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Sistemas de Informação Geográfica e Acção Social

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Texto de LUÍS CONCEIÇÃO* e JOÃO FERNANDES**

A importância do meio no seu potencial explicativo para os comportamentos do indivíduo, há muito é objecto de estudo

por parte das Ciências Sociais. As característi-cas de uma dada comunidade e as relações de identificação e apropriação que estabelece com o espaço que ocupa nas suas cambiantes físicas, político-administrativas, económicas e sociais, configuram a existência de territórios mais ou menos formalizados passíveis de representação geográfica.

A Acção Social, partindo da identificação das necessidades de indivíduos, famílias e comuni-dades necessita, de modo a produzir respostas eficientes e articuladas, de um conhecimento profundo acerca da distribuição e configuração dos seus territórios de intervenção preferencial. Ao seu dispor, os Sistemas de Informação Ge-ográfica, constituem potentes ferramentas de integração de variáveis de múltiplas proveniên-cias, que variam desde os aspectos mais quali-tativos e subjectivos da auto-percepção de uma comunidade, passando pelos próprios indicado-res de avaliação e monitorização de programas e medidas sociais, até aos indicadores globais e normalizados como são os fornecidos pelas cam-panhas de Recenseamento Geral da População (Censos).

Ao longo deste artigo reflectir-se-á acerca da natureza e evolução dos Sistemas de Informação Geográfica enquanto informação para a acção nas mais diversas áreas de aplicação (As aplica-ções tradicionais dos Sistemas de Informação Geográfica) e a sua relação com a Acção Social a diferentes níveis: no Apoio à Investigação Fun-damental; em todas as dimensões do apoio à intervenção, dimensão estratégica, dimensão táctica da gestão e planeamento operacional da intervenção e far-se-á ainda uma breve in-trodução aos sistemas de Informação Geográfica enquanto instrumento da intervenção propria-mente dita.

A importância do meio no seu potencial explicativo para os comportamentos do indivíduo, há muito é objecto de estudo por parte das Ciências Sociais. As características de uma dada comunidade e as relações de identificação e apropriação que estabelece com o espaço que ocupa nas suas cambiantes físicas, político-administrativas económicas e sociais, configuram a existência de territórios mais ou menos formalizados passíveis de representação geográfica

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Sistemas de Informação Geográfica e Acção Social

Investigação àIntervenção

Os Sistemas de Informação, sejam estes de que natureza forem, nascem com o objectivo de responder a questões concretas

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INFORMAÇÃO PARA A ACÇÃOOs Sistemas de Informação, sejam estes de que

natureza forem, nascem com o objectivo de res-ponder a questões concretas. Quando em 1849 o medico britânico John Snow defendeu, através da publicação de um pequeno panfleto intitula-do “On the Mode of Communication of Cholera” (Acerca do meio de propagação da Cólera), que a Cólera se propagava através da contaminação de comida ou água e não através da inalação de “vapores contaminados”, conforme era comum-mente aceite à época, não possuía qualquer ins-trumento válido para provar a sua teoria.

Em 1854, no auge de uma epidemia de cóle-ra, ocorreu-lhe assinalar num mapa os locais de ocorrência de óbitos relacionados com a cólera, bem como a localização dos pontos públicos de abastecimento de água, que à época serviam quase toda a população de Londres. Descobriu que numa dada localização, o número de óbitos aproximava-se dos 500 num período de dez dias e sugeriu às autoridades públicas que retirassem a alavanca que permitia a retirada de água naquele ponto. Como resultado a epidemia foi contida e John Snow ficou para sempre conhecido como um eminente epidemiologista e o precursor dos modernos Sistemas de Informação Geográfica (SIG).

AS APLICAÇÕES TRADICIONAIS DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

O actual conceito de “Sistema de Informação Geográfica” enquanto Sistema Computorizado de Integração, Armazenamento, Manipulação e Visualização de informação georreferencia-da encontrou a sua primeira aplicação massiva no projecto nacional canadiano de Cadastro

Florestal em 1963 e, durante várias décadas os Sistemas de Informação Geográfica encontra-ram o seu “território” de aplicação preferencial no Planeamento e Ordenamento do Território e Ambiente, até que a melhoria drástica das con-dições tecnológicas de base, nomeadamente ao nível da capacidade de processamento, ocorridas na década de 90 possibilitaram um alargamento extraordinário do âmbito temático de aplicação dos Sistemas de Informação Geográfica.

Em 2007 no seu artigo “Why Social Work needs Mapping”, Amy HILLIER, Professora na Universidade da Pensilvânia, escrevia o seguinte: “No decorrer da última década os SIG emergiram como ferramentas indispensáveis da prática e inves-tigação ao nível do planeamento urbano, Ciência Ambiental, Arquitectura Paisagista, Saúde Públi-ca, Arqueologia, Sociologia e Negócios. Contudo o Serviço Social tem sido mais lento do que outras áreas a adoptar os SIG”1.

As causas do atraso na introdução desta meto-dologia, quer na investigação, quer na prática do Serviço Social, variam em função de especifici-dades nacionais, como os critérios para aprova-ção de projectos com financiamento público na área social, a dimensão média das instituições de serviço social e das prioridades ao nível da polí-tica de Ensino. Apesar da sociologia urbana e do território produzir, desde há longa data, estudos que contemplam as dimensões da análise e da representação geográfica dos fenómenos sociais, em Portugal, os Planos de Estudos dos cursos de Licenciatura, quer em Serviço Social quer em Sociologia não contemplam, na generalidade, qualquer disciplina introdutória aos Sistemas de Informação Geográfica, ao invés do que aconte-ce relativamente ferramentas de análise estatísti-ca univariada e multivariada de dados alfanumé-ricos. A este facto não serão alheios os custos até agora desencorajadores ao nível do licenciamento de software, aquisição de hardware e contratação de recursos humanos especializados.

O crescente interesse pelo uso quotidiano de tecnologias de informação geográfica, dispo-níveis através da Internet, cujo exemplo mais paradigmático será o GoogleMaps, bem como

de tecnologias de recolha de dados e orientação geográfica, cujo exemplo paradigmático será o GPS2, estimulou a proliferação, quer da procu-ra, quer da oferta formativa, com uma redução de custos ao nível da componente Recursos Hu-manos. Paralelamente os SIG preparam-se para, em pouco mais de uma década, atravessar uma segunda mudança de paradigma com vantagens importantes para a sua competitividade no do-mínio dos sistemas de informação.

A utilização de ferramentas em ambiente desktop, com base em software e dados instala-dos em computadores pessoais, está a ser pro-gressivamente substituída por uma arquitectura Cliente-Servidor, em que toda a base de dados se encontra centralizada num ou mais servidores, sendo acedida em rede através de software desktop instalado nos diferentes computadores pessoais. Pese embora as suas vantagens relativamente ao modelo anterior, este sistema de trabalho encon-tra-se ainda assim associado a custos elevados de licenciamento em relação ao número de utiliza-dores directos da tecnologia. Assim sendo as en-tidades que visam a disseminação transversal da utilização de informação geográfica relativa à sua actividade com vista à rentabilização máxima do investimento já efectuado, optaram por adoptar um paradigma de “Produção” de ferramentas de informação geográfica.

Este paradigma de trabalho descentralizado orientado não para a produção de cartografia mas para disponibilização de ferramentas de análise e visualização de informação geográfica abriu a possibilidade de disponibilizar online (na intranet ou na internet) e de forma interactiva, a um número muito maior de utilizadores e sem um acréscimo significativo de custos, uma parte importante das funcionalidades até agora dispo-níveis apenas a um reduzido número de utiliza-dores em ambiente desktop.

Para as Universidades, e em particular aquelas onde existe o Curso de Serviço Social, abriu-se assim a oportunidade de rentabilizar o investi-

O actual conceito de “Sistema de Informação Geográfica” encontrou

a sua primeira aplicação massiva no projecto nacional canadiano de Cadastro Florestal em 1963

1. (Trad. Nossa) HILLIER, Amy; “Why Social Service Needs Mapping”; Journal of Social Work Education; Universidade da Pensilvânia, Vol. 43, Nº 2; Julho de 2007; pp. 205-221.2. Global Positioning System.

3. HILLIER, Amy; “Why Social Service Needs Mapping”; Journal of Social Work Education; Universidade da Pensilvânia, Vol. 43, Nº 2; Julho de 2007; pp. 205-221.4. Por “investigação fundamental” entende-se aquela que visa fazer progredir o conhecimento humano independentemente da sua apli-cação imediata.5. Entendida como “processo no qual os investigadores e os actores conjuntamente investigam sistematicamente um dado e põem questões com vista a solucionar um problema imediato vivido pelos actores e enriquecer o saber cognitivo, o saber-fazer e o saber-ser, num quadro ético mutuamente aceite”. Alcides Monteiro (1998), citado por GUERRA, Isabel; Fundamentos e processos de uma sociologia da acção; Cascais, Principia, 2000; p. 53.

Para além da estrita representação geográfica de dados previamente analisados, a produção de informação com metodologias apoiadas no software dos sistemas de informação geográfica permite, entre outros aspectos, proceder à identificação de clusters geográficos

mento já realizado em hardware e software, com-plementando o ensino de disciplinas de análise estatística, com uma disciplina introdutória aos Sistemas de Informação Geográfica, com custos comportáveis quer ao nível dos Recursos Huma-nos, quer ao nível do licenciamento de software.

OS SIG NA ACÇÃO SOCIAL Pese embora a utilização dos Sistemas de Infor-

mação Geográfica, enquanto tal, não possua uma longa tradição na área da Acção Social, a utiliza-ção de técnicas cartográficas em Trabalho Social tem uma longa e nobre tradição que remonta pelo menos aos finais do século XIX e aos trabalhos de Booth, Kelley ou Du Bois3. A sua utilização nasce da evidência de que quer indivíduos quer comunida-des são simultaneamente produtos e produtores do meio em que se inserem e que esse “meio” assume frequentemente fronteiras bem delimitadas no “es-paço”.

O conhecimento desses territórios, sejam eles delimitados por variáveis administrativas, eco-nómicas, urbanísticas ou sociológicas, permite direccionar a intervenção, gerir recursos e avaliar resultados. Enquanto instrumento, os Sistemas de Informação Geográfica têm apoiado quer a inves-tigação fundamental4, quer acima de tudo, a inves-tigação-acção5, constituindo-se como elemento de suporte à decisão, quer no âmbito do planeamento estratégico, quer no âmbito do planeamento opera-

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cional. O seu potencial didáctico, e o seu carácter visualmente apelativo, têm, contudo, em anos re-centes aberto uma nova perspectiva sobre os SIG, para além da investigação e do planeamento. Com efeito, já é comum a utilização de SIG enquanto instrumentos de intervenção directa em processos de desenvolvimento comunitário e empowerment6 das populações.

OS SIG NO APOIO À INVESTIGAÇÃO FUNDAMENTAL

Juntando-se ao uso tradicional dos Sistemas de Informação Geográfica na Investigação nas áreas da Saúde (por exemplo na epidemiologia), das Ciências da Terra (como na modelação de alterações climáticas) ou das Ciências Históri-cas (na Arqueologia), os Sistemas de Informação Geográfica têm igualmente um papel importan-te na resposta a questões fundamentais das Ci-ências Sociais. O carácter territorializado, passí-vel de agregação a diferentes escalas, dos dados recolhidos por meio dos Inquéritos de Recense-amento Geral da População e da Habitação, um pouco por todo o mundo permite o cruzamento de variáveis de natureza completamente distinta, com base num denominador mínimo comum: a localização.

Os exemplos de aplicação dos SIG na Investi-

gação Fundamental na área das Ciências Sociais são incontáveis, de entre os mais interessantes destaque para a modelação de comportamen-tos criminais7 (que tem auxiliado a captura de diversos autores de crimes em série), a identifi-cação de áreas de maior vulnerabilidade social com base em variáveis predictoras8, a modelação de fenómenos demográficos como a imigração ou o envelhecimento9 e socioeconómicos como o comportamento do mercado de trabalho10 ou do mercado imobiliário.

A tendência crescente para a adopção de uma perspectiva ecológica ou sistémica, necessaria-mente transdisciplinar, na investigação de fe-nómenos identificados originalmente na esfera das Ciências Sociais, poderá simultaneamente contribuir para a difusão e beneficiar da utili-zação dos SIG nesta área, contribuindo para a constituição de um corpo teórico enriquecido à disposição da Investigação Aplicada.

OS SIG NO APOIO AO PLANEAMENTO DA ACÇÃO SOCIAL

Uma das áreas de trabalho mais promissoras dos sistemas de informação geográfica na área da Acção Social é o tratamento geográfico das in-formações recolhidas desde o início da interven-ção, devidamente analisadas na sua relação com variáveis de contexto e associadas a dados pas-síveis de georreferenciação11 - moradas ou áreas geográficas delimitadas, como as unidades ter-ritoriais administrativas ou as construídas para efeitos do Recenceamento Geral da População, nos seus diferentes níveis de agregação.

Para além da estrita representação geográfica de dados previamente analisados, a produção de informação com metodologias apoiadas no software dos sistemas de informação geográfica permite, entre outros aspectos, proceder à iden-tificação de clusters geográficos. Esta análise pode ser feita quer com base na identificação de territórios similares quanto às mais diversas va-

6. Empowerment – Capacitação, no sentido de promover os recursos e competências de alguém ou de uma comunidade para o exercício de um maior controlo sobre a sua vida ou situação.7. CHAYNEY, Spencer e RATTCLIFFE, Jerry; “GIS & Crime Mapping”; Lavoisier; Paris, 2005.8. FREISHTLER, Bridget; “A spatial analysis of social disorganization, alcohol access, and rates of child maltreatment in neighborhoo-ds”; Children and Youth Services Review, Vol. 26, 2004; pp 803-819.9. FERREIRA, Frederico; “Evolução urbana e demográfica do envelhecimento em Belo Horizonte”;1999.10. BALLAS, Dimitris. e CLARKE, Graham.; “GIS and microsimulation for local labour market analysis”; Computers, Environment and Urban Systems, nº 24, School of Geography, University of Leeds, Leeds, 2004; pp. 305-330. 11. Definição da localização de um objecto através das suas coordenadas num dado sistema/matriz/grelha de coordenadas geográficas.

Procedendo num só “pacote”, segundo modelos previamente construídos, à análise simultâ-nea de informação demográfi-ca, social, económica e física, os SIG podem disponibilizar às organizações não apenas infor-mação e conhecimento sobre os cenários em que actuam ou onde, prospectivamente, pode-rão vir a actuar, mas sobretudo soluções alternativas de respos-ta a esses mesmos contextos. Por exemplo, os SIG podem apoiar o redesenho de áreas de intervenção de Equipamentos Sociais, em função da acessi-bilidade da população alvo e a sua relação espacial com outros equipamentos congéneres, ou a localização óptima de equipa-mentos, em função da sua ca-pacidade, da acessibilidade de e à população-alvo, a existência de edificado disponível ou o preço do solo.

Na produção de informação de apoio à decisão no domínio da Acção Social, os SIG podem concretizar a sua acção essen-cialmente a quatro níveis dis-tintos: a produção de informa-ção de apoio ao planeamento estratégico, no apoio à dimen-são táctica da gestão, no apoio ao planeamento operacional da intervenção e enquanto instru-

mentos de intervenção, propriamente ditos.

OS SIG NA PRODUÇÃO DE INFORMAÇÃO DE APOIO AO PLANEAMENTO ESTRATÉGICO

No primeiro nível, os SIG visam apoiar o planeamento estratégico das organizações com informação geográfica sobre a procura e oferta e as tendências da evolução destas: Quais as ca-racterísticas da procura actual e potencial, qual a relação entre uma e outra e qual a distribuição territorial da procura assim caracterizada? Qual a adequação da alocação territorial de recursos à distribuição da procura actual e potencial?

A procura de equipamentos e serviços para idososA representação geográfica da relação de proporção entre a procura de serviços e a população residente é uma informação fundamental para o apoio à decisão quanto ao desenvolvimento e localização de respostas adaptadas a essa procura.Na figura acima representa-se a proporção, no total da população idosa projectada para 2011, por freguesia de Lisboa, dos utentes que em 2009 apresentaram à SCML pedidos de apoio por respos-tas sociais destinadas à população idosa.É possível conhecer, assim, de que forma a dimensão da po-pulação idosa residente em cada freguesia afecta a procura de equipamentos e serviços destinados a esse segmento, de forma a melhor planear as respostas e a sua localização ge-ográfica.

Fonte Cartográfica: IGP, CAOP 2008; Fonte de dados: Aplicação de Indicadores do Atendimento social da SCML, Censos 2001 (INE) e Estudo de Caracterização do Envelhecimento na cidade de Lisboa (SCML 2006)

Percentagem na População Idosa Residente (2011) de Utentes com Pedido de Equipamentos e Serviços para Idosos (2009)

riáveis ou conjuntos de variáveis associadas (ter-ritórios com perfis idênticos quanto às variáveis em análise), quer através da identificação de uni-dades territoriais associadas entre si, com base em critérios como os da acessibilidade ou a con-tiguidade, de acordo com a respectiva densidade populacional, a densidade, a idade do edificado ou a altimetria ou a inexistência de obstáculos ou elementos físicos dificultadores da deslocação de viaturas e de pessoas, como barreiras arqui-tectónicas ou naturais, o declive do terreno ou a densidade do tráfego automóvel.

Uma dimensão ainda menos explorada dos sistemas de informação geográfica,

ao nível da Acção Social, é a produção de informação de apoio à intervenção directa, quer em situações pontuais,

quer para a actividade diária dos equipamentos que implicam a

deslocação de clientes e/ou de prestadores de serviços

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Como deverá evoluir a população-alvo em ter-mos de diferenciação de perfis relevantes para a identificação das respostas mais adequadas? Qual a distribuição ou redistribuição territorial expectável destes perfis ao fim de um determi-nado período?

O nível estratégico de gestão das organizações poderá assim dispor de informação que lhe permi-tirá planear a médio e longo prazo o tipo de res-postas a desenvolver e a alocação de recursos para assegurar a oferta planeada.

Frequentemente, para este nível de gestão, a in-formação abrange unidades territoriais mais latas, como grandes áreas urbanas diferenciadas com base na história do crescimento da cidade e nos principais zonamentos sociais e funcionais resul-tantes desse processo. Esta caracterização de áreas mais latas prende-se, por um lado, com as espe-cificidades da gestão estratégica das organizações, designadamente a definição de grandes objectivos a prazo e, por outro, com as limitações técnicas à prospectiva socio-demográfica para áreas geográfi-cas de pequena dimensão, relacionadas quer com a indisponibilidade de informação a essa escala, quer com o menor grau de certeza estatística na inferên-cia de tendências com base em pequenos números.

Um exemplo concreto de decisão estratégica apoiada em informação geográfica pode ser en-contrado no início da década de 90 no condado de South Dade, estado da Florida, nos Estados Unidos da América. Com o objectivo de apoiar a fundamentação de políticas públicas de Acção Social, através da implementação de uma estraté-gia de intervenção territorializada começou-se pela delimitação de fronteiras de bairro e comunidade utilizando ferramentas geográficas. A agregação destas áreas em 10 unidades territoriais maiores, configurou a gestão de fundos públicos, bem como a monitorização de programas e medidas, também apoiada em SIG, no que ficou conhecido como Life Zone Project12.

LOCALIZAÇÃO DAS POTENCIALIDADES DA CIDADEAs freguesias de Lisboa que apresentam maio-

res percentagens de diagnósticos com essa as-sociação de potencialidades são Castelo (30%), Pena (25%), Campolide e Carnide (ambas com 16 a 20%).

Na SCML, a investigação para apoio à tomada de decisão estratégica com recurso a instrumen-tos de produção de informação geográfica tem dados os primeiros passos no sentido de articular e de explorar articulação entre diferentes meto-dologias disciplinares para a análise de informa-ção proveniente de diversas fontes, tanto exter-nas, como o Instituto Nacional de Estatística e entidades governamentais, como as bases de da-dos da Instituição referentes à procura, aos uten-tes de equipamentos e serviços e às actividades, nos seus diferentes domínios de intervenção.

Na produção deste tipo de informação e co-nhecimento, cabe destacar a estreita colaboração entre geógrafos e sociólogos e a importância da articulação das competências próprias de cada uma das respectivas áreas disciplinares no de-senvolvimento de todo este trabalho.

Refira-se, a título de exemplo, dois estudos efectuados em 2008 e no 1º semestre de 2009.

No primeiro desses estudos fez-se uma análi-se do fenómeno do envelhecimento da cidade de Lisboa13, identificando prospectivamente as áreas da cidade onde esse fenómeno deverá ter maior repercussão e as características socio-demográficas expectáveis dessas áreas ao longo do período inter-censitário 2001-2011.

A PROCURA POR IMIGRANTES DO ATENDIMENTO SOCIAL DA SCML

No segundo, procedeu-se à análise da intersecção entre as áreas geográficas de influência (territórios formalmente instituídos) e de intervenção de facto (em função da adequação das respostas da SCML às necessidades dos utentes) e o local de residência dos utentes dos Serviços de Apoio Domiciliário14, com vista a apoiar a decisão quanto à eventual re-definição das suas áreas de intervenção.

12. MATHER, Charles; “Restructuring Rural Education and the politics of GIS in post-apartheid South-Africa”; Area - V. 27 – Nº 1, Março de 1995; pp 12-22.

13. LIN, Chung-Chih; CHIU, Ming-Jang; HSIAO, Chun-Chieh; LEE, Ren-Guey e TSAI, Yuh-Show; “Wireless Health Care Service System for Elderly With Dementia”; IEEE Transactions on Information Technology in Biomedicine, V. 10, Nº. 4, Outubro de 2006.14. Este projecto teve origem num estudo realizado em 2009, enquadrado por uma parceria no âmbito da Iniciativa Comunitária EQUAL. FERNANDES, João, CONCEIÇÃO, Luís e SANTOS, Maria João; Estudo para a Construção e Implementação de um Sistema de Lo-calização e Avaliação da Vulnerabilidade dos Utentes Idosos da SCML em Situações de Anomalia Climática Térmica; Lisboa, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, 2009.

Potencialidades da Área de Residência dos utentesPercentagem de Diagnósticos (2007-2009)

Localização das potencialidades da cidadeA par da identificação dos problemas, a identificação das po-tencialidades do local de residência dos utentes constitui uma dimensão importante do diagnóstico individual e familiar, no âmbito do apoio social. Com base num elevado número destes diagnósticos particulares, é possível construir um diagnóstico da própria cidade, aos olhos dos Técnicos que acompanham esses utentes.Os dados representados na figura respeitam a 38.247 diagnós-ticos de Atendimento Social registados no período de 2007 a 2009, depois das últimas operações de realojamento em Lis-boa, em 2006.Através da análise destes dados foi possível identificar qua-tro grandes associações entre diagnósticos de potencialidades das áreas de residência, representando-se acima a dimen-são que associa a existência de oportunidades de emprego, de Equipamentos Sociais e de habitação a preços acessíveis como potencialidades dessas áreas geográficas para apoio à intervenção social.

Fonte Cartográfica: IGP, CAOP 2008; Fonte de dados: Aplicação de Indicadores do Atendimento social da SCML

A procura por imigrantes do Atendimento Social da SCML A representação da densidade populacional de grupos específicos que compõem a procura de um serviço social, como é o caso dos imigrantes relativamente ao Atendimento Social da SCML, constitui informação geográfica de particular utilidade para conhecer, de for-ma territorializada, a concentração dessa procura.No exemplo acima, representa-se a densidade populacional dos imigrantes atendidos pela SCML em 2009, que se distribuem por duas grandes áreas da Lisboa: a freguesia de Ameixoeira a nor-deste (101 a 150 habitantes por Km2) e, sobretudo, uma área no sul da cidade em torno das duas freguesias que apresentam maior concentração residencial da procura, Socorro (601-650 residentes por km2) e Anjos (351-400 residentes por km2). No exemplo acima, representa-se a densidade populacional dos imigrantes atendidos pela SCML em 2009, que se distribuem por duas grandes áreas da Lisboa: a freguesia de Ameixoeira a nor-deste (101 a 150 habitantes por Km2) e, sobretudo, uma área no sul da cidade em torno das duas freguesias que apresentam maior concentração residencial da procura, Socorro (601-650 residentes por km2) e Anjos (351-400 residentes por km2).

Fonte Cartográfica: IGP, CAOP 2008; Fonte de dados: Aplicação de Indicadores do Atendimento social da SCML e Censos 2001 (INE).

Densidade Populacional de Imigrantes atendidos pelo Acolhimento Residencial da SCML

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OS SIG NO APOIO À DIMENSÃO TÁCTICA DA GESTÃO

A dimensão táctica da gestão das organizações precisa normalmente de informação actualizada para decidir quanto às melhores formas de im-plementar no terreno as decisões do nível estra-tégico.

Trata-se de organizar e alocar os recursos que vão operacionalizar as respostas planeadas a prazo. Já não se trata de identificar as grandes tendências de distribuição territorial dos grupos-alvo e dos respectivos perfis sociais pertinentes para o desenho e planeamento das respostas, mas de identificar em territórios de escala mais reduzida todos os elementos que permitem de-cidir quanto aos melhores locais para a imple-mentação de equipamentos e serviços, do redi-mensionamento destas unidades em função da procura efectiva ou potencial do seu território de intervenção ou o redesenho desses territórios em função dessas mesmas procuras e, mesmo, dos recursos necessários para levar a cabo a activida-de nos territórios assim desenhados.

Os exemplos da aplicação de SIG ao nível da dimensão táctica da gestão estendem-se por vá-rias áreas. A programação de equipamentos so-ciais é um dos aspectos recorrentes na bibliogra-fia da especialidade. Entre os mais interessantes exemplos encontrados destaque para a utilização desta tecnologia na reestruturação de equipa-mentos escolares, em meio rural, na África do Sul dos finais da década de 9015.

A este nível, os SIG procuram responder a questões que se colocam sobre a relação dos equipamentos, actuais ou planeados, não apenas com a população a que se dirigem, mas com a configuração geográfica do território em di-versas dimensões, incluindo a própria rede de equipamentos em cuja constelação geográfica se inserem. Quais as áreas do terreno que se en-contram a descoberto, em termos de capacidade e de acessibilidade dos/aos utentes? Face à geo-grafia do terreno e aos perfis dos clientes, é mais adequado definir territórios de intervenção com base em deslocações pedonais ou com base em deslocações motorizadas? É necessário planear recursos para assegurar o transporte dos utentes ou dos prestadores de serviço, ou é mais adequa-do que se desloquem pelos seus próprios meios?

Há questões de segurança que se colocam à des-locação pedonal dos utentes? Quais são e onde se localizam os elementos da rede complementar de recursos?

OS SIG NO APOIO À INTERVENÇÃO DIRECTAUma dimensão ainda menos explorada dos

sistemas de informação geográfica, ao nível da Acção Social, é a produção de informação de apoio à intervenção directa, quer em situações pontuais, quer para a actividade diária dos equi-pamentos que implicam a deslocação de clientes e/ou de prestadores de serviços.

No entanto, é com elevado grau de rigor e por-menor que os sistemas de informação geográfica podem apoiar a prestação directa e diária de ser-viços como, por exemplo, serviços de apoio do-miciliário. Aumentando ainda mais a escala da cartografia, os SIG podem produzir informação detalhada quanto à identificação e morada dos utentes, optimização de percursos de deslocação entre domicílios, distribuição geográfica opti-mizada de domicílios por prestador de serviços, características desses mesmos utentes relevantes para a prestação do serviço, tipo de serviços a prestar por utente e período do dia para além de outras informações facilitadoras da coordenação diária de um serviço dessa natureza e, em última análise, da qualidade da prestação do mesmo.

A produção de informação útil desta natureza para o nível operacional da intervenção exige, no entanto, a actualização diária dos sistemas de in-formação das organizações referentes aos clientes e à actividade e, sobretudo, a ligação dessas bases de dados ao software de produção de informação geográfica para que este possa, segundo modelos e processos previamente definidos, produzir com a mesma periodicidade e de forma automática informação fiável para o apoio à intervenção.

Recursos locaisAos equipamentos e serviços de âmbito local, é particularmente útil dispor de informação geográfica actualizada relativamente aos recursos de que pode dispor no âmbito do seu território de intervenção, com os quais articula frequentemente.Na imagem está representado o detalhe de um mapa onde fi-guram os símbolos de localização de um Equipamento da SCML (casinha a vermelho), uma Estação de Correios, três Esquadras de Polícia, duas Farmácias e um Hospital Público.Com recurso a WebSIG é possível disponibilizar esta informação on line aos utilizadores, com outros elementos de identificação e caracterização desses recursos, legíveis com a colocação do rato em cima dos referidos símbolos.

15. Do Inglês “Participatory Mapping”.

Prestação de serviços de Apoio DomiciliárioNa figura acima estão representadas os locais de residência fic-tícios de utentes de Apoio Domiciliário da SCML que vivem numa pequena área e que têm programados serviços diários de apoio matinal à higiene pessoal, com informação quanto ao nível de de-pendência desses utentes (Índice de Katz).Cartas geográficas desta natureza podem apoiar os Serviços de Apoio Domiciliário na distribuição de domicílios por Ajudante Fa-miliar e nas orientações quanto á respectiva sequência, tendo em atenção a distância entre as residências e os níveis de dependência dos utentes, que afectam o tempo médio de prestação dos serviços pessoais. Pode ainda ser acrescentada aos mapas informação útil para o as-sistência em cada dia, como os horários da medicação, o material descartável que é necessário levar para cada utente ou eventuais alterações à situação do utente com relevância para a prestação do serviço, o que pode ser feito de forma manuscrita ou com recurso a software SIG. A localização da morada dos utentes é fictícia, uma vez que se trata de um dado pessoal protegido por lei.

Fonte Cartográfica: IGP, CAOP 2008; Fonte de dados: Aplicação de Indicadores do Atendimento social da SCML e Censos 2001 (INE).

16. Para uma síntese das questões associadas à Integração dos SIG em projectos de desenvolvimento Comunitário, sugere-se a consulta de: VAJJHALA, Shalini P.: “Integrating GIS and Participatory Mapping in Community Development Planning” Artigo para a Conferência Internacional de utilizadores da ESRI, Desenvolvimento Sustentável e Assuntos Humanitários, San Diego, Califórnia, 2005.17. Conforme atesta a experiência relatada no artigo “Diário de um Professor” de Madalena Mota, publicado na revisa NOESIS de Setem-bro de 2006, no qual se descreve o desenvolvimento de um projecto pedagógico assente em ferramentas SIG, com alunos do 3º ciclo na escola Secundária do Pinhal Novo, concelho de Palmela.

Na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, encontra-se em

desenvolvimento o projecto de um Sistema Geográfico de Apoio à Gestão

de Situações de Emergência

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fia, quer no reforço de competências ao nível das Tecnologias de Informação e Comunicação.

No que se refere especificamente aos projec-tos de intervenção local, de promoção social e desenvolvimento comunitário das áreas urbanas geradas por processos de realojamento, os SIG podem constituir uma ferramenta particular-mente rica para a construção/reconstrução de identidades locais, na identificação e reconheci-mento do território social, das suas fronteiras e dos seus elementos constituintes, dos seus sím-bolos, problemas e potencialidades. À semel-hança da metodologia de alfabetização de Paulo Freire, a geografia e o software SIG podem ser concebidos e operacionalizados como instru-mentos de “consciencialização”, entendida como processo de reconhecimento do eu, do seu lugar e do seu papel na transformação do mundo21. Partil-hando a perspectiva de SOUSA e PEDON22,

Ao buscar compreender o movimento que faz com que o território constitua o locus da vivência, da experiência do indivíduo com seu entorno com os outros homens, fazemos isso tendo a identidade como factor de aglutinação, de mobilização para a acção colectiva. Essa relação identidade-território toma a forma de um processo em movimento, que se constitui ao longo do tempo tendo como princi-pal elemento o sentido de pertença do indivíduo ou grupo ao seu espaço de vivência.

Esse sentimento de pertencer ao espaço em que se vive, de conceber o espaço como locus das práti-cas, onde se tem o enraizamento de uma complexa trama de sociabilidade é que dá a esse espaço o ca-rácter de território. O território de alguém ou de algum grupo, seja este último uma classe social ou um grupo étnico…, seja no caso de uma associação de bairro, enfim, nas múltiplas formas que toma esse processo.

Da Investigação Fundamental ao Desenvolvi-mento Comunitário, os Sistemas de Informação Geográfica têm crescido na sua interacção com a acção social. O potencial de utilização destas ferramentas nesta área beneficiará significativa-mente com a sua disponibilização online, pelo

que é plausível prever um aumento exponencial desta interacção. A razão é simples: a produção de conteúdos geográficos, até agora centrada num número reduzido de utilizadores, ameaça tornar-se tão simples como utilizar um site de uma rede social na Internet. ■

*Geógrafo, ** Sociólogo, do Gabinete de Investigação e Monitorização, SCML

Agradecimento especial a Igor Boieiro e a Ricardo Brasil, geógra-

fos em estágio no Gabinete de Investigação e Monitorização, pelo

trabalho desenvolvido na preparação dos dados geográficos e na

elaboração de cartografia que ilustra este artigo.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE APOIO DOMICILIÁRIO

Um dos exemplos mais emblemáticos do re-curso a informação geográfica actualizada é a de utilização de GPS em percursos motorizados, com informação sobre a intensidade do tráfego com base em imagens vídeo. A localização em tempo real de pessoas em particular situação de risco constitui uma das aplicações mais promis-soras para a actividade diária de prestação de serviços pessoais, de que é exemplo o Projecto da Universidade de Taiwan de localização remo-ta com recursos a bio-sensores e dispositivos de GPS, com vista à activação de serviços de res-posta rápida a pessoas com demência, como a doença de Alzheimer16.

Na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, en-contra-se em desenvolvimento o projecto de um Sistema Geográfico de Apoio à Gestão de Situações de Emergência, cujo objectivo é manter perma-nentemente actualizada uma base de dados ge-orreferenciada de locais de residência de utentes das respostas sociais para idosos da Instituição, classificados segundo a sua vulnerabilidade, de modo a priorizar a assistência na ocorrência de uma situação de catástrofe natural ou tecnoló-gica17.

OS SIG COMO INSTRUMENTO DA INTERVENÇÃO

A utilização da geografia e de software de produção de informação geográfica como instrumento de acção social no âmbito de projectos de desenvol-vimento local constitui uma das potencialidades mais interessantes dos SIG na sua relação com a in-tervenção social. Através das mais variadas técnicas de “Cartografia Participativa”18, as populações são chamadas ao exercício de cidadania19, aumentando a influência da comunidade junto dos decisores do poder político e simultaneamente desenvolvendo competências aos mais diversos níveis.

A aplicação do princípio da “Cartografia Par-ticipativa” demonstrou igualmente a sua vali-dade pedagógica20, quer no ensino da Geogra-

18. GUERRA, Isabel; Fundamentos e processos de uma sociologia da acção; Cascais, Principia, 2000; pp. 22-23.19. SOUZA, Edevaldo Aparecido e PEDON, Nelson Rodrigo; “Território e Identidade”; Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos Brasileiros – Secção Três Lagoas; Três Lagoas - MS, V 1 – n.º6 - ano 4, Novembro de 2007; pp. 126-148.20. Conforme atesta a experiência relatada no artigo “Diário de um Professor” de Madalena Mota, publicado na revisa NOESIS de Setem-bro de 2006, no qual se descreve o desenvolvimento de um projecto pedagógico assente em ferramentas SIG, com alunos do 3º ciclo na escola Secundária do Pinhal Novo, concelho de Palmela.

A aplicação do princípio da “Cartografia Participativa” demonstrou igualmente a sua validade pedagógica , quer no ensino da Geografia, quer no reforço de competências ao nível das Tecnologias de Informação e Comunicação

Assistência a utentes em situações de emergênciaNa carta acima estão assinaladas as moradas fictícias de uten-tes de equipamentos sociais de idosos da SCML, com a identi-ficação do respectivo grau de vulnerabilidade face a situações de emergência, como as ondas de calor que nos últimos verões têm afectado o território do Continente.Esta cartografia pretende apoiar a assistência directa aos utentes no seu domicílio no caso de ocorrência desse tipo de situações, permitindo priorizar a assistência aos utentes com maior vulnerabilidade. A cartografia é objecto de actualização periódica, numa activi-dade bastante exigente, que impõe a georreferenciação caso a caso de todas as moradas que não são objecto de georreferen-ciação automática com base em software SIG. A localização da morada dos utentes é fictícia, uma vez que se trata de um dado pessoal protegido por lei

21. GUERRA, Isabel; Fundamentos e processos de uma sociologia da acção; Cascais, Principia, 2000; pp. 22-23.22. SOUZA, Edevaldo Aparecido e PEDON, Nelson Rodrigo; “Território e Identidade”; Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos Brasileiros – Secção Três Lagoas; Três Lagoas - MS, V 1 – n.º6 - ano 4, Novembro de 2007; pp. 126-148.