12

site da Ateliê Editorial - A arte do livro · Ursula Rautenberg Friedrich-Alexander Universität (ale) ... que têm na palavra impressa seu objeto principal. ... que contribuiu para

Embed Size (px)

Citation preview

LIVRO•••

Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro

LIVRORevista do Núcleo de Estudos do Livro e da Edição

n. 6

livro – revista do núcleo de estudos do livro e da edição n. 6issn 2179-801xNovembro de 2016

Editores ResponsáveisMarisa Midori DeaectoPlinio Martins Filho

Conselho EditorialAlice Mitika Koshiyama – eca-uspAna Luiza Martins – Condephaat-dphAníbal Bragança – uffAntonio Castillo Gómez – Universidad de Alcalá (esp)Antonio Dimas – fflch-uspCláudio Giordano – EditorDiana Cooper-Richet – uvsq (fra)Edmir Perrotti – eca-uspFernando Paixão – ieb-uspFrédéric Barbier – ephe/cnrs (fra)István Monok – Universidade de Eger; Szeged (hun)J. Guinsburg – EditorJacques Hellemans – Université Libre de Bruxelles (bel)Jean-François Botrel – Université de Rennes 2 (fra)Jean-Yves Mollier – uvsq (fra)João Adolfo Hansen – fflch-uspJosé de Paula Ramos Jr. – eca-uspLaurence Hallewell – Universidade Essex (ing)Lincoln Secco – fflch-uspManuel Cadafaz de Matos – Academia Portuguesa de HistóriaMarco Santoro – Universidade La Sapienza de RomaMarcos Antônio de Moraes – ieb-uspMarisa Lajolo – iel-Unicamp / MackenzieMichel Melot – cnrs, ehess (fra)Neil Safier – John Carter Brown Library (eua)Nelson Schapochnik – fe-uspPaulo Franchetti – iel-UnicampSandra Vasconcelos – fflch-uspTânia Maria Bessone – ifch-uerjThiago Mio Salla – eca-uspUrsula Rautenberg Friedrich-Alexander Universität (ale)Wander Melo Miranda – cel-ufmgYann Sordet – Bibliothèque Mazarine (fra)

universidade de são pauloReitor: Marco Antonio ZagoVice-reitor: Vahan Agopyan

pró-reitoria de cultura e extensão universitáriaPró-reitor: Marcelo de Andrade Roméro

Estrada da Aldeia de Carapicuíba, 897 – 06709-300 – Granja Viana – Cotia – sp – Brasilwww.atelie.com.br | e-mail: [email protected] | tel: 4612-9666

As opiniões expressas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Todo material incluído nesta revista tem a autorização dos autores ou de seus representantes legais.

Qualquer parte dos artigos da revista pode ser reproduzida desde que citados autor e fonte.

núcleo de estudos do livro e da edição

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 433 Bloco A, sala 17 — Cidade Universitáriacep 05508-900 – São Paulo – sp Fone: (11) 3091-4945

CoordenadoresPlinio Martins FilhoJerusa Pires Ferreira

Coordenadores AdjuntosMarisa Midori DeaectoSandra Reimão

Conselho DeliberativoAna Maria de Almeida Camargo – fflch-uspIvan Teixeira (in memoriam) – eca-uspJerusa Pires Ferreira – eca-usp – puc-spMárcia Abreu – iel-UnicampMarisa Midori Deaecto – eca-uspNelson Schapochnik – fe-uspPedro Puntoni – fflch-uspPlinio Martins Filho – eca-uspSandra Reimão – each-usp

Livro – a Revista – é o primeiro fruto do Núcleo de Estudos do Livro e da Edição (nele). Resulta, portanto, do esforço coletivo de professores e pesquisadores de diversos campos do conhecimento no sentido de materializar um fórum aberto à reflexão, ao debate e à difusão de pesquisas que têm na palavra impressa seu objeto principal.

SUMÁRIO•••

editorial, 9

conversas de livraria

¶ Donaldo Schüler — Escrita: da Invenção ao Baile de Estrelas, 15

leituras

¶ Yann Sordet — Da Argila à Nuvem, 23¶ Jacques Hellemans — Livro, Imprensa e Tipografias nos Países-Baixos

Espanhóis, 71¶ Jean Pierre Chauvin — Faces da Inquisição Peruana, Segundo Ricardo Palma

(1833-1919), 87¶ José de Paula Ramos Jr. — Ecdótica na Coleção Reserva Literária, 103¶ Maria Viana — Aluísio Azevedo: do Folhetim ao Livro , 113

dossiê — edição e política

¶ Alexandre Cleaver — O Federalista, 133¶ José Augusto dos Santos Alves — Política e Ideologia na Imprensa

Madeirense, 139¶ Laura Fernández Cordero — Sobre o Concerto da Imprensa Anarquista a Partir

de Mikhail Bakhtin, 151¶ Danilo A. Q. Morales — Benedetto Croce e as Afinidades no Brasil, 167¶ Lincoln Secco — Biblioteca Gramsciana, 183¶ Flamarion Maués — Dom Quixote, 199

¶ Nuno Medeiros — Ação Editorial da Oposição Católica no Portugal dos Anos 1960, 213

¶ Fabiano Cataldo de Azevedo — A Zahar Editores e seu Projeto Editorial (1957-1970), 231

arquivo

¶ Kenneth David Jackson — “Manter e Cultivar o Gosto da Leitura”, 249

acervo

¶ Pablo Antonio Iglesias Magalhães — A Tipografia de Manoel Antônio da Silva Serva (1811-1819), 261

¶ Rizio Bruno Sant’Ana — A Coleção Félix Pacheco na Biblioteca Mário de Andrade, 289

almanaque

¶ Cláudio Giordano — Recortes Literários, 307¶ Simone Homem de Mello — O Lado Oculto do Editor, 311

memória

¶ Jerusa Pires Ferreira — Pequena Margem Sombria no Horizonte do Pensamento… Entrevista com Charles Grivel, 317

¶ Emerson Tin — A Barca de Gleyre, 325

bibliomania

¶ Jean Pierre Chauvin — Título, 333¶ Jean Pierre Chauvin — Emancipação pela Palavra Impressa, 335¶ Jean Pierre Chauvin — Um Livro para Além das Margens, 339¶ Jean Pierre Chauvin — Francisco Alves nas Trilhas do Livro Escolar, 347¶ Marcello Rollemberg — Perdido e Feliz na Cidade dos Livros, 353¶ Eduardo de Souza Cunha — Plinio Coelho: Um Editor Utópico, 355¶ Vinicius Juberte — Editores na Contramão da Ditadura, 359¶ Márcia Lígia Guidin — Os Meninos da Biblioteca, 363

estante editorial, 367

debate

¶ Marisa Midori Deaecto — Uma Brasiliana para o Leitor do Século xxi, 375¶ Antonio Castillo Gómez — Outros Textos, Outras Leituras, 391

letra & arte

¶ José de Paula Ramos Jr. — Nota Editorial, 407¶ épica grega

– Jaa Torrano / Hesíodo, Os Trabalhos e os Dias, 412– Marcelo Tápia / Homero, Odisseia, 418

¶ lírica e didática latina– Paulo Martins / Propércio Redivivo, 426– Paulo Martins / Seis Elegias de Propércio, 428– Roberto Oliveira / Três Conselhos, 442

¶ lírica moderna– Zepa Ferrer / Dois Poemas de Jorge Luis Borges, 446– Geraldo Holanda Cavalcanti / Poemas de Giuseppe Ungaretti, 448

colaboradores, 453

Biblioteca de Coimbra

editorial ¶

Livro 6 ◆ 9

EDITORIAL•••

O experimentar, o vivenciar alguma coisa... eu acho que essa é quase uma missão de você transferir para o outro,

de você contaminar o outro com a sua essência.maria bonomi

A gravura de Maria Bonomi contaminou toda a nossa revista. Tal como a tinta que se impregna nos sulcos da madeira e no papel, sua arte atravessa as páginas e nos guia pelos des-vãos das bibliotecas. É preciso ler as bibliotecas que Maria

Bonomi criou para nós e se deixar conduzir pelas páginas impressas da livro n. 6 com a mente, o coração e os poros abertos a essa experiência sensorial vibrante. Pois tanto quanto a gravura, de contaminação se trata a tipografia. Do metal pesado que se instala nas vísceras ao estalido seco que fere a superfície, tudo é contaminação no gesto da escrita. ¶ Logo no início, conversas de livraria apresenta um Donaldo Schüler “molhado da raiz do cabelo até às unhas dos pés”. O mestre-tradutor de Homero a James Joyce narra a experiência vivida com o neto, numa tarde molhada de primavera, na Feira do Livro de Porto Alegre. Entre livros-aquáticos, carros, trens e homens de turbante, o autor mergulha, enfim, em sua própria viagem literária, contaminado por essa “droga” da escrita (phármakon), como ele mesmo lembra, que para os antigos “reduz o território da produção oral”. ¶ Em leituras, Yann Sordet busca nas antigas bibliotecas as listas, os catálogos e as bibliografias que testemunham a ordem dos livros no fio dos tempos. Jacques Hellemans contribui para nosso conhecimento sobre a imprensa nos Países Baixos espanhóis. De modo particular, o autor se volta para as publicações efêmeras no desenvolvimento da economia do impresso, nos séculos xvi e xvii. Jean Pierre Chauvin rende homenagem a duas grandes figuras,

¶ editorial

10 ◆ Livro 6

cujas trajetórias estão fatalmente ligadas aos livros: Ricardo Palma, historiador peruano que contribuiu para a reconstrução da Bi-blioteca Nacional do Peru e Claudio Giorda-no, colecionador, editor, escritor e membro do conselho da livro. José de Paula Ramos Jr. explica, com o exemplo concreto e bem-sucedido da Coleção Reserva Literária, o que é a ecdótica. Maria Viana traz a luz as artimanhas editoriais de Aluísio Azevedo, o autor que buscava viver de sua própria pena.

O dossiê edição e política expõe uma seleção inédita e bem variada de temas e questões. O jovem autor e tradutor Alexan-dre Cleaver abre a seção com o estudo so-bre O Federalista e sua recepção no Brasil monárquico. Ao analisar a trajetória e os discursos do jornal madeirense O Defensor da Liberdade, José Augusto dos Santos Alves reflete, entre outros pontos, sobre “o prazer contaminante em que se entrecruzam a po-lítica, a sociedade, o passado, o presente e o futuro, a curiosidade, a inquietação e a quotidianidade”, através da leitura do jornal. Laura Fernández Cordero investiga o dis-curso da imprensa anarquista argentina, no período de 1895 a 1925, sob a chave teórica de Mikhail Bakhtin.

Considerando a edição como uma estra-tégia fundamental para a difusão de um au-tor e de suas ideias, Danilo Morales propõe uma excelente genealogia das traduções de Benedetto Croce no Brasil. Sobre o proces-so de formação da biblioteca de Antonio Gramsci, reunida no cárcere, tem-se no ar-tigo de Lincoln Secco uma contribuição original sobre as relações entre os homens, os livros e a política. A história portuguesa foi certamente enriquecida com a pesquisa inédita de Flamarion Maués sobre as edito-ras oposicionistas ao regime de Salazar, em particular, a Dom Quixote. Nuno Medei-ros complementa este quadro com o estudo sobre a ação editorial da oposição católica

ao Estado Novo português. Para fechar a seção com chave de ouro, Fabiano Cataldo constrói um importante capítulo da história editorial brasileira por meio de sua pesquisa sobre Jorge Zahar e a revolucionária coleção Biblioteca de Ciências Sociais.

Buscando enriquecer o repertório do pra-zer da leitura e de suas múltiplas formas de contaminação, quer pela política, quer pelo efeito sublimador da literatura, Kenneth Da-vid Jackson reúne em arquivo material pre-cioso e inédito da produção jornalística de Pagu, publicada sob o pseudônimo de Mara Lobo. “A cobiça dos livros é sabedoria” – este e outros aforismos foram caprichosamente reunidos por Claudio Giordano em nosso almanaque. Na sequencia, J. Guinsburg será apresentado por Simone Homem de Melo em uma vertente pouco explorada, a do editor-tradutor.

acervo se volta para duas coleções bra-sileiras da maior importância. No artigo de Pablo Antonio Iglesias Magalhães a temática das “Servinas” será explorada de um ponto de vista historiográfico e documental. Tra-ta-se de resgatar e propor um balanço dos estudos bibliográficos que desde a obra inau-gural de Berbert de Castro vem permitindo o conhecimento dos títulos publicados por Silva Serva, a partir de 1811, em Salvador. Outrossim, o artigo faz emergir novos títulos impressos por aquela ilustre tipografia. Não menos valorosa é a recuperação, pelo biblio-tecário Rizio Bruno Sant’Ana, da riquíssima coleção de Félix Pacheco, cuja fortuna con-forma o não menos rico acervo da Biblioteca Mario de Andrade, em São Paulo.

memória rende homenagem a Charles Grivel, professor emérito da Universidade de Manheim, investigador de primeira linha do texto-imagem, das vanguardas artísticas, da fotografia, do romance popular, da nar-ratologia e da literatura de vampiros, como assinala Jerusa Pires Ferreira. Desaparecido

editorial ¶

Livro 6 ◆ 11

em 2015, registramos em nossa livro algu-mas de suas sábias palavras e ensinamentos. Deixar-se contaminar pela leitura, eis uma li-ção importante de Grivel: “Mas, sem dúvida, as pessoas amam ter medo, olhar dentro do que lhes escapa. É preciso compreendê-las: se diz a elas ao longo do dia na telinha como se deve fazer (para ter, poder, agradar) e elas constatam também ao longo do dia que a receita não funciona. Então pensam. Pen-sam, ao ler. Pensam ao olhar no fundo das palavras as pistas que lhe são dadas. Muitas se perdem, decerto. Faço parte delas”.

debate se volta para duas questões inti-mamente relacionadas à crise da cultura do impresso. De um lado, pergunta-se: qual a função das bibliotecas, numa era em que o

texto parece substituir ao livro? Doutro, o historiador Castillo Gómez provoca: as biblio-tecas foram templos dos livros, mas o que foi feito dos efêmeros? Bem sabemos que livros e efêmeros, enfim, toda a sorte de impressos se encontra hoje na encruzilhada dos tempos. E se as coleções têm início e hora para acabar, como bem nos ensina o desfecho trágico de Alexandria, há meios de estancar a sangria biblioclasta de nossa época?

letra & arte mantém em sua linha edi-torial o enfoque na tradução de poesia. É preciso contaminar-se, embriagar-se, como o faz Borges, em um dos poemas insertos nesta seção: “Vinho, ensina-me a arte de ver minha história/ como se esta já fosse cinza na memória”.

Marisa Midori DeaectoPlinio Martins Filho

Os Editores