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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE INFORMÁTICA CURSO DE BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO FELIPE LUIZ BILL SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2013

SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA PARA MICRO E …repositorio.roca.utfpr.edu.br/.../1/945/1/CT_COSIS_2012_2_03.pdf · do dia XX de abril de 2013 como requisito parcial para a ... O transporte

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE INFORMÁTICA

CURSO DE BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

FELIPE LUIZ BILL

SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA

2013

FELIPE LUIZ BILL

SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Monografia apresentada à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do curso de Bacharelado em Sistemas de Informação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Reis Graeml

CURITIBA

2013

TERMO DE APROVAÇÃO

Sistema de gestão integrada para micro e pequenas empresas de transporte rodoviário de cargas

Por

Felipe Luiz Bill

Esta dissertação foi apresentada às_______________________________________

do dia XX de abril de 2013 como requisito parcial para a obtenção do título de

BACHAREL EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO da Universidade Tecnológica

Federal do Paraná. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta

pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora

considerou o trabalho__________________________________________________

(aprovado, aprovado com restrições, ou reprovado)

_________________________________ Prof. Dr. Alexandre Reis Graeml (UTFPR)

Orientador

_________________________________ Prof. Me. Fabiano Scriptore Carvalho

(UTFPR) Co-orientador _________________________________ Prof.Me. Luiz Augusto Pelisson

(UTFPR) Co-orientador Visto da coordenação:

______________________________ Prof.ª Dr.ª Mariângela de O. Gomes Setti

Coordenadora do Curso de Bacharelado em Sistemas de Informação

Aos meus pais Eli e Márcia, pelo apoio incondicional.

Aos meus irmãos Guilherme e Gustavo, pelo exemplo.

AGRADECIMENTOS

Dentre as pessoas que cruzaram meu caminho, muitas simplesmente

passaram, outras me acompanharam e me direcionaram. Certo de que o convívio

com estas últimas foi determinante para a formação de meu conhecimento, e acima

de tudo para a formação de minha pessoa, deixo minhas mais sinceras palavras de

gratidão.

Agradeço ao meu orientador o Professor Alexandre Reis Graeml pela sua

dedicação e pela orientação deste trabalho. Também agradeço aos meus co-

orientadores, os Professores Fabiano Scriptore Carvalho e Luiz Augusto Pelisson,

assim como agradeço às Professoras da disciplina de Trabalho de Conclusão de

Curso Marília Abrahão Amaral e Mariângela Gomes Setti, e a todos os demais

professores com quem convivi durante a graduação, pelo conhecimento

compartilhado.

A todos os meus colegas, pelas experiências divididas, em especial aos meus

amigos Leandro Piekarski do Nascimento, Lucas Hauptmann de Almeida, Lucas

Longen Gioppo e William Hitoshi Tsunoda Meira.

Em qualquer empresa, a tecnologia da informação exerce feitos poderosos sobre a vantagem competitiva, tanto no custo, quanto na diferenciação.

(PORTER, Michael)

RESUMO

BILL, Felipe. Sistema de gestão empresarial para micro e pequenas empresas de transporte rodoviário de cargas. 2013. Monografia (Bacharelado em Sistema de Informação) – Departamento Acadêmico de Informática, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2013.

Esta pesquisa apresenta uma abordagem teórico-conceitual acerca das questões de implantação de sistemas de gestão empresarial com foco em micro e pequenas empresas de transporte rodoviário de cargas. Discute os conceitos de Enterprise Resources Planning bem como conceitos de transporte de cargas secas e fracionadas. O estudo envolveu uma pesquisa-ação em uma empresa característica desse segmento, a partir da qual se obteve subsídios para o desenvolvimento e na qual foram testadas as funcionalidades implementadas. Traz como resultado um modelo e um protótipo de um sistema de gestão empresarial para micro e pequenas empresas de transporte rodoviário de cargas.

Palavras-chave: Sistema de gestão empresarial. Enterprise Resources Planning. ERP. Transporte rodoviário de cargas. Micro e pequenas empresas.

ABSTRACT

BILL, Felipe. Enterprise resources planning system for micro and small companies of road haulage. 2013. Monografia (Bacharelado em Sistemas de Informação) – Departamento Acadêmico de Informática, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2013.

It presents a theoretical-conceptual approach of relevant questions for the deployment an enterprise management system with focus on micro and small companies of road haulage. It discusses the concepts of Enterprise Resources Planning systems, as well as aspects of the transporting of less than full truck loads. Complemented by an action research on a typical firm of this segment, from which it received development grants and in which the features implemented were tested. As result, the study provides a model and a prototype enterprise resources planning system for micro and small companies of road haulage.

Keywords: Enterprise Resources Planning. Road haulage. Micro and small companies.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Distribuição das empresas por faixa de pessoal ocupado ........................ 18  

Figura 2 - Visão funcional. ......................................................................................... 23  

Figura 3 - Benefícios dos sistemas ERP ao longo do tempo .................................... 24  

Figura 4 - Evolução do transporte rodoviário de cargas ............................................ 29  

Figura 5 - Cronograma previsto para o projeto .......................................................... 34  

Figura 6 - Cronograma efetivo do projeto .................................................................. 34  

Figura 7 - Modelo de processos de negócio .............................................................. 39  

Figura 8 - Organograma de uma empresa de transporte .......................................... 41  

Figura 9 - Planilha eletrônica utilizadas na gestão dos processos ............................ 43  

Figura 10 - Sistema legado ........................................................................................ 44  

Figura 11 - Visão de casos de uso ............................................................................ 45  

Figura 12- Detalhamento dos casos de uso do protótipo .......................................... 46  

Figura 13 - Visão lógica ............................................................................................. 47  

Figura 14 - Visão de implantação .............................................................................. 48  

Figura 15 - Visão de implementação ......................................................................... 49  

Figura 16 - Cálculo do valor do frete ......................................................................... 50  

Figura 17 - Projeto conceitual de dados .................................................................... 57  

Figura 18 - Projeto lógico de dados ........................................................................... 58  

Figura 19 - Diagrama de transição de estados – Coleta ........................................... 59  

Figura 20 - Diagrama de transição de estados - CT-e .............................................. 60  

Figura 21 - Diagrama de transição de estados – Manifesto de viagem .................... 60  

Figura 22 - Diagrama de transição de estados - Relação de entregas ..................... 61  

Figura 23 - Diagrama de transição de estados – Fatura ........................................... 62  

Figura 24 - Cadastro de clientes ................................................................................ 63  

Figura 25 - Cadastro de CTe ..................................................................................... 64  

Figura 26 - Cadastro de CTe: cálculo do valor do frete ............................................. 64  

Figura 27 - Manual de instalação: estrutura de diretórios ......................................... 75  

Figura 28 - Manual de instalação: configuração do banco de dados ........................ 76  

Figura 29 - Interface gráfica do menu principal ......................................................... 77  

Figura 30 - Interface gráfica do menu Comercial ...................................................... 77  

Figura 31 - Interface gráfica do formulário de clientes .............................................. 78  

Figura 32 - Interface gráfica do menu Operacional ................................................... 79  

Figura 33 - Interface gráfica do formulário de CTe(1) ............................................... 79  

Figura 34 - Interface gráfica do formulário de CTe(2) ............................................... 81  

Figura 35 - Interface gráfica do formulário de emissão de CTe ................................ 82  

Figura 36 - Interface gráfica do formulário de baixa de entregas .............................. 82  

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Aquisições ................................................................................................ 33  

Tabela 2 - Custos referentes aos recursos humanos ................................................ 37  

Tabela 3 - Composição do custo total do projeto ...................................................... 37  

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Recursos humanos .................................................................................. 35  

Quadro 2 - Papéis/Responsáveis .............................................................................. 36  

Quadro 3 - Partes envolvidas .................................................................................... 42  

Quadro 4 - RQFN1 - Cadastrar clientes .................................................................... 51  

Quadro 5 - RQFN2 - Alterar cadastro de clientes ...................................................... 52  

Quadro 6 - RQFN3 - Pesquisar clientes .................................................................... 52  

Quadro 7 - RQFN4 - Cadastrar conhecimentos de transporte .................................. 53  

Quadro 8 - RQFN5 - Excluir conhecimentos de transporte ....................................... 53  

Quadro 9 - RQFN6 - Cancelar conhecimentos de transporte ................................... 54  

Quadro 10 - RQFN7 - Baixar conhecimentos de transporte ...................................... 54  

Quadro 11 - RQFN8 - Emitir conhecimentos de transporte ....................................... 55  

Quadro 12 - RQFN9 - Pesquisar conhecimentos de transporte ................................ 55  

LISTA DE SIGLAS

BI Business Intelligence

CEP Código de Endereçamento Postal

CNPJ Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas

CPF Cadastro de Pessoas Físicas

CRM Costumer Relationship Management

CT-e Conhecimento de Transporte eletrônico

DACT-e Documento Auxiliar do CT-e

DDL Data Definition Language

ER Entidade-Relacionamento

ERP Enterprise Resources Planning

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IE Inscrição Estadual

MPEs micro e Pequenas Empresas

MVC Model-View-Controller

MPN Modelagem de Processos de Negócio

MRP Manufacturing Resource Planning

PU Processo Unificado

SCM Supply Chain Management

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEFAZ Secretaria da Fazenda

SPED Sistema Público de Escrituração Digital

RG Registro Geral

RQFN Requisito Funcional

UF Unidade Federativa

UML Unified Modeling Language

TI Tecnologia da Informação

SUMÁRIO

1.   Introdução ........................................................................................................... 17  

1.1.   Objetivo principal ............................................................................................. 19  

1.2.   Objetivos específicos ....................................................................................... 19  

1.3.   Justificativa ...................................................................................................... 19  

1.4.   Estrutura do documento .................................................................................. 20  

2.   Estado da arte .................................................................................................... 22  

2.1.   Características e histórico dos sistemas de gestão integrada ......................... 22  

2.2.   A inovação tecnológica como estratégia de competitividade .......................... 25  

2.3.   O transporte rodoviário de cargas no Brasil .................................................... 28  

3.   Metodologia ........................................................................................................ 31  

3.1.   Concepção ....................................................................................................... 31  

3.2.   Elaboração ....................................................................................................... 31  

3.3.   Construção ...................................................................................................... 32  

3.4.   Transição ......................................................................................................... 32  

4.   Gestão do projeto ............................................................................................... 33  

4.1.   Aquisições ....................................................................................................... 33  

4.2.   Tempo .............................................................................................................. 33  

4.3.   Recursos humanos .......................................................................................... 35  

4.4.   Custos .............................................................................................................. 36  

5.   Resultados .......................................................................................................... 38  

5.1.   Modelo dos processos de negócio .................................................................. 38  

5.2.   Visão ................................................................................................................ 40  

5.2.1.   Problema ...................................................................................................... 40  

5.2.2.   Ambiente ...................................................................................................... 41  

5.2.3.   Solução ......................................................................................................... 44  

5.3.   Arquitetura ....................................................................................................... 44  

5.3.1.   Visão de casos de uso ................................................................................. 45  

5.3.2.   Visão lógica .................................................................................................. 46  

5.3.3.   Visão de implantação ................................................................................... 47  

5.3.4.   Visão de implementação .............................................................................. 48  

5.4.   Especificação ................................................................................................... 49  

5.4.1.   Regras de negócio ....................................................................................... 50  

5.4.2.   Requisitos ..................................................................................................... 51  

5.5.   Modelo de dados ............................................................................................. 56  

5.5.1.   Modelo conceitual ......................................................................................... 56  

5.5.2.   Modelo lógico ............................................................................................... 57  

5.5.3.   Modelo Comportamental .............................................................................. 58  

5.6.   Interface do sistema com o usuário ................................................................. 63  

5.7.   Resultados da implantação do sistema ........................................................... 65  

6.   Considerações finais .......................................................................................... 67  

Bibliografia ................................................................................................................. 69  

Glossário .................................................................................................................... 72  

Apêndice A – Manual de instalação .......................................................................... 75  

Apêndice B – Manual de uso ..................................................................................... 77  

17

1. Introdução

A globalização vem exigindo cada vez mais a busca por soluções em

competitividade, independentemente do segmento de mercado ou porte das

organizações. Mesmo as micro e pequenas empresas (MPEs) devem ser

enxergadas em escala global, pois estão dentro da cadeia de suprimentos (SCM)

como prestadoras de serviços de empresas maiores. Impulsionadas pelas

exigências que esse novo contexto introduziu, as organizações têm investido em

inovação tecnológica como estratégia de diferenciação. Nesse sentido, os sistemas

Enterprise Resources Planning (ERP) podem representar tal diferenciação,

fornecendo vantagem competitiva por meio de controles mais amplos sobre os

processos de negócio; bem como agilidade e confiabilidade sobre as informações,

permitindo uma tomada de decisão mais rápida e inteligente (MENDES e

ESCRIVÃO FILHO, 2007).

Esse tipo de sistema – também conhecido como sistema de gestão

empresarial, ou sistema de gestão integrada – teve sua origem nos setores

industriais produtivos e, portanto, muitas características ligadas à manufatura

persistem até hoje. Embora tais sistemas tenham aumentado sua abrangência,

cobrindo quase todo tipo de segmento de mercado, isso incorreu na necessidade de

customizá-los de acordo com cada tipo de negócio. Quanto maior a customização,

maior é o custo de implantação, treinamento e consultoria, o que restringe o acesso

de MPEs a esse tipo de solução (CAMPOS e CARVALHO, 2009). Apesar de essa

abrangência-customização ser considerada um dos princípios básicos dos sistemas

de gestão empresarial (HABERKORN, 2003), o número de soluções dedicadas a um

único tipo de negócio tem crescido consideravelmente. Nesse sentido, no segmento

de transporte e logística, em razão das particularidades de sua natureza, os

sistemas de gestão empresarial especializados são considerados fundamentais para

o sucesso do negócio (PELEIAS, et al., 2009).

18

Figura 1 - Distribuição das empresas por faixa de pessoal ocupado

Fonte: LOPES, CARDOSO e PICCININI (2008)

No Brasil, quanto ao porte, o setor de transporte e logística é um dos setores

cuja participação mais significativa é de micro e pequenas empresas, de acordo com

o exposto na Figura 1. Conforme levantamento realizado em 2005 pelo Ministério

dos Transportes, havia cerca de 60 mil empresas formalizadas nesse setor (PNLT,

2007 apud LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008). Dessas empresas, segundo os

critérios de classificação do SEBRAE, 92% são micro empresas (até 9 funcionários)

e 7% são de pequeno porte - de 10 a 49 empregados (IBGE, 2005 apud LOPES,

CARDOSO e PICCININI, 2008). O desempenho do setor é muito baixo quando

comparado aos níveis internacionais, tendendo a ser menor quanto menor for a

empresa, em razão da falta de padronização dos processos, controle e acesso a

informações (LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008).

Dentre os diversos modais de transporte (ferroviário, marítimo, aéreo,

rodoviário, entre outros), no Brasil, o mais difundido é o transporte rodoviário de

cargas, tendo sido responsável pela movimentação de 58% do volume de produção

industrial dentro do país em 2005 (LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008). Cabe

mencionar que, nesse mesmo ano, o transporte rodoviário de cargas secas

respondeu por 48,3% da receita líquida operacional do transporte (LOPES,

CARDOSO e PICCININI, 2008). Entende-se por cargas secas o transporte de

produtos manufaturados, ensacados ou embalados. No escopo deste trabalho serão

consideradas apenas as empresas que atuam sobre o modal terrestre, sendo as

cargas conduzidas em veículos com baú ou carroceria, ou seja, não serão

19

consideradas as questões pertinentes a outros modais ou às peculiaridades do

transporte rodoviário de líquidos em veículos específicos.

1.1. Objetivo principal

Levando em consideração o contexto apresentado, este trabalho tem como

objetivo geral desenvolver um sistema de gestão integrada para MPEs de transporte

rodoviário de cargas secas.

Dentre as delimitações principais do escopo deste trabalho, vale ressaltar que

ele não se propõe a resolver problemas relacionados a outras modalidades de

transporte, focando-se no modal rodoviário nacional de cargas secas; bem como

não se propõe a solucionar problemas de logística integrada (quando o

transportador armazena o estoque do cliente e decide quando entregar as

demandas deste).

1.2. Objetivos específicos

São objetivos específicos deste trabalho:

• elaborar um modelo de processos de negócio de uma micro empresa de

transporte rodoviário de cargas;

• desenvolver um projeto de software de um sistema de gestão empresarial,

de baixo custo, voltado estritamente para o modelo de negócio definido; e

• implementar um protótipo com base nesse projeto, com o intuito de

demonstrar sua aplicabilidade.

1.3. Justificativa

Dado o contexto acima descrito, uma das principais motivações para a

realização deste trabalho é a carência do segmento de pequenas e micro empresas

de transporte por um sistema de gestão empresarial de baixo custo. Considerando

que a maior parte do setor de transporte e logística no Brasil é composta por MPEs,

a solução proposta por este projeto deve ter um custo condizente com a realidade

20

financeira desse segmento, o que não é oferecido pelos softwares encontrados no

mercado atualmente.

Ademais, pode-se considerar como uma motivação complementar ao

desenvolvimento deste trabalho, a oportunidade de mercado que o Sistema Público

de Escrituração Fiscal (SPED) criará. No final da década de 90 houve um grande

impulso em direção à adoção de sistemas ERP em países como os Estados Unidos,

Inglaterra, Alemanha, entre outros, em razão das exigências de seus governos para

a declaração eletrônica de impostos (CAMPOS e CARVALHO, 2009). Em função do

SPED, outro grande impulso deve ocorrer no Brasil. No setor de transporte

rodoviário de cargas, o SPED será realizado por meio do Ajuste SINIEF 09/2007,

que institui o Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) e o Documento Auxiliar

do Conhecimento de Transporte Eletrônico (DACT-e) como meios exclusivos para

emissão de documentos fiscais no setor. Esse ajuste entra em vigor em Agosto de

2013 para as empresas optantes pelo Lucro Presumido e em Dezembro de 2013

para as empresas optantes pelo Simples Nacional (BRASIL, 2007).

1.4. Estrutura do documento

Nesta seção, são descritos os assuntos discutidos em cada capítulo deste

trabalho.

No Capítulo 2 – Estado da arte – são discutidos temas relacionados aos

sistemas de gestão empresarial, inovação tecnológica, competitividade e logística e

transporte no Brasil, conforme apresentados na literatura.

No Capítulo 3 – Metodologia – são descritos os procedimentos que

conduziram à realização deste trabalho.

No Capítulo 4 – Gestão do projeto – são detalhados os aspectos relacionados

aos recursos necessários à realização deste trabalho, incluindo recursos humanos,

custos e prazos.

No Capítulo 5 – Resultados – são apresentados os resultados obtidos pelo

desenvolvimento deste projeto, como a especificação, modelos e diagramas.

21

No Capítulo 6 – Considerações finais – é discutida a realização dos objetivos

deste trabalho, suas limitações e trabalhos futuros.

22

2. Estado da arte

Neste capítulo são apresentados os aspectos relacionados ao tema deste

trabalho, com base no referencial teórico publicado na área. Serão abordados os

seguintes aspectos: características e histórico dos sistemas de gestão integrada, a

inovação tecnológica como estratégia de competitividade e o transporte rodoviário

de cargas no Brasil.

2.1. Características e histórico dos sistemas de gestão integrada

Enterprise Resources Planning (ERP) - ou Sistema de Gestão Empresarial -

significa organização e planejamento dos recursos, de modo a fornecer controle

sobre os processos de negócio e transparência para a cadeia de suprimentos, além

de permitir a tomada de decisão rápida e inteligente (PADILHA e MARINS, 2005).

Considera-se que esses sistemas aumentam a integração e a confiabilidade sobre o

negócio, por meio de um fluxo de informações único, respaldado por uma base de

dados integrada (PADILHA e MARINS, 2005). Esses sistemas promovem o acesso

às informações eliminando as barreiras àqueles que estão nos níveis hierárquicos

mais altos, proporcionando confiabilidade e transparência (SANTOS, LIMA e

CARVALHO, 2010).

A fim de proporcionar a integração das diversas áreas funcionais de uma

organização, os sistemas ERP propõe uma nova perspectiva: a visão de processos.

Em detrimento da visão por departamentos, na qual cada departamento é

responsável apenas pelas partes do processo de negócio que lhe competem, a

visão de processos impõe que as atividades sejam enxergadas através das áreas

funcionais da empresa, sendo que sua vantagem advém de uma melhor análise e

controle dos workflows (fluxos produtivos) (PADILHA e MARINS, 2005).

Os sistemas ERP tiveram sua origem na manufatura industrial no início da

década de 1960, em função da necessidade do controle de materiais. Do controle de

estoques, ao cálculo de custos e preços, surgiu o MRP (Material Requirements

Planning). Por meio da inclusão de procedimentos para o planejamento da

capacidade produtiva, esse sistema evoluiu para a versão MRP II, que permitia

23

analisar os recursos necessários à produção e os tempos das operações de

manufatura, facilitando a programação produtiva (HABERKORN, 2003).

O termo ERP somente foi introduzido no final da década de 1980, sendo

utilizado para designar sistemas MRP II que também contemplavam os processos

de negócio dos departamentos de contabilidade, finanças, vendas, distribuição,

recursos humanos, dentre outros (HABERKORN, 2003). Hoje, fala-se inclusive sobre

a tendência de enxergar as organizações dentro das cadeias produtivas, ligando

fornecedores (Supply Chain Management) a consumidores (Customer Relationship

Management) (PADILHA e MARINS, 2005). Publicações têm cada vez mais

destacado a integração das empresas com as atividades de SCM e CRM (MENDES

e ESCRIVÃO FILHO, 2007). A Figura 2 ilustra a organização dos módulos de um

sistema de gestão integrada.

Figura 2 - Visão funcional.

Fonte: PADILHA e MARINS (2005)

24

Em razão de sua origem na área de produção industrial, os sistemas ERPs

em geral ainda guardam características relacionadas à manufatura. Isso dificulta a

obtenção dos seus benefícios, quando aplicado a empresas prestadoras de serviços

(PELEIAS, et al., 2009). Segundo Biancolino e Riccio (2011), cerca de 70% das

implantações de sistemas ERP chegam ao seu final oferecendo menos

funcionalidades aos usuários do que as previstas originalmente como necessárias

ao pleno atendimento do fluxo de informações das empresas. A Figura 3 mostra a

relação entre o uso e os benefícios de um ERP.

Figura 3 - Benefícios dos sistemas ERP ao longo do tempo

Fonte: BIANCOLINO e RICCIO (2011)

Essa diferença entre as potencialidades planejadas e os benefícios

alcançados ocorre muitas vezes em razão da má adequação dos parâmetros do

sistema ao tipo de negócio, pois as funcionalidades de um sistema ERP

representam uma solução genérica que reflete uma série de considerações sobre a

forma como as empresas operam em geral (PADILHA e MARINS, 2005).

Embora seja considerada um dos princípios básicos dos sistemas ERP

(HABERKORN, 2003), a parametrização deve ser entendida como a possibilidade

25

de manipular o sistema de modo a extrair informações conforme a necessidade da

organização, sem a produção de código, a exemplo do que oferecem os sistemas

ERP de código aberto ERP5 e Compiere (SERRANO e SARRIEGI, 2006).

Parametrização pode ser enxergada como normas, políticas e processos

(CONTADOR e NANINI, 2004). Em suma, deixa de ser a adequação completa do

sistema ao segmento de negócio e passa a ser apenas um ajuste fino em relação às

mínimas particularidades da empresa, de modo a proporcionar o pleno uso de suas

potencialidades.

Além do uso pleno dos sistemas de gestão integrada, o alcance da

competitividade exige modificações na cultura organizacional e uma reengenharia

dos processos de negócio. O conceito de competitividade associado aos sistemas

ERP não advém do suposto dinamismo que o sistema proporciona e sim da cultura

organizacional, de modo que o objetivo deixa de ser a simples aquisição do software

e passa a ser o alinhamento estratégico do negócio para potencializar o uso da TI

(CONTADOR e NANINI, 2004). Ainda sobre esse alinhamento estratégico, Silva e

Pereira (2006) consideram fundamental a assimilação de novos processos, de modo

a otimizar as funcionalidades da TI.

2.2. A inovação tecnológica como estratégia de competitividade

A competitividade global exige decisões rápidas (CAMPOS e CARVALHO,

2009). Para alcançar tal competitividade, as empresas investem cada vez mais em

inovação tecnológica. Todavia, antes de tratar da inovação tecnológica como

diferencial estratégico, é importante caracterizar competitividade e competência.

Competência pode ser definida como um conjunto de habilidades e tecnologias que

permite a uma empresa oferecer determinado benefício. As competências podem

ser classificadas em: flexibilidade estratégica (gerenciar riscos), competência de

inovação (novos produtos e tecnologias), ou capacidade de absorção e liderança de

mercado (BIANCOLINO e RICCIO, 2011). Contudo, vale salientar que, dada a

disponibilização da mesma tecnologia aos concorrentes, a exemplo dos sistemas

ERP, por si própria, essa não mais pode ser considerada como diferencial de

competitividade da organização (BIANCOLINO e RICCIO, 2011).

26

Independente do setor ou porte de uma empresa, toda organização deve ser

analisadas sob a perspectiva da competitividade em escala mundial (PADILHA e

MARINS, 2005). Ainda que uma MPE não apresente as mesmas características de

uma grande empresa, é importante salientar que a passagem de uma dimensão a

outra ocorre em função de mudanças qualitativas, em detrimento das quantitativas

(SILVA e PEREIRA, 2006). As micro e pequenas empresas são apenas ambientes

menos complexos (BRODBECK, 2004) e seria “inconsequente desconsiderar as

particularidades e peculiaridades desse segmento, principalmente a característica

referente à disponibilidade de recursos para investimento em tecnologia” (MENDES

e ESCRIVÃO FILHO, 2007). Deve-se salientar ainda outra característica própria da

estrutura organizacional das MPEs, no que concerne ao número limitado de

funcionários e aos diversos papéis que esses assumem (MENEZES e GUEVARA,

2010).

Embora a competitividade possa ser alcançada por meio da estratégia de

competição por preço, essa é considerada pouco efetiva pela maioria das empresas

(CONTADOR e NANINI, 2004). Sobre a diminuição dos custos e tamanho do setor

de TI, as empresas estão cada vez mais comprando pacotes ERP prontos

(HOLLAND e LIGHT, 1999), como uma estratégia de terceirização do setor de TI

(PADILHA e MARINS, 2005). Entretanto, considera-se que a visão distorcida da

redução de custos levou a muitos insucessos em implantações de sistemas ERP

(BRODBECK, 2004). Além da diminuição dos custos de TI, segundo Ozen, Basoglu

e Daim (2008), são objetivos da adoção de um ERP:

• descentralizar a informação tornando-a disponível em tempo real;

• prover ferramentas tecnológicas que facilitem a gestão;

• criar uma base que permita o crescimento;

• melhorar o controle e a sinergia, identificando indicadores de desempenho

dos processos;

• trocar informações eletronicamente;

• inovar para acompanhar ou ultrapassar concorrentes;

Sistemas ERP são indicados para empresas em crescimento, com quadro

financeiro positivo, para sustentar o alto investimento, pois o valor de retorno efetivo

é previsto apenas no longo prazo (SANTOS, LIMA e CARVALHO, 2010). Somado

27

ao retorno de investimento em longo prazo, cabe salientar o alto custo desses

sistemas, sendo o valor médio de 15 milhões de dólares, ou aproximadamente $50

dólares por usuário por mês (PADILHA e MARINS, 2005). Para contornar esse

problema, os sistemas ERP de código aberto fornecem uma boa solução, abrindo

novas oportunidades para MPEs (CAMPOS e CARVALHO, 2009). Todavia, a

implantação bem sucedida de um ERP de código livre depende de empresas de

consultoria confiáveis (SERRANO e SARRIEGI, 2006). Além disso, vale ressaltar

que custos menores podem significar qualidade inferior de serviço (CAMPOS e

CARVALHO, 2009).

Em função do custo elevado, os sistemas ERP ficaram restritos a grandes

empresas (SERRANO e SARRIEGI, 2006). Ademais, as empresas de pequeno

porte costumam apresentar uma percepção incorreta sobre a relação entre o

investimento em tecnologia da informação e seu retorno, pois os benefícios

operacionais gerados pelos ERPs tornam-se presentes no cotidiano das empresas

com maior antecedência que os benefícios gerenciais e estratégicos (BIANCOLINO

e RICCIO, 2011). Os benefícios reais somente serão percebidos no longo prazo, o

que leva ao não reconhecimento do ERP como uma competência capaz de gerar

vantagens competitivas. Contudo, as empresas devem reconhecer que a ausência

de sistemas integrados de gestão empresarial pode gerar uma desvantagem

competitiva (BIANCOLINO e RICCIO, 2011).

A fim de viabilizar baixos custos a esses sistemas, deve-se analisar sua

composição, bem como, deve-se propor alternativas que incorram na diminuição

desses valores. Segundo Padilha e Marins (2005), os custos relacionados aos

sistemas ERP são de: treinamento, integração, conversão de dados, consultoria,

pessoal e prazo de implantação. Quanto à integração - adequação dos parâmetros

do sistema ao segmento de negócios do cliente - pode-se considerar que a

estratégia de sistemas dedicados minimiza esse custo, sendo que o valor residual é

devido aos ajustes finos em relação às particularidades da empresa. Um dos

aspectos críticos desta etapa é a adequação das organizações aos processos

contábeis definidos pela legislação vigente, sendo um dos fatores que implica no

aumento dos custos da implantação do sistema (PELEIAS, TREVIZOLI, et al., 2009).

Um dos pontos favoráveis à adoção de software nacional é a adequação facilitada à

conformidade tributária e às restrições jurídicas (PADILHA e MARINS, 2005). Nesse

28

sentido, as soluções dedicadas a um único segmento de negócio podem ser mais

vantajosas, pois somente é necessário adequá-las a um único conjunto de

conformidades legais.

Além de promover a visão de processos e a gestão integrada (funcional e

hierárquica), os sistemas ERP têm apresentado tendências em termos de gestão da

cadeia produtiva, apelo ao mercado de MPEs, modularização, Business Intelligence,

entre outros (PADILHA e MARINS, 2005). Business Intelligence (BI) é uma

expressão genérica, utilizada para designar tecnologias de exploração de dados,

com aplicações que permitem às empresas a análise de correlações e tendências, e

facilitam a tomada de decisão (PADILHA e MARINS, 2005). A respeito do foco nas

MPEs, o principal entrave à difusão dos sistemas de gestão integrada consiste na

diminuição dos custos, visto que o preço deve ser condizente com a realidade

financeira dessas empresas.

2.3. O transporte rodoviário de cargas no Brasil

Desde o início dos anos 1990, tanto nos Estados Unidos e Europa, quanto no

Brasil, as empresas têm seguido a tendência de terceirizar processos de negócio

que fogem de sua core competence (principal processo de negócio da organização).

Essa tendência foi evidenciada pela intensa contratação de serviços de operadores

logísticos   (WANKE e FLEURY, 2006). Operadores logísticos, prestadores de

serviços logísticos, empresas de logística contratada, ou transportadores são

empresas que realizam coleta e entrega de bens de consumo produzidos por

terceiros. Os transportadores eventualmente realizam processos de montagem de

carga, desconsolidação, embalagem, etiquetagem, gerenciamento da cadeia de

suprimentos, reposição de estoques, entre outros.

No Brasil, o principal serviço prestado pelos operadores logísticos é o

transporte de carga seca. Não são consideradas cargas secas: perecíveis, líquidos e

granel (LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008). O transporte desse tipo de carga é

realizado predominantemente por meio do modal rodoviário.

29

Figura 4 - Evolução do transporte rodoviário de cargas

Fonte: LOPES, CARDOSO e PICCININI (2008)

Ainda que esse segmento tenha apresentado crescimento considerável (vide

Figura 4), o percentual de participação de empresas informais ainda é muito

elevado, o que contribui para a falta de qualidade do setor (LOPES, CARDOSO e

PICCININI, 2008). Em 2005, havia cerca de 60 mil empresas formalizadas. Contudo,

vale ressaltar que a participação operacional das empresas informais superou 80%

da movimentação do mercado em 2003 (LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008).

Nesse sentido, não são consideradas informais apenas as empresas sem

constituição jurídica, mas também aquelas que apresentam as seguintes

características: baixo nível de renda, trabalho por conta própria, atraso tecnológico,

ambiente precário, falta de registro contábil, entre outros (LOPES, CARDOSO e

PICCININI, 2008).

Dois dos principais entraves ao crescimento e melhoria da qualidade desse

setor são a dificuldade de contratação e a manutenção de pessoal qualificado

(WANKE e FLEURY, 2006). Isso decorre do receio de perder o controle de sua

logística e, consequentemente, do nível de serviço prestado, conforme a

organização expande seus negócios. Nesse sentido, o ERP pode ser utilizado de

forma a suportar o crescimento, planejando e mantendo o controle e a qualidade dos

processos, além de colaborar para a manutenção do conhecimento dentro da

organização (WANKE e FLEURY, 2006).

30

Este levantamento bibliográfico é complementado por uma pesquisa em uma

empresa característica do segmento. Os aspectos do modelo de negócio, seus

problemas e necessidades são apresentados nos resultados deste projeto, que

estão descritos no Capítulo 5.

31

3. Metodologia

A metodologia escolhida para o desenvolvimento deste projeto é descrita em

termos de um ciclo de vida de desenvolvimento de sistemas. Para a realização deste

trabalho, optou-se pela utilização do processo unificado (PU): uma metodologia de

desenvolvimento iterativa e incremental, centrada na arquitetura e orientada a casos

de uso (KRUCHTEN, 2003). As atividades do PU são organizadas em 4 fases:

concepção, elaboração, construção e transição. Este capítulo descreve tais fases,

as atividades realizadas e seus resultados.

3.1. Concepção

A concepção consiste em atividades relacionadas à análise. Nessa fase

ocorrem a modelagem de processos do negócio e o levantamento de requisitos. A

primeira tem como objetivo identificar aspectos da estrutura e da dinâmica da

organização onde o sistema será implantado (KRUCHTEN, 2003); a segunda,

estabelecer o entendimento comum entre a organização e os desenvolvedores

acerca das funcionalidades, capacidades e restrições do sistema (SOMMERVILLE,

2011). Os pacotes de trabalho resultantes desta fase são:

• o modelo de negócios; e

• a especificação do projeto.

3.2. Elaboração

A elaboração tem como objetivo transformar os requisitos e regras de negócio

em um projeto de software. Os resultados desta fase consistem em um conjunto de

modelos e diagramas do projeto de software e um protótipo estrutural e evolutivo da

arquitetura do sistema. Protótipos estruturais e evolutivos são aqueles utilizados

para consolidar a base do sistema, não sendo descartados posteriormente

(KRUCHTEN, 2003). Os pacotes de trabalho resultantes desta fase são:

• a arquitetura do sistema; e

• o projeto do sistema.

32

3.3. Construção

A construção consiste na transformação do projeto em código executável.

Nessa fase são realizados testes unitários intercalados entre as atividades de

desenvolvimento. Cada funcionalidade tem seu projeto refinado e é desenvolvida e

testada por meio de incrementos pontuais (KRUCHTEN, 2003). Ao término desta

fase são realizados os testes de integração. Esses testes têm como objetivo verificar

se o sistema foi desenvolvido de forma correta e se supre as necessidades e

expectativas do cliente (SOMMERVILLE, 2011). Atendidos os critérios de aceite, o

sistema passa do ambiente de desenvolvimento para o ambiente de produção. O

pacote de trabalho resultante desta fase é o sistema executável.

3.4. Transição

O propósito desta fase é garantir uma transição suave para o ambiente de

produção. Além da implantação em si, deve-se levar em conta aspectos de

distribuição, instalação e migração de bases de dados e sistemas legados. Nessa

fase são desenvolvidos os manuais de instalação e de usuário (KRUCHTEN, 2003).

O pacote de trabalho resultante desta fase é o manual de uso.

33

4. Gestão do projeto

O gerenciamento do projeto tem como propósito planejar, executar, controlar

e corrigir o projeto (KRUCHTEN, 2003). Um projeto é um esforço temporário para

criar um produto exclusivo, sendo seu término determinado quando os objetivos são

atingidos, ou quando se conclui que não é possível atingi-los (PMI, 2008). Nesse

sentido, o objetivo deste projeto era desenvolver um sistema de gestão integrada

para micro e pequenas empresas de transporte rodoviário de cargas condizente com

a realidade financeira desse segmento. O propósito deste capítulo é descrever a

composição dos custos do projeto em função do tempo e do escopo, a fim de

demonstrar que era possível realizar tal projeto com baixo custo. Nesse sentido, são

discutidos: aquisições, recursos humanos, tempo e os custos propriamente ditos.

4.1. Aquisições

Aquisições são bens ou serviços necessários para a realização do projeto e,

que não são desenvolvidos pela organização executora, ou seja, devem ser

adquiridos de terceiros (PMI, 2008). A Tabela 1 apresenta as aquisições previstas

para a implantação deste projeto e seus respectivos valores estimados, assim como

os valores incorridos.

Tabela 1 - Aquisições

Itens Valor estimado Valor incorrido

Microcomputador R$ 1000,00 R$ 890,00

Certificado digital A3 (válido por 3 anos)

R$ 350,00 R$555,00

Impressora matricial R$ 300,00 R$ 350,00

TOTAL R$ 1650,00 R$ 1795,00 Fonte: autoria própria

4.2. Tempo

Dados os pacotes de trabalho definidos no ciclo de vida deste projeto, as

atividades que resultarão nesses são definidas e sequenciadas, originando o

34

cronograma, conforme sugerido em PMI (2008). A Figura 5 apresenta o cronograma

previsto para este projeto.

Figura 5 - Cronograma previsto para o projeto

Fonte: autoria própria

Figura 6 - Cronograma efetivo do projeto

Fonte: autoria própria

35

A Figura 6 apresenta o cronograma efetivo do projeto. Em comparação ao

cronograma previsto, percebe-se que sua realização foi iniciada com um mês de

antecedência, o que permitiu a intensificação dos testes e treinamentos na etapa de

transição do projeto. Ademais, a utilização de padrões de projeto diminuiu o esforço

necessário para a implementação de determinados aspectos do código,

compensando o aumento imprevisto do esforço demandado para a realização de

outras particularidades.

O prazo de execução é um fator decisivo para a viabilidade de um projeto,

pois garante competitividade diante da concorrência. Nesse aspecto, outro ponto

positivo dos sistemas especializados para MPEs reside no fato da necessidade de

customização ser menor (PADILHA, 2004), permitindo a realização desta tarefa em

prazos menores, sem necessariamente mobilizar equipes grandes. Essa redução

nos custos e tempo dos processos de implantação incorre em maior satisfação dos

clientes (PELEIAS, et al., 2009).

4.3. Recursos humanos

A gestão de recursos humanos envolve identificar e definir funções,

responsabilidades e relacionamentos dentro de um projeto (PMI, 2008). O conjunto

dessas responsabilidades e comportamentos é denominado papel. Um papel pode

ser realizado por uma única pessoa ou por uma equipe de desenvolvimento

(KRUCHTEN, 2003). O Quadro 1 apresenta os papéis previamente identificados

para o desenvolvimento deste projeto.

Quadro 1 - Recursos humanos

Papel Responsabilidades Habilidades exigidas

1. Gerente de projetos

Controlar e coordenar as

atividades.

Experiência em

gestão de projetos

de software.

2. Analista de sistemas

Identificar problemas e

necessidades do cliente.

Especificar requisitos e casos de

Experiência em

projeto unificado.

36

uso.

3. Arquiteto de sistemas

Projetar a arquitetura do sistema

(módulos, subsistemas, camadas

e interfaces).

Experiência em

projetos com a

tecnologia JAVA.

4. Projetista de aplicação

Projetar os modelos de software. Experiência em

modelagem UML.

5. Projetista de banco de dados

Projetar e implementar o banco de

dados utilizado no sistema.

Experiência em

projetos de bancos

de dados.

6. Desenvolvedor Implementar código, testar

unidades e desenvolver interfaces

gráficas.

Experiência em

desenvolvimento

com a tecnologia

JAVA.

7. Testador Validar o sistema. Experiência em

testes. Fonte: autoria própria

O Quadro 2 relaciona os papéis descritos no Quadro 1 e seus responsáveis.

Quadro 2 - Papéis/Responsáveis

Papéis Responsável

1,2,3,4,5,6 e 7 Felipe Luiz Bill Fonte: autoria própria

4.4. Custos

O custo total estimado para um projeto é equivalente à soma dos custos das

aquisições e das contratações. Considerando que os papéis descritos no Quadro 1

foram realizados por um único desenvolvedor de sistemas, o custo das contratações

foi igual ao tempo de contratação multiplicado pelo valor da mão-de-obra. A Tabela 2

apresenta os custos referentes aos recursos humanos (incluindo os encargos

trabalhistas estimados), ao passo que a Tabela 3 apresenta o custo estimado total

deste projeto.

37

Tabela 2 - Custos referentes aos recursos humanos

Papel Custo estimado por mês

Tempo de contratação

Custo estimado

Desenvolvedor de sistemas R$ 4.000,00 5 meses R$20.000,00 Fonte: autoria própria

Tabela 3 - Composição do custo total do projeto

Custo estimado total

Aquisições (referente à Tabela 1) R$1.650,00

Recursos humanos (referente à Tabela 2) R$20.000,00

TOTAL R$21.650,00 Fonte: autoria própria

38

5. Resultados

Neste capítulo são apresentados os resultados deste trabalho. Conforme

sugere o processo unificado, o projeto deve ser tão detalhado quanto necessário

para eliminar ambiguidades e aspectos dúbios (KRUCHTEN, 2003). Nesse sentido,

são apresentados apenas os seguintes modelos e diagramas:

• modelo de processos de negócio;

• visão de casos de uso;

• visão lógica do sistema (diagrama de pacotes);

• visão de implantação (diagrama de deployment);

• visão de implementação (diagrama de componentes);

• modelo conceitual de dados (diagrama de classes);

• modelo lógico de dados (diagrama entidade-relacionamento); e

• modelos comportamentais (diagramas de transição de estados).

Por fim, são apresentadas as interfaces do sistema com o usuário.

5.1. Modelo dos processos de negócio

A modelagem de negócios tem como objetivo representar a estrutura e a

dinâmica da organização onde o sistema será implantado. Isso facilita a identificação

dos problemas e necessidades do cliente e; por conseguinte, a definição dos

requisitos do sistema. O processo unificado sugere a utilização de modelos UML

para tal representação, pois sua conversão para os modelos de software torna-se

mais fácil (KRUCHTEN, 2003).

Por meio dos modelos de processo de negócio, é possível identificar quais

pontos podem ser aperfeiçoados ou reaproveitados. “A reengenharia começa com o

reuso, passa pelo reuso e termina com o reuso de processos” (DANEVA, 2004), o

que faz da Modelagem de Processos de Negócio (MPN) um fator essencial para

alinhar o sistema ERP e os processos de negócio do cliente. Segundo Silva e

Pereira (2006), são diretrizes da MPN:

39

• capturar e formalizar os processos empresariais;

• gerar diferentes visões do negócio;

• decompor os processos funcionalmente;

• decompor a organização, do ponto de vista hierárquico;

• projetar um sistema em módulos;

• classificar os processos estáticos e dinâmicos;

• separar entre atividades e recursos; e

• adequar os processos com os registros do sistema.

Figura 7 - Modelo de processos de negócio

Fonte: autoria própria

A Figura 7 representa as principais atividades de negócio de uma empresa de

transporte rodoviário de cargas. Nesse modelo, não estão representados processos

auxiliares como: atividades contábeis, de recursos humanos, entre outros. As

40

relações de dependência entre os casos de uso de negócio indicam as atividades

predecessoras de cada processo de negócio.

5.2. Visão

Com base nos processos de negócio identificados no modelo da Figura 7, e

respaldado pelo referencial teórico obtido pelo levantamento bibliográfico realizado

neste trabalho, obteve-se uma visão geral do tipo de organização onde o sistema

será implantado, bem como de suas necessidades. Essa visão é detalhada a seguir

nos seguintes aspectos: problema, ambiente e solução. Em problema, são descritas

as necessidades do cliente; em ambiente, a solução provisória ora utilizada por ele

para contornar essas necessidades; e em solução, os aspectos gerais da solução

definitiva que este trabalho propõe.

5.2.1. Problema

Os processos de negócio de uma empresa de transportes muitas vezes não

são coordenados ou controlados. Quando muito, isso é feito por meio de formulários

impressos ou planilhas eletrônicas descentralizadas, de modo que a informação

pode se perder, ser redundante ou contraditória. Ademais, o acesso à informação

pode se tornar moroso, o que gera problemas à gestão do negócio e falta de

transparência aos consumidores e fornecedores.

No tocante às conformidades legais, as empresas de transporte devem

realizar suas obrigações tributárias principal e acessória. A obrigação principal tem

por objeto o pagamento de tributo; e a acessória, as prestações positivas ou

negativas no interesse da arrecadação e fiscalização desses tributos. Em outras

palavras, a obrigação acessória diz respeito à emissão de documentos fiscais

(BRASIL, 1966). Nesse sentido, outro problema encontrado pelas empresas de

transporte diz respeito à emissão eletrônica de documentos fiscais relativos às

atividades de negócio realizadas: os conhecimentos de transporte eletrônico.

41

5.2.2. Ambiente

A caracterização do ambiente de uma organização representa como ela é

organizada internamente e as partes envolvidas no negócio. Essa representação

permite identificar como as diversas partes (internas e externas) contornam os

problemas relacionados à informação. A Figura 8 apresenta um organograma de

uma microempresa de transporte rodoviário de cargas. Nesse caso, vale destacar

que as questões pertinentes às finanças, aos contratos de venda e à prestação de

contas competem exclusivamente ao nível estratégico. Ademais, em empresas

desse porte, as questões acerca de recursos humanos nas filiais são resolvidas de

modo descentralizado, ou seja, cada filial tem autonomia para decidir sobre esses

problemas. O atendimento ao consumidor também é realizado localmente.

Figura 8 - Organograma de uma empresa de transporte

Fonte: autoria própria

O Quadro 3 apresenta uma breve descrição dos principais papéis (internos e

externos) envolvidos no ambiente de uma empresa de transporte rodoviário de

cargas.

Finanças   Contabilidade   Comercial  Diretoria  

Gerência  

Logís8ca  

Recursos  humanos  

Atendimento  ao  

consumidor  

Estratégico

Tático

Operacional

42

Quadro 3 - Partes envolvidas

Partes envolvidas Papel

Diretores da transportadora Obter informações resumidas sobre os

processos financeiros operacionais

globais para melhor coordená-los e

controlá-los.

Gerentes da transportadora Obter informações resumidas sobre os

processos operacionais locais para

melhor coordená-los e controlá-los.

Operadores da transportadora Obter e fornecer informações sobre os

processos operacionais, a fim de realizá-

los.

Gerente financeiro Obter informações sobre os processos

operacionais finalizados para realizar a

cobrança sobre os serviços prestados.

Gerente comercial Obter informações sobre o uso e a

capacidade das linhas para decidir sobre

o preço do serviço e investimento sobre

as rotas.

Atendimento ao consumidor Fornecer informações acerca do

andamento dos processos operacionais,

bem como sobre cotações de serviços.

Instituição bancária Realizar cobranças pelos serviços

prestados por meio de boletos

bancários.

Seguradora Obter relatórios de mercadorias

transportadas para realizar o seguro.

Contabilidade terceirizada Obter relatórios de serviços prestados

para apurar, pagar e declarar impostos.

Secretaria da Fazenda Obter informações acerca dos serviços

prestados para exigir as obrigações

tributárias principal e acessória. Fonte: autoria própria

43

Conforme citado anteriormente, para contornar os problemas relacionados à

informação, as empresas de pequeno porte que não dispõem de um sistema de

gestão integrada costumam utilizar planilhas eletrônicas. Tais planilhas contêm

dados dos clientes, motoristas, parceiros, veículos, custos, contas, operações

realizadas, etc. Essas planilhas podem ser consideradas no projeto de um sistema

de gestão integrada como sistemas legados. Em relação à conversão de dados,

Padilha (2004) afirma que a compatibilidade com sistemas legados é outro fator que

incorre no aumento do tempo necessário para a implantação e, consequentemente,

em custos maiores.

Figura 9 - Planilha eletrônica utilizadas na gestão dos processos

Fonte: autoria própria

Contudo, pode-se considerar que muitas MPEs sequer possuem um sistema

legado, minimizando esse fator de custo. As figuras 9 e 10 ilustram um exemplo de

planilha eletrônica utilizada para a gestão de informações em uma empresa de

transporte de cargas.

44

Figura 10 - Sistema legado

Fonte: autoria própria

Sistemas legados possuem informações sobre a estrutura organizacional,

cultura e processos de negócio. Inevitavelmente, tais sistemas determinam o

impacto da mudança, em razão da dependência da organização em relação aos

processos do sistema (HOLLAND e LIGHT, 1999).

5.2.3. Solução

Em face dos problemas e necessidades identificados em um ambiente típico

de uma microempresa de transporte rodoviário de cargas, bem como em função das

restrições e premissas discutidas no levantamento bibliográfico, este trabalho propôs

o desenvolvimento de um sistema computacional para a gestão dos processos de

negócio. A arquitetura e as funcionalidades dessa solução são detalhadas nos

próximos itens.

5.3. Arquitetura

O projeto de arquitetura descreve a organização e a estrutura geral de um

sistema (SOMMERVILLE, 2011). “Architecture is what remains when you cannot take

45

away any more things and still understand the system and explain how it works”

(KRUCHTEN, 2003, p.82). Sugere-se o uso de 5 visões para representar a arquitetura

de um sistema: casos de uso, lógica, implementação, implantação e processos. Em

virtude deste projeto não prever a existência de processos paralelos, essa visão não foi

nem projetada, nem descrita.

5.3.1. Visão de casos de uso

Casos de uso são fluxos de ações entre um ator e o sistema, que produzem

resultados de valor observável para um ator específico. Casos de uso podem ser

utilizados para capturar os requisitos do projeto (KRUCHTEN, 2003). Esses

requisitos podem ser definidos em dois níveis de detalhamento: os requisitos de

usuário e de sistema. Os requisitos de usuário são descrições de alto nível, ao

passo que os requisitos de sistema são detalhamentos dessas descrições. Um

requisito de usuário pode ser expandido em diversos requisitos de sistema

(SOMMERVILLE, 2011). Nesse sentido, a visão de casos de uso (Figura 11)

apresenta todos os requisitos de usuário deste projeto.

Figura 11 - Visão de casos de uso

Fonte: autoria própria

46

. Os casos de uso realizados pelo protótipo - resultado deste projeto – são

detalhados por meio de requisitos de sistema, sendo que os casos de uso

correspondentes são detalhados na Figura 12, e suas descrições constam na

Especificação.

Figura 12- Detalhamento dos casos de uso do protótipo

Fonte: autoria própria

5.3.2. Visão lógica

Visando facilitar a transformação deste projeto em um sistema web, optou-se

por utilizar o padrão de arquitetura conhecido como MVC (model-view-controller).

Nesse padrão, as classes são divididas em função de suas responsabilidades,

sendo a apresentação e a interação separadas dos dados do sistema

(SOMMERVILLE, 2011). Essa independência entre as camadas permite transformar

o aplicativo desktop em um sistema web, por meio da simples substituição da

camada de visão. Os pacotes de classes, suas dependências e responsabilidades

são representados na Figura 13.

47

Figura 13 - Visão lógica

Fonte: autoria própria

5.3.3. Visão de implantação

A visão de implantação representa a topologia do hardware em que o sistema

é executado. Nessa topologia, cada nó corresponde a um “elemento físico que

existe em tempo de execução e representa um recurso computacional” (BOOCH,

RUMBAUGH e JACOBSON, 2012). Essa visão é representada por um diagrama de

componentes. A Figura 14 apresenta a visão de implantação deste projeto.

48

Figura 14 - Visão de implantação

Fonte: autoria própria

5.3.4. Visão de implementação

A visão de implementação descreve a organização dos componentes de

software. Um componente é uma classe não trivial que possui uma interface e um

propósito bem definidos (KRUCHTEN, 2003). A Figura 15 apresenta e descreve os

principais componentes e artefatos deste projeto.

49

Figura 15 - Visão de implementação

Fonte: autoria própria

5.4. Especificação

A especificação de requisitos de software é uma declaração formal de suas

funcionalidades, capacidades e restrições. Essa especificação é resultado do

processo de engenharia de requisitos, ou o “processo de descobrir, analisar,

documentar e verificar requisitos” (SOMMERVILLE, 2011). Entre as técnicas de

descoberta de requisitos, consta a modelagem de casos de uso. O conjunto de

casos de uso representa todas as interações possíveis com o sistema. Como casos

de uso não são eficazes para elicitar restrições de domínio, estas são descritas

separadamente em termos de regras de negócio.

O nível de detalhamento do documento de requisitos varia conforme o tipo de

projeto. Se o projeto for crítico ou em tempo real, é necessário um maior

detalhamento (SOMMERVILLE, 2011). Como este projeto não envolve um sistema

crítico, os requisitos serão descritos somente com o detalhamento necessário para

evitar ambiguidade. Ainda nesse sentido, somente são detalhados os requisitos que

são realizados no protótipo resultado deste projeto.

50

5.4.1. Regras de negócio

Regras de negócio estão diretamente ligadas a restrições de domínio. Essas

restrições advêm de relações da estrutura organizacional, procedimentos de negócio

e conformidades com a legislação vigente (KRUCHTEN, 2003). Nesse sentido, para

o desenvolvimento deste projeto, foi observada apenas a regra de negócio

relacionada ao cálculo do valor de frete, representada pela Figura 16.

Figura 16 - Cálculo do valor do frete

Fonte: autoria própria

Para efeitos do cálculo do valor do frete, deve ser considerada a alíquota de

12% para operações interestaduais iniciadas no Paraná que destinem bens e

mercadorias aos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa

51

Catarina e São Paulo e 7% para operações interestaduais iniciadas no Paraná que

destinem bens e mercadorias ao Distrito Federal e demais estados (PARANÁ,

2008). Ademais, as operações internas no estado no Paraná, bem como as

operações iniciadas em outros estados não devem ter o valor do ICMS destacado.

5.4.2. Requisitos

Dadas as restrições impostas pelas regras de negócio, pode-se especificar os

requisitos do sistema. Requisitos são descrições do que o sistema deve fazer e dos

serviços que deve fornecer. Em suma, requisitos são “funcionalidades, capacidades

e restrições do sistema, que refletem as necessidades do cliente” (SOMMERVILLE,

2011). Os quadros entre o Quadro 4 e o Quadro 12 contêm as especificações dos

requisitos de sistema deste projeto.

Quadro 4 - RQFN1 - Cadastrar clientes

Função: Cadastrar clientes

Descrição: o sistema deve persistir o cadastro de clientes

Entradas CNPJ, CPF, IE, RG, Razão Social, Nome Fantasia, CEP, UF, Município,

Bairro, Endereço, Telefone

Saídas • Cadastro efetuado com sucesso!

• Formulário incompleto!

• Já existe um cliente cadastrado com esse CNPJ / CPF!

Pré-condições • Nenhum outro cliente pode ter sido cadastrado com o mesmo

CNPJ ou CPF.

Pós-condições • Nenhum outro cliente poderá ser cadastrado com o CNPJ ou CPF

do cliente recém-cadastrado.

• O cliente recém-cadastrado pode ser referenciado por outras

funcionalidades.

Destino Tabela Clientes

Ação

1. O usuário insere os dados do cliente e submete o formulário para

cadastro.

2. O sistema valida os campos obrigatórios e a unicidade do

CNPJ/CPF.

3. Se o cadastro for válido, o sistema persiste os dados.

Fonte: autoria própria

52

Quadro 5 - RQFN2 - Alterar cadastro de clientes

Função: Alterar de cadastro de clientes

Descrição: o sistema deve permitir alterações em cadastros de clientes.

Entradas CNPJ, CPF, IE, RG, Razão Social, Nome Fantasia, CEP, UF, Município,

Bairro, Endereço, Telefone

Saídas • Cadastro alterado com sucesso!

• Formulário incompleto!

• Já existe um cliente cadastrado com esse CNPJ / CPF!

Pré-condições Caso o CNPJ ou CPF sejam alterados, nenhum outro cliente pode ter sido

cadastrado com o mesmo CNPJ ou CPF.

Pós-condições Nenhum outro cliente poderá ser cadastrado com o CNPJ ou CPF do

cliente recém-alterado.

Destino Tabela Clientes

Ação 1. O usuário busca um cliente.

2. O sistema preenche o formulário com seus dados.

3. O usuário altera os dados e submete o formulário.

4. O sistema valida a alteração e persiste os dados.

Fonte: autoria própria

Quadro 6 - RQFN3 - Pesquisar clientes

Função: Pesquisar clientes

Descrição: o sistema deve permitir a pesquisa de clientes

Entradas CNPJ/ CPF, IE/RG, Razão Social ou Nome Fantasia

Saídas • Um cliente encontrado

• Mais de um cliente encontrado

• Nenhum cliente encontrado

Pré-condições Nenhuma

Pós-condições Nenhuma

Destino Tabela Clientes

Ação 1. O usuário define o parâmetro de busca (CNPJ/CPF/IE/RG/Razão

Social/Fantasia)

2. O usuário insere o argumento da busca e submete os dados.

3. Se o sistema encontrar um único resultado, o formulário é

preenchido com os dados do mesmo.

4. Se o sistema encontrar mais de um resultado, o usuário deve

selecionar um dos clientes e o sistema preenche o formulário com

os dados do mesmo.

5. Se o sistema não encontrar nenhum resultado, um alerta é exibido.

Fonte: autoria própria

53

Quadro 7 - RQFN4 - Cadastrar conhecimentos de transporte

Função: Cadastrar conhecimentos de transporte

Descrição: o sistema deve persistir o cadastro de conhecimentos de transporte

Entradas Remetente, Destinatário, Redespacho (se houver), Origem, Destino,

Responsável pelo pagamento do frete, Número da Nota Fiscal, Peso,

Volumes, Valor, Valor do Frete

Saídas • CT-e cadastrado com sucesso!

• Formulário incompleto!

• A nota fiscal deste cliente já foi cadastrada em outro CT-e!

Pré-condições Nenhuma outra Nota Fiscal do mesmo Remetente pode ter sido cadastrada

em outro CT-e

Pós-condições Nenhum outro CT-e pode ser cadastrado com a Nota Fiscal recém

cadastrada.

Destino Tabela CT-e e Tabela Nota Fiscal

Ação

1. O usuário insere os dados do CT-e e submete o formulário para

cadastro.

2. O sistema calcula o valor do frete.

3. O sistema valida os campos obrigatórios e a unicidade da Nota

Fiscal.

4. Se o cadastro for válido, o sistema persiste os dados.

Fonte: autoria própria

Quadro 8 - RQFN5 - Excluir conhecimentos de transporte

Função: Excluir conhecimentos de transporte

Descrição: o sistema deve permitir a exclusão de conhecimentos de transporte

Entradas CT-e a excluir

Saídas • CT-e excluído com sucesso!

• Não é possível excluir tal CT-e, pois o mesmo já foi emitido!

Pré-condições CT-e não pode ter sido emitido. Nesse caso, só é possível cancela-lo.

Pós-condições O registro do CT-e é removido permanentemente do sistema.

Destino Tabela CT-e e Tabela Nota Fiscal

Ação 1. O usuário informa o CT-e a excluir.

2. O usuário solicita a exclusão do CT-e.

3. O sistema valida a exclusão e remove o registro.

Fonte: autoria própria

54

Quadro 9 - RQFN6 - Cancelar conhecimentos de transporte

Função: Cancelar conhecimentos de transporte

Descrição: o sistema deve permitir o cancelamento de conhecimentos de transporte

Entradas CT-e a cancelar

Saídas • CT-e cancelado com sucesso!

• Não é possível excluir tal CT-e, pois o mesmo já foi baixado!

Pré-condições CT-e não pode ter sido baixado.

Pós-condições O CT-e cancelado não pode ser baixado.

Destino Tabela CT-e

Ação 1. O usuário informa o CT-e a cancelar.

2. O usuário solicita o cancelamento do CT-e.

3. O sistema valida e cancela o CT-e.

Fonte: autoria própria

Quadro 10 - RQFN7 - Baixar conhecimentos de transporte

Função: baixar conhecimentos de transporte

Descrição: o sistema deve permitir a baixa de conhecimentos de transporte

Entradas CT-e a baixar

Saídas • CT-e baixado com sucesso!

• Não é possível baixar tal CT-e, pois o mesmo já foi cancelado!

• Não é possível baixar tal CT-e, pois o mesmo ainda não foi emitido!

Pré-condições CT-e não pode ter sido cancelado.

CT-e deve ter sido emitido.

Pós-condições O CT-e baixado não pode ser cancelado.

Destino Tabela CT-e

Ação 1. O usuário informa o CT-e a baixar.

2. O usuário solicita a baixa do CT-e.

3. O sistema valida e baixa o CT-e.

Fonte: autoria própria

55

Quadro 11 - RQFN8 - Emitir conhecimentos de transporte

Função: Emitir conhecimentos de transporte

Descrição: o sistema deve permitir a emissão de conhecimentos de transporte

Entradas CT-e a emitir e número do CT-e

Saídas • CT-e emitido com sucesso!

Pré-condições Nenhuma

Pós-condições CT-e pode ser baixado ou cancelado.

Destino Tabela CT-e e Tabela Nota Fiscal

Ação 1. O usuário informa o CT-e a emitir e seu número.

2. O sistema emite o CT-e.

Fonte: autoria própria

Quadro 12 - RQFN9 - Pesquisar conhecimentos de transporte

Função: Pesquisar conhecimentos de transporte

Descrição: o sistema deve permitir a pesquisa de conhecimentos de transporte

Entradas Número do CT-e ou da Nota Fiscal

Saídas • Nenhum CT-e encontrado!

• Um CT-e encontrado.

• Mais de um CT-e encontrado.

Pré-condições Nenhuma

Pós-condições Nenhuma

Destino Tabela CT-e e Tabela Nota Fiscal

Ação 1. O usuário informa o parâmetro de busca e o argumento.

2. O usuário submete o formulário.

3. Se houver apenas um resultado, o sistema preenche o formulário

com os dados do mesmo.

4. Se houver mais de um resultado, o usuário deve selecionar qual

CT-e deseja visualizar.

5. Se não houver nenhum resultado, o sistema emite um alerta.

Fonte: autoria própria

56

5.5. Modelo de dados

Assim que os requisitos tiverem sido levantados, deve-se criar um modelo de

dados de alto nível (ELMASRI e NAVATHE, 2005). O modelo de dados representa

as entidades do domínio do problema, seus atributos e relacionamentos. Esse

modelo é composto por três visões: a conceitual, a lógica e a comportamental. A

primeira representa as entidades do domínio do problema e seus relacionamentos; a

segunda, a realização desse modelo sob a perspectiva do banco de dados; e a

última, os ciclos de vida dos objetos complexos.

5.5.1. Modelo conceitual

As metodologias de modelagem de objeto, como a Unified Modelling

Language (UML), têm se tornado cada vez mais populares em projetos de software

e banco de dados. Isso decorre da semelhança entre os diagramas de classes e

entidade-relacionamento, o que facilita a tradução entre ambos (ELMASRI e

NAVATHE, 2005). “Classes são abstrações dos itens que fazem parte do

vocabulário do problema” (BOOCH, RUMBAUGH e JACOBSON, 2012). A Figura 17

apresenta o modelo de dados conceitual deste projeto.

57

Figura 17 - Projeto conceitual de dados

Fonte: autoria própria

5.5.2. Modelo lógico

Realizado o modelo conceitual de dados, a próxima etapa no projeto de

banco de dados consiste na própria implementação do banco de dados (ELMASRI e

NAVATHE, 2005). A Figura 18 apresenta o modelo lógico de dados deste projeto. A

principal diferença entre o modelo lógico e o conceitual está na definição da

integridade referencial entre as entidades, por meio das chaves estrangeiras de

cada tabela do banco de dados.

58

Figura 18 - Projeto lógico de dados

Fonte: autoria própria

5.5.3. Modelo Comportamental

O modelo comportamental define os estados que as entidades complexas do

modelo de dados podem assumir, bem como as transições que podem realizar. Para

tal representação, são utilizados diagramas de transição de estados. Esses

diagramas descrevem o ciclo de vida e o comportamento de uma entidade individual

(BOOCH, RUMBAUGH e JACOBSON, 2012). Das entidades do domínio do

problema apresentadas no diagrama da Figura 17, apenas estas possuem ciclos de

vida complexos: Coleta, CT-e, Manifesto, Relação de Entrega e Fatura.

59

O diagrama da Figura 19 representa o ciclo de vida de uma coleta. Quando

solicitada por um cliente, uma coleta é cadastrada no sistema. Feito isso, o operador

decide qual veículo/motorista da empresa a realizará, delegando tal coleta ao

veículo/motorista escolhido. Por fim, efetuada a coleta, essa passa ao estado final

“Realizada”. Uma coleta também pode ser cancelada pelo cliente, porém não pode

ser excluída do sistema.

Figura 19 - Diagrama de transição de estados – Coleta

Fonte: autoria própria

A Figura 20 representa o ciclo de vida de um conhecimento de transporte.

Quando uma coleta chega em uma filial do transportador, um operador cadastra a

nota fiscal do cliente no sistema e calcula o valor do frete. Em seguida, o CT-e é

emitido, recebendo um número identificador da SEFAZ. Uma vez emitido, somente é

possível cancelá-lo ou baixá-lo, não sendo possível alterá-lo ou excluí-lo. A baixa

ocorre quando é realizada a entrega da mercadoria.

60

Figura 20 - Diagrama de transição de estados - CT-e

Fonte: autoria própria

O ciclo de vida de um manifesto de viagem é representado pela Figura 21. A

emissão de um manifesto sinaliza o início do transporte entre as filiais da empresa.

A baixa de um manifesto representa a chegada do veículo transportador na filial de

destino.

Figura 21 - Diagrama de transição de estados – Manifesto de viagem

Fonte: autoria própria

61

O diagrama da Figura 22 se refere ao ciclo de vida de uma relação de

entregas. A emissão de uma relação de entregas sinaliza que o veículo de

distribuição deixou a filial de destino em direção ao destinatário final. A baixa de uma

relação de entregas representa que todas as mercadorias a que a relação se refere

foram entregues. Por conseguinte, todo conhecimento de transporte associado a

uma relação de entregas é automaticamente baixado quando ocorre sua baixa.

Figura 22 - Diagrama de transição de estados - Relação de entregas

Fonte: autoria própria

A Figura 23 representa o ciclo de vida de uma fatura. A emissão de uma

fatura vincula um boleto bancário a uma relação de conhecimentos de transporte. A

baixa de uma fatura sinaliza o pagamento realizado pelo cliente.

62

Figura 23 - Diagrama de transição de estados – Fatura

Fonte: autoria própria

63

5.6. Interface do sistema com o usuário

Dado que este projeto tinha como restrição principal o baixo custo de

implantação e que a necessidade do treinamento de usuários incorre em custos,

buscou-se elaborar as interfaces do sistema com o usuário de modo a incrementar a

facilidade de uso. Nesse sentido, o projeto de interação com a ferramenta deve ter

como objetivos: a diminuição da necessidade que os usuários apresentam em

aprender novas interfaces e processos; a acomodação das capacidades da

ferramenta às demandas das tarefas; e a remoção dos aspectos dos menus e telas

desnecessários a determinados tipos de usuários (OZEN, BASOGLU e DAIM, 2008).

As figuras 24, 25 e 26 apresentam exemplos da interface do sistema com o usuário.

Ainda no sentido de diminuir a necessidade de treinamento, cartilhas podem ser

utilizadas como manuais rápidos do passo-a-passo para relembrar novos processos

(MARKHAM e WEBB, 2012). Esses procedimentos passo-a-passo constam no

Apêndice B – Manual de uso.

Figura 24 - Cadastro de clientes

Fonte: autoria própria

64

Figura 25 - Cadastro de CTe

Fonte: autoria própria

Figura 26 - Cadastro de CTe: cálculo do valor do frete

Fonte: autoria própria

65

5.7. Resultados da implantação do sistema

A relevância da implantação de um sistema computacional para a gestão de

negócios decorre da introdução da perspectiva de processos, em razão da

possibilidade de controlá-los e mensurá-los, viabilizando sua melhoria contínua

(SILVA e PEREIRA, 2006). Tal melhoria pode ser alcançada por meio da proposta

de uma nova metodologia para a execução dos procedimentos de negócio ou por

meio do redesenho dos processos existentes (PADILHA e MARINS, 2005). Embora

o uso de sistemas ERP permita o redesenho dos processos de negócio, isso exige

um grande esforço de comprometimento da organização, principalmente por parte

da alta gerência (MENDES e ESCRIVÃO FILHO, 2007). Ademais, o redesenho dos

processos pode causar um grande impacto organizacional.

Acerca da preocupação com a diminuição desse impacto, diversas estratégias

podem ser adotadas na implantação de sistemas ERP. A implantação pode ser:

total, por meio da substituição de todos os sistemas legados por um novo; por meio

de franquias, quando as filiais operam processos diversos; ou por meio do método

slam-dunk, no qual se define o planejamento de implantação incremental dos

processos-chave, método muito utilizado por empresas que projetam um

crescimento através do ERP (PADILHA e MARINS, 2005). Uma das estratégias

alternativas consiste na implantação do ERP com o mínimo de customizações

possível, de modo a utilizar toda a potencialidade do sistema antes de incrementá-

las (HOLLAND e LIGHT, 1999). Por essa razão, os ERP são divididos em módulos,

de modo a permitir que as empresas implantem somente aqueles que lhes são

necessários. Havendo a necessidade de ampliar o sistema, a modularização é um

fator de facilitação (MENDES e ESCRIVÃO FILHO, 2007). Evidências demonstram

que a maior parte das organizações não implanta os módulos de seu ERP de uma

única vez (BIANCOLINO e RICCIO, 2011). Por esse motivo, optou-se pela

implantação incremental de módulos do sistema na empresa onde a pesquisa-ação

deste projeto foi realizada.

Em relação à estratégia de melhoria dos processos, este trabalho propôs

somente o redesenho de processos existentes. Ainda que a percepção correta dos

resultados seja possível somente em longo prazo, pode-se perceber que a

66

implantação deste projeto surtiu efeitos imediatos sobre a questão da agilidade e

confiabilidade no acesso à informação.

67

6. Considerações finais

Os sistemas de gestão integrada têm alto custo devido à necessidade de

customização em função do segmento de negócio, pois esse tipo de sistema ainda

guarda muitas características remanescentes de sua origem nos setores industriais

de produção. O alto investimento inibe o acesso das MPEs a esses sistemas. No

Brasil, um dos setores cuja participação mais significativa é de micro e pequenas

empresas é o setor de transporte rodoviário de cargas. Uma alternativa encontrada

por empresas desse segmento foi a utilização de sistemas especializados. Contudo,

muitos desses sistemas apresentam visão departamentalizada em detrimento da

visão de processos, não sendo caracterizados como sistemas ERP efetivos e, por

conseguinte proporcionando benefícios menores.

Este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de um sistema ERP

voltado a empresas de transporte rodoviário de cargas. Em razão das restrições de

prazo e do escopo estritamente acadêmico, propôs-se apenas a realização de um

protótipo, com o intuito de demonstrar a possibilidade de desenvolver tal projeto

dentro das limitações de custo. Conforme discutido, a obtenção da percepção de

valor da implantação deste ERP somente será possível em longo prazo, contudo

pode-se considerar que a agilidade e confiabilidade no acesso à informação

proporcionada pelo sistema demonstraram-se satisfatórias. Em face dos resultados

obtidos e a da demonstração da viabilidade econômica deste projeto, pode-se

considerar que os objetivos foram realizados. Cabe ressaltar que a realização

desses objetivos está restrita somente ao propósito do protótipo como um sistema

de gestão dos processos operacionais e não como um ERP completo.

Ademais, cabe salientar que este trabalho limitou-se ao estudo exclusivo dos

problemas inerentes ao modal de transporte nacional rodoviário de cargas secas e

dos sistemas de gestão integrada como ferramentas de apoio aos processos

administrativos, sem considerar as particularidades de outros modais ou as

possibilidades de desenvolver um sistema de apoio à decisão, um sistema integrado

com outros softwares, etc. Portanto, como possíveis refinamentos deste trabalho,

pode-se apontar:

68

• o estudo de outros modais de transporte;

• o estudo do transporte multimodal;

• o estudo dos aspectos do transporte rodoviário internacional;

• o desenvolvimento e integração de um sistema contábil;

• a comunicação com o sistema da SEFAZ para a emissão de CT-e;

• a interoperabilidade com os sistemas bancário, de seguradoras, de

rastreamento de veículos, entre outros; e

• a portabilidade de funcionalidades do sistema para smartphones e outras

plataformas móveis.

Ainda sobre os possíveis trabalhos futuros, pode-se citar: a elaboração de um

Data Warehouse com previsão de demanda e planejamento de capacidade,

utilizando técnicas de inteligência artificial e técnicas de projeção estatística.

Ademais, considera-se essencial no âmbito do planejamento operacional o

desenvolvimento de um sistema para otimizar a itinerarização e a alocação dinâmica

de coletas e entregas em janelas de tempo determinadas.

69

Bibliografia

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72

Glossário

Carga completa / Veículo dedicado

Único processo de coleta e entrega, ou seja, envolve apenas um remetente e um

destinatário. Ocorre quando a mercadoria preenche completa ou quase

completamente a capacidade do veículo de transporte, ou a mercadoria tem como

destino uma região onde o transportador não possui uma filial.

Carga fracionada

Carga composta por mercadorias diversas, de remetentes variados para

destinatários distintos. Os veículos de coleta abastecem o veículo de viagem com as

mercadorias coletadas ao longo do dia em um processo chamado cross-docking.

Além disso, mercadorias remanescentes de coletas anteriores também consolidam a

carga fracionada, que é transportada entre as filiais e dividida entre os veículos de

distribuição na filial de destino.

Carga seca

Produtos manufaturados, embalados ou ensacados, que não exigem o transporte

por meio de um veículo específico, como frigoríficos, betoneiras, cegonhas ou pipa.

Coleta

Procedimento realizado por um veículo de pequeno porte, chamado de veículo de

coleta. Consiste na obtenção –por parte do operador logístico - de uma mercadoria

para realizar seu transporte.

CT-e

Conhecimento de transporte eletrônico. Versão virtual da obrigação tributária

acessória, ou seja, equivalente eletrônico da negativa de prestação de serviço.

CTRC

Conhecimento de transporte rodoviário de carga. Obrigação tributária acessória.

73

Cubagem

Proporção volume/peso utilizada para calcular o valor do frete quando a mercadoria

possui um volume muito grande e pouco peso.

Entrega

Última etapa do processo operacional. Consiste em conduzir uma mercadoria até

seu destinatário final.

Fatura

Relatório de serviços prestados a determinado cliente, utilizado para realizar a

cobrança dos mesmos. Cada fatura é associada a um boleto bancário.

Frete mínimo

Valor mínimo cobrado pelo serviço prestado pelo transportador, quando o peso,

volume ou valor da mercadoria não atinge um limite mínimo.

Frete peso

Percentual cobrado sobre o peso da mercadoria.

Frete valor

Percentual cobrado sobre o valor da mercadoria

GRIS

Taxa de gerenciamento de risco, proporcional ao valor da mercadoria e ao risco do

transporte da mesma.

Manifesto de viagem

Relatório de mercadorias transportadas em determinado veículo. Não é um

documento fiscal.

Posição de entrega

Informação solicitada pelos clientes da transportadora acerca dos processos

operacionais.

74

Redespacho

Quando o transportador não oferece o serviço de entrega em determinada região,

ele o faz por meio de parcerias com outras empresas, cuja área de serviço

contempla tal região. Esses parceiros são chamados de redespachos.

Relação de entregas

Relatório de entregas por veículo de distribuição. Cada relação de entregas é

constituída em função da região das entregas, a fim de otimizar o uso dos veículos.

O processo de dividir e sequenciar essas entregas é chamado de itinerarização.

Tabela de fretes

Espécie de contrato entre o transportador e seu cliente. Estabelece o valor cobrado

pelo serviço prestado.

Veículo de coleta e distribuição

Veículo de pequeno porte, com capacidade média de 4 toneladas e 25 metros

cúbicos. Esses veículos atuam dentro dos municípios onde o transportador possui

filiais.

Veículo de viagem

Veículos de grande porte, com capacidade média de 12 toneladas e 70 metros

cúbicos. Esses veículos atuam no transporte interestadual.

75

Apêndice A – Manual de instalação

Requisitos:

• JAVA 7.0.150

Este manual de instalação descreve os procedimentos necessários para

instalar o sistema a que este trabalho se refere. Para utilizar esse sistema, siga os

seguintes passos:

1. crie um diretório conforme a estrutura ilustrada na Figura 27;

2. descompacte o arquivo “log.rar” dentro do diretório “log”;

3. crie uma nova base de dados PostgreSQL;

4. execute os scripts do arquivo “log/ddl.txt” em sua nova base de dados; e

5. abra o arquivo “log/src/resources/bd.properties” e aponte as configurações

para o seu servidor de banco de dados, conforme a Figura 28;

Figura 27 - Manual de instalação: estrutura de diretórios

Fonte: autoria própria

76

Figura 28 - Manual de instalação: configuração do banco de dados

Fonte: autoria própria

77

Apêndice B – Manual de uso

Este manual de uso descreve como utilizar o sistema de gestão integrada a

que este trabalho se refere. A Figura 29 apresenta a interface gráfica do menu

principal. Para acessar os menus Comercial e Operacional, basta clicar sobre esses

botões na barra superior da tela.

Figura 29 - Interface gráfica do menu principal

Fonte: autoria própria

Para acessar o formulário de clientes, basta selecionar o botão Cliente,

conforme ilustra a Figura 30.

Figura 30 - Interface gráfica do menu Comercial

Fonte: autoria própria

78

Para cadastrar um novo cliente, basta preencher o formulário da Figura 31 e

selecionar o botão Salvar. As máscaras abaixo são obrigatórias para o cadastro de

clientes:

• CNPJ / CPF 000.000.000-00 ou 00.000.000/0000-00

• CEP 00000-000

• Telefone (00) 0000-0000 ou (00) 00000-0000

Figura 31 - Interface gráfica do formulário de clientes

Fonte: autoria própria

Para pesquisar clientes cadastrados, basta selecionar o parâmetro de busca

(CNPJ/CPF , IE/RG, Razão Social ou Nome Fantasia), fornecer o argumento de

busca e selecionar o botão Pesquisar.

Para alterar o cadastro de um cliente, basta pesquisa-lo, alterar os dados no

formulário e selecionar o botão Salvar.

79

Figura 32 - Interface gráfica do menu Operacional

Fonte: autoria própria

Para acessar o formulário de Conhecimento de Transporte, basta selecionar o

menu Operacional e o botão CTe, conforme a Figura 32.

Figura 33 - Interface gráfica do formulário de CTe(1)

Fonte: autoria própria

80

Para cadastrar um novo CTe, deve-se indicar no formulário da Figura 33:

• o responsável pelo pagamento do frete;

• a filial de origem da operação;

• a filial de destino;

• o código da operação:

o 6932 para operações iniciadas fora do Paraná;

o 5352 para operações internas no Paraná, cujo remetente seja um

tomador comercial;

o 5353 para operações internas no Paraná, cujo remetente seja um

tomador industrial;

o 6352 para operações interestaduais iniciadas no Paraná, cujo

remetente seja um tomador comercial;

o 6353 para operações interestaduais iniciadas no Paraná, cujo

remetente seja um tomador indústria;

• a natureza do produto;

• a espécie do produto;

• o remetente e o destinatário; e

• o redespacho, se houver.

Feito isso, deve-se cadastrar as notas fiscais referentes ao novo CTe, informando o

peso, quantidade de volumes, valor e o número de cada nota fiscal. Em seguida,

basta selecionar a tabela utilizada para o cálculo do frete e selecionar o botão

Salvar. Antes de cadastrar o novo CTe, o sistema exibirá os valores da composição

do cálculo do frete e dos tributos (vide Figura 34).

81

Figura 34 - Interface gráfica do formulário de CTe(2)

Fonte: autoria própria

Para pesquisar um CTe cadastrado, deve-se selecionar o parâmetro de busca

(número do CTe ou Nota Fiscal), indicar o argumento da busca e selecionar o botão

Pesquisar.

Para excluir um CTe, deve-se pesquisa-lo e selecionar o botão Excluir.

Somente é possível excluir um CTe que ainda não foi emitido.

Para cancelar um CTe, deve-se pesquisa-lo e selecionar o botão Cancelar.

Somente é possível cancelar um CTe que já foi emitido, mas ainda não foi baixado.

Vale destacar que, para pesquisar um CTe que ainda não foi emitido, deve-se

informar o número de uma das notas fiscais a que esse CTe se refere.

82

Figura 35 - Interface gráfica do formulário de emissão de CTe

Fonte: autoria própria

Uma vez cadastrado um CTe, o mesmo constará na tabela do formulário de

emissão de CTe, conforme a Figura 35. Para emitir um CTe, deve-se seleciona-lo

nessa tabela, informar seu número e clicar no botão Emitir.

Figura 36 - Interface gráfica do formulário de baixa de entregas

Fonte: autoria própria

Uma vez emitido um CTe, o mesmo constará na tabela do formulário de baixa

de entregas, conforme a Figura 36. Para baixar uma entrega realizada, para

selecionar o CTe desejado e clicar no botão Baixar.