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INSTRUÇÃO PÚBLICA E MODERNIDADE EM MATO GROSSO: DO IDEALIZADO AO REAL Elizabeth Madureira Siqueira 1 A Modernidade, anunciadora de um novo paradigma, foi capaz de operar profundas alterações no cenário mundial durante todo o século XIX. No campo educacional brasileiro, sua influência foi profunda, determinando não só o nascimento da escola pública, mas esquadrinhando novos parâmetros de tempo e de espaço escolares, revestidos de um rígido sistema hierárquico e extremamente vigilante, onde o quê , como e quando ensinar deixaram de ser atribuição dos professores, estando predeterminados nos Regulamentos e Regimentos da Instrução Pública e indicados nos compêndios didáticos. Nesse movimento, que tinha como direção o progresso, a escola deixará de gozar do espaço privado que até então usufruía, tornando-se majoritariamente pública, local para onde deveria teoricamente convergir toda população analfabeta, a fim de receber as “luzes” da civilização. O cenário social, que extrapolava o interior das camadas mais elevadas, não se colocou pacífica frente ao projeto autoritário, mas reagiu a ele de forma muitas vezes sutis e silenciosas. Nessa medida, o sistema escolar revestiu-se de uma organização que tinha em sua base – primário elementar – o lugar onde o discurso liberal mais amplamente se realizava; de outro, os níveis ascendentes, estavam destinados às crianças egressas das camadas socialmente mais elevadas e espaço de garantia de sucessores na condução do projeto. O estudo do sistema educacional no Império brasileiro corresponde a um salutar exercício de compreensão da organização da sociedade nacional – plural culturalmente, desigual socialmente e, portanto, heterogênea em pensamento e ação. No interior da escola, a realização da tão desejada homogeneidade; na rua, o espaço de expressão e repressão da pluralidade. A dinâmica da instrução no Império brasileiro integra o vigoroso movimento em direção ao processo de constituição do Estado Nacional e de um “povo” que pudesse bem representá-lo. A escola, locus de formação do futuro cidadão, tornou-se o grande laboratório onde se expressou, de forma clara e transparente, o ideário das elites dirigentes na realização de um único projeto para o Brasil moderno. Essas transformações podem ser apreciadas em todas as províncias do Império, e tinham na Corte o local onde se expressaram em primeira mão. A dinâmica da instrução pública em Mato Grosso será, nesse artigo, tomada como exemplar, uma vez que ali os pressupostos modernos adentraram com vigor e adquiriram, no cenário do sertão, conotações mais intensas, visto ser a região oeste do Império estigmatizada no interior do ideário das elites dirigentes como território da barbárie. Até 1870, o sistema público escolar mato-grossense caminhava a passos lentos, tendo por base dois Regulamentos da Instrução: o de 1837 e o de 1854, ambos bastante genéricos e imprecisos no tocante à intervenção direta do Estado no comando da instrução pública. Vale lembrar que até esse período o grupo dos bacharéis manteve o comando das principais transformações, tendo sido ele engrossado, a partir dos 70, por uma nova geração chamada de cientistas. Esse grupo emergente manterá a hegemonia no comando das questões fundamentais, sendo que a expansão de suas diretrizes basilares eram disseminadas pelas diversas unidades constitutivas do Império através das figuras dos Presidentes de Província. 1 - Profª Drª da Universidade Federal de Mato Grosso – Instituto de Educação – Graduação e Pós-graduação.

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  • INSTRUO PBLICA E MODERNIDADE EM MATO GROSSO: DO IDEALIZADO AO REAL

    Elizabeth Madureira Siqueira1 A Modernidade, anunciadora de um novo paradigma, foi capaz de operar profundas

    alteraes no cenrio mundial durante todo o sculo XIX. No campo educacional brasileiro, sua influncia foi profunda, determinando no s o nascimento da escola pblica, mas esquadrinhando novos parmetros de tempo e de espao escolares, revestidos de um rgido sistema hierrquico e extremamente vigilante, onde o qu, como e quando ensinar deixaram de ser atribuio dos professores, estando predeterminados nos Regulamentos e Regimentos da Instruo Pblica e indicados nos compndios didticos. Nesse movimento, que tinha como direo o progresso, a escola deixar de gozar do espao privado que at ento usufrua, tornando-se majoritariamente pblica, local para onde deveria teoricamente convergir toda populao analfabeta, a fim de receber as luzes da civilizao. O cenrio social, que extrapolava o interior das camadas mais elevadas, no se colocou pacfica frente ao projeto autoritrio, mas reagiu a ele de forma muitas vezes sutis e silenciosas.

    Nessa medida, o sistema escolar revestiu-se de uma organizao que tinha em sua base primrio elementar o lugar onde o discurso liberal mais amplamente se realizava; de outro, os nveis ascendentes, estavam destinados s crianas egressas das camadas socialmente mais elevadas e espao de garantia de sucessores na conduo do projeto. O estudo do sistema educacional no Imprio brasileiro corresponde a um salutar exerccio de compreenso da organizao da sociedade nacional plural culturalmente, desigual socialmente e, portanto, heterognea em pensamento e ao. No interior da escola, a realizao da to desejada homogeneidade; na rua, o espao de expresso e represso da pluralidade.

    A dinmica da instruo no Imprio brasileiro integra o vigoroso movimento em direo ao processo de constituio do Estado Nacional e de um povo que pudesse bem represent-lo. A escola, locus de formao do futuro cidado, tornou-se o grande laboratrio onde se expressou, de forma clara e transparente, o iderio das elites dirigentes na realizao de um nico projeto para o Brasil moderno.

    Essas transformaes podem ser apreciadas em todas as provncias do Imprio, e tinham na Corte o local onde se expressaram em primeira mo. A dinmica da instruo pblica em Mato Grosso ser, nesse artigo, tomada como exemplar, uma vez que ali os pressupostos modernos adentraram com vigor e adquiriram, no cenrio do serto, conotaes mais intensas, visto ser a regio oeste do Imprio estigmatizada no interior do iderio das elites dirigentes como territrio da barbrie.

    At 1870, o sistema pblico escolar mato-grossense caminhava a passos lentos, tendo por base dois Regulamentos da Instruo: o de 1837 e o de 1854, ambos bastante genricos e imprecisos no tocante interveno direta do Estado no comando da instruo pblica. Vale lembrar que at esse perodo o grupo dos bacharis manteve o comando das principais transformaes, tendo sido ele engrossado, a partir dos 70, por uma nova gerao chamada de cientistas. Esse grupo emergente manter a hegemonia no comando das questes fundamentais, sendo que a expanso de suas diretrizes basilares eram disseminadas pelas diversas unidades constitutivas do Imprio atravs das figuras dos Presidentes de Provncia.

    1 - Prof Dr da Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Educao Graduao e Ps-graduao.

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    Muitos aspectos poderiam ser abordados no interior da relao entre Educao e Modernidade, porm proponho-me a discutir dois deles: o tempo e do espao.

    O tempo anterior ao advento da Modernidade mantinha uma estreita relao com o aquele natural, onde as atividades humanas eram realizadas a partir de indicadores retirados da natureza: estaes, sol, lua e chuvas. A Modernidade operou uma profunda alterao com a introduo do tempo cronolgico, aquele determinado pelos ponteiros do relgio, parmetro homogeneizador e avaliador das atividades humanas. Com o advento desse novo tempo, precioso, uma vez medida de valor, perder tempo era smbolo de cio, sendo que o trabalho disciplinado, incessante e laborioso determinaria a qualificao do tempo como produtivo. Essa concepo adentrou ao seio do sistema escolar de forma to intensa que terminou por alterar antigas prticas pedaggicas. Tomemos o caso de Mato Grosso como ilustrativo. Foi a partir de 1872/73 que essa nova maneira de se pensar o tempo se fez presente no sistema escolar, permeando o interior das escolas e modificando, sobremaneira, o seu fazer cotidiano. A estruturao e a conduo do moderno sistema escolar objetivou fornecer, de forma rpida, conhecimentos bsicos e elementares maioria da populao, at ento analfabeta. Nessa medida, a escola deixou de ser um espao ocupado o dia todo por um nico conjunto de escolares, passando a ser melhor aproveitado, de forma que um mesmo imvel pudesse ser palco da realizao do trabalho pedaggico triplo turno: matutino, vespertino e at noturno. As classes poderiam ser compostas por um nmero de crianas, mximo, de 100.

    Para resolver tal impasse, pois alfabetizar era a grande meta da Modernidade, o mtodo de ensino no poderia mais ser o individual, quando o professor atendia personalizadamente a cada criana, respeitando seu grau de aprendizagem, mas adotou-se o Ensino Mtuo, ministrado atravs do Mtodo Lancaster, segundo o qual se conseguiria alfabetizar, ao mesmo tempo, at 400 a 500 alunos. Para isso, a tarefa do professor se resumia superviso do trabalho pedaggico que era ministrado pelos decuries ou monitores, cada qual responsvel por um grupo de 10 alunos. Foi esse mtodo, tambm conhecido como expedito, criado pelo escocs Andrew Bell (1797) que o introduziu na ndia, colnia inglesa, cuja populao era majoritariamente analfabeta. Mais tarde, Joseph Lancaster, ao lado de Bell, levou ao conhecimento de outros povos esse mtodo. At mesmo na Frana onde as experincias pedaggicas eram consideradas revolucionrias, esse sistema foi utilizado na instruo rudimentar das massas. No incio do sculo XIX, sua repercusso atingiu as Amricas (Norte a Sul), sendo que nos Estados Unidos foi ele ministrado pelo prprio Lancaster, com muito sucesso. O sistema lancasteriano foi adotado no Brasil, especialmente no interior do Exrcito e serviu para alfabetizar muitos cadetes. Nos primrdios da constituio da nao brasileira, vale lembrar, as fileiras militares eram compostas por elementos retirados das classes mais pobres da sociedade que viam nessa carreira uma forma de engajamento da sociedade. No interior dessas escolas militares recebiam os estudantes alimentao, vesturio, aprendiam ofcios e ainda eram escolarizados, desonerando as famlias de seu sustento. Na prtica pedaggica, o ensino mtuo percorria uma interessante trajetria iniciada no momento em que o mestre escolhia, dentre os alunos mais adiantados, os seus monitores, treinando-os no perodo da tarde. No da manh, estes dividiam a sala em tantas decrias, ou grupos de 10, quanto fosse o nmero dos alunos. Em cada decria deveria haver 10 carteiras para os alunos, destinadas escrita, e bancos usados coletivamente para os exerccios de tabuada e leitura. Na hora dos exerccios orais, os alunos ficavam eretos, de frente para a parede, enquanto o decurio se postava de costas para ela e de frente para sua decria. Entre o decurio e seus alunos havia

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    um semicrculo ou grade feita de ferro ou madeira, medindo 91cm, junto qual encostavam-se os alunos em torno do decurio. Na parede havia pregos ou cabides onde eram pendurados os manuscritos. Com uma varinha, o decurio apontava esses caracteres dizendo seus nomes e o que significava, e os alunos repetiam em voz alta aquilo que o monitor havia dito. Depois do exerccio oral vinha o de argumento, constitudo de perguntas e respostas. Se acertassem, muito bem, caso errassem, castigos fsicos, misturados com os de efeito moral. Ao fundo do salo ficava o mestre corrigindo os exerccios, atribuindo-lhes notas ou at mesmo cochilando.2

    Em Mato Grosso, esse mtodo sofreu algumas alteraes, pois foi rejeitado pela maioria dos pais que considerava imprescindvel a presena efetiva do professor, no confiando nos monitores, tidos como incapazes, pela idade e preparo, para o ensino regular. Nessa provncia realizou-se o Ensino Simultneo, um misto do individual com o lancasteriano. Nessa modalidade, os decuries se responsabilizariam por apenas alguns aspectos pedaggicos, sendo que a participao do professor era mais efetiva atravs da correo, tomada das lies e avaliao.

    No caso mato-grossense, de acordo com o Regimento Interno das Escolas, enquanto os monitores ensinavam a soletrao, o professor tomava lio de cor; ou, ainda, enquanto os monitores ditavam as contas para os alunos, o professor ia chamando-os individualmente no quadro e fazendo-os resolver as contas para que toda a sala de aula conferisse o resultado. Nessa oportunidade, aos alunos cabia realizar o ensinamento da tabuada, leitura em voz alta e da escrita em tabuleiros de areia. Ao professor cabia tomar as lies, ocasio em que chamava os alunos individualmente para avaliar sua aprendizagem. Por outro lado, o professor era o nico que atribua notas e aplicava castigos. Os seus auxiliares alunos mais adiantados faziam as vezes de estimuladores do processo ensino-aprendizagem. Assim, no mtodo simultneo a participao do professor era mais efetiva que no mtuo, uma vez que as atividades de ensino em grupo (decrias) eram feitos pelos monitores, enquanto o ensino individual era exclusivamente ministrado pelo professor. O papel dos decuries, tpico do mtodo lancasteriano e reproduzido no simultneo, tinha, certamente, uma significao bastante positiva, visto que mantido por muitos anos nas escolas cuiabanas. Reproduziria ele microscopicamente no interior da escola, o controle de uns sobre os outros, presente na sociedade de ordens, fornecendo aos alunos o sentido da hierarquia e respeito quele que sabia mais e que, conseqentemente, mantinha o comando. Esse movimento evidenciava que os alunos, destitudos de saber, deveriam despojar-se at mesmo de seus usos e costumes, acatando os novos valores preconizados pela sociedade moderna. Nessa medida, as escolas mato-grossenses da segunda metade do sculo XIX absorveram os sinais do novo tempo moderno, abreviando o fazer escolar e adaptando-os sua realidade.

    No s como ensinar era suficiente, e o qu ensinar passou a ser uma necessidade da escola moderna, deixando esse campo de ser uma escolha do professor, passando a ser ditado pelos regulamentos da instruo e regimentos escolares. Um irreversvel processo de homogeneizao marcar o cenrio escolar do sculo XIX brasileiro. Com o aumento do nmero de escolas e alunos, essa homogeneidade preconizada corria srios riscos de no se realizar. O qu ensinar, deixando de ser privilgio do antigo mestre-escola, passou a ser indicado pelos compndios didticos. Vale lembrar que no movimento de expanso da escola pblica ao lado dos professores concursados, existia uma grande quantidade de

    2 - BRETAS, Genesco Ferreira. Histria da Instruo Pblica em Gois. p. 149-150.

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    leigos, para os quais, os compndios se tornavam imprescindveis. Esse novo e moderno material, indicador do qu ele deveria ensinar, foi um importante fator de distanciamento do mestre do seu prprio saber que, em nome da racionalidade e da cincia, fora relegado a plano secundrio. Assim, os livros didticos se apresentaram, ao lado dos mtodos de ensino, como poderosos aliados da pedagogia moderna. Ablio Csar Borges, o Baro de Macabas, j dizia: O mestre muito; o mtodo quase tudo; o bom compndio tudo. Por este, o discpulo se exercita sozinho, adolescente ou adulto, e, no raro o menino. A ao pessoal do mestre limitada ao crculo dos seus alunos. O bom compndio tem uma esfera de influncia ilimitada.3 Nesses livros eram veiculados extensos contedos morais, uma vez que civilizar precedia a instruir. O efeito moralizador dos livros foi to grande que o Baro de Macabas, chocado com a barbrie que grassava o interior do Imprio, doou grande quantidade de seus compndios, num esforo de difundir as luzes sobre os espaos sombrios. Ao enviar centena deles para a provncia de Mato Grosso, no ano de 1876, assim se expressou o mdico e pedagogo baiano:

    Em 1874, tendo-me sido comunicado que as escolas dessa Provncia padeciam falta absoluta de livros, porque o Tesouro provincial em penria no permitia fornec-los desses principalssimos instrumentos do ensino, sem os quais bem pouco valem escolas, ofereci para as mesmas 1.200 exemplares dos meus compndios escolares. Lendo agora nos jornais a notcia do crime nefando praticado a por me bruta e feroz, que sua prpria filha, na flor dos anos, arrancara fria e calculadamente a vida, cravando-lhe no seio a faca filicida, e tendo para si que praticava um ato de sublime virtude com punir assim uma falta da infeliz filha, que mais do que punio mereceria compaixo; crime esse que no seno a continuao de muitos outros igualmente atribudos completa ignorncia em que jaz imersa a maior parte da populao dessa Provncia; no desejo de concorrer para que vo penetrando alguns raios de luz nessas trevas espessas que ainda a envolvem os espritos, resolvi fazer novo oferecimento de trs mil exemplares dos ditos meus livros para serem distribudos pelos alunos pobres mato-grossenses, que freqentam as escolas. Esses livros, acham-se disposio de V. Exa., e sero entregues a quem V. Exa. determinar.4 O conjunto das transformaes operadas na escola moderna refletiu no cotidiano

    escolar. O primeiro Regimento Interno das Escolas, elaborado pelo ento Diretor Geral dos

    Estudos, Pe. Ernesto Camilo Barreto, determinava que o professor deveria seguir risca a

    diviso do novo tempo pedaggico prefixado. Alm de indicar o qu ensinar, como ensinar

    introduzia-se um cronmetro escolar, determinante do quando ensinar. As aulas

    iniciavam e finalizavam com uma orao, sendo que entre essas duas atividades as lies

    eram rigidamente demarcadas: Hs Matrias Sinais

    6:30 hs O Professor deveria chegar escola para recepcionar os alunos.

    Para a orao do comeo e encerramento da aula dava o professor quatro toques de campainha: o primeiro, para chamar ateno dos alunos, o segundo, para que ficassem de joelhos sobre os bancos; o terceiro, para comear a orao e o quarto, para que voltem posio de p.

    7:00 hs Orao inicial colocada sempre numa tabela ao lado da carteira dos alunos

    Levantada pelos monitores e repetidas pelos alunos.

    das 7 s 8

    1 seo de Leitura, Lio de cor de Gramtica

    Ministrada em semicrculos correspondentes s classes: leitura silenciosa de textos avulsos leitura de livros escolares (monitores) e tomada da lio de cor (pelo professor). Ao final, o professor atribua uma nota a cada aluno

    3 - ALVES, Isaias . Vida e obra do Baro de Macabas, p. 145. 4 - Ofcio de Ablio Csar Borges ao Presidente da Provncia enviando 3.500 exemplares de suas obras

    didticas e discorrendo sobre o estado de ignorncia da provncia de Mato Grosso. Rio de Janeiro, 18 de agosto de 1876. APMT Lata 1876A.

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    que seria, ao final da aula, passada em uma caderneta. Das 8 s 8

    2 seo de Escrita Um toque de apito corrido indicava o comeo do trabalho de cada seo e um outro o encerramento: cpia das letras dos traslados nas caixas de areia e com a utilizao de ponteiros. Nas classes mais adiantadas eram feitos ditados (pelo professor) e atribudas notas aos alunos leitores.

    Das 8 s 9

    3 seo de Aritmtica terica, lio de cor de Geografia

    Um toque de campainha, durante o trabalho das classes, indicava que o professor pedia a ateno da escola e ordenava silncio: um outro, depois daquele, que os mandava prosseguir em seus exerccios: aritmtica terica realizados sempre em semicrculos (monitores), assim como as de geografia de cor, lio tomada pelo professor que, ao final, atribua nota individual a cada aluno.

    De 9 s 9

    4 seo de Aritmtica prtica Realizada atravs de um trabalho simultneo entre professor e monitores. O primeiro escolhia as contas a serem exercitadas, os segundos, ditavam-nas para os alunos e, novamente o professor atuava, enviando alunos ao quadro para passar as contas e verificar os resultados.

    De 9 s 10

    5 seo de Doutrina e lio de cor de Histria sagrada e profana

    O professor tomava, no interior de cada semicrculo, a lio de cor, atribuindo nota individual a cada aluno.

    Das 10 s 11

    6 seo de Anlise de Gramtica e Leitura Feita unicamente pelo professor, sendo que para os alunos de classes atrasadas ficariam em semicrculos lendo com auxlio dos monitores.

    Das 11 s 12

    Exerccios finais, a saber: chamada dos alunos, entrega das escritas, contas, cadernetas, chamada, orao final e sada da escola para casa.

    A chamada deveria ser feita pelo professor, assim como as anotaes nas cadernetas relativas ao rendimento dirio de cada aluno. A caderneta deveria ser levada para casa e assinada pelo pai ou responsvel. O professor fazia, ao final de cada dia, uma nova chamada para certificar-se do nmero dos alunos presentes no incio e no final da aula. A orao, era, tal como a inicial, recitada pelos monitores. Na sada, era proibida a permanncia das crianas na rua, devendo encaminhar diretamente para suas casas.

    Abreviar, economizar, reduzir, simplificar eram conceitos que embasaram as

    reformas modernas no mbito da Instruo pblica mato-grossense. O tempo escolar,

    passando a ser sinnimo de valor, e a escola transformada em espao responsvel pela

    formao do futuro cidado produtivo, ordeiro, disciplinado, moralizado e,

    conseqentemente, cumpridor de seus deveres, no poderia ser desperdiado, mas,

    contrariamente, racionalmente utilizado.

    Na provncia de Mato Grosso, durante a semana, um dia era reservado para

    descanso, considerado, na linguagem do sculo passado, feriado escolar: era a quinta-feira.

    Neste dia, as famlias poderiam manter um contato mais estreito com seus membros,

    ocasio em que os pais aproveitando da presena dos filhos, poderiam instru-los na

    doutrina crist ou at mesmo alfabetiz-los.

    Aproveitar melhor e mais racionalmente o tempo implicou na abolio desse feriado

    que passou a ser considerado dia normal de trabalho escolar. A alterao de uma prtica

    antiga, vigente na sociedade mato-grossense, sem dvida, teve repercusses muito

    importantes na medida em que rompia-se com uma tradio estabelecida no direito

    consuetudinrio, partilhado historicamente pelo conjunto social. Quebrar, romper com o

    antigo andamento significou estender a influncia e o poder estatal naquilo que a sociedade

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    havia estabelecido como prtica e como calendrio. Instituir uma outra concepo de tempo

    produtivo significava romper com um tempo natural e impor um andamento comandado

    pela racionalidade e por ela determinado. Nessa medida, o Estado, avanando sobre o

    social, desqualificou velhas prticas e saberes, garantindo para si o comando de um

    processo gestado e implementado por via de mo nica. Esse movimento no se

    apresentou apenas como autoritrio mas, sobretudo, foi capaz de transformar e interferir na

    base social, de forma a despotencializ-la, uma vez que dela, se no retirou totalmente,

    desqualificou o saber preexistente, o que, em contraponto, redundou na sobrelevncia do

    projeto hegemnico estatal como o nico e o melhor a ser aceito pelo conjunto da

    sociedade.

    A proposta de eliminao do feriado da quinta-feira e a abreviao do perodo das

    frias partiu do Inspetor Geral, Pe. Ernesto Camilo Barreto que ponderou, na ocasio, ao

    Presidente da Provncia: Parece de bom conselho restringir as frias das escolas em bem da mesma instruo e acabar com os feriados das quintas-feiras. Pelo novo regulamento as frias maiores, que eram dadas a 13 de dezembro e terminavam a 7 de janeiro, e as da semana Santa, que s se estendiam do domingo de Ramos ao de Pscoa, foram ampliadas, aquelas de 7 de dezembro a 19 de janeiro, e esta at a Pascoela. A experincia tem demonstrado que nos dias subsequentes aos santificados ou feriados, no s menor o nmero das freqncias nas escolas, como que nesses dias as lies e os exerccios escolares so mais ou menos pedidos para os poucos alunos que comparecem. A reduo de duas a uma s sesso letiva diria deixa j bastante tempo de descanso aos alunos e aos mestres, para se dispensar o feriado das quintas-feiras.5 No bastava instruir e educar as crianas, mas, seria de fundamental importncia

    que toda a famlia pautasse seu comportamento nos valores e normas da nova sociedade, a

    fim que o espao familiar no representasse uma instncia de retrocesso das crianas, mas

    que reforasse, a partir da educao e instruo dos pais, aquilo que seus filhos aprendiam

    na escola. Instalar o curso noturno em Mato Grosso representou quebrar com um estado de

    atraso que at ento imperava. Esse pensamento era comungado pela elite mato-

    grossense que, engrossando as fileiras polticas locais, reproduziam os novos valores

    decantados pelos Presidentes da Provncia e comungadas pelos administradores da

    Instruo pblica.

    O cio no poderia ser combatido apenas no circuito escolar, mas ser estendido ao

    interior das unidades familiares onde reinava, segundo a lgica dos modernos

    5 - Relatrio apresentado ao Presidente da Provncia de Mato Grosso, Jos de Miranda da Silva Reis, pelo

    Inspetor dos Estudos, Pe. Ernesto Camilo Barreto, em 14 de abril de 1874. APMT Relatrio.

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    administradores, maus hbitos, que poderiam fazer com que o trabalho da escola fosse

    prejudicado, contaminando as crianas. Os pais no mais deveriam utilizar as noites nas

    tavernas, nas rodas de cururu, siriri, na umbigada, ou ainda em jogatinas, mas sim

    aproveitar melhor o tempo, indo para a escola. Foi com esse objetivo que foram criados,

    pela Reforma de 1872, dois cursos noturnos em Cuiab: um na freguesia da S (centro de

    Cuiab) e outro no 2 distrito de So Gonalo de Pedro II (o Porto). Para l deveria

    convergir a populao adulta analfabeta. Dizia o presidente da provncia mato-grossense,

    Francisco Jos Cardoso Jr. no momento da criao desses modernos estabelecimentos

    escolares: [...]O funcionrio pblico, o artista, o operrio, todos enfim, que durante o dia no podem dispor de algumas horas para iluminar o entendimento, encontram no curso noturno o que talvez desejem, o que lhes falta, aquilo de que mais precisam: a instruo. Semelhante idia, Senhores, j no problemtica, ao em vez disto ela vinga, ela se desenvolve na Europa, na Alemanha, nos Estados Unidos e recentemente em vrias provncias do Brasil que vai colhendo timos resultados de to elevada tentativa.6 Os adultos trabalhadores, no entanto, ao contrrio do que desejavam os

    administradores, no concebiam esse espao escolar em sintonia com seu universo cultural

    que, bastante diferenciado daquele das elites dirigentes, tinha por base a oralidade e estava

    pautado em uma vigorosa traduo, cujos valores, hbitos e costumes foram, tambm,

    historicamente constitudos . Assim, os dois cursos noturnos, mesmo tendo frente

    professores da mais alta qualificao, foram fechados por falta de alunos. No momento de

    seu encerramento, o Inspetor Geral, Pe. Ernesto, ironizando a situao, no concebia como

    possvel que a barbrie que grassava o serto mato-grossense pudesse fazer resistncia s

    luzes da Modernidade, desprendidas do alto: Nenhum aluno matriculou-se nessas escolas de instruo primria. No se diga que estvamos, neste ramo, como em Genebra, onde um vogal da sociedade de helvtica, querendo experimentar o seu mtodo de ensino para adultos, procurando por toda cidade adultos analfabetos, no encontrou seno um, e esse mesmo no era suo; mas italiano.7 O espao pblico, em sua constituio, avanou sobre o privado, desvalorizando os

    hbitos e costumes familiares em detrimento dos preceitos por ele determinados nas mais variadas esferas administrativas. A casa e a rua passaram a ser objeto de condenao.

    At mesmo os castigos fsicos, to recorrentes no interior das famlias e na antiga escola, passou a ser condenado. A partir do Regulamento de 1872, tornaram-se proibitivos, cedendo lugar s prticas civilizadas, quando as punies morais valeriam como regra nica. No intuito de adequarem-se nova regra, muitos professores trocaram as

    6 - Fala apresentada Assemblia Legislativa Provincial pelo Presidente da Provncia, Francisco Jos Cardoso

    Jnior, discorrendo sobre os pontos bsicos da Reforma da Instruo de 17 de setembro de 1872. Cuiab, 4 de outubro de 1872. APMT Relatrios.

    7 - Ibidem.

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    antigas prticas punitivas pelos castigos modernos, porm os pais, que no desejavam abolir os castigos fsicos no interior do seu espao de mando familiar, ameaavam retirar os filhos das escolas onde os castigos fsicos haviam sido abolidos. A presso social, em Cuiab, foi tanta, que a Assemblia Legislativa chegou a abrir um processo inquiritrio para avaliar a validade e utilizao das prticas modernas no interior das escolas. Aps inqurito, muitos professores confessaram que a prtica dos castigos morais era motivo de chacota:

    Achando-se abolido o castigo da palmatria, esforcei-me em estudar o meio de substitui-lo eficazmente pelos castigos morais, o que chegando a conseguir, tive a indiscrio de publicar um artigo alusivo no peridico Liberal (se bem me recordo, em um dos seus nmeros do ms de Maio de 1877) julgando que fosse acolhido com aplauso, mas qual no foi a minha surpresa vendo que assim havia eu erguido o patbulo para meu suplcio! Vi-me logo ultrajado pela imprensa, ridicularizado pelos apologistas da palmatria, e de esquina em esquina era eu objeto da mordaz censura, como bom bajulador do Inspetor Geral das Aulas, sem que nenhum dos meus gratuitos depressores se dignasse chegar ao menos s portas da minha escola para certificar-se da realidade.8 A resistncia dos pais frente s mudanas de to arraigado hbito punitivo, terminou

    por pressionar a Assemblia que, ao final do processo, legislou, mesmo a arrepio do Regulamento da Instruo Pblica, reintegrando os castigos fsicos no interior das escolas pblicas. O uso da palmatria, usual at as primeiras dcadas do sculo XX, demonstra a impropriedade de alguns pressupostos modernos no interior das escolas brasileiras.

    A modernizao do sistema escolar, na segunda metade do sculo XIX, integrou um projeto mais amplo de modernizao da sociedade brasileira, acompanhada de um vigoroso processo de urbanizao, espao privilegiado, seno nico, de fixao das escolas. O sistema escolar, acompanhando de perto a modernizao das cidades, compartilhou e influenciou esse mesmo processo. O movimento escolar, nesse estreitamento de relaes, foi responsvel pela ativao do comrcio atravs do qual eram adquiridos materiais necessrios , impulsionou o desenvolvimento dos trabalhos artesanais e manufatureiros pelas encomendas de mobilirio para as escolas , pressionou o melhoramento e modernizao dos servios de abastecimento de gua pois, com o aumento das escolas, a exigncia de gua, aliada s presses sanitaristas, tornava-se imperativa , tendo sido ainda responsvel pelos desdobramentos culturais citadinos teatros, clubes, associaes, imprensa, festas cvicas, exposies, feiras, etc.

    A modernidade movimento contraditrio , se de um lado ampliou a possibilidade de instruo primria elementar a um nmero expressivo de crianas, conseguiu estabelecer, no circuito desse processo, uma ciso clara: aos mais pobres, apenas o ensino bsico; s camadas elevadas, todo o percurso: primrio complementar, secundrio e superior. Por isso, os xitos no setor instrucional, no entendimento das elites, eram atribudos ilustrao e civismo dos dirigentes; os fracassos, populao que, vivendo nos limites da barbrie, no era capaz de vislumbrar as vantagens que o projeto moderno operaria no interior da nao.

    Nessa medida, o projeto educacional moderno no foi imposto sem resistncias, mas contou com um movimento de mo dupla: as respostas sociais dadas nem sempre foram as esperadas pelos seus proponentes, constituindo, esse movimento, num campo de sombras que, muitas vezes, determinou alteraes nos rumos das propostas originalmente

    8 - Processo inquiritrio aberto pela Assemblia Legislativa Provincial ao Inspetor Geral dos Estudos, Pedro

    de Alcntara Sardemberg. Anexo 8 Depoimento do Professor da 3 escola de instruo pblica primria da capital, Prof. Egdio ngelo Bueno Mamor. Cuiab, 15 de outubro de 1879. APMT Lata 1879C.

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    formuladas, materializao dos contornos possveis da utpica realizao de um projeto nico no interior de um heterogneo, multifacetado e muitas vezes silenciado universo cultural.

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    Documentao Ofcio de Ablio Csar Borges ao Presidente da Provncia enviando 3.500 exemplares de suas obras didticas

    e discorrendo sobre o estado de ignorncia da provncia de Mato Grosso. Rio de Janeiro, 18 de agosto de 1876. APMT Lata 1876A.

    Relatrio apresentado ao Presidente da Provncia de Mato Grosso, Jos de Miranda da Silva Reis, pelo Inspetor dos Estudos, Pe. Ernesto Camilo Barreto, em 14 de abril de 1874. APMT Relatrio.

    Fala apresentada Assemblia Legislativa Provincial pelo Presidente da Provncia, Francisco Jos Cardoso Jnior, discorrendo sobre os pontos bsicos da Reforma da Instruo de 17 de setembro de 1872. Cuiab, 4 de outubro de 1872. APMT Relatrios.

    Processo inquiritrio impetrado pela Assemblia Legislativa Provincial contra o Inspetor Geral dos Estudos, Pedro de Alcntara Sardemberg. Anexo 8 Depoimento do Professor da 3 escola de instruo pblica primria da capital, Prof. Egdio ngelo Bueno Mamor. Cuiab, 15 de outubro de 1879. APMT Lata 1879C.