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SISTEMA DE CICLOS E PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Tem-se, hoje, que o fracasso do aluno decorre da ausência de um equacionamento entre identidade cultural e itinerário educativo. A escola tradicional não se preocupava com a origem do aluno, com o seu meio de vida e mantinha uma relação de conteúdo autoritário, um critério de avaliação rígido, limitado. Agora, o professor tem que apostar na capacidade de ousadia, de invenção do aluno, apoiar- se em seu potencial, tornando a avaliação um ponto que não pode ser fechado. Como na pedagogia do educador francês Freinet, a concepção é de que o aluno não vai à escola para tirar notas, vai para aprender, para crescer, para se desenvolver. A avaliação do aluno deve ser individual, apoiada em suas aptidões. Anísio Teixeira já pregava, nos anos idos de 50, o ensino individualizado e conseqüente avaliação individualizada; o aluno sendo avaliado de acordo com sua capacidade, ajudando a afastar a repetência. No sistema de ciclos, adotado no Estado de São Paulo e em outros Estados, no ensino fundamental, o aluno não tem seu aproveitamento avaliado através de provas periódicas, com notas, que, totalizadas no final de cada ano letivo, determinariam sua promoção ou sua retenção. Não há mais o calendário oficial de

Sistema de Ciclos e Processo de Avaliação Da Aprendizagem

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SISTEMA DE CICLOS E PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Tem-se, hoje, que o fracasso do aluno decorre da ausência de um

equacionamento entre identidade cultural e itinerário educativo. A

escola tradicional não se preocupava com a origem do aluno, com o

seu meio de vida e mantinha uma relação de conteúdo autoritário, um

critério de avaliação rígido, limitado. Agora, o professor tem que apostar

na capacidade de ousadia, de invenção do aluno, apoiar-se em seu

potencial, tornando a avaliação um ponto que não pode ser fechado.

Como na pedagogia do educador francês Freinet, a concepção é de

que o aluno não vai à escola para tirar notas, vai para aprender, para

crescer, para se desenvolver. A avaliação do aluno deve ser individual,

apoiada em suas aptidões. Anísio Teixeira já pregava, nos anos idos de

50, o ensino individualizado e conseqüente avaliação individualizada; o

aluno sendo avaliado de acordo com sua capacidade, ajudando a

afastar a repetência.

No sistema de ciclos, adotado no Estado de São Paulo e em outros

Estados, no ensino fundamental, o aluno não tem seu aproveitamento

avaliado através de provas periódicas, com notas, que, totalizadas no

final de cada ano letivo, determinariam sua promoção ou sua retenção.

Não há mais o calendário oficial de provas, mas ele não exclui a

avaliação do aproveitamento do aluno.

Segundo o que dispõe a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

(LDB), a avaliação deve ser feita no dia-a-dia da aprendizagem,

utilizando-se das mais variadas formas: participação em aula, atitude do

aluno frente a aprendizagem, freqüentes verificações e anotações da

assimilação dos conteúdos... A avaliação deve incorporar, à

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educação formal, a experiência de vida trazida pelo aluno de seu

universo familiar, social e de trabalho, o seu amadurecimento pessoal.

As disciplinas devem estar integradas, ajustadas a um currículo flexível.

A escola estabelece uma relação pedagógica de interação, de dar

espaço para o outro e de respeitar o conhecimento do outro.

Avaliar é diagnosticar o desenvolvimento do aluno ao invés de

julgar. A principal função do processo de avaliação não é dar uma nota,

mas aperfeiçoar as situações da aprendizagem e do currículo como um

todo. É verificar se o aluno está aprendendo, se a proposta pedagógica

está dando resultado, se a aprendizagem está no caminho certo.

Conhecer as medidas educativas ajudam a entender o processo de

avaliação e o melhor meio de contemplá-lo. Vejamos, sucintamente,

sua evolução através dos tempos.

No passado, não tão distante, os professores tentavam julgar o

desempenho do aluno em função do que eles próprios sabiam e do que

julgavam ter transmitido. As notas variavam de zero a 10 e se

regulavam pelos acertos e pelos erros. Esse era o chamado método

autocrático de avaliação – avaliação centrada no professor – que

deixava ao mestre uma ampla margem de arbítrio. Na evolução do

processo, passou-se a reagir contra a adoção de padrões apriorísticos

de avaliações, especialmente pelo teor de subjetividade. Não competia

ao professor estabelecer de antemão o que o aluno devia saber. Pelo

arbítrio, um professor benevolente podia aprovar a todos e um

professor rigoroso reprovar em massa.

Avançando no processo, contra a avaliação autocrática, surgiu a

avaliação normativa – baseada no grupo de alunos. A referência não

era mais a sapiência do professor, mas o aproveitamento médio da

classe. Se todos os alunos apresentassem rendimento baixo, não seria

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justo reprovar a todos. Ter-se-ia que indagar as causas desse

resultado. Passou-se a questionar o potencial dos educandos, as

condições ambientais, condições de vida, deficiências das aulas, falta

de confiabilidade das provas e outros, o que já era um grande avanço.

A avaliação normativa permite saber em que posto de percentil se

encontra determinado estudante, ou seja, a sua classificação no grupo.

A teoria clássica da medida surgiu do interesse em medir aptidões

dos indivíduos. Buscaram-se medidas capazes de discriminar entre

indivíduos dotados de maior aptidão. O grau de aptidão de cada um era

estabelecido em função do grupo, através das provas de desempenho.

Mas, em determinadas situações, o interesse do avaliador consistia em

estabelecer se cada indivíduo alcançou um conjunto específico de

objetivos. Neste caso, ele não seria comparado com seu grupo, mas

referido a um critério (um padrão de desempenho previamente

especificado).

Da medida centrada no professor, evolui-se para a medida

normativa, concebida como discriminatória dos diferentes indivíduos,

chegando-se à medida baseada em critérios. Esta preocupa-se com a

seqüência e individualização da instrução que surgem das unidades e

módulos progressivos. Concluiu-se que a norma incentiva a rivalidade e

compromete o autoconceito de alunos de baixo desempenho e passou-

se a se preocupar com o rendimento mínimo.

Para a medida baseada em critério, uma vez estabelecidos os

objetivos essenciais, em termos de comportamento, cumpre verificar se

o aluno atingiu as metas prefixadas. Sua posição relativa ao grupo

seria questão secundária. O aluno é avaliado por um conjunto

específico de objetivos. Seus princípios são usados em programas de

instrução individualizada, instrução programada.

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A avaliação baseada em critério é importante porque ressalta a

necessidade de um rendimento mínimo. Exigência que requer o

desenvolvimento das habilidades básicas essenciais, adquiridas antes

das habilidades hierárquicas superiores.

Todas essas medidas educacionais são de importância e cada uma

terá valor maior, dependendo do momento da aprendizagem e do

objetivo a que se propõe. As várias abordagens não se excluem, antes

se completam. Contudo, o professor, seja qual for a medida a tomar,

não pode esquecer que a parte mais importante, em determinadas

circunstâncias, é o potencial do aluno. O professor, conforme o

momento, avalia o desempenho, as diferenças individuais, a

classificação hierárquica e o potencial do aluno. Acima da norma ou do

critério, o foco central da avaliação é o aluno em sua

especificidade. Propõe-se que na educação fundamental a aferição

do conhecimento deve ser feita em função das aptidões da

criança. Nesse grau de ensino, a posição do aluno em seu grupo, o

grau de desempenho que atingiu não é tão importante. O fato de ele

estar se realizando potencialmente é que deve ser considerado.

A norma, o critério e o potencial são componentes da avaliação,

conforme as circunstâncias, um dos componentes reveste-se de maior

relevância. A finalidade a que a aprendizagem se destina é que vai

dizer, em cada caso, qual dessas medidas devem ter maior peso.