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Sistema de Hemovigilância no Hospital São Vicente de Paulo
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Sistema de Hemovigilância no Hospital São Vicente de Paulo
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Protocolo Transfusional do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) Módulo: Sistema de Hemovigilância no Hospital São Vicente de Paulo. 1° Edição, 2014 Comitê Transfusional
Sistema de Hemovigilância no Hospital São Vicente de Paulo
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SUMÁRIO
1. SISTEMA DE HEMOVIGILÂNCIA NO HOSPITAL SÃO
VICENTE DE PAULO
1.1 Hemovigilância
1.1.1 Incidente transfusional ou reação transfusional
1.2 Busca Ativa
1.3 Busca Passiva
1.4 Programa de Educação Continuada
1.5 Análise dos casos suspeitos de reações transfusionais
2. ANEXOS
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sistema de Hemovigilância no Hospital São Vicente de Paulo
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1 SISTEMA DE HEMOVIGILÂNCIA NO HOSPITAL SÃO VICENTE DE PAULO
No Brasil, a Hemovigilância, concebida em consonância
com a Constituição Federal e com a legislação que a
regulamenta, tem sua atuação focada no monitoramento dos
eventos adversos decorrentes do uso terapêutico do sangue e
seus componentes, como estratégica para melhorar a qualidade
destes produtos e reduzir o risco de novos agravos.
1.1 Hemovigilância
A Hemovigilância pode ser definida como um conjunto de
procedimentos de verificação da cadeia transfusional e consiste
em um sistema de avaliação e alerta, organizado com o objetivo
de recolher e avaliar informações sobre os efeitos indesejáveis
e/ou inesperados da utilização de hemocomponentes, a fim de
prevenir seu aparecimento ou recorrência.
1.1.1 Incidente transfusional ou reação transfusion al
A ocorrência de reações transfusionais varia de acordo
com os hemocomponentes utilizados e com o tipo de receptor. O
diagnóstico preciso de uma reação permite ao clínico e ao
hemoterapeuta utilizarem estratégias adequadas para a
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prevenção de novos episódios. Os subtipos de reações
transfusionais serão abordados em protocolo específico.
É considerada reação transfusional toda e qualquer
intercorrência que ocorra em consequência da transfusão
sanguínea, durante ou após a sua administração. Pode ser
classificada,
Quanto à causa:
• Imunológica (reação Ag-Ac)
• Não Imunológica
Quanto ao tempo:
Agudas (até 24 horas) Tardias (após 24 horas)
Reação Alérgica Reação Hemolítica Tardia
Reação Hemolítica Imune Púrpura Pós-Transfusional
Reação Hemolítica Não-Imune Doença do Enxerto x Hospedeiro
Reação Febril Não-Hemolítica Sobrecarga de Ferro
TRALI (Lesão Pulmonar Aguda Relacionada à Transfusão)
Imunomodulação Relacionada à Transfusão
Sobrecarga Volêmica Refratariedade à Transfusão de Plaquetas
Contaminação Bacteriana Transmissão de Doenças Infecciosas
Complicações Metabólicas
Reação Hipotensiva
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Quanto à gravidade:
• Leve
• Moderado
• Grave
Pensando numa maior segurança na utilização de
hemocomponentes, o hospital vem investindo em melhorias,
como a implementação de um sistema de Hemovigilância onde o
Serviço de Hemoterapia, em parceria com o Gerenciamento de
Risco, realiza a busca ativa de eventos adversos relacionados às
transfusões sanguíneas.
O Hospital São Vicente de Paulo é um colaborador da
Rede Sentinela (criada pela ANVISA para obtenção de
informação/notificação de eventos relacionados aos produtos de
saúde), através da ação do Gerenciamento de Risco (composto
pela Tecnovigilância, Farmacovigilância e Hemovigilância).
Um sistema de hemovigilância estruturado e eficaz
permite o monitoramento e a avaliação da informação. Identifica
os riscos relacionados ao uso terapêutico do sangue,
especialmente aqueles relacionados a falhas de processos,
permitindo reavaliar todas as suas etapas, desde a produção dos
hemocomponentes até seu uso terapêutico. Visa à implantação
de medidas corretivas e preventivas, contribuindo para a
segurança transfusional.
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Neste contexto, em parceria com o Serviço de
Hemoterapia, há no hospital dois tipos de busca das reações
transfusionais: a busca ativa e a busca passiva.
1.2 Busca Ativa
Todos os dias o Serviço de Hemoterapia disponibiliza a
lista de pacientes transfundidos do dia anterior para o Serviço de
Hemovigilância do hospital. O responsável, visita cada paciente
transfundido a fim de, investigar qualquer suspeita de reação
transfusional. A investigação é feita através da leitura diária dos
prontuários médicos e em entrevista com os pacientes que
receberam sangue no dia anterior, seguindo um protocolo pré-
estabelecido. Através da Ficha de Acompanhamento de
Transfusão, aprovada pelo Comitê Transfusional (Anexo I), é
realizada a checagem do monitoramento dos sinais vitais
registrados durante o ato transfusional.
Ainda, diariamente, o Serviço de Hemoterapia,
representado pela equipe de Enfermagem, realiza busca ativa
noturna parcial de alguns pacientes escolhidos aleatoriamente,
transfundidos durante o dia, conforme protocolo específico
(Anexo II).
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1.3 Busca Passiva
A busca passiva consiste em uma ação multidisciplinar
em que as equipes do corpo clínico, enfermagem, Serviço de
Hemoterapia e Hemovigilância, podem atuar mediante a
observação de sinais e sintomas sugestivos de reações
transfusionais agudas e/ou tardias, conforme protocolo de
reações transfusionais.
Se o paciente apresentar sinais e sintomas sugestivos de
reações, a equipe de enfermagem deverá acionar o médico
plantonista e/ou o médico assistente do Hospital São Vicente de
Paulo para definir conduta. Ainda deverá ser contactado o
Serviço de Hemoterapia, para que o mesmo possa iniciar o
processo de investigação e análise do caso, com o intuito de
definir se há ou não relação com o ato transfusional e se há
necessidade de modificar o protocolo transfusional (Anexo III).
Todos os casos suspeitos são reavaliados após
intercorrência pela equipe de enfermagem do Serviço de
Hemoterapia.
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ALERTA I
Principais Sinais e Sintomas de Alerta
- Febre com ou sem calafrios, definida como
temperatura acima de 37,8ºC, em paciente afebril ou a
elevação da temperatura em 1ºC em paciente com
febre;
- calafrios com ou sem febre;
- dor no local da infusão, dor lombar, torácica ou
abdominal;
- alterações agudas na pressão arterial, tanto
hipertensão como hipotensão;
- alterações respiratórias: dispnéia, taquipnéia, hipóxia;
- alterações cutâneas: prurido, urticária, edema
localizado ou generalizado;
- choque em combinação com febre, tremores,
hipotensão, falência cardíaca de alto débito. Esse
quadro sugere sepse e pode também acompanhar
hemólise aguda;
- falência circulatória sem febre e/ou calafrios pode ser
o dado mais importante de anafilaxia e
- alteração na cor da urina pode ser o primeiro sinal de
hemólise no paciente anestesiado ou inconsciente.
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ALERTA II
Sobrecarga Volêmica
Decorrente de volume excessivo de infusão, sendo
avaliada como indicador do Comitê Transfusional e
registrado como não-conformidade.
Principais sintomas:
- Taquipnéia; - Dispnéia;
- Taquicardia; - Cianose;
- Hipertensão; - Edema pulmonar.
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ALERTA III
Formação de Aloanticorpos
Decorrente de reação imunológica a antígenos
eritrocitários, podendo ser detectado em exames pré
e/ou pós transfusionais de pacientes que
apresentaram suspeita de reação transfusional como,
por exemplo, febre.
Os principais sintomas são Icterícia e/ou
aproveitamento inadequado da transfusão.
O médico assistente deve comunicar o caso ao
setor de Transfusão, do Serviço de Hemoterapia, que
irá investigar o mesmo.
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ALERTA IV
O que fazer diante da suspeita de
Reação Transfusional?
Paciente com sinais/sintomas de reação transfusional
Parar a transfusão imediatamente
Manter via EV com salina 0,9%
Chamar médico assistente e o
Serviço de Hemoterapia do HSVP
Checar sinais de 15 em 15 min até estabilizar
Checar rótulos, solicitações de sangue
e identificação do paciente
Transmissão de Doenças Infecciosas
Nos pacientes com sorologia negativa prévia à transfusão
ou que apresentem quadro clínico sugestivo de doença
transmissível pelo sangue, o médico assistente deverá
comunicar o caso ao setor de Transfusão do Serviço de
Hemoterapia que irá encaminhar a solicitação aos responsáveis
a fim de, investigar o mesmo através da Retrovigilância,
conforme ANEXO VI.
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Cuidados no Ato Transfusional
O paciente deve ter seus sinais vitais (temperatura, pressão arterial e pulso) verificados e registrados,
antes da transfusão.
Os primeiros dez minutos da
transfusão devem ser
acompanhados.
Durante o transcurso do
ato transfusional o paciente deve
ser periodicamente monitorizado.
Se houver alguma reação
adversa, o médico
assistente deve ser comunicado imediatamente.
A identificação do receptor que consta da bolsa deve ser
conferida com a identificação do paciente, e havendo qualquer discrepância, a
transfusão deve ser suspensa até que o problema seja
esclarecido.
A transfusão deve ser prescrita por médico, bem como deve
ser registrada no prontuário do paciente. É obrigatório registrar no prontuário os números e a
origem dos hemocomponentes transfundidos, bem como a
data em que a transfusão foi realizada.
Em situações em que o
paciente esteja inconsciente e desorientado, deve haver
mecanismos que garantam a identificação
destes.
Não adicionar medicamentos.
Tempo máximo de 30 minutos para iniciar a
transfusão após o hemocomponente
ter saído do Serviço de
Hemoterapia.
Caso passe do máximo de tempo (4h) para transfusão
do hemocomponente, entrar em contato com o Serviço de Hemoterapia
para que este seja devidamente descartado.
Usar equipo próprio para o sangue.
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Tempo Máximo de Transfusão
Hemocomponente Tempo Max.
Concentrado de Hemácias 4 horas
Concentrado de Plaquetas 4 horas
Plasma Fresco Congelado 4 horas
Crioprecipitado 4 horas
1.4 Programa de Educação Continuada
Entre as ações realizadas pelo hospital visando a
segurança transfusional destacam-se:
� Ações do Comitê Transfusional;
� Educação permanente das equipes de enfermagem do
hospital e Serviço de Hemoterapia e Residência Médica
em temas relacionados à medicina transfusional;
� Atualização do protocolo transfusional da instituição;
� Treinamentos multidisciplinares;
� Treinamento de integração aos novos funcionários da
Enfermagem juntamente com a CGRH.
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1.5 Análise dos casos suspeitos de reações transfus ionais
Todos os casos suspeitos de reação transfusional são
avaliados pela equipe médica e de enfermagem do Serviço de
Hemoterapia, pela Hemovigilância, CGRH e Chefia da
Enfermagem do hospital.
A cada 15 dias são realizadas reuniões pelo grupo com
intuito de analisar caso por caso, sugestivos de reação
transfusional, através da história clínica, de gráficos da curva de
temperatura (Anexo IV), gráficos de pressão arterial (Anexo V),
medicações, hemocultura do hemocomponente e do paciente e
diagnóstico diferencial de acordo com os sinais e sintomas
envolvidos.
Os casos concluídos são analisados com intuito de avaliar
se há necessidade de mudança de protocolo. Os casos
confirmados são encaminhados para o Serviço de
Hemovigilância notificar à ANVISA (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária), através do NOTIVISA.
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2. ANEXOS
Anexo I - Ficha de Acompanhamento de Transfusão com o
monitoramento dos sinais vitais durante toda a transfusão,
aprovada pelo Comitê Transfusional.
Anexo II – Busca Ativa Noturna
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Anexo III - Registro de Notificação Interna de Incidentes
Transfusionais (Frente e Verso)
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Anexos IV - Exemplo de gráfico de temperatura extraído do SISH
Anexos V Exemplo de gráfico de PA extraído do SISH
Anexos V - Exemplo de gráfico de Pressão Arterial extraído do
SISH
(SV) Temperatura
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Anexo VI – Ficha de Investigação de Transmissão de Doenças
Infecciosas
DATA :
DATA DA DOAÇÃO:
RESPONSÁVEL:
DATA DA NOTIFICAÇÃO :
AMOSTRA DA SOROTECA Nº:DATA DO EXAME :
RESULTADO :
NOME DA MÃE : DATA DE NASCIMENTO : DATA PROVÁVEL DA TRANSFUSÃO :
CONFIRMADO :
MÉDICO SOLICITANTE:
RETROVIGILÂNCIA
TESTE SOROLÓGICO REAGENTE :
HISTÓRIA CLÍNICA
NOME DO PACIENTE:
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3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Relatório de Hemovigilância. Brasília, 2010.
2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Boletim Anual de Produção Hemoterápica nº 1. Brasília, 2011.
3. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Boletim de Hemovigilância nº 4. Brasília, 2011.
4. Dunbar NM, Walsh SJ, Maynard KJ, Szczepiorkowski ZM. Transfusion reaction reporting in the era of hemovigilance: where form meets function. Transfusion. 2011 Dec; 51(12):2583-7.
5. Ministério da Saúde – Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA). Manual Técnico de Hemovigilância, 3º versão. Brasília, 2003.
6. Working party on Hemovigilance – Proposed standard
definitions for surveillance of non infectious adverse transfusion reactions. International Hemovigilance Network, 2011.
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Autores: Dra. Cristiane da Silva Rodrigues de Araújo Dra. Simone Medeiros Beder Reis Enfermeira Ediane Godoy Nunes Bióloga Tatiane Aquino Torres Biomédica Fabíola Steffani Enfermeira Liege Silveira Dutra Aprovado pelo Comitê Transfusional - HSVP
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