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1 A Estrutura do Setor Bancário Brasileiro e o Ciclo Recente de Expansão do Crédito: o Papel dos Bancos Públicos José Luis Oreiro * Luiz Fernando de Paula ** Flavio A.C.Basilio *** Texto preparado para a CEPAL Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar a evolução recente da estrutura do setor bancário brasileiro e ciclo recente do crédito no Brasil, focalizando em especial no desempenho e papel dos bancos públicos, em particular os grandes bancos federais, BNDES, Banco do Brasil e CEF. A ênfase do estudo se dá no período pós-Real e no boom recente do crédito, ou seja, o período compreendido entre meados de 2003 e meados de 2008. Palavras-Chave: Intermediação Financeira, Bancos Públicos, Economia Brasileira MARÇO DE 2010 * Professor Adjunto do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, Pesquisador Nível I do CNPq e Diretor da Associação Keynesiana Brasileira. E-mail: [email protected] . Página pessoal: www.joseluisoreiro.ecn.br . ** Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Pesquisador Nível I do CNPq e Presidente da Associação Keynesiana Brasileira. E-mail: [email protected] . *** Professor Assistente do Departamento de Economia da Universidade de Brasília e Membro da Associação Keynesiana Brasileira. E-mail: [email protected] .

Setor bancario

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A Estrutura do Setor Bancário Brasileiro e o Ciclo Recente de Expansão do Crédito: o Papel dos Bancos Públicos♣

José Luis Oreiro

*

Luiz Fernando de Paula

**

Flavio A.C.Basilio

***

♣ Texto preparado para a CEPAL

Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar a evolução recente da estrutura do

setor bancário brasileiro e ciclo recente do crédito no Brasil, focalizando em

especial no desempenho e papel dos bancos públicos, em particular os grandes

bancos federais, BNDES, Banco do Brasil e CEF. A ênfase do estudo se dá no

período pós-Real e no boom recente do crédito, ou seja, o período compreendido

entre meados de 2003 e meados de 2008.

Palavras-Chave: Intermediação Financeira, Bancos Públicos, Economia

Brasileira

MARÇO DE 2010

* Professor Adjunto do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, Pesquisador Nível I do CNPq e Diretor da Associação Keynesiana Brasileira. E-mail: [email protected]. Página pessoal: www.joseluisoreiro.ecn.br. ** Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Pesquisador Nível I do CNPq e Presidente da Associação Keynesiana Brasileira. E-mail: [email protected]. *** Professor Assistente do Departamento de Economia da Universidade de Brasília e Membro da Associação Keynesiana Brasileira. E-mail: [email protected].

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1. Introdução O setor bancário brasileiro vem passando por profundas transformações ao longo

dos últimos 15 anos. Com o fim da alta inflação após a bem sucedida implantação do

Plano Real, o setor bancário brasileiro passou por um processo de consolidação, no

qual, por intermédio de fusões e aquisições de bancos, se evidenciou não só um

aumento do grau de concentração do setor, como também uma redução da importância

dos bancos públicos tanto em termos de número de instituições (com as privatizações)

como em termos de market-share. Um outro elemento importante na mudança estrutural

do setor bancário brasileiro foi a entrada de bancos estrangeiros a partir de 1997, o que

gerou uma expectativa de aumento da eficiência do setor em conjunto com a redução

dos elevados spreads cobrados pelos bancos brasileiros em suas operações de crédito,

os quais se encontravam (e ainda se encontram) entre os maiores do mundo (Silva,

Oreiro e Paula, 2008, p. 201).

Apesar das expectativas otimistas quanto aos supostos efeitos benéficos da

redução da presença do Estado no setor bancário e da entrada de bancos estrangeiros, o

processo de consolidação bancária no Brasil teve resultados aquém do esperado, quando

não negativos, sobre a relação crédito/PIB e o custo da intermediação financeira. No

que se refere aos spreads bancários, após uma forte queda do patamar de 120% a.a. em

junho de 1994 para cerca de 60% a.a. em março de 1999, verifica-se uma notável

estabilidade dos mesmos no patamar de 40% a.a. a partir de janeiro de 2000. A relação

crédito/PIB, por sua vez, se reduziu de 35% em junho de 1994 para cerca de 22% em

outubro de 2002. Em outras palavras, observou-se no período supra-citado uma

involução do desenvolvimento financeiro da economia brasileira.

A partir de 2003, contudo, verifica-se uma notável mudança na estrutura e no

desempenho do setor bancário brasileiro. No que se refere à performance do setor

bancário, verifica-se que a relação crédito/PIB, que vinha apresentando uma notável

redução até o ano de 2002, começa um movimento ascendente, alcançando a marca

45% em julho de 2009. No que se refere à estrutura do setor, o processo de redução da

participação do Estado no setor financeiro é revertida, com o aumento da participação

dos bancos públicos no total de crédito concedido pelo sistema bancário brasileiro. Com

efeito, entre janeiro de 2003 e fevereiro de 2010, as operações totais de crédito do

sistema financeiro público subiram 415,50% contra um aumento de 348,08% do sistema

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3

financeiro privado. Olhando apenas o crédito ao setor industrial, evidencia-se elevação

de 297,33% do crédito público contra 240, 46% do privado. A expansão do crédito do

setor privado somente supera a performance de crescimento do crédito público nas

operações às pessoas físicas e rurais. De toda sorte, o volume de crédito público ao setor

rural é 35% superior ao concedido pelo privado. Levando-se em consideração que setor

público detém apenas 34% do total dos ativos fica clara a importância do crédito

público ao financiamento da agricultura, importante vetor de exportações do país.

Isso posto, o presente artigo tem por objetivo analisar a evolução recente da

estrutura do setor bancário brasileiro e o ciclo recente do crédito no Brasil, focalizando

em especial no desempenho e papel dos bancos públicos– em particular os grandes

bancos federais, BNDES, Banco do Brasil e CEF . A ênfase do estudo é no período pós-

Real e no boom recente do crédito (de meados de 2003 a meados de 2008). Para tanto, o

presente artigo se encontra estruturado em 5 seções, incluindo a presente introdução. A

seção 2 discute aspectos da história recente do setor bancário brasileiro, em especial em

relação às mudanças estruturais ocorridas no setor após a instalação do Plano Real e

como os bancos públicos se inserem nesse processo tanto do ponto de vista funcional

como estratégico. A terceira seção apresenta a atual estrutura do setor bancário

brasileiro tanto em termos da composição do capital, levando em consideração aspectos

da abrangência geográfica e cobertura de atendimento bancário, como também coloca

em debate questões relacionadas a economias de escala e concentração bancária. Nesse

contexto especial se propõe um papel adicional aos bancos públicos, qual seja, ampliar

as operações de crédito em um contexto de forte aversão ao risco por parte dos bancos

atuando de forma complementar a atuação da autoridade monetária. A quarta seção

objetiva analisar os condicionantes e as características da evolução do crédito recente no

Brasil. A quinta seção faz uma reprise das conclusões obtidas neste artigo.

2. Histórico recente do setor bancário brasileiro

O setor bancário brasileiro é o maior e mais complexo da America Latina. Uma

das razões para essa complexidade decorre do desenvolvimento do Sistema Brasileiro

de Pagamentos motivado pela elevada inflação.. Antes de 1964, havia predominância no

sistema financeiro bastante significativa de bancos públicos (com destaque para o

Banco do Brasil, que inclusive opera a política monetária e cambial do País), sendo o

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4

segmento privado pouco sofisticado em termos de instrumentos financeiros de captação

e aplicação de recursos. Pressões inflacionárias e ausência de ambiente institucional e

bancário seguros impediam os bancos privados a se inserirem no mercado de

financiamento de longo-prazo, vital para alavancar o setor industrial e a própria

economia. O País diversificava sua estrutura produtiva, implantando a indústria pesada

com o Plano de Metas, mas sua estrutura de financiamento não acompanhava tal

desenvolvimento. Como os bancos privados não se dispunham a realizar operações de

funding, e em decorrência de forte demanda reprimida, coube ao Estado assumir tal

posição através da expansão dos bancos públicos sobre a economia.

No período de 1964-1967, a entrada de capital estrangeiro foi limitada, conforme

artigo 18 da Lei 4.595 de dezembro de 1964. Embora a reforma monetária e financeira

efetuada nesse período atribuísse papel importante a ser cumprido pelos bancos, ela foi

inspirada no sistema do tipo “capital market based system”, ou seja, aos moldes do

modelo americano de segmentação, tendo os bancos de investimento e as instituições de

mercado de capitais sido designados como importantes fontes de financiamento de

longo-prazo, o que não realidade não aconteceu. Neste período foi criado o mecanismo

da correção monetária, um mecanismo transitório e dirigido para viabilizar alguns

instrumentos financeiros de longo prazo em uma economia cronicamente inflacionária

(para padrões de países desenvolvido), como as Obrigações Reajustáveis do Tesouro

Nacional (ORTN) em 1964, que criou o mercado de dívida pública no Brasil, e a

caderneta de poupança, em 1967, criada para servir de funding para os empréstimos

imobiliários

Já no período do “milagre” (1967/1973) o setor bancário privado teve um papel

importante ao dar sustentação ao crédito ao consumidor, no crédito imobiliário e no

financiamento do capital de giro das empresas, mas não no desenvolvimento dos

mecanismos de financiamento de longo prazo, que dependeram crucialmente do auto-

financiamento das empresas, do crédito dos bancos públicos e do endividamento

externo.

Após o choque do petróleo e em 1973 e a aceleração inflacionário que seguiu ao

choque, o instrumento da correção monetária, tido como transitório e tópico, passou a se

generalizar como instrumento financeiro do setor bancário, junto com o

desenvolvimento do overnight. O setor bancário acompanhava a tendência ao curto-

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5

prazismo que foi tomando conta da economia brasileira e teve na década de 1970

dificuldades por conta de descasamento de indexadores entre suas operações ativas

(prefixadas) e passivas (indexadas).

Nos anos 1980, no contexto da crise da dívida externa e forte aceleração

inflacionária que seguiu as maxi-desvalorizações cambiais, observa-se uma forte crise

financeira e fiscal do Estado brasileiro. Neste ambiente é que houve uma primeira crise

no setor bancário público estadual no Brasil.

Assim, a primeira intervenção ocorreu em 1983 com o Programa de Apoio

Creditício (PAC). Esse programa tinha como objetivo reestruturar os passivos dos

bancos e sanear os mesmos. Rigolon e Giambiagi (2000, p.15) comentam que “entre

1983 e 1986 o Banco Central chegou a alocar US$ 2,3 bilhões na tentativa de

recuperar os bancos estaduais através do PAC – Programa de Apoio Creditício, de

20.07.83 e do PROREF – Programa de Recuperação Econômico-Financeira, de

04.04.84. (...) a insuficiência de reservas dos bancos estaduais e os empréstimos de

liquidez a estes bancos representaram, respectivamente, 89% e 111% da variação da

base monetária naqueles períodos.”

A crise fiscal dos Estados e o crescente problema evidenciado nos bancos

estaduais acabaram forçando uma forte reestruturação do sistema financeiro brasileiro.

Em 1985, o Banco União Comercial sofreu intervenção e suas perdas foram pagas por

meio do crescimento da base monetária. Além disso, três outros bancos privados

sofreram liquidações extrajudiciais entre 1985 e 1987, como o Banco Sul Brasileiro,

Comid e o Banco Auxiliar. Em 1987 criou-se o RAET (Regime de Administração

Especial Temporária) por meio do decreto 2321, de 25.02.1987. Após a criação desse

regime especial, 23 bancos sofreram intervenção, tais como o Crédito Real de Minas

Gerais, Baneb, Ceara, Banerj

A reestruturação do sistema financeiro brasileiro, no período 1974-1988,

acarretou algumas conseqüências adversas sobre a economia. Dentre elas, destaca-se o

agravamento da deterioração fiscal do Estado, além de fortes indícios de moral hazard)

dada a ampla proteção governamental concedida e a falta de transparência na

implementação das políticas de saneamento. De toda sorte, a forte intervenção efetuada

pela autoridade monetária forneceu rica experiência no campo da liquidação,

intervenção, reestruturação de bancos. Além disso, essa experiência foi fundamental

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6

para a criação dos seguros de depósito (inclusão do artigo 192 na lei complementar do

Sistema Financeiro Nacional) e instituiu uma nova filosofia de que os recursos públicos

não mais deveriam ser utilizados no saneamento das instituições financeiras, sintetizado

pelo disposto na redação: “VI – a criação de fundo ou seguro, com o objetivo de

proteger a economia popular, garantindo créditos e depósitos até determinado valor,

vedada a participação de recursos da União”.

Entre 1988 e 1995, poucas operações de auxílio ao sistema bancário foram

evidenciadas. A elevada inflação que, por um lado impedia o desenvolvimento do

mercado de capitais e o financiamento de operações de longo prazo, permitia aos bancos

manter as suas receitas elevadas com os chamados “ganhos com o floating”1

A evolução do sistema financeiro brasileiro após 1994 pode ser dividida, grosso

modo, em quatro etapas. A primeira fase, iniciada imediatamente após a constituição do

Plano Real, foi marcada pelo uso discricionário do Banco Central na intervenção do

sistema financeiro e através de liquidações de instituições, acarretando como resultado a

queda do número de instituições financeiras e subseqüente concentração bancária. Os

,

encobrindo eventuais déficits, assim como possibilitava um baixo custo operacional .

Após a criação do Plano Real, em junho de 1994, no entanto, a facilidade com que os

bancos emitiam moeda e efetuavam os pagamentos dos seus custos operacionais

diminuiu sensivelmente. Segundo dados do Sistema de Conta Nacionais do IBGE,

período 1990-1995, a receita inflacionária como proporção do PIB caiu de 4,3% em

1993 para 0,1% em 1995. Em termos do valor da produção bancária imputada, as

receitas inflacionárias que representavam 87,3% em 1993, caíram para 49,5% em 1994

e para 1,6% em 1995. Obviamente, essa mudança na composição da receita dos bancos

sinalizava a profunda transformação que passaria o setor bancário brasileiro. Deve-se

mencionar, contudo, que mesmo antes da implementação do Plano Real, alguns bancos

privados de grande porte e parte dos bancos estaduais já apresentavam desequilíbrios

em suas estruturas de capital em decorrência da excessiva alavancagem.

1 Coma inflação alta, os bancos aplicavam seus depósitos a vista e recursos em trânsito no setor bancário em títulos públicos indexados a taxa Selic, se beneficiando da existência do mecanismo de zeragem automática dos títulos públicos. As chamadas receitas de floating ocorrem em decorrência da valorização dos depósitos à vista ou mesmo decorrente da correção dos depósitos bancários abaixo da inflação. As receitas de floating podem ser mensuradas a partir das transferências do setor não bancário para o setor bancário. Segundo Barros e Almeida Jr. (1997), no período entre 1990 e 1993 as receitas inflacionárias auferidas pelo setor bancário representou o montante de aproximadamente 4% do PIB.

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7

arranjos institucionais que possibilitaram tal expediente foram estabelecidos pelos

chamados regimes especiais, RAET e liquidações extrajudiciais2. O primeiro caso de

um grande banco a ter reconhecida a sua insolvência foi o Banco Econômico3, cuja

intervenção foi decretada em agosto de 1995. Como resultado da intervenção, os

agentes aumentaram sensivelmente a sua preferência pela liquidez, acarretando o

“empoçamento de liquidez”4 no mercado interbancário e aumentando o custo dos

empréstimos de curto-prazo. Destacam-se, ainda, a instituição do RAET no Banespa e

Banerj, em dezembro de 1994, e nos bancos Produban, Bemat e Beron, estes de menor

porte, em janeiro e fevereiro de 1995. Para aumentar a capacidade dos bancos em gerar

moeda, todas as instituições sob o RAET foram dispensadas de recolhimento de

compulsório sobre depósitos à vista e a prazo. Segundo Loyola (1993), “desde fevereiro

de 1987, 60 (sessenta) instituições financeiras públicas estaduais forma submetidas ao

RAET ou ao processo de liquidação extrajudicial, ou seja, quase 70% do universo de

instituições financeiras estaduais foi submetido ao regime de exceção”. Para garantir

maior segurança aos depositantes, criou-se, ainda, o Fundo Garantidor de Crédito

(FGC)5

2 A instituição da liquidação extrajudicial forma instituídos pela MP 1.182, convertida, posteriormente, na Lei 9.447, de 15.03.1997. Segundo esse expediente, no caso de aplicação desses regimes especiais, ficava estabelecida a responsabilidade solidária dos controladores, bem como a indisponibilidade dos seus bens. Essa mesma lei conferiu à autoridade monetária poderes para determinar os controladores das instituições financeiras, independentemente da aplicação de regimes especiais, além da imposição de diversas medidas relacionadas à capitalização, transferência de controle acionário e mesmo reorganização societária. 3 Além de insuficiência patrimonial, no caso do Banco Econômico o banco perdeu a sua capacidade de honrar compromissos outrora assumidos, bem como se observou a infringência de normas relativas às reservas bancárias. 4 O Fenômeno do empoçamento de liquidez ocorre em decorrência do aumento da preferência pela liquidez por parte dos bancos. Esse resultado ocorre porque em situações de forte incerteza (Keynes, 1936) a moeda constitui um porto seguro aos seus detentores, ou ainda, a moeda é, por definição, poder de compra puro possibilitando ao seu detentor comandar rapidamente decisões de compra sobre qualquer outro ativo constituindo, dessa forma, o principal instrumento de segurança em uma economia monetária de produção 5 O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) foi criado em 16 de novembro de 1995 por meio da Resolução 2.211.

.

A tabela 1 apresenta os casos de insolvência registrados após a implementação

do Plano Real até dezembro de 1995.

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8

Tabela 1 - Insolvência Bancária pós Plano Real

Instiuição Regime Data

Banco Garavelo Liquidação Extrajudicial 11/07/1994 Banco Hercules Liquidação Extrajudicial 28/07/1994

Brasbanco Liquidação Extrajudicial 16/09/1994 Banco Adolpho Oliveira Liquidação Extrajudicial 14/11/1994

Banco Seller Liquidação Extrajudicial 18/11/1994 Banco Atlantis Liquidação Extrajudicial 21/11/1994

Bancorp Liquidação Extrajudicial 22/11/1994 Banerj Regime de Administração Especial Temporária 30/12/1994

Banespa Regime de Administração Especial Temporária 30/12/1994 Bandern Regime de Administração Especial Temporária 30/12/1994

Banco Open Liquidação Extrajudicial 23/01/1995 Produban Regime de Administração Especial Temporária 23/01/1995

Bemat Regime de Administração Especial Temporária 02/02/1995 Bancesa Liquidação Extrajudicial 13/02/1995

Banco São Jorge Liquidação Extrajudicial 01/03/1995 Banco Rosa Liquidação Extrajudicial 03/03/1995

Banco Agrimisa Liquidação Extrajudicial 12/04/1995 Banco Econômico Intervenção 11/08/1995

Banco Mercantil PE Intervenção 11/08/1995 Banco Comercial SP Intervenção 11/08/1995

Banco Nacional Regime de Administração Especial Temporária 18/11/1995 BFC Banco Liquidação Extrajudicial 05/12/1995

Banco Investcred Liquidação Extrajudicial 05/12/1995 Banco GNPP Liquidação Extrajudicial 05/12/1995

Fonte: Banco Central do Brasil

A segunda fase foi caracterizada pela modernização e adequação dos bancos

brasileiros aos preceitos internacionais estabelecidos pelos Acordos de Basiléia. Com a

publicação da Resolução 2.099 de 1994, o sistema bancário brasileiro se viu obrigado a

alocar capital para fazer frente aos riscos de crédito, passou-se a exigir requisitos

mínimos de patrimônio líquido para operações bancárias, de acordo com o perfil e

natureza desses procedimentos. Além das regras de monitoramento e controle dos riscos

das instituições financeiras, criou-se a central de risco de crédito, cujo objetivo era

determinar o potencial de risco de cada instituição. Com essas medidas, fica evidente a

sinalização do Central de que os bancos deveriam se ajustar a esse novo paradigma de

moeda estável e de regulação prudencial.

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Uma terceira fase teve início com o PROER (Programa de Estímulo à

Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional)6

6 O PROER foi criado em 1995 através da Resolução CMN 2.208 e por meio das Medidas Provisórias 1.179, de 03.11.95, e 1.182, de 17.11.95, posteriormente transformadas nas em leis (Lei No. 9.710 de 19.11.98 e Lei No. 9.447 de 14.03.97).

, em novembro de

1995 e com o PROES (Programa de Incentivo à Redução da Presença do Estado na

Atividade Bancária). Esses programas tinham como objetivo conferir maior proteção

aos interesses dos detentores de depósitos em instituições financeiras e permitiam a

transferência do controle acionário dos bancos problemáticos. A proposta do PROES,

como o próprio nome sugere, era reduzir a presença das instituições financeiras

controladas pelo estado nas atividades do sistema financeiro. Com efeito, a União

induzia os Estados a reduzirem suas ações por meio dos bancos controlados arcando,

para tanto, como 100% do custo de ajuste em todos os casos. Em caso de privatização,

as receitas obtidas deveriam ser utilizadas para amortização do financiamento federal.

No caso de simples saneamento, por sua vez, esse valor ficava limitado a 50% das

necessidades de recursos. O PROER, por sua vez, surgiu como necessidade de gerar

liquidez ao sistema bancário em decorrência do surgimento simultâneo de problemas de

liquidez em diversos bancos e a possibilidade de crise sistêmica com conseqüências

desastrosas na atividade econômica. Ou seja, as operações do PROER foram soluções

encontradas para evitar a quebra dos grandes bancos brasileiros que, simplesmente,

eram “grandes demais para quebrar”.

A partir desse conjunto de intervenções, o Banco Central assegurou o correto

funcionamento do sistema de pagamentos brasileiro e preservou a segurança do sistema

bancário. Segundo dados do Banco Central, o volume financeiro das operações do

PROER somou R$ 20,4 bilhões, ou aproximadamente, 2,7% do PIB médio do triênio

1995-96-97. Como resultado, oito fusões/aquisições foram realizadas no âmbito do

programa, cujo resultado final alterou a configuração do setor bancário brasileiro. A

tabela abaixo apresenta uma visão sintética das privatizações ocorridas no período de

1997-2000.

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Tabela 2 - Fusões e Aquisições: Reestruturação do Sistema Bancário Brasileiro

Instituição Privatizada Instituição Compradora Data

Banerj Itaú jun/97 Credireal BCN ago/97

Meridional Bozano & Simonsen dez/97 Bemge Itaú set/98 Bandep ABN-AMRO nov/98 Baneb Bradesco jun/99

Banestado Itaú out/00 Banespa Santander nov/00

Fonte: DIEESE - Subseção CNB/CUT

A quarta fase, por sua vez, envolveu a entrada de instituições financeiras

estrangeiras no sistema, provocando significativas alterações no sistema bancário,

forçando uma maior busca pela eficiência e estimulando a competição bancária. Em

agosto de 1995, a Exposição de Motivos 311, encaminhada pela Fazenda e aprovada

pelo Presidente da República, estabelecia que era do interesse do país a entrada e ou o

aumento da participação das instituições financeiras estrangeiras no sistema financeiro

nacional. Para tanto, destacava que a entrada de capital estrangeiro constituía um

importante vetor de estímulo à eficiência operacional em decorrência da maior

capacidade financeira dos bancos estrangeiros, com reflexos positivos sobre os custos

dos serviços oferecidos ao público. Na seqüência, em novembro desse mesmo ano, a

Resolução 2.212 eliminou a exigência de que o capital mínimo de um banco estrangeiro

fosse o dobro do exigido de um banco nacional, igualando a exigibilidade de capital e o

montante de patrimônio líquido ajustado ao grau de risco da estrutura dos ativos.

2.1 A reestruturação dos bancos públicos federais pós Plano Real

Diferente do modelo de reestruturação adotado nas instituições financeiras

estaduais, no lançamento do Plano Real, a estratégia governamental adotada com as

instituições financeiras federais teve peculiaridades distintas. Por meio da Nota Técnica

No. 20 (NT-MF 20), de 03.04.1995, redefiniram-se o papel e as funções atribuídas às

instituições financeiras públicas federais. O bloco dos bancos públicos federais é

constituído por um conjunto bastante heterogêneo, formado por: Banco do Brasil (BB),

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11

Caixa Econômica Federal (CEF), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social (BNDES), Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e Banco da Amazônia (BASA).

Desses bancos, apenas o BNDES não cria moeda, uma vez que não recebe depósitos à

vista Para a reorganização do sistema financeiro federal, os seguintes parâmetros

básicos forma apresentados no que diz respeito ao direcionamento das instituições

financeiras:

(i) Atividade Comercial – os indicadores de rentabilidade dos bancos deveriam

adotar como referência os obtidos pelos bancos privados, de modo que a

receita deveria ser suficiente para cobrir, no mínimo, os custos mais a

formação de reservas e o pagamento de dividendos;

(ii) Atividade de Fomento – o retorno financeiro deveria cobrir, no mínimo, os

custos mais a formação de reserva necessária à manutenção da integridade

patrimonial e ao atendimento de contingências;

(iii) Atividade de Prestação de Serviços – as tarefas deveriam garantir o

ressarcimento de todos os custos incorridos efetivamente. A função fiscal,

atividade não financeira, delegada pelo Estado aos bancos federais, deveria

ser ônus orçamentário do Governo Federal.

Para seguir tais diretrizes, cada instituição financeira federal foi orientada para

um ramo de atuação, à luz da reorientação estratégica e de reestruturação proposta pelo

Governo Federal. O quadro abaixo sintetiza essas diretrizes:

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Quadro 1 –Holding Hipotética dos Bancos Públicos Federais

Fonte: Elaboração própria.

Em junho de 2001, por meio da MP 2.155, o Governo Federal lançou o

Programa de Fortalecimento das Instituições Financeiras Federais (PROFIF) voltado

para a adequação patrimonial da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, Banco

do Nordeste e Banco da Amazônia. As seções 2.1.1, 2.1.2 e 2.1.3 apresentam de forma

sucinta as reestruturações efetuadas no BB, CEF e BNDES pós-real, bem como os focos

de ação dos respectivos bancos.

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2.1.1 Banco do Brasil

O Banco do Brasil é o maior banco do Brasil e da América Latina, totalizando

R$ 798.549 milhões em ativos, conforme análise do desempenho de 2009. Além disso,

nesse mesmo ano o banco registrou o maior lucro de sua história, totalizando R$ 10.148

milhões, resultado que corresponde a um retorno anualizado sobre o patrimônio líquido

de 30,7%. No entanto, a história do banco nem sempre foi de sucesso. Após a perda da

conta movimento em 1986, o banco passou a se sujeitar às regras de funcionamento de

mercado e à subordinação do Banco Central do Brasil. Esse expediente gerou profundo

impacto sobre a atuação do banco, uma vez que até então era impossível a existência de

problemas de liquidez no banco, dada a sua capacidade de emissão monetária. Uma

segunda mudança importante ocorre com o advento do Plano Real. Dada a necessidade

de se adequar à política monetária restritiva, ao aumento da inadimplência e à gestão

das operações cambiais em decorrência do descompasso entre a liquidez em moeda

estrangeira do banco e seus ativos e passivos no exterior, o banco registrou prejuízo de

R$ 2,4 bilhões em 1995, evidenciando-se elevação dos passivos contingentes para

provisões7

O Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão máximo no que tange sobre o

Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR)

de devedores duvidosos. A inadimplência cresceu tanto nas operações com o

setor agrícola, como das operações de crédito geral com indústria, comercio e pessoa

física. No exercício de 1996, por sua vez, o banco apresentou prejuízo de R$ 7.780

milhões, sendo necessária uma chamada de capital de R$ 8 bilhões, como parte do

processo de capitalização e reestruturação que o banco deveria passar.

8

7 Segundo Iudícibus et al (2003), “provisões são deduções de ativos ou acréscimos de exigibilidade que reduzem o Patrimônio Líquido, e cujos valores não são ainda totalmente definidos. Representam, assim, expectativas de perdas de ativos ou estimativas de valores a desembolsar que, apesar de financeiramente ainda não efetivadas, derivam de fatos contábeis já ocorridos”. 8 O SNCR foi criado em 1965.

, bem como sobre a política monetária,

estabelece os montantes de crédito rural a serem liberados pelo Banco do Brasil e

aqueles que devem ser repassados pelos bancos comerciais, além de ser o órgão

normativo que estabelece a fontes desses recursos, em termos de dotação orçamentária,

taxas e encargos, parcela de depósitos à vista que tem que ser dedicada pelos bancos,

públicos e privados, ao crédito rural. De todo modo, o Banco do Brasil aparece como

agente do Governo Federal na implementação das diretrizes estabelecidas pelo CMN.

Como a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 164 estabelece que as

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disponibilidades de caixa da União devem ser depositadas no Banco Central, o BB

perdeu sua função de caixa do Tesouro Nacional, o que representou uma perda de US$

7 bilhões em depósitos não remunerados. Com efeito, o banco se defrontou com enorme

perda de mobilidade na geração de funding, seja do ponto de vista do seu

encarecimento, como também da sua escassez, visto que nenhuma outra fonte de

recursos foi estabelecida para a agricultura, com as vantagens e benesses disponíveis até

então no Banco do Brasil. Entre o biênio 1996-97, o agravamento da inadimplência

agrícola fez com que o índice de aprovisionamento se elevasse de 3,3%, em dezembro

de 1995, para 14,1%, em dezembro de 1997.

Verifica-se, portanto, que a reestruturação do BB significou, também, a

necessidade de se reestruturar as fontes de financiamento para a agricultura. A crise na

agricultura e a relação conflituosa entre o Governo Federal e a bancada ruralista no

início do Plano Real, em decorrência da rejeição do Congresso do veto presidencial em

relação à eliminação da TR como indexador dos contratos agrícolas, vencidos e em ser

(?), fizeram como que o banco cortasse diversas linhas de crédito agrícolas, forçaram a

implementação de critérios rígidos e indiferenciados nas negociações e renegociações, o

que acabou culminando com elevação na inadimplência. É bem verdade que o banco

preservou sua posição de principal agente no fomento agrícola, mas os recursos

utilizados para essa função passaram a ser mobilizados junto ao mercado.

A necessidade de reestruturação do banco era imediata. Para tanto, o saneamento

financeiro e patrimonial passaram a fazer parte da agenda de mudanças do banco. Para

readequar à nova realidade, o banco lançou o chamado Programa de Desligamento

Voluntário (PDV), em julho de 1995. Na época, o banco contava com aproximadamente

107 mil funcionários, dentre os quais, 55 mil foram classificados como “elegíveis”, ou

seja, funcionários aptos a participarem do programa. Cerca de 14 mil funcionários

aderiram ao programa, o que representou aproximadamente 80% do universo de

desligamentos pretendido pelo banco. Com isso, o banco conseguiu reduzir seus custos

operacionais direcionando-se rumo a uma estratégia mais competitiva e pró-mercado.

Uma importante mudança na cultura do banco também foi presenciada com o

surgimento do PDV. Os funcionários do banco estão sujeitos ao regime de trabalho da

CLT, no entanto, culturalmente a instituição da estabilidade era um princípio dentro do

banco. Com efeito, após 1995, uma mudança de paradigma na organização do banco

também foi sentida; a estabilidade não mais era mais completamente assegurada. Como

Page 15: Setor bancario

15

resultado dessa estratégia, o banco promoveu a redução do seu quadro de pessoal em

45%, saindo de 125.824 funcionários, em dezembro de 1994, para 69.437, ao final de

1999.

Em 1996, por meio do documento intitulado “O Banco do Brasil na Hora da

Verdade”, o banco divulgou o seu plano de reestruturação. Para tanto, dois grandes

movimentos foram traçados. O primeiro de expansão da base de clientes, a conquista de

novas folhas de pagamento e a segmentação comportamental dos clientes, de acordo

com a renda e área de atuação. No segundo flanco, o BB procurou tornar-se um banco

dinâmico, aprimorando e diversificando sua linha de produtos e serviços, disseminando

a cultura de controle e investimento em tecnologia. Acrescenta-se que fortes ações de

corte de custos foram adotadas, conforme a página 38 do documento. Além disso, o

banco transferiu para a PREVI9

9 Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil.

o encargo de complementação de aposentadoria dos

funcionários admitidos antes de 1967. Com efeito, a PREVI antecipou recursos ao BB

aliviando o caixa do banco.

Em 1997, o banco adota um modelo organizacional voltado para os segmentos

mais lucrativos de mercado, baseado nas chamadas Unidades Estratégicas de Negócio

(UEN). Nesse mesmo ano, o sistema de Balanced Scorecard é implementado de modo a

gerar um ambiente mais profissional na gestão dos recursos. Evidencia-se, também,

uma maior inserção do banco nos segmentos de mercados de capitais, administração de

fundos de investimento, seguros, operações de leasing, cartões de crédito, previdência

complementar, etc.. Nesse sentido, embora o banco permaneça como fomentador do

desenvolvimento econômico do país, buscou uma relação dual entre público e privado.

Como banco público, administra programas do governo federal, fomenta o comércio

exterior, e permite a inserção bancária de regiões cujos benefícios sociais extrapolam os

privados. Por outro lado, como banco múltiplo gera lucros aos acionistas como qualquer

outro banco privado.

Após os ajustes efetuados, o banco registrou o crescimento das receitas de

prestação de serviços em 141,2%, entre 2000 e 2006, e o resultado da intermediação

financeira subir 196,4%, impulsionado pela receita de elevação do crédito (250%) e

com as operações de títulos e valores mobiliários (105,1%).

Page 16: Setor bancario

16

2.1.2 Caixa Econômica Federal

A Caixa Econômica Federal (CEF) foi criada em 1861 com o objetivo

nevrálgico de incentivar a poupança no Brasil. Até 1969, a Caixa operava em todas as

Unidades da Federação de forma autônoma, quando todas as operações, bem como a

administração, foram fundidas em um único banco, tornando-se, nesse momento, uma

empresa pública federal. Outras atividades foram incorporadas ao longo do tempo às

atribuições da instituição, como por exemplo, a administração das loterias do país, do

FIES10 (antigo crédito educacional), a gestão centralizada do FGTS11, a gestão dos

valores do PIS12 e do Seguro Desemprego e o pagamento do programa Bolsa Família.

Acrescenta-se, ainda, a responsabilidade de operar o Sistema Financeiro da Habitação13

Em decorrência da Resolução CMN 2.682 de 1999, a qual estabeleceu critérios

para a classificação das operações de crédito e regras para constituição de provisão para

(SFH), antigo Banco Nacional da Habitação (BNH), cujo funding advém do FGTS, dos

depósitos judiciais e dos recursos mobilizados com a caderneta de poupança.

O ajuste efetuado na Caixa Econômica Federal (CEF) pós-real, principalmente,

envolveu uma mudança no arcabouço jurídico da instituição, alterando as regras e

regulamentos dos contratos de financiamento e execuções das garantias dos

empréstimos imobiliários. Parte dos problemas incorridos pela CEF decorre da falência

do SFH e de seus créditos com o Fundo de Compensação das Variações Salariais

(FCVS). O FCVS, criado no âmbito do SFH, tinha como objetivo de corrigir os resíduos

dos contratos imobiliários. Ou seja, caberia ao mutuário contribuir com o FCVS sendo

que, ao final do contrato, ele se responsabilizaria pelo pagamento de eventual saldo

devedor remanescente. Como a CEF constitui a principal instituição federal de

financiamento imobiliário do país, e em decorrência de volume considerável de crédito

junto ao FCVS, esses créditos puderam ser utilizados para lastrear as operações do

PROER.

10 Programa de Financiamento Estudantil. 11 Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. 12 Programa de Integração Social. 13 O Governo Federal, por meio dos documentos “Política Nacional de Habitação”, de 1996, e “Política de Habitação: Ações do Governo Federal de jan/95 a jun/98”, de 1998, definiam o SFH como “(i) esgotado – em virtude das crescentes dificuldades de captação líquida das suas fontes de recursos (notadamente o FGTS); (ii) regressivo – por ter beneficiado principalmente as camadas de renda média e média alta com elevados subsídios implícitos pagos com recursos do erário; (iii) insuficiente – porque durante trinta anos produziu apenas 5,6 milhões do total de 31,6 milhões de novas moradias produzidas no país”.

Page 17: Setor bancario

17

créditos de liquidação duvidosa, a CEF se viu em uma situação bastante delicada em

decorrência do impacto negativo que sua carteira de financiamento imobiliário,

notadamente de longo-prazo. Como a resolução estabelece que operações em atraso

superior a 30 dias deveriam ser classificadas com risco C, no mínimo, esse expediente

exigiu um volume muito elevado de capital do banco dificultando o enquadramento aos

preceitos de Basiléia (Resoluções CMN 2.099 de 1994 e 2.399 de 1997).

Seguindo os termos da Nota Técnica No. 20/SE-MF de que “banco é banco seja

público ou privado”, a Caixa Econômica Federal passou a adotar uma postura

microeconômica visando maior busca pelo lucro, maior eficiência operacional, e

estabelecimento de uma gestão que garantisse um retorno mínimo sobre o Patrimônio

Líquido Exigido que fosse suficiente para a realização dos investimentos em

modernizações do banco. Para tanto, tal como ocorreu no Banco do Brasil, a

administração do banco adotou programas de demissão voluntária reduzindo as

despesas com pessoal. Para sanear a insuficiência patrimonial de R$ 14 bilhões ao final

de 2000, em grande medida devido às provisões de crédito14

14 Segundo Demonstrações Financeiras do banco (1999 e 2000), para atender os termos da Resolução No. 2.682, um reforço de provisão de R$ 10.400 milhões era requerido. Além disso, considerando-se a natureza de risco dos ativos da instituição, evidenciava-se insuficiência patrimonial de R$ 3.600 milhões.

e como parte do programa

de reestruturação patrimonial, um total de R$ 26,7 bilhões em ativos imobiliários foi

repassado ao Tesouro Nacional.

Como parte da reestruturação, o risco das operações com recursos do FGTS

foram transferidos para o Tesouro Nacional. Acrescenta-se o repasse para o Tesouro de

R$ 26,7 bilhões em ativos constituídos por financiamentos imobiliários. Com isso,

verificou-se a redução da necessidade de caixa em termos de provisão e de capital

(Resolução CMN 2.682/99). Para se readequar aos objetivos estabelecidos pelo

Governo Federal, a CEF ampliou a rede de atendimento por meio dos chamados

correspondentes bancários e, mesmo permanecendo como principal agente do governo

na área imobiliária, passou a adotar modelo de avaliação baseado no chamado credit

score, aprimorando a concessão de financiamentos.

2.1.3 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

Page 18: Setor bancario

18

O BNDES15

Com o Plano Real, o Brasil conseguiu, finalmente, resolver o problema crônico

da inflação, possibilitando ao país a retomada do ciclo de crescimento econômico,

condição sine qua non para que haja financiamento de longo-prazo. Nesse cenário, o

papel do BNDES como promotor de financiamento de longo-prazo se destacou,

evidenciando crescimento nos desembolsos em aproximadamente 300% no período

1994-1997. Observa-se, ainda, a forte atuação do banco como grande coordenador das

privatizações efetuadas no país sejam elas no setor de siderurgia, telecomunicações,

energia elétrica, petroquímica, portos, estradas, etc.. Com a criação do Conselho

Nacional de Desestatização

, criado em 1952 é o principal agente do governo como fomentador

do desenvolvimento econômico do país, tendo como principal mecanismo de atuação a

concessão de financiamentos de longo-prazo. Entre os papeis do banco, merecem

destaque o financiamento de grandes empreendimentos industriais e de infra-estrutura,

além da concessão de apoio à agricultura, comércio e serviços. No âmbito do

financiamento de longo-prazo, o banco estabelece como meta “o desenvolvimento de

projetos de investimento e para a comercialização de máquinas e equipamentos novos,

fabricados no país, bem como para o incremento das exportações brasileiras.

Contribui, também, para o fortalecimento da estrutura de capitais das empresas

privadas e desenvolvimento do mercado de capitais” (BNDES, 2007, p.2).

16

15 Inicialmente sob o nome de BNDE, foi criado pela Lei 1.628 de 1952 durante o Governo Vargas, sob a ótica da necessidade de expansão dos investimentos industriais e em infra-estrutura prevista pela Comissão Mista Brasil- Estados Unidos (CMBEU). Nos anos oitenta teve a inclusão do “S” em seu nome, destacando o foco de atuação no desenvolvimento social do banco. 16 Criado por meio da Medida Provisória 841, de 19.01.1995.

em 1995, o banco assume duas funções adicionais: (i)

como gestor do processo de privatização; (ii) como financiador da compras das

concessões brasileiras, sejam elas na área de energia elétrica, petroquímica, siderurgia,

telecomunicações, etc. e como grande investidor nesses setores. Para atrair capital

externo e alavancar o processo de desestatização das atividades econômicas, as

operações realizadas no âmbito do BNDES foram realizadas sem a exigência de

garantias reais para as outorgas de concessões e liberações de financiamento nem exigiu

garantias solidárias dos efetivos controladores (Farias, 2006). Apesar da limitação de

apoio do BNDES de até 50% do valor do preço mínimo para compra dos ativos estatais,

Page 19: Setor bancario

19

o banco concedeu, ainda, empréstimos de capital de giro e carência para início dos

pagamentos de modo que esse percentual chegou a 100% em alguns casos17

O papel mais atuante do BNDES, seja por meio do volume crescente de seus

financiamentos, seja decorrente do crescimento dos desembolsos efetuados, constitui

importante instrumento de promoção do crescimento sustentado do país, em particular

no que tange à expansão dos investimentos, a promoção das exportações por meio de

linhas de crédito específicas (BNDES-exim) ou mesmo em relação às operações

efetuadas no campo do financiamento social

.

18

O setor bancário brasileiro

.

3. A estrutura do setor bancário brasileiro

3.1 Características gerais

19 é composto basicamente por instituições domésticas

(78,76%), ficando os bancos com controle estrangeiro com o percentual de 21,24% do

total de ativos (segmento bancário). Analisando esses números sobre a ótica

público/privado, observa-se participação dos bancos públicos em 23,37% no total dos

ativos20. Em relação ao volume de depósitos, os bancos estrangeiros detêm 18,72%, ao

passo que os bancos públicos respondem21

Tabela 3 - Quantitativo de bancos pela estrutura de capital

por 29,09% do total de depósitos. A tabele 3

mostra o quantitativo dos bancos por estrutura de capital, enquanto que a tabela 4 o total

dos municípios atendidos por dependência bancária.

Bancos (1) 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Dez Dez Dez Dez Dez Dez Dez Dez Jun

Públicos (2) 32 27 22 19 17 15 15 15 14 Privados 198 190 182 175 175 167 152 150 150 Nacionais 131 118 105 95 91 81 76 78 81 Nacionais com Participação Estrangeira (3) 26 23 18 15 14 14 11 10 9 Controle Estrangeiro (4) 25 33 43 50 57 61 56 53 51 Estrangeiros (5) 16 16 16 15 13 11 9 9 9

Total 230 217 204 194 192 182 167 165 164

17 Para uma discussão mais detalhada sobre esse assunto, ver Farias (2006). 18 Em 1996 o banco criou a Área de Desenvolvimento Regional e Social com o objetivo de ampliar a atuação no âmbito das questões sociais 19 Dados do Banco Central do Brasil de dezembro de 2008, fonte: COSIF. 20 Como o Banco do Brasil é uma empresa de economia mista, descontou-se o percentual acionário de 21,5% referente ao free float. 21 Adotou-se o mesmo procedimento de descontar as o percentual acionário de 21,5% em poder do mercado nas ações do Banco do Brasil.

Page 20: Setor bancario

20

Bancos (1) 2004 2005 2005 2006 2006 2007 2007 2008 2008

Dez Jun Dez Jun Dez Jun Dez Jun Dez

Públicos (2) 14 14 14 14 13 13 13 13 12 Privados 150 147 147 148 146 143 143 144 147 Nacionais 82 81 82 82 81 78 77 78 78 Nacionais com Participação Estrangeira (3) 10 9 8 9 9 9 10 10 7 Controle Estrangeiro (4) 49 48 49 49 48 48 49 49 56 Estrangeiros (5) 9 9 8 8 8 8 7 7 6

Total 164 161 161 162 159 156 156 157 159 Fonte: Cosif - (doc. 4016) - Banco Central do Brasil (1) Inclúi bancos múltiplos, bancos comerciais e caixa econômica (2) Inclúi caixas econômicas (estaduais, em funcionamento até Jan/99, e a Caixa Econômica Federal) (3) Inclúi bancos que detém participação estrangeira relevante (conforme Carta-Circular 2.345/93) (4) Bancos múltiplos e comerciais com controle estrangeiro (exceto filiais) (5) Filiais de bancos estrangeiros

Tabela 4 - Totais de municípios atendidos por dependência bancária

Atendimento 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

dez Dez dez dez dez dez dez

Municípios 5.076 5.300 5.546 5.597 5.626 5.636 5.654

Municípios sem dependências 1.223 1.474 1.749 1.739 1.679 1.659 1.681

Município com uma dependência 1.488 1.597 1.659 1.773 1.906 1.972 2.013

Uma agência 1.390 1.394

Com PAA 582 619 Atendimento 2002 2002 2002 2002 2002 2002 2002

dez Dez dez dez dez dez dez

Municípios 5.658 5.578 5.578 5.580 5.580 5.580 5.580

Municípios sem dependências 1.665 1.600 1.743 2.122 2.115 2.271 2.199

Município com uma dependência 2.060 2.066 2.224 1.871 1.906 1.941 2.819

Uma agência 1.406 1.397 1.590 1.535 1.500 1.465 1.460

Com PAA 654 669 634 336 406 476 1.359

Fonte: Unicad

A partir dos dados apresentados nas tabelas 3 e 4, observa-se uma clara

diminuição do número de bancos no Brasil no período 1995-2008, em decorrência das

reestruturações e privatizações ocorridas após 1995, conforme já discutido

anteriormente. Por outro lado, esse movimento foi acompanhado por um aumento do

Page 21: Setor bancario

21

número de agências e posto de atendimento bancários. Atualmente22 o Brasil possui

19.142 agências bancárias e 6.750 postos de atendimento bancários distribuídos em

5.580 municípios. Acrescenta-se que entre os anos de 2000 e 2008, o número de

agências instaladas no país cresceu ao ritmo de 2% a.a., sendo que a quantidade de

postos de atendimento eletrônicos se expandiu à taxa de 13% a.a. e os correspondentes

bancários evoluíram quase 30% nesse mesmo período, superando 100 mil unidades. No

entanto, apesar da grandeza desses números, a dispersão territorial da cobertura bancária

por região geográfica continua extremamente concentrada nos estados do Sudeste e Sul

conforme gráficos abaixo.

Gráfico 1: Cobertura bancária - 2008

Essa concentração bancária em termos regionais é uma característica da

economia brasileira e gera como efeito colateral o baixo dinamismo e,

conseqüentemente, baixo desenvolvimento das regiões mais pobres23

22 Posição de 31.12.2008 23 Para uma discussão mais profunda sobre o tema, ver Crocco et al (2005, 2006) e Amado (1997, 1998)

. Obviamente esse

resultado gera um ciclo vicioso, uma vez que a bancarização gera desenvolvimento

econômico e os bancos só se interessam em operar em determinada região se houver

atratividade suficiente para tal procedimento, ou seja, quanto maior a renda de

determinada localidade maior será a expectativa de se captar recursos e maior a

propensão em se gerar e vender produtos bancários. Em particular, observando-se o

volume de crédito e de depósitos em termos regionais, verifica-se claramente esse

resultado.

Fonte: Banco Central do Brasil, dados de 2008.

Fonte: Banco Central do Brasil, dados de 2008.

Page 22: Setor bancario

22

Gráfico 2: Market share por região

Com efeito, em uma economia nacionalmente integrada do ponto de vista do

sistema bancário a concentração bancária além de constituir resultado natural no

processo capitalista, decorrente das características da atividade, acaba trazendo um

efeito perverso para as chamadas zonas (ou economias) periféricas na medida em que

reforçam as restrições de liquidez das áreas menos abastadas. Ou seja, na ausência de

políticas públicas e medidas reguladoras eficientes e coordenadas, evidencia-se forte

tendência de drenagem dos recursos para as regiões centrais com maior dinamismo

produtivo e financeiro24

Uma importante característica do setor bancário em todo o mundo é o fato de

que a atividade bancária é concentrada. As razões para a concentração de uma atividade

econômica já estavam explicitadas no grande livro de Alfred Marshall (1980) intitulado

Principles of Economics. Esse resultado decorre da presença de economias de escala e

de escopo, que permitem aos bancos diminuírem seus custos por unidade de produto

(Baumol et al, 1982). A presença de economias de escala significa que os grandes

bancos possuem custos de produção marginais (e médios) mais baixos dos que os

bancos pequenos. Economia de escopo, por sua vez, implica que bancos múltiplos com

diversos produtos são mais eficientes do que “boutiques financeiras”. Esse resultado

.

3.2 A questão da concentração bancária no Brasil e o papel dos bancos públicos

24 Para uma discussão mais profunda sobre o tema ver Amado (1997, 1998).

Fonte: Banco Central do Brasil, dados de 2008.

Page 23: Setor bancario

23

também é reportado na literatura pelos trabalhos de Benston (1965), Benston et al

(1982), Kolari e Zardkoohi (1987), Berger et. al (1987, 1991), Hunter (1990), dentre

outros. Em especial, considerando o mercado bancário brasileiro, Silva e Jorge Neto

(2002), partindo de uma amostra de 59 grandes bancos, analisaram a ocorrência de

retornos de escala no período 1995-1999. As estimativas encontradas mostram a

ocorrência de economias de escala independente do tamanho do banco. Mesmo com a

ressalva dos autores de que o setor bancário brasileiro possui espaço para redução de

custos e ampliação da produção, a presença de economias de escala constitui importante

variável para explicar a concentração bancária, bem como fornece boas explicações

sobre o atual processo de fusões, aquisições e incorporações no setor bancário

brasileiro.

Se, por um lado, as fusões, aquisições e incorporações tornam os bancos menos

vulneráveis a choques isolados, ou permitem ao sistema bancário tornarem mais

protegidos contra choques idiossincráticos, uma vez que grandes conglomerados

bancários são, em geral, mais diversificados; por outro lado aumentam o risco de crises

sistêmicas. É justamente este fato que coloca como questão central a regulação bancária.

Ao se analisar as transformações ocorridas no Brasil após o Plano Real em

termos de atividade econômica, sem dúvida as modificações do setor financeiro

merecem destaque. Além da própria mudança da moeda e do fim da alta inflação,

inúmeras foram as modificações na legislação e nos normativos do setor, dentre as quais

merecem destaque: os normativos do acordo de Basiléia, em especial a exigência de

capital mínimo dos bancos compatível com os riscos de suas atividades de modo que o

chamado patrimônio de referência (PR), nos termos da Resolução do CMN 3.444 de

fevereiro de 2007, seja ser superior a soma dos seguintes termos:

Em que: é o patrimônio de referência exigido;

é a parcela referente às exposições de crédito ponderadas pelo fator

de risco a elas atribuído;

parcela referente à exposição em ouro, moeda estrangeira e

operações sujeitas à variação cambial;

Page 24: Setor bancario

24

parcela referente ao risco das operações sujeitas à

variação de taxa de juros e classificadas na carteira de negociação, sendo

que N diz respeito às N diferentes operações.

parcela referente ao risco das operações sujeitas às variações nos

preços das commodities;

parcela referente ao risco de variações nos preços das ações

classificadas na carteira de negociação.

parcela referente ao risco operacional.

Como o capital constitui a forma mais dispendiosa de financiamento das

atividades bancárias, os requisitos de capital impostos impactam a rentabilidade das

instituições financeiras e, conseqüentemente, acarretam desdobramentos sobre a própria

competição bancária. Se por um lado, os preceitos de Basiléia buscam uma maior

solidez do sistema bancário fortalecendo as estruturas de risco das instituições

financeiras, bem como fornecer incentivos em termos de capital para as melhores

práticas de gestão e monitoramente de riscos; por outro impõe um custo elevado de

ajustamento por parte das instituições. Em teoria, as seguintes razões sugerem uma

relação entre concentração bancária e os normativos de Basiléia:

(i) Alguns bancos, em especial, aqueles com estruturas de riscos mais

especializadas, podem se beneficiar dos incentivos estabelecidos pela

implementação de modelos internos de alocação de capital poupando, dessa

forma, capital;

(ii) Os elevados custos de ajustamento das instituições, em sua maioria custos

fixos associados à implementação e readequação das estruturas de risco dos

bancos, de construção de bases internas de dados para mensuração dos riscos

e de tecnologia da informação, podem deslocar a chamada “dimensão

máxima de eficiência operacional” a qual, por sua vez, associada aos

retornos de escala pode favorecer o processo de concentração bancária;

(iii) Os bancos mais eficientes e com melhores práticas de gestão conseguem

implementar mais rapidamente os modelos de alocação de capital baseados

na chamada abordagem avançada poupando, dessa forma capital. Com

Page 25: Setor bancario

25

efeito, esse resultado permite maior alavancagem dessas instituições e

maiores taxas de retorno.

Para avaliar a evolução da concentração bancária no Brasil, utilizou-se como

metodologia o índice de concentração espacial de Hirschman-Herfindal (IHH). Para

tanto, considerando-se uma série indicadora do nível de atividade

econômica em um conjunto com observações distintas, sabe-se que o IHH é descrito

por:

(1)

Onde: é o número de bancos considerados na análise, é a participação absoluta do

banco e representa o volume total do mercado bancário analisado.

O menor indicador para o índice IHH ocorre quando a série é constante. Nesse

caso, a participação relativa de cada termo é exatamente igual a . Por outro lado,

quando o indicador bancário está concentrado em um único banco, então o índice IHH

será igual a um, evidenciando concentração máxima. Ao se tomar a soma dos quadrados

das participações relativas de cada banco, considera-se que quanto maior a instituição,

maior o seu poder de mercado. De toda sorte, a interpretação correta dos indicadores de

concentração bancária são compreendidas de forma mais adequada por meio do dual do

índice de Hirschman-Herfindal, uma vez que o IHH não leva em consideração de forma

direta o número de bancos considerado na análise. Com efeito, seja

a série dual do IHH. O modelo dual, nesse caso, considera um mercado teórico com o

mesmo número de bancos do mercado real. A diferença nessa abordagem é que o

mercado teórico está estratificado em dois grupos. O primeiro grupo possui bancos e

esse grupo domina totalmente o mercado, sendo que esse grupo divide o mercado

igualmente entre si de modo que cada banco possui uma participação absoluta no

mercado teórico igual a . O segundo grupo, por sua vez, possui banco e

possui participação nula no mercado. Dessa forma, tem-se que:

(2)

Page 26: Setor bancario

26

Onde: é a participação absoluta do banco no mercado real. Observa-se pela

equação (2) que o volume no mercado teórico é exatamente igual ao volume do

mercado real. Além disso, o IHH nos dois mercados, tanto no real, como no dual, são

exatamente iguais . O dual é definido como sendo a fração dos bancos

que não possuem participação no mercado. Por esse expediente, a concentração de uma

indústria bancária medida pelo IHH é equivalente a uma concentração, também medida

pelo IHH, em uma indústria na qual uma fração dos bancos se apropria de todo o

mercado. Como , segue-se, portanto, que o dual do mercado real é

descrito por:

(3)

Pela equação (3), observa-se que o dual é uma função crescente em , uma

vez que o índice de Hirschman-Herfindal varia de a 1. Em concorrência perfeita,

assumirá valor zero, ao passo que em situação de monopólio, assume o seu valor

máximo , sendo que quando o número de bancos é grande o dual se aproxima

da unidade.

Segundo o Federal Trade Comission e o U.S. Department of Justice, um

mercado específico é classificado em termos de concentração da seguinte forma25:

=> indústria altamente concentrada

=> indústria moderadamente concentrada

=> indústria não é concentrada.

Considerando-se os dados do “Consolidado Bancário I26

25 Ver Merger Guideline

” do relatório do COSIF

– 50 maiores para ativo total, volume de depósito, número de funcionários, número de

agências, volume em operações de crédito e arrendamento mercantil e TVM e

1.51 26 Consolidado Bancário I: somatório das posições contábeis das instituições bancárias do tipo Conglomerado Bancário I e Instituições Bancárias Independentes I. O Conglomerado Bancário I, por sua vez, é composto por pelo menos uma instituição do tipo banco comercial ou banco múltiplo com carteira comercial. Já as Instituições Bancárias Independentes I são instituições financeiras do tipo banco comercial, banco múltiplo com carteira comercial ou caixa econômica que não integrem conglomerado.

Page 27: Setor bancario

27

instrumentos financeiros com derivativos, obtém-se os seguintes índices de IHH, bem

como o respectivo dual, conforme a tabela 527

Tabela 5 - Índice de Hirschman-Herfindahl

.

Data N. de Bancos

Ativo Total Depósito N. Funcionários Agências Oper. Créd. e Arrend. Mercantil

TVM e Instrumentos Financeiros Derivativos

IHH Dual 1-Dual IHH Dual 1-Dual IHH Dual 1-

Dual IHH Dual 1-Dual IHH Dual 1-Dual IHH Dual 1-Dual

dez/95 144 0,08 0,92 8,25% 0,12 0,94 5,72% 0,08 0,92 8,22% 0,08 0,92 8,29% 0,11 0,94 6,08% 0,09 0,92 7,60% jun/96 145 0,07 0,91 9,26% 0,12 0,94 5,80% 0,08 0,92 8,30% 0,08 0,91 8,60% 0,11 0,94 6,12% 0,08 0,92 8,16% dez/96 145 0,08 0,91 8,78% 0,12 0,94 5,96% 0,09 0,92 8,05% 0,08 0,92 8,46% 0,10 0,93 6,71% 0,09 0,92 7,80% jun/97 142 0,07 0,91 9,47% 0,11 0,94 6,42% 0,09 0,92 8,10% 0,08 0,91 8,67% 0,11 0,93 6,68% 0,09 0,93 7,46% dez/97 140 0,07 0,90 9,72% 0,11 0,93 6,56% 0,09 0,92 8,32% 0,08 0,91 8,79% 0,12 0,94 5,86% 0,12 0,94 6,11% jun/98 130 0,08 0,90 9,96% 0,11 0,93 7,02% 0,09 0,91 8,76% 0,08 0,91 9,49% 0,13 0,94 5,76% 0,09 0,91 8,64% dez/98 128 0,09 0,91 8,91% 0,11 0,93 6,81% 0,09 0,92 8,40% 0,09 0,91 9,07% 0,14 0,94 5,77% 0,08 0,91 9,42% jun/99 125 0,09 0,91 9,32% 0,12 0,93 6,63% 0,09 0,92 8,43% 0,09 0,91 9,23% 0,13 0,94 5,94% 0,08 0,90 10,39% dez/99 124 0,08 0,90 9,77% 0,12 0,93 6,67% 0,10 0,92 8,23% 0,09 0,91 8,96% 0,11 0,93 7,21% 0,07 0,89 10,99% jun/00 122 0,08 0,90 10,23% 0,12 0,93 7,09% 0,10 0,92 8,02% 0,09 0,91 9,05% 0,11 0,93 7,46% 0,09 0,91 9,44% dez/00 122 0,08 0,90 10,07% 0,12 0,93 7,07% 0,11 0,93 7,39% 0,10 0,92 8,43% 0,10 0,92 8,23% 0,08 0,90 9,75% jun/01 122 0,07 0,89 11,08% 0,12 0,93 6,89% 0,11 0,93 7,27% 0,10 0,92 8,30% 0,08 0,89 10,62% 0,08 0,89 10,74% dez/01 121 0,08 0,89 10,80% 0,11 0,93 7,34% 0,11 0,93 7,36% 0,10 0,92 8,37% 0,08 0,89 10,91% 0,08 0,90 9,73% jun/02 114 0,08 0,89 11,16% 0,11 0,92 7,80% 0,12 0,93 7,25% 0,11 0,92 8,26% 0,08 0,89 10,75% 0,09 0,90 10,18% dez/02 111 0,09 0,90 10,14% 0,12 0,92 7,71% 0,12 0,93 7,39% 0,11 0,92 8,39% 0,09 0,90 10,37% 0,10 0,91 8,92% jun/03 112 0,09 0,90 9,55% 0,12 0,93 7,44% 0,13 0,93 7,13% 0,12 0,92 7,71% 0,10 0,91 9,38% 0,11 0,92 8,15% dez/03 110 0,10 0,91 9,33% 0,12 0,92 7,50% 0,12 0,93 7,29% 0,12 0,92 7,85% 0,10 0,91 9,17% 0,11 0,92 8,42% jun/04 108 0,09 0,90 10,34% 0,12 0,92 7,96% 0,12 0,93 7,44% 0,12 0,92 7,68% 0,10 0,91 9,43% 0,10 0,91 8,83% dez/04 108 0,09 0,90 10,16% 0,11 0,92 8,25% 0,12 0,93 7,49% 0,12 0,92 7,67% 0,10 0,91 9,33% 0,10 0,91 9,20% jun/05 105 0,09 0,89 10,79% 0,11 0,91 8,61% 0,13 0,92 7,61% 0,12 0,92 7,80% 0,10 0,91 9,42% 0,09 0,90 10,15% dez/05 104 0,09 0,89 10,96% 0,11 0,91 8,62% 0,12 0,92 7,70% 0,12 0,92 7,82% 0,10 0,90 9,55% 0,10 0,90 10,06% jun/06 104 0,09 0,89 10,95% 0,11 0,91 8,88% 0,12 0,92 7,90% 0,12 0,92 7,75% 0,10 0,90 9,53% 0,10 0,90 9,63% dez/06 104 0,09 0,89 10,69% 0,11 0,91 8,60% 0,12 0,92 7,96% 0,12 0,92 7,75% 0,10 0,91 9,27% 0,09 0,89 10,84% jun/07 102 0,09 0,89 11,49% 0,11 0,91 8,99% 0,12 0,92 8,26% 0,12 0,92 7,93% 0,10 0,90 9,52% 0,09 0,90 10,34% dez/07 101 0,09 0,89 11,40% 0,11 0,91 8,93% 0,12 0,92 8,29% 0,12 0,92 8,01% 0,10 0,90 9,76% 0,10 0,90 10,26% jun/08 101 0,09 0,89 10,96% 0,11 0,91 9,37% 0,12 0,92 8,42% 0,12 0,92 8,01% 0,10 0,90 9,63% 0,09 0,89 10,74% dez/08 101 0,13 0,92 7,83% 0,14 0,93 7,12% 0,14 0,93 7,14% 0,15 0,93 6,55% 0,13 0,92 7,53% 0,11 0,91 9,32% jun/09 100 0,13 0,92 7,63% 0,15 0,93 6,73% 0,15 0,93 6,65% 0,17 0,94 6,02% 0,24 0,96 4,18% 0,12 0,92 8,44%

Média 0,09 0,90 9,96% 0,12 0,93 7,45% 0,11 0,92 7,81% 0,11 0,92 8,18% 0,11 0,92 8,22% 0,09 0,91 9,28%

Considerando-se os dados apresentados pela tabela acima para o indicador IHH,

constata-se que o setor bancário é classificado como uma indústria de concentração

média para todos os dados em análise, exceto operações de crédito e arrendamento

mercantil, a qual apresenta forte concentração após junho de 2008. O Gráfico 3 sintetiza

a evolução dos IHH apresentados na tabela. 27 È importante destaca que no Consolidado Bancário I não está incluído o BNDES, por não ser um banco depositário.

Page 28: Setor bancario

28

Gráfico 3: IHH do setor bancário brasileiro

Quando se analisa esses mesmos dados do ponto de vista do dual é possível

verificar qual o grau dessa concentração de forma mais acurada. Com efeito, pode-se

afirmar que os ativos do setor bancário estão concentrados em 9,96% das instituições,

em média. Para o volume de depósitos esse número é de 7,45%, para número de

funcionários 7,81%, número de agências 8,18%, operações de crédito e arrendamento

mercantil 8,22% e TVM e instrumentos financeiros e derivativos 9,28%. Ou seja, se o

índice de IHH mostra que o setor bancário brasileiro é de concentração média, por meio

do dual pode-se inferir que o mercado bancário está concentrado em apenas oito bancos,

quais sejam: Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Caixa Econômica

Federal, HSBC, Votorantim e Safra. Levando-se em consideração que o Banco do

Brasil adquiriu 50% do capital do Banco Votorantim no final de 2008, pode-se dizer

que o mercado bancário varejista brasileiro está concentrado em apenas sete bancos,

sendo dois bancos públicos federais (BB e CEF), três bancos privados nacionais (Itaú,

Bradesco e Safra) e dois bancos estrangeiros (Santander e HSBC)

No caso particular do volume de crédito e de operações de arrendamento

mercantil observa-se que o crédito bancário está concentrado em apenas cinco bancos.

Page 29: Setor bancario

29

Levando-se em consideração que desses cinco bancos dois estão sob controle estatal,

fica evidente a importância das políticas públicas de crédito para determinar a dinâmica

desse mercado. Dessa forma, o grau de competição do setor bancário é relevante na

medida em que influencia a quantidade de crédito ofertada, a sua qualidade e o próprio

crescimento econômico. A literatura convencional de economia industrial postula

que quanto menor a competição entre os bancos maiores serão os benefícios aos

tomadores de crédito, uma vez que o preço do capital e a própria disponibilidade de

recursos serão maiores em um ambiente competitivo. No entanto, outros estudos28

De todo modo, uma questão adicional a esse debate merece atenção: qual o

papel dos bancos públicos em uma ambiente com notada presença de retornos

crescentes à escala e com informação assimétrica, moral hazard, etc.? Adicionando

elementos a esse cenário, considere ainda que esse banco público em questão é

incorporando problemas de informação assimétrica, moral hazard, problemas de

seleção, etc. argumentam que na presença de retornos de escala a concentração reduz o

custo de informação e de seleção por parte dos bancos, de modo que ambientes mais

competitivos geram menos crédito em relação aos mais concentrados. Esse resultado

ocorre em mercados nos quais existem mobilidade de clientes (heterogêneos), o

mercado é amplo e o custo de troca de informação é relativamente baixo. Essas

condições são precisamente as encontradas no setor bancário. A racionalidade

econômica desse resultado ocorre porque a informação (e a própria diversificação de

portfólio derivada de uma base maior de clientes) é um dos fatores que garantem retorno

de escala às operações bancárias. Dessa forma uma central unificada de informação de

crédito constitui um “monopólio natural” de modo que quando os bancos começam a

trocar informações, isso cria um incentivo para que os demais bancos do sistema

também troquem informações referentes aos seus clientes. Assim, a troca de

informações bancárias melhora a qualidade e a quantidade dos empréstimos, reduzindo

a taxa de juros. Esse resultado também pode ocorrer em um único banco, para tanto um

relacionamento de longo-prazo com o cliente seleciona os empréstimos concedidos e a

taxa cobrada. Ou seja, existe existem dois efeitos ambíguos atuando no sistema. O

primeiro é o chamado screening effect (filtragem). O Segundo é o incentive effect

(incentivo). Nesse sentido, setores mais concentrados são melhores do que aqueles

competitivos se o canal informacional superar os efeitos tradicionais da competição.

28 Ver Jappelli e Pagano (1993, 2000, 2003), Miller (2003), McIntosh e Wydick (2004).

Page 30: Setor bancario

30

eficiente, lucrativo e com amplo market share. Por fim, considere que todos esses

problemas estão postos em um ambiente de forte incerteza29. Ou seja, independente de

questões relacionadas a concorrências e a problemas de seleção, em decorrência do

próprio ambiente econômico os bancos simplesmente decidem empoçar liquidez e

reduzem prontamente o volume de credito concedido. Como se sabe, esse foi

precisamente o cenário evidenciado pela economia brasileira no final de 2008. A crise

atingiu o Brasil pelo lado da oferta decorrente da forte contração do crédito bancário

derivado do aumento da preferência pela liquidez – desejo pela posse de ativos

facilmente conversíveis em meios de pagamento – dos bancos em virtude das incertezas

presentes na economia (Oreiro e Basilio, 2009)30

29 O conceito de incerteza aqui utilizado é o de incerteza forte, não probabilística. Ver Keynes (1936, p. 126). 30 Para uma análise do canal do crédito no contágio da crise financeira internacional de 2008 sobre a economia brasileira, ver a seção seguinte.

.

Os bancos públicos – como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil – são

fundamentais na realização de políticas creditícias anti-cíclicas na medida em que suas

atuações interferem na estrutura de mercado do setor e, portanto, no própria dinâmica de

crescimento da lucratividade no longo-prazo. Isso porque, quando esses bancos adotam

uma política de expansão do crédito em um cenário de notada elevação da preferência

pela liquidez dos bancos e elevação do pessimismo, a atuação estatal além de reaquecer

a economia por meio do canal keynesiano tradicional, força uma reação dos demais

bancos em decorrência da perda permanente de market-share que eles estarão sujeitos

caso não acompanhem o movimento de expansão realizado pelos bancos públicos.

Nesse sentido, além de possuírem tradicional função social de agente do governo nas

políticas públicas, e na instalação de agências e postos de atendimento em áreas remotas

e pouco lucrativas, os bancos públicos atuam no sentido de forçar a ampliação de

liquidez por meio do canal concorrência de mercado. Ou seja, em momentos de crise

com elevada incerteza, não apenas a autoridade monetária possui função estratégica

para reaquecer a economia, como também os bancos públicos. Esse resultado é

reforçado no Brasil devido à atuação ativa do BNDES, Banco do Brasil e da CEF. Este

ponto é aprofundado na próxima seção.

4 - Bancos públicos e a evolução do mercado de crédito no período recente

Page 31: Setor bancario

31

4.1. Breve contextualização macroeconômica

Desde o começo dos anos 1980 a economia brasileira vem apresentando um

crescimento baixo e volátil: entre 1981 e 2008 a média do crescimento do PIB foi de

2,6%, contrastando com o crescimento médio de 7,1% entre 1947 e 1980, durante o

período de industrialização por substituição de importações (ISI). O baixo crescimento

entre 1990 e 2008 foi resultado do fenômeno de alta inflação (até 1994), de uma elevada

vulnerabilidade externa e também dos efeitos de uma elevada taxa de juros real (cerca

de 11% no período 1990-2006). De fato, as taxas de investimento tem se mantido baixa

durante anos, menos do que 20% do PIB desde 1996 contra uma taxa de investimento

de cerca de 25% nos anos 70. Esses resultados contrastam com o dinamismo de outras

economias emergentes de maior porte, como China e Índia, que tiveram um

crescimento, respectivamente, de 10% a.a. e 6,4% no período 1990-200731

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008Crescimento real do PIB (% a.a.) 4,4 2,2 3,4 0,0 0,3 4,3 1,3 2,7 1,1 5,7 3,2 4,0 5,7 5,1 Formação bruta de capital fixo (%PIB) 20,5 19,3 19,9 16,7 15,6 14,1 17,0 16,4 15,3 16,1 15,9 16,4 17,5 19,0 Inflação (%a.a.) 22,4 9,6 5,2 1,7 8,9 6,0 7,7 12,5 9,3 7,6 5,7 3,1 4,5 5,9 Resultado fiscal (%PIB) -7,3 -5,9 -6,1 -7,9 -10,0 -4,5 -4,8 -9,4 -3,3 -2,3 -2,8 -2,9 -2,1 -1,5Dívida pública (%PIB)* 28,0 30,7 31,8 38,9 44,5 45,5 48,4 50,5 52,4 47,0 46,5 44,0 42,0 38,8 Taxa de câmbio - média (R$/US$) 0,91767 1,0051 1,07799 1,161 1,814 1,829 2,350 2,920 3,077 2,925 2,434 2,17533 1,947 1,83 Reservas cambiais(excl.ouro, US$ milhões) 49708 58323 50827 42580 35279 32434 35563 37462 48847 52462 53245 85561 179433 192.844 Conta corrente (%PIB) -2,7 -3,1 -3,9 -4,2 -4,3 -4,0 -4,1 -1,8 0,7 1,6 1,5 1,2 0,1 -2,3Reservas cambiais (% importações) 100,1 109,4 84,9 73,7 71,6 58,1 64,0 79,3 101,2 83,5 72,3 93,2 148,8 111,3 Dívida externa (%PIB) 20,7 21,4 23,0 28,6 41,2 36,6 40,8 45,1 42,5 33,2 21,3 18,6 18,3 16,9 Dívida externa/exportações 3,4 3,8 3,8 4,7 5,0 4,3 3,9 3,8 3,2 2,3 1,6 1,4 1,5 1,4 Renda de investimentos (% exportações) -31,3 -36,6 -40,8 -48,0 -47,4 -39,0 -39,5 -35,6 -30,0 -24,6 -24,6 -24,6 -25,4 -26,8Balança comercial (US$ milhões) -3157 -5453 -6652 -6603 -1261 -698 2650 13121 24794 33666 44703 46458 40031 24.745 Conta corrente (US$ milhões) -18136 -23248 -30491 -33829 -25400 -24225 -23215 -7637 4177 11738 13984 13620 1550 -28299

.

Tabela 6 – Brasil: Principais Indicadores Macroeconômicos

Fonte: IMF (2009) e IPEADATA (crescimento do PIB, inflação, resultado fiscal, dívida pública e dívida externa).

(*) Dezembro de cada ano.

O gráfico 14 mostra o comportamento a la “stop and go” que tem caracterizado

a economia brasileira nos últimos anos: curtos ciclos de crescimento são seguidos de

uma desaceleração econômica. Os períodos de maior crescimento do crédito bancário,

como 1994-1995 e 2004-2008, coincidem, grosso modo, com períodos de maior

crescimento econômico, uma vez que é de se esperar que as firmas busquem novas

31 Conforme dados do International Financial Statistics do FMI.

Page 32: Setor bancario

32

fontes de financiamento para expansão de suas atividades, assim como as famílias

busquem expandir seus gastos com bens de consumo com crédito, durante as fases de

crescimento da renda e do nível de atividade econômica. Destaca-se, assim, a

importância que um ambiente de crescimento econômico mais duradouro e de maior

estabilidade macroeconômica tem tido sobre o desenvolvimento do mercado de crédito

no Brasil.

Gráfico 4 – Taxa de Crescimento do PIB real (%)

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Fonte: IPEADATA

Uma diferença importante entre o período 1994-1995 e o período 2004-2008 é

que no primeiro, no contexto de um processo de estabilização de preços com um câmbio

semi-fixo, as taxas reais de juros eram extremamente elevadas, enquanto que no

segundo houve uma redução nessas taxas, mas que ainda se mantiveram em patamares

elevados, considerando que a política econômica passou a ser operada com um regime

de câmbio flutuante a partir de 1999 (gráfico 5). A taxa real de juros é uma variável

chave para a demanda por financiamento das empresas, seja diretamente por afetar o

custo do dinheiro, seja por indiretamente influenciar o próprio processo de crescimento

econômico (via taxa de acumulação).

Page 33: Setor bancario

33

Gráfico 5 – Taxa Real de Juros (% a.a.)

21,0

14,9

17,1

23,9

14,1

10,2

8,4

5,1

11,9

7,5

11,911,0

6,85,9

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Fonte: IPEADATA. Elaboração própria Nota: Taxa Selic acumulada no ano menos IPCA anual.

Após a crise cambial de janeiro de 1999, resultante, entre outros fatores, da

elevada vulnerabilidade externa do país (déficit em conta corrente de 4,0% do PIB em

1998), o Brasil adotou um novo modelo de política econômica, baseado nas seguintes

características: regime de câmbio flutuante, sistema de metas de inflação e geração de

constantes superávits primários, que resultaram em taxas de juros menores que no

período anterior (1995-1998), mas ainda elevadas. Ademais, o modus operandi do

sistema de metas de inflação, somado ao regime de câmbio flutuante e operando sob

condições de abertura (quase) total da conta de capital, resultou em grande instabilidade

da taxa de câmbio nominal. A volatilidade da taxa de câmbio evidentemente é maior em

momentos de saída de capitais do país, como ocorreu em 2002-2003 e em 2008, como

pode ser visto no gráfico 6. Por outro lado, no período de maior estabilidade e

crescimento econômico, como em 2004-2008 (até 3º trimestre), a volatilidade do

câmbio e da taxa de juros, grosso modo, reduz. Nota-se, contudo, que a taxa DI – que é

a taxa definida no mercado interbancário, e que guarda uma forte vinculação com a taxa

básica de juros Selic – é também bastante volátil. A taxa DI é importante o mercado de

Page 34: Setor bancario

34

crédito bancário, por ser a taxa que baliza as operações interbancárias, sendo, portanto,

crucial na definição do custo do dinheiro para os bancos.

Gráfico 6 – Volatilidade do Câmbio e da Taxa DI*

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

jan-

00

mai

-00

set-0

0

jan-

01

mai

-01

set-0

1

jan-

02

mai

-02

set-0

2

jan-

03

mai

-03

set-0

3

jan-

04

mai

-04

set-0

4

jan-

05

mai

-05

set-0

5

jan-

06

mai

-06

set-0

6

jan-

07

mai

-07

set-0

7

jan-

08

mai

-08

set-0

8

DI Câmbio

Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria. (*) Volatilidade calculada com base no coeficiente de variação.

O ambiente macroeconômico, portanto, tem um papel fundamental na

determinação da oferta e condições do crédito bancário. Por exemplo, uma volatilidade

maior na taxa de juros e na taxa de câmbio pode ter impacto negativo sobre o funding

doméstico ou externo dos bancos, já que esses, em sua essência, são transformadores de

maturidades, ou seja, captam curto e emprestam mais longo. Assim, os bancos

enfrentam o problema de descasamento de maturidades: no momento de

refinanciamento de suas posições ativas eles podem se defrontar com uma taxa de juros

mais elevada. No caso de uma desvalorização cambial, esta pode ter impacto direto

sobre as captações feitas no mercado externo. Logo, o movimento da taxa de juros e da

taxa de câmbio tem um papel crucial sobre as operações financeiras feitas pelos

Page 35: Setor bancario

35

bancos32

O spread bancário (diferença entre taxa média de empréstimos e taxa média de

captação de recursos) tem um comportamento fortemente pró-cíclico, já que é afetado

pelas condições de riscos da atividade bancária, tendendo a aumentar em períodos de

desaceleração econômica e diminuir em períodos de crescimento

. Por outro lado, o menor crescimento do produto e da renda resulta em menor

demanda por crédito, dado o nível mais baixo dos gastos dos agentes (firmas e

famílias), além de aumentar a inadimplência por parte dos tomadores de crédito.

Alternativamente, o maior crescimento do produto e de renda aumenta a demanda por

crédito e diminui o nível de inadimplência, impactando positivamente sobre a avaliação

de risco do crédito por parte dos bancos. Deste modo, a melhoria do estado geral de

expectativas dos agentes faz com que os bancos diminuam sua preferência pela liquidez

e passem a sancionar em larga medida a demanda por crédito dos agentes - firmas e

indivíduos (Paula, 1999).

33

Portanto, em momentos de maior instabilidade econômica, os bancos procuram

reduzir os riscos, encurtando a maturidade média de suas operações ativas (empréstimos

e títulos) e diminuindo a oferta de crédito mais longo e de maior risco. Privilegiam,

assim, o turn over de seu ativo. Assim, o crédito torna-se mais escasso, caro e curto (em

termos de maturidade) em momentos de maior instabilidade e desaceleração econômica.

No caso do Brasil, esse ajuste dos bancos, que em condições normais levaria a uma

perda nas receitas totais e rentabilidade, em função da diminuição no volume de

empréstimos e piora na qualidade da carteira de crédito, tem sido facilitado pela

existência de títulos públicos indexados a Selic e a taxa de câmbio, que fornecem aos

bancos um hedge contra aumento na taxa de juros e contra a desvalorização no câmbio.

Isto permite os bancos, que normalmente enfrentam o trade-off clássico liquidez ou

rentabilidade na composição de seu portfólio de aplicações, tenham liquidez e

rentabilidade (Paula e Alves Jr, 2003).

. No caso do Brasil,

o nível e volatilidade da taxa Selic, em função da existência de títulos públicos

indexados a Selic que funciona como um custo de oportunidade para os empréstimos

dos bancos, impactam diretamente sobre o nível do spread bancário – apontam estudos

empíricos realizados (Oreiro et al, 2006).

32 Em parte, tais riscos podem ser neutralizados através de operações com derivativos. 33 Tal comportamento, entretanto, depende das condições de concorrência prevalecente no setor bancário, pois práticas monopolistas em certas modalidades de créditos podem acontecer quando bancos podem exercer seu poder de monopólio sobre os clientes.

Page 36: Setor bancario

36

A tabela 7 mostra a predominância de títulos indexados a Selic e a taxa de

câmbio em 2000-2003, período marcado por forte instabilidade externa (crise argentina,

efeitos de 11 de setembro de 2001, etc.) e pela própria crise brasileira de confiança de

2003 face a iminência da eleição de Lula para presidente. A partir de 2004, observa-se

uma melhoria na composição da dívida pública, com aumento dos títulos prefixados e

indexados a inflação e diminuição nos títulos indexados ao câmbio, em maior grau, e a

taxa Selic. Por outro lado, o maior crescimento e estabilidade macroeconômica a partir

de 2004, favorecido pelo ambiente externo benigno (boom de commodities, maior

liquidez no mercado financeiro internacional e uma ambiente geral e mundial de

estabilidade de preços), junto com uma certa mudança no perfil de dívida pública,

parecem ter sido fatores macroeconômicos determinantes no boom de crédito que

ocorreu a partir de meados de 2003. Como mostra o gráfico 7 o saldo das operações de

crédito do setor bancário como um todo cresce mais em relação à evolução das

aplicações em títulos e valores mobiliários. O recente boom do crédito, como será visto

a seguir, foi liderado pelos bancos privados e com predominância de operações de

crédito livre voltados para o setor privado. Já o contágio da crise financeira mundial a

partir da quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008 teve impactos negativos

sobre o mercado de crédito bancário brasileiro, sendo que este foi um dos canais de

contágio da crise no Brasil. Contudo, os bancos públicos, em particular os grandes

federais (BNDES, Banco do Brasil e CEF), tiveram um papel contra-cíclico importante

que evitou uma desaceleração maior na taxa de crescimento do crédito.

Page 37: Setor bancario

37

Tabela 7: Títulos de dívida pública federal (%)

Taxa de câmbio

Taxa de referência

Inflação (IGP) Selic

Prefixa-dos

Inflação (IPCA) Outros Total

Junho 2000 21,1 5,4 5,4 54,7 13,3 0,0 0,1 100,0

Dez 2000 22,3 4,7 5,9 52,2 14,8 0,0 0,1 100,0

Junho 2001 26,8 5,0 7,2 50,2 10,8 0,0 0,0 100,0

Dez 2001 28.6 3.8 7.0 52.8 7.8 0.0 0.0 100.0

Junho 2002 29.9 2.2 7.5 50.4 8.6 1.4 0.0 100.0

Dez 2002 22.4 2.1 11.0 60.8 2.2 1.6 0.0 100.0

Junho 2003 13.5 2.0 11.3 67.2 4.5 1.6 0.0 100.0

Dez 2003 10.8 1.8 11.2 61.4 12.5 2.4 0.0 100.0

Junho 2004 8.9 1.8 11.9 57.5 16.8 3.0 0.0 100.0

Dez 2004 5.2 2.7 11.8 57.1 20.1 3.1 0.0 100.0

Junho 2005 3.6 2.5 10.6 57.1 23.0 3.3 0.0 100.0

Dez 2005 2.7 2.1 8.2 51.8 27.9 7.4 0.0 100.0

Junho 2006 2.3 2.0 7.7 42.5 31.5 14.1 0.0 100.0

Dez 2006 1.3 2.2 7.2 37.8 36.1 15.3 0.0 100.0

Junho 2007 1.1 2,3 6,4 34,1 38,7 17,5 0,0 100,0

Dez 2007 1,0 2,1 6,5 33,4 37,3 19,8 0,0 100,0

Junho 2008 0,8 2,1 5,7 34,5 34,8 22,2 0,0 100,0

Dez 2008 1,1 1,6 5,7 35,8 32,2 23,6 0,0 100,0

Junho 2009 0,8 1,5 5,4 37,8 31,7 22,8 0,0 100,0

Fonte: Banco Central do Brasil.

Gráfico 7 – Consolidado bancário: empréstimos e títulos (R$ milhões dez/2008)

600

700

800

900

1.000

1.100

1.200

1.300

1.400

1.500

Empréstimos Títulos

Empréstimos 810,70719 791,935217 827,894762 767,389207 733,780032 631,969295 670,524903 748,261492 929,778714 1174,30505 1424,0175

Títulos 712,16433 670,935013 653,630233 771,904236 774,669515 706,536351 639,969615 709,718299 803,735287 959,237584 1074,4285

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria.

Page 38: Setor bancario

38

4.3. Características da evolução recente do mercado de crédito no Brasil

A característica de uma economia de baixo crescimento e marcada por um

comportamento a la “stop and go” e por várias crises externas (crise mexicana, crise

asiática, crise russa, crise brasileira, crise argentina, etc.), como visto na seção anterior,

fez com que a oferta de crédito, após um breve boom pós-sucesso da estabilização de

preços a partir da implantação na nova moeda – o real – em julho de 1994, declinasse

quase que gradualmente no período 1995-2003, período em que a relação crédito total

sobre PIB caiu de 35,1% em maio de 1995 para 21,8% em março de 2003 (Gráfico 8).

Como já assinalado, o ajuste dos bancos a este contexto foi facilitado por um contexto

macro-institucional favorável, em particular a forma de gestão da política

macroeconômica (política de juros elevados como mecanismo de defesa a volatilidade

dos fluxos de capitais) e da dívida pública (com emissão de títulos pós-fixados e/ou de

curto prazo) durante os contágios das crises externas, o que permitiu que não só que os

bancos brasileiros não tivessem sua saúde afetada pelas crises, como também os

mesmos pudessem ter uma rentabilidade elevada34 (Paula et al, 2001; Paula e Alves Jr,

2003). Como resultado desta forma de ajuste macroeconômico, se por um lado as crises

externas não resultaram em crises bancárias no Brasil, de outro os custos de tal ajuste

recaíram sobre o Estado, que teve um crescimento célere na sua dívida35

34 A exceção foi o contágio da crise mexicana no ínício de 1995, quando os bancos vinham compensando as perdas com o floating (imposto inflacionário ganho sobre os depósitos a vista) com o crescimento de sua oferta de crédito. A adoção de uma política monetária restritiva em tal contexto teve um forte impacto negativo sobre a carteira dos bancos, em função do forte aumento na inadimplência e diminuição na demanda por crédito. Esta situação levou o setor bancário a uma “quase” crise sistêmica. 35 Como pode ser visto na Tabela 1, a relação dívida pública/PIB passou de 31,8% em 1997 para 44,5% em 1999 e 52,4% em 2003.

. Outra

característica do período 1995-2003 é que as operações de crédito para o setor público

caíram de cerca de 5,0-6,0% em 1994-1997 para menos de 1,0% do PIB a partir de

2002.

Page 39: Setor bancario

39

Gráfico 8 – Operações de crédito sobre PIB (%)

Fonte: Banco Central do Brasil.

Mudanças estruturais importantes, em termos de controle de capital, operaram

no setor bancário brasileiro a partir de 199536. A partir da “quase” crise bancária

ocorrida em 1995 e que, como visto na seção anterior, foi de forma bem sucedida

enfrentada com a implementação do PROER e outras medidas adotadas pelo governo37

36 Para um aprofundamento, ver Paula e Marques (2006). 37 Segundo Rocha (2001, p.7) as principais medidas adotadas foram: (i) bancos insolventes passaram a ser assumidos por outras instituições; (ii) houve a regulamentação do Fundo Garantidor de Créditos37, com efeito retroativo ao início do Plano Real; (ii) foi majorado o capital mínimo para abertura de novos bancos, desestimulando este procedimento; (iv) foram expandidos os poderes do Banco Central no caso de intervenção da instituição financeira. Com estas medidas, mais um provisionamento de liquidez aos bancos feito pelo Banco Central e outros bancos federais, foi possível reverter o quadro de risco sistêmico no setor bancário brasileiro, sem problemas para os depositantes, evitando uma fragilização maior dos bancos brasileiros.

,

o setor bancário brasileiro passou por mudanças importantes, expresso na redução dos

bancos públicos neste setor, e o crescimento da participação dos bancos estrangeiros. De

fato, o governo brasileiro passou a estimular a entrada de bancos estrangeiros para a

compra de bancos “problemáticos”, de modo a fortalecer o setor bancário doméstico e

ao mesmo tempo instituiu um programa de privatização dos bancos públicos estaduais

(PROES), dentro de um contexto mais amplo de “forçar” um ajuste fiscal dos estados e

de reestruturação de suas dívidas. Neste sentido, vários bancos estaduais – inclusive os

Page 40: Setor bancario

40

de porte relativamente grandes como Banerj, Bemge, Banestado e Banespa – foram

vendidos para bancos privados nacionais (em particular o Banco Itaú) e bancos

estrangeiros (Santander e ABN-Amro). Por outro lado, grandes bancos varejistas

privados, como Bamerindus e Real, foram adquiridos por bancos estrangeiros,

respectivamente, pelo HSBC e ABN-Amro. Contudo, uma característica distintiva da

entrada de bancos estrangeiros no Brasil nos anos 1990 em relação a outras experiências

de países emergentes, foi a reação dos grandes bancos privados, que não só participaram

da onda de fusões e aquisições bancárias (F&As), como também passaram até mesmo a

liderá-la . Os grandes públicos federais varejistas – Banco do Brasil e CEF – que foram

líderes do setor bancário (em particular o primeiro) não puderam participar do processo

de F&As bancárias, e assim perderam market share no setor bancário. Esses bancos

passaram por uma reestruturação patrimonial e gerencial importante no início dos anos

2000. Ademais, somente recentemente, o Banco do Brasil foi autorizado a adquirir

outros bancos, sobretudo estaduais, sendo a mais importante aquisição o banco estadual

paulista Nossa Caixa em 2008. Esses movimentos evidentemente impactaram na

evolução do crédito, como pode ser visto no Gráfico 9, onde observa-se uma queda

maior dos bancos públicos (federais e estaduais) – de 20,9% do PIB em janeiro de 1995

para 8,2% em janeiro de 2003, enquanto os bancos estrangeiros cresceram de 3,% em

setembro de 1996 para 6,9% em outubro de 2001.

Page 41: Setor bancario

41

Gráfico 9 – Operações de crédito por controle de capital (% PIB)

Fonte: Banco Central do Brasil. Dados do SF público incluem BNDES.

Já a partir de meados de 2003 inicia-se um crescimento gradual e sustentado do

crédito bancário no Brasil – cuja participação no PIB cresce de 22,0% em abril de 2003

para mais de 30% em 2007, mais de 40% em 2009, atingindo a 45,0% do PIB em

dezembro de 2009. Como já assinalado, como condicionantes macroeconômicos mais

gerais deste crescimento, pode-se apontar o maior crescimento da renda e do produto

(média de 4,8% em 2004-2008), uma certa redução na taxa nominal de juros, a

estabilidade macroeconômica (resultando em uma volatilidade menor de variáveis

macroeconômicas básicas, como taxa de câmbio e taxa de juros) e a mudança no perfil

da dívida pública (que estimula uma mudança na estratégia de aplicações dos bancos,

em direção ao crédito). Em particular na fase de crescimento mais acelerado do crédito

(meados de 2003 até setembro de 2008), as características gerais do boom do crédito

foram as seguintes: absorção (quase absoluta) do crédito pelo setor privado, liderança

do segmento de crédito com recursos livres com predominância de um funding

doméstico, e, por fim, o dinamismo maior dos bancos privados nacionais em relação aos

demais bancos (públicos e estrangeiros). Como mostra o gráfico 10 o crescimento do

crédito com recursos livres foi realizado fundamentalmente com recursos domésticos,

Page 42: Setor bancario

42

tendo as linhas de crédito com recursos externos (Adiantamentos sobre contratos de

câmbio - ACC, repasses externos, etc.) permanecido mais ou menos estável em

2002/200838

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

500.000

2003

.01

2003

.03

2003

.05

2003

.07

2003

.09

2003

.11

2004

.01

2004

.03

2004

.05

2004

.07

2004

.09

2004

.11

2005

.01

2005

.03

2005

.05

2005

.07

2005

.09

2005

.11

2006

.01

2006

.03

2006

.05

2006

.07

2006

.09

2006

.11

2007

.01

2007

.03

2007

.05

2007

.07

2007

.09

2007

.11

2008

.01

2008

.03

2008

.05

2008

.07

2008

.09

2008

.11

2009

.01

2009

.03

2009

.05

2009

.07

2009

.09

2009

.11

R ecursos domésticos

R ecursos externos

T otal recursos livres P J

. De fato, a forte desvalorização cambial ocorrida ao final de 2002, ao

aumentar o risco cambial, parece ter inibido empréstimos em moeda estrangeira em

geral.

Gráfico 10 – Operações de crédito com recursos livres (R$ milhões de dez/2009)

Fonte: Banco Central do Brasil. Valores deflacionados pelo IGP-DI.

Todos os três segmentos por controle de capital participaram ativamente do

boom recente de crédito: a relação crédito/PIB dos bancos públicos passou de 8,5% em

abril de 2003 para 12,8% em setembro de 2008 e dos bancos estrangeiros de 5,2% para

8,0%, sendo que no caso dos bancos privados nacionais a relação dobrou de 8,3% para

16,6% no mesmo período. As operações de crédito com recursos livres39

38 Cabe ressaltar que os valores das operações com recursos externos inflaram a partir de setembro de 2008 em função da desvalorização cambial. 39 As operações com recursos livres incluem principalmente três tipos de operações: (i) operações contratadas com taxas de juros livremente pactuadas entre os mutuários e as instituições financeiras, sejam pré ou pós-fixadas ou flutuantes (chamadas de “recursos livres referenciais para taxa de juros”); (ii) cooperativas; e (iii) leasing.

cresceram de

Page 43: Setor bancario

43

13,7% do PIB em abril de 2003 para 26,9% em setembro de 2008, enquanto que as

operações com recursos direcionados tiveram uma relação crédito/PIB relativamente

estável no período, ficando entre 8 a 9% em 2003/2005, e crescendo gradualmente até

atingir 10% em março de 2008. O gráfico 11 mostra o crescimento do crédito com

recursos livres a partir de meados de 2003 foi “puxado” fundamentalmente pelas

operações para pessoa física, que cresceram celeremente de 5,2% do PIB em abril de

2003 para 10,0% em fevereiro de 2007, sendo que em maio de 2007 atingiu níveis

semelhantes ao das operações para pessoa jurídica, que cresceram no mesmo período de

8,5% a 10,7% do PIB; de abril de 2003 a julho de 2007 as operações com pessoa física

tiveram um crescimento de 207,7% enquanto as operações com pessoa jurídica

cresceram 130,6%.

Gráfico 11 – Operações de crédito livre e direcionado (% PIB)

Fonte: Banco Central do Brasil

Perante a perspectiva de crescimento da renda e do mercado interno, os bancos

reviram sua estratégia de expansão, passando a “apostar” na expansão do crédito,

inicialmente no crédito a pessoa física, e posteriormente também no crédito a pessoa

Page 44: Setor bancario

44

jurídica, estimulados tanto por uma maior demanda por crédito quanto por spreads ainda

bastante elevados, especialmente no caso do spread relativo a pessoa física que

inicialmente era bem maior do que para pessoa jurídica, o que tornava altamente

atraente tais operações (gráfico 12). Acrescente-se que os empréstimos para pessoas

físicas por serem de mais fácil avaliação por parte dos bancos, inclusive quanto às

garantias (tendo como “colaterais” automóveis ou a própria folha de pagamento no caso

do consignado). Já a partir de meados de 2007, a continuidade do crescimento

econômico, agora determinado pelo crescimento do mercado interno, fez com que as

decisões de produção e decisões de investimentos das empresas (ampliação de

capacidade produtiva) se acelerassem, aumentando consequentemente a demanda por

crédito corporativo, em parte atendida pelo setor bancário varejista (capital de giro) e

em parte pelo BNDES (financiamento de longo prazo ). Deste modo, observa-se que o

crescimento das operações de crédito com recursos livres para pessoas jurídicas cresceu

129,7% de junho de 2007 a setembro de 2009, contra um crescimento de 115,7% das

operações com pessoas físicas no mesmo período.

Gráfico 12 – Spread bancário média nas operações com recursos livres com taxas prefixadas (%)

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

jan/00

mai/00

set/0

0jan/0

1

mai/01

set/0

1jan/0

2

mai/02

set/0

2jan/0

3

mai/03

set/0

3jan/0

4

mai/04

set/0

4jan/0

5

mai/05

set/0

5jan/0

6

mai/06

set/0

6jan/0

7

mai/07

set/0

7jan/0

8

mai/08

set/0

8jan/0

9

mai/09

set/0

9

P.Jurídica P.Física Média (prefixado)

Fonte: Banco Central do Brasil.

Page 45: Setor bancario

45

No que se refere às operações de crédito por atividade econômica, observa-se

que o destaque, como já assinalado, foram os empréstimos para pessoas físicas, cujo

crescimento se acentua a partir de meados de 2004 (gráfico 13), passando a partir de

meados de 2005 a responder por mais de 30% do total do crédito bancário. Em segundo

e terceiro lugar vem as operações de crédito para indústria e “outros serviços” (inclui as

áreas de infra-estrutura – transporte, telecomunicações, etc.); esses dois ramos de

atividades – indústria e outros serviços – tiveram um comportamento similar e passaram

a crescer mais significativamente a partir de 2006. O crescimento do volume de crédito

para indústria parece estar associado ao maior crescimento do produto industrial, que

passou de um crescimento médio de 2,2% em 2005-2006 para 4,8% em 2007-200840

Gráfico 13 – Operações de crédito por atividade econômica (R$ milhões de

dez/2009)

. O

volume das operações de crédito para habitação ainda são bem baixos no Brasil, vindo a

crescer mais recentemente, e é apontado com um dos ramos com grande potencial de

crescimento para os bancos.

Fonte: Banco Central do Brasil. Dados deflacionados pelo IGP-DI.

40 Conforme dados do IPEADATA.

Page 46: Setor bancario

46

Quanto as modalidades de crédito com recursos livres, o gráfico 14 mostra que

as operações de crédito para pessoa física e para pessoa jurídica se concentram em

poucas linhas de crédito. Dentre as modalidades para pessoa física, destacam-se as

operações de crédito pessoal – com forte crescimento ao longo do boom recente de

crédito – e as operações para aquisição de veículos. Não é por acaso que os grandes

bancos varejistas (Bradesco, Itaú, Unibanco, HSBC, entre outros) procuraram, no

período recente, fazer aquisições de instituições financeiras especializadas no crédito ao

consumidor e no financiamento de veículos, além de parcerias com grandes redes

varejistas de comércio – casos das parcerias do Bradesco com Casas Bahia e do Itaú

com o Pão de Açúcar, de modo a poderem explorar melhor o nicho da modalidade de

crédito pessoal. Uma inovação institucional importante relacionado ao crédito pessoal,

foi a criação do crédito consignado, com desconto em folha de pagamento,

regulamentado pela Medida Provisória no. 130 (17/09/2003), e convertida na Lei no.

10.820, de dezembro de 2003. As operações com crédito consignado, com juros

cobrados mais baixos do que nas outras operações de crédito pessoal dado o seu

reduzido risco, cresceram rapidamente, de R$ 9,6 bilhões em janeiro de 2004 a mais de

R$ 50 bilhões a partir de fevereiro de 2007, quando passou a perfazer a mais de 60% do

crédito pessoal41

. No que se refere ao crédito para aquisição de veículos, observa-se a

predominância dos bancos privados, por meio de suas financeiras, com agentes e

quiosques instalados frequentemente em revendedoras de automóveis.

41 Os bancos públicos, em especial o Banco do Brasil, têm uma participação importante no segmento de crédito consignado.

Page 47: Setor bancario

47

Gráfico 14 – Principais modalidades de crédito com recursos livres

Fonte: Banco Central do Brasil. Valores em R$ milhões de dez/2009 deflacionados pelo IGP-DI.

No que tange as taxas de juros cobradas nas principais modalidades de crédito

livre observa-se que as taxas em geral declinam após a crise de confiança ao final de

2002 e início de 2003, sendo tal redução mais acentuada nas operações de crédito onde

há algum tipo de garantia – desconto na folha de pagamento no caso do empréstimo

consignado, o próprio veículo no caso de empréstimos para aquisição de veículos e por

vezes recebíveis no caso de empréstimos para capital de giro. Por outro lado, embora o

volume das operações com conta garantida para pessoas jurídicas e cheque especial para

pessoas físicas seja menor do que outras modalidades de crédito, como crédito pessoal e

capital de giro, tais operações são bastante lucrativas, em função das elevadíssimas

taxas de empréstimos – mais de 150% no caso do cheque especial e mais de 70% no

caso da conta garantida (média de 2007) – e com um turn-over rápido em função da

maturidade curta dessas operações. Mais surpreendente é o fato de que essas taxas não

terem acompanhado a queda na taxa básica de juros e das demais taxas de empréstimos

em 2006-2007, e terem se elevado mais significativamente em 2008 no quadro da crise

financeira internacional e de adoção de uma política monetária mais apertada pelo

Banco Central a partir de setembro de 2008 (justificada pelo BCB em função do risco

Page 48: Setor bancario

48

de aceleração na inflação). Tal comportamento é explicado pela presença de assimetria

de informações nessas modalidades de crédito: um banco tem mais informação sobre as

características de seus clientes do que seus concorrentes, e devido aos problemas de

seleção adversa torna-se muito difícil atrair clientes de boa qualidade (bons pagadores)

sem que os benefícios e ofertas concedidos também atraiam clientes de baixa qualidade.

Deste modo, as modalidades de crédito relacionadas à manutenção de contas bancárias,

tais como cheque especial para pessoas físicas e conta garantida para pessoas jurídicas,

têm taxas de juros bem mais elevadas do que substitutos próximos, como crédito

pessoal e financiamento de capital de giro, pela dificuldade de transferir a bancos

competidores seu histórico cadastral e reputação, resultando em situações em que os

clientes estão presos (locked in) a suas instituições bancárias (Nakane, 2003, p.66), o

que permite a adoção de práticas monopolistas por parte dos bancos.

Gráfico 15 – Taxa de juros prefixada das principais modalidades de crédito livre

Fonte: Banco Central do Brasil.

Em que pese a redução da taxa de juros dos empréstimos (na realidade para

níveis pré-crise de 2002-2003), as taxas de juros foram mantidas em níveis bastante

elevadas – 43,7% a.a.nas operações com taxas prefixadas, 51,0% a.a. no crédito pessoal,

Page 49: Setor bancario

49

29,8% na aquisição de veículos e 29,4% no capital de giro (média do ano de 2007) –

para justificar um crescimento tão acelerado na demanda por crédito. Uma possível

explicação, além do próprio crescimento do produto e da renda, como já assinalado, e a

existência de uma demanda reprimida por crédito (para aquisição de bens), é o

significativo alongamento nos prazos das operações de crédito: em apenas três anos (de

janeiro de 2005 para janeiro de 2008), o prazo médio do crédito para pessoa física

aumentou de 195 dias para 308 dias, enquanto que para pessoa jurídica passou de 300

dias para 445 dias. No que se refere as principais modalidades de crédito, considerando

o mesmo período, o prazo médio do crédito ao capital de giro elevou-se de 296 dias

para 487 dias, do crédito pessoal de 299 dias para 475 dias e de aquisição de veículos de

472 dias para 594 dias (Gráfico 16).

Gráfico 16 – Prazo médio das principais modalidades de crédito livre (dias)

Fonte: Banco Central do Brasil

Um dos principais canais de contágio da crise financeira internacional sobre a

economia brasileira, além dos efeitos diretos sobre os capitais de portfólio que afetaram

diretamente o comportamento da bolsa de valores (BOVESPA), em função da

participação importante de investidores institucionais estrangeiros neste mercado, foi o

Page 50: Setor bancario

50

mercado doméstico de crédito. O mais imediato efeito da crise foi a redução nas

operações de crédito que utilizam funding externo, como no caso do financiamento as

exportações (ACC) e os repasses externos, impactando assim particularmente o crédito

corporativo. Outro mecanismo de contágio foi a redução das operações de crédito entre

fronteiras devido a realocação de portfólio dos bancos internacionais, em função de

prejuízos em sua matriz e outras filiais. Por outro lado, a deterioração geral das

expectativas em relação ao futuro (da economia mundial e seus impactos sobre a

economia brasileira), em função do alastramento e profundidade da crise internacional,

combinada com as incertezas relacionadas ao volume de perdas das firmas envolvidas

em “derivativos tóxicos”, como ficaram conhecidas as operações com derivativos feitos

por empresas exportadoras que apostavam na continuidade da apreciação cambial e

assim estavam com uma posição vendida em moeda estrangeira, aumentou a preferência

pela liquidez dos bancos. A menor aversão ao risco dos bancos contribuiu para um forte

represamento na liquidez no mercado interbancário (que afetou principalmente os

bancos médios que têm um funding menos diversificado de recursos) e para uma

contração no crédito doméstico, em particular no crédito corporativo42

O governo respondeu prontamente com uma série de medidas contra-cíclicas,

embora o BCB tenha mantido uma política monetária austera até final de 2008, o que

provavelmente contribuiu para a desaceleração na taxa de crescimento do crédito

doméstico em um momento que o contágio da crise alcançava celeremente a economia

brasileira. Entre as medidas adotadas pelo governo relacionadas ao mercado de crédito

bancário doméstico, destacam-se várias medidas para aliviar a restrição de liquidez,

entre as quais redução nos requerimentos compulsórios sobre depósitos dos bancos e

criação de incentivos para os bancos comprarem carteiras de créditos de bancos

menores, que foram os mais afetados pela crise

.

43. Ademais, houve uma decisão política

de encorajar os grandes bancos públicos federais - BNDES, Banco do Brasil e CEF –

de expandirem suas operações de crédito, atuando de forma contra-cíclica no mercado

de crédito doméstico, e, no caso do Banco do Brasil e da CEF, de comprarem carteiras

de créditos de bancos menores com problemas de liquidez44

42 Para um aprofundamento do efeito contágio da crise financeira internacional, ver IEDI (2009). 43 Foram permitidos que os bancos deduzissem de seu compulsório sobre depósitos a prazo (70% contra 40% originalmente) os recursos usados para comprar carteiras de créditos de outros bancos. 44 Esses bancos lideraram esse tipo de operação.

. Outras medidas

anticíclicas foram adotadas pelo governo para estimular a demanda agregada da

Page 51: Setor bancario

51

economia, como a redução do imposto sobre produtos industrializados (IPI) sobre

veículos, vários bens duráveis e itens de construção e o aumento no período de duração

no seguro desemprego, que embora não estejam diretamente relacionados ao mercado

de crédito, o afetaram indiretamente, particularmente no que se refere aos seus efeitos

sobre o crédito das famílias.

Uma inspeção nos dados nos permite aferir o contágio e a reação à crise

financeira internacional sobre o mercado doméstico bancário. Como pode ser visto no

gráfico 11 a desaceleração no crescimento do crédito atingiu mais fortemente o crédito

corporativo, que, como visto, vinha de uma tendência de forte aceleração: a relação

crédito para pessoas jurídicas sobre PIB cresceu apenas de 14,7% em outubro de 2008

para 15,3% em setembro de 2009, enquanto a crédito para pessoas físicas cresceu de

12,6% para 14,6% no mesmo período. A contração no crédito corporativo não foi maior

devido a existência de uma inércia no mercado de crédito (existência de linhas de

crédito pré-aprovadas, manutenção de relação cliente banco, etc.) e o fato de que a

contração do volume do crédito com recursos externos não aparecer nos dados em

função dos efeitos da desvalorização cambial inflando seus saldos45

45 Conforme mostra o gráfico 10 houve uma gradual redução no volume das operações de crédito com recursos externos ao longo de 2009, até mesmo em função da tendência a apreciação cambial que ocorre a partir de fevereiro.

. O setor de

atividade econômica mais atingido pela contração do crédito foi a indústria (gráfico 13),

justamente o setor que mais desacelerou durante o contágio da crise: a contração do

produto industrial foi de -2,5% no 4º trimestre de 2008, - 9,7% no 1º trimestre de 2009 e

– 8,5% no 3º trimestre de 2009. Além da desaceleração no crescimento do crédito livre,

observa-se uma clara deterioração nas condições de oferta do crédito, tanto no que se

refere as taxas de juros cobradas – a média das taxas prefixadas subiu de 48,6% em

setembro de 2008 para 52,9% em dezembro de 2008 – quanto ao prazo médio das

operações de crédito livre nas modalidades de crédito a pessoa física, que passou de 310

dias em setembro de 2008 para 270 dias em maio de 2009. Já a partir de março de

2009, quando começou a haver sinais que o pior da crise havia passado e que a

economia iria de alguma forma reagir a crise com as medidas anticíclicas adotadas e

com a implementação de uma política monetária mais frouxa pelo BCB, as taxas de

juros prefixadas começaram a declinar, ainda que, conforme já assinalado, com uma

desaceleração bem mais lenta no caso do cheque especial e da conta garantida em

relação as demais modalidades.

Page 52: Setor bancario

52

Um fator contra-cíclico fundamental que evitou uma desaceleração maior no

crédito foi o comportamento do crédito direcionado - operações com base em recursos

compulsórios e nos fundos parafiscais e regionais, cujas taxas ativas são fixadas pelo

Conselho Monetário Nacional46 - e o já mencionado papel dos grandes bancos públicos

federais, em função do seu peso no mercado bancário. Como pode ser visto no gráfico

9, enquanto que o crédito a pessoa jurídica estagnou a partir de outubro de 2008, o

crédito com recursos direcionados cresceu fortemente sua participação no crédito –

passando de 10,5% em setembro de 2008 para 14,0% em setembro de 2009, em função

principalmente do aumento nas operações de crédito do BNDES. Em termos de

participação relativa média no período 2002-2009, os empréstimos do BNDES

responderam por 60,1% do total do crédito direcionado, enquanto que os empréstimos

rurais e para habitação, respectivamente, responderam por 21,7% e 15,5%. Como será

visto na seção seguinte, Banco do Brasil e CEF tem um papel preponderante no

financiamento rural e no financiamento habitacional, respectivamente47

46 O crédito direcionado pode ser dividido em três categorias, de acordo com a natureza de seu funding: (i) depósitos bancários: 20% dos depósitos a vista e 40% da caderneta de poupança rural, destinados ao crédito rural; 65% dos depósitos da caderneta de poupança destinados ao financiamento habitacional; 2% dos depósitos a vista destinados ao microcrédito; (ii) fundos de natureza para-fiscal: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), administrado pela CEF, destinado ao financiamento imobiliário e saneamento urbano; Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), destinado ao custeio do Programa de Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e ao financiamento de Programa de Desenvolvimento Econômico (BNDES); (iii) Fundos de desenvolvimento regional – Fundo Constitucional do Nordeste (administrado pelo Banco do Nordeste), Fundo Constitucional da Amazônia (administrado pelo Banco da Amazônia) e Fundo Constitucional do Centro-Oeste (administrado pelo Banco do Brasil), destinados a programas de desenvolvimento das respectivas regiões; e Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND), administrado pelo BNDES, com recursos do Orçamento Geral da União, com recursos destinados a empréstimos a FINEP (empresas de base tecnológica) e pequenas e médias empresas (Banco do Brasil e BNDES) e empresas dos setores de insumos básicos e bens de consumo (BNDES). 47 Portanto, há uma sobreposição entre crédito direcionado e empréstimos dos bancos públicos (BNDES, Banco do Brasil e CEF), embora, como será visto a seguir, o crescimento dos empréstimos dos bancos públicos tenha sido maior do que do crédito direcionado, o que sugere que tal crescimento se deu também no crédito livre desses bancos (Banco do Brasil e CEF).

. È interessante

notar que embora o crédito direcionado tivesse uma tendência de crescimento a partir de

2007 – em função em especial do crescimento das operações de crédito do BNDES para

financiamento do investimento que se acelerava a partir de então – ele tem um

crescimento bem mais modesto em relação ao crédito livre no boom recente do crédito,

vindo a se acelerar no período pós-crise, o que parece caracterizar ao menos no período

analisado um papel contra-cíclico e não concorrente com o crédito livre. O papel contra-

cíclico do crédito direcionado é mais evidente no caso dos empréstimos do BNDES e

nos empréstimos habitacionais (gráfico 17).

Page 53: Setor bancario

53

Gráfico 17 – Saldo das operações de crédito direcionado (R$ milhões de dez/2009)

Fonte: Banco Central do Brasil. Valores deflacionados pelo IGP-DI.

(*) “Outros” inclui financiamento do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) e créditos dos bancos de desenvolvimento e de agências de fomento.

Outro elemento contra-cíclico já mencionado foi o comportamento dos bancos

públicos (principalmente os “gigantes” federais, BNDES, Banco do Brasil e CEF) no

mercado de crédito, que como já mencionado vinham aumentando sua taxa de

crescimento de empréstimos no boom do crédito (mas com crescimento abaixo dos

bancos privados nacionais), mas que cresceram sobremaneira a partir de setembro de

2008, passando seu total de crédito de 12,8% do PIB neste mês para 18,0% em

setembro de 2009, um acréscimo de mais de 5,0% do PIB em apenas 12 meses. Houve

uma política deliberada por parte do governo federal brasileiro no sentido de que os

bancos públicos federais tivessem um papel contra-cíclico na crise48

. A análise mais

detalhada dos bancos públicos é feita na próxima seção.

48 Isto levou inclusive o governo federal a substituir em abril de 2009 o então Presidente do Banco do Brasil, Antonio Francisco de Lima Neto, por Aldemir Bendine, mais afinado com o Ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Page 54: Setor bancario

54

4.4. Bancos públicos no ciclo recente do crédito

Como já assinalado na seção anterior, o ciclo recente de crédito no Brasil (2003-

2008) teve a participação ativa dos três segmentos de controle de capital do setor

bancário, sendo, contudo, o segmento mais dinâmico o dos bancos privados nacionais.

Este teve um aumento na participação relativa no total do crédito do sistema financeiro

de 38,9% em junho de 2004 para 44,0% em junho de 2008. Já a participação relativa do

sistema financeiro estrangeiro ficou estável no período 2003-2009, ao redor de 20-22%.

Este segmento, que conta com a participação mais importante do Santander, HSBC e

Citibank, não sofreu grandes alterações de controle de capital para fora do próprio

segmento. Por sua vez, o sistema financeiro público (incluindo BNDES, Banco do

Brasil, CEF e demais bancos púbicos) teve uma redução na sua participação relativa no

total de crédito do sistema financeiro, passando de 39,1% em junho de 2003 para 34,7%

em junho de 2008, mas tendo um forte crescimento após a crise, passando a 38,7% em

junho de 2009 (gráfico 18).

Gráfico 18 – Operações de crédito por controle de capital (% relativa)

Page 55: Setor bancario

55

Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria.

De modo geral, a onda de fusões e aquisições bancária ocorrida em 2007-2008

se deu no interior de cada segmento por controle de capital. Evidentemente, tais

aquisições fortalecem a estratégia de crescimento futuro dos grandes bancos varejistas,

como Banco do Brasil, Itaú e Santander. Em 2007, o espanhol Santander adquiriu o

holandês ABN-Amro Real, então o maior banco estrangeiro no Brasil e 5º maior banco

no ranking de ativos. Em 2008, o Banco do Brasil incorporou o Banco do Estado de

Santa Catarina (BESC) e Banco do Piauí (BEP) e adquiriu o Nossa Caixa, todos bancos

públicos estaduais. Esta última aquisição foi particularmente importante, já que o Nossa

Caixa era em 2008 o 9º maior banco brasileiro, com uma fatia de mercado de quase

2,0% do total de ativos do setor bancário e presença forte no estado mais rico brasileiro,

Estado de São Paulo49

49 A Medida Provisória 443 autorizou o Banco do Brasil, pela primeira vez em sua história, a comprar participação de bancos e outras instituições financeiras.

. Finalmente ao final de 2008 o Itaú, então o 2º maior banco

brasileiro, efetuou uma fusão com o banco Unibanco, o 6º maior banco do país.

Analisando a carteira de crédito do sistema financeiro por segmento de controle

de capital, observa-se diferenças importantes na distribuição do crédito por atividade

econômica por parte dos bancos privados e bancos públicos (gráficos 19, 20 e 21). Não

há diferenças significativas entre o portfólio do sistema financeiro privado nacional e do

sistema financeiro estrangeiro. Em ambos, há predominância do crédito para pessoa

física, secundado pelo crédito para indústria, outros serviços e comércio, ainda que o

crédito para “outros serviços” tenha uma importância relativa maior para os bancos

estrangeiros. Acompanham, assim, as principais tendências na evolução recente no

crédito com recursos livres, tal como mostrado na seção anterior.

Page 56: Setor bancario

56

Gráfico 19 – Operações de crédito do sistema financeiro privado nacional

Fonte: Banco Central do Brasil. Valores em R$ milhões de dez/2009 deflacionados pelo IGP-DI.

Gráfico 20 – Operações de crédito do sistema financeiro estrangeiro

Fonte: Banco Central do Brasil. Valores em R$ milhões de dez/2009 deflacionados pelo IGP-DI.

Page 57: Setor bancario

57

Já no caso dos bancos públicos (incluindo o BNDES) predomina o crédito para

indústria, seguido de outros serviços, pessoas físicas e rural; o crédito habitacional tem

uma importância maior do que no segmento dos bancos privados. Contudo, tal

composição está fortemente influenciada pela presença do BNDES neste segmento,

tendo em vista a forte concentração da carteira do BNDES no setor industrial e em

infra-estrutura econômica (que faz parte do setor de atividades “outros serviços”). Daí a

importância de se observar separadamente a carteira de crédito de cada um dos grandes

bancos públicos federais, em função das particularidades de cada um: o BNDES é

tipicamente um banco de desenvolvimento, que não capta recursos junto ao público,

tendo como funding principal os recursos do FAT, de natureza parafiscal, transferências

do Tesouro Nacional e os retornos de suas operações ativas. Logo, não concorre

diretamente com os outros bancos varejistas. O Banco do Brasil e a CEF, por seu turno,

são bancos varejistas, pois captam recursos sob a forma de depósitos (a vista, poupança

e a prazo), e realizam empréstimos para pessoas físicas e pessoas jurídicas e, assim,

concorrem diretamente com os demais bancos. Mas como será visto seguir há

diferenças na composição da carteira de empréstimos desses bancos em relação aos

demais, em função da importância que eles têm em determinados segmentos do crédito

direcionado.

Gráfico 21 – Operações de crédito do sistema financeiro público

Page 58: Setor bancario

58

Fonte: Banco Central do Brasil. Valores em R$ milhões de dez/2009 deflacionados pelo IGP-DI.

No caso do Banco do Brasil (BB), observa-se uma carteira diversificada de

crédito, ainda que o crédito habitacional tenha uma presença quase nula. Predomina em

seu porfolio o crédito rural, modalidade no qual o banco tem tradicionalmente forte

presença no financiamento do custeio, comercialização e investimento, com

participação de mais de 50% no total da concessão do crédito rural, aproveitando a

capilaridade de sua rede de agências no país e o uso de recursos direcionados (fiscais e

parafiscais)50

50 Segundo Carneiro et al (2009a, p. 154), predomina no crédito rural, como fonte de recursos, os recursos direcionados (entre 96 a 97%). Além dos recursos obrigatórios, da poupança rural e dos recursos livres, o crédito rural conta com recursos do Tesouro, dos fundos constitucionais (FCO, FNDE e FNO), do FAT, recursos do BNDES, dos governos estaduais, recursos externos e do Fundo de Defesa da Economia Cafeira (FUCAFE).

. De fato, predomina no sistema de crédito rural os bancos públicos, já que

são eles que operam os repasses dos Fundos Constitucionais, que contam com a

equalização de juros. Esta modalidade, com participação de mais de 35% na

composição do crédito do BB até 2005, teve uma forte redução relativa em 2006-2008,

o parece evidenciar que o banco tem procurado privilegiar outras modalidades mais

lucrativas de crédito, no contexto de uma lógica privada de rentabilidade que vem

ganhando espaço dento da estratégia gerencial do BB. A indústria é o segundo setor de

atividade mais importante na carteira de crédito do BB, com média de 26,4% em 2003-

2008, mas crescendo participação a partir de 2006, até atingir mais de 30% das

operações de crédito em 2008 (tabela 8). Segundo Carneiro et al (2009b) o banco é líder

como repassador de recursos do BNDES para a indústria, o que parece indicar não

somente que tais operações têm peso importante nas concessões para o setor, como

também que tal participação é mais elevada do que nos demais bancos. Em particular, o

banco tem procurado expandir a sua atuação no crédito corporativo, atuando não

somente na faixa de pequenas e médias empresas, como também no segmento de

grandes empresas (corporate). Em terceiro lugar, destaca-se o crédito para pessoa física

(média de 18,5%), setor de atividade no qual predomina no caso do banco a modalidade

de crédito pessoal, com importante participação nesta do crédito consignado, e, em

menor grau, o cheque especial. O valor de crédito para aquisição de veículos – tanto em

Page 59: Setor bancario

59

termos absolutos quanto relativos - é pequeno no BB, ainda que recentemente há um

esforço de aumentar o seu market share neste mercado51

Setor

.

Tabela 8: Banco do Brasil – operações de crédito por setor de atividade (%)

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2003-08

Pessoa física 17,4 18,4 17,8 17,9 19,4 19,9 18,5

Habitação 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Indústria 25,1 22,8 24,2 27,2 28,7 30,1 26,4

Comércio 10,6 11,9 11,8 11,1 11,8 11,6 11,5

Outros serviços 11,2 10,6 10,0 11,7 11,9 13,9 11,6

Rural 35,6 36,4 36,2 32,1 28,2 24,4 32,1

Total setor privado 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados de Carneiro et al (2009b, p.284).

Na carteira de crédito da Caixa Econômica Federal (CEF), por sua vez,

predomina em larga medida os empréstimos habitacionais, em média 57,6% do total do

crédito em 2003-2008. A CEF é o mais importante captador de recursos sob a forma de

cadernetas de poupança no Brasil – em 2008 esses depósitos representavam 55,9% do

total de depósitos captados pelo banco (dados do BCB) – que são usados como o

principal funding para empréstimos imobiliários. Além disto, a CEF opera com recursos

do FGTS para financiamento de programas em habitação. Em segundo lugar, a

participação mais importante (22,5%) é do crédito para pessoa física, onde, tal como no

Banco Brasil, predomina largamente a modalidade de crédito pessoal e cheque especial.

A participação relativamente importante de “outros serviços” (13,8% em média) se deve

ao fato de que a CEF opera diversos programas de desenvolvimento urbano (como

saneamento básico e transporte urbano) voltados para governos estaduais e municipais.

A importância da CEF no provimento de crédito ao setor industrial é bem pequena

(3,5%), ainda que mais recentemente este banco tenha procurado fazer um esforço de

estruturar operacionalmente a área de crédito corporativo. Em 2008 a importância maior

desta área de atividade se deve tanto ao empréstimo concedido no final do ano a

Petrobrás quanto à aquisição de carteiras de créditos de instituições bancárias de médio

porte especializadas no chamado middle market. 51 Neste sentido, a aquisição de 50% do capital social do Votorantim no início de 2009, banco com forte penetração nesta modalidade de crédito, parece ter um papel crucial.

Page 60: Setor bancario

60

Tabela 9: CEF – operações de crédito por setor de atividade (%)

Setor 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2003-08

Pessoa física 20,7 24,3 26,5 23,2 21,1 19,4 22,5

Habitação 63,6 57,9 52,9 56,3 59,8 55,4 57,6

Indústria 1,5 2,0 2,8 3,5 3,3 8,0 3,5

Comércio 1,8 2,5 3,2 3,4 2,6 1,2 2,5

Outros serviços 12,3 13,4 14,5 13,6 13,2 16,0 13,8

Rural 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Total setor privado 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados de Carneiro et al (2009b, p.285).

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem tido

tradicionalmente um papel fundamental no provimento do crédito de longo prazo da

economia brasileira, em particular no financiamento do investimento. È importante

destacar que o autofinanciamento das empresas (a partir de lucros retidos) é ainda a

maior fonte de financiamento das empresas brasileiras – segundo estimativa de Torres

Filho et al (2008, p.3) esta forma de financiamento respondeu em média por cerca de

44% do financiamento de 130 empresas de capital aberto. De acordo com o gráfico 19,

o financiamento de longo prazo do BNDES, medido pelos desembolsos para indústria e

infra-estrutura, respondeu em média por 32% do financiamento de longo prazo da

economia brasileira, tendo sua participação crescido a partir de 2005, atingindo em 2007

quase 50% do total de financiamento (gráfico 22). O forte crescimento dos desembolsos

do BNDES para indústria e infra-estrutura em 2008 e 2009 (gráfico 23) muito

provavelmente resultou numa participação significativamente maior do BNDES no

financiamento de longo prazo, sobretudo se considerarmos a forte retração no mercado

de títulos corporativos privados (ações e debêntures) em 2008. De modo geral, todas as

fontes privadas de financiamento de longo prazo – emissões primárias de ações,

debêntures e captações externas - cresceram seus valores em 2004-2006, mas caindo em

2007 em relação ao ano anterior.

Page 61: Setor bancario

61

Gráfico 22 – Fontes de financiamento de longo prazo (R$ bilhões)

Fonte: Torres Filho et al (2008, p.5).

Os desembolsos do BNDES aumentaram significativamente em 2005-2009,

passando de R$ 56,5 bilhões em 2005 para R$ 69,8 bilhões em 2007 (um crescimento

real médio de 14,6% em 2004-2006), R$ 69,8 bilhões em 2007, R$ 89,6 bilhões em

2008 e R$ 136,4 bilhões em 200952

52 Dados deflacionados pelo IGD-DI para dezembro de 2009.

. Particularmente o crescimento nos desembolsos do

BNDES de 2008 para 2009 foi de 52,2%, isto é, em apenas um ano. Como já visto, o

BNDES teve um papel fundamental e determinante no comportamento contracíclico do

crédito direcionado em 2008-2009, evitando uma contração maior em decisões de

planejamento em curso em função de uma escassez de financiamento. O gráfico 20

mostra que o crescimento nos desembolsos do BNDES em 2005 até meados de 2008

resultou tanto de operações diretas (diretamente realizada pelo banco ou através de

mandatário) quanto através de repasses (operadas através de instituições financeiras

credenciadas, que se encarregam da análise de viabilidade dos projetos e assumem os

riscos da operação) que cresceram mais ou menos em linha no período, ainda que o

volume das operações com repasse tenha sido maior no período. A partir de setembro de

2008, entretanto, o financiamento direto passa a crescer mais do que os repasses,

atingindo R$ 155,7 bilhões em dezembro de 2009 contra R$ 124,6 bilhões dos repasses.

Page 62: Setor bancario

62

As principais linhas de apoio de financiamento do BNDES são, por ordem de

importância de valores, BNDES-exim (financiamentos à exportação de bens e serviços

para pré e pós-embarque), FINEM (financiamentos de valor superior a R$ 10 bilhões

para realização de projetos de investimento para aquisição de maquinas e equipamentos

nacionais ou sem simular nacional) e FINAME (financiamento, através de instituições

financeiras credenciadas, para aquisição de máquinas e equipamentos novos)53. O

BNDES-exim predominou entre 2003 e 2006, período no qual a economia foi puxada

pelo forte dinamismo das exportações, enquanto que as outras modalidades,

particularmente o FINEM, cresceram a partir de 2007, período no qual a taxa de

investimentos se acelerou sobremaneira em função do forte crescimento do mercado

doméstico54.

Gráfico 23 – Operações de crédito do BNDES (R$ milhões de dez/2009)

Fonte: BNDES. Valores deflacionados pelo IGP-DI.

53 Tais linhas de financiamento responderam por 77% do total de financiamento do BNDES em 2008. 54 Segundo Carneiro et al (2009, p.23), o BNDES-exim teve uma participação de 40,6% em 2000-2009 (junho), seguido do FINEM (33,5%) e FINAME (12,2%).

Page 63: Setor bancario

63

Analisando os desembolsos do BNDE por setor de atividade (gráfico 24),

observa-se a forte predominância do setor industrial55

-

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

Agropecuária 3.919 5.139 6.636 6.281 8.448 4.888 3.971 5.374 5.515 6.856

Indústria 21.337 24.435 25.620 21.976 19.222 28.144 31.467 28.439 38.463 63.522

C omércio 1.962 1.560 1.636 2.114 1.057 1.127 2.122 2.727 3.111 5.597

Infra-estrutura 15.795 11.862 17.799 12.535 16.761 17.895 17.512 26.119 33.621 44.580

O utros serviços 4.322 3.921 3.383 2.932 3.069 4.523 4.469 7.122 8.869 15.803

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

e do setor de infra-estrutura

(principalmente, eletricidade e gás, e telecomunicações), que tiveram uma participação

relativa média de 46,2% e 32,7%, respectivamente, no total dos desembolsos no período

2000-2009, tendo ambos crescidos a partir de 2005 e particularmente em 2008-2009

(gráfico 20). Os desembolsos no setor industrial e em infra-estrutura praticamente

duplicaram de 2007 para 2009, passando de R$ 28,4 bilhões e 26,1 bilhões em 2007

para R$ 63,5 bilhões e R$ 44,5 bilhões em 2009, respectivamente. A modalidade

“outros serviços” (exclusive infra-estrutura e comércio) cresceu em 2008-09, mas

mantendo-se bem abaixo do setor industrial e de infra-estrutura.

Gráfico 24 – Desembolsos do BNDES por setor de atividade (R$ bilhões dez/2009)

Fonte: BNDES. Dados deflacionados pelo IGP-DI. Elaboração própria.

Analisando-se o gráfico 21, fica claro que o BNDES não só permaneceu na sua

função tradicional de banco de fomento ao setor industrial e à infra-estrutura

55 No setor industrial, destacam-se as seguintes áreas de atividade: petróleo e combustível, outros equipamentos, produtos alimentícios, veículos e carroceria, metalurgia, celulose e papel.

Page 64: Setor bancario

64

econômica, como também tem sido um agente de financiamento que tem apoiado

principalmente empresas de grande porte, seja voltada para o mercado externo seja para

o mercado doméstico. De fato, os desembolsos do BNDES para empresas de grande

porte tiveram uma participação em média de 76,1% do total dos desembolsos em 2000-

2009, enquanto que aqueles para empresas de pequeno e médio porte a média foi de

15,7%.

Gráfico 25 – Desembolsos do Sistema BNDES por porte da empresa (%)

7.0 9.1 9.4 11.815.9

8.3 5.9 6.1 4.6 3.7

12.113.8 12.8

18.015.6

16.615.8 18.7 19.4

13.8

80.9 77.1 77.770.1 68.4

75.2 78.3 75.2 76.082.5

0%

20%

40%

60%

80%

100%

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

P essoa F ís ica P equena/Média G rande

Fonte: BNDES. Elaboração própria.

5. Conclusão

A oferta de crédito é causa e conseqüência do crescimento econômico, já que

propicia uma maior elasticidade no crescimento dos gastos dos agentes (firmas e

famílias), antecipando poder de compra novo, mas ao mesmo tempo o próprio

crescimento do produto e da renda acaba, pelo lado da demanda, por estimular o

crescimento do crédito. Países emergentes, como o Brasil, com mercados financeiros

incompletos e marcado pela instabilidade econômica, o crescimento do crédito privado

Page 65: Setor bancario

65

estimula as decisões dos gastos dos agentes, através do aumento do crédito pessoal,

crédito para aquisição de veículos e crédito para capital de giro das empresas, mas não

parece atender determinadas modalidades específicas do crédito, de maior risco e/ou de

horizonte temporal mais dilatado, como é o caso do financiamento do investimento e do

financiamento agrícola. No caso do Brasil, tais modalidades – e mais recentemente

também o financiamento as exportações – têm uma participação fundamental dos

bancos públicos, em especial os grandes bancos federais.

Vimos, inicialmente, neste paper, que a reestruturação que ocorreu no setor

bancário no período pós-Real, onde inicialmente os bancos públicos, devido

principalmente a privatização de bancos estaduais, perderam market share para os

bancos privados, vindo posteriormente, no quadro do contágio de crise de 2008, a

desempenhar um importante papel contra-cíclico na economia. Este papel se deve ao

fato de que os bancos públicos, apesar da perda de market share, ainda têm um peso

importante na economia brasileira, e ainda do fato que mesmo no período pré-crise os

bancos públicos federais passaram por um processo de reestruturação operacional e já

vinham crescendo suas operações de crédito.

Este artigo analisou em particular as tendências gerais da evolução recente do

crédito no Brasil. No período 1995-2003, a instabilidade econômica de uma economia

sujeita a choques externos, o comportamento a la stop and go da economia brasileira e a

tendência a semi-estagnação ensejaram um ambiente pouco propício ao

desenvolvimento do mercado de crédito. Assim, a oferta de crédito declinou fortemente

no período, atingindo em 2003 um patamar de apenas 23% do PIB. O volume de crédito

não só reduziu como também predominou o crédito de curto prazo. A opção por

aplicação em títulos públicos indexados proporcionava aos bancos comporem seu

portfólio combinando liquidez e rentabilidade. Este período foi marcado também por

mudanças estruturais importantes, como a privatização de bancos estaduais e entrada de

bancos estrangeiros.

Já em 2004-2008, o maior crescimento econômico e a estabilidade

macroeconômica, ao reduzir os riscos da atividade bancária, estimularam o crescimento

da oferta de crédito, passando rapidamente de 23% em abril de 2003 para mais de 30%

do PIB em 2007. Ainda que os bancos públicos tenham crescido sua carteira de crédito

no período, o boom do crédito foi liderado pelos bancos privados nacionais e pelo

Page 66: Setor bancario

66

crédito com recursos livres. As modalidades que mais cresceram foram crédito pessoal,

aquisição de veículos e capital de giro das empresas. O crédito direcionado (BNDES,

rural e habitacional) cresce no período bem abaixo do crescimento do crédito com

recursos livres, ainda que desde 2007 o BNDES viesse aumentando sua oferta de

crédito, para atender a maior demanda para financiamento do investimento (indústria e

infra-estrutura, principalmente), cuja taxa começava a se acelerar, em função do próprio

crescimento da economia. No quadro do contágio da crise financeira, a partir de

setembro de 2008, tanto o crédito direcionado quanto a oferta de crédito dos bancos

públicos cresceram bastante, atenuando a desaceleração no crédito dos bancos privados

e no crédito livre (em particular no crédito corporativo). Banco do Brasil e CEF

compraram carteiras de crédito de outros bancos, atenuando os problemas de restrição

de liquidez do setor bancário, e o BNDES aumentou significativamente seus

desembolsos em 2008 e 2009, caracterizando um papel contracíclico que foi uma das

peças fundamentais na política de combate a crise do governo federal.

Em conclusão, o artigo procurou mostrar que os bancos públicos cumprem um

papel diferenciado no atendimento a certas modalidades de crédito (investimento, rural

e habitacional, principalmente) e tiveram um papel contracíclico fundamental no

contágio da crise financeira recente sobre a economia brasileira. Esse resultado

específico mostra a importância de se ter bancos públicos competitivos e inseridos

dentro de um contexto estratégico de política econômica, de forma que suas ações são

complementares à atuação da autoridade monetária. Isto porque, em um ambiente de

forte incerteza no qual o crédito se contrai abruptamente, não apenas uma política

monetária expansionista é importante para gerar a liquidez necessária ao sistema, mas

também a atuação dos bancos públicos, uma vez que suas ações modificam o market

share do setor e, portanto, em última análise, impactam a lucratividade e performance

dinâmica dos demais bancos. Ou seja, quando Banco do Brasil e Caixa Econômica

Federal ampliam suas operações de crédito no auge da crise, a ampliação de market

share oriunda de tal expediente além de constituir importante instrumento contra-cíclico

à disposição do governo, impacta a rentabilidade futura dos demais bancos. Isto porque

em um setor com notada presença de economias de escala a participação relativa no

mercado é uma importante variável estratégica. Nesse sentido, os bancos públicos

funcionam como uma locomotiva do setor puxando e forçando a ampliação de crédito

por parte dos demais bancos.

Page 67: Setor bancario

67

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Anexos

Tabela A1: Operações de crédito livre e direcionado (% PIB) Oper. cred. Oper. cred. Oper. cred. Oper credito Cred. rec. Cred.rec. Cred. rec. Cred. rec. Total oper.SF publ. SF priv.nac. SF estrang. total/PIB direcionado livres livres PF livres PJ cred./PIB

2000.01 12,5 7,4 5,0 24,9 n.d. n.d. n.d. n.d. 49,8 2000.02 12,5 7,2 5,0 24,7 n.d. n.d. n.d. n.d. 49,4 2000.03 12,4 7,1 5,2 24,7 n.d. n.d. n.d. n.d. 49,4 2000.04 12,6 7,4 5,2 25,2 n.d. n.d. n.d. n.d. 50,4 2000.05 14,0 7,6 5,3 26,9 n.d. n.d. n.d. n.d. 53,8 2000.06 13,2 7,6 5,2 26,0 11,7 14,3 4,7 9,6 26,0 2000.07 13,0 7,6 5,1 25,7 11,5 14,3 4,7 9,6 25,8 2000.08 12,6 7,7 5,1 25,4 11,2 14,3 4,9 9,5 25,5 2000.09 12,2 7,9 5,2 25,3 11,0 14,3 4,9 9,3 25,3 2000.10 12,0 8,3 5,3 25,6 11,0 14,5 5,1 9,5 25,5 2000.11 11,6 8,6 5,8 26,0 11,0 15,0 5,2 9,8 26,0 2000.12 11,6 8,9 5,9 26,4 11,2 15,2 5,4 9,8 26,4 2001.01 11,5 8,9 5,9 26,3 11,0 15,3 5,6 9,7 26,3 2001.02 11,5 9,1 6,1 26,7 11,0 15,7 5,6 10,1 26,7 2001.03 11,5 9,2 6,3 27,0 11,0 16,0 5,8 10,3 27,0 2001.04 11,3 9,3 6,4 27,0 10,7 16,4 5,9 10,5 27,1 2001.05 11,3 9,4 6,5 27,2 10,7 16,6 5,9 10,6 27,3 2001.06 8,2 9,5 6,5 24,2 8,0 16,3 5,9 10,4 24,3 2001.07 8,2 9,5 6,6 24,3 8,0 16,4 5,9 10,5 24,4 2001.08 8,5 9,6 6,8 24,9 8,3 16,6 5,9 10,7 24,9 2001.09 8,6 9,7 6,9 25,2 8,4 16,9 5,9 11,0 25,3 2001.10 8,7 9,7 6,9 25,3 8,4 16,9 6,0 10,9 25,3 2001.11 8,9 9,6 6,8 25,3 8,5 16,8 6,1 10,8 25,3 2001.12 8,5 9,6 6,6 24,7 8,5 16,2 6,1 10,1 24,7 2002.01 8,6 9,6 6,5 24,7 8,5 16,2 6,1 10,1 24,7 2002.02 8,7 9,6 6,5 24,8 8,6 16,2 6,2 10,1 24,8 2002.03 8,8 9,6 6,4 24,8 8,6 16,3 6,2 10,0 24,9 2002.04 8,8 9,6 6,3 24,7 8,5 16,3 6,3 9,9 24,8 2002.05 8,8 9,6 6,3 24,7 8,5 16,2 6,3 9,9 24,7 2002.06 8,8 9,6 6,3 24,7 8,4 16,3 6,1 10,2 24,7 2002.07 8,7 9,5 6,3 24,5 8,4 16,1 6,0 10,2 24,5 2002.08 8,5 9,1 6,0 23,6 8,2 15,3 5,8 9,5 23,5 2002.09 8,8 9,2 6,1 24,1 8,6 15,5 5,6 9,9 24,1 2002.10 8,4 8,7 5,8 22,9 8,3 14,5 5,4 9,1 22,8 2002.11 8,2 8,4 5,6 22,2 8,2 14,1 5,3 8,8 22,3 2002.12 8,3 8,2 5,5 22,0 8,3 13,8 5,2 8,6 22,1 2003.01 8,2 8,1 5,4 21,7 8,3 13,5 5,0 8,5 21,8 2003.02 8,3 8,1 5,4 21,8 8,3 13,6 5,0 8,6 21,9 2003.03 8,4 8,2 5,2 21,8 8,2 13,6 5,1 8,5 21,8 2003.04 8,5 8,3 5,2 22,0 8,2 13,7 5,2 8,5 21,9 2003.05 8,8 8,5 5,2 22,5 8,4 14,1 5,4 8,7 22,5 2003.06 9,0 8,9 5,1 23,0 8,7 14,3 5,5 8,8 23,0 2003.07 9,2 8,9 5,1 23,2 8,9 14,3 5,6 8,8 23,2 2003.08 9,3 9,0 5,1 23,4 8,9 14,4 5,6 8,8 23,3 2003.09 9,3 9,0 5,1 23,4 9,0 14,5 5,7 8,8 23,5 2003.10 9,4 9,1 5,1 23,6 9,1 14,6 5,7 8,8 23,7 2003.11 9,6 9,2 5,2 24,0 9,3 14,7 5,8 8,9 24,0 2003.12 9,6 9,3 5,2 24,1 9,3 14,7 5,8 8,9 24,0 2004.01 9,4 9,1 5,1 23,6 9,2 14,4 5,8 8,6 23,6 2004.02 9,2 9,0 5,1 23,3 9,0 14,4 5,8 8,6 23,4 2004.03 9,2 8,9 5,0 23,1 8,9 14,2 5,7 8,4 23,1 2004.04 9,2 9,0 5,2 23,4 8,9 14,5 5,9 8,6 23,4 2004.05 9,1 9,1 5,2 23,4 8,8 14,6 5,9 8,8 23,4 2004.06 9,1 9,1 5,2 23,4 8,8 14,6 5,9 8,7 23,4 2004.07 9,0 9,1 5,2 23,3 8,6 14,6 6,0 8,7 23,2 2004.08 9,0 9,2 5,2 23,4 8,6 14,7 6,1 8,7 23,3 2004.09 9,1 9,3 5,3 23,7 8,7 15,0 6,2 8,8 23,7 2004.10 9,2 9,7 5,4 24,3 8,8 15,4 6,5 9,0 24,2 2004.11 9,3 9,7 5,3 24,3 8,8 15,5 6,6 8,9 24,3 2004.12 9,4 9,7 5,4 24,5 8,9 15,6 6,8 8,8 24,5 Fonte: Banco Central do Brasil

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71

Tabela A1: Operações de crédito livre e direcionado (% PIB) Oper. cred. Oper. cred. Oper. cred. Oper credito Cred. rec. Cred.rec. Cred. rec. Cred. rec. Total oper.SF publ. SF priv.nac. SF estrang. total/PIB direcionado livres livres PF livres PJ cred./PIB

2005.01 9,6 9,7 5,4 24,7 8,9 15,9 7,0 8,9 24,8 2005.02 9,6 9,8 5,4 24,8 8,8 16,0 7,1 9,0 24,8 2005.03 9,7 9,9 5,4 25,0 8,8 16,3 7,3 9,0 25,1 2005.04 9,7 10,1 5,5 25,3 8,8 16,7 7,5 9,2 25,5 2005.05 9,8 10,2 5,6 25,6 8,9 16,9 7,8 9,1 25,8 2005.06 9,9 10,4 5,8 26,1 9,0 17,2 8,0 9,3 26,2 2005.07 9,9 10,6 5,9 26,4 9,0 17,6 8,1 9,5 26,6 2005.08 10,0 10,8 6,0 26,8 9,1 17,9 8,4 9,5 27,0 2005.09 10,0 11,0 6,1 27,1 9,0 18,0 8,5 9,5 27,0 2005.10 10,0 11,1 6,1 27,2 9,0 18,3 8,6 9,6 27,3 2005.11 10,1 11,4 6,2 27,7 9,1 18,5 8,8 9,8 27,6 2005.12 10,3 11,5 6,3 28,1 9,4 18,7 8,8 9,9 28,1 2006.01 10,3 11,5 6,3 28,1 9,3 18,6 8,9 9,7 27,9 2006.02 10,3 11,6 6,3 28,2 9,3 18,9 9,1 9,8 28,2 2006.03 10,4 11,7 6,3 28,4 9,3 19,1 9,2 10,0 28,4 2006.04 10,5 11,7 6,5 28,7 9,3 19,5 9,3 10,2 28,8 2006.05 10,6 11,9 6,6 29,1 9,4 19,7 9,5 10,3 29,1 2006.06 10,6 11,9 6,5 29,0 9,4 19,6 9,5 10,3 29,0 2006.07 10,6 11,9 6,6 29,1 9,3 19,8 9,6 10,4 29,1 2006.08 10,5 11,9 6,6 29,0 9,3 19,8 9,7 10,3 29,1 2006.09 10,6 11,9 6,7 29,2 9,3 19,9 9,7 10,4 29,2 2006.10 10,7 12,2 6,4 29,3 9,3 20,0 9,8 10,5 29,3 2006.11 10,9 12,4 6,6 29,9 9,5 20,3 9,9 10,7 29,8 2006.12 11,1 12,5 6,7 30,3 9,7 20,6 9,8 10,7 30,3 2007.01 11,1 12,3 6,7 30,1 9,7 20,5 9,9 10,5 30,2 2007.02 11,2 12,5 6,7 30,4 9,6 20,7 10,0 10,7 30,3 2007.03 11,2 12,5 6,8 30,5 9,6 20,9 10,1 10,7 30,5 2007.04 11,3 12,9 6,9 31,1 9,6 21,5 10,3 11,1 31,1 2007.05 11,2 13,2 6,9 31,3 9,5 21,8 10,6 11,0 31,3 2007.06 11,1 13,4 7,0 31,5 9,5 21,9 10,6 11,1 31,4 2007.07 11,1 13,7 7,0 31,8 9,5 22,3 10,8 11,1 31,8 2007.08 11,2 13,9 7,2 32,3 9,6 22,6 10,9 11,3 32,2 2007.09 11,1 14,0 7,3 32,4 9,7 22,8 11,0 11,4 32,5 2007.10 11,3 14,3 7,3 32,9 9,8 23,2 11,2 11,5 33,0 2007.11 11,5 14,8 7,4 33,7 9,9 23,7 11,3 11,9 33,6 2007.12 11,4 14,6 7,4 33,4 9,8 23,6 11,3 12,2 33,4 2008.01 11,4 14,6 7,3 33,3 9,8 23,6 11,4 12,1 33,4 2008.02 11,5 14,8 7,4 33,7 9,8 23,8 11,6 12,2 33,6 2008.03 11,8 15,1 7,5 34,4 10,0 24,5 11,7 12,8 34,5 2008.04 11,9 15,2 7,6 34,7 10,0 24,7 11,8 12,9 34,7 2008.05 12,1 15,3 7,5 34,9 10,0 25,0 11,9 13,1 35,0 2008.06 12,2 15,5 7,5 35,2 10,0 25,2 11,9 13,3 35,2 2008.07 12,2 15,8 7,6 35,6 10,1 25,5 12,1 13,4 35,6 2008.08 12,5 16,2 7,7 36,4 10,2 26,1 12,3 13,9 36,3 2008.09 12,8 16,6 8,0 37,4 10,5 26,9 12,5 14,4 37,4 2008.10 13,3 16,6 8,2 38,1 10,8 27,3 12,6 14,7 38,1 2008.11 13,8 16,8 8,3 38,9 11,1 27,8 12,6 15,2 38,9 2008.12 14,4 17,0 8,3 39,7 11,5 28,2 12,7 15,3 39,7 2009.01 14,6 17,1 8,3 40,0 11,6 28,3 12,8 15,5 39,9 2009.02 15,0 17,0 8,3 40,3 11,9 28,4 13,1 15,5 40,3 2009.03 15,4 17,2 8,4 41,0 12,1 28,9 13,3 15,3 41,0 2009.04 15,5 17,3 8,4 41,2 12,2 29,0 13,5 15,3 41,2 2009.05 15,8 17,5 8,3 41,6 12,2 29,3 13,7 15,2 41,5 2009.06 16,3 17,5 8,3 42,1 12,5 29,7 14,2 15,3 42,2 2009.07 17,3 17,6 8,3 43,2 13,5 29,8 14,4 15,4 43,3 2009.08 17,7 17,8 8,3 43,8 13,7 30,0 14,4 15,2 43,7 2009.09 17,9 18,0 8,3 44,2 14,0 30,2 14,6 15,3 44,2 2009.10 18,2 18,3 8,3 44,8 14,2 30,5 14,8 15,4 44,7 2009.11 18,5 18,3 8,3 45,1 14,4 30,7 14,9 15,4 45,1 2009.12 18,6 18,2 8,2 45,0 14,6 30,4 14,8 15,3 45,0 Fonte: Banco Central do Brasil

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Tabela A2a: Saldo de operações de crédito com recursos livres de pessoas jurídicas (R$ milhões correntes)

R ecursos % R ecursos % T otal recursos %domésticos externos livres P J

2003.01 93.458 62,2 56.819 37,8 150.277 100,02003.02 95.245 62,6 56.838 37,4 152.083 100,02003.03 95.419 63,2 55.672 36,8 151.092 100,02003.04 96.857 64,9 52.270 35,1 149.127 100,02003.05 98.388 65,8 51.206 34,2 149.594 100,02003.06 99.031 66,6 49.651 33,4 148.682 100,02003.07 98.125 66,6 49.165 33,4 147.290 100,02003.08 98.948 66,8 49.238 33,2 148.185 100,02003.09 100.850 67,7 48.180 32,3 149.030 100,02003.10 103.342 68,7 47.177 31,3 150.519 100,02003.11 105.268 68,6 48.185 31,4 153.453 100,02003.12 106.628 69,0 48.010 31,0 154.638 100,02004.01 104.216 68,3 48.379 31,7 152.595 100,02004.02 105.101 67,9 49.695 32,1 154.795 100,02004.03 104.135 67,3 50.666 32,7 154.801 100,02004.04 106.875 66,7 53.450 33,3 160.325 100,02004.05 108.967 65,5 57.508 34,5 166.475 100,02004.06 112.560 66,8 55.928 33,2 168.488 100,02004.07 114.728 67,3 55.829 32,7 170.557 100,02004.08 117.930 68,5 54.198 31,5 172.129 100,02004.09 123.171 70,2 52.351 29,8 175.522 100,02004.10 127.905 71,0 52.189 29,0 180.094 100,02004.11 130.337 72,3 49.957 27,7 180.293 100,02004.12 133.128 74,2 46.227 25,8 179.355 100,02005.01 134.291 73,9 47.465 26,1 181.756 100,02005.02 136.080 73,7 48.501 26,3 184.581 100,02005.03 137.250 73,5 49.457 26,5 186.707 100,02005.04 141.698 74,1 49.563 25,9 191.261 100,02005.05 141.415 74,6 48.062 25,4 189.477 100,02005.06 144.091 75,1 47.761 24,9 191.852 100,02005.07 147.004 75,2 48.530 24,8 195.534 100,02005.08 148.651 75,6 48.079 24,4 196.730 100,02005.09 152.043 76,7 46.202 23,3 198.245 100,02005.10 154.919 76,3 48.167 23,7 203.086 100,02005.11 161.084 77,4 47.028 22,6 208.112 100,02005.12 164.878 77,4 48.098 22,6 212.976 100,02006.01 163.543 77,6 47.215 22,4 210.757 100,02006.02 168.688 78,5 46.287 21,5 214.976 100,02006.03 170.154 77,7 48.829 22,3 218.983 100,02006.04 174.219 77,6 50.341 22,4 224.560 100,02006.05 177.287 76,8 53.502 23,2 230.789 100,02006.06 181.473 78,3 50.383 21,7 231.856 100,02006.07 183.692 77,6 53.021 22,4 236.713 100,02006.08 184.836 78,3 51.218 21,7 236.054 100,02006.09 188.731 78,2 52.719 21,8 241.450 100,02006.10 192.591 78,3 53.236 21,7 245.827 100,02006.11 199.863 78,9 53.609 21,1 253.472 100,02006.12 207.757 79,8 52.606 20,2 260.363 100,0Fonte: Elaboração própria, com base em dados do BCB.

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Tabela A2a: Saldo de operações de crédito com recursos livres de pessoas jurídicas (R$ milhões correntes) (continuação)

R ecursos % R ecursos % T otal recursos %domésticos externos livres P J

2007.01 205.946 79,7 52.425 20,3 258.370 100,02007.02 211.061 79,9 53.194 20,1 264.255 100,02007.03 212.549 79,5 54.842 20,5 267.391 100,02007.04 219.219 78,6 59.677 21,4 278.896 100,02007.05 221.839 79,3 58.083 20,7 279.921 100,02007.06 227.560 79,9 57.351 20,1 284.911 100,02007.07 229.744 79,2 60.313 20,8 290.057 100,02007.08 234.647 78,1 65.713 21,9 300.360 100,02007.09 242.084 79,0 64.464 21,0 306.548 100,02007.10 249.413 79,4 64.789 20,6 314.202 100,02007.11 260.962 79,4 67.642 20,6 328.604 100,02007.12 274.700 80,0 68.550 20,0 343.250 100,02008.01 273.299 79,6 69.992 20,4 343.290 100,02008.02 278.607 79,7 71.149 20,3 349.756 100,02008.03 289.100 78,7 78.414 21,3 367.514 100,02008.04 302.102 79,8 76.503 20,2 378.605 100,02008.05 314.566 80,5 76.207 19,5 390.774 100,02008.06 328.074 81,5 74.569 18,5 402.644 100,02008.07 335.872 82,1 73.038 17,9 408.910 100,02008.08 348.545 82,4 74.600 17,6 423.145 100,02008.09 360.413 81,1 83.961 18,9 444.374 100,02008.10 368.958 80,7 88.218 19,3 457.177 100,02008.11 378.883 80,3 92.707 19,7 471.590 100,02008.12 386.076 81,0 90.815 19,0 476.890 100,02009.01 384.376 81,4 87.937 18,6 472.313 100,02009.02 375.403 81,1 87.586 18,9 462.988 100,02009.03 378.838 81,4 86.342 18,6 465.180 100,02009.04 379.928 82,2 82.018 17,8 461.947 100,02009.05 384.607 83,3 77.069 16,7 461.676 100,02009.06 389.947 84,0 74.520 16,0 464.467 100,02009.07 391.415 84,8 70.375 15,2 461.790 100,02009.08 398.213 85,5 67.789 14,5 466.002 100,02009.09 408.029 86,7 62.397 13,3 470.426 100,02009.10 413.610 87,3 59.948 12,7 473.558 100,02009.11 421.895 88,0 57.576 12,0 479.471 100,02009.12 430.041 88,7 54.904 11,3 484.945 100,0Fonte: Elaboração própria, com base em dados do BCB.

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Tabela A2b: Saldo de operações de crédito com recursos livres de pessoas jurídicas R ecursos % R ecursos % T otal recursos %

domésticos externos livres P J2003.01 134.625 62,2 81.848 37,8 216.473 100,02003.02 135.047 62,6 80.591 37,4 215.638 100,02003.03 133.090 63,2 77.651 36,8 210.741 100,02003.04 134.542 64,9 72.607 35,1 207.148 100,02003.05 137.587 65,8 71.607 34,2 209.194 100,02003.06 139.459 66,6 69.920 33,4 209.379 100,02003.07 138.459 66,6 69.374 33,4 207.833 100,02003.08 138.757 66,8 69.047 33,2 207.804 100,02003.09 139.959 67,7 66.863 32,3 206.822 100,02003.10 142.791 68,7 65.186 31,3 207.978 100,02003.11 144.760 68,6 66.262 31,4 211.022 100,02003.12 145.752 69,0 65.627 31,0 211.379 100,02004.01 141.325 68,3 65.606 31,7 206.931 100,02004.02 140.998 67,9 66.668 32,1 207.665 100,02004.03 138.411 67,3 67.343 32,7 205.754 100,02004.04 140.442 66,7 70.237 33,3 210.679 100,02004.05 141.129 65,5 74.481 34,5 215.609 100,02004.06 143.928 66,8 71.515 33,2 215.443 100,02004.07 145.054 67,3 70.587 32,7 215.640 100,02004.08 147.174 68,5 67.638 31,5 214.811 100,02004.09 152.974 70,2 65.018 29,8 217.991 100,02004.10 158.014 71,0 64.474 29,0 222.488 100,02004.11 159.703 72,3 61.212 27,7 220.915 100,02004.12 162.282 74,2 56.351 25,8 218.633 100,02005.01 163.159 73,9 57.669 26,1 220.828 100,02005.02 164.667 73,7 58.690 26,3 223.357 100,02005.03 164.460 73,5 59.261 26,5 223.722 100,02005.04 168.936 74,1 59.091 25,9 228.027 100,02005.05 169.029 74,6 57.447 25,4 226.476 100,02005.06 173.005 75,1 57.344 24,9 230.349 100,02005.07 177.217 75,2 58.504 24,8 235.721 100,02005.08 180.622 75,6 58.419 24,4 239.042 100,02005.09 184.988 76,7 56.213 23,3 241.200 100,02005.10 187.300 76,3 58.234 23,7 245.534 100,02005.11 194.111 77,4 56.671 22,6 250.782 100,02005.12 198.554 77,4 57.921 22,6 256.475 100,02006.01 195.535 77,6 56.451 22,4 251.986 100,02006.02 201.803 78,5 55.374 21,5 257.177 100,02006.03 204.477 77,7 58.679 22,3 263.156 100,02006.04 209.314 77,6 60.482 22,4 269.796 100,02006.05 212.205 76,8 64.039 23,2 276.244 100,02006.06 215.778 78,3 59.907 21,7 275.685 100,02006.07 218.046 77,6 62.937 22,4 280.982 100,02006.08 218.509 78,3 60.549 21,7 279.058 100,02006.09 222.581 78,2 62.174 21,8 284.755 100,02006.10 225.317 78,3 62.282 21,7 287.599 100,02006.11 232.499 78,9 62.363 21,1 294.862 100,02006.12 241.048 79,8 61.036 20,2 302.083 100,0Fonte: Elaboração própria, com base em dados do BCB.Nota: Valores em R$ milhões deflacionados para dez/2009 pelo IGP-DI.

Page 75: Setor bancario

75

Tabela A2b: Saldo de operações de crédito com recursos livres de pessoas jurídicas (continuação)

R ecursos % R ecursos % T otal recursos %domésticos externos livres P J

2007.01 237.930 79,7 60.567 20,3 298.497 100,02007.02 243.274 79,9 61.313 20,1 304.587 100,02007.03 244.456 79,5 63.074 20,5 307.530 100,02007.04 251.785 78,6 68.542 21,4 320.326 100,02007.05 254.395 79,3 66.606 20,7 321.001 100,02007.06 260.276 79,9 65.597 20,1 325.873 100,02007.07 261.797 79,2 68.728 20,8 330.525 100,02007.08 263.713 78,1 73.853 21,9 337.566 100,02007.09 268.932 79,0 71.613 21,0 340.546 100,02007.10 275.023 79,4 71.442 20,6 346.464 100,02007.11 284.769 79,4 73.813 20,6 358.581 100,02007.12 295.403 80,0 73.717 20,0 369.119 100,02008.01 291.026 79,6 74.532 20,4 365.557 100,02008.02 295.558 79,7 75.478 20,3 371.035 100,02008.03 304.552 78,7 82.605 21,3 387.157 100,02008.04 314.736 79,8 79.703 20,2 394.439 100,02008.05 321.690 80,5 77.933 19,5 399.622 100,02008.06 329.275 81,5 74.842 18,5 404.117 100,02008.07 333.362 82,1 72.492 17,9 405.855 100,02008.08 347.270 82,4 74.327 17,6 421.597 100,02008.09 357.791 81,1 83.350 18,9 441.141 100,02008.10 362.320 80,7 86.631 19,3 448.951 100,02008.11 371.813 80,3 90.978 19,7 462.791 100,02008.12 380.557 81,0 89.516 19,0 470.073 100,02009.01 378.826 81,4 86.667 18,6 465.493 100,02009.02 370.447 81,1 86.430 18,9 456.876 100,02009.03 376.997 81,4 85.923 18,6 462.919 100,02009.04 377.914 82,2 81.584 17,8 459.498 100,02009.05 381.899 83,3 76.526 16,7 458.425 100,02009.06 388.427 84,0 74.229 16,0 462.657 100,02009.07 392.414 84,8 70.554 15,2 462.968 100,02009.08 398.862 85,5 67.900 14,5 466.762 100,02009.09 407.690 86,7 62.345 13,3 470.036 100,02009.10 413.436 87,3 59.923 12,7 473.359 100,02009.11 421.419 88,0 57.511 12,0 478.930 100,02009.12 430.041 88,7 54.904 11,3 484.945 100,0F onte: E laboração própria, com base em dados do B C B .Nota: Valores em R $ milhões deflacionados para dez/2009 pelo IG P -DI.

Page 76: Setor bancario

76

Tabela A3a: Operações de crédito por atividade econômica (R$ milhões correntes)

Indústria Habitação Rural Comércio Pessoas Outros Totalfísicas serviços setor privado

2003.01 115 823 24 126 36 084 39 832 86 273 68 931 371 068 2003.02 117 225 24 220 37 170 40 184 86 656 68 957 374 413 2003.03 115 285 24 292 37 487 39 789 87 781 68 562 373 195 2003.04 111 771 24 430 38 150 40 035 89 020 66 744 370 150 2003.05 112 729 24 515 39 066 40 114 90 149 66 265 372 838 2003.06 112 526 24 693 40 440 40 196 91 147 66 430 375 431 2003.07 112 178 24 709 40 356 39 968 91 686 66 431 375 329 2003.08 112 836 24 824 41 181 39 933 92 635 65 910 377 319 2003.09 113 249 24 889 43 431 40 601 94 486 65 827 382 483 2003.10 113 471 24 964 45 333 41 401 95 900 66 866 387 935 2003.11 117 181 25 049 46 220 42 681 97 320 69 799 398 248 2003.12 116 850 25 054 47 295 43 266 98 993 71 813 403 271 2004.01 113 250 24 935 47 186 43 500 100 317 73 063 402 251 2004.02 114 341 24 635 47 621 44 028 102 392 72 115 405 131 2004.03 114 173 24 977 47 736 44 053 103 273 73 127 407 339 2004.04 117 582 25 120 48 389 45 382 107 471 74 019 417 963 2004.05 120 188 25 147 49 079 47 459 110 113 76 001 427 986 2004.06 120 645 25 240 50 446 48 797 112 410 76 916 434 454 2004.07 121 777 25 419 49 642 49 144 115 330 77 331 438 643 2004.08 121 545 25 495 50 502 51 094 118 999 77 567 445 203 2004.09 122 258 25 434 53 422 52 781 122 162 78 188 454 245 2004.10 124 092 25 489 55 036 53 605 128 087 81 329 467 637 2004.11 124 786 25 615 56 820 55 121 132 144 79 359 473 844 2004.12 124 788 25 774 58 502 54 779 136 456 79 220 479 519 2005.01 125 179 25 941 58 559 55 348 140 519 81 024 486 569 2005.02 126 327 26 038 58 410 56 935 143 561 81 226 492 496 2005.03 126 646 26 184 58 980 57 252 148 440 83 226 500 727 2005.04 128 583 26 406 59 870 57 984 153 119 84 505 510 467 2005.05 128 741 26 538 59 905 58 022 158 915 82 360 514 482 2005.06 129 762 26 882 60 167 58 649 162 411 83 849 521 719 2005.07 131 841 27 165 58 977 58 925 166 049 85 882 528 839 2005.08 132 925 27 492 58 417 59 674 171 876 87 308 537 692 2005.09 131 210 27 805 59 656 61 084 176 348 88 160 544 263 2005.10 133 649 28 172 62 049 62 278 180 723 89 225 556 095 2005.11 134 467 28 589 63 686 64 017 184 923 94 312 569 996 2005.12 138 947 29 081 65 955 64 514 188 784 99 185 586 467 2006.01 136 489 29 766 66 312 64 274 192 829 98 605 588 276 2006.02 136 791 29 956 66 760 65 730 196 193 99 417 594 846 2006.03 138 784 30 710 67 614 66 661 200 241 100 878 604 887 2006.04 141 836 31 271 68 488 67 621 204 378 103 071 616 665 2006.05 146 703 31 848 69 698 68 631 210 341 105 715 632 936 2006.06 145 111 32 566 70 686 70 312 211 930 106 944 637 549 2006.07 147 861 33 192 70 149 71 277 216 495 109 534 648 506 2006.08 148 796 33 728 70 434 72 077 221 150 109 438 655 623 2006.09 151 035 34 105 72 240 73 428 222 607 112 375 665 790 2006.10 153 543 34 733 74 570 75 473 228 048 112 700 679 069 2006.11 157 284 35 246 76 118 78 096 233 651 117 969 698 364 2006.12 164 581 35 689 77 681 78 433 235 816 121 518 713 718 Fonte: Elaboração própria, com base em dados do BCB.

Page 77: Setor bancario

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Tabela A3a: Operações de crédito por atividade econômica (R$ milhões) (continuação)

Indústria Habitação Rural Comércio Pessoas Outros Totalfísicas serviços setor privado

2007.01 165 397 36 662 78 665 75 056 240 695 123 146 719 621 2007.02 167 305 37 154 79 221 77 739 244 757 123 580 729 757 2007.03 166 942 38 044 79 945 78 917 249 669 125 411 738 928 2007.04 175 151 38 775 80 634 79 877 256 251 127 635 758 322 2007.05 174 619 39 594 81 380 80 844 266 274 127 556 770 265 2007.06 176 448 40 322 81 830 83 220 269 925 129 525 781 270 2007.07 181 430 40 967 81 144 83 866 279 991 132 216 799 613 2007.08 188 568 41 878 82 180 86 701 287 730 136 739 823 796 2007.09 191 429 42 698 84 039 88 252 292 859 139 656 838 934 2007.10 197 420 43 499 86 496 91 215 302 315 142 388 863 334 2007.11 205 351 44 422 88 421 95 333 310 129 148 451 892 105 2007.12 213 815 45 852 89 211 97 648 314 353 156 262 917 140 2008.01 215 369 46 355 90 024 96 861 320 838 156 689 926 136 2008.02 218 842 47 169 90 618 98 918 326 881 158 296 940 725 2008.03 230 587 48 416 92 274 102 018 334 349 166 021 973 666 2008.04 237 429 49 699 94 021 104 585 342 920 169 967 998 621 2008.05 241 514 51 018 96 234 106 976 351 412 178 155 1 025 308 2008.06 244 752 52 578 98 396 110 866 357 057 184 711 1 048 361 2008.07 248 316 54 218 98 763 112 814 365 375 186 916 1 066 402 2008.08 254 474 56 177 99 551 117 441 370 984 191 216 1 089 843 2008.09 269 514 58 132 102 669 120 430 380 080 200 661 1 131 485 2008.10 279 382 59 828 104 260 122 890 386 693 210 463 1 163 516 2008.11 290 605 61 774 104 882 124 554 386 408 215 713 1 183 936 2008.12 296 435 63 268 106 365 124 802 389 541 219 666 1 200 077 2009.01 294 021 64 372 106 397 122 699 394 472 219 751 1 201 712 2009.02 298 826 66 072 106 415 118 816 399 092 212 041 1 201 262 2009.03 300 070 67 802 106 810 119 628 405 803 214 725 1 214 838 2009.04 297 305 69 510 107 398 119 815 411 422 215 052 1 220 503 2009.05 295 471 71 545 107 678 120 404 422 566 215 174 1 232 838 2009.06 299 413 74 110 106 671 120 969 428 130 219 053 1 248 346 2009.07 296 659 76 939 106 195 121 877 431 961 219 262 1 252 891 2009.08 296 049 79 850 108 626 124 696 437 502 224 922 1 271 645 2009.09 298 797 82 716 110 549 127 501 444 686 229 296 1 293 545 2009.10 299 058 85 243 112 920 130 678 451 807 232 277 1 311 984 2009.11 302 807 86 765 112 593 133 852 457 700 237 439 1 331 157 2009.12 304 745 91 875 112 260 136 305 462 457 245 225 1 352 867 Fonte: Elaboração própria, com base em dados do BCB.

Page 78: Setor bancario

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TabelaA3b: Operações de crédito por atividade econômica (R$ milhões de dez/2009)

Indústria Habitação Rural Comércio Pessoas Outros Totalfísicas serviços setor privado

2003.01 166.842 34.753 51.978 57.377 124.276 99.294 534.519 2003.02 166.214 34.342 52.704 56.977 122.869 97.774 530.880 2003.03 160.798 33.882 52.287 55.497 122.435 95.629 520.528 2003.04 155.258 33.934 52.993 55.612 123.655 92.713 514.165 2003.05 157.641 34.282 54.630 56.096 126.065 92.666 521.380 2003.06 158.463 34.773 56.948 56.605 128.356 93.548 528.693 2003.07 158.289 34.865 56.944 56.397 129.374 93.738 529.606 2003.08 158.233 34.811 57.749 55.999 129.905 92.427 529.124 2003.09 157.165 34.541 60.273 56.346 131.127 91.354 530.805 2003.10 156.788 34.494 62.638 57.206 132.509 92.391 536.026 2003.11 161.142 34.446 63.559 58.692 133.830 95.984 547.653 2003.12 159.725 34.247 64.649 59.141 135.316 98.163 551.242 2004.01 153.576 33.814 63.988 58.990 136.038 99.079 545.484 2004.02 153.394 33.049 63.886 59.065 137.363 96.745 543.502 2004.03 151.753 33.199 63.448 58.552 137.265 97.197 541.413 2004.04 154.512 33.010 63.587 59.635 141.225 97.266 549.235 2004.05 155.660 32.569 63.564 61.466 142.612 98.432 554.304 2004.06 154.266 32.274 64.505 62.395 143.737 98.351 555.529 2004.07 153.967 32.138 62.763 62.134 145.815 97.772 554.589 2004.08 151.685 31.816 63.025 63.764 148.507 96.802 555.600 2004.09 151.840 31.589 66.348 65.552 151.721 97.106 564.156 2004.10 153.303 31.489 67.992 66.223 158.239 100.473 577.719 2004.11 152.902 31.386 69.623 67.540 161.917 97.239 580.606 2004.12 152.115 31.418 71.314 66.775 166.339 96.569 584.530 2005.01 152.089 31.517 71.147 67.246 170.726 98.442 591.167 2005.02 152.865 31.507 70.680 68.896 173.719 98.290 595.958 2005.03 151.754 31.375 70.673 68.602 177.868 99.726 599.998 2005.04 153.300 31.482 71.378 69.131 182.553 100.749 608.593 2005.05 153.879 31.721 71.603 69.352 189.946 98.442 614.942 2005.06 155.800 32.276 72.240 70.418 195.001 100.674 626.408 2005.07 158.938 32.748 71.098 71.035 200.176 103.533 637.529 2005.08 161.514 33.405 70.981 72.508 208.842 106.085 653.335 2005.09 159.641 33.830 72.582 74.319 214.559 107.263 662.194 2005.10 161.584 34.060 75.019 75.295 218.497 107.875 672.329 2005.11 162.037 34.451 76.744 77.143 222.839 113.650 686.865 2005.12 167.327 35.020 79.427 77.691 227.342 119.444 706.251 2006.01 163.189 35.589 79.284 76.848 230.550 117.895 703.355 2006.02 163.645 35.837 79.865 78.633 234.707 118.933 711.620 2006.03 166.779 36.904 81.253 80.108 240.634 121.227 726.904 2006.04 170.408 37.570 82.285 81.243 245.549 123.833 740.888 2006.05 175.597 38.121 83.425 82.148 251.768 126.536 757.595 2006.06 172.542 38.722 84.048 83.603 251.993 127.161 758.069 2006.07 175.513 39.399 83.268 84.607 256.983 130.018 769.788 2006.08 175.903 39.873 83.265 85.208 261.438 129.375 775.063 2006.09 178.124 40.222 85.196 86.598 262.534 132.530 785.204 2006.10 179.634 40.635 87.242 88.298 266.799 131.851 794.458 2006.11 182.967 41.001 88.548 90.849 271.805 137.232 812.402 2006.12 190.954 41.408 90.128 91.000 273.602 140.989 828.082 Fonte: Elaboração própria, com base em dados do BCB.Nota: Valores deflacionados para dez/2009 pelo IGP-DI.

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TabelaA3b: Operações de crédito por atividade econômica (R$ milhões de dez/2009) (continuação)

Indústria Habitação Rural Comércio Pessoas Outros Totalfísicas serviços setor privado

2007.01 191.084 42.356 90.882 86.713 278.076 142.272 831.382 2007.02 192.840 42.825 91.312 89.604 282.113 142.441 841.136 2007.03 192.002 43.754 91.946 90.764 287.147 144.236 849.850 2007.04 201.169 44.535 92.612 91.742 294.317 146.596 870.971 2007.05 200.246 45.404 93.323 92.708 305.351 146.275 883.306 2007.06 201.815 46.119 93.595 95.185 308.732 148.147 893.593 2007.07 206.743 46.682 92.465 95.566 319.054 150.662 911.172 2007.08 211.926 47.065 92.360 97.441 323.371 153.677 925.841 2007.09 212.659 47.434 93.359 98.039 325.339 155.145 931.975 2007.10 217.691 47.966 95.378 100.581 333.357 157.008 951.981 2007.11 224.085 48.474 96.487 104.029 338.421 161.993 973.489 2007.12 229.929 49.308 95.934 105.007 338.044 168.038 986.262 2008.01 229.338 49.362 95.863 103.143 341.649 166.852 986.208 2008.02 232.157 50.039 96.132 104.937 346.768 167.927 997.959 2008.03 242.911 51.004 97.206 107.470 352.219 174.894 1.025.704 2008.04 247.359 51.777 97.953 108.959 357.261 177.075 1.040.385 2008.05 246.983 52.173 98.413 109.399 359.369 182.189 1.048.526 2008.06 245.648 52.770 98.757 111.272 358.364 185.388 1.052.199 2008.07 246.460 53.813 98.025 111.971 362.645 185.519 1.058.435 2008.08 253.543 55.972 99.187 117.011 369.626 190.516 1.085.856 2008.09 267.553 57.709 101.922 119.553 377.314 199.201 1.123.252 2008.10 274.355 58.751 102.384 120.679 379.735 206.676 1.142.581 2008.11 285.183 60.622 102.925 122.230 379.198 211.688 1.161.846 2008.12 292.198 62.364 104.845 123.017 383.972 216.526 1.182.921 2009.01 289.776 63.442 104.861 120.928 388.776 216.578 1.184.360 2009.02 294.881 65.200 105.010 117.247 393.823 209.242 1.185.404 2009.03 298.612 67.472 106.290 119.046 403.831 213.682 1.208.933 2009.04 295.729 69.142 106.829 119.180 409.241 213.912 1.214.033 2009.05 293.390 71.042 106.920 119.556 419.591 213.659 1.224.158 2009.06 298.246 73.821 106.255 120.497 426.461 218.199 1.243.480 2009.07 297.416 77.135 106.466 122.188 433.063 219.821 1.256.088 2009.08 296.532 79.980 108.803 124.900 438.216 225.289 1.273.720 2009.09 298.549 82.647 110.457 127.396 444.317 229.105 1.292.471 2009.10 298.932 85.207 112.873 130.623 451.616 232.179 1.311.431 2009.11 302.465 86.667 112.466 133.701 457.184 237.172 1.329.655 2009.12 304.745 91.875 112.260 136.305 462.457 245.225 1.352.867 Fonte: Elaboração própria, com base em dados do BCB.Nota: Valores deflacionados para dez/2009 pelo IGP-DI.

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80

Tabela 4a: Operações de crédito por modalidade (R$ milhões correntes) C heque especial C redito pessoal Aquis.veiculos P F C apital giro C onta garantida

2003.01 9.005 25.035 27.024 29.371 20.188 2003.02 9.115 25.497 27.093 29.116 20.797 2003.03 9.642 25.816 26.876 29.556 21.076 2003.04 10.025 26.478 26.894 29.765 21.482 2003.05 9.923 27.066 27.042 30.449 21.454 2003.06 9.803 27.174 27.136 31.046 21.558 2003.07 9.620 27.484 27.370 30.662 20.958 2003.08 9.451 27.967 27.568 31.059 21.113 2003.09 9.885 28.847 28.004 31.485 21.242 2003.10 9.955 29.579 28.589 31.991 21.385 2003.11 9.609 30.098 29.295 32.157 21.963 2003.12 8.919 30.494 29.987 32.920 21.926 2004.01 9.355 30.844 30.619 31.625 22.301 2004.02 9.704 32.002 31.287 31.172 23.244 2004.03 10.214 33.191 32.041 31.880 22.502 2004.04 10.392 34.481 32.550 32.143 23.356 2004.05 10.342 35.740 33.106 33.080 23.936 2004.06 10.423 36.715 33.591 34.286 24.331 2004.07 10.239 37.677 34.126 34.569 24.725 2004.08 10.655 38.712 34.740 35.691 24.919 2004.09 10.925 39.888 35.383 37.103 25.464 2004.10 10.726 41.353 35.573 38.153 26.034 2004.11 10.963 42.439 36.754 38.753 26.429 2004.12 9.800 43.423 38.065 40.218 25.096 2005.01 10.567 44.781 38.855 40.778 26.258 2005.02 11.071 47.218 39.340 41.799 26.884 2005.03 11.502 49.965 40.221 42.868 26.220 2005.04 11.550 52.333 40.958 43.907 27.392 2005.05 12.044 54.345 41.795 43.506 28.211 2005.06 11.790 55.426 42.723 44.489 28.379 2005.07 11.647 57.270 43.636 45.485 28.514 2005.08 12.265 59.015 45.044 46.340 27.897 2005.09 12.297 60.531 46.218 47.405 29.166 2005.10 12.509 61.650 47.406 47.895 30.121 2005.11 12.527 63.255 48.935 50.266 30.434 2005.12 10.974 63.444 50.685 51.491 29.732 2006.01 12.232 65.010 51.938 51.197 30.324 2006.02 11.790 66.658 53.154 52.415 31.295 2006.03 12.825 68.391 54.306 52.731 30.531 2006.04 12.905 70.675 55.248 53.130 31.843 2006.05 13.302 71.794 56.441 54.611 31.355 2006.06 13.223 72.973 57.141 55.853 32.551 2006.07 12.934 74.571 58.978 56.588 32.479 2006.08 13.107 75.972 60.244 56.562 31.791 2006.09 12.787 77.036 61.387 58.084 32.100 2006.10 13.368 78.151 61.522 59.719 32.551 2006.11 13.217 79.700 62.728 62.437 33.272 2006.12 11.760 79.893 63.475 67.814 32.855

F onte: E laboração própria com dados do B anco C entral do B rasil.Nota: Valores deflacionados pelo IG P -DI.

Page 81: Setor bancario

81

Tabela 4a: Operações de crédito por modalidade (R$ milhões correntes) (continuação)

C heque especial C redito pessoal Aquis.veiculos P F C apital giro C onta garantida2007.01 13.312 81.362 64.465 68.201 32.952 2007.02 13.822 83.386 65.293 69.184 34.627 2007.03 13.800 85.738 66.976 70.156 34.451 2007.04 14.255 87.661 68.285 70.406 35.328 2007.05 14.224 90.891 69.855 71.246 34.769 2007.06 13.935 91.846 71.053 73.856 35.954 2007.07 14.185 94.013 72.197 75.966 36.729 2007.08 13.856 95.599 74.187 78.940 35.748 2007.09 13.990 96.779 76.126 82.672 36.901 2007.10 14.620 98.767 78.019 85.866 36.929 2007.11 14.452 100.830 79.542 90.608 38.519 2007.12 12.985 100.928 81.481 97.428 39.135 2008.01 14.114 103.230 82.714 103.522 39.179 2008.02 14.841 107.646 83.406 106.813 40.790 2008.03 15.108 109.980 83.658 109.803 41.476 2008.04 15.522 112.717 83.852 117.388 43.157 2008.05 15.571 115.282 84.109 126.384 44.413 2008.06 15.714 116.332 83.919 133.454 46.128 2008.07 15.519 118.782 83.931 138.919 46.575 2008.08 15.461 120.476 83.554 143.077 48.587 2008.09 15.868 122.430 83.335 151.269 49.606 2008.10 17.131 126.778 85.170 158.103 49.948 2008.11 16.683 128.794 83.354 164.191 49.806 2008.12 16.040 127.933 82.433 170.089 47.511 2009.01 17.110 129.341 81.626 171.138 47.411 2009.02 17.470 131.435 81.504 173.903 48.103 2009.03 18.033 134.588 81.440 178.345 47.697 2009.04 18.053 138.731 81.235 181.087 47.911 2009.05 17.596 142.739 81.777 182.703 47.632 2009.06 17.876 145.030 83.220 185.374 46.910 2009.07 17.190 148.045 84.227 187.005 45.962 2009.08 17.509 151.247 85.325 192.660 46.455 2009.09 17.514 153.831 87.955 200.075 45.991 2009.10 17.370 157.421 90.136 204.306 46.227 2009.11 17.387 159.047 91.852 211.502 47.159 2009.12 15.787 159.924 94.133 216.525 44.932

F onte: E laboração própria com dados do B anco C entral do B rasil.Nota: Valores deflacionados pelo IG P -DI.

Page 82: Setor bancario

82

Tabela 4a: Operações de crédito por modalidade (R$ milhões dez/2009) C heque especial C redito pessoal Aquis.veiculos P F C apital giro C onta garantida

2003.01 12.972 36.063 38.928 42.308 29.081 2003.02 12.924 36.153 38.415 41.283 29.489 2003.03 13.449 36.007 37.486 41.224 29.397 2003.04 13.926 36.779 37.358 41.346 29.839 2003.05 13.877 37.850 37.816 42.580 30.002 2003.06 13.805 38.267 38.214 43.720 30.358 2003.07 13.575 38.781 38.620 43.265 29.573 2003.08 13.254 39.218 38.659 43.555 29.607 2003.09 13.718 40.033 38.864 43.695 29.479 2003.10 13.755 40.871 39.502 44.203 29.549 2003.11 13.213 41.389 40.286 44.221 30.203 2003.12 12.192 41.683 40.990 44.999 29.971 2004.01 12.686 41.827 41.522 42.886 30.242 2004.02 13.019 42.932 41.973 41.819 31.182 2004.03 13.576 44.116 42.587 42.373 29.908 2004.04 13.656 45.311 42.773 42.239 30.691 2004.05 13.394 46.288 42.876 42.844 31.001 2004.06 13.328 46.947 42.953 43.841 31.112 2004.07 12.946 47.636 43.147 43.707 31.260 2004.08 13.297 48.312 43.355 44.541 31.098 2004.09 13.569 49.540 43.944 46.080 31.625 2004.10 13.251 51.088 43.947 47.135 32.162 2004.11 13.433 52.001 45.034 47.484 32.384 2004.12 11.946 52.932 46.401 49.026 30.592 2005.01 12.839 54.408 47.208 49.544 31.903 2005.02 13.397 57.138 47.604 50.581 32.531 2005.03 13.782 59.871 48.195 51.367 31.418 2005.04 13.771 62.393 48.831 52.347 32.658 2005.05 14.396 64.957 49.956 52.001 33.719 2005.06 14.156 66.548 51.295 53.416 34.073 2005.07 14.040 69.040 52.604 54.833 34.374 2005.08 14.903 71.708 54.732 56.307 33.897 2005.09 14.961 73.647 56.233 57.677 35.486 2005.10 15.124 74.536 57.315 57.906 36.417 2005.11 15.096 76.224 58.969 60.572 36.674 2005.12 13.216 76.402 61.037 62.007 35.805 2006.01 14.625 77.727 62.098 61.212 36.256 2006.02 14.104 79.743 63.589 62.704 37.438 2006.03 15.412 82.186 65.260 63.368 36.690 2006.04 15.505 84.912 66.377 63.833 38.257 2006.05 15.922 85.934 67.557 65.366 37.530 2006.06 15.723 86.768 67.943 66.411 38.704 2006.07 15.353 88.518 70.008 67.171 38.553 2006.08 15.494 89.812 71.219 66.867 37.583 2006.09 15.080 90.853 72.397 68.502 37.858 2006.10 15.639 91.430 71.976 69.867 38.082 2006.11 15.375 92.714 72.972 72.632 38.705 2006.12 13.645 92.695 73.646 78.680 38.120

F onte: E laboração própria com dados do B anco C entral do B rasil.Nota: Valores deflacionados pelo IG P -DI.

Page 83: Setor bancario

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Tabela 4a: Operações de crédito por modalidade (R$ milhões dez/2009) (continuação)

C heque especial C redito pessoal Aquis.veiculos P F C apital giro C onta garantida2007.01 15.380 93.998 74.477 78.793 38.070 2007.02 15.931 96.113 75.259 79.743 39.913 2007.03 15.871 98.609 77.030 80.687 39.622 2007.04 16.373 100.683 78.429 80.865 40.577 2007.05 16.311 104.230 80.106 81.702 39.871 2007.06 15.938 105.051 81.269 84.474 41.123 2007.07 16.165 107.130 82.270 86.564 41.853 2007.08 15.572 107.442 83.377 88.719 40.176 2007.09 15.542 107.512 84.569 91.841 40.993 2007.10 16.121 108.908 86.029 94.683 40.720 2007.11 15.770 110.028 86.799 98.874 42.033 2007.12 13.963 108.535 87.622 104.771 42.084 2008.01 15.029 109.926 88.079 110.236 41.721 2008.02 15.744 114.196 88.480 113.311 43.272 2008.03 15.915 115.858 88.129 115.672 43.692 2008.04 16.171 117.431 87.359 122.297 44.962 2008.05 15.924 117.892 86.014 129.246 45.419 2008.06 15.771 116.758 84.226 133.943 46.296 2008.07 15.403 117.895 83.304 137.882 46.227 2008.08 15.404 120.035 83.248 142.554 48.409 2008.09 15.753 121.540 82.729 150.169 49.245 2008.10 16.822 124.497 83.638 155.258 49.049 2008.11 16.372 126.391 81.799 161.127 48.876 2008.12 15.810 126.104 81.254 167.657 46.832 2009.01 16.863 127.473 80.448 168.667 46.727 2009.02 17.239 129.700 80.428 171.607 47.468 2009.03 17.945 133.934 81.044 177.479 47.465 2009.04 17.957 137.995 80.805 180.127 47.657 2009.05 17.472 141.734 81.201 181.417 47.297 2009.06 17.806 144.464 82.895 184.651 46.727 2009.07 17.234 148.423 84.442 187.482 46.080 2009.08 17.537 151.494 85.464 192.974 46.531 2009.09 17.500 153.703 87.882 199.909 45.953 2009.10 17.363 157.355 90.098 204.219 46.208 2009.11 17.368 158.868 91.748 211.264 47.105 2009.12 15.787 159.924 94.133 216.525 44.932

F onte: E laboração própria com dados do B anco C entral do B rasil.Nota: Valores deflacionados pelo IG P -DI.

Page 84: Setor bancario

84

Tabela 5a: Operações de crédito direcionado (R$ milhões correntes) B NDE S R ural Habitação O utros* T otal

2001.06 64 582 17 611 20 164 2 883 105 240 2001.07 65 523 17 662 20 679 2 922 106 786 2001.08 68 568 18 028 20 975 2 923 110 494 2001.09 69 783 18 865 21 429 2 948 113 025 2001.10 70 092 19 661 21 662 3 004 114 419 2001.11 70 284 20 248 21 895 3 182 115 610 2001.12 70 562 19 705 22 038 3 184 115 490 2002.01 71 297 19 740 22 119 3 200 116 356 2002.02 71 922 20 449 22 084 3 204 117 659 2002.03 72 208 20 204 22 042 3 228 117 682 2002.04 72 664 20 299 22 014 3 270 118 247 2002.05 74 151 20 505 22 137 3 290 120 084 2002.06 75 171 20 509 22 189 3 313 121 182 2002.07 78 968 20 035 22 072 3 362 124 436 2002.08 79 756 20 226 22 022 3 370 125 373 2002.09 88 994 21 574 22 347 3 437 136 352 2002.10 89 838 22 709 22 377 3 223 138 147 2002.11 90 952 23 552 22 488 3 242 140 234 2002.12 93 430 24 854 22 605 3 297 144 187 2003.01 93 914 26 170 22 375 3 300 145 759 2003.02 94 552 27 009 22 491 3 348 147 400 2003.03 92 793 27 190 22 633 3 356 145 972 2003.04 89 206 27 706 22 790 3 339 143 041 2003.05 89 590 28 582 22 823 3 375 144 371 2003.06 90 375 29 766 23 215 3 404 146 760 2003.07 92 939 29 258 23 281 3 470 148 947 2003.08 92 833 29 909 23 396 3 506 149 644 2003.09 93 231 31 787 23 480 3 536 152 035 2003.10 94 203 33 373 23 551 3 593 154 720 2003.11 99 108 33 905 23 657 3 664 160 334 2003.12 100 182 34 576 23 673 4 186 162 617 2004.01 101 061 34 013 23 546 4 208 162 827 2004.02 100 083 33 994 23 370 4 288 161 735 2004.03 101 755 33 536 23 834 4 329 163 454 2004.04 103 453 34 119 24 055 4 367 165 995 2004.05 104 143 34 826 24 079 4 424 167 473 2004.06 105 623 35 815 24 165 4 565 170 168 2004.07 106 097 34 459 24 347 4 613 169 517 2004.08 106 915 35 308 24 425 4 718 171 365 2004.09 107 609 37 173 24 356 4 858 173 997 2004.10 109 035 38 529 24 453 5 012 177 029 2004.11 109 477 39 536 24 544 5 188 178 744 2004.12 110 013 40 712 24 694 5 386 180 805 2005.01 110 592 40 399 24 864 5 474 181 329 2005.02 110 809 40 081 24 966 5 557 181 413 2005.03 111 924 40 317 25 127 5 693 183 061 2005.04 111 546 40 903 25 365 5 753 183 567 2005.05 111 205 40 990 25 487 5 806 183 490 2005.06 112 396 41 005 25 833 5 810 185 044 2005.07 113 736 39 480 26 143 5 899 185 258 2005.08 115 849 38 907 26 455 6 022 187 233 2005.09 114 950 40 001 26 857 6 043 187 851 2005.10 114 898 42 095 27 224 6 030 190 247 2005.11 118 147 43 377 27 642 5 987 195 153 2005.12 124 100 45 113 28 125 5 979 203 316

F onte: B anco C entral do B rasilNota: (*) Incluem, entre outros, financiamentos do F undo C onstitucional doC entro-O este (F C O ) e créditos dos bancos de desenvolv imento e agências de fomento.

Page 85: Setor bancario

85

Tabela 5a: Operações de crédito direcionado (R$ milhões correntes) (continuação) B NDE S R ural Habitação O utros* T otal

2006.01 123 469 45 038 28 867 5 889 203 263 2006.02 122 593 45 132 29 114 5 841 202 680 2006.03 123 404 45 667 29 841 5 809 204 720 2006.04 124 235 46 229 30 384 5 791 206 639 2006.05 127 068 47 258 30 929 5 855 211 109 2006.06 127 478 47 814 31 612 5 905 212 808 2006.07 129 161 47 074 32 198 5 940 214 372 2006.08 128 741 47 622 32 695 6 061 215 118 2006.09 129 781 49 382 33 042 6 128 218 333 2006.10 130 322 51 554 33 617 6 167 221 661 2006.11 134 424 53 120 34 095 6 197 227 837 2006.12 138 984 54 376 34 479 6 420 234 258 2007.01 140 887 54 464 35 386 6 418 237 155 2007.02 140 118 54 796 35 852 6 460 237 226 2007.03 139 446 55 408 36 663 6 532 238 049 2007.04 139 795 56 006 37 314 6 621 239 736 2007.05 138 374 57 079 38 039 6 742 240 233 2007.06 139 419 57 581 38 695 6 809 242 504 2007.07 142 385 56 654 39 291 6 883 245 212 2007.08 146 867 57 567 40 106 6 958 251 498 2007.09 148 018 59 260 40 778 7 021 255 077 2007.10 152 002 61 454 41 533 7 240 262 229 2007.11 156 372 62 935 42 358 7 354 269 020 2007.12 159 974 64 270 43 583 7 336 275 162 2008.01 161 482 64 721 44 039 7 349 277 590 2008.02 161 970 65 449 44 620 7 362 279 400 2008.03 167 525 66 841 45 752 7 470 287 588 2008.04 169 977 68 396 46 876 7 555 292 805 2008.05 172 462 70 626 48 118 7 615 298 821 2008.06 174 149 72 475 49 506 7 809 303 939 2008.07 176 060 72 379 51 152 7 939 307 530 2008.08 177 768 73 082 53 020 8 068 311 938 2008.09 185 126 75 787 54 977 8 200 324 089 2008.10 194 452 77 488 56 495 8 370 336 805 2008.11 201 664 77 222 58 338 8 530 345 755 2008.12 209 259 78 304 59 714 8 840 356 117 2009.01 209 938 78 185 60 877 8 865 357 865 2009.02 212 629 78 116 62 601 8 967 362 313 2009.03 215 429 77 975 64 134 9 205 366 743 2009.04 216 451 78 494 65 741 9 396 370 082 2009.05 215 558 78 600 67 767 9 479 371 403 2009.06 221 159 76 996 70 259 9 628 378 042 2009.07 247 407 76 959 73 019 9 683 407 069 2009.08 252 924 78 779 75 876 9 847 417 426 2009.09 257 437 80 017 78 606 10 137 426 197 2009.10 262 000 82 069 81 024 10 062 435 155 2009.11 268 994 81 929 82 409 10 203 443 535 2009.12 280 286 78 713 87 375 10 673 457 046

F onte: B anco C entral do B rasilNota: (*) Incluem, entre outros, financiamentos do F undo C onstitucional doC entro-O este (F C O ) e créditos dos bancos de desenvolv imento e agências de fomento.

Page 86: Setor bancario

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Tabela 5b: Operações de crédito direcionado (R$ milhões de dez/2009) B NDE S R ural Habitação O utros* T otal

2001.06 126.645 34.534 39.542 5.653 206.374 2001.07 126.445 34.085 39.907 5.639 206.076 2001.08 131.139 34.478 40.116 5.590 211.322 2001.09 132.953 35.943 40.827 5.616 215.339 2001.10 131.639 36.925 40.683 5.641 214.889 2001.11 130.998 37.739 40.809 5.931 215.478 2001.12 131.283 36.662 41.003 5.924 214.872 2002.01 132.404 36.658 41.076 5.943 216.081 2002.02 133.320 37.907 40.936 5.939 218.102 2002.03 133.700 37.410 40.812 5.976 217.899 2002.04 133.612 37.324 40.478 6.013 217.427 2002.05 134.854 37.292 40.259 5.984 218.388 2002.06 134.376 36.662 39.665 5.922 216.626 2002.07 138.327 35.096 38.663 5.889 217.974 2002.08 136.481 34.612 37.684 5.766 214.543 2002.09 148.367 35.968 37.257 5.730 227.320 2002.10 143.719 36.329 35.798 5.156 221.002 2002.11 137.476 35.599 33.991 4.900 211.966 2002.12 137.512 36.580 33.271 4.853 212.216 2003.01 135.282 37.697 32.231 4.754 209.964 2003.02 134.065 38.296 31.890 4.747 208.998 2003.03 129.426 37.924 31.569 4.681 203.600 2003.04 123.913 38.486 31.657 4.638 198.695 2003.05 125.284 39.970 31.916 4.720 201.890 2003.06 127.269 41.917 32.692 4.794 206.672 2003.07 131.141 41.285 32.850 4.896 210.171 2003.08 130.182 41.942 32.809 4.917 209.849 2003.09 129.385 44.113 32.585 4.908 210.991 2003.10 130.165 46.114 32.541 4.964 213.783 2003.11 136.289 46.625 32.532 5.039 220.484 2003.12 136.941 47.263 32.359 5.722 222.285 2004.01 137.046 46.124 31.930 5.707 220.807 2004.02 134.266 45.605 31.352 5.753 216.975 2004.03 135.248 44.575 31.678 5.754 217.255 2004.04 135.946 44.836 31.611 5.738 218.130 2004.05 134.881 45.105 31.185 5.730 216.901 2004.06 135.058 45.796 30.899 5.837 217.591 2004.07 134.142 43.568 30.783 5.833 214.325 2004.08 133.426 44.063 30.481 5.888 213.859 2004.09 133.647 46.167 30.250 6.034 216.097 2004.10 134.701 47.599 30.209 6.192 218.702 2004.11 134.144 48.443 30.073 6.356 219.017 2004.12 134.105 49.627 30.101 6.566 220.400 2005.01 134.366 49.083 30.209 6.651 220.310 2005.02 134.088 48.501 30.210 6.724 219.524 2005.03 134.114 48.310 30.108 6.822 219.354 2005.04 132.988 48.766 30.241 6.859 218.854 2005.05 132.920 48.994 30.464 6.940 219.319 2005.06 134.950 49.233 31.017 6.975 222.175 2005.07 137.112 47.594 31.516 7.111 223.333 2005.08 140.765 47.275 32.145 7.317 227.503 2005.09 139.858 48.669 32.676 7.352 228.555 2005.10 138.914 50.893 32.915 7.290 230.012 2005.11 142.371 52.270 33.310 7.215 235.166 2005.12 149.447 54.327 33.869 7.200 244.843

F onte: B anco C entral do B rasil. Valores deflacionados pelo IG P -DI.Nota: (*) Incluem, entre outros, financiamentos do F undo C onstitucional doC entro-O este (F C O ) e créditos dos bancos de desenvolv imento e agências de fomento.

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87

Tabela 5b: Operações de crédito direcionado (R$ milhões dez/2009) (continuação) B NDE S R ural Habitação O utros* T otal

2006.01 147.622 53.848 34.514 7.041 243.025 2006.02 146.659 53.992 34.830 6.988 242.468 2006.03 148.296 54.879 35.860 6.981 246.016 2006.04 149.261 55.541 36.505 6.958 248.265 2006.05 152.094 56.565 37.020 7.008 252.687 2006.06 151.576 56.852 37.587 7.021 253.037 2006.07 153.317 55.877 38.219 7.051 254.464 2006.08 152.194 56.297 38.651 7.165 254.308 2006.09 153.058 58.240 38.968 7.227 257.493 2006.10 152.467 60.315 39.330 7.215 259.327 2006.11 156.375 61.794 39.663 7.209 265.041 2006.12 161.254 63.089 40.004 7.449 271.795 2007.01 162.767 62.922 40.881 7.415 273.986 2007.02 161.504 63.159 41.324 7.446 273.432 2007.03 160.378 63.725 42.167 7.512 273.783 2007.04 160.562 64.325 42.857 7.605 275.349 2007.05 158.681 65.455 43.621 7.732 275.489 2007.06 159.463 65.860 44.258 7.787 277.368 2007.07 162.250 64.558 44.773 7.843 279.424 2007.08 165.060 64.698 45.074 7.820 282.651 2007.09 164.434 65.832 45.300 7.800 283.367 2007.10 167.609 67.764 45.798 7.984 289.155 2007.11 170.638 68.676 46.222 8.025 293.562 2007.12 172.030 69.114 46.867 7.889 295.900 2008.01 171.956 68.919 46.896 7.825 295.595 2008.02 171.824 69.431 47.335 7.809 296.399 2008.03 176.479 70.413 48.197 7.870 302.959 2008.04 177.086 71.256 48.837 7.871 305.050 2008.05 176.367 72.225 49.208 7.788 305.588 2008.06 174.787 72.740 49.687 7.837 305.051 2008.07 174.745 71.838 50.770 7.880 305.233 2008.08 177.118 72.815 52.826 8.039 310.797 2008.09 183.779 75.235 54.577 8.140 321.731 2008.10 190.953 76.094 55.478 8.220 330.745 2008.11 197.901 75.782 57.250 8.370 339.303 2008.12 206.267 77.185 58.861 8.713 351.026 2009.01 206.907 77.056 59.998 8.737 352.697 2009.02 209.822 77.085 61.774 8.849 357.530 2009.03 214.382 77.596 63.823 9.160 364.960 2009.04 215.304 78.078 65.393 9.346 368.120 2009.05 214.041 78.046 67.290 9.412 368.789 2009.06 220.297 76.696 69.985 9.590 376.569 2009.07 248.039 77.155 73.206 9.708 408.107 2009.08 253.337 78.908 76.000 9.863 418.107 2009.09 257.224 79.951 78.541 10.129 425.844 2009.10 261.890 82.035 80.990 10.058 434.972 2009.11 268.691 81.837 82.316 10.191 443.035 2009.12 280.286 78.713 87.375 10.673 457.046

F onte: B anco C entral do B rasil. Valores deflacionados pelo IG P -DI.Nota: (*) Incluem, entre outros, financiamentos do F undo C onstitucional doC entro-O este (F C O ) e créditos dos bancos de desenvolv imento e agências de fomento.

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Tabela A6: Deflator de preços (IGP-DI) Mês/ano IGP-DI Divide por Multiplica por2000.01 178,454 0,44792 2,232552000.02 178,800 0,44879 2,228232000.03 179,128 0,44961 2,224152000.04 179,357 0,45019 2,221312000.05 180,563 0,45321 2,206472000.06 182,236 0,45741 2,186212000.07 186,353 0,46775 2,137922000.08 189,746 0,47626 2,099692000.09 191,049 0,47953 2,085372000.10 191,763 0,48132 2,077602000.11 192,506 0,48319 2,069582000.12 193,970 0,48686 2,053962001.01 194,920 0,48925 2,043952001.02 195,580 0,49091 2,037052001.03 197,151 0,49485 2,020822001.04 199,374 0,50043 1,998292001.05 200,251 0,50263 1,989542001.06 203,167 0,50995 1,960982001.07 206,450 0,51819 1,929802001.08 208,315 0,52287 1,912522001.09 209,111 0,52487 1,905242001.10 212,135 0,53246 1,878082001.11 213,756 0,53653 1,863842001.12 214,137 0,53748 1,860522002.01 214,535 0,53848 1,857072002.02 214,927 0,53947 1,853692002.03 215,170 0,54008 1,851592002.04 216,673 0,54385 1,838752002.05 219,070 0,54986 1,818632002.06 222,872 0,55941 1,787602002.07 227,441 0,57088 1,751692002.08 232,818 0,58437 1,711242002.09 238,973 0,59982 1,667162002.10 249,042 0,62509 1,599762002.11 263,580 0,66158 1,511522002.12 270,692 0,67944 1,471812003.01 276,578 0,69421 1,440492003.02 280,984 0,70527 1,417902003.03 285,640 0,71696 1,394792003.04 286,815 0,71990 1,389072003.05 284,900 0,71510 1,398412003.06 282,913 0,71011 1,408232003.07 282,349 0,70869 1,411042003.08 284,105 0,71310 1,402322003.09 287,081 0,72057 1,387792003.10 288,337 0,72372 1,381742003.11 289,718 0,72719 1,375152003.12 291,462 0,73157 1,366932004.01 293,793 0,73742 1,356082004.02 296,976 0,74541 1,341552004.03 299,746 0,75236 1,329152004.04 303,184 0,76099 1,314082004.05 307,616 0,77211 1,295142004.06 311,576 0,78205 1,278682004.07 315,113 0,79093 1,264332004.08 319,244 0,80130 1,247972004.09 320,788 0,80518 1,241962004.10 322,492 0,80945 1,235402004.11 325,148 0,81612 1,225312004.12 326,833 0,82035 1,21899

Fonte: IPEADATA. Elaboração própria.

Page 89: Setor bancario

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Tabela A6: Deflator de preços (IGP-DI) – continuação Mês/ano IGP-DI Divide por Multiplica por2005.01 327,915 0,82307 1,214972005.02 329,241 0,82639 1,210082005.03 332,490 0,83455 1,198252005.04 334,170 0,83877 1,192232005.05 333,321 0,83663 1,195272005.06 331,823 0,83287 1,200662005.07 330,484 0,82951 1,205532005.08 327,887 0,82300 1,215072005.09 327,454 0,82191 1,216682005.10 329,529 0,82712 1,209022005.11 330,619 0,82985 1,205032005.12 330,835 0,83039 1,204252006.01 333,222 0,83639 1,195622006.02 333,030 0,83590 1,196312006.03 331,531 0,83214 1,201722006.04 331,607 0,83233 1,201442006.05 332,851 0,83545 1,196952006.06 335,067 0,84102 1,189042006.07 335,637 0,84245 1,187022006.08 337,011 0,84590 1,182182006.09 337,817 0,84792 1,179362006.10 340,541 0,85476 1,169922006.11 342,482 0,85963 1,163292006.12 343,384 0,86189 1,160242007.01 344,850 0,86557 1,155312007.02 345,652 0,86759 1,152622007.03 346,407 0,86948 1,150112007.04 346,878 0,87066 1,148552007.05 347,421 0,87203 1,146762007.06 348,328 0,87430 1,143772007.07 349,628 0,87756 1,139522007.08 354,495 0,88978 1,123872007.09 358,633 0,90017 1,110902007.10 361,308 0,90688 1,102682007.11 365,100 0,91640 1,091232007.12 370,485 0,92992 1,075372008.01 374,139 0,93909 1,064862008.02 375,558 0,94265 1,060842008.03 378,194 0,94927 1,053452008.04 382,414 0,95986 1,041822008.05 389,585 0,97786 1,022642008.06 396,954 0,99635 1,003662008.07 401,406 1,00753 0,992532008.08 399,870 1,00367 0,996342008.09 401,327 1,00733 0,992722008.10 405,707 1,01832 0,982012008.11 405,982 1,01901 0,981342008.12 404,185 1,01450 0,985702009.01 404,244 1,01465 0,985562009.02 403,737 1,01338 0,986802009.03 400,353 1,00488 0,995142009.04 400,530 1,00533 0,994702009.05 401,232 1,00709 0,992962009.06 399,966 1,00391 0,996102009.07 397,393 0,99745 1,002552009.08 397,758 0,99837 1,001632009.09 398,738 1,00083 0,999172009.10 398,575 1,00042 0,999582009.11 398,857 1,00113 0,998872009.12 398,407 1,00000 1,00000

Fonte: IPEADATA. Elaboração própria.

Page 90: Setor bancario

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Tabela A7: Evolução dos Ativos do Setor Bancário Brasileiro

Código de

Controle Instituição 1995 1996 1997 1998

1 Público Federal 169.107.847,00 184.743.578,00 285.548.030,00 277.991.354,00 2 Público Estadual 98.803.342,00 110.311.181,00 57.126.834,00 44.360.578,00 3 Privado Nacional 122.041.144,00 165.250.867,00 190.034.563,00 182.312.242,00 4 Privado Controle Estrangeiro 33.487.363,00 44.714.675,00 89.242.802,00 114.153.918,00 5 Privado Participação Estrangeira 39.486.286,00 45.264.394,00 64.225.382,00 52.975.281,00 Total 462.925.982,00 550.284.695,00 686.177.611,00 671.793.373,00

Código de

Controle Instituição 1999 2000 2001 2002

1 Público Federal 290.211.772,00 280.230.015,00 284.570.175,00 352.482.498,00 2 Público Estadual 33.643.869,00 30.857.028,00 35.768.438,00 44.864.474,00 3 Privado Nacional 182.920.468,00 227.623.425,00 272.367.608,00 320.670.639,00 4 Privado Controle Estrangeiro 163.844.688,00 208.199.076,00 249.637.367,00 258.618.083,00 5 Privado Participação Estrangeira 54.602.684,00 68.803.794,00 75.387.438,00 76.173.355,00 Total 725.223.481,00 815.713.338,00 917.731.026,00 1.052.809.049,00

Código de

Controle Instituição 2003 2004 2005 2006

1 Público Federal 402.455.511,00 407.956.885,00 463.744.115,00 527.985.350,00 2 Público Estadual 45.223.273,00 50.324.604,00 56.481.569,00 65.873.519,00 3 Privado Nacional 383.928.206,00 423.380.661,00 489.869.788,00 633.603.608,00 4 Privado Controle Estrangeiro 228.310.230,00 260.953.826,00 314.198.774,00 401.606.591,00 5 Privado Participação Estrangeira 70.356.850,00 81.399.723,00 105.318.861,00 97.785.134,00 Total 1.130.274.070,00 1.224.015.699,00 1.429.613.107,00 1.726.854.202,00

Código de

Controle Instituição 2007 2008 2009 2010

1 Público Federal 633.253.710,00 826.972.983,00 930.564.057,00 - 2 Público Estadual 83.040.456,00 97.368.138,00 48.134.147,00 - 3 Privado Nacional 846.215.569,00 1.305.243.571,00 1.299.538.218,00 - 4 Privado Controle Estrangeiro 535.030.768,00 653.237.132,00 617.874.344,00 - 5 Privado Participação Estrangeira 147.952.401,00 213.297,00 193.202,00 - Total 2.245.492.904,00 2.883.035.121,00 2.896.303.968,00 -

Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração Própria