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Serviço de Acolhimento em República Quais as características do Serviço de Acolhimento em Repúblicas? O Serviço de Acolhimento em República trabalha através da oferta de proteção, apoio e moradia maiores de 18 anos em situação de abandono, vulnerabilidade e risco pessoal e social, com vínculos familiares r extremamente fragilizados e sem condições de moradia e autossustento. O atendimento deve apoiar a construção e o fortalecimento de vínculos comunitários, a integra social e o desenvolvimento da autonomia das pessoas atendidas. Sempre que possível, a definição dos moradores da república ocorrerá de forma participativa e técnica, de modo que, na composição dos grupos, sejam respeitados afinidades e vínculos previamente construídos. Assim como nos demais equipamentos da rede socioassistencial, as edificações utilizadas no se deverão respeitar as normas de acessibilidade, de maneira a possibilitar a inclusão de pessoas com deficiência. A quem este serviço é destinado? Jovens: Destinado, prioritariamente a jovens entre 18 e 21 anos após desligamento de serviços de acol e adolescentes ou em outra situação que demande este serviço. Possui tempo de permanência limitado, podendo se prorrogado em função do projeto individual formulado em conjunto com o profissional de referência. O atendimento d qualificação e inserção profissional e a construção de projeto de vida. As Repúblicas para jovens devem ser organizadas em unidades femininas e unidades masculinas, rede, o atendimento a ambos os sexos, conforme demanda local, devendo ser dada a devida atenção à perspectiva de planejamento político-pedagógico do serviço. O serviço deverá ser organizado segundo os princípios, diretrizes e orientações constantes no “Orientações Técnicas: Serviços para Criança e Adolescente”. Adultos em processo de saída das ruas: Destinado a pessoas adultas com vivência de rua em fase de reinserção social, que estejam em restabelecimento dos vínculos sociais e construção de autonomia. Possui tempo de permanência limitado, podendo ser reavali

Serviço de Acolhimento em República

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Page 1: Serviço de Acolhimento em República

Serviço de Acolhimento em RepúblicaQuais as características do Serviço de Acolhimento em Repúblicas?

O Serviço de Acolhimento em República trabalha através da oferta de proteção, apoio e moradia a grupos de pessoas maiores de 18 anos em situação de abandono, vulnerabilidade e risco pessoal e social, com vínculos familiares rompidos ou extremamente fragilizados e sem condições de moradia e autossustento.

O atendimento deve apoiar a construção e o fortalecimento de vínculos comunitários, a integração e a participação social e o desenvolvimento da autonomia das pessoas atendidas. 

Sempre que possível, a definição dos moradores da república ocorrerá de forma participativa entre estes e a equipe técnica, de modo que, na composição dos grupos, sejam respeitados afinidades e vínculos previamente construídos.

Assim como nos demais equipamentos da rede socioassistencial, as edificações utilizadas no serviço de república deverão respeitar as normas de acessibilidade, de maneira a possibilitar a inclusão de pessoas com deficiência.

A quem este serviço é destinado?

Jovens: 

Destinado, prioritariamente a jovens entre 18 e 21 anos após desligamento de serviços de acolhimento para crianças e adolescentes ou em outra situação que demande este serviço. Possui tempo de permanência limitado, podendo ser reavaliado e prorrogado em função do projeto individual formulado em conjunto com o profissional de referência. O atendimento deve apoiar a qualificação e inserção profissional e a construção de projeto de vida.

As Repúblicas para jovens devem ser organizadas em unidades femininas e unidades masculinas, garantindo-se, na rede, o atendimento a ambos os sexos, conforme demanda local, devendo ser dada a devida atenção à perspectiva de gênero no planejamento político-pedagógico do serviço.

O serviço deverá ser organizado segundo os princípios, diretrizes e orientações constantes no documento “Orientações Técnicas: Serviços para Criança e Adolescente”.

Adultos em processo de saída das ruas: 

Destinado a pessoas adultas com vivência de rua em fase de reinserção social, que estejam em processo de restabelecimento dos vínculos sociais e construção de autonomia. Possui tempo de permanência limitado, podendo ser reavaliado e prorrogado em função do projeto individual formulado em conjunto com o profissional de referência. As repúblicas devem ser organizadas em unidades femininas e unidades masculinas. O atendimento deve apoiar a qualificação e inserção profissional e a construção de projeto de vida.

Idosos: 

Destinada a idosos que tenham capacidade de gestão coletiva da moradia e condições de desenvolver, de forma independente, as atividades da vida diária, mesmo que requeiram o uso de equipamentos de auto-ajuda.

Quais os objetivos do Serviço de Acolhimento em Repúblicas?

Os objetivos deste serviço são:

- Proteger usuários, preservando suas condições de autonomia e independência;- Preparar os usuários para o alcance da auto-sustentação;- Promover o restabelecimento de vínculos comunitários, familiares e/ou sociais;- Promover o acesso à rede de políticas públicas.

Quais as formas de acesso?

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- Por encaminhamento de agentes institucionais do Serviço em Abordagem Social;- Por encaminhamento do CREAS, demais serviços e/ou de outras políticas públicas.- Demanda espontânea.

Quais são os requisitos para a implantação deste serviço no município?

De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, os municípios que desejam realizar a implantação do Serviço de Acolhimento em República, devem cumprir uma série de provisões que determinam os espaços e materiais necessários para sua implantação. São elas: 

• Ambiente físico: moradia subsidiada; endereço de referência; condições de repouso; espaço de estar e convívio; guarda de pertences; lavagem e secagem de roupas; banho e higiene pessoal; vestuário e pertences, com acessibilidade em todos seus ambientes, de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 

• Recursos materiais: material permanente e material de consumo necessário para o desenvolvimento de serviço, tais como mobiliário, computador, impressora, telefone, camas, colchões, roupa de cama e banho, utensílios para cozinha, alimentos, material de limpeza e higiene, vestuário, brinquedos, entre outros. 

• Recursos Humanos: de acordo com a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS).

• Específicos para jovens: de acordo com a NOB-RH/SUAS e o documento das Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes. 

• Trabalho social essencial ao serviço: acolhida/recepção; escuta; construção de plano individual e/ou familiar de atendimento; desenvolvimento do convívio familiar, grupal e social; estudo social; orientação e encaminhamentos para a rede de serviços locais; protocolos; acompanhamento e monitoramento dos encaminhamentos realizados; elaboração de relatórios e/ou prontuários; trabalho interdisciplinar; diagnóstico socioeconômico; informação, comunicação e defesa de direitos; orientação para acesso à documentação pessoal; atividades de convívio e de organização da vida cotidiana; inserção em projetos / programas de capacitação e preparação para o trabalho; mobilização para o exercício da cidadania; articulação da rede de serviços socioassistenciais; articulação com os serviços de políticas públicas setoriais; articulação interinstitucional com os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos. 

• Unidade: república 

• Período de funcionamento: ininterrupto (24 horas).

• Abrangência: municipal ou regional. 

• Articulação em rede: demais serviços socioassistenciais e serviços de políticas públicas setoriais; programas e projetos de formação para o trabalho, de profissionalização e de inclusão produtiva; serviços, programas e projetos de instituições não governamentais e comunitárias; demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos.

Quais são os critérios de cofinanciamento dos serviços da Proteção Social Especial de Alta Complexidade?

A partir da implantação da Norma Operacional Básica (NOB/SUAS 2005), os critérios para o cofinanciamento federal dos serviços da Proteção Social Especial (PSE) de Alta Complexidade são pactuados na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e deliberadas no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).

Os recursos destinados ao cofinanciamento de tais serviços são transferidos de forma regular e automática do Fundo Nacional de Assistência Social para os Fundos de Assistência Social dos municípios, estados e Distrito Federal, por meio de Pisos de Alta Complexidade (conforme Portaria nº 440/2005, Art. 6º, e Portaria nº 460/2007, Art. 3º.). 

A expansão da cobertura para novos municípios ou ampliação dos valores já repassados depende da disponibilidade de recursos orçamentários, da definição de critérios de partilha e elegibilidade pautados em diagnósticos sociais e da capacidade de gestão dos municípios, estados e Distrito Federal para a execução, acompanhamento e monitoramento das ações. 

Como ter acesso à Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais?

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A Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais está disponível na Biblioteca do Portal do MDS no seguinte caminho: www.mds.gov.br – Assistência Social – Biblioteca (Menu “ Saiba Mais” à direita da tela).

Caso a sua dúvida não tenha sido esclarecida, envie seu e-mail clicando aqui.

ExperiÊncia em SÃO PAULORepúblicas preparam jovens para vida longe dos abrigosPor Thiago Borges para Infosurhoy.com

No Brasil, adolescentes que estavam sob a tutela do estado passam a morar

em casas independentes ao completar 18 anos e, com a ajuda de

profissionais, são encaminhados para o mercado de trabalho.

Stephanie, 19, morou em abrigo por mais de um ano e, desde os 18, vive na república jovem mantida

pela prefeitura no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo. (Thiago Borges para Infosurhoy.com)

SÃO PAULO, Brasil – Para Stephanie, 19 anos, a chegada a uma república de jovens no bairro da Lapa, em São

Paulo, trouxe a chance de conquistar a independência – e até sonhar com uma carreira artística.

“Aqui, temos que andar com as próprias pernas”, diz a jovem, que não quis ter seu sobrenome publicado. “Agora

estou terminando o ensino médio e gosto de compor músicas. Já compus mais de 200.”

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Depois de sair de casa, aos 15 anos, Stephanie morou em um abrigo público para adolescentes por mais de um ano.

Ao completar 18, foi encaminhada à instituição na Lapa, onde vive com outras três meninas da mesma faixa etária.

Ela prepara a própria comida, lava suas roupas e mantém a casa em ordem. O que para muitos pode parecer pouco,

para ela, é um grande passo para a vida adulta.

“Antes, eu tinha tudo à mão. Agora, eu mesma tenho que fazer”, diz Stephanie, enquanto lava a louça.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina que brasileiros menores de 18 anos que vivem nas ruas ou

não têm suporte familiar sejam acolhidos pelo Estado em abrigos. Quando os jovens completam a maioridade, eles

são obrigados a sair.

Mas muitos não têm para onde ir.

Nas ruas, eles estão vulneráveis ao desemprego – que atingiu 13,7% dos jovens no país em 2012, segundo a

Organização Internacional do Trabalho (OIT). A média nacional no mesmo período foi de 5,5%.

Reportagens Relacionadas

A prefeitura de São Paulo abriu sua primeira república jovem em 2007. Hoje, há quatro unidades com uma casa masculina e outra feminina

cada. São 51 vagas no total. (Thiago Borges para Infosurhoy.com)

Casas da república jovem da Lapa, em São Paulo, são preparadas para receber jovens por um período máximo de três anos. Nesses locais, eles

precisam dividir tarefas domésticas, respeitar horários e manter um bom relacionamento. (Thiago Borges para Infosurhoy.com)

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A criminalidade é outro risco para os jovens de 18 a 24 anos, faixa etária que tem o maior número de presos no país

(26,1%), de acordo com o Ministério da Justiça.

“Alguém criado a vida toda em um abrigo, sem vínculos familiares, não está preparado para viver em um mundo

conturbado como o nosso”, diz Lilian Alves de Araújo Cruz Porto, assistente social da república jovem da Lapa.

Passagem

Para ajudar esses jovens no processo de transição após a permanência nos abrigos, um decreto presidencial de 2009

responsabiliza o Ministério do Desenvolvimento Social pela estruturação de moradias para jovens egressos de

abrigos.

Por meio do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), em 2012 o governo federal destinou um total de R$ 53

milhões para o serviço de acolhimento institucional, o que inclui as repúblicas jovens. Cada município tem

autonomia para decidir como utilizar os recursos.

Em todo país, existem sete repúblicas jovens públicas: quatro na cidade de São Paulo, uma em Itariri (SP), uma em

Itabirito (MG) e uma em Goiânia (GO).

As casas, todas alugadas, são equipadas com móveis, eletrodomésticos e roupas de cama, mesa e banho. As

despesas são pagas pela prefeitura.

“Muitos já se casaram e tiveram filhos”, conta Gaioski. “Aqui o jovem se torna protagonista do próprio projeto de

vida.”

Um deles é Solon Pereira dos Santos, 28.

Morador do abrigo da Liga Solidária dos 7 aos 18 anos, Santos se assustou quando soube que precisaria decidir os

rumos da própria vida.

“Meu mundo era só o colégio, entre amigos”, lembra ele, que foi morar em uma república com outros jovens

próxima ao educandário mantido pela entidade no distrito de Raposo Tavares, Zona Oeste de São Paulo. Em troca,

o grupo precisa dividir tarefas domésticas, respeitar horários e manter um bom relacionamento entre os colegas.

Cada imóvel abriga até oito moradores entre 18 e 21 anos por um período máximo de três anos, até que eles

consigam se inserir na sociedade e se sustentar sem o auxílio do poder público.

Para isso, os jovens têm apoio de um grupo técnico formado por assistentes sociais e pedagogos, responsáveis por

providenciar a documentação e encaminhá-los a escolas e postos de trabalho.

Quando estão empregados, são estimulados a poupar 40% do salário para garantir um futuro melhor.

“Autonomia não se conquista automaticamente ao se completar 18 anos”, observa Gil Inácio Valério de Almeida,

gerente de serviços da república da Lapa. “Tentamos exercitar a autonomia e o autoconhecimento desses jovens.”

Pioneirismo

Além das repúblicas da prefeitura, os jovens podem contar com repúblicas bancadas por outras instituições.

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A Liga Solidária administra creches, escolas de educação infantil e ensino fundamental e mantém três abrigos para

menores de idade na Zona Oeste de São Paulo.

Mas a instituição notou a dificuldade para inserir jovens egressos de suas unidades no convívio social e, em 1998,

criou a primeira república jovem de que se tem registro no Brasil.

Parte dos recursos é gerada por colaboradores dos setores público e privado.

“Nosso objetivo era cuidar da questão profissional e do processo de autonomia deles”, explica Mariano Gaioski,

coordenador do programa de abrigos da entidade. “Mas vimos que eles estavam psicologicamente despreparados.”

Alguns dos primeiros jovens que passaram pelo projeto não conseguiram se estabelecer sem a ajuda da instituição e

tiveram problemas com álcool e drogas.

“Eles não estavam preparados para essa solidão”, diz Gaioski. “Precisamos manter os vínculos afetivos que

construíram durante a vida no abrigo.”

Em 2004, a Liga Solidária criou núcleos de duas a quatro pessoas. Cada núcleo vive numa casa separada e conta

com a supervisão de um educador.

Mais de 50 jovens passaram pelo projeto, que atualmente mantém quatro núcleos.

Em 2007, aos 22 anos, Santos conseguiu seu primeiro emprego fixo, em um supermercado.

Com as economias, ele se mudou com três amigos da república para uma casa alugada supervisionada à distância

pela Liga Solidária.

Menos de um ano depois, Santos deixou os companheiros, se casou e teve um filho.

“Meu sonho agora é ter mais um filho, comprar um carro e desenvolver algum projeto da Liga Solidária”, diz

Santos, que atualmente trabalha como pintor.

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