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UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA REGIÃO DOPANTANAL
PROGRAMA DE MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL
CARLA DAL PIVA
Campo Grande – MS2007
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL IMPLEMENTADO AOS MOLDES DA ISO14001:2004 EM UM FRIGORÍFICO DE ABATE DE AVES, NO MUNICÍPIO DE
SIDROLÂNDIA – MATO GROSSO DO SUL
CARLA DAL PIVA
Orientação:Professora Drª. Vera Lúcia Ramos BononiProfessora Drª.Regina Sueiro de FigueiredoProfessor Drº. Celso Correia de Souza
Campo Grande - MS2007
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL IMPLEMENTADO AOS MOLDES DA ISO14001:2004 EM UM FRIGORÍFICO DE ABATE DE AVES, NO MUNICÍPIO DE
SIDROLÂNDIA – MATO GROSSO DO SUL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em nível de Mestrado Acadêmico emMeio Ambiente e Desenvolvimento Regional daUniversidade para o Desenvolvimento do Estadoe da Região do Pantanal, como parte dosrequisitos para a obtenção do título de Mestre emMeio Ambiente e Desenvolvimento Regional.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Candidata: Carla Dal Piva
Dissertação defendida e aprovada em 29 de agosto de 2007 pela Banca Examinadora:
__________________________________________________________Profa. Doutora Vera Lúcia Ramos Bononi (orientadora)Doutora em Biologia
__________________________________________________________Prof. Doutor Dácio Roberto Matheus (CETESB)Doutora em Microbiologia e gestão ambiental
__________________________________________________________Profa. Doutora Mercedes Abid Mercante (UNIDERP)Doutor em Geografia Física
_________________________________________________Profa. Doutora Mercedes Abid Mercante
Coordenadora do Programa de Pós-Graduaçãoem Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional
________________________________________________Prof. Doutor Raysildo Barbosa Lôbo
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UNIDERP
iii
“A todas as pessoas e organizações, que se
preocupam em construir um mundo melhor, mais
limpo e mais justo, para que nossos filhos e netos
possam viver com mais qualidade de vida”.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que contribuíram direta ou indiretamente com o desenvolvimento
deste trabalho, em especial:
Primeiramente a Deus, pelo dom do saber;
À minha família, essencial na minha vida;
À família Portella que me acolheu de braços abertos;
À minha orientadora, Professora Vera Lucia Ramos Bononi, por toda sua dedicação,
disponibilidade e competência que levaram à concretização deste trabalho;
À professora Regina Sueiro de Figueiredo pela co-orientação, dedicação, estando
presente em todos os momentos solicitados.
A minha irmã Tanea Dal Piva, pelo incentivo no curso de mestrado;
Aos meus colegas de trabalho que me deram apoio profissional que foi de suma
importância para o meu crescimento pessoal;
À Seara Alimentos que, mais do que uma empresa, é uma família;
Finalmente a você leitor, motivo maior da minha dedicação neste trabalho.
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS......................................................................................................VIIILISTA DE TABELAS ........................................................................................................XLISTA DE QUADROS......................................................................................................XIRESUMO.........................................................................................................................XIIABSTRACT....................................................................................................................XIII1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 42.1 NORMAS DA SÉRIE ISO 14.001................................................................................ 4
2.1.1 Primeiro Grupo – Normas voltadas para a avaliação o produto ............................... 7
2.1.2 Segundo Grupo – Normas voltadas para a avaliação da organização..................... 9
2.2 IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) SEGUNDO
A NORMA NBR ISO 14.001............................................................................................ 11
2.2.1 Importância Estratégica da Gestão Ambiental para as Empresas................... 192.3 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E CUSTOS AMBIENTAIS.............................. 24
2.4 EDUCAÇÃO E PERCEPCAO AMBIENTAL .............................................................. 27
2.5 IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL COM OS
REQUISITOS DA NBR ISO 14001..................................................................................30
2.5.1 Planejamento ........................................................................................................ 332.5.1.1 Política ambiental ................................................................................................ 33
2.5.1.2 Aspectos ambientais ........................................................................................... 34
2.5.1.3 Determinação de impactos ambientais significativos .......................................... 37
2.5.1.4 Requisitos legais e outros ................................................................................... 37
2.5.1.5 Objetivos, metas e programa (s) ......................................................................... 38
2.5.2 Implementação e operação ................................................................................. 412.5.2.1 Recursos, funções, responsabilidades e autoridades ......................................... 41
2.5.2.2 Competência, treinamento e conscientização ..................................................... 42
2.5.2.3 Comunicação ...................................................................................................... 43
2.5.2.4 Documentação e controle de documentos .......................................................... 44
2.5.2.5 Controle operacional ........................................................................................... 45
vi
2.5.2.6 Preparação e respostas à emergência................................................................ 47
2.5.3 Verificação ............................................................................................................ 492.5.3.1 Monitoramento e medição ................................................................................... 49
2.5.3.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros........................................ 49
2.5.3.3 Não – Conformidade, ação Corretiva e ação preventiva ..................................... 50
2.5.3.4 Controle de registros ........................................................................................... 50
2.5.3.5 Auditorias internas............................................................................................... 51
2.5.3.6 Análise pela administração.................................................................................. 52
3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 544 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 574.1 HISTÓRICO DA EMPRESA SEARA ALIMENTOS S. A............................................ 57
4.2 HISTÓRICO DA UNIDADE DE SIDROLÂNDIA – MS............................................... 58
4.2.2 Resíduos da linha verde......................................................................................... 62
4.2.3 Resíduos da linha vermelha ................................................................................... 62
4.3 LEVANTAMNETO DAS FASES DE IMPLEMENTAÇÃO DO SGA NA EMPRESA,
CONFORME REQUISITOS DA NBR ISO 14.001:2004.................................................. 64
4.3.1 Política ambiental – Requisito 4.2 .......................................................................... 64
4.3.2 Aspectos ambientais – Requisito 4.3.1................................................................... 64
4.3.3 Requisitos legais e outros – Requisito 4.3.2........................................................... 66
4.3.4 Objetivos, metas e programas – Requisito 4.3.3.................................................... 68
4.3.5 Recursos, funções, responsabilidade e autoridade – Requisito 4.4.1 .................... 69
4.3.6 Comunicação – Requisito 4.4.3.............................................................................. 73
4.3.7 Documentação e controle de documentos – Requisitos 4.4.4 e 4.4.5.................... 76
4.3.8 Controle operacional – Requisito 4.4.6................................................................... 77
4.3.9 Preparação e respostas à emergência – Requisito 4.4.7 ....................................... 84
4.3.10 Monitoramento e medição – Requisito 4.5.1 ........................................................ 87
4.3.11 Não – Conformidade, ação corretiva e ação preventiva – Requisito 4.5.3 ........... 87
4.3.12 Controle de registros – Requisitos 4.5.4............................................................... 87
4.3.13 Auditorias internas – Requisito 4.5.5.................................................................... 87
4.3.14 Análise pela administração – Requisito 4.5.6....................................................... 88
4.4 MELHORIAS AMBIENTAIS ANTES E APÓS A IMPLEMENTAÇÃO DO
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NA EMPRESA ..................................................... 88
4.4.1 Melhoria contínua................................................................................................... 93
vii
4.5 PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS FUNCIONÁRIOS ................................................. 96
4.5.1 Questões relacionadas ao Contexto................................................................... 964.5.2 Questões relacionadas à Cultura Organizacional ............................................. 984.5.3 Questões relacionadas ao Sistema de Gestão Ambiental................................ 994.5.3.1 Mudanças com a ISO 14.001 ............................................................................ 100
4.5.3.2 Aspecto crítico................................................................................................... 100
4.5.3.3 Aspectos críticos e a escolaridade dos funcionários ......................................... 101
4.5.4 Com referencia ao saber e percepção da educação ambiental ..................... 1024.5.4.1 Percepção ambiental dos funcionários quanto aos resíduos sólidos
domésticos .................................................................................................................... 104
4.5.4.2 Água.................................................................................................................. 105
4.5.5 Atendimento aos clientes ..................................................................................... 105
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 107REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 109APÊNDICE - A Questionário intitulado “SEARA/ISO 14001 – Para entender oMeio Ambiente da Seara...”, que foi destinado aos funcionários em geral(perguntas fechadas) ................................................................................................. 113APÊNDICE – B Questionário composto de cinco perguntas “abertas”,destinado aos gerentes e supervisores .................................................................... 116
viii
LISTA DE FIGURA
Figura 1 – Organização do comitê ISO/TC 207................................................................. 6
Figura 2 – Estrutura do gerenciamento ambiental (TC- 2007) .......................................... 7
Figura 3 – Ciclo PDCA para o Sistema de Gestão Ambiental ......................................... 15
Figura 4 – Pressões exercidas pelas Indústrias .............................................................. 18
Figura 5 – Ligação da área de Meio Ambiente com as demais áreas funcionais da
Organização .................................................................................................................... 23
Figura 6 – Nível de abrangência entre os subsistemas da ISO 14.001........................... 31
Figura 7 – Planejamento – elementos a serem considerados e suas interações............ 40
Figura 8 – Essência do subsistema de controle operacional e seu inter –
relacionamento com auditorias do SGA .......................................................................... 47
Figura 9 – Fluxograma de geração de resíduos sólidos do abatedouro de aves ............ 61
Figura 10 – Planilha de levantamento de aspectos / impactos ambientais ..................... 65
Figura 11 – Planilha de levantamento de legislação ....................................................... 67
Figura 12 – Organograma de responsabilidade a autoridade pelo SGA da unidade de
Sidrolândia – MS............................................................................................................. 72
Figura 13 – Imagens de atividades internas da empresa................................................ 75
Figura 14 – Organograma de estrutura da documentação da empresa.......................... 76
Figura 15 – Placa de controle operacional ..................................................................... 77
Figura 16 – Comunique seara ......................................................................................... 78
Figura 17 – Coletores de resíduos sólidos ...................................................................... 79
Figura 18 – Placas de controle de resíduos .................................................................... 80
Figura 19 – Origem e tratamento de efluentes do abatedouro de aves .......................... 81
Figura 20 – Geração de resíduos orgânicos na sala de cortes ....................................... 82
Figura 21 – Flotador – Tratamento primários de efluentes.............................................. 82
Figura 22 – Lagoa 06 – Última lagoa de tratamento de efluentes ................................... 83
Figura 23 – Escala de Ringelmann ................................................................................. 84
Figura 24 – Operador de caldeira realizando o monitoramento de fumaça preta pela
chaminé........................................................................................................................... 84
Figura 25 – Controle operacional em caso de emergência ambiental............................. 85
Figura 26 – Instalação de rede de hidrantes para minimizar / eliminar incêndios ........... 86
Figura 27 – Material absorvente (areia / pó de serra) para ser utilizado na absorção
ix
de produtos químicos em casos de vazamento e/ou derramamentos ............................ 86
Figura 28 – Ilustração de melhorias ambientais antes e após SGA................................ 89
Figura 29 - Ilustração de melhorias ambientais antes e após SGA................................. 90
Figura 30 - Ilustração de melhorias ambientais antes e após SGA................................. 91
Figura 31 - Ilustração de melhorias ambientais antes e após SGA................................. 92
Figura 32 – Construção de um biofiltro para tratamento de gases oriundos dos
digestores da fábrica de farinha e óleo ........................................................................... 93
Figura 33 – Aquisição de novos aeradores para a lagoa aerada pertencente ao
tratamento biológico do abatedouro de aves................................................................... 94
Figura 34 – Projeto de reutilização de água do destilador do laboratório para
lavagens de pisos da área do administrativo................................................................... 94
Figura 35 – Reutilização da água de lavagem de filtros da estação de tratamento de
água para o próprio tratamento ....................................................................................... 94
Figura 36 – Construção de lagoa emergencial para casos de transbordamento de
efluentes no tanque de equalização................................................................................ 95
x
LISTA DE TABELA
Tabela 1 – Número de aviários e de avicultores integrados............................................ 59
Tabela 2 – Resíduos orgânicos no processo de abate de 140.000 aves por dia ............ 63
Tabela 3 – A média de Idade dos funcionários ............................................................... 96
Tabela 4 – Distribuição dos funcionários em faixas etárias............................................. 97
Tabela 5 – A escolaridade dos funcionários.................................................................... 97
Tabela 6 – A escolaridade e a média de idade dos funcionários .................................... 98
Tabela 7 – Funcionários por tempo de serviço................................................................ 98
Tabela 8 – O Status ambiental da seara na percepção de seus funcionários................. 99
Tabela 9 – Mudanças relacionadas à conscientização ambiental da organização com
a implementação da NBR ISO 14001 ........................................................................... 100
Tabela 10 – Aspectos considerados críticos pelos funcionários da Seara.................... 100
Tabela 11 – O nível de escolaridade dos que consideram a capacitação das pessoas
como um aspecto a ser melhorado ............................................................................... 101
Tabela 12 – Questões relacionadas ao meio de conhecimento oral sobre meio
ambiente........................................................................................................................ 102
Tabela 13 – As perspectivas para as futuras gerações................................................. 103
Tabela 14 – O destino do lixo doméstico ...................................................................... 104
Tabela 15 – O consumo domiciliar de água .................................................................. 105
xi
LISTA DOS QUADROS
Quadro 1 – Processo de emissão das Normas ISO.......................................................... 4
Quadro 2 – Normas da família ISO 1400 – normas para produtos ................................... 9
Quadro 3 – Normas da família ISO 14000 – normas para organização.......................... 11
Quadro 4 – Seção 4 da norma NBR ISO 14001:2004..................................................... 16
Quadro 5 – Objetivos e metas ambientais ...................................................................... 68
Quadro 6 – Padrão de cores conforme CONAMA 275 (2001) ........................................ 78
xii
RESUMO
Uma análise crítica da implementação de um Sistema de Gestão Ambiental - SGA
aos moldes da ISO 14001:2004, foi realizada em uma empresa do ramo de frigorífico
de aves em Sidrolândia – Mato Grosso do Sul, no período de 2004 – 2007, ao
buscar evidenciar os ganhos de cunho ambiental e de diferencial no atual mercado
competitivo. A pesquisa de campo, do tipo estudo de caso, realizada nas
dependências do frigorífico de aves, possibilitou levantar por meio de registros
documentais e fotográficos dados históricos antes e após implementação do SGA,
onde se constatou melhorias ambientais principalmente referentes aos aspectos de
gerenciamento de resíduos sólidos, gerenciamento e tratamento de efluentes,
conservação dos recursos hídricos e atendimento as legislações ambientais
pertinentes, bem como um maior controle sobre seus aspectos significativos,
alcançados por meio de monitoramento e ações preventivas e corretivas e uma
maior segurança no que se refere aos possíveis impactos ambientais. A percepção
ambiental dos funcionários da organização foi verificada por meio de palestras
interativas e da aplicação de questionários, em que foi possível identificar aspectos
culturais, de educação ambiental e de sistema de gestão ambiental que corroboram
com o princípio de que a implementação de um sistema de gestão ambiental na
organização influencia positivamente esses aspectos, na busca de mudanças de
comportamento. A necessidade de intensificar a educação ambiental foi notada
como um obstáculo a ser vencido na capacitação de recursos humanos. Os dados
levantados também possibilitaram verificar que a Unidade de Sidrolândia exporta a
maioria de seus produtos e um de seus clientes mais importantes, o Japão, exige
controles ambientais e desafia a Unidade para o contínuo processo de melhoria no
desempenho ambiental. Os desafios são possíveis e atingíveis desde que a
organização incorpore o Sistema de Gestão Ambiental nas atividades do seu dia-a-
dia.
Palavras-chave: Educação ambiental, competitividade, mudança de comportamento,
percepção ambiental.
xiii
ABSTRACT
A critical analysis of an Environment Management System (EMS) based on the ISO
14001:2004 standards was conducted at a poultry slaughterhouse located at
Sidrolândia, State of Mato Grosso do Sul, during the period of 2004 – 2007. It aimed
to evidence environmental and competitive advantage gains among companies
established on the current market. The field research, a case study kind, developed
at the poultry slaughterhouse facilities, was able to retrieve historic data from before
and after the implementation of the EMS. Several improvements were found,
especially ones related to solid residues management, hydric resources
conservation, effluent management and treatment and compliance with
environmental laws, as well as a better control over significant elements, achieved
through monitoring, set up of preventive and corrective actions and safer measures
related to potential environmental impacts. Employee’s perception was assessed
through questionnaires that identified cultural factors, level of environmental
awareness and knowledge of the EMS, which reaffirmed the principle that by
implementing an EMS a company can positively influence those attributes seeking
behavioural changes. Based on the data retrieved it was also possible to verify that
the plant exports the majority of their products and one of their most important
customers, Japan, requires environmental controls, is impressed by management of
significant factors and defies the company to maintain an environmental performance
continuous improvement process. The challenges are possibly achievable as long as
the company incorporates the EMS to its every day activities.
Key words: Environmental education, competitiveness, behavioural changes,
environmental perception.
1
1 INTRODUÇÃO
A notável expansão das capacidades técnico-produtivas e o acelerado
crescimento demográfico mundial têm evidenciado, especialmente ao longo da
segunda metade do século XX, que os recursos naturais e os serviços derivados
deles não são ilimitados, e que sua escassez ou esgotamento constituem uma séria
ameaça ao bem-estar presente e ao futuro da humanidade. A importância dos
recursos naturais é fundamental para a sobrevivência humana, principalmente ao
considerar que, apesar de todo o desenvolvimento tecnológico até aqui alcançado,
ainda não existem condições que possibilitem a substituição dos elementos
fornecidos pela natureza.
Após a década de 70, o homem passou a tomar consciência do fato de que
as raízes dos problemas ambientais deveriam ser buscadas nas modalidades de
desenvolvimento econômico e tecnológico e de que não seria possível confrontá-los
sem uma reflexão sobre o padrão de desenvolvimento adotado. Isso levou a
humanidade a repensar a sua forma de desenvolvimento, essencialmente calcada
na degradação ambiental, e fez surgir uma abordagem de desenvolvimento sob uma
nova ótica, conciliatória com a preservação ambiental. Assim, surge o
desenvolvimento sustentável (FIORILLO, 2006; SEIFFERT, 2006).
Weber (1999) esclarece que um dos últimos grupos a integrar esta luta, e
talvez o que traga resultados mais diretos em menos tempo, é o setor empresarial.
Movidos pela exigência de seus consumidores, inicialmente os europeus, as
empresa começam a perceber que seus clientes estavam dispostos a pagar mais
por produtos ambientalmente corretos, e mais, deixar de comprar aqueles que
contribuíam para degradação do Planeta. Além disto, esta pressão popular atingiu
também governos, que passaram a estabelecer legislações ambientais cada vez
mais rígidas, ao fazer com que empresas tenham que adequar seus processos
industriais, com o uso de tecnologias mais limpas.
Esta mudança na percepção de pessoas em questão ambiental obrigou o
setor industrial a desenvolver e implementar sistemas de gestão em seus processos
de maneira que atendesse a demanda vinda de seus clientes e cumprissem com a
legislação ambiental vigente. A estes sistemas denominaram de Sistema de Gestão
Ambiental - SGA. Com estes sistemas, os empresários começam a verificar que uma
postura ambientalmente correta na gestão dos seus processos poderá refletir
2
diretamente em produtividade, qualidade e conseqüentemente melhores resultados
econômico-financeiros.
As empresas existentes no mercado competitivo têm buscado uma
certificação na área ambiental, mais especificamente cumprir os quesitos das
normas de qualidade ambiental brasileira NBR ISO 14001. A norma brasileira é
idêntica à norma proposta pela ISO adotada em todos os países, e tem um efeito
sistêmico interessante: ao enfocar a necessidade de adotar fornecedores
certificados, cria-se um enlace de reforço positivo. Quanto mais empresas estiverem
certificadas, mais empresas se verão obrigadas a se certificar, pois a exigência se
replica a montante na rede de valor (GAVRONSKI, 2003).
Andrade et al. (2000) esclarecem que o crescimento da atividade industrial,
com a conseqüente geração de maior quantidade de resíduos e poluentes e o
crescimento da demanda por produtos e serviços, tem forçado ao desenvolvimento
de novas tecnologias para os processos produtivos, simultaneamente à necessidade
de novas técnicas administrativas voltadas ao gerenciamento dessas atividades,
com preocupação ambiental. Ao mesmo tempo em que a maioria dos governos
mundiais passou a se dedicar à busca de soluções para problemas ambientais, por
meio de organismos reguladores específicos e a tentativa de implantação de
acordos resultantes de conferências internacionais, organismos normalizadores que
passaram a trabalhar em normas técnicas de orientação às empresas, visando ao
desenvolvimento de uma mentalidade de melhoria contínua.
É fundamental lembrar que uma vez implantado este Sistema, o compromisso
passa a ser permanente, pois exige uma mudança definitiva da antiga cultura e das
velhas práticas. Para tanto, é imprescindível a busca da melhoria contínua, princípio
fundamental de um SGA.
Contudo, o gerenciamento de um processo, por meio das ferramentas de um
SGA possibilita ganhos de produtividade e qualidade, além da satisfação das
pessoas envolvidas diretamente no processo, pois estes aprendem que sempre é
possível fazer melhor e percebem a evolução da qualidade de seus serviços. Atuar
de maneira ambientalmente responsável é ainda, hoje, um diferencial entre
empresas, que as destacam no competitivo mercado. Quanto antes às empresas
perceberem esta nova realidade maior será a chance de se manterem (ANDRADE et
al., 2000).
3
A partir desse entendimento, o trabalho teve como objetivo principal examinar
criticamente o Sistema de Gestão Ambiental implementado aos moldes da ISO
14001:2004 em um frigorífico de abate de aves como processo que traz um
diferencial entre as empresas do mesmo ramo que estão no atual mercado
competitivo. Contribuíram com este propósito, os seguintes objetivos auxiliares:
• Descrever as fases do processo de implementação do SGA na Empresa
correlacionando-as com a NBR ISO 14001:2004.
• Identificar melhorias de cunho ambiental obtidas com a implementação do
SGA.
• Registrar a percepção de mudanças no comportamento de gestores, de
supervisores e de demais funcionários quanto aos quesitos de
conhecimentos, hábitos, valores e procedimentos administrativos e sociais em
questão ambiental como um dos aspectos agregados a cultura da
organização após o processo de implementação do SGA, na empresa.
• Identificar cliente(s) que exigem controle ambiental da organização para a
contínua aquisição de seus produtos.
4
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 NORMAS DA SÉRIE ISO 14001:2004
Segundo Cavalcanti (1996 apud BOOG; BIZZO, 1999) No início do ano de
1991, a ISO por meio de seu Conselho Estratégico de Meio Ambiente (SAGE -
Strategic Advisory Group on Environment), estimulou a formação de um grupo para
estudar a questão ambiental. Em março de 1993, foi criado o Comitê Técnico no. 207
(ISO/TC 207), responsável pela formulação de uma série de normas voltadas à
gestão ambiental, que são as atuais normas da série ISO. De acordo com Moreira
(2001), a ISO realiza seu trabalho por intermédio de comitês técnicos (TC),
compostos por especialistas representantes dos diversos países membros, cada
qual com responsabilidades específicas no âmbito de determinado tema a ser
padronizado. A rotina de funcionamento da ISO prevê os seguintes estágios de
emissão de normas, conforme Quadro 1 a seguir:
Quadro 1 - Processo de emissão das Normas ISO
Estágio Sigla SignificadoPrelimenary Work Item WI Estágio preliminar; análises do tema.
New Work Item Proposal NP O tema é proposto e voltado quanto à sua aceitação
para ser objeto de uma norma internacional.
Working Draft WD Primeira minuta de trabalho a ser submetida à
votação do comitê responsável pelo tema.
Committee Draft CD Minuta que obteve a aprovação do comitê
responsável.
Draft of international Standard DIS Minuta que já pode ser considerada um projeto de
norma internacional.
Final Draft of International
Standard
FDIS Minuta final, aprovada pelo comitê responsável,
sujeita a pequena alterações.
Internacional Standart IS Versão final, aprovada e publicada pela ISO
Fonte: Moreira, 2001, p. 39.
Como conseqüência da Rio – 92, a Conferencia das Nações Unidas de Meio
Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro, em 1992, foi proposta a
5
criação de um grupo especial na ISO para elaborar normas relacionadas com o tema
meio ambiente. Em março de 1993, instalou-se o Comitê Técnico ISO/TC207 –
Gestão Ambiental, com a participação de cerca de 56 países, responsável por
elaborar a série de normas ISO 14000, inter-relacionando-se com o ISO/TC176,
comitê que elaborou as normas de Gestão da Qualidade (série ISO 9000). Desde
sua origem, portanto, a Série de Normas Ambientais buscou afinidades com a Série
da Qualidade, deixando clara a integração necessária entre os conceitos de
Qualidade e Meio ambiente (MOREIRA, 2001).
Boog e Bizzo (1999) relatam que o Comitê Técnico 207 dividiu suas
atividades em seis sub-comitês técnicos (SC’s), atribuindo-lhes a responsabilidade
pelas seguintes áreas : Sistema de Gestão (SC 1); Auditoria Ambiental (SC 2);Certificação Ambiental (SC 3); Avaliação e Desempenho Ambiental (SC 4);Análise do Ciclo de Vida (SC 5); e Termos e Definições (SC 6). Além desses sub-
comitês, foi criado um Grupo de Trabalho para tratar de Aspectos Ambientais de
Produtos, além de um Comitê Especial de Integração das normas da série ISO
14000 com as demais normas da instituição.
A Figura 1 demonstra claramente como o comitê ISO se organizou em termos
de estrutura.
6
Fonte: Moreira, 2001, p. 40.
Figura 1 – Organização do comitê ISO / TC 207.
A Série ISO 14001 se divide em dois grupos de normas, em função do seu
objetivo, conforme Figura 2.
Os dois grupos são: Avaliação da Organização e Avaliação do Produto.
Primeiramente tem-se o relatado sobre o grupo de Avaliação do Produto conforme
levantamento de Moreira (2001) e Seiffert (2006) e após é dissertado o grupo
Avaliação da Organização, no qual esse trabalho se baseia.
InternationalOrganization forStandardization
Suíça
TC – 207Gestão
Ambiental
Canadá
TC – 176Gestão de
Qualidade SérieIso 9000
Canadá
SC 02AuditoriaAmbientalHolanda
SC 03Selo
Ambiental(“Selo
Verde”)Austrália
SC 04Avaliação de
Des.Ambiental.
EUA
SC 05Análise do
Ciclo de Vidado Produto
França
SC 06Termos eDefiniçõesNoruega
WG 01AspectosAmb. Em
Normas deProdutos
Alemanha
SC 01Sistema
de GestãoAmbiental
ReinoUnido
7
Fonte: Moreira, 2001, p. 40.
Figura 2 – Estrutura do Gerenciamento Ambiental (TC – 2007) caracterizando adivisão dos dois grupos de normas, sendo eles, a avaliação da organização eavaliação do produto.
2.1.1 Primeiro Grupo – Normas voltadas para a avaliação do produto
Esse primeiro grupo dentro do gerenciamento ambiental, trata da Avaliação
do Produto (foco nos produtos e serviços) e se caracteriza por: Rotulagem
ambiental, Análise de ciclo de vida do produto e Aspectos ambientais nos produtos
padrões.
Moreira (2001) descreve que, a adoção de uma norma de produto pode ser
feita de maneira independente das normas de gestão, ou seja, nenhuma é pré-
requerida da outra e todas são voluntárias.
Seiffert (2006) explica que as normas (ISO 14020, ISO 14021, ISO 14024 e
ISO/TR 14025) – estabelecem diferentes escopos para a concessão de selos
ambientais; diferentemente da ISO 14001, não certificam processos e sim linhas de
produtos que devam apresentar características específicas, tomando como base
critérios estruturais tecnicamente válidos.
8
O primeiro selo ecológico foi lançado em 1972, pela Holanda, com pouca
repercussão. Em 1978. a Alemanha instituiu o selo denominado Blauer Engel (Anjo
Azul), que despertou maior interesse e outros países também lançaram mão desse
recurso. Assim sendo, julgou-se conveniente estabelecer critérios de âmbito
internacional para a aplicação do selo ecológico, por intermédio das normas ISO, as
quais se acham ainda em fase de elaboração.
Moreira (2001) afirma que a aplicação do conceito de ciclo de vida do produto
é algo bem mais sofisticado, que pressupõe uma contabilização dos impactos
positivos ou negativos ao meio ambiente e são decorrentes das etapas de produção,
desde a extração da matéria-prima até a disposição final dos recursos, visando à
adoção de práticas ambientalmente corretas em todo o ciclo de vida do produto (“do
berço ao túmulo”).
Seiffert (2006) considera que a avaliação de ciclo de vida abrange as
seguintes normas; (ISO 14040, 14041, 14042, 14043, ISO/CD 14048, ISO/TR
14049). Estabelece a sistemática para a realização da avaliação de ciclo de vida de
produto. Essa avaliação é realizada ao considerar a abordagem do berço ao túmulo,
como foi citado por Moreira (2001), ou seja, tudo o que entra no processo produtivo,
desde energia, água, matéria – prima, insumos, entre outras etapas até a fase de
descarte do produto e suas implicações ambientais. Quanto aos aspectos
ambientais em normas de produtos, abrange a norma (ISO/CD 14060), a qual visa
orientar os elaboradores de normas de produtos buscando a especificação de
critérios que reduzam os efeitos ambientais advindos dos componentes.
Conforme Barbieri (2004), o Quadro 2 mostra as normas para produto.
9
Quadro 2 – Normas da família ISO 14000 – normas para produtos
ÁREATEMÁTICA
NÚMERO: ano dapublicação
TÍTULO DA NORMA
ISO 14.020:2000 Rótulo e declarações ambientais – princípios gerais.ISO 14.021:1999 Rótulos e declarações ambientais – reivindicações de
autodeclarações ambientais – rotulagem ambientaltipo II.
ISO 14.024:1999 Rótulos e declarações ambientais – reivindicações deautodeclarações ambientais – rotulagem ambientaltipo I princípios e procedimentos.
RotulagemAmbiental
ISO 14.025:2000 Rótulos e declarações ambientais - Declaraçõesambientais tipo III
ISO 14.040:1997 Gestão ambiental: avaliação do ciclo de vida –princípios estruturas.
ISO 14.041:1998 Gestão ambiental: avaliação do ciclo de vida –objetivos e escopo, definições e análise de inventários.
ISO 14.042:2000 Gestão ambiental: avaliação do ciclo de vida –avaliação de impacto do ciclo de vida.
Avaliação doCiclo de Vida
ISO 14.043:2000 Gestão ambiental: avaliação do ciclo de vida –interpretação.
ISO Guia 64:1997 Guia para a inclusão de aspectos ambientais emnormas de produtos.Aspectos
Ambientaisem Normas
de Produtos.
ISO 14.062:2002 Integração dos aspectos ambientais nodesenvolvimento de produtos.
Termos edefinições
ISO 14.050:2002 Gestão ambiental – vocabulário
Fonte: Barbieri,2004, p. 145.
2.1.2 Segundo Grupo – Normas voltadas para a avaliação da organização.
O segundo grupo dentro do gerenciamento ambiental trata da Avaliação da
Organização (foco nas organizações empresariais) e se caracteriza por: Sistema de
Gestão Ambiental, Desempenho Ambiental e Auditoria Ambiental.
Moreira (2001) esclarece da mesma forma que a Série ISO 9000 – Gestão da
Qualidade teve como base uma norma inglesa (BS-5750), a ISO 14001 – Sistema de
Gestão Ambiental, baseou-se em um padrão britânico, a BS – 77501 que, por sua
1 “A BS 7750 foi elaborada para estabelecer a melhor prática gerencial em sistemas degerenciamento ambiental, permitindo verificação de terceira parte. Também visava cumprir asexigências de padronização do sistema gerencial da Regulamentação, com exceção da exigência da
10
vez, foi influenciada pela regulação ambiental da Comunidade Européia, a EMAS –
Eco Management and Audit Scheme (Gerenciamento Ecológico e Plano de
Auditoria)2.
A ISO 14001, a única norma que possibilita a concessão de certificado à
organização, foi emitida experimentalmente em 1992 e reeditada em 02 de janeiro
de 1994 (no Brasil, em outubro de 1996), tendo como conseqüência a desativação
da BS – 7750, em 1º de janeiro de 1977.
Conforme Prado (2004), no decorrer do ano 2004, a NBR ISO 14001:1996
sofreu modificações não significativas, para fins de compatibilizar a norma com os
padrões da série ISO 9000:2000, ao assegurar que os padrões possam ser
compreendidos e utilizados por qualquer tipo de empresa ao redor do mundo, e por
tornar mais claros textos publicados primeiramente na edição de 1996.
As normas relacionadas com auditoria já se transformaram em Norma
Brasileira Registrada (NBR-ISO), porém muitas outras se encontram em diferentes
estágios de elaboração, conforme Quadro 3.
declaração pública, e ser compatível com a ISO 9000, formando um conhecimento extensivo daaplicação dos sistemas de gerenciamento da qualidade” (GILBERT, 1995, p. VI).
2 “O EMAS – Sistema Comunitário de Eco-Gestão e Auditoria ou Eco-Management and Audit Schemeé um instrumento voluntário dirigido às empresas que pretendam avaliar e melhorar os seuscomportamentos ambientais e informar o público e outras partes interessadas a respeito do seudesempenho e intenções ao nível do ambiente, não se limitando ao cumprimento da legislaçãoambiental nacional e comunitária existente” (GILBERT, 1995, p. VII).
11
Quadro 3 - Normas da família ISO 14000 – normas para organização
ÁREATEMÁTICA
NÚMERO: ano dapublicação
TÍTULO DA NORMA
ISO 14.001:2004 Sistema de gestão ambiental – Requisitos comorientações para uso.
ISO 14.004:2004 Sistema de gestão ambiental – diretrizes gerais sobreprincípios, sistemas e técnicas de apoio.
ISO 14.061: 1998 Informações para auxiliar as organizações florestais nouso das normas ISO 14.001 e ISO 14.004.
Sistema deGestão
Ambiental
ISO 14.010:1996 Diretrizes para auditoria ambiental – princípios gerais.ISO 14.011:1996 Diretrizes para auditoria ambiental – procedimentos de
auditorias – auditorias de sistemas.ISO 14.012: 1996 Diretrizes para auditoria ambiental – critérios de
qualificação para auditores ambientais.ISO 14.015:2001 Gestão ambiental – avaliação ambiental de locais e
Organizações.
AuditoriaAmbiental
ISO 19.001:2002 Diretrizes para auditorias de sistema de gestão daqualidade e/ou ambiental (substitui as normas ISO14.010, 14.011 e 14.012)
ISO 14.031:1999 Gestão ambiental - avaliação do desempenhoambiental diretrizes.
Avaliação doDesempenho
Ambiental ISO 14.032:1999 Gestão ambiental – exemplos de avaliação dodesempenho ambiental.
Fonte: Barbieri, 2004, p. 145.
Barbieri (2004) afirma que a Auditoria Ambiental e a Avaliação do
Desempenho Ambiental são dois tipos de instrumentos de gestão ambiental que
permite à administração avaliar o status da atuação ambiental da organização e
identificar as áreas ou funções que necessitam de melhorias. A Auditoria Ambiental
tratada pelas normas ISO 14.000 é uma avaliação periódica para verificar o
funcionamento do SGA.
2.2 IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) SEGUNDO
A NORMA NBR ISO 14001:2004
Organizações de todos os tipos estão cada vez mais preocupadas em atingir
e demonstrar um desempenho ambiental correto, ao controlar o impacto de suas
atividades, produtos ou serviços no meio ambiente levando em consideração sua
12
política e seus objetivos ambientais. Esse comportamento se insere no contexto de
uma legislação cada vez mais exigente, do desenvolvimento de políticas
econômicas, de outras medidas destinadas a estimular a proteção ao meio ambiente
das partes interessadas em relação às questões ambientais e ao desenvolvimento
sustentável (PRADO, 2004).
Seiffert (2006) comenta que a evolução das iniciativas ambientais nas
organizações trouxe a necessidade de a gestão ambiental ser tratada enquanto
sistema. Um SGA – 14001 têm entre seus elementos integrantes uma política
ambiental, o estabelecimento de objetivos e metas, o monitoramento e medição de
sua eficácia, a correção de problemas associados à implantação do sistema, além
de sua análise e revisão como forma de aperfeiçoá-lo, o que vem a melhorar o
desempenho ambiental geral.
Muitas organizações têm efetuado análises ou auditorias a fim de avaliar seu
desempenho ambiental. No entanto, por si só, elas podem não ser suficientes para
proporcionar a uma organização a garantia de que seu desempenho não apenas
atende, mas continuará a atender, aos requisitos legais e aos de sua própria política
ambiental. Para que sejam eficazes, é necessário que esses procedimentos sejam
conduzidos dentro de um sistema de gestão estruturado e integrado ao conjunto de
atividades de gestão dentro da organização.
A idéia de aperfeiçoamento é central para a questão ambiental em sua
abordagem sistêmica, tendo-se em mente a complexidade em que se encontra
inserida, o que demanda continua adaptação aos novos elementos que surgem.
Assim, o SGA apresenta-se como um processo estruturado que possibilita a
melhoria contínua num ritmo estabelecido pela organização de acordo com suas
circunstancias, inclusive econômicas (PRADO, 2004).
As normas internacionais de gestão ambiental têm por objetivo prover às
organizações os elementos de um sistema de gestão ambiental eficaz, passível de
integração com outros requisitos de gestão, de forma a auxiliá-las a alcançar seus
objetivos ambientais e econômicos. Esta norma, como outras internacionais, não
têm a intenção de criar uma barreira não tarifária comercial ou dificultar e alterar as
obrigações legais da organização. Para que sejam atingidos os objetivos de
qualidade ambiental, o sistema de gestão ambiental deve estimular as organizações
a considerar a adoção de tecnologias disponíveis, levando em consideração a
13
relação beneficio/custo das mesmas e condicionantes estratégicas envolvidas
(SEIFFERT, 2006)
A norma ISO 14001 especifica os requisitos de um sistema de gestão
ambiental, tendo sido redigida de forma a aplicar-se a todos os tipos e portes de
organização e para se adequar a diferentes condições geográficas, culturais e
sociais. O sucesso do sistema depende do comprometimento de todos os níveis e
funções, especialmente da alta administração. Um sistema desse tipo permite a uma
organização estabelecer e avaliar a eficácia dos procedimentos destinados a definir
uma política e objetivos ambientais, atingir a conformidade com eles e demonstrá-la
a terceiros. A finalidade da norma é equilibrar a proteção ambiental e a prevenção
de poluição com as necessidades sócio-econômicas. A gestão ambiental abrange
uma vasta gama de questões, inclusive aquelas com implicações estratégicas e
competitivas.
Barbieri (2004) comenta que as normas relativas aos sistemas de gestão
produzida pela ISO foram traduzidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) e integram o conjunto de normas dessa instituição. São elas: a NBR ISO
14004 fornece elementos para a empresa criar e aperfeiçoar o seu SGA e a NBR
ISO 14001 é uma norma que contém os requisitos que podem ser objetivamente
auditados para fins de certificação, registro ou autodeclaração em empresas de
qualquer setor ou porte.
Lindner (2000) defini o SGA como um conjunto de procedimentos para gerir
ou administrar uma empresa, de forma a obter o melhor relacionamento com o meio
ambiente. Logo, a implantação de um SGA representa um processo de mudança
comportamental e gerencial da organização. É importante num Sistema de
Qualidade Ambiental que haja envolvimento e comprometimento de todo o corpo
funcional com o meio ambiente.
A tentativa de homogeinizar conceitos, ordenar as atividades e criar padrões e
procedimentos que sejam reconhecidos por aqueles que estejam envolvidos com
alguma atividade produtiva que gere impacto ambiental. As normas voltadas às
questões ambientais contribuem para a diminuição da degradação ambiental e os
sistemas produtivos precisam de um conjunto de normas para gerenciar e diminuir a
poluição. A evolução dos cuidados do setor produtivo tem passado por três estágios
interligados sucessivos:
1º - Cumprimento das exigências legais e normativas;
14
2º - Integração da função gerencial de controle ambiental ao processo
produtivo;
3º- Gestão ambiental: prevenção e diminuição de práticas poluidoras e
impactantes ao meio ambiente (LINDNER, 2000).
Lindner (2002) explica que as normas surgiram para tentar estabelecer um
conjunto de procedimentos e requisitos que relacionam o meio ambiente como:
projeto/desenvolvimento, planejamento, fornecedores, produção e serviços pós-
venda. A norma NBR ISO 14004 descreve os elementos de um SGA e apresenta
orientações práticas para sua implementação ou seu aprimoramento. Além disso,
orienta as organizações centradas no mercado competitivo como efetivamente
iniciar, aprimorar e manter um SGA. Tal sistema é essencial para capacitar uma
organização a antecipar e atender a seus objetivos ambientais e assegurar o
contínuo cumprimento das exigências nacionais e ou internacionais.
Para Tibor (1996) citado em Lindner (2002, p. 56)
“[...] antes de discutirmos a ISO, é importante definirmos o papel dasnormas internacionais, O que são e por que precisamos delas? Emprimeiro lugar, as normas internacionais permitem que uma pessoacompre uma câmara de vídeo japonesa nos Estados Unidos, usefitas de vídeo fabricadas na Europa e assista às fitas em aparelhosde videocassete no Brasil”.
A implantação de um SGA exige como primeiro passo a clara e firme
determinação da alta direção. Essa decisão é importante para o êxito, porque se
sabe que institucionalizar uma mudança de hábitos na cultura organizacional,
costuma ser uma tarefa bastante difícil. Para iniciar o processo de implantação de
um SGA é fundamental que a alta administração esteja sensibilizada com a proposta
e a apóie.
A Figura 3 apresenta o modelo de SGA da família ISO 14000, que também se
baseia no ciclo PDCA3, tendo como ponto de partida o comprometimento da alta
3 “O PDCA é um retorno contínuo para identificar e mudar elementos dos processos para reduzir avariação. Em outras palavras, o objetivo do PDCA é planejar fazer alguma coisa, fabricar ou fazerisso, verificar ou checar isso pra exigências necessárias, e corrigir o processo para manter odesempenho de produção aceitável” (PRADO, 2004, p.75).Plan (planejar): estabelecer os objetivos e processos necessários para fornecer os resultados deacordo com a política do empreendimento (neste caso, política de sustentabilidade).Do (implementar): implementar os processosCheck (verificar): monitorar e medir o resultado dos processos em relação à política, objetivos emetas e reportar os resultados.Act (agir): tomar ações para melhorar continuamente a performance do sistema de gestão. (ABNTNBR ISO 14.001:2004)
15
administração e a formulação de uma política ambiental. Conforme a NBR ISO
14001, o SGA é a parte do sistema de gestão global que inclui estrutura
organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas,
procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir,
analisar criticamente e manter a política ambiental.
Fonte: Wekema, 1995, p. 48.
Figura 3 – Ciclo PDCA para o sistema de gestão ambiental - ISO 14001.
Para melhor visualização do desempenho e do gerenciamento do processo
do SGA, sugere-se que a organização adote como procedimento – padrão, para a
tomada de ações, a ferramenta o ciclo do PDCA, que conforme Werkema (1995), o
ciclo PDCA é um método gerencial de tomada de decisões para garantir o alcance
das metas necessárias à sobrevivência de uma organização.
Barbieri (2004) afirma que para efeito de certificação, a organização deve
estabelecer e manter um SGA de acordo com os requisitos descritos na seção 4 da
norma ISO 14001:2004, cujos títulos encontram-se no Quadro 4. Ela não estabelece
requisitos absolutos para o desenvolvimento ambiental, além do comprometimento
expresso na política ambiental de atender à legislação e aos regulamentos
aplicáveis e de promover a melhoria contínua. Razão do porque organizações com
atividades similares e desempenhos ambientais diferentes podem atender aos
requisitos dessa norma. Espera-se a empresa vá periodicamente analisar e avaliar
criticamente o seu SGA para identificar oportunidades de melhoria e sua
implementação.
16
Quadro 4 - Seção 4 da norma NBR ISO 14001:2004 – Requisitos gerais.
Fonte: NBR ISO 14001:2004
A idéia é que o SGA forneça um processo estruturado para realizar melhorias
contínuas, cujo ritmo e amplitude sejam determinados pela organização, conforme
circunstâncias operacionais, econômicas e outras. Embora se espere que a adoção
do SGA melhore o desempenho ambiental da organização, o SGA deve ser
entendido como uma ferramenta que permite a esta atingir e controlar
sistematicamente o desempenho ambiental por ela mesma estabelecido. A norma
preconiza a realização de melhorias contínuas no desempenho ambiental global da
organização de acordo com sua própria política. Melhoria contínua é definida na
norma como um processo de aprimoramento do SGA, ao atingir melhorias do
4.1 REQUISITOS GERAIS4.2 POLÍTICA AMBIENTAL4.3 PLANEJAMENTO4.3.1 Aspectos Ambientais4.3.2 Requisitos legais e outros4.3.3 Objetivos, metas e programa(s)4.4 IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e autoridades4.4.2 Competência, treinamento e conscientização4.4.3 Comunicação4.4.4 Documentação4.4.5 Controle de documentos4.4.6 Controle operacional4.4.7 Preparação e resposta à emergências4.5 VERIFICAÇÃO4.5.1 Monitoramento e medição4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros4.5.3 Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva4.5.4 Controle de registros4.5.5 Auditoria interna4.6 ANÁLISE PELA ADMINISTRAÇÃO
17
desempenho ambiental global de acordo com a política da organização (BARBIERI,
2004).
A empresa tem liberdade e flexibilidade para implementar o SGA para toda a
organização ou para unidades operacionais ou atividades específicas. Embora seja
esta uma norma aplicável a qualquer tipo de organização, o nível de detalhamento e
complexidade do SGA, a amplitude da documentação e a quantidade de recursos
alocados dependem do porte e da natureza da atividade da organização. Essa
flexibilidade derruba um argumento muito freqüente de que a norma só é viável para
as grandes empresas devido ao elevado grau de formalismo exigido. Conforme o
citado Anexo A da norma ISO 14001, recomenda-se que o SGA permita à
organização:
(a) estabelecer uma política ambiental apropriada para si;
(b) identificar os aspectos ambientais decorrentes de suas atividades,
produtos e serviços, passados, existentes ou planejados, para determinar os
impactos ambientais significativos;
(c) identificar os requisitos legais e regulamentos aplicáveis;
(d) identificar prioridades e estabelecerem objetivos e metas ambientais
apropriadas;
(e) estabelecer uma estrutura e programas para implementar a política e
atingirem objetivos e metas;
(f) facilitar as atividades de planejamento, controle, monitoramento, ação
corretiva, auditoria e análise crítica, de forma que a política seja obedecida e que o
SGA permaneça apropriado; e
(g) ser capaz de se adaptar às mudanças das circunstâncias.
A interpretação das informações sobre problemas ambientais vindas de todos
os quadrantes do planeta, gera uma série de dúvidas, preocupações e incertezas
sobre a proteção ambiental frente as crescentes “necessidades” humanas.
Cajazeira (1997) afirma que estas preocupações em relação às questões ecológicas
foram transferidas para as indústrias sob as mais diversas formas de pressão:
financeiras (bancos e outras instituições financeiras evitam investimentos em
negócios com perfil ambiental conturbado), Seguros (diversas seguradoras só
aceitam apólices contra danos ambientais em negócios de comprovada competência
em gestão do meio ambiente), Legislação (crescente aumento das restrições aos
18
efluentes industriais pelas agências ambientais). O autor se refere ainda à pressão
de variáveis ambientais, conforme demonstrado na Figura 4.
Fonte: Cajazeira, 1997, p.35.
Figura 4 - Pressões exercidas pelas indústrias numa tentativa de alavancar ouniverso de fatores e variáveis ambientais a que as organizações estão sujeitas.
2.2.1 Importância estratégica da gestão ambiental para as empresas
As empresas tornam-se expostas a cobranças de posturas mais ativas com
relação à responsabilidade sobre seus processos industriais, resíduos e efluentes
produzidos e descartados, bem como o desempenho de seus produtos e serviços
em ralação à abordagem de ciclo de vida. A sociedade considera as empresas como
as principais responsáveis pela poluição, tornaram-se vulneráveis a ações legais,
boicotes e recusas por parte dos consumidores, que hoje consideram a qualidade
ambiental como uma de suas necessidades principais a serem atendidas (MOURA,
2000).
Os dados relacionados à deterioração ambiental, apesar de apresentarem
certa redução nos últimos 20 anos, apontam que as indústrias dos países
desenvolvidos (PDs) contribuem com, aproximadamente, 1/3 do Produto Nacional
Poluição doAr
DisposiçãoFinal de
Resíduos
Redução daCamada de
Ozônio
Odores
Saúde
Biodiversidade
Efeito Estufa
MudançasPolíticas e
Econômicas
Poluição da ÁguasPoluição deSolos
Mudanças Socias eTecnológicas
ReduçãoÁreas Agricultáveis Disponibilidade de
Recursos Naturais
Legislação
Consumidores
Ruídos
Segurança eSaúde
Ocupacional
CrescimentoDemográfico
Chuva Ácida
Fornecedores
19
Bruto (PNB), ao passo que as externalidades negativas têm sido proporcionalmente
maiores. Quanto à poluição do ar, o ramo industrial é responsável por 40 a 50% das
emissões de óxidos de enxofre e 50% dos efeitos referentes ao efeito estufa. Com
relação à poluição da água, a indústria contribui com 60% da demanda bioquímica
de oxigênio e de materiais em suspensão e 90% dos despejos tóxicos na água.
Quanto ao lixo, o setor industrial produz 75% do lixo orgânico (MAIMON, 1998). As
informações provenientes do macro ambiente indicam uma situação preocupante e
servem para alertar para o impacto causado por diferentes nichos de atuação
industrial.
Mesmo dentro do ramo industrial, deve ser observada a especificidade do tipo
de indústria, uma vez que existe desigualdade com relação ao impacto dos
diferentes ramos de atividades. Isso ocorre por que a poluição gerada é influenciada
pela forma de uso de insumos, matérias-primas, água e energia no processo de
produção, ao qual também está aliada a intensidade de incorporação de tecnologias
industriais dos PDs, que concentra 20% do valor adicionado e são responsáveis por
2/3 do total da poluição industrial (MAIMON, 1998).
A adoção de posturas que denotem uma preocupação com a questão
ambiental depende das percepções das próprias empresas. Existe uma série de
constatações realizadas na região européia que contribuem para a visão da questão
ambiental como uma variável importante no processo de planejamento
organizacional e como algo de caráter permanente. E neste ponto é pertinente
comentar que os países industrializados, além de terem poluído de forma sem
precedentes o planeta, para manter seu nível de desenvolvimento, têm drenado
recursos numa extensão que dificilmente poderá ser alcançado pelos países em
desenvolvimento. A dinâmica perniciosa desse processo tem revelado aspectos
alarmantes do padrão de desenvolvimento industrial resultante sobre a questão
ambiental. (BACKER, 1995)
Outro elemento que vem à tona devido aos imperativos da questão ambiental
que se apresentam às organizações diz respeito aos efeitos que os determinantes
externos à organização exercem sobre o seu ambiente interno. Existe uma visão
predominante de que há um dilema entre ecologia e economia, ou seja, de um lado
os benefícios sociais provocados pelas normas ambientais rigorosas e do outro os
custos privados das indústrias, os quais acarretam aumento de preços e redução da
20
competitividade, existindo dessa forma um permanente conflito entre estes dois
pólos (PORTER, 1999).
A visão de que preocupações ambientais resultam em custos para o processo
produtivo, apesar de assumir muitas vezes o aspecto de senso comum, representa
uma questão que ainda deve ser debatida objetivamente. Apesar de existir a idéia
de que preocupações ambientais acarretarão novos custos, o que se observa é que
a elevação do nível de desempenho ambiental organizacional não está relacionada,
em longo prazo, com custos elevados. Práticas gerenciais que preservem o
ambiente podem melhorar os resultados financeiros da organização. Os resultados
de uma pesquisa do World Resources Institute (Instituto para Recursos Mundiais),
junto a 10 mil fábricas, revelou que aquelas instalações que apresentaram bom
histórico ambiental não sacrificam os lucros quando confrontadas com outras
empresas (TIBOR; FELDMAN, 1996).
A análise da questão ambiental frente à conformidade da estrutura que um
processo produtivo pode assumir requer uma visão mais abrangente, a qual deve
considerar os diversos cenários dentro de uma visão empresarial não só de curto,
mas também de médio e longo prazo. Em virtude do contexto vivenciado por
empresa, deve-se buscar assegurar a viabilidade econômica de sua atividade
produtiva sem que, entretanto, os desdobramentos ambientais das alternativas
tecnológicas e de produção utilizadas apresentem impactos ambientais excessivos.
Ou seja, deve assegurar que seu desempenho ambiental, no mínimo, seja
compatível com as exigências legais de onde está instalada (SEIFFERT, 2006).
Outro fato observado é o de que as normas ambientais, quando elaboradas
de forma adequada, estimulam o surgimento de inovações, as quais implicam no
surgimento de novas tecnologias que diminuem o custo associado ao tratamento
(resíduos ou efluentes) ou em incremento da produtividade do processo. Essa
constatação leva à necessidade de que gerentes e reguladores passem e encarar a
melhoria ambiental em termos de produtividade dos recursos (insumos e matérias-
primas), eliminando falhas no sistema produtivo (PORTER,1999).
Além das constatações relacionadas aos resultados financeiros, também deve
ser observada uma mudança no próprio papel da empresa. Considerada há pouco
mais de um século como insignificante frente à natureza, tornou-se uma força
preponderante, mola mestra da degradação ambiental gerada pela civilização
humana. As empresas devem buscar objetivos, estratégias, bem como formas de
21
gestão, que transcendam o contexto físico-social onde as mesmas atuaram até
agora. A gestão ambiental no âmbito empresarial representa a lógica de
responsabilidade econômica coletiva, que abrange na atualidade todos os atores
intervenientes no equilíbrio do planeta (BACKER, 1995).
Backer (1995) observa também que com relação à forma que a estratégia
organizacional assume frente à problemática ambiental, existe uma negociação
permanente na estratégia ambiental, em que objetivos de pessoas e grupos que
possuem interesses parcialmente opostos devem ser considerados e provavelmente
inseridos num modelo e visar ao equilíbrio com o ecossistema no qual a empresa
está inserida.
A peculiaridade constatada na estratégia ambiental remete à importância da
forma com que a empresa irá se estruturar internamente para viabilizar suas ações
ambientais. Devido à influência das forças do ambiente externo, a empresa irá
dividir-se em unidades departamentais encarregadas de lidar com cada um dos
segmentos destas forças, o que conduz a uma diferenciação, a qual sofre um
esforço convergente para atingir os objetivos especificados, o que se caracteriza
como um processo de integração (DONAIRE, 1999).
Uma forma de lidar com o processo de diferenciação de âmbito interno da
organização, de modo a buscar a integração nas ações relacionadas à questão
ambiental, é o estabelecimento de uma unidade encarregada de agir no âmbito
dessa questão. Assim, a empresa cria, junto a suas unidades, um setor encarregado
da responsabilidade ambiental, o qual pode assumir o formato de uma diretoria de
meio ambiente ou recursos naturais. De grande importância é a relação que deve
existir entre o setor encarregado das ações ambientais e os demais setores da
empresa. O objetivo dessa relação é buscar uma integração profissional,
responsável e com harmonia de interesse, como pode ser observado na Figura 5
(BACKER, 1995).
Cabe salientar que essa forma de estruturação dependerá do tamanho, setor
de atuação, complexidade e disponibilidade de recursos da organização. Observa-se
que a responsabilidade pela implantação do SGA freqüentemente se centraliza nos
setores de qualidade, produção ou saúde e segurança ocupacional.
Seiffert (2006) afirma que a empresa precisa salientar a operacionalização da
estratégia ambiental interna da organização e a responsabilidade deve ficar ao
encargo de um setor especializado. A responsabilidade pela proteção ambiental que
22
abarque todos os funcionários cujas tarefas envolvam aspectos ambientais deve
igualmente ser assumida pela alta gerência.
No caso de empresas de grande porte, apesar de sua relativa estabilidade
determinada por sua estrutura organizacional, são consideravelmente afetadas por
esse contexto. As empresas de menor porte apresentam evidentemente maior
suscetibilidade.
23
Fonte: Backer, 1995, p. 42.
Figura 5 – Ligação da área de meio ambiente com as demais áreas funcionais daorganização.
ÁREA DE MEIO AMBIENTE
- Política ambiental;- Objetivos e metas;- Especificação deatividade/responsabilidade;- Resultados
ATUAÇÃO DO RESPONSÁVELPESQUISA E
DESENVOLVIMENTO
- Melhoria na qualidadeambiental na concepção doproduto, materiais usados noprocesso de manufatura e usofinal do produto.
PRODUÇÃO
- Menos energia;- Menos resíduos;- Economia derecursos;- Cuidados namanutenção;- Execução deauditorias ambientais.
MARKETING
- Produtos Ambientalmentemelhores;- Embalagens adequadas;- Distribuição sem riscos;- Descarte sem resíduos.
SUPRIMENTOS
- Flexibilidade derecursos alternativos;- Implicaçõesambientais da extração,uso e escassez;- Estudos específicos;- Acordo comfornecedores.
RELAÇÕESPÚBLICAS /
COMUNICAÇÃO
- Menos energia;- Menos resíduos;- Economia derecursos;- Cuidados namanutenção;- Execução deauditorias ambientais.
RECURSOS HUMANOS
- Conscientização;- Treinamento;- Esquemas de incentivo eremuneração;- Riscos (saúde / segurança)
OUTRAS UNIDADES
- FINANÇAS;- PLANEJAMENTO.
24
2.3 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E CUSTOS AMBIENTAIS
As empresas de diversos ramos que tratam com descaso seus problemas
ambientais tendem a incorrer em custos mais elevados com multas, sansões legais,
além da perda de competitividade de seus produtos em um mercado cujos
consumidores valorizam, cada vez mais, a qualidade de vida e, consequentemente,
produtos e processos produtivos em harmonia com o meio ambiente. A situação é
contrária àquela imaginada, de que os custos ambientais podem inviabilizar a
empresa ou reduzir seus lucros (MOURA, 2003).
A grande dúvida da empresa e que sempre se levanta é não saber se o
investimento realizado com a questão ambiental será rentável, pois muitas vezes
pode levar muito tempo para conseguir o retorno desse investimento. Todas as
atividades realizadas visando à melhoria de processos ou produtos com relação ao
meio ambiente acarretam o dispêndio de recursos financeiros. A própria existência
de um SGA envolve custos de mão-de-obra de várias áreas da empresa em sua
fase de planejamento, por meio de identificação de aspectos e impactos ambientais,
e eventuais ganhos e economias de energia elétrica, matérias primas, podendo ser
em curto, médio e longo tempo (DONAIRE, 1999).
Moura (2003) relata que os custos operacionais são reduzidos pela
eliminação de perdas e desperdícios e pela racionalização no uso dos recursos
humanos, físicos e financeiros, redução de acidentes e de passivos ambientais. Isso
se reflete em menores despesas com as ações reais a serem tomadas em
emergências e ações corretivas da instalação, realizadas após as emergências,
redução das despesas com ações legais decorrentes de acidentes, benefícios não
mensuráveis com relação à melhoria da imagem da empresa, maior aceitação,
decorrente da maior motivação das pessoas. Ressalta que para analisar a questão
dos custos e refletir sobre as prioridades com que devem ser realizados os
investimentos, será necessário responder aos questionamentos:
- quais são os aspectos ambientais que impõem os maiores custos para a
organização? Deve-se priorizar para uma análise cuidadosa aqueles com maior
custos.
- quais são os requisitos da legislação que impõem os maiores custos para a
organização?
25
- quais são as atividades de maior risco, portanto passíveis de impor maiores
prejuízos financeiros; lembra-se que o risco é sempre uma associação de dois
fatores: a gravidade da conseqüência, caso ocorra aquele evento, por exemplo,
liberação do efluente ou resíduo para o meio ambiente, em liberação normal ou
acidental e a probabilidade ou freqüência com que ocorra aquela liberação?
- quais são os elementos do SGA que acarretam os maiores custos
(treinamentos, comunicações, auditorias, planos específicos para cumprirem
objetivos e metas, etc.)?
- quais são os elementos que oferecem as melhores possibilidades
relacionadas a ganhos financeiros e potencial para a redução de custos?.
Uma imagem “verde”; propicia acesso a novos mercados; redução e/ou
eliminação de acidentes ambientais, evitando, com isso, custos de remediação;
incentivo ao uso racional de energia e dos recursos naturais; redução do risco de
sanções do Poder Público (multas) e facilidade ao acesso a algumas linhas de
crédito. Referente aos consumidores, estes possuirão maiores informações sobre a
origem da matéria-prima e composição dos produtos e pode optar, no momento da
compra, por bens e serviços menos agressivos ao meio ambiente (VALLE, 1995).
Castro (1996) frisa que além de promover a redução dos custos internos das
organizações, a implementação de um SGA aumenta a competitividade e facilita o
acesso aos mercados consumidores. Argumentos semelhantes são apresentados
por Rattner (1991), quando menciona que até pouco tempo as exigências referentes
à proteção ambiental eram consideradas como um freio ao crescimento e um fator
de aumento dos custos de produção. Hoje, proteger o meio ambiente constitui-se em
oportunidades para expandir mercados, baixar custos e prevenir-se contra possíveis
restrições a mercados externos (barreiras não tarifárias).
As desvantagens em não implantar um SGA estão diretamente ligadas às
barreiras não tarifárias, impostas por países mais desenvolvidos, pois um sistema de
normalização ambiental como a série ISO 14000 pode abrigar em suas entrelinhas
mecanismos de proteção de mercado.
Nos últimos anos, houve um crescimento acentuado de leis e acordos
internacionais na área ambiental que visavam a preservação do meio ambiente,
paralelamente a isso ocorreu uma grande expansão do comércio mundial. No intuito
de proteger o meio ambiente, muitos países passaram a exigir padrões de qualidade
26
ambiental muito elevado, ao criar barreiras não tarifárias, que podem trazer efeitos
danosos ao livre comércio (BRAVO; SILVA, 1994).
Um problema enfrentado pelos países em desenvolvimento serão os rótulos
ambientais (Selo Verde), pois os programas de rotulagem, por sua falta de
flexibilidade, poderão representar futuramente barreiras e restrições ao comércio
internacional (TIBOR; FELDMAN, 1996).
May (1997) afirma que se um país importador estabelecer restrições sobre
seus processos produtivos, ele também se sentirá no direito de aplicar regras de
proteção para impedir a entrada de bens que são produzidos sem obedecer aos
mesmos critérios. No entanto, isto constitui dumping ecológico4 e tal discriminação
tem sido dificultada pela Organização Mundial do Comércio - OMC.
Castro (1996) cita como exemplo empresas brasileiras dos setores de papel e
celulose, couro e calçados e ainda o têxtil, que apresentaram dificuldades para
exportar seus produtos para os Estados Unidos, Europa e Japão, uma vez que os
países importadores alegam que estas empresas são altamente poluidoras.
Além de legislações que regulamentam os processos produtivos, os países
poderão regulamentar os produtos, no que tange a materiais de embalagens e
exigências de reciclagem. Tal atitude dificultará o comércio internacional, uma vez
que a tendência nos países mais desenvolvidos é não utilizar embalagens
descartáveis, como é o caso dos refrigerantes. Referente à reciclagem, cabe a
empresa produtora reciclar seus produtos após sua não possibilidade de uso, por
exemplo: máquinas de lavar, televisores entre outros (BRAVO; SILVA, 1994). Neste
sentido, a mobilização internacional em torno da definição de normas ambientais
comuns reflete nitidamente a pressão dos agentes econômicos, em diferentes graus,
na busca do desenvolvimento sustentável, ao possibilitar às gerações futuras
usufruir de um meio ambiente mais saudável.
Para continuar em mercados competitivos cada vez mais, as empresas em
seus diferentes ramos devem tomar conhecimento e resolver os problemas
ambientais decorrentes de seus processos produtivos, caso contrário perderá
gradativamente seu espaço entre consumidores que são mais exigentes e
preocupados com o meio ambiente.
4 Segundo Almeida (1998) dumping ecológico ocorre quando um país, por possuir uma políticaambiental mais branda, consegue produzir produtos que se destinam ao mercado externo a ummenor custo de produção.
27
2.4 EDUCAÇÃO E PERCEPÇÃO AMBIENTAL
As conferências reconhecem que a maioria dos problemas ambientais tem
suas raízes em fatores sociais, econômicos e culturais que não podem, ser previstos
ou resolvidos por meios puramente tecnológicos. Deve-se agir primeiramente sobre
os valores, atitudes e comportamentos dos indivíduos e grupos o que demonstra a
importância da Educação Ambiental para a sustentabilidade (DIAS, 1993; NUNES
1993; PEDRINI, 1998).
As discussões que se realizaram no Rio 92 sinalizam que há um consenso
internacional sobre a visão da Educação e da Educação Ambiental, como alicerce
essencial para o desenvolvimento sustentável, que segundo a Unesco (1999, apud
LINDNER, 2000), constitui-se num instrumento para:
• Provocar mudanças de valores, de comportamentos e deestilos de vida necessários para o desenvolvimentosustentável e, em última instância, a democracia, a segurançahumana e a paz;
• Difundir o conhecimento, as técnicas e as habilidadesnecessárias para criar perfis de produção e de consumosustentável e melhorar a gestão dos recursos naturais, aagricultura, a energia e a produção industrial;
• Garantir uma população informada, preparada para apoiar asmudanças para a sustentabilidade emergente em outrossetores.
O mais recente evento internacional sobre meio ambiente foi denominado de
Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e
Conscientização Pública para a Sustentabilidade. Esta conferência reuniu 1.200
técnicos de 84 países no período de 8 a 12 de dezembro de 1997, na cidade de
Tessalônica, na Grécia. Segundo a Unesco (1999, apud LINDNER, 2000) os
objetivos da Conferência foram:
• Destacar o papel crítico da educação e conscientização parase alcançar a sustentabilidade;
• Considerar a contribuição da Educação Ambiental• Fornecer elementos para desenvolvimento posterior do
programa de trabalho da CDS – ComissãoIntergovernamental do Desenvolvimento Sustentável;
• Mobilizar ações internacionais nacionais e locais.
28
As conclusões das discussões desta Conferência estão agrupadas em seis
aspectos que tratam essencialmente de: educação para um futuro sustentável;
reorientação da educação formal em relação à sustentabilidade; conscientização
pública e entendimento; estilos de vida sustentavam, mudando os padrões de
produção e consumo; investindo na educação; ética, cultura e equidade para atingir
a sustentabilidade.
As questões relativas à Educação Ambiental, se tornaram oficiais com a
criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), pelo Decreto Federal n.
73.030/l973. O Decreto inclui como parte de suas atribuições: “promover,
intensamente, através de Programas em Escala Nacional, o esclarecimento e a
educação do povo brasileiro para o uso adequado dos recursos naturais, tendo em
vista a conservação do Meio Ambiente” (LINDNER, 2000).
De acordo com Nunes (1993) no país foram poucos os eventos organizados
para discutir as idéias que estavam sendo construídas em nível internacional. A
partir de 1980, o Brasil multiplicou as ações no campo da Educação Ambiental, cujo
êxito é questionável, no sentido de resolver os problemas que afligem a sociedade.
Paralelamente a Conferência Rio 92, o governo brasileiro, por meio do Ministério da
Educação e Desporto organizou um Workshop que aprovou e divulgou um
documento denominado “Carta Brasileira para a Educação Ambiental”. Esta carta
enfoca o papel do estado, estimulando a instância educacional como as unidades do
Ministério da Educação e do Desporto e o Conselho de Reitores das Universidades
Brasileiras para a implementação imediata da Educação Ambiental em todos os
níveis.
Segundo Lindner (2000) a Lei 9.795, de 27 de abril, de 1999, dispõe sobre a
Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental. No Artigo
1º a Lei define Educação Ambiental e no Artigo 2º assegura que “a Educação
Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do
processo educativo, em caráter formal e não-formal. Dada à pertinência ao enfoque
que a Educação Ambiental assume neste trabalho, é oportuno registrar o Artigo 3º
que coloca a Educação Ambiental como sendo parte do processo educativo mais
amplo e que todos têm direito à Educação Ambiental. O inciso V trata da
responsabilidade das empresas quanto a capacitação de seus funcionários, ou seja :
29
As empresas, entidades de classe, instituições públicas eprivadas, promover programas destinados à capacitação dostrabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre oambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processoprodutivo no meio ambiente.
Quanto ao papel das empresas, Hoyos Guevara et al. (1998) abordam que a
empresa de vanguarda representa, hoje, o lugar mais fértil para a disseminação de
uma nova consciência. A empresa, pela própria necessidade de sobrevivência no
mundo cada vez mais globalizado, dinâmico, aberto e interdependente, deve estar
na vanguarda em todos os setores (produtivo, organizacional, e outros.) Para isso,
ela avança em direção ao futuro assimilando antecipadamente as novas visões de
mundo, de homem e de ação de homem do mundo. Ela é o laboratório para uma
nova consciência que surge rapidamente à medida que nos aproximamos do terceiro
milênio, que deverá ser o milênio do espírito.
Da mesma forma, na sociedade do conhecimento, cada vez mais as
principais empresas constituirão fábricas de idéias, que serão colocadas no mercado
em um tempo cada vez menor. Essas idéias necessariamente estão permeadas de
valores muitas vezes subliminarmente. É necessário então estimular nesses
ambientes a reflexão sobre valores humanos e espirituais. Curiosamente, a própria
necessidade de contar com ambientes e pessoas, nos quais a intuição e a
criatividade possam fluir com facilidade, está levando naturalmente essas empresas
ao desenvolvimento de uma consciência individual e coletiva mais espiritualizada
(GUEVARA et al., 1998).
Conforme o Lindner (2002), tem-se apresentado como um desafio à busca
incessante da conscientização da sociedade, em que todos devem contribuir com a
manutenção sadia do meio. Esse desafio é maior ainda no contexto organizacional,
onde as relações de sociedade são muito mais complexas. A educação ambiental é
o caminho que deve ser trilhado por toda empresa que deseja implantar um SGA
aos moldes da ISO 14001:2004, pois, por meio da educação dos funcionários, as
dificuldades e desafios da implantação do sistema serão minimizados.
Segundo Trigueiro (2003) a percepção ambiental é definida por uma tomada
de consciência do homem em relação ao meio ambiente, a partir do que lê passa a
proteger e cuidar do mesmo.
O efeito do ambiente sobre o comportamento humano não pode ser analisado
de forma isolada. A relação é sempre recíproca, tanto o ambiente influencia o
30
comportamento, como é por ele influenciado, sendo assim a percepção ambiental é
influenciada pela educação ambiental, pela origem familiar e pelo próprio meio
(OKAMOTO, 1996).
Os estímulos do meio ambiente são sentidos mesmo sem se perceber ou ter
consciência disso. Na mente a percepção (imagem) e a consciência (pensamento,
sentimento) são respostas que conduzem a um determinado comportamento. A
percepção é percebida pelos sentidos. Cada ser humano reage e responde
diferentemente ao meio. As reações dependem da percepção, dos processos
cognitivos, julgamentos e expectativas de cada indivíduo (FERRARA, 1999).
Segundo Merlau Ponty (1990) “o espaço não é o objeto de visão, mas objeto
de pensamento”. As relações com o contexto perceptivo dão os significados social e
cultural do meio ambiente (OLIVEIRA, 2005).
2.5 IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL COM OS
REQUISITOS DA NBR ISO 14001
Para efeito de certificação, a organização deve estabelecer e manter um SGA
de acordo com os requisitos descritos na seção 4 da norma ISO 14001:2004. Ela
não estabelece requisitos absolutos para o desempenho ambiental, além do
comprometimento expresso na política ambiental de atender à legislação e aos
regulamentos aplicáveis e de promover a melhoria contínua. Motivo pelas quais
organizações com atividades similares e desempenho ambiental diferentes podem
atender aos requisitos dessa norma (BARBIERI, 2004). A idéia é que o SGA forneça
um processo estruturado para realizar melhorias contínuas, conforme circunstâncias
operacionais, econômicas e outras. Embora se espera que a adoção do SGA
melhore o desempenho ambiental da organização, o SGA deve ser entendido como
uma ferramenta que permite a esta atingir e controlar sistematicamente o
desempenho ambiental por ela mesma estabelecido.
De acordo com Seiffert (2006), é importante salientar a necessidade de
observar, na estruturação do SGA, os inter-relacionamentos existentes entre cada
subsistema da norma ISO 14001 e seus níveis de abrangência. Em virtude disto, os
subsistemas de treinamento, controle de documentos, controle de registros e
auditoria são os que apresentam o maior nível de abrangência dentro do SGA,
31
sendo, por isso, considerados extremamente críticos. Os primeiros, como pode ser
observado na Figura 6, encontram-se na fase de implantação e operação e os dois
últimos na fase de verificação e ação corretiva.
Fonte: Barbieri, 2004, p 56.
Figura 6 – Nível de abrangência entre os subsistemas da ISO 14001
Controle de D
ocumentos
Controle de R
egistros
Aspectos/ImpactosAmbientais
RequisitosLegais e Outros
Objetivose Metas
PGA
Política
Comunicação
Controle de D
ocumentos
Controle de R
egistros
Controle de D
ocumentos
Monitoramento
Controles Operacionais
Emergências
Projeto
Insumos Matérias-primas
Recebimento
Produção
Expedição
Treinamento, Conscientização e Competência
32
Segundo Seiffert (2006), com a revisão da ISO 14001 (2004), os títulos de
alguns requisitos foram alterados para enfatizar determinados aspectos de sua
implantação. Alem disso, na fase de planejamento, os subsistemas
interdependentes, foram fundidos em um só requisito. Na fase de Verificação e Ação
Corretiva, foi inserido o requisito Avaliação do Atendimento a Requisitos Legais e
Outros, provavelmente visando dar maior ênfase À necessidade de que a
organização evidencie um monitoramento periódico efetivo dos requisitos legais e
normas aplicáveis as suas atividades, produtos e serviços.
Barbieri (2004) descreve que a empresa tem liberdade e flexibilidade para
implementar o SGA para toda a organização ou para unidades operacionais ou
atividades específicas. Embora seja esta uma norma aplicável a qualquer tipo de
organização, o nível de detalhamento e complexidade do SGA, a amplitude da
documentação e a quantidade de recursos alocados dependem do porte e da
natureza da atividade da organização. Essa flexibilidade derruba um argumento
muito freqüente de que a norma só é viável para as grandes empresas devido ao
elevado grau de formalismo exigido. Conforme o citado Anexo A da norma ISO
14001, recomenda-se que o SGA permita à organização:
(a) Estabelecer uma política ambiental apropriada para si;
(b) Identificar os aspectos ambientais decorrentes de suasatividades, produtos e serviços, passados, existente ou planejados,para determinar os impactos ambientais significativos;
(c) Identificar os requisitos legais e regulamentosaplicáveis;
(d) Identificar prioridades e estabelecerem objetivos emetas ambientais apropriadas;
(e) Estabelecer uma estrutura e programas paraimplementar a política e atingirem objetivos e metas;
(f) Facilitar as atividades de planejamento, controle,monitoramento, ação corretiva, auditoria e análise crítica, de formaque a política seja obedecida e que o SGA permaneça apropriado; e
(g) Ser capaz de adaptar-se às mudanças dascircunstâncias.
33
2.5.1 Planejamento
2.5.1.1 Política Ambiental
A política ambiental é uma declaração da organização que expõe suas
intenções e seus princípios em relação a seu desempenho ambiental global, que
prevê uma estrutura para ação e definição de seus objetivos e suas metas
ambientais. De acordo com a ISO 14004, a política ambiental estabelece um senso
geral de orientação e fixa princípios de ação para a organização. A política
determina o objetivo fundamental concernente ao nível global de responsabilidade e
desempenho ambiental requerido da organização, com referência ao quais todas as
ações subseqüentes serão julgadas. De acordo com a o requisito 4.2 da NBR ISO
14001:2004, a alta administração deve definir a política ambiental da organização e
assegurar que, dentro do escopo definido de seu sistema da gestão ambiental, a
política:
(a) seja apropriada à natureza, à escala e aos impactosambientais de suas atividades, produtos e serviços;
(b) inclua o comprometimento com a melhoria contínua e coma prevenção da poluição;
(c) inclua um comprometimento em atender aos requisitoslegais aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização quese relacionem aos seus aspectos ambientais;
(d) forneça uma estrutura para o estabelecimento e a análise
dos objetivos e metas ambientais;
(e) seja documentada, implementada e mantida;
(f) seja comunicada a todos que trabalhem na organização ou
que atuem em seu nome, e
(g) esteja disponível para o público,
Os debates sobre a definição da política devem ser antecedidos pela
avaliação ambiental inicial, para assegurar que ela seja estabelecida com base no
reconhecimento dos impactos ambientais que a empresa produz. As políticas se
expressam mediante declarações escritas que reafirmem o compromisso da alta
administração com um dado desempenho ambiental.
Barbieri (2004) afirma que a política ambiental da empresa deve apresentar-
se na forma de uma declaração não muito longa para facilitar a sua divulgação em
34
diferentes meios de comunicação, pois ela deve tornar-se conhecida, compreendida
e lembrada pelos membros da organização e de grupos interessados, tais como
clientes, fornecedores, agentes financeiros, autoridades locais e comunidades
vizinham. A ponto de valer para qualquer tipo de organização. Deve-se também
evitar o uso de palavras que possam ser interpretadas como evasivas ou que
indiquem um comprometimento de forma apenas para dar uma satisfação aos
possíveis interessados. A organização que concebe uma política desse modo está
na verdade praticando a maquiagem verde.
2.5.1.2 Aspectos Ambientais
Conforme o requisito 4.31 da NBR ISO 14001:2004, a organização deve
estabelecer implementar e manter procedimento(s) para:
(a) identificar os aspectos ambientais de suas atividades,produtos e serviços, dentro do escopo definido de seu sistema dagestão ambiental, que a organização possa controlar e aqueles queela possa influenciar, levando em consideração os desenvolvimentosnovos ou planejados, as atividades, produtos e serviços novos oumodificados, e
(b) determinar os aspectos5 que tenham ou possam terimpactos6 significativos sobre o meio ambiente (isto é, aspectosambientais significativos).
A organização deve documentar essas informações e mantê-las atualizadas.
A organização deve assegurar que os aspectos ambientais significativos
sejam levados em consideração no estabelecimento, implementação e manutenção
de seu sistema da gestão ambiental. Viterbo (1998) afirma que este requisito é mais
importante de toda a norma, pois todos os demais têm relação de interdependência
com ele.
Uma vez completado o planejamento para implementação do “sistema de
gestão ambiental”, a organização deverá trabalhar na identificação dos aspectos
ambientais. Isto é feito formalmente, pois a norma ISO 14001 pede um procedimento
formal (padrão documentado) ao estabelecer como a organização identifica os
aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. Este procedimento é
5 A NBR ISO 14001 define Aspectos Ambientais como: elemento das atividades ou produtos ouserviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente (causa).6 A NBR ISO 14001 define Impactos Ambientais como: qualquer modificação do meio ambiente,adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização(efeito).
35
de importância fundamental para o desenvolvimento das demais atividades
(VITERO, 1998).
A identificação dos aspectos ambientais é um processo contínuo que
determina o impacto, positivo ou negativo, passado, presente e potencial das
atividades da organização sobre o meio ambiente. Para identificar os aspectos
ambientais significativos de unidades operacionais, o Anexo A da norma ISO 14.001
recomenda que sejam considerados, “quando pertinente: emissões atmosféricas,
lançamentos em corpos d´água, gerenciamento de resíduos, contaminação do solo,
uso de matérias-primas e recursos naturais, e outras questões locais relativas ao
meio ambiente e à comunidade” (BARBIERI, 2004).
Barbieri (2004) explica que para identificar os aspectos ambientais e avaliar
seus impactos, a ISO 14004 sugere um processo em quatro etapas: (1) seleção de
uma atividade, um produto ou serviço; (2) identificação do maior número de aspectos
ambientais associados à atividade, ao produto ou serviço selecionado; (3)identificação do maior número de impactos ambientais possíveis reais e potenciais,
positivos e negativos, associados a cada aspecto identificado; e (4) avaliação da
importância de cada impacto identificado. A norma não define o que é um impacto
significativo e nem os métodos e critérios para avaliá-los, o que é correto, uma vez
que cada atividade, produto ou serviço apresenta aspectos e impactos específicos
para cada organização e o seu entorno. Quanto à avaliação de cada impacto
identificado, a ISO 14.004 sugere que se leve em conta as seguintes considerações:
Escala do impacto, severidade do impacto, probabilidade de ocorrência e duração
do impacto.
Seiffert (2006) apresenta em primeiro momento, que os aspectos necessitam
ser considerados quanto a sua temporalidade, que vem indicar o período de
ocorrência do processo, atividade ou operação causadora do impacto ambiental.
(a) Passado (P): Impacto ambiental identificado no presente, masque foi causado por atividades desenvolvidas no passado.(b) Atual (A): Impacto ambiental decorrente de atividades atual.(c) Futura (F): Impacto ambiental previsto, decorrente de futurasalterações de processo, aquisições de novos equipamentos,introdução de novas tecnologias.
De acordo com Seiffert (2006), um elemento chave na análise de aspectos e
seus respctivos impactos ambientais é a sua classificação de risco. Quanto a este
aspecto, apresentam-se alguns critérios utilizados nas classificações:
36
Quanto à probabilidade: graduação de ocorrência de um problema potencial:
a) grau 1: baixa probabilidade,
b) grau 2: moderada probabilidade.
c) grau 3: alta probabilidade de ocorrência.
Quanto à severidade, Seiffert (2006) descreve que, para graduar a
severidade ou gravidade de risco de um aspecto deve ser contemplada, de forma
separada, a natureza do problema na sua relação com a qualidade, com o meio
ambiente, com a segurança do patrimônio e com a higiene ocupacional. Assim:
a) grau 1: atribuído para problemas que não infringem legislação,regulamentos e contratos, não descumprem políticas da empresa,não impede o alcance de metas e objetivos e não implicam prejuízospara clientes ou outras partes interessadas.b) grau 2: relaciona-se a problemas que implicam prejuízos materialpara clientes ou partes interessadas, comprometem a política,objetivos e metas, mas não necessariamente leis, regulamentos econtratos;c) grau 3: usado em problemas que implicam infração legal,regulamentos ou contratos, comprometem a integridade física, asaúde ou a própria vida de pessoas, capacidade operacional dasáreas florestais e/ou industriais.
E quanto à classificação do impacto ambiental, Seiffert (2006), exemplifica
ao caracterizar o impacto em: Sendo Normal (N) - associado à rotina diária, inclusive
manutenção; Anormal (A) - associados a operações não rotineiras e reformas de
instalações, paradas e partidas programadas de processos, testes, manutenções,
alterações em rotina por motivos específicos) e Emergencial (E) - associados a
situações não planejadas, de emergências (vazamento, derramamentos, colapso de
estruturas, equipamentos ou instalações, incêndios, explosões entre outros)
inerentes á atividades/operação que possam causar impacto ambiental.
Seiffert (2006) destaca ao levar em conta a avaliação de
freqüência/probabilidade que o impacto venha a ocorrer: A freqüência deocorrência é um critério de avaliação de aspectos e impactos normais: a) Baixa:
ocorre menos de uma vez/mês; b) Média: ocorre mais de uma vez/mês; c) Alta:
ocorre diariamente. Já a probabilidade de ocorrência é um critério de avaliação de
aspectos e impactos anormais e/ou emergenciais: a) Baixa: ocorre menos de uma
vez/mês, b) Média: ocorre mais de um vez/mês e c) Alta: ocorre diariamente.
37
2.5.1.3 Determinação de impactos ambientais significativos
Todo impacto que for considerado alto em relação ao normal ou então que
fuja aos parâmetros da legislação já pode ser considerado, de antemão, como um
impacto significativo (VITERBO, 1998). Desta forma, os primeiros impactos a serem
identificados referem-se àqueles aspectos que possam vir a transgredir a legislação,
em condições normais, anormais ou de emergência. Se o aspecto estiver
relacionado à legislação, deve-se considerá-lo significativo.
A partir dos aspectos determinados, sugere-se construir uma listagem,
especificando se os impactos deles decorrentes são relativos a condições normais
(N), condições anormais (A) ou condições emergenciais (E). A listagem deve ser em
forma de tabela com seis colunas, onde estão listados os aspectos, impactos,
probabilidade/freqüência de ocorrência, severidade, probabilidade de transgredir a
legislação em condições anormais ou de emergência e total de pontos. Nesta tabela
é completada então a identificação dos impactos ambientais referente à legislação,
bem como quantificado o par probabilidade e/ou freqüência de ocorrência Xseveridade. Poderá quantificar por meio de somatório, de produtório ou de qualquer
outra maneira que vier a estabelecer em procedimento.
2.5.1.4 requisitos legais e outros
Segundo a NBR ISO 14001:2004 em seu requisito 4.3.2, a organização deve
estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para:
(a) identificar e ter acesso a requisitos legais aplicáveis e a outrosrequisitos subscritos pela organização, relacionados aos seusaspectos ambientais, e(b) determinar como esses requisitos se aplica aos seus aspectosambientais.
A organização deve assegurar que esses requisitos legais aplicáveis e outros
requisitos subscritos pela organização sejam levados em consideração no
estabelecimento, implementação e manutenção de seu sistema de gestão
ambiental.
Quando a empresa inicia a implantação de um SGA, passa a ser obrigada a
identificar e manter atualizado um cadastro de requisitos legais aplicáveis a suas
38
atividades, produtos e serviços. Entretanto, no ponto de vista prático, em geral, esse
é um requisito que apresenta certo grau de dificuldade para sua implementação,
particularmente no caso de pequenas e médias empresas que por vezes não
dispõem de pessoal habilitado para a realização deste serviço, sendo muitas vezes
obrigadas a contratar uma assessoria jurídica externa. Por outro lado, a grande
maioria dos profissionais da área jurídica não dispõe de conhecimento técnico
especializado sobre o tema, quer seja em relação às leis ambientais, quer seja
quanto ao conhecimento ambiental básico para a constituição de um cadastro de
requisitos legais. O cadastro de requisitos legais deve conter itens legais ambientais
identificados nos níveis municipais, estaduais, federais e internacionais, bem como
códigos industriais, normas voluntárias e compromissos ambientais assinados em
contrato, que tenham qualquer relação com as atividades, produtos e serviços da
organização. (SEIFFERT, 2006).
Segundo Barbieri (2004), requisitos subscritos são os códigos de conduta e
diretrizes de acordos voluntários feitos pela organização, públicos ou privados. Além
dos requisitos de origem externa, imposto por força de lei ou adotados como acordo
voluntário, a organização também pode estabelecer seus próprios critérios de
desempenho. Os critérios internos de desempenho devem ser desenvolvidos e
implementados quando as normas externas não atenderem às necessidades da
organização ou não existirem. Eles podem se referir à gestão dos produtos da
organização, prevenção e controle da poluição, gerenciamento de materiais
perigosos, redução de riscos, conscientização e treinamento ambiental,
fornecedores, transportadores, gerenciamento de resíduos, comunicações
ambientais e outras atividades de ação ambiental. São esses critérios que definem o
quanto a organização é pro ativa na proteção ao meio ambiente. Os critérios internos
e os requisitos externos, legais ou subscritos, são elementos importantes para a
definição dos objetivos e das metas ambientais da organização.
2.5.1.5 Objetivos, metas e programa(s)
Segundo a NBR ISO 14001:2004 em seu requisito 4.3.3, a organização deve
estabelecer, implementar e manter objetivos e metas ambientais documentados, nas
funções e níveis relevantes na organização.
39
Os objetivos e metas devem ser mensuráveis, quando exeqüíveis, e
coerentes com a política ambiental, incluindo-se os comprometimentos com a
prevenção de poluição, com o atendimento aos requisitos legais e outros requisitos
subscritos pela organização e com a melhoria contínua.
Ao estabelecer e analisar seus objetivos e metas, uma organização deve
considerar os requisitos legais e outros requisitos por ela subscritos, e seus aspectos
ambientais significativos. Considerar suas opções tecnológicas, seus requisitos
financeiros, operacionais, comerciais e a visão das partes interessadas.
A organização deve estabelecer, implementar e manter programa(s) para
atingir seus objetivos e metas. O(s) programa(s) deve(m) incluir: a) atribuição de
responsabilidade para atingir os objetivos e metas em cada função e nível pertinente
da organização, e b) os meios e o prazo no quais estes devem ser atingidos.
De acordo com Barbieri (2004), esses programas são específicos para
alcançar os objetivos e as metas ambientais. Havendo outros projetos relativos a
novos empreendimentos, atividades ou produtos, novos ou modificados, estes
devem ser revistos, para assegurar que a gestão ambiental se aplica a eles. A
Figura 7 mostra um esquema para a fase de planejamento extraído da norma ISO
14.001. Os programas devem ser revidados regularmente para incorporar as
modificações em objetivos e metas. Esse é o sentido das setas de dupla direção.
Um programa de gestão ambiental deve ter cronogramas de atividades, recursos
alocados e indicar os responsáveis pela sua execução.
40
Fonte: Barbieri, 2004, p. 64.
Figura 7 – Planejamento – elementos a serem considerados e suas interações.
Barbieri (2004) relata que, é recomendado que os programas de gestão
ambiental estejam integrados ao plano estratégico da organização. Na realidade,
deve ser integrado aos demais planos da organização, sejam eles de qualquer nível
de decisão, estratégicos, táticos ou operacionais. Uma das vantagens que um SGA
pode proporcionar é justamente a possibilidade de integrar a gestão ambiental à
gestão e níveis de decisão, pois evitam esforços duplicados ou conflitantes. Por
exemplo, um programa relativo aos resíduos de produção pode atender, ao mesmo
tempo, a objetivos ligados ao cumprimento da legislação ambiental, ao aumento de
produtividade, à geração de receita pela venda dos resíduos, entre outros. Supondo
que um dos objetivos gerais da organização seja aumentar sua produtividade, o
SGA pode contribuir com um programa para reduzir custos dos resíduos, que pode
se desdobrar em diversos projetos multissetoriais, tais como: melhorar o processo
de produção do produto A, desenvolver aplicações para os rejeitos com objetivos de
comercializá-los, revisar o projeto de produto B para substituir matérias-primas
geradoras de resíduos Classe I e etc. Um SGA deve contribuir para que a
preocupação ambiental seja incorporada em todas as atividades da organização.
Requisitoslegais e outros
(4.3.2)
POLÍTICA
(4.2)
Aspectosambientais eavaliação de
impactos(4.3.1)
- Opçõestecnológicas- Requisitosfinanceiros,
operacionaise comerciais- Visão das
partesinteressadas.
(4.3.3)
Objetivosmetas e
programas
(4.3.3)
41
2.5.2 Implementação e Operação
2.5.2.1 Recursos, funções, responsabilidades e autoridades
Segundo a NBR ISO 14001:2004 em seu requisito 4.4.1, a administração
deve assegurar a disponibilidade de recursos essenciais para estabelecer,
implementar, manter e melhorar o sistema da gestão ambiental. Esses recursos
incluem recursos humanos e habilidades especializadas, infra-estrutura
organizacional, tecnologia e recursos financeiros.
Funções, responsabilidades e autoridades devem ser definidas,
documentadas e comunicadas visando facilitar uma gestão ambiental eficaz.
A alta administração da organização deve indicar representantes(s)
específicos(s) da administração, o(s) qual (is), independentemente de outras
responsabilidades, deve(m) ter função, responsabilidade e autoridade definidas
para:
a) assegurar que um sistema da gestão ambiental seja estabelecido,implementado e mantido em conformidade com os requisitos danorma.b) relatar à alta administração sobre o desempenho do sistema dagestão ambiental para análise, incluindo recomendações paramelhoria.
Segundo Seiffert (2006), é indispensável que o SGA tenha uma estrutura de
responsáveis e autoridades. Isso decorre do fato de que a partir da definição de
atribuições permanentes para os vários sujeitos envolvidos, bem como a
coordenação de seus esforços frente as aparato desenvolvido para a gestão
ambiental da organização.
Este subsistema tem uma importância fundamental na medida em que
assegura que todas as funções hierárquicas organizacionais sejam identificadas e
mobilizadas durante o processo de implantação e operação do SGA. Um aspecto
considerado crítico neste processo é o comprometimento da alta administração
através da criteriosa escolha de um líder de implantação ou representante da alta
administração, o qual reside basicamente no fato de prover ao SGA todos os
42
elementos necessários a sua implantação. Assim para que um SGA seja funcional, a
alta administração deve assegurar que a organização seja capaz de atender aos
requisitos de suas normas. O que significa que esta deva: (a) disponibilizar recursos;
(b) integrar o SGA com outros sistemas de gerenciamento; (c) definir atribuições e
responsabilidades; (d) viabilizar o processo de motivação e conscientização
ambiental; (e) identificar os conhecimentos e habilidades necessários; (f) estabelecer
processos para a comunicação e relato; (g) implementar controles operacionais
necessários (SEIFFERT, 2006).
2.5.2.2 Competência, treinamento e conscientização
Segundo a NBR ISO 14001:2004 em seu requisito 4.4.2, a organização deve
assegurar que qualquer pessoa que, para ela ou em seu nome, realize tarefas que
tenham o potencial de causar impactos(s) ambiental (is) significativo(s) identificados
pela organização, seja competente com base em formação apropriada, treinamento
ou experiências, devendo reter os registros associados.
A organização deve identificar as necessidades de treinamento associadas
com seus aspectos ambientais e seu sistema de gestão ambiental. Ela deve prover
treinamento ou tomar alguma ação para atender a essas necessidades, devendo ela
ou em seu nome estejam associados.a) da importância de se estar em conformidade com a políticaambiental e com os requisitos do sistema da gestão ambiental;b) dos aspectos ambientais significativos e respectivos impactosreais ou potenciais associados com o seu trabalho e dos benefíciosambientais proveniente da melhoria do desempenho pessoal.c) de suas funções e responsabilidades em atingir a conformidadecom os requisitos do sistema da gestão ambiental, ed) das potenciais conseqüências da inobservância de procedimento(s) especificado(s).
Seiffert (2006) relata que o subsistema de treinamento, conscientização e
competência representam uma forma de a organização evidenciar que seus
integrantes estão cientes da importância da conformidade com a política ambiental
através do cumprimento de procedimentos e requisitos do SGA. Por outro lado,
deve-se levar em conta que, normalmente, os problemas observados estão
associados com a falta de conformidade, ocasionados principalmente por
43
treinamentos inadequados. Desta forma, esse é um dos subsistemas críticos que
tanto pode alavancar como tornar ineficiente o SGA em implantação.
O engajamento do indivíduo e a percepção dos problemas ambientais são o
primeiro passo para o sucesso de um SGA. Na 1ª Conferencia Intergovernamental
sobre Educação Ambiental realizada em Tbilisi (1977), foram discutidos alguns
pressupostos para a Educação Ambiental, os quais colocam a necessidade de:a) Conscientização: para que se possa ajudar indivíduos e grupossociais na busca de sensibilidade e, consequentemente, assimilaçãoda consciência necessária dos problemas do meio ambiente global equestões associadas;b) comportamento: que resulte no desenvolvimento de atitudes euma série de valores éticos, tais que os indivíduos se sintaminteressados pelo meio ambiente, participando, assim, da proteção eda melhoria ambiental;c) Participação: visando proporcionar a possibilidade da participaçãoativa nas tarefas que busquem resolver os problemas com o meioambiente e os problemas que o afetam;d) conhecimento: para adquirirem uma diversidade d experiências ea compreensão fundamental de sua relação com o meio ambiente eos problemas que o afetam;e) Habilidades: para adquirirem as habilidades necessárias para acorreta identificação e resolução de problemas ambientais.
Um dos enfoques da implantação deste subsistema do SGA nada mais é do
que um processo de reeducação. Trata-se de uma mudança radical na cultura
organizacional; até o momento, seus integrantes não consideravam em suas
atividades diárias qualquer preocupação em relação ao meio ambiente. Isto é
particularmente importante, em virtude de sua inserção em um contexto de formação
escolar. Em especial o caso do ensino fundamental e médio, em que grande maioria
dos indivíduos não foi sensibilizada para a importância do meio ambiente e o que
isto representa para a sobrevivência da humanidade.
2.5.2.3 Comunicação
A NBR ISO 14.001:2004 em seu requisito 4.4.3, descreve que a organização
deve estabelecer, implementar e manter procedimentos(s) para:
a) comunicação interna entre os vários níveis e função daorganização.b) recebimento, documentação e resposta à comunicaçõespertinentes oriundas de partes interessadas externas.
44
A organização deve decidir se realizará comunicação externa sobre seus
aspectos ambientais significativos, devendo documentar sua decisão. Se a decisão
for comunicar, a organização deve estabelecer e implementar métodos(s) para esta
comunicação (BARBIERI, 2004).
A comunicação interna deve ser vista como mais um instrumento para
ampliar a conscientização dos funcionários. O quanto à organização vai comunicar é
uma prerrogativa da administração, como se depreende do texto das normas em
pauta. De acordo com a NBR ISO 14004(1996), a comunicação inclui o
estabelecimento de processos para informar, interna e externamente, sobre as
atividades ambientais da organização., de forma que:(a) demonstre o comprometimento da administração com o meioambiente;(b) trate das preocupações e questões relativas aos aspectosambientais das atividades, produtos e serviços;(c) promova a conscientização sobre políticas, objetivos, metas eprogramas ambientais; e(d) informe as partes interessadas, internas e externas, sobre o SGAe o desempenho da organização, quando considerado.
2.5.2.4 Documentação e controle de documentos
A NBR ISO 14001:2004 em seus requisitos 4.4.4 e 4.4.5.5, estabelece que a
documentação do sistema de gestão ambiental deve incluir:a) política, objetivos e metas ambientais;b) descrição do escopo do sistema da gestão ambiental;c) descrição dos principais elementos do sistema de gestãoambiental e sua interação e referencia aos documentos associados.d) documentos, incluindo registros, determinados pela organizaçãocomo sendo necessários para assegurar o planejamento, operação econtrole eficazes dos processos que estejam associados com seusaspectos ambientais significativos.
Os documentos requeridos pelo sistema da gestão ambiental e por esta
Norma devem ser controlados. Registros são um tipo especial de documentos e
devem ser controlados de acordo com os requisitos estabelecidos em 4.5.4 (controle
de registros).
A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para:a) aprovar documentos quanto à sua adequação antes de seu uso;b) analisar e atualizar, conforme necessário, e reaprovardocumentos;
45
c) assegurar que as alterações e a situação atual da revisão dedocumentos sejam identificadas,d) assegurar que as versões relevantes de documentos aplicáveisestejam disponíveis em seu ponto de uso;e) assegurar que os documentos permaneçam legíveis eprontamente identificáveis,f) assegurar que os documentos de origem externa determinadospela organização como sendo necessários ao planejamento eoperação do sistema da gestão ambiental sejam identificados e quesua distribuição seja controlada, eg) prevenir a utilização não intencional de documentos obsoletos eutilizar identificação adequada nestes, se forem retidos paraquaisquer fins.
2.5.2.5 Controle operacional
A NBR ISO 14.001:2004 em seu requisito 4.4.6, deve identificar e planejar
aquelas operações que estejam associadas aos aspectos ambientais significativos
identificados de acordo com sua política, objetivos e metas ambientais para
assegurar que elas sejam realizadas sob condições específicas por meio de:
a) estabelecimento, implementação e manutenção de procedimento(s) documentado (s) para controlar situações onde sua ausênciapossa acarretar desvios em relação à sua política e aos objetivos emetas ambientais;b) determinação de critérios operacionais no (s) procedimento(s), ec) estabelecimento, implementação e manutenção de procedimento(s) associado (s) aos aspectos ambientais significativos identificadosde produtos e serviços utilizados pela organização e a comunicaçãode procedimentos e requisitos pertinentes a fornecedores, incluindo-se prestadores de serviço.
As atividades, sejam administrativas ou operacionais, devem ser
documentadas. Os controles operacionais estendem-se aos prestadores de serviços
e fornecedores, que podem ser outras organizações ou pessoas fora do regime de
trabalho, que forneçam serviços, informações, materiais e equipamentos. O controle
sobre esses agentes externos se dá a partir do estabelecimento de critérios
ambientais para selecionar e avaliar produtos e serviços, bem como seus
fornecedores (BARBIERI, 2004).
A NBR ISO 14004 (1996) recomenda que o controle operacional se estenda
para todas as atividades que gerem impactos significativos, dentre elas, pesquisa e
desenvolvimento, projeto e engenharia, compras, processos de produção e de
46
manutenção, armazenamento e manuseio de materiais, laboratórios, transportes,
marketing, atendimento aos clientes, aquisição, construção ou modificação de
propriedades e instalações. Para facilitar o controle operacional, a ISO 14.004,
sugere dividir as atividades nas seguintes categorias:a) atividades destinadas a prevenir a poluição e conservar recursosem novos projetos prioritários, modificações de processos e gestãode recursos, propriedade (aquisição, alienação de ativos e gestãopatrimonial) e novos produtos e embalagens;b) atividades de gestão diária para assegurar conformidade com osrequisitos internos e externos da organização e garantir suaeficiência e eficácia; ec) atividades de gestão estratégica destinadas a antecipar e atendera novos requisitos ambientais.
Conforme Barbieri (2004), uma preocupação que deve ser levada em conta
neste requisito é a de não adicionar tarefas burocráticas que tornem morosas ou
improdutivas as atividades desenvolvidas pela organização. Deve-se levar em conta
na elaboração de procedimentos operacionais se o aspecto ambiental a ser
gerenciado realmente implica um impacto ambiental. Ele pode apresentar uma
abrangência restrita ao site da organização, tratando-se, portanto, de um problema
de saúde e segurança ocupacional, o que levaria à elaboração de procedimentos
desnecessários dentro do escopo da ISO 14001. Quanto a isso, é importante
considerar que o foco, no que tange a este tipo de sistema, é que somente se deve
documentar aquilo que é realizado, ou a nova maneira como será realizado, em
virtude de adequações necessárias à melhoria do desempenho ambiental. A parte o
tipo de processo, ao qual estão associados os impactos ambientais,
independentemente de um contexto interno ou externo da organização, seus
aspectos devem ser gerenciados de modo a serem mitigados ou eliminados da
lógica do controle operacional como item de verificação em auditorias. Isso é exibido
na Figura 8.
47
Fonte: Barbieri, 2004, p. 76.Figura 8 - Essência do subsistema de controle operacional e seu inter-relacionamento com auditorias do SGA
É importante salientar a necessidade de todo aspecto/impacto ambiental
significativo, quando associado a atividades, produtos e serviços da organização, ser
gerenciado através de procedimentos operacionais específicos, relevantes e
adequados a sua natureza.
2.5.2.6 Preparação e resposta à emergência
A NBR ISO 14001:2004 em seu requisito 4.4.7, deve estabelecer,
implementar e manter procedimento(s) para identificar potenciais situações de
emergência e potenciais acidentes que possam ter impacto(s) sobre o meio
ambiente, e como a organização responderá a estes.
A organização deve responder às situações reais de emergência e aos
acidentes, e prevenir ou mitigar os impactos ambientais adversos associados.
A organização deve periodicamente analisar e, quando necessário, revisar
seus procedimentos de preparação e resposta à emergência, em particular, após a
Monitoramento Verificação
RequisitosOperacionais
AçãoCorretiva/preventiva
PROCESSOAspectos/impactos
ambientaisENTRADAS SAÍDAS
48
ocorrência de acidentes ou situações emergenciais. A organização deve também
periodicamente testar tais procedimentos, quando exeqüível.
De acordo com Viterbo (1998) a estruturação desse subsistema deve
estabelecer e manter procedimentos para identificar a potencialidade de
incidentes/acidentes ambientais, apresentando a capacidade de agir corretivamente,
bem como preventivamente, à sua ocorrência. Corretivamente significa buscar
mitigar os impactos ambientais ocorridos. Preventivamente representa atuar na
causa básica que os provocou, tomando as medidas necessárias de modo a evitar
que venham a se repetir.
A identificação dos cenários potenciais de emergência, assim como a
execução de simulados, são formas excelentes para verificar se os funcionários
compreenderam suas funções e responsabilidades e se o sistema está operando
conforme deveria.
Esse subsistema é exclusivo da ISO 14001. Ele requer que seja elaborado
um procedimento sistêmico a partir do qual se desdobram no mínimo dois
procedimentos operacionais. Um dos procedimentos enfoca a atuação da brigada de
emergência e o outro envolve um plano de abandono do local pelos funcionários
(SEIFFERT, 2006).
A ISO 14004 (1996) recomenda que a organização estabeleça planos e
procedimentos de emergências que levam em conta incidentes que possam surgir
como conseqüências de condições anormais de operação, por exemplo, operar
acima da capacidade instalada. Essa norma sugere que esses planos incluam:a) organização e responsabilidade diante da emergência;b) uma lista de pessoas-chave;c) detalhes sobre serviços de emergência (corpo de bombeiros,serviços de limpeza de derramamento etc.);d) planos de comunicação interna e externa;e) ações a serem adotadas para os diferentes tipos de emergências;f) informações sobre materiais perigosos, incluindo o impactopotencial de cada um sobre o meio ambiente e as medidas a seremtomadas na eventualidade de lançamentos acidentais; eg) planos de treinamentos e simulações para verificar a eficácia dasmedidas.
49
2.5.3 Verificação
2.5.3.1 Monitoramento e medição
Segundo a NBR ISO 14001:2004 em seu requisito 4.5.1, a organização deve
estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para monitorar e medir
regularmente as características principais de suas operações que possam ter um
impacto ambiental significativo. O(s) procedimentos(s) deve (m) incluir a
documentação de informações para monitorar o desempenho, os controles
operacionais pertinentes e a conformidade com os objetivos e metas ambientais da
organização.
A organização deve assegurar que equipamentos de monitoramento e
medição calibrados ou verificados sejam utilizados e mantidos, devendo-se reter os
registros associados.
O processo de medição é uma forma de avaliação do desempenho ambiental
essencial para o SGA. A idéia básica é que, sem uma medição efetiva de
desempenho com base em parâmetros objetivos, não é possível realmente melhorá-
lo. Se a empresa não sabe em que nível de desempenho ambiental se encontra, não
saberá como e para onde está indo, tampouco se já chegou lá. A medição e o
monitoramento estabelecem a estrutura para a gestão, no sentido de que uma
empresa só pode gerenciar eficazmente aquilo que pode medir (SEIFFERT, 2006).
A partir do momento em que o desempenho ambiental da empresa vai
melhorando em relação a esses parâmetros de monitoramento, posteriormente
outros podem ser eleitos visando ao comprometimento com a melhoria contínua.
Assim, podem ser monitorados tanto parâmetros associados a controles
operacionais, como aos objetivos e metas estabelecidos. Nesse caso, tais
parâmetros passam a ser indicadores de desempenho ambiental.
2.5.3.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros
Na NBR ISO 14001:2004 em seu requisito 4.5.2 divididos em subitens
2.5.2.1 e 2.5.2.2 , a organização deve estabelecer, implementar e manter
procedimento (s) para avaliar periodicamente o atendimento aos requisitos legais
aplicáveis.
50
A organização deve manter registros dos resultados das avaliações
periódicas.
A NBR também descreve que a organização deve avaliar o atendimento a
outros requisitos por ela subscritos.
A organização deve manter registros dos resultados das avaliações
peródicas.
2.5.3.3 Não – conformidade, ação corretiva e ação preventiva
Conforme NBR ISO 14001:2004 em seu requisito 4.5.3, a organização deve
estabelecer, implementar e manter procedimento (s) para tratar as não-
conformidades reais e potenciais, e para executar ações corretivas e preventivas. O
(s) procedimento (s) deve (m) definir requisitos para
a) identificar e corrigir não-conformidade (s) e executar ações paramitigar seus impactos ambientais;b) investigar não-conformidade (s), determinar sua (s) causa (s) eexecutar ações para evitar sua repetição;c) avaliar a necessidade de ação (ões) para prevenir não-conformidades e implementar ações apropriadas para evitar suaocorrência.
Pode-se entender como não-conformidade qualquer falha ou desvio que
comprometa o bom desempenho ambiental da organização. Pode ser o não-
cumprimento de objetivos, metas, disposições legais, códigos e práticas voluntárias
subscritas e requisitos internos, bem como qualquer outra ocorrência que possa
prejudicar o funcionamento do SGA e só veio a ser identificada posteriormente.
Mesmo que a norma seja reticente e pouco rigorosa quanto a esse requisito, um
SGA concebido como instrumento de gestão ambiental eficaz, deverá investigar e
tratar qualquer desvio que prejudique o meio ambiente (BARBIERI, 2004).
2.5.3.4 Controle de registros
A NBR ISO 14001: 2004 em seu requisito 4.5.4 descreve que a organização
deve estabelecer e manter procedimentos, conforme necessário, para demonstrar
51
conformidade com os requisitos de seu sistema de gestão ambiental, bem como os
resultados obtidos.
A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento (s) para
a identificação, armazenamento, proteção, recuperação, retenção e descarte de
registros.
Os registros devem incluir dados de treinamento, resultados de auditorias e análises
críticas. O formato dos registros ambientais dever ser legível e identificável, de modo
a possibilitar o rastreamento de atividades, produtos ou serviços. Os registros devem
ser arquivados e mantidos de maneira que permita seu rápido acesso, também
sendo protegido contra avarias, deteriorações ou perdas, sendo seu período de
retenção preestabelecido e registrado (SEIFFERT, 2006).
2.5.3.5 Auditorias internas
Em seu requisito 4.5.5 a NBR ISO 14001:2004 relata que a organização
deve assegurar que as auditorias internas do sistema da gestão ambiental sejam
conduzidas em intervalos planejados para:a) determinar se o sistema de gestão ambiental
1) está em conformidade com os arranjos planejados para a gestãoambiental, incluindo-se os requisitos da Norma ISO 14001.2) foi adequadamente implementado e é mantido, eb) fornecer informações à administração sobre os resultados dasauditorias.
Programa (s) de auditorias deve (m) ser planejado (s), estabelecido (s),
implementado (s) e mantido (s) para tratar:- das responsabilidades e requisitos para se planejar e conduzir asauditorias, para relatar os resultados e manter registros associados,- da determinação dos critérios de auditorias, escopo, freqüência emétodos.
A seleção de auditores e a condução das auditorias devem assegurar
objetividade e imparcialidade do processo de auditoria.
Barbieri (2004) recomenda que o programa de auditoria, inclusive o
cronograma, deve basear-se na importância ambiental da atividade envolvida e nos
resultados das auditorias anteriores.
52
2.5.3.6 Análise pela administração
Em seu requisito 4.6 a NBR ISO 14001:2004 descreve que a alta
administração da organização deve analisar o sistema de gestão ambiental, em
intervalos planejados, para assegurar sua continuada adequação, pertinência e
eficácia. Análises devem incluir a avaliação de oportunidades de melhoria e a
necessidade de alterações no sistema da gestão ambiental, inclusive da política
ambiental e dos objetivos e metas ambientais. Os registros das análises pela
administração devem ser mantidos.
As entradas para análise pela administração devem incluir:a) resultados das auditorias internas e das avaliações doatendimento aos requisitos legais e outros subscritos pelaorganização.b) comunicação (ões) provenientes(s) de partes interessadasexternas, incluindo reclamações;c) o desempenho ambiental da organização;d) extensão na qual foram atendidos os objetivos e metas;e) situações das ações corretivas e preventivas;f) ações de acompanhamento das análises anteriores;g) mudanças de circunstancias, incluindo desenvolvimento emrequisitos legais e outros relacionados aos aspectos ambientais, eh) recomendações para melhoria.
As saídas da análise pela administração devem incluir quaisquer decisões e
ações relacionadas a possíveis mudanças na política ambiental, nos objetivos,
metas e em outros elementos do sistema da gestão ambiental, consistentes com o
comprometimento com a melhoria contínua.
O que se pretende com essa análise é verificar a eficácia do SGA num dado
período visando ao futuro. Para isso deve-se confirmar se a política ambiental e o
SGA estão adequados à organização ou se é necessário proceder mudanças para
ajudá-la às novas condições ou informações. O objetivo último é a melhoria contínua
do SGA e, por via das conseqüências, a melhoria do desempenho ambiental da
organização. (BARBIERI, 2004).
Para finalizar a revisão de literatura foi verificado em sites de domínio publico
alguma dissertação com uma temática de implementação de um sistema de gestão
ambiental em uma organização como método comparativo a esse trabalho e como o
tema é relativamente novo, a única dissertação encontrada foi de Santos (2002),
uma proposta de implantação de um sistema de gestão ambiental para o
53
esgotamento sanitário de Campo Grande, MS com base em metodologia da NBR
ISO 14001.
54
3 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada na empresa Seara Alimentos – Cargill, na Unidade de
Sidrolândia – MS, Frigorífico abatedor de aves, onde se levantou dados durante o
período de 2004 – 2007. O trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa
bibliográfica para o embasamento teórico, pesquisa documental ao consultar as
normas técnicas da International Standart Organization – ISO, legislação ambiental
pertinente, documentos da Empresa e pesquisa de campo ao visitar os funcionários,
diretores e supervisores da Organização, objeto deste estudo que se caracteriza
como estudo de caso, atendendo as especificidades conforme recomendado por
Leite & Pinheiro (2005).
Os funcionários foram escolhidos ao acaso, procurando se atingir o maior
número possível, incluindo funcionários de todas as linhas de produção. Em cada
atividade educativa, todos os setores estavam representados por alguns
funcionários, de forma que ao final das palestras, todos os funcionários da
amostragem, tinham participado. Dos 1500 funcionários atuantes no frigorífico de
aves, 1092 (72,8%) participaram das palestras interativas de Educação Ambiental.
Os instrumentos para a coleta de dados, foram os seguintes:
- consulta aos documentos referentes ao histórico da Empresa e da Unidade
localizada em Sidrolândia – MS;
- consulta aos documentos do processo de implementação do SGA da Empresa,
relativa a cada fase de implementação dos princípios da NBR ISO 14001: 2004;
- consulta a dispositivos legais pertinentes incluindo normas técnicas e resoluções
relacionadas aos aspectos ambientais da Empresa;
- registro em fotos apresentados em forma de figuras dos ganhos/ melhorias
ambientais alcançadas no processo do SGA da Empresa, comparando dados da
gestão pré e pós implementação do Sistema (todas as fotos apresentadas são do
autor do trabalho).
55
- Observação da percepção ambiental dos funcionários;
- elaboração e aplicação de questionário intitulado “SEARA/ISO 14001 – Para
entender o Meio Ambiente da Seara...”, que foi destinado aos funcionários em geral
(perguntas fechadas) - (APÊNDICE - A);
Os questionários foram aplicados aos 1092 funcionários, antes das palestras
para evitar que as respostas fossem influenciadas pelos conteúdos discutidos
durante aquela atividade pedagógica e eram anônimos para também evitar
constrangimento ou temor por parte das chefias.
Os questionários destinam-se ao levantamento de questões relacionadas ao:
a) Contexto: Neste grupo caracterizam a população da empresa quanto ao
gênero, idade, escolaridade e tempo de serviço.
b) Cultura organizacional: Neste item foram consideradas apenas as
respostas dos gestores da empresa.
c) SGA: Sob este item, reuniram-se as questões pertinentes à gestão
ambiental. Com o objetivo de evidenciar o "status" em que a empresa se encontra,
com as mudanças decorrentes da implementação da ISO 14001, foram redigidas
três questões com a seguinte formulação básica:
1) Você considera a Seara uma empresa ambientalmente correta?
2) Com a implementação do Sistema de Gestão Ambiental aos moldes da
ISO 14001, você acredita que mudou para melhor os aspectos de conscientização
ambiental da organização?
3) Qual é o aspecto mais crítico na empresa que deverá ser melhorado/
intensificado?
Quanto às palestras interativas de Educação Ambiental, todas as
observações diretas foram realizadas para 44 grupos nos quais os 1092 funcionários
foram divididos em aproximadamente 25 pessoas, sendo as palestras com duração
de uma hora e trinta minutos cada. No planejamento e desenvolvimento desta
atividade teve-se o cuidado de estimular as pessoas dos grupos para que se
manifestassem acerca dos temas discutidos (temas associados a importância da
preservação dos recursos naturais e futuro da civilização) e assim permitir ao
pesquisador identificar algumas percepções de meio ambiente presente. Esta
metodologia de percepção ambiental foi extraída de Lindner (2002). As observações
significativas que revelam aspectos relacionados à cultura, educação ambiental e
56
gestão eram anotadas para depois serem integradas a este trabalho. Durante as
palestras foram dirigidas perguntas sobre conceito de meio ambiente. Todos os
participantes foram estimulados a participar. A participação era oral e as percepções
à medida que eram apontadas foram anotadas em painel para observação de todo o
grupo.
- Elaboração e aplicação de questionários destinados a todos os gerentes e
supervisores (perguntas abertas) - (APÊNDICE B).
O instrumento (APÊNDICE - B) foi composto de cinco perguntas “abertas”,
destinado aos gerentes e supervisores. A distribuição foi do tipo aleatório destinada
a (7) sete pessoas, num universo de (15) quinze, e dos quais se obteve (5) cinco
retornos. Esse retorno foi significativo porque embora significasse 30% dos gestores,
incluiu a gestão das áreas com maior número de funcionários e ainda participação
do gerente geral da unidade.
- Consulta à Matriz da empresa Seara – Cargill por meio dos departamentos de
garantia da qualidade e Pesquisa & Desenvolvimento para levantamento de clientes
que exigem controle ambiental dos aspectos significativos da empresa.
57
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 HISTÓRICO DA EMPRESA SEARA ALIMENTOS S. A.
A Seara Alimentos S.A. ocupa atualmente a terceira posição no país, no
segmento de aves e carnes processadas, possui forte presença na linha de produtos
cortados e desossados de frango, destacando-se como líder na exportação de
cortes de frango, com qualidade e serviços reconhecidos em diversos mercados
internacionais. Lidera também as exportações de carne suína (carcaças e cortes) e,
no mercado interno, concentra o seu potencial em carnes processadas, através das
linhas de presuntos, lingüiças, salsichas e mortadela.
Foi fundada em 1956, na cidade de Seara, no Oeste de Santa Catarina. Com
a ampliação de seus negócios e investimentos em qualidade de processos e
produtos em pouco tempo a marca Seara passou a ser sinônimo de qualidade em
carnes de aves e suínos "in natura" e processadas.
No início da década de 80, a Ceval, maior processadora de soja da América
Latina, adquiriu a Seara e conservou a marca já consolidada no mercado e ao
impulsionar a sua capacidade de investimentos, ampliou o número de unidades
industriais, dotando-as de tecnologia adequada ao seu mercado de atuação.
Em 1997, a Bunge International Limited, um dos principais competidores
mundiais no mercado de agrobusiness, assumiu o controle acionário da Ceval e deu
início a uma nova reorganização de seus negócios, especializando-a em produtos
de soja e seus derivados.
Como conseqüência dessa nova estratégia de companhias especializadas,
em Dezembro de 1998, foi realizada a cisão da Divisão Carnes da Ceval e a
imediata constituição da Seara Alimentos S.A., que iniciou suas atividades, agora
como empresa independente, em Fevereiro de 1999.
A Seara é uma nova empresa com 46 anos de experiência no mercado, o que
reforça a marca e, principalmente, a qualidade dos produtos. Qualidade que a
diferencia e reflete a preocupação em fazer o melhor, desde a seleção das matrizes
de aves e suínos até o produto final. E é na própria história que agora a empresa
estabelece os alicerces para enfrentar os desafios e conquistar novas
oportunidades.
58
A Seara Alimentos tem sede em Itajaí-SC, onde possui um terminal de
container´s e portuário – TECON, próprio de cargas frigoríficas e ainda conta com 8
unidades industriais de abatedouros, 2 plantas de industrializados, 3 plantas de
termoprocessados, 8 centros de distribuição, 4 escritórios regionais de vendas e
escritórios internacionais de vendas localizados na Argentina, Holanda, Cingapura,
Japão, Emirados Arabes (Dubai) e Russia.
No dia 28 de fevereiro de 2005, a Cargill Agrícola adquiriu o controle acionário
da Seara Alimentos, porém permanecendo a razão social como Seara Alimentos
S.A, bem como a subsidiária Seara Food Europe e o Terminal BrasKarne Comércio
e Armazéns Gerais Ltda.
4.2 HISTÓRICO DA UNIDADE DE SIDROLÂNDIA - MS
Localizada em Sidrolândia – MS, com aproximadamente 30.000 habitantes, a
unidade pertencia a Agroeliane S/A, fundada em 09 de junho de 1992, após foi
incorporada à Ceval Alimentos S/A em 30 de junho de 1995, mas somente em 22 de
dezembro de 1998 a Unidade passa a pertencer realmente a Seara Alimentos e em
2005, a Cargill Agrícola assume o controle acionário da Seara Alimentos.
O complexo produtivo da Seara Alimentos S/A, unidade Sidrolândia – MS,
envolve Granja de Aves Matrizes, Incubatório, Fábrica de Rações, Integração de
frango de corte e Abatedouro, voltada predominantemente para exportação de carne
“In natura”.
A Unidade gera emprego para aproximadamente 2000 funcionários, desses
40% sulmatogrossenses e os demais vindos do Estado do Sul e São Paulo. No
caso, das coordenações e das gerências são administradas em quase toda
totalidade por pessoas vindas do Estado de Santa Catarina. A Unidade conta com
03 sites – Fábrica de Rações, Central de Incubação e Abatedouro de Aves. O último
foi o foco desta pesquisa.
A Unidade já é certificada pelo sistema da qualidade.
O processo de implementação do Sistema de Gestão a Ambiental teve início
em Sidrolândia, em janeiro de 2004. Inicialmente foi orientado por consultores
externos que nortearam e acompanharam os trabalhos da equipe de funcionários
designados para fazer a implementação. Nesse período foi disponibilizado uma vaga
para contratação de um profissional da área ambiental para assumir a coordenação
59
do sistema de gestão ambiental e dar andamento as atividades aos moldes da ISO
14001.
A unidade de Sidrolândia abate, atualmente, um total de 140.000 aves por
dia, e trabalha de segunda a sexta-feira, com a utilização direta de 1.400 (um mil e
quatrocentos) funcionários contratados para o site do Abatedouro de Aves.
As aves são abatidas após um período de alojamento médio de 42 dias, em
364 aviários de propriedade e operação de 153 avicultores, que recebem os
pintinhos de um dia oriundos de uma central de incubação da própria empresa, com
capacidade atual de 70.000 pintinhos por dia.
Do número total dos aviários de criação de frangos de corte, 76,37 % se
localizam no Município de Sidrolândia, que possui atualmente 278 aviários em 115
propriedades rurais.
Os aviários estão distribuídos em 06 (seis) municípios do Estado de Mato
Grosso do Sul como Sidrolândia, Dois Irmãos do Buriti, Terenos, Campo Grande,
Maracaju e Jaraguari.
A Tabela 1 abaixo lista os municípios e o número de avicultores e de aviários
que integram a parceria da empresa.
Tabela 1 - Número de aviários e de avicultores integrados
MUNICÍPIO N.º DE AVICULTORES N.º DE AVIÁRIOS
SIDROLÂNDIA 115 278
DOIS IRMÃOS 13 29
TERENOS 10 29
CAMPO GRANDE 07 16
MARACAJU 06 08
JARAGUARI 02 04
TOTAIS 153 364
Fonte: Seara Alimentos S. A (2007).
4.2.1 Processo de abate de aves e os resíduos gerados do complexo produtivo da
Seara Alimento S/A – unidade de Sidrolândia - MS
O processo de abate das aves ocorre após o período de alojamento, que dura
em torno de 42 dias, em aviários de climatizados ou semi-climatizados, de
60
propriedade de parceiros da atividade da empresa, são transportados em carretas
“frangueiras”, com capacidade média de 4.500 frangos, até o pátio de espera e, logo
após, à área de recepção de aves.
O pátio de espera é totalmente revestido com concreto armado, possui
sistema de captação de resíduos e efluentes e condução para o sistema de
tratamento primário, via linha verde. Após a descarga os caminhões passam por
uma lavagem com água numa rampa apropriada e com sistema de captação dos
efluentes líquidos e sólidos, que igualmente seguem, via tubulação adequada, para
a peneira da linha verde.
Na recepção de aves as caixas com frangos são retiradas da carroceria da
carreta frangueira e colocadas sobre uma esteira transportadora que as conduzirá
até a área de pendura, onde as aves serão retiradas das caixas e penduradas numa
nórea transportadora. Da pendura, via nórea, as aves seguem para a linha de abate
que consta basicamente de sangria, depenagem, evisceração e cortes especiais.
Não se entrará em detalhes sobre os diversos processos, máquinas e equipamentos
envolvidos nas diversas fases do abate, até a execução de cortes especiais,
pesagem, embalagem e estocagem do produto em câmara fria, tendo em vista não
ser este o foco do presente trabalho.
A totalidade dos cortes especiais produzidos destina-se à exportação e o
CMS (carne mecanicamente separada) é enviado para outra Unidade da empresa,
no próprio estado, como matéria-prima para a produção dos processados como
salsicha, calabresa, presunto, lingüiça, etc.
Os efluentes e resíduos sólidos orgânicos resultantes de todos esses
processos são encaminhados, via linha vermelha, para a Fábrica de Farinha e Óleo
ou, via linha verde, para o tratamento primário e posterior envio às lagoas de
tratamento dos efluentes líquidos e pátio de compostagem dos resíduos sólidos
orgânicos. Os efluentes líquidos, após passarem por 06 (seis) lagoas de tratamento,
sendo 03 (três) anaeróbias, 01 (uma) aeróbica, 01 (uma) decantação e a última 06
(seis) de polimento seguem para o corpo d´água, a jusante do ponto de captação.
O Fluxograma de Geração e Destino dos Resíduos Sólidos Orgânicos do
Abatedouro de Aves é o abaixo apresentado pela Figura 9.
61
CONGELAMENTO
EMBALAGEMESTOCAGEMEXPEDIÇÃO
Figura 1 -
Figura 9 – Fluxograma de geração de resíduos sólidos do abatedouro de aves.
LAV
AD
OR
DE
CA
MIN
HÕ
ESRECEPÇÃO DE
AVES
PENDURA
SANGRIA
ESCALDAGEM
DEPENAGEM
EVISCERAÇÃO
RESFRIAMENTO
SALA DE CORTES
SAN
GU
E,O
SSO
S,VÍ
SCER
AS,
DES
CA
RTE
LIN
HA
VER
MEL
HA
LIN
HA
VER
DE
EXC
REM
ENTO
SPE
NU
GEN
S,U
RIN
A,
TER
RA
62
4.2.2 Resíduos da linha verde
Os resíduos da linha verde são aqueles, como já enunciados, não passíveis
de re-processamento na Fábrica de Farinha e Óleo e que deverão receber
tratamento primário com fins de separação das parcelas líquida e sólida, via peneira
hidro-dinâmica e decantador tipo Dortmund. São assim classificados os resíduos
provenientes do pátio de espera de aves, do lavador de caminhões, do piso do
prédio coberto da recepção e da pendura de aves e das descargas de fundo da
caldeira a lenha. A composição básica desses resíduos é de excrementos,
penugens, palha de arroz, terra e resíduos de refeitório. Os resíduos são
conduzidos, via tubulações estanques, por gravidade, até a peneira hidro-dinâmica e
o decantador da linha verde. O resíduo sólido da linha verde é recolhido em
bombonas plásticas e encaminhado até o pátio de compostagem. Essa metodologia
segue a legislação estadual de Mato Grosso do Sul – Lei nº 2080 de 13/01/2000.
4.2.3 Resíduos da linha vermelha
Os resíduos da linha vermelha são aqueles passíveis de re-processamento na
Fábrica de Farinha e Óleos e se originam nos processos de sangria, escaldagem,
depenagem, evisceração, resfriamento e cortes especiais. A composição básica
desses resíduos é de sangue, penas, ossos, vísceras, carcaças e condenados.
Os resíduos sólidos gerados no processo de abate de aves não entram em
contato com o solo antes do seu tratamento final. O sangue, as penas, as vísceras e
as partes rejeitadas no processo são encaminhados para a Fábrica de Farinha e
Óleos através de tubulações estanques, por gravidade ou através de chutes, via
blow tanques.
Ao chegar à Fábrica de Farinha e Óleos os resíduos passam por peneiras
hidro-dinâmicas para separar as fases líquidas e sólidas, em moegas separadas
para penas e sangue e para vísceras e carcaças. A fase sólida é despejada nos
digestores de penas e vísceras para cozimento a vapor. A fase líquida segue para
um tanque de equalização e flotador, para o tratamento primário. O tratamento
secundário da fase líquida é efetuado através de 06 lagoas de tratamento biológico,
sendo 03 anaeróbias, 01 aeróbica, 01 de decantação e 01 de polimento.
63
Os tipos de resíduos orgânicos gerados, as fases do processo de onde se
originam, os volumes diários e a destinação dos resíduos gerados podem ser
visualizados na Tabela 2, pos de acordo com a legislação Resolução CONAMA Nº
313 de 29 de outubro de 2002 – A empresa devem possuir o inventário Nacional de
Resíduos Sólidos.
Tabela 2 - Resíduos orgânicos gerados no processo de abate de 140.000 aves por
dia
ABATEDOURO - RESÍDUOS DAS LINHAS VERDE E VERMELHA
RESÍDUO DEPROCESSO
FASE DO PROCESSO(ORIGEM)
VOLUME(T/DIA)
DESTINAÇÃODO RESÍDUO
Sangue Sangria 10,39
Depenagem 4,45
Fábrica de Farinha
e Óleo (FFO)Penas
Vísceras, Carcaças e
Ossos.
Evisceração e Cortes
Especiais71,51
FFO
FFO
Condenações
Recepção, Pendura,
Evisceração, Cortes
Especiais.
5,56 FFO
Orgânicos de Limpeza
e Higienização
Higienização e Limpeza de
Máquinas, Equipamentos e
Instalações.
1,06 FFO
Orgânicos (Areia,
Excrementos, Argila,
Penugens, Etc...).
Lavação de Caminhões,
Pátio de Espera, Recepção
de Aves e Pendura.
0,65Linha Verde /
Compostagem
Resíduos Orgânicos
de RefeitórioPreparação de Alimentos 0,04
Linha Verde /
Compostagem
Orgânicos do Flotador
e DecantadorDescarga de Fundo 0,06 Compostagem
Fonte: Manual Seara Alimentos S. A (2007), p 20.
64
4.3 LEVANTAMENTO DAS FASES DE IMPLEMENTAÇÃO DO SGA NA EMPRESA
SEARA ALIMENTOS – UNIDADE DE SIDROLÂNDIA - CONFORME REQUISITOS
DA NBR ISO 14001:2004.
4.3.1 Política ambiental – requisito 4.2
A Seara Alimentos S. A estabeleceu, documentou e implementou a seguinte
política: A Seara cumprirá com todas as leis, outros requisitos subscritos eregulamentos aplicáveis, promoverá a prevenção, a redução de despejos, aconservação de recursos naturais, conservação do patrimônio e treinará todosos seus funcionários no conhecimento de todos os assuntos ambientaisrelevantes para as suas tarefas. A alta administração da organização definiu essa
política e documentou o escopo de seu sistema de gestão ambiental. (MANUAL
SEARA ALIMENTOS, 2005, p. 15)
Como já citado por Barbieri (2004), a política não deve ser longa, com a
finalidade de ser compreendida e lembrada pelos membros da organização e de
grupos interessados. Durante a descrição da política é necessário evitar palavras
que sejam interpretadas como evasivas ou que indiquem um comprometimento
falso, apenas com o intuito de praticas a maquiagem verde.
De acordo com a descrição da política ambiental da Seara, a organização
intensificou os aspectos essenciais de comprometimento levanto em consideração
seu escopo e sua atividade, atendendo o requisito 4.2 da NBR ISO 14001, e de
forma curta e clara disponibilizando a todos os colaboradores e funcionários.
4.3.2 Aspectos ambientais – requisito 4.3.1
A Seara Alimentos S. A, estabeleceu, implementou e manteve procedimento
para identificar todos os seus aspectos ambientais que tenham ou possam ter
impactos significativos sobre o meio ambiente de suas atividades, produtos e
serviços, dentre a lista de aspectos ambientais encontrados no parque fabril, os
principais foram: Consumo de água, efluentes industriais, resíduos sólidos,
vazamento de amônia e vazamento e/ou derramamento de produtos químicos.
65
A Figura 10 mostra a planilha usada pela empresa para levantamento de
todos os aspectos e impactos ambientais. Para a classificação do aspecto
significativo foi considerada a influência (direta e indireta), condições (normais,
anormais, emergenciais), temporariedade (presente, passado, futuro),
freqüência/probabilidade e a severidade de ocorrência do impacto se o mesmo vier a
ocorrer, conforme descrito por Seiffert (2006).
Fonte: Seara Alimentos – Sidrolândia, 2004.
Figura 10 – Planilha de levantamento de aspectos e impactos ambientais naempresa Seara Alimentos, unidade Sidrolândia.
Após a classificação de cada aspecto e impacto aplicou-se a seguinte formula
e classificação, conforme apontado por Viterbo (1998): Significância = Freqüência(F ou P) + 2x Severidade(S) – São considerados aspectos significativos quando a
66
significância for igual ou maior que (5) ou quando o aspecto está relacionado a um
requisito legal, manifestação de partes interessadas ou outro requisito ou ainda, se
estipulado pela Empresa, quando for de interesse estratégico.
Todo aspecto significativo terá um gerenciamento que tem o objetivo de
minimizar ou mesmo eliminar possíveis impactos no meio ambiente, sendo esses,
um controle operacional, monitoramento/medição ou objetivos e metas.
4.3.3 Requisitos legais e outros – requisito 4.3.2
A Seara Alimentos contratou uma empresa de consultoria especializada em
legislação ambiental para levantamento e atualização de todas as legislações
federais e estaduais, ficando em responsabilidade de cada filial levantar as
legislações municipais junto as prefeituras municipais.
A atualização das legislações federais e estaduais é realizada até o dia 10 de
cada mês pela empresa de consultoria quando alguma legislação é substituída por
uma nova versão ou mesmo quando há o surgimento de uma nova lei. A
responsabilidade de monitorar se a nova legislação e/ou substituição está sendo
atendida pela empresa é do coordenador do sistema de gestão ambiental, caso a
empresa não esteja atendendo o coordenador fará um plano de ação juntamente
com as áreas envolvidas para atender o mais rápido possível.
Nesse requisito a empresa levanta e monitora todas as atribuições das
licenças ambientais de operação, requisitos esses os quais não atendidos pode
resultar na retirada da Licença de Operação - LO pelo órgão ambiental competente.
Lembrando também que o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiro - AVCB deverá
ser renovado a cada vencimento. Trata-se de um requisito legal que autoriza a
empresa a utilizar as redes de hidrantes em caso de acidentes ambientais por
equipes treinadas e capacitadas.
A Figura 11 mostra a planilha utilizada para levantamento e monitoramento do
atendimento dos requisitos legais na empresa.
67
Fonte: Seara Alimentos – Sidrolândia, 2004.
Figura 11 – Planilha de levantamento de legislações da Empresa Seara Alimentos –unidade de Sidrolândia.
Todas as legislações ambientais levantadas na planilha pertencente à Figura
11 têm um link com os aspectos ambientais significativos levantados pela empresa.
Legislação Federal Legislação Estadual Legislação Municipal
68
4.3.4 Objetivos, metas e programa (s) – requisito 4.3.3
Com o início da implementação do sistema de Gestão Ambiental a empresa
teve que buscar investimentos para adequar-se no que considerava mais grave e
poluidor para o meio ambiente. Dentre esses investimentos relacionam-se abaixo
alguns programas de gestão ambiental onde os objetivos e metas foram atendidos.
Quadro 5 – Objetivos e metas ambientais
OBJETIVO METATratamento de efluentes na Central de Incubaçãoe Granja de Matrizes.
META = Execução de obras e sistema detratamento implantado até 30/03/2006.
Implantar gerenciamento de resíduos sólidosadequados no abatedouro de aves.
META = Aumento/adequação de área deresíduos e treinamento para todos oscolaboradores para a correta destinaçãodos resíduos sólidos até 30 de dezembrode 2006.
Substituição da caldeira atual por um sistemainovador (gasogênico)
META = Suprimento da demanda devapor e minimização de gases poluentesna atmosfera até janeiro de 2006.
Adequação do tratamento primário de efluentes. META = Substituição do flotador atual poroutro com capacidade de suprir ademanda de efluente até 20 fevereiro de2006.
Disposição adequada do efluente do tratamento
primário em caso de emergência.
META = Construção de uma lagoa para
destinar o efluente do tratamento primário
em casos emergenciais até 30/02/2006.
Melhoria na eficiência do tratamento secundário
do abatedouro (lagoas de estabilização) – Instalar
04 aeradores novos na lagoa aerada.
META = Atingir 60 mg/litro de DBO
(Demanda bioquímica de oxigênio) até 30
dezembro de 2006.
Adequação da compostagem de aves mortas na
granja de matrizes
META = Construção de uma nova
composteira, com sistema de coleta de
chorume até 30/09/2005.
Gerenciamento de resíduos orgânicos oriundos
da estação primária de efluentes do abatedouro e
central de incubação.
META = Destinação legalmente
adequada para os resíduos orgânicos até
31/01/2006.
69
Eliminar odor desagradável dos gases do
digestores de vísceras da Fábrica de Farinha e
Óleo.
META = Instalar Biofiltro até dezembro de
2005.
Otimizar o consumo de água do abatedouro. META: Divisão de metas de consumo por
turno – 1º turno: 1400 m3/dia – 2º Turno
1400 m3/dia e 3º turno – 250 m3/dia.
Minimizar o consumo de energia do abatedouro META: reduzir em 10% o consumo de
energia comparado com a melhor
performance de consumo mensal do ano
cargill 2005 –2006.
Minimizar a geração de resíduos sólidos do
abatedouro.
META: Papel: 1500 kg/dia – Plastico:
1500 kg/dia – Não recicláveis – 80kg/dia
– orgânicos do refeitório – 550 kg/dia -
Fonte: Relatório Seara Alimentos S.A (2005), p. 25.
Novos objetivos e metas propostas:
a) Reutilização da água da saída do chiller para o fluxo de vísceras na calha
da evisceração até 31/08/2007.
b) Reutilização da água (efluente) da última lagoa para a lavagem de
caminhões, dentro no ano fiscal 2007/2008.
d) Construção de um silo com rosca para o adequado armazenamento de
resíduos orgânicos da estação primária de efluentes do abatedouro até 30/11/2007.
Para os casos de alguns programas e metas não terem sido atingidos por
motivos de recursos, sejam dificuldades financeiras, metas não realistas ou
problemas de recursos humanos. Nesta situação os programas são reavaliados para
cumprimento futuro.
4.3.5 Recursos, funções, responsabilidade e autoridade – requisito 4.4.1
Complementando o organograma funcional, é de responsabilidade da Gestão
da Qualidade e Gestão de Meio Ambiente, Saúde e Segurança - EHS - (ao nível da
70
Organização), e das Garantias da Qualidade e dos Deptos. de EHS (em nível de
Unidades), a coordenação das atividades pertinentes ao Sistema de Gestão Seara.
São de responsabilidade e autoridade da Alta Direção e dos Gestores das
Unidades e dos Processos a condução e operacionalização do Sistema de Gestão
Seara.
Os desdobramentos das responsabilidades e autoridades do pessoal que
administra, desempenha e verifica atividades que influem na Gestão Seara são
comunicadas na Organização e estão definidas na documentação do Sistema de
Gestão Seara, conforme a necessidade.
O Representante da Direção da Corporação (RD Corporação) é
representado pelo Diretor Geral de Operações. Na ausência deste um Diretor de
Negócios é o nomeado.
O Representante da Direção da Matriz (RD Matriz) é representado pelo
Diretor de Recursos Humanos com responsabilidade e autoridade para conduzir
assuntos da Gestão Seara junto às gerências de processos e ou atividades de apoio
como: Informática, Jurídica, Financeiro, Controladoria de Gestão, Engenharia e
Serviços Administrativos em geral, visando a melhoria contínua e levar os assuntos
relevantes relacionados à Matriz para a Reunião de Análise Crítica pela Direção
junto ao RD da Corporação.
O Representante da Direção da Unidade (RD Unidade) é representado pelo
Gerente Geral com responsabilidade e autoridade definidas no item Análise Crítica
pela Direção.
O até então denominado Comitê Executivo da Gestão passa a ser
representado pelos Diretores da Seara, pelas Gerências de Segurança, Saúde e
Meio Ambiente - EHS e da Gestão da Qualidade, e os Representantes da Direção
Matriz e Unidades, Gerências Gerais e convidados das Unidades, que se reúnem no
mínimo 2 vezes ao ano, nas Reuniões Operacionais e/ ou Gerenciais, junto ao
Presidente da Seara e/ou Diretor de Operações, com o objetivo de:
- Apresentar e discutir os resultados do período;
- Analisar assuntos relevantes da Área da Qualidade e/ou de EHS;
- Estabelecer ações de melhoria, objetivos e metas;
- Comunicar, definir e/ ou adequar estratégias para o Processo de Gestão;
71
- Identificar, planejar e prover os recursos necessários para o desenvolvimento
das ações estabelecidas e ações mobilizadoras para a melhoria contínua.
- Subsidiar a Direção sobre as performances e oportunidades de melhoria obtidas;
- Direta ou indiretamente, definir e avaliar o atendimento aos Princípios de
Gestão;
- Avaliar as atividades do Sistema de Gestão Seara e analisar criticamente os
processos;
A Unidade assegurou a disponibilidade de recursos essenciais para
estabelecer, implementar, manter e melhorar o sistema de gestão ambiental. Dentre
os recursos disponíveis tem-se abaixo a estrutura dos recursos humanos para
assegurar a responsabilidade e autoridade pela implementação do sistema de
gestão ambiental em todos os níveis e funções.
A seguir é apresentada a Figura 12 representando o organograma de
responsabilidade e autoridade pelo Sistema de Gestão Ambiental da Unidade.
72
4.1 – Requisitos gerais4.2 – Política Ambiental4.3.1 – Aspectos Ambientais4.3.2 – Requisitos legais e outros4.3.3 – Objetivos, metas e programas4.4.1 – Recursos, funções,responsabilidades e autoridades4.4.2 – Competência, treinamento econscientização4.4.3 – Comunicação4.4.4 – Documentação do SGA4.4.5 – Controle de documentos4.4.6 – Controle operacional4.4.7 – Preparação e resposta àemergência4.5.1 – Monitoramento e medição4.5.2 – Avaliação do atendimento a req.Legais e outros4.5.3 – Não conformidade, ação corretiva eação preventiva4.5.4 – Controle de registros4.5.5 – Auditorias internas4.6 – Análise pela administração
REPRESENTANTE DADIREÇÃO (RD)
GERÊNCIA DEPRODUÇÃO
GERÊNCIAADMINISTRATIVORECURSOS
HUMANOS
GERÊNCIA DEAGROPECUÁRIA
LABORATÓRIO
COORD. DO SGA
GARANTIA DA
QUALIDADE
EQUIPE DE
IMPLEMENT
AÇÃO (**)
COMITÊ DEGESTÃO SEARA
( * )
4.24.3.34.5.34.6
4.4.4 4.4.5 4.5.5
4.3.1 4.3.2 4.3.34.4.1 4.4.2
4.4.3 4.4.4 4.4.64.4.7 4.5.1 4.5.24.5.3 4.5.4 4.5.5
4.3.14.3.34.4.74.4.64.5.34.5.14.4.2
4.3.14.3.24.3.34.4.24.4.44.4.64.4.74.5.14.5.34.5.4
Autoridade
Responsabilidade e Apoio
COODENADOR DE RH LOGÍSTICA
PORTARIA
MANUTENÇÃO
CALDEIRA
CASA DE MÁQUINAS D.A.T. AVES DE CORTES
D.A.T. GRANJASMATRIZES /CENTRAL DE
INCUBACAO
4.3.14.3.24.3.34.4.44.4.24.4.64.4.74.5.14.5.34.5.4
4.3.14.3.24.3.34.4.44.4.24.4.64.4.74.5.14.5.34.5.4
4.3.1 4.3.24.3.3 4.4.64.4.7 4.5.34.5.4
GESTOR DESEGURANÇA E MEIO
AMBIENTE
SEGURANÇA DOTRABALHO
TRANSPORTES
4.1 4.24.3.1 4.3.2
4.3.34.4.1 4.4.34.5.5 4.6
BENEFÍCIOS
SEARAVIDA/COMUNICAÇÃO
RD SUBSTITUTO
FÁBRICA DE RAÇÕES
Fonte: Relatório Seara Alimentos, 2005Figura 12 – Organograma de responsabilidade e autoridade pelo SGA da Unidade de Sidrolândia –MS.
F.F.O / ETE
4.3.6 Comunicação – requisito 4.4.3
As comunicações ambientais por parte dos funcionários, podem ser feitas
verbalmente, por meio de reuniões ou ainda documental. Estas comunicações
podem compreender desde as preocupações dos funcionários e terceiros ou outro
como a identificação de um novo aspecto ambiental.
As comunicações internas realizadas por parte da empresa se dão através da
divulgação e promoção da conscientização sobre a política ambiental, os objetivos e
metas e o programa de gestão ambiental, aspectos ambientais e demais assuntos
relacionados a meio ambiente por meio dos quadros, murais, treinamentos, cartazes,
correio eletrônico, relatórios, formulários, Jornal Gente Seara, telefone, cursos,
palestras, atas, intranet e contatos pessoais.
O recebimento, documentação e resposta às comunicações pertinentes
oriundas de partes interessadas externas é feita diretamente com a unidade. Quem
receber a comunicação deve repassar o número do Serviço de Atendimento ao
Cliente (SAC) (0800 47 2425) e explicar a parte interessada que a mesma deve
entrar em contato com o SAC para formalizar a comunicação. Caso a parte
interessada deixe claro que não irá efetuar o contato com o SAC, o porteiro ou
telefonista deve repassar a ligação ao departamento de EHS da unidade, onde será
feito o cadastro da reclamação para posterior envio dos dados ao SAC para
formalização da reclamação.
A Reclamação chega a filial por meio do SAC ou pela portaria ou pela
telefonista, é avaliada e registrada, onde é feita a disposição e analisada a
necessidade de abertura de ação corretiva.
Por definição estratégica da alta direção a empresa decidiu que somente
comunicará seus aspectos ambientais em caso de reclamação ambiental ou desde
que solicitado por partes interessadas, mas na realidade ela é disponível sempre
que solicitada.
Nesse item é importante frisar a comunicação da empresa com a
circunvizinhança no que diz respeito à transparência de suas atitudes ambientais. A
empresa realiza trabalhos na comunidade e com os colaboradores com a finalidade
de buscar conscientização e sensibilização ambiental. A Figura 13 mostra imagens
de algumas atividades realizadas na comunidade e aos funcionários.
Conforme a Figura 13 é possível observar na comunidade do entorno e nas
dependências da empresa, que houve ações de educação ambiental mediante
palestras e peça teatral sobre coleta seletiva. Houve situações que os funcionários
participaram de uma coleta de resíduos em três bairros do Município de Sidrolândia,
na busca de uma maior conscientização ambiental, bem como, uma melhoria de
imagem da empresa perante a comunidade. Outras situações ocorreram quando
funcionários da empresa se deslocaram até a comunidade para dar palestras de
educação ambiental aos alunos nas escolas municipais e estaduais. Todas as ações
ambientais que os funcionários levantam e idéias para melhoria de aspectos
ambientais da empresa são premiadas e os funcionários têm destaque em Meio
Ambiente. Essa é uma forma que a empresa buscou para valorizar essas ações e
motivar para que mais funcionários despertem para essa área.
Existe uma preocupação da empresa para mostrar a relação entre a
educação ambiental e a realidade local.
Figura 13 – Imagens de algumas atividades ambientais desenvolvidas nacomunidade e nas dependências internas da empresa Seara Alimentos emSidrolândia.
Coleta de resíduos sólidos em três bairros deSidrolândia – MS realizada por colaboradoresda Seara.
Palestras sobre os aspectos ambientaisrealizadas nas escolas Municipais.
Teatro sobre coleta seletiva de lixo,direcionado aos colaboradores da empresa.
Teatro sobre coleta seletiva de lixo,direcionado aos colaboradores da empresa.
Colaborador destaque em Meio Ambientesendo contemplado com a medalha por sededicar à busca de melhorias ambientais –Programa interno.
Alunos de escola municipal recebendopalestra sobre coleta seletiva de lixo.
4.3.7 Documentação e controle de documentos – requisitos 4.4.4 e 4.4.5
Os documentos de gestão ambiental e gestão de qualidade são controlados
sobre um sistema denominado GED – Gerenciamento de Documentos. Através
desse sistema tem-se a garantia de obter toda a documentação revisada e
atualizada. A estrutura da documentação da empresa está esquematizada na Figura
14, a seguir.
Fonte: Relatório Seara Alimentos, 2005.
Figura 14 – Fluxograma da estrutura da documentação da empresa Seara AlimentosS.A.
MGS(estratégico)
MGS - Manual de Gestão
PG’s,IT’s 2000PG - Procedimento de
Gestão
Documentosoperacionais
Documentostécnicos
Planos de Verificação.Instruções deTrabalho.Critérios de Execução.
Planos de Verificação,Critérios de Execução,Especificação Técnica,Métodos de Ensaio,Orientação Técnica,Manuais Treinamentos ouTécnicos,Instruções de Trabalho – (IT)Documentos de origem externa,Fichas de emergência,Fichas de Produto,Formulários,RegistrosEHS – (Meio Ambiente, saúde eSegurança).
Documentosadministrativos
Instruções de Trabalho,Normas Administrativas,
4.3.8 Controle operacional – requisito 4.4.6
A empresa estabeleceu procedimentos de controle operacional para todos os
seus aspectos ambientais significativos.
- Controle operacional de Água:
Para o controle de água a Unidade estipulou metas de consumo para o 1º, 2º
e 3º turnos, sendo 1º Turno: 1400 m3/dia – 2º Turno: 1400 m3/dia e 3º Turno 250m3/dia. O 1º e o 2º Turno considera-se o consumo de água para o abate de
aproximadamente 140.000 frangos e para o 3º turno considera-se o consumo de
água utilizado na higienização.
Em todo o abatedouro têm-se placas de controle operacional para otimização
e minimização de consumo, conforme Figura 15.
Figura 15 – Placa de controle operacional de consumo de água e outros aspectosambientais significativos da Seara Alimentos em Sidrolândia.
Em caso de vazamento/desperdício de água todos os colaboradores têm
acesso aos comuniques Seara, onde os mesmos comunicam ocorrências ambientais
de seus setores, bem como alguma ação preventiva.
Na Figura 16, está presente uma caixinha de comunique seara, onde os
funcionários podem depositar seus comunicados.
Figura 16 – Comunique Seara – documento disponível aos funcionários parasugestões de melhorias, por exemplo, reutilização de água e casos de desperdícios.
- Controle operacional de resíduos sólidos
Todos os resíduos sólidos gerados no abatedouro são primeiramente
separados por meio de padrão de cores conforme CONAMA 275 de 25 de Abril de
2001.
Quadro 6 – Padrão de cores conforme CONAMA 275 (2001).
Tipo de Material Classificação Cor do Recipiente ouSaco específico
Papéis Recicláveis
Vidros Recicláveis
Plásticos Recicláveis
Metais Recicláveis
Resíduos perigosos Tóxicos
Madeiras Reciclável ou usoalternativo
Resíduos ambulatoriais Contaminados
Resíduos radioativos Tóxicos
Orgânicos Reaproveitáveis
Diversos Não reciclável/nãoperigoso
Após separados os resíduos sólidos, conforme Figura 17, os mesmos são
destinados para a área de resíduos da empresa onde possuem boxes identificados
para seu armazenamento e em seguida transportados para reciclagem, aterro
municipal e/ou aterro industrial controlado, respeitando a Lei Estadual Nº. 2080 de
13 de janeiro de 2000 .
Figura 17 – coletores de resíduos sólidos da Seara Alimentos em Sidrolândia
Em locais específicos da empresa também é possível evidenciar as placas de
controle operacional para a correta separação e destinação dos resíduos sólidos
(Figura 18).
Figura 18 – Placas de controle de resíduos sólidos, mostrando as cores paraseparação, localizado na Empresa Seara Alimentos em Sidrolândia.
- Controle operacional de efluentes:
Todo efluente gerado no abatedouro é seguido de dois tratamentos:
Tratamento primário – por meio de peneiramento e flotação física e tratamento
secundário – via tratamento biológico (lagoas de estabilização).
O tratamento primário é caracterizado pela remoção de sólidos grosseiros do
efluente (pena, vísceras, carcaças de frango condenado, descartes e outros) através
do peneiramento, e logo após esses resíduos são transportados para a fábrica de
farinha e óleo, os quais se transformarão em matéria prima para a fabricação de
ração animal. O efluente será destinado para um tanque de equalização para a
correta homogeneização, após transportado por bombeamento para o flotador físico
que através de ar difuso vai retirar de 30 a 40% da gordura (sólido suspensos) e em
seguida para as 06 lagoas de estabilização biológica, onde serão adicionadas
bactérias, enzimas e vitaminas, para a aceleração da degradação da matéria
orgânica e atendimento dos parâmetros legais de lançamento para o córrego.
Em seguida a Figura 19 mostra o esquema de origem e tratamento do
efluente gerado, no abatedouro.
Figura 19 – Origem e tratamento de efluentes do abatedouro de aves.
Atualmente, são gerados em média 160 m3/dia de efluente o qual entra com
uma carga de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) de 2.600 mg/litro e após
tratamento, sai com uma carga de 40 mg/litro, sendo que o parâmetro legal permitido
é de 60 mg/litro, conforme Resolução CONAMA 357 de 17 de março de 2005.
A seguir as Figuras 20, 21 e 22 ilustram o processo de geração de resíduos
orgânicos e tratamento primário e secundário de efluentes.
SANGRIA
ESCALDAGEM
DEPENAGEM
EVISCERAÇÃO
RESFRIAMENTO
SALA DE CORTES
SAN
GU
E,O
SSO
S,VÍ
SCER
AS,
EFLU
ENTE
DES
CA
RTE
PENEIRAMENTO
SANGUE/VÍSCERAS/OSSOS/DESCARTE
FÁBRICA DE FARINHA E ÓLEO
EFLUENTE
TRATAMENTO PRIMÁRIO-FLOTADOR
TRATAMENTOSECUNDÁRIO – 06 LAGOAS
DE ESTABILIZAÇÃO
Figura 20 - Geração de resíduos orgânicos na sala de cortes da Empresa SearaAlimentos em Sidrolândia.
Figura 21 – Flotador – tratamento primário de efluentes da Empresa Seara Alimentosem Sidrolândia.
Figura 22 – Lagoa 06 – última lagoa de tratamento de efluentes da Empresa SearaAlimentos em Sidrolândia.
- Controle operacional de Fumaça preta
A fumaça preta de fontes móveis (veículos) e fontes fixas (caldeiras) são
controladas a fim de evitar emissão fora dos parâmetros da escala de Ringelmann
(CONAMA Nº. 380 de 26 de dezembro de 2006).
Conforme Kawano (2001), a escala de Ringelmann (Figura 23) é uma escala
gráfica para avaliação colorimétrica de densidade de fumaça, constituída de seis
padrões com variações uniformes de tonalidade entre o branco e o preto. A
Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo
(CETESB) desenvolve rotineiramente a fiscalização da emissão excessiva de
fumaça preta (partículas de carbono elementar) oriunda dos veículos movidos a óleo
diesel e esse método vem sendo aplicado em vários estados brasileiros.
Para isso o controlador terá que observar pelo orifício da escala e visualizar
em que nível de cor se encontra a fumaça da fonte móvel ou fixa. Para fontes
móveis o padrão permitido para a região de Sidrolândia é (02) dois e para fontes
fixas não poderá ultrapassar o nível (01) um da escala. Quando o resultado não
atingir os parâmetros permitidos, ações corretivas deverão ser tomadas.
Figura 23 – Escala de Ringelmann
A Figura 24 a seguir mostra o monitoramento realizado na empresa em fontes fixas.
Figura 24 – Operador de caldeira realizando o monitoramento de fumaça preta pelachaminé na Seara Alimentos em Sidrolândia.
4.3.9 Preparação e resposta à emergência – requisito 4.4.7
A organização elaborou um plano de emergência para atender todos os
possíveis cenários de emergência que podem ocorrer a partir do levantamento de
aspectos e impactos ambientais. Após a elaboração do plano foi necessário treinar
uma equipe de emergência composta por: comando de emergência, brigada de
emergência, socorristas, evacuação, primeiros socorros, equipe de apoio, equipe de
operações especiais, equipe de portaria, relações públicas e telefonistas para
atuarem em situações de emergências ambientais e minimizar os possíveis
impactos.
Cenários como vazamentos de amônia, derramamento de produtos químicos,
incêndio e explosão estão contemplados no plano e as equipes de emergência
deverão realizar simulados para que no momento de uma real ocorrência as falhas
sejam eliminadas.
Os procedimentos de controle emergencial são fixados nas áreas de risco, conforme
Figura 25.
Figura 25 – Controle operacional em caso de emergência ambiental, disponível emlocais de fácil acesso na Empresa Seara Alimentos em Sidrolândia.
As figuras 26 e 27 mostram algumas formas de contenção de acidentes ambientais.
Figura 26 – Instalação de rede de hidrantes para minimizar /eliminar incêndios naEmpresa Seara Alimentos em Sidrolândia.
Figura 27 – Material absorvente (areia / pó de serra) para ser utilizado na absorçãode produtos químicos em casos de vazamentos e/ou derramamentos na EmpresaSeara Alimentos em Sidrolândia.
4.3.10 Monitoramento e Medição – requisito 4.5.1
Todos os aspetos ambientais significativos são monitorados. Possuem metas
atingíveis e à medida que o sistema vai melhorando as metas são reduzidas. As
metas foram listadas no Quadro 5 do item 4.3.4 desse trabalho.
4.3.11 Não – conformidade, ação corretiva e ação preventiva – requisito 4.5.3
Todas as não conformidades ambientais são registradas e para que as
mesmas não venham se repetir são traçadas ações com responsáveis para correção
através de uma investigação de causas. A eficácia das ações é avaliada após um
período de 06 meses e se a ocorrência voltar a se repetir, as ações serão fechadas
como ineficazes e novas ações e investigações deverão ser realizadas.
As ações preventivas em sua grande maioria são levantadas pelos próprios
operacionais que estão envolvidos no processo e os mesmo registram suas idéias
em Comunique Seara. As ações são avaliadas e os operacionais são reconhecidos
e valorizados pela iniciativa das ações através do programa colaboradores destaque
em Meio Ambiente.
4.3.12 Controle de registros – requisito 4.5.4
Todos os registros de monitoramento de dados ambientais são controlados e
arquivados conforme documentação da organização. A empresa possui um
documento específico para tempo de guarda, instruções para arquivamento e
recuperação de registros, permitindo o seu devido rastreamento.
4.3.13 Auditoria interna – requisito 4.5.5
A organização vem passando por auditorias internas de sistema de gestão
ambiental, sendo uma ferramenta que auxilia a melhoria contínua do sistema. A
previsão de pré-certificação e certificação ambiental na ISO 14001:2004 está
prevista para os meses de novembro e dezembro de 2007. Os auditores internos
são formados por funcionários da própria organização que são capacitados através
de cursos específicos.
4.3.14 Análise pela administração – requisito 4.6
A cada semestre os gerentes e o coordenador do sistema de gestão
ambiental se reúnem e avaliam o sistema como um todo. São avaliados requisitos
de necessidade de investimento, treinamento, atendimentos a legislação,
cumprimento de metas, etc. Todo sistema é discutido nessa etapa com o objetivo de
buscar a melhoria contínua do mesmo.
4.4 MELHORIAS AMBIENTAIS ANTES E APÓS A IMPLEMENTAÇÃO DO
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NA EMPRESA
Com a implementação do sistema de gestão ambiental ao moldes da ISO
14001, foi possível perceber uma mudança ambiental positiva no que corresponde
às conformidades de controle operacional. Depois das auditorias internas realizadas
na organização essas mudanças se tornaram cada vez mais evidentes. As atitudes
em benefício ao meio ambiente começaram a surgir e a organização deu foco para a
área ambiental, fazendo cumprir com a sua política ambiental.
As Figuras 28, 29, 30 e 31 ilustram algumas melhorias antes e após a
implementação do Sistema de Gestão Ambiental na Unidade.
Figura 28 – Ilustração de melhorias ambientais antes e após SGA.
ANTES DA IMPLEMENTAÇÃO DO SGA APÓS IMPLEMENTAÇÃO DO SGA
Resíduos acondicionados inadequadamente. Construção de uma área de resíduos.
Resíduos sólidos acondicionadoinadequadamente
Construção de boxes e identificação para cadaclasse de resíduo sólido.
Lâmpadas acondicionadas inadequadamente. Lâmpadas acondicionadas corretamente.
Figura 29 – Ilustração de melhorias ambientais antes e após SGA.
ANTES DA IMPLEMENTAÇÃO DO SGA APÓS IMPLEMENTAÇÃO DO SGA
Efluentes da lavagem de caminhões destinadoincorretamente no solo
Efluentes de lavação de caminhões destinadospara a estação de tratamento corretamente.
Cinza de caldeira à óleo BPF acondicionadoem local inadequado.
Construção de boxes para acondicionamento decinza de caldeira.
Produtos químicos acondicionadosincorretamente, sem bacia de contenção e delivre acesso.
Acondicionamento correto de produtosquímicos.
Figura 30 – Ilustração de melhorias ambientais antes e após SGA.
ANTES DA IMPLEMENTAÇÃO DO SGA APÓS IMPLEMENTAÇÃO DO SGA
Emissão de fumaça preta na chaminé dacaldeira do abatedouro.
Instalação de uma nova caldeira a gásogênio.
Efluente da Central de incubação semtratamento adequado.
Construção de lagoas de tratamento para osefluentes da central de incubação.
Tanque de Salmex (produto químico) sembacia de contenção.
Construção de bacia de contenção para casosde acidentes.
Figura 31 – Ilustração de melhorias ambientais antes e após SGA.
4.4.1 Melhoria contínua
ANTES DA IMPLEMENTAÇÃO DO SGA APÓS IMPLEMENTAÇÃO DO SGA
Lodo gerado no tratamento de água sendocanalizado para a estrada boiadeira.
Lodo gerado no tratamento de água sendodestinado para a estação de tratamento deefluentes.
Tanque de óleo diesel sem bacia de contençãoe apresentando estados precários.
Instalação de um novo tanque de óleo dieselpara geração de energia na central de incubaçãoe construção de bacia de contenção.
Lançamento de efluentes fora dos parâmetrospermitido na legislação.
Lançamento de efluentes dentro dos parâmetrosde legislação.
Conforme é possível observar no item anterior após a implementação do
sistema de gestão ambiental houve melhorias em relação a vários aspectos
ambientais que estavam impactando o meio ambiente ou que em uma falha
poderiam impactar de forma agressiva o meio, um exemplo desse último, a não
construção de bacias de contenção no entorno de tanques de produtos químicos.
Portanto neste item serão apresentadas algumas melhorias que não existiam e após
implementação do sistema e foram executadas. Isso é uma evidência clara de
melhoria contínua do sistema de gestão ambiental.
Figura 32 – Construção de um biofiltro para tratamento de gases oriundos dosdigestores da fábrica de farinha e óleo no abatedouro de aves.
Figura 33 – Aquisição de novos aeradores para a lagoa aerada pertencente aotratamento biológico do abatedouro de aves.
Figura 34 – Projeto de reutilização de água do destilador do laboratório paralavagens de pisos da área administrativa.
Figura 35 – Reutilização da água de lavagem de filtros da estação de tratamento deágua para o próprio tratamento.
Figura 36 - Construção de lagoa emergencial para casos de transbordamento deefluentes no tanque de equalização da estação de tratamento primária de efluentesdo abatedouro de aves.
Todas essas melhorias após a implementação do Sistema de Gestão
Ambiental – SGA, não só beneficiaram o meio ambiente, como também retornaram
em forma de lucratividade para a organização. Os projetos de reutilização de água,
instalação de caldeira utilizando tecnologia limpa, os gerenciamentos de resíduos
sólidos, líquidos e atmosféricos adequados trouxeram benefícios econômicos à
empresa e diminuíram significativamente as possíveis multas pelo órgão ambiental
competente no que se refere ao gerenciamento de aspectos ambientais não
controlados e poluentes. Essa colocação vem de encontro com a descrição já
observada por Tibor e Feldman (1996), quando citam que os resultados de uma
pesquisa do World Resources Institute (Instituto para recursos mundiais), junto a 10
mil fábricas, revelou que aquelas instalações que apresentaram bom histórico
ambiental não sacrificam os lucros quando confrontados com outras empresas.
4.5 PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS FUNCIONÁRIOS
Com base em questionários, procurou-se levantar a percepção de mudanças
no comportamento ambiental na cultura da organização.
4.5.1 Questões relacionadas ao contexto
Dos 1500 funcionários da empresa, 1092, ou seja, 72,8 %, foram solicitados a
responder ao questionário “Seara Alimentos ISO 14 001 – Para entender o meio
ambiente da Seara” ...
Quanto ao gênero, constatou-se que:
- 57,9 % são homens e
- 42,1 % são mulheres
Quanto à idade média dos funcionários, encontrou-se a distribuída conforme a
Tabela 3 em que se observa que as mulheres são, em média, dois anos mais novas
que os homens.
Tabela 3 – A média de idade dos funcionários
Média de idade (em anos)
Funcionários em geral 30,5
Homens 31,5
Mulheres 29,2
Ao distribuir os funcionários em faixas etárias, conforme a Tabela 4 verifica-se
que mais de 50 % das mulheres funcionárias tem entre 20 e 30 anos de idade e a
partir daí há uma queda acentuada no número de funcionárias com 30-40 anos e 40-
50 anos. O mesmo não se observa para os homens.
Tabela 4 – Distribuição dos funcionários em faixas etárias.
>=16 e<20anos
>=20 e<30anos
>=30 e<40anos
>=40 e <50 anos
>=50 e <60 anos
>=60 e< 70 nos
TOTAL
Geral 4,6 % 44,2 % 38,1 % 11,9% 1,1 % 0,1 % 100 %
Homens 4,3 % 39,0% 39,2% 15,6% 1,6 % 0,3 % 100 %
Mulheres 4,2% 51,4 % 36,5 % 7,6 % 0,3 % 0,0 % 100 %
Quanto à escolaridade, a Tabela 5 nos mostra que em torno de 40 % dos
funcionários freqüentaram apenas as 4 séries iniciais do ensino fundamental e
que
Tabela 5 – A escolaridade dos funcionários
Séries iniciaisdo ensino
fundamental
Séries finaisdo ensino
fundamental
Ensinomédio
Educaçãosuperior
TOTAL
Geral 41,0 % 26,0% 26,2% 6,8% 100%
Homens 40,5% 23,8% 28,5% 7,2% 100%
Mulheres 42,3% 28,3% 23,1% 6,3% 100%
há uma tendência das mulheres interromper a educação formal com a conclusão do
ensino fundamental enquanto que os homens tendem a concluir o ensino médio.
Observa-se que nas séries iniciais (as 4 primeiras séries do ensino fundamental), as
mulheres são pouco mais assíduas que os homens e, uma vez que os homens
ultrapassaram este nível, observa-se uma tendência maior de continuar
freqüentando a escola. A escolaridade é um aspecto crítico, a ser muito considerado
quando as atitudes comportamentais relacionadas ao meio ambiente, e essa
afirmação pode ser observado no item 2.4 deste trabalho, onde o investimento e a
intensificação em educação são indispensáveis para mudanças de padrões de
produção, consumo, ética e cultura da cidadania.
A distribuição da escolaridade nas médias de idade revela, conforme mostra a
Tabela 6 que os de idade mais avançada, média de 33,5 anos, tem a menor
escolaridade havendo um decréscimo em direção do ensino médio, isto é, os
funcionários com ensino médio tem, em média 27 anos.
Tabela 6 – A escolaridade e a média de idade dos funcionários
Séries iniciais doensino
fundamental
Séries finais doensino
fundamental
Ensinomédio
Educaçãosuperior
Geral 33,5 anos 29,8 anos 27,0 anos 30,5 anos
Homens 34,5 anos 30,8 anos 27,8 anos 31,3 anos
Mulheres 31,6 anos 28,8 anos 25,3 anos 29,1 anos
A Tabela 7 mostra que cerca da metade dos funcionários, tem até 10 anos de
serviço e se vê uma acentuada queda no número de mulheres na faixa de 10-20
anos de serviço.
Tabela 7 – Funcionários por tempo de serviço
>= 1 e < 10 >=10 e < 20 >=20 e <30 >=30 e <40 >=40 e 50 TOTAL
Geral 50,1 % 37,5 % 11,6 % 0,8% 0,0 % 100 %
Homens 48,2 % 40,5% 9,8% 1,5% 0,0 % 100 %
Mulheres 53,0 % 32,8 % 13,9 % 0,3% 0,0 % 100 %
Entre os homens esta queda só é observada na faixa de 10-20 anos para 20-
30 anos. Caberia aqui uma investigação sobre o tempo necessário para desenvolver
um funcionário frente as atuais exigências impostas aos setores produtivos.
Vista esta caracterização genérica, contextual, agora são apresentados os
resultados das questões relativas à cultura organizacional, a educação ambiental e
sistema de gestão ambiental.
4.5.2 Questões relacionadas à cultura organizacional
Existe uma relação entre a empresa e a comunidade, pois perpassa uma
grande interdependência entre elas. “A Seara atua como um espelho nesta região”,
respondeu um dos supervisores no questionário. A empresa influencia
significativamente a economia e o fazer da comunidade. Esta interdependência
cultural se construiu ao longo dos anos de história e representa uma característica
muito forte, a empresa espelha uma cultura e ao mesmo tempo a empresa é um
espelho.
Entre outros, um elemento da cultura organizacional, que contribui no reforço
da própria cultura da empresa é privilegiar, na admissão de novos funcionários, os
filhos e parentes de funcionários. Segundo relato verbal do Gerente Geral
(06.12.2005) “é comum famílias de até vinte pessoas estarem empregadas na
empresa, incluindo logicamente parentesco de terceiro e quarto grau".
4.5.3 Quanto ao questionamento relacionado ao sistema de gestão ambiental
O conceito que os funcionários têm sobre ações adotadas ambientalmente
corretas pela empresa, está reproduzida, na Tabela 8, que retrata também os termos
da pergunta.
Tabela 8 – O Status ambiental da Seara na percepção de seus funcionários.
Até que ponto você considera a Seara uma empresa"ambientalmente correta" como indústria de Alimentos
após a implementação do SGA? %
Muito pouco correta 1,8
Pouco correta 3,7
Mais ou menos correta 4,6
Bastante correta 89,9
100,00
Pode-se argumentar que não há uma distinção clara entre uma alternativa e
outra por ser subjetivo o conceito de “pouco” e “mais ou menos”. De qualquer forma
as respostas sinalizam que a empresa está num nível bom, no conceito dos próprios
funcionários, pois a grande maioria considera a empresa como ambientalmente
correta após a implementação do SGA.
4.5.3.1 Em relação às mudanças com a ISO 14001
A empresa – Unidade Sidrolândia, no ano de 1999 obteve a certificação
segundo a NBR ISO 9001 o que confere algumas experiências em sistemas de
gestão. Surpreende, no entanto o enorme resultado de mudanças no âmbito de
conscientização ambiental após a implementação do SGA. A Tabela 9 espelha este
resultado. Observa-se que 90,6 % dos funcionários acreditam que houve essa
mudança para melhor .
Tabela 9 - Mudanças relacionadas à conscientização ambiental da organização comimplementação da NBR ISO 14 001
Com a implementação do Sistema de Gestão Ambiental -ISO 14001, você acredita que mudou para melhor os
aspectos de conscientização ambiental da organização? %
- nada mudou... 3,6- mudou um pouco... 5,8- mudou bastante... 90,6
100,0
4.5.3.2 Aspecto crítico
Entre os elementos (água, energia, capacitação de pessoas, lixo e outros)
que influenciam o desempenho ambiental da empresa, desejou-se saber quais os
funcionários consideram crítico, ou seja, que deverá melhorar e/ou intensificar. A
Tabela 10 nos mostra que exatos 56,0 % consideram que as pessoas precisariam
ser mais treinadas e conscientizadas. Isto nos diz que os funcionários reconhecem a
importância da educação para sua qualificação profissional e desempenho
ambiental. Programas continuados de Educação Ambiental podem contribuir
significativamente para as necessárias mudanças nos modos de produção.
Tabela 10 - Aspectos considerados críticos pelos funcionários da Seara
Qual é o aspecto mais crítico na empresa que deverá sermelhorado/intensificado?
%
- água 28,8- energia 12,6- capacitação de pessoas 56,0- lixo 1,6- outro 1,0
100,0
4.5.3.3 Aspectos críticos e a escolaridade dos funcionários
Outra questão interessante é identificar o nível de escolaridade dos 56,0 % de
funcionários que consideram “a capacitação das pessoas como críticas em relação
ao meio ambiente”. A Tabela 11 demonstra o resultado do cruzamento de dados.
Tabela 11 – O nível de escolaridade dos que consideram a capacitação das pessoascomo um aspecto a ser melhorado.
Escolaridade
Séries iniciais do ensino fundamental 62,2%
Séries finais do ensino fundamental 31,9%
Ensino médio 3,6%
Educação superior 2,2%
Dentre os 611 funcionários que consideraram a capacitação das pessoas
como um fator crítico a ser melhorado, 62,2 % tem menor grau de escolaridade, ou
seja, que freqüentaram no máximo 4 anos de escola, contra os 2,2 % das que tem
curso superior. Isto sinaliza que, quanto menor o nível de escolaridade dos
funcionários, mais ele sente a necessidade de desenvolvimento, conseqüentemente
são necessários além de respostas a esta necessidade, mais esforços em educação
ambiental.
4.5.4 Com referência ao saber e percepção da educação ambiental
Sob este item foram reunidas às questões pertinentes a educação ambiental,
que evidenciam comportamentos, atitudes e percepções que podem ser modificadas
pela aquisição de conhecimento e conseqüente desenvolvimento de consciência.
Na Seara Alimentos S/A, os gerentes e supervisores relatam que ainda há um
déficit na consciência ambiental dos seus funcionários. As ações em educação
ambiental e treinamentos que aconteceram na empresa, “tiveram sua prioridade
voltada aos funcionários que tem maior contato com o meio ambiente”.
Para identificar algumas evidências da necessidade de educação ambiental,
foram formuladas perguntas cujas respostas traçaram o seguinte panorama:
a) Conhecimento oral sobre Meio Ambiente?
Este item de pesquisa formulou quatro cenários em que o funcionário poderia
ter tido oportunidade de ouvir falar em meio ambiente e proteção do meio ambiente.
Como alternativa assinalada com maior freqüência está a empresa, seguida pela
imprensa, depois a escola e por último a família.
A par da formulação da questão permitir assinalar mais de uma alternativa,
mesmo porque o tema em questão é assunto em todos os meios de interação
humana, ela aponta para o importante papel educativo da empresa. Há o
reconhecimento de que a empresa aborda a questão ambiental, mas também o
reconhecimento que muito ainda deve ser feito em termos de capacitação ambiental
dos funcionários, conforme relatos de gerentes e supervisores, constantes no item
anterior.
Tabela 12 – Questão relacionada ao meio de conhecimento oral sobre meio
ambiente
Onde você ouviu falar de Meio Ambiente? %Empresa 50,8Imprensa 20,2Escola 20,3Família 8,7
100,0
b) Expectativas da qualidade de vida das futuras gerações
A tomada de consciência do grau de degradação ambiental se traduz na
desesperança manifesta por 65,54 % dos funcionários que prognosticam piora na
qualidade de vida das futuras gerações, conforme revela a Tabela 13.
Tabela 13 – As perspectivas para as futuras gerações
Da maneira como as coisas estão indo, em relação aomeio ambiente, a qualidade de vida dos teus netos e
bisnetos será: %
Igual a atual 8,71Pior que a de hoje 65,54Melhor que a de hoje 25,75
100,0
Esta questão está intimamente ligada ao conceito de desenvolvimento
sustentável, garantindo para as futuras gerações, as condições necessárias para
“atender as suas próprias necessidades”, esta visão de futuro desperta para a
necessidade de mudanças nos padrões de relação com o meio ambiente.
c) Percepção ambiental dos funcionários quanto à interação do homem com o meio
ambiente
As palestras de acordo com a metodologia proposta por Lindner (2002),
iniciavam-se indagando sobre o conceito de meio ambiente ou para simplificar, os
elementos constituintes do meio ambiente. Logo iam surgindo por parte dos
participantes elencos de elementos: o ar, a água, as árvores, os animais, as pedras,
o solo, a luz, o calor,... e geralmente terminava por aí. Estes constituintes eram à
medida que foram sendo citados, escritos de forma caótica num quadro, com a
intenção de representar uma rede e que não existe hierarquia entre eles. Como a
lista de elementos constituintes do meio ambiente, na maioria das vezes terminava
assim, com poucos elementos, com novo estímulo, indagava-se: mas este não é o
meio ambiente em que vocês vivem? Assim surgem mais elementos, a fábrica, o
automóvel, o algodão, as casas, os produtos químicos, as máquinas, o ruído, etc. Os
seres humanos na quase totalidade das vezes não eram citados. Novo estímulo e
alguém lembra dos seres humanos, o homem. Num gesto de oferecer o giz à platéia
para que alguém escrevesse “homem” entre os elementos já escritos no quadro,
logo alguém sugeria: “escreva no meio, porque tudo existe em função do homem”,
outro disse, “escreva no alto, porque o homem rege sobre todos os elementos
constituintes do meio ambiente”.
Essa situação se relaciona com a perspectiva para as futuras gerações,
mostrando que conscientemente a maioria dos funcionários acredita que o homem
está causando degradação ambiental, no entanto a figura do homem como parte
ativa no ambiente ainda é oculta e sua percepção só aparece após vários estímulos.
4.5.4.1 Percepção ambiental dos funcionários quanto aos resíduos sólidos
domésticos
A gestão dos resíduos domésticos pode ser um indicativo da percepção
ambiental das pessoas, por isso foi contemplado com uma questão conforme pode
ser visualizado na Tabela 14, à seguir:
Tabela 14 – O destino do lixo doméstico
Com relação ao lixo,em sua casa, você e sua família %Não se preocupam com o lixo, ele é espalhado pelapropriedade.
3,5
Preocupam-se em diminuir a produção do lixo 20,5Separam o lixo orgânico (cascas, restos de comida) para serusado na horta, do lixo que o caminhão leva.
47,3
Colocam todos os lixos num saco para o caminhão levar. 26,9Queimam o lixo na propriedade, porque o caminhão nãopassa na sua rua.
1,8
100,0
Constata-se que o município de Sidrolândia possui o serviço de coleta pública
de lixo doméstico que atende a quase totalidade dos domicílios dos funcionários. A
separação do lixo orgânico dos demais resíduos, (47,3%), é uma prática vem sendo
tratado em campanhas pela prefeitura, portanto há muito incorporado ao
comportamento e nas lidas domésticas. Por outro lado, 26,9% não realizam nenhum
tipo de seleção de resíduos, o que denota uma não preocupação com a questão.
Dentro da empresa, os funcionários não vêem o lixo como algo crítico ou
preocupante. “o que você considera crítico, preocupante, em relação ao meio
ambiente na empresa”, apenas 1,5 % assinalaram o lixo. Isto se justifica pelo bom
gerenciamento de resíduos sólidos centrados na redução, na coleta seletiva e
reciclagem interna (compostagem) da biomassa vegetal dos jardins e linha verde do
abatedouro.
4.5.4.2 Água
Como recurso mais ameaçado do planeta e pela alta dependência de água do
processo fabril da empresa, o uso da água constou do questionário como também
de observações realizadas durante as palestras interativas que abordaram o tema.
A Tabela 15 revela que há apenas uma relativa preocupação com o recurso.
Possivelmente muitos dos que assinalaram que “economizam água porque ela é um
recurso escasso na natureza”, se abastecem do serviço público e, portanto o custo
financeiro influenciou a resposta. Agora, apesar do alto nível de contaminação das
águas superficiais e o destaque dado pela mídia, é significativo o percentual de 20,2
% que “usam água em abundância porque ela vem do poço ou de uma fonte e
nunca acaba” e mais, influenciado pela “ausência de custo monetário”.
Tabela 15 - O consumo domiciliar de água.
Com relação a água, em sua casa, você e sua família: %
-Economizam água porque ela é paga? 23,8
-Economizam água porque ela é um recurso escasso na natureza 56,0
-Usam água em abundância porque ela vem do poço ou de uma
fonte e nunca acaba 20,2
100,0
4.5.5 Atendimento aos clientes
A empresa exporta 97% de seus produtos. Dentre os países que a empresa
atende, a Unidade de Sidrolândia especificamente exporta para Rússia, União
Européia, Hong Kong, Japão e Ásia. O maior mercado que atualmente a Unidade de
Sidrolândia abastece é o Japão com aproximadamente 62% de suas vendas.
Conforme levantamento realizado no departamento ambiental coorporativo é
justamente esse cliente que mais exige controle ambiental dos aspectos
significativos, principalmente resíduos sólidos. E essa evidencia foi observada no dia
24 de junho de 2007 quando a Unidade recebeu uma visita do Japão Food (um de
seus clientes japoneses) e na reunião de fechamento o cliente indagou para a
organização “Estamos impressionados com o controle de resíduos sólidos da
Unidade, mas, deixamos uma sugestão: - vocês podem melhorar o sistema de
redução de umidade no setor de congelamento, pois quanto menor a umidade,
maior a possibilidade de redução de plástico envolta das embalagens de produtos e
consequentemente menor geração de lixo no Japão”. Isso demonstra a
preocupação dos Japoneses em minimizar a quantidade de resíduos sólidos
gerados em seu país. A sugestão é mais um desafio para a melhoria do
desempenho ambiental da organização e atendimento as exigência dos clientes.
Numa analise final de todos os dados levantados verificou-se que a
implementação do SGA influenciou de forma positiva a competitividade da empresa,
seu desempenho ambiental, uma mudança de comportamento dos funcionários em
todos os níveis da organização. Muito ainda pode ser investido em esforços de
educação e no planejamento de melhorias continuas.
A comunicação estimulada e exigida pelo SGA cria mecanismos de
entendimento dentro da empresa, com a comunidade e fornecedores, favorecendo
os relacionamentos em beneficio ao meio ambiente.
5 CONCLUSÃO
No exame do processo de implementação do SGA aos moldes da ISO 14001,
no frigorífico de aves localizado, em Sidrolândia – MS foi verificado que:
Após a implementação do SGA na Unidade, houve ganhos ambientais
principalmente referente aos aspectos de gerenciamento de resíduos sólidos,
tratamento de efluentes, conservação dos recursos hídricos e atendimentos as
legislações.
Com a implementação dos requisitos da NBR ISO 14001:2004, foi possível
observar que a Unidade além de possuir um controle de todos os seus aspectos
ambientais, por meio de monitoramento e planos de ações preventivos e corretivos,
também conta com uma maior segurança em minimizar possíveis impactos
ambientais quando em uma falha de controle operacional de suas atividades.
As pesquisas realizadas com os funcionários da empresa mostram que
praticamente não há diferença de gênero nas respostas, mas houve diferença no
grau de instrução e percepção ambiental, pois os resultados indicaram que a
preocupação em intensificar a capacitação das pessoas partem do maior número de
funcionários que freqüentaram no máximo 4 anos de escola.
A empresa Seara Alimentos unidade de Sidrolândia tem um papel importante
na educação ambiental de seus funcionários uma vez que muitos só tiveram contato
com o tema na própria empresa, além de ser o mais importante centro econômico da
sociedade.
Há o reconhecimento de que a empresa aborda a questão ambiental, mas
também o reconhecimento que muito ainda deve ser feito em termos de capacitação
ambiental dos funcionários.
A literatura destaca a possibilidade das empresas se manterem no mercado,
competitivas, quando atuam de maneira ambientalmente responsável. As
constatações levantadas nos resultados desta pesquisa fortalecem essa idéia,
quando o maior cliente da Unidade em uma de suas visitas à planta impressionou-se
com o controle ambiental e apesar da boa impressão sugeriu melhorias no que se
refere à redução de resíduos de plástico. Portanto o desafio para a empresa
permanece e leva a busca de melhoria contínua, base de todo o Sistema de Gestão
Ambiental.
Todos os desafios ambientais são possíveis de realização quando a
organização realmente incorpora o sistema de gestão ambiental em suas atividades
do dia-a-dia desde a alta administração até o funcionário de linha. Todos devem
entender que o meio ambiente é importante para garantia e sustentação atual e
futura da empresa no atual mercado competitivo.
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APÊNDICE – A
Questionário intitulado “SEARA/ISO 14001 – Para entender o Meio Ambiente da
Seara...”, que foi destinado aos funcionários em geral (perguntas fechadas).
PARA ENTENDER O MEIO AMBIENTE DA SEARA ALIMENTOS – CARGILL – UNIDADE:
SIDROLÂNDIA – MS
Questões relacionadas ao contexto
1) Favor marcando um X.
Sexo:
□ Feminino □ Masculino
2) Qual a sua idade? ______ anos
3) Até que série você cursou e/ou está cursando?
____________________________________________________________
4) Em que data você entrou na Seara Alimentos?______________________
Questões relacionadas à cultura organizacional
5) Com relação ao lixo doméstico você:
□ Não se preocupam com o lixo, ele é espalhado pela propriedade.
□ Preocupam – se em diminuir a produção do lixo.
□ Separam o lixo orgânico para ser usado na horta, do lixo que o caminhão leva.
□ Colocam todos os lixos num saco para o caminhão levar
□ Queimam o lixo na propriedade, porque o caminhão não passa na sua rua.
6) Com relação a água, em sua casa, você e sua família:
□Economiza água por que ela é paga?
□Economizam água porque ela é um recurso escasso na natureza?
□Usam água em abundância por que ela vem do poço ou de uma fonte e nuncaacaba?
Questões relacionadas ao sistema de gestão ambiental – SGA.
7) Você considera a Seara uma empresa ambientalmente correta?
□ Muito pouco correta □ Pouco correta □ Mais ou menos correta
□ Bastante correta
8) Com a implementação do Sistema de Gestão Ambiental – SGA – ISO 14001,
você acredita que mudou para melhor os aspectos de conscientização ambiental
da organização (empresa)?
□ Nada mudou □ Mudou um pouco □ Mudou bastante
9) Qual o aspecto mais crítico que você considera que deverá ser melhorado na
empresa a fim de trazer melhores resultados ambientais?
□ Água □ Energia □ Capacitação de pessoas □
Lixo □ Outros – Quais ____________________
Questões referentes à Educação Ambiental
10) Onde você ouviu falar de Meio Ambiente?
□ Empresa □ Imprensa □ Escola □ Família
11) Da maneira como as coisas estão indo, em relação ao meio ambiente, a
qualidade de vida dos teus netos e bisnetos será:
□ Igual a atual □ Pior que a de hoje □ Melhor que a de hoje
APÊNDICE - B
Questionário composto de cinco perguntas “abertas”, destinado aos gerentes e
supervisores.
PARA ENTENDER O MEIO AMBIENTE DA SEARA ALIMENTOS – CARGILL – UNIDADE:
SIDROLÂNDIA – MS
1) Você considera importante existir ações voltadas ao Meio Ambiente naorganização? Se sim, por quê?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Após a implementação do Sistema de Gestão Ambiental aos moldes da ISO14001:
2) O que você acredita que mudou em termos de melhorias ambientais naorganização?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3) O que você acredita que mudou em termos de educação ambiental naorganização?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4) O que você acredita que mudou em relação à cultura dos funcionários e acomunidade como um todo?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5) O que você considera primordial para que a organização mantenha e melhorecontinuamente o seu sistema de gestão ambiental? Explique____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________(use o verso se necessitar).