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Seu último dia todos os dias CESAR DUQUE

Seu último dia todos os dias

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Livro de Cesar Quque

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Seu último diatodos os dias

C E S A R D U Q U E

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Seu último diatodos os dias

C E S A R D U Q U E

São Paulo/2009

Esta obra é uma publicação da

Editora Livronovo Ltda.CNPJ 10.519.646/0001-33www.livronovo.com.br© 2009. São Paulo, SP

Editores-responsáveis:Fabio Aguiar do NascimentoZeca MartinsProjeto gráfico ediagramação:Equipe Livro NovoCapa:Estúdio Making OfRevisão:Zeca Martins

Ao adquirir um livro você está remunerando o trabalho de escrtores, diagra-madores, ilustradores, revisores, livreiros e mais uma série de profissionais responsáveis por transformar boas idéias em realidade e trazê-las até você.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser copiada ou reproduzida por qualquer meio impresso, eletrônico ou que venha a ser criado, sem o prévio e expresso consentimento dos editores.

Impresso no Brasil. Printed in Brazil.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

D949s Duque, Cesar Seu último dia todos os dias / Cesar Duque. - São Paulo : Livronovo, 2009. ISBN 978-85-62426-02-5 1. Técnicas de auto-ajuda. I. Título.

09-2868. CDD: 158.1 CDU: 159.947

16.06.09 18.06.09 013237

Existem muitas definições sobre o amor.

A mais bonita que eu conheço é a minha mulher.

Se hoje fosse o seu último dia de vida, o que gostaria de fazer? Imaginando que você não possa pedir sua vida de volta, qual seria seu último pe-dido?

Não há como obter uma resposta padrão. A maioria das pessoas, um dia, já se defrontou com esse tipo de pensamento e, provavelmente, não conseguiu a resposta adequada. Uns podem que-rer ver a família – mãe, pai, irmãos, marido, espo-sa, filhos. – Outros talvez desejem rever os amigos. Quem sabe, fazer a última viagem, caso ela possa ser feita em um único dia. Ainda existirão os que queiram festejar, gastar todas as economias guar-dadas com os árduos anos de trabalho. Um jovem pode desejar passar o último dia com a namorada, ou pode querer ver o último jogo de futebol. Uma gestante escolherá dar à luz, mesmo que o filho não esteja na época de nascer. Outro alguém pode

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optar por rezar e passar o último dia na presença de Deus.

A lista é enorme, na verdade, infinita. Finita se-ria só se cada ser humano do nosso planeta tivesse apenas um único pedido, mas isso não seria pos-sível, um sem-número de pessoas desejaria muito mais do que uma só escolha para o seu último dia. Logo, isso nos leva a outra pergunta: E se você ti-vesse – não o último dia – mas os últimos? A es-colha seria mais fácil, evidentemente. Não menos inusitada, eu sei. Ninguém, afinal, quer viver sa-bendo que lhe restam somente dias. A verdade, to-davia, é que existe um fator extremamente positivo ao se considerar tal possibilidade. Se você sabe ou imagina que pode não estar mais aqui amanhã, vai querer viver mais.

Eu, ao me deparar com a possibilidade de viver apenas alguns dias ou meses, levei um choque. E foi algo tão poderoso que me fez repensar a vida. Me fez querer viver o último dia, todos os dias.

E é esta experiência que quero dividir com você.

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1. O último dia.

A primeira coisa importante que você não deve esquecer é: o último dia acontece todos os dias.

Por isso mesmo, ao acordar, imagine-se no úl-timo dia e escolha o que fazer para viver um dia perfeito. No seu último dia você escolheria ficar mal humorado? Escolheria brigar com seus filhos, sua família? Escolheria enganar alguém? Jamais saberei o que você escolheria, mas posso dizer-lhe o que eu escolhi. Eu escolhi o amor. E não foi uma escolha fácil. Afinal, quando se deseja o amor, de-seja-se uma porção de outras coisas que existem por conta do amor. Além disso, o processo foi bas-tante doloroso porque eu me deparei com a pos-sibilidade de ter alguma doença terminal, mesmo não tendo.

A mente cansada, não raro, vive pregando pe-ças na gente. E minha mente estressada me fez fi-car em pânico. O pânico se alastrou porque além

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de me imaginar doente, imaginei que poderia pas-sar a minha doença para a minha mulher. Então, prometi a mim e a Deus que, se eu não estivesse doente, mudaria algumas coisas nos meus dias. A primeira seria dizer para a minha mulher, todos os dias, o quanto a amava.

Mas para você compartilhar parte deste meu sentimento, ainda que pela leitura, é preciso que conheça um pouquinho da nossa história.

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2. O nascimento do amor.

Nos conhecemos ainda jovens. Eu, adoles-cente. Ela, idem. Mas já portava traços de uma mulher adulta, imperfeita para alguns, mas per-feita para mim. Nosso encontro não foi nenhum acontecimento cinematográfico, longe disso. Foi até forçado, tenho que confessar. E um tanto ou-sado. O encontro foi marcado por conta de meu pai que, na época, trabalhava no mesmo lugar que ela. Certo dia, os dois conversavam e meu pai co-mentou que tinha dois filhos. Um loiro, eu, e um moreno. Por alguma razão, a conversa terminou com meu pai marcando um encontro para o filho moreno. Chegou em casa, falou da moça e disse ao meu irmão que bastava ele ir encontrá-la. Ele não foi. Me candidatei. O que eu tinha a perder, afinal? Ao chegar, com uma hora de atraso, a surpresa. Uma surpresa boa para mim, pois ela era bonita e, ao que parecia, paciente por ainda estar me espe-

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rando. Para ela, a surpresa não foi nada positiva, sei disso. Primeiro, eu não era o moreno. Segundo, eu não era nada bonito. O que salvou o encontro foi a boa conversa que tivemos no caminho para casa, feito a pé.

Depois desse primeiro encontro, imaginei que não fossem existir outros, embora houvéssemos combinado tudo antes de nos despedirmos. Para a minha felicidade, ela me procurou e nos encon-tramos na semana seguinte. Depois na outra, e na outra. Foram, ao total, cinco encontros. Tempo su-ficiente para eu me apaixonar, e ela se dar conta de que eu não era o homem da sua vida. Não naquela época, pelo menos.

No último encontro, contou-me que iria embo-ra para outra cidade. Estava chateada, claro, mas não lhe desabaria o mundo. Eu era apenas o bom amigo. E amigos são assim mesmo, chegam e se vão com bastante frequência. Possivelmente por receio de me machucar, ela não terminou nosso pequeno e rápido relacionamento que, para mim, era namoro. Talvez já soubesse que, indo para tão longe, o relacionamento não durasse muito. E, de fato, não durou. Nos correspondemos por carta – na época não havia computadores pessoais, e-mails, orkut, nada disso – por cerca de uns dois ou

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três meses até que ela, finalmente, encontrou cora-gem para colocar o ponto final na história mal co-meçada. A carta era clara: estava tudo terminado!

Meu primeiro pensamento foi: “Se quer termi-nar mesmo, que diga olhando nos meus olhos”. Na semana seguinte, fui ao seu encontro, a quase 900 km de distância. E cheguei de surpresa, sem avisar. Talvez eu tenha sido inconsequente, imaturo, não importa. O importante é saber que, caso fosse pre-ciso, eu hoje faria tudo de novo.

Voltando àquela época, relembro que o encon-tro foi um susto para ela. Não me esperava e, ali, frente a frente, não sabia como me dizer não. Fi-quei uma semana na cidade, com o apoio da mi-nha querida cunhada. No último dia, como espe-rado, finalmente eu ouvi o não, dito olho no olho. E parti com o coração mais partido ainda.

Durante um ano, esperei e imaginei na minha mente apaixonada que ela pudesse se arrepender, voltar, me procurar. Nada. Restou-me seguir a vida. O certo seria esquecer e encontrar um novo amor. Tive algumas tentativas, é verdade. Nenhuma de-las, entretanto, fez o meu coração bater diferen-te. E a confirmação de que o amor estava apenas descansando, lá no fundo, deu-se dois anos depois. Recebi uma ligação.

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– Sabe quem está falando?Meu coração pulou. Minhas pernas tremeram.

Consegui responder:– Claro que sei.Depois desse telefonema, voltamos a nos falar,

escrever, e finalmente nos ver. Continuávamos longe um do outro, mas não tanto. Ela estava em outra cidade, 400 km de distância. Quando fui encontrá-la, depois de tanto tempo, ela foi muito honesta. Disse:

– Não te amo. Mas quero tentar gostar de quem gosta de mim!

É, a primeira viagem que eu havia feito dois anos antes para escutar o não, parecia ter surtido efeito. Serviu, ao menos, para eu não ser esquecido.

Depois desse dia – lá se vão mais de 22 anos – nos tornamos um casal perfeito. Com o tempo, minha mulher deixou seu coração se abrir para mim.

Engana-se aquele que esteja pensando que ela foi, por assim dizer, a vilã do começo da história. Só não teve um amor à primeira vista. Mas teve, observe, toda a iniciativa necessária para estarmos juntos até hoje. Primeiro: me convidou para sair, depois daquele primeiro encontro inesperado. Se-gundo: me procurou novamente, ainda que dois

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anos depois. Terceiro: perdoou-me de um grande erro que cometi certa vez, demonstrando o quanto afinal me amava. Não fosse por ela, eu não teria tido a felicidade de viver todos os dias ao seu lado, mes-mo nas horas mais difíceis. Quando descobri que poderia estar doente, que poderia deixá-la também doente, minha vida mudou mais uma vez.

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3. A doença.

Não estou doente. Não sou como o fantástico Randy Pausch, autor do livro A Lição Final que, ao saber que 10 tumores em seu fígado lhe tirariam a vida em poucos meses, fez uma palestra falando sobre o quanto é bom viver e ter sonhos. Em seu livro, ele conta como consegue (ou conseguiu) vi-ver cada dia como se fosse o último. Com alegria, força e, acima de tudo, amor. Também estou lon-ge de ser como o professor de A última grande lição – o sentido da vida, livro onde o autor Mitch Albom recebe os ensinamentos de Morrie Schwartz, um antigo professor que consegue ensinar a beleza da vida enquanto seu corpo vai sendo paralisado e sua vida sendo vencida pela morte. Além de não estar doente, não estou em situação dolorosa, de-sesperadora e fatal que muitos se encontram. Por isso mesmo, peço humildes desculpas a esses por eu enxergar o meu drama com a importância que

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ele não merece. Mas, como diria meu avô, cada problema tem o tamanho que achamos que tem. O que pode ser uma grande coisa para uns, para outros pode não ser nada.

De qualquer modo, não pretendo colocar em discussão o tamanho dos problemas. Quero, isso sim, dizer que sou uma pessoa comum, como tan-tas. Tenho disposição, capacidade e me levanto todos os dias para uma longa e pesada jornada de trabalho. Ainda assim, achei que estava doen-te. E escrevo este livro porque imagino que você, um dia, também pode ter passado ou possa passar pelo que passei. A intenção é que minha experiên-cia lhe ajude a compreender as pequenas coisas da vida como sendo as mais valiosas.

Comecei a achar que estava doente cinco meses antes de descobrir que não tinha nada.

Em razão de um problema intestinal, fiquei muito preocupado. A minha mente, de repente, começou a me pregar peças. Eu, então, achei que estava com uma doença grave, câncer no intestino. Ao descobrir, alguns meses depois, que não tinha nada sério, fiquei mais tranquilo. Uns dois meses depois, contudo, peguei uma infecção alimentar, o que me deixou fora de combate por dois dias e fez minha mente mergulhar novamente no fato de

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eu estar doente. Desta vez, porém, já não pensa-va no câncer com tanta intensidade. Meu cérebro foi bombardeado, sem razão aparente, por outra doença assustadora para mim, a AIDS. Entrei em pânico. Seria eu soropositivo? E se estivesse com AIDS, teria eu contaminado a minha mulher? Concluí que, caso a tivesse contaminado, seria, além de um doente, um assassino! Isso inseriu-me numa possibilidade realmente assustadora. Conto com essa ênfase para que seja possível perceber o quanto a mente estressada pode fazer conosco. Até porque, afora o estresse, não havia razão lógica para o meu temor quanto a AIDS. Explico: não sou promíscuo. Não sou bissexual. Não tenho rela-ções extra-conjugais. Não tenho o hábito de alguns homens casados, que é o de sair com prostitutas. Não sou hemofílico. Enfim, não me enquadro no grupo de riscos. Por que eu estaria com AIDS en-tão? Imaginei inúmeras possibilidades. 1) Podemos carregar o vírus por muitos anos, 10, 15 anos até que ele se manifeste. 2) Já havia passado, no decor-rer da minha vida, por quatro situações cirúrgicas. Logo, estive em ambiente onde houve manipula-ção de instrumentos, agulhas, sangue. Tudo com profissionalismo e cuidado extremo dos médicos e envolvidos, claro. Mesmo assim, me preocupei.

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3) Perdi a conta de quantos exames de sangue já fiz na vida. Não me recordo se todas as agulhas eram descartáveis. Há 20, 15 anos, afinal, nem to-dos ainda seguiam as regras. 4) Já fiz tatuagem sem a menor segurança, ainda garoto, é verdade, mas serviu para me preocupar. 5) A falta de informação precisa sobre a transmissão do vírus me perturbou. Será que os médicos e o governo nos contam tudo? Delírios de minha mente imaginaram que não. Fo-ram inúmeros questionamentos que, cada vez que eu pensava, mais e mais tinha a certeza de que poderia estar doente. Depois de dias de angústia – dias em que me esforcei para não transparecer preocupação à minha mulher, a fim de não assus-tá-la – fui ao médico.

Além de ouvir de novo que a desordem intes-tinal não passava de uma simples intolerância a lactose, eliminando a possibilidade do câncer, fiz todos os exames solicitados, inclusive o exame de HIV. O médico, vale ressaltar, foi mais paciente do que eu mesmo, o paciente. Antes dos exames, des-crevi-lhe todos os meus receios, o medo do câncer no intestino e o medo da AIDS. Percebi, num dos momentos, que talvez ele fosse me indicar um psi-cólogo, algo assim. Me fez uma série de perguntas e, sobre o exame de AIDS, ressaltou:

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– Vou pedir o exame para você ficar mais tran-quilo. Mas saiba, a possibilidade de você estar com AIDS é a mesma que uma mulher teria de ficar grávida só por se sentar num assento de banheiro público.

Mesmo com as palavras diretas e seguras do médico, inclusive sobre a correta informação pú-blica sobre a doença, não fiquei tranquilo.

Os dias – desde que me achei doente até o dia em que obtive os resultados – foram de angústia, ansiedade, dor no peito, depressão disfarçada, cho-ro incontido, tudo o que se possa imaginar. Por ou-tro lado, foram dias em que me fizeram perceber coisas que esquecemos. A principal foi: o último dia acontece todos os dias.

Assim, falando comigo mesmo e com Deus, prometi várias coisas, caso não estivesse doente. Foram muitas as promessas. Nenhuma, e preste atenção nisso, nenhuma promessa que fiz foi de sofrimento e martírio. Para você fazer grandes pro-messas, acredito, não há a necessidade de passar por grandes sofrimentos. Prometer, por exemplo, amar e fazer o bem acima de tudo é, muitas vezes, mais difícil do que caminhar quilômetros de joe-lho. Por que? Simples: uma promessa que envolve sofrimento e superação física você a cumpre uma

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vez. A promessa do amor, de fazer o bem, de ser justo, honesto, tolerante e feliz, é preciso ser cum-prida todos os dias, a vida toda. O que lhe parece mais difícil?

Assim sendo, minhas promessas foram:

1- Demonstrar o amor todos os dias;2- Ser mais tolerante;3- Manter o bom humor;4- Não brigar;5- Aceitar as pessoas como elas são;6- Ajudar mais a família;7- Dar sem receber;8- Ser menos egoísta;9- Conservar os amigos;10- Ser mais otimista;11- Ser mais compreensivo;12- Manter os sonhos;13- Manter a disposição;14- Ser mais perseverante;15- Não ser arrogante;16- Ter fé.

Como você pode observar, em todas essas pro-messas está embutida a palavra fundamental: amor. Amor ao próximo, à família. Amor próprio; amor

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a Deus. E, claro, amor pela vida.As promessas não vieram sem antes pedir a pro-

teção divina. Rezei para Deus entrar em meu cor-po e me proteger. Pela fé e também pela ciência, os exames revelaram que eu estava bem. Não havia doença. Minto, havia o estresse, responsável por desencadear uma série de reações físicas e psíqui-cas capazes de nos deixar, sim, gravemente enfer-mos. Para este mal, fui devidamente orientado.

Ao saber dos resultados dos exames, chorei. Agradeci. E fiz, então, a promessa de viver o últi-mo dia, todos os dias, obedecendo a minha relação já citada.

Uma das melhores coisas que descobri depois, é que não precisamos estar doente para nos prome-ter belos últimos dias a vida inteira.

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O que você pediria no último dia da sua vida? E nos últimos? Este livro mostra a escolha do autor frente à

possibilidade de seus últimos dias. Uma escolha fácil, a princípio, mas que traz consigo uma série de outras bem difíceis, pois o autor não escolheu viajar, fazer uma grande festa, ter muito

dinheiro, nada disso. Escolheu, para os seus últimos dias, todos os dias, amar. Escolheu dizer “Eu te amo” todos os dias para

sua mulher. Para isso, fez uma promessa que resgata valores do nosso dia-a-dia que sempre estiveram presentes, mas que, não

raro, esquecemos de dar a devida importância a eles. E como você verá, são esses valores que tornam

o amor maior, dia após dia.O livro é uma conversa deliciosa que nos coloca em lugares

que nunca deveríamos deixar de estar.

D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S D

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