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_____________________________________________________
O SERVIÇO SOCIAL ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO SOBRE O EXERCÍCIO
_____________________________________________________
SERVIÇO SOCIAL _____________________________________________________
ADRIELE MAIARA RODRIGUES
O SERVIÇO SOCIAL ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO SOBRE O EXERCÍCIO PROFISSIONAL
_____________________________________________________TOLEDO-PR
2017
_____________________________________________________
O SERVIÇO SOCIAL ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO SOBRE O EXERCÍCIO
_____________________________________________________
ADRIELE MAIARA RODRIGUES
O SERVIÇO SOCIAL ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO SOBRE O EXERCÍCIO PROFISSIONAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Serviço Social, Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Profa. Ms.Ester Taube Toretta
TOLEDO-PR 2017
ADRIELE MAIARA RODRIGUES
O SERVIÇO SOCIAL ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO SOBRE O EXERCÍCIO PROFISSIONAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Serviço Social, Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________ Orientadora – Profa. Ms. Ester Taube Toretta
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
__________________________________________ Profa. Ms. Cristiane Karla Konno
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
__________________________________________ Profa. Ms. Dr. Marli Renate von Borstel Roesler
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Toledo 15de dezembrode 2017.
Aos meus pais Loici e Egidio que são meu porto seguro, minha inspiração, motivação e espelho para a caminhada pessoal e profissional.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por minha vida, pela oportunidade de estudar e por
estar comigo em todos os momentos difíceis, concedendo-me sempre sua proteção.
Agradeço imensamente aos meus pais Loici e Egidio, que são meu porto seguro e os
pilares que mantém minha existência, onde sei que posso me agarrar em vários momentos,
agradeçopelo dom da vida, pela educação e respeito que me ensinaram, pelo apoio moral,
sentimental e muitas vezes financeiro que nunca deixaram de me dar, por sempre acreditarem
em meu potencial, por me oportunizarem o estudo e por muitas vezes me auxiliarem em
momentos de descontentamento ou de desespero, me acalentando com muito amor e carinho.
A vocês a minha eterna gratidão e eterno amor. Sabem o quanto sou grata a Deus por ter
vocês em minha vida, sempre digo que se eu conseguir ser metade do que vocês são para
mim, será um orgulho. Sem vocês eu não teria conseguido chegar até aqui, eu amo vocês
imensamente e eternamente.
As minhas irmãs, Tatiane e Daiana, pela força em todos os períodos de dificuldade,
pela inspiração e motivação em todos os momentos. Obrigada e eu amo vocês.
Ao meu “namorido” Robson, que se mostrou um grande companheiro, não só agora,
mas desde o início do namoro, que coincidiu com o começo da graduação, pois com muita
paciência enfrentou várias batalhas da vida comigo, desde o início, e que nunca me deixou
desistir, sempre me apoiando, me prestando incondicional sustentação em vários momentos,
bem como me dando forças a dedicar meu tempo, principalmente nesse último ano, em prol
do conhecimento pessoal, acadêmico e profissional. Obrigada amor, eu te amo muito.
As minhas melhores amigas de graduação, que vou levar para o resto de minha
vida.Minha pessoa, Raíssa, menina meiga, batalhadora, e que sinto um imenso sentimento e
orgulho, as vezes parecida e as vezes tão diferente de mim, umalibriana linda. E
Daiane,menina espontânea, querida e que fala alto, mas que deixa todos ao seu redor alegres
com seu jeito de ser. Obrigada panteras, por sempre estarem ao meu lado, estendendo a mão
para me ajudar em todos os sentidos. Obrigada por essa caminhada juntas, onde uma não
deixou que a outra caísse em obstáculos difíceis, por mostrar que nada é por acaso, e que
nossa amizade é simplesmente, maravilhosa, cada uma com seus defeitos e qualidades
auxiliando a outra a ser melhor do que era antes. Obrigada amigaspelas melhores risadas,
pelas melhores conversas, pelos melhores trabalhos, por confiarem em mim, e principalmente
por serem quem são, pois sem vocês tudo teria sido muito mais difícil, vocês fazem parte
desse trabalho e dessa conquista, sem vocês eu teria desistido no caminho. Obrigada, muito
obrigada. Eu amo vocês.
A todos os meus familiares mais próximos, cunhados, tios e tias, madrinhas e
padrinhos, sogro e sogra, sobrinhas e afilhados, amigos e amigas, que com carinho me
fortaleceramnesse período de academia. Minha eterna gratidão por cada palavra e cada
momento em que agregaram em minha vida e formação e a cada momento de descontração
que me fizeram esquecer dos problemas e dificuldades.
À turma de 2014 e alguns “agregados”, que mesmo possuindo opiniões tão
divergentes, me ensinaram que conversando, dialogando e fundamentando a sua opinião com
a coletividade se chega a uma posição ou discurso formado, e que não importa qual o grau de
diferenças e dificuldades, temos que nos unir para sermos mais fortes, vocês me ensinaram
muito nesses quatro anos, sou muito grata por ter tido a oportunidade de aprender com vocês,
tenham a certeza que nunca esquecerei de cada um. Levarei todos em meu coração.
A minha professora orientadora Ester, que me auxiliou no processo de construção
deste trabalho e que com todo seu conhecimento agregou em meu TCC e emminha formação
acadêmica. E a todos os meus professores, que nessa caminhada demonstraram que devemos
ser profissionais comprometidos com nosso trabalho, demonstrando ética e disciplina, o meu
muito obrigada também pelos conhecimentos transmitidos, pela paciência, pela compreensão,
e por todo o apoio durante a graduação.
A minha supervisora de campo do estágio Maria Rita, e as profissionais assistentes
sociais Elisiane e Luzinete, que estiveram comigo no período de estágio, pelos ensinamentos
referentes à profissão.
Às professoras da banca avaliadora Cristiane Konno e Marli Roesler, que se
disponibilizaram a participar da banca e contribuir com esse processo de formação.
Agradeço também aos participantes da pesquisa pelas contribuições na realização
destetrabalho, pois sem eles a compreensão e a composição deste não teria sido possível.
Veja! Não diga que a canção está perdida, Tenha fé em Deus, Tenha fé na vida. Tente outra vez! Beba! Pois a água viva ainda tá na fonte, Você tem dois pés para cruzar a ponte. Nada acabou! Tente! Levante sua mão sedenta e recomece a andar, Não pense que a cabeça aguenta se você parar. Não! Não! Não! Não! Não! Não! Há uma voz que canta, uma voz que dança, Uma voz que gira, bailando no ar. Queira! Basta ser sincero e desejar profundo, Você será capaz, de sacudir o mundo. Tente outra vez! Tente! E não diga que a vitória está perdida, Se é de batalhas que se vive a vida. TENTE OUTRA VEZ!!
Raul Seixas
RODRIGUES, Adriele Maiara. O Serviço Social organizacional: um estudo sobre o exercício profissional.Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social). Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – campus Toledo, 2017.
RESUMO
A partir da relação contraditória entre capital e trabalho, podemos observar que houve variadas transformações dentro do modo de produção capitalista na qual rege a sociedade em que estamos inseridos. Houve variadas transformações nos modelos de produção, no ambiente de trabalho do trabalhador, afetando como um todo as relações sociais e de trabalho na sociedade. O presente trabalho de conclusão de curso – TCC, aborda questões que refletem na vida cotidiana dos trabalhadores e suas condições de trabalho, quais foram as alterações que afetaram sua vida enquanto vendedor de sua força de trabalho, e partindo desses detalhes, como a profissão de Serviço Social, a partir dos profissionais assistentes sociais que estão nestes espaços ocupacionais vem intervir nessas mudanças e como essas mudanças também acarretaram alterações no exercício profissional dentro das empresas. Este trabalho tem como tema principal e que fundamentou a pesquisa: a intervenção profissional do Serviço Social no espaço da organização empresarial. Tem como objetivo abordar o trabalho do assistente social no espaço organizacional, partindo do problema da pesquisa, que vem da inquietação de como é a intervenção do serviço social organizacional em base a responsabilidade social que atende as demandas da classe trabalhadora? Assim essa discussão permitirá o conhecimento de como se dá o trabalho desse assistente social dentro de uma empresa privada, proporcionando reflexão sobre o exercício profissional, através das suas possibilidades, na qual precisa responder às necessidades dos trabalhadores, bem como atender as necessidades do capital. Para tanto, esse trabalho está subdividido em três capítulos, sendo os quais perpassam por assuntos relacionados ao espaço organizacional e suas transformações nos quais tem seus tensionamento e também as expressões da “questão social” e, a partir disso, como o profissional assistente social trabalha, atua e intervém com essas demandas em seu espaço organizacional, situado na empresa que possui responsabilidade social e gestão de pessoas. Para a fundamentação da análise, que se dá a partir da pesquisa de campo, tem-se como objetivo principal esgotar os pressupostos dos objetivos a partir das entrevistas com os trabalhadores e as profissionais. No que se refere ao aprendizado obtido, o trabalho apresentará questões pertinentes ao movimento da profissão a partir de sua entrada no setor industrial, bem como o modo com que esse profissional irá intervir nas expressões da questão social. Outro ponto, é a forma como os trabalhadores veem o profissional, e o quão importante é o trabalho deste, no sentido de atenuar as expressões questão social, na qual é de desconhecimento dos vendedores da força de trabalho. PALAVRAS-CHAVES: Responsabilidade Social, Serviço Social Organizacional Empresarial, Questão Social, Processo de Trabalho.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10
1 O ESPAÇO ORGANIZACIONAL E AS TRANSFORMAÇÕES PRODUTIVAS E
SOCIAIS DO MUNDO DO TRABALHO ........................................................................... 12
1.1 O TENSIONAMENTO ENTRE CAPITAL TRABALHO E A POLÍTICA DE GESTÃO
DE PESSOAS EM RESPONSABILIDADE SOCIAL ............................................................ 18
2 O SERVIÇO SOCIAL ORGANIZACIONAL E SEU PROCESSO DE TRABALHO
NO CAMPO ORGANIZACIONAL ..................................................................................... 28
2.1 AS EXPRESSÕES DA “QUESTÃO SOCIAL” E A INTERVENÇÃO PROFISSIONAL
DO ASSISTENTE SOCIAL .................................................................................................... 44
3 METODOLOGIA DE PESQUISA: um olhar sobre os desafios do exercício
profissional do assistente social no campo organizacional. ................................................ 50
3.1 APRESENTAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA. ..................................................... 53
3.2 ANÁLISE DE CONTEÚDO E DE DADOS ..................................................................... 53
3.2.1. As demandas do Serviço Social no campo organizacional ........................................ 53
3.2.2. O exercício profissional no espaço organizacional, na responsabilidade social. ..... 59
CONSIDERAÇOES FINAIS ................................................................................................. 65
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 68
APÊNDICES ........................................................................................................................... 72
APÊNDICE A- Formulário de Entrevista/Questionário para Trabalhadores ......................... 73
APÊNDICE B –Formulário de Entrevista/Questionário para Profissionais ........................... 74
APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ............................................. 76
ANEXOS ................................................................................................................................. 78
ANEXO I – Parecer Consubstanciado do CEP ....................................................................... 79
10
INTRODUÇÃO
Diante de todas as configurações do mundo do trabalho já vistas e estudadas até o
momento, iremos abordar questões pertinentes à entrada do Serviço Social nas empresas
privadas e nos espaços organizacionais. Para o trabalho como um todo deve-se ter objetivos,
de forma a responder questões que inquietam o pesquisador a querer investigar de forma ética
a atuação dos profissionais dentro do espaço organizacional. Portanto, os objetivos dessa
pesquisa são: identificar as demandas dos trabalhadores explicitadas nos atendimentos do
setor de responsabilidade social em seu eixo interno; refletir sobre as prerrogativas legais que
respaldam o profissional a atuar no sentido de garantir direitos e amenizar as mazelas das
expressões da “questão social” e compreender a partir da intervenção realizada pelos
profissionais do Serviço Social, atuantes na responsabilidade social interna que correspondem
às demandas dos trabalhadores, partindo do pressuposto de atender as necessidades dos
trabalhadores, como condição para o exercício profissional na divisão sócio técnica do
trabalho e posicionamento ideopolíticos construído pela categoria.
No primeiro capítulo, será abordado as questões pertinentes ao espaço organizacional,
como as transformações produtivas e sociais do mundo do trabalho impactaram na sociedade,
nas relações sociais que nela se dão, e quais as modificações que os modelos de produção
taylorista, fordista, toyotista, de acumulação flexível, como também a reestruturação
produtiva alteraram de forma geral e significativa a vida dos trabalhadores, a vida dos
empregadores ou capitalistas Também, como a contradição entre capital e trabalho se
manifestou na sociedade, alterando bruscamente e agudizando de tal forma as expressões da
“questão social”. Outro ponto abordado são os tensionamentos que ocorrem a partir da relação
de contradição entre capital e trabalho e como esses tensionamentos afetam a condição de
produção, a condição de trabalho dos trabalhadores, onde são reorganizadas as formas de
produção, extração da mais-valia, bem como a intensificação da mão de obra, e das condições
de vida de todos os trabalhadores manifestadas dentro do espaço produtivo. A partir disso é
que iremos abordar a entrada dos profissionais assistentes sociais nas empresas
organizacionais, nas quais os profissionais precisam atender as necessidades do capital para
obtenção de lucro, bem como atender as necessidades dos trabalhadores, para que tenham sua
forma de subsistência garantida, nas palavras de Iamamoto(2005), uma profissão construída
tendo pela contradição intrínseca que se posta pela sociedade de classes. Diante da
configuração e das transformações da sociedade, demonstraremos como as empresas tendo os
profissionais assistentes sociais locado em áreas como recursos humanos e de
11
responsabilidade social, trabalham com o modelo de gestão de pessoas, intervindo nas
expressões da questão social, vindas do trabalho, para conseguir uma forma diferente de
atuação da empresa para com essa organização, organizando o trabalho de uma forma
diferenciada.
No segundo capítulo, trataremos de assuntos relacionados ao Serviço Social
organizacional, a partir de sua implantação como campo de trabalho, e como processo de
intervenção. Desse modo, tratar-se-á também sobre a construção da profissão dentro do
sistema capitalista, mas partindo do pressuposto que o profissional assistente social também é
um trabalhador assalariado e precisa atuar a partir das condições postas pelo capital,
permitindo assim identificar necessidades, tanto no exercício dos profissionais, como também
da população sujeito da exploração do capital, os trabalhadores.
É partindo desses aspectos que ainda abordamos o processo de trabalho dos
profissionais inseridos no campo organizacional, pois o contexto em que o profissional está
inserido é de grande valia, mas também de grandes transformações produtivas, de trabalho e
da sociedade como um todo, refletindo primordialmente em sua função dentro da empresa,
desenvolvendo trabalhos em equipe para melhor funcionamento de toda a organização, para
melhoria do espaço de trabalho de todos.
Já o terceiro capítulo irá apresentar a metodologia de pesquisa, onde será detalhada a
condução, pois este trabalho se resume a uma pesquisa de campo, que reflete sobre o
exercício profissional dos assistentes sociais locados no setor de responsabilidade social em
um espaço privado. A pesquisa de campo se concretizou a partir do levantamento
bibliográfico que permitiu uma maior aproximação com o assunto, tornando o trabalho do
profissional mais explicitado. Nesse sentido, a pesquisa, ponto primordial para a finalização
deste trabalho,foi possível a partir de entrevistas com alguns trabalhadores, bem como com as
profissionais atuantes nesse espaço. Essas entrevistas têm objetivo de identificar, registrar e
apresentar as demandas dos trabalhadores e o exercício profissional do Serviço Social.
12
1 O ESPAÇO ORGANIZACIONAL E AS TRANSFORMAÇÕES PRODUTIVAS E SOCIAIS DO MUNDO DO TRABALHO As transformações capitalistas são constantes e, consequentemente, afetam a vida em
sociedade como um todo. Tem-se na contemporaneidade a vivência de uma crise estrutural1
do capital que vem derruindo nas economias capitalistas, apresentando um ciclo de
esgotamento. Nesse sentido fez com que o capital tivesse desenvolvimento em práticas
organizacionais que fez surgir inúmeros aspectos que rebatem na condição da classe
trabalhadora. No decorrer da crise, avançando nas transformações e tendo várias outras
consequências,o capital implementou o processo de reestruturação, com o objetivo de
recuperar para ampliar a reprodução do capital, mas no que tange ao mundo do trabalho,
apresentou transformações profundas, na qual rebate nas organizações e, consequentemente,
nos trabalhadores (FREIRE, 2003).
O entendimento desse quadro nos leva a situar vários aspectos das transformações
produtivas que ocorreram no mundo do trabalho, mas uma das principais características dessa
produção capitalista é a acumulação, que após algumas alterações em outros modelos de
produção como o taylorista, fordista e toyotista/acumulação flexível, trouxeram outra
perspectiva para o mercado de trabalho. A acumulação não consiste somente no acúmulo de
riquezas, ou então dos objetos desejados pelo valor de uso, mas sim por seu lucro. Para o
capital o principal é o crescimento do lucro e de sua empresa, que tem sua origem na
exploração da força de trabalho; agora sob a base do trabalho morto2 e da mais valia relativa3.
Contudo, para que se possa ter uma visão de todas as transformações produtivas desde
seu início, a seguir apresenta-se de modo breve, cada um dos modelos de produção e como
cada qual em seu período trouxe mudanças na sociedade, na indústria, mas principalmente na
organização do espaço de trabalho, acarretando em mudanças na vida dos trabalhadores.
Parte-se das ideias de Frederick Winslow Taylor, que inovou com estratégias de organização e
controle do trabalho nas últimas décadas do século XIX4, partindo do pressuposto de gerência
1 “A crise estrutural emergiu em meados dos anos 1970 e inaugurou uma nova e provisória história do desenvolvimento da civilização, e é caracterizada por um conjunto de fenômenos sociais qualitativamente novos que compõem a fenomenologia do capitalismo global com seus ‘trinta anos perversos’ de 1980-2010. [...] Assim, a nova dinâmica da crise estrutural do capital implicou a constituição de novas geografias de acumulação do capital que caracterizam a destruição criativa do velho. [...]” (ALVES, 2012, s.p.). 2 O trabalho morto se estabelece na apropriação do maquinário tecnocientífico, para gerar aumento da produtividade do trabalho e consequentemente do lucro (ANTUNES, 2000, s.p.). 3 [...] Denominada mais-valia relativa, a mudança organizacional e tecnológica é posta em ação para gerar lucros temporários para firmas inovadoras e lucros mais generalizados com a redução dos custos dos bens que definem o padrão de vida do trabalho [...] (HARVEY, 1992, p. 174-175).
13
científica, que no período já se verificava um grande aumento das empresas.
A gerência científica que Taylor propôs, tem significado de sobrepor uma aplicação
diferenciada nos métodos científicos, tanto para as situações de grande complexidade, bem
como para o controle de trabalho em crescimento dentro das empresas capitalistas. Destarte
que, essa ideia de gerência que Taylor trouxe para o mundo capitalista, através de
procedimentos técnicos de trabalho e experimentação, ampliou regras e maneiras para
execução do trabalho e de movimento, que levariam essa empresa a planejar e calcular
previamente uma proposta de intenso controle de trabalho. Para a garantia de excelência do
trabalho precisava-se de eficiência na execução do mesmo, para que assim pudesse aprimorar
e aperfeiçoar o tempo e o movimento das máquinas (RIBEIRO, 2015).
Nesse sentido, Taylor viu que era importante ampliar e expropriar o conhecimento do
trabalhador para que pudesse aproveitar o controle do trabalho realizado pela gerência. Dando
prosseguimento a teoria de Taylor, Ford trouxe uma grande novidade técnica para a
organização da produção no chão de fábrica - a esteira rolante- que faria o produto chegar até
o trabalhador de forma fixa, tendo assim inúmeros ganhos na produtividade. Como o
taylorismo tinha direção do controle de trabalho, o Fordismo tinha como fundamento
controlar o processo de trabalho. A intenção de Ford não era apenas de controlar a força de
trabalho, mas também de ter a adesão dos trabalhadores, dentro de aspectos técnico
produtivos (RIBEIRO, 2015).
A implementação da esteira rolante, em uma tentativa de racionalização da organização do trabalho, trouxe uma imensa intensificação, automatização e mecanização do processo de trabalho. A esteira rolante se constituiu como uma maneira de controlar o ritmo do trabalho (condição tão sonhada por Taylor) de forma automatizada e intensa. Isso gerou um tipo de processo de trabalho extremamente extenuante para os trabalhadores. (RIBEIRO, 2015, p. 69)
Dessa maneira, na indústria, Ford exigia dos trabalhadores uma qualificação maior, ou
seja, diferenciada. A implementação desse modelo de produção sofreu várias resistências por
parte dos trabalhadores, pois não aceitaram essa forma de controle.
Essas mudanças estruturais e subjetivas foram muito fortes e afetaram as classes trabalhadoras de tal modo que é possível dizer que não é nem verdade que o proletariado acabou e nem verdade dizer que nada aconteceu.
4 [...] Os Princípios da Administração Científica, de F. W. Taylor - um influente tratado que descrevia como a produtividade do trabalho podia ser radicalmente aumentada através da decomposição de cada processo de trabalho em movimentos componentes e da organização de tarefas de trabalho fragmentadas segundo padrões rigorosos de tempo e estudo do movimento [...] (HARVEY, 1992, p. 121).
14
É visível que há uma desproletarização do trabalho fabril, industrial, daquele operariado estável que tem se reduzido nas últimas décadas. [...] Porém, paralelamente a isto, há um processo de subproletarização ou de precarização do trabalho que, ao mesmo tempo em que definha o operariado estável, aumenta essa gama de trabalhos precários, parciais, temporários, que decorrem da flexibilização, da terceirização, criando um processo de uma subproletarização intensificada, que, segundo vários autores, também chega a 40%, às vezes até 50% da força de trabalho de vários países avançados. [...]Tudo isso cria uma classe trabalhadora mais fragmentada, mais complexificada e mais heterogeneizada [...] (ANTUNES, 1996, p. 83).
O quadro cultural e histórico também favoreceu as mudanças no mundo do trabalho,
levou ao surgimento de um novo modelo de produção diferente do taylorismo e do fordismo
em muitos aspectos, onde esse foi denominado de Toyotismo. Esse novo modelo é uma via
japonesa de expansão do capital e consolidação da forma de organização do trabalho que
nasceu na Toyota, e que muito rapidamente se expandiu dentro das grandes produções do país.
Decorrente dos variados aspectos da transformação desse modelo de produção, e após
várias crises trazidas pelos modelos de produção taylorista/fordista, bem como pelas quedas
das taxas de juros, o capital precisava de forças para se manter. Assim, surge a reestruturação
produtiva, que para o neoliberalismo é a grande mantenedora e reguladora das relações
sociais. Desse modo, o modelo toyotista fará parte de um novo tipo de acumulação e produção
capitalista, chamada de acumulação flexível5.
Nesse meio, as empresas vão encontrar no modelo japonês incorporação para
aumentar o nível de produtividade e acumulação, e isso está ligado a uma flexibilização do
mundo do trabalho, tendo como pressuposto principal a expropriação do saber do trabalhador,
utilizando sua subjetividade para produzir mais. O salário nesse novo modelo de produção é
algo individualizado, associado ao desempenho, sob modalidade de contratos terceirizados,
uma subcontratação do trabalhador, gerando uma precarização do trabalho e das relações de
classe, vindas desse processo de acumulação (RIBEIRO, 2015).
Os anos de 1990, última década do século XX foi marcado pela reestruturação
produtiva6. Assim,
5 A acumulação flexível, [...] é marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo. Ela se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. A acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões do desenvolvimento desigual [...] (HARVEY, 1992, p. 140). 6 As contradições ampliadas revelam-se na reestruturação produtiva, que se insere na reestruturação política, social e econômica do novo estágio de acumulação. Ela constitui o novo modelo de racionalização das empresas, determinando modificações na sua estrutura, nas políticas econômicas de expansão, nos processos de produção, organização e gestão da força de trabalho, com ênfase no controle do processo de trabalho e na criação de uma nova cultura pautada na competitividade do mercado globalizado (FREIRE, 2003, p. 34, grifo da autora).
15
A reestruturação da produção e a reorganização dos mercados são iniciativas que contribuem para estabelecer um "novo equilíbrio", exigindo basicamente a recomposição das forças produtivas no ciclo de recomposição do capital, afetando consequentemente as esferas da produção e das relações sociais (AMPESE, 2004, p. 10-11, grifo da autora).
Esse processo de reestruturação produtiva é uma resposta à acumulação flexível e suas
estratégias de reorganizar tanto a produção, como também os mercados. Cabe relembrar que,
a partir dessa década, as consequências das várias crises começaram a aparecer, sendo uma
delas o desemprego estrutural, que produz a superpopulação relativa7, que pelas novas
tecnologias utilizadas no novo modelo de produção capitalista dificultava ainda mais o
trabalhador a ingressar no mercado de trabalho, pois não tinha qualificação necessária ou
diferenciada como requerido para manusear as máquinas (AMPESE, 2004).
Assim, a precarização do trabalho também através do trabalho informal8 cresce
progressivamente. Esses trabalhadores além de sofrerem com as alterações do mundo do
trabalho também são subdivididos em dois grupos:
“[...] O primeiro consiste em “empregados em tempo integral com habilidades facilmente disponíveis no mercado de trabalho, como pessoal do setor financeiro, secretárias, pessoal das áreas de trabalho rotineiro e de trabalho manual menos especializado”. Com menos acesso a oportunidades de carreira, esse grupo tende a se caracterizar por uma alta taxa de rotatividade [...] O segundo grupo periférico “oferece uma flexibilidade numérica ainda maior e inclui empregados em tempo parcial, empregados casuais, pessoal com contrato por tempo determinado, temporários, subcontratação e treinados com subsídio público, tendo ainda menos seguranças de emprego do que o primeiro grupo periférico”. [...]” (HARVEY, 1992, p. 144, grifo do autor).
Nesse sentido é que se pode perceber o quanto a flexibilização das relações produtivas
e, principalmente, da relação do trabalhador com a empresa, pode gerar maior desemprego,
pois a empresa pode ampliar os recursos de contratação por tempo determinado (HARVEY,
7 [...] a superpopulação relativa não é uma categoria monolítica, estável, onde se incluem determinados segmentos de trabalhadores e excluem-se outros. Sua inserção ou exclusão do mercado de trabalho depende dos momentos de crise e/ou de expansão do processo de industrialização, da pressão dos trabalhadores organizados ou, ainda, das políticas governamentais adotadas pelos governos dos diferentes países. [...] (OLIVEIRA, 2010, p. 276). 8 O trabalho informal desponta, então como uma forma de ocupação que se adequa perfeitamente às exigências e necessidades do capitalismo flexível. No entanto, [...] trabalho informal é ocupação, mas não é emprego [...] Mesmo em situações como o subemprego, terceirização, estagiarização, ou quando se trata de trabalhadores cooperativados, não se configura, segundo a conceituação proposta aqui, uma relação de emprego. Isso porque se acredita que estas práticas de contrato e organização do trabalho que têm se tornado cada vez mais comuns no capitalismo flexível, fazem parte de um conjunto de medidas adotadas pelo Capital para desregulamentar os contratos de trabalho, deixando os trabalhadores mais vulneráveis à exploração do Capital [...] (BARRETO, 2005, p. 74-75).
16
1992).
Desse modo, foi sendo ditada uma nova cultura e ações políticas de inspiração neoliberal no mundo do trabalho, que buscam flexibilizar ao máximo não somente as estratégias de produção e racionalização, através de novas tecnologias, políticas, processo de trabalho, estoques, tempo de giro do capital, produtos, padrões de consumo, como também as condições de trabalho, os direitos e os compromissos com o Estado para com a população, conquistados no período anterior (FREIRE, 2003, p. 32, grifo meu).
Desse modo, a acumulação flexível em seu estágio de produção se apoia na
flexibilidade do mercado de trabalho e dos padrões de consumo, nos quais são caracterizados
pelo avanço de alguns setores da produção, que trouxeram consigo outras formas de serviços
financeiros ligados ao lucro, e as maiores taxas de inovação, mas, sobretudo de inovação
tecnológica e inovação organizacional. Essa forma de produção implica em várias mudanças,
seja na movimentação dos empregos, como também no setor de serviços (HARVEY, 1992).
“[...] A acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões de desenvolvimento
desigual, tanto entre setores como entre regiões geográficas [...]” (HARVEY, 1992, p.140).
Portanto, a acumulação flexível traz características de crescimento, de continuação de
apoio na exploração do trabalho vivo e, por consequência, o desenvolvimento inerente de
tecnologias que aumentam essa exploração. Dessa forma, acarreta-se o desemprego, e que no
andar das transformações levam maiores impasses para a classe trabalhadora. Há também o
aumento do trabalho precário, o aumento do trabalho temporário por contratos, entre outros,
mas que não se restringem a somente evolução da tecnologia, mas também uma expansão do
aumento dos espaços organizacionais (HARVEY, 1992).Assim, podem ser assinaladas
algumas das mais importantes expressões desse processo.
1) há uma crescente redução do proletariado fabril estável, que se desenvolveu na vigência do binômio taylorismo/fordismo e que vem diminuindo com a reestruturação, flexibilização e desconcentração do espaço físico produtivo, típico da fase do toyotismo; 2) há um enorme incremento do novo proletariado, do sub proletariado fabril e de serviços, o que tem sido denominado mundialmente de trabalho precarizado. São os terceirizados, subcontratados, part-time, entre tantas outras formas assemelhadas, que se expandem em inúmeras partes do mundo. [...] 3) vivencia-se um aumento significativo do trabalho feminino, que atinge mais de 40% da força de trabalho nos países avançados, e que tem sido preferencialmente absorvido pelo capital no universo do trabalho precarizado e desregulamentado; 4) há um incremento dos assalariados médios e de serviços, o que possibilitou um significativo incremento no sindicalismo destes setores, ainda que o setor de serviços já presencie também níveis de desemprego acentuado; 5) há exclusão de jovens e pessoas de média idade do mercado de trabalho dos
17
países centrais: [...] 6) há uma inclusão precoce e criminosa de crianças no mercado de trabalho, particularmente nos países de industrialização intermediária e subordinada, [...] 7) há uma expansão do que Marx chamou de trabalho combinado, onde trabalhadores de diversas partes do mundo participam do processo de produção e de serviços. O que é evidente, não caminha no sentido da eliminação da classe trabalhadora, mas da sua precarização e utilização de maneira ainda mais intensificada. Em outras palavras: aumentam níveis de exploração do trabalho (ANTUNES, 1999, p. 24-25, grifo do autor; grifo nosso)
Decorrente de todas essas características pode-se enfatizar que os trabalhadores foram
fragmentados, heterogeneizados e seu trabalho ainda mais complexificado. O trabalhador que
vende sua força de trabalho teve que se tornar um trabalhador polivalente e multifuncional,
pois há aumento da produção, diminuição da mão de obra e, consequentemente, maior
número de máquinas para controlar.
[...] O capitalismo tardio9, transitando para um regime de acumulação “flexível”, reestrutura radicalmente o mercado de trabalho, seja alterando a relação entre excluídos/incluídos, seja introduzindo novas modalidades de contratação (mais “flexíveis”, do tipo “emprego precário”), seja criando novas estratificações e novas discriminações entre os que trabalham (cortes de sexo, idade, cor, etnia). A exigência crescente, em amplos níveis, de trabalho vivo super qualificado e/ou polivalente [...], bem como as capacidades de decisão requeridas pelas tecnologias emergentes (que colidem com o privilégio do comando do capital), coroa aquela radical reestruturação – reestruturação que, das “três décadas gloriosas” do capitalismo monopolista conserva os padrões de exploração, mas que agora se revelam ainda mais [...] (NETTO, 1996, p. 92-93, grifo do autor).
As relações entre capital e trabalho são sempre tensionadas, não se esgotam. A
reestruturação produtiva, a economia globalizada, ou seja, as dinâmicas do capital na
contemporaneidade fazem com que se amplie e mantenha as forças produtivas, sob a mesma
lógica, bem como a contradição que é inerente ao capitalismo, na qual os produtos sejam
socialmente produzidos, mas que sua apropriação seja privada pelos empregadores, que detém
o domínio da força de trabalho e se apropriam da mais-valia (FREIRE, 2003). Nesse sentido,
As contradições ampliadas revelam-se na reestruturação produtiva, que se
9 [...] no capitalismo tardio, a maior suscetibilidade às crises atribui ao Estado a função de administração das crises com políticas anticíclicas, isto é, ao estabelecimento de políticas voltadas para evitar as crises, proporcionando garantias econômicas aos processos de valorização e acumulação. Essa função estatal é acompanhada de uma vasta ofensiva ideológica para integrar o trabalhador à sociedade como “consumidor”, buscando, ainda, transformar qualquer rebelião em “reformas” que o Estado possa absorver. [...] “a hipertrofia e autonomia do Estado capitalista tardio são um corolário histórico das dificuldades crescentes de valorizar o capital e realizar a mais-valia de maneira regular”. Essas dificuldades encontram-se associadas à intensificação da luta de classes, à presença da classe operária como força política independente, ao agravamento das contradições entre os países imperialistas metropolitanos e entre estes e os demais Estados nacionais (MANDEL, 1985: 134, apud IAMAMOTO, 2010, p. 121, grifo do autor).
18
insere na reestruturação política, social e econômica do novo estágio de acumulação. Ela constitui o novo modelo de racionalizaçãodas empresas, determinando modificações na sua estrutura, nas políticas econômicas de expansão, nos processos de produção, organização e gestão da força de trabalho, com ênfase no controle do processo de trabalho e na criação de uma nova cultura pautada na competitividade do mercado globalizado (FREIRE, 2003, p. 34, grifo da autora; grifo nosso).
Para desenvolver as estratégias de atingir melhorias propostas pela dinâmica do capital
nas empresas, os empresários acatam desempenhos e padrões de qualidade que vem do
mercado internacional, globalizado. Conseguinte, fazem com que essas estratégias, de
melhoramento de tecnologias e informatização controlem seus desenvolvimentos no mercado
de trabalho para atingirem um patamar de grandes empresas, para assim possuírem uma
vantagem em controle dos resultados, gestão da força de trabalho vendida pelos trabalhadores,
bem como a sua competitividade no mercado e sua produtividade, investindo amplamente em
marketing interno e externo (FREIRE, 2003).
Conseguinte de variados aspectos, não se pode deixar de ampliar a discussão sobre os
reflexos do mundo do trabalho10, a exploração do trabalhador tem avançado cada vez mais,
onde a flexibilização, juntamente com a desregulamentação por parte do Estado, faz com que
o capital tenha mais vantagens e mais poder sobre os trabalhadores. Nesse sentido, há um
acirramento não apenas de sua condição social como da fragilidade no enfrentamento a sua
condição de classe. Os trabalhadores constituem-se em sua maioria de forma desarticulada,
fragmentada com distinção na proteção social. Um conjunto de leis e políticas que
historicamente garantiram a qualidade de vida pelas mudanças conjunturais atuais, vem sendo
atacadas em diversas tentativas de suprimi-las em favorecimento ao grande capital.
Assim, veremos no tópico a seguir, como as relações entre capital e trabalho,
empregados e empregadores, bem como capital e Estado são tensionadas, e como as empresas
se posicionam frente às mazelas das expressões da “questão social”, que são inerentes ao
modo de produção capitalista existente na nossa sociedade.
1.1 O TENSIONAMENTO ENTRE CAPITAL TRABALHO E A POLÍTICA DE GESTÃO DE PESSOAS EM RESPONSABILIDADE SOCIAL
10 [...] No mundo do trabalho capitalista contemporâneo a flexibilização condensa múltiplos processos. Especificamente no processo produtivo observa-se uma série de transformações que constituem um verdadeiro salto tecnológico. [...] As transformações nos métodos de produção ocorrem simultaneamente a uma série de mudanças, na criação de novas formas de trabalho, na contratação da mão de obra, nos níveis de desemprego, na organização dos trabalhadores, nas negociações coletivas, nos níveis de pobreza e crescimento das desigualdades sociais, retraimento dos direitos sociais, desregulamentação das condições de trabalho, entre outras (PASTORINI, 2010, p. 38-39).
19
Entende-se que hoje, o ciclo econômico está posto sobre uma nova lógica do capital.
Ele coloca a condição de produção em outra escala, e isso exige novas relações para essa
sociedade capitalista. É sobre a lógica da financeirização do capital, perante esse ciclo, que há
uma intensificação dos modos de produção, como já mencionado no tópico anterior. Nesse
sentido, existe um descarte desses trabalhadores nas empresas, existem relações mais
precarizadas e fortemente mais complexas, que trazem maiores atenuantes para a sociedade.
Então, esse ciclo é como se fosse uma fase superior do próprio capitalismo, onde esse último
está se reorganizando numa nova lógica, e nessa lógica há um tensionamento maior da
condição do trabalhador para a extração do capital.
Esses ciclos então, juntamente com as empresas, impõem principalmente a
manutenção dessas tecnologias, mas não descartando que o importante mesmo é estimular o
controle sobre a produtividade, a intensificação da mão de obra e do trabalho em si,
garantindo os baixos salários, a flexibilidade continuada das formas de pagamento e
remuneração desses trabalhadores. Assim, toda a gravidade da situação recai sobre os ombros
dos trabalhadores, onde tem-se o aumento do desemprego estrutural, ampliação da jornada de
trabalho, bem como a intensificação do trabalho, para conectar e aumentar a produtividade e a
rentabilidade da produção (IAMAMOTO, 2010).
[...] A redução do trabalho protegido tem no seu verso a expansão do trabalho precário, temporário, subcontratado, com perda de direitos e ampliação da rotatividade da mão-de-obra. Esse processo provoca a polarização da classe trabalhadora. Por um lado, um grupo central, proporcionalmente restrito, de trabalhadores regulares, com cobertura de seguros e direitos de pensão, dotados de uma força de trabalho de maior especialização e salários relativamente mais elevados. Por outro lado, um amplo grupo periférico, formado de um contingente de trabalhadores temporários e/ou de tempo parcial, dotados de habilidades facilmente encontráveis no mercado, sujeitos a ciclos instáveis da produção e dos mercados. A ampliação dos trabalhadores temporários expressa o aumento da subcontratação de pequenas empresas, que agem como escudo protetor das grandes corporações, enquanto transferem os custos das flutuações dos mercados a externalização da produção (IAMAMOTO, 2010, p. 118-119).
É nesse sentido que as alterações no mundo do trabalho fazem com que as relações
fiquem tensionadas, pelo fato de que o desemprego, a instabilidade desse trabalho, e a
composição tanto dos trabalhadores nas empresas, como também a força de trabalho que se
altera por gênero, etnia, cor, sexo, entre outros, aumentam as expressões da
“questão social”, na qual passam a concentrar as necessidades humanas e, consequentemente,
agudizar a pauperização da população. Sendo assim,
20
[...] O predomínio do capital fetiche conduz a banalização do humano, à descartabilidade e indiferença perante o outro, o que se encontra na raiz das novas configurações da questão social na era das finanças. Nessa perspectiva, a questão social é mais do que as expressões de pobreza, miséria e “exclusão”. Condensa a banalização do humano, que atesta a radicalidade da alienação e a invisibilidade do trabalho social – e dos sujeitos que o realizam – na era do capital fetiche. A subordinação da sociabilidade humana às coisas – ao capital-dinheiro e ao capital mercadoria -, retrata, na contemporaneidade, um desenvolvimento econômico que se traduz como barbárie social. Ao mesmo tempo, desenvolvem-se, em níveis sem precedentes históricos, em um mercado mundial realmente unificado e desigual, as forças produtivas sociais do trabalho aprisionadas pelas relações sociais que as sustentam. [...] (IAMAMOTO, 2010, p.125, grifo da autora).
Podemos tratar então, que as expressões da “questão social” se dão pelas
desigualdades socialmente produzidas, principalmente pela sujeição das necessidades dos
trabalhadores para o capital, assim, passa aos vastos homens e mulheres da produção que
traduzem uma pobreza historicamente produzida pelas condições da sociedade e não
naturalmente produzida, pois tratam de trabalhadores sobrantes da sociabilidade do capital.
Pactuando com essas situações, as empresas fazem ligações com algumas instituições
financeiras, como bancos e sociedades de financeirização, entre outras, para que assim
possam dirigir uma produção de acumulação, conseguindo uma dominação social mais ampla
a partir das políticas do capitalismo, conjuntamente com o Estado. Essas instituições
financeiras, após os contratos bancários de operações, começam a fazer parte das empresas
como se fossem acionistas ou sócios dessas empresas. Assim, em conjunto, começam a pensar
em várias formas de garantir seu investimento, bem como de que maneira expandir a
capacidade de produção e as relações sociais, principalmente focada na extração de mais-valia
e expansão do capital industrial (IAMAMOTO, 2010).
Por conseguinte, essa ampliação, dominação e expansão do capital não são possíveis
sem o auxílio do Estado que, historicamente, cumpriu o papel de articulador das relações
entre capital e trabalho.Fazendo isso, tem-se uma estrutura de condições que fazem com que
as estruturas de produção sejam alteradas e que assegurem as condições da classe dominante.
O Estado estabelece leis que regulam o mercado de trabalho, determina leis que asseguram
direitos sociais, baliza e intermedia uma relação contraditória entre capital e força de trabalho.
Este Estado que também sofre as inflexões das transformações da sociedade capitalista, tem
seu poder mediador (pacto social)11 alterado e sua cobertura de proteção social reduzida.
11 [...] o pacto social, [...] não deve ser pensado como um acordo geral e definitivo, abrangendo uma ampla pauta de questões e de validade longa ou indefinida. Seria muito mais realista que ele devesse limitar-se, [...] a um pequeno número de questões e que os compromissos assumidos tivessem validade por um período curto de
21
A classe trabalhadora enquanto vendedora de sua força de trabalho tinha sua condição
de trabalho precária. Entretanto, a partir dos movimentos sociais, lutas e reivindicações, que
começaram e impulsionaram naquela época a conquista de alguns direitos garantidos em lei.
O processo de produção do modo capitalista nos mostra que a ideia de produção
expressa é uma maneira historicamente produzida e definidas pelo modo de produção aos
homens para produzirem e reproduzirem as condições materiais de sua existência humana da
vida social, e essas levam seu efeito para a produção, no qual encobre o antagonismo que
transpassam as condições e relações de trabalho nas fábricas (IAMAMOTO, 2005).
O que nos interessa aqui é destacar as relações sociais através das quais este processo se realiza. Para tanto, devemos considerar não o capitalista e o trabalhador individualmente, mas o conjunto dos capitalistas e dos trabalhadores, enquanto classes sociais que personificam categorias econômicas: o capital, o trabalho e o seu antagonismo. E, ainda, considerar o processo de produção na sua continuidade, isto é, na sua reprodução. O processo de produção, quaisquer que sejam as suas características históricas, é um processo que se reinicia permanentemente, já que a sociedade não pode prescindir da produção e do consumo. A reprodução é a continuidade do processo social de produção, porém, uma continuidade que não se reduz à mera repetição é uma continuidade no decorrer da qual o processo se renova, se cria e recria de modo peculiar. As condições de produção são, portanto, as da reprodução. (IAMAMOTO, 2005, p. 46)
No espaço das empresas, assim como em qualquer outro campo de atuação do
profissional assistente social, temos um espaço contraditório, pois os profissionais são
requisitados nas empresas para atender e subsidiar as relações, fazendo com que o trabalhador
tenha disposição, saúde, bem-estar e também tentar garantir a retenção desse trabalhador na
empresa, tendo como principal foco a produtividade com qualidade. É nesse sentido que a
empresa se preocupa com o lado social (CAVALLI, 2017, p. 11).
Onde quer que se trabalhe o assistente social estará num campo contraditório. Desta maneira ele terá que articular, fazer sucessivas mediações no processo empresarial com o intuito de mudar a realidade, se especializando e tendo a certeza que embora haja, atualmente, um espaço de valorização do social no setor empresarial ainda é muito difícil desenvolver o trabalho uma vez que o fim último da empresa é a obtenção do lucro e não a emancipação social (CAVALLI, 2017, p. 12).
tempo, [...] Um pacto destinado a limitar o conflito distributivo pressupõe determinada evolução dos preços e dos rendimentos, a qual tem que ser efetivamente comprovada, antes de se poder ampliar a área de concessões mútuas. Sendo assim, o pacto social talvez devesse ser entendido como um processo permanente de negociação, em todos os níveis [...] (SINGER, 1985, s.p.)
22
Segundo Dias (2012), o desenvolvimento da responsabilidade social surge12 como
forma de resposta às novas demandas da sociedade, tendo como aspectos a crise social no
final do século XX, quetrouxe para as empresas demandas sociais. Desse modo, passou a
desenvolver alguns arranjos de responsabilidade social, bem como ambiental, para que
aprimorassem e desenvolvessem novos agentes sociais para atuar na melhoria da qualidade de
vida das sociedades ao seu redor.
O desenvolvimento da responsabilidade social se insere no contexto criado por essas novas demandas sociais. Uma das características da crise social no final do século passado é que as grandes empresas, que estavam muito mais permeáveis e influenciadas pelas denúncias dos movimentos sociais, necessitavam responder a essas demandas sociais e, por isso, optavam por atuar e desenvolver novos arranjos entre as responsabilidades tradicionais em relação aos acionistas e as responsabilidades sociais e ambientais vinculadas a um novo papel de agentes sociais protagonistas no desenvolvimento econômico e na melhoria na qualidade de vida das sociedade de um modo geral (DIAS, 2012, p. 10).
As empresas buscam uma melhor percepção na comunidade a respeito da sua atuação
social, assim, conseguem uma boa imagem na sociedade, influenciando na compra e venda
dos produtos que são produzidos pela mesma. Portanto, empresa e sociedade fazem parte de
um mesmo sistema e estão em constante interação.
Partindo do pressuposto de que empresas socialmente responsáveis são as que utilizam
a responsabilidade social como estratégia de gestão, interessadas em seu público alvo que são
os trabalhadores, atuando para um impacto social e buscando aprimorar sua visibilidade na
sociedade preocupadas a demonstrar um comportamento socialmente respeitado na
atualidade, pois tendem a zelar por uma marca e um produto, mostrando para a sociedade uma
atuação social, com resultados positivos (BERTONCELO; JÚNIOR, 2007). Assim,
Responsabilidade social pode ser definida como o compromisso que uma organização deve ter com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo, ou de alguma comunidade, de modo específico, agindo proativamente e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela. A organização nesse sentido assume obrigações de caráter moral, além das estabelecidas em lei, mesmo que não diretamente vinculadas a sua atividade, mas que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável dos povos. Assim, numa visão expandida, responsabilidade social é toda e qualquer
12 [...] a RS se consolida na última década do século XX, num período em que convergem diferentes processos no âmbito empresarial, entre os quais: a evolução da globalização econômica com a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética; o desempenho sem precedentes das empresas como atores globais; o aumento do protagonismo das organizações da sociedade civil global; e o aumento da preocupação de pesquisadores, intelectuais e acadêmicos com a ética empresarial e a responsabilidade social da empresa (DIAS, 2012, p. 7).
23
ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade (BERTONCELLO; JÚNIOR, 2007. p. 73).
Os debates sobre a responsabilidade social tiveram uma intensificação na ideia da
empresa como instituição ou organização em ter as responsabilidades legítimas perante todas
as pessoas vinculadas à empresa e, também, seriam responsáveis por todos os impactos, tanto
sociais, como também ambientais que essa empresa causaria por conta de suas atividades
(DIAS, 2012).Portanto,
O termo responsabilidade social remete à boa governança da organização, a uma gestão ética, sustentável e ao conjunto dos compromissos voluntários que uma organização assume para administrar seus impactos sociais, ambientais e econômicos que produz na sociedade. [...] (DIAS, 2012, p. 6).
Partindo desses aspectos, a empresa se preocupa com seus colaboradores e com a
comunidade em que está inserida, tendo como objetivo evitar prejuízos e gerar benefícios para
aqueles que participam de suas ações, onde adota métodos racionais para atingir benefícios à
organização, para a sociedade em que está inserida, bem como para a sociedade em geral.
Assim:
“A responsabilidade social constitui uma forma de gestão da empresa que implica na sua colaboração com a sociedade, incorporando as preocupações desta como parte de sua estratégia de negócios e assumindo um compromisso de total transparência em sua atuação. Embora seja um compromisso de cunho voluntário, a responsabilidade social envolve o cumprimento da legislação em todos os níveis (municipal, estadual, nacional e internacional), bem como qualquer outra ação voluntária empreendida pela empresa para melhorar a qualidade de vida de seus funcionários, das comunidades em que opera e da sociedade no seu conjunto, ou seja, dos diferentes grupos de interesse com os quais se relaciona de algum modo” (DIAS, 2012. p. 6).
O Banco Mundial também coaduna com o comportamento organizacional sustentado
na gestão da responsabilidade social empresarial. Segundo esta instituição financeira, a
aplicação da “[...] responsabilidade social empresarial é o compromisso da empresa em
contribuir para o desenvolvimento econômico e sustentável – trabalhando com empregados,
suas famílias, a comunidade local e a sociedade em seu conjunto – para melhorara qualidade
de vida [...]” (BANCO MUNDIAL apud DIAS,2012, p. 21).
Este agente financeiro tem estimulado as organizações a incorporar a cultura e
promover práticas que fortaleçam essa perspectiva, tais como, as oito maneiras de mudar o
24
mundo13.Desse modo, a partir dos autores evidencia-se que a responsabilidade social tem
significado de comportamento socialmente responsável com princípios éticos, podendo
envolver amplas relações da empresa. Assim, a responsabilidade social tem inúmeras relações
a serem mediadas nesse modelo de gestão, tais como: da empresa com os colaboradores,
empresa com a sociedade e empresa com fornecedores, cuja premissa está sustentada no
desenvolvimento econômico social da comunidade em que está inserida (BERTONCELO;
JÚNIOR, 2007); para tanto, alterando práticas que se demonstram compatíveis a princípios
éticos e democráticos. Portanto, ultrapassa a relação legalista do direito e propõe a
contribuição no desenvolvimento sustentável. A empresa torna-se um agente, um ator que se
engaja na construção do coletivo social (TORETTA, 2010).Este debate é questionado e alguns
autores14 defendem que não há como o capital incorporar desafios éticos, visto que seu
objetivo, é o lucro.
A partir das transformações ocorridas na sociedade e que geraram mudanças também
nos espaços organizacionais e no setor de recursos humanos, viu-se a importância de adequar
os espaços e, principalmente, adequar as pessoas que ocupavam os mesmos com seu trabalho,
gerenciando os trabalhadores para construir objetivos claros para a organização. Essas
alterações profundas que ocorreram no espaço e na gestão de recursos humanos, num passado
não tão longe assim, mais precisamente nos anos de 1970 e 1980, trouxeram para as
organizações o critério de caráter estratégico, que foi introduzido nos padrões de gestão de
pessoas. Consequentemente, as relações se alteraram e com isso as mudanças trouxeram
novas práticas para as empresas como estratégias organizacionais, e também o modelo de
gestão de pessoas.
Juntamente com a responsabilidade social, as novas práticas de gestão de pessoas vêm
se ampliando e sendo desenvolvidas pelas organizações que objetivam maiores e melhores
desempenhos e metas organizacionais. Os processos que envolvem gestão de pessoas são
realizados em complexas atividades para gerenciamento de indivíduos, para o alcance de
maiores e melhores resultados para a organização (GOMES, 2009, p.47). Nesse sentido,
Entende-se por modelo de gestão de pessoas a maneira pela qual uma empresa se organiza para gerenciar e orientar o comportamento humano no trabalho. Para isso, a empresa se estrutura definindo princípios, estratégias,
13As oito maneiras de mudar o mundo surgiram a partir de um estudo da ONU, na qual percebeu em 2000 uma grande leva de desigualdades e problemas mundiais, como fome, miséria, falta de educação, falta de saneamento básico, falta de qualidade de vida, entre outros problemas. Desse modo, listou essas oito maneiras, para ampliar uma possibilidade de mudar e melhorar a qualidade de vida das pessoas até o ano de 2015 (PENSAMENTO VERDE, 2013, s.p.). 14 Consultar Montaño (2003) e Melo Rico (2004).
25
políticas e práticas ou processos de gestão. Através desses mecanismos, implementa diretrizes e orienta os estilos de atuação dos gestores em sua relação com aqueles que nela trabalham (FLEURY, 2002, p. 11)
O surgimento do modelo de gestão de pessoas se dá pelo desenvolvimento que se
almeja com o comportamento humano, que tem sua relevância na sociedade, assim se
preocupa com sua gestão nos espaços organizacionais no setor de negócios.
[...]É nesse contexto que surge o conceito de modelo de gestão de pessoas. Quando esse conceito é estrategicamente orientado, sua missão prioritária consiste em identificar padrões de comportamento coerentes com o negócio da organização. A partir de então, obtê-los, mantê-los, modificá-los e associá-los aos demais fatores organizacionais será o objetivo principal. Analisado no contexto organizacional, o modelo caracteriza-se assim como uma variável dependente das condições em que ocorrem os negócios. Somente com o entendimento adequado dos fatores que determinam essas condições é que se torna possível delinear um modelo coerente com as necessidades da empresa (FLEURY, 2002, p. 13).
É a partir disso que se tem a possibilidade de juntar a gestão de pessoas com as
estratégias que a empresa propõe, tendo um crescente desenvolvimento em vários sentidos,
mas, principalmente, na implementação das estratégias que farão com que a empresa cumpra
com sua responsabilidade social, como também para sua permanência no mercado, que no
período atual, o mercado se encontra mais globalizado e competitivo (GOMES, 2009).Essas
mudanças e transformações que ocorreram para um novo modelo de gestão de pessoas foi
baseado em conhecimentos e habilidades, marcado pelo traço da competitividade do mercado.
Assim, o modelo de gestão de pessoas pode ser interpretado e entendido como um
conjunto de práticas, políticas, normas, padrões, regras, ações, instrumentais e procedimentos,
que vão interceder no comportamento humano e mexer com os direcionamentos do ambiente
de trabalho (GOMES, 2009).
É dessa forma que o modelo de gestão de pessoas sente as transformações, não
somente nos elementos internos, mas também nos elementos externos, a partir da sociedade
em que a empresa ou organização está inserida. Os referidos elementos nos trazem razões
determinantes para o contexto em que a empresa trabalha. Nos elementos internos estão as
pessoas que formam a empresa, e que necessitam de estratégias para a organização do seu
trabalho, sempre buscando os resultados desejados, e também o produto que a empresa
produz, e o serviço que ela presta devem ser destaques na sociedade. Já os elementos externos
se dão pela cultura da sociedade em geral, das leis que regem o trabalho e as organizações, o
papel do Estado-Nação, os fatores que o mercado impõe para as empresas, entre outros fatores
26
que interferem e atuam nas relações sociais e do trabalho, definindo os limites e
possibilidades de cada empresa, dentro do seu modelo de gestão de pessoas (FLEURY, 2002.).
[...]Os fatores sociais correspondem à forma pela qual a sociedade regula o trabalho e as relações de trabalho que ocorrem em seu âmbito. Prevalecem a cultura de trabalho dessa sociedade, a legislação e a intervenção dos diferentes agentes, dentre os quais se destacam o Estado e as instituições sindicais. [...]O mercado, por seu lado, deve ser considerado o fator preponderante na constituição do modelo, pois define o perfil de competências organizacionais exigido pelo negócio do setor de atividade em que atua. [...] (FLEURY, 2002, p. 15).
Nessa perspectiva,
A rigor, tudo aquilo que interfere de alguma maneira nas relações organizacionais pode ser considerado um componente do modelo de gestão de pessoas. O comportamento organizacional não é produto direto de um processo de gestão, mas o resultado das relações pessoais, interpessoais e sociais que ocorrem na empresa. Gestão de pessoas significa orientação e direcionamento desse agregado de interações humanas. Nesse sentido, a definição de uma estratégia, a implementação de uma diretriz com impactos no comportamento dos empregados, a fusão ou transferência de uma unidade organizacional ou a busca de nova postura de atendimento ao cliente são intervenções de gestão de pessoas. A concordância com tal perspectiva implica o reconhecimento de que os limites entre o que é especialidade de recursos humanos e o que está na área de atuação dos planejadores estratégicos ou dos gestores de produção ou de marketing são muito tênues e de difícil determinação. [...] (FLEURY, 2002, p. 16).
Consequentemente, todo modelo de gestão de pessoas possui elementos fundantes, que
vão de encontro com questões imanentes a comportamento, mas também no que se refere à
competências e força de trabalho, aperfeiçoamento dessas competências, qualificação do
serviço como um todo,a motivação dentro do ambiente de trabalho, reforçando a estratégia
organizacional, que muitas vezes é o mercado que estabelece a partir do modelo adotado,
buscando sempre da melhor maneira a eficiência, eficácia e efetividade das ações da
organização dentro da sociedade (GOMES, 2009).
Existem elementos característicos aos modelos de gestão de pessoas ativos nas
empresas, assim,
[...] Eles estão presentes em praticamente todas as organizações, mas não são identificados de imediato porque se manifestam de diferentes maneiras: mais ou menos formalizados, consolidados em uma estrutura organizacional própria ou ainda dispersos e pouco tangíveis, o que depende, fundamentalmente, da maior ou menor consciência que a própria empresa tem da importância de agir organizadamente sobre o comportamento humano aplicado ao trabalho (FLEURY, 2002, p. 17).
27
Podemos demonstrar alguns elementos constitutivos do modelo de gestão de pessoas,
[...] Os componentes formais de um modelo de gestão de pessoas se definem por princípios, políticas e processos que interferem nas relações humanas no interior das organizações. Por princípios entendem-se as orientações de valor e as crenças básicas que determinam o modelo e são adotadas pela empresa. [...] As políticas, por sua vez, estabelecem diretrizes de atuação que buscam objetivos de médio e de longo prazo para as relações organizacionais. Em geral, são orientadoras e integradoras dos processos especificamente voltados para a gestão de pessoas. [...] Os processos são os elementos mais visíveis do modelo, e boa parte da literatura sobre recursos humanos tem-se dedicado exclusivamente a eles. Processos são cursos de ação previamente determinados, não podem ultrapassar os limites dos princípios de gestão e visam alcançar os objetivos traçados, orientados por políticas específicas. São instrumentalizados por uma ou mais ferramentas de gestão que pressupõem procedimentos específicos. Caracterizam-se como processos de gestão os planos de cargos e salários, de capacitação e de sucessão, a administração de carreiras e as avaliações de desempenho, de performance e de pessoal. Pesquisas salariais, de clima organizacional e diagnósticos de cultura são exemplos de processos e ferramentas componentes do modelo. (FLEURY, 2002, p. 17).
A partir destes autores o que se evidencia é que a responsabilidade social amplia as
ações da empresa e possibilita atualizar a relação com a força de trabalho; não é um
investimento destituído de relações de classe, acompanha a inovação do capitalismo.
Entretanto, percebe-se no tensionamento da relação entre capital e trabalho a possibilidade em
antecipar e reconhecer impactos e perdas da classe trabalhadora. O posicionamento é
estratégico e não quer ser associado à empresa a super-exploração que possa afetar a imagem
e o produto. A relação que estabelece é de que seu desenvolvimento está imbricado no
contexto. Para estas organizações o capitalismo deve manter vivas as condições que o
sustentam, portanto, mercado e força de trabalho são balizadores do crescimento e lucro. As
novas práticas em responsabilidade social e gestão de pessoas não rompem a condição de
classe trabalhadora, nem almejam fazê-lo, contudo, diversos estudos apresentam que nestas
relações de trabalho há uma condição diferenciada de trabalho e de remuneração indireta que
atinge em patamares a condição de vida do trabalhador. Um capitalismo avançado e presente
nas relações de trabalho em países desenvolvidos.
28
2 O SERVIÇO SOCIAL ORGANIZACIONAL E SEU PROCESSO DE TRABALHO NO CAMPO ORGANIZACIONAL O Serviço Social é uma profissão que tem sua origem constituída a partir da
emergência da “questão social” na sociedade capitalista, ou seja, as relações entre classes
demandam de mediações que possam favorecer as relações sociais de reprodução social, estas
relações se constroem num processo histórico, e assim expressam o movimento da sociedade
capitalista e de suas relações sociais. Neste aspecto, situar o Serviço Social organizacional é
compreendê-lo não apenas em sua emergência, implantação, mas sim, nas transformações
impactadas a este campo de trabalho do Serviço Social. É sabido que o processo de
industrialização em todas as suas fases não é desconexo do movimento da sociedade, cujas
alterações produtivas (taylorismo, fordismo e toyotismo) impactam de forma cultural,
econômica e socialmente. Ou seja, as organizações do trabalho, e das forças produtivas não se
restringem ao espaço da produção. Destarte, é apresentar esta configuração em um campo do
trabalho profissional sem abordar toda amplitude em torno das transformações societárias
originadas em torno das alterações produtivas.
A construção da profissão dentro do sistema capitalista permite identificar as
necessidades sociais e as dificuldades encontradas na divisão social do trabalho perante as
transformações ocorridas na sociedade e de como os indivíduos se organizaram para a
produção e reprodução das relações sociais, tentando manter a existência material da vida e
como forças movimentadoras de um processo, chamado de produção social. Esse processo de
produção, ligado ao processo de finalização e circulação de mercadorias, está substanciado no
interesse da formação do capital, cuja mais-valia15advinda do trabalho será componente. Não
podemos esquecer que há campos de trabalho em que atuam novas categorias sociais, que
intervém no processo de produção que não produzem mais-valia, mas que auxiliam no avanço
das formas e condições de vida e trabalho dos trabalhadores que fazem do exercício produtivo
a expansão do capital.
Porém aí não se esgota a análise do produto do trabalho desenvolvido pelo assistente social. Ao se pensar esse trabalho em empresas capitalistas, ele tem um efeito na sociedade do ponto de vista da produção de valores ou da riqueza social, ao ser parte de um trabalhador coletivo. O assistente social não produz diretamente riqueza - valor e mais-valia - mas é um profissional que é parte de um trabalhador coletivo, fruto de uma combinação de trabalhos especializados na produção, de uma divisão técnica do trabalho
15“A função verdadeira, específica do capital é, pois, a produção de mais-valia, e esta, [...], não é outra coisa que a produção de trabalho excedente, apropriação – no curso do processo de produção real – de trabalho não pago, que se objetiva como mais-valia” (MARX, 1978, p. 9 apud SILVA, 2015, p. 32-33).
29
[...] (IAMAMOTO, 1998, p. 69).
O Serviço Social “[...] tem uma objetividade que não é material, mas é social. [...]”
(IAMAMOTO, 1998, p. 67), desse modo, tem um efeito socialmente objetivo, pois quando
viabiliza o acesso a qualquer direito, gera efeitos na sociedade em que o sujeito está inserido,
onde fornece algo que é material e que para aquele trabalhador tem grande valia, ou utilidade.
Mas também, não podemos descartar que o profissional assistente social tem sua contribuição
e efeitos na sociedade como um todo, de modo que reflete no campo do conhecimento, dos
valores, comportamentos, sociais e culturais, nos quais interferem na vida dos sujeitos
(IAMAMOTO, 1998). Assim, a condição de trabalho da profissão do assistente social, a partir
da mediação dos profissionais que ocupam categorias estratégicas para os empregadores,
intervindo na esfera de produção e na melhoria da qualidade de vida e trabalho dos
trabalhadores, onde nesse pode-se incluir a categoria do Serviço Social, capaz de mediar os
conflitos e também auxiliar no avanço da produção e das relações sociais, postas na divisão
social do trabalho, bem como, atuam diretamente no sentido de distribuição e controle de
benefícios, centram suas intervenções na implantação de programas, projetos e serviços para
atender as demandas dos trabalhadores, e assim,
[...] encerravam seus objetivos no momento que os trabalhadores e familiares eram contemplados pelos benefícios correntes de corte legal, ou criados pela própria empresa. O envolvimento do profissional com o trabalhador se limitava a responder às demandas e as exigências que eram determinadas na relação direta entre capital e trabalho (BATISTA, 2014, p. 133).
Desse modo, é chamado a intervir, pois se deixa levar como expressão das
necessidades sociais reveladas a partir dessas transformações e necessidades das classes
sociais, no ato de produzir e reproduzir os meios de vida e de trabalho, considerando uma
forma socialmente determinada. É nesse sentido que o desenvolvimento das forças produtivas
eleva as necessidades sociais que exigem do profissional assistente social a serem
especificamente qualificados para seu atendimento e sua intervenção enquanto profissional
mediador de conflitos, onde exige muito mais de racionalidade e eficiência para a intervenção
em necessidades inerentes a sociedade capitalista existente (IAMAMOTO, 2005).Decorrente
disso:
[...] cabe ressaltar a figura do agente profissional, como sujeito participe desse processo. No desempenho de sua função intelectual, o Assistente Social, dependendo de sua opção política, pode configurar-se como mediador dos interesses do capital ou do trabalho, ambos presentes, em confronto, nas condições em que se efetiva a prática profissional. Pode
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tornar-se intelectual orgânico a serviço da burguesia ou das forças populares emergentes; pode orientar a sua atuação reforçando a legitimação da situação vigente ou reforçando um projeto político alternativo, apoiando e assessorando a organização dos trabalhadores, colocando-se a serviço de suas propostas e objetivos [...] (IAMAMOTO, 2005, p. 95).
Evidencia-se historicamente que o desenvolvimento das forças produtivas no Brasil,
através da industrialização e a implantação do Serviço Social no país, decorrem do mesmo
período. No que se refere ao reconhecimento profissional, a partir das contribuições na área
do conhecimento, garantindo ampliação do conhecimento geral e específico da profissão em
si, para responder as significativas expressões da “questão social”, gerando um
reconhecimento dos usuários para com a profissão e para com os profissionais, que
conquistam o reconhecimento profissional em espaços importantes do Serviço Social, nos
quais vem garantindo viabilidade para responder as demandas com uma qualidade de
profissionalismo, que reproduz resultados apreciativos (BATISTA, 2014).Dessa maneira,
O Serviço Social se gesta e se desenvolve como profissão reconhecida na divisão social do trabalho, tendo por pano de fundo o desenvolvimento capitalista industrial e a expansão urbana, processos esses aqui apreendidos sob o ângulo das novas classes sociais emergentes – a constituição e a expansão do proletariado e da burguesia industrial – e das modificações verificadas na composição dos grupos e frações de classes que compartilham o poder de Estado em conjunturas históricas específicas. É nesse contexto, em que se afirma a hegemonia do capital industrial e financeiro, que emerge sob novas formas a chamada “questão social”, a qual se torna a base de justificação desse tipo de profissional especializado. [...] (IAMAMOTO, 2005, p. 77, grifo da autora).
Na década de 1930 houve o êxito do movimento de transformação produtiva, que com
a implantação das indústrias também repercutiu na condição de vida da classe trabalhadora.
Essas transformações reproduziram múltiplas expressões da “questão social”16, que no
percurso da produção e reprodução das relações sociais, bem como nas mediações realizadas
na industrialização, aumentou o conjunto de expressões, que derivaram da produção e
reprodução do capital. “É importante entender a “questão social” em uma dimensão coletiva,
emergente do contexto de uma sociedade dividida em classes, com objetivos e visões
antagônicas, que trazem no seu bojo a produção e reprodução das desigualdades. [...]”
(SILVA, 2007, p. 37). Decorrente do processo de entendimento da “questão social” como 16 A questão social pode ser definida como o conjunto de expressões sociais vindas das desigualdades sociais da sociedade capitalista. Tem sua origem dentro do modo de produção, onde antes era chamada de pauperismo. Suas manifestações se dão diante da contradição entre capital x trabalho, onde o trabalhador vende sua força de trabalho, produz a mercadoria e gera riqueza, e o capital se apropria privadamente da riqueza produzida pelos trabalhadores gerando lucro e mais-valia, portanto, sendo monopolizada, aumentando em grande escala as desigualdades sociais.
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questão coletiva, pode-se verificar que:
[...] É evidente, por exemplo, que a pobreza – muitas vezes tomada como expressão máxima da “questão social” – somente pode ser entendida quando considerada a partir da incapacidade de reprodução social autônoma dos sujeitos que, na sociedade capitalista remete de modo central, à questão do desemprego. Sem esquecer, é claro, que também trabalhadores inseridos no mercado de trabalho, e, portanto, empregados (formal e/ou informalmente) não estão isentos dos processos de pauperização. É claro também, [...] que a pauperização remete a outros indicadores sociais, como acesso a saneamento básico, habitação, educação, que determinam, por sua vez, os indicadores de saúde e assim por diante [...] (SANTOS, 2012, p. 134, grifo da autora).
Entre os anos de 1930 e 1956, a industrialização foi um marco para o mercado de
trabalho, o qual modificou intensamente toda a extensão desse processo de constituição e
formação do capitalismo do país, mesmo que retardatário, tendo a constituição das forças
produtivas exclusivamente capitalistas, estimulando o setor de bens a partir da produção.
Após os anos de 1964, têm-se alterações nas características e particularidades da “questão
social”. Com a reforma trabalhista da ditadura militar, “[...] acentuou-se o grau de
flexibilidade estrutural e da precariedade das ocupações que resultou numa alta rotatividade
dos trabalhadores em diferentes postos de trabalho. [...]” (SANTOS, 2012, p. 136-137, grifo
da autora).
A partir dos anos de 1970, as características das expressões da “questão social” não se
alteram profundamente, mas se modificam pelo modo como elas se dão, sendo no trabalho, na
sociedade ou no ambiente familiar, por questões de necessidade ou subsistência humana.
Mesmo o trabalhador que possui um trabalho formal, pode apresentar condições de
pauperização, pelas condições objetivas do trabalho ou até mesmo das condições do ambiente
familiar e social que se alteram pelas transformações da sociedade em geral.
Nesse sentido, o trabalho17 é condição constitutiva da “questão social”, o que
estabelece uma relação direta com a condição de vida da classe trabalhadora a qual se destina
a intervenção profissional que também sofre alterações, pela condição embrionária da
profissão, que é compreendida por sua necessidade advinda do reconhecimento da “questão
social” brasileira. Decorrente desse processo de constituição da profissão do final dos anos de
1930, quando iniciaram as primeiras escolas de Serviço Social, até meados dos anos de 1970,
17 [...] o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, medeia, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria natural como uma força natural. Ele põe em movimento as forças naturais pertencentes à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento, sobre a Natureza externa a ele e ao modifica-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza. [...] (MARX, 1983, p. 149-150 apud LESSA, 2011, p. 131).
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a profissão avançava em sua constituição, deixando para trás a sua constituição a partir da
Igreja Católica, com viés conservador e ingressando em um viés crítico, que abarcava uma
ligação com a classe trabalhadora, para que assim pudesse intervir na realidade social, nas
expressões da “questão social” e nas transformações que ocorriam na sociedade em geral.
Assim, o exercício da profissão, ao final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980, “[...]
correspondeu um avanço significativo da prática social, especialmente no sentido de que
passou a ter um novo ponto de ancoragem, construído com base nas alianças com a classe
trabalhadora. [...]” (MARTINELLI, 2003, p.147, grifo da autora).
Cabe ressaltar que, os resquícios culturais que forjaram o início da profissão de
Serviço Social no país numa fase embrionária, contaram com a interferência de uma formação
vinculada à igreja Católica, o que instituiu a profissão na forma filantrópica, destinada a
aliviar os “males sociais” ou até os chamados “problemas sociais” derivados de todas as
transformações que ocorreram na sociedade. A identidade que o Serviço Social tinha
desenvolvido estava presente nos diversos campos, onde a expectativa era a de
assistencialismo, ajuda aos trabalhadores; e, por isso,a entrada da profissão nas empresas
também ocorre para a intermediação de condições objetivas que afetam o trabalhador, todavia
no interesse do capital (MOTA, 1998).
Nesta fase, o Serviço Social de base positivista passa a contribuir com as relações de
trabalho. Cabe ressaltar que o período contava com uma jovem legislação trabalhista,
demarcando um período de ausência de políticas sociais públicas, reforço ideológico
moralista do trabalho, sustentando em práticas de repressão e paternalismo. Essas
transformações acontecem a partir do processo de industrialização no país que acompanhou a
revolução tecnológica e inseriu-se nas práticas mercadológicas de uma ordem capitalista
global, isto representou a mudança significativa dos modos de produção e de relações sociais
de produção e reprodução social. Processo esse conhecido como a reestruturação produtiva.
A reestruturação produtiva, que é mundial, chega ao Brasil na década de 1970, mas
teve seu início somente nos anos de 1980.
As transformações que concretizam a reestruturação produtiva se dão a partir da
identificação desse novo processo, que corresponde a uma nova reatualização do
conservadorismo. Assim, essas mesmas transformações se perpetuam a partir da evolução da
microeletrônica e da automação, ocasionando novas linhas de mercadoria, como também
outras divisões no mercado de trabalho, buscando assim o controle total do trabalho, e
construindo formas de agilizar a rotação das mercadorias e, consequentemente, do capital
(SERRA, 2001).
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A partir dos avanços deste capital industrial, seguindo os modelos de produção
taylorista/fordista/toyotista e das expressões políticas que fazem parte das classes, bem como
dos efeitos trazidos pela acumulação flexível, delineia uma forma de confronto entre as
classes fundamentais da sociedade que fazem emergir formas e condições objetivas para
novas práticas do Serviço Social. Logo, a reestruturação produtiva que estava longe de
substituir as relações de trabalho constituídas das transformações societárias, “[...]vem
reforçando, com a introdução de novos e modernos padrões de produção. [...]” (CESAR,
1998, p. 70). Onde,
[...] Seu resultado tem sido o elevado índice de desemprego e a precarização das condições de trabalho. Esse processo, ao contribuir para a fragilização da organização sindical, afeta as conquistas históricas dos trabalhadores, deixando patente o perfil conservador das práticas do capital. [...] assim, emergem as novas formas de consumo da força de trabalho, mediadas pelo uso de novas tecnologias e pela disseminação de um outro ethos do trabalho. [...] para materializar o aumento da produtividade, ocorre a redução do trabalho vivo, que se expressa na diminuição dos postos de trabalho, na precarização das condições de trabalho e na intensificação do ritmo na execução das tarefas [...] (CESAR, 1998, p. 70, grifo da autora)
Os efeitos da acumulação flexível, e da vigência desta no atual padrão ou modelo
produtivo, estão intimamente ligados aos princípios do neoliberalismo e atingem diretamente
todo o processo de produção e reprodução do capital. São os múltiplos efeitos no espaço da
indústria:
[...] fragmentação da classe trabalhadora com vários tipos de trabalhadores; redução do trabalho regular e aumento crescente do trabalho precarizado parcial, temporário, subcontratado e terceirizado; surgimento do desemprego estrutural; desindustrialização nas economias dos países periféricos; desregulamentação dos direitos do trabalho, dessindicalização dos trabalhadores e/ou destruição do sindicalismo de classe; maior exploração do trabalho das mulheres; crescimento do trabalho informal; nova forma de exploração dos trabalhadores por meio de atividades polivalentes e multifuncionais (SERRA, 2001, p.156).
O Serviço Social nessa conjuntura sofre variadas alterações que refletem
imediatamente em sua competência profissional, assim:
[...] refletindo na sua qualificação profissional, já que o mercado de trabalho na atualidade exige um profissional que possa responder de forma apropriada às transformações postas na esfera da produção e da reprodução social. Desta forma [...] as mudanças na esfera da produção e reprodução da vida social, os quais são determinados pela reestruturação produtiva, operam alterações nas demandas profissionais. Este contexto produz inflexões sobre o próprio trabalho do assistente social, colocando em evidência a
34
necessidade de estar cotidianamente atualizado com as demandas postas à intervenção profissional, de modo que o Serviço Social possa responder de forma qualitativa questões emergentes pela questão social. As profundas transformações nos processos de produção e reprodução da vida social são geradoras das desigualdades nas esferas da produção e distribuição dos meios de vida e de trabalho, na medida em que são apropriadas privadamente; sendo a questão social uma inflexão deste processo. Aqui está portanto, o grande desafio a profissão: conhecer as muitas faces da questão social no Brasil, das quais as mais perversas são a exclusão econômica, política, social e cultural e o desemprego estrutural que atinge milhões de pessoas (OLIVEIRA, 1998, p. 41).
No setor empresarial, o profissional deve executar não somente prestação de
benefícios, mas também executar programas de formação, qualificação da mão de obra, e
refuncionalização dos trabalhadores. Assim, os profissionais dessa área criam condições para
o trabalhador assumir o papel de colaborador dentro da empresa, que “vista a camisa” da
mesma, socializando valores e comportamentos para integração do trabalhador as exigências
da produtividade da empresa em si (AMPESE, 2004).Onde,
O Serviço Social mantém-se reconhecido como uma atividade auxiliar e subsidiária no exercício do controle sobre a força de trabalho, intervindo sobre a vida do trabalhador, fundamentalmente, através dos serviços sociais. Assim, a execução de programas assistenciais, tendo por base uma ação educativa, é considerada como função técnica, por excelência, do assistente social nas empresas (CESAR, 1998, p. 72).
Decorrente ainda do processo de reestruturação produtiva, o profissional é requisitado
com um pensamento e um perfil moderno, que requalificam os procedimentos utilizados pelos
assistentes sociais, onde os mesmos são chamados a participar dos treinamentos de
desenvolvimento oferecidos pela própria empresa.
Desse modo, as transformações que ocorreram no período de 1980 afetaram a
intervenção profissional, em seus aspectos técnico-operativos, de modo que,
[...] a atuação do assistente social nas empresas capitalistas também é objeto de novas exigências e qualificações e assume, nesses espaços, uma configuração e um estatuto bastante distintos daqueles expressos nas ações problematizadoras do projeto profissional dos anos de 1980. A complexificação da sociedade, as mudanças no mundo do trabalho, no papel do empresariado do protagonismo dos organismos internacionais na definição de estratégias de “desenvolvimento” para os países periféricos, são alguns determinantes que conduzem a uma ação profissional caracterizada por rupturas e continuidade [...] (AMARAL; CESAR, 2009, p. 416).
O profissional tem sua expansão a partir de um contexto de hegemonia do capital
industrial e financeiro, pois é a partir dessas condições que desenvolve ainda mais a chamada
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“questão social”, que é nada mais, nada menos que o desenvolvimento das expressões a partir
do processo de formação e desenvolvimento da classe trabalhadora, a qual é a base do serviço
prestado por esses profissionais chamados a intervir com especialização e eficiência. Assim,
perante todas as mudanças e desenvolvimentos que ocorreram na sociedade e nas forças
produtivas, da divisão sócio-técnica do trabalho, o profissional é chamado a ter um
posicionamento político dando respostas à “questão social”, sendo esta a que mais sofre com
as significativas crises tanto econômicas quanto de hegemonia do capital em sua função
dominante e de poder. Desse modo, o profissional não deixa de ser partícipe desse processo,
atuando no desempenho de suas funções. Assim, atua como mediador dos interesses do
capital, colocando condicionantes na sua prática, conforme imposição da
burguesia(IAMAMOTO, 2005).
Nesse sentido, podemos perceber que as relações sociais serão sempre mediadas pelas
instituições e situações do cotidiano, que podem ou não ocultar as relações sociais imediatas
da sociedade. É a partir da adoção do pensamento de Marx que o profissional vai ser um
componente/parte de uma sociedade inserida nas relações sociais, e partícipe do processo de
produção e reprodução da vida social. Assim, é a partir dos anos de 1980 que o serviço social
leva em consideração a abordagem e direção do pensamento para a ação da profissão. Desse
modo é que o profissional ganha visibilidade no processo de reconstrução da profissão que
tem uma busca de romper com o conservadorismo histórico e avançar na construção de
conhecimento científico para a profissão (YAZBEK, 2009).
Assim, as transformações que ocorreram no período de 1980 afetaram a intervenção
profissional, em seus aspectos técnico-operativos, de modo que,
[...] a atuação do assistente social nas empresas capitalistas também é objeto de novas exigências e qualificações e assume, nesses espaços, uma configuração e um estatuto bastante distintos daqueles expressos nas ações problematizadoras do projeto profissional dos anos de 1980. A complexificação da sociedade, as mudanças no mundo do trabalho, no papel do empresariado do protagonismo dos organismos internacionais na definição de estratégias de “desenvolvimento” para os países periféricos, são alguns determinantes que conduzem a uma ação profissional caracterizada por rupturas e continuidade [...] (AMARAL, CESAR, 2009. p. 416).
É nesse sentido que os profissionais assistentes sociais devem apropriar criticamente
de seus objetos de intervenção e qualificar suas práticas, por meio de problematizar as
situações que geram as necessidades dos trabalhadores, fortalecendo seus projetos
(AMARAL; CESAR, 2009).
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A partir daí as restritas produções neste campo apontam que o processo de trabalho18
do Serviço Social no campo organizacional implica num importante discernimento teórico
metodológico e ético político, visto a fácil cooptação do capital sobre o saber profissional, na
condição de trabalhador assalariado, para a reprodução dos interesses de alienação aos demais
trabalhadores e exponenciação das taxas de lucro.Logo os ideais da classe dominante, que
quer principalmente expandir o capital, requer, portanto,que atendam àss demandas sociais
como condição de perpetuação das relações de produção, que implica em novas necessidades
sociais, vindas da classe trabalhadora. A empresa requisita o profissional assistente social para
intervir frente às demandas sociais dos funcionários e da família. Assim, a empresa faz com
que o trabalho de um profissional assistente social tenha o objetivo de assistir os trabalhadores
em qualquer situação que coloque em questão a sua condição para o trabalho presente ou
futuro, de modo a proporcionar a proteção social e o bem-estar dos trabalhadores.
Segundo Mota (1998) os profissionais de Serviço Social, alteram o quadro de
funcionários das organizações para preservar a qualidade da mão de obra e força de trabalho,
e também “[...] exercer funções de controle social e de reprodução da ideologia dominante
junto aos segmentos subalternos, sendo seu campo atravessado por tensões e interesses de
classe. [...]” (IAMAMOTO, 1998, p.98, grifo da autora), e é nesse sentido de atender às
necessidades dos trabalhadores, a partir das expressões da “questão social” que afetam sua
vida na produção e na sociedade, e da garantia de seus direitos, como também atender às
expectativas dos empregadores para que a força de trabalho seja mantida, assim o assistente
social é requisitado, no qual é capaz de fragmentar relações que desagregam a visão e luta
coletiva dos trabalhadores.
Desse modo,
[...] a possibilidade de redirecionar o sentido de suas ações para os rumos sociais distintos daqueles esperados por seus empregadores – como, por exemplo, nos rumos da construção da cidadania para todos; da efetivação dos direitos sociais, civis e políticos; da formação de uma cultura pública democrática e da consolidação da esfera pública – deriva do próprio caráter contraditório das relações sociais que estruturam a sociedade burguesa. Nelas encontram-se presentes interesses sociais distintos e antagônicos, que se refratam no terreno institucional, definindo forças sociopolíticas em luta para construir hegemonias, definir consensos de classes e estabelecer formas de controle social a elas vinculadas. Daí o caráter político do trabalho do assistente social [...] (IAMAMOTO, 1998, p. 98).
18 O processo de trabalho, [...] é atividade orientada a um fim para produzir valores de uso, apropriação no natural para satisfazer a necessidades humanas, condição universal do metabolismo entre o homem e a Natureza, condição natural eterna da vida humana e, portanto, independente de qualquer forma dessa vida, sendo antes igualmente comum a todas as suas formas sociais. [...] (MARX, 1983, p. 153 apud LESSA, 2011, p. 146).
37
Em contrapartida, o assistente social é requerido pela sua qualificação profissional
perante sua autonomia teórica, técnica e ético-política na qual conduz suas atividades da
melhor forma, mesmo que as suas decisões perpassem a diretoria empregadora para sua
efetivação. A prática do profissional atravessa o eixo interno, que leva em consideração seus
instrumentos técnicos e estratégias que são necessárias para observar a realidade das relações
humanas, e o eixo externo revelado pelas circunstâncias que levam à materialização do
trabalho profissional a partir das relações de poder, e das necessidades da população que irá
necessitar dos serviços, bem como as demandas das instituições que empregam o profissional
assistente social (IAMAMOTO, 1998).
Assim, a proposta de uma práxis profissional que interfere para uma intervenção
dentro das empresas se mostra pelo poder de racionalidade e eficiência da profissão em
mediar as relações conflitantes e de tensionamento que perpassam o ambiente de trabalho,
promovendo o acesso aos direitos e também defendendo os direitos que muitos trabalhadores
desconhecem ou pensam que são benefícios concedidos pela administração da empresa que os
contrata.Assim:
[...] a prática profissional é vista como a atividade do assistente social na relação com o usuário, os empregadores e os demais profissionais. Mas, como esta atividade é socialmente determinada, consideram-se também as condições sociais nas quais se realiza, distintas das práticas e a ela externas, ainda que nela interfiram (IAMAMOTO, 1998, p.94, grifo da autora).
O profissional assistente social é contratado pela empresa para atender as necessidades
de cada trabalhador. Desse modo, ao ter no quadro funcional o profissional assistente social a
relação empregado e empregador, capital e trabalho, organiza-se numa relação humanizada,
todavia, também administrada sobre critérios que delimitam a amplitude que a empresa
proporcionará a atenção demandada. Ao obter essa relação humanizada, a empresa estará
evitando múltiplas situações e interlocuções que podem vir ocorrer dentro da esfera produtiva,
fazendo acarretar “problemas” ou situações que demandam de muita atenção, como processos
trabalhistas e assim por diante. Esta empresa possui uma característica inteligente, pois
percebe que o atendimento ao trabalhador é necessário e que auxilia no processo dentro da
empresa, fazendo o seu ciclo normal. Diante disso, pode-se verificar que nem toda demanda é
suprida pela organização, ou seja, o profissional tem nas políticas sociais públicas a
possibilidade de articular serviços que atendam a condição do trabalhador.
Pode-se destacar algumas características do profissional assistente social, com
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especificidade nas empresas: 1) o profissional deve constantemente procurar conhecimento,
haja visto que seu trabalho de orientação e conversação com os trabalhadores se torna mais
fácil e aumenta participação do sujeito, bem como eleva o grau da resolução do caso e, para
isso, deve conhecer as políticas da empresa e seus trabalhadores; 2) deve ser um profissional
comprometido com suas atividades, ser responsável pela execução das mesmas, bem como
articular e elaborar novas, para que o atendimento ao trabalhador se torne diferenciado,
criando assim, novas ações engendradas ao projeto ético-político da profissão; 3) o
profissional deve manter um ambiente de trabalho favorável e agradável, mesmo quando a
tensão é inevitável, tentando da melhor maneira articular e negociar as demandas necessárias,
e; 4) desenvolver trabalho em grupo e em conjunto com os demais setores, cooperando
serviços, programas e projetos para a obtenção de êxito com qualidade (CAVALLI, 2017).
[...] o profissional não deve se distanciar, contudo, do princípio básico da orientação, defesa e sustentação dos direitos trabalhistas e sociais. Embora se encontre num ambiente contraditório cujo trabalho esteja vinculado ao aumento da produtividade do trabalhador, o trabalho em torno dos direitos é uma realidade possível. [...] O trabalho profissional também deve ter enfoque nas consequências que a forma de organização capitalista moderna traz para a vida dos trabalhadores. Dentre estas consequências de um trabalho voltado para a exploração da força de trabalho humano, pautado na relação capital/trabalho, muitas influências psicológicas e sociais recaem sobra a vida das famílias dos trabalhadores. Nesta perspectiva é que se deve voltar o trabalho do assistente social. Buscando, em meio a um ambiente de tanta exploração e pressão, lutar pela efetivação, orientação, defesa e sustentação dos direitos trabalhistas básicos, como também os direitos sociais (CAVALLI, 2017, p. 14, grifo nosso).
A partir do exercício profissional, que intervém nas relações sociais, as múltiplas
expressões da “questão social” são atendidas nos campos da saúde, educação, assistência,
previdência, impondo múltiplos programas articulados, juntamente com a empresa privada,
ligando políticas estatais e empresariais, que envolvem ações multiprofissionais
(IAMAMOTO, 1998). Para além das legislações, a profissão tem sua práxis amparada na
forma de compreender a realidade social, cujos fundamentos teóricos e éticos políticos
desnaturalizam as relações postas e direcionam a intervenção.
É nesse sentido que os profissionais assistentes sociais devem apropriar criticamente
de seus objetos de intervenção e qualificar suas práticas, problematizando as situações que
geram as necessidades dos trabalhadores, qualificando ainda mais os projetos (AMARAL;
CESAR, 2009).
Para diversas demandas que se apresentam no espaço organizacional o profissional é
requisitado a responder questões que interferem na produtividade. Assim, cabe ao Serviço
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Social executar serviços e programas que assegurem a condição de trabalho e emprego
(AMARAL; CESAR, 2009). Para os processos de trabalho, o Assistente Social contará com
políticas instituídas pela organização e muitas vezes com a interface de políticas e serviços
públicos. A intermediação entre o público e o privado para o atendimento a uma demanda de
um trabalhador formal encontra limites, atribuições e legislações que são articuladas pelo
profissional para acessar seu direito. Nessa perspectiva,
O assistente social se caracteriza como um dos profissionais que possui atributos para intervir na vida cotidiana dos trabalhadores tanto no âmbito fabril quanto na esfera do seu ambiente doméstico ou de sua da vida particular. Assim, ao mesmo tempo em que interfere na reprodução da força de trabalho, por meio da administração de benefícios sociais ou dos “salários indiretos”, exerce o papel de mediador nas relações empregado‐empresa, implementando programas integrativos que, abrangendo a família‐comunidade, contribuem para a intensificação do controle e do disciplinamento dos trabalhadores, tendo em vista a sua subordinação aos requisitos do processo de valorização (AMARAL; CESAR, 2009, p. 419).
Nesse sentido, vemos que a contratação do assistente social nas empresas é constituída
por práticas sociais que atingem as relações de produção e reprodução e ainda a relação entre
trabalhador e empresa. Para Mota (1998), é desse modo que o capital faz com que a “questão
social” seja vista como problema do indivíduo, pois rotula as relações de produção como se
tudo que os trabalhadores têm ou podem alcançar, sejam realçados como benefício dados
pelos empregadores, conquistados no mérito individual.Ao Serviço Social, então, incorre no
risco de naturalizar as relações sociais de base capitalista e intervir reforçando elementos
ideopolíticos conservadores.
[...] o trabalhador, ao submeter sua força de trabalho ao capital, subordina também seu próprio destino individual e coletivo, ao ter convertidas como suas as necessidades e aspirações criadas pela empresa. Desse modo, o trabalhador torna-se vulnerável às exigências do capital, que embora temporária e historicamente imponha suas condições, nem por isso exerce um domínio incontestável, isento de contradições que resultam num processo de luta de classes. Na medida em que o processo de exploração do trabalho alheio cria as condições básicas para a valorização do capital, gera também situações crescentes de pauperização dos trabalhadores, que se manifestam nos (assim chamados pela empresa) “problemas do trabalhador” ou “problemas sociais”. Assumindo-os como obstáculos à produção, mesmo não se sentindo responsável pelos segundos, a empresa cria políticas assistenciais, quando não privatiza os programas das instituições públicas, tentando manter em equilíbrio a relação empregado-empregador. Justamente para executar tais políticas, a empresa requisita o assistente social (MOTA, 1998, p.56, grifo da autora).
Nesse sentido,
40
O Serviço Social é uma especialidade profissional dentro da divisão sócio-técnica do trabalho, cujas funções são compreender a realidade socialmente contextualizada, produzir conhecimento acerca dessa realidade, e, ao mesmo tempo, intervir para transformá-la. O conhecimento e a ação concretizam-se nas políticas sociais, no cotidiano das relações, na melhoria da qualidade de vida, tanto na execução quanto na formulação e planejamento de políticas sociais públicas ou privadas. Ao desenvolver seu processo de trabalho, o Serviço Social tem em vista a efetivação e consolidação dessas políticas e a transformação da questão social presente no cotidiano dos diversos espaços ocupacionais. Sendo assim, o processo de trabalho do assistente social se materializa no planejamento de programas sociais e na sua execução (SILVA, 2007, p. 37-38).
Em vista disso, a ação profissional não deve encobrir ou mascarar aspectos da relação
capital trabalho, sua ação deve ser planejada e sustentada em princípios éticos da profissão e a
escolha de instrumentais que primem pela autonomia, liberdade do trabalhador atendido,
sempre em respeito à relações democráticas, que optem por práticas que implementam e
consolidam a participação desses trabalhadores, para fortalecerem o acesso a seus direitos. A
instrumentalidade é o meio para a realização do trabalho, sendo essas funções essenciais para
o firmamento do processo de trabalho do profissional assistente social.
No que se refere às competências, “a profissão e os profissionais do Serviço Social
vêm construindo respostas aos desafios e às demandas no contexto adverso, buscando
instrumentos que sejam efetivos no processo de trabalho. [...]” (SILVA, 2007, p. 38). A partir
desses instrumentos, os profissionais assistentes sociais destacam-se com habilidades
desenvolvidas a partir da formação, que conjugam com o interesse multifuncional das
organizações, bem como evidenciam princípios, métodos e técnicas que transpõem coerência
no exercício da profissão, e apresentam finalidades que são específicas e próprias do Serviço
Social.
O conjunto de demandas da profissão faz com que o processo de trabalho do assistente
social em diferentes espaços sócio ocupacionais, tome um direcionamento, que vem
sedimentando-se ao longo da história da profissão. Nesse sentido, “[...] na direção da
cidadania, na perspectiva dos direitos, da participação, da democratização dos bens e serviços,
da distribuição de renda, enfim da emancipação e da independência dos sujeitos [...]” (SILVA,
2007, p. 38).
A Lei nº 8.662 de 7 de junho de 1993, regulamenta a profissão dos assistentes sociais e
seu exercício profissional. Conforme os artigos 4º e 5º desta lei, os quais sancionam as
competências e atribuições destinadas aos profissionais assistentes sociais inseridos em
qualquer campo de atuação, bem como descreve em seu conteúdo, como proceder em seu
exercício profissional.
41
Portanto, em seu artigo 4º, que dispõe sobre as competências do profissional, estão:
[...] II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; [...] V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos; VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; [...] XI - realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades. (CFESS, 2011, p. 44-45, grifo meu).
E em seu artigo 5º, que dispõe as atribuições privativas:
I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social; II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social; [...] IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social; [...] VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social; [...] XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e Regionais; XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas; XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e entidades representativas da categoria profissional (CFESS, 2011, p. 45-47).
O assistente social em uma organização enquanto especificidade do profissional
desempenha esta função, com destaque as grifadas nos artigos, inclusive, são estas atribuições
que garantem o espaço no mercado privado, visto que as alterações produtivas e
nomenclaturas não estão determinadas em legislação. Esta clareza nas atribuições e processos
que perpassam o campo organizacional é endossado por Mota (1998), onde o profissional,
além disso, realiza atendimentos e visitas domiciliares, da mesma maneira que toma várias
providências para qualquer tipo de situação relacionada à vida do trabalhador, bem como com
a sua família. Nesse sentido, o profissional,
[...] tem compromisso com a defesa intransigente dos direitos humanos, da democracia, da liberdade, da justiça social, ou seja, da cidadania, porquanto considera o homem sujeito de direitos. Para esse profissional, é no exercício desses direitos que o sujeito interfere, influi e modifica as suas relações sociais, o seu modo de existir, estabelecendo novas formas de ocupar espaços, emancipando-se para a oportunidade de ser cidadão. [...] (SILVA, 2007, p. 39-40).
Portanto, mesmo que o trabalho do assistente social seja visto mais uma vez como
42
uma ação que vai intermediar a condição do trabalhador frente aos interesses do empregador,
o mesmo procura reconhecer no trabalhador um cidadão de direitos, com os quais podem
mediar relações de interesses contraditórios, no limite da autonomia relativa do profissional,
partindo para a garantia dos direitos políticos, civis e sociais, fazendo gerar conhecimento e
fazendo com que o trabalhador seja principal ator no processo de acesso aos direitos.
[...] A ênfase nos direitos sociais agrega elementos fundamentais do desenvolvimento do processo de trabalho no Serviço Social, incluindo-os não só como parte para a sobrevivência [...] Almeja-se o acesso ao bem-estar econômico, à segurança e ao usufruto dos bens e serviços, possibilitando à população, com a qual se trabalha, viver com dignidade, de acordo com os padrões de educação, saúde, habitação, segurança, assistência, previdência, cultura, lazer, concebidos pela sociedade (SILVA, 2007, p. 40).
Perante todas as situações que são vistas dentro e fora da empresa diante das
intervenções realizadas pelo profissional de Serviço Social, na vida e na condição
socioeconômica, social, cultural e política do trabalhador, o assistente social que é contratado
deve conhecer a realidade e as reais necessidades dos trabalhadores, a necessidade do
processo de trabalho, bem como as possibilidades e limites instituídos na relação capital e
trabalho dentro das organizações. Tais condições que são originárias da contradição entre
capital e trabalho, demandam ao profissional, diplomacia em lidar com os interesses
contraditórios, habilidade relacional, conhecimento de legislação e parâmetros éticos que não
infiram sobre a sua conduta profissional.
Os conflitos sempre estarão presentes, muitas vezes naturalizados, entretanto, o que
subsidiará a intervenção técnica é sua capacidade teórico-metodológica e ético-política. Isto
inclusive será o diferencial entre os profissionais deste campo, visto que na categoria não há
neutralidade enquanto escolha de classe. A escolha está para os fundamentos teóricos e
metodológicos, na forma de contemplar as demandas da classe trabalhadora; ou seja, a
naturalização da condição alienada, explorada ou de conquista de direito. A neutralidade
conferida por Mota (1998) interpreta-se como uma postura ética profissional de quem trabalha
com interesses e conflitos e não somente atribuída a um espaço específico.
Outro aspecto que é importante destacar e que perpassa o processo de trabalho do
assistente social, que são requeridos pela empresa, nos quais precisam ter atitudes,
conhecimentos e técnicas que traduzem uma linguagem do mundo produtivo e de estratégias,
programas, rotinas dadas pela empresa. Cabe a este ainda refletir sobre sua intervenção no
ritmo da produção e reprodução, e da qualidade dos programas, projetos e serviços que farão
parte de sua intervenção.
43
[...] identificar e resolver problemas, estabelecer metas, usar técnicas e métodos de controle com a finalidade de melhorar os níveis de informação integração e ação conjunta. Estes cursos abordam, também, formas de desenvolver o espírito de equipe, o sentimento de união, adequar e manter os padrões de qualidade e produtividade e contribuir para o desenvolvimento da empresa (OLIVEIRA, 1998, p.42).
Consequentemente os profissionais adquirem conhecimentos compatíveis às
organizações, com assuntos específicos e debates que permeiam a profissão com maior
intensidade em outros campos do exercício profissional. Neste aspecto, cabe ao profissional
sua atualização nos debates da profissão, traduzindo e desnaturalizando a condições postas no
campo organizacional.
É nesse sentido que os profissionais para garantirem seus espaços de trabalho,
precisam expandir seus conhecimentos, se atualizando e se especializando não somente no
que a empresa requer, mas também para que não se afastem da perspectiva da profissão,
fazendo do seu exercício profissional um modo de ver a totalidade, indo da aparência para a
essência, do singular ao universal. Apresentando a discussão atual, dinamizando o trabalho,
utilizando de caminhos metodológicos em sua intervenção, e principalmente sendo efetivo em
suas atribuições privativas, demarcando a sua especificidade na divisão social e técnica do
trabalho. Isto é essencial para que haja o reconhecimento profissional vindo dos trabalhadores
e da organização sobre a especificidade na intervenção ou exercício profissional do assistente
social. Perante o exposto, destaca-se que a intervenção também deve estar pautada no
planejamento do processo de trabalho, que possa concretizar a organização do trabalho, visto
que neste campo há o enaltecimento de práticas que justifiquem e constatem os processos
naturais do controle das organizações. Entretanto, a racionalidade não deve sobrepor os fins.
Desse modo, “[...] o processo de trabalho reconhece o caráter multidimensional dos
sujeitos e de suas ações, considerando a complexidade do contexto e da ‘questão social’ nas
suas redes de relações expressas, no seu conjunto, na vida em sociedade. [...]” (SILVA, 2007,
p. 42, grifo da autora). Noutro sentido, o processo de trabalho do profissional assistente social
também fornece e estimula parcerias e trabalho em redes, desenvolvendo e aumentando as
vias para acesso aos direitos. Para tanto, em seu exercício profissional, os assistentes sociais
devem sempre fortalecer um diálogo reflexivo, que abrange todos os sujeitos, em diversos
espaços para enfrentar de forma coletiva o processo de emancipação humana e de garantia dos
direitos, não importando o espaço em que está inserido.
44
2.1 AS EXPRESSÕES DA “QUESTÃO SOCIAL” E A INTERVENÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL
A “questão social” está no centro do debate da profissão, visto que elas são expressões
inerentes ao modo de produção capitalista, existente em nossa sociedade. Nesse sentido, os
elementos da “questão social” podem ser explicados a partir do processo de acumulação
capitalista, que trouxe transformações tecnológicas que ampliaram o capital e diminuíram o
tempo de trabalho social necessário para a produção. Desse modo, as expressões da “questão
social” inerentes ao modo de produção fazem com que os profissionais assistentes sociais
tenham maior incorporação, interpretação e conhecimento da realidade para que possam
intervir. Outro aspecto que as expressões da “questão social”, bem como as transformações no
mundo do trabalho trouxeram para os profissionais de Serviço Social, e que deve ter uma
discussão ampliada, são as condições em que os assistentes sociais desenvolvem sua ação e
profissionalização, para que possam intervir no cotidiano da vida e das relações sociais
existentes. Contudo,
[...] a ‘questão social’ não é expressão natural resultante das relações entre os homens nas esferas da estrutura e da superestrutura; a ‘questão social’ é expressão das manifestações do conflito entre capital e trabalho, e vem se transformando profundamente com o advento revolucionário tecnológico e científico, em processo, desde o período pós-1970, na esfera da produção e reprodução social [...] (BATISTA, 2014, p. 123-124, grifo do autor).
Assim, a partir da história tem-se visão do movimento e articulação da força de
trabalho, onde o trabalhador pode estar empregado ou desempregado, mas em todos os
sentidos vem sofrendo alterações a partir das modificações produtivas e do mundo do
trabalho. São essas alterações no mundo do trabalho que vem materializando as expressões da
“questão social” na sociedade em que vivemos, metamorfoseando os aspectos, os modos de
como elas se dão, e também as formas de como as expressões são desenvolvidas dentro do
modo capitalista de produção.
[...] “a questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção, mais além da caridade e repressão. ” [...] (IAMAMOTO, 2005, p. 77, grifo da autora).
A gênese da “questão social” pode ser explicada a partir dos estudos sobre a
45
acumulação do capital industrial, ou por sua ampliação. Nesse sentido, o processo remete a
corporificar permanentemente a industrialização e as novidades tecnológicas, para continuar
com o aumento da produtividade e, consequentemente, da mais-valia produzida, mas que não
gera produto social, nem mesmo diminuição do tempo de trabalho que realmente é necessário
para a produção das mercadorias (SANTOS, 2012).
No que se refere ao desenvolvimento tecnológico das indústrias, podemos salientar
que quanto mais desenvolvimento e incorporação de maquinários e quanto mais diminuição
do trabalho humano, mais aumenta o desemprego, assim, consequentemente, aumentando
também a pauperização e a “questão social” na sociedade. É desse modo que as
transformações tecnológicas vão se ampliando, e fazendo com que os trabalhadores sejam
trocados por máquinas, ou seja, troca de trabalho vivo, por trabalho morto.
Outro sentido que podemos salientar para as transformações das áreas produtivas é que
quanto mais máquinas estiverem produzindo e menos trabalhadores manuseando as máquinas,
teremos mais produtos em menos tempo. Como consequência, tem-se a extrema pauperização
do trabalhador na sociedade, sendo pelo desemprego, ou pela diminuição dos salários,
causando a falta de recursos para garantir as necessidades humanas e a subsistência para o
trabalhador.
A partir da exploração e frente às condições objetivas que os trabalhadores passam
para conseguir sua subsistência, não sobra tempo para que possam usufruir de outras
necessidades que o corpo pede, e não podem desfrutar das outras dimensões da vida social de
que tem direito, assim o tempo é absorvido para a produção e a liberdade é comprada e deve
ser gasta com as mercadorias que impulsionam a produção (SANTOS, 2012).Nesse sentido,
ao capitalista,
[...] Preocupa a eles que a diminuição desde tempo de trabalho socialmente necessários seja, por um lado, uma forma de maximizar a extração de trabalho não pago dos trabalhadores e, por outro, uma forma de produzir o chamado “exército industrial de reserva” como aquele contingente de trabalhadores “excedentes”, aptos ao trabalho, mas “condenados à ociosidade socialmente forçada [...] acirrando a concorrência entre os trabalhadores – a oferta e a procura – com evidente interferência na regulação dos salários (IAMAMOTO, 2001, p. 14 apud SANTOS, 2012, p. 27).
Todavia a classe trabalhadora, ao reconhecer-se em si, ao longo da história e do
desenvolvimento das forças produtivas, realizou enfrentamentos contra o projeto burguês,
instaurado na sociedade capitalista. Estes conseguiram conquistas que regulam aspectos da
vida da classe trabalhadora e do mundo do trabalho. Os trabalhadores conquistaram direitos
46
sociais, econômicos, políticos e culturais nos quais tiveram alcance nas diferentes esferas da
vida em sociedade (BATISTA, 2014). A “questão social” está imbricada com o processo de
desenvolvimento capitalista, assim é parte de um modelo que se configura frente à dinâmica
desta sociedade. Ao conhecer o espaço ocupado pela classe trabalhadora e o modo capitalista,
desvela-se as relações sociais que permeiam o modo de vida. Assim, estudar a “questão
social”, refletir e posicionar-se acerca das expressões é um processo apreendido pelo Serviço
Social.
A “questão social” é o objeto de trabalho do assistente social, e como tal, demanda
respostas construídas na intervenção frente as diversas expressões. Todavia, a partir da
apropriação do materialismo histórico dialético, nos fundamentos da profissão, houve uma
alteração significativa para o exercício profissional. Esta aproximação teórica contribuiu para
que a classe dos assistentes sociais se reconhecessem como trabalhadores, e se posicionassem
na divisão sócio-técnica do trabalho a quem destinam o seu saber profissional.
Independente ao campo de trabalho, o profissional assistente social tem nas expressões
da “questão social” a demanda a qual deve ser compreendida, não apenas na condição posta,
como se apresenta, mas analisadas a partir das relações conexas e das mediações que
favoreçam a interpretação e análise do que se apresenta à intervenção. Este processo permite
distinguir inclusive o que não é campo de sua especificidade, como também impulsionar a
intervenção para ações de maior concretude, avançado ao pontual e aparente. “[...] garantindo
direitos conquistados e implantando novos, definindo os conteúdos que embasavam suas
ações técnico-operacionais, consagrando o padrão das políticas sociais tradicionais. [...]”
(BATISTA, 2014, p. 134).
A condição do trabalhador manifestada em expressões da “questão social”, se
apresenta também no ambiente de trabalho, algumas decorrentes da organização do trabalho e
outras de maior magnitude, postas nas relações sociais da sociedade capitalista.
Assim, as condições que permeiam a vida deste trabalhador são diversas e se
constituem em necessidades explícitas; podem ser por saúde, habitação, previdência, etc.
Podem ser demandadas em proporção pelo território pela ausência de políticas públicas; como
também pela fase de vida deste trabalhador; por um contexto, como de intensificação de
precarização. Ou seja, as expressões da “questão social” são multifacetadas e tomam forma no
que inviabiliza o usufruto da vida de uma classe. Portanto, mesmo que se postem em
demandas específicas, singulares, pontuais são forjadas na condição de classe.
[...]Ao entender a questão social como seu objeto de intervenção, o
47
profissional vê-se na mediação dessas relações. Mediação entendida aqui como uma ação ético-política e tecnicamente qualificada, que oportuniza acordos em que os conflitos e as disputas são traduzidos em possibilidades de resultados igualmente satisfatórios para as partes. Para isso, o exercício profissional do Serviço Social proporciona condições para fortalecer a capacidade de segurança e independência na relação em pauta. Nessa trama, viabilizam-se conhecimentos e informações sobre direitos (SILVA, 2007, p. 42-43).
A profissão ao longo da história, perante as expressões da “questão social”, é invocada
a mediar as relações entre capital trabalho, a debruçar-se sobre as condições de reprodução
social. Construiu um arcabouço científico de intervenção na realidade social, o qual
disponibiliza a diferentes campos do trabalho, articulado a diversas políticas sociais.
Para intervir, o profissional assistente social precisa conhecer a realidade do sujeito
trabalhador, e também compreender as mudanças que ocorrem cotidianamente nas demandas
vindas da sociedade em geral. Assim sendo, o Serviço Social como profissão interventiva,
sofre alterações, se reorganiza, regenera e remodela a partir das modificações e do processo
de transformação ocorrido na dinâmica da sociedade em si, e ao mesmo tempo precisa
maturar a reflexão sobre a intervenção e o significado histórico da profissão (SILVA, 2007).
Os espaços ocupacionais vivenciam as transformações da sociedade e da profissão,
pois também sentem as transformações. Entretanto, as atribuições privativas direcionam o
exercício profissional nos mais diversos campos de trabalho. Em cada campo há
particularidades do exercício profissional do assistente social, desta forma, organizam-se
processos de trabalho, organização do espaço ocupacional e manifestam conhecimentos
complementares, entre outros que impossibilitam registrar o movimento de toda uma
categoria. Pelo objetivo deste trabalho cabe contribuir para o campo organizacional19.
Pelo fato do profissional estar em um espaço ocupacional privado, a relação com o
campo organizacional se dá na forma de como o profissional se coloca frente às demandas,
como ele entende a cultura organizacional e a visão sistêmica da mesma, atuando de forma a
complementar as duas características. Essas fazem com que o profissional se adeque como em
qualquer outro espaço ocupacional, ao desenvolver, ao andar, ao avançar do campo
organizacional como um todo, bem como com os avanços tecnológicos que ocorrem dentro
do espaço de trabalho do trabalhador. Desta forma, o exercício profissional do assistente
19 [...] Construído por meio de interações sociais, este campo, mais do que um mero um construto agregativo, se constitui como uma arena relacional de compartilhamento de significados comuns, em que estruturas e ações de organizações interdependentes são recursivamente institucionalizadas e legitimadas. Como tal, é no âmbito do campo organizacional que as forças institucionais revelam seus efeitos mais intensos (DIMAGGIO; POWELL, 1983; DIMAGGIO, 1991; MACHADO-DA-SILVA; GUARIDO FILHO; ROSSONI, 2006 apud FONSECA; AUGUSTO, 2008, p.1).
48
social deve ir se metamorfoseando conforme as transformações do mundo do trabalho. Porém,
sem perder sua compreensão na divisão sócio-técnica e projeto de profissão, porque como
trabalhador também vende sua força de trabalho.
Nesse seguimento, os profissionais da área empresarial,
[...] têm sido chamados a atuar em programas de qualidade de vida no trabalho, saúde do trabalhador, gestão de recursos humanos, prevenção de riscos sociais, círculos de qualidade, gerenciamento participativo, clima social, sindicalismo de empresa, reengenharia, administração de benefícios estruturados segundo padrões meritocráticos, elaboração e acompanhamento de orçamentos sociais, entre outros programas [...] (IAMAMOTO, 1998, p. 130).
A intervenção profissional parte de um conhecimento teórico aprofundado sobre o
objeto do Serviço Social, que traz em sua objetivação a concretude do trabalho. Os
profissionais que atuam nas empresas têm seu exercício profissional pautado na realização de
programas e projetos sociais que incluem uma ramificação de possibilidades e alternativas
para a ação que abrange o contexto da realidade social, no qual estão inseridos os
trabalhadores da empresa, bem como seus familiares (SILVA, 2007).
A ação profissional tem como atributo o conhecimento da realidade, ou seja, o processo de investigação está implícito na abordagem do profissional no campo de trabalho, no reconhecimento da questão social, tal como ela se apresenta. [...]Assim, a dimensão investigativa no Serviço Social, utilizando-se dos procedimentos e técnicas concernentes com a realidade – entrevistas, observações, pesquisas de maneira geral – possibilita a percepção e a compreensão dos principais aspectos a serem construídos e trabalhados, direcionando o conhecimento e as ações [...] (SILVA, 2007, p. 43-44).
Para tanto, a intervenção do profissional de Serviço Social tem suas ações voltadas
para a qualificação do trabalhador, participação do mesmo em programas e projetos, mas
principalmente para a garantia e defesa dos direitos dos mesmos, no qual em conjunto,
abrange a emancipação política, econômica, social e cultural da vida em sociedade. Para
conseguir garantir todos os direitos conquistados pelos trabalhadores, sua intervenção é de
forma à construção e execução de atendimentos, encaminhamentos e atenção em suas
diferentes dimensões, a todos os trabalhadores (SILVA, 2007).
É preciso ter em mente que o objeto do Serviço Social na empresa deve visar a ação social do trabalhador, suas necessidades e de sua família, visando a transformação social e o objetivo da profissão é a melhoria da qualidade de vida dos funcionários e famílias, atendendo-os em suas necessidades básicas. [...]Desta forma, a materialização do Projeto ético político do serviço social na empresa encontra-se como um desafio para a profissão, uma vez que o
49
próprio profissional se depara com limitações na realização do seu trabalho, tendo em vista o seu vínculo empregatício com a empresa. [...] (CAVALLI, 2017, p. 12, grifo da autora).
Nesse sentido, o exercício profissional deve responder as desigualdades sociais
existentes na sociedade, mas preferencialmente atender as diferentes expressões da “questão
social”, garantindo o que está previsto nas leis que regulamentam a profissão, bem como as
leis que regem a sociedade e os direitos dos cidadãos que nela residem. Essas expressões
afetam grande parte da população do país, e se o profissional assistente social que tem suas
atribuições para o desmantelamento dessas não o fizer de maneira a contribuir para a garantia
dos direitos, estará contribuindo para a exploração do trabalho, com expressões agudizadas
nas quais irão trazer retrocessos e mazelas ainda maiores para a classe trabalhadora.
Desse modo, os profissionais devem procurar todos os recursos necessários para
atender da melhor forma possível o trabalhador que vende sua força de trabalho, e que ao
mesmo tempo é explorado pelo modo de produção capitalista que rege a sociedade, a qual não
superará tão logo as expressões da “questão social”, que estão postas na sociedade e que
muitas vezes não são vistas por todos, pelo fato de serem mascaradas pela mídia, pelos
governantes que estão no poder, tentando diminuir as políticas sociais, que garantem todos os
direitos que o trabalhador necessita na sua vida em sociedade, passando desde suas
necessidades básicas, até as mais complexas que aparecem no cotidiano da vida social.
Assim o setor de responsabilidade social deve seguir um processo que vai de encontro
as suas diretrizes, princípios éticos e que deve resguardar todos os direitos dos trabalhadores
que, consequentemente, estarão trabalhando com maior tranquilidade e segurança, fazendo a
mediação entre capital e trabalho, trabalhadores e empregadores.
50
3 METODOLOGIA DE PESQUISA: um olhar sobre os desafios do exercício profissional do assistente social no campo organizacional
Este referido trabalho constituiu-se primeiramente de pesquisa exploratória, que tem
por objetivo possibilitar maior aproximação do problema, assim tornando-o mais visível. A
pesquisa objetiva o aprimoramento de ideias, tendo como planejamento a flexibilidade do
tema abordado, visando à importância de vários aspectos significativos (GIL, 2002).
O trabalho também tem como objetivo olevantamento bibliográfico, pautado em uma
classificação qualitativa e exploratória de diferentes livros e artigos referentes ao tema
proposto. A pesquisa ainda foi realizada seguindo a linha de leitura e fichamento para maior
compreensão de todos os textos que revelam informações valorosas com ponderosas
contribuições. “Assim a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos [...]” (GIL, 2002, p. 44).
Para que a pesquisa atenda uma linha de pensamento, tem-se o questionamento que
inquieta o pesquisador, que se torna o problema de pesquisa que é: Como é a intervenção do
Serviço Social organizacional em base a responsabilidade social que atende as demandas da
classe trabalhadora? Dando continuidade e para responder ao problema de pesquisa, tem-se os
objetivos da pesquisa, onde os conteúdos do texto irão perpassar pelo questionamento
respondendo-o da melhor maneira. São os objetivos: Geral: Analisar as demandas dos
trabalhadores nesse espaço organizacional e sua relação com a atuação profissional do (a)
assistente social na responsabilidade social com vistas a proporcionar a reflexão sobre o
exercício profissional. Específicos:Identificar as demandas dos trabalhadores explicitadas no
atendimento da responsabilidade social interna; refletir sobre as prerrogativas
legais/profissionais que orientam o exercício profissional do Assistente Social na relação com
o campo organizacional; compreender na intervenção do Serviço Social na Responsabilidade
Social interna o que correspondem às demandas dos trabalhadores.
Desse modo, a pesquisa de campo, contou com um questionário, anexo I, que
beneficiou uma análise qualitativa e de conteúdo, sendo seus resultados exploratórios. Uma
pesquisa de campo com aplicação de questionário na modalidade de entrevista gravada.
Assim, a atuação do (a) assistente social na sua profissão, foi compreendida, levando em
consideração a pouca produção teórica que se tem da área de responsabilidade social dentro
de uma empresa privada, na visão dos trabalhadores que irão responder ao questionário.
Em meio aos interesses da pesquisa, as bibliografias utilizadas foram de grande
influência e levaram-me a fundamentação das discussões da pesquisa, pois desfrutam de
51
assuntos que contemplam a atualidade, a relevância e a perspectiva que a profissão busca no
decorrer da formação acadêmica, bem como para conhecimento correspondente a reflexão
deste trabalho. Os autores discutem a concepção dessas transformações que culminaram nas
expressões da “questão social”, na mais complexa contradição entre capital e trabalho, bem
como na construção de uma profissão que tivesse como projeto da profissional a classe
trabalhadora.
A pesquisa de campo primeiramente tem como objetivo pesquisar os trabalhadores
para ter maior compreensão do trabalho ou intervenção realizada pelas assistentes sociais
deste campo. O questionário foi elaborado com perguntas abertas, onde os pesquisados, são os
trabalhadores que responderam de acordo com sua vivência dentro da empresa, e que de
alguma forma tiveram experiências com o setor de responsabilidade social dessa respectiva
empresa e os que atendem aos critérios de inclusão, possuindo no mínimo dois anos de casa,
tendo duas ou mais vezes passado pelo setor de responsabilidade social não importando a
causa, no período de seis meses (janeiro a junho).As respectivas assistentes sociais desse
espaço sócio ocupacional também foram entrevistadas de acordo com sua experiência
profissional nessa área, bem como a partir das demandas vindas até as mesmas no setor de
responsabilidade social, na qual considera-se várias demandas pertinentes a esse campo.
De acordo com o TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os
pesquisados não serão identificados com seus nomes, somente serão utilizadas as respostas e
transcritas parcialmente, não identificando o sujeito, onde a fala dos entrevistados serão
codificadas como letras e números, para trabalhadores T1, T2, T3, T4, assim por diante e para
as profissionais AS1, AS2 e AS3, pois a profissão tem como princípio norteador o sigilo
profissional, e deve mantê-lo eticamente.
A metodologia proposta para a realização das entrevistas é de que há um contingente
muito grande de trabalhadores nessa respectiva empresa, na qual divide-se em vários setores.
Para a pesquisa, os trabalhadores foram escolhidos após uma vasta procura de quais eram as
pessoas que poderiam ser entrevistadas, e dentre esses foi sorteado 5% do total de 55
trabalhadores que se encaixavam nos critérios de inclusão. Portanto, teríamos 11 entrevistas
com os trabalhadores de variados espaços de trabalho. Para tanto tivemos a surpresa de que
três dos pesquisados não se sentiram confortáveis em responder à entrevista quando foram
convidados para a mesma e conforme os critérios de exclusão, se auto excluíram, somando
um total de 33% de desistência, e 77% referente ao total pesquisado. Diante disso não havia
proposta de lista de reserva e a substituição dos que se recusaram a realizar a entrevista não
era possível em tempo hábil. Os critérios de inclusão também envolviam a pesquisa às
52
assistentes sociais que atuam no setor de responsabilidade social da empresa, intervindo a
partir das demandas trazidas pelos trabalhadores, essas somam 100% de entrevistas
realizadas, pois são somente três profissionais no campo e nenhuma se negou a participar da
pesquisa.
A análise de conteúdo é, segundo BARDIN, 1979, p. 42 apud MINAYO, 1993, p. 199,
“[...] ‘um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo de mensagens, indicadores [...] que
permitam a inferência de conhecimentos relativos as condições de produção/recepção destas
mensagens. ” Assim esse modelo de análise pode ser considerado uma interpretação do
material que foi coletado a partir das entrevistas de natureza qualitativa (MINAYO, 1993).
De acordo com Lakatos e Marconi:
Na análise, o pesquisador entra em maiores detalhes sobre os dados decorrentes do trabalho estatístico, a fim de conseguir respostas às suas indagações, e procura estabelecer as relações necessárias entre os dados obtidos e as hipóteses formuladas. Estas são comprovadas ou refutadas, mediante a análise (LAKATOS; MARCONI, 2003. p. 167).
Portanto, baseado nas entrevistas deve-se realizar uma análise completa de todos os
dados a fim de obter maiores informações sobre as questões passadas. Desse modo, o
pesquisador irá elaborar e classificar os dados de forma mais sistemática, e pautada na ética e
no sigilo profissional, critério esse também aplicado a não identificação da organização em
que se pautou a pesquisa, deixando maior liberdade de expressão aos profissionais.Desse
modo, a análise será qualitativa para as questões respondidas, de forma que proporcionará
uma maior compreensão do problema da pesquisa, bem como uma maior proximidade da
essência dos atendimentos e acompanhamentos do serviço social dentro do espaço
organizacional. A partir da análise dos questionários aplicados, bem como das respostas dadas
pelos pesquisados, pode-se contestar ou comprovar a hipótese, pois a apresentação desta tem
como parâmetro uma análise qualitativa dos dados tabulados.
Para análise qualitativa, os aspectos abordados constituem-se em “dados coletados, a
extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que nortearam a
investigação” (GIL,2002. p. 133). Desse modo passa a definir o processo com atividades “que
envolve a redução dos dados, a categorização desses dados, sua interpretação e a redação do
relatório” (GIL, 2002. p. 133). Portanto, os dados coletados foram analisados e interpretados
e, para término da pesquisa, foi utilizado o referencial teórico que ofertou fundamentação para
53
os dados, estabelecendo assim uma relação entre os dois, para que desse modo possa-se ter
uma certificação da veracidade dos resultados finais da pesquisa.
Uma vez compreendido o processo de construção da pesquisa, cabe destacar o registro
dos resultados, assim dividiu-se em dois eixos de análise, os quais serão apresentados
considerando a transcrição do relato dos sujeitos da pesquisa. Diante da coleta de dados passa-
se para a análise e nessa serão considerados alguns eixos de direcionamento. Mas
primeiramente realiza-se uma breve apresentação dos sujeitos da pesquisa.
3.1 APRESENTAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA. Os trabalhadores entrevistados, desta respectiva empresa, têm faixa etária entre 23 e
47 anos, são dois homens e seis mulheres, nos quais representam os três turnos da empresa,
trabalhando em diferentes setores, tanto produtivos, quanto não produtivos. Os mesmos têm
entre 2 e 14 anos de empresa, trabalhando sempre no mesmo ambiente ou espaço de trabalho,
mas com manuseio de diferentes máquinas ou atuando em outras funções dentro desse
período de tempo.
Os trabalhadores tiveram contato com o setor de responsabilidade social pelo fato de
estarem afastados ou por situações correlacionadas ao setor de saúde ocupacional somando 5
pessoas, e por situações correlacionadas ao setor de responsabilidade social somam 3
trabalhadores.
As profissionais assistentes sociais que foram entrevistadas estão alocadas no setor de
responsabilidade social, onde todas têm formação em Serviço Social, exercendo a profissão
com diversas experiências profissionais, pois devem intervir em todo o tipo de situação.
Possuem faixa etária entre 25 e 47 anos, e têm entre 7 meses e 12 anos de trabalho nessa
empresa.
3.2 ANÁLISE DE CONTEÚDO E DE DADOS
3.2.1. As demandas do Serviço Social no campo organizacional Conforme citado no segundo capítulo deste trabalho, o profissional que está alocado
no setor de responsabilidade social é requerido a intervir na vida dos trabalhadores, os quais
trazem demandas para o Serviço Social. Desse modo, podemos verificar a partir dos relatos
dos trabalhadores o que levou os mesmos a procurar as assistentes sociais da empresa.
T1-[sic] Foi primeiramente financeiro, meu salário ficou muito pouco e como só eu trabalho. Só minha renda dentro de casa. Que minha esposa é
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desempregada. E eu aqui na cidade não tenho parente e então ai vim no momento. T2 - [sic] Meu esposo foi mandado embora da firma e um mês pesou muito pra mim, ai a assistente social me ajudou, fui bem recebida. T5 -[sic] A partir do momento que eu tive a doença. Tive um ano e alguma coisa de afastamento. T6 -[sic] Precisei procurar quando minha filha ficou doente. T7 -[sic] Quando eu tive problemas com minha filha. T8 -[sic] Acompanhamento.
É a partir desses relatos que vemos que os profissionais assistentes sociais, são
chamados a intervir em diversas demandas para com a classe trabalhadora, e podemos
perceber que elas não se esgotam apenas na condição manifestada. Assim, essas demandas
vindas das expressões da questão social fazem com que os profissionais articulem situações
que possam garantir os direitos de cada trabalhador.
Já na perspectiva das profissionais entrevistadas, podemos perceber que são múltiplas
as questões que chegam até o setor de responsabilidade social, pois as expressões da “questão
social” estão presentes em todos os espaços, e principalmente dentro dos meios de produção.
Desse modo, as demandas que chegam até o Serviço Social a partir da fala das assistentes
sociais,conforme apresentado por Iamamoto (2005), se criam e recriam, se complexificam,
mas demandam uma intervenção qualificada por programas, serviços, políticas e benefícios
que atendam a condição pontual manifestada pela classe trabalhadora.
AS1 – [sic] Vulnerabilidade social, transferências de setor ou pedido de acordo. AS2 – [sic]atendimentos e problemas emocionais. São para vários casos e várias áreas. Por exemplo, envolvendo a área da saúde: é problemas físicos de saúde, problemas emocionais que também entra dentro da saúde, é, violências, violência contra mulher, envolvendo criança e adolescente, outras questões daí relacionadas ao trabalho dos colaboradores, por exemplo: faltas, problemas no setor, na área de trabalho, com o supervisor, com colegas de trabalho. AS3 – [sic] É problemas correlacionado aos colaboradores como um todo, principalmente com relação à algum desequilíbrio no local de trabalho, situações familiares, situações de família, é, situações com relação a algum tipo de agressividade, algum tipo de violência, intra ou família, acho que é isso, basicamente de uma forma geral, eu acho que é isso.
Portanto, percebe-se na fala das profissionais que as expressões da “questão social”
estão estampadas em variadas situações, tanto fora como dentro do espaço de trabalho. Como
nos diz as profissionais que estão mais tempo na área,
AS2 - [sic] acho que expressões da questão social, tanto no que se refere a vida pessoal dos colaboradores, como também aqui dentro do trabalho,
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alguns casos por exemplo, pela questão da faixa salarial, o número de pessoas na família que trabalham, que está desempregado, então acaba impactando muitas vezes questões pessoais aqui dentro do trabalho também. AS3 - [sic] Por exemplo, a questão de direitos, né. O serviço social está presente dentro da organização, onde pode acontecer de um dos direitos das pessoas ser violado, o serviço social pode estar fazendo uma ponte nessa articulação para que esse direito não seja violado.
Nessas configurações, podemos perceber quão importante é o profissional assistente
social dentro do espaço organizacional, principalmente por identificar a condição de classe,
estabelecer a mediação, construir alternativas frente a imposição do capital, se não
perceberem e forem alienadas vão apenas contribuir para o capital e negar a contribuição
histórica e coletiva, por isso tem que saber desnaturalizar as relações que estão postas, e
assim, pode-se perceber a competência do profissional inserido neste espaço. Verifica-se
diante dos relatos que, neste espaço, é necessário a intermediação do assistente social, e que
as forças produtivas e sua lógica embrutecem as relações de trabalho, a atenção, onde a
acolhida do trabalhador permite sua reorganização frente a dificuldades que se manifestam.
Desse modo, as profissionais atuam e intervém na vida dos trabalhadores com
instrumentais que são atribuição do assistente social.
AS1 – [sic] É a ficha de atendimento, a ficha de visita domiciliar, que vai o relatório, que a gente faz os relatórios né. É bem sucinto os relatórios. Ajuda pra gente ter um histórico desse colaborador AS2 – [sic] Eu acho que os instrumentais são, o atendimento, a visita domiciliar, principalmente a visita domiciliar, as reuniões, o trabalho em grupo. O conjunto desses instrumentais, é o que faz com que a gente consiga realizar, desempenhar o nosso trabalho. Temos um registro que é específico que a gente criou o instrumental específico, tanto pro atendimento, tem um documento que é feito o registro, pra visita domiciliar tem um documento específico que é de visita domiciliar, dentro das visitas domiciliares vão se subdividir os tipos de relatórios, os encaminhamentos, no estudo social, um documento que tem o parecer do assistente social. AS3 – [sic] Nós utilizamos, acompanhamento individualizado, que é um dos instrumentais que é muito típico do serviço social, nós utilizamos a visita domiciliar, o acompanhamento, o aconselhamento, encaminhamento, orientações, atendimento individualizado
A partir desses instrumentais, é que o profissional assistente social consegue intervir
nas expressões da “questão social”, no sentido de atender e encaminhar todas as situações da
melhor maneira possível.
Como citado no primeiro capítulo, o profissional sempre estará atuando em um campo
de contradições, nos quais terá que articular intervenção e mediações em todos os processos
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que ocorrem, tendo vontade e direção para que a realidade seja modificada e alterada
conforme a sua mediação na vida de cada trabalhador. E assim, podemos ver quão importante
é ter o setor de responsabilidade social, mas percebendo que sem o profissional assistente
social, várias mediações ou intervenções não seriam concretizadas.
T1 – [sic] É grande a diferença, não ter responsabilidade social dentro da empresa fica meio, o funcionário precisa de alguma coisa dentro da empresa tem que estar procurando o gerente, supervisor ou até o dono. E tendo o serviço social no pessoal e tentam ajudar na maneira que eles podem também. Importantíssimo. A importância do profissional é bem… boa, têm que ter, entendeu, toda empresa o assistente social porque é um trabalho ótimo bem feito entendeu, então é importantíssimo. Serviço social dentro da empresa. T2 – [sic] eu acho muito importante. T3 – [sic] muita diferença, muita. Uma consulta, agenda aqui, lá, tem que ir no posto agendar até encaminhar demora uns dois ou três meses pra consultar. O serviço social me auxilia bem dizer em tudo. T4 – [sic] é muito importante que facilita a nossa vida, se precisamos de alguma situação, que as vezes a gente não consegue ir além, mas com a assistente social eles conhece todos os pontos que precisa pra nos ajudar, facilita bastante. E é muito importante, porque assim, as vezes a gente assim falta mais dias no trabalho porque até que a gente fica procurando sem saber pra onde que vai, sem destino e com o pessoal nos direciona mais fácil. T5 – [sic] Bom, eu acho que pra mim agora que eu já usei, a diferença em ter, é muito importante, porque se não tivesse no dia de hoje, eu não sei o que seria de mim. Ter o assistente social, é bom porque na hora que você precisa você tem ali, né, então tanto pra mim quanto pros outros colaboradores. T6 – [sic] esse setor, as vezes se a gente ta com algum problema, ou precisando de algo a gente tem aonde recorrer né, e se você trabalha numa empresa que não tem, não tem o que fazer. E que quando a gente precisa, vão sempre ta aqui pra ta ajudando né. T7 – [sic] é muito útil e muito bom.
Diante do exposto, podemos analisar a partir da fala das profissionais quais as
intervenções que são realizadas dentro da empresa e como fazem para intervir no exercício
profissional.
AS1 - [sic]Atendimento, acompanhamento, ajuda funeral, assistência nos funerais quando precisa né, encaminhamentos que a gente faz, tem encaminhamentos pra fora, pra psicólogos, tem atendimentos no geral, o que precisa é feito. AS2 - [sic] Bom, depende de cada caso, mas de forma geral, acho que primeiro a gente faz um trabalho de escuta com os colaboradores, para entender qual a demanda que eles trazem né, e depois a gente vê qual a possibilidade de encaminhamento, se é pra rede de apoio, ou aqui dentro da empresa para as demais áreas, não sei para saúde ocupacional ou o próprio gestor, ou pra fora da empresa, por exemplo, CAPS, um atendimento de psicoterapia pelos profissionais credenciados, ou o conselho tutelar, enfim a rede de apoio do município mesmo.
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AS3 - [sic] O serviço social, ele atua como uma ponte, né, entre a organização e o colaborador, ou seja, a gestão e a operação. O principal papel do serviço social é assegurar esse equilíbrio, esse engajamento entre os objetivos da organização e os objetivos do colaborador.
Como ressalta o trabalhador T1, o profissional faz sempre algo a mais, sempre
intervém de modo a surpreender o trabalhador e sanar sua necessidade.
T1 – [sic]Ela interveio na questão de alimentos que eu precisei de alimentação. De benefício. Ela me surpreendeu, porque eu pensei que no momento ia ser, por exemplo, ganhar a cesta básica normal que vai me atender, e esse básico, ai veio tudo. Foi além das minhas expectativas. Foi mais entendeu. Então fui bem atendido.
Fundamentado em legislações, os profissionais garantem a efetivação dos direitos de
todos os cidadãos, seja dentro ou fora da empresa, pois os profissionais conseguem de forma
ampla articular a relação entre público e privado, conforme citado no segundo capítulo por
Amaral e César, a intervenção contará com políticas instituídas pela organização e muitas
vezes com a interface de políticas e serviços públicos. Então, a partir do momento que se
esgota as possibilidades de um, passa-se as tentativas por outros meios, para que o sujeito não
seja prejudicado em nenhum sentido, e para que nenhum de seus direitos sejam negados,
negligenciados, ou até mesmo não observados da forma correta, o que evidencia seu
compromisso de classe, como abordado no segundo capítulo, e endossado por Iamamoto
(2005).
Sabemos que o início da profissão se deu em meio a Igreja Católica e, destarte, veio se
modificando segundo as transformações da sociedade. Ao longo, a profissão teve avanços
significativos, um deles seria a não total, mas parcial ruptura com o tradicional
conservadorismo, como reporta Yazbek (2009). Para tanto, conhecer a história do Serviço
Social é fundamental, mas ao mesmo tempo deve-se deixar para trás questões que tragam
referência de benesse ou filantropia como fundamento da profissão, mesmo que os
trabalhadores vejam a intervenção dos profissionais como forma de benefício e ajuda.
Conseguinte, os profissionais tanto do espaço organizacional, como de qualquer outro
espaço ocupacional de trabalho, devem ter outra perspectiva, não esquecendo que a sociedade
em geral também precisaria conhecer melhor o trabalho, atuação, e formação do profissional
assistente social. Pois o pensamento conservador faz com que a atuação dos profissionais
fique“escondida ou minimizada” no sentido de que a população não saiba com o que a
profissão trabalha e a partir de que situações postas que agudizam as relações sociais, de
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classes e de trabalho de um modo amplo e significativo. As políticas e programas devem ser
compromisso do capital com a reprodução da força de trabalho.
No sentido de não conhecer a profissão como um todo, desde seu início, é que muitas
pessoas percebem o Serviço Social como um serviço de ajuda ou amparo em momentos
difíceis, como relatam as assistentes sociais atuantes no espaço organizacional, o trabalho do
Serviço Social é visto pelos trabalhadores como,
AS1 -[sic] Na grande maioria, como se fosse filantropia. AS2 -[sic]Olha, eu acho que infelizmente, o que eu percebo é que o colaborador entende muitas vezes não como um direito dele, mas como algo que a empresa tá fazendo porque a empresa é boa, infelizmente ainda tem essa, acho que ainda existe essa visão do serviço social ser assistencialista, uma forma de filantropia. AS3 -[sic]Eu acredito que ele veja como um mecanismo de apoio, como alguém que eles confiam e que estão ali pra poder é, seja ofertado oportunidades de negociação, pra que fique, pra que aconteça a política do ganha-ganha, que fique bom pra eles, mas que fique bom pra organização também.
Posterior a esses relatos deve-se analisar que o trabalho do assistente social deve ser
valorizado e reconhecido como um trabalho que facilita o acesso a direitos muitas vezes
desconhecidos pelos sujeitos e usuários dos serviços, mas isso só será possível se ocorrer uma
desconstrução do ideal e da ajuda, o que depende de como o profissional realiza a sua prática
sócio educativa, mesmo que um desses espaços seja uma organização privada, pois só assim o
profissional terá mais valor e mais visibilidade como um profissional dotado de
conhecimentos, tanto de legislação, quanto de bagagem teórica, para atuar nos direitos
tencionados na lógica da organização produtiva. Compreendendo que esses direitos são
conquistas de classe e vigoram nas leis do trabalho, nos acordos coletivos, nas legislações de
saúde e segurança, não é o profissional que as cria e nem os aliena. O trabalhador deixou claro
que vê como algo a mais, um plus, uma empresa que atende sua necessidade e vê no Serviço
Social uma prestação de serviço, sendo ele também reconhecido como trabalhador no seu
limite institucional. Assim como diz o trabalhador,
T1 – [sic]eu penso que é um benefício da empresa, porque, a assistente social é de dentro da empresa. São pessoal da empresa, então é um benefício que a empresa está fornecendo pro trabalhador. Porque quando eu fui entrar aqui, fui admitido. Eles não falaram que eu ia ter, por exemplo, se acontecer alguma coisa com você, tem assistente social lá, pode ir lá cobrar deles alguma coisa. Então é benefício da empresa.
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3.2.2. O exercício profissional no espaço organizacional, na responsabilidade social. As mudanças em todos os sentidos que ocorreram na sociedade levam as empresas e
indústrias a requisitarem o profissional com formação em Serviço Social, com habilidades e
técnicas para atuar no sentido de atender as necessidades do capital, atuando junto com os
trabalhadores, mas ao mesmo tempo, atender as necessidades dos trabalhadores para que eles
possuam bem-estar e qualidade de vida, tendo tudo o que precisam para trabalharem
satisfeitos.
A questão sobre responsabilidade social que abordamos no primeiro capítulo deste
trabalho demonstra que representa um compromisso da empresa com a sociedade, tornando-se
um modelo de gestão que estabelece uma política para a relação entre capital e trabalho e do
capital com a sociedade. Onde o agente econômico tem ciência que o capital pode se esgotar
quando as forças não são favoráveis à sua expansão. Como modelo de gestão estão atentos
aos requisitos legais que podem tornarem-se custos produtivos.
Nessa perspectiva, podemos perceber que durante as entrevistas, os trabalhadores
conseguem visualizar as atribuições dos profissionais assistentes sociais, o que eles fazem, e
qual seu papel durante a intervenção realizada, a partir de suas demandas. Assim, tem-se um
reconhecimento das atribuições mesmo não tendo conhecimento das legislações que dão base
para a intervenção do assistente social, tanto dentro das empresas, como também em outros
espaços ocupacionais. Desse modo, o profissional realiza,
T2 – [sic]Encaminhou a cesta básica. Auxiliar nas necessidades dos trabalhadores. Atendimento do trabalhador fora ou dentro da empresa. T3 – [sic] Acompanhamento, tem mais auxílio assim, encaminha a gente rapidinho. T4 – [sic]Um acompanhamento. Mas assim eles busca saber o que que é mais importante para o colaborador, que que vai ajudar ele né, incentivar ouvir, que seje várias situação, doação, correr atrás e é muito importante ou se ta doente vai visitar, vai saber o que ta acontecendo se foi acidente, se foi se morreu, ta acompanhando, são várias situação. T5 – [sic]Foi feito visita né. Foi feito encaminhamento. T6 – [sic]Foi realizado atendimento e encaminhamento. T7 – [sic]Ela me ajudou a resolver o meu problema e o problema da minha filha, e ela ta conseguindo resolver. Dando muito conselho, explicando como que ela tem que viver, como que tem que fazer pra sair desses problemas. T8 –[sic]Conversa. Acompanhamento.
Seguindo os relatos, conseguimos identificar que mesmo que os trabalhadores não
tenham total dimensão do trabalho profissional, eles reconhecem que os profissionais
possuem conhecimento aprofundado sobre variadas questões e se sentem confiáveis em
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relatar sua determinada situação, percebendo que o profissional não irá realizar trabalhos que
não sejam de seu conhecimento, ou até mesmo de sua profissão. Mas considerando que o
profissional tende a atuar de maneira a mediar conflitos, os trabalhadores os veem como uma
forma de ajuda em todos os sentidos, até mesmo para contratação e, ao mesmo tempo, ajuda
financeira, tentando benefícios a partir do setor em que o profissional está alocado.
Como descrito no capítulo anterior, verificamos que os profissionais possuem uma
legislação que é base para o exercício profissional mesmo dentro da empresa, e são essas as
quais os assistentes sociais devem recorrer e respeitar. Portanto, a Lei que regulamenta a
profissão, nº 8.662/93 possui em seu artigo 4º, as competências do profissional em todos os
espaços ocupacionais, e em seu artigo 5º dispõe sobre as atribuições privativas, onde demarca
as intervenções e os trabalhos que podem e devem ser realizados com os usuários e
trabalhadores.
Desse modo, essas atribuições garantem de forma positiva o espaço do profissional no
mercado privado, mesmo que as alterações produtivas e as nomenclaturas utilizadas neste
espaço ocupacional, não sejam determinadas nas legislações da profissão. Esta clareza nas
atribuições e processos que perpassam o campo organizacional é endossado por Mota (1998),
onde o profissional, além disso, realiza atendimentos e visitas domiciliares, da mesma
maneira que toma várias providências para qualquer tipo de situação relacionada à vida do
trabalhador, bem como com a sua família
A partir das atribuições privativas do profissional, os mesmos nem sempre conseguem
esgotar as possibilidades em que são limites institucionais, somente dentro da empresa,
porém, os utilizam a partir da articulação com os outros públicos de forma a ampliar as
possibilidades de proteção, pois nem tudo que é de direito dos trabalhadores a empresa
garante, como também nos espaços públicos. Conseguinte ao processo de escuta,
atendimentos, ou até mesmo de acompanhamentos aos trabalhadores, como relata as
profissionais, quando se esgota as essas possibilidades as profissionais realizam a articulação
com os espaços públicos, onde os trabalhadores também possuem direitos como qualquer
outro cidadão do país. Sendo a articulação relatada pelas assistentes sociais,
AS1 – [sic]Sim, as vezes quando a gente precisa a gente liga né, pra secretaria de saúde, pra alguns, conselho tutelar, alguns é órgãos do município para que nos auxiliem nas necessidades dos nossos colaboradores, quando a empresa, ela não pode ela mesmo fazer, é encaminhado para fora, quando ela não sana a necessidade do trabalhador dentro da empresa ela passa para o público. AS2 – [sic]Sim, o tempo todo né, de acordo como vem as demandas pra nós, a gente faz a análise daquilo que chegou e vê qual a possibilidade, tanto de
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encaminhamento, como falei para a rede de apoio, serviço público, quanto também para as ações de responsabilidade social, é, nos projetos, parcerias, enfim, não só com pessoas, é, como que eu vou te falar, pessoa física privado, mas no âmbito público também. AS3 – [sic]Fazemos, bastante, né, nós encaminhamos muitas vezes para o serviço público, como também recebemos demandas do serviço público, é uma mão de via dupla, né, tanto vai quanto vem.
Conseguinte a esse processo, muitas vezes os profissionais esgotam as possibilidades
de atendimentos pelo fato de que a empresa condiciona atendimentos e resolutividade de
algumas situações. Partindo desses aspectos a empresa mesmo que não esgote as demandas,
no eixo da responsabilidade socialorganiza-se de modo a antecipar questões que possam
interferir na sua imagem, marca ou serviços. O objetivo é o mesmo de toda organização,
evitar prejuízos e gerar benefícios para aqueles que participam de suas ações, bem como para
a sociedade em geral; se ancora numa política interna, tendo como base seus princípios de
visão, missão e valores. Assim,sob o formato da responsabilidade social, passa a reconhecer
inúmeras relações, antes relegadas em fases menos complexas do capitalismo
monopolista.Com tratado no primeiro capítulo sobre as mudanças que transformaram a
produção, mercado, bem como o mundo do trabalho.
Nesse sentido, as profissionais relatam que a contradição entre capital e trabalho
existente na sociedade é inerente a ela, fazem parte do cotidiano do espaço organizacional,
pois tal conjuntura permite verificar que esse tensionamento entre a contradição altera a
maneira de como os trabalhadores são na atualidade mais facilmente descartados e
precarizados. Assim, percebemos na fala das profissionais, que, o profissional deve atuar
conhecendo os limites do próprio capital em ensejar o interesse a classe trabalhadora, não é
uma condição alienada, mas ciente que entre as diversas demandas apenas algumas serão
reconhecidas e viabilizadas enquanto serviços para a reprodução social. Nesse aspecto as
empresas não abrem mão do Estado e desqualificam a relação entre causa e efeito do capital e
da constituição da questão social.
AS1 –[sic]Pela maneira que a gente trabalha né, aqui a gente tem que fazer de acordo com o que a empresa quer né, o que, a gente tenta atender o colaborador, a necessidade dele, mas de contra partida a gente precisa ver o que que o patrão tem no caso para oferecer. AS2 –[sic]a gente percebe isso principalmente quando se fala das situações que aparecem aqui dentro da empresa né, daí não nos atendimentos que são da vida pessoal do colaborador, mas quando ele chega até nós por conta de alguma situação, principalmente que ta acontecendo no setor de trabalho dele, né. Então a gente tenta de certa forma, fazer uma mediação, né, mesmo tendo pra nós o que ta acontecendo né, a gente tem uma visão muito clara dessa relação, que se dá né, entre capital e trabalho, mas a gente aqui
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dentro tem que trabalhar com uma mediação e dentro dessa mediação intervir da forma que a gente consegue em cada caso específico, não tem como radicalizar tudo. AS3 –[sic]Toda organização existe isso, né, é muito visível aqui a correlação de forças. É, eu acredito que o profissional ele tenha que ter bastante, equilíbrio, emocional, principalmente inteligência emocional pra ser capaz, de tentar filtrar e amenizar essa correlação de forças pra que isso não venha ter um resultado negativo, para com as situações a serem tratadas ali dentro do serviço social.
É nesse sentido que os profissionais atuam, partindo de limites e possibilidades que o
campo impõe, sendo ou não viável para o trabalhador. Dessa forma os profissionais mediam
os conflitos, os tensionamentos e a contradição existente com o que podem e o que devem
realizar a partir do que o espaço em que estão inseridos lhes coloca como certo ou como final,
e que requer clareza de sua posição na divisão sócio-técnica do trabalho que é um executor e
planejador de serviços sociais.
Já na empresa, não se estabelece condicionantes para que os trabalhadores acessem os
benefícios, mas constituem esses benefícios com burocratizações que a empresa regula. Dessa
maneira, os trabalhadores para conseguirem seus direitos são solicitados a inúmeros contatos,
conversas e documentos, para que na continuidade possam ter os benefícios que desejam. Mas
as profissionais tentam buscar a desburocratização dos processos a partir de sua intervenção e
também legitimar a relação do direito do trabalhador, aí a necessidade em conhecer e lidar
com a linguagem empresarial.
AS1 – [sic]Através da busca que o assistente social faz indo até a pessoa e fazendo o relatório social, fica mais fácil e mais rápido para que se tome alguma decisão né, ou uma tomada de decisão, pra resolver o problema né, e ele serve como mediador entre o trabalhador e o patrão, para que eles possam ter uma visão, é igual né, igualitária. AS2 –[sic]Nem tudo acontece da forma como a gente deseja né, ou como a gente vê que é o ideal. Então aqui dentro pra tudo o que você for fazer vai ter um processo. Quando é só na nossa área, eu acho que muitas vezes a gente consegue passar um pouco por cima, não sei se é essa a palavra, mas consegue passar por cima dessa burocratização. Quando envolve outros setores nem sempre é possível, mas eu vejo assim, que dos profissionais da área, tem em mente que o principal, é que seja que o colaborador seja atendido, que a necessidade dele seja atendida. AS3 –[sic]a gente procura, de uma forma geral, amenizar isso, mas como todo sistema e como toda organização é muito engessado, é muito burocrático, é, hoje ainda, este é um dos nossos grandes desafios enquanto serviço social, mas ainda não conseguimos desmistificar isso, né, então nós temos muito a produzir com relação a isso, ainda estamos muito engessados, muitos pautados em documentos, em normas, regras, fluxos e processos dentro da organização.
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Perante todas as situações, o assistente social que é contratado deve conhecer a
realidade e as reais necessidades dos trabalhadores, desenvolver um processo de trabalho,
bem como as possibilidades e limites instituídos na relação capital e trabalho dentro das
organizações. Tais condições que são originarias da contradição entre capital e trabalho,
demandam ao profissional, diplomacia em lidar com os interesses contraditórios, habilidade
relacional, conhecimento de legislação e parâmetros éticos que não infiram sobre a sua
conduta profissional, visto que é um profissional liberal e responde a um código de ética.
Na continuidade dos processos, consegue-se visualizar a atuação das profissionais
perante as determinações e decisões dos supervisores e gerentes de todas as áreas, fazendo a
articulação para conversação e determinação de cada caso em específico, onde se pode
verificar a partir das falas das assistentes sociais, que as mesmas tem uma certa autonomia,
para intervir e “impor” algumas decisões que irão beneficiar ao trabalhador tanto no que se
refere ao ambiente de trabalho, bem como fora do âmbito da empresa, na sua vida familiar e
comunitária. Assim, as profissionais,
AS2 –[sic]Assim, o profissional assistente social, ele tem de certa forma autonomia sim, mas sobre a sua área, né, quando se trata da área de onde o colaborador vem, enfim, é o gerente dele, o supervisor dele que tem autonomia para tomar as decisões, mas eu vejo que o profissional aqui sempre tenta ir para o lado da conversação, de explicar a situação, de tentar entender, e de tentar encontrar é, uma solução em conjunto, uma solução ou uma alternativa, em conjunto com o gestor, com o gerente, porque a gente entende também, que de repente o supervisor ou o gerente do colaborador, ele nem tem o porquê, ter o mesmo entendimento que nós temos, né, então eu acho que o trabalho do assistente social ele pode servir de apoio, pra esses gestores, mas para isso os gestores precisa saber que nós estamos aqui. AS3 –[sic]Eu acho como um mecanismo de apoio, acima de tudo né. Então assim ó, é muito, principalmente gestão hoje ele tem dado uma importância muito grande pro parecer do serviço social, é, o que está acontecendo, porque tal atitude do colaborador, ou o que está faltando, o que está sobrando, então assim eu vejo que existe um respeito muito grande, e um respaldo grande dado pro profissional do serviço social, dentro da organização e isso também é, facilita a questão do engajamento do colaborador, porque o serviço social, ele consegue fazer com que o colaborador realmente consiga mostrar o que realmente está acontecendo, numa situação típica.
Entretanto, devemos ter a percepção de que o assistente social dentro do espaço
ocupacional em que está alocado, aqui abordando o espaço organizacional, deve proceder de
forma a atender as demandas vindas dos trabalhadores a partir de sua autonomia relativa, atua,
no que tange as relações contraditórias entre capital e trabalho e nas múltiplas expressões da
“questão social”. No setor de responsabilidade social, os profissionais mediam conflitos
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internos, para que os trabalhadores tenham garantidas as suas necessidades de subsistência, e
para que eles acessem seus direitos, mas destarte, os profissionais devem também atender as
demandas vindas do capital para que não haja conflitos ainda maiores entre a contradição
capital e trabalho, pertinentes a serviços, qualquer situação, ou até mesmo alguma demanda.
Mesmo a partir das transformações no mundo do trabalho, dentro das empresas, e de
todas as modernidades impressas no trabalho profissional do assistente social, o exercício
profissional dos mesmos se mantém, pois, continuam realizando atendimentos, visitas
domiciliares, pareceres sociais, encaminhamentos, entre outras formas de intervenção. O que
altera no exercício profissional desse, é que a partir das mudanças nesses espaços
ocupacionais, o profissional tem programas e projetos diversificados, nos quais devem atuar
de forma interfacial, com a comunidade, mas que não é o foco do profissional neste espaço, e
que antes não existiam dentro das empresas. Assim, fazendo com que o trabalho do assistente
social se modifique, por identificar que é importante para o trabalhador a realização de outras
intervenções, e diversificadas ações no âmbito da empresa. Assim, pode-se identificar que a
partir da responsabilidade social, o profissional começa a visualizar novas dimensões ou um
novo conceito do agir do profissional, nos meios para intervir na vida dos trabalhadores.
Nesse sentido, e como ressalta Iamamoto (2014), o exercício profissional exige que o
profissional assistente social tenha competência para propor e negociar os seus projetos com a
instituição, defendendo assim o seu campo de trabalho e suas qualificações e atribuições. Isso
é querer ir além do seu espaço e de sua rotina nessa organização, é perceber o movimento da
realidade e ir além do aparente, ter proximidade com as forças, bem como com as tendências
e possibilidades que se apresentam, por serem suscetíveis da apropriação do profissional e
transformadas em programas, projetos ou serviços desenvolvidos. É dessa forma que o
profissional assistente social deve ter seu posicionamento, cujo o mesmo, permite que o
Serviço Social ocupe esse espaço ocupacional de atuação e intervenção profissional.
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CONSIDERAÇOES FINAIS O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no decorrer de sua construção, levou a
compreensão da importância que este processo tem, bem como da temática sobre o Serviço
Social organizacional para acrescentar novos conhecimentos, no que se refere à compreensão
do exercício profissional dos assistentes sociais que atuam nesse campo de intervenção a
partir das demandas vindas dos trabalhadores da empresa privada, como também para a
finalização desse processo de formação profissional.
Para tanto, o referencial teórico que aqui foi apresentado, respondeu aos objetivos da
pesquisa, onde o texto foi fundamentando em meio as transformações existentes na sociedade,
que modificaram como um todo os campos organizacionais e espaços ocupacionais dos
profissionais assistentes sociais. Asbibliografias utilizadas abordaram a concepção do trabalho
do assistente social dentro das empresas, nos quais também contemplam as expressões da
questão social. Essas bibliografias foram encontradas tanto em livros, como em sites da
internet.
No que se refere ao tempo de elaboração teórica, realização e aplicação da pesquisa
por completo, tenho uma ressalva, pois creio que o tempo foi curto, tivemos de quatro a cinco
meses apenas para a realização de toda a fundamentação bibliográfica, para a pesquisa, bem
como para a elaboração da análise que é um ponto essencial para o fechamento do conteúdo
deste trabalho, o que reflete no conhecimento e compreensão total do tema para a formação
acadêmica e consequentemente profissional. Valendo o tempo de estágio que não apenas
auxiliou na mediação teoria e prática mas respaldou com leituras a apreensão deste trabalho.
No que diz respeito as hipóteses, temos: a intervenção profissional do Serviço Social
responde as demandas dos trabalhadores com novas alternativas/possibilidades sustentadas na
Responsabilidade Social empresarial para mediar, articular e promover ações em torno da
garantia dos direitos e bem-estar dos trabalhadores. Essa hipótese se confirma, pois agora,
tem-se programas e projetos que não existiam, e a equipe vem aumentando, o que mostra que
a empresa vem fortalecendo esse espaço de intervenção do profissional assistente social.
Temos também que: os processos de trabalho do assistente social em organizações com
responsabilidade social utilizam-se da instrumentalidade da profissão e de procedimentos
incorporados pela organização como condição para o exercício profissional. Evidenciou-se
que as profissionais mantêm no processo, o que é a lógica da profissão, com os mesmos
instrumentais e com rotinas muito semelhantes a outros campos de intervenção do assistente
social. E também: a partir da Responsabilidade Social na empresa, o Serviço Social agregou
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novas atividades e incorporou novas práticas nesse setor, ampliando serviços, programas e
projetos que vão além do que está constituído em lei sempre em defesa da classe trabalhadora
na qual também está inserida, no mercado de trabalho.
Portanto, a partir da pesquisa bibliográfica apresentada nos dois primeiros capítulos,
fundamentada segundo autores referência para a profissão, e a partir da fala dos entrevistados
analisados junto à metodologia, e apresentado no terceiro capítulo deste trabalho, conclui-se
que, a intervenção das profissionais assistentes sociais inseridas nesse espaço ocupacional, são
sustentadas no eixo de responsabilidade social, mas a empresa que ainda dita os limites
institucionaispara o exercício profissional, mantendo sempre uma relação de forças. Mas ao
mesmo tempo, as assistentes sociais possuem uma autonomia relativa, que devem utilizar de
forma fundamentada ao que cumpre sua atribuição privativa e aos princípios que coadunam
com o código de ética e a perspectiva de classe. Com vistas a não retroceder na filantropia e
caráter voluntarista de um remoto passado, para o qual não se caracteriza um profissional
assistente social. Cujas outras formas de solidariedade já estão constituídas. Acompanhar a
modernização sem se perder nas determinações do capital, conseguindo fazer as leituras
adequadas da conjuntura e da conformação do capital.
Complementando o que já foi ressaltado, e respondendo a mais uma hipótese, o
processo de trabalho das profissionais tem uma organização a partir das normas e regras da
empresa, como também sobre legislações da profissão como um todo, as quais são atribuições
de todos os assistentes sociais, inseridos em quaisquer campos de atuação, dispostos na Lei
que Regulamenta a profissão, nº 8.662/93 que foi destacada no conteúdo do segundo capítulo.
Desse modo, as profissionais nesse espaço empresarial organizacional se respaldam de
instrumentais próprios, bem como de outros instrumentais que embasam sua atuação e
intervenção dentro das empresas.
Seguindo a perspectiva de análise e respondendo a última hipótese apresentada, tem-se
uma visão de que o Serviço Social adentrou nas empresas a partir do aumento das demandas,
principalmente referentes à saúde, onde o profissional estaria realizando um trabalho de
atendimento e verificação de situações referentes a saúde do trabalhador, buscando sempre a
qualidade das condições de trabalho e de vida do mesmo, para que não ocasione faltas ou até
mesmo desligamentos por justa causa. Desse modo, o Serviço Social responde positivamente
a última hipótese, pelo fato de que dentro do setor de responsabilidade social, elabora,
implementa e coordena programas, projetos e ações, tanto para melhoria da qualidade de vida
dos trabalhadores, mas também não deixando de lado a melhoria nos processos de trabalho
67
que sabemos ser inerente ao modo de produção capitalista, como vastamente endossado por
autores de ilibada produção no serviço social.
O profissional se desdobra sobre seus limites e possibilidades, tentando sempre da
melhor maneira atender de forma benéfica a demanda dos trabalhadores ali dentro da
empresa, bem como ampliando sua relação com os espaços públicos, mas não deixando o
trabalhador a mercê das expressões da questão social, ao posicionar-se na relação tencionada
entre capital e força de trabalho é capaz de contribuir com as condições menos aviltantes,
precarizadoras, expropriadoras.
Desse modo, este trabalho proporcionou o aprimoramento e aprofundamento dos
conhecimentos existentes neste campo, onde conseguiu-se ampliar a visão da profissão em
relação a atuação profissional neste determinado campo organizacional, que trouxe muita
contribuição para o processo de formação acadêmica, e também questões que levarei para o
futuro profissional.
68
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APÊNDICE A- Formulário de Entrevista/Questionário para Trabalhadores
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Aprovado na CONEP Comitê de Ética em Pesquisa – CEP em 04/08/2000
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA/QUESTIONÁRIO
I- Identificação:
Nome (como segue na metodologia): ________________________________
II- Questionário
1- Há quanto tempo você trabalha na empresa?
2- O que você sabe sobre o papel do Serviço Social dentro da empresa? Que ações ou
atividades você já utilizou?
3- Você já trabalhou em outra empresa que não tinha o Serviço Social? Qual a diferença de ter
o setor de responsabilidade social nesta empresa? E qual a importância de ter um profissional
assistente social dentro deste setor?
4- Em que ocasião precisou procurar o setor?
5- Em que situação você foi atendido pelo Serviço Social?
6- A situação que demandou a procura pelo setor tem sido encaminhada/resolvida?
7- Qual a intervenção que o profissional assistente social faz em um atendimento?
8- O que representa a empresa ter responsabilidade social?
9- O serviço social contempla a missão, visão e valores da empresa?
10- Qual a forma que o serviço social busca a garantia dos direitos dos trabalhadores?
11- Você se sente acolhido e respeitado na sua história pelo atendimento das assistentes
sociais?
12- Como o Serviço Social contribuiu para a melhoria do ambiente de trabalho? E para a saúde
do trabalhador?
13- Quais benefícios são como direito do trabalho?
14- Que avanços em serviços ou benefícios foram implantados na empresa. Ao que atribui?
74
APÊNDICE B –Formulário de Entrevista/Questionário para Profissionais
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Aprovado na CONEP Comitê de Ética em Pesquisa – CEP em 04/08/2000
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA/QUESTIONÁRIO
III- Identificação:
Nome (como segue na metodologia): ________________________________
IV- Questionário
1- Esta é sua primeira experiência profissional no campo empresarial? Quanto tempo de
experiência neste campo? Onde mais trabalhou como assistente social?
2- Quais as maiores demandas do trabalho vindas até o Serviço Social?
3- Neste campo, outras expressões da questão social também se apresentam para o
trabalho do assistente social?
4- Que tipo de intervenção o profissional realiza com o trabalhador?
5- - O Serviço Social tem uma organização de seu processo de trabalho? Trabalha com
planejamento, avaliação ou indicadores e resultados?
6- O serviço social conta com uma equipe multidisciplinar? E como ele trabalha com
essa equipe no eixo de responsabilidade social?
7- Dentro do espaço organizacional o profissional consegue visualizar a relação
contraditória existente entre capital e trabalho? De que forma? E como o profissional
atua nesse sentido?
8- No seu ponto de vista, o que a responsabilidade social altera no exercício profissional
do assistente social?
75
9- A partir da implantação da responsabilidade social aumentou o trabalho do serviço
social? E como se deu as especificações da profissão para a intervenção do
profissional?
10- Como o profissional do Serviço Social trabalha com o sigilo profissional?
11- Em sua opinião, como o trabalhador percebe o serviço proporcionado pela empresa?
12- O Serviço Social articula recursos e serviços públicos no atendimento ao trabalhador?
13- Como o profissional assistente social contribui para a desburocratização e na relação
de poder com os trabalhadores?
14- Como o Serviço Social atua sobre as decisões gerenciais que impactam na vida dos
funcionários?
15- De que forma o serviço social contribui para o acesso dos trabalhadores em
programas e projetos de responsabilidade social dentro do espaço organizacional?
16- A partir de que pressupostos teórico-metodológicos, técnico-operativos e ético-
político o profissional elabora, coordena, planeja, implementa e avalia ações,
programas e projetos dentro do espaço empresarial?
17- Quais são, como são utilizados e qual a importância dos instrumentais que o
assistente social utiliza no espaço organizacional na sua intervenção?
APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Pró-Reitoria de Pesquisa e PósComitê de Ética em Pesquisa TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título do Projeto: O Serviço Social organizacional: um estudo sobre o exercício profissional. Pesquisadora Responsável:Ester Taube Toretta (45) 99930-0852 Pesquisadora Acadêmica: Adriele Maiara Rodrigues (45) 99945-7874 Convidamos ______________________________________________ pesquisa que tem o objetivo de compreender a atuação do Serviço Social dentro do setor de Responsabilidade Social de uma respectiva empresa do interior do Estado do Paraná, diante das necessidades dos trabalhadores.Esperamos, com este estudo, beneficiar a todos os trabalhadores com a atuação do serviço social, pois é um jeito de rever e atualizar todos os tiposatendimentos, como também uma possibilidade de todos os trabalhadores conhecerem um pouco mais o setor, como também para colaborar com novas pesquisas sobre o tema estudado. Para tanto, utilizarei de questionário, com questões abertas, usarei como baseético político e a ética profissional, tendo cuidado no momento da conversa e das perguntas para que não traga nenhum tipo de constrangimento. Durante a pesquisa, os riscos não poderão ser inevitáveis, mas para tentar impediomitido seu nome por meio de letras seguidas de números, como por exemplo, para os trabalhadores: T1, T2, T3, T4 e assim por diante, e para as profissionais: AS1, AS2 e AS3, o questionário no qual estará respondendo não é obrigatório, como também os entrevistadoserão obrigados a nada que não estejam dispostos. A desistência de participar da pesquisa poderá ocorrer em qualquer momento, tanto durante a pesquisa, como depois de realizada a mesma. caso de ocorrer algum tipo de constrangimento ou desconforto no momento da pesquisa, ou até esmo depois da realização da mesma, estaremos à disposição para qualquer situação eventual. Sua identidade não será divulgada e seus dados serão tratados de maneapenas fins científicos. Você também não pagará nem receberá para participar do estudo. Além disso, você poderá cancelar sua participação na pesquisa a qualquer momento. No caso de dúvidas ou da necessidade de relatar algum a
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Comitê de Ética em Pesquisa – CEP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE
O Serviço Social organizacional: um estudo sobre o exercício profissional.
Pesquisadora Responsável:
Pesquisadora Acadêmica:
______________________________________________ pesquisa que tem o objetivo de compreender a atuação do Serviço Social dentro do setor de
Social de uma respectiva empresa do interior do Estado do Paraná, diante das necessidades dos trabalhadores.Esperamos, com este estudo, beneficiar a todos os trabalhadores com a atuação do serviço social, pois é um jeito de rever e atualizar todos os tiposatendimentos, como também uma possibilidade de todos os trabalhadores conhecerem um pouco mais o setor, como também para colaborar com novas pesquisas sobre o tema estudado. Para tanto, utilizarei de questionário, com questões abertas, usarei como base o compromisso com o projeto ético político e a ética profissional, tendo cuidado no momento da conversa e das perguntas para que não traga nenhum tipo de constrangimento. Durante a pesquisa, os riscos não poderão ser inevitáveis, mas para tentar impedi-los, será mantido a identidade do sujeito pesquisado, sendo omitido seu nome por meio de letras seguidas de números, como por exemplo, para os trabalhadores: T1, T2, T3, T4 e assim por diante, e para as profissionais: AS1, AS2 e AS3, o
stará respondendo não é obrigatório, como também os entrevistadoserão obrigados a nada que não estejam dispostos. A desistência de participar da pesquisa poderá ocorrer em qualquer momento, tanto durante a pesquisa, como depois de realizada a mesma. caso de ocorrer algum tipo de constrangimento ou desconforto no momento da pesquisa, ou até esmo depois da realização da mesma, estaremos à disposição para qualquer situação eventual. Sua identidade não será divulgada e seus dados serão tratados de maneira sigilosa, sendo utilizados apenas fins científicos. Você também não pagará nem receberá para participar do estudo. Além disso, você poderá cancelar sua participação na pesquisa a qualquer momento. No caso de dúvidas ou da necessidade de relatar algum acontecimento, você pode contatar os pesquisadores pelos
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Aprovado na CONEP em 04/08/2000
TCLE
O Serviço Social organizacional: um estudo sobre o exercício profissional.
______________________________________________ a participar de nossa pesquisa que tem o objetivo de compreender a atuação do Serviço Social dentro do setor de
Social de uma respectiva empresa do interior do Estado do Paraná, diante das necessidades dos trabalhadores.Esperamos, com este estudo, beneficiar a todos os trabalhadores com a atuação do serviço social, pois é um jeito de rever e atualizar todos os tipos de atendimentos, como também uma possibilidade de todos os trabalhadores conhecerem um pouco mais o setor, como também para colaborar com novas pesquisas sobre o tema estudado. Para tanto,
o compromisso com o projeto ético político e a ética profissional, tendo cuidado no momento da conversa e das perguntas para que não traga nenhum tipo de constrangimento. Durante a pesquisa, os riscos não poderão ser
s, será mantido a identidade do sujeito pesquisado, sendo omitido seu nome por meio de letras seguidas de números, como por exemplo, para os trabalhadores: T1, T2, T3, T4 e assim por diante, e para as profissionais: AS1, AS2 e AS3, o
stará respondendo não é obrigatório, como também os entrevistados não serão obrigados a nada que não estejam dispostos. A desistência de participar da pesquisa poderá ocorrer em qualquer momento, tanto durante a pesquisa, como depois de realizada a mesma. No caso de ocorrer algum tipo de constrangimento ou desconforto no momento da pesquisa, ou até esmo depois da realização da mesma, estaremos à disposição para qualquer situação eventual. Sua
ira sigilosa, sendo utilizados apenas fins científicos. Você também não pagará nem receberá para participar do estudo. Além disso, você poderá cancelar sua participação na pesquisa a qualquer momento. No caso de dúvidas
contecimento, você pode contatar os pesquisadores pelos
77
telefones mencionados acima ou o Comitê de Ética pelo número 3220-3092. Este documento está dentro das normas da Resolução 466/2012 CNS/MS e suas complementares. Este documento será assinado em duas vias, sendo uma delas entregue ao sujeito da pesquisa. Declaro estar ciente do exposto e desejo participar da pesquisa. ________________________________ _____________________________________ Ester Taube Toretta Adriele Maiara Rodrigues
_______________________________ Nome do sujeito da Pesquisa Nós, Ester Taube Toretta e Adriele Maiara Rodrigues, declaramos que fornecemos todas as informações do projeto ao participante e/ou responsável.
Toledo, ____ de ___________________ de 2017.