8
SEMANÁRIO DA DIOCESE DE COIMBRA | DIRECTOR: A. JESUS RAMOS ANO 100 | N.º 4854 | 21 DE OUTUBRO DE 2021 | 0,75 € visite-nos em: facebook.com/correiodecoimbra | youtube.com/correiodecoimbra | correiodecoimbra.pt H á modéstias que não nos ficam bem, porque es- capam de tal modo à evidência que pôr nelas o acento tónico soa a falso. Seria o caso de conside- rarmos que esta proposta de sermos Igreja em caminhada sinodal era uma novidade entre nós. Não é. Com muitas deficiências de processo ou resistências de pessoas, com mais clericalismo de bispos e padres daqui ou descompro- misso dos leigos e consagrados dacolá, com tudo isso, em- bora, temos uma experiência feita na Diocese de Coimbra de que nos podemos orgulhar, não só no funcionamento dos órgãos de corresponsabilidade no governo da Diocese, desde logo no âmbito presbiteral, mas também já no âm- bito laical e, progressivamente, no pensamento pastoral e sua concretização nas comunidades mais pequenas, so- bretudo através dos conselhos pastorais de arciprestado, de unidade pastoral e das equipas de animação pastoral. T alvez que a maior dificuldade para avançar ao nível laical, não diria mais depressa, mas melhor, esteja na ainda reduzida formação teológica, eclesiológi- ca e técnica para o diálogo, as duas primeiras a atacarem sobremaneira os leigos, e a terceira, parece-me, mais os clérigos. Mesmo assim, não faltam propostas formativas entre nós, desde há muito tempo, e também a elas se deve muito do processo de conscientização e participação co- mum na vida da Igreja. Lembro, por exemplo, as aulas para leigos no ISET, ainda nos anos 70!, e depois os cursos de teologia nas então quatro regiões pastorais. E tudo o que desde então até agora se tem feito, nos últimos anos so- bretudo através da Escola Diocesana de Teologia e Minis- térios. (Já agora, no seu registo próprio, também o Correio de Coimbra tem certamente ajudado neste processo, com o contributo de tantos padres e leigos, vivos e falecidos). M as precisamos, evidentemente, de continuar a aprofundar esta dinâmica da sinodalidade, por- que não é nem um caminho fácil, nem um cami- nho mais feito do que por fazer, nem tão pouco um cami- nho que se possa dar alguma vez por acabado. Para isso, a prioridade deverá ser a formação, mas, acrescento agora, sobretudo uma formação que privilegie o crescimento da participação mais do que a aquisição teórica de um ma- nancial de conteúdos incontestáveis: “as respostas que não estão prefabricadas - disse o Papa a semana passada às Irmãs da Caridade de Santa Joana Antida Thouret (11 de outubro) - são as melhores”. O que faz com que o contrário também seja verdadeiro: se queremos ter as pessoas de- sejosas de formação, é preciso chamá-las à participação, para que se percebam questionadas por uma Igreja e um mundo que não acabam à esquina da sua rua. ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| ENFOQUE CARLOS NEVES Sinodalidade, formação e participação Com a colaboração e textos disponibilizados por Frei José Carlos Vaz Lucas, da Ordem dos Pregadores (Dominicanos) e Diretor da Revista “Rosário de Maria”, o Correio de Coimbra apresenta em dossier a oração do “Rosário”, neste mês que lhe é dedicado de modo tão especial. > centrais SÃO PAULO VI SOBRE O ROSÁRIO “Um compêndio excelente do Evangelho” PAPA FRANCISCO FAZ 11 APELOS AOS GRANDES PODERES DO MUNDO, 8 DELES “EM NOME DE DEUS” Os apelos foram feitos no Encontro online dos Movimentos Populares. > Página 6 ABERTURA DIOCESANA DO SÍNODO 2023 BISPO DE COIMBRA PEDE À IGREJA ORAÇÃO, ANÚNCIO E TESTEMUNHO Solene Abertura do Sínodo dos Bispos “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão” teve a presença dos serviços de corresponsabilidade. > Página 2 ESTE SÁBADO, 23 DE OUTUBRO COIMBRA É UMA DAS 10 CIDADES DE PORTUGAL A CAMINHAR PELA VIDA Do Largo da Portagem (concentração às 14h30) até à Praça 8 de Maio: “pela Vida em todas as suas fases, formas e fragilidades, desde o momento da conceção até à morte natural”.

SÃO PAULO VI SOBRE O ROSÁRIO “Um compêndio excelente do

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: SÃO PAULO VI SOBRE O ROSÁRIO “Um compêndio excelente do

SEMANÁRIO DA DIOCESE DE COIMBRA | DIRECTOR: A. JESUS RAMOSANO 100 | N.º 4854 | 21 DE OUTUBRO DE 2021 | 0,75 €

visite-nos em: facebook.com/correiodecoimbra | youtube.com/correiodecoimbra | correiodecoimbra.pt

Há modéstias que não nos ficam bem, porque es-capam de tal modo à evidência que pôr nelas o acento tónico soa a falso. Seria o caso de conside-

rarmos que esta proposta de sermos Igreja em caminhada sinodal era uma novidade entre nós. Não é. Com muitas deficiências de processo ou resistências de pessoas, com mais clericalismo de bispos e padres daqui ou descompro-misso dos leigos e consagrados dacolá, com tudo isso, em-bora, temos uma experiência feita na Diocese de Coimbra de que nos podemos orgulhar, não só no funcionamento dos órgãos de corresponsabilidade no governo da Diocese, desde logo no âmbito presbiteral, mas também já no âm-bito laical e, progressivamente, no pensamento pastoral e sua concretização nas comunidades mais pequenas, so-bretudo através dos conselhos pastorais de arciprestado, de unidade pastoral e das equipas de animação pastoral.

Talvez que a maior dificuldade para avançar ao nível laical, não diria mais depressa, mas melhor, esteja na ainda reduzida formação teológica, eclesiológi-

ca e técnica para o diálogo, as duas primeiras a atacarem sobremaneira os leigos, e a terceira, parece-me, mais os clérigos. Mesmo assim, não faltam propostas formativas entre nós, desde há muito tempo, e também a elas se deve muito do processo de conscientização e participação co-mum na vida da Igreja. Lembro, por exemplo, as aulas para leigos no ISET, ainda nos anos 70!, e depois os cursos de teologia nas então quatro regiões pastorais. E tudo o que desde então até agora se tem feito, nos últimos anos so-bretudo através da Escola Diocesana de Teologia e Minis-térios. (Já agora, no seu registo próprio, também o Correio de Coimbra tem certamente ajudado neste processo, com o contributo de tantos padres e leigos, vivos e falecidos).

Mas precisamos, evidentemente, de continuar a aprofundar esta dinâmica da sinodalidade, por-que não é nem um caminho fácil, nem um cami-

nho mais feito do que por fazer, nem tão pouco um cami-nho que se possa dar alguma vez por acabado. Para isso, a prioridade deverá ser a formação, mas, acrescento agora, sobretudo uma formação que privilegie o crescimento da participação mais do que a aquisição teórica de um ma-nancial de conteúdos incontestáveis: “as respostas que não estão prefabricadas - disse o Papa a semana passada às Irmãs da Caridade de Santa Joana Antida Thouret (11 de outubro) - são as melhores”. O que faz com que o contrário também seja verdadeiro: se queremos ter as pessoas de-sejosas de formação, é preciso chamá-las à participação, para que se percebam questionadas por uma Igreja e um mundo que não acabam à esquina da sua rua.

||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| ENFOQUE CARLOS NEVES

Sinodalidade, formação e participação

Com a colaboração e textos disponibilizados por Frei José Carlos Vaz Lucas, da Ordem dos Pregadores (Dominicanos) e Diretor da Revista “Rosário de Maria”, o Correio de Coimbra apresenta em dossier a oração do “Rosário”, neste mês que lhe é dedicado de modo tão especial. > centrais

SÃO PAULO VI SOBRE O ROSÁRIO

“Um compêndio excelente do Evangelho”

PAPA FRANCISCO FAZ 11 APELOS AOS GRANDES PODERES

DO MUNDO, 8 DELES “EM NOME DE DEUS”

Os apelos foram feitos no Encontro online dos Movimentos Populares.

> Página 6

ABERTURA DIOCESANA DO SÍNODO 2023BISPO DE COIMBRA PEDE À IGREJAORAÇÃO, ANÚNCIO E TESTEMUNHOSolene Abertura do Sínodo dos Bispos “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão” teve a presença dos serviços de corresponsabilidade. > Página 2

ESTE SÁBADO, 23 DE OUTUBROCOIMBRA É UMA DAS 10 CIDADES DE PORTUGAL A CAMINHAR PELA VIDADo Largo da Portagem (concentração às 14h30) até à Praça 8 de Maio: “pela Vida em todas as suas fases, formas e fragilidades, desde o momento da conceção até à morte natural”.

Page 2: SÃO PAULO VI SOBRE O ROSÁRIO “Um compêndio excelente do

CORREIO DE COIMBRA

2DioceseCaminhada pela Vida este sábado em CoimbraDo Largo da Portagem à Praça 8 de MaioEste sábado, 23 de outubro, 10 cidades portuguesas vão caminhar em simultâneo pela defesa da Vida humana, sendo Coimbra, pela primeira vez, uma delas. O ponto de encontro será pelas 14h30 no Largo da Portagem, de onde se parte em direção à Praça 8 de maio para finalizar o percurso em convívio e clima de festa. A Caminhada será curta e acessível para que todos (dos bebés aos seniores) possam participar. Pede-se a cada participante, se possível, que use uma peça branca ou uma T-shirt da Caminha-da vestida.Este é já o 10º ano da “Caminhada pela Vida” em território nacio-nal, iniciativa que se realizou pela primeira vez em Lisboa, numa manifestação coletiva em prol da promoção da dignidade e res-peito pela Vida em todas as suas fases, formas e fragilidades, desde o momento da conceção até à morte natural. A caminhada é um meio de manifestar aqueles objetivos junto dos decisores políticos, de combater a indiferença e de marcar posição sobre o rumo que se está a delinear, dizendo alto e bom som “Sim à Vida, sempre!”.

Santa Isabel de PortugalPrograma evocativo das trasladações do seu corpoAssinalando-se nos dias 27 e 29 de outubro as comemorações da 2ª e 3ª trasladações do corpo de Santa Isabel para o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, a Confraria da Rainha Santa Isabel faz me-mória destas datas com o seguinte programa:a) 27 de outubro, às 21h30, concerto pelo grupo de cordas da Orquestra Clássica do Centro, com peças alusivas a temas reli-giosos, particularmente à devoção salve regina, com peças da autoria de diferentes compositores;b) No dia 29 de outubro, às 18h00, celebrar-se-á Missa de ação de graças pela exemplar vida acontecida de Santa Isabel de Portugal;c) No dia 30 de outubro, às 21h30, realizar-se-á um concerto musical com peças sacras pelo coro vocal familiar AnçãBle.A primeira trasladação foi de Extremoz para Coimbra, em 1326. A segunda traslação, do túmulo de pedra para o túmulo de prata, em 27 outubro de 1677. A terceira trasladação ocorria apenas dois dias depois, e foi de Santa Clara-a-Velha para Santa Clara-a-Nova.

PUB

“Neste momento histó-rico da vida da Igre-ja Peregrina de Deus,

proponho-vos, caríssimos ir-mãos e irmãs, três atitudes que havemos de incarnar nas nossas comunidades: que sejamos Igre-ja em caminho que ora, anuncia e testemunha”, disse D. Virgílio Antunes na homilia [ver abaixo]

da celebração eucarística com que na Diocese de Coimbra abriu solenemente o Sínodo dos Bispos de 2023. A celebração decorreu na Sé Velha, no dia 17 de outubro, e congregou de modo especial es-truturas e serviços de correspon-sabilidade na Igreja Diocesana.

No final da Eucaristia, o Bispo de Coimbra cumprimentou estes

organismos, apresentando a sua presença e o seu serviço como “um sinal do muito que podemos e queremos fazer”. Incentivou os seus membros a terem “a ousa-dia” de assumirem a sua corres-ponsabilidade eclesial e convidou--os a integrarem-se na dinâmica do Sínodo conforme as orienta-ções que vierem a ser dadas.

À HORA DA SOLENE ABERTURA DIOCESANA DO SÍNODO DOS BISPOS

Bispo de Coimbra apresenta três atitudes a incarnar nas comunidades: oração, anúncio e testemunho

PROPRIEDADESeminário Maior de CoimbraContr. n.º 500792291 | Registo n.º 101917Depósito Legal n.º 2015/83

DIRETORA. Jesus Ramos (T.E. 94)

DIRETOR ADJUNTOCarlos Neves (T.E. 1163)

ADMINISTRAÇÃO Communis Missio - Instituto Diocesano de ComunicaçãoCentro Pastoral Diocesano CoimbraRua Domingos Vandelli, nº 23004-547 Coimbra

REDAÇÃOMiguel Cotrim (C.P. 3731 A)

PAGINAÇÃOFrederico Martins

IMPRESSÃO E EXPEDIÇÃOFIG - Industrias Gráficas, S.A.Rua Adriano Lucas, 3020-265 Coimbra

REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E EDIÇÃO:Correio de Coimbra - Seminário Maior de CoimbraRua Domingos Vandelli, 2 | 3004-547 [email protected]. 239 792 344

[email protected]

[email protected]

PREÇO DAS ASSINATURASAnual | 30 € Amigo | 35 €Benfeitor | 40 € Paróquia | 20 €

TIRAGEM5000 exemplares

COLABORADORESOs artigos de opinião são da responsabilidade dos seus autores.

ESTATUTO EDITORIALwww.correiodecoimbra.pt

PAGAMENTO ASSINATURA JORNAL NIB: 0018.0003.4059.0291.0201.3Ao fazer transferência bancária pedimos o favor de nos enviar o comprovativo da mesma para o email, [email protected], identificando com o nome, localidade e número de assinante.

“A dimensão orante é im-prescindível para nós, porque manifesta a

centralidade de Deus na nossa vida, nos faz crescer na graça do encontro com Ele, faz crescer em nós a disponibilidade do co-

ração para escutar a sua voz, e nos concede o dom do Espírito Santo como iluminação divina para o nosso agir.

A Igreja em caminho de con-versão e mudança é a Igreja que se põe à escuta da voz de Deus que lhe fala na Divina Revelação, que progride na comunhão de amor com Deus e com os irmãos,

que suplica auxílio e dá graças e louvores na assembleia reunida. A Igreja Comunhão é a que está unida na oração com Maria e os Apóstolos, na celebração da Euca-ristia e dos outros sacramentos, nos momentos de louvor e ado-ração, no silêncio contemplativo do dia a dia, na leitura espiritual da Palavra da Escritura” [...].

ATITUDE ORANTE

“A Igreja sinodal é a que anuncia enquanto ca-minha e caminha en-

quanto anuncia o Evangelho da salvação para dentro de si mes-ma, aos que já deram o passo no sentido do seguimento de Jesus, e para fora, à humanidade não crente, mas igualmente carente

de Deus e do seu amor.Interpretando os sinais de

urgência de evangelização nas presentes circunstâncias em que vivemos, o Papa Francis-co convida-nos à “suave e re-confortante alegria de evan-gelizar, mesmo quando for preciso semear com lágrimas!” (EG, 10, cita EM, 75). Trata-se de percorrermos os caminhos da comunhão eclesial decidi-

dos a participar da sua missão evangelizadora, mas também das suas alegrias e dos seus sofrimentos.

Abrem-se-nos, hoje, novas vias de anúncio do Evangelho de Jesus Cristo se estivermos fortalecidos pela fé, se progre-dirmos na unidade e na co-munhão e se nos abrirmos à criatividade pastoral que conti-nuamente se revela entre nós”.

ATITUDE DE ANÚNCIO

“A Igreja sinodal é a que testemunha o seu amor a Deus e à humanida-

de enquanto peregrina em todos e cada um dos lugares por onde passa e onde se realiza. Este tes-temunho tem dois contornos que se deduzem dos textos bíblicos que escutámos: o serviço e a santidade.

O testemunho fiel e verdadei-ro exige que a Igreja assuma a

condição de serva, à maneira de Jesus Cristo, que veio para ser o servo de todos. Como pessoas e instituições eclesiais temos pela frente o grande desafio de nos de-sinstalarmos, de prescindirmos livremente de inúmeras prisões que nos impedem de dar ao mun-do sinais da salvação de Deus.

A santidade de vida, que é ao mesmo tempo um caminho e um horizonte, resume a condição fundamental para o testemunho cristão. Esta santidade é a vocação

de todo o cristão e pode entender--se de forma rejuvenescida, como propõe o Papa Francisco, quando diz: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tan-to amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que conti-nuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja mi-litante” (GetE, 7)”.

ATITUDE DE TESTEMUNHO

Mais fotos em facebook.com/correiodecoimbra

21 DE OUTUBRO DE 2021

GRANDE JORNADA DIOCESANA NO DIA MUNDIAL DOS JOVENSUm Encontro de Festa e Oração no dia

21 de novembro de 2021 (Cristo Rei), no período da tarde, no Pavilhão das Atividades Económicas em Pombal.

Organização do Secretariado de Pastoral Juvenil e do COD JMJ de Coimbra

Page 3: SÃO PAULO VI SOBRE O ROSÁRIO “Um compêndio excelente do

CORREIO DE COIMBRA

33Igreja a caminho

As irmãs do Carmelo de Santa Teresa, em Coim-bra, celebraram a sole-

nidade da sua Madre Fundadora - Santa Teresa de Jesus - no dia 15 de outubro, com a eucaristia presida pelo Bispo de Coimbra.

D. Virgílio Antunes, tomando

o texto do evangelho - Jesus no templo, durante a festa dos ta-bernáculos, segundo João - aler-tou para as inúmeras manifesta-ções de sede que as pessoas têm, umas de forma mais implícita, outras de forma mais explícita, e para as quais a única água que

as pode saciar é Jesus Cristo. Es-tas “sedes”, considerou o Senhor Bispo, constituem como que uma predisposição humana para aco-lher o dom de Deus, mas que pre-cisa de ser evangelizada, ainda mais na cultura do nosso tempo, em que o nome de Deus está au-sente das referências pessoais. Por isso, tal sede há de entrar dentro do novo ardor da evange-lização que a Igreja nos pede, pri-meiro em relação a nós mesmos, e depois em relação aos irmãos.

Santa Teresa, considerou de-pois D. Virgílio Antunes, foi mes-tra na saciação destas “sedes”: da sua própria sede e da dos que estavam à sua volta. Do mesmo modo, também a vida das Car-melitas, no Convento, constitui um testemunho vivo de Jesus Cristo como a “água viva” para toda a Igreja, testemunho que o Bispo de Coimbra agradeceu.

MISSA NA SOLENIDADE CARMELITA DE SANTA TERESA

O novo ardor evangelizador deve responder às sedes mais profundas das pessoas

Todos os anos, no terceiro fim de semana de outu-bro, há um pretexto para

2 milhões de escuteiros de todo o mundo se juntarem: o JOTA/JOTI - Jamboree on the Air e Jambo-ree on the Internet! Na verdade,

é a maior atividade escutista mundial, e assim foi no último fim de semana, com o 64º JOTA e o 25º JOTI, ambos sob o tema “Co-munica a Paz – é tempo de agir”.

A Região de Coimbra, com o apoio do Núcleo de Coimbra da

Fraternidade Nuno Álvares (as-sociação de antigos escuteiros) também esteve nas ondas rá-dio e nos satélites que este ano ligaram 170 países, numa opor-tunidade única que “promove o conhecimento e entendimen-to multicultural, o trabalho de equipa e a aquisição de com-petências diferenciadas”. Para além da base regional, partici-param ainda os Agrupamentos 162 Santa Clara, 696 Coja, 1086 Palheira, 1390 Tocha e 1391 Lavos.

“COMUNICA A PAZ - É TEMPO DE AGIR”

2 milhões de escuteiros unidos pelos Jamborees

A Sua Excelência Qu Dongyu Diretor Geral da FAO

Excelência:

A celebração anual do Dia Mundial da Alimenta-ção confronta-nos com

um dos maiores desafios da humanidade: com a meta am-biciosa de vencer a fome, de uma vez e por todas.

A Cimeira das Nações Uni-das sobre os sistemas alimen-tares, realizada em Nova York no passado 23 de setembro, pôs em evidência o imperativo de adotar soluções inovado-ras que possam transformar o modo como produzimos e consumimos alimentos em or-dem ao bem-estar das pessoas e do planeta. E isso é inadiável para acelerar a recuperação pós-pandemia, combater a es-cassez alimentar e avançar no cumprimento dos Objetivos da Agenda 2030.

O tema proposto pela FAO este ano – “As nossas ações são o nosso futuro. Melhor produ-ção, melhor nutrição, melhor ambiente e melhor qualidade de vida” – sublinha a necessi-dade de uma ação articulada para que todos tenham acesso a uma alimentação adequada, a um preço acessível, e que garanta a máxima sustenta-bilidade ambiental. Cada um de nós tem um papel a desem-penhar na transformação dos sistemas alimentares para o bem das pessoas e do planeta, e “todos podemos colaborar […] para o cuidado da criação, cada um a partir da sua cul-tura, experiência, iniciativa e capacidades” (Carta Enc. Lau-dato Si’, 14).

Assistimos nos nossos dias a um verdadeiro paradoxo em termos de

acesso alimentar: por um lado, mais de 3.000 milhões de pes-soas não têm acesso a uma ali-mentação nutritiva, enquanto, por outro lado, quase 2.000 mi-lhões têm sobrepeso ou obesi-dade por falta de saúde, tipo de dieta e um estilo de vida se-dentário. Se não queremos co-locar em risco a saúde de nosso planeta e de toda a população, devemos estimular a participa-ção ativa na mudança em to-dos os níveis e na reorganiza-ção dos sistemas alimentares como um todo.

Gostaria de salientar quatro áreas em que é urgente agir:

no campo, no mar, à mesa e na redução das perdas e des-perdício alimentar. Os nossos estilos de vida e práticas de consumo quotidiano influen-ciam a dinâmica global e am-biental; por isso, se aspiramos a uma mudança real, devemos instar os produtores e consu-midores a tomar decisões éti-cas e sustentáveis e educar as gerações mais jovens sobre o importante papel que têm para que um mundo sem fome seja uma realidade no futuro. Cada um de nós pode contribuir para esta causa nobre, começando pelo nosso quotidiano e pelos gestos mais simples. Conhecer a nossa Casa Comum, protegê--la e ter consciência da sua im-portância é o primeiro passo para sermos guardiães e pro-motores do ambiente.

A pandemia oferece-nos a oportunidade de mudar o cur-so e investir num sistema ali-mentar global que possa lidar de forma sensata e responsável com crises futuras. Nesse sen-tido, é fundamental o valioso contributo dos pequenos pro-dutores, facilitando o seu aces-so à inovação que, aplicada ao setor agroalimentar, pode re-forçar o combate às mudanças climáticas, aumentar a pro-dutividade alimentar e apoiar todos aqueles que atuam na cadeia de valor alimentar.

O combate à fome exige a superação da lógica fria do mercado - focada avidamen-te no mero ganho económico, reduzindo os alimentos a mais uma mercadoria qualquer - e o fortalecimento da lógica da solidariedade.

Senhor Diretor Geral, a Santa Sé e a Igreja ca-tólica caminham com a

FAO e todas as outras entidades e pessoas que dão o melhor de si mesmas para que nenhum ser humano vejam prejudica-dos ou preteridos os seus direi-tos fundamentais. Que aque-les que lançam sementes de esperança e concórdia sintam o conforto ma minha oração, pedindo que as suas iniciativas e projetos sejam cada vez mais frutuosos e bem-sucedidos.

Com estes sentimentos, in-voco a bênção de Deus Todo--poderoso sobre V. Ex.cia e sobre quantos tenaz e genero-samente combatem a miséria e a fome no mundo.

(Trad.: Correio de Coimbra)

DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO 2021

“As nossas ações são o nosso futuro”Mensagem do Papa Francisco ao Diretor da FAO

OSecretariado Diocesano da Pastoral Juvenil pro-moveu no dia 16 de ou-

tubro uma segunda sessão for-mativa sobre o Projeto Rise Up, uma proposta nacional para a catequese de jovens em ordem à Jornada Mundial da Juventu-de Lisboa 2023.

Começando pelo nome, con-forme foi apresentado, o “Rise up” aponta em três sentidos de

significado progressivo: o “levan-tar-se” da tradução literal, a co-notação imediata com o tema da JMJ (“Maria levantou-se e partiu apressadamente”); e, sobretudo, a própria Ressurreição de Jesus, pois é o verbo aplicado para refe-rir a mesma. Quanto aos objeti-vos, o “Rise up” é “um itinerário que se destina a todos os jovens que veem na JMJ uma oportuni-dade para redescobrir a alegria

e a beleza de crer em Jesus, de cultivar a amizade com ele, de O reconhecer na sua Igreja e de O anunciar àqueles que o desco-nhecem ou dele se afastaram”.

Quanto ao método, é um con-junto de 30 catequeses especí-ficas para serem dadas inter-mediariamente com os outros encontros habituais dos grupos de jovens, apontando-se para 10 sessões durante cada ano (um pouco menos, dado haver mais um ano por causa da pandemia.

Quanto ao conteúdo, a forma-ção centra-se sobre “a caminha-da cristã” com Cristo, na visão teológica de São Lucas no tex-to do Evangelho e dos Atos dos Apóstolos.

Aliás, foi esse o conteúdo cen-tral da própria formação do últi-mo sábado, no Seminário Maior, que foi orientada pelo Pe. Tiago Neto, da Equipa do COL (Comité Organizador Local - Lisboa). Parti-ciparam 40 animadores, de 20 pa-róquias ou estruturas da Diocese.

FORMAÇÃO PARA APLICAÇÃO DO PROJETO “RISE UP”

Uma caminhada até à JMJ com São Lucas - Evangelho e Atos

21 DE OUTUBRO DE 2021

SEMINÁRIO MAIORContributo para as obras de conservação e requalificação.PT 50 0035 0255 0005 9801132 31.

Page 4: SÃO PAULO VI SOBRE O ROSÁRIO “Um compêndio excelente do

CORREIO DE COIMBRA

4 Grande Plano

No célebre quadro pintado para a igreja dominicana de Cingoli, na região ita-

liana das Marcas, por Lourenço Lotto (1480-1556), representa-se S. Domingos rodeado de S. To-más de Aquino e de Sta. Maria Madalena, com um enorme ro-setão de quinze medalhões que os encima, e cada um dos quais representa um mistério da vida de Cristo e de Nossa Senhora. Esta aparece a mostrar o rosário. Evidentemente, nesta tela, mais do que a origem do Rosário, deve ver-se o resultado de uma devo-ção similar à que continua viva no povo cristão.

Sem dúvida alguma, Domin-gos e os seus primeiros filhos experimentariam não pequeno prazer em recitar de joelhos a Ave-Maria, costume que remon-ta ao século XI, quando se usava apenas a saudação angélica pro-priamente dita, as palavras do

anjo na Anunciação (Lc 1,28). No século seguinte acrescentou-se a exclamação de Isabel aquando da Visitação de Maria (Lc 1,42), e rodeiam-se de práticas de devo-ção estes versículos. Jordão da Saxónia recitava o Magnificat seguido de quatro salmos cujas iniciais formavam a palavra Maria. No fim de cada uma das orações bíblicas recitava a Ave--Maria, fazendo uma genufle-xão como se vê proceder o anjo nas antigas representações da Anunciação. Um pouco mais tar-de atribui-se também este gesto ao rei S. Luís.

Os textos dos Capítulos Gerais da Ordem dominicana, desde 1266, prescrevem que os Irmãos cooperadores acrescentem a saudação a Maria a cada um dos Pais-nossos que substituem para eles o Ofício coral. Assim se chegou, por quase toda a parte, à utilização do fio de contas – en-

tão chamados Pai-nossos – para se poder contar facilmente o número destas santas palavras a que uma pessoa se compro-metia, servindo-se deste objecto de devoção, utilizado pela maior parte das religiões. À imitação dos cento e cinquenta salmos davídicos, foram determinadas três séries de cinquenta dos di-tos “Pai-nossos”, permitindo, deste modo, aos que não sabiam ler aproximar-se da própria ora-ção de Cristo.

Partindo daqui, desen-volve-se no século XIII o que então se chama lin-

damente o “Saltério de Maria”, composto de cento e cinquenta “saudações a Nossa Senhora”. Esta devoção, devido à frequên-cia com que se repetia, acabou por se acomodar ao próprio rit-mo da respiração, e recordava a oração de Jesus. Conta-se que

o beato Romeu de Lívia, um dos companheiros de S. Domingos, prior do convento de Lião em 1223 e depois Provincial de Provença, faleceu em 1261, em Carcassona, apertando fortemente entre os dedos – informa o cronista me-dieval Bernardo Gui – um cordel com nós de que se servia para contar as Ave-Marias, que reci-tava aos milhares. Os historia-dores viram neste texto um dos primeiros a mencionar o que era um esboço do nosso Rosá-rio actual. Por sua vez, um texto atribuído a S. Alberto Magno (> 1280) comparava Nossa Senhora à rosa de Jericó (Cf. Sr 24,14).

Relatos de monjas, no âmbito da mística renana do século XIV, testemunham que o mais fre-quente era ater-se ao áureo nú-mero de três cinquentenas. Cada uma destas formava coroas de rosas (rosários) ou pequenas gri-naldas (terços) que se colocavam sobre a cabeça da imagem de Nossa Senhora. Entretanto, en-quanto os religiosos rememora-vam espontaneamente, na sua oração, as virtudes de Maria, foi-se chegando, duma maneira mais metódica e mais teológica,

a uma enumeração dos misté-rios da vida de Nossa Senhora.

Sob a influência dos Cartuxos, e em particular de Domingos da Prússia, que, nos começos do século XV, introduziu, no seu mosteiro de Tréveris, cláusulas na recitação das cinquentenas, como, por exemplo, “vive Ma-ria”, para conduzir o espírito e o coração à meditação dos desíg-nios divinos, a piedade dos fiéis foi-se orientando para uma ora-ção mais organizada e mais me-tódica, como o exige o espírito da devotio moderna. Introduzem--se os quinze gozos de Maria, chamados “gozos de Nossa Se-nhora”, e as sete dores também de Maria preanunciadas por Si-meão (Cf. Lc 2,35), de acordo com o gosto pela devoção aritmética e alfabética a que é propenso o final da Idade Média, preocupa-do com o concreto, o imaginati-vo, ávido de ver e contar – já que contar é o mesmo que ver – e desejoso de não descurar meio algum que possa recordar as coi-sas de Deus.

“Sendo o Rosário caminho para contemplar os mistérios de Cristo e escola para formar a vida evangélica, seja considerado um modo de pregação conforme com a Ordem, com o qual se expõe a doutrina da fé à luz da participação da Bem-aventurada Virgem Maria no mistério de Cristo e da Igreja. Portanto, os irmãos preguem com fervor a prática do Rosário – que deve ser considerado como singular característica da Ordem – a fim de que cada dia tenha maior vitalidade, e promovam as suas associações”. (n. 129 do Livro das Constituições da Ordem de Pregadores)

OUTUBRO, MÊS DO ROSÁRIO

Contemplando as principais passagens do Evangelho de Jesus Cristo

UMA PERSPETIVA HISTÓRICA

Rainha do Santíssimo RosárioTradução e atualização de Frei Domingos Nunes Martins, op

continua na página 7

21 DE OUTUBRO DE 2021

“Queridos Poetas Sociais - Dá-me gosto chamar-vos assim, poetas sociais, porque vocês são poetas sociais, porque têm a capacidade e a coragem de

criar esperança lá onde parece haver apenas descarte e exclusão”.(Papa Francisco, início da Videomensagem aos Movimentos Populares, 16 de outubro)

Page 5: SÃO PAULO VI SOBRE O ROSÁRIO “Um compêndio excelente do

CORREIO DE COIMBRA

5RosárioNA PERSPETIVA DA PEREGRINAÇÃO

A importância do Rosário na espiritualidade de Fátima (*)

Da homilia de D. Augusto César, 65ª Peregrinação Nacional do Rosário (26 set2021)

Queridos peregrinos: tere-mos necessidade de per-guntar aos Pastorinhos

de Fátima, como havemos de chamar a Nossa Senhora? De-certo, basta olhar para Ela e ou-vi-La dizer assim: “rezai o Terço, todos os dias (ou o Rosário), pela conversão dos pecadores”! E, a seguir, vemo-La de mãos postas e envoltas pelas contas do Rosá-rio… Depois, olhando também para os Pastorinhos, ouvimos o convite que eles nos fazem, à conta da Mãe do céu. E podemos dizer, cheios de confiança: Nos-sa Senhora do Rosário de Fátima – rogai por nós!

Agora, sendo esta a 65ª Pere-grinação Nacional do Rosário, havemos de sentir o coração agradecido e os olhos cheios de confiança: passando, muitas vezes, as contas com devoção…pedindo a conversão dos pecado-res… e intercedendo por todo o mundo, à conta da actual ‘pan-demia’! E mediante essas diver-sas intenções, procuremos repe-tir com fé e a cada passo: Nossa Senhora do Rosário de Fátima – rogai por nós! […]

Oiçamos, então, juntamente com os Pastorinhos, o que Nossa Senhora disse e aconselhou: rezai o terço todos os dias, pela conver-são dos pecadores… e pedi a paz! Pois, é mediante esse procedi-mento que a guerra acabará e o mundo poderá respirar confian-ça. Doutro modo, o coração emu-dece e não responde aos apelos da fé. E será, por isso, que ao lon-go do mundo se ouve um rumor

de violência e que a Europa vai perdendo o sabor da sua heran-ça ´cristã’? Sejamos peregrinos atentos e digamos como os Pas-torinhos: aceitamos tudo o que o céu nos mandar… e o que a Mãe do céu nos pedir! Ou seja: procu-remos imitar os Pastorinhos, que embora apegados ao carinho dos pais e da família…não deixavam de responder generosamente aos apelos do céu.

E se quisermos lembrar os diversos Papas que se fizeram peregrinos de Fátima (desde S. João XXIII, ao Papa Fran-cisco), podemos agradecer o estímulo que nos dei-xaram e o testemunho que nos deram. Além disso, rezaram con-nosco e pediram por nós!

E, agora, p o u s e m o s os nossos olhos na celebra-ção da Eucaristia e no lugar que ela ocu-pava, em cada uma das Apari-ções. Com efeito, a preocupação de Nossa Senhora con-sistia, sobretudo, em aproximar os Pastori-nhos de Jesus (os Pasto-rinhos e a nós também). De sorte que, sem Eucaris-tia, qualquer peregrinação a Fátima, é menos peregrinação

e mais ‘excursão’. E a passagem pelo confessionário ajuda a dis-por o coração para bem acolher o ‘mistério’ e saborear a Eucaris-tia ou o Sacramento do Altar. […]

(*) Títulos do Correio de Coimbra

Na Ordem de São Domin-gos de Gusmão (Padres Dominicanos, Ordem dos

Irmãos Pregadores) e em toda a Igreja, celebramos a 7 de Outubro a Solenidade de Nª Sª do Rosá-rio. Uma tradição muito antiga diz-nos que Nossa Senhora terá aparecido a São Domingos de Gusmão, (no sul de França) com o Menino ao colo a oferecer-lhe o Santo Rosário. A verdade é que desde muito cedo os Padres Do-minicanos tiveram uma gran-de influência quer na estrutura quer na divulgação do Rosário, a tal ponto que a Igreja conferiu a São Domingos de Gusmão o título de Apóstolo do Santo Rosário.

É também aos Dominicanos que se deve a fundação das pri-

meiras Confrarias do Rosário, e foi inclusive um Papa Dominica-no, São Pio V, que, em Dezembro de 1569, estabeleceu definitiva-mente a estrutura do Rosário, e em 1572 instituiu a Festa de Nª. Sª. do Rosário.

O Rosário, escreveria o Papa São Paulo VI, “é uma coroa de ora-ções, um compêndio excelente do Evangelho”. Na oração do Rosário, através dos vários Mistérios, tor-namos presente e podemos con-templar as principais passagens do Evangelho de Jesus Cristo.

Foi, aliás, nesta ordem de ideias, que o Papa São João Pau-lo II, através de uma Carta Apos-tólica de 16 de Outubro de 2002, e com intenção de fazer com que a contemplação do Evan-

gelho fosse ainda mais com-pleta, acrescentou os Mistérios Luminosos, que nos recordam a vida pública de Jesus: o seu Baptismo no Rio Jordão, o seu 1º Milagre nas Bodas de Caná, o anúncio do Reino de Deus, a Transfiguração do Senhor, e a instituição da Eucaristia. Estes Mistérios Luminosos foram in-seridos entre os Mistérios Go-zosos e os Dolorosos, formando assim o perfeito complemento à meditação do Evangelho.

Que Maria Santíssima, Nossa Senhora do Rosário, nos conce-da a graça de sermos fiéis à ora-ção, à recitação diária do Santo Rosário e perseverantes na fé, na vida cristã, ao Evangelho de Jesus Cristo.

NA PERSPETIVA LITÚRGICO-TEOLÓGICA

Nossa Senhora do Rosário,7 de outubroJosé Carlos Vaz Lucas, op

Na Ordem de S. Domingos permanece o piedoso costume de benzer as rosas em honra de Nossa Senhora do Rosário, particularmente no dia da Festa do Rosário (7 de Outubro).

Estas rosas bentas guardam-se cuidadosamente, atendendo à fé e confiança que temos na Divina Providência.

Nos Arquivos do Rosário estão registadas muitas graças de or-dem espiritual e material, obtidas por numerosas pessoas atra-vés das rosas bentas. Muitos doentes curaram-se usando-as com grande devoção.

Atendendo à fórmula usada pela Igreja na bênção das rosas, não duvidamos do poder curativo deste sacramental.

Bênção das Rosas do RosárioOremos: Ó Deus, criador e preservador da hu-

manidade, dignai-Vos derramar a Vossa bên-ção sobre estas rosas que Vos oferecemos

como testemunho de devoção a Nossa Senhora do Rosário. Concedei que elas,

criadas pela Vossa Providência, com perfume agradável para todos nós,

recebam esta bênção como sinal da Vossa Santa Cruz, a fim de que

todos os doentes, sobre os quais forem impostas, sejam curados

dos seus males e que o demó-nio se afaste das suas casas,

não se atrevendo a per-turbar os vossos servos. Por Nosso Senhor Jesus

Cristo…Amemos as Rosas do Rosário

e usemo-las com espírito de fé. Elas são doces lembranças de

Maria, nossa Mãe!

Oração pelos doentesÓ Rainha do Santíssimo Rosário, pros-

trados aos vossos pés, imploramos a Vossa poderosa assistência. Sois a des-

penseira de todas as graças, e ouvis, com o vosso maternal Coração, as súplicas de todos

os que a Vós recorrem. Ouvi as nossas preces pelos doentes, cuja cura imploramos, se for para

seu bem espiritual. Os que a Vós recorrem sentem grande alegria e satisfação em chamar-Vos “Saúde

dos enfermos”. Santíssima Virgem Maria, ouvi a nossa voz supli-cante como penhor de reconhecimento. No meio das vossas vitó-rias, sobre as enfermidades humanas, mostrai-nos a vossa mise-ricórdia, para que os doentes que Vos recomendamos, e que põem toda a confiança em Vós, possam prostrar-se perante Vós, para Vos dar graças e receber a Vossa bênção de inefável poder por intermé-dio do vosso Santo Rosário. Ámen.Rezar 3 Ave-Marias com as invocações: Rainha do Santíssimo Rosá-rio, Saúde dos enfermos, rogai por nós, pecadores.

A Nossa Senhora do Rosário de FátimaNossa Senhora do Rosário de FátimaIntercedei pelo nosso país;santificai o clero;fazei com que os católicos sejam mais fervorosos;curai os doentes que em Vós confiam;consolai os aflitos que põem toda a confiança em Vós;ajudai todos os que Vos invocam como auxílio;livrai-nos de todos os perigos;ajudai-nos a resistir às tentações;obtende-nos tudo o que amorosamente vos pedimos;encaminhai para o bem os nossos irmãos errantes;dai-nos, de novo, o nosso antigo fervor;obtende-nos o perdão dos nossos numerosos pecados e ofensas;dai a paz ao mundo;trazei todos os homens ao Vosso Divino Filho.Oremos: Ó Deus, fonte de misericórdia infinita, enchei os nossos corações de grande confiança na vossa Mãe Santíssima, que invo-camos sob o título de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Conce-dei-nos, pela sua poderosa intercessão, todas as graças espirituais e temporais que necessitamos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo… Ámen

ORAÇÕES PARA A PIEDADE POPULAR

Bênção das Rosas do Rosário

21 DE OUTUBRO DE 2021

“Bem-aventurados - Vocês são um verdadeiro exército invisível, são parte essencial dessa humanidade que luta em favor da vida diante de um sistema de morte. Nessa entrega, vejo o Senhor que se torna presente no meio de nós para nos oferecer o seu Reino”.(Papa Francisco, Videomensagem aos Movimentos Populares, 16 de outubro)

Page 6: SÃO PAULO VI SOBRE O ROSÁRIO “Um compêndio excelente do

CORREIO DE COIMBRA

6 Liturgia

O amor é o centro que fir-ma e forma a vida cristã, as relações interpessoais

e a relação com Deus. Do amor e para o amor pendem três ati-tudes: escutar, acolher e trans-formar. Quem ama escuta, não acolhe somente uma mensagem, mas acolhe também a pessoa que a comunica, a sua vida, uma di-nâmica que gera transformação.

“Escuta, Israel, e cuida de pôr em prática. O Senhor nosso Deus é o

único Deus”. O verdadeiro crente é aquele que presta obediência a Deus, na escuta atenta procu-ra transformar todo o seu ser e fazer da sua vida uma total de-pendência a Deus. Deus é único, porque ninguém ama como Deus

sabe amar. É único, tal como o seu amor, porque Deus não tem dois pesos e duas medidas, ama incondicionalmente, sem qual-quer divisão ou distinção e lan-ça-nos o desafio a incluirmo-nos na mesma grandeza de amor.

“Qual é o primeiro de to-dos os mandamentos?”. A Resposta de Jesus é

muito clara. Depois da afirmação amar a Deus sobre todas as coisas, Jesus acrescenta e ao próximo como a ti mesmo. A resposta de Jesus afasta-se de qualquer hie-rarquização dos mandamentos e afirma que o maior mandamento e o principal, é o amor. O amor é o agir de Deus e só no amor po-demos ser aquilo que devemos ser segundo a vontade de Deus. Os

mandamentos não têm um grau de cumprimento hierárquico, mas têm como princípio o amor, sabendo que esse mesmo princí-pio abraça duas direções: Deus e os outros como a nós mesmos.

“Jesus possuiu um sacerdó-cio eterno”. Jesus é o eter-no que irrompeu no tempo

para nos abrir as portas e as jane-las da nossa alma. Assim, já não permanecemos fechados num mundo finito e limitado, mas abertos e atraídos à vida eterna, dom de Deus. O Seu amor, bem expresso no Seu Sacerdócio, une o tempo e a eternidade e lança--nos o desafio a viver a obediên-cia e o amor, que Ele derramou sobre nós, para com Ele entrar-mos no santuário de Deus.

NEM SÓ DE PÃO | COMENTÁRIO À LITURGIA DOMINICAL

escutar, acolher e transformarPaulo Silvestre

LEITURA DO LIVRO DO DEUTERONÓMIO Deut 6, 2-6Moisés dirigiu-se ao povo, dizendo: «Temerás o Senhor, teu Deus, todos os dias da tua vida, cumprindo todas as suas leis e precei-tos que hoje te ordeno, para que tenhas longa vida, tu, os teus filhos e os teus netos. Escuta, Israel, e cuida de pôr em prática o que te vai tornar feliz e multiplicar sem medida na terra onde corre leite e mel, segundo a promessa que te fez o Senhor, Deus de teus pais. Escuta, Israel: o Senhor nosso Deus é o único Se-nhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. As palavras que hoje te prescrevo ficarão gravadas no teu coração».

SALMO RESPONSORIAL Salmo 17Refrão: Eu Vos amo, Senhor: Vós sois a minha força.

LEITURA DA EPÍSTOLA AOS HEBREUS Hebr 7, 23-28Irmãos: Os sacerdotes da antiga aliança sucederam-se em grande número, porque a morte os impedia de durar sempre. Mas Jesus, que permanece eternamente, possui um sacerdócio eterno. Por isso pode salvar para sempre aqueles que por seu intermédio se aproxi-mam de Deus, porque vive perpetuamente para interceder por eles. Tal era, na verdade, o sumo sacerdote que nos convinha: santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiro pelos seus próprios pecados, depois pelos pecados do povo, porque o fez de uma vez para sempre quando Se ofereceu a Si mesmo. A Lei constitui sumos sacerdotes homens revestidos de fraqueza, mas a palavra do juramento, poste-rior à Lei, estabeleceu o Filho sumo sacerdote perfeito para sempre.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO Jo 14, 23Se alguém Me ama, guardará a minha palavra, diz o Senhor;meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada.

EVANGELHO SEGUNDO SÃO MARCOS Mc 12, 28b-34Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». Jesus respondeu: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Se-nhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.

ENTRADANão me abandoneis | CEC II 137/139

Recordamos, ó Deus | CEC II 68Olhai para mim, Senhor | CEC II 51

APRESENTAÇÃO DOS DONSUm novo coração me dá | XVII ENPL

Jesus nossa redenção | NCT 567Na hóstia sobre a patena | NCT 248

COMUNHÃOEscuta Israel | CEC II 136

Se vos amardes | CEC I 149Vós sereis meus amigos | CEC I 151

PÓS-COMUNHÃOO amor de Deus | CEC II 21

Deus é amor | CEC II 54Se alguém Me tem amor | XIV ENPL

DOMINGO XXXI DO TEMPO COMUM 31 de outubro de 2021

SUGE

STÃO

DE

CÂN

TICO

S

O Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral sintetizou assim os 11 apelos do Papa Francisco para a Segunda fase do 4º Encontro Mundial dos Movimentos Populares (16 e 17 de outubro) que aconteceu em versão online e foi transmitido em cinco idiomas nos principais canais do YouTube do Vaticano.

1Às grandes empresas, para conceder patentes. Tenham

um gesto de humanidade e permitam que todos os países, todos os povos, todos os seres humanos tenham acesso às va-cinas. Existem países onde ape-nas três, quatro por cento das pessoas foram vacinadas.

2Em nome de Deus, gostaria de pedir aos grupos finan-

ceiros e às organizações interna-cionais de crédito que permitam aos países pobres socorrer as necessidades básicas dos seus povos e cancelam as dívidas que tantas vezes foram contraídas contra os interesses desses mes-mos povos.

3Quero pedir em nome de Deus às grandes empresas

extrativas as - mineração, pe-tróleo, silvicultura, imobiliária, agroalimentar - que parem de destruir florestas, pântanos e montanhas, parem de poluir rios e mares, parem de envene-nar pessoas e alimentos.

4Em nome de Deus, quero pedir às grandes corpora-

ções alimentares que parem de impor estruturas monopolistas de produção e distribuição que inflacionam os preços e acabam por privar os famintos de pão.

5Em nome de Deus, peço aos fabricantes e traficantes

de armas que cessem comple-tamente a sua atividade, ati-vidade que fomenta a violên-cia e a guerra, muitas vezes no contexto de jogos geopolíticos que custam milhões de vidas e deslocamentos.

6Em nome de Deus, quero pedir aos gigantes da tec-

nologia que parem de explorar a fragilidade humana, as vulnera-bilidades das pessoas, para obter lucro, sem atenderem a que o discurso do ódio, sedução, notí-cias falsas, teorias da conspira-ção e manipulação política estão a aumentar.

7Em nome de Deus, quero pedir aos gigantes das tele-

comunicações que liberalizem o acesso ao conteúdo educacional e cooperem com os professores pela internet, para que as crian-ças pobres possam ser educa-das mesmo em ambientes de quarentena.

8Em nome de Deus, peço aos media que ponha fim à ló-

gica da pós-verdade, da desin-formação, da difamação, da ca-lúnia e daquele fascínio doentio pelo escândalo e sujeira, e que tentem contribuir para a frater-nidade humana e para a empa-

tia com os mais vulneráveis.

9. Em nome de Deus, quero pedir aos países poderosos

que parem com as agressões, bloqueios e sanções unilaterais contra qualquer país do mun-do. Não ao neocolonialismo. Os conflitos devem ser resolvidos em organismos multilaterais como as Nações Unidas. Já vi-mos como terminam as inter-venções, invasões e ocupações unilaterais; mesmo que sejam feitos pelo mais nobre dos moti-vos ou caraterísticas. (...)

10Aos governos em geral, aos políticos de todos os

partidos, desejo pedir-lhes, jun-to com os pobres da terra, que representem seus povos e traba-lhem pelo bem comum. Quero pedir-lhes que tenham coragem de olhar o seu povo, de olhar o povo nos olhos, e coragem de saber que o bem de um povo é muito mais do que um consenso entre as partes (...)

11Também gostaria de pedir a todos os líderes religiosos

que nunca usem o nome de Deus para fomentar guerras ou gol-pes de estado. Estamos ao lado dos povos, dos trabalhadores, dos humildes e lutamos junto com eles para tornar realidade o desenvolvimento humano in-tegral. Construímos pontes de amor para que a voz da periferia com os seus gritos, mas também com o seu canto e a sua alegria, não cause medo mas sim empa-tia no resto da sociedade”.

ESPIRITUALIDADE

11 Apelos do Papa Francisco, em seu nome e “em nome de Deus”Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral

21 DE OUTUBRO DE 2021

SEMANA DOS SEMINÁRIOS 2021De 31 de outubro a 7 de novembro, sob o tema “Para estarem com Ele e para

os enviar a proclamar” (Mc 3, 14)Com materiais disponíveis em www.ecclesia.pt/cevm/

Page 7: SÃO PAULO VI SOBRE O ROSÁRIO “Um compêndio excelente do

CORREIO DE COIMBRA

7Opinião

A minha expetativa é gran-de relativamente ao Sí-nodo dos Bispos 2023, que

neste mês solenemente “abriu”. Com uma Igreja que deixou de ser marcante para a sociedade – cada vez mais indiferente à re-ligião –, o sopro do Espírito ins-pira Francisco a consolidar re-formas estruturais rumo a uma Igreja “como deve ser”, como nos seus inícios, como no plano do seu fundador – Jesus Cristo.

O “Sínodo” Vaticano II preten-deu romper com o conceito de Igreja de Pio X, bem expressa na Encíclica Vehementer Nos, de 1906. A Constituição Dogmá-tica Lumen Gentium – ao con-siderar que a Igreja é o “Povo de Deus” e que todos os fiéis, com a dignidade que lhes advém do Batismo, participam da fun-ção sacerdotal, profética e real de Cristo – foi (é) revolucioná-ria. Mas avançou-se pouco. Este Concílio, ao superar a conceção de Igreja como estrutura hie-rárquica, centralizada e rígida, abriu caminho a práticas de natureza sinodal. Mas episódi-cas, sem criar raízes profundas. Creio que agora, com este Síno-do, se vai potenciar tudo o que em 1964, no Vaticano, se debateu e definiu, com aclamação, por pessoas que já todas morreram. O grão de trigo vai dar fruto. Acreditemos.

De entre os muitos (e notáveis) documentos preparatórios, mui-

to confluentes na mensagem e nos propósitos, elejo a “Reflexão” de Nathalie Becquart, religiosa francesa que em 2021 foi no-meada pelo Papa Francisco sub-secretária do Sínodo (ela será a primeira mulher a ter direito de voto no Sínodo). O título é suges-tivo, embora muito comum a to-dos os documentos neste âmbi-to: “De uma Igreja clerical a uma Igreja sinodal”. Que belo texto!

Ela (também) sonha com uma Igreja “onde todos, leigos, pasto-res, bispo de Roma, caminham juntos, lado a lado”. Onde “to-dos são chamados à santidade, todos são discípulos missioná-rios e devem construir juntos a comunidade, rumo a um outro estilo de Igreja”.

É chegado o momento subli-me de potenciarmos o que se es-creveu há mais de meio século no Concílio Vaticano II. E o que, ao mais alto nível, se escreve presentemente.

“Por amor de Deus” não perca-mos esta oportunidade sobera-na! Participemos entusiastica-mente na preparação, dando as nossas sugestões (e todo o Povo de Deus – mesmo os “não pra-ticantes” – podem participar). E, sobretudo, sintamos a Igreja de outra forma – uma Igreja que acolhe a todos, que dá atenção a todos, que se constrói continua-mente com o contributo de to-dos, também (sobretudo?) com o contributo dos mais esquecidos,

dos mais afastados, dos mais críticos, dos mais discretos, dos mais calados, dos mais simples.

O que este Sínodo nos recor-da é que o cobrador de impostos pode ser discípulo (e acaba por escrever um evangelho) e que o discípulo que, convictamente (e depois de prevenido), nega Cristo é o primeiro “papa” desta Igreja. E o que este Sínodo nos quer di-zer é que devemos valorizar (e convocar) todos os batizados, so-bretudo os mais subestimados: o pai ou a mãe que pede o batismo para o filho, mais por tradição do que por convicção; o pai ou a mãe que, a custo, matriculam o filho na catequese e nem vão regularmente à missa; o cate-quista que normalmente não fala nas reuniões e aparenta ser tímido e pouco dotado; o mon-ge que, na sua discrição, parece só saber ler a Bíblia; a religiosa que, na sua instituição, dá pouco nas vistas e tem muito jeito para cuidar do jardim; o presbítero que intervém raramente nas as-sembleias do Clero e parece ser pouco capacitado para grandes voos.

Passados dois milénios, será que ainda não reconhecemos que este Deus faz milagres so-bretudo nos mais insignifi-cantes aos olhos do mundo? É chegada a hora de lhes darmos a voz e a oportunidade, porque nesta Igreja, aos olhos de Deus, eles valem tanto como o Papa.

O pior que pode acontecer, é vermos este Sínodo como um grande evento, que acontece em 2023, e “pronto”; é sob a capa do entusiasmo (sem “TEOS” lá dentro), fingir-se mudar algu-ma coisa para que tudo fique na mesma. É o risco do “imobilis-mo” que nos falou Francisco ain-da há pouco (ou de “adotarmos soluções velhas para proble-mas novos” como ele também acrescentou).

Mas o melhor que nos pode acontecer é vermos e sentirmos o Sínodo como um “processo” nunca acabado (e já iniciado por muitos e em muitos lados), um novo estilo de Igreja, uma nova forma de cada um de nós atuar, intervir, como pessoas, como cristãos, como batizados imbuí-dos do “sacerdócio comum” com a diversidade de dons e funções, mas assentes no mesmo pilar – Jesus Cristo.

Termino com este repto lan-çado pela Ir. Nathalie Becquart, na sua reflexão: «Passar de uma Igreja clerical centrada no padre concebido como separado, isto é, superior aos leigos, a uma Igreja sinodal baseada na correspon-sabilidade de todos os batizados, exige formar líderes e pastores colaborantes. Isto é, agentes pastorais capazes de trabalhar verdadeiramente em equipa e de escutar profundamente o con-junto dos batizados».

Vamos ser capazes!

O Rosário é popularizado pelo dominicano Alano da Rocha (1428-1475), que gozava de grande repu-tação de santidade. Propagou a devoção do Saltério de Maria no norte de França e na Flandres, organizando por toda a parte con-frarias do Rosário, para toda a gente ávida de indulgências em tempo de guerras, de fome e de cismas, a fim de “ser preservada de morte súbita e de malvados as-saltos do inimigo infernal”.

Que tem a ver S. Domin-gos com tudo isto? Pare-ce que foi precisamente

o beato Alano da Rocha quem, no seu ardor pela propaganda do Rosário, quis atribuir a sua “invenção” ao Patriarca da sua Ordem, e há que confessar que o fez recorrendo a testemunhos algo imprecisos. Parece apoiar--se no tratado de um certo João de Monte (? 1442), que teria sido bispo dominicano e amigo dos cartuxos. Os relatos legendá-rios abundam, baralham-se e

contradizem-se. Desde a distri-buição de rosas que Domingos teria feito na batalha de Muret, em 1213, até à visão de Nossa Se-nhora que lhe teria estendido o seu próprio rosário em Prouille ou na catedral de Tolosa, há ma-téria de sobra para aquelas re-presentações que se encontram aos milhares nas igrejas da re-forma católica, particularmente nas capelas laterais que foram financiadas e mantidas pelas confrarias do Rosário.

É possível que a fonte destas lendas tenha brotado do Rosa-rium, um extenso poema ma-riano composto por um domi-nicano em meados do século XIV. E não se pode excluir que se tenha confundido Domingos de Gusmão com o cartuxo Domin-gos Helião da Prússia. Há, pois, uma total ausência de textos que permitam atribuir ao fun-dador da Ordem de Pregadores a invenção do piedoso método de oração mariana, genial dentro da sua simplicidade – o Rosário. E, diga-se o que se quiser, para o sério rigor histórico o silêncio

não equivale à afirmação. Des-de o início do século passado, um jesuíta inglês, refutado com maior ou menor veemência mas com igual boa fé pelos hagiógra-fos dominicanos, afirmava: «A cons-piração do silêncio esten-de-se a toda a espécie de relação e a todo o género de actividade literária. Nenhum dos sete pri-meiros biógrafos de S. Domingos faz a mais leve referência à re-velação ou à prática do Rosário… Não existe um único monu-mento dominicano dos séculos XIII ou XIV que o comemore… A ausência de tal alusão, se consi-deramos o sepulcro de S. Domin-gos em Bolonha, a obra-prima de Nico-lau de Pisa, é particular-mente significativa…».

No entanto, ninguém ou-sará negar a especial relação estabelecida ao

longo dos séculos entre o Rosário e a Ordem de S. Domingos. A dis-tribuição dos mistérios em go-zosos, dolorosos e gloriosos – os luminosos foram introduzidos apenas em 2002 por João Paulo II

– que regulou o ritmo da piedade de gerações inteiras, atribui-se ao dominicano Santiago Spren-ger (1436-1496), que além de fa-moso co-autor do “Martelo de Bruxas”, foi também fundador da Irmandade do Rosário em Co-lónia. O seu maior mérito este-ve em não fazer do Rosário uma devoção particular, mas uma verdadeira oração da Igreja. S. Pio V, Papa dominicano austero e piedoso, atribuiu à oração do Rosário a vitória de Lepanto que, em 1571, deteve o avanço dos tur-cos na Europa. Conforme o sena-do de Veneza mandou esculpir, não foram nem a coragem, nem as armas, nem os chefes que nos alcançaram a vitória, mas sim “Maria do Rosário”, celebrada com o nome de “Nossa Senhora das Vitórias”.

Dado que os dominicanos tra-zem o rosário suspenso do cinto do seu hábito, tal como fazem os cartuxos professos, e dado que gerações de Irmãos Pregadores se consagraram a um apostola-do popular no sentido da eclesio-logia do “povo de Deus”, muito antes desta haver sido revalori-zada, fácil é compreender o que os medievais pretendiam afir-mar quando atribuíam a inven-ção do Rosário a S. Domingos. De

uma forma poética, desejavam exprimir a força da oração na qual tinha tanta fé o fundador dos Irmãos Pregadores e o lugar da Virgem Maria na história da salvação.

Recordemos a forma como ex-pressou esta convicção Miguel Ângelo que, por outro lado, havia contribuído para a restauração do sepulcro de S. Domingos em Bolonha. No centro do Juízo fi-nal da Capela Sistina, um dos anjos segura uma coroa de rosas e estende-a a duas figuras que se agarram fortemente a ela a fim de receberem a força que os le-vante e os atraia para Cristo glo-rioso. Junto do Redentor, Nossa Senhora contempla, em atitude de oração, o Dia do Senhor. Esse é também o lugar que Fra (beato) Angélico lhe reserva no quadro de Juízo, em S. Marcos de Flo-rença. Este contemporâneo de Alano da Rocha coloca S. Domin-gos no extremo do coro dos pro-fetas e dos Apóstolos. O mistério glorioso, completo e definitivo, vinca o papel de Maria na Comu-nhão dos Santos, na Igreja. Con-vinha que Domingos, pelo seu fervor mariano indissociável do seu zelo apostólico, fosse repre-sentado assim na Bem-aventu-rança que tanto anunciara.

Um Sínodo para a história?Jorge Cotovio | [email protected]

Rainha do Santíssimo Rosário

COP26Parolin em GlasgowO secretário de Estado do Va-ticano, cardeal Pietro Parolin, vai presidir à delegação da Santa Sé na Conferência das Partes na Convenção-Quadro da ONU sobre as mudanças climáticas (COP26) na Escócia, de 31 de outubro a 12 de no-vembro. A COP26 reunirá qua-se 200 líderes mundiais para atualizar os planos de redução de emissões a fim de comba-ter o aquecimento global.

Proximidades do BispoHomilia do PapaNo domingo 17 de outubro, o Santo Padre presidiu à celebração da Eucaristia com a ordenação episcopal de dois novos bispos. Fran-cisco seguiu o guião da ho-milia proposto no Missal Romano, mas, tal como já fez outras vezes, desviou-se do mesmo para introduzir ‘as quatro proximidades do bispo’: “aproximai-vos sem-pre do povo, aproximai-vos de Deus, aproximai-vos dos irmãos bispos, aproximai--vos dos sacerdotes”.

Milagre reconhecidoJoão Paulo I vai ser BeatoO Papa Francisco autorizou, no dia 13 de outubro, a pro-mulgação do decreto sobre a cura milagrosa atribuída à intercessão de João Paulo I, abrindo assim o caminho à beatificação do “Papa do sor-riso”, que foi Pontífice du-rante 33 dias, de 26 de agosto a 28 de setembro de 1978.

continuado da página 4

21 DE OUTUBRO DE 2021

AMO A IGREJA, LEIO O SEU JORNALVivendo o ano centenário do Correio de Coimbra:com o foco na informação, no diálogo com a cultura e na evangelização.Procure na sua paróquia, ou faça-se assinante.

Page 8: SÃO PAULO VI SOBRE O ROSÁRIO “Um compêndio excelente do

CORREIO DE COIMBRA

Última

Ouvir e dar assistência imediata a pessoas vul-neráveis (jovens, mulhe-

res e famílias) é a primeira das 11 recomendações às instituições da UE pela Comissão das Con-ferências Episcopais da União Europeia (COMECE). Estas reco-mendações constam da Declara-ção “Ouvir o grito dos pobres no contexto da pandemia COVID-19 e da sua recuperação”, divulgada no dia 14 de outubro, e preten-dem melhorar a luta contra a pobreza na Europa

Na segunda recomendação, a COMECE pede apoio temporário para pequenas e médias empre-sas de algumas regiões ou locais que sofreram maior impacto da crise; logo em terceiro lugar apa-rece o acesso à habitação decen-te. Ainda dentro das recomen-dações mais práticas, aparece

a prevenção do sobre-endivida-mento, por meio de legislação adequada, educação financeira e aconselhamento sobre dívida de qualidade.

A educação volta a aparecer mais à frente, agora na perspe-tiva inclusiva, dirigida direta-mente à qualidade do ensino a prestar às crianças em situação de pobreza, incentivando a uma vida saudável e evitando a exclu-são digital. Em relação ao traba-lho, a principal recomendação vai no sentido de eliminar as disparidades salariais de géne-ro, garantindo o salário digno e a proteção social. Entre outros as-petos, a COMECE lembra que “um trabalho flexível não deve signi-ficar um trabalho precário”. Em termos de impostos, a Declaração recomenda uma tributação justa e o incentivo do investimento

privado dirigido ao combate à pobreza. Os bispos recomendam ainda a criação de novas estru-turas de solidariedade, sobre-tudo em ordem à solidariedade intergeracional, promovendo a “igualdade de oportunidades para todas as pessoas e, em par-ticular, para os idosos que vivem nas zonas rurais”.

Globalmente, a COMECE pede a monitorização adequada das metas de pobreza e emprego dentro da EU, e o fomento de “abordagens integrais e multi-dimensionais que reconheçam o verdadeiro valor dos ‘Pobres’ e promovam sua participação efe-tiva em nossa sociedade”.

A última das recomendações abre para a pobreza nos outros países e para os países global-mente pobres, apoiando-os parti-cularmente no acesso às vacinas.

Faleceu no dia 16 de outubro o Padre Serra, sacerdote sa-lesiano que vivia em Coim-

bra, onde fundou o “Lar de S. Mar-tinho”, em 1973, Instituição que acolhia jovens de ambos os sexos desprovidos de meio familiar nor-mal. O Lar de São Martinho veio a ter novas instalações a partir de 1993. Entretanto, a Obra do Padre Serra chegou a alargar-se a quatro residências para crianças e jovens em situação social grave, sendo atualmente três: S. Martinho do Bispo e Alcarraques (em Coimbra) e Fontela (Figueira da Foz).

Francisco Proença Serra nasceu na Covilhã em 1929 e foi ordena-do sacerdote em 1962. Depois da sua ordenação foi para Bragança, onde foi Diretor da Instituição Geral de Menores de Bragança. Aí adquiriu sensibilidade e saberes para esta realidade dos menores

desprotegidos, saberes que veio a desenvolver depois ao longo de toda a sua vida, em Coimbra e a partir de Coimbra.

O seu funeral realizou-se no dia 18 de outubro para o cemi-tério de São Martinho do Bispo, tendo presidido à Missa de su-frágio o Bispo de Coimbra.

No passado dia 05 de ou-tubro de 2021, Portugal comemorou o 111º ani-

versário da implantação da República que em 1910 foi pro-clamada, com os habituais dis-cursos, que desta vez, ocorreram no rescaldo das eleições autár-quicas. Estas comemorações decorreram com normalidade dado sermos já uma democra-cia adulta, contudo, há cada vez mais necessidade de estarmos alerta, para combater os sinais de populismos, radicalismos e extremismos que se propagam por todo o mundo e que as redes sociais revelam na sua crueza e dureza, associados à mentira e difamação, como armas.

Muito recentemente no mun-do, tivemos a retirada das tro-pas internacionais do Afeganis-tão e com isso a implantação do

regime controlado pelos talibãs, com o “regresso às trevas” e em que as mulheres deixam de ter acesso à liberdade e mesmo à educação. Voltou o “inimagi-nável”. Regimes repressivos, de controlo sobre o outro, que se aproveitam do desconhecido, da ignorância e que a cultivam; misturados com o primado de um “determinado tipo de inter-pretação” de uma religião.

Num recente livro de Antó-nio Costa e Silva chama-se a atenção para “dois tópicos que alimentam o irracionalismo catastrofista: a ascensão dos piores na política e a ameaça climática.” E isto está a acon-tecer “também na Europa e nos EUA, com o crescimento da xe-nofobia, da demonização e ex-clusão do outro e da utilização dos migrantes como arma de

arremesso político.” Para além disso, há a necessidade de fazer compromissos para avançar e, no entanto, por vezes a práti-ca política está cada vez mais

afastada das necessidades das pessoas. Neste citado livro, “Portugal e o Mundo numa en-cruzilhada”, acrescenta abor-dando uma das inquietações:

Esta forma de fazer política como uma guerra e de tratar os opositores não como adversá-rios, mas como inimigos, que têm de ser destruídos, propa-gou-se às outras democracias, incluindo às europeias. Infe-lizmente isto é algo cada vez mais visível e que também foi observável nas eleições autár-quicas. A política deve ser enal-tecida como serviço público e não como estratégias e táticas de tomadas de poder que não olham a meios para obter os fins que almejam.

Temos naturalmente de es-tar atentos à pobreza, e ao fac-to de serem os mais pobres que sendo mais atingidos, também veem os seus filhos mais atin-gidos. Portugal tem sido uma referência na forma como está atento a esta preocupação, para que a educação seja de facto, fator de inclusão, o que ain-da é mais necessário nos pós pandemia.

Não podemos, pois, ficar in-diferentes ao facto de serem os filhos dos mais desprotegidos, que mais dificuldade tiveram em acompanhar as aulas, na fase de paragem provocada pela pandemia. Isto apesar dos esforços, para mais computa-dores, até pelas aulas através da nova Telescola, e não pode-mos esquecer os esforços dos professores, que naturalmente fazem a grande diferença na vida das crianças. A necessida-de de um plano de recuperação de aprendizagens foi evidente e tem de ser implementada.

Neste mês de outubro em que comemorámos o Dia da Repú-blica é necessário continuar a evocar e a reafirmar um Por-tugal mais inclusivo, que o Se-nhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, colo-cou como objetivos principais: a melhoria das condições de vida e a diminuição das desi-gualdades, para todos os portu-gueses. E não esqueceu de refe-rir os nossos emigrantes, mas também os imigrantes, os que acolhemos e de que Portugal necessita.

BISPOS DA UE FAZEM RECOMENDAÇÕES PARA O COMBATE À POBREZA

É preciso dar assistência imediata às pessoas mais vulneráveis

FALECEU FRANCISCO PROENÇA SERRA

O sacerdote que deu a sua vida às crianças e jovens

“A política deve ser enaltecida como serviço público e não como estratégias e táticas de tomadas de poder que não olham a meios para obter os fins que almejam.

POLÍTICA & SOCIEDADE

Defender um país mais inclusivo e combater os populismosLiliana Marques Pimentel

NO dia 18 de outubro – dia de São Lucas, que era médico, e, por isso, tam-

bém “Dia dos médicos” – o Papa Francisco recebeu os membros da Fundação Universitária Bio-médica da Universidade Cam-pus Biomédico de Roma, a quem lembrou que “colocar a pessoa

doente à frente da doença é essencial em todos os campos da medicina”, e que esta deve ser exercida em ordem a “um tratamento que seja verdadei-ramente abrangente, verdadei-ramente humano”, procuran-do “compreender os contextos, implementar os tratamentos

e desenvolver uma cultura da saúde”. Noutro ponto do seu discurso, Francisco salientou que é necessário que todos os intervenientes na saúde tra-balhem juntos, em rede, num apelo dirigido desde logo aos hospitais e serviços de saúde da própria Igreja católica.

PAPA FRANCISCO AOS TRABALHADORES DA SAÚDE

Faço finca-pé nesta palavra simples mas difícil: juntos

JMJ LISBOA 2023

Comité diocesano entrega ícones aos comités locais

O Comité Organizador Diocesano (COD) para a JMJ vai entregar aos 21

Comités Organizadores Territo-riais (COT) o ícone JMJ 2023, que servirá para identificar os mes-mos e também para transportar todo o dinamismo da JMJ às co-munidades, jovens e famílias.

Esta entrega será feita numa celebração, dia 24 de outubro, na Sé Nova às 17h, com a presença de D. Américo Aguiar, presiden-te da fundação JMJ 2023, e do Bispo de Coimbra. Será também o momento de apresentação do Coro COD Coimbra, constituído por dezenas de pessoas.

21 DE OUTUBRO DE 2021

DIA MUNDIAL DAS MISSÕES - 24 DE OUTUBROEste ano sob o tema apresentado pelo Papa Francisco: “«Não podemos calar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20)”.Com um guião pastoral disponível em www.opf.pt