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Serviços Públicos e Obras Públicas Dalmo Santiago Jr.

SERVIÇOS PÚBLICOS

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Breve reflexão sobre Direito Administrativo abordando a questão dos Serviços Públicos.

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Servios Pblicos e Obras Pblicas

Servios Pblicos e Obras PblicasDalmo Santiago Jr.I. Conceito de Servio PblicoExistem certas atividades destinadas a satisfazer a coletividade em geral que o Poder Pblico achou bem tomar para si realiz-las no relegando-as simplesmente iniciativa privada oper-las, ou seja, no deixando a particular desenvolv-la livremente. Isto , o Poder Pblico entendeu que no socialmente desejvel que estas atividades fiquem assujeitadas sua fiscalizao e ao seu controle apenas, mas que ele realize essas atividades. Obs Extra: A fiscalizao e o controle constituem o Poder de Polcia da Administrao.Regime Jurdico dos Servios Pblicos: Devido o relevo que possuem o Estado toma estas atividades acima mencionadas como dever seu colocando-as sob regime disciplinar de Direito Pblico. Servio Pblico: toda atividade de oferecimento de utilidade ou comidade material destinada satisfao da coletividade em geral, mas fruvel (desfrutado) singularmente pelos administrados, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faa as vezes sob um regime de Direito Pblico, portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e de restries especiais, institudo em favor dos interesses institudos como pblicos no sistema normativo. Importncia do Relevo dos Servios Pblicos como Sendo de Instncia Jurdica de Direito Pblico: Ao estabelecer o Servio Pblico como regido pelo Direito Pblico o que se quer a) impedir que terceiros obstaculizem sua prestao, e b) que o titular deles ou quem haja sido credenciado a prest-los (concessionrias ou permissionrias) procedam por ao ou omisso de modo abusivo. Importncia dos Princpio e Regras do Direito Pblico: Para melhor compreender o que se entende por Servios Pblicos importante que se entenda antes de se guiar por conceitos como se d a aplicao dos princpios e regras do Direito Pblico na soluo de questes jurdicas sobre o tema. A Noo de Servio Pblico compe-se necessariamente de dois Elementos: a) Seu Substrato Material que consiste na prestao de utilidade ou comodidade fruvel singularmente pelos administrados. E b) Trao Formal que lhe d carter de noo jurdica, delineia sua forma jurdica em um especifico regime de Direito Pblico, isto , numa unidade normativa. Esta unidade normativa formada por princpios e regras caracterizados pela Supremacia do Interesse Pblico sobre o Privado e por restries especiais.Substrato Material da Noo de Servio Pblico: Informa que a atividade estatal denominada Servio Pblico a prestao aos administrados em geral de utilidades ou comodidades materiais como gua, luz, gs, telefone, transporte coletivo etc, por serem reputadas como imprescindveis, necessrias ou correspondentes a convenincias bsicas da Sociedade em determinado tempo histrico. Estes servios so fruveis particularmente pelos administrados. Obs: Princpio da Universalidade ou Generalidade do Servio Pblico: Informa que o servio pblico tem como destinatrio a coletividade em geral, ou seja, os administrados em geral, a Sociedade como um todo. Obs2: As atividades mencionadas acima (gua, luz, gs etc.) esto excludas da esfera do comrcio privado no pertencendo portanto esfera da livre iniciativa privada por ser estranho ao campo da explorao da atividade econmica. As excees a este caso so a educao, previdncia social e assistncia social. Obs: A atuao empresarial do Estado exceo e ter de realizar-se na conformidade do regime jurdico de Direito Privado.

Elemento Formal Caracterizador do Servio Pblico: Seu Regime Jurdico: Os servios pblicos esto submissos a um regime jurdico de Direito Pblico, este seu regime jurdico-administrativo de disciplina. O Direito Pblico disciplina como se d estes servios em relao ao Estado atuando ou a quem lhe faa as vezes (Concessionrias ou Perimissionrias).

Obs: A lei dispor sobre os direitos dos usurios que se manifestem no caso do servio ser prestado diretamente pelo Estado ou criatura sua, no caso de estar a cargo de concessionrios ou permissionrios. Princpios do Servio PblicoPara Celso de Mello os princpios que constituem o aspecto formal do conceito de Servio Pblico e seu regime jurdico so:Dever Inescusvel do Estado de Promover-lhe a Prestao: No que diz respeito aos Servios Pblicos seja direta, nos casos em que est previsto que ser o Poder Pblico diretamente que realizar a atividade, seja indiretamente mediante autorizao, concesso ou permisso, nos casos em que essas modalidades so permitidas, o Estado est obrigado a prestar estes servios. Obs: Caso o Estado se omita a realiz-los, a depender da hiptese, caber ao judicial para compeli-lo a agir ou responsabilidade por danos causados oriundos da omisso. Princpio da Supremacia do Interesse Pblico: O norte obrigatrio de quaisquer decises atinentes ao servio pblico devem ser as convenincias da coletividade. As convenincias da coletividade so o norte obrigatrio dos servios pblicos jamais interesses secundrios do Estado ou os dos que estejam investidos no direito de prest-los. Da advm o Princpio da Adaptabilidade.Princpio da Adaptabilidade: Os servios pblicos devem ser atualizados e modernizados dentro das possibilidades econmicas do Poder Pblico. Princpio da Igualdade, Generalidade ou da Universalidade: Os Servios Pblicos so prestados e visam a atender indistintamente a generalidade do pblico. Princpio da Impessoalidade: Impe que na prestao do servio pblico inadmissvel fazer discriminaes entre os usurios.

Princpio da Permanncia (Hely Lopes) Continuidade: Significando a impossibilidade dos servios serem interrompidos assim como o pleno direito dos administrados a que o servio no seja suspenso ou interrompido. Princpio da Transparncia: O Poder Pblico dever liberar informaes as mais amplas possveis ao pblico em geral sobre tudo o que concerne ao servio e sua prestao. A est implicado o Princpio da Motivao.Princpio da Motivao: O Poder Pblico dever fundamentar ou motivar com largueza todas as decises atinentes ao servio.

Princpio da Modicidade das Tarifas: Como o Estado qualificou estes servios como pblicos seria rematado dislate (disparate) se os integrantes que so destinatrios destes servios tivessem que pagar para desfrut-los coisa que acarretaria num nus excessivo para uma populao que no Brasil em sua maioria pobre. claro que no Brasil os servios pblicos devero ser remunerados por valores baixos levando em considerao o estado socioeconmico dos administrados ou muitas vezes podero comportar subsdios (doaes). Esta situao dificulta e chega as vezes a impossibilitar a obteno de resultados bem sucedidos se recorrendo s concesses de tais servios a terceiros para que explorem com objetivo de lucro. Impropriamente esse movimento tem sido denominado de privatizao. Princpio do Controle: Este princpio na realidade s reala os outros princpios j mencionados quanto sua aplicao e os seus efeitos que so usados para o controle da prestao dos servios pblicos. Pode-se perceber pelo que se viu que os Servios Pblicos devem ser entendidos em seu carter material (substrato material) e formal, pois, se se leva em considerao apenas o substrato material podemos nos deparar com vrios servios de substrato material que,na realidade no so servios pblicos. Para que assim seja considerada o servio deve ter substrato material, mas tambm substrato formal, isto , estando a prestao desse servio sob regime de Direito Pblico. I. Titularidade do Servio e Titularidade da PrestaoDistino entre Titularidade do Servio e Titularidade da Prestao do Servio: importante no confundir estas realidades. O fato de o Estado (Unio, Estados, DF e Municpios), ser titular de servios pblicos, ou seja, ser o sujeito que detm senhoria sobre eles,no significa que deva prest-los por si ou por criatura sua quando detenha titularidade exclusiva do servio. Na maioria das vezes o Estado disciplinar o servio e promover-lhe a prestao. Porm, tanto poder prestar o servio por si ou promover a prestao conferindo a entidades estranhas ao seu aparelho administrativo (particulares e outras pessoas de direito pblico interno ou da administrao indireta delas). Para isso dever conferir autorizao, permisso ou concesso. Para que sejam efetuados por tais pessoas. Obs: Se o Poder Pblico no possui a exclusividade do servio no precisar haver nenhuma destas outorgas.II. Servios Pblicos e outras Atividades EstataisServios Pblicos Obras Pblicas: Em linguagem leiga costuma-se denominar todo servio que o Estado faa, inclusive os administrativos, geralmente como servios pblicos. Assim, a construo de uma estrada, de uma ponte, de um tnel, de um viaduto etc. so chamados pelo senso comum de servios pblicos, sendo, porm, obras pblicas. Confunde-se tambm servios pblicos com atividades de Polcia Administrativa. Do mesmo modo tem-se rotulado de servio pblico, ainda que precedido do qualificativo industrial, comercial ou econmico, o que no exclusividade do Estado, pois so atividades fundamentalmente regidas pelo Direito Privado, concernentes a explorao estatal de atividade econmica. e no pelo Direito Administrativo e Pblico. importante que desde j entendamos que havero atividades que, mesmo sendo pblicas, o Estado no ter exclusividade sobre ela.

Obra Pblica e Servio Pblico: Obra Pblica no Servio Pblico. Obra Pblica a construo, reparao, edificao ou ampliao de um bem imvel pertencente ou incorporado ao domnio pblico. Servio e Poder de Polcia: Atravs do poder de policia o estado, mediante lei condiciona e limitar o exerccio da liberdade da propriedade dos administrado a fim de compatibilizados com o bem-estar social. Assim, o Estado desenvolve certas atividades a assegurar que a atuao dos particulares se mantenha em conformidade com as exigncias legais, o que pressupe a pratica de atos ou preventivos, fiscalizadores e ora repressivos. Nesse sentido, em certos casos legalmente previstos, a atuao dos administrados depender da prvia outorga pela Administrao de Licena, Permisses ou Autorizaes, que sero expedidos aps a Administrao se certificar se essas atividades dos particulares no vo comprometer o bem-estar social. S depois desta certificao liberar ou no as outorgas.Obs: A diferena que h entre Servio Pblico e Poder de Polcia que enquanto o primeiro busca-se atravs de prestao de servio do Estado ou de quem lhe faa as vezes, ofertar ao administrado uma utilidade ampliando seu desfrute de comodidade, no Poder de Polcia Administrativa visa-se inversamente, restringir, limitar, condicionar, as possibilidades de sua atuao livre, para que se garanta o bom convvio social. Servio Pblico e Explorao Estatal de Atividade Econmica: A expresso servidor as vezes utilizada de maneira no jurdica para nomear atividades industriais ou comerciais que o Estado trava no mbito econmico basicamente sob regime de Direito Privado. Como nesse caso o Estado desempenha atividade de explorao econmica, ou seja, aquela prpria dos particulares, no h porque chamar esta atuao de Servio Pblico. Como noi so atividades prprias do Estado, como o so os Servios Pblicos, no sero considerados como tais. Servios Pblicos por Determinao Constitucional: A CF j antecipadamente apresenta um rol, no exaustivo, de atividades que sero considerados Servios Pblicos. So eles:Servio Postal e Correio Areo Nacional (art. 21, X)Servios de Telecomunicaes: Radiofuso, rdio, televisoServios e Instalaes de Energia Eltrica e Aproveitamento Energtico dos cursos dgua. Navegao area, aeroespacial e Infraestrutura AeroporturiaTransporte ferrovirio e Aquavirio entre Portos Brasileiros e Fronteiras Nacionais, ou que Transponham os limites de mais de um Estado ou Territrio,Transporte Rodovirio Interestadual e Internacional de PassageirosExplorao dos Portos Martimos, Fluviais e Lacustres (art. 21, XII, letras a a f)Seguridade Social (art. 194), Servios de Sade (art. 196), Assistncia Social e Educao (arts. 205 e 208)

Competncias dos Servios Pblicos Indicados Constitucionalmente: Muitos servios desses sero alada exclusiva dos Estados, DF ou Municpios, enquanto outros sero de competncia comum a Unio e essas Pessoas Polticas. Competncia Comum: Cuidar da Sade e Assistncia Pblica (art. 23, II)Cuidar da Proteo e da Garantia das Pessoas portadoras de Deficincia (art. 23, II)Proporcionar os Meios de Acesso a Cultura, Educao e Cincia (art. 23, V)Promover Programas de Construo de Moradias e a Melhoria das Condies Habitacionais e de Saneamento Bsico (art. 23, IX)Servios Pblicos Privativos do Estado e Servios Pblicos No-Privativos do Estado: Existem servios que apesar de serem pblicos no se impe como privativos do Estado. So quatro as espcies de atividades que o Estado no detm titularidade exclusiva, ao contrrio do que ocorre nos demais servios pblicos nela previstos:Servios de SadeServios de EducaoServios de Previdncia SocialServios de Assistncia SocialObs: Assim, podero existir hospitais privados ou clinicas particulares, Colgios, Agencias de Previdncia e Assistncia sociais privadas, sem necessidade de concesso e permisso. (art. 23, II)Imposies Constitucionais Quanto aos Servios Pblicos no Brasil: Acerca do tratamento constitucional dado aos Servios Pblicos esto os mencionados:Servios de Prestao Obrigatria e Exclusiva do Estado: H dois tipos de servio que s podero ser prestados pelo Estado sem possibilidade de Concesso, Permisso ou Autorizao a particular. So eles: 1. Servios Postais. II. Correio Areo Nacional. (art. 21, X). Servios que o Estado tem a Obrigao de Prestar e Obrigao de Conceder: