos do disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 2.0 enos n.os

1, 2 e 4 do artigo 3.0 da Lei n." 12 -Al2008, de 27 de Fevereiro, alterada

pelas Leis n.os 64 -Al2008, de 31 de Dezembro, e 3 -812010, de 28 de

Abril, incluindo os trabalhadores em mobilidade especial e em licence

extra ordinaria;

s) Os trabalhadores dos institutos pubucos de

regime especial e de pessoas colectivas de direito publico dotadas de

independencia decorrente da sua inteqreceo nas areas de regular;ao,supetvistio ou contralo;

t) Os trabalhadores das empresas publicas de

capital exclusiva ou maioritariamente publico, das entidades publicas

empresariais e das entidades que integram 0 sector empresarial

regional e municipal, com as adaptar;oes autorizadas e justificadas pela

sua natureza empresaria/;

u) Os trabalhadores e dirigentes das tundecoes

publicas e das estabelecimentos publicos nao abrangidos pelas alfneas

anteriores;

v) 0 pessoal nas situar;oes de reserve, pre

eposenteceo e disponibilidade, fora de efectividade de setvico, que

beneficie de orestecoes pecunieties indexadas aos vencimentas do

pessoal no activo.

10 - Aos subscritores da Caixa Geral de

Aposentar;oes que, ate 31 de Dezembro de 2010, reunem as condicoes

para a eposenteceo ou reforma voluntene e em relar;ao aos quais, de

acordo com 0 regime de eposenieceo que Ihes e aplicavel, 0 cetcuio dapenseo seja efectuado com base na remunereceo do cargo it data daeposenteceo, nao Ihes e epticevet, para efeito de ceiculo da penstio, aredur;ao prevista no presente artigo, considerando -se, para esse eteiio,

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Proc . N° 1444 /11 .8TTLSB

a remunereceo do cargo vigente em 31 de Oezembro de 2010,

independentemente do momento em que se apresentem a requerer aaposentar;ao.

11 - 0 regime fixado no presente artigo tern

natureza imperativa, prevalecendo sobre quaisquer outras normas,

especiais ou excep cionais, em contretio e sabre instrumentos de

regulamentar;ao colectiva de trabalho e contratos de traba/ho, nao

podendo ser afastado ou modificado pelos mesmos.

Por sua vez, 0 art. 280 da mesma Lei, sob a

epfgrafe "subskiio de reteiceo', disp6e 0 seguinte:

1 - Sem prejutzo do disposto no numero

seguinte, 0 valor do subsfdio de refeir;ao abonado aos titulares dos

cargos e demais pessoal a que se refere 0 n." 9 do artigo 19.0, noscasos em que, nos termos da lei ou por acto proprio, tal esteja previsto,

neo pode ser superior ao valor fixado na Portaria n.D 1553 -012008, de

31 de Dezembro, alterada pela Porierie n." 145812009, de 31 de

Oezembro.

2 - A petiir da data da entrada em vigor da

presente lei os valores percebidos a 31 de Oezembro de 2010 a titulo desubskiio de refeir;ao que neo coincidam com 0 montante fixado na

portaria referida no numero anterior nao sao objecto de qua/quer

actualizar;ao ate que esse montante atinja aquete valor.3 - 0 regime fixado no presente artigo tern

natureza imperativa, prevatecendo sobre quaisquer outras normas,

especiais ou excepcionais, em contrerio e sobre instrumentos de

regulamentar;ao colectiva de trabalho e contratos de traba/ho, nsopodendo ser afastado ou modificado pelos mesmos.

Por ultimo norma que tarnbern vem

referenciada nos autos e que fundamentou, a par das restantes, a

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reducao remunerat6ria/congelamento da proqressao na carreira -

estabelece 0 art. 31° da LOE:

Aditamento eo Decreta -Lei n:" 558/99, de 17

de Dezembro

E aditado ao Decreto -Lei n." 558/99, de 17 de

Dezembro, alterado pelo Decreto -Lei n. 0 300/2007, de 23 de Agosto, epela Lei n." 64 -Al2008, de 31 de Dezembro, 0 artigo 39.0 -A, com aseguinte redecceo:

«Artigo 39.0 -A

Regime remuneretorio

1 - E eplicevet 0 regime previsto para os

trabalhadores em fungoes ouolices do subsfdio de refeigao e do abono

de ajudas de custo e transporte par deslocecoes em tertitorio pottuques

e ao estrangeiro devidas aos titulares de orgaos de administragao ou de

gestao e aos trabalhadores das entidades publices empresaria is,empresas publices de capital exclusiva e maioritariamente publico e

entidades do sector empresariallocal ou regional.

2 - A retribuig80 devida por trabalho suplementar

prestado por trabalhadores das entidades referidas no numero anterior eaplicavel 0 regime previsto para a remunereceo do trabalho

extreorainerio prestado por trabalhadores em fungoes publices, nos

termos do Regime do Contrato de Trabalho em Fungoes Publices.

3 - A retribuig80 devida por trabalho nocturno

prestado par trabalhadores das entidades referidas no n. 0 1 e aplic8vel0

regime previsto para a remunereceo do traba/ho nocturno prestado par

trabalhadores em fungoes pubtices, nos termos do Regime do Contrato

de Trabalho em Fungoes Puolices. 4 -o regime fixado no presente artigo tern natureza imperativa,

prevalecendo sobre quaisquer outras normas, especiais ou

excepcionais, em contrerio e sobre instrumentos de regulamentag80

colectiva de trabalho, com excepc;ao das cisposicoee sabre trabalho

suplementar e nocturno constantes de legis/agao especial e de

instrumentos de regulamentagao colectiva de trabalho epticeveis aosprofissionais de seude, neo podendo ser afastado ou modificado pelos

mesmos.»

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Como e bom de ver, as normas orcarnentais que

impuseram os limites que 0 autor vem colocar em questao, para alern

de se sobreporem ao IReT (in casu, Acordo de Empresa) celebrado

entre as partes, tarnbern revogam 0 regime previsto no art. 129°, n01,

elInea d), do C6digo do Trabalho, preceito este que. no domlnio dasgarantias do trabalhador. disp6e que e proibido ao empregador diminuir

a retribuicao, salvo nos casos previstos no C6digo ou em instrumento de

regulamentacao colectiva de trabalho.

Assirn, a primeira vista, 0 problema pareceria de

facil resolucao, dada a possibilidade que 0 legislador tern, em termos

gerais, de proceder a alteracoes dos diplomas que regulam as relacoesde trabalho.

No entanto, a questao tern outras .mpllcacoes,

dado 0 quadro normativo que nos rege, particularmente a Constituicao

da Republica Portuguesa (CRP).

Vejamos, por isso, a questao no plano

constitucional como achamos que a mesma deve ser colocada.

**

o ponto de partida, em nosso entender, salvo

melhor opiniao, passa pela analise das normas de caracter

constitucional que se ocupam dos direitos, liberdades e garantias,

particularmente, no que ao caso importa, os direitos, liberdades e

garantias dos trabalhadores previstos nos arts. 53° a 57° da CRP.

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Proc.N° 1444/11.STILSB

Compulsado 0 quadro constitucional vigente,

desde logo salta a vista 0 que nos parece ser uma evidencia e que se

traduz no seguinte: nao existe ou nao esta estabelecida uma limitacao,

em termos genericos, no sentido de que a retribuicao - a prestacao

essencial que os trabalhadores auferem por forca de uma relacao

laboral - nao possa ser reduzida, com excepcao dos casos em que

essa reducao atinja urn valor excessivo que ponha em causa a

dignidade do trabalhador enquanto pessoa.

Dito por outras palavras, a retribuicao nao parece

ter garantia constitucional no sentido da sua irredutabilidade, salvo nas

situacoes em que seja violado 0 principio estabelecido no art. 59°, n01,

alfnea a), da CRP, segundo 0 qual 0 salario deve garantir uma

existencia condigna.

E sendo assim, tambem nao se pode falar de

uma violacao do art. 18°, n02. da Lei Fundamental, disposicao que preve

que a lei s6 pode restringir os direitos liberdades e garantias nos casos

expressamente previstos na Constituicao, devendo as restricoes

limitar-se ao necessario para salvaguardar outros direitos au interesses

constitucionalmente protegidos.

Esclarecido este ponto previa - e essencial, a

nosso ver - cabe perguntar se as normas aprovadas violarao outras

disposicoes constitucionais, como e 0 case - tese sustentada pelo

autor - dos arts. 105°, nOs1 e 3, 106°, n01, 56°, n02, alinea a), 2°, 62° e

13° - que referimos, por facilidade de sxposicao, de acordo com a

sequencia adoptada no articulado inicial.

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Proc.N" 1444/11.STILSB

**

Conteudo e limites das leis orcarnentais.

o art. 105° (sob a epfgrafe "orcemento 'v . nOs1 e

3, da CRP, dispoe 0 seguinte:

1.0 Orcemento do Estado contem:

a) A aiscnmineceo das receitas e despesas do

Estado, incluindo as dos fundos e servicos aut6nomos;

b) 0orcemenio da sequrence social.

3. 0 Orcemenio e uniieno e especifica as

despesas segundo a respectiva ctessiticecso orqemce e funciona/, de

modo a impedir a exisiencie de doiecties e fundos secretos, podendo

ainda ser estruturado por program as.

Por sua vez, 0 art. 106°, n01, da eRP reporta-se

ao caracter anual da Lei do Orcarnento.

Salvo melhor opiniao, nao colhem os argumentos

do autor quanto a inconstitucionalidade por alegada violacao das

normas em apreco.

Conforme se escreveu no Acordao do TC que

citarnos - e que aqui acompanhamos - estamos perante "medides de

cerecier orcemeniet, com 0 regime correspondente" , dada a

repercussao evidente que as normas aprovadas tern ao nivel da

despesa publica, par se tratar de entidades que, embora de natureza au

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Proc.N° 1444/11.8TILSB

caracter empresarial - como e 0 caso da re -, tern capital exclusiva ou

maioritariamente publico, com tudo 0 que isso acarreta,

designadamente ao nivel dos investimentos e das transferencias

financeiras (verbas) que 0 Estado suporta.

E nao se podera entender - aqui sob pena de

clara inconstitucionalidade, se fosse 0 caso - que as normas

1 - impugnadas tern um caracter plurianual, dado 0 seu teor e a inexistencia

de qualquer ressalva no conjunto da Lei da Orcarnento - isto tudo sem

embargo, conforme tarnoern se escreveu no Acordao do Te, de

existirem indicios que assim podera ser, indicios, no entanto, que terao

de ser, do ponto de vista legislativo, confirmados em orcarnentos

subsequentes.

**

Direito de participacao na legisla~ao laboral.

Nos termos previstos no art. 56°, n02, allnea a),

da Lei Fundamental, constitui direito das associacoes sindicais

participar na elaboracao da leqislacao do trabalho.

o autor defende que a norma em apreco foi

violada em virtude de, alegadamente, no processo legislativo que

conduziu a aprovacao da Lei do Orcarnento, nao ter side ouvida acerca

das normas que imp5em restricoes de caracter remunerat6rio.

Tarnbern quanto a este ponte, nao podemos

aceitar a arqurnentacao doutamente expend ida na peticao inicial.

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Proc ,N ° 1444111 ,ST ILSB

o direito constitucionalmente consagrado tem

desenvolvimentos na legislac;ao ordinaria, particularmente no art. 470°

do C6digo do Trabalho, norma esta que disp5e que qualquer projecto ou

proposta de lei s6 pode ser discutido e votado pela Assembleia da

Republica depois de as associacoes sindicais se terem podido

pronunciar sobre ele.

Mas a forma de participacao a que 0 art. 4700

alude e exercida nos termos previstos no art. 472°, n01, aHnea a), do

mesmo C6digo - publicacao da proposta no Diario da Assembleia da

Republica, por se tratar de legislac;ao a aprovar por esse 6rgao de

soberania.

No caso vertente, constata-se que para alern da

publicacao - no BTE - referida no ponto 9 dos factos provados, foi ainda

publicada, em separata ao Diario da Assembleia da Republica (separata

n029, de 27 de Outubro de 2010, que pode ser consultada em

http://www.parlamento.pt) a proposta de lei n042/XI, que inclui, entre

outras, as normas impugnadas pelo autor.

Nao existem, pols, razoes de ordem

procedimental que conduzam a conclusao formulada pelo demandante

quanto a este ponto, cabendo, por isso, analisar as restantes quest5es

suscitadas.

**

16

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Proc.N° 1444/11.STILSB

Oas alegadas violacoes do principle da confianca

(expectativa relativamente a situacoes juridicas constituidas) e de

direitos de caracter patrimonial constitucionalmente protegidos.

Com fundamento na violacao dos arts. 2° e 62°

da Lei Fundamental, sustenta 0 autor a inaplicabilidade das normas

orcamentais que impugnou, 0 que decorreria, por um lado, de um

princfpio fundamental que vem inserido no referido art. 2° e, por outro,

de um direito de natureza ou caracter econ6mico (inserido no Titulo III -

mais vasto - que abrange direitos e deveres econ6micos, socia is e

culturais).

o art. 2° da CRP dispoe que uA Republica

Portuguesa e urn Estado de direito demo ere tico, baseado na soberania

popular, no pluralismo de expressiio e organizaQ8o polftica

democreiices, no respeito e na garantia de efectivaQ80 dos direitos e

liberda des fundamentais e na separag80 e interdependencie de

poderes, visando a realizaQ80 da democracia econ6mica, social e

cultural eo aprofundamento da democracia participativa."

Par sua vez, a art. 62° tem a seguinte redaccao:"

1. A todos e garantido 0 direito a propriedade

privada e a sua trensmissiio em vida ou por motte, nos termos da

ConstituiQ80.

2. A requisiQ80 e a expropriaQ8o por utilidade

publica s6 podem ser efectuadas com base na lei e mediante 0

pagamento de justa inaemntzecso:

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Proc.N" 1444/11.8TTLSB

Embora sejam pastas em causa, de forma

inequlvoca, direitos com expressao patrimonial, parece-nos forcado que

se defenda, no caso concreto, que seja afectado 0 principle da

confianca fnsito no Estado de Direito ou sequer que estejamos perante

um confisco nao permitido pela Constituicao.

As atribuicoes patrimoniais dependem sernpre,

em cada momento historlco, de condicoes de facto que permitam a sua

efectivacao, condicoes essas que, como e sabido, se alteraram de

forma drastlca em anos mais recentes, com uma crise de caracter

econ6mico e financeiro sem precedentes que afectou urn vasto conjunto

de paises a nivel rnundial, entre os quais se inclui 0 nosso.

Independentemente deste aspecto, a verdade eque nao se vislumbra em que termos e que se pode sustentar,

invocando a CRP, a intangibilidade das remuneracoes com base no

indicado princlpio (confianca) ou ainda com suporte na violacao do

direito a propriedade pr.vada, uma vez que nao existe qualquer outra

norma na Lei Fundamental ou sequer um principio - a excepcao do

limite que ja referimos a prop6sito do art. 59°, n01, alinea a) - do qual

decorra - mesmo que de forma subliminar - nao ser possivel a

imposicao de tectos remunerat6rios ou a reducao - em termos que,

obviamente, tern de ser razoaveis, face ao mesmo art. 59°, n01, alinea

a) - da retribuicao dos trabalhadores visados.

Esclarecidos todos os pontos precedentes,

cumpre analisar a ultima questao suscitada nos autos e que se prende

com a alegada violacao do principia insito no art. 13° da CRP.

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**

o art. 13°, n01, da Lei Fundamental - com

desenvolvimentos no n02 - prescreve, no quadro dos direitos e deveres

fundamentais, 0 princlpio da igualdade de todos os cidadaos perante a

lei.

Trata-se de urn principio basilar do nosso Estado

de Direito, que, se violado, irnplica a inconstitucionalidade material do

diploma que consagre uma solucao em sentido contrario.

Tera esse principio side violado no caso vertente

?

Relativamente a este ponto, e nosso

entendimento, salvo melhor opiniao, que a Lei do Orcarnento de Estado

para 2011, na parte que consagra a reducao/restricao das

rernuneracoes de trabalhadores da adrninistracao publica e de

trabalhadores sujeitos a regime privado (contrato de trabalho), mas que

desempenham funcoes para entidades cujo capital e maiorltaria ou

integralmente publico, e materialmente inconstitucional, por violacao de

um direito fundamental que decorre da nossa Constituicao (igualdade

perante a lei).

"

Na verdade como fundamentar e justificar -

mesmo com razoes de dificuldade orcarnental - 0 tratamento

discriminat6rio que e dado aos funcionarios publicos e a trabalhadores

que exercem funcoes no sector publico (empresarial do Estado)

relativamente a trabalhadores que, pela simples circunstancia de

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desempenharem a sua actividade no sector privado, nao sao

abrangidos pelos limites impostos pela LOE?

Nao e este 0 lugar proprio para dissecar - outros

foros serao adequados para 0 efeito - as razoes que levaram a adopcao

de medidas tao gravosas, as quais, embora nao violadoras, como se

defendeu, de outros preceitos constitucionais, violam - e, aqui, de forma

que julgamos clamorosa - um principio fundamental do Estado de

Direito - a igualdade perante a lei.

Nao encontramos, no diploma aprovado e em

vigor, qualquer razao justificativa vallda que legitime restricoes desta

natureza, tanto mais que, como e sabido - e aqui tarnbern nao eo lugar

proprio para se encetar a respectiva discussao - outras medidas

poderiam ser adoptadas, de forma a, se nao a eliminar, pelo menos a

reduzir 0 impacto que as regras orcarnentais tern vindo a ter no universo

dos visados pelo seu ambito.

No Acordao do Tribunal Constitucional ja citado,

tres insignes Conselheiros (Carlos Pamplona de Oliveira, J. Cunha

Barbosa e Joao Cura Mariano) pronunciaram-se no sentido da

inconstitucionalidade das normas em questao, por violacao, a par de

outros, do principle que, em nosso modesto entender, tarnbem se

mostra violado.

As respectivas declaracoes de voto sao lapidares

a prop6sito desta materia, impondo-se a sua transcricao parcial, nos

termos que seguem:

"0 legis/ador nEW este impedido de, na

prossecuciio ou sa/vaguarda de outros direitos ou interesses

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conslitucionalmente protegidos, que merecem prevetencie, alterar 0

conteuao daque/as situar;oes remunerat6rias, desde que tal medida,

para a/em de necessaria, neo seja erbitrerie.

Ora, a justificar;80 concretamente invocada para

fundamentar a aprovar;ao das normas que determinam corles ereducoes nos selerio« dos tuncionerios revela que 0 interesse publico

que tais normas visam proteger diz respeito a comunidade no seu

conjunto, a generalidade dos ckiedeos, e neo, unicamente, aostuncionerios pubticos, grupo que, no entanto, e exclusivamente afectado

pela referida redw;ao sa/arial.

Inexiste, em consequencie, urna especifica

justificar;80 para afectar, de forma exclusive, esses trabalhadores, tendo

em conta que a finalidade que 0 legis/ador ambiciona obter pode

igua/mente ser alcanr;ada estendendo a generalidade dos cidadaos os

encargos necessetios a resoluceo dos problemas financeiros nacionais

por via de simples medidas de natureza tributaria, de facil concretizeceo

preiice." (Carlos Pamplona de Oliveira)."Tel redur;ao remunerat6ria tem como escopo

principal a satisfar;ao encargos publicos (no caso, etreves da sua

diminuir;80), permitindo que se atinja um maior equilibrio financeiro,

entre a despesa e a receita, a expressar a nivel do Orcemenio do

Estado, obstando, a final, a um aumento da divida soberana e, bem

assim, a permitir que seja alcanr;ada uma maior sustentabilidade

econ6mico -financeira do pais.

Porem, tal objective, de manifesto a/cance

nacional, neo pode deixar de integrar interesse publico geral aprosseguir por todos os que se encontrem nas mesmas condicoes

remunerat6rias previstas nas normas em causa, que ja nao e tao s6

pelos que transporlem a 'macula' de exercicio de tuncoee em regime

especifico de tuncso publica, sob pena de aisctimineceo negativa, no

minima, injusta, ja que por rezoes; como se deixou dito, meramente

s6cio -profissionais, e em contrevenceo do disposto no arligo 13.° n.° 2da CRP (ct., ainda, artigos 18.°, n." 3 e 59.°, n." 1, alfnea a) da CRP).

Na realidade, sem embargo de se poder

reconhecer que0

interesse publico geral, cuja definir;ao compete aolegis/ador (a lei), justlttcer« a medida adoptada, sernpre resiere por

explicar a contineceo dos seus encargos a um universo restrito ou

especifico de pessoas, como seja, aos que exercem tuncoe« ou

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actividade em regime de tunceo publica, sendo certo que estes poderso

ver a sua situagao ainda meis agravada (para elem da redur;ao da

'messe salarial,) em tunceo de aumentos de impostos ou taxas que

lmpendertio, naturalmente, sobre um universe de pessoas que,

originariamente e em tunceo do interesse publico em causa, deveria

responder: atento 0 principio da igualdade, pelos encargos dele

resultantes, interesse esse que, obviamente, neo e especifico dos que

exercem fungoes publicas." (J. Cunha Barbosa).Ora, se 0 fim perseguido e uma redur;ao drestice

do aetice das contas pubticee, 0 mesmo tanto podera ser obtido por via

do aumento da receita como pela via da diminuigao da despesa.

Sabe -se que nso e indiferente 0 combate ao

detice pelo lado da receita ou pelo lado da despesa, atenta a diferenr;ados efeitos colaterais na economia destas opcoes, nao podendo este

Tribunal cercear a liberdade do legis/ador escolher 0 caminho que

considera mais eficaz para atingir 0 seu objective, como refere 0

presente ecottieo.

Contudo, quando 0 corte da despesa e efectuado

etreves da redur;ao dos vencimentos dos tuncionetios publicos, aessencialidade dos referidos efeitos colaterais coincide com as

consecuencies duma tnbuteceo dos rendimentos - redugao do poder

de compra da poputeceo, com reflexos na procura interna.

Nao este demonstrado que exista uma diferenr;a

significativa nos efeitos da opgao da redur;iio dos vencimentos dos

tuncionetios publicos, relativamente a uma tributar;iio acrescida dos

rendimentos de todos os cidadiios, sendo certo que ambas elcencetiem

o objective de redur;ao do dettce publico, com menores encargos para

os tuncionerios publicos, uma vez que a distribuir;iio do sacriffcio

recairia sobre um universo substancialmente mais alargado. Alem de

que, estando nos perante um objective de interesse comum a todos os

ckieaeos, era indiscutivelmente mais justo que a medida de reaucso dos

rendimentos pariiculares nao atingisse apenas os trabalhadores da

funr;ao publica." (Joao Cura Mariano).

Padecem. pois. as normas do OE para 2011 -que imp5em as apontadas restric6es - de inconstitucionalidade material

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Pr oc .N° 1444 /1 1 . 8TTLSB

par violacao do art. 13°, n01, da Constituicao da Republica Portuguesa,

que consagra a principio da igualdade dos cidadaos perante a lei, (cf.,

para maiores desenvolvimentos, J.J. Gomes Canotilho, "Direito Constitucional e

Teoria da Constituicao", 3a ed., 1999, paqs, 398 a 405), pelo que, sem

necessidade de esclarecimentos complementares, devera decidir-se no

sentido da procedencia da accao, com as legais consequencias.

*****

/11- DEC/sAo.

Nestes termos, julgo a presente acetio

procedente e. em conseguencia. decido:

a) Condenar a re a pagar aos trabalhadores ao

seu servico associados no autor a parte das remuneracoes que reduziu

e futuras que venha a reduzir, com fundamento na LOE para 2011, com

efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2011, acrescidas de juros de mora

legais, vencidos e vincendos, ate integral pagamento.

b) Condenar a re a fazer a evolucao profissional e

progressao na carreira profissional dos trabalhadores ao seu servico

associados no autor, com efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2011, caso

tal evolucao/progressao sela negada/restringida com fundamento na

LOE para 2011.

c) Condenar a re a pagar aos trabalhadores ao

seu servico associ ados no autor as partes pecuniarias dos subsidios de

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refeicao, trabalho suplementar, trabalho nocturno e abono de ajudas de

custo e transporte que reduziu e futuras que venha a reduzir, com

fundamento na LOE para 2011, com efeitos a partir de 1 de Janeiro de

2011, acrescida de juros legais, vencidos e vincendos, ate integral

pagamento.

d) Condenar a re no pagamento das custas

decorrente do presente litigio (sendo 0 valor da causa 0 indicado na

peticao iniciaJ).

e) Ordenar 0 registo e notificacao da presente

sentence.

Lisboa, 22 de Dezembro de 2011

24