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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pedagogia Nathália Penáquio Carvalho Priscila Andrade SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E ALTERNATIVA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Lins SP 2013

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pedagogia

Nathália Penáquio Carvalho

Priscila Andrade

SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E

ALTERNATIVA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Lins – SP

2013

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NATHÁLIA PENÁQUIO CARVALHO

PRISCILA ANDRADE

SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E ALTERNATIVA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Pedagogia, sob a orientação da Prof. Drª Fabiana Sayuri Sameshima e orientação técnica da profª Ma Fatima Eliana Frigatto Bozzo.

LINS – SP 2013

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AGRADECIMENTOS

À Deus Agradeço primeiramente à Deus pela vida e por todas oportunidades que Ele nos proporcionou, sempre nos iluminando e jamais deixando que nossa fé se

dissolva, mesmo perante as dificuldades.

Aos pais da Nathália, Ana Clélia e Celso, as minhas irmãs Thais e Mariana. Aos pais da Priscila, Silvia e Rogério.

Agradeço a vocês por me apoiarem nessa conquista, pelo esforço, dedicação e compreensão, em todos os momentos desta e de outras caminhadas. Pelo

incentivo que recebi de modo especial de cada um, não deixando em qualquer momento que eu desistisse.

À nossa orientadora Fabiana Sayuri Sameshima

Que nos recebeu de braços abertos, disponibilizando tempo e paciência, sendo um exemplo para nós de modo que sigamos seus passos, nos conduzindo aos

melhores caminhos. Obrigada por ter compartilhado esse desafio conosco, você será nossa eterna “Mãe”.

À professora Fátima Eliana Bozzo

Que muito nos auxiliou durante essa trajetória, nos dando conselhos e ensinamentos, os quais jamais esqueceremos. Você nos mostrou o quanto

devemos persistir por aquilo que realmente queremos.

Aos colegas de sala Que faziam sempre nossos corações sorrir, pois estavam ao nosso lado todos os

dias, para compartilhar alegrias e tristezas, sorrir ou chorar, conversar ou trabalhar, mas sempre companheiros! Estarão guardados em nossos corações

para sempre, cada um com seu jeito especial de ser lembrado. Obrigado por nos acompanharem nessa trajetória, sucesso á todos nós!

Nathália e Priscila

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EPIGRAFE

“Um sonho que se sonha só,

é só um sonho que se sonha só,

mas sonho que se sonha junto é realidade.”

Raul Seixas

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RESUMO

Considerando a realidade brasileira, percebe-se o quanto distante pode-se encontrar o princípio de educação de qualidade para todos, havendo escolas que se aproximam ou se distanciam desse ideal. Nessa discussão, principalmente os alunos com deficiência, que ficam sujeitos à sensibilidade do sistema de ensino para garantir-lhes os direitos já adquiridos com as políticas públicas para esse setor. Esta pesquisa teve como objetivo inserir recursos e estratégias de ensino para alunos com autismo nas aulas de educação física. Tendo como objetivos específicos: Descrever o processo de interação dos alunos com autismo frente às estratégias utilizadas pelo professor de Educação Física na aplicação das atividades propostas; Adaptar o conteúdo do plano de aula das aulas de educação física, por meio do sistema Picture Communication Symbols (PCS); Propor estratégias para o uso da CSA nas atividades aquáticas. Foram selecionados para o estudo dois alunos com diagnostico de autismo, usuários de recursos de comunicação suplementar e alternativa, inseridos na rede regular de ensino. A coleta foi realizada no Núcleo de Apoio Integrado ao Atendimento Educacional Especializado e no laboratório de educação física de uma universidade do interior de São Paulo, no período de maio a junho de 2013. Os procedimentos de coleta de dados foram norteados por cinco etapas, sendo: 1ª-Observação das aulas na piscina; 2ª - Estudo do plano de ensino do professor; 3ª- Adaptação do plano do professor; 4ª - Sugestão das estratégias de ensino e por fim a 5ª- Análise das filmagens, inicialmente as filmagens foram assistidas e transcritas na íntegra, para a seleção das unidades de análise significativas para o estudo, para auxiliar na análise, foi estabelecido um sistema de categorias baseados em Bardin. Todas as etapas foram filmadas para posterior análise, assistidas e transcritas na íntegra. Os resultados apontam que as atividades desenvolvidas nesta pesquisa proporcionaram aos estagiários de Educação física, o contato diário com os alunos autistas, assim como, pôde perceber a necessidade e importância de conhecer novas metodologias, técnicas e recursos para atender a diversidade das deficiências. Palavras-chave: Educação Física adaptada. Estratégias de ensino. Comunicação Suplementar e Alternativa.

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ABSTRACT

Considering the Brazilian reality, can see how far is allow to find the principle of quality education for all, having schools that are closer or distant from this ideal.In this discussion, mainly the deficiency students, that are waiting to system education sensitivity to ensure them the rights already acquired with public policies for this sector. This research had as objectiv to insert teaching resources and strategics for students with autism in phisical education classes. Having specific objectives: To describe the autism students interation process afront of strategics used by physical education teacher, on implementation of proposed activies; To adapt the lesson plan content of physical education classes, using picture communication Symbols (PCS), To propose strategies for the use os CSA in water activies. Were selected to the reseach two autism students diagnosis, suplementar and alternative comunicatior users, inserted into regular school system. The collect was made in the nucleus and in the laboratory of physical education at a university in São Paulo, on period between May and June 2013. The procedures for data collection were guided through five stages, being: 1st - Observation in the pool classes; 2nd - Study Plan teaching; 3rd - Adaptation of the plan the teacher; 4th - Suggested teaching strategies and finally 5th - filming analisys, initially the filming was watched and transcribed totally for the selection of meaningful units of analysis, for the study to assist in the analysis, we established a system of categories based on Bardin. All steps will be recorded for later analysis, watched and totally transcribed. The results indicate that the activities developed in this research provided to trainees of physical education, daily contact with autism students, as well as, could realize the need and importance of learning new methodologies, techniques and resources to meet the diversity of deficiencies. Keywords: Adapted Physical Education. Strategic Teaching. Suplementar and alternative Communication.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Adaptação da música cavoca, utilizada pelos estagiários ........ 42

Figura 2: Pranchas temáticas .................................................................. 42

Figura 3: Adaptação do plano de aula ..................................................... 43

Figura 4: Adaptação das atividades ......................................................... 45

Figura 5: Aluno e estagiário utilizando as adaptações ............................. 45

Figura 6: Estagiário utilizando as adaptações das músicas ..................... 46

Figura 7: Os alunos utilizando os recursos .............................................. 46

Figura 8: Música da Cavoca .................................................................... 49

Figura 9: Estratégias utilizadas pelos estagiários .................................... 50

Figura 10: Estratégias utilizadas pelos estagiários na ginástica .............. 50

Figura 11: Recursos utilizados pelos estagiários ..................................... 51

Figura 12: Execução dos movimentos ..................................................... 52

Figura 13: Aluno emite sons de satisfação após realizar atividade .......... 54

Figura 14: Aluno realizando a atividade ................................................... 54

Figura 15: Execução da atividade ............................................................ 55

Figura 16: Utilização das adaptações para todos os alunos .................... 55

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: DSM-IV..................................................................................... 21

Quadro 2: Estratégias utilizadas pelos estagiários de Educação Física.... 48

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SUMARIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 09 CAPÍTULO I –AUTISMO ......................................................................... 12

1 DEFINIÇÃO DO AUTISMO ............................................................. 12

CAPÍTULO II –EDUCAÇÃO FISICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA 24

2 EDUCAÇÃO FISICA ADAPTADA .................................................. 24

2.1 Comunicação suplementar e alternativa ......................................... 29

CAPÍTULO III –A PESQUISA.................................................................. 38

3 ANALISE DAS OBSERVAÇÕES ................................................... 38

3.1 Procedimentos iniciais ..................................................................... 38

3.2 Descrição do participante ................................................................ 38

3.3 Local das observações e pesquisa.................................................. 39

3.4 Período de realização da pesquisa ................................................. 39

3.5 Materiais utilizados na pesquisa ...................................................... 39

3.6 Instrumentos de pesquisa ............................................................... 40

3.7 Procedimentos para coleta de dados .............................................. 40

3.8 Etapas ............................................................................................. 40

CAPÍTULO IV – RESULTADOS .............................................................. 48

4 ESTRATEGIAS UTILIZADAS PELOS ESTAGIARIOS .................. 48

4.1 Comunicação suplementar e alternativas ........................................ 53

CONCLUSÃO .......................................................................................... 56 REFERENCIAS ....................................................................................... 58 APENDICES ............................................................................................ 67

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INTRODUÇÃO

Nos últimos anos ocorreram avanços importantes sobre a formação de

professores no país, não apenas em termos de legislação, mas também em

relação ao conhecimento acadêmico; A inclusão escolar de crianças com

deficiência no ensino regular tem gerado discussão no âmbito escolar, diante

desse quadro torna-se importante que os professores sejam instrumentalizados

e capacitados para suprir as necessidades apresentadas pelos alunos.

A formação de profissionais da educação vem ganhando papel central

nas escolas, e o que fica evidente são os problemas e a dificuldade que o

professores tem quanto à aprendizagem do aluno com deficiência; Entretanto

pesquisas apontam que os professores de ensino regular não possuem

capacitação adequada, e muitas vezes se sentem frustrados e acabam

deixando de lado aquele planejamento pedagógico, e começam a enxergar

barreiras para o entendimento e participação afetiva do aluno com deficiência

(SOUZA, 2000; SILVA, 2005).

Para minimizar essas dificuldades, cresce a importância de capacitar o

professor para identificar as necessidades e habilidades de seus alunos

(REGANHAM 2006; SANTOS E MENDEZS, 2008). Pois razões são apontadas

para explicar essas dificuldades de aprendizagem dos alunos com deficiência,

sendo elas: a falta de conhecimento em relação ao como ensinar os conteúdos

gerais, desacordo sobre o que é importante para o processo de ensino

aprendizagem, pouco conhecimento prático e teórico para lidar com essas

crianças, dificuldade para organizar o planejamento pedagógico e como

adaptar recursos e estratégias a fim de possibilitar o entendimento e a

realização e participação afetiva nas atividades pedagógicas (BUENO 1999;

SAMESHIMA ET al. 2009; SAMESHIMA, 2011).

É neste contexto que a capacitação com comunicação suplementar

alternativa (CSA) deve ser inserida nas atividades acadêmicas em sala de aula,

pois ela possibilita interação professor/aluno, através dela é possível interagir

de varias formas com o educando por meio de gestos manuais, expressões

faciais e corporais, símbolos gráficos, como fotografias, desenhos, figuras e

alfabeto, como meios de efetuar a comunicação face a face de indivíduos

incapazes de usar a linguagem oral (GLENNEN, 1997; NUNES, 2003).

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O uso do termo estratégia tem sido muito utilizado quando se trata da

inclusão de alunos com deficiência no meio educacional (BEZERRA, 2010). O

estudo das estratégias de ensino vem ganhando discussões interessantes no

decorrer desta última década. Pontua-se um estudo precursor, publicado no

final da década passada em um capítulo sobre inclusão, com ampla divulgação

nacional (STAINBACK, STAINBACK, 1999).

Nesse capítulo, escrito por Schaffener; Buswell (1999), afirmava-se que

“[...] educar eficientemente alunos com diferentes níveis de desempenho requer

que os educadores usem várias abordagens de ensino para satisfazer às

necessidades de seus alunos”. Assim, uma tendência em proporcionar formas

variadas de ensino para satisfazer às especificidades das limitações do aluno

com deficiência começa a se caracterizar com a precisão de se estabelecer

estratégias de ensino que atendam às necessidades de todos os alunos.

Seabra Júnior (2008) definiu estratégia como uma ferramenta que exige

a compreensão dos requisitos necessários para preparar e aplicar tarefas

motoras frente às necessidades e habilidades da clientela em questão. Outra

definição proposta por Manzini, 2010, defendeu estratégia como uma ação do

professor que na maioria das vezes utiliza um recurso pedagógico para

alcançar um objetivo específico de ensino ou de avaliação do aluno.

É importante entender que estratégia não se resume a passos a serem

seguidos exatamente como planejados, em que o professor os determina e, por

isso, não podem ser modificados após o seu planejamento. Pelo contrário, ela

é flexível e passível de ser modificada, caso seja constatada pelo professor a

sua não funcionalidade para o aluno (MANZINI, 2010).

Percebe-se nessas definições a importância do professor no

planejamento, na aplicação e avaliação da ação que envolve o uso de

estratégias de ensino. O planejamento das estratégias é uma ação que pode

determinar o sucesso ou insucesso da realização de qualquer ação. Em um

aspecto educacional, é a estratégia que determina a realização da atividade,

devendo, portanto, ser uma prática pedagógica habitual do cotidiano de

qualquer profissional que atua na área da educação (SILVA, 2010).

Neste sentido há necessidade de o professor planejar mais de um tipo

de estratégia para a realização de uma única atividade, pois pode acontecer

que a estratégia planejada não garanta o ensino ou a avaliação que o professor

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propôs ao aluno, ele pode modificar o procedimento e partir para uma segunda

estratégia, de maneira pensada e planejada.

Neste contexto de discussão, ensinar estrategicamente na Educação

Física é usar de diferentes recursos e estratégias de aprendizagem que

beneficiem a todos os alunos, independente do conteúdo a ser trabalhado nas

aulas.

A seleção de recursos e estratégias possíveis deverá estar incumbida de

atender as reais necessidades de inclusão do aluno com deficiência e os

demais alunos que se desviam do padrão na prática do ensino da Educação

Física.

Diante das considerações anteriormente apresentadas, pode-se

questionar: Como as estratégias de ensino utilizadas pelos professores de

Educação Física estão impactando na inclusão de alunos com deficiência nas

aulas de educação física? A inclusão de recursos e procedimentos da

comunicação alternativa auxiliaria o processo de interação, comunicação,

entendimento dos conteúdos e a realização das atividades propostas pelo

professor?

De acordo com alguns autores, a área da CSA colabora não só como

instrumento facilitador dos processos de aquisição e desenvolvimento da

linguagem, mas também como recurso mediador nas adequações das

atividades pedagógicas de alunos com deficiência, oferecendo oportunidades

de interagir com a leitura e escrita (MANZINI; DELIBERATO, 2004;

DELIBERATO, 2008, 2009; SAMESHIMA et al., 2007, 2009; WOLFF;

NAKANO, 2007; PONSONI et al., 2009; PONSONI et al., 2009; SAMESHIMA;

RODRIGUES; DELIBERATO, 2009).

Dessa forma, esta pesquisa tem por finalidade identificar as

estratégias utilizadas pelo professor de educação física, para a inclusão de

alunos com autismo, além de inserir recursos de comunicação suplementar e

alternativa, propondo novas estratégias para o acesso as atividades

contemplando o plano de ensino proposto pelo professor da educação física.

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CAPÍTULO I

AUTISMO

1 DEFINIÇÃO DE AUTISMO

Desde a antiguidade se tem conhecimento sobre alguns relatos sobre

crianças, adolescentes e adultos com comportamentos estranhos que se

relacionavam com o autismo, dessa forma inicialmente nesse capitulo será

descrito os dois primeiros estudos sobre o autismo e suas principais

características, explicando seu surgimento e como era considerado.

O termo autista foi utilizado pela primeira vez em 1911, por Bleuler, que o

considerou como a perda do contato com a realidade e conseqüente

dificuldade ou impossibilidade de comunicação dentre os demais campos de

desenvolvimento.

Os primeiros estudos sobre autismo foram de 1943 a 1963, conduzidos

pelo médico austríaco Leo Kanner (1943), que escreveu seu artigo baseado na

observação de onze crianças nas quais denominou de “Os transtornos autistas

do contato afetivo” e deixou uma longa esteira de mitos que persistem até hoje

na visão popular da humanidade. Nos primeiros vinte anos os estudos

consideraram ideias que hoje são conceituadas como falsas.

Desde 1938, chamaram-nos a atenção várias crianças cujo quadro difere tanto e tão peculiarmente de qualquer outro tipo conhecido até o momento que cada caso merece - e espero que venha a receber com o tempo – uma consideração detalhada de suas peculiaridades fascinantes" (KANNER, 1943).

O autismo foi considerado um transtorno emocional influenciado pela

questão afetiva dos pais, que eram incapazes de proporcionar o afeto

necessário para as crianças. Esses fatores dão lugar à personalidade da

criança que não consegue se desenvolver e se transformar (RIVIÈRE, 2004, p

234). Com base nesses aspectos, identificou-se como um traço fundamental do

autismo a incapacidade para relacionar-se normalmente com pessoas e

situações (KANNER, 1943).

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Neste período de estudo, foi diagnosticado três características que

aparecem antes dos três anos de idade: Interação social onde persistente a

falta de resposta social a outras pessoas, a comunicação apresentava um

comprometimento acentuado do desenvolvimento da linguagem e da fala com

características peculiares como ecolalia, linguagem metafórica e reversão dos

pronomes, assim como respostas bizarras a diversos aspectos do meio

ambiente. A última característica foi o comportamento estereotipado e

atividades de interesses onde o individuo resiste a mudanças.

Em alguns casos, como diagnóstico em geral, as características do bebê

autista eram: desinteresse pelo aleitamento materno, hábitos alimentares

seletivos, podendo ter restrições quanto à consistência e à qualidade, agitação,

choro excessivo (choro neurológico) e sono entrecortado, ou seja, conduta

extremamente irritadiça. O bebê autista, normalmente, não olha para a mãe,

seu olhar é distante, perdido, não se aninha no colo, não se fixa nos objetos e

no ambiente à sua volta, não reage aos sons da casa (campainha, rádio, teve,

telefone), mostra-se muito flácido ou muito rígido (PEETERS, 1998).

Segundo Rivière (2004), outros três aspectos do transtorno se destacam

e apresentam desafios à intervenção educativa e curiosidades. Que são: 1- As

relações sociais. – O traço fundamental da síndrome do autismo era a

incapacidade para se relacionar normalmente com as pessoas e as situações.

O contato físico direto e os movimentos ou ruídos que ameaçam romper a

solidão eram tratados como se não estivessem ali, onde impedia a entrada de

tudo o que chega á criança de fora. 2 – A comunicação e a linguagem. –

Apresentam um amplo conjunto de deficiências e alterações na comunicação e

na linguagem, como a ecolalia (tendência de repetir emissões ouvidas, em vez

de criá-las espontaneamente). 3 – A insistência em não variar o ambiente. –

Inflexibilidade, a rígida aderência a rotinas e a insistência da igualdade.

O segundo momento do estudo que englobou de1963 a 1983, reuniu um

conjunto de fatores para mudar a imagem científica do autismo, a hipótese de

que os pais eram culpados, foi abandonada e surgiram os primeiros indícios

que o autismo se desenvolvia por algum tipo de alteração cognitiva, onde

explica as dificuldades de relação, linguagem, comunicação e flexibilidade

mental.

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As relações sociais e afetivas se firmaram pela seguinte solidão, algo

que desconsidera, ignora ou interrompe a entrada de tudo o que chega para a

criança, causando transtorno ao estranho. O contato físico direto e os

movimentos, ruídos e a solidão extrema, faz com que sejam tratados como se

não estivessem ali, são dolorosamente rejeitados do meio social

(KANNER,1943).

A falta de comunicação e linguagem, a presença de ecolalia, a aparência

de surdez em algum momento do seu desenvolvimento, torna-se traços

relevantes. A conduta e a agressividade gerada pelas mudanças no ambiente,

faz com que a criança crie uma resistência a troca de rotina. Tem grande

capacidade de memorização, hipersensibilidades a estímulos reagem

intensamente a ruídos e a alguns objetos, e podem apresentar problemas com

alimentação.

Nos últimos anos ocorreram algumas mudanças importantes de uma

perspectiva evolutiva, e passou a ser considerado um transtorno do

desenvolvimento, mudanças também no aspecto psicológico como no

neurobiológico.

Hoje a definição de autismo e de seus transtornos do desenvolvimento

foi oferecida por Kanner em 1943 e continua sendo vigente até hoje com seus

três núcleos de transtornos: 1 – qualitativo da relação, 2 – alterações da

comunicação e da linguagem, 3 – a falta de flexibilidade mental e

comportamental.

Essas três dimensões são incluídas nas definições diagnosticas mais

empregada hoje: O DSM – IV da Associação Americana de Psiquiatria

(American Psychiatric Association – APA, 1994) e o CID – 10 da Organização

Mundial da Saúde (OMS,1993).

A descrição do autismo, inserido na categoria TGD que consta no

Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM IV), da American

Psychiatry Association, é definida por:

As características essenciais do Transtorno Autista são a presença de um desenvolvimento acentuadamente anormal ou prejudicado na interação social e comunicação e um repertório marcantemente restrito de atividades e interesses. As manifestações do transtorno variam imensamente, dependendo do nível de desenvolvimento e idade cronológica do indivíduo.

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O Transtorno Autista é chamado, ocasionalmente, de autismo infantil

precoce, autismo da infância ou autismo de Kanner. Os indivíduos mais jovens

podem demonstrar pouco ou nenhum interesse pelo estabelecimento de

amizades; os mais velhos podem ter interesse por amizades, mas não

compreendem as convenções da interação social.

Pode ocorrer uma falta de busca espontânea pelo prazer compartilhado,

interesses ou realizações com outras pessoas (DSM IV, 1994).

O transtorno autista – oferecido pelo DSM-IV, apresenta: As pessoas

com transtorno autista podem manifestar uma ampla gama de sintomas

comportamentais, na qual se incluem hiperatividade, âmbitos atencionais muito

breves, impulsividade, agressividade, condutas autolesivas e acessos de raiva,

hipersensibilidade aos sons, ou ao serem tocados, reações exageradas a luzes

e odores, fascinação por certos estímulos, alterações na conduta alimentar, no

sono, mudanças no estado de ânimo, falta de resposta (DSM-IV, 1994).

Apresentam prejuízos na interação social e na comunicação verbal,

onde ocorre um atraso ou falta total do desenvolvimento da linguagem falada.

Alguns casos chegam a falar, mantém uma conversação estereotipada e

repetitiva da linguagem, utilizando palavras ou frases que não fazem sentido.

As estruturas gramaticais são freqüentemente imaturas, e incluem o uso de

repetição de palavras e frases, independentemente do significado, repetição de

comerciais e jingles.

Dentro do autismo existem algumas características comportamentais,

assim descritas:

Distúrbios do relacionamento: Falta do desenvolvimento de uma relação

interpessoal e de contato visual. Tanto o relacionamento com pessoas quanto

com objetos inanimados estão alterados. Ausência de sorriso social,

desinteresse em participar de jogos e brincadeiras, preferência por permanecer

só, etc.

Distúrbios da fala e linguagem – comunicação: Caracterizado por enorme

atraso, com fixação e paradas ou total mutismo. A ecolalia é comum, sendo

associada ao uso inadequado ou reversão do pronome pessoal. Quando a fala

comunicativa se desenvolve, ela é atonal, arrítmica, sem inflexão e incapaz de

comunicar apropriadamente as emoções. Na verdade, a comunicação como

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um todo está comprometida: linguagem oral comunicativa, linguagem receptiva,

linguagem gestual e expressão facial.

Distúrbios no ritmo de desenvolvimento: O ritmo mais comum é uma

descontinuidade na seqüência normal do desenvolvimento.

Distúrbios da motilidade: São os maneirismos, complexos e ritualísticos:

exame dos dedos, borboleta- “flapping”, caminhar na ponta dos pés, jogar-se

para frente e para trás, ninar-se, balançar (acompanhado de rolar ou balançar a

cabeça no ar ou no chão ou bater a cabeça contra a parede), rolar ou girar

objetos.

Distúrbio da percepção: Há falhas na modulação de estímulos com distorções

na hierarquia normal, nas preferências dos receptores e uma incapacidade na

habilidade de usar estímulos sensoriais para discriminar o que é importante ou

não, ou seja, ocorre um erro de seletividade. Há alternância em procurar ou

fugir de estímulos. Assim, certos estímulos o apavoram, como o barulho do

liquidificador, ou rasgar papel, enquanto outros sons, que seriam

desagradáveis para crianças normais, como o arranhar da unha em um quadro

negro ou em uma lixa, são procurados com insistência.

Também está relacionado aos distúrbios da percepção, o fato de

crianças autistas esfregarem mão e língua nas paredes, terem dificuldades de

receber alimentação sólida (SCHWARSTZMAN et al., 1995).

Esses traços são freqüentes, mas podem variar dependendo do nível de

desenvolvimento e idade. Com base no manual de diagnostico de transtornos

mentais (DSM-IV), segue a seguinte síntese.

Síndrome de Rett – Foi identificada em 1966, por Andréas Rett, é uma

síndrome dentre os transtornos globais do desenvolvimento, é uma mutação do

cromossomo x de origem paterna, ocorre somente em meninas, havendo

comprometimento das funções motora e intelectual, assim como distúrbios de

comportamento, atraso na capacidade de andar, perda da capacidade de

relação, ausência de competências simbólicas e de linguagem, microcefalia

progressiva (pois a cabeça cresce menos que o corpo), alterações nos padrões

respiratórios.

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Transtorno Asperger – São pessoas autistas com nível elevado, apresentam

atraso em determinadas áreas do desenvolvimento, não apresentam

deficiência estrutural na linguagem e no nível intelectual. Diferente do que

ocorre no autismo, não apresenta atrasos significativos na linguagem, não

existem atrasos significativos no desenvolvimento cognitivo ou nas habilidades

de auto-ajuda, tem comportamento adaptativo. Tem início mais tardio que o

autismo, as dificuldades de interação social podem se manifestar com mais

freqüência no âmbito escolar, quando adultos, podem apresentar problemas

com a empatia e modulação da interação social.

Transtorno desintegrador da infância (TD) – Foi descrito por Heller, em

1908, é pouco conhecido, implica uma perda de funções e capacidades

adquiridas pela criança. É diagnosticada depois dos dois anos e antes dos dez

anos, há uma regressão do desenvolvimento, a linguagem, comunicação não-

verbal, as relações sociais e as condutas adaptadas. Assim como o autismo

antes o TG recebia nomes como síndrome de Heller e psicose regressiva,

posteriormente foi classificado como transtorno global do desenvolvimento em

função da perda das habilidades sociais e comunicativa, é definida por

alterações das capacidades de relação e comunicação. Após a regressão

inicial, chega-se a um estado estável, mas com grande impacto durante toda a

vida.

Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação – É uma

categoria diagnóstica de exclusão, pode ser diagnosticado se preencher

critérios no domínio social e apenas mais um dos outros domínios. Pode-se

considerar que possuam menos que seis no quadro de sintomas do autismo ou

idade de início maior do que trinta e seis meses.

O espectro autista apresenta algumas dimensões que podem nos ajudar

a compreender o autismo e seus transtornos. Considerar o autismo significa

compreender que existem variações diferentes e pessoas diferentes, todos

apresentam alterações nos aspectos ou dimensões nos casos de transtorno do

desenvolvimento. Pode ser considerado contínuo, não se estabelece uma

característica única, apresenta diferentes graus.

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Pesquisas apontam a existência de um substrato fisiológico na gênese

do autismo, alterações nos circuitos do sistema límbico, cerebelar, hipocampo,

lobos temporal e frontal (CAMPOS, 2002).

Pessoas autistas podem apresentar diversos comportamentos, sons,

gritos, maneirismos com as mãos, movimentos com o corpo, agressões

dirigidas a si mesmo, considerando que as manifestações dos comportamentos

estereotipados é um dos aspectos que assume a maior relevo no âmbito social,

uma vez que tais comportamentos interferem em diferentes níveis, dificultando

trocas afetivas, comunicação e linguagem. Tais comportamentos

desadaptativos são considerados auto-estimulatório e autolesivos (SUPLINO,

2007).

Os comportamentos auto-estimulatórios caracterizam-se por

movimentos repetitivos do corpo e de objetos. São estereotipados, entretanto,

causam danos físicos, podem com o tempo se tornarem autolesivos. Esses

comportamentos além de serem apresentados por pessoas autistas, também

são comuns nos indivíduos que são diagnosticados dentre alguns dos

transtornos globais do desenvolvimento, embora sejam mais freqüentes nos

autistas (2007). Edelson(1984), listou cinco sentidos e os principais exemplos

de comportamentos auto-estimulatórios:

Visão: Olhar fixamente para luzes, movimentar dos dedos em frente aos olhos

e agitar as mãos.

Audição: Tapar os ouvidos, estalar os dedos, emitir sons.

Tato: Esfregar a pele com uma das mãos ou com objeto.

Paladar: Colocar partes do corpo ou objetos na boca, lambendo-os.

Olfato: Cheirar objetos, cheirar pessoas.

Os comportamentos autolesivos, auto-agressivos ou autodestrutivos,

são aqueles que o indivíduo dirige-se a si mesmo, tendo como resultado lesões

e danos físicos que vão desde marcas de dentes espalhadas pelo corpo,

mutilações, até fraturas de membros ou crânio, que podem levar a morte.

Observa-se que tais comportamentos autolesivos têm sido relatados sob

diversas formas de manifestações, e referem-se a cinco tipos de

comportamentos (FACION, 2002).

1. Bater-se (por ex. dar tapas na face, bater com a cabeça nos objetos);

2. Morder ou sugar várias partes do corpo;

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19

3. Beliscar, arranhar, pressionar ou puxar várias partes do corpo (por ex.

pressionar o globo ocular, puxar o cabelo);

4. Vomitar repetidamente ou vomitar e reingerir comida (remunação)

5. Consumir substâncias não comestíveis (comer objetos, cigarros, fezes).

Existem diferentes explicações para tais comportamentos auto-

estimulatórios e autolesivos, os pesquisadores elevam fatores haja um conjunto

de pressupostos sobre o comportamento humano, alguns modelos conceituais

foram formados ao longo do tempo para esclarecer o aparecimento desses

comportamentos. É preciso levar em conta o tipo de população estudada, os

critérios utilizados para o diagnostico desses comportamentos e a abrangência

e profundidade da investigação realizada (SCHWARTZMAN, 1995).

Desde sua primeira definição por Kanner, em 1943 o autismo mostrou-

se estranho e cheio de enigmas, esses enigmas referem-se às causas e as

explicações do Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD). Apesar do

número de pesquisas sobre o caso serem enormes e durarem mais de meio

século, ainda existem muitas dúvidas sobre o transtorno.

As estatísticas demonstram um aumento de crianças apresentando TGD

e outras incapacidades que envolvem habilidades de se relacionar, de se

comunicar e às vezes de pensar logicamente.

O número crescente de diagnósticos, novas pesquisas e observações

clinicas estão fazendo o possível para entender as diferentes capacidades

dessas crianças focalizando no individuo e conseqüentemente, levantando

muitas duvidas entre os pais e profissionais sobre qual seria a terapia indicada

(GOLDSTEIN, 2011, p 7).

O desenvolvimento social e afetivo na vida humana é de grande

importância, principalmente na infância onde a criança desenvolve as

diferenças sensoriais de como ela observa e processa suas emoções e

expressões ao mundo. Nosso desenvolvimento social e afetivo se divide em

seis níveis fundamentais para nosso crescimento social:

Nível 1 – Tornando-se calmo, atendo e interessado no mundo – é a habilidade

da criança responder aos sons, sinais e sensações. Esses sentidos são

essenciais e nos dão o prazer de responder sem medo aos estímulos do

mundo ao redor.

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20

Nível 2 – Apaixonando-se – é a habilidade da criança de se relacionar com

diferentes pessoas, contato seguro com as pessoas que estão e vão participar

de suas vidas.

Nível 3 – Tornando-se um comunicador – é a habilidade da criança se

relacionar em círculos de comunicação, trocar informações, senso de

tranquilidade e confiança.

Nível 4 – Resolvendo problemas e formando uma noção de individualidade – é

a habilidade da criança de criar gestos mais complexos, segurando uma serie

de ações dentro de uma construção de ideias elaboradas e autocontrole no

comportamento, ajudando a solucionar problemas.

Nível 5 – Descobrindo o mundo das ideias – é a habilidade em que a criança

cria ideias dentro de um ambiente simples. Consegue construir um imaginário e

também voltar com facilidade para realidade e falar o que realmente deseja.

Nível 6 – Construir pontes entre ideias – é a habilidade que a criança tem de

construir pontes ligando ideias através do uso do pensamento lógico, é capaz

de expressar suas próprias ideias, reconhecendo frustrações e desejos.

Estes seis níveis do desenvolvimento proporcionam aos pais e

profissionais, a capacidade de identificar as várias áreas de aprendizado e

desenvolvimento. Isso muitas vezes não acontece com as crianças dentro do

espectro autista, pois tem suas habilidades de integração social e sensorial

prejudicadas, tornando seu mundo não confortável (GOLDSTEIN, 2011 ).

No autista um dos primeiros desafios são os estímulos sensoriais que

não ocorrem quando a criança tem dificuldade de em modular informações que

recebe do mundo para seus sentidos. A segunda dificuldade é a de receber,

processar e armazenar as informações e sensações que recebe. E a terceira é

a dificuldade em criar seqüências de planejamento para responder as

necessidades.

Até o presente, o autismo continua representando um desafio para os

estudiosos e pesquisadores, não há consenso sobre quais seriam suas causas,

existem diferentes hipóteses acerca de sua origem. Entretanto, a maioria dos

pesquisadores apontam para indícios no campo biofísico, surgindo que sua

origem orgânica. Ainda não se tem estudos concluídos e as causas do autismo

continuam desconhecidas (SUPLINO, 2007, p 19).

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21

Para finalizar este tópico, segue as principais características e

diagnóstico diferencial do quadro de TGD, proposto pelo DSM-IV.

Síndrome de

Rett

Transtorno

Asperger

Transtorno

desintegrador

da infacia (TD)

Transtorno Global

do

Desenvolvimento

Sem Outra

Especificação

Características

principais

Prejuízo no

desenvolvimento

da interação

social e da

comunicação.

Pode haver

atraso

ou ausência do

desenvolvimento

da linguagem.

Naqueles que a

possuem, pode

haver

uso estereotipado

e repetitivo ou

uma linguagem

idiossincrática.

Repertório restrito

de interesses e

atividades.

Interesse por

rotinas e rituais

não funcionais.

Desenvolvimento

de múltiplos

déficits

específicos

após um período

de funcionamento

normal

nos primeiros

meses de vida.

Desaceleração

do crescimento

do perímetro

cefálico.

Perda das

habilidades

voluntárias das

mãos adquiridas

anteriormente, e

posterior

desenvolvimento

de movimentos

estereotipados

semelhantes

a lavar ou torcer

as mãos.

O interesse social

diminui após os

primeiros

Prejuízo

persistente na

interação social.

Desenvolvimento

de padrões

restritos e

repetitivos

de

comportamento,

interesses e

atividades.

Existe prejuízo

severo no

desenvolvimento

da

interação social

recíproca ou de

habilidades de

comunicação

verbal e não-verbal

ou

comportamentos,

interesses e

atividades

estereotipados.

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22

anos de

manifestação do

quadro, embora

possa

se desenvolver

mais tarde.

Prejuízo severo

do

desenvolvimento

da linguagem

expressiva ou

receptiva.

Idade de

Manifestação

Antes dos 3 anos

de idade.

Primeiras

manifestações

após os primeiros

6 a 12 meses de

vida.

Prejuízos

funcionais do

desenvolvimento

dos 6

meses aos

primeiros

anos de vida.

Tem início mais

tardio

do que o Autismo

ou é

percebido mais

tarde

(entre 3 e 5

anos). Atrasos

motores ou falta

de

destreza motora

podem

ser percebidos

antes

dos 6 anos.

Importante

para o

diagnóstico

diferencial

Prejuízo no

funcionamento ou

atrasos

em pelo menos 1

das 3 áreas:

Interação social;

Linguagem para

comunicação

social;

Presença de

crises

convulsivas.

Desaceleração

do crescimento

do perímetro

Cefálico

Diferentemente

do Autismo,

podem

não existir

atrasos

clinicamente

significativos

no

desenvolvimento

Quando tais

características

estão presentes,

mas não são

satisfeitos os

critérios

diagnósticos para

um Transtorno

Global do

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23

Jogos simbólicos

ou imaginativos.

cognitivo,

na linguagem,

nas habilidades

de autoajuda

apropriadas à

idade, no

comportamento

adaptativo, à

exceção da

interação

social, e na

curiosidade pelo

ambiente

na infância.

Desenvolvimento

ou para

outros quadros

diagnósticos como

Esquizofrenia,

Transtorno da

Personalidade

Esquizotípica ou

Transtorno da

Personalidade

Esquiva.

Fonte: Quadro 1 (DSM –IV).

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24

CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO FÍSICA E COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E ALTERNATIVA

2 EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA

A Educação Física, tem sido uma das áreas que vem mudando e

adequando sua rotina de atendimento, atividades e material, para que as

pessoas com deficiência efetivamente participem de todos os momentos de

desafios e vivências da prática de atividades que requerem movimentos,

compreensão e agilidade para sua execução.

Considerando a realidade brasileira, percebe-se o quão distante pode-se

encontrar o princípio de educação de qualidade para todos, havendo escolas

que se aproximam ou se distanciam desse ideal. Segundo Mantoan (2006, p.

23), “[...] o problema escolar brasileiro é dos mais difíceis, diante do número de

alunos que temos de atender, das diferenças regionais, do conservadorismo

das escolas”. Já Carmo (2006, p. 54) afirma que essa tendência inclusiva “[...]

tem deixado os dirigentes educacionais confusos em ter que atender num

mesmo ambiente, crianças com as mais diferentes formas de habilidades,

capacidades, comportamentos e histórias de vida”.

Nessa discussão a Declaração de Salamanca propõe uma escola de

orientação inclusiva, na qual se torna um meio capaz para combater as atitudes

discriminatórias na construção de uma sociedade mais inclusiva. Dessa forma,

a diversidade humana floresce como ponto central na possibilidade de

construção de um processo educacional de qualidade para todos os alunos.

Porém, questiona-se a efetividade de tal processo, se as escolas se

apresentarem como um instrumento de seleção de alunos apoiada na

concepção do padrão estabelecido social e cultural, que historicamente tem

acentuado as diferenças.

Concretiza-se, assim, uma evidente contradição, pois, no mesmo

discurso de escola que defende as diferenças concretas, oferece uma prática

de exclusão daqueles que fogem do padrão estabelecido culturalmente pela

sociedade. Portanto, questiona-se a existência da escola inclusiva numa

sociedade em que as instituições básicas são as primeiras a excluir. Assim os

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25

alunos da escola que fogem do padrão culturalmente estabelecido,

principalmente os alunos com deficiência, que ficam sujeitos à sensibilidade do

sistema de ensino para garantir-lhes os direitos já adquiridos com as políticas

públicas para esse setor. A escola por sua vez deve oferecer um ensino de

qualidade para todos, a construção do currículo pautado na diversidade

humana torna-se princípio para que as áreas do conhecimento da educação

possam contribuir com suas especificidades na direção de um ensino de

qualidade para todos.

A Educação física enquanto componente curricular se vê na perspectiva

de garantir a inclusão do aluno com deficiência, como também possibilitar

desenvolvimento de suas potencialidades amparadas na cultura corporal de

movimentos (BEZERRA, 2010).

Neste sentido, a Educação Física se pauta na construção de um

currículo adaptado, o discurso que advoga as diferenças passa agora a

defendê-la como princípio para o ensino inclusivo da área, pois as crianças por

si só não compreendem e executam as atividades propostas pelo professor,

dessa forma ele necessita de adaptações e adequações no currículo e nas

atividades (BEZERRA, 2010).

Neste sentido, a Educação Física Adaptada, que discute a educação de

pessoas com deficiência na escola, “[...] está passando por um dos desafios

mais importantes de sua trajetória, isto é, atender, com os conhecimentos

acumulados que possui a política de inclusão que advoga o trabalho conjunto

de toda a diversidade humana.” (CARMO, 2006, p. 54).

Sherril (1998) entendeu que o termo atividade física adaptada era ligada

a um universo mais abrangente, comparado à Educação Física adaptada,

enquanto atuação. Já Winnick (2004, p. 4) abordou que a “atividade física

adaptada se estende pela vida toda, enquanto a Educação Física adaptada se

concentra no período de zero a vinte e um anos de idade”.

Pedrinelli e Verenguer (2005) associaram o termo intervenção

profissional em Educação Física adaptada voltado a diferentes contextos, como

escolas, academias, centros esportivos, hospitais, clínicas de reabilitação,

espaços de lazer, entre outros, com diferentes objetivos.

Mauerberg-deCastro (2005, p. 28) demonstrou preferência pela

nomenclatura atividade física adaptada, pautou a abrangência do termo nos

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âmbitos de trabalhos na área de ciências da motricidade humana, e, portanto

definiu o termo como:

A atividade física adaptada é composta de uma variedade de áreas de conhecimento com teorias e modelos, ferramentas de ensino e de reabilitação específicos, além de prestar serviços limitados a competências profissionais especializadas.

Mauerberg-deCastro (2005, 2006) entendeu como objetivo da atividade

física adaptada a integração e a aplicação de fundamentos teóricos práticos

advindos de áreas da motricidade humana e áreas afins. Considerou que o

especialista em atividade física adaptada, para atuar em equipe, deve adquirir

competências como, por exemplo, adaptar seus estilos de comunicação para

indivíduos com diferentes necessidades.

A atividade física adaptada tem a preocupação de atender as demandas

educacionais, esportivas e recreacionais, com grupos, e está sendo marcada

pela sua atuação no campo profissional e científico. Visando proporcionar

participação ativa de todas as pessoas com deficiência nas atividades

propostas (SEABRA, 2008).

Alguns dos conceitos de Educação Física adaptada e de atividade física

adaptada têm seu campo de conhecimento um conjunto com a Educação

Física e o esporte adaptado, e isso se volta para a educação, o bem-estar, a

prática esportiva e o lazer de indivíduos com necessidades especiais

(WINNICK, 2004).

As atividades adaptadas são adaptações e adequações de estratégias e

recursos para que o aprendizado ou desempenho das habilidades do aluno

sejam desenvolvidos com menores restrições, tornando a atividade necessária

em todas as etapas da vida do ser humano e não somente no processo

educacional.

As estratégias de ensino e os recursos pedagógicos adequados e

adaptados a cada grupo constituem o fator primordial para alcançar as metas

propostas, principalmente no que tange às modificações no seu

comportamento. Assim, o professor atinge seus objetivos e estimula com maior

autonomia de movimento, buscar uma locomoção independente ou, ainda, a

descoberta de novas possibilidades motoras, mais propícias às soluções de

problemas do seu cotidiano que estimulem o uso dos sentidos remanescentes.

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Rocha (2010) definiu recursos, serviços, procedimentos e estratégias

como:

Recursos: são objetos, materiais, dispositivos, produtos e equipamentos

utilizados com o objetivo de favorecer as habilidades do indivíduo e ampliar os

seus desempenho e participação em uma determinada atividade. O recurso é

um material concreto com atributos que podem ser modificados de acordo com

a especificidade do indivíduo;

Serviços: trabalho oferecido por profissionais de diversas áreas como a

terapia ocupacional, fisioterapia, fonoaudiologia, engenheiros, professores,

psicólogos, arquitetos, entre outros;

Procedimento: são os atos ou efeitos de realizar as tarefas de uma

atividade, ou seja, são os métodos e técnicas utilizados durante a realização da

atividade;

Estratégias: são procedimentos de execução a fim de mediar o uso dos

recursos para a realização de uma atividade. As estratégias podem modificar

ou ajustar a técnica utilizada para a realização da atividade para contornar as

dificuldades do indivíduo e melhorar o seu desempenho e participação.

Essas etapas quando utilizadas diante de um contexto escolar, permite

que o aluno com deficiência execute tarefas e realize atividades que não seria

possível sem o uso de recursos e estratégias adequadas e adaptadas

conforme a sua necessidade, ou seja, são capazes de proporcionar as

habilidades e possibilitar um melhor desempenho da criança enquanto realiza

as atividades oferecidas, desde que, escolha a alternativa viável, considerando

as necessidades a serem percorridas e os recursos materiais e custos

disponíveis para a confecção do recurso.

De acordo com Resa,(1995 apud CIDADE; FREITAS, 2002, p. 42-43)

essas adequações poderiam desenvolver as seguintes mudanças:

- Adaptação de material e sua organização na aula: tempo disponível espaço e

recursos materiais;

- Adaptação no programa: planejamento, atividades e avaliação;

- Aplicação de uma metodologia adequada à compreensão dos educandos,

usando estratégias e recursos que despertem neles o interesse e a motivação,

por meio de exemplos concretos, incentivando a expressão e a criatividade;

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- Adaptações de objetos e conteúdos, adequando-os, quando for necessário,

em função das necessidades educativas especiais, dando prioridade a

conteúdos e objetivos próprios, definindo os mínimos e introduzindo os novos

quando for preciso.

Para que se possa compreender o que significa o termo adaptação,

Rodrigues (2006, p. 41), baseou-se na concepção de:

Adequar à exigência da tarefa ao nível de desempenho do executante. Cada vez que se altera a exigência e as condições de desempenho de uma atividade de forma que um dado executante possa realizá-la ou envolver-se num processo de aprendizagem que está sendo adaptada. Tornar uma atividade mais exigente em termos perceptivos, tomada de decisão, desempenho motor ou elaboração cognitiva é também adaptar. [...] é o processo de identificação e intervenção sobre variáveis da atividade (executante, tarefa e envolvimento) de forma a tornarem-na mais complexa ou mais simples para ajustarem ao nível de desempenho e desenvolvimento do aprendiz e aos objetivos desejados.

Pedrinelli (1991, 1994) enfocou que além dos cuidados com a adaptação

de estratégias de ensino, recursos pedagógicos, constituição de grupos,

condição de desenvolvimento de cada aluno, usar adaptações que facilitem a

atuação e o sucesso do profissional em atingir seus objetivos.

Outra definição proposta por Manzini (2010) defendeu estratégia como

uma ação do professor que na maioria das vezes utiliza um recurso

pedagógico para alcançar um objetivo específico de ensino ou de avaliação do

aluno.

É importante entender que estratégia não se resume a passos a serem seguidos exatamente como planejados, em que o professor os determina e, por isso, não podem ser modificados após o seu planejamento. Pelo contrário, ela é flexível e passível de ser modificada, caso seja constatada pelo professor a sua não funcionalidade para o aluno (MANZINI, 2010, p. 15).

Em um aspecto educacional, é a estratégia que determina a realização

da atividade, devendo, portanto, ser uma prática pedagógica habitual do

cotidiano de qualquer profissional que atua na área da educação (SILVA,

2010).

O professor muitas vezes acaba limitando suas aulas, pelo fato de não

conseguir adaptar seu plano e ao mesmo tempo não conhece as capacidades,

limitações, as necessidades e cuidados básicos de atendimento e segurança a

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29

alunos com deficiência de forma a tornar exeqüível a sua intervenção

(SEABRA, 2008).

Nessa situação, o professor acaba por improvisar seu planejamento, o

que leva ao fracasso. Assim, torna-se necessário uma reflexão, por parte do

professor, para levá-lo a compreender a necessidade de estudo e preparação

de suas intervenções, de modo que ele consiga estabelecer, em suas aulas,

um ambiente menos restritivo e com um programa que considere um nível

adequado de exigência.

Assim, quando se trata do atendimento de pessoas autistas ou com

alguma síndrome, o entendimento e atendimento do professor devem estar

voltados a compreender o quanto e o como esse seu aluno compreende,

interpreta e se relaciona, respectivamente.

A pessoa autista, frente à privação da comunicação, para se relacionar e

interagir com o mundo estabelece possibilidades de respostas a partir da

utilização de outros sentidos. Portanto, é imprescindível que no processo de

ensino se estabeleça adaptação necessária para que seja possível ao aluno

desempenhar suas capacidades (SHERRIL, 1998).

Porém, podem-se avançar na discussão teórica, na tentativa de

encontrar mais elementos de natureza prático-teórica que possam vir à tona na

discussão do trabalho do professor de Educação Física, numa perspectiva do

ensino de qualidade para todos.

2.1 Comunicação suplementar e alternativa

A educação inclusiva aponta um contexto mundial com um movimento

que reivindica o direito de que a educação para crianças com deficiência ocorra

em espaços educacionais regulares, respeitando a cada necessidade do aluno

e acrescentando enriquecimento nas suas possibilidades de desenvolvimento e

aprendizagem (UNESCO, 1994).

Hoje a educação de crianças e adolescentes com deficiência é um

assunto que gera debate entre as escolas, pois envolve o espaço físico da

escola, seu sistema, a formação dos professores e os recursos metodológicos

e técnicos disponíveis para o processo de ensino e aprendizagem, oferecidos

para os alunos com deficiência respeitando suas as peculiaridades

apresentadas (SOUZA, 2000).

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30

Respeitar as diferenças, e tornar a aprendizagem significativa para cada

aluno, de acordo com suas necessidades e interesses, é necessário substituir a

lógica disciplinar pela indisciplinar, para que se consigam novos procedimentos

e se tornar flexível e criativo e buscar novos meios de aprendizagem para os

alunos.

Espera-se da educação inclusiva um respeito mútuo de todo contexto

escolar, englobando todos os alunos, professores, funcionários, famílias e

funcionários da saúde cooperando para um trabalho em equipe, onde implicam

mudanças pedagógicas, estruturas físicas, recursos e materiais e humanos

para a organização geral da escola (SAMESHIMA et al., 2009).

Pesquisas apontam que professores do ensino regular não possuem

capacitação adequada, e na maioria das vezes se deparam com dificuldades

para lidar com alunos com deficiência (MELLO, 1999; SOUZA, 2000). Devido a

falta de conhecimentos teóricos e práticos os professores encontram

dificuldades para planejar o plano pedagógico, adaptar recursos e estratégias,

para possibilitar maior entendimento, realização e participação do aluno com

deficiência nas atividades escolares (SAMESHIMA; RODRIGUES;

DELIBERATO, 2009).

Capovilla (2001) destaca que para minimizar essas dificuldades surge a

necessidade de capacitar esses profissionais, para que consiga identificar as

habilidades de seus alunos, com o objetivo de adequar as estratégias e

recursos e proporcionar uma interação efetiva, propor atividades com as

devidas adequações, visando sempre o melhor desempenho e saber avaliar

seus alunos com deficiência.

Dessa forma, este capítulo apresenta um embasamento teórico sobre a

importância da tecnologia assistiva e suas áreas como a comunicação

suplementar e alternativa, como ferramentas essenciais para o processo de

inclusão de alunos com deficiência.

Em um mundo em que a tecnologia esta cada vez mais presente no

cotidiano das pessoas, surge uma inovação tecnológica que está impactando a

população mundial. Uma vez que a tecnologia é inserida e dominada pelo

individuo, surge uma rápida resposta daquilo que procuramos, gerando uma

grande demanda de superação de desafios para o ser humano nessa realidade

(GALVÃO, 2007).

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31

A tecnologia era utilizada junto à população com deficiência com o intuito

de corrigir um comprometimento especifico já existente, prevenir futuros

déficits, propor soluções para a prevenção das deficiências. Hoje em dia a

proposta para o uso da tecnologia vem se expandindo devido ao

reconhecimento de diferentes fatores ambientais e sociais, que são essenciais

na área da saúde, interação social e maior funcionalidade do individuo com

deficiência no meio que está inserido. Esta compreensão mais abrangente

enfatiza a interação dinâmica entre o ambiente e o individuo, dando destaque

às diferentes possibilidades (MANZINI, 2005).

Diferentes meios tecnológicos podem favorecer a interação e

participação de pessoas com deficiências em distintos aspectos de sua rotina e

assim melhorar a autonomia, independência e qualidade de vida destes

indivíduos. Essas ajudas técnicas ou tecnologia assistiva envolvem o uso de

recursos e estratégias empregadas por diferentes serviços de áreas distintas

de formação para promover e ampliar as habilidades funcionais de pessoas

com deficiência.

A tecnologia assistiva é capaz de modificar a participação de pessoas

com deficiência nas diferentes situações da rotina em ambientes naturais,

como em contextos sociais, familiar, educacional e de trabalho.

O uso da tecnologia assistiva deve favorecer o desempenho funcional ou

na detenção das habilidades funcionais pré-adquiridas no maior nível possível,

bem como a aquisição de autonomia e/ou independência em diferentes

contextos de sua vida (FREEDMAN et al., 2006; ANSON, 2005; ROCHA,

2010).

Para compreender o processo de implementação da tecnologia assistiva

na escola é necessário refletir sobre qual a melhor indicação do recurso,

quando e como ele pode ampliar a funcionalidade da criança autista durante as

atividades e quais as tarefas desempenhadas no contexto escolar.

Atualmente, vários estudos foram explorados a respeito da capacitação

de profissionais para o uso da tecnologia assistiva nas escolas e nos diversos

ambientes (PELOSI, 2000).

As áreas que envolvem a tecnologia assistiva são: comunicação

suplementar e/ou alternativa, adaptações e acesso ao computador,

equipamentos de auxílio para déficits sensoriais, adaptações de postura,

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adaptações de jogos e atividades de brincadeiras nas diferentes situações

como na escola, casa e outros ambientes, possibilitando a inclusão social e

escolar.

O processo de aumento da utilização de recursos de tecnologia assistiva

na educação de alunos com necessidades especiais deve perpassar o

conteúdo de formação dos profissionais, tanto na formação para ensino comum

como especial. Assim, a necessidade de treinamento e formação dos

professores para o domínio e utilização dessa tecnologia no cotidiano escolar

com os alunos com deficiências (MANZINI, 2009).

O uso da tecnologia assistiva favorece o desempenho funcional ou na

detenção das habilidades funcionais pré-adquiridas no maior nível possível,

bem como a aquisição de autonomia e/ou independência em diferentes

contextos de sua vida (ANSON, 2005; ROCHA, 2010).

A linguagem representa um dos processos mais importantes do

desenvolvimento humano, pois ela não é apenas uma comunicação simbólica,

mas sim a identificação desta comunicação com o pensamento. A linguagem é

um instrumento do pensamento que dá a base a uma reorganização dos

processos psíquicos da criança e a possibilidade de formular, criar e inovar

livremente um sistema simbólico lingüístico (MANZINI; DELIBERATO,

1999;MUKHINA, 1996).

No processo do desenvolvimento da linguagem, a função simbólica da

consciência é um progresso importante para certas formas de pensamento

mais complexas. Para que a criança chegue a dominar essa função, ela

precisa assimilar as operações objetais e, posteriormente, separar a operação

do objeto. A utilização de um sistema de signos serve para

A comunicação entre humanos e permite ao homem resolver diversos

problemas sem necessidade de recorrer a ações com objetos reais ou suas

imagens (MUKHINA, 1996).

As interações sociais que a criança estabelece com as outras pessoas e

com o ambiente em que vive são fundamentais para ela se apropriar dos

objetos materiais e não-materiais da cultura humana, que são a linguagem, os

costumes, a ciência, os instrumentos, os objetos. A partir dessa apropriação, a

criança poderá formar a consciência, a inteligência, a personalidade, as

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33

funções psíquicas superiores, ou seja, promover o seu desenvolvimento

(MELLO, 1999; VIGOTSKI, 2010).

Primeiramente, é preciso pensar na entrada dos estímulos; a criança

precisa compreender e se apropriar dos elementos constitutivos da linguagem,

para somente mais tarde, em um processo lento, conseguir se expressar, se

objetivar. O uso de todos os códigos alternativos depende da organização

linguística da criança, portanto, primeiramente é necessário favorecer a

organização do pensamento e a motivação para se comunicarem.

Reciprocidade e intencionalidade são pré-requisitos importantes para a

linguagem e, mais especificamente, para a comunicação (GAVA, 1999).

Para a obtenção da competência comunicativa e para garantir o seu

sucesso, a interação do conhecimento e habilidades entre os quatros domínios

- linguístico, operacional, social e estratégico - são necessários (LIGHT, 2003).

Apesar dessas considerações, algumas crianças com deficiência não

desenvolvem a compreensão e uso da linguagem de maneira típica e não

utilizam a fala como meio de expressão. Crianças com deficiência física ou

sensorial perceptiva associada com as necessidades complexas de

comunicação, por exemplo, podem ouvir as palavras, mas ter meios limitados

para testar hipóteses sobre o significado dessas palavras, devido ao acesso

restrito ao ambiente pela sua condição motora (LIGHT, 2003).

Desta forma, crianças com perturbações de linguagem e de

comunicação correm o risco de serem excluídas do processo de ensino natural

que normalmente ocorre em qualquer ambiente social e de ter menos

oportunidades para vivenciarem situações de aprendizagem (VON

TETZCHNER, 2009; VON TETZCHNER; MARTINSEN, 2000).

Os recursos de comunicação suplementar e alternativa podem

contemplar as questões comunicativas das crianças com deficiência, mas

também serem facilitadores no processo da aprendizagem significativa e

propiciar caminhos para a aquisição da leitura e escrita (DELIBERATO, 2009;

SAMESHIMA, 2011).

A comunicação suplementar e alternativa (CSA) pode ser utilizada nas

escolas com o propósito de amenizar os prejuízos dos alunos com deficiência,

para se comunicar, interagir e auxiliar o professor e aluno na realização das

atividades pedagógicas (DELIBERATO, 2007, 2008, 2009). É uma área da

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34

tecnologia assistiva definida pela American Speech-Language-Hearing

Association – ASHA (1989):

Uma área de prática clínica que procura compensar, de modo temporário ou permanente, padrões de incapacidade ou de perturbação exibidos por pessoas com severos distúrbios de comunicação expressiva, da fala ou da escrita. Seu objetivo primário é facilitar a participação das pessoas nos vários contextos comunicativos. Tais contextos dependem das circunstâncias em que a pessoa vive, bem como do tipo e grau de distúrbio de comunicação que ela apresenta. (AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION, 1989, p.07).

Os recursos e serviços da área da tecnologia assistiva são um direito

adquirido pelo cidadão, amparado pela lei, no Art.61 do Decreto 5296, de

dezembro de 2004, que garante: “Produtos, instrumentos, equipamentos ou

tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a

funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida,

favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida”.

A CSA é uma área que tem por objetivo, de substituir e desenvolver as

habilidades de comunicação permanente ou temporária para a pessoa com

deficiência. Engloba várias técnicas, métodos e procedimentos cuja finalidade é

permitir o acesso comunicativo alternativo para pessoas que tem algum tipo de

comprometimento físico, mental e neurológico (MANZINI, 2001).

A comunicação alternativa inclui o uso de gestos manuais, expressões

faciais e corporais, símbolos gráficos, como fotografias, desenhos, figuras e

alfabeto, assim como computadores, vocalizadores de voz digitalizada ou

sintetizada, como meios de efetuar a comunicação face a face de indivíduos

incapazes de usar a linguagem oral (GLENNEN, 1997; NUNES, 2003).

Didaticamente, a comunicação alternativa pode ser classificada em:

apoiada ou com ajuda, a qual engloba todas as formas de comunicação em

que a expressão linguística esteja na forma física fora do corpo do indivíduo,

por exemplo: fotografias, desenhos, cartas, sistemas de símbolos pictográficos,

objetos, miniaturas; e não-apoiada ou sem ajuda, a qual abrange as

expressões próprias da pessoa, como os sinais manuais, gestos, expressões

faciais, código Morse, piscar de olhos com um significado (GONÇALVES;

CAPOVILLA; MACEDO, 1998; MANZINI, 2001).

Além disso, pode ser classificada em comunicação dependente ou

independente. Na comunicação dependente o indivíduo que se comunica, por

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35

meio de letras, palavras, ou sinais gráficos e manuais, depende de alguém

para sintetizar ou interpretar o que é comunicado. Já na comunicação

independente, as expressões emitidas, por meio da fala ou meios alternativos

cuja mensagem está escrita por meio de símbolos pictográficos ou por letras e

palavras impressas, são totalmente produzidas pelos usuários (GONÇALVES;

CAPOVILLA; MACEDO, 1998).

Na área da comunicação suplementar e alternativa, os símbolos são as

representações visuais, auditivas ou táteis de um conceito, já os recursos são

os objetos ou equipamentos utilizados para transmitir as mensagens, como as

pranchas de comunicação, o computador, os comunicadores (PELOSI, 2009).

Os símbolos pictográficos são desenhos lineares mais simples e neutros

do que as imagens; os objetos reais são símbolos idênticos ou similares aos

que representam; os objetos parciais são objetos que representam uma

atividade, como um cd para representar uma atividade com música; e as

miniaturas são símbolos similares ao que representam em tamanho menor,

cujos objetos podem ser manipulados por pessoas com deficiência visual ou

déficit intelectual (PELOSI, 2009).

As pranchas de comunicação são ajudas técnicas simples utilizadas

para se colocar os símbolos gráficos, fotos, letras do alfabeto, figuras, objetos e

miniaturas. Elas podem ser de madeira, acrílico, papel ou plástico e podem ser

confeccionados em pastas tipo catálogos, álbuns, livros de tamanho reduzido.

As pranchas são personalizadas considerando-se as possibilidades cognitivas,

visuais e motoras de seu usuário (PELOSI, 2009).

Na literatura a respeito da comunicação suplementar e alternativa tem

apontado uma serie de sistemas de comunicação para pessoas com

deficiência sem linguagem falada. O primeiro sistema criado foi o Bliss

(HEHNER,1980), posteriormente outros sistemas foram sendo desenvolvidos,

por meio de símbolos gráficos, como o Pictogram-Ideogram Communication-

PIC (MAHARAJ, 1980), Rebus (CLARK, 1984), Picture Communication

Symbols-PCS (JOHNSON, 1992) e Picture Exchange Communication System-

PECS (FROST; BONDY, 1996), todos desenvolvidos para dar suporte aos

indivíduos que não usam a fala como expressão e linguagem.

A área da CSA não é apenas um instrumento de desenvolvimento da

linguagem, mas também é usada como recurso mediador para as adequações

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das atividades pedagógicas com alunos com deficiência com intuito de oferecer

oportunidades de interagir com a leitura e a escrita (MANZINI; DELIBERATO,

2004).

O trabalho feito com a comunicação alternativa é uma possibilidade de

melhoria na qualidade de vida das pessoas que apresentam alguns transtornos

temporários ou permanentes de comunicação, possibilitando a inclusão dos

alunos com deficiência, ela nos permite que através das atividades adaptadas

possamos minimizar os prejuízos sensoriais e perceptuais, deficiência física e

intelectual, dificuldades na comunicação e linguagem.

Outro fator importante que é possível perceber depois da avaliação do

uso da CSA é o acesso ao ambiente escolar e às variadas atividades propostas

pelo currículo, reduzindo dessa forma os fatores da exclusão (SAMESHIMA et

al., 2009).

O uso de sistemas de comunicação alternativa por meio de recursos de

baixa tecnologia é uma das oportunidades que ela nos oferece, confecção de

figuras, pranchas, cartões. O material escolhido é adaptado pelo sistema

Picture Communication Symbols (PCS), que possui cartões de comunicação.

Os sistemas de CSA de baixo custo facilitam o processo de ensino e

aprendizagem e a aquisição de novas habilidades, além de possibilitar um

vínculo comunicativo entre o aluno com deficiência e seus respectivos

interlocutores.

Nas adaptações realizadas pelo uso da tecnologia assistiva, utiliza-se

gestos, expressões faciais, objetos concretos, miniaturas e o sistema de

símbolos Picture Communication Symbols (PCS). A escolha desses sistemas

de comunicação suplementar e alternativa se deu pela idade cronológica,

características e o momento do desenvolvimento dos alunos. Para

complementar e dar um suporte a mais na comunicação usa-se também

miniaturas que são utilizadas por ser uma alternativa viável para a

representação de animais.

A configuração do PCS é formada, basicamente, por símbolos que

indicam substantivos, pronomes, verbos, adjetivos e inclui também o alfabeto e

números. A palavra escrita pode acompanhar ou não os pictogramas. O nível

de iconicidade, ou seja, de transparência entre o símbolo e o que este

representa é alta em relação a outros instrumentos de comunicação

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suplementar e alternativa, sendo por isso indicado para crianças

(JOHNSON,1992).

Aprender a utilizar os sistemas de comunicação suplementar e

alternativa que apresentam alta iconicidade requer menor tempo, pois não

exigem memorização para associar o símbolo ao significado dado

anteriormente (SOUZA, 2003).

Durante o uso do sistema, os objetos concretos, as miniaturas e as

figuras do PCS são organizadas em pranchas de comunicação não eletrônicas.

Assim, são utilizadas pranchas frasais e pranchas temáticas com estímulos

removíveis (MANZINI; DELIBERATO, 2006; SAMESHIMA, 2011).

De acordo com a literatura, a prancha de comunicação deve ser disposta

de modo que os sinais possam ser indicados pela pessoa que está utilizando-a

e de modo que os parceiros de comunicação possam visualizar esses sinais.

Os sinais que compõem a prancha podem ser acessados por meio de um

procedimento de exploração dependente ou podem ser indicados com a mão,

com os olhos, por meio do apontar com o dedo ou mesmo com o ato de pegar

(MANZINI; DELIBERATO, 2006; SORO-CAMATS, 2003).

Por meio da escolha dos sistemas alternativos os profissionais baseiam-

se nas características motoras, cognitivas e perceptivas do indivíduo, nas

ações concretizadas no ambiente escolar, como, por exemplo: elaboração de

pranchas de comunicação, uso do computador, softwares, programa de síntese

de voz, mouses adaptados, adaptações para teclado, uso de letras

emborrachadas, adaptações de atividades pedagógicas e curriculares.

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38

CAPÍTULO III

A PESQUISA

3 ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES

Com a realização de uma sondagem com o coordenador e os

estagiários de Educação Física foi possível abordar e identificar todas as

dificuldades apresentadas pelo aluno.

Assim foi aplicado um programa de intervenção, com recursos e

estratégias adaptados as suas dificuldades, para um melhor desenvolvimento

da comunicação e interação.

Dentro deste contexto, um olhar especial é salientado para a adaptação

de recursos e estratégias adequadas às necessidades motoras, cognitivas,

perceptivas, sensoriais e linguísticas de alunos com deficiência, incluídos nas

escolas regulares de ensino. Estudos na área pontuam que a inserção desses

recursos e estratégias facilitam o processo de ensino aprendizagem, além de

ser um instrumento que propicia o desenvolvimento de habilidades cognitivas,

além de possibilitar o uso de diferentes estratégias de ensino para o professor.

(ARAÚJO; MANZINI, 2001; ROCHA, 2010)

3.1 Procedimentos Iniciais

Após a seleção do aluno a ser observado, foi solicitado junto à escola a

ser trabalhada a autorização para a pesquisa.

Posteriormente foi solicitada a presença dos pais do aluno a fim de

esclarecer sobre o estudo e os objetivos da pesquisa, assim preencher o termo

de consentimento.

3.2 Descrição do participante

A partir dos critérios de inclusão estabelecidos foram selecionados dois

alunos do sexo masculino, com idades entre 09 e 10 anos, com diagnóstico de

autismo, incluídos no 1º ano da rede municipal de ensino, que freqüentam a

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sala de recurso com os atendimentos de AEE, fonoaudiólogia e Educação

Física. Os critérios de seleção dos sujeitos foram:

- Apresentar diagnóstico de autismo;

- Estar matriculado no ensino fundamental na rede municipal de Lins;

- Ser usuário de sistemas alternativos e suplementares de comunicação.

Participaram também dez estagiários de educação física, de uma

universidade no interior de São Paulo.

3.3 Local de observação e pesquisa

Esta pesquisa foi realizada no Atendimento Educacional Especializado

(AEE) de uma cidade no interior de São Paulo, com o objetivo principal

aprimorar e garantir o processo de inclusão escolar dos alunos com deficiência

e/ou necessidades educacionais especiais, matriculado no município

oferecendo atendimento educacional especializado, dando suporte e apoio às

unidades escolares e às famílias.

Criado em 2010 pela secretaria municipal de educação, oferece

atendimento nas áreas de Pedagogia (sala de recurso), fonoaudiologia,

fisioterapia, terapia educacional, psicologia, musicoterapia e atividades físicas,

para alunos com deficiência física, intelectual, visual, auditiva, múltipla, autismo

e altas habilidades.

Também foram feitas observações no Laboratório de Educação Física

em uma universidade no interior de São Paulo onde acontecem os

atendimentos.

3.4 Período de realização da pesquisa

As atividades vinculadas à coleta de dados ocorreram no período de

maio a julho de 2013.

3.5 Materiais utilizados na pesquisa

Foram utilizados os seguintes materiais e equipamentos:

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40

- gravador digital, filmadora, computador, impressora, máquina fotográfica,

caderno de registro;

- Software Boardmaker; figuras do sistema PCS.

- Pranchas de comunicação alternativa;

- materiais pedagógicos, brinquedos, miniaturas e objetos concretos, livros

infantis e livros adaptados por meio dos recursos de comunicação suplementar

e alternativa;

- Painéis de eucatex e cavaletes.

3.6 Instrumentos de pesquisa

O instrumento de pesquisa utilizado foi à técnica de vídeo. Para esse

propósito, a filmadora ficou na mão da pesquisadora, que se posicionou do

lado de fora da piscina, a uma distância de aproximadamente um metro. A

filmagem foi realizada de forma ininterrupta, o que possibilitou a coleta de

informações durante toda a realização das atividades dentro da piscina.

A técnica de vídeo foi utilizada para garantir a preservação da situação

real a ser observada, além de propiciar a visualização do material repetidas

vezes. Isso facilita ao pesquisador escolher, entre os diferentes enfoques,

aquele que produzirá categorias apropriadas para contemplar seu objetivo

(DANNA; MATOS, 1999; KREPPNER, 2001).

Segundo Mauad (2004), por meio da filmagem, o pesquisador pode

reproduzir a fluência do processo pesquisado, sem introduzir qualquer

distorção, ver aspectos dos 38 vídeos produzidos para a coleta de dados.

3.7 Procedimentos para coletas de dados

O procedimento de coleta de dados, foi dividido em 5 etapas, descritas a

seguir:

3.8 Etapas

1ª Etapa: Observação das aulas na piscina

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Primeiramente foram realizadas observações semanais durante um mês,

nas aulas de educação física, acompanhando passo a passo desde a chegada

dos alunos ate sua entrada na piscina para a execução das atividades,

identificando as estratégias utilizadas nas atividades.

Nesta etapa foram discutidos aspectos como: a importância da

comunicação, entre o professor e o aluno; Como era o entendimento do aluno

autista; Que métodos e estratégias eles utilizavam para que houvesse a

realização das atividades; Quais as principais dificuldades diante a deficiência.

2ª Etapa: Estudo do plano de ensino do professor

Após a análise dos dados da etapa anterior, foram propostos encontros

quinzenais com o professor de educação física e seus 10 estagiários, para a

discussão de aspectos que foram elevados na 1ª etapa: as dificuldades

encontradas no processo de interação dos alunos com autismo durante as

aulas; A dificuldade de entender o conteúdo proposto; Que métodos e

estratégias eram utilizados para a execução das atividades; Suas dificuldades

e assim a necessidade de capacitação e adaptação do plano, por meio de

sistemas de CSA.

Para esta etapa, foi proposto para que o professor entregasse

mensalmente o plano de ensino, para que fosse estudado e adaptado pelas

pesquisadoras, levando em consideração as necessidades e habilidades

individuais de cada aluno com deficiência.

Os estagiários salientaram a importância da capacitação sobre os

recursos e estratégias de sistemas de comunicação suplementar e alternativa,

assim foram propostos capacitações para os estagiários.

Essas capacitações ocorreram no laboratório da universidade, uma vez

por semana e foi ministrada pela pesquisadora, com o apoio de vários

materiais, como figuras do sistema PCS, pastas e pranchas de comunicação

alternativa, livros adaptados, jogos e brinquedos adaptados e atividades

pedagógicas adaptadas, confeccionados no Laboratório de Tecnologia

Alternativa e de Comunicação Alternativa (TACA) do Nucleo de Apoio

Integrado ao Atendimento Educacional Especializado (N.A.I.A.E.E) foram

adotados para auxiliar na capacitação do professor e dos estagiários. As

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adaptações desses materiais contemplavam os aspectos linguísticos, visuais,

motores e cognitivos, como referenciados na literatura.

Outro foco da capacitação foi o olhar para as necessidades e

habilidades do aluno, em seus aspectos cognitivos, motor e de linguagem,

possibilitando as condições necessárias para sua competência e inclusão

(VON TETZCHNER; MARTINSEN, 2000; SORO CAMATS, 2003).

3ª Etapa: Adaptação do plano do professor

O plano de ensino do professor foi adaptado por meio de figuras do

sistema PCS, por meio do software Boardmaker (MAYERJOHNSON, 2004). As

figuras foram confeccionadas com o auxílio do software boardmaker. Todas as

atividades propostas no plano foram organizadas em um painel, obedecendo a

uma sequência temporal, conforme figura a seguir:

Figura 1: Adaptação da música cavoca, utilizada pelos estagiários

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

Além do plano adaptado, fixado no painel, foram confeccionadas

pranchas temáticas e figuras chave para auxiliar na realização das atividades,

como por exemplo: figuras de bater as pernas, mergulhar, respirar, nadar até a

borda, nadar de costas, nadar cachorrinho, boiar, pegar as boias, como ilustra

a figura 2:

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43

Figura 2: Pranchas temáticas

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

Tanto o painel como as figuras representando as atividades a serem

realizadas, auxiliaram no entendimento das tarefas, assim como na sua

execução, tendo em vista a dificuldade de comunicação de alunos com

autismo.

A importância do uso do recurso da comunicação suplementar e

alternativa vem contribuir não só como facilitador dos processos de aquisição e

desenvolvimento da linguagem, mas vem como mediador nas adequações das

diversas atividades pedagógicas, envolvendo vários contextos para os alunos

com deficiência (DELIBERATO et al, 2007).

Os recursos alternativos e suplementares de comunicação vêm

contribuir para inclusão dos alunos, inserindo um método de comunicação

entre o professor-aluno.

4ª Etapa: Sugestão de estratégias de ensino

O plano de ensino foi adaptado pelas pesquisadoras junto com os 10

estagiários de educação física. Após a adaptação foram discutidas junto com o

professor e os estagiários quais as estratégias seriam necessárias para o

desenvolvimento de cada atividade, levando em consideração os aspectos

motores, cognitivos, linguísticos e de interação dos alunos selecionados.

Foram realizados novos encontros para explicar aos estagiários como

seria o trabalho por meio das pranchas de CSA. Houve momentos de estudo

sobre o autismo, quais eram suas síndromes, seu diagnostico, qual a melhor

forma de inserção do recurso. Durante esses encontros encontramos muitas

duvidas, mas a principal era a diferença entre estratégia e recurso.

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Na atividade física adaptada, considera-se, quando necessárias,

adaptações e ou adequações de estratégias e recursos pedagógicos para o

aprendizado ou desempenho de uma habilidade motora, assim, partindo dessa

questão houve uma capacitação sobre o que seriam estratégia e recurso

adaptado.

Segundo Seabra (2008), estratégias de ensino é toda ferramenta que

exige a compreensão dos requisitos necessários para preparar e aplicar tarefas

motoras frente as necessidades e capacidades de cada aluno ou clientela a

questão. Já o recurso adaptado é entendido como materiais ou implementos

utilizados para execução, como objetos que auxiliam nas tarefas motoras,

ensino e treinamento.

Nessa 4ª etapa, foram utilizados quatro instrumentos de coleta:

observação, registro contínuo, gravação em áudio e aplicação do protocolo.

Foram identificadas as habilidades e necessidades do aluno, com relação aos

aspectos comunicativos e interativos, dentro e fora dos atendimentos, assim

como as habilidades e dificuldades durante a realização das atividades

desenvolvidas no ambiente escolar.

As adaptações em CSA foram inseridas durante os atendimentos,

juntamente com a pesquisadora e a orientadora, utilizamos além das pranchas

alternativas objetos concretos para auxiliar na comunicação do estagiário com

o aluno, as atividades foram filmadas para posterior análise.

Figura 3 : Adaptação do plano de aula.

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

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Figura 4: Adaptações das atividades.

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

Figura 5: Aluno e estagiaria utilizando as adaptações.

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

Figura 6: Estagiário utilizando as adaptações das musicas.

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

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Figura 7: Os alunos utilizando os recursos

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

5ª Análise das filmagens

Inicialmente as filmagens foram assistidas e transcritas na íntegra, para

a seleção das unidades de análise significativas para o estudo. Foram

separadas por categorias atingidas pelos estagiários, sendo essas categorias:

Estratégias e CSA.

Para auxiliar na análise, foi estabelecido um sistema de categorias

baseados em Bardin (2004).

Bardin (2004) definiu a análise de conteúdo como um conjunto de

técnicas de análise das comunicações visando a obter, por procedimentos

sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores

que possibilitem a inferência de conhecimentos relativos às condições de

produção e recepção das mensagens.

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CAPÍTULO IV

RESULTADOS

4 ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PELOS ESTAGIÁRIOS

Para a análise dos dados as filmagens foram assistidas e transcritas na

íntegra.

Por meio dos dados observados nas filmagens, foi possível identificar

as estratégias utilizadas pelos estagiários de educação física, antes da

inserção dos sistemas de CSA. Os dados foram organizados por meio de um

sistema de categorias, conforme quadro 2.

Estratégias utilizadas

Na piscina

Uso de músicas

Bóias e espaguetes

Brinquedos

Auxílios Total

Parcial

Na recreação Fotos dos alunos

Imagens de revistas

Auxílios Total

Parcial

Na ginástica

Objetos

Aparelhos de ginástica

Auxílios Total

Parcial

Quadro 2: Estratégias utilizadas pelos estagiários de Educação física

Conforme ilustra o quadro 2, nas aulas realizadas na piscina os

estagiários utilizavam músicas infantis como “Dona aranha”, “Jacaré”, Música

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do Pulo”, “Pipoquinha” e “Leão”. As músicas eram encenadas antes de

entrarem na piscina, e os estagiários faziam a relação dos movimentos

corporais demonstrados nas músicas, para a finalidade de execução de

exercícios na piscina, como mostra os exemplos 1 e 2.

Exemplo 1- Trecho da música “Dona aranha”: A Dona aranha subiu pela

parede.

Neste trecho da música, os alunos entravam na piscina, seguravam na

borda e percorriam toda a extensão da piscina.

Exemplo 2- Trecho da “Música do pulo”: Bate as mãozinhas, bate o pezão,

manda um beijinho e dá um mergulhão.

Neste trecho da música, os alunos batem as mãos e pés na água,

depois dão um mergulho.

Exemplo 3 – Trecho da música “Cavoca”: Cavoca, cavoca pra achar uma

minhoca.

Neste trecho os alunos fazem os movimentos junto com os estagiários

seguindo as pranchas, como mostra a figura.

Foto 8: Música da cavova.

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

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49

Além das músicas, foram utilizados brinquedos, boias e auxílio total e

parcial para a realização das atividades propostas.

Para as aulas de Recreação, os estagiários utilizavam as fotos dos

próprios alunos realizando a atividade, ou o auxílio de imagens retiradas de

revistas para demonstrar a ação de cada atividade a ser realizada. Para as

aulas de ginástica, foram utilizados objetos com corda, bastões, bolas,

colchonetes, aparelhos específicos e auxílio total e parcial para as atividades,

conforme figura 9 e 10:

Foto 9: Estratégias utilizadas pelos estagiários.

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

Foto 10: Estratégias utilizadas pelos estagiários na ginástica.

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

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A partir das primeiras filmagens dos atendimentos de educação física,

sem o uso de recursos de CSA, pode-se identificar que as principais

estratégias utilizadas pelos estagiários eram espaguetes e bóias, conforme

trecho da transcrição abaixo:

Trecho 3 : Um estagiário coordena a aula, ele está dentro da piscina e

utiliza espaguetes e bóias para realizar os movimentos, enquanto isso os

alunos acompanham seus movimentos, utilizando espaguetes e bóias.

Figura 11: Recursos utilizados pelos estagiários.

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

Outra estratégia utilizada pelos estagiários foram os gestos e fala como

mostra o trecho 4, a seguir:

Trecho 4: O estagiário se posiciona fora da piscina e coordena os

movimentos a serem seguidos e repetidos pelos alunos, como demonstra a

figura 12:

Figura 12: Execução dos movimentos.

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

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51

Ainda por meio da análise das filmagens e observação, foi possível

identificar a necessidade de capacitação dos estagiários de educação física,

com relação aos recursos e procedimentos da tecnologia assistiva,

principalmente o uso dos sistemas de comunicação alternativa como facilitador

dos processos interacionais e comunicativos dos alunos com autismo.

Neste sentido, foram estabelecidos encontros quinzenais, com duração

de 2 horas, por um período de dois meses, para a capacitação dos estagiários

sobre os conteúdos descritos a seguir:

- Definições de deficiência e autismo;

- Estratégias de interação, comunicação e comportamento para o aluno

com autismo;

- Sistemas de comunicação suplementar e alternativa de baixa e alta

tecnologia;

- Capacitação no uso do software boardmaker e Invento 2;

- Confecção de figuras, pranchas e pastas de comunicação suplementar

e alternativa (CSA);

- Adaptação de atividades e músicas por meio dos sistemas de CSA;

- Discussões teóricas e atividades práticas sobre educação física

adaptada.

Após os dois meses de capacitação, os estagiários puderam aprimorar

os conhecimentos adquiridos e utilizá-los nos planos de ensino e nas aulas

práticas. Para facilitar o trabalho, os estagiários receberam também

orientações e capacitação na área de psicologia, com intuito de lidar com os

comprometimentos de interação e contextos sociais dos alunos autistas.

4.1 Comunicação Suplementar e alternativa (CSA)

Para a inserção dos sistemas de comunicação alternativa nas aulas de

educação física, foi necessário discutir os planos mensais de cada área de

atuação (piscina, ginástica e recreação) para adequar os conteúdos propostos

no plano de ensino para a adaptação em comunicação alternativa. Neste

contexto, foram realizadas reuniões sistemáticas com o coordenador do curso,

juntamente com os estagiários, para levantar a necessidade de materiais,

procedimentos e novas estratégias para inserir os alunos com autismo nas

atividades.

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Foram adaptadas com o auxílio do software boardmaker oito músicas

para as aulas na piscina. As músicas adaptadas foram: Pipoquinha, Jacaré,

Cavoca, Dona aranha, Música do pulo, Leão, Gelatina e Tchau. Além das

músicas, foram confeccionados cartões de comunicação alternativa, com a

representação dos exercícios realizados nas atividades, como por exemplo:

bater as mãos, bater os pés, pular na piscina, pegar a boia, nadar até o outro

lado, mergulhar, boiar, nadar de costas, nado cachorrinho, nado crawl, etc.

As músicas e as figuras foram confeccionadas em tamanho 10 cm x cm,

impressas em papel A4, coloridas e plastificadas. Para uso nas atividades da

piscina, foram dispostas em um painel posicionado a frente da piscina, e a

cada atividade desenvolvida as figuras eram trocadas e utilizadas pelos

estagiários e alunos. O mesmo procedimento foi realizado nas áreas de

recreação e ginástica.

O uso da CSA durante os atendimentos de educação física alcançou o

resultado esperado, a partir das filmagens pode-se observar o auto

desempenho dos estagiários e a resposta dos alunos.

Os recursos foram inseridos em todos os atendimentos que o aluno

freqüentava, na escola e em sua casa nas atividades de vida diária. Foi criada

uma rotina para ser seguida durante a realização de todas as atividades, o

aluno apresentou melhora em seu desempenho e sua comunicação aumentou

durante a execução das atividades e exercícios, como mostra o trecho 5,

mostrado a seguir:

Trecho 5: O aluno sorri quando completa a atividade e faz o gesto de

“toque” com a estagiaria, também emite sons e gritos para mostrar que esta

satisfeito. Essa ação pode ser observada na figura 13:

Figura 13: Aluno emite sons de satisfação após realizar atividade.

Fonte: Fotografada pelas pesquisadoras, 2013.

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Figura 14: Aluno realizando a atividade.

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013

Figura 15: Execução da atividade.

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

Os recursos de CSA foram inseridos nos atendimentos com todos os alunos,

deixou de ser utilizado apenas pelo aluno autista e passou a ser estratégia de

ensino com todos os alunos, se tornando rotina durante os atendimentos.

Figura 16: Utilização das adaptações para todos os alunos.

Fonte: Fotografado pelas pesquisadoras, 2013.

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CONCLUSÃO

As atividades desenvolvidas nesta pesquisa proporcionaram aos

estagiários de Educação física, o contato diário com os alunos autistas, assim

como, puderam perceber a necessidade e importância de conhecer novas

metodologias, técnicas e recursos para atender a diversidade das deficiências,

entre elas: deficiência física, intelectual, visual, auditiva, múltipla e transtornos

globais do desenvolvimento (TGD) englobando o autismo, aspeger e síndrome

de rett.

Dentre todas as demandas e individualidades de cada deficiência, a

mais angustiante e de difícil acesso na realização das atividades, conforme

relato dos estagiários são aquelas com comprometimentos graves no processo

de comunicação, interação e contato social identificados no grupo dos alunos

com TGD, principalmente o autismo.

Dentro deste contexto, a necessidade de adaptação das atividades foi

necessária, após o plano adaptado e inserido durante os atendimentos houve

uma mudança pontual nos índices de comunicação e interação dos alunos

especialmente do aluno analisado. O trabalho em equipe teve maior

rendimento, o plano de aula foi adaptado seguindo uma sequência temporal

das atividades, mostrando sequência e planejamento antes de ser adaptado.

Os estagiários e profissionais salientaram a necessidade de capacitação

para a execução das atividades, a importância do uso dos sistemas de CSA,

nos atendimentos, para ampliar as habilidades comunicativas dos alunos com

deficiência.

Dentro da pesquisa, ressalta-se que com a Comunicação Suplementar e

Alternativa apresentam resultados positivos, dessa forma o uso dos sistemas

de CSA nas aulas de educação física, se fazem necessárias para que auxiliem

o professor e aluno nas atividades a serem realizadas neste contexto, além de

permitir o acesso e a compreensão das tarefas solicitadas, já que a área da

comunicação alternativa tem por finalidade substituir e/ou desenvolver

habilidades de comunicação de maneira permanente ou temporária,

englobando, por extensão, todas as técnicas, métodos e procedimentos cuja

finalidade é permitir o acesso comunicativo alternativo para pessoas que não

possam realizá-las da forma natural, devido a algum impedimento físico, mental

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ou neurológico (THIERS, 1995; ALMIRALL, 2001; VON TETZCNHER, 2000;

MANZINI, 2001; DRAGER et al., 2003).

Os resultados desta pesquisa reforçam a ideia de que o trabalho com

comunicação suplementar e alternativa deve ser feito em equipe, baseado na

cooperação e participação de todas as pessoas envolvidas no processo

educacional (CAPELLINI, 2005; ZANATA, 2005; DELIBERATO, 2009;

SAMESHIMA; RODRIGUES; DELIBERATO, 2009; SAMESHIMA et al., 2009).

O trabalho do pedagogo junto ao educador físico caminha na direção de

construir, em parceria, práticas mais significativas de ensino e aprendizagem,

porém, ainda são poucos e escassos os profissionais que auxiliam na formação

de educadores.

Os resultados encontrados nesta pesquisa permitem estabelecer

procedimentos que viabilizaram que os estagiários prossigam com o trabalho

iniciado pela pesquisadora, adaptando o plano de aula e dando continuidade

com trabalho multidisciplinar.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

PROTOCOLO DE FILMAGEM

Protocolo de Filmagem

Nome do Aluno

Data

Tempo de Filmagem

Materiais e recursos

utilizados

Aspectos Observados

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APÊNDICE B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Estamos realizando uma pesquisa para nosso TCC, na Faculdade

UNISALESIANO de Lins 6º semestre de Pedagogia, sobre Sistemas de

Comunicação Suplementar e Alternativa nas Aulas de Educação Física.

Gostaríamos de saber se seu filho (a) poderá participar desta pesquisa. O

objetivo da mesma é inserir recursos da comunicação alternativa nas

atividades aquáticas de alunos com autismo.

Caso aceite participar deste projeto de pesquisa, serão realizadas

adaptações das atividades executadas nas aulas de educação física, e como

forma de registro, serão utilizadas filmagens dos alunos durante as

brincadeiras, para posterior análise.

Gostaria que soubessem que os resultados deste trabalho, poderão ser

apresentados em congressos, com o uso de imagens com a não identificação

dos sujeitos.

Caso aceite participar, preencha os dados a seguir.

Eu, ___________________________portador do

RG__________________ responsável pelo (a)

participante__________________________________ autorizo a participar da

filmagem e uso de imagem a ser realizado na Escola de Educação Infantil Dom

Bosco. Declaro ter recebido as devidas explicações sobre a referida pesquisa e

concordo que minha desistência poderá ocorrer em qualquer momento sem

que ocorram quaisquer prejuízos físicos, mentais ou no acompanhamento

deste serviço. Declaro ainda estar ciente de que a participação é voluntária e

que fui devidamente esclarecido (a) quanto aos objetivos e procedimentos

desta pesquisa.

Nome da criança: _______________________________________________

Data: _______________________

Certo de poder contar com sua autorização, coloco-me à disposição

para esclarecimentos, através dos telefones (14) 997538174 ou (14)

997748451, falar com Priscila Andrade ou Nathália Penaquio Carvalho (14)

9132-0084 falar com Fabiana Sayuri Sameshima, orientadora responsável pelo

TCC.

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Autorizo,

Data: ___/____/___

__________________ ________________

Nome do Responsável Nome da Criança